Boletim Informativo Partilha, edição n.º 3, março de 2016
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Boletim Informativo Partilha, edição n.º 3, março de 2016
PARTILHA Boletim informativo da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral Edição n.º 3 março de 2016 Nota editorial Até sempre… O tempo passa num ápice!… 3 anos … Em três anos nutricionistas conheceram fisioterapeutas, higienistas orais trocaram ideias com técnicos de radiologia e ortoptistas, psicólogos partilharam opiniões com assistentes sociais, e no meio disto tudo criou-se uma equipa com uma identidade: somos URAP Pinhal Litoral. Partilhamos recursos, damos horas da nossa atividade a esta e a aquela Unidade Funcional. Damos mais às UCCs do que às outras, mas somos poucos, cerca de 18, e não chegamos para todas as “encomendas”. Mas ainda conseguimos o milagre de publicar o “PARTILHA”! Nesta edição: Nota Editorial 1 A Multiculturalidade 2 Atividades Relevantes 15 Notícias Crónica 22 29 A Equipa 30 Ficha Técnica 31 Compreendemos agora os desafios e as dificuldades das diferentes profissões, e aproximámo-nos. Sim, acredito que agora, passados três anos a proximidade e o conhecimento que temos uns dos outros permite-nos apoiarmo-nos e claro, também, tecer críticas. Com lealdade, com respeito, porque, acima de tudo, queremo-nos bem. E não falta nem a maçã, nem o café. O chá e um biscoito ou uma torradinha estão ali quando nos juntamos. Já sabemos onde nos sentar se queremos que a reunião avance com mais celeridade, e sim, tomamos decisões participadas. E mais, confiamos que o coordenador irá defendê-las onde e junto de quem de direito. É olhando um pouco para isto que se criou que me sinto tranquilo e satisfeito. Cada um teve o seu espaço, e foi dada a oportunidade aos colegas para me acompanharem nas reuniões com as lideranças da instituição. Foi preciso experienciar a coordenação de uma Unidade Funcional e vários colegas acompanharam-me neste processo. Sei que a minha substituição causará mudança, é por essa razão que deixo o cargo, mas também sei que a minha saída não irá causar muito sobressalto. A URAP Pinhal Litoral está mais madura, e acredito que esta evolução será benéfica e trará mais oportunidades de desenvolvimento. Senti-me, nestes três anos, rodeado por colegas que confiavam em mim. Procurei sempre, dentro das minhas capacidades, devolver essa confiança com trabalho e dedicação. Quero deixar apenas mais duas palavras: Muito Obrigado! Emanuel Vital Coordenador da URAPPL A multiculturalidade é um tema com contornos… múltiplos. IMAGEM As características étnicas, sociais, económicas, religiosas e mesmo as características ambientais de um determinado grupo populacional conjugam-se de variadas formas para a criação de um conjunto de valores, crenças e comportamentos que condicionarão o modus vivendi de uma sociedade e, em última instância, a saúde das pessoas. Esta riqueza de manifestação das organizações sociais humanas é reconhecida desde sempre. A época dos descobrimentos deu a conhecer ao mundo europeu a realidade de África, da Ásia e das Américas. As trocas comerciais, acima de tudo, constituíram o principal meio pelo qual se conheceram realidades sociais bem diferentes que habitam este planeta. No mesmo sentido, o movimento expansionista de vários países do mundo, a maior parte das vezes através da sua componente bélica, ultrapassou fronteiras e cruzou civilizações. Os processos migratórios que se lhe foram seguindo contribuíram com especial relevância para o contato direto e para o entendimento das várias formas de viver e de ver a vida. Viram-se pés enfaixados que retratavam a beleza e estatuto social da menina chinesa mas que condicionava também a sua mobilidade e a sua saúde. Página 2 brasilnamao.co.uk Viram-se ritos de iniciação na entrada da puberdade que apresentam várias manifestações consoante as culturas, observando-se práticas de mutilação e outras que podem ser consideradas como ofensas corporais segundo o padrão ocidental. Cicatrizes hipertróficas da pele são provocadas com o objetivo de alcançar a beleza em algumas tribos de África; na Ásia adornam-se com anéis as raparigas provocando o alongamento do pescoço com o mesmo propósito de beleza. O estudo de cariz antropológico de Roseiro (2013), enriquece o conhecimento que já tínhamos da prática da mutilação dentária praticada em Moçambique pelos Makonde, que, com certeza, causa alterações da estrutura orofacial e das funções da fala e da mastigação. Até para comportamentos universais como sentar e andar, o que é normal ou típico numa cultura pode não o ser noutra. Papalia e Olds (1992) trazem vários exemplos de como o contexto cultural pode ter alguma influência no desenvolvimento motor. Por exemplo, os bebés negros africanos são mais precoces na motricidade global que os bebés europeus e estes mais precoces que os asiáticos. Estas diferenças podem estar relacionadas com cuidados distintos. Os bebés Arapesh na Nova Guiné conseguem ficar de pé, segurando-se em algo, antes mesmo de conseguirem sentar-se sozinhos. Aos três meses, os bebés da península do Yucatan no México estão mais avançados que os bebés americanos no domínio da manipulação; no entanto, aos 11 meses estes encontram-se mais atrasados na área da locomoção, tão atrasados que segundo o padrão de desen- volvimento, este atraso poderia ser considerado como patológico. Esta situação provavelmente está relacionada com o facto destes bebés serem enfaixados nos seus berços, e mais tarde serem restringidos de várias maneiras. A globalização acelerou todo este processo. Assiste-se hoje a uma marcada multiculturalidade em cada país, em cada cidade, em cada freguesia. No mesmo bairro e no mesmo edifício pessoas com heranças culturais distintas constroem novas realidades. Esta diversidade cultural reflecte-se de modo mais visível nos hábitos e comportamentos alimentares, que se assume como característica identitária das diversas comunidades e países. Aqui também, as modas e a força do mercado, vão criando pressões de consumo com repercussões na saúde, sendo um exemplo estudado, o padrão alimentar baseado no “fast food” (Martins, 2009), ou a facilidade de acesso a alimentos de alta densidade calórica (Barreto, 2005). É um pouco das implicações que este fenómeno pode ter no comportamento e na saúde das pessoas que este número do “PARTILHA” trata. A questão da comunicação entre grupos sociais com culturas diferentes, e o acolhimento de pessoas refugiadas também irá merecer a necessária atenção. A cultura tem, definitivamente, uma importância decisiva na formação de crenças e valores que influenciam o comportamento humano e isto constitui uma determinante da saúde, quer seja pela adopção de comportamentos de risco sobre as mais diversas manifestações – actividades radicais, consumos, violência -, quer seja, até mesmo, pelo evitamento dos serviços de saúde ou recusa a determinados procedimentos técnicos, que em algumas circunstâncias poderiam salvar vidas. Neste sentido, a multiculturalidade apresenta-se como um tema que não deve ser negligenciado, e cada vez mais tem um papel de destaque na área da saúde. Votos de uma boa leitura. E.V. REFERENCIAS: - Papalia, D. E. e Olds S. W. (1992). Human Development. 5th edition. McGraw-Hill. New York. - ROSEIRO, A. H. R. (2013). Símbolos e práticas culturais dos Makonde. Coimbra : [s.n.]. Tese de doutoramento. - Martins, M. J. R. L. (2009). Hábitos alimentares de estudantes universitários: Trabalho de Investigação. Edição de autor. Porto. - Barreto S. M. e colaboradores (2005). Análise da Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, da Organização Mundial da Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Vol. 14 (1): 41-68. Página 3 Multiculturalidade e psicologia MARCHAS DOS HORRORES No inicio do século XXI, ainda se assiste de forma vergonhosa para a humanidade a “fileiras” de pessoas que fogem à violência das guerras e em vez de acolhimento, encontram desconfiança e o rechaçar deste tipo de vizinhança, de gentes diferentes, por essa Europa fora, e às nossas portas, e de forma diferente, acolhemos refugiados na Marinha Grande, embora com acolhimento à nossa maneira, em Português suave. Atente-se. Tendo em conta que esta edição do boletim da URAP PL, “Partilha” é dedicado à multiculturalidade, parece-nos pertinente que a área funcional da Psicologia não deixe de fazer uma referência a um dos maiores e atuais flagelos que a Europa tem a braços, as migrações de refugiados e as implicações nas multiculturalidades. Isto inclusive, numa altura em que, na redistribuição destes migrantes pelo continente europeu, tenha levado a que alguns tenham mesmo chegado à área de abrangência do ACES PL, mais especificamente à Marinha Grande. Isto, não invalidando que outros mais migrantes possam chegar a Portugal, não sabendo da possibilidade de que mais alguns possam ter que vir a ser abrangidos pelos nossos serviços de saúde no Pinhal Litoral. A propósito deste tema, na revista E do jornal Expresso de 13 de Fevereiro de 2016, o jornalista Daniel Ribeiro através de uma excelente reportagem, descrevendo um exemplo deste terrível flagelo num dos campos de refugiados a partir de Calais em França, às portas da ilha da Grã-Bretanha, faz um sucinto relato que não deveria escapar àqueles que pelos valores humanos se interessam e preocupam e que poderão vir ter às nossas portas. Página 4 Na “Selva de Calais” como lhe chama Daniel Ribeiro, pode ler-se «(…) os rapazes passam o dia em pequenos grupos ao longo das “avenidas” e no labirinto de ruelas e de caminhos sinuosos que compõem o bairro de lata.”