A Meguilá Revelada Por Sha`ul Bensiyon

Transcrição

A Meguilá Revelada Por Sha`ul Bensiyon
Purim: A Meguilá Revelada
Por Sha’ul Bensiyon
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Tradições Paralelas: Grego x Hebraico
A divergência entre duas correntes de tradição de Purim é tão antiga, que a própria halakhá surpreendentemente
diz:
“Uma pessoa que fala outra língua que não o hebraico e ouve a Meguilá lida em hebraico escrito em escrita
santa cumpre sua obrigação, mesmo que não compreenda o que está sendo lida. Semelhantemente, se a
Meguilah foi escrita em grego, e uma pessoa a ouviu, mesmo uma que fale hebraico, cumpre sua obrigação
mesmo que não compreenda o que está sendo lido… Se, contudo, for escrita em aramaico ou em outra língua
das nações, aquele que a ouve cumpre sua obrigação somente quando compreende a língua e somente quando
a Meguilá está escrita naquela língua.” (Mishnê Torá - Hilkhot Meguilá waHanuká 2:3-4)
A concessão ao grego, teoricamente por ser a língua franca da época, indica que mesmo na antiguidade havia
ainda uma forte tradição do texto grego.
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As principais diferenças entre o texto grego e o hebraico são:
Texto Massorético
Acontecimento Inesperado
Édito Real Resumido
Não há menção ao Eterno
Segundo Édito Real Resumido
Acontecimentos são apenas celebrados
Assimilação / Secularização de Hadassa e Mordokhay
não são objeto do texto
Septuaginta
Sonho profético
Édito Real Expandido
Tanto Mordokhay quanto Hadassa oram ao Eterno
Segundo Édito Real Expandido
Mordokhay atribui os acontecimentos à profecia dada a
ele pelo Eterno
Preocupação em condenar a assimilação e secularização
O texto grego é basicamente uma releitura do texto hebraico, que busca eliminar o desconforto de um
acontecimento aparentemente casuístico, sem menções ao Eterno, e onde os heróis são mencionados em
contexto de assimilação, sem que o texto entre no mérito de condenar a secularização.
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Texto Grego: O Sonho de Mordokhay
“No segundo ano quando A’hashwerosh, o Grande era rei, no primeiro dia de Nissan, Mordokhay filho de Ya’ir
filho de Shim`i filho de Qish, da tribo de Binyamin, viu um sonho. Ele era um homem judeu que habitava a cidade
de Shushan, um grande homem, servindo na corte dos reis. E eis que ele era do grupo de exilados que
Nabucodonosor, rei da Babilônia, tomou cativos de Yerushalayim com Yekhoniyah, rei de Yehudá. E esse foi seu
sonho: Vide! Gritos e confusão! Trovões e terremotos! Caos sobre a terra! Vide! Dois grandes dragões se
aproximam, ambos prontos para lutar, e um grande ruído se levanta deles! E ao som deles toda nação se
preparou para a guerra, para lutar contra uma nação de de pessoas retas. Vide! Um dia de escuridão e trevas!
Aflição e angústia! Opressão e grande caos sobre a terra! E a nação reta inteira estava em caos, temendo os
males que os ameaçavam, e eles estavam prontos para perecer. Então eles clamaram ao Eterno, e do seu
clamor, como se viesse de uma pequena fonte, veio um grande rio, abundante em água; luz e o sol se ergueu, e
os humildes foram exaltados e devoraram aqueles que eram tidos em estima. Então Mordokhai, que tivera visto
esse sonho e o que o Eterno havia determinado fazer, acordou, e tinha no seu coração e buscou até o cair da
noite entendê-lo em cada detalhe.” (Ester - Adendo ao Capítulo 1 - Versão do Grego Antigo - Septuaginta)
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Texto Grego: A Oração de Mordokhay
“Eterno, Eterno, Rei Todo-Poderoso, todo o universo está sujeito à Tua autoridade, e não há quem possa se opor
a Ti quando é da Tua vontade salvar Israel, porque Tu fizeste o céu e a terra e toda maravilha que está abaixo
do céu. Tu és o Senhor de tudo, e não há quem possa resistir a Ti, o Senhor. Tu conheces todas as coisas; Tu
sabes, oh Eterno, que não foi em insolência nem em orgulho nem por amor à glória que fiz isso, isto é, me
recusei a prestar reverência a esse orgulhoso Haman, pois estaria disposto a beijar-lhe as solas dos pés pela
segurança de Israel. Mas fiz isso para que não colocasse a glória humana acima da glória divina, e não prestarei
reverência a nenhum exceto a Ti, meu Senhor, e não farei tais coisas em orgulho. Agora, oh Eterno Senhor, Rei,
Elohim de Abraão, poupa teu povo, pois buscam nos arruinar, e desejaram destruir a herança que tem sido Tua
desde o princípio. Não negligencies Tua porção, que redimiste para ti na terra do Egito. Ouve minha petição, e
tende misericórdia sobre a tua porção; torna nosso lamento em festividade, para que vivamos e cantemos hinos
ao Teu nome, oh Eterno; Não silencie boca daqueles que Te louvam.” (Ester - Adendo ao Capítulo 4 Septuaginta)
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Texto Grego: A Oração de Ester
“Oh meu Senhor, Tu somente és nosso rei; ajuda-me a mim que sou destituída, e que não tenho outro ajudar
senão a Ti; Pois meu perigo está próximo. Tenho ouvido desde o nascimento, na tribo de minha parentela, que
Tu, Senhor, tomaste Israel de todas as nações, e nossos pais de todas as suas parentelas por herança perpétua;
e tem operado por eles tudo o que disseste.
