Bochic

Transcrição

Bochic
INFORMATIVO
APUFPR-SSIND
Associação dos Professores da
Universidade Federal do Paraná
Seção Sindical do ANDES-SN
DE
OLHO
NA
N
UFPR
U
R. Dr Alcides Vieira Arcoverde,
1193 • Jardim das Américas •
Curitiba-PR • CEP 81520-260
Edição Especial • Abril de 2016
Luta
Docentes
Precarização
Saúde
Estudantes
Conheça os
seus direitos para também
reivindicá-los
Com efetivo insuficiente,
professores têm direitos
negados
Falta de estrutura
básica compromete
ensino público
Em meio aos problemas,
docentes adoecem pela
sobrecarga de trabalho
Sem moradia, alunos
ocupam pátio do Setor
Litoral
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Página 7
Com pouco mais de dez anos,
Setor Litoral acumula
problemas
CAPA
Em 2004, foi autorizada
a criação do campus
Litoral da UFPR, com o
início das atividades em
2005. Em 2007, o campus
tornou-se Setor.
#NotaDeCapa
Estrutura precária,
educação precária
Falta espaço em todo o Setor Litoral.
As salas de aula são lotadas com 50
alunos, embora a capacidade seja para
35. Realidade que compromete a qualidade do ensino.
ALUNOS POR SALA
EXPECTATIVA:
35
REALIDADE:
50
2
Informativo APUFPR-SSIND
d
Direitos
abril de 2016
Edição especial
12 horas-aula é o limite na
UFPR
Caderno de avaliação das lutas
dos docentes da UFPR
Desde 2015 está garantido o limite de 12
horas-aula em sala de aula. Docente, exija o
seu direito! Saiba mais em:
Conheça mais sobre os seus direitos como
docente. Acesse apufpr.org.br/publicacoes/ e
veja pelo que lutar!
Dez anos de
abandono do
Setor Litoral
coloca em risco
direitos docentes
Os docentes do Setor Litoral
da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) estão esquecidos. Com pouco
mais de dez anos de existência do campus, o número de docentes aumentou.
Porém, não na mesma proporção que
o número de alunos.
Faltam professores para os diferentes cursos oferecidos e a estrutura
é insuficiente e precária para atender
a comunidade acadêmica. A sucessão de erros completa o 11º aniversário neste ano, com problemas que
se acentuaram após o Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais
(Reuni).
“Temos lutado pela qualidade do
ensino superior público. É importante
expandi-lo, mas precisa haver responsabilidade com a qualidade, o que não
tem ocorrido no Setor Litoral”, afirma
E
a presidente da APUFPR-SSind, Maria Suely Soares.
Direitos desrespeitados
A distância do Setor Litoral até a
Reitoria da UFPR é de apenas 112km,
mas parece muito maior. Isso porque
vários docentes têm direitos básicos da
sua carreira desrespeitados.
Como o quadro de docentes para
atender os cursos é insuficiente, muitos professores ministram acima do
limite de 12 horas em sala de aula.
Desde 2015, o direito está em vigor
para docentes em regime de Dedicação Exclusiva (DE) ou de 40 horas, e
de 10 horas-aula no regime de 20 horas semanais.
Com relação à quantidade de alunos por docente, não há nenhuma
resolução da UFPR que determine
um limite. Porém, durante a greve de
MAIS UMA EXPANSÃO ABANDONADA: SETOR LITORAL ACUMULA PROBLEMAS.
2011, a categoria reivindicou um limite máximo de discentes em sala de
aula, respeitando particularidades e diversidades dos cursos e as respectivas
diretrizes curriculares.
Na época, foi estabelecida uma
comissão que concluiu que o ideal seria o limite máximo de 45 alunos para
disciplina padrão, 15 para disciplinas
de laboratório e 25 para disciplinas de
campo.
O compromisso da Reitoria era fazer com que a proposta entrasse em vigor a partir de 2012 – o que não aconteceu. Justamente pela falta de uma
regulamentação, os docentes do Setor
Litoral trabalham com turmas lotadas
e, em grande parte, com número além
do ideal.
As orientações são outro problema. De acordo com a pró-reitora de
Graduação e Educação Profissional
(PROGRAD), Maria Amelia Sabbag
Zainko, o limite ideal de orientandos
por docente da graduação seria menos
de oito. Realidade distante do Setor
Litoral.
