Plantas Tóxicas - Veterinarian Docs
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Veterinarian Docs www.veterinariandocs.com.br Plantas Tóxicas Plantas Tóxicas para Pequenos Animais 01-Plantas que causam severos efeitos sistêmicos 01.1-Lírio (Lilium sp. e Hemerocallis spp.) Figura 1. Lírio (Lilium longiflorum e Hamerocallis spp). respectivamente. Fonte: HOVDA, 2009. Espécie afetada: felinos. Parte da planta tóxica: folhas e flores. Ação: nefrotóxica e pancreotóxica. A ingestão de uma a duas pétalas já está associada ao aparecimento dos sinais clínicos. Sinais Clínicos: iniciam-se entre 3 a 12 horas após a ingestão, mas já foram reportados casos de até 5 dias após a ingestão. Os primeiros sinais são: vômito, depressão e anorexia, por conseguinte falha renal. 1 www.veterinariandocs.com.br Exames Complementares: a bioquímica sérica demonstra aumento da creatinina, potássio, fósforo e a enzima amilase pode estar aumentada. Na urinálise verifica-se proteinúria e glicosúria. Tratamento: inclui êmese, descontaminação gastrointestinal agressiva com carvão ativado e cartáticos e fluido endovenoso por no mínimo 48 horas. Dialise peritoneal pode auxiliar em casos de felinos anúricos. 01.2-Azaleia (Rhododendron spp.) Espécie afetada: caninos e felinos. Parte da planta tóxica: todas as partes da planta. O agente tóxico são as graiatoxinas que se ligam a canais de sódio fechados. Ação: ação cardiorespiratória Sinais Clínicos: incluem bradicardia ou taquicardia, arritmias, cansaço severo, hipotensão, dispneia e falha respiratória. Há também sinais gastrointestinais como: salivação, vocalização, vomito e diarreia. Tratamento: inclui indução do vômito, administração de carvão ativado com cartáticos. Deve-se monitorar o paciente com eletrocardiograma e pressão venosa. Fluidoterapia agressiva e utilização de dopamina pode ser necessária. Bloqueadores de canais de sódio como: quinidina, procainamida e atropina podem auxiliar no tratamento das anormalidades cardiovasculares. Figura 2. Azaléia (Rhododendron sp). Fonte: HOVDA, 2009. 2 www.veterinariandocs.com.br 01.3-Sago (Cycas spp.) Espécie afetada: caninos. Parte da planta tóxica: todas as partes da planta (maior concentração da toxina se da na semente). A ingestão de uma a duas sementes pode causar morte no cão de médio porte. Ação: hepatotóxica. Sinais Clínicos: os sinais clínicos podem aparecer em horas à dias. Os principais sinais clínicos são: vomito e diarreia (com ou sem sangue), seguido de letargia, depressão, falha hepática e morte. Há sinais neurológicos também como: fraqueza, ataxia, convulsões e coma. Coagulopatias podem estar presentes. Exames Complementares: na bioquímica sérica verifica-se aumento da enzimas hepáticas (ALT e AST) e bilirrubina conjugada. Tratamento: inclui indução do vômito, múltiplas doses de carvão ativado, controle dos sinais gastrointestinais e neurológicos e cuidados de suporte em especial ao fígado e efeitos secundários da falha hepática. Transfusão sanguínea e vitamina K1 podem ser necessárias. Figura 3. Sago (Cyca revoluta). 3 www.veterinariandocs.com.br 01.4-Mamona (Ricinus communis) Espécie afetada: caninos (por mastigarem a casca exterior e ingerir o conteúdo). Parte da planta tóxica: principalmente sementes e folhas. Ação: alterações bioquímicas. Sinais Clínicos: geralmente ocorrem 6 horas após a ingestão. Verifica-se: dor abdominal, vomito, diarreia aquosa (com ou sem sangue), depressão, convulsões e edema cerebral. Exames Complementares: na bioquímica sérica verifica-se aumento das enzimas hepáticas, creatinina, albumina e globulinas. Tratamento: inclui a indução do vômito e administração de carvão ativado. O tratamento posterior é sintomático e de suporte. Figura 4. Mamona (Ricinus communis). 01.5-Manacá (Brunfelsia spp.) Espécie afetada: caninos. Parte da planta tóxica: todas as partes da planta (toxinas: brunfelsamida e hopeanina). Ação: alterações neurológicas. Sinais Clínicos: os sinais clínicos podem aparecer em minutos à horas após a ingestão. Os sinais clínicos são similares aos da intoxicação por estricnina como: salivação, engasgos, mímica de vômito, vômito, agitação seguido de nistagmo, diminuição da atividade motora, tremores musculares, rigidez extensora e convulsões. 