universidade federal do recôncavo da bahia

Transcrição

universidade federal do recôncavo da bahia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE ARTES, HUMANIDADES E LETRAS – CAHL
CURSO DE JORNALISMO
VALDELICE DA CONCEIÇÃO SANTOS
ALEGRIA, FOLIA E MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR:
RESGATE HISTÓRICO DO CARNAVAL E DA MICARETA DE SÃO FÉLIX
Cachoeira
2013
VALDELICE DA CONCEIÇÃO SANTOS
ALEGRIA, FOLIA E MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR:
RESGATE HISTÓRICO DO CARNAVAL E MICARETA DE SÃO FÉLIX
Memorial
descritivo
do
radiodocumentário “Lembranças de
outros carnavais e micaretas”,
apresentado como requisito para
obtenção do título de Bacharel em
Comunicação Social – Jornalismo,
pela Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB).
Orientação: Profª. Ms. Rachel Severo
Alves Neuberger
Cachoeira
2013
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que me deu força e coragem durante
os quatro anos de estudo e me guiou na realização deste trabalho. Agradeço, também,
aos nossos familiares e amigos, principalmente aos nossos pais e irmãos, aos nossos
mestres e todos os demais que contribuíram direta e indiretamente para que ele fosse
realizado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus que iluminou o meu caminho durante esta
caminhada; à minha professora orientadora, Rachel Severo Alves Neuberger, que teve
paciência e que me ajudou bastante a concluir este trabalho; e também a todos os
professores do curso de Comunicação Social, que foram tão importantes na minha vida
acadêmica e no desenvolvimento deste radiodocumentário. Aos meus familiares,
amigos e colegas, pelo incentivo e pelo apoio constante.
Ao Técnico de Som da UFRB, Saulo Leal, por ter contribuído na edição,
gravação e criação de vinhetas para o radiodocumentário. Agradeço também a meu
amigo Murilo Santana, que aceitou meu convite para participar do radiodocumentário.
A todas as minhas fontes, que contribuíram de forma extremamente significativa
para meu trabalho final. Enfim, a todos que contribuíram de maneira direta ou indireta
na construção deste trabalho.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO …..........................................................................................
6
2. JUSTIFICATIVA ...........................................................................................
8
3. METODOLOGIA …......................................................................................
9
3.1 Pré-produção: Levantamento de Dados …...........................................
10
3.2 Produção: Entrevistas …......................................................................
11
3.2.1 Entrevistados ….......................................................................
12
3.3 Edição: Produção Final …....................................................................
14
3.3.1 Músicas que compõem o radiodocumentário …......................
15
3.4 Recursos Utilizados ….........................................................................
15
3.5 Veiculação do Radiodocumentário …...........................................................
16
4. REFERENCIAL TEÓRICO ….......................................................................
17
4.1 Rádio …................................................................................................
17
4.2 Documentário …...................................................................................
18
4.3 Radiodocumentário …..........................................................................
19
4.4 Carnaval …...........................................................................................
20
4.5 Micareta …............................................................................................
22
4.6 Cultura Popular …................................................................................
23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ….....................................................................
25
6. REFERÊNCIAS ….........................................................................................
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ANEXOS
ANEXO I – Script do Radiodocumentário “Lembranças de outros
carnavais e micaretas”
ANEXO II – Roteiro para entrevista
ANEXO III – Entrevistas do Radiodocumentário “Lembranças de outros
carnavais e micaretas”
ANEXO IV – Fotos do carnaval e micareta de São Félix
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1. APRESENTAÇÃO
O radiodocumentário “Lembranças de outros carnavais e micaretas” que compõe
o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Comunicação Social/Jornalismo da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), intitulado “Alegria, folia e
muitas histórias para contar – resgate histórico do carnaval e micareta de São Félix”,
conta a história do carnaval e da micareta da cidade de São Félix, no Recôncavo da
Bahia, que deixaram de ser realizados há muitos anos.
Neste trabalho, a história dessas festas carnavalescas foi contada a partir das
recordações dos foliões, como: das músicas, dos bailes, das fantasias, da animação de
blocos e de outros fatos inéditos. Essas manifestações populares não foram registradas
por nenhum trabalho acadêmico e são despercebidas por muitas pessoas na região,
principalmente no município de São Félix pelos mais jovens e por pessoas que passaram
a morar na cidade, depois que deixaram de realizar as festividades.
Para elaborar este trabalho, foi realizada uma pesquisa com moradores da
cidade, que participaram das festas, e em jornais disponíveis no Arquivo Público
Municipal, que noticiavam as mesmas. Dessa maneira, buscou-se fazer um produto que
resgatasse essas festividades, procurando entender como eram realizadas e porque
deixaram de ser promovidas.
O município de São Félix fica localizado no Recôncavo da Bahia, a 110 km de
Salvador, possui uma história profundamente ligada aos valores culturais baianos e a
algumas manifestações culturais como: bumba meu boi; pastoril; quadrilha junina;
queima de Judas; samba de roda; terno do Barricão; e terno do Mandu.
Entre os anos de 1920 e 1970, em São Félix, havia um carnaval bem diferente do
que existe em outras cidades do Brasil. Os foliões usavam máscaras, serpentina,
fantasias e outros adereços, brincavam nos bailes em clubes e, por alguns anos, saiam
também em desfiles por ruas da cidade. Não há registro de data precisa de quando essa
festa teve início, porém de acordo com o Jornal A Vanguarda, tudo indica que a
primeira festa de carnaval em clube aconteceu em fevereiro de 1926:
Na segunda-feira gorda, São Félix, vai assistir a uma das mais encantadoras festas
que já se realizaram nesta cidade. É no Club Allemão. [...] São sem conta o numero
de phantasia em confecção para essa encantadora festa de elegancia, que vai ficar
registrada no mundanismo de São Félix como uma das suas melhores datas ( ____As
vésperas, 1926, p. 1).
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Também não há registro do último carnaval, sendo que as pessoas entrevistadas
também não se recordam de uma data precisa, mas a última notícia encontrada nos
jornais pesquisados, a respeito da festa, foi do ano de 1975, no Clube Floresta.
Havia também em São Félix outra festa semelhante ao carnaval, a micareta,
conhecida na região como carnaval fora de época, realizada entre os anos de 1960 a
1990. A primeira manifestação foi em maio de 1968, no governo do prefeito Fernando
Ramos de A. Alves. As pessoas saiam pelas ruas em blocos que desfilavam pela
Avenida Salvador Pinto, conhecida como Porto. “Com a participação de Trios-elétricos,
blocos e cordões, a nossa cidade viveu momento de enorme euforia com a sua micareta
[...]” ( ____Sucesso, 1979, p. 2). Pelo que foi possível verificar, a última micareta
aconteceu no governo do prefeito Antônio Carlos Lobo Maia, em maio de 1996.
Visto que essas festividades carnavalescas, além de gerar renda para a cidade,
eram muito importantes para a cultura local, viu-se a necessidade de se construir esse
radiodocumentário para contar às pessoas, principalmente aos mais jovens, as histórias
dessas manifestações culturais, e deixá-lo disponível em bibliotecas, arquivo público,
emissoras de rádio e Internet, para servir de fonte de pesquisa.
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2. JUSTIFICATIVA
O intuito deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é resgatar a história das
festividades carnavalescas em São Félix, que tiveram grande valor cultural para a região
do Recôncavo da Bahia, através do formato jornalístico radiodocumentário. Dessa
forma, as gerações presentes e futuras passarão a conhecê-las, através desse trabalho
acadêmico, já que poucas pessoas na cidade têm conhecimento dessas manifestações
culturais.
No período de 1920 a 1970, também existia o carnaval em cidades vizinhas
como Maragogipe (que mantém a tradição até os dias atuais), Cruz das Almas,
Conceição da Feira, Castro Alves, Muritiba e Cachoeira (algumas comunidades rurais
ainda mantêm a festa), porém o foco deste trabalho é São Félix, por encontrar mais
informações que deram suporte a pesquisa.
A opção de contar essas histórias através do rádio se justifica pela simplicidade e
o baixo custo desse meio, no que diz respeito ao aparato técnico, necessário para a
produção. Além disso, é uma forma de mexer com imaginário do ouvinte e fazer com
que ele conheça uma história de grande importância cultural, já esquecida pelo tempo,
través de relatos contados pela própria voz dos amantes da festa.
O rádio é um meio de comunicação que tem penetração rápida, de alcance muito
grande e é um dos mais populares, por isso será eficaz para a transmissão da mensagem
desta pesquisa sobre as festas carnavalescas. Ele é capaz de envolver e estimular o
público a formar imagens virtuais a partir do conhecimento de mundo que cada
indivíduo possui.
