versão para imprimir

Transcrição

versão para imprimir
Uma casa em desmancho
Ações poéticas no espaço urbano
Didonet Thomaz*
Resumo. Com este Projeto denominado Uma casa em desmancho.
Teatro monótono: 1992-2007, pretende-se perceber e identificar
as atuais dimensões de espaço e tempo com a finalidade de
estabelecer novas e profundas relações poético-visuais partindo
do fenômeno da desconstrução-construção do acontecer total na
estética do cotidiano. Apresento o Diário de pesquisa e os
Entrópicos fotográficos como resultados da fragmentação e da
montagem, focando a desordem no sistema da casa localizada à
Rua Dr. Trajano Reis, 571, em Curitiba, Paraná, onde foram
observados deslocamentos e transformações até o esvaziamento e
o desmancho. Penetrar na síntese como possibilidade de ver, em
movimento, mediante os recursos ambíguos da videoarte; o
destino se encaminha por meio de ações poéticas no espaço
urbano.
Resumen. Con este Proyecto nombrado Una casa en desguace.
Teatro monótono: 1992-2007, se pretiende percibir e identificar
las actuales dimensiones de espacio y tiempo con la finalidad de
establecer nuevas y profundas relaciones poético-visuales
partiendo del fenómeno de la desconstrucción-construcción del
acontecer total en la estética del cotidiano. Presento el Diario de
pesquisa y los Entrópicos fotográficos como resultados de la
fragmentación y del montaje, planteando el desorden en el
sistema de la casa ubicada en la Calle Dr. Trajano Reis, 571, en
Curitiba, Paraná, donde fueron observados desplazamientos y
transformaciones hasta el vaciamiento y el desguace. Penetrar en
la síntesis como posibilidad de ver, en movimiento, mediante los
recursos ambiguos del videoarte; el destino se encamina a través
de acciones poéticas en el espacio urbano.
Abstract. Through this Project, entitled Tearing down the house.
Monotonous theater: 1992-2007, we intend to perceive and
identify the current dimensions of time and space with the intent
of laying down new and profound poetic and visual relationships
from the deconstruction-construction phenomenon of the total
event in the esthetics of the quotidian. We present the Research
diaries and the Photographic entropics as the result of the
fragmentation and the assembly focusing on the disorder in the
system of the house located on 571, Dr. Trajano Reis Street, in
Curitiba, Paraná, where displacements and transformations were
observed until its emptying and tearing down. Entering the
synthesis as a possibility of watching, in movement, through
videoart ambiguous resources; destiny makes its way by means of
poetic actions in urban space.
Diário de pesquisa
Ao Nestor Stenzel (in memoriam)
05 de fevereiro de 1992. Idéias, cenas do cotidiano, pensamentos. Há palcos por
todo lado; infinidades de toldos ligam-se a eles. Essas cobertas capazes de cobrir, o todo ou
partes do todo, ajudam a criar ambientes de soberbos mistérios. No papel tudo fica estático,
em estado de mandraca. Mas minha imaginação vê seres circulando por ali. É provável que
esses cenários se transformem em campos de balé ou puro teatro, algum dia, no futuro, como
de certa forma já foram, no passado. Apreendo as quase idéias dos achados, carregando
comigo o mínimo delas, representadas em estruturas de poucas linhas. Esqueletos cênicos.
Tudo rápido e fácil de fazer, em qualquer restinho de papel, apoiada sobre um braço de
cadeira ou naco de mesa. E se isto não for possível, me ausento mentalmente. Nos encontros
sociais, enquanto as pessoas conversam, riem, ouvem ou pensam vou povoando a memória
com as linhas daquilo que posso ver ou tocar, às vezes. Sugar as coisas não me traz satisfação;
mas ajuda a retornar a uma essência que está no devir. Não rejeito, nem paro: atravesso o
mecanismo. Folheando uma revista, vi uma estampa de interior doméstico: um quarto com
uma cama de dossel. O resultado gráfico foi um toldo grande (correspondendo ao retângulo da
peça) e outro menor (correspondendo ao retângulo da cama); ambos com suporte em forma de
tachinha. Pareciam as velas de uma embarcação! Enfim, a cama é o berço do homem. Os
sonhos da mais grandiosa viagem que é a sua vida, ele faz deitado nela, onde estiver. Ao
pensar isto, concluí que estava livre da imagem primordial (a cena do quarto com a cama de
dossel) mas que sem ela (a imagem primordial) não teria chegado aonde cheguei. Desvendar
as armadilhas da memória (mnemônica), o cotidiano que estiver soterrado em cada desenho
me faz sentir menos afetada e vazia. Vem à mente O Sétimo selo e o homem de Bergman que
joga xadrez com a morte, tentando ludibriá-la para ganhar tempo. Ficha técnica: “...
Depoimento... 05 de fevereiro de 1992... 17h00min. até 18h45min. ...”.
11 de fevereiro de 1992. Comecei pela frente a desenhar a cama e a cortina cujo
toldo com roldanas era teatral; engenhoca que subia e descia, permitindo a expansão da
visão além das janelas. De uma estamparia floreada, colorida, belíssima de rosas. Tudo
singelo, silencioso. Acima do camiseiro, três molduras redondas sufocavam silhuetas. Em
lugar do recorte em papel, bordados em linhas pretas sobre panos amarelados, motivo de
anjos, ou crianças, ou cupidos em atividades. Reduzi a tortos riscos a obra de carpintaria,
marcenaria e entalhe. Lupa escrava. Observei a textura de folhas peludas, antes de sair. Revi
Morte em Veneza por Luchino Visconti. Havia esquecido aquela decadente paixão de
pinturas escorrendo pelo rosto fascinado pela beleza. Ficha técnica: “... Registro... 11 de
fevereiro de 1992... 10h00min. até 11h30min. ...”.
20 de fevereiro de 1992. Esses alemães gostavam de ar livre, de Picniks às
margens das águas, onde se banhavam; às vezes vestidos, seminus ou nus. Pareciam
saudáveis, alegres, divertidos, grupais, teatrais. Deixaram cenas-mudas, usando trajes
esportivos, elegantes, ou carnavalescos como, por exemplo, de garrafa de cerveja
(construída para uma pessoa entrar dentro), de pirata e de ambulante. Criaram formas, de
modo que a distância entre as extremidades superiores (cabeças de homens e mulheres) e
inferiores (pernas, pés de outros homens e outras mulheres) foi completada por uma
coberta, enfim por um corpo, aplanado, largo e longo: em princípio, pensei na
possibilidade de considerar como ilusionista esta revelação do teatro doméstico feita em
1929. Em outra foto do mesmo Álbum os convidados apontam com o dedo para a
aniversariante que segura um buquê de flores apontando para si mesma. Ficha técnica: “...
fotografias... 20 de fevereiro de 1992... 10h15min. até 12h35min. ...”.
25 de agosto de 1992. Vi a fisiognomia do SÓTÃO, “onde há mistério”, como
dizem. Ocupei duas horas abrindo armários e guarda-roupas, malas guarda-roupas e caixas, o
balcão. Encontrei livros, álbuns de fotografias, porta-retratos, bonecas e roupas. Desci. Sobre
a mesa, coloquei e desenhei em várias posições, um agulheiro de veludo castanho-claro,
arredondado, em cuja superfície, pregueada, foi costurada uma miniatura: com as quatro patas
sobre pedestal azul, um gato de porcelana branca olha para o espectador com o rabo esticado.
O que acontecerá com este bizarro patrimônio? Ficha técnica: “... Registro com depoimento...
25 de agosto de 1992... 15h00min. até 17h00min. ...”.
09 de setembro de 1992. Porta-retratos de formatura com pedestal em madeira e
outro em zinco recortado por motivos art-nouveau, vazio. Troféus de campeonato de xadrez,
simulacro do tabuleiro em seda pintada com dados de uma vitória de 1932. Esculturas,
entalhes, livros e jogos sobre estantes. O curioso estava dentro da gaveta inferior do
guarda-roupa, à mostra retratos retocados em p&b e cor, de homem, mulher e criança,
mortos com os olhos abertos no papel úmido, inchados pela perspectiva dos vidros
bombeados e molduras ovais. Fotografias de grupos em cartões rígidos pressionados
por molduras retangulares, empilhadas, cercadas por caixas de lápis e penas para
nanquim; livros góticos. Álbum suíço encadernado em veludo verde e aplicações em
metal, ilustrações coloridas figurando flores e paisagens na superfície das folhas
grossas com suportes para carte-de-visite e carte-cabinet feitas por estúdios
estrangeiros e locais, no século XIX. Peguei o Álbum suíço medindo 28,7x22x4cm.,
caixas de papelão com bustos em porcelana e cabeças de bonecas, corpos de panos,
braços, pernas, assentos e espaldares de sofás e cadeiras em compensado, recortados
com a serra tico-tico. Sensação de holocausto redimensionado. Desci para desenhar
sobre a mesa redonda sob bicos de luz, é cômodo. Guardei os objetos. Ficha técnica:
“... Guia da casa... 09 de setembro de 1992... 14h30min. até 17h15min. ...”.
16 de setembro de 1992. Dois porta-retratos, espelho de cristal com
oxidações e decalque com flores coloridas, caixa de costura de fundo azul-claro
contendo brinquedos quebrados, olhos em porcelana lascada, corpos, 11 pernas, 26
braços, 12 carretéis, linhas da cor da pele, sapatos de couro, recortes de bichos em
papelão. Mexi no Álbum de fotografias. Ficha técnica: “... Depoimentos/ Registros do
Álbum e caixa de costura... 16 de setembro de 1992... 14h30min. até 16h00min. ...”.
03 de novembro de 1992. A coleção de bibelôs em porcelana branca e translúcida
– jovem com ramalhete, marinheiro sentado num barco, holandês no moinho –, apresentava
orifícios desocupados por onde enfiar a ponta dos dedos e tatear as saliências e reentrâncias,
sombreadas por pintura externa à disposição do olhar focado no interior a ser protegido com
buchas de papel ou serviria para guardar segredos enrolados. Impermeáveis, afundariam com
a penetração e o peso da água. Depois de arredar as cadeiras, contornei a mesa redonda, fiz
exercícios cubistas, alternei os objetos dentro do costureiro-caixa. A performance motivou
uma oferta: apontei para uma pescadora apoiada num cesto a dialogar com um sapo sobre
rochas e para uma dançarina flamenga. Mais tarde, organizei micro-cenários e
introduzi flores no vazio; a solitária que se distinguiu foi colocada sobre a arena de
um cilindro-escora, para livros. O restante foi redistribuído na prateleira: menino com
barco, tocadores ao lado da bola, dama, elefantes, burros, ferradura com pássaros.
Antes de descer, encontrei um conjunto epistolar do período de 1935 a 1941,
embrulhei com o mesmo papel usado para desenhar separando por grau de interesse.
Cartões. Ficha técnica: “... Bibelôs... 03 de novembro de 1992... 15h10min. até
16h45min. ...”.
05 de novembro de 1992. Teor de atualidade do assunto. O problema da
tradução. Informalidade e papel do acaso. Ficha técnica: “... Anotações – Cartas...
(1934 a 1941/ português, alemão e inglês)... 05 de novembro de 1992... 14h50min. até
16h45min. ...”.
01 de dezembro de 1992. Lembranças perfuradas pela elaboração dos cupins.
Ficha técnica: “... Cartões (continuação)... 01 de dezembro de 1992... 15h00min. até
17h00min. ...”.
17 de março de 1993. Nomeação das coisas percebidas. Captação. Sinais de
desinteresse e abandono. A casa e os depósitos, montinhos de papel rasgado. Ficha técnica:
“... Baralhos... 17 de março de 1993... 14h50min. até 17h00min. ...”.
01 de junho de 1993. Cartas para jogar (s/ dados) com a morfologia da palavra
e a formação do substantivo que dá nome ao ser = “2 Coelho – 2 Onde está a coelha?”;
“4 Papagaia – 4 Onde está o papagaio?”; “7 A jacaré – 7 Onde está o jacaré?”; “8 A
jabutí – 8 Onde está o jabuti?”; “9 O garça – 9 Onde está a garça?” & “9 A garça – 9
Onde está o garça?”; “10 Perú – 10 Onde está a perua?” & “10 Perua – 10 Onde está o
perú?”; “11 Carneiro – 11 Onde está a ovelha?” & “11 Ovelha – 11 Onde está o
carneiro?”; “12 Bode – 12 Onde está a cabra?” & “12 Cabra – 12 Onde está a bode?”;
“13 O cotia – 13 Onde está a cotia?” & “13 A cotia – 13 Onde está a cotia?”; “14
Tucano – 14 Onde está a tucana?” & “14 Tucana – 14 Onde está a tucano?”; “15 Rato –
15 Onde está a rata?”; “16 Sapo – 16 Onde está a sapa?”. Cartas para jogar Pit =
buraco. Bull & Bear = boi & urso (Parker Brothers, Inc. Made in U.S.A). Bolsa de
valores. Flax (linho) 40, Hay (feno) 50, Oats (aveia) 60, Rye (centeio) 70, Corn (milho)
75, Barley (cevada) 85, Wheat (trigo) 100. Cartas para jogar Brinkiboy (s/dados),
invenções: bússola 1, papel 2, pólvora 3, imprensa 4, dirigível 5, avião 6, microscópio 7,
telescópio 8, lâmpada 9, telégrafo 10, telefone 11, radar 12, automóvel 13, usina elétrica
14, bomba foguete 15, vapor 16, relógio 17, barômetro 18, trem 19, pararaios 20, rádio
21, televisão 22, raio X 23, cinema 24, bomba atômica 25. Cartas para jogar com a música
d’Os grandes compositores, 3ª edição Melhoramentos da indústria brasileira... Recoloquei
os baralhos didáticos nas caixas correspondentes ou disponíveis, alguns incompletos,
outros soltos. Sem fixar na memória a ordem anterior, fiz outra pilha na parte inferior
da cristaleira preparando a próxima visita. Ironicamente, percebi uma ausência no
baralho das invenções – onde está a carta da fotografia? Ficha técnica: “... Baralhos –
Histórico... 01 de junho de 1993... 14h45min. até 16h00min. ...”.
01 de julho de 1993. Jogos: montagem das variantes. Ruídos reconhecíveis
que me tocam e trazem lembranças de partidas perdidas e ganhas nos limites de uma
provável toalha verde de uma mesa de jogo. Casa perdida em mesa de jogo. Apostas no
futuro de coisas ditas que ouvi. Ficha técnica: “... Baralhos... 01 de julho de 1993...
14h45min. até 16h00min. ...”.
17 de agosto de 1993. Pãezinhos quentes em cruz. Keith Thomas. Religião e
o declínio da magia. Pãezinhos fálicos. Bolos antropofágicos.
16 de novembro de 1993. A performance do jogo e a desordem: reordenamento. Ficha
técnica: “... Baralhos... 16 de novembro de 1993... 14h00min. até 16h45min. ...”.
19 de janeiro de 1994. Cartas, partes do todo transfigurado por derramamento
de líquidos. Ficha técnica: “... Baralhos... 19 de janeiro de 1994... 15h15min. até
16h30min. ...”.
17 de maio de 1994. Tonalidades centrais e periféricas. Revelações entre
cor pura e matizada. Ficha técnica: “... Flores... 17 de maio de 1994... 14h30min. até
16h30min. ...”.
15 de março de 1995. A inclinação da ESTRUTURA DO TELHADO chega
na base da platibanda; furtou-se a água e o que sobrou foi aproveitado como vão e a
parte central. A troca da calha motivou a descoberta de um esconderijo, com objetos.
