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INFORMATIVO APUFPR-SSIND Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná Seção Sindical do ANDES-SN DE OLHO NA N UFPR U R. Dr Alcides Vieira Arcoverde, 1193 • Jardim das Américas • Curitiba-PR • CEP 81520-260 Edição Especial • Abril de 2016 Luta Docentes Precarização Saúde Estudantes Conheça os seus direitos para também reivindicá-los Com efetivo insuficiente, professores têm direitos negados Falta de estrutura básica compromete ensino público Em meio aos problemas, docentes adoecem pela sobrecarga de trabalho Sem moradia, alunos ocupam pátio do Setor Litoral Página 2 Página 3 Página 4 Página 6 Página 7 Com pouco mais de dez anos, Setor Litoral acumula problemas CAPA Em 2004, foi autorizada a criação do campus Litoral da UFPR, com o início das atividades em 2005. Em 2007, o campus tornou-se Setor. #NotaDeCapa Estrutura precária, educação precária Falta espaço em todo o Setor Litoral. As salas de aula são lotadas com 50 alunos, embora a capacidade seja para 35. Realidade que compromete a qualidade do ensino. ALUNOS POR SALA EXPECTATIVA: 35 REALIDADE: 50 2 Informativo APUFPR-SSIND d Direitos abril de 2016 Edição especial 12 horas-aula é o limite na UFPR Caderno de avaliação das lutas dos docentes da UFPR Desde 2015 está garantido o limite de 12 horas-aula em sala de aula. Docente, exija o seu direito! Saiba mais em: Conheça mais sobre os seus direitos como docente. Acesse apufpr.org.br/publicacoes/ e veja pelo que lutar! Dez anos de abandono do Setor Litoral coloca em risco direitos docentes Os docentes do Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão esquecidos. Com pouco mais de dez anos de existência do campus, o número de docentes aumentou. Porém, não na mesma proporção que o número de alunos. Faltam professores para os diferentes cursos oferecidos e a estrutura é insuficiente e precária para atender a comunidade acadêmica. A sucessão de erros completa o 11º aniversário neste ano, com problemas que se acentuaram após o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Temos lutado pela qualidade do ensino superior público. É importante expandi-lo, mas precisa haver responsabilidade com a qualidade, o que não tem ocorrido no Setor Litoral”, afirma E a presidente da APUFPR-SSind, Maria Suely Soares. Direitos desrespeitados A distância do Setor Litoral até a Reitoria da UFPR é de apenas 112km, mas parece muito maior. Isso porque vários docentes têm direitos básicos da sua carreira desrespeitados. Como o quadro de docentes para atender os cursos é insuficiente, muitos professores ministram acima do limite de 12 horas em sala de aula. Desde 2015, o direito está em vigor para docentes em regime de Dedicação Exclusiva (DE) ou de 40 horas, e de 10 horas-aula no regime de 20 horas semanais. Com relação à quantidade de alunos por docente, não há nenhuma resolução da UFPR que determine um limite. Porém, durante a greve de MAIS UMA EXPANSÃO ABANDONADA: SETOR LITORAL ACUMULA PROBLEMAS. 2011, a categoria reivindicou um limite máximo de discentes em sala de aula, respeitando particularidades e diversidades dos cursos e as respectivas diretrizes curriculares. Na época, foi estabelecida uma comissão que concluiu que o ideal seria o limite máximo de 45 alunos para disciplina padrão, 15 para disciplinas de laboratório e 25 para disciplinas de campo. O compromisso da Reitoria era fazer com que a proposta entrasse em vigor a partir de 2012 – o que não aconteceu. Justamente pela falta de uma regulamentação, os docentes do Setor Litoral trabalham com turmas lotadas e, em grande parte, com número além do ideal. As orientações são outro problema. De acordo com a pró-reitora de Graduação e Educação Profissional (PROGRAD), Maria Amelia Sabbag Zainko, o limite ideal de orientandos por docente da graduação seria menos de oito. Realidade distante do Setor Litoral. Nas próximas páginas, cada um desses e demais problemas serão expostos a fim de denunciar