. Apenas homens, não se vêem mulheres, não há misturas. Cada tasquita tem a sua marca étnica, não se misturando os que têm religiões distintas. E, referindo-se ao drama das crianças, refere existirem crianças sozinhas, que perderam o contacto com os seus progenitores ou familiares e que durante a travessia pelo mar, tiveram de beber água salgada, enquanto outros refugiados se degladiavam pela água potável. Crianças perdidas, carentes de afecto e que apesar do drama ainda conseguem sorrir, como refere na sua descrição. Os jovens adolescentes, também muitos deles sem família, terão sido identificados como cerca de 300 menores sozinhos na “Selva” de Calais. Sem nos esquecermos da violência original, gerada pela forçada partida dos seus lares, das suas terras, dos seus países de origem, fugindo á violência das balas e às atrocidades das guerras, estas pessoas desalojadas e deslocalizadas, em condições sub-humanas, com formas de fuga onde arriscam a vida e confrontando-se com a perda da mesma, por alguém mesmo ao seu lado. Perante o horror desta descrição, podemos tomar contacto, ainda que de forma distante, com a violência a que qualquer ser humano nestas condições está sujeito e é confrontado com tais terríveis experiências. Do enorme esforço que leva a que alguém se mova para a frente, nestas circunstâncias, tentando preservar a vida, valor primordial, enfrentando forte angústia de morte, procurando locais ainda que desconhecidos, expectantemente mais seguros e supostamente com o imaginário de melhores condições de preservação da vida. Sujeitos a tais traumatizantes experiências, não deixam os indivíduos, tal como nos relata Daniel Ribeiro, mesmo em situações dramaticamente degradantes, de se reagruparem segundo os valores identificatórios, oriundo de costumes de uma culturalidade básica original. Esses valores e tradições que por si vão reagrupando os indivíduos, que se vão reorganizando e distinguindo uns dos outros pelos seus hábitos, costumes e ritos, fazem com que este reagrupamento lhes permita identificações entre pares, gerando sentimentos de maior protecção e mais securizantes. Percebe-se que devolvendo este sentimento de pertença e de unidade entre indivíduos, leve a uma delimitação psicológica de território que levará à separação e distinção entre grupos dentro da própria “Selva”, o campo de refugiados. As famílias que conseguem manter-se juntas, constituem-se como pequenos núcleos, mais protectores e mais organizados e muitas vezes com a possibilidade de manter esses valores de raízes genéticas, que permitem uma maior força mental ao risco da desestruturação psicológica interna do ser humano. Ainda que assim reagrupados e pertencentes a esta reorganização, onde se inserem todo o tipo de indivíduos, com todo o tipo de educação, valores, atitudes, comportamentos, mas ainda assim com a identificação dos seus costumes culturais comuns, que os mantém reagrupados. Assim e como em qualquer grupo com referências culturais comuns, estes indivíduos estarão à mercê das rixas e conflitos inter-indivíduos e intergrupos dentro da sua comunidade e intragrupos com diferentes hábitos, referências culturais e etnias no perímetro do campo. Por força destas identidades reagrupam-se, tendo em conta hábitos e costumes, ritos e mitos, valores religiosos, hábitos quotidianos, das leis, das regras instauradas nos seus Multiculturalidade e psicologia (cont.) locais originários, homens na rua, mulheres em casa com as restrições impostas, as vestes, a forma da gastronomia possível segundo os alimentos que se conseguem obter, a imagem visual e os próprios rituais inerentes á sua própria identidade cultural. E como se não bastasse, em torno destes campos, existe uma população local que, perante tais ambientes delicados e potencialmente explosivos, são confrontadas com maior ou menor disponibilidade para este tipo de hospitalidade emergente. Das forças de autoridade, que bem ou mal, possam usar a força para manter a ordem, grupos mais radicais, ligados ao racismo ou a ideologias politicas de extrema-direita, mais ou menos organizados levam a um aumento do espaço de conflito e clima tenso extra vedação, onde derivado a estas rixas, inúmeras vezes acabam este indivíduos nas instituições hospitalares a receber tratamento por agressões. http://conceitos.com exactamente a criação destes caóticos fluxos migratórios. Assim, não só estes seres humanos têm de conviver em condições de grande precariedade em termos de cuidados básicos, ao nível da higiene individual e pública, da alimentação, da segurança e protecção da própria vida, vivem em permanente tensão entre as possibilidades dos estados emocionais dos indivíduos com quem coabitam dentro dos seus grupos identitários, à mercê dos conflitos entre grupos diferentes, bem como em permanente tensão com a população local, que facilmente periga a boa vizinhança. À parte deste mal-estar social à escala mundial e à parte do vergonhoso que se torna para a civilização humana, continuarem a existir, no século XXI, este tipo de marchas dos horrores, naquilo que mais directamente nos diz respeito e numa menor escala, é a possibilidade de em Portugal e na zona geográfica de Leiria ou seja, de actuação do ACES Pinhal Litoral, termos de acolher estes cidadãos migrantes e poder cuidar de pessoas oriundas destas autênticas películas reais que mais parecem saídas de uma tela branca cinematográfica, o que já é uma realidade na Marinha Grande. São ambientes de permanente tensão e se naturalmente nestas populações migrantes, existe quem fuja das guerras procurando segurança, aqueles haverão que se aproveitam destes fluxos migratórios para procurar formas de melhores situações de vida económica e á mistura, também indivíduos infiltrados provenientes dos movimentos q eu são exactamente os responsáveis por causar o terror, cujo uma das consequências, será Cabe-nos enquanto profissionais de saúde, perceber nestes indivíduos, que dos nossos cuidados possam vir a necessitar, ter em conta naturalmente o seu estado de saúde físico, emocional e situação social. É importante perceber que cada um trará consigo as suas feridas, os seus dissabores e os seus traumas de violência, mas também os seus hábitos e os seus costumes enraizados de terras tão longínquas. Página 5 Multiculturalidade e psicologia (cont.) Após tais vivências passadas, que não retractam tudo o que poderão ter vivido mas, uma ínfima parte, basta ler a citada reportagem e perceber que existe muito mais por detrás dessa e desta pequena reflexão sobre tal flagelo, mas que de pessoas se trata. Acolher não será dizimar ou segregar, mas sim integrar, num respeito mútuo, prestando os necessários cuidados de saúde, respeitando e fazendo respeitar as culturas e os hábitos culturais de cada um, entre os que acolhem e os que são acolhidos. Naturalmente dentro das regras de inserção básica de uma qualquer comunidade. A população portuguesa, conhecida como hospitaleira e acolhedora, de hábitos facilmente integradores, no seu já habitual português suave, mais ainda mais, no que aos técnicos de saúde diz respeito, seria importante realçar os cuidados a ter em relação aos ambientes de onde poderão ser provenientes tais migrantes, para uma cuidada resposta às suas necessidades emergentes, não deixando de ter em conta os valores culturais enraizados em cada individuo. Quando se refere valores enraizados numa cultura, ter-se-á em conta a visão que têm do mundo, tendo em conta as relações desse homem com o mundo e vice versa, os mitos fundadores relacionados com a sua história real ou imaginária, a sua língua, os seus costumes, no que respeita essencialmente a uma concepção espiritual e prática do dia a dia, como os seus ritos, hábitos alimentares e de vestuário, a religião dominante e suas práticas, a arte, o sentimento de pertença e identificações á cultura própria, as representações do mundo visível e do mundo invisível, a maneira própria de viver e de morrerem. Naturalmente que alguém deslocado das suas origens e mais nas circunstâncias descritas, poderá desencadear ou exacerbar determinados traços paranóides, não ligados Página 6 a uma concepção patológica ocidental, mas sobretudo um desencadeamento oriundo de um mecanismo de defesa ou resistência ao perigo de absorção ou desintegração, ou mesmo de segregação desses valores enraizados e orientadores de condutas e modus vivendis. É que, nestes valores citados, integra-se um bem comum social e comunitário, trazido e intrincado, ou seja, a forma como os indivíduos de uma determinada comunidade ou sociedade, interiorizam juntos, combinações de estímulos enraizados desde a infância e vão expressando ao longo da vida, valores como a dignidade, a distinção entre o bem e o mal, a defesa da sua nação e do seu capital intelectual, a aceitação de valores comuns, os discursos ideológicos e religiosos, como a escolha de um Deus e dos seus cultos religiosos, os rituais das relações e de união entre elementos da comunidade, a socialização interpares, as comemorações e os rituais fúnebres isto é, a forma como enterram e onde enterram os mortos. Qualquer individuo desenraizado do seu meio cultural e social, das suas referências e valores, poderá sofrer dificuldades em aprender, integrar, organizar e adaptar-se dentro das raízes e condutas locais, diferentes das suas de origem, desencadeando fenómenos que poderão ser reconhecidos como desadaptação psicológica relacionada com patologia mental quando não mais não será, uma dificuldade de adaptação e de integração a uma nova e diferente realidade. Tiago Caldeira Psicólogo Clínico da URAPPL Bibliografia recomendada: Israel, L. (1995), Cérebro Direito Cérebro Esquerdo, Epigénese