Como entrar lá? Deslocando um armário, com portas, para livros, embutido na parede
do QUARTO 2. Seu movimento foi feito para o lado de dentro, por meio de
dobradiças e rodinhas. Puxando vem, como uma porta. Através de uma ou duas telhas
de vidro batia luz sobre dois baús, duas malas pequenas e uma grande, colchões e
cama de criança, desmontada. No interior dos baús foram encontradas fantasias de
carnaval – de camponesa, com tule de algodão branco e avental com rendas e
lantejoulas; peças soltas de tule rosa/ roxo/ verde/ branco; veludo preto, cetim verde,
tule branco – um pierrô? Blocos de carnaval. Muitas aranhas... marrom. Há livros
encadernados, fotografias em sépia e p&b sobre cartões rígidos, frisados, de diversos
tamanhos – construções, paisagens, grupos de pessoas; o busto de um casal,
fotografia desbotada, emoldurada com madeira de imbuia e dourado. Na verdade, são
mortos... Efetivamente, foi difícil para desenhar no vão, perderam-se os detalhes e o
resultado ficou como se fosse uma tripa: o pedaço do meio foi engatado com o que
veio, em seguida. Preciso desenhar mais para a direita e fazer um círculo. Dobrar a
folha de seda e empilhar são modos de desestruturar o desenho. A parede falsa foi
removida detrás das camas e a prateleira onde está a coleção de bibelôs – elefante,
burro, criança com barco, caneca, jarro, porta-jóias, dançarina flamenga, camponesa
com flores, ferradura com flores, tulipa etc. –, ficou desamparada até o assoalho em
função do buraco. Ficha técnica: “... Paredes falsas (novas descobertas na construção
da casa)... 15 de março de 1995... 14h20min. até 17h00min. ...”.
28 de março de 1995. Fiz a volta girando a cadeira. Mais de metro de
desenho. Queria ver o armário-biblioteca, movediça, frente e fundo, e principalmente o
que estava no vão. Pontos de cruz da toalha branca: 14.680 pretos; bolinhas da toalha
da COZINHA: 12.686... Em princípio, não obtive permissão para passar uma noite na
zona de repouso por causa do barulho que vem da rua e do trânsito que provoca a
trepidação das coisas; não haveria conforto a me oferecer... Achei que seria interessante
observar o aglomerado de cepilho e cola (Erkulit), que parece uma infinidade de cobras
ressecadas no FORRO, se mexendo à luz-relâmpago dos faróis dos veículos que passam
deixando na memória duplicações do lugar. Essa idéia de movimento e reprodução
provocou um choque. Ficha técnica: “... Sala/ quarto em perspectiva horizontal... 28 de
março de 1995... 14h30min. até 17h15min. ...”.
06 de abril de 1995. O aquecedor e o encanamento acima do fogão à lenha.
Ficha técnica: “... Estudo da COZINHA... 06 de abril de 1995... 14h45min. até
16h45min. ...”.
15/16 de abril de 1995. Conjunto de caixas de papelão. Seis ao todo, uma dentro
da outra, da maior à menor, por ordem de cor, vermelha, azul, verde, amarela, laranja e
roxa. No último nível do labirinto geométrico foi encontrada uma variante da lenda do
Minotauro: Ícaro, idéia-luz. As asas da escultura em porcelana – com pernas e braços
móveis por meio de uma engrenagem de arame, medindo pouco mais do que três
centímetros –, elas não se apresentam tecidas com penas de pássaros e cera de abelha;
parecem camadas esfiapadas de faille, presas ao pescoço por um fio de linha. Ao lado de
Ícaro havia um jogador de futebol contemporâneo, de plástico; ambos foram envolvidos
com algodão. Certamente não foi o inventor Dédalo que trouxe do mar o filho
deslumbrado com o espaço aéreo e o sepultou dentro dessa caixa roxa. Quem colocaria a
disparidade lado a lado? Quando e por quê? Qual seria o destino dessa mensagem sobre a
liberdade de asas derretidas? Na mesma lata, sem pintura, encontrei cartões de
felicitações, um diário e fotografias de pessoas que pereceram durante a Segunda Guerra...
16 de maio de 1995. À tarde quando o céu escureceu para a chuva foi
descoberto outro esconderijo dentro do guarda-roupa; do lado interno, na paralela da
gaveta grande havia caixinhas dentro de caixinhas com adornos pessoais. À distância
do mundo.
12 de julho de 1995. O sofá da sala de leitura e estudo, desdobrado se
transformou em cama com um sulco no meio. A cortina rendada fez o efeito de guarda.
Sinais de ocupação deixados à propósito da vontade de desenhar. Ficha técnica: “...
Cama... 12 de julho de 1995... 15h25min. até 17h20min. ...”.
13 de julho de 1995. Concluí o desenho puro de linhas da cama-berçoembarcação. Não é necessário agregar outros materiais ou fazer recortes, bastando
prender os bordos numa base mais dura, por meio de costura espaçada. Ficha técnica:
“... A Cama... 13 de julho de 1995, 14h15min. até 16h35min. ...”.
17 de julho de 1995. Papel picado por ratos no armário sob o vão, no primeiro
lance da ESCADA. Reservei cartões, cartas e documentos, além de conservar caixas.
Limpei um por um, empacotei e guardei para estudar manobras gráficas com vagar.
Objetos embaixo da cama deveriam estar no esconderijo, ao lado da gaveta do guardaroupa: anéis, pendentifes e broches foram recolocados no baú. Tradução informal
equivalente a “toda angústia da alma, impossível de ser tirada dali”. Ficha técnica: “...
ESCADA. Cartões, botões, papéis... 17 de julho de 1995... 14h05min. até 17h45min. ...”.
12 de março de 1996. Flores no copo. Coleção Os vasos de flores I... Ficha
técnica: “... Fotografias... 12 de março de 1996... 14h30min. até 16h15min. ...”.
20 de março de 1996. Com as revelações entendo o poder do verde na
COZINHA. Flores no copo de garrafa cortada. Coleção Os vasos de flores II. Ficha
técnica: “... Fotografias... 20 de março de 1996... 13h30min. até 17h00min. ...”.
10 de abril de 1996. Justaposição de cores, gotas de nanquim. Coleção Os
vasos de flores III e IV... Ficha técnica: “... Vasos... 10 de abril de 1996... 14h30min. até
17h00min. ...”.
18 de abril de 1996. Observei as plantas dentro daqueles vasos e achei que
representavam mesmo “toda angústia ali contida” = Es ist hier nichts auf dieser Welt, was
ganz mein Sehnen stillt = não há nada aqui neste mundo que sacie inteiramente meus
desejos – não sei quem escreveu, nem por que estava lá... um arremesso ao coração transverberado de Santa Teresa de Ávila (1515-1582), amiga das imagens em palavras... Hoje,
encontrei vasos difíceis de desenhar. Tirei do lugar e não consegui voltar com eles.
Coleção Os vasos de flores V e VI. Ficha técnica: “... Vasos... 18 de abril de 1996...
13h30min. até 17h00min. ...”.
26 de junho de 1996. Trouxe as cabeças de bonecas que estavam guardadas nas
prateleiras do armário e no guarda-roupa. Desenhei o trajeto circular de uma cabeça de
porcelana, em seqüência no plano da folha, juntando o crânio (do buraco vi as bolas dos
olhos castanhos, vidrados, a boca entreaberta). Os olhos e os dentes das bonecas eram
colocados/ colados, como uma prótese, por dentro do crânio que era lotado de papel de
tipo seda e jornal para que os golpes/ tombos não destruíssem a porcelana ou a lata; depois
eram colocados os cabelos humanos. Ao redor do oco, na superfície redonda do rosto,
havia manchas de ouro, pintadas para proteger uma cabeça de latão com olhos azuis, testa,
nariz, bochecha contra ferrugem. Linha de seda rosa-velho, esmagada entre as páginas de
um Notiz Kalender, de 1918; 12 signos do zodíaco, desenhados entre as letras e
parágrafos, linha bege seda + fio preto + fio azul-rei + linhas ocre e rosa-velho + fio de
linha de seda preta + fio bege + sementes + fio roxo com bege + fio lilás com cobre + fio
azul-piscina (desmaiado + azul-anil) que anotei para um estudo de cores. Marcações,
palavras-chave – corações, cachos de uva, rosas em fila, navio... Vi o rasgo do papel,
como o do baralho. Linhas de cor uva. Carretéis com linhas de seda verde-folha, begeclaro, verde-garrafa, verde-limão, bege-escuro, bege-ouro, pinhão, preta, carretéis de
madeira, carretéis de 1838. Madeira, espelho + escuro mesma estampa + claro. Ficha
técnica: “... Carcaça de bonecas, calendários, caixas... 26 de junho de 1996... 13h30min.
até 17h00min. ...”.
22 de agosto de 1996. Ao chegar dei com um pires cheio d’água sobre uma das
pontas do balcão da COZINHA, contendo brotos boiando. Encontrados e retirados dentre
as folhas de um repolho grande, cresciam e se fazia uma criação. Na paisagem, além dos
repolhinhos verdes, claros, flores vermelhas, um pouco murchas, pareciam brincos-denoiva. Joguei Resta-um, o quebra-cabeça da pessoa solitária, este era composto por um
tabuleiro em madeira clara e por peças de tamanhos irregulares, cilíndricas, pintadas,
coloridas, introduzidas como pilares em buracos – ou como um quarteirão de prédios na
cidade. Havia outro tabuleiro, em madeira de pinho, dentro de uma caixa e pinos de
imbuia, estes menores que uma falange. Folheei revistas em busca de assunto e encontrei
uma fábrica de patos de madeira para iludir caçadores. Conversa a respeito de madeiras, o
jacarandá escuro-avermelhado, o cedro-leve, o pinheiro mais duro.
28 de agosto de 1996. Os livros antigos a respeito de mobiliário foram
encontrados dentro de um armário, no DEPÓSITO. 1° livro da pilha – grande, capa dura com
manchas contorcidas em vermelho, preto, cinza e verde. Mesa com patas de cavalo. Flores,
placas em porcelana pintada, quadradas, sobre as portas. Armário com palco e cortinas. Placas
quadradas e redondas em porcelana. 2° livro da pilha – capa dura com estampa em forma de
bolhas em ocre, preto e verde, manchas na estamparia. Desenhos a lápis, pé de mesa, asas,
cornijas. Lira no espaldar de cada cadeira. Paisagens/ cenas no espaldar das cadeiras e
poltronas. Sofás, poltronas, cadeiras em semicírculo remetem à posição de porta-retratos.
Conversadeiras para três pessoas. 3° livro da pilha – Perfis e molduras. Documentos de estilo
desde o Gótico ao Império. Lâminas. Motivos. Livro com desenhos, capa dura em tons de
verde-água, ocre e marrom, amarrado com uma fita marrom. Dedicatória e apreciação. 4°
livro da pilha – desordenada, ‘a cama louca’. Chaminés ou palcos. Calcinhas de trapezistas
com bordados de cornetas, violinos, violas? Ficha técnica: “... Livros antigos sobre móveis e
marcenaria... 28 de agosto de 1996... 14h45min. até 17h00min. ...”.
30 de agosto de 1996. 5° livro da pilha – folhas desordenadas. Documentos do
escultor ornamentista. Galhinhos com flores, com trigos, frutas e uvas na vertical, uso de
castanholas. As quatro estações, a primavera, o verão. Crianças com ramos de rosas,
crianças com feixes de trigo. Quatro estações, o outono, o inverno. Crianças com uvas e
balaios, crianças com o fogo. Mulher segurando um espelho com estrela no peito. 6° livro
da pilha – folhas desordenadas. Os quatro elementos, a terra, o ar. Quatro crianças em
cada oval, na terra com árvores e frutos, na terra, gaiola aberta e pássaro voando. A paz,
três crianças frontais, em festa; atrás outras crianças, árvores. A guerra, três crianças e
outras caídas, tochas, lanças, castelo. 7° livro da pilha – capa de papelão castor com
letras azul-petróleo, fitas azuis. Lalique. Oval recortado plano, menino com flores e
pássaros sobre um fundo de tijolos. 8° livro da pilha – fragmentos de desenhos de móveis
com esqueletos internos para corte da madeira ao lado. Atrás das pranchas há desenhos
(um pé de mesa com folhas grandes e patas de leão, espelho, por exemplo). Lustre.
Dançarina e pierrô. Documentos práticos do ornamento. Anotações sobre as bases do
ornamento ou motivos geométricos, vida das formas naturais e artificiais. O ornamento
em si. Função e relação entre configuração e aplicação do ornamento em vasos,
utensílios, mobiliário, arquitetura, joalheria, heráldica e escritura decorativa, romântica,
uncial gótica, arábica, textual gótica, gótica moderna, latina renascentista, iniciais,
vinhetas, escrituras e ornatos latinas, construções, cifras e monogramas, instrumental
para encadernações. Ficha técnica: “... Livros antigos sobre móveis e marcenaria... 30 de
agosto de 1996... 14h30min. até 18h00min. ...”.
04 de setembro de 1996. Voltaram os vasos com flores. Junquilhos amarelos,
cedrinho, dentro de um vaso de porcelana em formato de canoa, de cuja base se
espalhava um cacto verde e amarelo com flores vermelhas, pintado em direção ao meio e
as pontas. Arranjo composto com margaridas brancas e miosótis róseos/ miolos amarelos.
Azedinhas de um mais que rosa vermelho/ telha. Amor-perfeito róseo, branco amarelo e
branco. Coleção Os vasos de flores VII. No verso, anotações caligrafadas. 9.° livro da
pilha – numeração romana fora de ordem. Imagens em sépia. Bergère e cadeira.
Números escritos a lápis, na extremidade esquerda. Detalhe de uma porta. Baixo-relevo
funerário (as cabeças – sem cabeças, a santa e o menino e o anjo e outra figura). Atrás
da prancha, desenhos a lápis, flores? Simples arabescos. Quem fez? Desenhos. Três
palavras escritas, parecem nomes próprios. Máscara, fonte, uma careta! A lápis, atrás:
“_ _5_ _ _ _ _2__ __0__”. Atrás, a lápis “_ _ _3__ _ _ _ 3__ __0__”. Atrás “_ _
_3__ __7_ _ _ __0__”. Na frente, um desenho grafite completa o arabesco do meio
do console. Bronze dourado. Consoles, apliques, detalhes de dragões e aves. Selva com
animais, pássaros, bruxos sobre vassouras, cores. Na prancha, atrás, contas, números.
Atrás: “_ _ _ _ 4__ _ _ _5_ _ __0__”. Nome escrito à lápis. Console. Atrás: “_ _ _
_4_ __0__ __0__”. 10° livro da pilha – encadernação grossa de tecido verde-musgo
com letras douradas. Fitas nas extremidades, quatro castanhas e duas brancas,
amarradas fecham o livro. Textura, relevo grafitado, linho. À fotografia e filmagem de
mortos, parece que são feitas para a recordação daqueles que não puderam comparecer
na despedida. Ficha técnica: “... Livros antigos Collections Georges Hoentschel, vol.
II... Fotos russas (fúnebres)... 04 de setembro de 1996... 14h30min. até 17h30min. ...”.
30 de outubro de 1996. Coleção Os vasos de flores VIII, IX e X. Ficha técnica: “...
Vasos de flores... 30 de outubro de 1996... 13h450min. até 15h00min. ...”.
08 de janeiro de 1997. Coleção Caixa dos sentidos I: o tato para um novo Mutus
Liber. O livro mudo da alquimia. Caixa de papelão Kraft, dentro duas mãos em papel
pergaminho recortado, desenhos com grafite, os sulcos das mãos na parte interna, as unhas
feitas com a ponta de um tubo aberto, arrastando a tinta fera Carmesi alizarina. Fita néon
dourada dupla em nó unem cada lado da máscara das mãos para que seja usada por outros
como uma máscara mesmo. Livro de artista.