a realidade enfrentada pela comunidade que utiliza o campus. Expediente Publicação quinzenal – Distribuição gratuita e dirigida Informativo APUFPR-SSind Diretoria – Gestão 2015/2017 Presidente: Maria Suely Soares Vice-presidente: Luis Allan Künzle Secretário geral: Vilson Aparecido da Mata Primeira secretária: Adriana Hessel Dalagassa Tesoureiro geral: Claudio Antonio Tonegutti Primeiro tesoureiro: Herrmann Vinícius de O. Muller Diretor administrativo: Vitor Marcel Schuhli Diretor cultural: Marcelo Sandin Dourado Diretor de esportes: Raimundo Alberto Tostes Diretora de imprensa: Milena Maria Costa Martinez Diretor jurídico: Afonso Takao Murata Diretora social: Marise Fonseca dos Santos Fale Conosco Endereço: Rua Dr. Alcides Vieira Arcoverde, 1193 – Jardim das Américas – CEP 81520-260 – Curitiba-PR Tel.: (41) 3151-9100 www.apufpr.org.br Produção: Abridor de Latas – Comunicação Sindical www.abridordelatas.com.br Jornalista Responsável: Larissa Amorim SRTE 9459-PR d Desigualdade 3 abril de 2016 Edição especial Informativo APUFPR-SSIND Falta de segurança preocupa comunidade acadêmica Terceirizadas da UFPR paralisam novamente Durante reunião do CRAPUFPR realizada em março, docentes denunciaram casos de roubos e furtos nos campi da UFPR. No final de março, funcionárias da limpeza realizaram nova paralisação. O motivo foi, novamente, o atraso nos pagamentos. Comparado com Curitiba, o Litoral está defasado “Nós vemos que essa diferença é gritante, o que torna a nossa formação aqui [no Setor Litoral] desigual em comparação ao restante da UFPR”, observou Reis. No departamento de Educação Física de Curitiba, a média de orientandos da graduação é de 3,6 alunos por professor. No curso, são 40 docentes para 693 alunos, além dos professores do Setor de Ciências Biológicas, que também dão aulas para as turmas. Ao ser questionada sobre cenários tão opostos, a pró-reitora da PROGRAD, Maria Amelia Sabbag Zainko, alegou que os docentes do Setor Litoral estão “acomodados”, e que a diferença é resultado da organização pedagógica do campus. SALA PARA 21 DOCENTES. MÓVEIS E EQUIPAMENTOS ESTRAGADOS OU INSUFICIENTES. Um cálculo que não fecha NÚMERO DE ORIENTANDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA CURITIBA LITORAL O Reuni garante o acesso à educação superior para estudantes que não a teriam de outra forma. Por outro lado, a expansão desorganizada e sem investimentos compromete o ensino de qualidade das instituições públicas. É com apenas sete docentes que o curso de Licenciatura em Educação Física do Setor Litoral funciona. Esse quadro atende cerca de 160 alunos. Segundo os professores do curso, algumas disciplinas precisam ser condensadas para que os docentes consigam atender a demanda. O ideal, segundo eles, é que a carga seja dividida entre 15 docentes. “[Os] cursos têm, em média, de seis a sete professores, o que é um número pequeno para dar conta de uma formação de qualidade para os nossos alunos”, desabafa o coordenador do curso de Educação Física, Leôncio José de A. Reis. A falta de docentes tem prejudicado a realização das demais atividades que estão sob responsabilidade dos professores como, por exemplo, pesquisa, extensão e funções administrativas. As orientações aos alunos também estão nessa conta. No curso de Educação Física, por exemplo, a média de orientações por docente é de 17 alunos, apenas da graduação. Com uma nova turma para entrar, essa média deve ficar ainda maior. De acordo com o secretário geral da APUFPR-SSind, Vilson Aparecido da Mata, essa situação é consequência do projeto pedagógico do Setor Litoral, que estipula projetos de aprendizagem mediados por docentes. “Esses projetos de aprendizagem entram na conta das orientações e sobrecarregam os poucos professores de que dispõe cada curso”, afirma o secretário. 