E agora eis que pecamos perante Ti, e Tu nos entregaste nas mãos de nossos inimigos, porque honramos seus
deuses; Tu és reto, oh Eterno. Mas agora eles não se contentaram com a amargura de nossa escravidão, mas
lançaram suas mãos sobre as mãos de seus ídolos, de modo a abolir o decreto de Tua mão, e destruir
completamente Tuas heranças, e calar a boca daqueles que Te louvam, e extinguir a glória da Tua morada e do
Teu altar, e abrir as bocas das nações para louvar vaidades, de modo que um rei mortal seja admirado
eternamente.
Oh Eterno, não renuncies a eles o Teu cetro, nem os permita rirem de nossa queda, mas inverte seu conselho
contra eles próprios, e faz um exemplo daquele que começou a nos injuriar. Lembra-te de nós, oh Eterno, e
manifesta-te no tempo de nossa aflição, e encoraja-me, oh Rei dos deuses, governante de todo o domínio.
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Coloca discurso harmonioso na minha boca perante o leão, e volta-lhe o coração para odiar aquele que luta
contra nós, para a total destruição daquele que consente com ele.
Mas livra-nos pela Tua mão, e ajuda-me a mim, que sou destituída, e ninguém tenho senão a Ti, oh Eterno. Tu
conheces todas as coisas, e conheces que odeio a glória dos transgressores, e abomino o leito do incircunciso,
e de todo estrangeiro.
Conheceis a minha necessidade, pois abomino o símbolo de minha posição orgulhosa, que está sobre minha
cabeça nos dias de meu esplendor: Eu a abomino como um trapo menstrual, e não o utilizo nos dias em que
estou em privado. E tua serva não comeu à mesa de Haman nem bebeu vinho das libações. Tua serva não se
alegrou desde o dia de minha transformação até agora, exceto em Ti, oh Eterno, Elohim de Abraão. Oh Elohim
que tem poder sobre todas as coisas, ouve a voz daqueles que se desesperam, e salva-nos da mão dos
malfeitores. E salva-me da mão do meu medo.”
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A Origem do Texto Grego
“[O texto grego] afirma que… dois homens chamados Dositheos e Ptolomeu, que diziam ser sacerdotes,
chegaram de Jerusalém. Eles trouxeram com eles um livro de Ester, chamado ‘a carta sobre Purim (Phrouai)’ e
eles explicaram que ela tinha sido traduzida por alguém chamado Lysimachus em Jerusalém… assim esse livro
de Ester chegou em Alexandria em 77/76 A.E.C…
A nota no text grego de Ester pode indicar que os judeus palestinos [sic] consideravam importante que os judeus
de Alexandria recebessem uma cópia de sua versão melhorada de Ester - com pelo menos as adições A, C, D e
F - que trouxe o livro e seu festival associado de volta ao alinhamento com o que era, na mente deles, prática e
ideologia judaica normativa: devoção ao Eterno, oração, abominação do casamento misto e até isolacionismo, e
uma fidelidade à lei judaica e prática.
Em outras palavras, essa era provavelmente uma edição revisada produzida por judeus palestinos [sic] e
enviada a Alexandria para corrigir a edição diaspora-centrista que os judeus já tinham…
Não é acidental que o livro de Ester é o único livro a não ser preservado de forma alguma entre os Manuscritos
do Mar Morto: para a comunidade de Qumran, casamento misto era ofensa capital, e uma comunidade que se
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afastou da sociedade “impura” de Jerusalém certamente não toleraria um livro no qual os heróis eram tão
enredados na cultura imperial.” (Dr. Aaron Koller, A More Religious Megillat Esther?)