21 de fevereiro de 1997. Vaso grande, contorcido azul-petróleo com uma rosa,
em frente à cristaleira, no chão; outro sobre a máquina de costura. Este tinha a paisagem
castanha de uma floresta, era bojudo. Os caules das flores cor-de-maravilha pareciam
continuar ao vivo o que a porcelana aprisionava na pintura da superfície, do marrom ao
rosa-choque. Coleção Os vasos de flores XI e XII. Outro esconderijo para um novo
desenho da COZINHA. Encontrei carretéis, linhas, espelhinho, papéis, fitas, cordas e
livros de receitas embaixo do assento do banco do canto alemão. A maior parte em
português, inglês e alemão. Havia receitas em livros fininhos, nesses idiomas. O primeiro
que escolhi e peguei foi o Guia domus, com a data de 25.10.55. Receitas escritas com
diferentes letras em agendas, em folhas soltas, em papelões rasgados, em dobraduras de
caixas, embutidos impressos. Livro de capa dura fragmentada na extremidade. Agenda
alfabética – retalhos de revistas – folhas de cadernos em listras/ quadriculados, xadrez –
desenhos de frutas numa folha de papel manteiga – ramo de flores secas – recortes
coloridos, de bolos – de revistas – receitas em inglês escritas a lápis e caneta tinteiro –
pétalas de rosas – escritas à lápis e canetas a tinta – papel xadrez azul e branco com o
desenhos de frutas na seguinte ordem – melancia, maçã, cereja, pera, limão, laranja,
abacaxi, pitanga-verde, caju, pêssego, ananás, figo-verde, banana, carambola, morango.
Ficha técnica: “... Livros de coletas de receitas... 21 de fevereiro de 1997... 15h00min. até
17h30min. ...”.
05 de março de 1997. Violetas... – verde musgo/ violeta viva violeta preta (flor
seca)/ amarelo/ azul anil/ marrom esverdeado (folha morta)/ cerâmica. Vaso com flores...
(talvez tenha sido encontrado junto com os espelhos e a casa de madeira), no papel de
seda o registro trouxe a idéia das pedras numeradas de um bingo... Verde musgo, violeta
viva violeta preta (flor seca) amarelo azul anil marrom esverdeado (folha morta)
cerâmica... Coleção Os vasos de flores XIII e XIV. Desenhei os bancos do canto alemão,
abertos, depósitos retangulares deixando à mostra os livros de receitas, agendas, no meio
de estampados papéis de embrulho e barbantes. Nada foi ou é jogado fora. Os pedaços de
espelhos encontrados na rua foram cortados e montados. Ficha técnica: “... esconderijo
dos bancos – fotografias & flores/ Receitas... 05 de março de 1997... 13h00min. até
16h00min. ...”.
11/12 de março de 1997. Coleção Os vasos de flores XV e XVI. 1a gaveta da
penteadeira: dois pares de óculos redondos, tesoura, limpa-rápido Camurça e Buffalo (que se
espalhou da caixa sobre a folha de seda), livros, etiqueta, pomadas de calendula, iodex,
basilicão... Codicilos. 1. Capa preta 1951. 2. Capa vermelha 1958. 3. Capa vermelha 1959. 4.
Capa azul-marinho 1963. 5. Capa vermelha 1964. 6. Capa vermelha 1966. 2a gaveta: tomada e
fio, saco, fita vermelha e listrada em azul e branco, linha dourada e amarela com carretéis,
tecido com paisagem florestal e servo, linhas coloridas, verde-musgo, verde-limão, marrom,
laranja, ocre, vermelho, azul, rosa e lilás, roxo, rolo de gaze, guardanapo azul-piscina, 20
rolos para cabelo, chaveiro, escova, fio dental, livro, propaganda, luvas em pelica, lápis,
monogramas desenhados à lápis sobre papel vegetal, calcados monogramas, letras e pontos de
cruz, sete livros de monogramas. 3a gaveta: porta pente e escova em metal com pêlos brancos,
poseira, abotoadura, espelho retangular com proteção em couro, caixa de fósforos, espelho de
bolso já descascado, pote de vaselina sólida, oito grampos para ondas em cabelos, sete
tartarugas – travessas, linha vermelha, ramo de flores em tecido moldado, ramo, caules, flores e
pistilos, folhas. Ficha técnica: “... Codicilos... gavetas da penteadeira... 11/12 de março de 1997...
14h00min. até 17h00min. ...”.
03 de abril de 1997. Coleção Caixa dos sentidos II: o olfato para um novo
Mutus Liber. Caixa de papelão Kraft, com tampa interna recortada e retirada a um
centímetro das bordas; forma um buraco sobre o qual foi costurado um retângulo (no
formato da caixa) em papel vegetal que permite a visão sombreada de um jardim de rosas,
em “T”, o qual está dentro e embaixo. Perfume espargido nas rosas vermelhas, rosas e
folhas verdes, em papel de seda amassado. Livro de artista.
21 de maio de 1997. Coleção Caixa dos sentidos III: o paladar para um novo
Mutus Liber. O livro mudo da alquimia. Caixa de papelão Kraft, fundo pintado com
esmalte para unhas rosa forte e sobre este, várias camadas de guache dourado, passada lixa
grossa/ enfiados nos dois orifícios extremos da caixa dois palitos orientais sulcados nas
pontas e amarrados com fio prata segurando o papel pergaminho recortado em forma da
mancha da boca, papel de seda branco e gaze verde-água dentro da caixa de maçãs. Livro de
artista.
19 de junho de 1997. Coleção Caixa dos sentidos IV: a audição para um novo
Mutus Liber. O livro mudo da alquimia. Caixa de papelão Kraft, pequena, contendo rosa
amarela feita de saco plástico tingido, coração em papel pergaminho debruado com barbante e
papel crepom azul para rasgar, estrelas no miolo, sacudindo faz barulho; embrulho com papel
celofane verde-musgo; caixa fechada com papel crepom e barbante vermelho trespassado em
diagonal de fechadura, sem nó, para rasgar, também. Livro de artista.
25 de junho de 1997. Epifanias. Coleção Os vasos de flores XVII e XVIII. Ficha
técnica: “... Vasos de flores... 25 de junho de 1997... 13h00min até 15h00min. ...”.
02 de julho de 1997. Coleção Caixa dos sentidos V: o olhar para um novo Mutus
Liber. O livro mudo da alquimia. Caixa preta com letras douradas, micro-fórum composto por
recortes-colchões de espuma e, no meio deles, cacos de espelhos presos com fios prata.
Próxima dos bordos internos, um puxador feito com linhas vermelha&pink presas na agulha
que serviu para costurar a carta – convite para uma luta corporal –, em papel de seda
vermelha. A agulha espetada no dedo derrama o sangue no papel rasgado. Aproveitamento de
caixas de jogos para computador como todas as demais. Livro de artista.
08 de julho de 1997. Leitura oral ao redor da mesa redonda. Escrever dizendo a
verdade por trás da flor, sem ofender. Refinamento lingüístico no cotidiano. Xícaras de chá.
Ficha técnica: “... Tradução de carta... 08 de julho de 1997... 16h10min até 17h10min. ...”.
13 de agosto de 1997. Da cristaleira foram deslocadas duas caixas de madeira
que estavam na Oficina de móveis entalhados. O nanquim se derramou sobre a
superfície das folhas dobradas, de cima para baixo, marcando as formas até o
desaparecimento das linhas em pontilhados mínimos. As goivas. Folha 1. “Goivos” da
caixa pequena contendo cinco peças. Ferramentas de trabalho: 17 peças no total. Vaso
de junquilhos (amarelos e castanhos). Folha 2. “Goivos” da caixa pequena contendo
cinco peças. Ferramentas de trabalho: 17 peças no total. Vaso de junquilhos sobre a
mesa. Folha 3.“Goivos” da caixa pequena contendo seis peças. Ferramentas de
trabalho: 17 peças no total. Vaso. Junquilhos sobre a mesa. Folha 4. “Goivo N Stenzel”
& caixa pequena com tampa chata contendo uma peça: 17 peças no total. Vasos sobre a
mesa. Perfume de junquilhos. Os formões e as goivas. Folha 1. “Formões da malinha”
contendo seis peças, cinco numeradas: 2 ½ Avesso, 5 Avesso, 3 (?) Avesso, 5 ½ Avesso
+ Direito, 8 Avesso + Direito. Ferramentas (curvas). Junquilhos. Folha 2. “Formões
estreitos da malinha” contendo 11 peças, sem informações. Ferramentas de trabalho.
Junquilhos. Folha ¾. “Goivos da malinha” contendo 22 peças, duas numeradas: 6 e 6
½. Folha 4. “Formões estreitos da malinha” contendo quatro peças, uma numerada:
8mm.. Ferramentas. 16h10min.. Na casa está frio. O retrato emoldurado que veio da
casa da Travessa, estava encostado na cristaleira, na semana passada; agora está sobre o
sofá da BIBLIOTECA – o rosto foi recortado e ampliado de uma fotografia de grupo;
reproduzida em tonalidade esverdeada. Dentro da gaveta do guarda-roupa embutido no
nicho foi encontrada uma fotografia da casa mais antiga no domínio; construção de
alvenaria de tijolo de 1897, data inscrita na fachada onde funciona outra oficina de
restauração de móveis. Sentei para trabalhar com os braços apoiados sobre a mesa
redonda. Perfume forte do vaso de junquilhos amarelos e castanhos. Ficha técnica: “...
Ferramentas de trabalho... 13 de agosto de 1997... 14h00min. até 16h10min. ...”.
20 de agosto de 1997. Poemas informais (três trouxinhas com rolos em rápidas
prosas – “a flor – flor em terreno branco a flor em branco amarrotado”/ “as andorinhas”
– “a chuva – a chuva cai sobre o lago o lago recebe a chuva”). Papel de seda amarrotado
e passado a ferro, carretéis de papelão, retalho de gabardine azul, linha preta para as
andorinhas, recorte e encaixe, papel laminado de lata de café, linha prata, restos de lonita
bege de antigas telas, barbante cru para o franzido. Livros de artista. Deslocamento e
revisão de caixas. Ficha técnica: “... Caixas da Oficina... (fotos, ferramentas, revistas,
livros)... 20 de agosto de 1997... 15h00min. até 18h00min. ...”.
25 de agosto de 1997. Ficha técnica: “... remoção dos pertences... 25 de agosto
de 1997... 09h30min. até 11h45min. ...”.
27 de agosto de 1997. 1ª Caixa contendo outras, menores, de papelão e latão,
destacando-se as marcas Agfa, Eisenberger, Hauff-Leonar, Mimosa etc.; identificadas nas
tampas com caligrafia a grafite ou bico de pena. As caixinhas, por sua vez, continham os
negativos de vidro correspondentes a algumas das fotografias, em papel, do Álbum de
fotografias e das reproduções repetitivas, de diversos tamanhos, em p&b, da primeira metade
do século XX, percebendo-se a transformação da realidade por meio da fotografia a partir do
século XIX. Sem assinatura, pode-se supor que Nestor, ou qualquer um de seus parentes, ou
amigos, tenha fotografado os demais, em ocasiões e lugares diferentes; inclusive que tenham
experimentado revelar, além de dispor do trabalho de terceiros. Até onde se pode saber o
arquivo fotográfico poderia ser indicado como produto amador. F. H. Leonar 41293T... Papel
Lumarto extra duro/ sete chapas fotográficas, pequenas, bem verde-claro/ papel para proteger
1/8/9/10/ chapa fotográfica postal bem verde-claro/ chapas de vidro incolor – tamanho postal/
etiqueta de aparelho Máquina para soldar serras. – três fases. Caixa sem tampa: três pedras
para afiar ferramenta (“goivos” e “formões”)/ cavalinho para peça de madeira – relevo/ dois
potes de porcelana para misturar tinta – betume/ lente grossa quebrada/ carretel de madeira/
mais três potes para misturar tinta – amarela, verde e marrom/ compasso/ aparador de pedra
para afiar/ um pote com pó de ouro/ molas para máquinas de gramofone, caixa de fósforos
contendo pepitas de ouro e algodão/ pote com pó dourado/ plástico estampado/ quadro com
fotografias/ pote marrom de plástico... pote marrom ainda dentro do maior na tampa escrito
“quem paga” e dentro uma ficha, dois papéis e uma rolha plástica. Desenho a grafite. Folha
com desenhos frente/ verso. Frente... assinatura difícil de ser lida apresenta desenho em forma
de baú com entalhe. Desenho a grafite/ Atrás tem desenhos a grafite com homem fumando
cachimbo, outro perfil, outro perfil de cabeça para baixo, arabescos, busto de homem com
pedestal, espelhos, mesas ou buffet. Quadrado em papel com desenho em grafite e lápis de cor
vermelho, comprimento, altura para provável mesa. Atrás carimbo. Desenho a lápis, de
cômoda ou penteadeira com três folhas de espelho e seis gavetas com entalhes, feito atrás de
calendário de março de 1948. Desenho de cristaleira. Desenho de cadeira, quase poltrona e
forro de flores a lápis de cor com rosas e folhas verdes/ mais mesinha com entalhe e forro
igualmente estampado. Folha Kraft com dois furos e aranha marrom morta, colada. Atrás,
números e contas a lápis. Desenho de balcão com duas portas quadradas laterais, duas gavetas
grandes e duas pequeninas/ entalhes nas portas e nos pés. Molde de parte do espaldar
(estamparia de estofado) de cadeira/ poltrona com braços de madeira. No espaldar o desenho
da cadeira inteira com os entalhes e as estampas em grafite. Rasgos nas laterais. Desenho de
banqueta com relevos nas pernas e no estofado. Grafite em papel Kraft – tipo papel de
embrulho. Desenho de três armários acoplados, um grande no meio e dois menores, iguais nas
laterais. No verso, riscos mais claros do mesmo armário. Desenho com anotações de números
e medidas com arabescos de flores/ cadeira com braços e pernas entalhados. Desenho de
arabesco com grafite. Desenho de sofá com almofadões e pé em relevo/ grafite. Desenho a
nanquim: cômoda com quatro gavetas e pegadores – relevos... escritos com esferográfica.
Desenho de rosas com entalhes de pés de armário folha pautada. Desenho a grafite sobre
papel vegetal, cômoda, pernas e relevos. Desenho de cômoda, armário, toucador e mesa de
cabeceira esferográfica sobre papel. Desenho a grafite/ de armário com folha de espelho –
papel Kraft. Desenho de cômoda em grafite. Manuscrito em nanquim sépia. Desenho de
relógio com pêndulos, grafite sobre papel branco. Desenho de cômoda, grafite sobre papel
Kraft. Desenho de armário (duas portas quadradas tipo gavetas, em cima) (duas portas
pequenas laterais embaixo) (tela no meio embaixo)... Desenho de quarto: cama de casal, mesa
de cabeceira, guarda-roupa, espelho, cômoda com quatro gavetas, cadeira, escritos a lápis –
grafite sobre papel/ no verso, escrito a lápis... guarda roupa, duas camas, cômoda, mesinha de
cabeceira, cadeira, quadro espelho = sete peças... cadeira, mocho, penteadeira, aumento
quadro espelho. Desenho de cadeira com forro estampado. Desenho a grafite sobre papel.
Pequena mesa – grafite sobre papel. Desenho de espaldar de cama – grafite e esferográfica –
verso – arabescos c/grafite e esferográfica. Desenho com grafite e esferográfica sobre vegetal.