O rádio possui uma característica toda própria para converter, na mente do ouvinte,
ideias, palavras e ações em imagens auditivas. Mediante o emprego de técnicas
podemos criar uma tela na mente da pessoa, levando a imaginar o sentido daquilo
que queremos criar. Seja nas radionovelas, spots publicitários, jingles,
documentário, notícias, vinhetas, seja em peças institucionais, encontramos no rádio
uma ferramenta econômica, rápida e precisa (CÉSAR, 2005, p. 141-142).
Desse modo, pretende-se informar de forma objetiva e levar ao conhecimento
das pessoas a história das festividades carnavalesca de São Félix, além disso, enriquecer
culturalmente os ouvintes com o conteúdo desse radiodocumentário, que vai servir
como acervo histórico.
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3. METODOLOGIA
A pesquisa para este trabalho foi toda realizada em São Félix, durante o segundo
semestre de 2012 e o primeiro semestre de 2013, a partir de pesquisa de campo, de
entrevistas, análises de entrevistas, de documentos do Arquivo Público Municipal, de
pesquisa eletrônica e bibliográfica sobre carnaval, micareta, cultura popular,
documentário, rádio e radiodocumentário, além de relatos orais das pessoas que
participaram das festas e do mestre em Comunicação e Cultura, Luiz Henrique Sá da
Nova, professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia.
O método da história oral, que foi usado neste trabalho, se baseia na coleta de
informações, a partir de fontes humanas, para assim reconstruir acontecimentos
passados. Sobre história oral, Montenegro (2007, p. 152) diz que: “O trabalho de resgate
da memória se desenvolve muitas vezes sob a representação de que todas as pessoas
idosas são narradoras ou mesmo contadoras de histórias exemplares”.
A história oral foi de extrema importância para resgatar as histórias
carnavalescas de São Félix. Meihy (2005), caminhando na mesma linha de pensamento
de Montenegro (2007), vê a história oral como uma forma de resgatar o passado,
sustentando: “A história oral responde à necessidade de preenchimento de espaços
capazes de dar sentido a uma cultura explicativa dos atos sociais vistos pelas pessoas
que herdam os dilemas e as benesses da vida no presente. Sua versão do processo,
porém, deve ser um legado de domínio público” (MEIHY, 2005, p. 24).
Meihy (2005) conceitua história oral em nível material e diz que: “consiste em
gravações premeditadas de narrativas pessoais, feitas diretamente de pessoa a pessoa,
em fitas ou vídeo, tudo prescrito por um projeto que detalhe os procedimentos”
(MEIHY, 2005, p. 17).
A história oral produz narrativas da memória que podem ser valiosas
coadjuvantes nas pesquisas em Jornalismo. Para Maciel (2007), é interessante observar
que a história oral não é exclusividade de nenhum campo, pois pode integrar diversas
áreas do conhecimento, como o Jornalismo, por exemplo. Porém, ela esclarece que a
história oral e o Jornalismo não devem ser confundidos.
E isso se deve ao fato de que ela se constitui numa proposta de investigação da
realidade que tem um estatuto próprio, com método e objetivo definidos. E estes,
embora possam, em algum momento, fazer fronteira com diversas áreas, como o
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Jornalismo, efetivam-se numa outra dinâmica, caso contrário ela deixa de ser um
lugar específico de investigação e construção do conhecimento para se tornar
'apêndice instrumental' de outras formas de pesquisa social e de produção de
discursos na contemporaneidade (MACIEL, 2007, p. 3).
Outro conceito importante na construção deste produto é o da memória, que é
obtido a partir da oralidade.
A história oral tem como matéria a memória, que pode vir à tona através dos
estímulos diretos, que comumente denominamos memória voluntária. No entanto, a
própria experiência de entrevistar aponta a força da memória voluntária. Estímulos
os mais diversos desencadeiam processos de associação e de rememoração que
fogem ao controle efetivo do entrevistado (MONTENEGRO, 2007, p. 151).
Meihy (2005) também fala que a memória, a imaginação, a representação e as
estratégias, que são base de grande importância para sustentar qualquer narrativa que
aborde o passado e o presente. “O passado contido na memória é dinâmico como a
própria memória individual ou grupal. Enquanto a narrativa da memória não se
consubstancia em um documento escrito, ela é mutável e sofre variações que vão desde
a ênfase ou a entonação até os silêncios e disfarces” (MEIHY, 2005, p. 61).
A memória é também uma construção do passado, porém pautada em emoções e
vivências sociais; ela é flexível e os eventos são recordados à luz da experiência
seguinte e das necessidades do presente.
Ao pedirmos para alguém falar sobre sua trajetória de vida, de uma sociedade, do
lugar onde cresceu, ela recorre à memória para temporalizar os eventos e significálos segundo suas emoções e sentimentos. Porém, essa memória não é resultado
apenas de experiências individuais, mas do meio social onde ela se desenvolveu,
participando de uma rede de disputas que pode ou não ser reconhecida por este e
outros grupos. Podemos dizer que ela é fortemente marcada pelas relações sociais e
grupos nos quais nos inserimos (SOUZA; CRIPPA, 2010, p. 1).
3.1 Pré-produção: Levantamento de Dados
A primeira etapa deste trabalho consistiu em pesquisa nos documentos do
Arquivo Público Municipal, com exemplares do Jornal Correio de São Félix, fundado
em São Félix, no ano de 1934, que retratava todos os acontecimentos de destaques na
cidade e região, sobretudo o carnaval. O estudo foi feito com exemplares do ano de
11
1934 a 1988, sempre observando os meses de janeiro a maio, época em que eram
realizadas as festas.
Outro jornal também pesquisado no Arquivo Público Municipal foi o Jornal A
Vanguarda, criado em 1925, com exemplares de fevereiro de 1925 e de março de 1926,
únicas edições encontradas no Arquivo, que falavam das festas.
Ainda no Arquivo Público foi encontrado o livro Emeféricos: Efemeridades
Sanfelistas, que serviu para pesquisar as datas de fundação dos jornais e dos Clubes,
onde aconteciam os bailes de carnaval e outros dados importantes.
Além da pesquisa nesses veículos de comunicação, no Arquivo Público
Municipal de São Félix, foram entrevistadas doze pessoas, sendo que uma delas, o
prefeito de São Félix, Eduardo José de Macedo Júnior, foi uma entrevista informal e
não houve gravação.
3.2 Produção: Entrevistas
A entrevista tem grande relevância neste trabalho porque permitiu a captação da
memória das pessoas e, assim, obter as informações necessárias. Medina (2008), no
livro Entrevista: o diálogo possível diz que: “A entrevista, nas suas diferentes
aplicações, é uma técnica de interação social, de interpenetração informativa, quebrando
assim isolamentos grupais, individuais, sociais; pode também servir à pluralização de
vozes e à distribuição democrática da informação” (MEDINA, 2008, p. 8).
Para Minayo (2002), a entrevista não é apenas uma conversa neutra, ela tem um
propósito bem definido, que num primeiro nível, se caracteriza por uma comunicação
verbal e, em segundo nível, coleta as informações desejadas.
Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais.
Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como
meio de coleta dos fatos relatados pelos atores (...). Nesse sentido, a entrevista, um
termo bastante genérico, está sendo por nós entendida como uma conversa a dois
com propósitos bem definidos. Num primeiro nível, essa técnica se caracteriza por
uma comunicação verbal que reforça a importância da linguagem e do significado da
fala. Já, num outro nível, serve como um meio de coleta de informações sobre um
determinado tema científico (MINAYO, 2002, p. 57).
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Segundo Caputo (2006), é preciso “amar” e ouvir o outro dar atenção às
respostas dos entrevistados. Isso permite a existência de uma conversa autêntica, que
apesar de seguir um roteiro, se desdobra espontaneamente. “[...] penso que a entrevista
é uma aproximação que o jornalista, o pesquisador (ou outro profissional) faz, em uma
dada realidade, a partir de um determinado assunto e também a partir de seu próprio
olhar, utilizando como instrumento perguntas dirigidas a um ou mais indivíduo”
(CAPUTO, 2006, p. 28).
Foi feito neste trabalho, então, um questionário para ser aplicado aos
entrevistados, porém a maioria deles deixou o diálogo fluir naturalmente e poucas
perguntas foram feitas, já que os entrevistados relataram o que era esperado. As
entrevistas não obedeceram a ordem específica, e aconteceram entre 11 de janeiro de
2013 e 27 de março de 2013.
3.2.1 Entrevistados
Raimundo Moreira da Silva é aposentado, mora em São Félix, na Rua Virgilio
Damásio, nasceu em 5 de julho de 1944. Participou dos últimos carnavais e lembra
como as pessoas se fantasiavam naquela época e as músicas cantadas pelos foliões.