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O Estilo Literário de Ester
“Na Grécia e no Oriente Médio antigo, havia exemplos de ‘história novelística’, relatos que se focavam em amor
e sexo nas cortes dos aristocratas e reis. Heródoto e outros historiadores gregos incluíram ‘intrigas de harém’
dos monarcas orientais… Elas focam nas relações entre homens e mulheres em posições elevadas, como faz
Ester, e também incluíam cenários fantásticos e idealizados, tom aventureiro, finais felizes e mais diálogo do que
as narrativas anteriores, geralmente entre homens e mulheres.
Dentre os judeus, os livros de Judite, Tobias e José e Asenate seguiam Ester, e por volta desse mesmo período
os gregos e romanos escreveram novelas de aventura e romance. Alguns textos gregos também continham
histórias de monarcas orientais, às vezes os vendo positivamente, mas frequentemente ridicularizando a fortuna
e a decadência daquela corte. A corte persa era tomada como um cenário apropriado para tais ‘intrigas de
harém’, uma espécie de antigas ‘ligações perigosas’.
Narrativas muito semelhantes a Ester foram escritas nessa época por judeus, mas somente fragmentos
permanecem, e a aparentemente internacional História de Ahikar foi descoberta entre os remanescentes de uma
colônia militar judaica no Egito. Ester não está sozinha então, como texto, mas é parte de um gênero vibrante de
histórias aventureiras, que podemos chamar de literatura popular do mundo antigo.” (Prof. Lawrence M. Wills,
Rejoicing on Purim with a Jewish Novel)
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Seria Ester uma narrativa histórica?
Uma diferença crucial: Histórico x Inspirado
O fato de uma narrativa ser romanceada não faz dela menos inspirada, ou canônica. Tão somente significa que
ela revela algo por trás do texto principal.
Geralmente, A’hashwerosh é associado a dois possíveis monarcas: Artaxerxes I ou Xerxes I. Ou seja, teria
ocorrido entre 485 e 424 A.E.C.
O livro de Ester diz: “Havia então um homem judeu na fortaleza de Shushan, cujo nome era Mordokhay, filho de
Ya'ir, filho de Shim`i, filho de Qish, homem benjamita, que fora transportado de Yerushalayim, com os cativos que
foram levados com Yekhonyah, rei de Yehudá, o qual transportara Nabucodonosor, rei da Babilônia.” (Ester
2:5,6)
O exílio babilônio ocorreu em 597 A.E.C. Na melhor das hipóteses, e supondo que ele tenha sido levado cativo
enquanto era um bebê, Mordokhay teria 118 anos no momento em que Hadassa (Ester) é introduzida no palácio
real.
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Haveria ainda o problema da diferença de idade entre ele e sua prima, haja vista que Hadassa é descrita como
sendo jovem (Et. 2:17).
Historiadores gregos, tais como Heródoto e Cetesias, jamais detalham a vida dos persas em profusão, mas
jamais mencionam os acontecimentos da época de Purim. Esse último foi médico na corte persa no reinado de
Artaxerxes II.
Além disso, a ideia de um monarca permitir que estrangeiros matassem 75 mil de seus súditos é extremamente
improvável, e certamente teria merecido a menção de historiadores.
Xerxes I governou 20 províncias, e não 127 como é mencionado no princípio do livro.
Xerxes é mencionado por Heródoto e Cetesias como tendo por esposa Amestris. Alguns tentam associar
Amestris a Ester.
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O problema é que Amestris tinha por pai um general persa (e não um judeu), e é descrita por esses dois
historiadores como sendo sanguinária, vingativa e ninfomaníaca, características que certamente não condizem
com Hadassa.1
Além disso, não existia lei na Pérsia que dizia que o decreto real não pode ser anulado. Ao contrário, há vários
exemplos históricos de anulações.
Para os judeus da antiguidade, esses fatos eram corriqueiros. Como seria, para nós, saber quem foram os
últimos presidentes dos EUA.
Ou seja, ao fazer tais afirmações improváveis, o livro está afirmando categoricamente que não é histórico, mas
sim uma ficção literária.
Exemplo: "Era o décimo segundo ano do reinado de Nabucodonosor, que reinou sobre os assírios em Nínive, a
grande cidade” (Judite 1:1)
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Esther Unmasked: Solving Eleven Mysteries of the Jewish Holidays and Liturgy
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Um grande indício, nossos sábios disseram:
“Onde Haman é indicado na Torá? No versículo: É de uma árvore [hamin]? [Gn. 3:11]
Onde é Ester indicada na Torá? E certamente ocultarei [ashtir] minha face. [Dt. 31:18]
Onde Mordokhay é indicado na Torá? No versículo: Pura mirra [Ex. 30:23], que o Targum traduz como mira
dakia.” (b. Hulin 139b)
O comentário é um trocadilho:
Haman, nome de uma divindade elamita, é reinterpretado como ‘hamin’, em alusão à sua morte.
Ester, forma aramaica do nome da deusa Ishtar, é reinterpretado como ‘oculta’, numa alusão à sua identidade.