e Desenvolvimento, Instituto Piaget, p 213- 220 Laplantine, F. (1978), Etnopsiquiatria, Vega Universidade p. 67- 99 Citação de artigos de imprensa: Ribeiro, D. (2016) A Selva de Calais, in E, A Revista do Expresso, Edição 2259, p. 44-47 Serviço Social e multiculturalidade na saúde Enquadrando a abordagem do Serviço Social nesta temática “Multiculturalidade na Saúde” salienta-se o papel do Assistente Social, que focado nos factores sociais da saúde será um dos profissionais, por excelência, para acolher e integrar o cidadão estrangeiro nos serviços de saúde. Assim sendo, nunca é demais referir, que existe o Manual de Acolhimento no Acesso ao Sistema de Saúde de Cidadãos Estrangeiros que preconiza como objetivo geral disponibilizar um conjunto de orientações que assegurem a identificação e os procedimentos necessários à inscrição e acesso de cidadãos estrangeiros ao sistema de saúde português. Tendo em consideração a conjuntura atual, nomeadamente a chegada de cidadãos estrangeiros, com estatuto de refugiado ao nosso país destaca-se o ponto 3.4 das pág.40 a 42 do referido Manual: Acesso ao sistema de saúde por cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiado ou direito de asilo em Portugal . Nos termos da legislação em vigor, é reconhecido aos requerentes de asilo ou de proteção subsidiária e respetivos membros da família o acesso ao Serviço Nacional de Saúde. O reconhecimento do acesso ao sistema de saúde de todos os requerentes de asilo insere-se dentro das medidas previstas no novo regime jurídico-legal em matéria de asilo e refugiados, no sentido de dotar o sistema nacional de apoio aos requerentes de asilo e refugiados de mecanismos que permitam ao Estado Português assegurar aos requerentes de asilo, até decisão final do pedido, condições de dignidade humana, de forma mais consentânea com normas internacionais a que Portugal aderiu. O artigo 52.º da Lei n.º 27/2008, de 30 de junho, alterada pela Lei nº 26/2014 de 5 de Maio, que estabelece as condições e procedimentos de concessão de asilo ou protecção subsidiária e os estatutos de requerentes de asilo, de refugiados e de protecção subsidiária, reconhece desde o momento da emissão de declaração comprovativa da apresentação do pedido de asilo, o acesso ao sistema de saúde, nos termos fixados pela Portaria nº 30/2001, 17 de Janeiro e Portaria nº 1042/2008, de 15 de setembro. Os requerentes de asilo ou de protecção subsidiária e respectivos membros da família têm acesso gratuito ao sistema de saúde para efeitos de cuidados de urgência, incluindo diagnóstico e terapêutica, e de cuidados de saúde primários, bem como assistência medicamentosa, a prestar pelos serviços de saúde da sua área de residência. Os cuidados de saúde primários referidos anteriormente, cujos encargos são suportados pelo Serviço Nacional de Saúde, incluem: a) A prevenção da doença e promoção da saúde e os cuidados de tipo ambulatório, abrangendo os de clínica geral, maternoinfantis e de planeamento familiar, escolares e geriátricos; b) Cuidados de especialidades, abrangendo nomeadamente as áreas da oftalmologia, da estomatologia, da otorrinolaringologia e da saúde mental; c) Internamentos que não impliquem cuidados diferenciados; d) Elementos complementares de diagnóstico e terapêutica, incluindo a reabilitação; e) Cuidados de enfermagem, incluindo os de visitação domiciliária. www.indice.eu Página 7 Serviço Social e multiculturalidade na saúde (cont.) Para efeitos de acesso ao sistema de saúde, os requerentes de asilo ou de protecção subsidiária e respectivos membros da família deverão ser titulares e portadores de declaração comprovativa de apresentação de um pedido de asilo ou de protecção subsidiária ou de autorização de residência provisória válidos. O reconhecimento aos requerentes de asilo do direito de acesso ao sistema de saúde cessa com a decisão final que recair sobre o seu pedido de asilo, salvo quando, avaliada a situação médica do requerente, esta não permita a sua cessação. Tenha em atenção os seguintes procedimentos no momento de acesso destes cidadãos estrangeiros ao sistema de saúde: a) Pedir um documento de identificação do cidadão estrangeiro (passaporte, cartão de identidade em vigor no seu país de origem). b) Solicitar declaração comprovativa do pedido de asilo ou protecção subsidiária. c) Abrir uma ficha de identificação para o cidadão certificando-se da correta introdução da nacionalidade, da morada e dos meios de contacto Página 8 d) Se este cidadão já possuir uma ficha, confirmar sempre possíveis alterações nos dados, com especial atenção para a morada e meios de contacto. e) Deverá ser utilizado o código referente ao Fluxo 11, para a identificação da Entidade Financeira Responsável (EFR). No âmbito desta matéria e uma vez que estão acolhidos alguns refugiados na freguesia de Leiria, tem sido estabelecida uma articulação entre os serviços da Segurança Social e o Serviço Social do C. S. Dr. Gorjão Henriques, no sentido de melhor acolher e integrar esta população. Mara Cardoso Rita Ferreira Assistentes Sociais da URAPPL Saúde Oral e multiculturalidade A globalização e urbanização do mundo actual têm intensificado as alterações nos níveis de desenvolvimento das sociedades, emergindo novos desafios na área da saúde, em particular na saúde oral (Peterson e Kwan, 2010). Uma parte significativa da população mundial sofre de doenças na cavidade oral, sendo que populações mais desfavorecidas vêm essa situação agravada e frequentemente não recebem tratamentos orais adequados. A promoção da saúde oral e a prevenção das doenças orais é uma área de elevada importância, mas muitas vezes negligenciada, particularmente nos países de média e baixa renda (Peterson e Kwan, 2010). Os tratamentos orais estão no quarto lugar na lista de tratamentos mais dispendiosos em todo o mundo. Alguns estudos têm demonstrado que crianças inseridas em comunidades com fracos recursos ou de minorias étnicas apresentam níveis de cárie mais elevados (Pine et al,2004). Num estudo observacional, descritivo e retrospectivo, foram recolhidos dados acerca de oito sistemas de saúde oral europeus, com vista à compreensão das estratégias definidas e adotadas pelos diferentes países e à análise do tipo de intervenções a ser elaboradas para o alcance das metas de saúde oral definidas pela OMS para o ano 2020. Foram selecionados oito países membros da União Europeia e da mesma área geográfica: Portugal, Espanha, França, Grécia, Holanda, Bélgica, Reino Unido e Suécia. Do levantamento de dados efetuado foi possível constatar que a presença de cárie dentária no ano 2010, em crianças com 12 anos de idade, apresentava uma percentagem mais elevada nas crianças da Grécia (63%), seguidas por Portugal (56%), Holanda (47%), Espanha (45%), Bélgica e França (ambas com 44%). Com menor proporção de crianças afetadas (37% e 31%, respectivamente) surgiram a Suécia e o Reino Unido. Considerando como principal fonte de consulta o European Observatory on Health Systems and Policies, a situação de cada país em estudo, designadamente ao nível das intervenções de saúde oral implementadas, são as seguintes: O Programa de Saúde Global da Organização Mundial de Saúde enfatiza que a saúde oral é uma condição determinante para a qualidade de vida, destacando que a promoção de saúde oral é uma estratégia, que sob o ponto de vista do custo/efectividade, reduz a carga das doenças orais nos sistemas e mantém a saúde oral (WHO, 2008). A cárie dentária continua a ser um problema relevante nos países industrializados, afectando a maioria dos adultos e entre 60 a 90% das crianças em idade escolar (Petersen et al, 2005). É uma doença multifactorial, crónica, prevenível e uma das mais comuns na infância, mantendo-se a susceptibilidade ao longo da vida (Selwitz, Ismail e Pitts, 2007). Vários são os factores que influenciam a prevalência e severidade da doença, nomeadamente os comportamentos (hábitos de higiene oral e alimentação), condições sociais e económicas e predisposição genética, entre outros (Fejerskov, 2004). www.distritonline.pt Página 9 Saúde Oral e multiculturalidade (cont.) Portugal (Barros; Machado; Simões, 2010; Kravitz; Treasure, 2009; DGS, 2005; OMD, 2010) As intervenções de saúde oral estão direcionadas à prestação de cuidados a crianças e a outros grupos prioritários sob negociação entre a Ordem dos Médicos Dentistas e o Estado (DGS). Nos últimos anos vários progressos têm sido alcançados, através do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO), com resultados favoráveis em crianças e adolescentes e posteriormente outros grupos. Beneficiam deste Programa as crianças dos 3 aos 16 anos, as grávidas seguidas no Serviço Nacional de Saúde, os beneficiários do complemento solidário para idosos e os utentes infetados com o vírus do VIH/SIDA. Espanha (García-Armesto; et al., 2010; Kravitz; Treasure, 2009) Desde 1989 existem alguns programas destinados a crianças dos 6 aos 15 anos de idade nas regiões do Pais Basco e Navarra. Posteriormente (2003), surgiu um novo programa desenvolvido nas regiões da Andaluzia e Múrcia que, em 2008 já se encontrava a ser implementado por todo país, este é destinado a crianças a partir dos 6/7 anos de idade. França (Chevreul; et al., 2010; Kravitz; Treasure, 2009) O programa foi inicialmente direcionado a adolescentes com idade entre 15 e 18 anos, e em 2003, foi estendido para adolescentes entre 13 e 15 anos. Assim, o programa que contou com cartas-convite enviadas diretamente para a habitação dos adolescentes, parece ter melhorado condição de saúde oral dos mesmos. A partir de 2007, deveriam começar a ser agendadas, para todas as crianças