Maura Silva de Lima Conceição é funcionária pública municipal, lotada na
Biblioteca do Município de São Félix, nasceu em 13 de dezembro de 1962, mora na
Vila Residencial José Eduardo de Macedo, em São Félix. Ela foi presidente do bloco
Brilho da Lua e ganhou o primeiro prêmio de concurso de blocos. Ela recorda que a
micareta era uma novidade para a cidade, fala também como era a festa e o que pensa
sobre o fim dela.
Beatriz da Conceição é diretora da casa da Cultura Américo Simas. Nasceu em
28 de setembro de 1962, mas os documentos constam de 03 de outubro de 1962, mora
no Alto do Hospital, em São Félix. Lembra que as pessoas tinham uma expectativa
muito grande para a chegada da Micareta. Ela organizou vários blocos para a Micareta,
inclusive um do Saci, com crianças. Também recorda o carnaval dos clubes, quando
ainda era criança.
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Davi Ferreira Novaes é um senhor aposentado, nasceu no dia 15 de outubro de
1938 e mora na Rua Virgilio Damásio, em São Félix. Participou do carnaval nos anos
de 1957 a 1961. Lembra de um acidente que ocorreu em 1959, no último dia de carnaval
e como eram as fantasias e as músicas da época.
Gutemberg Aguiar Leite Filho é funcionário público municipal, mora na rua
Manoel Vitorino, em São Félix e nasceu em 25 de janeiro de 1950. Participou do
Carnaval com 8 anos, em 1958 e nos demais anos. Foi locutor de várias micaretas, se
recorda de um fato ocorrido na micareta e de músicas cantadas nas festas.
Fernando Bispo dos Santos é aposentado, mora na Rua da Rodagem, em São
Félix, nasceu em 27 de junho de 1936. Foi baterista do grupo Cuba Jazz há
aproximadamente 15 anos. Participou do carnaval e lembra que muita gente frequentava
o carnaval em clubes.
Roquelina Rodrigues de Souza é técnica de laboratório, nasceu em 12 de junho
de 1959, mora no Bairro Salvas Vidas, em São Félix e é filha da senhora Vandira dos
Santos, conhecida como Empresa, por montar um comércio próprio com os produtos
feitos por ela. Vandira fundou um dos blocos mais famoso da Micareta, chamado de HTiola, no ano de 1975, e Roquelina conta como era o bloco.
Clodomir Soares é médico reumatologista, nasceu em 3 de outubro de 1941,
mora na Praça do Relógio, em São Félix e foi vocalista do Cuba Jazz de 1966 a 1974.
Ele se recorda como era formado o grupo e o que mais gostava de fazer no carnaval.
Lélia Maria Almeida Tosta é professora aposentada, nasceu em 1º de
novembro de 1943 e mora na Praça 2 de Julho, em São Félix. Participou do carnaval e
da micareta. É uma das organizadoras do primeiro bloco afro da micareta, o bloco
Arerê.
Luiz Henrique Sá da Nova é mestre em Comunicação e Cultura e professor de
Jornalismo da UFRB, mora em Salvador, na Barra. Ele explica o carnaval e a micareta
como forma de manifestação cultural.
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Reginaldo Nascimento é funcionário público municipal, nasceu em 25 de
dezembro de 1953, reside na Rua Barão do Rio Branco, em São Félix e ajudou na
organização da micareta de 1994 a 1996, na época do prefeito Antônio Carlos Lobo
Maia. Ela lembra dos trios que vieram para São Félix e da presença de uma artista
baiana em um dos trios.
3.3 Edição: Produto Final
O radiodocumentário “Lembranças de outros carnavais e micaretas” tem duração
de 25 minutos e 17 segundos, divididos em três blocos. No primeiro bloco, há o relato
dos carnavais em São Félix, incluindo as fantasias, músicas e a animação nos clubes e
nas ruas. O segundo bloco traz a história da micareta, como era organizada, como eram
os blocos e como a população se preparava para recebê-la. O terceiro e último bloco
conta fatos da micareta e do carnaval, além dos motivos que foliões acreditam que
pararam a realização das festas na cidade.
O trabalho de edição foi realizado no estúdio de áudio do Centro de Artes
Humanidades de Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
(UFRB), baseado nos scripts do Anexo I deste trabalho.
Este radiodocumentário foi produzido e narrado por Valdelice Santos e Murilo
Santana, também estudante do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFRB, sob
a orientação da Professora Rachel Severo Alves Neuberger e trabalhos técnicos de
Saulo Leal.
Como parte do processo de edição, a escolha da trilha sonora foi feita a partir
das músicas cantadas pelos foliões na época das festas. Algumas delas foram
encontradas em sites musicais e outras, como as marchinhas, foram disponibilizadas
pela Sociedade Emissora Rádio Vox Ltda AM 1600, de Muritiba.
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3.3.1 Músicas que compõem o radiodocumentário
 1º bloco:
Marchinha: Cabeleira do Zezé – composição de João Roberto Kelly
Marchinha: Vassourinhas – composição de Matias Rocha e Joana Batista
Marchinha: Índio quer apito – composição de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira
Marchinha: Corre corre lambretinha – composição de Emilinha Borba
Marchinha: Quem parte leva saudade – composição de Emilinha Borba
 2º Bloco
Que é que essa nega quer – Luis Caldas: composição de Luis Caldas e Ubajara
Carvalho
Bota pra ferver – Asa de Águia: composição de Durval Lelys
Beleza rara – Banda Eva; composição de Marcos Ficarelli, Jorge Xaréu, Umberto
Tozzi, Ed Grandão e Giancarlo Bigazzi
 3º Bloco
Swing da cor – Daniela Mercury: composição de Luciano Gomes
Prefixo de verão – Banda Mel: composição de Beto Silva
3.4 Recursos Utilizados
A pesquisa foi realizada por Valdelice da Conceição Santos, acadêmica do 4°
ano do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, com a orientação da Professora Rachel Severo Alves Neuberger.
Para execução da pesquisa foram usados os seguintes recursos materiais: um
gravador de áudio digital Sony com duas pilhas; uma máquina fotográfica Samsung; um
bloco de anotações; duas canetas; e um computador para elaboração e organização dos
textos e edições dos áudios. Os softwares usados para a edição foram o Audacity e o
Logic Pro.
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3.5 Veiculação do Radiodocumentário
Este radiodocumentário vai ser exibido primeiramente na Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia, na apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso, em 17 de
junho de 2013. Após recomendações da banca examinadora, será reeditado, em caso de
sugestões, para ser veiculado na rádio poste RN Publicidade, de São Félix e na
Comunitária Magnificat FM, de Cachoeira. Além disso, ficará disponível na Biblioteca
do Centro de Artes Humanidades e Letras, no Arquivo Público Municipal de São Félix
e também na Biblioteca Municipal de São Félix.
Todo o material utilizado para desenvolver o trabalho e o próprio
radiodocumentário
vai
estar
disponível
também
na
Internet,
no
endereço:
http://carnavalemicaretadesaofelixbahia.wordpress.com. A página vai ser atualizada sempre
que surgir novos acontecimentos, relacionados às festas carnavalescas na cidade. Vale
ressaltar que esta etapa do trabalho não compõe, para efeito de avaliação, o Trabalho de
Conclusão de Curso.
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4. REFERENCIAL TEÓRICO
Para contar as histórias do carnaval e da micareta da cidade de São Félix foi
preciso entender como essas festas surgiram e se concretizaram no Brasil. Para isso,
utilizamos diversos textos, dentre eles A Origem do Carnaval de Tatiana Xerez e A
origem das micaretas de Rainer Gonçalves Sousa. Além disso, foi necessário
compreender essas festas como manifestação popular. O formato em que a história é
contada, o radiodocumentário, ainda é pouco conhecido e utilizado no Brasil, mas foi
importante contar neste formato porque o rádio é muito forte na região do Recôncavo da
Bahia.
4.1 Rádio
Na década de 1922, aconteceu a primeira transmissão radiofônica oficial no
Brasil, em comemoração ao I centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro,
mas a primeira emissora só veio a ser constituída em 1923. O veículo de comunicação
se destaca entre os demais meios por alcançar um maior número de público, já que
facilita o acesso da população de baixa renda. Ferraretto (2007) define esse veículo
como:
Meio de comunicação que utiliza ondas eletromagnéticas para transmitir a distância
mensagens sonoras destinadas a audiências numerosas. A tecnologia é a mesma da
radiotelefonia, (ou seja, transmissão de voz sem fios) e passou a ser utilizada, na
mesma forma que se convencionou chamar de rádio, a partir de 1916, quando o
russo radicado nos Estados Unidos David Sarnoff anteviu a possibilidade de casa
indivíduo possuir em casa um receptor. (2007, p. 23)
Ortriwano (1985) destaca que o rádio possui características como: linguagem
oral, mobilidade, penetração, simultaneidade e a rapidez. Sobre a captação da
informação, ela explica que esse veículo leva a vantagem da linguagem oral, sem haver
a necessidade de compreensão de leitura em si, escrita, por parte do ouvinte, e também
pela penetração do veículo: “Em termos geográficos, o rádio é o mais abrangente dos
meios, podendo chegar aos pontos mais remotos e ser considerado de alcance nacional”
(ORTRIWANO, 1985, p. 79).