Desenho/ folha de papel e grafite (armário, mesa e cadeira e poltrona com relevos) números a
lápis. Caderno de desenho Raphael. Folhas de revista. Berlin 1926/27. Desenhos de móveis.
Estampa de vaso com flores/ vermelho, verde, amarelo, azul-claro/ atrás contas em grafite e
esferográfica azul e vermelha. Desenho de armário a esferográfica. Estampa gótica, velho
com ramo no chapéu. Estampa Liebe und Arbeit. Estampa de homens. Estampa de mulher
com criança/ atrás números a lápis. Desenho de flores sobre papel poroso verde – grafite.
Desenho de leão sobre papel poroso bege – grafite e furos, atrás desenhos a grafite de cabeça
de grego e telhado de casa. Recorte de animal no meio de plantas em papel poroso bege.
Desenho de cadeira/ grafite sobre papel poroso, atrás desenho em grafite. Desenho de mapa
em nanquim – lápis de cor vermelho, verde, lilás, amarelo e azul. Atrás desenho de espelho
em escala. Desenho de cômoda/ arabescos/ atrás, desenhos de arabescos. Recorte de flores e
folhas. Desenho de armário com arabescos – grafite. Desenho de arabescos. Folhas de revistas
com lustres e abajures. Desenho de floral sobre papel de embrulho verde oliva. Desenho de
carrinho de bebidas, desenhos de flores/ no verso, papel pautado com móveis/ com medidas –
grafite. Desenho de queijeira com duas portas laterais e quatro gavetas embaixo/ divisórias no
meio das duas vitrines laterais superiores/ embaixo, o vão onde a galinha chocava a cena do
ovo e por sobre outra pequena prateleira com portas. Atrás, contas em grafite – a letra...
gótica. Desenho de mapa – nanquim e lápis de cor (amarelo, laranja, vermelho, azul, amarelo,
roxo, verde). Caderno de desenho, propriamente dito. 1ª folha: desenho a grafite, reprodução
de estampa gótica, velho com ramo no chapéu. Atrás, grafite de cadeira. 2ª folha: seda. 3ª
folha: grafite de toucador. 4ª folha: seda. 5ª folha: imagem de armário apagada com borracha,
escavação de rosto. Atrás, rosto de menina, arabesco e concha. 6ª folha: grafite de folha de
parreira. 7ª folha: seda. 8ª folha: rosto de mulher – grafite. 9ª folha: rosto de mulher e criança
em oval. Ficha técnica: “... Desenhos de móveis... 1ª Caixa – Oficina... Desmanche – ... 27 de
agosto de 1997... 13h30min. até 17h30min. ...”.
30 de agosto de 1997. Pasta arquivo de correspondência. Letra N. Página 1:
09h55min.. Letra O = três cartas, 1952. Letra P = carta, 1953. Letra Q = nada. Letra R = 12
cartas, 8/1950 – 2/1951. Duas cartas, 1942. Telegrama, 1949. Letra S = carta, 1955.
Telegrama, data ilegível. Carta, 1951. Telegrama, data ilegível. Envelope 1950, em vegetal
transparente e letra sépia e nanquim acinzentado, selos, carimbos. Cartas 1946, 1946, 1947,
1947, em alemão, tinta azul. Carta 1950, em alemão, tinta sépia. Procuração para venda de
terreno. Página 2: 12h00min.. 1950, tinta azul, papel pautado em alemão/ carta. 1949, tinteiro
azul e preto, papel pautado, em alemão/ carta. 1949, tinteiro azul, papel pautado, em alemão/
carta. 1949, tinteiro azul/ preto, papel pautado, em alemão, carta. 1949, em alemão, tinteiro
azul/ preto/ cinza/ carta em papel pautado. 1949, tinteiro preto, em alemão, papel pautado.
1949, carta tinteiro azul petróleo, papel pautado. 1948, tinteiro azul petróleo, papel sem pauta
cenourinha. Página 3: 12h15min.. 1948, tinteiro azul petróleo, papel sem pauta cenourinha.
1948, papel pautado, tinteiro azul petróleo. 1948, carta em papel pautado, tinteiro azul
petróleo. 1947, cartão em papel linho. 1948, carta em papel pautado, tinteiro azul petróleo.
1948, carta em papel sem pauta, cor cenourinha. 1947, carta em papel pautado, tinta azul
petróleo. 1948, papel pautado, tinteiro azul. Página 4: 12h25min.. 1948. 1947. 1947. 1947,
tinteiro azul escuro, papel pautado. 1946, tinteiro azul petróleo, carta pautada/ seis páginas
escritas atravessadas também. 1946, cartão em papel linho/ frente-verso ao comprido, três,
quatro e cinco palavras por linha. 1947, duas páginas em papel pautado, azul petróleo. 949,
cartão com estampa... em alemão, tinta preta. 13h35min.. 1951, nome ilegível, carta pautada,
tinteiro azul petróleo um pouco apagado. Página 5. Letra T = Carta 1948, em alemão, timbre
vermelho, fita datilográfica azul, assinatura em nanquim azul. Carta 948, folha de caderno
dupla, pautada, letra preta nanquim. 49, carta em papel pautado, tinteiro nanquim preto. Carta
48, papel de seda pautado, letra preta – nanquim. Carta 1948, papel pautado, letra nanquim.
Carta 48, papel pautado, letra nanquim. Carta 48. Carta 48, o tigre em pauta. Carta 48,
nanquim sobre papel pautado. Carta 48 (tigrinho em bronze), papel de seda, nanquim azul
quase preto. Carta 1948, “... toque...” (“toque” é ponto?). Página 6: 14h05min.. Letra T. Carta
1948, carta em papel pautado de caderno/ duplo – folha de meio, tinteiro preto. Carta 48, “...
toque...”. Carta 45, anotações na margem superior, 1946 “... Toque...”, carta em papel linho
fino, tinta preta azulada. Carta 1945. Carta 45, papel pautado fino – letra nanquim. Carta 45,
papel sem pauta, na frente/ inverso pautado atrás. Carta 45, papel Kraft sem pauta, tinta preta
azulada. Página 7: 14h30min.. Carta 1943 (?). Carta 1942, carta em papel sem pauta/ Kraft
suave c/ nanquim, pauta leve atrás. Carta 1942, margem direita inferior. Carta 42, sépia sobre
liso Kraft – pauta atrás. “... toque...”, papel pautado, tinta cinzenta, sépia. Carta 1942. Nota
1942 “... Toque...”. Carta 1942. Carta 1942. Carta 1941, papel linho, tinta nanquim. Página 8:
14h56min.. Carta 1942 – (quase ilegível) “... toque...”, papel linho fino e pautado, tinteiro
nanquim. Carta 1941 (quase ilegível), papel linho fino pautado nanquim “... Toque.”. Carta
1941, papel linho fino e pautado/ nanquim. Carta sem data. Carta 1941, sépia quase preto em
preto em papel caderno – de meia folha dupla pauta no meio/ verso aparente “... Toque...”.
Telegrama... Carta 1940, tinta sépia quase preta, papel caderno pautado “... ovos crus e vinho
estrangeiro...”. Página 9: 15h10min.. Carta 1940, a tinta sépia preta, atrás – as marcas ficam
mais sépia sem xadrez de folha de caderno pautado “... – Toque.”. Carta 1940 (data quase
ilegível). Carta 1940. Recibo. Grupo de cartas coladas em papel timbrado rosado, linho fino e
suave. Carta 1939. Carta 1939, caneta sépia quase preta. Página 10: 15h40min.. Carta 1939.
Carta 1935, nanquim cinzento – papel pautado de caderno pequeno/ médio. Carta 1939, papel
rosa pautado – folhas cortadas, tinta um pouco sépia. Carta 1939. Bilhete escrito a lápis em
papel manteiga 1939. Carta 1939, tinteiro preto, em papel linho fino pautado. Letra U = nada.
Letra V = Carta 45. Página 11: 16h05min.. Carta, papel bege sem pauta/ tinteiro sépia, sem
data. Anotações, 1940/1941. Carta (sem data), papel bege sem pauta/ tinteiro azul/ sem data.
Carta, sem data/ papel bege e letra preta. Carta. Resposta em papel rasgado, folha de caderno
escrita à sépia ao contrário da pauta – ao cruzado da linha. Carta, s/data, papel bege e tinteiro
sépia. À direita superior carta 1940. Carta 1940, esquerda inferior. Página 12: 16h25min..
Letra W = Carta 1941, tinta impressa preta e azul datilografada, assinatura em grafite. Carta
1941 (nanquim azulado). Outra carta 1941, datilografia em preto, lápis de cor roxo, tinteiro
azul petróleo. Ficha técnica: “... Material epistolar deslocado do sótão da casa da Travessa
Gen. Francisco de Lima e Silva, 65... 30 de agosto de 1997... 09h00min. até 18h00min. ...”.
02 de setembro de 1997. 13h25min.. Letra Z. Cinco telegramas explicativos. Carta
1952, papel de seda timbrado com linhas, tinteiro azul-petróleo. 1952, carta confidencial, em
tinta vermelha. Carta 1952, margem a lápis, tinteiro azul-petróleo. Carta 1951. Carta 1951,
papel ofício timbrado com linhas, tinta quase forte. Carta 1951, folha de ofício dobrada sem
pauta, tinteiro quase preto. 14h10min.. Letra X = nada. Letra Y = nada. Letra Z. Carta 1954,
papel Kraft claro, liso – tinteiro quase preto, sem pauta. Carta 1952 (folha pautada,
tinteiro azul-petróleo), folha grande de caderno de conta corrente. Carta/ duplicata 1952
(folha dobrada/ aerograma). Carta em papel ofício timbrado/ duplo 1952/ tinteiro azulpetróleo. Carta declaração 1952, papel ofício timbrado, tinteiro azul-petróleo. Carta 1952.
Carta em tinteiro azul-petróleo, papel ofício timbrado, escrito em dois lados. Carta em
quatro páginas, papel ofício duplo timbrado, 1952. Separações de palavras = ati-tude,
impe-dimentos, por con-seguinte... pontuação incrível – dois pontos em início de linha/
frase. 16h15min.. 1950, carta dupla papel ofício pautado, tinteiro azul-petróleo. Carta
1950, tinteiro preto, folhas pautadas. Carta 1950, folha pautada, tinteiro azul-petróleo.
16h25min.. Ficha técnica: “... Material epistolar deslocado do sótão da casa da Travessa
Gen. Francisco de Lima e Silva, 65... 02 de setembro de 1997... 13h30min. até 16h45min.
...”.
03 de setembro de 1997. O retrato está na parede da BIBLIOTECA. Cadernos:
1. Encapado em papel Kraft, roxo, desbotado, linhas, pauta musical, sem escrita. 2. V.
numerado assim. Parece gótico e é gótico, totalmente escrito com caligrafia de pena de
nanquim, capa roxa e linhas graúdas. 3. Letra em nanquim desbotado, à esquerda, infantil.
Letra em nanquim firme, à direita, gótico adulto. 4. Colocação de palavras/ lista corrigida:
açúcar, cana, teatro, homem, fumaça, osso, vassoura, hora, orvalho, cães, habitar,
habitante, morcego, chácara, chalé, chuva, chefe, diretor, alumínio, querosene, macaco,
machado, coma, couve, pêssego, caroço, pêssego, maçã. 15h40min.. Cartas, caixa com
tickets, estampa de cegonhas, fotografia, recortes de jornal, livros góticos ilustrados com
gravuras. Caderno de capa dura/ preta, escrito a lápis, listas de produtos e preços, números
em nanquim, frisos a lápis, escrita em gótico, nanquim azul-claro e azul-petróleo quase
preto... emprestado xx, gxxx, alxx, gxx, axxxx, letra a lápis leve, exclamação,
interrogação, folhas costuradas a máquina, caderno de roxo-azulado, escrita gótica,
nanquim e lápis, caderneta em espiral, pequena. Ficha técnica: “... Material epistolar
deslocado do sótão da casa da Travessa Gen. Francisco de Lima e Silva, 65... 02 de
setembro de 1997... 13h50min. até 16h30min. ...”.
10 de setembro de 1997. 14h30min.. Pequeno lote: mata-borrões rosados.
Folhas pautadas arrancadas/ dó ré mi fá sol lá si/ Olimpo de música/ caderno escolar
capa verde folhas quadriculadas – contas à caneta preta e tinteiro azul forte, lápis de cor
vermelho para os acertos, números romanos – resto vazio/ caderno... pautado e vazio/
caderno madeira... pautado vazio... músicas da pátria – letra à lápis, pautado, metade
limpa... “à limpo” – pautado com duas linhas escritas à lápis “... O duplo ponto
aumenta a nota ou a pausa à direita da qual estiver colocado, a metade do valor do 1°
ponto...”. As demais folhas em branco/ caderno de música – 1ª lição – música, som,
determinado ou musical indeterminado ou não musical ou ainda propriamente ruído –
pauta, pentagrama/ metade do caderno de música de capa castor – vazio/ apostilas de
merceologia, catálogo de discos novos (1926)/ Homocord/ livro em gótico 1925/ patos
saindo de um jardim de rosas, rosas saindo das artérias do coração com passarinho
pousado, mãos enroscadas com espinhos nos braços, coração com as rosas ao vento
feito pelo bater de asas, vôo dos pássaros, dois, árvore saindo do solo, espartilho
rachado com flores saindo de dentro, rato enrolado na cauda, nuvem de estrelas saindo
da taça, cobras saindo dos raios do sol, mão saindo de nuvem com raios saindo da mão,
espinhos saindo do fundo detrás da máscara, caule com espinhos e rosas saindo das
palmas das mãos, duas mãos apertadas como cobras em oito/ livro de 1916... dentro
deste recorte, recorte de jornal/ pássaro recortado. 15h05min.. Continuação: livreto de
máquinas, aranhas secas em profusão/ negociações enxadrísticas – caráter científico do
xadrez – não perturbar o adversário, não deixar de tocar uma peça tocada (nem em
partidas improvisadas), sem levantar os olhos do tabuleiro – levantar sem exaltação ao
antever a vitória, efeitos cumulativos, ataque direto ao rei mais importante elemento
para o conhecimento de xadrez, burilar e lapidar as aberturas (umbral), testes de ataque
e combinação. Caderneta preta, palavras em português correspondentes a uma língua
estranha – “... não me perturbe os círculos...”... quadriculado – às vezes, uma vez,
falou, qualquer, diferença, nada mais, em conduzir, um pouco, controladores,
combatentes, alvo, intenção, prever, de novo, alguém, forte, ver, coberto, velado, flexa,
quando de novo antes... vazios e 120, 121, 122, 123 até 148 corridos em vazio.
Caderneta azul e amarela, apontamentos: mulher, volto, nobreza, Deus, Zeus, árvore,
não quero, imposto, dar... trabalho, trabalhadores, lavra, quero, milagre, admiração, eu
admiro a Senhora, admiro suas obras, XX = presenteio, comprimento, o anjo da morte,
granizo, deusa, dança, dançarino, classe primária, educadora, todo autêntico exemplar
tem assinatura da autora; ser, uma, pequena, mas, muito, bela/ dobrada de folha: atinge
o céu azul, no centro o sol brilhante, embaixo brilha – riscos/ 16h10min.. – dobrada de
folha: inteligentes, laboriosos, desde o tempo, os homens, grande amor, a nós, nós,
nosso, viviam, habitavam/ dobrada de folha: de pedra e entravam dentro delas,
soberania, parentesco, na margem, nas ilhas, povoando, povoados com, pertence,
preparavam, elaboração, bronze, outros metais, vaso, casa, navio, navios, força, poder,
dominavam/ dobrada de folha: lá, ai, maior, rei, reis, guerreou, deslocou/ dobrada de
folha: dominou, pois, em toda parte, em todo o antes, esquadra, principiaram, a
margem, litoral, desde então, ser, fizeram, erigiram, atingiu/ dobrada de folha:
descender, daquela época os, terminologia, corresponder, influência, em seguida,
último/ dobrada de folha: desceram, com ímpeto, élan, expulsaram, de ferro, lança,
armar, roubaram tesouros/ dobrada e dobrada de folha pautada: retardação/ outra
dobrada: invasão, tornam-se, motivo, por muitos anos, separadamente, as diferenças,
diferente, a língua, mas, entretanto, a mesma, própria, mesmo, também, religião/
16h25min.. – dobrada de olhar: deusa, eram doze, alto, mais alto, montanha/ dobrada:
por quanto, contanto que, brilhar, relampeja e tombavam os raios (raio) para assim
punir, acalmar, aplacar, sacrifício, erigir, construir. Ficha técnica: “... Cadernos... 10 de
setembro de 1997... 13h45min. até 17h00min. ...”.