3,6 Alunos por docente Alunos por docente 17 f t Funções administrativas Tripé da educação Além das atividades em sala, orientações, pesquisa e extensão, docentes precisam dividir funções administrativas. Diferente de como é feito em Curitiba, no litoral os professores continuam com as mesmas atividades, e somam as funções administrativas a essas atividades, sem redução da carga horária letiva. O que resulta em sobrecarga de trabalho. A falta de docentes foi relatada como o principal problema enfrentado no Setor – comum em todos os cursos. “Com o corpo docente reduzido e o envolvimento em atividades administrativas, temos dificuldade para dar conta de uma formação mais ampliada aos alunos, voltada para pesquisa e extensão”, analisou Reis. 4 Informativo APUFPR-SSIND e Estrutura abril de 2016 Edição especial Confira a galeria de fotos Falta de estrutura atrasou início do semestre A cobertura completa da visita da APUFPRSSind ao Setor Litoral você pode conferir pela galeria de fotos. Acesse: Em 2015, os alunos do curso de Educação Física do Setor Litoral decidiram não iniciar as aulas. Veja em: goo.gl/7YA7P3 Faltam docentes, mas os gabinetes estão superlotados A precária e insuficiente estrutura é rotineira para o Setor Litoral. Docentes reclamam que os gabinetes não possuem equipamentos adequados para a realização de atividades e, muito menos, espaço suficiente para desenvolver o trabalho. “Eu preciso separar um cômodo da minha casa para ser uma unidade de trabalho. Transformei um quarto em escritório que é utilizado para orientação, pois o gabinete não é apropriado. Mal temos 2 metros quadrados por professor”, relatou o docente de Gestão Pública Rodrigo R. Horochovski. Docentes contam que fazem acordos para os colegas não utilizarem o espaço no momento da orientação. SALA DE AULA TEMÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. Jogo de empurra-empurra acumula problemas Disputa entre o município de Matinhos, o governo do estado e a Reitoria da UFPR dificultou o investimento estrutural do Setor Litoral. Falta de espaço aglomera materiais e a comunidade acadêmica. Em 2015, a APUFPR-SSind realizou um informativo com a denúncia dos problemas do campus avançado de Jandaia do Sul. Com uma estrutura precária e defasada, alunos, docentes e servidores não têm condições de realizar as atividades com qualidade. Não muito diferente, o Setor Litoral da UFPR enfrenta uma série de problemas estruturais que perpetuam por todo o campus. Alguns dos problemas poderiam ser facilmente resolvidos para amenizar os impactos, mas até agora, nada foi feito. Segundo o diretor recém-eleito do Setor Litoral, Renato Bochicchio, esses problemas estão na própria forma como o campus foi instituído. O termo de cooperação, que serviu de base para o início das atividades do campus, envolvia o município de Matinhos – onde o Setor está localizado – e o governo estadual. O objetivo era que o município fornecesse os serviços de portaria, limpeza e segurança, e o estado fosse responsável pelos três blocos didáticos do campus e pelas adaptações da estrutura da antiga sede da Associação Banestado. A área na qual está localizado o Setor Litoral pertencia ao estado, e só foi transferida ao governo federal em 2014. Mesmo assim, os recursos destinados à ampliação do campus nunca chegaram. De acordo com a Reitoria da UFPR, o orçamento nunca chegou à Universidade. Sem sala de coordenação, materiais ficam espalhados Os documentos dos alunos e docentes e os equipamentos utilizados nas aulas não têm um local específico para serem guardados, pois não existe local para as Câmaras Pedagógicas (equivalentes às coordenações dos cursos). Por isso, os professores do Setor Litoral fizeram um acordo: transformar as salas de aula em “salas temáticas”. Não para uso exclusivo, o objetivo é que sirvam como almoxarifado. Ao andar pelos corredores do Setor Litoral, nota-se que diversas salas possuem materiais amontoados nos cantos e arquivos sem nenhuma proteção. Além de deixar documentos e materiais sem segurança, diminui-se ainda mais o espaço das salas de aula. Desde 2012, biblioteca está inutilizada Em agosto