Mordekhay, significando ‘pertencente ao deus Marduk’, possivelmente um nome associado ao
sacerdócio, é reinterpretado como se referindo ao sacerdócio do Eterno.
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Que segredo, então, esconde a Meguilá?
A origem é incerta, mas a explicação da festividade com o nome de Purim indica que ela possivelmente foi um
costume estrangeiro que foi reinterpretado à luz do monoteísmo.
Os personagens Mordokhay e Ester certamente representam as divindades babilônias Marduk (grego:
Μαρδοχαῖος, Mardochaios), deus-chefe do panteão babilônio, e sua consorte Ishtar.
Os personagens Haman e Washti certamente representam as divindades elamitas Human, deus-chefe do panteão
elamita, e sua consorte Mashti - cujo nome é mudado para Washti, que em persa antigo significaria “a melhor [das
mulheres]”.
Os elamitas tinham por hábito lançar a sorte (Pur , do assírio Puru, que significa pedra ) antes do começo do ano
para determinar a influência do deus Human sobre o ano. Hábito esse adotado pelos babilônios.
É provável que o povo judeu tenha adotado esse hábito, e praticassem esse festival da sorte no princípio do ano.
A história de Purim, portanto, corrige essa mitologia importada, e dá uma nova conotação.
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Quem é quem?
Observe a trajetória pessoal de Ester:
1) Tem um nome (identidade) judaica, que lhe é ocultada. Passa a adotar um nome idólatra.
2) É levada, contra a sua vontade, ao palácio de um rei estrangeiro.
3) Lá, é assimilada ao ponto de ninguém saber que ela era judia.
4) Um estrangeiro tenta exterminá-la.
5) Ela teme se revelar como judia por um momento.
6) Jejua e se arrepende de suas transgressões.
7) Em dada circunstância, enfrenta o fato de se assumir perante o rei.
8) Seus inimigos são vencidos primeiro nas redondezas.
9) Na cidade murada, seus inimigos têm a derrota definitiva.
10) Sua festividade, segundo os sábios judeus, será comemorada até na Era Messiânica.
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Agora compare:
1) Israel tem seu nome e identidade ocultados, em meio à cultura pagã idólatra.
2) Contra a sua vontade, Israel é exilada ao estrangeiro.
3) Lá, sofre assimilação e torna-se irreconhecível
4) Estrangeiros tentam exterminá-la.
5) Os judeus assimilados temem viver a Torá e se revelarem como povo distinto.
6) Em dado momento, Israel se convence e jejua, buscando o arrependimento
7) Assume-se enquanto povo em sua identidade.
8) Primeiro na diáspora, seus inimigos são derrotados.
9) Na cidade de Jerusalém, será a sua vitória final.
10) Essa vitória dará origem à Era Messiânica.
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E Mordokhay?
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
Protege Ester.
Salva o rei estrangeiro da morte.
Recusa-se a se prostrar perante Haman.
Recebe um decreto de morte.
É honrado por Haman a contragosto.
Lidera a luta contra os inimigos do povo judeu.
Torna-se vitorioso e anuncia aos seus irmãos a vitória.
Mordokhay é o remanescente fiel, que pertence ao Eterno, e não a Marduk. Observe:
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
O remanescente protege o povo de Israel.
Seu conhecimento levado ao estrangeiro redime as nações.
Recusa-se a se prostrar perante a idolatria.
É perseguido e sofre mortes.
Será honrado pelos inimgos a contragosto
Liderará a redenção do povo judeu em suas batalhas.
Torna-se vitorioso e anuncia aos seus irmãos a vitória do Eterno
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Conclusão
O livro de Ester é uma profecia codificada, que visa lembrar o povo judeu de seu destino, conforme estabelecido
pelo próprio Criador.
Por isso, os judeus de Israel em dado momento sentiram necessidade de atualizar a história, para que os judeus da
Diáspora, falantes do grego, entendessem a mensagem, que encorajava a luta contra a assimilação!
Além de corrigir o paganismo, a festividade ainda comemora a vitória final do povo judeu. É a última festividade do
ano, indicando seu caráter final e derradeiro.
"Todos os livros dos Nebi’im e dos Ketubim serão nulos na Era Messiânica, com a exceção da Meguilá. Ela
continuará a existir, como os cinco livros da Torá, e as halakhot da Torá Oral, que nunca serão anulados.
Apesar de todas as memórias e dificuldades de nosso povo serem anulados, conforme é dito: "porque já estão
esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos”, [Is. 65:16] a celebração dos dias de Purim
não será anulada, conforme é dito: "e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os judeus, e que a
memória deles nunca teria fim entre os de sua descendência." [Et. 9:28]” (Mishnê Torá - Hilkhot Meguilá waHanuká
2:18)
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