17 de setembro de 1997. Tradução e leitura oral de cartas escritas em alemão.
Palavras compostas. Ficha técnica: “... Carta... 17 de setembro de 1997... 13h30min. até
17h00min. ...”.
24 de setembro de 1997. Página 1: 14h20min.. Letra A. Quatro cartas, letras
ilegíveis/ sem nome. Letra B. Carta, recibos... Busto retrato 69. Figura “Nu” 69. Cabeça
mulher 69. Busto 68. Busto retrato 63. Cabeça retrato 60. Carta 1957, remessa do busto.
Carta 1956. Carta 1952. Carta 1950, bronze fundido a cera perdida... fundição a terra...
Carta 51, papel de seda, tinta azul-petróleo. Letra C. Carta 1957. Carta 1951. Página 2:
15h31min.. Carta... “minhoquinhas” – cartas de amor... Carta 54, letra preta/ folha de
ofício sem pauta. Ficha técnica: “... Caixa Cica... outras cartas... 24 de setembro de
1997... 14h00min. até... 16h00min.”.
08 de outubro de 1997. 13h50min.. (continuação). Carta 54, letra azul-petróleo/
papel tipo seda. Carta 54, letra preta/ folha de papel tipo seda. Carta 54, tinta azul-petróleo/
folha fosca. Carta 54, tinta azul-petróleo/ folha fosca. Carta 54, tinta preta-azulada/ folha
fosca. Carta 54, tinta azul-petróleo sobre papel fosco. 14h10min.. Carta 54, tinta azulpetróleo/ papel fosco. Carta 54, tinta azul-escura/ papel fosco. Carta 54, azul quase preto/
papel fosco. Carta 54, tinta azul quase preta voltando para o azul mais azul. Carta 53, tinta
azul-petróleo clareando para o fim/ papel fosco. Carta 54, azul-petróleo em fosco. Carta
1954, datilografia azul-anil/ letras em nanquim preto para tinta carimbo roxo e nanquim
preto leve – lápis grafite. Carta 1954, tinta azul-petróleo – folha fosca sem pauta. Carta
53... Carta 53, tinta preta e papel ofício fosco. Carta 1953... Carta 53, tinta nanquim, folha
fosca. 15h50min.. Carta 53, meia folha de papel/ manteiga/ pautado com tinta nanquim
irregular. Carta 53, meia folha pautada/ nanquim azul. Carta 53, letra azul-petróleo sobre
papel manteiga/ pautas. Carta 53, letra preta, azul e preta, desparelhas/ folha dobrada
pautada. Carta 53. Carta 53, carta em papel de ofício grosso, as extremidades roídas pelo
cupim, tinta nanquim azul. Carta 51. 15h25min.. Continua chovendo. Carta 55. Carta 55,
preto sépia em folha sem pauta manteiga. Carta 1955. Carta 55. Carta 55. Carta 55. Carta
55... Carta 54. 15h50min..
29 de outubro de 1997. Página 1. 14h16min.. Letra D. Carta 1949, datilografia
em preto com nanquim azul-petróleo. 1949, carta datilografada em fita preta com nanquim
azul-petróleo. Carta 1949. 1949, carta datilografada com nanquim azul-petróleo. Carta
1949, datilografada em preto com nanquim azul-petróleo. 1949, carta datilografada em
preto, nanquim azul, e impresso em azul, papel seda. 1949, carta datilografada em lilás,
nanquim preto, marca de fábrica. 1948, carta datilografada em lilás, nanquim preto, marca
de fábrica azul. 1948, carta datilografada em lilás, nanquim preto. 1948, carta datilografada
em lilás-claro, tinta nanquim azul-petróleo quase preta. 1948, carta datilografada em lilásclaro, tinta nanquim petróleo quase, quase preta. Página 2. 15h00min.. 1948, carta
datilografada em lilás-claro. Assinatura em preto quase apagado, azul no timbre. 1948,
carta datilografada em lilás-claro. Assinatura em azul-petróleo. Carta 1948, em lilás
datilografada. Assinatura em azul-claro, timbre preto. Carta 1948, em cima à direita,
anotação. Resposta 1948. Carta 1948, lilás datilografado, assinatura azul. Carta 1948,
idem. Carta 1948. Carta 1948, idem. Carta 1947, datilografia em preto quase cinza,
nanquim preto. Carta 1947, preto com preto (prepara-se uma tormenta, escureceu, pontos
de luz entre as nuvens). Carta 1947, preto com preto. Carta 1947. Carta 1947. Página 3.
15h35min.. Carta 1947. 1947, fatura com timbre preto, datilografia lilás vivo e assinatura
azul-calipso. Carta 1947, preta com azul. Carta 1947, azul timbrado, datilografia em preto
e assinatura azul-escura. Carta 1947, preto preto e nanquim preto. Carta 1947, (à esquerda
inferior anotação). Resposta 1947. Carta 947, idem. Carta 1947, preto com preto e
assinatura cinza-azulada. Carta 1947, preto com preto com preto. Carta 1947, uma
datilografia azul-clara quase lilás e nanquim azul-petróleo. Carta 1947, azul + escuro,
nanquim preto. Resposta 1947. 16h10min.. Ficha técnica: “... Cartas... Caixa Cica...
continuação de 08 de outubro... 29 de outubro de 1997... 13h10min. até 16h30min. ...”.
05 de novembro de 1997. 14h05min.. Letra D. Carta 1947, a última, a referida,
datilografia preta, tinta nanquim azul e preta. Resposta 1947. Carta 1947, datilografia
preta e nanquim preto. Resposta 1948. Carta 1947, datilografia preta, tinta timbre azul,
nanquim preto. Carta 1947, à esquerda inferior, resposta em tinta azul-nanquim. Resposta
1947. Carta 1947, preto sobre preto e preto-nanquim. Carta 1947, azul, timbre azul,
datilografia em papel seda azul, assinatura em nanquim. Carta 1947, datilografia preta,
tinta nanquim azul, papel grosso timbre. Carta 1947, datilografia preta, tinta nanquim
azul. Carta 47, tinta preta datilografia, nanquim preto, timbre preto. Resposta 1947.
14h30min.. Carta 1947. Carta 1946. Carta 1947, papel timbrado, datilografia preta e
assinatura em nanquim-azul. Resposta 1947. 1946, carta escrita a mão em tinta azul sobre
papel grosso timbrado. Carta 1946. Carta 1946, letra nanquim-azul, datilografia preta.
Resposta 1946. Carta 1946, preto com preto com preto. Resposta 1946. 15h10min.. Carta
1946. Carta 1946 datilografada em azul-calipso. Resposta 1946. Carta 1946, datilografia
preta. Resposta 1946. Carta 1946, manuscrita em tinta azul, papel ofício. Resposta 1946.
1946, carta manuscrita em nanquim sobre folha de ofício. 1946, carta em folha de ofício,
nanquim preto. Carta 1946. 15h30min.. Carta 1946, em papel ofício e tinta zul-calipso
datilografada. Resposta 1946, em tinta azul-nanquim. Carta 1945, tinta azul-calipso
datilografada em folha de ofício. Carta 1945, tinta azul-calipso datilografada em folha de
ofício. Resposta 1945. Telegrama 43. Letra E. Letra F. Ficha técnica: “...Cartas...
continuação de 29 de outubro... 05 de novembro de 1997... 13h45min. até 17h00min. ...”.
12 de novembro de 1997. Mina de ouro. Bombas d’água e os pulmões endurecidos
do mineiro. Ficha técnica: “... Desenhos... 12 de novembro de 1997... 14h00min. até
15h30min. ...”.
24 de fevereiro de 1998. 15h00min.. Caixa vermelha de papelão encontrada dentro
de uma mala dentro do armário do QUARTO, no SÓTÃO... Documentos. Capa preta mofada,
de plástico. Caderneta, capa cinza de plástico com manchas escritas em caneta esferográfica
(como se a escrita fosse feita de trás para diante). Sim, ocorre que passou de trás para diante.
Números, desenhos, escritos no idioma dos estudos. Caricaturas, bustos, lista... Escritos, de
trás para diante, pode-se ler na outra página. Desenho em caneta esferográfica contendo
homem nu lendo – mulher nua, escutando. Desenho de rosto, máscara de perfil. Desenho de
uma cabeça. Estudo da anatomia artística. Dissecação. Membro superior, ossos do carpo.
Visão perspectiva ocular. Desarticulação, saco de batatas, imitação. Figura de homem com
óculos escuros. Ossos do corpo; forma, movimentos, articulações. Análise das figuras de
gesso. Ponto de vista anatômico. Observação da anatomia na pintura. Ossos da mão.
Proporções e articulações (figura de perfil). Desenho do esqueleto da mão de frente. Palavras
sobre proporções, diversos cânones. 15h40min.. Escrita ao contrário para ler pelo avesso.
Desenho em esferográfica de homem com a mão sobre a mesa e a outra mão apontada para o
rosto. Bastões, desenho em esferográfica. Perfil curto, pequena máscara com olho,
sobrancelha, nariz e pedaço da boca. Grego, sete horas. Montagem de quadros. Círculo sobre
um segundo retângulo pequeno dentro de um retângulo grande... à direita. Retângulo grande
dentro de um retângulo menor e um busto na direita superior. Quadrado tendo dentro
retângulos em forma de “L” e no vão um busto. Desenhos em esferográfica. Pedra quebrada
ao acaso. Mármore em forma de ameba com busto e dizeres. Folhas em branco. Listas.
Desenhos dos externos. 16h20min.. Mapa com exercícios. Cartas... Mapa com a incorporação.
Ficha técnica: “... Cartas... 24 de fevereiro de 1998... 13h30min. até 18h00min. ...”.
04 de março de 1998. As flores roxas da planta, parte delas caiu depois que
movimentei o vaso e, pareciam relevos a fazer parte da toalha bordada. Coleção Os vasos
de flores XIV... Ficha técnica: “... Cartas da mala... documentos... 04 de março de 1998...
13h30min. até... 16h00min. ...”.
25 de março de 1998. 14h25min.. Caixa Omo: conjunto de papéis. Cartão postal,
flores em relevo tudo branco e disco preto com as raias. Papel pardo com desenhos de peças
de xadrez, cavalo, torre/ do lado inverso há desenhos feitos também a lápis, grafite, são
móveis. Recortes de medalhões – um com flores/ outro com infante, escritos no verso e sinal
da cruz. Cartão colorido com pássaro carregando rosa e cartão. Estampa de casa e xadrez,
feito a lápis, por cima. Folha de caligrafia, a roda, o carneiro, letras e o pássaro. Jóias de luz,
abajur com flores, com paisagem, com desenhos modernistas. Recortes de figuras humanas
desenhadas: homem com cachorro/ no verso só a silhueta; homem com porco e bode/ no verso
desenhado, também; casal de velhos conversando e lápis. Conjunto de recortes. Croquis de
móveis/ plantas baixas e laterais. Peças e moldes para trabalhos em serrinha. Desenhos de
cantoneiras para recorte. 12 retalhos e relógio. Carrossel. 22 retalhos e quatro cavalos.
15h05min. Peças, mesas, sofá, desenhos na parte de trás. Jóias de luz/ estilo modernista, 6
com luz-redonda e 13 com efeito de luz refletida. Desenhos feitos com grafite, frente e verso
em papel pardo grosso um pouco encerado. Desenhos para recortar feitos em grafite sobre
papel pardo e fino, frente. Modelos de vitrolas. Desenhos para recorte e entalhe feitos com
lápis. Escudo. Ficha técnica: “... Caixa Omo/ Minerva/ Campeiro... 25 de março de 1998...
14h00min. até 15h35min. ...”.
08 de abril de 1998. Conjunto de recortes para entalhe com serrinha tico-tico.
Dobraduras em oitos/ imagens em marrom, imagens em cor castor. Mobiliário, sofás,
cadeiras, relógio, mesa, carrossel. Livro: interiores, imagens de passeio e comício, bustos,
leques, louças, canecos (papagaio com tampa-cabeça), porcelanas. Figuras em atividade/
viajante, vendedor, mulher dando alimento para um cão, menino dando alface para coelho,
mulher com flores, homem bebendo, homem tocando, bailarina. Caixa de porcelana,
paisagens pintadas, pessoas em atividade (escrevendo), peixe-caixa, caixa com notas
musicais. Tapeçaria (homem domando um leão). Porta hóstias. Passos de dança – coreografia
em dupla e três, solitária... Caixa de fotografias. Dança dentro da natureza, no mar, no campo.
Revistas de móveis. Livro conta corrente. Recortes. Gravuras. Documentos. Ficha técnica: “...
Caixa Omo/ Minerva/ Campeiro... 08 de abril de 1998... 14h00min. até 16h00min. ...”.
27 de maio de 1998. Gravura: galho e estudo de plantas, em sépia. Gravura de
flores, em cores. Gravura de planta, em sépia-escuro, Senna f. Arco do cego. Gravura de
planta, em sépia-escuro, Senna f. Arco do cego. Gravura em sépia-escuro, Arco do cego.
Gravura em verde, Arco do cego. Gravura em sépia, Falco, Arco do cego. Gravura em
sépia, Strix, ave noturna. Gravura em sépia-preto, Antilope. Desenho com rostos. Gravura.
Água-forte original/ 1946. Gravura em sépia e verde. Ex libris, 6ª prova. Conjunto de cinco
fotografias. Clube de xadrez. Envelope. Conjunto de folhas esparsas. 39. Mapa. 3° livro de
leitura. 1° livro de leitura. Estudos gregos conjunto de seis folhas esparsas. Ficha técnica:
“... Listagem... 27 de maio de 1998... 14h00min. até 17h00min. ...”.
19 de agosto de 1998. Descontinuidade entre resposta e contra-resposta:
adivinhação nas entrelinhas. Probabilidades de invasão no erro. Ficha técnica: “... Cartas –
leitura... 19 de agosto de 1998... 13h00min. até 16h00min. ...”.
29 de agosto de 1998. Objetos dispersos numa caixa de sapato: carretéis, braços e
pernas de madeira sapatos de couro. Representação de micro-holocausto... Penumbra
ambiental. Ficha técnica: “... Tripa de mico... vaso de flores... 29 de agosto de 1998...
14h00min. até 18h00min. ...”.
16 de setembro de 1998. Chapéus, flores secas e coelhos. Ramo de flores, Berlin,
contracapa, brinco-de-noiva. Ficha técnica: “... coelhos crus, livros, cartas... 16 de setembro
de 1998... 14h30min. até 17h00min. ...”.
30 de outubro de 1998. Coleção Os vasos de flores XV e XVI. Visita sem Ficha
técnica.