na escola primária, sessões de prevenção de saúde oral e um exame anual de higiene oral começou a ser oferecido a todas as crianças de 6, 9, 12, 15 e 18 anos (com obrigatoriedade para os 6 e 12 anos de idade). Página 10 http://www.euro.who.int Grécia (Economou, 2010; Kravitz; Treasure, 2009) Desde 2008, está a ser implementado, pelo Ministério da Saúde, um novo Plano de Ação para a Saúde Oral cujo objectivo é desenvolver programas e políticas de promoção de saúde oral, para crianças, adultos empregados, idosos, sem abrigo, refugiados e pessoas portadoras de deficiência. Suécia (Anell; Glenngård; Merkur, 2012; Kravitz; Treasure, 2009) Na Suécia todas as crianças e adolescentes são convocados para um check-up regular, todos os anos ou a cada dois anos (e se necessário receberão tratamento) e todos os pais são aconselhados a ‘inscrever’ os filhos num dentista a partir dos 3 anos de idade. Holanda (Schäfer, 2010; Kravitz; Treasure, 2009) O NMT introduziu o chamado "monitor de saúde dentária" cujo objetivo passa pelo alcance de uma elevada qualidade na prestação de serviços de saúde oral. Após sumarização das variadas linhas de atuação seguidas pelos diferentes países, é possível concluir que de um modo geral, é dado maior relevo a grupos prioritários, principalmente crianças e adolescentes até aos 18 anos de idade. Bélgica (Gerkens; Merkur, 2010; Kravitz; Treasure, 2009) Nos últimos anos tem sido dada maior atenção aos cuidados preventivos, acessibilidade a cuidados de saúde oral e acompanhamento de jovens. Importa evidenciar que de entre os países analisados nenhum apresentou práticas idênticas às desenvolvidas em Portugal, como o cheque-dentista, a referenciação higienista oral e o diagnóstico do cancro oral. Reino Unido (Boyle, 2011; Kravitz; Treasure, 2009) Foram sugeridos programas locais mais para promoção de melhores condições e estados de saúde oral entre as populações locais, incentivo à cessação tabágica, dietas melhoradas e monitorização de comportamentos (escovagem regular com dentífrico fluoretado). Importa lembrar também que as diversas políticas adotadas pelos vários países tentam seguir a evidência gerada. Apesar de existir maior foco em alguns grupos de risco, uma perspetiva que inclua todo o ciclo de vida é fundamental. E todos os países estão, de certa maneira, a desenvolver estratégias nesse sentido. Olga Alves Magda Antunes Higienistas Orais da URAPPL Nutrição e cultura A alimentação é sem dúvida uma das maiores formas de expressão cultural do ser humano. A economia, a política, a geografia, o clima, a etnia e a religião, entre tantos outros factores que condicionam a alimentação, traduzem a sociedade a que cada povo pertence e são bem visíveis à sua mesa. É a cultura que define os alimentos a ingerir e os alimentos a evitar. No projecto “Hungry Planet: what the world eats”, apresentado em livro em 2007, dois fotógrafos (Faith D’Aluisio e Peter Menzel) retratam trinta famílias de todo o mundo junto dos alimentos e bebidas que consomem ao longo de uma semana. Com o objectivo de mostrar a diversidade alimentar, estas imagens reforçam a importância da base cultural na alimentação das diferentes famílias. refeições, por exemplo. Por outro lado, em Cuba alguns dos alimentos ainda são racionados. Países como a China, que atravessam uma situação de desenvolvimento e consequente enriquecimento da população, tendem a adoptar uma dieta mais ocidental. Em contrapartida, em países como os EUA, a elevada disponibilidade e o preço reduzido de alimentos hipercalóricos torna o seu consumo mais frequente, o que não se pode dissociar do aumento da prevalência de obesidade e de outras doenças crónicas não transmissíveis. Contudo, estas diferenças entre os países com maior e menor desenvolvimento tendem a reduzir com a crescente globalização. Este processo, que afecta todos os domínios da vida (as dimensões culturais, económicas, políticas e ambientais), atinge também os padrões de produção e consumo alimentar. O processo de globalização, que teve início há mais de 2000 anos com a expansão da civilização europeia, que teve continuidade mais tarde durante a época dos Descobrimentos e que se acentua a cada dia que passa com o aumento dos movimentos migratórios, permite que nos chegue à mesa um pouco da experiência alimentar proveniente de todos os cantos do Mundo. Mas se, por um lado, esta partilha de culturas enriquece a nossa gastronomia, apresentando-nos diversos e novos paladares, também nos traz, por outro lado, novos hábitos de consumo que põem muitas vezes em risco a saúde dos indivíduos (como o fast food, por exemplo, cujo consumo excessivo Os alimentos apresentados surgem agrupados em diferentes categorias: os alimentos propriamente ditos (carne, lacticínios, leguminosas, etc.) e miscelâneas (incluindo tabaco, suplementos alimentares e ração para animais, entre outros). É possível perceber de imediato que nalgumas famílias muitos dos alimentos são processados – que se torna perceptível pelas embalagens –, enquanto noutras são essencialmente frescos, por vezes resultantes de produção própria ou da caça ou pesca. Da mesma forma, facilmente se percebe que nalgumas famílias os alimentos são abundantes, escasseando noutras. A pobreza, os conflitos e até as alterações climáticas afectam a disponibilidade e o preço de alguns alimentos, condicionando assim o seu consumo. A escassez de recursos essenciais como a água, a energia ou até o solo fértil, constitui uma realidade com a qual, sobretudo os países de baixos rendimentos, têm de lidar diariamente. Em países como o Chade ou o Sudão, a ausência de electricidade condiciona a confecção das LEGENDA: fotos do livro “Hungry Planet: what the world eats”, retratando famílias do Sudão, do Equador, dos EUA e da China. Mais fotos em: http://menzelphoto.photoshelter.com/gallery/Hungry-Planet-Family-Food- Portraits/G0000zmgWvU6SiKM/C0000k7JgEHhEq0w Página 11 Página 11 Nutrição e cultura (cont.) aumenta o risco de obesidade e doença cardiovascular) ou mesmo o equilíbrio dos ecossistemas (o aumento exponencial do consumo de sushi, por exemplo, coloca em risco algumas das espécies de peixe utilizado na sua confecção). Num mundo cada vez mais globalizado, em que as necessidades de uma população cada vez maior têm que ser satisfeitas com recursos essenciais cada vez mais escassos, importa pensar em sustentabilidade. É essencial que as populações preservem a sua herança cultural, aceitando e respeitando as novas culturas que vão surgindo, mas considerando as necessidades de redução do desperdício alimentar e da pegada ecológica associada à produção e transformação dos alimentos. É igualmente essencial repensar comportamentos e escolhas alimentares, no sentido de promover a saúde e o bem-estar das populações. Preocupado com o mais recente fluxo migratório que traz até à Europa (e até Portugal) cidadãos que fogem dos conflitos armados no Médio Oriente e em África, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direcção-Geral da Saúde elaborou em 2015 o manual “Acolhimento de refugiados: Alimentação e Necessidades Nutricionais em Situações de Emergência”. Este manual visa garantir o apoio nutricional adequado às populações em trânsito, que podem ver comprometido o seu acesso a uma alimentação adequada e a cuidados básicos de saúde, num esforço de integração das diferentes culturas nas comunidades locais. O nosso país possui uma cultura alimentar semelhante à dos outros povos da bacia mediterrânica. A Dieta Mediterrânica, classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultu- Página 12 ra (UNESCO), envolve um conjunto de saberes, rituais, símbolos e tradições relacionados com a produção, partilha e consumo de alimentos, e preconiza o consumo abundante de hortícolas, frutícolas e cereais, o consumo moderado de lacticínios e carne e o consumo regular de azeite e vinho. Este padrão alimentar, ao qual foi atribuído o estatuto de “bem frágil, valioso e com necessidade de ser preservado para as gerações futuras”, constitui um dos nossos maiores legados culturais. E como tal, não pode, de forma alguma, perder-se. Carla Louro | 0274N Sónia Rodrigues | 0356N Nutricionistas da URAPPL Referências bibliográficas: Cunha, A. et al – O Futuro da Alimentação: Ambiente, Saúde e Economia. Ed.Fundação Calouste Gulbenkian, 2013. D’Aluisio, F e Menzel, P – Hungry Planet: what the world eats. Ten Speed Press, 2007. Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável – Acolhimento de refugiados: Alimentação e Necessidades Nutricionais em Situações de Emergência. DGS-PNPAS, 2015. Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável – Padrão Alimentar Mediterrânico: Promotor de Saúde. DGS-PNPAS, 2016. Partidário, A. et al – A Dieta Mediterrânica em Portugal: Cultura, Alimentação e Saúde. Faro: Universidade do Algarve, 2014. Prevalência da retinopatia diabética Anualmente em Portugal, mais de 3 mil pessoas atingem o grau de cegueira devido à Retinopatia Diabética, segundo dados da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Alguns destes casos poderiam ser evitados com bom controle metabólico e tratamento atempado da doença, através da realização de rastreios. Um bom controle da diabetes reduz a incidência anual de desenvolvimento de Retinopatia Diabética e prolonga a vida. Detectar a Retinopatia Diabética em estádios de desenvolvimento precoces é extremamente importante quer para o indivíduo, quer para a sociedade. Esta é uma patologia que acomete sobretudo cidadãos na idade adulta e mais produtiva do ponto de vista de laboral, tendo assim repercussões graves para o doente, sua família e também para a economia do país. No nosso país existe um programa de rastreio de Retinopatia Diabética, integrado no Programa Regional de Prevenção e Controlo da Diabetes. Na região Centro (Coimbra, Viseu, Aveiro, Leiria, Covilhã Castelo Branco), através do Programa de Rastreio, foram obtidos os seguintes resultados durante o ano de 2015: A prevalência geral da Retinopatia Diabética é influenciada por diversos factores. Em países ricos em recursos, com um bom sistema de saúde, o diagnóstico da Diabetes é feito precocemente, influenciando assim a diminuição da prevalência da Retinopatia Diabética. Quando os recursos são escassos e o sistema de saúde é inexistente ou deficitário, como acontece em muitos países pobres, o número de casos de Retinopatia Diabética aumenta devido a um diagnóstico tardio da patologia que está na origem desta causa tão grave de cegueira. A realização de rastreios à Retinopatia Diabética permite uma boa relação custobenefício, com poupanças significativas para os sistemas de saúde. Os custos envolvidos na prevenção da doença ocular diabética são muito menores em relação aos custos do tratamento em fases avançadas da doença e implicações da cegueira provocada pela diabetes. Os custos de um tratamento precoce podem ser somente 10% dos custos de um doente com Retinopatia Diabética avançada. Referências: Segundo o Conselho Internacional de Oftalmologia, estima-se que nos Estados Unidos, 40% das pessoas com diabetes tipo 2 e 86% das pessoas com diabetes tipo 1 apresentem Retinopatia Diabética. - Conselho Internacional de Oftalmologia | Diretrizes para o Tratamento do Olho Diabético Em países Asiáticos os dados epidemiológicos da Retinopatia Diabética são muito limitados. - Henriques, J., Nascimento, J. & Silva, F. (2012). 25 perguntas & respostas: Retinopatia Diabética - Novo paradigma e cuidados. Lisboa: Grupo de Estudos da Retina. Na América Latina, 40% dos diabéticos apresentavam alguma Retinopatia Diabética e 17% solicitaram tratamento. No continente Africano foram realizados poucos estudos sobre a Retinopatia Diabética. - GER – Grupo de Estudos de Retina e Grupo Português de Retina e Vítreo da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Dina Mendes Ortoptista da URAPPL Nº Utentes Sexo NA NC 19792 10550 9242 163 954 46,7 % 0,8% 4,8% 19792 M 53,3% F Olho Direito RepeR0 RL tir 1639 190 6 1 5 82,8 0,0% 9,6% % M RP NA NC 356 23 181 1046 1,8 % 0,1 % 0,9% 5,3% Olho Esquerdo ReR0 RL petir 1648 5 1740 2 83,3 0,0% 8,8% % M RP 310 33 1,6% 0,2% Tabela 1 - resultados obtidos durante o rastreio de retinopatia diabética na região Centro, em 2015. LEGENDA: NA – Não Aplicável NC – Não Classificável R0 – Sem Maculopatia RL – Retinopatia não proliferativa ligeira (não referenciável) M – Maculopatia RP - Retinopatia proliferativa Página 13 Multiculturalidade e fisioterapia O CUIDAR MULTICULTURAL NA SAÚDE Os fisioterapeutas, enquanto profissionais de saúde, cuidam de pessoas de diferentes culturas, como tal, para que obtenham sucesso nas suas intervenções devem ser consideradas, entre outras, a sua cultura. Tendo em conta os dados do “Internacional Migration Report 2002”do Departamento das Nações Unidas, o número de migrações duplicou desde os anos de 1970. Cerca de 175 milhões de pessoas residem fora do seu país de origem (Unesco,2006). Numa mesma sociedade podemos encontrar uma grande diversidade cultural associado ao aumento das migrações, aumenta o desafio da prestação de cuidados. Mas afinal o que se entende por cultura? Leininger citado por Bolander,1998 definiu cultura comparando-a a um “guarda-chuva”, termo que indica a acumulação de experiências humanas na sua transformação para uma determinada forma de vida em relação a um grupo de pessoas. confiança e de compreensão entre o utente e os profissionais, o qual passa pelo diálogo, por gestos, atitudes e palavras acessíveis e simples. A falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre as representações e as crenças de saúde e doença do utente/doente e sobre as relações deste com o mundo social, espiritual, cultural pode constituir um entrave ou um recurso. No contato com utentes de contextos culturais distintos, é necessária uma formação psicocultural e comunicacional dos profissionais de saúde. Ramos (2012) propõe a integração de conhecimentos psicossociais, antropológicos e comunicacionais na formação dos profissionais de saúde. A dificuldade ou ineficácia em estabelecer uma relação compreensiva, empática e afetiva pode conduzir a uma atitude de distanciamento do profissional de saúde e este poderá refugiar-se numa relação meramente tecnicista e impessoal com o utente. Em contexto de prestação de cuidados de saúde, torna-se imprescindível o desenvolvimento de competências individuais, comunicacionais, interculturais e de cidadania. A relação com o corpo é outro elemento que causa, por vezes algum desconforto, conflito e dificuldade de comunicação entre utente/fisioterapeuta, uma vez que o gesto, a mímica, o toque, o olhar, o vestuário, a postura, o pudor, variam segundo as pessoas inseridas em cada cultura específica. Como exemplo, na cultura ocidental, o corpo da pessoa e a nudez, em contexto clinico, não tem carácter de tabu e pudor tão acentuado comparativamente à cultura muçulmana. Neste caso, particularmente para as mulheres, estas podem recusar cuidados de saúde efetuados por membros de outro sexo. Ramos (2012) chama a atenção para que a comunicação em contexto de saúde esteja adaptada às capacidades cognitivas, ao nível cultural/educacional; às necessidades individuais, emocionais, sociais, culturais e linguísticas do doente. Nesse sentido a efectividade da comunicação irá suportar-se na escuta ativa, na empatia, para se criar um clima de Pela diversidade de culturas, que caracteriza o perfil de pessoas que atualmente recorrem aos cuidados de saúde, reforça-se a pertinência do profissional de saúde estar dotado de conhecimentos que lhe permitam atuar de acordo com as “normas “culturais e o respeito pela individualidade, quaisquer que sejam as suas crenças ou valores. A multiculturalidade pode referir-se à diferença visível entre pessoas de diferentes grupos de população no que se relaciona com os seus valores, crenças, linguagem, características físicas e padrões gerais de comportamento (Black citado por Contente et al.,2001). Página 14 guiadoestudante.abril.com.br Referências bibliográficas: Ramos,M. Comunicação em saúde e interculturalidade – Perspectivas Teóricas, Metodológicas e Práticas. RECIIS – R.Eletr. de Com. Inf.Inov. Saúde, v.6, nº4, 2012 (recuperado de www.reciis.icict.fiocruz.br); Barradas,A.,Rodrigues,J.&Pereira,M. O cuidar multicultural como estratégia no futuro – Nursing, nº 252 (recuperado de www.forumenfermagem.org/dossier-tecnico/ revistas/item/3548); Ramos, N. Cuidados de saúde e comunicação na sociedade multicultural: discutindo interculturalidade (s),práticas e políticas em saúde. Health Care and Communication in Multicultural Societies: Discussion Interculturalities, Practices and politics of health (recuperado de W:\artigo 2.htm); Braga,G. (1997). Enfermagem transcultural e as crenças, valores e práticas do povo cigano. Revista escola Enfermagem USP,3 (31),pp.1. Fisioterapeutas da URAPPL Atividades Relevantes A URAP Pinhal Litoral inclui na sua missão a promoção da saúde e a prevenção da doença na população da sua área geográfica, para obtenção de ganhos em saúde sustentáveis ao longo do ciclo de vida, pelo que o trabalho em equipa e na comunidade, em geometrias variáveis, se torna essencial. Procura ainda o desenvolvimento profissional e humano da sua equipa de profissionais. Nesse contexto foram desenvolvidas múltiplas actividades, como as que descrevemos em seguida. 24.09.2015_Dia da URAPPL O SEGUNDO ANIVERSÁRIO DA URAPPL Teve lugar no dia 24 de Nesse sentido, foi ainda programada uma actividade setembro de 2016 o cultural, neste ano, no concelho de Pombal, permi- segundo aniversário da tindo a descentralização e a partilha de um maior nossa unidade. conhecimento das áreas de abrangência e dos con- Neste contexto, integra- textos profissionais dos diferentes elementos da do num dos pontos da Unidade. S.M. reunião interna, foi desenvolvida a análise crítica dos dois primeiros anos de constituição e desenvolvimento da Unidade, bem como atividades de team building, pontuadas pela reflexão pessoal de cada um dos profissionais e pelo fortalecimento dos laços profissionais. 10 e 11.09.2015_Ciclo Informativo Prevenção do Suicídio nos Jovens A Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral do ACeS Pinhal Litoral, com o apoio do Município de Pombal, e com a colaboração do neuropsicólogo Daniel Martins, organizou o Ciclo Informativo "Prevenção do Suicídio nos Jovens", nos dias 10 e 11 de setembro, pelas 18h00, no Mini Auditório do Teatro-Cine de Pombal. Enquadrado no Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, o ciclo teve como finalidade consciencializar e debater sobre a problemática, tendo sido abordados sinais de alerta e sintomas, estratégias de intervenção, prevenção em meio escolar e promoção da saúde mental nos jovens, através de comunicações de profissionais de saúde das áreas de medicina, psicologia e enfermagem de saúde mental. Destinado à população em geral – pais e cuidadores – e a profissionais com intervenção em matérias da juventude, contou com 60 participantes, com idades compreendidas entre os 21 e os 56 anos, do concelho de Pombal e outros concelhos adjacentes, das áreas de educação, saúde, sociais e a título pessoal, com uma avaliação bastante positiva por parte dos mesmos, a par da presença nos media. Porque juntos somos mais fortes (IASP). S.M. Página 15 Atividades Relevantes 2015-2016_Saúde Oral O Programa Nacional de promoção da Saúde No novo Centro Escolar da Barreira, foi imple- Oral (PNPSO) continua em curso em todas as esco- mentada a escovagem diária (realizada na escola) las da área de abrangência do Centro de Saúde. pela higienista oral Olga Alves com a preciosa cola- No corrente ano lectivo (2015-2016), são abrangidas as crianças/jovens nascidas em 2008, 2005 e 2002. As triagens/rastreios orais, sessões de educação para a saúde e promoção da realização dos bochechos de flúor são atividades desenvolvidas pela Higienista Oral em contexto escolar. Página 16 boração da Prof.