de 2012, por causa da sobrecarga de peso do piso superior do auditório, a biblioteca do Setor foi interditada. De acordo com Bochicchio, a estrutura da biblioteca não foi feita para suportar o peso colocado nela, o que gerou rachaduras na estrutura. Por essa razão, os livros foram transferidos para um pequeno espaço no térreo do campus. Segundo o diretor, o prédio foi desinterditado em 2014, após um laudo afirmar que não haveria riscos à vida da comunidade acadêmica – mesmo sem nenhum reforço feito na estrutura e com infiltrações no teto. Bochicchio afirmou que o espaço será utilizado apenas para atividades administrativas. Informativo APUFPR-SSIND Edição especial abril de 2016 5 Depósito: outro desafio No segundo andar do prédio, em um espaço anexo à biblioteca interditada, existe uma pequena sala, com cerca de 15 metros quadrados. O local, que serve como depósito, abriga, além de muito calor, diversos materiais empilhados. Os equipamentos – obtidos por meio de doações – geram riscos aos docentes durante o processo de retirar ou guardar. QUADRA IMPROVISADA SEM AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS AO APRENDIZADO DOS ESTUDANTES. Alunos privados de aulas práticas pela falta de estrutura Com uma estrutura básica precária, outras necessidades da comunidade acadêmica do Setor Litoral parecem ainda mais distantes de serem supridas. Enquanto isso, os docentes precisam se adequar ao espaço. Em alguns cursos, laboratórios, quadra poliesportiva e piscina são essenciais para garantir a realização de atividades práticas. Porém, a falta de espaço apropriado é um dos impedimentos para a implantação desses ambientes no Setor Litoral, o que prejudica o ensino. Os docentes contam, por exemplo, que não há local adequado para conservar animais mortos que serão estudados pelos acadêmicos. No curso de Educação Física – um dos que mais sofre com a falta de estrutura – os poucos equipamentos existentes foram adquiridos por meio de doações. Alguns professores levam seus próprios materiais para garantir a realização da aula. É o caso do coordenador do curso de Educação Física, Leôncio José de Almeida Reis, docente da UFPR há apenas seis anos. “Para dar aula, tive que comprar duas lonas para estender no chão e colocar os tatames em cima. Os materiais são meus e de um colega, para tentar dar conta das práticas. Isso eu penso que estou fazendo hoje porque sou um professor novo. Se fosse daqui 10, 15 anos não sei se faria” confessou. No Setor Litoral, uma tenda improvisada serve como quadra, mesmo sem piso e formato adequado. Isso porque, em vez de ser retangular o espaço tem um dos lados menor, para desviar de um palco que ocupa parte da tenda. Além de ser inadequada para as práticas esportivas, a “quadra” também é um local perigoso para os estudantes – que já registraram acidentes. A temperatura é outro problema: o calor da tenda em uma dia ameno no Litoral chega perto dos 40°, sendo in- suportável permanecer no espaço por muito tempo. EQUIPAMENTOS FICAM EMPILHADOS EM SALA IMPROVISADA. A Superintendência de Infraestrutura (Suinfra) da Pró-Reitoria de gerado ao Setor Litoral, a PRA bancou Administração (PRA) da UFPR apreas despesas por dois anos. Porém, a sentou em dezembro um projeto para utilidade técnica da piscina foi quesconstrução da quadra poliesportiva no tionada pela Pró-Reitoria, e o resultalocal que atualmente é ocupado pela do disso foi a interdição do espaço. tenda. De acordo com a diretoria do camA previsão é que o espaço esteja pus, a piscina passa atualmente por pronto para uso no segundo semestre. manutenções periódicas feitas por voPorém, as obras ainda não começaluntários. Mesmo assim, parece um loram. cal propício para proliferação de doenças. O espaço foi utilizado para lazer Piscina no verão, mas não se sabe como serão No final do ano passado, após defeitas as manutenções com a chegada núncia de que a piscina inutilizada da do frio. Universidade seria um local propício O ambiente é inadequado para as para a proliferação do mosquito Aepráticas de educaçãofísica, tornandodes aegypti, transmissor da dengue e -se apenas um incômodo à comunidaoutras doenças, a direção do campus de acadêmica. interditou o local. Com tantas necessidades, os docenAté 2014, a manutenção da piscites não vêm a piscina como prioridade, na estava sob responsabilidade de uma mas como uma estrutura que ocupa empresa terceirizada. Com o alto custo parte do pouco espaço que existe. 