04 de novembro de 1998. Decoração e armamentos, papel, destino das chapas de
cobre. Ficha técnica: “... L’Acquaforte... 04 de novembro de 1998... 14h10min. até 16h15min.
...”.
18 de novembro de 1998. Ficha técnica: “... Fotografias (novo lote num armário
na parte superior do DEPÓSITO...) cartas... 18 de novembro de 1998... 14h35min. até
17h00min. ...”.
25 de novembro de 1998. Ficha técnica: “... Documentos... Caixa de fotografias,
cartas, jogos infantis/ puzzle (mapa)... 25 de novembro de 1998... 14h05min. até 16h00min.
...”.
03 de dezembro de 1998. Construção de cabides, compostos com ganchos, para
calça e paletó, em madeira de imbuia forrada com feltro + de 50 anos. Ficha técnica: “...
Cabides... artesanais... 03 de dezembro de 1998... 14h45min. até 16h00min. ...”.
03 de fevereiro de 1999. Coleção Os vasos de flores XVI. Ficha técnica: “... vasos
de flores... Cartas... 03 de fevereiro de 1998... 15h30min. até...”.
12 de maio de 1999. 13h45min.. Caderneta 1935, capa de couro vermelho com
filamentos dourados, calendário... Carta 1954, quatro folhas, tinteiro marinho sobre bloco
bege, (envelope...) (frente e verso). Envelope 1954. Carta 1949, sépia e tinteiro azul
sobre vegetal, quatro folhas. Carta 1949, sépia sobre vegetal, duas folhas. Carta sépia
sobre vegetal, 1948. Carta tinteiro azul-marinho, 1952, duas folhas. Carta 1949, folha
pautada, papel linho, tinteiro azul. Carta 1940, papel linho, manchas de tinta verde nos
bordos, tinta sépia. Carta 1949, duas folhas de linho pautadas, tinteiro azul (frente e
verso). Carta 1949, tinteiro azul-marinho para papel vegetal, duas folhas, frente. Bilhete
ou trecho de carta cortada, mesmo papel. Carta. Carta 1929, papel linho roxo pautado
escrito frente e verso com nanquim preto, escrito na horizontal. Carta escrita a lápis,
papel pautado de bloco, folha normal dobradura como bilhete. Fotografia. Bilhete a
lápis em papel manteiga, a mesma letra. Bilhete, folha de caderno pautado e recortado –
mesma letra. 14h25min.. Carta 1929, a pontuação é um hábito. Quadrado papel linho
bege com tinta sépia. Carta de pauta bem estreita, cinza com tinta nanquim preta,
caligrafia difícil, lembrando exercícios de estenografia. Página de caderno pautado,
nanquim preto quase cinza além do título, dezesseis linhas escritas. Folha dupla de
nanquim sobre: primeira folha – três versos, cinco linhas, quatro linhas, cinco linhas
escritas; segunda folha – dois versos, cinco linhas, cinco linhas escritas. Carta
envelope... mesma folha de pauta estreita e cinza com nanquim. Carta 1932, pauta/
papel linho azul-roxo, tinta sépia, folha de bloco normal, duas folhas. Cartão em papel
linho. Fotografia 1932-1933, criança p&b. Fotografia, chapéu (boina e militares), p&b.
Fotografia p&b, dançando na relva. Nessa caixa havia muitos desenhos coloridos... É
possível que tenham levado os blocos com desenhos e aquarelas de flores e paisagens...
Faz tempo que mexi nessa caixa, colocando os cadernos e eram muitos. Ficaram os
escolares com exercícios de mapas e cartografia. Caderno de desenho. Caderno de
cartografia. Caderno de desenho. Caderno de geografia. Caderno de desenho – espiral
de capa grossa. Caderno de cartografia. Caderno de cartografia. Desenhos – grafite.
Chifre – guampa; caneca com alça pousada no chão; mão, punho fechado; jarra caída
com tampa, volutas; pé; vaso quebrado; garrafa; cubos; figuras geométricas, triângulos,
compactos, bloco figuras no verso oito folhas, triângulo caído. Dez desenhos soltos.
Ficha técnica: “... Cartas... caixa sobre a ESCADA... 12 de maio de 1999... 13h30min.
até 15h30min. ...”.
02 de junho de 1999. Ajuntamento da incontrolável separação das coisas. Ficha
técnica: “... Fotografias... para a malinha... 02 de junho de 1999... 14h40min. até
16h45min. ...”.
10 de setembro de 1999. Lote encontrado a céu aberto ao redor de um poste.
Deslocamento. Lista. Cinco pares de óculos. Quatro porta óculos. Azul-marinho com
metal prata, plástico. Preto. Bege. Estampado com margaridas. Bolsa vermelha, de
plástico, com fechadura, zíper, ótica, dentro colar com medalhinhas, luas e estrelas
douradas. Medalha. Três cabides para calça e terno, madeira e metal, par de pantufas
pretas, colar de pérolas de três voltas, maromba, espelho com moldura de metal, caixa
de madeira marchetada, alfinete com bandeira... pulseira com medalhas, flanela. Barra
de chocolate ao leite, botão forrado de azul, botão com bandeira, três botões nacarados
em azul-calipso e laranja +3=6, corrente, trevo para lenço, corrente de banheiro, saco
de algodão-cru para carregar dinheiro com alfinetes, rede de cabelos, duas argolas,
pulseira, um real e cinqüenta e sete centavos, niqueleira de plástico rosa-azul, chapéu
para brinquedo, pote de arnica com pérolas, vidrilhos e latinhas, maromba com pérola
pequena, porta moedas, pegador dourado, broche, coleção de medalhinhas, luas, dois
botões forrados com tecido cinza, par de abotoaduras Cruz de Malta, botões forrados de
verde, abotoaduras com homem de barrete, broche com folha e strass, caixa para óculos
com pérolas e corrente dourada, caixa de plástico cinza, papel. Serigrafia em vermelho
e azul mostrando um ralador em imagem dupla; mostrando xícaras, bule de café com
porta ovos; mostrando jogo de cartas com copo d’água; mostrando escada, balde,
vassoura, escovão e escovinha, material de limpeza, pedaço de tule branco, carteira
preta para dinheiro, duas ombreiras, grinalda de tule com flores em veludo-pérola,
metro de faillete marinho, pedaços de jersey estampado de verde e marinho, pedaços de
faillete cinza, pedaço de tule branco, bolsa, caderneta, carteira de couro, toca de banho
com recortes, preto plástico, caixa... com mimosas fitas, bege, azul-anil, rosa, amarelo,
verde, azul, caixa do coringa com bolsa de pedras brancas, papel de seda rosa e branco,
corações dourados. Ficha técnica: “... Entrega de documentos... Recolha dos achados...
10 de setembro de 1999... 14h00min. até 16h30min. ...”.
17 de novembro de 1999. Ficha técnica: “... Fotografias antigas, documentos... fotos do
teatro doméstico, cadernetas, negativos em vidro, caixas dentro de caixas com baralho,
envelopes com cartas... 17 de novembro de 1999... 16h00min. até 19h00min. ...”.
19 de fevereiro de 2000. Após um sofrimento deflagrado logo depois de seu
aniversário, em 09 de outubro de 1999, Nestor faleceu, hoje. Incendiou-se outra
biblioteca!
31 de maio de 2000. Definida pela contingência, a visita foi impressiva. Ao
entardecer o meu olhar rebateu nas grades de madeira, parafusadas, sobrepostas às
basculantes e circulou ao redor do caos no ambiente empoeirado, transformado em lugar de
restauro, o qual me fez lembrar antiquários dentro dos quais desenhei às vistas de
colecionadores e visitantes que circulavam. Em sentido horário, improvisei passagens até
sair. Observei que os deslocamentos deixaram, às vistas, marcas da guarda da cama, do
camiseiro e da penteadeira, da treliça, do armário e dos quadros na parede. Duas poltronas.
Calçados, abajures, miudezas dispersas. O guarda-roupa estava chaveado e não foi possível
rever os esconderijos atrás das gavetas inferiores das portas laterais, nem a engenhoca para
gravatas e cintos na porta do meio. A cortina permanecia parcialmente encoberta pelo
bandô, desbotado e puído, erguido pela roldana móvel sustentada por cordas enroladas num
gancho próximo à janela. Cadeira sanitária. Livros retirados das estantes do armário de
linhas retas e encaixes simples estavam empilhados como dominós sobre o sofá. Olhar
porcelanas através das estruturas das cadeiras (ato de perspectivar). Talheres sobre tapete
azul, alma da sala de leitura. Cama, colchão, louças, panelas, pratos, talheres. Cadeira
estofada, louça infantil, cadeira quebrada, jogo de colheres facas e garfos. Sapatinhos que
estavam sobre a cristaleira. Caixas de papelão. Baú-galeria escancarado no meio da sala.
Ausência dos relógios pequeno médio e grande. Marca do armário dos discos sobre o qual
ficava a TV. Natureza morta pendurada na parede, banco do telefone, objetos espalhados.
Manchas de mofo, chamuscados nas paredes; marca do prato pintado com uma faca
embutida na madeira acima do canto alemão. Armários, fogão à lenha. Porta. Vidraças.
Porta de folha almofadada. Plantas em vasos de cerâmica, tijolos. Máquina de lavar,
tanque, panos, madeiras, canos, refugos. As lâmpadas rareavam porque, à medida da
necessidade, foram desenroscadas e retiradas de um ponto, enroscadas em outro, (ruído da
chave na fechadura) encontrei o tampo redondo da mesa, partes da penteadeira e os criadosmudos cercados por formas para bolo, fogareiro, panelas, lampiões, caixa, ferro, pé-degalinha em gesso, malas, ferramentas, latas, ferrugem. Porta ovos, cadeiras, brinquedos, bules
de louça, elétricos, um azul, botijões de gás, garrafas, litros, tela de serigrafia. Ensaio de
iluminação (ruído riscado de um palito de fósforo na lixa); depois outros, saliências
irregulares. Máquina de costura com pedal e rodinhas, impressos dourados, descascados,
azeite, carretéis, fita métrica nas gavetas, brinquedos, livros, revistas, guarda-chuva, orifícios
na louça, molduras, rádios, cadeiras, basculantes. Diálogo embreante: como se chama
‘aquilo’? “... Aquilo [CÂMARA ESCURA]...” = equivalências. Parede-armário com portas nas
extremidades, uma chaveada e a outra para entrar e sair. Casa, copa-de-abajur, chapéu, papéis
e lata de cera, objetos que repousavam sobre tábuas próximas, no vão. Roupas, colchonetes,
acolchoados de penas, berço. Bíblia (ruído do folhear) escritos, cadernos com guaches,
desenhos, alternância de folhas em branco e de seda, estampas emolduradas, recortes em
madeira, poemas, propagandas, espelho com decalque, cesta, falso-armário com livros,
esconderijo para malas e baús com fotografias. Ensaios de iluminação, palitos de fósforos
(ruído do ato contínuo de riscar a lixa). Cabeceiras e peseiras de camas empilhadas. Através
da janela gradeada, via-se a noite acentuando a sombra nos cantos sob débil iluminação.
Portas frouxas necessitam de dobras grossas para fechar, espremidas como línguas para fora
da boca. Cômoda, gavetas (ruído do ato de puxar e abrir), latas, toalhas, caixas, caligrafia em
cartões e bilhetes, flores de plástico, caixas, porta jóia, espelho, batom, álbum (ruído do ato de
manusear folhas), tecidos, caixa com dezenas de botões, carteira de festa, caixa, plástico,
orquídea, luva, bambi, colar (ruído do ato de revolver contas), boneco, canudos, tubos para
diplomas, folhas de parreira (odor de parreira), sapatos, botas para chuva, cacos de espelho,
garrafas, panelas. Antigamente havia duas camas com as cabeceiras encostadas na estante dos
bibelôs (ruído de ato de aproximar porcelanas). Buraco na parede. Quero fazer o que ainda
não fiz aqui, fotografar os deslocamentos considerando esta casa ainda subdividida. Cepilho
com cola, bonecas no baú chaveado, berço, sacola. Cadernos com pinturas e desenhos.
Armário embutido com portas em relevo art-nouveau, caras de bonecas, violino, a viola
(ruído do ato de deslocar uma falsa parede). Caixas de papelão, letras em madeira para placas
tumulares, nomes, lanterna, busto de porcelana, fotografias (ruído do ato de caminhar no
assoalho de madeira). Pasta de couro com jogos para chá em porcelana (ruído do ato de
aproximar porcelanas). Fotografia (ruído do ato de superpor molduras), molduras ovais com
vidro bombeado – retrato retocado de criança sobre fundo verde, ela parece boiar sobre a
água, ou seria um Moisés do século XIX? Caixas, bonecas, ferros retorcidos, vidros para
porta-retratos de arame (ruído do ato de fechar uma gaveta), cintos, saia, cabide, ráfia,
brinquedos, louças (ruído do ato de arrastar caixas), entalhe em madeira retangular, escultura
de mulher segurando uma flor, molde, encaixes na parede atrás do sofá (ruído do ato de
deslocar o sofá e a falsa parede), telhado, armário embutido na tábua mata-junta (ruído do ato
de esbarrar numa cadeira de balanço), fotografia, sacolas, cabide atrás da porta. Bolsa com
tufo de retalhos, camuflados como a história. Ensaio de iluminação com palitos de fósforo
(ruído do ato de riscar a lixa). Cadeira verde. Caixas de papelão. Cadernos, estampas.
Fotografias (ruído do ato de caminhar sobre o assoalho de madeira). Móveis. Ensaio de
iluminação (ruído do ato de apagar a luz). Gaveta da mesa do canto alemão, talheres, colheres
em forma de agulha, caixa com colherinhas, faca com bainha, cabo de madeira preta, garfo de
ponta fina em formato de forquilha para bodoque (ruído do ato de arrumar talheres revirados).
Adaga. Coador de chá. Cálice de um gole com argola de metal entre o cabo e a tulipa. Xícaras
de café. Balcão. Poltrona. Remédios, termômetro, lupas, óculos. Caixas com fotografias e
postais no armário verde com respiros em tela. Açucareiro. Bíblia. Pratos brancos e ovais com
relevo nas bordas, vaso de porcelana com ramalhetes coloridos, vaso estampado. Aspirador de
pó, geladeira, armários verdes suspensos, louça, cortador de ovos, frutas e legumes (ruído do
ato de arrastar portas sobre caixilhos paralelos como locomotivas nos trilhos), copo de
plástico, copo de vidro desenhado à mão, cristal doméstico (ruído do ato de bater um copo no
outro). Vidro transparente, queijeira, fogão (odor de mentruz), caroço de abacate no álcool é
bom para reumatismo. Pá, cinzas, livros de receitas culinárias, sacos de embrulho, barbantes.
Papel estampado no interior das subdivisões do banco verde que contorna o canto alemão.
Prendedores de roupa, tão redondos, para não rasgar ou trancar a roupa. Carne. Panela de
ferro na palma da mão. Fogão à lenha, lamparina. Desenho de rosto a bico de pena em
tamanho postal. Marca do espaldar da poltrona grande na parede. Balcão, natureza morta,
bolso da capa de chuva preta, ganchos do cabide, pedaço de papel, escritos bíblicos (ruído
do ato de manusear papel), quebra corações, ungindo na luz, orações sensuais, tudo ponta
cabeça, tira de papel, fechando portas, interrupção. Ficha técnica: “... na casa... 31 de
maio de 2000... 17h00min. até 20h10min. ...”.