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4.2 Documentário
Existe certa confusão a respeito de documentário que pode ser confundido com
ficção ou realidade, porém Ramos (2008, p. 24) salienta que uma coisa não tem nada a
ver com outra: “Ao contrário da ficção, o documentário estabelece asserções ou
proposições sobre o mundo histórico. São duas tradições narrativas distintas, embora
muitas vezes se misturem”. Ele ainda continua dizendo que: “O documentário, portanto,
se caracteriza como narrativas que possui vozes diversas que falam do mundo, ou de si”.
E mais a frente Ramos (2008, p. 26), conclui: “Se a narrativa ficcional se utiliza
basicamente de autores para encarnar personagens, a narrativa documentária prefere
trabalhar os próprios corpos que encarnam as personalidades no mundo, ou utiliza-se de
pessoas que experimentaram de modo próximo o universo mostrado”.
Este trabalho reforçará a importância do relato das pessoas que participaram das
duas festas carnavalescas, pois esse meio tem uma grande força social, como afirma
Nichols:
A voz do documentário pode defender uma causa, apresentar um argumento, bem
como transmitir um ponto de vista. Os documentários procuram nos persuadir ou
convencer, pela força de seu argumento, ou ponto de vista, e pelo atrativo, ou poder,
de sua voz. A voz do documentário é a maneira especial de expressar um argumento
ou uma perspectiva (NICHOLS, 2005, p. 28).
Nichols (2005, p. 28) continua ainda: “Os documentários mostram aspectos ou
representações auditivas e visuais de uma parte do mundo histórico. Eles significam ou
representam os pontos de vista de indivíduos, grupos e instituições”.
Um trabalho documental apresenta diversas possibilidades de abordagem, desde
as mais tradicionais até as mais inovadoras. Partindo desse ponto, Labaki (2006, p. 9)
salienta que: “O documentário é a locomotiva estética que tem desbravado caminhos”.
Na verdade, o documentário tenta reproduzir a realidade. A radialista Márcia Carvalho
(2006) fez um estudo sobre documentário e a prática jornalística e explica que ele
aborda um tema ou assunto em profundidade, a partir da seleção de alguns aspectos e
representações auditivas e visuais. Ela diz ainda:
[...] o principal objetivo de todo documentário jornalístico é buscar o máximo de
informações sobre um determinado tema através de entrevistas, uma narração
informativa em off, captação de imagens ilustrativas, montagens de material de
arquivo, e de uma edição formadora do discurso ou da abordagem sobre um assunto
em profundidade, cercando todos os seus ângulos (CARVALHO, 2006, p. 1).
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4.3 Radiodocumentário
O formato escolhido para a construção deste produto é o radiodocumentário, que
é uma forma de abordar assuntos de maneira mais profunda no rádio. São histórias
contadas através dos sons: o som da voz humana, das atividades humanas e da música,
que visam informar e entreter. A diferença básica está na seleção e no tratamento do
material usado.
O conteúdo e a forma de mensagem radiofônica, pela ausência, de alguns elementos
e presença de outros, são condicionados basicamente por seis fatores: a capacidade
auditiva do receptor, a linguagem radiofônica, a tecnologia de transmissão e
recepção empregada, fugacidade, os tipos de públicos e as formas de recepção
(FERRARETTO, 2007, p. 25).
O documentário é um formato muito usado no país e o rádio não ficou fora deste
gênero inovador, embora não tenha ainda conseguido ganhar espaço maior. Esse gênero
exige uma ampla pesquisa com as fontes orais e utiliza um conjunto de elementos da
linguagem radiofônica, como afirma Ferraretto (2007, p. 57):
Pouco frequente no Brasil, o documentário radiofônico aborda um determinado tema
em profundidade. Baseia-se em uma pesquisa de dados e de arquivos sonoros,
reconstituindo ou analisando um fato importante. Inclui, ainda, recursos de
sonoplastia, envolvendo montagens e a elaboração de um roteiro prévio.
O radiodocumentário deve contar uma história e desenvolver uma forma própria,
assim como uma grande reportagem, com todos os princípios básicos que norteiam esse
tipo de produção, podendo, ainda, incluir sonoras, fontes diversas e fazer abertura para
dar ao ouvinte a noção exata do que vai ser noticiado. Vicente (2004. p. 3) explica que
ele é um: “Formato híbrido, o documentário radiofônico pode incorporar elementos de
todos os gêneros aqui apresentados, já que pode incluir entrevistas, depoimentos
pessoais, opiniões e dramatização de textos e acontecimentos. Para tanto,
necessariamente exige o uso de música e efeitos”.
20
4.4 Carnaval
Xerez, no texto A Origem do Carnaval, afirma que o carnaval existe desde a
Antiguidade e teve início nos cultos agrários da Grécia, de 605 a 527 a.C, depois se
espalhou pelo mundo. O carnaval ficou dividido entre Pagão e Cristão. O Pagão
começou na Grécia, no século VII a.C, em culto a Dioniso, e terminou quando a Igreja
Católica adotou a festa, em 590 d.C. Já o Cristão, se concretizou em 590 d.C., quando a
Igreja Católica oficializou a festa. Em 1545, no Concílio de Trento, o Carnaval foi
reconhecido como uma manifestação popular de rua.
O primeiro foco de concentração carnavalesca se localizava no Egito. A festa era
nada mais que dança e cantoria em volta de fogueiras. Os foliões usavam máscaras e
disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais. Depois, a tradição se
espalhou por Grécia e Roma, entre o século VII a.C. e VI d.C. A separação da
sociedade em classes fazia com que houvesse a necessidade de válvulas de escape.
É nessa época que sexo e bebidas se fazem presentes na festa. Em seguida, o
Carnaval chega em Veneza para, então, se espalhar pelo mundo. [...] É só em 1545,
no Concílio de Trento, que o Carnaval é reconhecido como uma manifestação
popular de rua (XEREZ, 2002, p. 1).
Porém, há ainda muitos mistérios e controvérsias sobre a origem da festa
carnavalesca. O fato é que os colonizadores portugueses trouxeram para o Brasil o
Entrudo, no século XVI, que podemos caracterizar como sendo o carnaval antes do
“carnaval”. O Entrudo era de dois tipos: um que acontecia no interior das casas e entre
amigos, o chamado “familiar”, e outro que se espalhava pelas ruas, envolvendo o povo
mais pobre e os escravos, o denominado popular.
As famílias normalmente brincavam em um espaço privado, previamente escolhido.
As ruas e praças serviam de palco para as classes menos favorecidas, como os
homens livres pobres e os escravos. Esses últimos, só podiam brincar em horários
permitidos pelos senhores, quando não havia muita demanda de trabalho.
Geralmente, saíam às ruas tatuados ou pintados de branco ou vermelho, ao anoitecer,
dançando e cantando ao som de instrumentos musicais de percussão como
atabaques, marimbas e zabumbas (GASPAR, 2009, p. 1).
De acordo Trigueiro (2006, p. 1), o nosso carnaval, originado do Entrudo,
acontecia em três dias: “Os seus preparativos começam logo após o término do ciclo
natalino se estendendo até a quarta-feira de Cinzas. Nos três dias que antecedem o início
do período da Quaresma, o mundo ‘vira pelo avesso’, são três dias de muitas festas,
brincadeiras e fantasias”. No Entrudo, havia brincadeiras consideradas perversas, como,
21
atirar água de cheiro, água de chafarizes, café, groselha, tinta, lama e até urina nas
pessoas.
No começo, essas manifestações do Entrudo geralmente eram contra a
escravidão. Com a abolição e com a chegada dos imigrantes, elas foram criando elites
mais evidentes, pois os imigrantes não iam para as ruas brincar com os libertos. É
através da diversificação social que a integração de massas do velho Entrudo começa a
tomar caráter de festas fechadas.
A partir de fins do século XIX e princípios do século XX, a baixa classe média
sai às ruas, mas sem misturar-se com o Entrudo popular. Começa a se organizar em
ranchos e com a criação dos ranchos, abandona-se o Entrudo e abraça-se o carnaval,
deixando de ser manifestações espontâneas de ruas para se tornar manifestações
organizadas e preparadas por associações.
Benoit Gaudin (2000), no texto Da mi-carême ao carnabeach: história da(s)
micareta(s), afirma que foi em 1880 que ocorreu a junção do carnaval de rua com o
carnaval de salão e dessa união nasceram as associações carnavalescas.