Nas próximas páginas, cada um
desses e demais problemas serão expostos a fim de denunciar a realidade
enfrentada pela comunidade que utiliza o campus.
Expediente
Publicação quinzenal – Distribuição gratuita e dirigida
Informativo APUFPR-SSind
Diretoria – Gestão 2015/2017
Presidente: Maria Suely Soares
Vice-presidente: Luis Allan Künzle
Secretário geral: Vilson Aparecido da Mata
Primeira secretária: Adriana Hessel Dalagassa
Tesoureiro geral: Claudio Antonio Tonegutti
Primeiro tesoureiro: Herrmann Vinícius de O. Muller
Diretor administrativo: Vitor Marcel Schuhli
Diretor cultural: Marcelo Sandin Dourado
Diretor de esportes: Raimundo Alberto Tostes
Diretora de imprensa: Milena Maria Costa Martinez
Diretor jurídico: Afonso Takao Murata
Diretora social: Marise Fonseca dos Santos
Fale Conosco
Endereço: Rua Dr. Alcides Vieira Arcoverde, 1193 – Jardim das
Américas – CEP 81520-260 – Curitiba-PR
Tel.: (41) 3151-9100
www.apufpr.org.br
Produção: Abridor de Latas – Comunicação Sindical
www.abridordelatas.com.br
Jornalista Responsável: Larissa Amorim SRTE 9459-PR
d
Desigualdade
3
abril de 2016
Edição especial
Informativo APUFPR-SSIND
Falta de segurança preocupa
comunidade acadêmica
Terceirizadas da UFPR paralisam
novamente
Durante reunião do CRAPUFPR realizada em
março, docentes denunciaram casos de roubos
e furtos nos campi da UFPR.
No final de março, funcionárias da limpeza
realizaram nova paralisação. O motivo foi,
novamente, o atraso nos pagamentos.
Comparado com Curitiba,
o Litoral está defasado
“Nós vemos que essa diferença
é gritante, o que torna a nossa formação aqui [no Setor Litoral] desigual em comparação ao restante da
UFPR”, observou Reis.
No departamento de Educação Física de Curitiba, a média de
orientandos da graduação é de 3,6
alunos por professor. No curso, são
40 docentes para 693 alunos, além
dos professores do Setor de Ciências
Biológicas, que também dão aulas
para as turmas.
Ao ser questionada sobre cenários tão opostos, a pró-reitora da
PROGRAD, Maria Amelia Sabbag
Zainko, alegou que os docentes do
Setor Litoral estão “acomodados”, e
que a diferença é resultado da organização pedagógica do campus.
SALA PARA 21 DOCENTES. MÓVEIS E EQUIPAMENTOS ESTRAGADOS OU INSUFICIENTES.
Um cálculo
que não fecha
NÚMERO DE ORIENTANDOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
CURITIBA
LITORAL
O Reuni garante o acesso à educação superior para estudantes
que não a teriam de outra forma. Por outro lado, a expansão
desorganizada e sem investimentos compromete o ensino de
qualidade das instituições públicas.
É com apenas sete docentes que
o curso de Licenciatura em Educação Física do Setor Litoral funciona.
Esse quadro atende cerca de 160 alunos.
Segundo os professores do curso, algumas disciplinas precisam ser
condensadas para que os docentes
consigam atender a demanda. O ideal, segundo eles, é que a carga seja
dividida entre 15 docentes.
“[Os] cursos têm, em média, de seis
a sete professores, o que é um número
pequeno para dar conta de uma formação de qualidade para os nossos alunos”,
desabafa o coordenador do curso de Educação Física, Leôncio José de A. Reis.
A falta de docentes tem prejudicado a realização das demais atividades
que estão sob responsabilidade dos
professores como, por exemplo, pesquisa, extensão e funções administrativas. As orientações aos alunos também estão nessa conta.
No curso de Educação Física, por
exemplo, a média de orientações por
docente é de 17 alunos, apenas da graduação. Com uma nova turma para entrar, essa média deve ficar ainda maior.
De acordo com o secretário geral
da APUFPR-SSind, Vilson Aparecido
da Mata, essa situação é consequência
do projeto pedagógico do Setor Litoral, que estipula projetos de aprendizagem mediados por docentes.
“Esses projetos de aprendizagem
entram na conta das orientações e sobrecarregam os poucos professores de
que dispõe cada curso”, afirma o secretário.
