A Expansão da Fronteira Agrícola e a Agricultura Familiar no

Transcrição

A Expansão da Fronteira Agrícola e a Agricultura Familiar no
Martin Studte
Este trabalho é parte da tese do mestrado de Martin Studte, resultado da cooperação entre
a Universidade de São Paulo - USP e a Universidade Técnica de Berlin - TU Berlin:
“Modelos Alternativos de Desenvolvimento na Amazônia”
A Expansão da Fronteira Agrícola
e a Agricultura Familiar
no Cerrado Maranhense
A pesquisa foi realizada em parceria com a organização não governamental brasileira Fórum Carajás
2008
Quero expressar meu agradecimento a todas as pessoas envolvidas na realização desta
pesquisa na Amazônia. Professores Georg Meran (TU Berlin) e Wagner Ribeiro
(Universidade de São Paulo), e à equipe de cooperação externa da Universidade Técnica de
Berlim. Especialmente, quero agradecer à Cristiane Macau e ao Fórum Carajás, assim como
a Astrid e Eva pelo apoio para a realização da pesquisa no campo maranhense. Sinceros
agradecimentos para Vaneska e a minha família.
“Desenvolvimento e nada mais do que:
O aumento do espaço em que se realizam possibilidades humanas”.
Celso Furtado
Conteúdo
Índice das Ilustrações............................................................................................................ II
Índice das Tabelas ................................................................................................................ III
Mapa do Brasil.......................................................................................................................IV
1
Objetivo da Pesquisa ........................................................................................................ 1
2
Levantamento de Dados ................................................................................................... 2
3
O Complexo Agroindustrial e a Agricultura Familiar ......................................................... 9
3.1 Modernização da Agricultura.............................................................................................. 9
3.2 Desafios do Setor da Subsistência .................................................................................. 11
4
Condições básicas no Cerrado ....................................................................................... 13
4.1 Ecossistema, Vegetação e Clima..................................................................................... 13
4.2 Conflitos Ecológicos .................................................................................................. 15
4.3 Mercado de Trabalho e as Condições Socioeconômicas ............................... 18
5
Analise Empírica: Agricultura Familiar na Fronteira Agroindustrial no Maranhão ........... 20
5.1 Pressupostos e Hipóteses................................................................................................ 21
5.2 Cálculos............................................................................................................................ 22
5.3 Estatística Descritiva ........................................................................................................ 25
5.4 Prova das Hipóteses ........................................................................................................ 29
6
Conclusão ....................................................................................................................... 48
Índice da Literatura .............................................................................................................. 50
A
Anexo ............................................................................................................................. 52
A.1 Cálculo dos Preços ......................................................................................................... 52
A. 2 Escalas de Rating e os Indicadores................................................................................ 55
I
Índice das Ilustrações
Ilustração 1: Brasil – Vegetação natural (University of Texas 2007) .......................................................... IV
Ilustração 2: Distribuição geográfica do produção da Soja no Brasil (IBGE 2007)...................................... 3
Ilustração 3: Produção de Soja [ha] no Maranhão de 2001 até 2005 (IBGE 2007)..................................... 3
Ilustração 4: Distribuição geográfica da produção da Soja no Maranhão (IBGE 2007) .............................. 4
Ilustração 5: Índice de Desenvolvimento Humano no Maranhão (IPEADATA 2007) .................................. 5
Ilustração 6: Coeficiente do GINI no Maranhão (IPEADATA 2007)............................................................. 5
Ilustração 7: População em baixo da fronteira da pobreza no sul maranhense (IPEADATA 2007)............ 6
Ilustração 8: Produção da Soja [ha] por município (IBGE 2007) ................................................................. 6
Ilustração 9: Os municípios de pior índice de desenvolvimento IDH (IPEADATA 2007) ........................... 7
Ilustração 10: Os municípios do maior índice de desenvolvimento IDH (IPEADATA 2007) ....................... 7
Ilustração 11: Municípios da maior área plantada de soja e os indicadores (IPEADATA 2007) ................. 8
Ilustração 12: Exportação da Soja (IBGE 2007) .......................................................................................... 9
Ilustração 13: Amazônia Legal e os estados brasileiros (IBGE 2007) ....................................................... 14
Ilustração 14: Biomas brasileiras (verde - Amazônia, vermelho - Cerrado) (IBGE 2007) ......................... 15
Ilustração 15: Fotografia aérea do sul do Maranhão – .............................................................................. 16
Ilustração 16: Total da produção de arroz, trigo e soja (t) em 1991 (IBGE 2007) ..................................... 19
Ilustração 17: Cálculos de rendas da agricultura ....................................................................................... 23
