as chapadas diamantina, dos Veadeiros e dos

Transcrição

as chapadas diamantina, dos Veadeiros e dos
descoberta
chapada das mesas
Esta você ainda
vai conhecer
As chapadas Diamantina, dos Veadeiros e dos Guimarães já são destinos
tradicionais entre os ecoturistas. Os aventureiros começam agora a explorar
o quarto integrante desse grupo: a Chapada das Mesas, no sul do Maranhão
por Leo Nishihata
Fotos Alexandre Cappi
Portal da chapada, um
dos destaques da região
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descoberta
chapada das mesas
No fim de uma sequência
de pequenas quedas, a
recompensa: o poço Azul
Bendito seja o arenito. Graças a ele, ao movimento das placas tectônicas e a milhões
de anos de polimento natural, surgiram lugares como as chapadas dos Guimarães, dos
Veadeiros e Diamantina. Esse grupo de platôs regados por cachoeiras possui na fronteira
entre o Maranhão e o Tocantins um quarto integrante que é, por enquanto — mas certamente não por muito tempo —, o mais inexplorado de todos.
Boa parte da chapada das Mesas foi durante séculos privilégio dos índios timbiras e dos
donos de terra da região, descendentes de europeus que transferiam suas propriedades
de pai para filho. Muitos deles até há pouco tempo nem sequer sabiam dos tesouros
ecológicos escondidos atrás de suas cercas. O dono da fazenda onde fica o poço Azul, um
poço de água translúcida no fim de uma sequência de pequenas quedas, só foi conhecer o
local depois de tomar posse do terreno, há cerca de 15 anos. Perto dali, a poucos minutos
de caminhada, descobriram outras três cachoeiras, entre elas a maior da região: a Santa
Bárbara, uma joia de 76 metros de altura batizada por causa do formato de santa que o véu
d’água adquire ao se chocar contra uma pedra.
Quando um dos guias do poço Azul tentou ampliar ainda mais as trilhas acabou no
Encanto Azul, uma fonte cristalina subterrânea, perfeita para flutuação. Coisa parecida
aconteceu no primeiro conjunto de cachoeiras explorado na chapada, a Pedra Caída, que
desde os anos 70 recebe turistas locais. Certo dia de 2004, um guia seguiu além dos limites
conhecidos, começou a ouvir o barulho da água e terminou de cara com o Capelão, uma
queda suave banhada por águas mornas, em torno de 22º, menos geladas que as de outras
chapadas. Os arredores da Pedra Caída hoje abrigam nada menos que 26 cachoeiras
conhecidas. “Dentro do parque existem 400 nascentes, então pode haver muita coisa a ser
descoberta”, diz Izabel Lieber, uma goiana pioneira na exploração do ecoturismo local.
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Cachoeira do Santuário:
por
voltaamanhece
do meio-dia, a luz
A
serra
cria desenhos
nas paredes
coberta
de brumas
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descoberta
chapada das mesas
Em sentido horário, a partir do alto: vista panorâmica das formações rochosas; os morros dos Testemunhos; e uma das quedas que formam o poço Azul
Em 2006, o governo federal estabeleceu a criação
do Parque Nacional da Chapada das Mesas em uma
área de 164 mil hectares concentrada ao redor de três
municípios: Carolina, Estreito e Riachão. Um milhão e
640 mil metros quadrados é equivalente a quatro vezes
o território da Holanda, mas mesmo assim a reserva
deixou de incluir lugares incríveis. O próprio complexo
da Pedra Caída está fora dela. Ali, a partir de trilhas de
madeira construídas sobre o frágil solo de arenito, o visitante desce até o fundo de um cânion espremido entre
paredes de pedra, com água translúcida brotando suavemente por todas as partes. Parece cenário de ficção
científica tropical — e, acredite, é só o começo.
Seguindo pelo corredor surge Santuário: 46 metros
de queda-d’água ornados por um silo de pedra que
concentra a força da natureza em uma pequena zona
de impacto. Câmera fotográfica, aqui, só com caixa
estanque. Mas vale a pena. Por volta do meio-dia, a
luz incidente cria desenhos e arco-íris nas paredes.
A geóloga maranhense Letícia Franco, autora de uma
tese de graduação sobre o potencial turístico da região,
não tem dúvidas em apontar Santuário como uma das
cachoeiras mais bonitas do Brasil.
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descoberta
chapada das mesas
Em sentido horário: gruta
atrás da queda da cachoeira
de São Romão, onde as
andorinhas fazem seus
ninhos; fachada da pousada
dos Candeeiros; e o pôr do
sol no rio Tocantins, com a
Torre da Lua no horizonte
Voos para Imperatriz (IMP) — GOL *
origem
saída
chegada
Brasília (BSB)
20h59
23h00
São Paulo (CGH)**
18h25
23h00
São Luís (SLZ)
05h58
07h00
Rio de Janeiro (GIG)**
18h04
23h00
Acesse www.voegol.com.br para mais opções de voos ou consulte seu agente de viagens
* Voos sujeitos a alteração sem aviso prévio. **Conexão em Brasília.
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Entre todas as cidades da chapada, a simpática Carolina oferece
o melhor equilíbrio entre distâncias. Fica a 227 quilômetros de