3,6 Alunos por docente
Alunos por docente
17
f
t
Funções
administrativas
Tripé da
educação
Além das atividades em sala, orientações, pesquisa e extensão, docentes
precisam dividir funções administrativas.
Diferente de como é feito em Curitiba, no litoral os professores continuam
com as mesmas atividades, e somam as
funções administrativas a essas atividades, sem redução da carga horária letiva.
O que resulta em sobrecarga de trabalho.
A falta de docentes foi relatada
como o principal problema enfrentado
no Setor – comum em todos os cursos.
“Com o corpo docente reduzido e
o envolvimento em atividades administrativas, temos dificuldade para dar
conta de uma formação mais ampliada
aos alunos, voltada para pesquisa e extensão”, analisou Reis.
4
Informativo APUFPR-SSIND
e
Estrutura
abril de 2016
Edição especial
Confira a
galeria de fotos
Falta de estrutura atrasou
início do semestre
A cobertura completa da visita da APUFPRSSind ao Setor Litoral você pode conferir pela
galeria de fotos. Acesse:
Em 2015, os alunos do curso de Educação
Física do Setor Litoral decidiram não iniciar as
aulas. Veja em: goo.gl/7YA7P3
Faltam docentes, mas os
gabinetes estão superlotados
A precária e insuficiente estrutura é rotineira para o Setor Litoral.
Docentes reclamam que os gabinetes
não possuem equipamentos adequados para a realização de atividades e,
muito menos, espaço suficiente para
desenvolver o trabalho.
“Eu preciso separar um cômodo
da minha casa para ser uma unidade
de trabalho. Transformei um quarto em
escritório que é utilizado para orientação, pois o gabinete não é apropriado.
Mal temos 2 metros quadrados por
professor”, relatou o docente de Gestão
Pública Rodrigo R. Horochovski.
Docentes contam que fazem acordos para os colegas não utilizarem o
espaço no momento da orientação.
SALA DE AULA TEMÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA.
Jogo de empurra-empurra
acumula problemas
Disputa entre o município de Matinhos, o governo do estado
e a Reitoria da UFPR dificultou o investimento estrutural
do Setor Litoral. Falta de espaço aglomera materiais e a
comunidade acadêmica.
Em 2015, a APUFPR-SSind
realizou um informativo com a denúncia dos problemas do campus
avançado de Jandaia do Sul. Com
uma estrutura precária e defasada,
alunos, docentes e servidores não
têm condições de realizar as atividades com qualidade.
Não muito diferente, o Setor Litoral da UFPR enfrenta uma série de
problemas estruturais que perpetuam
por todo o campus. Alguns dos problemas poderiam ser facilmente resolvidos para amenizar os impactos,
mas até agora, nada foi feito.
Segundo o diretor recém-eleito
do Setor Litoral, Renato Bochicchio, esses problemas estão na
própria forma como o campus foi
instituído. O termo de cooperação,
que serviu de base para o início das
atividades do campus, envolvia o
município de Matinhos – onde o
Setor está localizado – e o governo
estadual.
O objetivo era que o município
fornecesse os serviços de portaria,
limpeza e segurança, e o estado
fosse responsável pelos três blocos
didáticos do campus e pelas adaptações da estrutura da antiga sede da
Associação Banestado.
A área na qual está localizado o
Setor Litoral pertencia ao estado, e
só foi transferida ao governo federal
em 2014. Mesmo assim, os recursos
destinados à ampliação do campus
nunca chegaram. De acordo com
a Reitoria da UFPR, o orçamento
nunca chegou à Universidade.
Sem sala de coordenação,
materiais ficam espalhados
Os documentos dos alunos e docentes e os equipamentos utilizados
nas aulas não têm um local específico
para serem guardados, pois não existe local para as Câmaras Pedagógicas
(equivalentes às coordenações dos
cursos).
Por isso, os professores do Setor
Litoral fizeram um acordo: transformar as salas de aula em “salas
temáticas”. Não para uso exclusivo,
o objetivo é que sirvam como almoxarifado. Ao andar pelos corredores
do Setor Litoral, nota-se que diversas
salas possuem materiais amontoados
nos cantos e arquivos sem nenhuma
proteção.
Além de deixar documentos e
materiais sem segurança, diminui-se
ainda mais o espaço das salas de aula.