São muitos os diferentes tipos de carnavais hoje no Brasil, mas a festa ganhou
características do que é hoje a partir da mistura do Entrudo português e do Baile de
Máscaras veneziano. O Baile de Máscaras conferia mais glamour e mistério, já que
todos eram ali, anônimos por uma noite. A batucada dos tambores, elemento africano,
surgiu depois e virou marca registrada da festa. “Etimologicamente, a palavra carnaval
provém do latim "CARNELAVARIUM", vocábulo composto por ‘carnem’ e ‘levare’,
isto é, suspender, abastecer-se da carne. Mais tarde, com a evolução da língua latina,
passou a corresponder a ‘carne vale’ com o significado de ‘deus carne’” (SOUZA,
1980, p. 2).
Na primeira metade do século XIX, o carnaval brasileiro ganhou destaque pelos
Bailes de Máscaras que eram marcados não só pela elegância, mas também pelo seu
grande valor cultural. Os primeiros bailes carnavalescos brasileiros tiveram lugar no Rio
de Janeiro, já no final da década de 1830. Os Bailes de Máscaras, também chamados de
‘Bailes à Fantasia’ ou ‘Bals Masqués’ foram os eventos precursores do carnaval
moderno no Brasil.
De acordo com Souza, (1980 p. 2): “O carnaval, porém podemos dizer, é a festa
das multidões, onde todas as classes sociais procuram se despir dos seus preconceitos e
rivalidades, para se igualarem numa só condição de foliões". É uma festa que ocorre
diferentemente em cada estado do país, em Salvador - Bahia, por exemplo, é um
22
gigantesco festival de música ao ar livre, que durante seis dias, os blocos e as suas
atrações fazem mais de dez horas de shows diários, atraindo multidões dentro e fora dos
blocos.
O carnaval que existiu em São Félix consistia em bailes de Clubes, com foliões
mascarados, usando serpentinas e lança perfume, durante os dias de festa, que era
realizado entre sábado e terça-feira.
O carnaval passou como tudo passa. Três dias de loucura, alegria e riso no mosaico da
vida humana. Rei Momo imperou nas ruas e nos salões, com seu cortejo de seduções e
pecados. Ricos e pobres, misturaram-se no mar agitado do Carnaval excedendo-se nas
ruas expansões incontidas. As cores vivas da fantasias, as multicores serpentinas, o
confeti, tudo isso, confundia-se numa policromia vistosa: As mascaras, desfilaram numa
espantosa diversidade de expressões (DEIRÓ, 1958, p. 2).
O carnaval é um tipo de festa com data móvel, variando do início de fevereiro à
primeira quinzena de março, terminado sempre nas vésperas de quarta-feira de cinzas e
todo mundo entra na brincadeira. “A festa tinha a sua organização apoiada nas relações
de vizinhança e nos laços familiares. Assim, todos os habitantes participavam dos
festejos, desempenhando papéis em função do sexo e da idade, e não havendo
segmentação de caráter socioeconômico” (MIGUEZ 1996, p. 24). Dessa forma,
percebe-se que o carnaval é, sobretudo, a celebração da alegria, do excesso, de laços e
inícios de novas histórias e também é a festa do encontro.
4.5 Micareta
A micareta é uma festa de origem francesa cujo surgimento no Brasil aconteceu
no início do século XX, como afirma Sousa, no texto A origem das micaretas,
publicado no Caderno Cultural Expresso 18:
O termo micareta vem da expressão francesa “mi-carême”, que significa “meio da
Quaresma”. Como o próprio nome diz, os primeiros carnavais fora de época da
nossa história aconteceram na França do século XV, bem no meio da Quaresma,
tempo estipulado pelo calendário católico-cristão para as pessoas se absterem dos
prazeres terrenos (SOUSA, 2009, p. 5)
Foi no Brasil que ela se aperfeiçoou, ganhou popularidade e conquistou um
significado muito mais claro para os foliões, “Carnaval fora de época”. Com o passar do
tempo, a festa se tornou uma das maiores manifestações populares do interior da Bahia
23
e do Brasil. Benoit Gaudin (2000), no texto sobre a origem das micaretas, afirma que “a
micareta aparece como uma festa bastante antiga (existindo desde 1908), com uma rica
história intimamente ligada ao carnaval de Salvador e à evolução dos trios elétricos e
das bandas de trios baianas” (GAUDIN, 2000, p. 47). Ele diz também onde a micareta
se desenvolveu:
Foi em Feira de Santana, porém, que a micareta conheceu seu maior êxito fora da
capital: em 1937, uma chuva diluviana impediu que o carnaval fosse comemorado
normalmente e os foliões feirenses, inconformados e frustrados, decidiram postergar
os festejos momescos, realizando-os algumas semanas depois da data convencional
(GAUDIN, 2000, p. 51).
A micareta é palavra com invenção brasileira, propriamente baiana. A referência
do nome micareta está relacionada com o carnaval da cidade de Feira de Santana, apesar
da escolha do novo nome desta festa ter ocorrido em Salvador e sua realização ter se
iniciado lá também.
A palavra micareta, que designa os carnavais fora de época, nasceu de um concurso
promovido pela Associação dos Cronistas Carnavalescos da Bahia, em 1935, por
iniciativa do jornalista Amado Coutinho, presidente da entidade e que pode ter sido
o idealizador da expressão; concurso que teve o apoio da Associação Bahiana de
Imprensa-ABI, então com muito prestígio e de jornais e revistas da cidade
(CADENA, 2012, p. 1).
4.6 Cultura Popular
O carnaval definido por Nívea Santos e Magnair Barbosa no livro Carnaval de
Maragojipe (2010, p. 27) é “uma manifestação cultural que acontece em dias e espaços
definidos, onde pessoas ou grupos se encontram, com alegria e espontaneidade. A
reconfiguração de espaços e a inversão de valores são elaborados e definidos, para
aquele contexto festivo, lúdico, simbólico”. Portanto, é uma festa que faz parte da
cultura popular do país.
Há diversas definições para a expressão cultura popular, no entanto, todas falam
de alguns elementos-chave, como manifestação cultural e produção do povo, que
interage culturalmente com povos de outras regiões. A cultura popular nasce da
adaptação do homem ao ambiente onde vive e envolve diversas áreas de conhecimento,
como artes, artesanato, crenças, folclore, hábitos, ideias, linguagem, moral, tradições,
24
usos e costumes. E nesse contexto, pode-se afirmar que o carnaval faz parte da cultura
popular brasileira. Arantes (2006, p. 18) explica que “[...] ‘a cultura popular’ surge
como uma ‘outra’ cultura que, por contraste ao saber culto dominante, apresenta-se
como ‘totalidade’ embora sendo, na verdade, construída através da justaposição de
elementos residuais e fragmentários considerados resistentes a um processo ‘natural’ de
deterioração”.
A cultura de um povo é constituída a partir da interiorização de conceitos e
valores, juntando-se à memória histórica e a produção de eventos históricos e artísticos.
Uma cultura vivencia épocas, passando de geração a geração, como pontua Trigueiro
(2005, p. 1):
O homem comemora há centenas de anos os seus ritos de passagem, relembra as
suas datas festivas sagradas, profanas e de agradecimento. São essas evoluções e
evocações que chegam até os dias atuais, que já estão incorporadas aos nossos
calendários de tradição religiosa e festiva. Ao longo do tempo essas práticas sempre
fizeram parte dos processos das transformações culturais e religiosas da sociedade
humana e das suas relações simbólicas entre a realidade e a ficção, dando origem aos
diversos protagonistas e suas performances nos festejos populares.
Para Canclini (2008, p. 205), ao contrário do que pensavam os folcloristas, as
culturas populares ao invés de percorrerem o caminho do esquecimento, encontraram na
modernidade um meio de “desenvolver transformando-se”. Assim podemos perceber
que as festas populares adotaram estratégias de sobrevivência na modernidade, inclusive
utilizando-se dela para se fortalecer.
Ortiz (1992, p. 6) afirma que: “a idéia de ‘cultura popular’ ter sido inventada,
vem sendo progressivamente lapidada pelos diferentes grupos intelectuais”. Dessa
forma, a cultura popular é considerada, assim, como uma criação dos intelectuais, que
com diferentes intenções buscam compreender as tradições.
25
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para desenvolver este radiodocumentário houve uma pesquisa documental e
oral, essenciais para contar a história das manifestações populares do carnaval e da
micareta em São Félix, que tiveram grande importância na cidade, tanto na parte social,
como na cultural e na econômica.
O carnaval, com sua beleza em fantasia e colorido, atraia foliões de muitas
cidades vizinhas, que prestigiavam os bailes dançantes oferecidos em clubes de São
Félix. Esses bailes eram patrocinados e organizados por sócios dos clubes, sendo que
muitos deles morreram, outros migraram para outra cidade e até Estado; os que ficaram
na cidade não tiveram mais condições de continuar a festa, que acabou nos anos de
1970.
