15·Tubaroes de Coleira Sociedade Brasileira para
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15·Tubaroes de Coleira Sociedade Brasileira para
Agosto 2005 Elasmovisor I Boletim informativo para socios o Plano I de Manejo dos Elasrnobranquios Conferencia Internacional Haja Barbatana! do Brasil- 4 sobre Tubaroes-baleia - 5 -6 Natal Shark Board: Ataques e Cornercio de Barbatanas -7 9 - Taxiderrnia em Tubaroes - Urna Inova~ao da Tecnica 10 - A Glandula 12 - Elasrnobranquios 13- Urn Ber~ario Retal em Raias de A.gua Doce em Cativeiro e Exposi~ao Publica de Tubaroes e Raias no Nordeste do Brasil 15· Tubaroes de Coleira Sociedade Brasileira para 0 Estudo de Elasmobranquios - SBEEL Elas11lovisor - - 15 TUBAROES DE COLElRA Isaac Rodrigues dos Santos' & Santiago Montealegre-Quijano2 'Global Garbage - ONG; 2programa de P6s-Gradua~ao em Oceanografia Biol6gica, FURG [email protected] [email protected] o lixo plastico a hoje uma das maiores amea~as a vida nos oceanos. Os problemas de polui~ao marinha por residuos s6lidos sac causados por uma sequencia complexa de fatores. Esses fatores incluem nao apenas nosso consumo excessive de materiais descartaveis nao-biodegradaveis, mas tambam nossa ineficacia em lidarmos com esses residuos. 0 lixo marinho flutuante viaja pelos oceanos carregado pelas correntes marinhas, podendo causar problemas em areas distantes da sua origem. Os dois principais problemas que os residuos marinhos representam para a fauna sac que esta pode ver-se aprisionada por eles ou pode ingeri-Ios. 0 primeiro ocorre quando os animais ficam rodeados ou enredados pelos residuos. Isto acontece acidentalmente ou quando 0 animal se ve atraido pelos residuos como parte do seu comportamento natural ou curiosidade. Por exemplo, um animal pode tentar utilizar um determinado residuo para procurar abrigo, para brincar ou como fonte de alimento. o aprisionamento de animais marinhos em residuos flutuantes a um dos mecanismos de impacto mais preocupantes dessa forma de polui~ao tao visivel, mas tao negligenciada. Mamiferos marinhos, tartarugas, aves, peixes e crustaceos tem sido afetados. Muitas das espacies mais vulneraveis aos problemas dos residuos marinhos sac as espacies em perigo de extin~ao ou amea~adas (EPA, 1993). Os registros de animais marinhos afetados por coleiras de plastico ainda sac escassos representando um cenario subestimado dos impactos de residuos com formato circular sobre a fauna marinha. No Brasil, coleiras plasticas tem side encontradas em tubaroes costeiros e ocefmicos (Sazima et al., 2002; Montealegre-Quijano et al., 2004a; 2004b). Os animais que vivem mais perto do homem (nas areas costeiras) sac os mais sujeitos a sofrerem os impactos da polui~ao marinha. No entanto, espacies que vivem longe das praias tambam sac seriamente afetadas. Tubaroes-azuis capturados na pesca comercial com espinhel sac frequentemente encontrados com materiais enroscados no corpo (0,96%), sendo que cintas plasticas sac 0 residuo mais comum (Figura 1). Essas cintas plasticas sac utilizadas para embalar a isca congelada, 0 que significa que a atividade pesqueira pode ser a responsavel direta deste lixo no mar. As cintas plasticas sac residuos circulares muito resistentes, sendo observadas nos tubaroes, sempre na regiao branquial, desde um estagio inicial no qual come~am a causar ferimentos no tronco e nadadeiras peitorais, ata aquele no qual a pele do animal envolve completamente a cinta, sendo esta encontrada abaixo da epiderme cicatrizada. 0 surpreendente poder de regenera~ao da pele do tubarao-azul a manifesto ao conseguir envolver este agente estranho e aloja-Io no seu interior. A flutuabilidade das cintas plasticas, 0 habito alimentar na superficie do mar e a curiosidade natural do tubarao-azul sac fatores que agem em conjunto para que esta espacie seja amea~ada pelas coleiras de plastico. Os movimentos ondulat6rios da nata~ao fazem com que as coleiras de plastico se desloquem para sua regiao posterior e fiquem cada vez mais apertadas. Alam disso, os denticulos darmicos funcionam como travas que impedem que as cintas sejam removidas naturalmente. As coleiras plasticas causam lesoes, que sac agravadas durante 0 seu crescimento (Fig. 1). Figura 1. Tubarao-azul com cinta plastica aprisionada regiao branquial. (Foto: Santiago Montealegre-Quijano). na A intera~ao entre animais e residuos plasticos indica que leis internacionais de preven~ao de polui~ao marinha nao tem side cumpridas. 0 Brasil, e aproximadamente outros cem paises sac signatarios da Conven~ao Internacional para a Preven~ao da Polui~ao Causada por Navios, conhecida pela sigla MARPOL. 0 Anexo V da MARPOL deixa claro 0 que os residuos de embarca~oes devem ser trazidos para terra. Fica completamente proibido 0 despejo de plastico nos oceanos, que sac 0 tipo de lixo de maior interesse devido ao seu elevado tempo de decomposi~ao e inumeros impactos a vida marinha. Como a comum nos paises latinos, 0 problema nao esta nas leis, mas sim na sua falta de aplica~ao, fiscaliza~ao e puni~ao aos infratores. Tubaroes existem no planeta Terra M mais de 350 milhoes de anos. Infelizmente, sua longa e bem sucedida trajet6ria evolutiva nao os tornou aptos a se livrarem do lixo jog ado ao mar por humanos, fato importante nos ultimos 40 anos. Mas 0 fato mais intrigante a que a solu~ao para esses problemas a aparentemente muito simples. Nesse caso, nao sac necessarias grandes inova~oes tecnol6gicas. Tambam nao seria necessario eliminarmos 0 consumo de petr61eo e produtos plasticos. Muito menos seria necessario a cria~ao de uma nova legisla~ao. Em teoria, bastaria prevenirmos do lan~amento de lixo no mar, como um singelo gesto de respeito a vida marinha. REFERENCIAS EPA (1993). Usted puede ayudar a detener la marea de basura. Environmental Protection Agency - EPA; USA. A842-B-93003 Montealegre-Quijano, S.; Soto, M.R.J. Vooren, C.M. (2004a). Ocorrencia de fitas plasticas enroscadas no tronco de tubaroes-azuis (Prionace glauca), procedentes do lixo jog ado no mar pelos barcos de pesca.Congresso Brasileiro de Oceanografia - CBO-2004, livro de Resumos:1364 Montealegre-Quijano, S.; Vooren, C.M & Soto, J. (2004b). Sobre a porcentagem de incidencia de materia is de origem pesqueira em tubaroes-azuis, Prionace glauca (Linnaeus, 1758), no sui do Brasil. IV Reuniao da SBEEL, Recife. Livro de Resumos: 130 Sazima, I., Gadig, O.B.F., Namora, R.C. & Motta, F.S. (2002). Plastic debris collars on juvenile carcharhinid sharks (Rhizoprionodon tatandil) in southwest Atlantic. Mar. Poll. Bull. 44:1147-1149