Cintos de Competências
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Cintos de Competências
CINTOS DE COMPETÊNCIAS Ricardo Martínez 2006 A Ideia dos Cintos de Competência foi adoptada pela Escola de Neuville nos arredores de Paris, por ideia do Professor Jacques PAIN, professor na Universidade de Paris X – Nanterre, na altura monitor da mesma. A Escola de Neuville foi criada sob a orientação da socióloga francesa Françoise DOLTO, seguindo e adaptando o modelo de Freinet da pedagogia activa, da escola moderna, hoje adaptada aos nossos dias e identificada como “Pedagogia Institucional”. O processo está intimamente identificado com o estabelecimento de níveis de hierarquização de competências e responsabilidades, adoptado pelas Artes Marciais e Desportos de Combate (Karate, Judo, Full Contact, Taekendo…). Os cintos vão do Branco (iniciação) ao Castanho, passando pelo Amarelo, Laranja, Verde, Azul e Vermelho. Para se passar de um cinto a outro é necessário um “exame” no qual o jovem transita pelo reconhecimento dos outros nas suas capacidades, sendo o quadro de cintos afixado onde todos possam ver, quer os que vivem na casa, quer os que a visitam. Adoptando este modelo de hierarquização, com direitos e sua correspondência a deveres / obrigação bem definidos e identificados por todos, o jovem visualiza o seu lugar, o que se espera de si e o caminho que terá de percorrer para subir de cinto e atingir os seus objectivos pessoais e sociais de desenvolvimento. Este processo poderá ser adoptado em todas as circunstâncias, desde a vivência em Lar Residencial à frequência de um Atelier, de uma Classe de Desporto ou de uma Classe Escolar. O mecanismo de “construção” do corpo de regras de cada cinto deverá passar pela participação activa dos jovens, quer na sua discussão, quer na elaboração e aplicação objectivas das mesmas. O processo poderá ser continuamente melhorado pela intervenção de jovens e técnicos, tentando sempre adequar o quadro de princípios às condições concretas de funcionamento e vivência do grupo. O princípio básico reside fundamentalmente não no fim mas no “processo”, pelo que interessa é que os jovens e os técnicos pensem em situações e problemas concretos, quotidianos, que ocorram ou tenham a possibilidade de ocorrer no espaço que partilham. É fundamental que ao discutirem-se os problemas para que façam parte do quadro a elaborar, estes não sejam relacionados com qualquer um dos jovens ou acções por estes praticadas. Isto é, trata-se numa primeira fase, de analisar de forma não “pessoalizada”, situações de convivência, de relacionamento e de conflito objectivos entre jovens, entre jovens e adultos / monitores ou entre estes e as instituições. Numa segunda fase, pretende-se que seja discutida e aprovada uma “graduação” de possíveis comportamentos, de possíveis obrigações e direitos, distribuindo-os pelos diversos cintos. Só após a elaboração do conteúdo dos vários cintos e o estabelecimento inequívoco de regras de responsabilidades e direitos conferidos por cada cinto, é que se passará, na terceira fase, à análise do comportamento de cada jovem, situando-o posteriormente no respectivo cinto, à luz dos princípios anteriormente estabelecidos. Deverá chegar-se a um acordo sobre o posicionamento de cada jovem à partida, o que será benéfico para a consciencialização deste e do grupo. Posteriormente à colocação inicial de cada jovem no Quadro de Competências ou de Comportamentos, deverá ser cumprido o que vier a ser estabelecido, não podendo as regras / regulamento vir a ser alterado sem que se proceda a nova reunião de trabalho especificamente convocada para tal fim, e sem que fique devidamente provado que as regras estabelecidas não estavam adequadas ao meio e às circunstâncias concretas, devendo ser referida a responsabilidade de todos e de cada um que nelas participaram, sendo as mesmas registadas em acta específica. Desde o início do processo, é desejável que sejam os jovens a dirigir as reuniões, independentemente de nestas estarem presentes adultos (monitores, professores ou directores da instituição ou do projecto), que deverão também respeitar a ordem para se pronunciarem.