Em 1968, dois anos antes do carnaval deixar de ser realizado em São Félix,
surgiu a micareta com outras brincadeiras e com o passar dos anos, foi acrescentado
novos elementos, como as músicas de axé, por exemplo.
No estilo mais moderno, com blocos de ruas, fantasias mais simples e ao som de
trio elétrico, a micareta se destacou em São Félix até 1996, com patrocínio da prefeitura.
Os moradores se organizavam e cada bairro montava o seu bloco, que espalhava o
colorido pelas ruas e se concentrava no Porto de São Félix, na avenida Salvador Pinto, a
espera de trios elétricos, que em vários anos trouxeram cantores baianos famosos como
Sarajane e Tonho Matéria.
A micareta não acontece mais na cidade por falta de verba da prefeitura, no
entanto o atual prefeito de São Félix, Eduardo José de Macedo Júnior, Duda, com
mandato de 2013 a 2016, tem um projeto para retornar a festa e pretende colocar em
prática assim que conseguir patrocínio que custeie a festa.
O carnaval e a micareta eram realizados com bastante entusiasmo pelos foliões
de São Félix e de cidades vizinhas, sem briga e sem confusões. Todos os entrevistados
deste trabalho relataram momentos felizes das festas e buscam se acostumar com a
ausência delas.
Este radiodocumentário procura reconstruir a história dessas festividades
carnavalescas, servir de pesquisas para os interessados no assunto, além de poder passar
aos mais jovens e a outros interessados no assunto, como eram essas festas, em São
Félix.
26
6. REFERÊNCIAS
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ANEXOS
ANEXO I – Script do Radiodocumentário “Lembranças de outros carnavais e
micaretas”
Bloco
01
Script
Data
27/06/2013
Formato
Tempo
Repórter
Áudio
Valdelice Santos
Bloco 1
Técnica
11’28’’
Folha 1
Locução
BG de entrada – Cabeleira do Zezé. 13’’
OFF 01
O carnaval é a festa das multidões, da
celebração da alegria, do excesso, de novos
laços e início de novas histórias//
É a festa do encontro de todas as classes
sociais que se misturam no colorido do
espetáculo//
Ao som do samba, batuca e rumba os grupos
entram na orgia pagã//
Sonora 01: Davi Ferreira Novaes - “As águas vão
rolar.. E a madeira vai deitando” 18’’
OFF 02
Este foi Davi Novaes e eu sou Valdelice
Santos//
A partir de agora você vai conhecer a história
do carnaval e da micareta de São Félix/
cidade que fica no Recôncavo da Bahia///
Vinheta do programa: Radiodocumentário
lembranças de outros carnavais e micaretas. 10’’
BG de fundo: Vassourinhas.
OFF 03
Este radiodocumentário está dividido em três
blocos//
No
primeiro,
vamos
relatar
as
particularidades do carnaval em São Félix
sempre buscando dar voz a quem curtiu a
festa na cidade//
O segundo bloco traz a história da micareta//
Bloco 1
Técnica
Continuação do off 03
Folha 2
Locução
No terceiro e último bloco você vai
acompanhar fatos da micareta e do carnaval e
vai saber também porque as festas deixaram
de ser realizadas na cidade.///
Sobe som: 5’’
Desce som
OFF 04
Você acompanha agora a primeira parte deste
radiodocumentário/ E neste bloco: os
primeiros relatos do carnaval na cidade de
São Félix///
Sobe som: 5’’
Desce som
OFF 5
Nossa história começa em 1920 e segue até
1970//
Neste período, vários carnavais espalharam
vibração e alegria pelas ruas convocando os
foliões a reverenciar o Rei Momo, o deus dos
pagãos//
Raimundo da Silva, de 69 anos, conhecido
como Marrom, participou dos últimos
carnavais em São Félix e lembra como era a
festa///
Sonora 02 - Raimundo da Silva: “O carnaval de
São Félix era... existia o lança perfume”. 15’’
OFF 6
Beatriz da Conceição, de 50 anos, conhecida
como Bibi, ainda tem na mente o batuque
daqueles carnavais e explica mais sobre um
polêmico participante: o lança perfume///
Sonora
03
Beatriz
da
Conceição.
“Tanranrantatatatatatata tchi tchi tchi tchi...
aquela coisa assim de criança”. 20’’
OFF 7
A folia carnavalesca alcançou sucesso
surpreendente, mesmo organizada em alguns
anos, de última hora//
Houve anos em que foi realizada sem muito
alvoroço//
Bloco 1
Técnica
Continuação do off 07
Folha 3
Locução
Durante toda a Segunda Guerra Mundial, por
exemplo, o carnaval aconteceu de forma
discreta//
O regime da censura tirou o encanto da festa//
Não se via mais as redes enormes de
serpentes, as batalhas reunidas de lançaperfume e os imponentes bailes de máscaras//
Mas o carnaval não deixou de mostrar a cara
pelas ruas de São Félix///
BG: índio quer apito: sobe som 8’’
Desce som
OFF 8
Davi Novaes, de 74 anos, participou do
carnaval de 1957 a 1961 e também se recorda
da festa///
Sonora 04 - Davi Ferreira Novaes “O carnaval se
tornou-se maravilhoso... Eu gostei muito”. 38’’
OFF 9
Fernando dos Santos, de 72 anos, diz que a
festa virava a noite///
Sonora 05 - Fernando Bispo dos Santos. “O
carnaval era muito bom... terminava três da
manhã”. 9’’
OFF 10
O carnaval era esperado o ano inteiro pelos
moradores de São Félix//
Os bailes eram realizados com grande estilo//
O primeiro baile aconteceu em 1926 no
Clube da Associação Atlética/ que ficava na
Avenida Salvador Pinto//
O Clube Floresta, que fica na Rua Manuel
Vitorino, também promoveu muitos bailes
dançantes//
Já o Clube da Leste – ou Ferroviário, da
Ladeira da Misericórdia, promoveu a festa
apenas um ano//
Quando criança, Bibi brincou muito o
carnaval no Clube Floresta e recorda com
muita saudade daquele tempo///
Bloco 1
Técnica
Folha 4
Locução
Sonora 06 - Beatriz da Conceição. “Tinha o baile
infantil... começa chorar”. 57’’
OFF 11
O clube Floresta era o mais popular//
Lá se encontrava gente de várias classes sociais//
O baterista do Cuba Jazz, grupo que animava os
bailes, Fernando Bispo dos Santos, presenciou o
clube Floresta lotado///
Sonora 07 - Fernando Bispo dos Santos. “No Floresta a
pessoa dançava... sem poder sair do lugar”. 17’’
OFF 12
Davi Novaes conta porque a maioria das pessoas
gostava de frequentar o clube Floresta///
Sonora 08 - Davi Ferreira Novaes. “O floresta era um
clube que... existia dificuldade”. 20’’
OFF 13
Gutemberg Aguiar, de 63 anos, explica como
era o processo para participar dos bailes de
carnaval nos clubes///
Sonora 09 - Gutemberg Aguiar Leite Filho. “O
carnaval era pago... aquele negócio”. 30’’
OFF 14
O carnaval também mostrou a cara pelas ruas de
São Félix e era chamado Cordão da Vitória//
A festa passou pela Avenida Salvador Pinto,
pela Baixa Fria, pelo Varre Estrada, pela Rua
Manuel Vitorino, conhecido como Dendê e pelo
Salva Vidas///
BG – Vassourinha sobe som: 6’’
Desce som
OFF 15
Antes dos grandes bailes de carnaval,
aconteciam os bailes dançantes para escolher a
rainha da festa//
Cada Clube tinha sua rainha, que era escolhida
através de concurso, tendo como jurados os
sócios dos clubes//
Os jornais de circulação local, como o Correio
de São Félix, divulgavam o concurso//
O baile que escolhia a rainha era denominado
“Grito de carnaval”///
Bloco 1
Técnica
Folha 5
Locução
Sobe som: 6’’
Desce som
OFF 16
As marchinhas fizeram sucesso nos bailes
de carnaval e quem brincou na época nunca
mais esqueceu essas músicas//
A professora aposentada, Lélia Tosta de 69
anos, diz o que pensa sobre as marchinhas///
Sonora 10 - Lélia Maria Almeida Tosta. “As
músicas... não se tem aquilo especifico”. 17’’
OFF 17
Marrom lembra da marchinha o Velho
Gagá, que foi sucesso em 1960///
Sonora 11 - Raimundo da Silva. “O velho gagá já
deu o que tinha que dar... E noutro dia passa mal”.