Desde 2012,
biblioteca está inutilizada
Em agosto de 2012, por causa da
sobrecarga de peso do piso superior do
auditório, a biblioteca do Setor foi interditada. De acordo com Bochicchio,
a estrutura da biblioteca não foi feita
para suportar o peso colocado nela, o
que gerou rachaduras na estrutura.
Por essa razão, os livros foram
transferidos para um pequeno espaço
no térreo do campus. Segundo o diretor,
o prédio foi desinterditado em 2014,
após um laudo afirmar que não haveria
riscos à vida da comunidade acadêmica
– mesmo sem nenhum reforço feito na
estrutura e com infiltrações no teto.
Bochicchio afirmou que o espaço
será utilizado apenas para atividades
administrativas.
Informativo APUFPR-SSIND
Edição especial
abril de 2016
5
Depósito:
outro desafio
No segundo andar do prédio, em
um espaço anexo à biblioteca
interditada, existe uma pequena
sala, com cerca de 15 metros
quadrados. O local, que serve
como depósito, abriga, além de
muito calor, diversos materiais
empilhados.
Os equipamentos – obtidos por
meio de doações – geram riscos
aos docentes durante o processo
de retirar ou guardar.
QUADRA IMPROVISADA SEM AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS AO APRENDIZADO DOS ESTUDANTES.
Alunos privados de aulas práticas
pela falta de estrutura
Com uma estrutura básica precária, outras necessidades da
comunidade acadêmica do Setor Litoral parecem ainda mais
distantes de serem supridas. Enquanto isso, os docentes precisam
se adequar ao espaço.
Em alguns cursos, laboratórios,
quadra poliesportiva e piscina são essenciais para garantir a realização de
atividades práticas. Porém, a falta de
espaço apropriado é um dos impedimentos para a implantação desses
ambientes no Setor Litoral, o que prejudica o ensino.
Os docentes contam, por exemplo,
que não há local adequado para conservar animais mortos que serão estudados pelos acadêmicos.
No curso de Educação Física –
um dos que mais sofre com a falta de
estrutura – os poucos equipamentos
existentes foram adquiridos por meio
de doações. Alguns professores levam
seus próprios materiais para garantir a
realização da aula.
É o caso do coordenador do curso
de Educação Física, Leôncio José de
Almeida Reis, docente da UFPR há
apenas seis anos. “Para dar aula, tive
que comprar duas lonas para estender
no chão e colocar os tatames em cima.
Os materiais são meus e de um colega,
para tentar dar conta das práticas. Isso
eu penso que estou fazendo hoje porque
sou um professor novo. Se fosse daqui
10, 15 anos não sei se faria” confessou.
No Setor Litoral, uma tenda improvisada serve como quadra, mesmo
sem piso e formato adequado. Isso
porque, em vez de ser retangular o
espaço tem um dos lados menor, para
desviar de um palco que ocupa parte
da tenda.
Além de ser inadequada para as
práticas esportivas, a “quadra” também é um local perigoso para os estudantes – que já registraram acidentes.
A temperatura é outro problema: o
calor da tenda em uma dia ameno no
Litoral chega perto dos 40°, sendo in-
suportável permanecer no espaço
por muito tempo.
EQUIPAMENTOS FICAM EMPILHADOS EM SALA IMPROVISADA.
A Superintendência de Infraestrutura (Suinfra) da Pró-Reitoria de
gerado ao Setor Litoral, a PRA bancou
Administração (PRA) da UFPR apreas despesas por dois anos. Porém, a
sentou em dezembro um projeto para
utilidade técnica da piscina foi quesconstrução da quadra poliesportiva no
tionada pela Pró-Reitoria, e o resultalocal que atualmente é ocupado pela
do disso foi a interdição do espaço.
tenda.
De acordo com a diretoria do camA previsão é que o espaço esteja
pus, a piscina passa atualmente por
pronto para uso no segundo semestre.
manutenções periódicas feitas por voPorém, as obras ainda não começaluntários. Mesmo assim, parece um loram.
cal propício para proliferação de doenças. O espaço foi utilizado para lazer
Piscina
no verão, mas não se sabe como serão
No final do ano passado, após defeitas as manutenções com a chegada
núncia de que a piscina inutilizada da
do frio.
