Condições da qualidade do leite são alvos de discussões no
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Condições da qualidade do leite são alvos de discussões no
Condições da qualidade do leite são alvos de discussões no Congresso do Leite em RO { 07/11/2013 } O segundo painel “Qualidade do Leite e Segurança Alimentar”, do XIII Simpósio de Sustentabilidade da Atividade Leiteira, trouxe aos participantes do XII Congresso Internacional do Leite o retrato da pecuária leiteira em Rondônia. A pesquisadora da Embrapa Rondônia, Juliana Alves Dias, lembrou o grande aumento produtivo vivido na década de 1990 no estado, que não foi acompanhado pelo crescimento em qualidade. Medidas neste sentido vieram somente em 2007, em atenção à legislação nacional IN 51 do MAPA. A cadeia produtiva do leite se destaca como uma atividade econômica em ascensão nos estados do Norte, respondendo por 5,2% do total da produção brasileira. Com mais de 700 milhões de litros de leite/ano, Rondônia é o maior produtor, sendo responsável por 42% do leite da região. A microrregião de Ji-Paraná se destaca como a mais produtiva, seguida de Jaru. O foco agora é redução dos limites de contagem de célula somática (CCS) e contagem bacteriana total (CBT), índices cujo controle tem relação direta com os procedimentos e a higiene na ordenha. De acordo com a Instrução Normativa IN 62, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, a região Norte do país tem até 2015 para atingir o nível máximo de 600 mil CCS/ml, que será substituído por um patamar ainda menor nos anos seguintes. Estudo de 2011, na microrregião de Ji-Paraná, apontou que 96% dos rebanhos já estavam adequados ao nível proposto. Outros fatores corroboraram para o desenvolvimento do setor. A melhoria das estradas e a construção de pontes facilitaram a coleta do leite nas fazendas e a aquisição de tanques comunitários garantiu o resfriamento adequado do produto coletado. Apesar disto, ainda é um entrave a falta de fornecimento de energia elétrica em algumas localidades. De 2000 a 2011, dobrou a quantidade produzida de leite formal em Rondônia e, em 2012, 85% dos rebanhos estavam sendo vacinados contra brucelose e tuberculose. Como resultado, foram observados apenas três focos de brucelose no ano e, desde 2008, não são registrados focos de tuberculose. No entanto, grandes desafios ainda tornam distante a obtenção da qualidade, como o baixo nível de instrução do produtor rural. Cerca de 40% são analfabetos e 42% tem apenas ensino fundamental. “A falta de instrução dificulta o trabalho de transferência das tecnologias, que ainda é carente de estratégias mais efetivas”, explica Juliana. São poucas as indústrias laticinistas próximas às bacias leiteiras e a interação produtor/indústria é baixa. Além disso, a cultura de cooperativismo e associativismo não está fomentada e a oferta de serviços de assistência técnica e extensão rural não supre a demanda. Ainda é baixa a utilização de inseminação artificial e da ordenha mecânica. Com grande parte dos currais descobertos, a ordenha é manual, com bezerro ao pé e poucos cuidados de higiene, resultando na coleta de um leite com baixa qualidade. “Se não controlarmos a microbiota do leite na produção, depois não é possível corrigir tudo. Há toxinas que não são eliminadas nem mesmo no processo de UHT”, comenta o professor Antônio Fernandes de Carvalho, da Universidade Federal de Viçosa. Ele completa: “o cuidado na ordenha e na armazenagem torna-se ainda mais importante Quality Consultants Of New Zealand Alameda do Ingá, 840 sala 605 – CEP 34.000-000 – Nova Lima – Minas Gerais CNPJ 07.265.160/0001-01 Fone: (31) 2555 8942 – [email protected] www.qconzamericalatina.com em regiões quentes e úmidas, como Rondônia, onde a proliferação bacteriana é ainda mais acelerada. Mas não adianta refrigerar corretamente se houver presença de bactérias psicrotróficas no leite, que irão prejudicar o produto final”. Para exemplificar esta fala, ele apresentou o resultado de uma pesquisa da UFV que comprovou a degradação do leite em apenas um dia mesmo refrigerado a 10 graus, temperatura permitida na IN 62, implicando na alteração de textura e sabor do queijo produzido a partir desta matéria prima. Inovações para um futuro próximo Um trabalho de georreferenciamento realizado pela Embrapa em parceria com a Emater-RO nas bacias de Jaru e Ji-Paraná pretende subsidiar a extensão e as indústrias em trabalhos de sanitização e qualidade do leite, auxiliando por meio de um processo inovador as iniciativas pública e privada na adequação de estratégias. A apresentação foi feita pelo pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Guilherme Nunes de Souza. Segundo ele, é possível apontar bolsões onde a produção atinge, em média, por um período de tempo, maior quantidade de extrato seco desengordurado e teor