6 Informativo APUFPR-SSIND S Saúde abril de 2016 Edição especial Denúncia de assédio moral foi feita em 2013 Decisão inédita reconhece assédio moral coletivo Em 2014, a justiça reconheceu o caso de assédio moral coletivo que ocorreu no Setor Litoral. Confira a reportagem: O caso que foi parar na Justiça envolvia 30 docentes que buscavam medidas contra o assédio moral e outras irregularidades. Más condições de trabalho têm adoecido docentes do Setor Litoral Independentemente da área de atuação do trabalhador, é dever de todo empregador, ao contratar um funcionário, oferecer boas condições de trabalho. A regra deve ser cumprida tanto no setor público como no privado. Infelizmente, no Setor Litoral da UFPR, essa obrigatoriedade vem sendo desrespeitada. Em razão das condições precárias e sobrecarga de trabalho, docentes têm tirado licença por problemas de saúde. “O adoecimento relacionado ao trabalho pode ocorrer por diversos fatores laborais. Existem muitos casos de docentes que adoecem por vivenciar em seu cotidiano o acúmulo de atividades designadas a ele. Além, é claro, do excesso de horas trabalhadas”, explica a psicóloga da APUFPR-SSind, Fernanda Zanin. “O docente, em inúmeras vezes, acaba adoecendo ao tentar dar conta de todas demandas em condições precárias para resolvê-las”, completa. Segundo docentes, o estresse e o cansaço são constantes. Por causa da falta de pessoal, os professores que assumem as coordenações não podem diminuir a carga horária em sala de aula. Ou seja, mais uma atribuição de grande responsabilidade para somar às atividades já desenvolvidas. Para o docente de Gestão Pública Rodrigo Rossi Horochovski, os problemas estão interligados. A falta de estrutura e recursos humanos contribui para a precarização das condições de trabalho e o adoecimento docente. Sobrecarga de trabalho Em 2015, o docente de Gestão Ambiental Paulo Henrique Marques ficou um mês afastado em razão de estresse físico e mental. Segundo ele, o adoecimento se deve, em grande parte, ao acúmulo de funções que os docentes têm no Setor Litoral. “Nós acumulamos muitas funções didáticas e pedagógicas em uma estrutura mínima, que são as Câmaras Pedagógicas. Temos pouco apoio técnico e estamos sempre em uma equipe muito reduzida para dar conta desde planejamentos pedagógicos até acompanhamento de estágio. Então isso tem causado uma sobrecarga de trabalho”, critica Marques. De acordo com o docente, têm ocorrido casos de violência e discriminação dentro da UFPR, e a respeito disso os alunos esperam uma resposta da Universidade - que nunca é dada. “Não temos nenhum amparo institucional para resolver a mediação de conflitos e convivência e os problemas de violência”, conta. GABINETES NÃO SÃO ADEQUADOS PARA NECESSIDADES DOS DOCENTES E ESTUDANTES. “Eu reclamo bastante dessas condições de trabalho que foram impostas à nós, nas quais a própria Universidade esqueceu [do Setor Litoral]”, afirma Marques. Ajuste Fiscal Saindo do panorama local do Setor Litoral, percebe-se que o aumento da precariedade nas Instituições Federais de Ensino (Ifes) não é exclusividade da UFPR. Com os cortes na pasta da educação, feitos desde o ano passado, as Ifes têm sentindo constantemente os efeitos do ajuste fiscal do governo. As universidades estão sem orçamento para adquirir itens básicos ou, pior ainda, contratar docentes, o que gera uma sobrecarga de trabalho. Esse processo de intensificação e precarização do trabalho docente que ocorre nos últimos anos tem