Universidade seria um local propício
O ambiente é inadequado para as
para a proliferação do mosquito Aepráticas de educaçãofísica, tornandodes aegypti, transmissor da dengue e
-se apenas um incômodo à comunidaoutras doenças, a direção do campus
de acadêmica.
interditou o local.
Com tantas necessidades, os docenAté 2014, a manutenção da piscites não vêm a piscina como prioridade,
na estava sob responsabilidade de uma
mas como uma estrutura que ocupa
empresa terceirizada. Com o alto custo
parte do pouco espaço que existe.
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Informativo APUFPR-SSIND
S
Saúde
abril de 2016
Edição especial
Denúncia de assédio moral foi
feita em 2013
Decisão inédita reconhece
assédio moral coletivo
Em 2014, a justiça reconheceu o caso de
assédio moral coletivo que ocorreu no Setor
Litoral. Confira a reportagem:
O caso que foi parar na Justiça envolvia 30
docentes que buscavam medidas contra o
assédio moral e outras irregularidades.
Más condições
de trabalho
têm adoecido
docentes do Setor
Litoral
Independentemente da área de
atuação do trabalhador, é dever de
todo empregador, ao contratar um
funcionário, oferecer boas condições
de trabalho. A regra deve ser cumprida tanto no setor público como no
privado.
Infelizmente, no Setor Litoral
da UFPR, essa obrigatoriedade vem
sendo desrespeitada. Em razão das
condições precárias e sobrecarga de
trabalho, docentes têm tirado licença
por problemas de saúde.
“O adoecimento relacionado ao
trabalho pode ocorrer por diversos
fatores laborais. Existem muitos
casos de docentes que adoecem por
vivenciar em seu cotidiano o acúmulo de atividades designadas a ele.
Além, é claro, do excesso de horas
trabalhadas”, explica a psicóloga da
APUFPR-SSind, Fernanda Zanin.
“O docente, em inúmeras vezes,
acaba adoecendo ao tentar dar conta de todas demandas em condições
precárias para resolvê-las”, completa.
Segundo docentes, o estresse e o
cansaço são constantes. Por causa da
falta de pessoal, os professores que
assumem as coordenações não podem diminuir a carga horária em sala
de aula. Ou seja, mais uma atribuição
de grande responsabilidade para somar às atividades já desenvolvidas.
Para o docente de Gestão Pública
Rodrigo Rossi Horochovski, os problemas estão interligados. A falta de
estrutura e recursos humanos contribui para a precarização das condições
de trabalho e o adoecimento docente.
Sobrecarga de trabalho
Em 2015, o docente de Gestão
Ambiental Paulo Henrique Marques
ficou um mês afastado em razão de
estresse físico e mental. Segundo ele,
o adoecimento se deve, em grande
parte, ao acúmulo de funções que os
docentes têm no Setor Litoral.
“Nós acumulamos muitas funções didáticas e pedagógicas em uma
estrutura mínima, que são as Câmaras Pedagógicas. Temos pouco apoio
técnico e estamos sempre em uma
equipe muito reduzida para dar conta
desde planejamentos pedagógicos até
acompanhamento de estágio. Então
isso tem causado uma sobrecarga de
trabalho”, critica Marques.
De acordo com o docente, têm
ocorrido casos de violência e discriminação dentro da UFPR, e a respeito
disso os alunos esperam uma resposta
da Universidade - que nunca é dada.
“Não temos nenhum amparo institucional para resolver a mediação de
conflitos e convivência e os problemas de violência”, conta.
GABINETES NÃO SÃO ADEQUADOS PARA NECESSIDADES DOS DOCENTES E ESTUDANTES.
“Eu reclamo bastante dessas
condições de trabalho que foram
impostas à nós, nas quais a própria
Universidade esqueceu [do Setor
Litoral]”, afirma Marques.
Ajuste Fiscal
Saindo do panorama local do
Setor Litoral, percebe-se que o aumento da precariedade nas Instituições Federais de Ensino (Ifes) não
é exclusividade da UFPR.
Com os cortes na pasta da educação, feitos desde o ano passado, as
Ifes têm sentindo constantemente os
efeitos do ajuste fiscal do governo.
As universidades estão sem orçamento para adquirir itens básicos ou,
pior ainda, contratar docentes, o que
gera uma sobrecarga de trabalho.
Esse processo de intensificação
e precarização do trabalho docente
que ocorre nos últimos anos tem influenciado diretamente a saúde dos
professores. Com mudanças prejudiciais e restrições às universidades
públicas, sugere-se uma reconfiguração do trabalho docente.