4 www.veterinariandocs.com.br Tratamento: inclui indução do vômito e administração de carvão ativado em animais assintomáticos. O tratamento posterior, o qual pode englobar vários dias, é destinado para o controle e prevenção das convulsões. Manter o animal em local escuro, calmo e silencioso é benéfico. Figura 5. Manacá (Brunfelsia sp). 02-Plantas que causam de leves a moderados efeitos sistêmicos 02.1-Plantas que contêm Oxalatos Cristais Insolúveis Plantas: Comigo ninguém pode (Dieffenbachia spp.), Antúrio (Stathiphyllum spp.), Imbé (Philodendron spp.), Copo de leite (Zantedeschia spp.) e Jibóia ou erva do diabo (Epipremnum spp.). Espécie afetada: caninos e felinos. Parte da planta tóxica: caule e folhas. Ação: ação local (cristais pontiagudos e enzimas ainda não identificadas). Sinais Clínicos: geralmente verifica-se estomatite e glossite (dor local, inchaço e salivação excessiva), e manifestações oculares e sistêmicas. Tratamento: o tratamento para casos de estomatite e glossite é sintomático com: líquidos gelados, lascas de gelo e analgésicos. Para pacientes que apresentem muitas erosões, inchaço local e dispneia deve-se monitorar mais intensamente. Para o 5 www.veterinariandocs.com.br tratamento de afecções oculares caso ocorram deve-se fazer a irrigação dos olhos com solução estéril por 10 a 15 minutos seguido de testes oftálmicos devido a chance de ocasionar úlceras corneais. Pode-se utilizar medicamentos oftálmicos protetores. Sinais sistêmicos já foram descritos em felinos que tiveram contato com Imbé (Philodendron spp.) e verificou-se hiperexcitabilidade, tetania e convulsões. Figura 6. A-Comigo ninguém pode (Dieffenbachia spp.). B-Antúrio (Stathiphyllum spp.). C-Imbé (Philodendron spp.). D-Copo de leite (Zantedeschia spp.). E-Jibóia ou erva do diabo (Epipremnum spp.). 6 www.veterinariandocs.com.br Cristais Insolúveis Plantas: Ruibarbo (Rheum spp) e Azedinha (Oxallis spp.). Espécie afetada: caninos e felinos. Parte da planta tóxica: folhas (Ruibarbo) e toda a planta (Azedinha). Ação: cristais são absorvidos e se ligam aos íons cálcio. Sinais Clínicos: verifica-se irritação gastrointestinal e raramente hipocalcemia. Tratamento: a administração de produtos contendo cálcio como leite, iogurte e antiácidos pode ser benéfica, uma vez que essas substâncias se ligam ao oxalato. Caso já esteja instaurada a hipocalcemia deve-se iniciar a administração de burogluconato de cálcio. Figura 6. Ruibarbo (Rheum spp) e Azedinha (Oxallis spp.) respectivamente. 02.2-Bulbos Plantas: Amarilis (Amaryllis spp.), Narciso (Narcissus spp.), Tulipa (Tulipa spp.) e Íris (Iris spp.). Espécie afetada: caninos e felinos. Parte da planta tóxica: dependente da espécie, geralmente toda a planta. Ação: alcaloides ativos. Sinais Clínicos: verifica-se sinais moderados a severos gastrointestinais, tremores e convulsões. Sinais clínicos cardíacos e hipotermia foram verificados em um felinos que ingeriu hastes de Narciso secas. A Iris tem resinas irritantes em seus rizomas que podem causar efeitos gastrointestinais e danos ao fígado e pâncreas. Tratamento: o tratamento é apenas paliativo e de suporte. 7 www.veterinariandocs.com.br Figura 6. A-Narciso (Narcissus spp.). B-Tulipa (Tulipa spp.). C-Íris (Iris spp.). D-Amarilis (Amaryllis spp.). Fonte: HOVDA, 2009. 02.3-Outras Plantas: Azevinho (Ilex aquifolium) e Bico de papagaio ou flor de natal (Euphorbia pulcherrima). Espécie afetada: caninos e felinos. Parte da planta tóxica: todas as partes da planta. Ação: toxina ainda não identificada, mas acredita que seja as ilicinas (saponinas que causam irritação gastrointestinal). 8 www.veterinariandocs.com.br Sinais Clínicos: verifica-se salivação, irritação gastrointestinal e ocasionalmente diarreia. Pode-se ter irritação da conjuntiva e úlceras de córnea caso a seiva seja esfregada nos olhos. Tratamento: apenas tratamento sintomático e de suporte. A utilização de antiácidos é de grande benefício. Figura 8. Bico de papagaio ou flor de natal (Euphorbia pulcherrima) e Azevinho (Ilex aquifolium) respectivamente. Fonte: HOVDA, 2009. 9 www.veterinariandocs.com.br Referências Bibliográficas HOVDA L. R. Plant Toxicities. In: ETTINGER S.J. FELDMAN E.C. Textbook of Veterinary Internal Medicine. 7th edition. Vol 1. Saunders: California, 2009. 10 www.veterinariandocs.com.br