20’’
OFF 18
Gutemberg sente a falta dessas músicas e
recorda a que era sucesso na época/
Corre, corre, lambretinha///
Sonora 12 - Gutemberg Aguiar Leite Filho. “O vovô
ia a cavalo...para ver o meu amor”. 23’’
Música: Corre corre lambretinha: 5’’
OFF 19
Os foliões brincavam em paz e não se via
brigas ou qualquer outro tipo de confusão//
Lélia confirma essa história///
Sonora 13 - Lélia Tosta: “Não se tinha bagunça...
essas coisas de agressão”. 16’’
OFF 20
A festa era realizada de três a cinco dias
antes da quarta-feira de Cinza//
Era animada por bandas como Jazz
Continental, Filarmônica União Sanfelista e
Cuba Jazz//
O vocalista do Cuba Jazz/ banda que não
existe mais/ Clodomir Soares, de 71 anos
diz como era o grupo///
Sonora 14 - Clodomir Soares. “O cuba jazz tinha o
cantor de seresta... derrubei todo mundo”. 10’’
Bloco 1
Técnica
OFF 21
Folha 6
Locução
E se você pensa que o que Clodomir mais
gostava na festa era cantar, se engana//
Sem rodeios, Clodomir conta o que era///
Sonora 15 - Clodomir Soares. “Namorar muito”.
3’’
OFF 22
Música - Quem Parte Leva Saudade 10’’
Passagem de Bloco
No próximo bloco você vai conhecer a
história da micareta em São Félix///
Bloco
02
Script
Formato
Data
27/06/2013
Áudio
Tempo
Repórter
Valdelice Santos
Bloco 2
Técnica
7’59’’
Folha 1
Locução
Vinheta de abertura: Lembranças de outros carnavais
e micaretas. 10’’
OFF 01
Eu, Valdelice Santos, estou de volta com o
radiodocumentário Lembranças de outros
carnavais e micaretas//
No primeiro Bloco, você acompanhou a
história do Carnaval em São Félix de 1920 a
1970//
Agora, você vai saber como eram realizadas as
micaretas em São Félix///
Música: Que é que essa nega quer. 5’’
OFF 02
São Félix deu uma pausa no carnaval e iniciou
outra festa com características semelhantes: a
micareta//
A festa foi promovida pela primeira vez em
maio de 1968, no governo do prefeito
Fernando Ramos Alves//
As pessoas saiam pelas ruas ao som de trios
elétricos, em charangas, usando fantasias,
diferente do que acontecia no carnaval, que se
concentrava mais nos clubes//
A prefeitura era quem patrocinava os festejos//
Maura Conceição, de 50 anos, foi presidente de
um dos blocos que saia nas micaretas, o Brilho
da Lua, do bairro Salva Vidas, e conta como
era a festa///
Sonora 01- Maura Silva de Lima Conceição. “Era uma
novidade pra nós... pra ficar de destaque na rua”. 23’’
Música – Bota pra ferver. 5’’. Vai a BG
Bloco 2
Técnica
Folha 2
Locução
OFF 03
As primeiras micaretas eram ao som de
marchinhas de carnaval, mas com a
explosão do axé na Bahia, elas
incorporaram também esse ritmo///
OFF 04
Os amantes da festa queriam destaque nas
ruas, para isso se organizavam da melhor
maneira possível//
Quem fala pra gente sobre isso é Raimundo
da Silva, mais conhecido como Marron///
Sonora 02 - Raimundo Moreira da Silva. “O
pessoal procurava... pra participar do desfile”. 13’’
OFF 05
Beatriz da Conceição, Bibi, também se
recorda como era a micareta///
Sonora 04 - Beatriz da Conceição. “Era muito
lindo... muito, muito legal” 38’’
OFF 06
Assim como no carnaval, na micareta todo
mundo esquecia a tristeza e aproveitava o
momento rico de simbologia e significados
com as fantasias e alegorias//
A expectativa e a ansiedade eram muito
grandes para a festa//
Bibi relata essa espera///
Sonora 05 - Beatriz da Conceição. “O micareta era
uma festa ... chegada do micareta”. 8’’
OFF 07
A micareta de São Félix era concentrada na
Avenida Salvador Pinto, popularmente
chamada de Porto/ E apresentada na locução
de Gutemberg Aguiar//
E ele se lembra dos trios que vieram para
São Félix///
Sonora 06 - Gutemberg Aguiar. “O micareta aqui
era bom... segundo São João em Cachoeira” 11’’
Bloco 2
Técnica
OFF 08
Folha 3
Locução
Quando chegavam os meses de abril e
maio, período em que se realizava a
micareta, São Félix ficava bastante
movimentada.//
Bibi comenta sobre essa agitação na
cidade///
Sonora 07 - Beatriz da Conceição. “E vinha gente
também... o micareta de São Félix”. 19’’
OFF 09
Que a festa era boa, quem participou não
nega isso, mas tinha um momento que era
aguardado com muita ansiedade//
Bibi conta qual era///
Sonora 08 - Beatriz da Conceição. “Tinha o
encontro dos trios... faziam um bloco diferente”.
27’’
OFF 10
O bloco H-Tiola, por exemplo, foi criado
por Vandira dos Santos, já falecida//
Ela era conhecida como Empresa por
produzir alimentos e os vender na rua//
O bloco H-Tiola fez muito sucesso nas
micaretas a partir de 1975//
Quem lembra disto é a filha de Vandira,
Roquelina Rodrigues de Souza, Roquinha,
de 53 anos///
Sonora 09 - Roquelina Rodrigues de Souza. Era
assim um bloco... mas a gente fazia acontecer” 26’’
OFF 11
Cada ano saia um bloco diferente na
micareta//
Lélia Maria Almeida Tosta organizou um
desses, que foi uma grande novidade em
São Félix e conta detalhes///
Sonora 10 - Lélia Maria Almeida Tosta. “Foi um
Bloco Afro... um bloco muito numeroso” 34’’
OFF 12
Sonora 11 - Lélia Maria Almeida Tosta. “As
senhoras daqui... que fez muito sucesso” 20’’
O bloco Arerê teve uma organização
feminina.
Lélia diz mais sobre o assunto///
Bloco 2
Técnica
OFF 13
Folha 4
Locução
Apesar de fazer muito sucesso, o bloco
não teve mais condição de sair nas ruas//
Lélia relata o motivo///
Sonora 12 - Lélia Maria Almeida Tosta. “Não
saímos mais vezes porque... e não quiseram mais
fazer”. 10’’
OFF 14
Beatriz da Conceição, funcionária da casa
da Cultura Américo Simas na época, e
hoje diretora, também organizou muitos
blocos para a micareta//
Ela conta sobre um deles///
Sonora 13 - Beatriz da Conceição. “A gente fazia
também... na época”. 16’’
BG de fundo: Beleza rara
OFF 15
Sobe som. Passagem de Bloco 11’’
No próximo Bloco você vai saber outros
fatos da micareta e do carnaval, vai saber
também porque as festas deixaram de ser
realizadas em São Félix.
Bloco
03
Script
Data
27/06/2013
Formato
Tempo
Repórter
Áudio
Valdelice Santos
Bloco 3
Técnica
5’50’’
Folha 1
Locução
Vinheta de abertura: Lembranças de outros
carnavais e micaretas. 10’’
OFF 01
Olá, eu, Valdelice Santos, inicio agora a
última
parte
do
radiodocumentário
Lembranças de outros carnavais e micaretas//
No primeiro Bloco, você acompanhou a
história do Carnaval em São Félix de 1920 a
1970//
A micareta da cidade foi tema do segundo
bloco//
Agora no terceiro e último bloco você vai
acompanhar outros fatos da micareta e do
carnaval, vai saber também porque as festas
deixaram de ser realizadas///
Música e vai a BG. Prefixo de Verão 13’’
OFF 02
Um fato curioso ocorrido no ano de 1959,
impediu a realização do último dia de
carnaval em um dos clubes da cidade de São
Félix//
Davi Novais se recorda desse fato///
Sonora 01 - Davi Novais: “Foi numa dessa
emergência... o carnaval daqui do interior”. 26’’
OFF 03
Gutemberg Aguiar lembra de outro fato que
acontecia algumas vezes na micareta//
Sonora 02 – Gutemberg Aguiar: “Tinha muitos
fatos... se salvavam”. 16’’
OFF 04
Reginaldo Nascimento se recomenda de uma
artista baiana que veio para a micareta de São
Félix, em 1994///
Bloco 3
Técnica
Folha 2
Locução
Sonora 03 – Reginaldo Nascimento: “Carla Peres
era uma das dançarinas... de trio elétrico”. 13’’
OFF 05
No carnaval e na micareta as pessoas se
encontravam,
com
alegria
e
espontaneidade para brincar e esquecer os
problemas do dia a dia//
O mestre em Comunicação e Cultura e
professor de Jornalismo da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB),
Luiz Nova diz mais sobre essas
manifestações culturais///
Sonora 04 – Luiz Nova: “A micareta é uma
decorrência... moral impõem a cidade”. 40’’
OFF 06
Mas por que essas festas tão importantes e
alegres não acontecem mais em São
Félix?//
Maura Conceição conta o que pensa sobre
o assunto///
Sonora 05 – Maura Conceição: “A festa se tronou...