Pesquisa sobre saúde
docente será um auxílio
O Grupo de Trabalho Seguridade
Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) da APUFPR-SSind
está na etapa de análise da pesquisa sobre saúde docente. A
plicação do estudo é considerada inédita.
Confira em: goo.gl/ITjf8q.
“Existem muitos
casos de docentes
que adoecem por
vivenciar em seu
cotidiano o acúmulo
de atividades
designadas a ele.
Além, é claro, do
excesso de horas
trabalhadas.”
fernanda zanin
Informativo APUFPR-SSIND
Edição nº 131
Sem
moradia,
estudantes
ocuparam
pátio
Estudantes que vieram de outras cidades e estados para estudar
estão em um impasse. Não existe
no Setor Litoral uma Casa do Estudante para alojar os alunos, e o valor dos aluguéis da região também
não são acessíveis para boa parte,
pois o campus está em uma área
nobre da cidade.
Inconformados, alunos recém-aprovados no Setor Litoral ocuparam o pátio do campus. Com
barracas e cozinha improvisada, os
estudantes reivindicavam moradia
UFPR oferece
auxílio moradia
de R$ 220
Para os estudantes que não
têm a opção de morar na Casa
do Estudante, a UFPR oferece
um auxílio de R$ 220 durante
12 meses. O objetivo é diminuir
a evasão por dificuldades
econômicas.
e boas condições para cursarem a
faculdade.
“O problema é que a UFPR não
tem moradia estudantil no Litoral.
Os estudantes que vieram de outros
estados não sabiam dessa condição”, explicou o calouro de agroecologia Newton Ilmerito.
De acordo com o diretor do
campus, Renato Bochicchio, para
resolver o problema, será oferecido
um auxílio moradia aos estudantes
que comprovarem a dificuldade
financeira para pagar um aluguel.
Também foram implantados novos
pontos no transporte do intercampi
do Litoral para facilitar o acesso de
alunos vindos de outros balneários.
Já o Reitor da UFPR, Zaki Aki
Sobrinho, informou, por meio de
um ofício, que a comissão que
realizará a proposta de Moradia
Estudantil será constituída “imediatamente após a retirada do
acampamento dos estudantes”.
Para os estudantes, a determinação
é uma forma de criminalizar o movimento.
Serviço de
transporte é oferecido
pela UFPR
O Intercampi Litoral é um
serviço oferecido para atender
a comunidade acadêmica
entre o Centro Politécnico em
Curitiba e o Setor Litoral, e
de Matinhos até o Centro de
Estudos do Mar (CEM).
Bolsa permanência
auxilia estudantes
carentes
Para ajudar os estudantes com
fragilidade econômica, a UFPR
oferece bolsa permanência
no valor de R$ 378. Durante
os 12 meses de concessão, é
necessária a realização de um
projeto acadêmico.
Curso de
Educação
no Campo
está em
risco
O curso de Licenciatura em Educação do Campo faz parte do Programa Nacional de Educação do Campo
(Pronacampo). Com ênfase nas ciências da natureza, o objetivo é formar
docentes para atuarem em escolas rurais.
Dessa forma, o curso é voltado
para a formação científica, humana e
cidadã de educadores do campo que
ainda não possuem ou que desejem
melhorar a formação acadêmica.
7
abril de 2016
Por fazer parte do Pronacampo, os
recursos enviados para o curso são específicos. Porém, como eles não chegaram no início do ano, a Licenciatura
corre o risco de ser fechada no Setor
Litoral.
De acordo com o vice-diretor do
Setor Litoral, Luis Eduardo Thomassim, o Ministério da Educação (MEC)
realizou um repasse de verba para o
curso de Educação no Campo – que
nunca chegou.
Segundo a Reitoria da UFPR, o último recurso enviado para a Educação
no Campo pelo MEC foi em agosto
do ano passado. Em 2016, nenhuma
verba chegou para o curso. De acordo
com a Reitoria, não há previsão de um
novo repasse.
Como o curso possui um compromisso de formação conforme edital do
Programa, caso o recurso não chegue
ao Setor Litoral, o próximo vestibular
não poderá ser realizado.