influenciado diretamente a saúde dos professores. Com mudanças prejudiciais e restrições às universidades públicas, sugere-se uma reconfiguração do trabalho docente. Pesquisa sobre saúde docente será um auxílio O Grupo de Trabalho Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) da APUFPR-SSind está na etapa de análise da pesquisa sobre saúde docente. A plicação do estudo é considerada inédita. Confira em: goo.gl/ITjf8q. “Existem muitos casos de docentes que adoecem por vivenciar em seu cotidiano o acúmulo de atividades designadas a ele. Além, é claro, do excesso de horas trabalhadas.” fernanda zanin Informativo APUFPR-SSIND Edição nº 131 Sem moradia, estudantes ocuparam pátio Estudantes que vieram de outras cidades e estados para estudar estão em um impasse. Não existe no Setor Litoral uma Casa do Estudante para alojar os alunos, e o valor dos aluguéis da região também não são acessíveis para boa parte, pois o campus está em uma área nobre da cidade. Inconformados, alunos recém-aprovados no Setor Litoral ocuparam o pátio do campus. Com barracas e cozinha improvisada, os estudantes reivindicavam moradia UFPR oferece auxílio moradia de R$ 220 Para os estudantes que não têm a opção de morar na Casa do Estudante, a UFPR oferece um auxílio de R$ 220 durante 12 meses. O objetivo é diminuir a evasão por dificuldades econômicas. e boas condições para cursarem a faculdade. “O problema é que a UFPR não tem moradia estudantil no Litoral. Os estudantes que vieram de outros estados não sabiam dessa condição”, explicou o calouro de agroecologia Newton Ilmerito. De acordo com o diretor do campus, Renato Bochicchio, para resolver o problema, será oferecido um auxílio moradia aos estudantes que comprovarem a dificuldade financeira para pagar um aluguel. Também foram implantados novos pontos no transporte do intercampi do Litoral para facilitar o acesso de alunos vindos de outros balneários. Já o Reitor da UFPR, Zaki Aki Sobrinho, informou, por meio de um ofício, que a comissão que realizará a proposta de Moradia Estudantil será constituída “imediatamente após a retirada do acampamento dos estudantes”. Para os estudantes, a determinação é uma forma de criminalizar o movimento. Serviço de transporte é oferecido pela UFPR O Intercampi Litoral é um serviço oferecido para atender a comunidade acadêmica entre o Centro Politécnico em Curitiba e o Setor Litoral, e de Matinhos até o Centro de Estudos do Mar (CEM). Bolsa permanência auxilia estudantes carentes Para ajudar os estudantes com fragilidade econômica, a UFPR oferece bolsa permanência no valor de R$ 378. Durante os 12 meses de concessão, é necessária a realização de um projeto acadêmico. Curso de Educação no Campo está em risco O curso de Licenciatura em Educação do Campo faz parte do Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo). Com ênfase nas ciências da natureza, o objetivo é formar docentes para atuarem em escolas rurais. Dessa forma, o curso é voltado para a formação científica, humana e cidadã de educadores do campo que ainda não possuem ou que desejem melhorar a formação acadêmica. 7 abril de 2016 Por fazer parte do Pronacampo, os recursos enviados para o curso são específicos. Porém, como eles não chegaram no início do ano, a Licenciatura corre o risco de ser fechada no Setor Litoral. De acordo com o vice-diretor do Setor Litoral, Luis Eduardo Thomassim, o Ministério da Educação (MEC) realizou um repasse de verba para o curso de Educação no Campo – que nunca chegou. Segundo a Reitoria da UFPR, o último recurso enviado para a Educação no Campo pelo MEC foi em agosto do ano passado. Em 2016, nenhuma verba chegou para o curso. De acordo com a Reitoria, não há previsão de um novo repasse. Como o curso possui um compromisso de formação conforme edital do Programa, caso o recurso não chegue ao Setor Litoral, o próximo vestibular não poderá ser realizado. “O mais absurdo na situação do curso é que os recursos para a realização com o mínimo de