ª Isabel Silva (coordenadora daquele estabelecimento de ensino). De salientar a execução dos suportes para as escovas de dentes pelos alunos e professores (as). Um bem-haja a estas iniciativas e colaboração dos professores, auxiliares de educação e encarregados de educação envolvidos em prol da Saúde Oral das “nossas crianças”. O.A. Atividades Relevantes 09 a 12.2015_Parentalidade Positiva Ao logo de todo o ano decorre o curso "Somos Pais e Agora?”, integrado no programa no âmbito da Parentalidade Positiva da Unidade de Cuidados da Comunidade do Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio (UCCAS). O programa contem 12 sessões duas das quais são da dinamizadas pela psicóloga Lina Duarte e abordam os temas da Vinculação, dos modelos parentais e da assertividade. Neste âmbito estiveram presentes novos grupos de pais, nos dias 15 e 22 de Setembro, 27 de outubro, 3 de novembro e 22 de dezembro de 2015, na junta de freguesia de Marrazes, onde decorrem as sessões, uma vez que a UCCAS tem pareceria com a mesma, para o efeito. L.D. 10.11.2015_Dia Mundial da Saúde Mental DIGNIDADE NA SAÚDE MENTAL (WFMH) Dada a manifestação de interesse do Agrupamento de Escolas de Pombal e dos professores na continuidade das atividades desenvolvidas no ano anterior, foram criadas novas apresentações, mantendo a metodologia de apoio aos professores para desenvolvimento de atividade no âmbito curricular. Destinado ao 1º ciclo do ensino básico, foram abordados temas para a promoção de consciência emocional, gestão das emoções, prestar apoio e pedido de ajuda. Relativamente ao 2º ciclo, tendo por base a plataforma online “Feliz Mente” em saúde mental para jovens, foram abordados pelos professores os temas de saúde mental, problemas ligados ao álcool e perturbações do comportamento alimentar. Ambas as metodologias contaram com a participação ativa de alunos e professores. Foi ainda divulgado documento com o tema deste ano alusivo ao Dia Mundial da Saúde Mental - Dignidade na Saúde Mental (WFMH). S.M. Página 17 Atividades Relevantes 16.10.2015_Dia Mundial da Alimentação Comemorou-se no dia 16 de Outubro o Dia Mundial da Alimentação. O tema “Protecção social e agricultura: quebrar o ciclo da pobreza rural”, definido pela Food and Agricultural Organization (FAO) para 2015, teve como objectivo a sensibilização para o apoio em situações de pobreza, observadas sobretudo em contexto rural, um pouco por todo o Mundo. Foi difundida pelos profissionais de saúde do ACESPL informação alusiva ao tema pelas nutricionistas Carla Louro e Sónia Rodrigues. S.R. 12-16.10.2015_Semana da Alimentação na EB 2,3 Marrazes No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, comemorado no dia 16 de Outubro, celebrou-se na EB 2,3 Marrazes a semana da alimentação, em parceria com a UCC Dr. Arnaldo Sampaio. Ao longo da semana foram desenvolvidas várias actividades envolvendo toda a comunidade escolar, onde se incluiu o workshop “Confecção de lanches saudáveis”, que contou com a colaboração da nutricionista Sónia Rodrigues. S.R. Página 18 Atividades Relevantes 14.11.2015_Dia Mundial da Diabetes No dia 14 de Novembro comemorou-se o Dia Mundial da Diabetes. Neste âmbito, foi difundida junto dos profissionais de saúde do ACESPL informação relativa a esta comemoração, pelas nutricionistas Sónia Rodrigues e Carla Louro, reforçando a importância de todos os profissionais dos Cuidados de Saúde Primários na prevenção e controlo desta doença, que afecta mais de 13% da população portuguesa. S.R. 14 e 16.11.2015_A implementação do teste rápido do VIH nos CS Teve lugar nos dias 14 de Setembro e 16 de novembro de 2015, no âmbito do Programa VIH/SIDA a ação " A implementação do teste rápido do VIH nos Centros de Saúde", no Departamento de Formação da ARSCentro. De entre os formadores desta acção, esteve a psicóloga Lina Duarte, desenvolvendo as questões do aconselhamento pré e pós-teste, pela sua larga experiência nesta área, tendo em conta que coordena o Centro de Aconselhamento e Detecção precoce do HIV/SIDA de Leiria, desde a sua abertura em 2001. A formação foi dirigida a Profissionais de Saúde de diversos Centros de Saúde da ARS Centro, pois perspectiva-se a implementação dos teste rápidos em todos os Centros de Saúde do país, como meio da Direcção Geral da Saúde atingir um dos seus objectivos neste âmbito, mais concretamente, alcançar até 2020 os denominados “90-90-90”: 90% das pessoas a viver com VIH que sabem do seu estadio; 90% das pessoas que sabem do seu estadio positivo a realizar tratamento; e 90% das pessoas em tratamento com cargas virais suprimidas. L.D. Página 19 Atividades Relevantes 12.2015_Poster “Alongamentos no trabalho” No âmbito de orientação de estágios de Fisioterapia nos cuidados de saúde primários, os alunos estagiários do 3º Ano da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra Carina Martins e João Rolim elaboraram em dezembro sob a orientação da fisioterapeuta Carla Lemos, poster alusivo a alongamentos no local de trabalho, sem prejuízo do tempo de trabalho e com benefícios em saúde e no desempenho, a divulgar pelos profissionais do ACES PL. C.L. Página 20 Atividades Relevantes 18.01.2016_Projeto “Gerações”_ARS Centro A ARS Centro no âmbito da Saúde Escolar (SE) e a Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD), em parceria com a Direcção –Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) do Centro, pretendem implementar um projecto na área da Saúde Mental, intitulado “Gerações”. O Centro de Saúde da Marinha Grande, ao nível do programa de Saúde Escolar da Unidade de Saúde Pública e da Unidade de Cuidados na Comunidade foi um dos escolhidos para projecto piloto, a implementar no ano lectivo em curso, e por isso a psicóloga Lina Duarte, esteve presente no dia 18.01.2016 na primeira reunião decorrida na ARS Centro para este propósito, bem como na formação realizada na Escola Calazans Duarte da Marinha Grande nos dias 29 de fevereiro e 2 de março, como elemento da referida equipa. L.D. O objetivo deste projecto consiste em promover competências nas crianças do pré-escolar e 1º ciclo, através da identificação e gestão das emoções básicas, desenvolvendo atividades que envolvem as crianças, pais e educadores e em que a metodologia utilizada é através da exploração de histórias. 2015-2016_Projetos em Saúde Escolar_ARS Centro A URAP PL em colaboração com as respetivas UCC´s encontra-se a desenvolver no âmbito da Saúde Escolar, no presente ano letivo, os seguintes projetos integrados na ARS Centro, em parceria com respetivas Instituições: Conta, Peso e Medida (ARSC) destinado a alunos do 5º ano e comunidade educativa, na área da alimentação saudável e combate à obesidade, com a colaboração dos profissionais de nutrição e psicologia (Pombal); +Contigo—Promoção de saúde mental e prevenção de comportamentos suicidários em meio educativo (ESEC) destinado a alunos do 2º ensino básico e comunidade educativa, na área de saúde mental, com a colaboração dos profissionais de psicologia (Leiria, Marinha Grande e Pombal); Like Saúde—Programa de Prevenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (DICAD/ CRI de Leiria), destinado a alunos do 2º ciclo do ensino básico, na área da prevenção de consumo de substâncias, com a colaboração do profissional de Psicologia (Pombal). Estes projetos ilustram uma vez mais a sinergia entre os cuidados na comunidade e os recursos partilhados, nas áreas de promoção da saúde e prevenção nos jovens em meio escolar. S.M. Página 21 Notícias Cessação de funções do coordenador da URAP Pinhal Litoral Nomeado a 27 de março de 2013 como coordenador da URAP Pinhal Litoral, Emanuel Vital conclui este ano o seu mandato de três anos. A Exma. Sra. Diretora Executiva do ACESPL aceitou a intenção manifestada de não continuidade naquele cargo, devendo nomear, nos termos da legislação aplicável, novo coordenador. O nosso agradecimento a Emanuel Vital, pela exímia coordenação da Unidade, na fase da sua constituição e desenvolvimento; pelas suas qualidades humanas e profissionais; pelo respeito pela autonomia das diferentes áreas profissionais mas sempre com a sua reflexão crítica e apoio; pelo incentivo das melhores qualidades de cada um dos elementos da equipa, criando mais valor; pelos haiku e fotografia, a arte com que inspirou cada reunião... Bem haja. S.M. Chidhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) O WHO European Chidhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) é um projeto da Organização Mundial de Saúde – Europa, que envolve 30 países (onde Portugal se inclui) e cujo objetivo é a monitorização da evolução da obesidade infantil. Em Portugal já ocorreram três avaliações (em 2008, 2010 e 2013), estando a iniciar-se actualmente uma nova avaliação. No ACES Pinhal Litoral o trabalho de campo estará, à semelhança do ocorrido nos anos anteriores, a cargo das nutricionistas Sónia Rodrigues e Carla Louro e das enfermeiras Fátima Soares e Dina Pascoal. Página 22 Estão disponíveis informações referentes às últimas