“O mais absurdo na
situação do curso é
que os recursos para
a realização com o
mínimo de qualidade
foram repassados pelo
MEC mas não chegaram
ao curso. Centenas de
estudantes podem ser
prejudicados por esse
descaso.”
vilson da mata
8
Informativo APUFPR-SSIND
t
Transporte
abril de 2016
Edição especial
Escolhidos integrantes para CPC da
Reitoria
APUFPR-SSind divulga nota sobre
conjuntura política
A APUFPR-SSind realizou assembleia para definir a
Comissão Paritária de Consulta (CPC) para eleição da
Reitoria. Confira em: goo.gl/RGVPGH.
A APUFPR-SSind, por meio de nota tirada em
assembleia, se posicionou sobre o cenário
político. Confira em: goo.gl/KkThVe.
Um projeto e um problema
VEÍCULOS COM MAIS DE DEZ ANOS ESTAVAM EM USO ATÉ ANO PASSADO.
De acordo com o diretor do Setor
Litoral, Renato Bochicchio, o Centro
Cultural é importante para o campus
por causa da relação com a comunidade de Matinhos. Segundo um
levantamento, 70% dos usuários do
espaço fazem parte da comunidade
externa da UFPR.
Com um projeto pedagógico diferenciado, o Centro Cultural serve como
apoio ao Setor Litoral, para os eixos
ensino, pesquisa e extensão. Para a comunidade, o ambiente é um estímulo
Ônibus velhos
transportavam
comunidade acadêmica
mas precisamos de pelo menos mais
dois para atender a demanda que
cresceu no Setor Litoral”, destacou
o coordenador.
Nos mais de dez anos de existência do Setor Litoral, não foi adquirido nenhum veículo novo para
atender as linhas do ônibus Intercampi que, além de precários, são
insuficientes.
No pátio da Central de Transportes (Centran) no Litoral, estão
parados três ônibus com mais de
dez anos de uso. O mato crescendo
em volta acumula água parada e bichos, conforme denunciaram moradores da região.
De acordo com o coordenador
da Centran do Litoral, Alexsandro
Conssane, os três veículos estão
muito velhos e por isso não compensa arrumá-los. A manutenção que
era feita nos veículos tinha um custo muito elevado por causa da idade
desses, e acabou sendo cancelada.
Dois desses veículos foram doados pelo governo estadual e por isso
A quantidade de espaços interditados no Setor Litoral tem aumentado. No início de 2016, o Centro
Cultural foi embargado pelo Corpo
de Bombeiros de Matinhos.
O imóvel, que pertence a diversos cotistas, estava abandonado até
2008, quando a Universidade recebeu o direito de fazer o uso público
da área. Para utilizá-la, foram gastos pela UFPR 2 milhões em reformas e compras de equipamentos.
Porém, para continuar a usar o
espaço agora embargado, a Universidade precisa apresentar cronograma financeiro e de obras.
Com a falta de recursos da UFPR,
o Centro Cultural se tornou um impasse. Não pode ser utilizado e não
há verba disponível para habilitar
o imóvel.
não podem ser leiloados. Seria necessário realizar uma transferência
para a Universidade a fim de que o
processo seja realizado. O terceiro
pertence à própria UFPR, mas até
agora nada foi feito.
Os ônibus antigos transportavam os estudantes até o ano passado, o que colocava em risco a vida
desses usuários. Os veículos realizavam a linha Litoral-CEM e Litoral-Curitiba, que são longos percursos para os ônibus naquele estado.
Necessidade da comunidade acadêmica
Para atender toda a demanda,
Conssane afirma que seria necessário pelo menos mais um ônibus e
um micro-ônibus.
“Na medida do possível nós
atendemos para não deixar a comunidade acadêmica sem o transporte,
Centro Cultural
para o desenvolvimento de atividades
artísticas, culturais e esportivas. Um espaço importante principalmente para a
população mais carente da região. Foi
por isso que os investimentos foram
feitos no espaço, que hoje está totalmente inutilizado. Como a verba para
o Setor Litoral é escassa, as obras necessárias parecem ainda mais distantes.
Bochicchio espera que os problemas sejam resolvidos de alguma
outra forma, como acordos políticos,
por exemplo.
Os três
veículos
estão
muito
velhos e
por isso não
compensa
arrumá-los.
A
manutenção
que era feita
nos veículos,
tinha um
custo muito
elevado
por causa
da idade
desses, e
acabou
sendo
cancelada.