qualidade foram repassados pelo MEC mas não chegaram ao curso. Centenas de estudantes podem ser prejudicados por esse descaso.” vilson da mata 8 Informativo APUFPR-SSIND t Transporte abril de 2016 Edição especial Escolhidos integrantes para CPC da Reitoria APUFPR-SSind divulga nota sobre conjuntura política A APUFPR-SSind realizou assembleia para definir a Comissão Paritária de Consulta (CPC) para eleição da Reitoria. Confira em: goo.gl/RGVPGH. A APUFPR-SSind, por meio de nota tirada em assembleia, se posicionou sobre o cenário político. Confira em: goo.gl/KkThVe. Um projeto e um problema VEÍCULOS COM MAIS DE DEZ ANOS ESTAVAM EM USO ATÉ ANO PASSADO. De acordo com o diretor do Setor Litoral, Renato Bochicchio, o Centro Cultural é importante para o campus por causa da relação com a comunidade de Matinhos. Segundo um levantamento, 70% dos usuários do espaço fazem parte da comunidade externa da UFPR. Com um projeto pedagógico diferenciado, o Centro Cultural serve como apoio ao Setor Litoral, para os eixos ensino, pesquisa e extensão. Para a comunidade, o ambiente é um estímulo Ônibus velhos transportavam comunidade acadêmica mas precisamos de pelo menos mais dois para atender a demanda que cresceu no Setor Litoral”, destacou o coordenador. Nos mais de dez anos de existência do Setor Litoral, não foi adquirido nenhum veículo novo para atender as linhas do ônibus Intercampi que, além de precários, são insuficientes. No pátio da Central de Transportes (Centran) no Litoral, estão parados três ônibus com mais de dez anos de uso. O mato crescendo em volta acumula água parada e bichos, conforme denunciaram moradores da região. De acordo com o coordenador da Centran do Litoral, Alexsandro Conssane, os três veículos estão muito velhos e por isso não compensa arrumá-los. A manutenção que era feita nos veículos tinha um custo muito elevado por causa da idade desses, e acabou sendo cancelada. Dois desses veículos foram doados pelo governo estadual e por isso A quantidade de espaços interditados no Setor Litoral tem aumentado. No início de 2016, o Centro Cultural foi embargado pelo Corpo de Bombeiros de Matinhos. O imóvel, que pertence a diversos cotistas, estava abandonado até 2008, quando a Universidade recebeu o direito de fazer o uso público da área. Para utilizá-la, foram gastos pela UFPR 2 milhões em reformas e compras de equipamentos. Porém, para continuar a usar o espaço agora embargado, a Universidade precisa apresentar cronograma financeiro e de obras. Com a falta de recursos da UFPR, o Centro Cultural se tornou um impasse. Não pode ser utilizado e não há verba disponível para habilitar o imóvel. não podem ser leiloados. Seria necessário realizar uma transferência para a Universidade a fim de que o processo seja realizado. O terceiro pertence à própria UFPR, mas até agora nada foi feito. Os ônibus antigos transportavam os estudantes até o ano passado, o que colocava em risco a vida desses usuários. Os veículos realizavam a linha Litoral-CEM e Litoral-Curitiba, que são longos percursos para os ônibus naquele estado. Necessidade da comunidade acadêmica Para atender toda a demanda, Conssane afirma que seria necessário pelo menos mais um ônibus e um micro-ônibus. “Na medida do possível nós atendemos para não deixar a comunidade acadêmica sem o transporte, Centro Cultural para o desenvolvimento de atividades artísticas, culturais e esportivas. Um espaço importante principalmente para a população mais carente da região. Foi por isso que os investimentos foram feitos no espaço, que hoje está totalmente inutilizado. Como a verba para o Setor Litoral é escassa, as obras necessárias parecem ainda mais distantes. Bochicchio espera que os problemas sejam resolvidos de alguma outra forma, como acordos políticos, por exemplo. Os três veículos estão muito velhos e por isso não compensa arrumá-los. A manutenção que era feita nos veículos, tinha um custo muito elevado por causa da idade desses, e acabou sendo cancelada.