avaliações no site do Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde, em: http://repositorio.insa.pt/simple-search? query=COSI&sort_by=score&order=desc&rpp=10&etal =0&filtername=subject&filterquery=COSI+Portugal &filtertype=equals S.R. Notícias “História de uma princesa obesa e de um dragão que cuspia bolas de sabão” Em Portugal, uma em cada três crianças em idade escolar tem excesso de peso ou obesidade. Um número preocupante, sobretudo se considerarmos todas as co-morbilidades associadas que afectam a qualidade de vida destes indivíduos, não só enquanto crianças, mas também mais tarde, na vida adulta. A etiologia da obesidade é complexa e multifactorial, desempenhando os estilos de vida adoptados pelas famílias um papel fulcral. O sedentarismo e o consumo frequente de alimentos hipercalóricos, ricos em sal, gordura e açúcar, são factores determinantes para o surgimento desta doença. Importa em primeiro lugar definir a obesidade enquanto doença! Uma criança obesa não é “cheiinha”, “fortezinha” nem “gordinha”. É sim portadora de uma doença, que a afecta física e psicologicamente, mas que tem tratamento. Em seguida há que sensibilizar para a colaboração de familiares e amigos no tratamento desta doença. Finalmente há que munir todos os intervenientes das ferramentas adequadas. E aqui o papel do nutricionista é fundamental, para a elaboração de um plano alimentar adequado a cada criança (e à sua família). Todos estes passos são abordados no livro “História de uma princesa obesa e de um dragão que cuspia bolas de sabão”, de forma lúdica, para que pais e filhos reconheçam esta doença e actuem na sua prevenção e tratamento precoce. Porque a obesidade é um legado que nenhum rei ou rainha que deixar aos seus pequenos príncipes ou princesas... Mais informações em: www.historiadeumaprincesaobesa.com S.R. Página 23 Notícias Programa Nacional para a Saúde, Literacia e Autocuidados A literacia em saúde é entendida como a e) qualificação e promoção da literacia em capacidade para tomar decisões informadas saúde nos espaços de atendimento do sobre a saúde, no quotidiano. Inclui temáti- SNS; cas tão distintas quanto a utilização racional e segura do medicamento, o envelhecimento activo, a prática de uma alimentação saudável ou a prevenção da doença. f) navegabilidade no SNS e no sistema de saúde português. A coordenação deste programa está a cargo da Direcção-Geral da Saúde (a nível nacio- Portugal, à semelhança de outros países nal), dos departamentos regionais de Saúde europeus, apresenta uma baixa literacia em Pública (a nível regional) e das Unidades de saúde, o que pode comprometer a promo- Saúde Pública (a nível local). ção e protecção da saúde dos cidadãos e a eficiência dos cuidados de saúde prestados, pondo assim em causa a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde. Com vista à minimização desta problemática, o governo deliberou a criação do Programa A URAPPL, enquanto unidade multidisciplinar do ACESPL, espera poder contribuir para a implementação com sucesso deste programa junto da população portuguesa. Mais informações sobre o programa em: Nacional para a Saúde, Literacia e Autocui- https://www.sns.gov.pt/programa-nacional- dados. educacao-literacia-e-autocuidados/ Este programa visa contribuir para a melho- S.R. ria da educação para a saúde, literacia e autocuidados da população, promover o acesso a informação de qualidade, desenvolver novos projectos e instrumentos e divulgar boas práticas. No âmbito deste programa, serão desenvolvidos no período 2016-2017 diversos projectos: a) rede inteligente para a promoção da literacia em saúde; b) vida activa; c) jovem móvel; d) envelhecimento, autocuidados e cuidadores informais; Página 24 LEGENDA - microsite do PNSLA, no site do Serviço Nacional de Saúde. Notícias V Jornadas URAP PLANEAR PARA AGIR: BOAS PRÁTICAS E QUALIDADE No dia 30 de Setembro de 2015, decorreram as V Jornadas URAP, sob a organização da ARS Norte, no Centro de Reabilitação do Norte, em Valadares. Decorridos os primeiros 5 anos de reflexão em jornadas de âmbito nacional, foram neste ano discutidos temas como os desafios para as URAP no futuro, os contributos das URAP para sustentabilidade e qualidade no serviço nacional de saúde e, a um nível mais prático, o processo de contratualização, projetos do SPMS e SClÍnico. O grande desafio decorre da heterogeneidade das equipas a nível nacional, sendo que de URAPs distintas, pode-se partir da capacidade e potencial que cada Unidade apresenta. No que concerne os demais desafios, emerge o papel que as URAP podem desempenhar nas ligações funcionais hospitalares, na articulação e continuidade dos cuidados e na prevenção das doenças crónicas, nomeadamente nos eixos e programas prioritário do Plano Nacional de Saúde, extensão 2020. A URAPPL esteve representada no painel dedicado à apresentação de comunicações orais, com a comunicação Experiência da ligação funcional hospitalar Pediatria – Psicologia, do Centro Hospitalar de Leiria, EPE, Hospital Distrital de Pombal e ACeS Pinhal Litoral, URAP Pinhal Litoral, de co-autoria da psicóloga Sónia Mira (URAP PL) e da pediatra Dr.ª Helena Porfírio (CHL), à qual foi atribuído o 1º Prémio de Comunicação Oral, ao constituir um exemplo de boas práticas ao nível de ligação funcional hospitalar e metodologia. Ambos o processo de contratualização e o desenvolvimento de sistemas de informação encontram-se em fase de desenvolvimento, com potencialidades enquanto instrumentos de gestão, registo clínico e visão clínica integrada, avaliação e melhoria contínuas. Foi ainda salientada a potencialidade das URAP na contribuição para os eixos estratégicos de Governação Clínica e Qualidade em Saúde. Do ponto de vista das ARS, foi salientada a importância do reforço dos cuidados primários de saúde e dos cuidados continuados, do aumento da qualidade e eficiência dos serviços e da aposta na prevenção e promoção da saúde, onde o retorno em termos de custo-eficácia é significativo. As URAP podem contribuir para uma utilização mais eficiente de recursos através da partilha e sinergias de trabalho com demais equipas de saúde e recursos intersectoriais na comunidade. Sobretudo, podem contribuir com o seu potencial ao nível da promoção da saúde e prevenção da doença, acessibilidade, articulação entre os níveis de cuidados de saúde e qualidade. S.M. Página 25 Notícias Conferência 2015 VIH BOAS NOVAS SOBRE A INFECÇÃO VIH/SIDA: “2030 PORTUGAL UM PAÍS SEM SIDA” Erradicar o VIH/SIDA até 2020, com uma meta alargada para 2030, são os grandes objectivos da UNAIDS no mundo, ECDC na europa e claro, também na linha da frente, do PNIVIH/SIDA da DGS em Portugal. O CAD de Leiria esteve presente na Conferência 2015 “VIH: Prevenir Sempre, Diagnosticar Cedo, Tratar Todos”, organizado pelo Programa Nacional para a Infecção VIH/SIDA (PNIVIH/Sida) da Direcção Geral de Saúde (DGS), nos dias 20 e 21 de Novembro, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas em Lisboa, onde foi apresentado o Relatório “Portugal, Infecção pelo VIH-SIDA e Tuberculose em números - 2015”,disponível no sítio da internet da DGS. Organizado em seis mesas repartidas por dois dias, onde se trataram dos números da infecção VIH-SIDA e Tuberculose em 2015, em Portugal, na Europa e no Mundo, da prevenção primária e diagnóstico precoce, do Tratamento e da Profilaxia Pré exposição (PrEP). Os grandes objectivos para 2030 passam por zero mortes, zero transmissões e zero discriminações, a fim de se conseguir um “mundo”, onde se inclui naturalmente Portugal na linha da frente, sem SIDA e sem tuberculose, deixando estas infecções de serem uma ameaça para a saúde Pública. Para isso, traça-se um objectivo para 2020 de 90% de diagnósticos efectuados, 90% de portadores de VIH em tratamento e 90 % de infectados em supressão viral. Em primeiro lugar, tratar todos os doentes diagnosticados, independentemente da contagem de linfócitos T CD4 Página 26 e tratar continuadamente outras IST´s interligadas, bem como infecções associadas. Para tal, é necessário melhores formas de actuação como, disponibilizar tratamento aos utentes para 90 dias, que diminuiria consultas e deslocações aos hospitais, com tempo máximo de espera para consulta não superior a sete dias. Para além disso, segundo o Coordenador do PNIVIH/SIDA Dr. António Diniz é necessário um aconselhamento útil, preciso e eficaz, para uma boa prevenção da doença, promoção da saúde e para se conseguir um travão da epidemiologia e ampliar no PNIVIH/SIDA a possibilidade de rastreio a outras IST´s. No mundo existem 36,9 milhões de infectados, 25,8 milhões no continente africano, sendo o número de infectados em Portugal de 59 365 indivíduos, notificados até 2015, segundo Teymour Noori do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Como política de combate a esta infecção pelo VIH/SIDA, será importante o acesso a tratamento de todos os infectados, após diagnóstico, sem descurar a grande preocupação do subdiagnóstico calculado em cerca de 30% e a ainda existência por isso, de elevado número de diagnósticos tardios. A implementação e generalização do teste rápido é outra medida importante, para que exista um maior, melhor e mais fácil acesso da população, de forma desburocratizada, à possibilidade de fazer o teste, para que no caso de detecção, seja possível uma intervenção imediata, no intuito de ser possível iniciar medicação, independente da contagem dos Linfócitos T CD4. Por outro lado, a continuação da política de distribuição de preservativos e locais com bons aconselhamentos e trabalho de detecção precoce, nomeadamente através da sensibilização. Iniciou-se um importante avanço para