10 de julho de 2000. No percurso cambiante pelo PAVIMENTO TÉRREO da
casa desabitada, verifiquei pormenores na estrutura, interna e externa, do mobiliário em
restauração, confeccionado em madeira de imbuia (Ocotea porosa) e pinheiro-do-paraná
(Araucaria angustifolia), na primeira metade do século XX. Diálogo embreante: o que é
‘isso’? “... isso [rabo de andorinha] [cauda de andorinha] = equivalências. Ferramentas
devem ser conservadas através do uso. Coleção de ferramentas. As composições
desafiadoras apresentavam plasticidade e poderiam ser expostas como peças esboçadas ou
começadas, inacabadas, penduradas, como lembretes, em escoras – mesa sem o pé, mesa
sem a travessa [dormente, trave, viga], chão [base, soco, pedestal]. Oportunidades
perdidas na situação inesperada do gesto irrefletido. Descoberta de motivos. Interrupção
da imobilidade e da gravação. Questão de deslocamento. Questão de disposição. Questão
de tempo. Móveis roídos. Desenho sobre o pó. Caminhos no pó. Ficha técnica: “... passeio
pela casa... 10 de julho de 2000... 14h55min. até 16h00min. ...”.
26 de outubro de 2000. Ensaio fotográfico. Janelas gradeadas para proteger o
mobiliário, em deslocamento. Peças cobertas por lençóis brancos. Foram retirados os
acessórios de decoração, luminárias, quadros, livros, relógios. Ficha técnica: “... flores secas
– rosas de um envelope – Floricultura Primavera – fita verde-furtacor com bege, galhinhos
de quebra-pedra – dentro de uma bolsa – chapéu veludo preto com filó – caixa de madeira
com tampa de correr com chave e fio de pesca – tamanho 4x4cm. – caixa de papelão verde
7x4cm aprox. contendo no interior: crucifixo cor-de-rosa com Cristo dourado; imagem de
papel com anjo iluminando criança + 13 figuras recortadas... 26 de outubro de 2000...
09h10min. até 13h40min. ...”.
07 de novembro de 2000. Ensaio fotográfico. Ficha técnica: “... guarda-roupa...
engenhocas... falso armário – blocos... 07 de novembro de 2000... 08h45min. até 13h00min.
...”.
08 de maio de 2001. Ensaio fotográfico. Percebe-se o abandono quando a natureza
invade a casa aproveitando as fendas e as frestas. As trepadeiras esticam os ramos até alcançar
um suporte para enroscar e crescer em volteios. Fazem isso quando ninguém está vendo,
aumentam em silêncio. As pontas das folhas apontam para a criação. A parede, suja, vertente
de água escorrida permanece indiferente. O forro do DEPÓSITO ameaça cair, inchado de
umidade. Ficha técnica: “... cinco livros... cadernos, caixa com agulhas de eletrola; 154
cartões de festas; dado de madeira; cabelo; flores em buquê; risco para bordar; envelopes...
08 de maio de 2001... 15h00min. até 18h00min. ...”.
02 de outubro de 2001. Planta em papel vegetal e grafite e lápis-cor. Ensaio
fotográfico. Ficha técnica: “... mala com cartas... 1) desenhos... – duas pastas; 2) ... lâminas
de compensado de “radica”; 3) Carteira sanitária; 4) três negativos em vidro – cenasmudas; 5) Planta... e dependência; 6) caixa redonda, marrom, seda especial; 7) cinco minipratos de porcelana pintura; 8) coração de papelão; 9) “model new”, 1892” – tubo
metálico; 10) caixa de fósforo ponta azul. Devolução de 17 peças – cartões, carta e livreto: A
grande alegria; 11) 22 peças de bonecas – roupas; 12. Mala... contendo cartas, fotografias,
correspondência em geral... 02 de outubro de 2001... 14h30min. até 17h50min. ...”.
23 de abril de 2002. Ficha técnica: “... Ensaio (breve) fotográfico... vistas as
caixas, fotografias – SÓTÃO – fotografias dos jogos de louças no guarda-roupa... 23 de abril
de 2002... 15h15min. até 18h30min. ...”.
19 de dezembro de 2003. Ficha técnica: “... Álbum de fotografias – postais do Rio
de Janeiro, 17x11,5cm.; foto... carro; buquê; negativos; foto... flor; outra foto de criança;
envelope Foto Brasil; outra foto de casal... Caderno de desenho – crayon 11; Caderno de
desenho; Caderno de cartografia; Caderno de cartografia; corpo de boneca; caixa de
negativos Eisenberger – Picniks – Extra-Rapid Platten; caixa de negativos – Parentes e
Antepassados – Extra-Rapid Platten Eisenberger; cabeça de boneca (prótese); boneca menor
com o corpo inteiro; caixinha em plástico verde contendo 102 botões pequenos. Álbum de
vistas; busto de boneca (latão); corpo de boneco (pequeno); corpo de boneca (cabeça em
porcelana e corpo em tecido); cabeça de boneca (loura) e corpo em tecido; cabeça de bebê
(com equipamento); bebê com braço quebrado; fivela redonda; fivela quadrada; cabo;
braços; aparelho para fazer crivo... 19 de dezembro de 2003... 15h00min. até 20h00min. ...”.
20 de dezembro de 2003. Acondicionamento precário, chapas grudadas. Ficha
técnica: “... seis caixas Eisenberger; caixa Persenso Otto Perutz; caixa Hauff; caixa Jdrag;
caixa Leonar; caixa Mimosa-Platte; caixa Cevaert Film-Pack; sete caixas (lata) – quatro
Agfa – duas s/identificação – Melachrito –; 10 caixas Agfa (papelão); latinha Novotherapica;
boneca... 20 de dezembro de 2003... 12h20min. até 12h45min. ...”.
07 de maio de 2004. Ficha técnica: “... fotografias... Álbum grosso (verificação);
Camp. – Salto do Meio (álbum, 01/08/29); placas de madeiras (para túmulos) com os
nomes... carte-de-visite (14 exemplares) foto Sol Young... Gullickson, foto... foto de casal,
cartão postal, casal com filhos, foto p&b cinco pessoas; paisagem; oito decalques; foto
p&b... s/cavalo; sete postais diversos; foto; foto de casal 1931 – palheta de aquarela,
catálogo... planta baixa da garagem; + três postais; quatro cartões de Natal; fole
“correspondense” com paisagens + cartão de Natal... 07 de maio de 2004... 14h30min. até
18h45min. ...”.
18 de agosto de 2004. A casa à Rua Dr. Trajano Reis, 571, foi vendida. Os
procedimentos metodológicos estão encaminhados e obtive autorização para continuar o
Projeto. Espero por seu esvaziamento para tratar das marcas nas paredes e decidir o que fazer
com os esconderijos/ buracos que sugerem cortes/ passagens/ extrações, o procedimento
usado por Gordon Matta-Clark em Bronx Floors, 1972-73. Manhattan, Bronx, and Brooklyn,
New York, é um exemplo da inserção de luz na arquitetura.
02 de setembro de 2004. Empacotamento. Conjunto de porcelana (s/ marca)
branca, rosa com frisos dourados (pintura floral nas cores vermelho, rosa, verde, amarelo,
dourado em relevo), composta por 15 peças, a saber: seis pires, seis xícaras, leiteira,
cafeteira com tampa, açucareiro com tampa. Encontrado entre folhas de jornal, dentro de
uma pasta de couro marrom no guarda-roupa do QUARTO 3, foi deslocada para o
PAVIMENTO TÉRREO e depois para o meu ateliê com a finalidade de estudar as
possibilidades plásticas uma instalação acompanhada de ações performáticas no ritual do
chá e a contemplação de fotografias. Antes de devolvê-los fiz um ensaio que permanece
na revelação em rolo de copião apresentando as etapas do soterramento de cada objeto
embrulhado em folhas de papel de seda branco e plástico bolha transparente, do fundo à
boca da caixa, de papelão, lacrada, posteriormente. Depois, fiz o empacotamento de um
outro lote, este composto por uma escultura em madeira de imbuia (mulher segurando
uma rosa), medindo 38cm., aproximadamente; a figura está sobre pedestal
11,6x10,6x2,7cm.. Calendário em madeira, cuja base mede 26x15,8cm.,
aproximadamente, e, serve de apoio para porta caneta, um indicador rotativo do dia da
semana e do mês e, porta notas em cuja tampa há uma paisagem (vegetação com
coqueiro, casa e rio), em marchetaria. Caixa em madeira – porta-níqueis com papel
colado, onde está escrito à bico de pena, na tampa, medindo 15,4x10,4x8,7cm.,
aproximadamente. Carteira contendo fotografia em sépia, capa de couro marrom, com
letras douradas, medindo 14x10,5cm.. Caderneta com capa dura na cor marrom (com
letras impressas em preto e caligrafia a bico-de-pena), medindo 17,5x13,8cm., de 19151922. 24 p.. Passaporte consular com capa dura na cor bordô (apresentando o brasão do
país americano, friso e letras, dourados), medindo 18,8x15,4cm., 1928, 32 p.. Conjunto
de 30 fotografias em diversos tamanhos, em p&b. Ficha técnica: “... devolução de
objetos... 02 de setembro de 2004... 17h00min. até 17h30min. ...”.
14 de dezembro de 2004. Ficha técnica: “... Seleção de objetos remanescentes
na casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571 – cartões de festas, jarros, garrafas da ADEGA... 14
de dezembro de 2004... 14h30min. até 17h00min. ...”.
19 de dezembro de 2004. Filmagem rápida. A filmagem se estendeu à casa de
baixo, a mais antiga. Ficha técnica: “... primeira filmagem da casa da Rua Dr. Trajano
Reis, 571... 19 de dezembro de 2004... 14h30min até 16h15min. ...”.
19 de janeiro de 2005. Havia lixo ao redor da árvore, na calçada. Os
carrinheiros passariam, mais cedo ou mais tarde. Choveu e as coisas estavam empapadas
– mesmo assim, recolhi a estrutura de um guarda-chuva, presa ao cabo de madeira com
apoio triangular. Folhas de revistas e jornais, vidros, canecas para chope, santos em
gesso, a fotografia de casal – retocada em preto e branco, carvão e giz, grafite, tingiam
os dedos, ao mínimo toque – constituíam-se nos objetos abandonados, espalhados no
chão. Foram retiradas as grades sobre as janelas e as basculantes; as bandeiras de vidro e
portas com folhas duplas almofadadas, restando as guarnições. Perdeu-se a sensação de
aprisionamento, dramática, restando as fotografias que fiz, anteriormente, e isto
comprova a sua dimensão enquanto linguagem plástica. O dia, nublado, escureceu lá
dentro. Por isso, a filmagem foi adiada, mesmo que o percurso estivesse definido pelo
olhar cravado na seqüência das paredes e passagens, em sentido horário, entrando e
saindo pela porta da frente. Ficha técnica: “... Revisão do local para filmagem... 19 de
janeiro de 2005... 15h30min. até 16h30min. ... Revisão do arquivo fotográfico... 19 de
janeiro de 2005... 17h00min. até 19h00min. ...”.
20 de janeiro de 2005. A queda da moldura de uma antiga imagem de Cristo no
horto das oliveiras Christus am Oelberg Our Lord on the mount of olives Christ sur la
montagne des oliviers Cristo sull’oliveto Cristo en el monte de los olivos Chrystus na
Górze Oliwnej Kristus na hoře olivetske Chrysto nas oliveiras foi um experimento para
a abertura do filme. Esquecida num canto da casa, ela foi recolocada sobre sua própria
marca na parede e recebeu a vibração dos golpes de um martelo de borracha no HALL DE
ENTRADA, do outro lado, o que provocou a soltura do prego que sustentava o peso
facilitando o deslizamento do suporte em direção ao assoalho do QUARTO 1. Essa
manobra foi repetida e conservada no dispositivo. A moldura sem dano, onde ficou,
permaneceu. Através das janelas da frente refletiram-se retângulos inclinados competindo
com outras marcas, mais claras, dos objetos deslocados das paredes amarelo-renascença.
O chão estava limpo e aquele entulho ao redor da árvore, na calçada, continuava a ser
escolhido; a porta estava aberta e o externo era visível. A luz natural que entrava pelas
janelas basculantes da BIBLIOTECA e da sala de JANTAR, não foi suficiente. A
claridade, era como se ela se mostrasse da janela para fora; não incidia sobre o ambiente
visado – o escaninho sob o primeiro degrau do segundo lance da ESCADA e a ADEGA,
esta foi aberta e fechada para filmagem das fileiras de latas de azeite e garrafas de vinho
cujas rolhas não foram trocadas como deveriam e apodreceram facilitando a passagem de
ar. Em conseqüência, parte do líquido oxidou, formando uma pasta, no fundo. Diante do
inapreciável, pensei em utilizar o restante para desenhar, recuperando o material
encontrado no lugar, referenciando experimentos com o lixo urbano, isto é, garrafas de
soda e cerveja fundidas em obras como Glass Ingot [lingote de vidro] e Glass Plant
[planta de vidro], por Gordon Matta-Clark (1943-1978), em Nova York, em 1971.
Enquanto cogitava a respeito da relação entre a perspectiva presente e a passada, foram
gravadas as sombras móveis provocadas pela artificialidade de um bico de luz, em
suspenso; e os ruídos dessa movimentação. Ficha técnica: “... início da filmagem –
PAVIMENTO TÉRREO... 20 de janeiro de 2005... 14h00min. até 18h00min. ...”.
21 de janeiro de 2005. A iluminação consistiu num único bico de luz, móvel,
favorecido pelas cores da casa. Colocado dentro da ABERTURA 1, atingiu a ABERTURA 2. O
armário com portas para livros, embutido na parede do QUARTO 2, estava desconectado das
dobradiças, foi filmado fechado; arrastado, para dentro, foi aberto aos poucos até o foco de
interesse que era a ESTRUTURA DO TELHADO. Da porta de inspeção da CAIXA D’ÁGUA,
podia-se ver as vigas e as pernas e as linhas horizontais das tesouras. Ficha técnica: “...
continuação da filmagem – SÓTÃO... Duração da gravação (bruto) = uma hora... 21 de
janeiro de 2005... 13h30min. até 18h00min. ...”.
25 de janeiro de 2005. Recorte da filmagem. As imagens sacrificadas poderão
render outro filme. A palavra ‘renderização’ me fez lembrar dos buracos próprio das rendas,
das microfibras, dos tecidos. A casa estava esburacada por extração dos pregos e ganchos nas
paredes; presta-se à fotografia. Ficha técnica: “... início da edição do DVD Vídeo... 25 de
janeiro de 2005... 14h30min. até 19h30min. ...”.
27 de janeiro de 2005. Opção para o fechamento. Ficha técnica: “... continuação
da edição do DVD Videoarte... Ver catálogo de clichês: mãos; ver “Tu m”, 1918, de Marcel
Duchamp... 27 de janeiro de 2005... 14h00min. até 19h30min. ...”.
28 de janeiro de 2005. Experimento musical composto a partir dos ruídos
provocados pela movimentação durante a filmagem, intercalados por Music for Duchamp. O
tempo do filme é determinado pelo som, é isso? A construção de um filme, exercício de
descontinuidades, depende de ação grupal que não deixa de ser uma ‘distração estética’. Até
concluir o procedimento são necessárias autorizações e pagamentos que transformam o prazer
estético em mercadoria. Impedimento da interiorização, ver à distância. Ficha técnica: “...
continuação da edição e princípio da sonorização... Music for Duchamp, 1947, de John
Cage... 28 de janeiro de 2005... 14h00min. até 19h00min. ...”.
31 de janeiro de 2005. Foram deslocadas as maçanetas das portas dos armários, as
luminárrias, as engenhocas penduradas no forro da COZINHA. Levantei a tampa da ADEGA e
desloquei as garrafas, de dentro para as laterais externas; fotografando com a cabeça lá dentro
até rastejar por baixo do assoalho, realizando com esse equipamento a idéia de desenhar um
plano visto de outro. Repensei nas garrafas de soda e cerveja fundidas por Matta-Clark.