Imperatriz (onde está o aeroporto) e a 110 quilômetros de Riachão,
onde está o poço Azul. Suas duas principais opções de hospedagem
servem de base para o início dos passeios: a espaçosa pousada do
Lajes, cerca de 1 quilômetro afastada do centro, e a pousada dos
Candeeiros, num casarão antigo próximo à igreja matriz.
Para cumprir os roteiros as agências locais dispõem de veículos 4X4. Chegar até a cachoeira de São Romão, por exemplo,
demanda mais de 60 quilômetros de areia e terra a partir de
Carolina. Deixe o volante por conta do guia e aprecie as mudanças súbitas de paisagem pela janela. Cânions, planícies abertas,
plantações de babaçu, mata fechada de verde intenso e trechos
de capim do cerrado preenchem os espaços entre formações
rochosas curiosas: algumas lembram animais (galinha, tartaruga), outras disparam para cima como se fossem dedos.
São Romão, o destino desta jornada, tem 50 metros de largura por 19 de altura com barulho e intimidação. Para nadar,
só na praia natural, uns 100 metros distante da queda. Se você
seguir pelas pedras do lado direito consegue entrar por trás das
águas, em um trecho com spray tão forte que chega a tampar
a visão. Ao ultrapassá-lo, surge uma gruta onde as andorinhas
fazem ninho e onde o trovoar das águas soa diferente, como
descoberta
chapada das mesas
Por cima do Complexo da
Pedra Caída está uma das
maiores tirolesas do país
GUIA CHAPADA DAS MESAS
CAROLINA
ONDE FICAR • Pousada do Lajes BR -230,
km 2. Tel.: (99) 3531-2452.
www.ciadocerrado.com.br/pousada.
Pousada dos Candeeiros Av. Getúlio Vargas,
1.167. Tel.: (99) 3531-2243.
www.pousadadoscandeeiros.com.br.
ONDE COMER • Lamparina Av. Getúlio
Vargas, 1.256. Tel.: (99) 3531-2518.
K-Funé R. José Augusto dos Santos, 90.
Tel.: (99) 3531-2468.
Espaço Gourmet Pça. José Alcides de
Carvalho, 44. Tel.: (99) 3531-8440.
Tio Pepe Pizzaria Pça. José Alcides de
Carvalho, s/n. Tel.: (99) 3531-3222.
Restaurante Rio Lajes BR- 230, km 2. Tel.:
(99) 3531-2764.
se estivéssemos dentro — e não apenas perto — de uma imensa caixa
de som. Quem sai de lá com os olhos e o sorriso escancarados é porque
acabou de sentir algo como a terra em transe.
Na volta, programe um rápido pit stop na cachoeira da Prata, acessível por
uma bifurcação no caminho até São Romão, e chegue ao Portal da Chapada
por volta das 16h30, no começo do pôr do sol. O Portal é uma abertura em
formato de chama no topo de uma rocha, um mirante de onde se contemplam
os principais platôs da região, todos próximos e fotogênicos: os dois morros
dos Testemunhos, a serra da Cangalha e o morro do Chapéu, um maciço de
pedra com 360 metros de altura a partir da base. A trilha até o topo do Chapéu
é íngreme e conhecida pelos locais, mas ainda faltam equipamentos para
garantir a segurança da livre visitação.
Despertar turístico
À noite, o melhor a fazer nas ruas e praças tranquilas de Carolina é comer e
relaxar. Pode ser uma moqueca de filhote (peixe amazônico) acompanhada
de tambaqui frito inteiro no Lamparina, um bife à parmegiana no K-Funé, o
restaurante mais antigo da cidade, com 44 anos, ou uma galinha caipira no restaurante Rio Lajes. Em Riachão, o prefeito, Edmar Alves, organiza um festival
de música anual que já trouxe para a cidade de pouco mais de 20 mil habitantes
shows de bandas como Detonautas e Biquíni Cavadão e do roqueiro Roberto
Frejat. Quem gosta de um forró pé de serra ou um sertanejo mais tradicional
não terá dificuldade de achar lugares para se divertir.
Há também um festival de paraquedismo que reúne skydivers do Norte
e do Nordeste no mês de julho. Encontramos vários deles numa manhã, na
longa subida para uma das maiores tirolesas do Brasil. Ela passa por cima do
complexo da Pedra Caída e tem 1.200 metros de comprimento e 392 metros de
queda vertical percorridos em 50 segundos vertiginosos. Até os paraquedistas
acostumados com saltos a quilômetros de altura dão uma leve refugada na
hora de se jogar no abismo de pedra. Tirolesas menores e atividades como
arvorismo e rapel também são organizadas pelas operadoras da região.
Outras modalidades relacionadas ao ecoturismo, como roteiros de
trekking mais longos, ainda precisam ser exploradas melhor. A chapada
das Mesas é um destino com estrutura em desenvolvimento, que ainda
está longe do turismo de massa, mas que por isso mesmo pode propiciar
muitas descobertas aos aventureiros.
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AONDE IR • Complexo da Pedra Caída BR
010, Km 69. Tel.: (99) 3531-2426.
Complexo do Poço Azul Estrada de terra
sem nome a partir da BR -230, Riachão.
Tel.: (99) 3531-0337.
QUEM LEVA Cia do Cerrado Pça. José Alcides
de Carvalho, 236). Tel.: (99) 3531-3222. www.
ciadocerrado.com.br/cia.
Torre da Lua Ecoturismo Av. Getúlio Vargas,
1.188. Tel.: (99) 3531-2166. www.torredalua.
com.br.
Piscina da pousada
do Lajes, em Carolina;
e, abaixo, moqueca do
restaurante Lamparina

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