condições pra continuar”. 10 ’’
OFF 07
Beatriz da Conceição tem outra versão
para os términos da micareta///
Sonora 06 – Beatriz da Conceição: “Atribui que
ficava muito... muita despesa”. 12’’
OFF 08
Muitas pessoas ainda sonham com o
retorna dessas festas, que movimentavam
a pequena cidade São Félix.//
Beatriz é uma delas///
Sonora 07 – Beatriz da Conceição: “Seria muito
bom... sabendo brincar”. 13’’
Bloco 3
Técnica
OFF 11
Folha 3
Locução
O atual prefeito de São Félix, Eduardo
José de Macedo Júnior, o Duda, com
mandato de 2013 a 2016, tem um projeto
de retorno da micareta//
Ele pretende colocar em prática assim que
conseguir patrocínios para a festa///
Música e vai a BG: Swing Da Cor. 15’’
OFF 12
O Carnaval passou como tudo passa//
Ficou a saudade e a esperança de retorno
breve//
Veio então a micareta consolar o que não
se consola, mas sem dizer adeus, ela
também foi embora, sem data prevista pra
retornar///
Vinheta de encerramento. 22’’
Sobe som. 13’’
ANEXO II – Roteiro para entrevista
1. Há recordação de quando começou e terminou o carnaval em São Félix?
2. Como eram os preparativos para o carnaval?
3. O que acontecia nos bailes nos clubes?
4. O que a festa tinha de mais fascinante?
5. Como era as músicas tocadas no carnaval?
6. Como era organizado o concurso para rainha do carnaval?
7. Que público frequentava o carnaval nos Clubes?
8. Por que o carnaval deixou de ser realizado?
9. Se o carnaval retornasse a São Félix como seria essa recepção?
10. Como era formado o grupo Cuba Jazz?
11. Como as pessoas brincavam no carnaval?
12. Teve algum fato diferente que aconteceu no carnaval?
13. Quando foi realizada a primeira micareta em São Félix?
14. Como era animação dos foliões e eram todos de São Félix?
15. As músicas eram de qual estilo?
16. Que fatos foram destaques na micareta?
17. Por que a micareta deixou de ser realizada em São Félix?
18. Existe possibilidade de retorno do carnaval ou da micareta?
ANEXO III – Entrevistas do Radiodocumentário “Lembranças de outros carnavais e
micaretas”
Foto: Valdelice Santos
Raimundo Moreira da Silva é
aposentado, mora em São Félix, na Rua
Virgilio Damásio, nasceu em 5 de julho de
1944. Participou dos últimos carnavais e
lembra como as pessoas se fantasiavam
naquela época e as músicas cantadas pelos
foliões.
Foto: Valdelice Santos
Maura Silva de Lima Conceição é
funcionária pública municipal, lotada na
Biblioteca do Município de São Félix, nasceu
em 13 de dezembro de 1962, mora na Vila
Residencial José Eduardo de Macedo, em São
Félix. Ela foi presidente do bloco Brilho da
Lua e ganhou o primeiro prêmio de concurso
de blocos. Ela recorda que a micareta era uma
novidade para a cidade, fala também como era
a festa e o que pensa sobre o fim dela.
Foto: Valdelice Santos
Davi Ferreira Novaes é um senhor
aposentado, nasceu no dia 15 de outubro de
1938 e mora na Rua Virgilio Damásio, em
São Félix. Participou do carnaval nos anos de
1957 a 1961. Lembra de um acidente que
ocorreu em 1959, no último dia de carnaval e
como eram as fantasias e as músicas da época.
Foto: Valdelice Santos
Beatriz da Conceição é
diretora da casa da Cultura Américo
Simas. Nasceu em 28 de setembro
de
1962,
mas
os
documentos
constam de 03 de outubro de 1962,
mora no Alto do Hospital, em São
Félix.
Lembra que as pessoas
tinham
uma
expectativa
muito
grande para a chegada da Micareta.
Ela organizou vários blocos para a
Micareta, inclusive um do Saci, com
crianças.
Também
recorda
o
Gutemberg
carnaval dos clubes, quando ainda
era criança.
Leite
Filho
é
Aguiar
funcionário
público municipal, mora na rua
Foto: Valdelice Santos
Manoel Vitorino, em São Félix e
nasceu em 25 de janeiro de
1950. Participou do Carnaval
com 8 anos, em 1958 e nos
demais anos. Foi locutor de
várias micaretas, se recorda de
um fato ocorrido na micareta e
de músicas cantadas nas festas.
Foto: Valdelice Santos
Fernando Bispo dos Santos é
aposentado, mora na Rua da Rodagem, em
São Félix, nasceu em 27 de junho de 1936.
Foi baterista do grupo Cuba Jazz há
aproximadamente 15 anos. Participou do
carnaval e lembra que muita gente
frequentava o carnaval em clubes.
Foto: Valdelice Santos
Roquelina
Rodrigues de
Souza
é
técnica de laboratório, nasceu em 12 de junho
de 1959, mora no Bairro Salvas Vidas, em São
Félix e é filha da senhora Vandira dos Santos,
conhecida como Empresa, por montar um
comércio próprio com os produtos feitos por
ela. Vandira fundou um dos blocos mais famoso
da Micareta, chamado de H-Tiola, no ano de
1975, e Roquelina conta como era o bloco.
Foto: Valdelice Santos
Clodomir Soares é médico
reumatologista, nasceu em 3 de
outubro de 1941, mora na Praça do
Relógio, em São Félix e foi vocalista
do Cuba Jazz de 1966 a 1974. Ele se
recorda como era formado o grupo e o
que mais gostava de fazer no carnaval.
Foto: Valdelice Santos
Lélia Maria Almeida Tosta é
professora aposentada, nasceu em 1º
de novembro de 1943 e mora na
Praça 2 de Julho, em São Félix.
Participou do carnaval e da micareta.
É uma das organizadoras o primeiro
bloco afro da micareta, o bloco Arerê.
Foto: Arquivo pessoal
Luiz Henrique Sá da Nova
é mestre em Comunicação e Cultura
e professor de Jornalismo da UFRB,
mora em Salvador, na Barra. Ele
explica o carnaval e a micareta como
forma de manifestação cultural.
Foto: Valdelice Santos
Reginaldo
Nascimento
é
funcionário público municipal, nasceu
em 25 de dezembro de 1953, reside na
Rua Barão do Rio Branco, em São
Félix e ajudou na organização da
micareta de 1994 a 1996, na época do
prefeito Antônio Carlos Lobo Maia.
Ela lembra dos trios que vieram para
São Félix e da presença de uma artista
baiana em um dos trios.
ANEXO IV – Fotos do carnaval e micareta de São Félix
O CARNAVAL
Carnaval de 1951 em São Félix
Foto: Acervo Dilermando Lemos
O Grupo Musical Cuba Jazz,
de São Félix, sem data
Acervo: Erivaldo Brito
Baile de Carnaval no Floresta Futebol
Clube
Década de 1960
Acervo: Arquivo Público Municipal
Dr. Júlio Ramos de Almeida
MICARETA
Trio que animou a micareta de São
Félix, em 1982
Acervo: Arquivo Público Municipal
Dr. Júlio Ramos de Almeida
Micareta de 1980, organizada pelo
prefeito Eduardo José de Macedo
Acervo: Arquivo Público Municipal Dr.
Júlio Ramos de Almeida
Micareta de 1980, organizada pelo prefeito Eduardo José de
Macedo (que está na foto acompanhada da primeira dama)
Acervo: Arquivo Público Municipal Dr. Júlio Ramos de Almeida
Foto da Micareta publicada no Jornal Correio de São Félix
Acervo: Arquivo Público Municipal Dr. Júlio Ramos de Almeida
Foto da Micareta publicada no
Jornal Correio de São Félix
Acervo: Arquivo Público Municipal
Dr. Júlio Ramos de Almeida
Foto da Micareta publicada no Jornal
Correio de São Félix
Acervo: Arquivo Público Municipal Dr.
Júlio Ramos de Almeida
Foto da Micareta publicada no Jornal
Correio de São Félix
Acervo: Arquivo Público Municipal Dr.
Júlio Ramos de Almeida
Foto da Micareta publicada no Jornal Correio de São Félix
Acervo: Arquivo Público Municipal Dr. Júlio Ramos de Almeida
Micareta de 1982
Acervo: Arquivo Público Municipal
Dr. Júlio Ramos de Almeida