o estudo do uso da Profilaxia Pré exposição considerada altamente eficaz, uma vez que segundo dados do ECDC, reduz a possibilidade de infecção em 86%. Dado que, o objectivo é tratar toda a gente, conseguir uma supressão viral através da introdução da terapia anti retrovírica (TARv), o mais precocemente possível em indivíduos diagnosticados, com o intuito de se conseguir uma carga viral indetectável, sendo o risco de transmissão muito menor, contribuiria fortemente para o objectivo de minimizar a transmissão e suprimir as mortes provocadas por esta infecção. Foram levantadas também várias dificuldades como, ao nível dos cuidados de saúde primários, o facto desta infecção pelo VIH/SIDA ainda não ser contemplada nos indicadores de contratualização das USF´s e UCSP´s com as administrações Regionais de Saúde, a um nível global a existência de uma cascata de dados ainda com dificuldades na sua constante actualização, pela dispersão desses dados e da dificuldade de relacionar os sistemas informáticos, acrescentando a complexidade e morosidade na avaliação de medicamentos e sua implementação nos hospitais, em media em Portugal de 2,5 anos, não esquecendo claro está, as dificuldades económicas que se vive no país para suportar estas implementações. T.C. Notícias II Workshop “Voluntariado para a Pessoa Idosa” Pelo segundo ano consecutivo, e prosseguindo o trabalho desenvolvido pela Equipa para a Pessoa Idosa em Isolamento (EPII) do Conselho Local de Ação Social da Rede Social de Leiria realizou-se no dia 4 de dezembro de 2015, o II Workshop “Voluntariado para a Pessoa Idosa” no Estádio Dr. Magalhães Pessoa (Porta 7), destinado aos Grupos de Voluntariado do Concelho que colaboram com a EPII e voluntários do Banco Local de Voluntariado de Leiria. A Equipa é constituída pelas seguintes identidades: ACES PL/URAP PL/Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio – Dra. Mara Cardoso; Instituto de Segurança Social, IP - Centro Distrital de Leiria – Dra. Delfina Chita; Município de Leiria – Dra. Carla Feliciano; Representante no CLASL dos Centros de Dia Centro de Assistência Paroquial de Carvide – Dra. Carla Crespo; Representante no CLASL dos Serviços de Apoio Domiciliário – ADESBA (Associação de Desenvolvimento de Barreira) – Dra. Diana Leitão; Representante no CLASL dos Lares de Idosos Academia Cultural e Social da Maceira Dra. Liliana Santos; Polícia de Segurança Pública – Agente Principal Teresa Franco; Guarda Nacional Republica – Guarda Principal Sandra Fonseca. Pretendeu-se com este encontro, não só dar conhecimento do trabalho desta parceria, como também alertar os voluntários para a importância do trabalho de proximidade, abordando questões que são cada vez mais atuais, donde se podem adquirir aprendizagens, facilitadoras com a população idosa. Aproveito para agradecer, em nome de toda a Equipa, todo o incentivo recebido por parte das entidades envolvidas, e em particular à entidade que represento, o Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral que além de nos presentear com a sua presença, a Diretora Executiva Dra. Isabel Poças e o Coordenador da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral Dr. Emanuel Vital, nos dirigiram palavras de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. M.C. Página 27 Notícias Parabéns UCC’s! — Encontros 15.10.2015_1º Aniversário da UCC de Pombal No dia 15 de outubro de 2016 ocorreu o 1º Aniversário da Unidade de Cuidados na Comunidade de Pombal, “Quem somos e o que fazemos pela Saúde da nossa Comunidade”, no Teatro-Cine de Pombal. Foram apresentados a UCC de Pombal, a articulação com a URAP PL e os programas e projectos desenvolvidos por esta Unidade ao longo do ciclo de vida. Integrou comunicações orais do Coordenador da URAP PL, da fisioterapeuta Carla Lemos sobre o projecto de Ajudas Técnicas e da assistente social Ana Sofia Jesus, em co-autoria com a Presidente da CPCJ de Pombal, sobre a articulação entre a saúde e a Comissão de Protecção. Contou com a presença da Direcção do ACES PL, da ERA da ARSC e de um número significativo de participantes e parceiros da comunidade. O ambiente foi de partilha, onde não faltaram afectos. S.M. 15.01.2016_2º Encontro da UCC Dr. Arnaldo Sampaio Teve lugar no dia 15 de janeiro de 2016 o 2º encontro da Unidade de Cuidados na Comunidade Dr. Arnaldo Sampaio, intitulado “Construindo pontes pela comunidade”. A multidisciplinaridade da equipa, as pontes com a comunidade escolar e a parentalidade positiva foram alguns dos temas abordados ao longo do encontro. Alguns elementos da URAPPL, que colaboram regularmente com a UCCAS, fizeram parte da comissão organizadora deste evento, que recebeu cerca de 100 participantes no auditório do Instituto Português do Desporto e da Juventude, em Leiria. Todos estiveram de parabéns. S.R. 23.02.2016_2º Aniversário da UCC da Marinha Grande Decorreu no dia 23 de fevereiro de 2016 o 2º Aniversário da Unidade de Cuidados na Comunidade da Marinha Grande. As comemorações foram assinaladas com a realização de palestras e atividades várias, sobre diversos temas no âmbito da promoção dos cuidados de saúde e da prevenção da doença, realizadas em diversos locais da comunidade local. Neste âmbito, a psicóloga Lina Duarte dinamizou com a enfermeira Coordenadora Ana Laura Baridó, na Biblioteca Municipal, uma palestra sobre os Direitos das Crianças e a Prevenção dos Maus Tratos, aberta à população em geral e esteve também como co-adjuvante na dinamização de uma sessão de "Yoga do Riso" para população em geral e para os funcionários da Camara municipal da Marinha Grande, no Auditório da Resinagem. Ambas as acções tiveram grande aderência e foram bem sucedidas. L.D. Página 28 Crónica Será pedir muito que falem comigo? Olá bom dia!... e… do outro lado…, nada. Bom dia! Repito. No outro dia, vi numa dessas páginas das redes sociais um preçário que dizia, um café 1 €; bom dia, quero um café 0,80 €; bom dia quero um café, se faz favor, 0,60€. Não obstante, lembrei-me e disse, desculpe, quero um café por favor, se possível? É claro. Podia ser que resultasse e o café me saísse mais barato. Mas do outro lado, ausência de resposta por surdez ou mudez, não sei bem. Era ainda muito cedo para pensamentos profundos e raciocínios complexos para elaborar tais diagnósticos. Olho para ela e ela, impávida e serena, não sei bem, nem sei se olha para mim. Mas eu, olho para ela. Que raio! Não me responde…, nada. Nem bom dia nem boa tarde, continua inexpressiva, mas insisto. (…) Por favor, é possível servir-me um café? Nada. Olho para a sua colega do lado, que tem uma expressão não menos idêntica e menciono, desculpe! Quero um pão com manteiga para tomar com o meu café, se faz favor! Claro está, também se usa. Faço uma pausa e penso (…), devem estar contra mim, (…) activando o meu lado mais paranóide. Será que fiz alguma coisa? Que as tratei mal? (…) Se calhar estou com mau aspecto? Ou será que noutro dia me esqueci de pagar e fuime? (…) Olho para ela ali especada e, vendo bem, reparo que realmente não tem pão com manteiga. Que burro que eu sou, deve ser por isso(???), se calhar não lhe apetece trabalhar e fazer um. Pronto está bem! Exclamo com o meu olhar mais convictamente inteligente e com compreensão e benemérito samaritano! Dê-me o croissant misto que está ali atrás…, se faz favor. Em vez do pão, claro! Sempre com delicadeza, cortesia e boa educação. Ah Ah…, com esta é que eu vos apanhei. Espero (…), olho e (…), nada. Temo que o mal não seja meu mas, incomodo-me porque, (…) posso não estar a aceitar as diferenças entre desiguais, mas…, nem café, nem pão com manteiga, nem mesmo o croissant misto. Saca-o e diz, é simples meu caro, não penses tanto e segue só as instruções. Enfim, não percebo nada disto. Arrisco? Esqueço o croissant, encho-me de coragem e de forma muito contrariada, enfio-lhe 50 cêntimos goela abaixo, carrego nos botões e (…), barulho idêntico. Nem mais um som. Filha da mãe, ficou-me com o troco. Tiago Caldeira Psicólogo da URAPPL E agora? Que faço eu? Vou-me embora? e não tomo o meu pequeno-almoço? Além de mal-educadas e rudes, porque não falam com as pessoas, também não fazem nada, nem se mexem (…) vem-me á cabeça! (…) Não percebo quem as contratou, ou (…), será que estão aqui por tendências sádicas e exibicionistas a apurar o masoquismo voyeurista dos esfomeados “desertos” por um pequeno-almoço. Bênção de deus, e “Vital” que passa, qual alma vinda dos céus, (…), saca de 30 cêntimos, enfia na ranhura, carrega em dois botões e eis um barulho muito esquisito e pestilento de uma ordenha nunca vista, a desenhar tão almejado por mim (…)café. Página 29 A equipa Emanuel Vital Coordenador da URAPPL Ana Sofia Jesus Mara Cardoso Rita Ferreira Susana Lopes Assistente Social Assistente Social Assistente Social Assistente Social Carla Lemos Conceição Frazão Diana Carvalho Emanuel Vital Fisioterapeuta Fisioterapeuta Fisioterapeuta Fisioterapeuta Magda Antunes Olga Alves Higienista Oral Higienista Oral Carla Louro Sónia Rodrigues Dina Mendes Nutricionista Nutricionista Ortoptista Lina Duarte Sónia Mira Tiago Caldeira Psicóloga Psicóloga Psicólogo Isabel Batista Mário Repolho Radiologista Radiologista Página 30 FICHA TÉCNICA Propriedade: Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral do Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral Edição: Sónia Mira e Sónia Rodrigues Grupo de Informação e Imagem da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados Pinhal Litoral Distribuição gratuita. UNIDADE DE RECURSOS ASSISTENCIAIS PARTILHADOS PINHAL LITORAL Sede: Centro de Saúde Marinha Grande Rua Engº Arala Pinto 2430-069 Marinha Grande 244 572 920 Página 31