Mesmo que eu quisesse fazer um experimento, o de tentar fundir as garrafas no forno do
fogão, o “econômico” foi vendido para um ferro-velho; à mostra, os azulejos e tijolos
despedaçados, buracos, pó. Escolhi as garrafas que continham vinho e desloquei o material
para o meu ateliê no período da manhã. Mais tarde, retornei para acompanhar as medições.
Ficha técnica: “... Levantamento arquitetônico... 31 de janeiro de 2005... 14h00min. até
18h00min. ...”.
02 de fevereiro de 2005. Roteiro: questões iniciais. Filmagem por etapas. O que
impede a continuidade? Condições de mobilidade e de visibilidade, fios curtos, disposição das
tomadas. Tempo de filmagem no espaço retangular no domínio triangular = uma hora (bruto).
→ aproveitamento dos recursos → sítio específico ≠ do sítio virtual →
iluminação: artificial nas partes escuras = sala de JANTAR + ESCADA → via de acesso: o que
pode ser aberto ou fechado? = portas → interagir no cenário sem ser visto → objetivo do
Geometria aparente
truque: visão de um espaço através de outro – distância do ponto de vista horizontal, pés no
chão e o olho na lente. De cima para baixo, do ponto de vista vertical = profundidade. Linhas
→ Gravação de ruídos provocados por atos de abrir = aparência das passagens = portas.
Escaninho sobre o primeiro degrau do segundo lance da ESCADA → Focos de iluminação,
retas
formação de degraus sobre degraus por efeito do balanço da lâmpada. A tampa empenada do
escaninho sugere que, mesmo fechado, permanece um vão indicando que existe algo por trás.
O que há por trás? O vazio
→ interferir tocando a extremidade com a ponta dos dedos,
colocar o corpo em movimento até o repouso espontâneo = experimentação. Descascados,
pregos retirados e sombras refletidas pela passagem dos carros
→ sombra que desloca o
assoalho na superfície interna da ADEGA, pontos de luz entre as telhas, entre as telhas e as
calhas. O que há depois? A claridade do dia
parede
→ furo na parede, feixe de fios entrando na
→ Eliminação de imagens repetidas, valorização de detalhes do QUARTO 3 para a
CAIXA D’ÁGUA na ESTRUTURA DO TELHADO. Ficha técnica: “... conclusão do vídeo...
02 de fevereiro de 2005... das 14h00 às 19h00mim. ...”.
04 de fevereiro de 2005. Revisão do conjunto fotográfico. 1. Caixa de papelão –
Leonar, contendo 16 chapas em vidro, maiores, médias e pequenas (retangulares, “ExtraDuro” e uma oval); uma etiqueta. 2. Caixa de papelão, Eisenberger – “Picniks”, contendo
sete negativos em vidro, 12x9cm. e 10 negativos em celulóide, 12x9cm.. 3. Caixa de papelão,
Eisenberger – “Carnaval”, contendo oito negativos em vidro, 12x9cm. e cinco negativos em
vidro, 9x6cm.. 4. Caixa de papelão, Eisenberger – “Parentes e Antepassados”, contendo 17
negativos em vidro, 12x9cm. e três negativos em celulóide, 9x6cm.. 5. Caixa de papelão,
Eisenberger – “Grupos”, contendo 17 negativos em vidro, 12x9cm.. 6. Caixa de papelão,
Eisenberger Extra-Rapid Platten, contendo cinco negativos em vidro, 12x9cm.. 7. Caixa de
papelão, Eisenberger Extra-Rapid Platten, contendo cinco negativos em vidro, 12x9cm. e seis
negativos em celulóide, 9x6cm.. 8. Caixa de papelão, Perutz, contendo outra caixa (de
papelão) Perutz-Persenso-Extra-Rapid com quatro Platten, 9x6cm.. 9. Caixa de papelão,
Agfa-Extrarapid-Platten –“Fazenda Curytiba } 1932”, contendo 15 negativos em vidro,
12x9cm.. 10. Caixa de papelão, Hauff-Leonar – “Matinhos”, contendo 14 negativos em
vidro, 12x9cm. e 17 negativos em celulóide, 9x6cm.. 11. Caixa de papelão, Agfa – “Chapas
estragadas”, contendo uma tira com negativos em celulóide (esculturas); cinco negativos em
vidro, 18x13cm. (Carnaval – garrafas de cerveja, pierrôs etc.); um negativo em vidro,
12x9cm.; envelope com 45 negativos de celulóide, medindo, respectivamente 11x6,5cm.
(15), 9x6cm. (18) e 6,5x4cm. (12), aprox.. 12. Caixa de papelão, Agfa-Chromo, contendo 12
chapas de vidro (algumas quebradas), medindo 15x10cm., aprox.. 13. Caixa de papelão, AgfaExtrarapid-Platten, contendo três negativos em vidro, 12x9cm., aprox.. 14. Caixa de papelão,
Agfa-Extra-Rapid-Platten, contendo 18 negativos em vidro, 12x9cm.: um dos negativos deve
ter servido de referência para o desenho à nanquim que estava acima da poltrona da na sala de
JANTAR. 15. Caixa de papelão, Agfa-Extra-Rapid-Platten – “Chapas estragadas”, contendo
três negativos em vidro, 12x9cm.. 16. Caixa Agfa-Extra-Rapid-Platten, contendo um
envelope com pó dourado. 17. Caixa de papelão, Agfa-Extrarapid Platten, contendo três
negativos em vidro, 12x9cm., e um envelope com seis negativos de celulóide, cada um
medindo 11x7cm., aprox.. 18. Caixa de papelão, Jdrag, contendo 10 negativos em vidro, cada
um medindo 15x10cm., aprox.. 19. Caixa de papelão, Mimosa-Platte-Extrema-Ortho,
contendo cinco negativos em vidro, 12x9cm.; sete negativos em celulóide, 12x9cm.; dois
negativos de celulóide, cada um medindo 10,5x6,5cm., aprox.; dois negativos de celulóide,
cada um medindo 9x6cm., aprox.. 20. Caixa de lata, Agfa-Extrarapid-Platten, contendo
quatro negativos em vidro, 12x9cm.; e oito negativos em vidro, 9x6cm.. 21. Caixa de lata,
Agfa-Extrarapid-Platten, contendo nove negativos em vidro, 12x9cm. e um negativo em
celulóide, 12x9cm.. 22. Caixa de lata, Agfa-Extrarapid-Platten, contendo um negativo em
vidro, 12x9cm. e 13 negativos em celulóide, 12x9cm.. 23. Caixa de lata, Agfa-Filmpack,
vazia. 24. Caixa de lata, Agfa, contendo 123 negativos de celulóide, medindo 8x6cm. cada
um, aproximadamente. 25. Caixa de lata, Melachrino & Co. Cigarette, contendo quatro
pedras, de tamanhos diferentes. 26. Caixa de lata, sem identificação, contendo objeto não
identificado. 27. Pacote com 12 negativos em vidro, 12x9cm.. Caixa de papelão, AgfaFilmpack, contendo 30 fotografias de diversos tamanhos, em p&b. 28. Caixa de papelão,
Agfa-Filmpack, contendo 47 fotografias de diversos tamanhos, em p&b. 29. Caixa de papelão,
Gevaert Film-Pack, contendo cinco negativos em vidro, 12x9cm. e um envelope com 42
negativos de celulóide, cada um medindo 8,5x5,5cm., aprox.. 31. Envelope Agfa contendo
109 negativos de celulóide, medindo, respectivamente, 11x6,5cm. (46); 8,5x5,5cm. (59) e
6x6cm. (quatro), aprox.. Ficha técnica: “... empacotamento e devolução de objetos ... 04
de fevereiro de 2005... 10h30min. ...”.
25 de abril de 2005. Ensaio fotográfico: verificação de detalhes internos e
externos do HALL DE ENTRADA e do HALL DOS FUNDOS, do espaço de chegada do
DEPÓSITO, do armário de canto em madeira, da superposição das prateleiras, dos degraus
e do teclado do teletipo; das pinceladas brancas, verdes, pretas, rosadas em tábuas,
rompendo com a geometria das paredes e forro paulista da CÂMARA ESCURA; das
vidraças, basculantes e portas da GARAGEM; das ferramentas de trabalho, desenhos
geométricos nas lajotas, rachaduras, tijolos, vazamentos e encanamentos, elementos de
apoio, cabideiro, fechadura, tomadas, ALÇAPÃO no BWC; os buracos elaborados pelos
cupins nos marcos das janelas, degraus da ESCADA e assoalho; riscos à lápis de cera e
descascamento nas paredes amarelo renascença; o breu do lado de dentro da basculante e
o dia lá fora. As teias de aranha da ABERTURA 1.
13 de maio de 2005. Vem ocorrendo uma adaptação de procedimentos ao
destino da casa da Rua Dr. Trajano Reis, 571. Cedo, pela manhã, fui informada que uma
parte seria pintada de branco, o QUARTO 1 e a BIBLIOTECA. Saí às pressas com o
equipamento porque os pintores estavam aguardando. Durante três horas,
aproximadamente, fotografei a eliminação das marcas nas paredes amarelo-renascença, por
meio de rolo e pincel, a quatro mãos. A performance pictórica foi executada com o
objetivo de reutilizar o espaço, temporariamente; foi um processo lento e realista sob a
variação da luz solar.
28 de outubro de 2006. Caminata urbana no labirinto do Parque Chaz, organizada
por Esteban Ierardo, na Ciudad de Buenos Aires... El Libro de los pasajes, as citações de
Walter Benjamin, encontrado numa livraria de Buenos Aires, sobressai enquanto discurso
indicativo de autores com Balzac, Proust e Poe; assim como a obra Cómo vivir junto, de
Roland Barthes.
24/25 de novembro de 2006. Confronto com a obra de Gordon Matta-Clark, pela
primeira vez, na 27ª Bienal de São Paulo, desfazendo o dilema inicial, isto é, a dificuldade
de refletir sobre o que não está distante dos olhos. Fotografei seqüências nas paredes
reconhecendo as montagens feitas pelo artista e semelhanças nos cômodos das casas de
madeira. Da minha parte não houve averiguação a respeito da utilização de imóveis
abandonados para desenvolver a minha poética visual enquanto o poder público decide o
que fazer com eles; imóveis vazios destinados à demolição para execução de projeto de
reurbanização a exemplo Splitting [Partición – Rachando] e Bingo como fez Matta-Clark:
‘cortes’ e ‘extrações’, violações em ‘lugares’ cuja transição natural seria a ruína ou a
demolição. Assisti e fotografei cenas de Splitting e Bingo, rodados em projetor de filme
16mm., modelo Compact T-25. Fotografei seqüências de imagens dos filmes transferidos
para DVD, em movimento, conforme a posição dos dispositivos na parede do local – Food,
1972 , 16mm., 43min.; Open House [Casa aberta], 1972, 16mm., 41min.; Fire child
[Criança de fogo], 1971, Super 8, 9min. 47seg.; Tree dance [Dança de árvore], 1971,
16mm., 9min. 32seg.; City slivers [Lascas de cidade], 1976, Super 8, 15min.; Fresch kill,
1972, 16mm., 12min. 48seg.; Conical intersect [Intersecção cônica], 1974, 16mm., 18min.
40seg.; Day’s end [Fim do dia], 1975, 16mm., 23min. 10seg.; Clockshower, 1973, 16mm.,
13min. 50seg.. A duração variada dos filmes proporcionou um exercício de paciência para
concluir a tarefa que me predispus a realizar, isto é, de conhecer a obra que se apresentava
à disposição; enquanto começava um filme, outro continuava e outro que terminava, sem
cadência. Durante as horas em que estive sentada naquelas bancos, percebi que visitantes
passavam, sentavam para assistir uma ou outra projeção e seguiam adiante. A performance
de Matta-Clark e a de seus amigos, sim eles eram exibicionistas, se repetia num ir-virabrir-fechar de portas a exemplo de Open House, conteiner dentro do qual circulei fora do
Pavilhão e concluí que há uma limitação permanente. Se o meu dilema inicial consistiu em
escrever amparada pelas palavras de especialistas sem ter tido contato direto com as obras;
aconteceu o apaziguamento.
07 de dezembro de 2006. Acompanhei o desmonte no SÓTÃO em forma de cruz
subdividida em duas partes por uma divisória de compensado de um lado e de tábua matajunta do outro. Deslocamento das duas portas de acesso, das tábuas de dois guarda-roupas e
um armário; da área de repouso para a calçada. Ficou o vazio delimitado pela abundância de
inclinações, desníveis e alinhamento geométrico, por partes complementares. A alvenaria
amarelo-renascença no correr da ESCADA, ela era interrompida no topo por uma divisória
perpendicular em compensado reforçado, continuando até o extremo externo. Janelas de
guilhotina abertas pela metade por meio de borboletas, ou cobertura em plástico.
Esquecimento. Do outro lado, no canto à esquerda, essa divisória amparava o guarda-roupa
externamente verde como todo o perímetro; na verdade uma falsa parede com portas de
madeiras lisas, paralela a alvenaria de fundo branco, permanecendo as marcas das prateleiras.
Varão para os cabides, dois vãos para ESTRUTUTA DO TELHADO. Contraste é do
compensado reforçado com FORRO em cepilho e cola com acabamento em inclinação para a
ESTRUTUTA DO TELHADO. No QUARTO 3, ao puxar o guarda-roupa para fora do nicho
ficou à mostra a tábua mata-junta, vertical, horizontal e inclinado tendo o prego no sistema de
fixação dos encaixes do armário com prateleiras profundas em confluência com o FORRO
paulista pintado de cinza. O ritmo da modulação tábua mata-junta vertical protegida por
pintura rosada, com textura de superfície áspera por descascamento de tinta, teias de aranhas e
lascas de madeira grudadas nas paredes. O assoalho de tábuas e o FORRO paulista,
confluência de linhas retas. Vedação horizontal no vão para a CAIXA D’ÁGUA na
ESTRUTURA DO TELHADO, cada vez mais visível entre um assoalho do SÓTÃO e o
FORRO do PAVIMENTO TÉEREO. Armários encostados no DEPÓSITO. O deslocamento
do entulho foi feito pelas duas escadas e colocado na calçada, ao redor das árvores; os
carrinheiros não demoraram a chegar, um após o outro. Em seguida, iniciei o ensaio
fotográfico pelos nichos intercalando as cores e as marcas das paredes com ornamentos
funcionais e arremates geométricos. O espaço de chegada da escada que liga os pavimentos
do DEPÓSITO, composta por tábuas pregadas em cremalhareiras laterais, sendo que uma
encostada na parede de alvenaria rústica. Ficha técnica: “... Ensaio fotográfico – desmonte no
SÓTÃO e DEPÓSITO, deslocamento de obras mortas... 07 de dezembro de 2006... das
09h00min. até 15h00min. ...”.**
____________________________________
* Didonet Thomaz. Artista visual e pesquisadora. Especialista em História da Arte do Século XX,
EMBAP – Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Curitiba, Paraná. Mestre em Artes Visuais, ECA – Escola
de Comunicações e Artes, USP – Universidade de São Paulo. São Paulo. Membro e Representante da ANPAP –
Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, no Paraná, Brasil.
** Trechos do Diário de pesquisa incluídos na Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Artes Visuais, Área de Concentração: Poéticas Visuais, Linha de Pesquisa: Processos de Criação
em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para
obtenção do Título de Mestre em Artes, sob a orientação do Professor Dr. Donato Ferrari. Disponível na
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo, a partir de 1° de julho de 2007.

Documentos relacionados