de gordura, menor contagem de célula somática, menor contagem bacteriana total, persistência de bactérias, entre outros fatores. Mas as soluções não estão apenas nas tecnologias mais avançadas. Mario Lopez, gerente de estudos de campo da DeLaval (Estados Unidos), lembra que o uso de produtos e da técnica adequados para desinfecção da teta na higiene de ordenha pode gerar resultados importantes no aumento da qualidade do leite e na obtenção da segurança alimentar. “Todo mundo sabe quais são as melhores práticas de gestão. Só falta colocar em prática”, diz. Em seguida, faz uma observação que vê como positivo o uso de bezerro ao pé na ordenha: “Foi observado em estudo que vacas em amamentação têm índices menores de infecções mamárias e quantidade menor de bactérias nas tetas”. A chave está na simplicidade A Nova Zelândia é benchmark para o Brasil em termos do percurso para atingir alto nível de qualidade do leite. O rebanho de cinco milhões de cabeça registra alta produção com contagem bacteriana total menor que 10 mil/ml. A estratégia implantada para chegar a este patamar foi baseada na simplicidade: “É importante manter as regras simples e o trabalho deve ser feito em conjunto pelo diversos elos da cadeia”, defende Bernard Woodcock, diretor para a América Latina da Quality Consultants of New Zealand (QCONZ). Um exemplo é uma espécie de pá desenvolvida para substituir a caneca de fundo escuro para o texto de mastite clínica, que não estava sendo feito pelos produtores de maneira satisfatória (veja foto). Também foi criado um cinto com um bolso para garrafa com água clorada e outro para armazenar papel toalha. Preso à cintura do ordenhador, o kit facilita a limpeza e a desinfecção dos tetos. Este acessório foi testado em fazendas da Zona da Mata Mineira, conquistando bons resultados. Na legislação, o governo da Nova Zelândia criou Programas de Gerenciamento de Risco (RMP) que tratam da ordenha, da coleta e do processamento. Produtores, transportadores e laticinistas são auditados e, se identificados como fora dos padrões mínimos de qualidade, são penalizados economicamente, podendo ser suspensos após investigação ou penalização consecutiva. Para que o modelo funcione plenamente, há assistência técnica permanente, afinal a economia do leite tem grande importância para o país. Quality Consultants Of New Zealand Alameda do Ingá, 840 sala 605 – CEP 34.000-000 – Nova Lima – Minas Gerais CNPJ 07.265.160/0001-01 Fone: (31) 2555 8942 – [email protected] www.qconzamericalatina.com Woodcock tem realizado experiências bem sucedidas no Brasil, como a implantação do Sistema Mineiro de Qualidade do Leite, que se baseou na adoção do kit de ordenha manual da Embrapa em centenas de propriedades rurais. Trata-se de um projeto em parceria com o Polo de Excelência do Leite, a DPA/Nestlé e Laticínios MB. Citou ainda o pagamento por qualidade, associado a treinamento e ações de conscientização, além de treinamentos para ampliar a qualidade com envolvimento direto da indústria, trabalho encabeçado pelo Senar. Woodcock conclui: “Sem a contrapartida no pagamento por qualidade, não adianta treinar”. Outras discussões O XII Congresso Internacional do Leite é composto pelo XIII Simpósio de Sustentabilidade da Atividade Leiteira e pelo XII Workshop de Políticas Públicas. Conta ainda com a exposição de estandes institucionais de empresas e órgãos ligados à cadeia do leite e uma exposição de 170 trabalhos científicos de estudantes e pesquisadores de todo o país. O evento é realizado pela Embrapa, em parceria com o Governo de Rondônia, com patrocínio do Sebrae, Capes, Ministério da Educação, Iepagro, Casale e Produquímica. O Congresso segue até o próximo dia 8 (sexta-feira) com outros três painéis: Cenário atual e futuro da extensão rural no desenvolvimento da cadeia produtiva do leite; Novas estratégias para sistemas de produção de leite; Produção de leite no contexto da conservação ambiental. Carolina Pereira Jornalista - MTb 11055-MG Embrapa Gado de Leite Fotos: Irene Mendes Repórter fotográfica – SRTE/DRT/RO-368 EMATER-RO Quality Consultants Of New Zealand Alameda do Ingá, 840 sala 605 – CEP 34.000-000 – Nova Lima – Minas Gerais CNPJ 07.265.160/0001-01 Fone: (31) 2555 8942 – [email protected] www.qconzamericalatina.com A cadeia produtiva do leite se destaca como uma atividade econômica em ascensão nos estados do Norte. Quality Consultants Of New Zealand Alameda do Ingá, 840 sala 605 – CEP 34.000-000 – Nova Lima – Minas Gerais CNPJ 07.265.160/0001-01 Fone: (31) 2555 8942 – [email protected] www.qconzamericalatina.com As soluções não estão apenas nas tecnologias mais avançadas. Quality Consultants Of New Zealand Alameda do Ingá, 840 sala 605 – CEP 34.000-000 – Nova Lima – Minas Gerais CNPJ 07.265.160/0001-01 Fone: (31) 2555 8942 – [email protected] www.qconzamericalatina.com