Ilustração 18: Renda media por município (fontes agrícolas).................................................................... 27
Ilustração 19: A economia cresce no Ma (não concordo, ..., ..., concordo plenamente) ........................... 30
Ilustração 20: Problemas crescem no Ma (não concordo, ..., ..., concordo plenamente)......................... 31
Ilustração 21: Uso da terra na época de recuperação ............................................................................... 33
Ilustração 22: Opiniões sobre a Amazônia (Tira mãos da Amazônia, Aproveitamento econômico com
mais controle/cuidado, Melhor aproveitamento da região para desenvolvimento econômico) ................. 35
Ilustração 23: Consciência ambiental dos agricultores (pessoas por valor do indicador) ......................... 36
Ilustração 24: Investimentos desejados ..................................................................................................... 44
Ilustração 25: Imaginação do credito ideal................................................................................................. 46
Ilustração 26: Fontes de informação em relação ao Agricultura................................................................ 48
II
Índice das Tabelas
Tabela 1: Degradacão da natureza na propriedade de familias e da comunidade .............................. 25
Tabela 2: Características das famílias entrevistadas, 104 samples, estado do Maranhão, Brasil 200725
Tabela 3: Caraterísticas do sul do Maranhão ....................................................................................... 26
Tabela 4: Opinao sobre as instituicões ambientais como IBAMA, etc.................................................. 33
Tabela 5: Respostas para o número dos produtos ............................................................................... 37
Tabela 6: Influência da diversificacão da producão para a renda (Scheffé-Prozedur)........................ 37
Tabela 7: Área cultivada e renda (ONEWAY) ...................................................................................... 38
Tabela 8: Influência da diversificacão para a degradacão da natureza [%] ......................................... 40
Tabela 9: Influência das rendas para a degradacao da natureza [ha/ano]........................................... 40
Tabela 10: Influência da infraestrutura para a degradacao da vegetacao [%] ..................................... 42
Tabela 11: Influência de Infraestrutura para a quota de destruicão por ano [ha/year] ......................... 42
Tabela 12: Opiniões sobre os reuniões na comunidade....................................................................... 48
Tabela 13: Produtos para vender no Cerrado....................................................................................... 52
Tabela 14: Cálculos de quantidade e preços ........................................................................................ 52
Tabela 15: Cálculos de renda por fontes agrícolas............................................................................... 53
Tabela 16: Cálulos de médidas locais................................................................................................... 54
III
Mapa do Brasil
Ilustração 1: Brasil – Vegetação natural (University of Texas 2007)
IV
1 Objetivo da Pesquisa
No ano 2000, o Brasil contribuiu com 11.5% no mercado mundial de grão de soja e foi o
segundo maior produtor mundial. A exportação, principalmente para os mercados europeus,
correspondeu a 6% do PIB brasileiro (D’Alembert 2003). O aumento desta demanda, que
ocorreu também por causa de mercados crescentes na China, acarretou no aumento da
produção no norte do Brasil, nas regiões da Amazônia e do Cerrado.
A produção de soja traz, além de benefícios positivos como a contribuição ao saldo de
negócios exteriores e a dinamização do setor agrícola, problemas sócio-ecológicos graves
para o equilíbrio destas regiões. O Brasil ganhou no ano de 2002 seis bilhões de US$ com a
exportação de soja e conseguiu aumentar esta soma para oito bilhões de US$ em 2003
(Bickel 2003). No discurso oficial de desenvolvimento econômico do governo brasileiro e
também da parte dos lobistas, pode-se observar uma opinião que defende a modernização
através da agra-industrialização, o que desencadearia o fortalecimento da estrutura
econômica do país. Esta pesquisa tem como objetivo contribuir com o esclarecimento desta
declaração controversa. Os dois conceitos de agricultura - a agricultura familiar e a
agricultura de grande escala - são apresentadas no caso do deslocamento da fronteira da
soja na região do Cerrado brasileiro.
A pesquisa-inquérito é feita porque não existe ainda uma base de dados sobre a
especificidade do tema em questão. Por meio do levantamento inicial1 será avaliada a
situação dos trabalhadores rurais do Cerrado no sul do estado do Maranhão, e sua
aceitação de propostas de proteção ambiental, além de pesquisar quais são as
possibilidades alternativas de desenvolvimento. A hipótese geral é o fortalecimento das
estruturas da agricultura familiar através da diversificação da produção, o que seria uma
solução para a armadilha da pobreza no Cerrado. Serão avaliados os efeitos desta
diversificação para a degradação ambiental.
Em uma revisão cientifica de Kaimowitz e Angelson (1998), foram avaliados mais de 150
modelos de desmatamento nas regiões tropicais. Eles constataram que “o volume de
pesquisas em micro level não é impressionante”. Além disso seria necessário pesquisar
1
A pesquisa aconteceu através de uma cooperação entre Universidade de Belin e a Universidade de
São Paulo e foi elaborada por Martin Studte. A pesquisa de campo e feita com as ONGs brasileiras
Fórum Carajás e CPT, e também com participantes do programa de intercâmbio científico da
Alemanha ASA.
1
como e porque a pobreza, as diferenças sociais e as instituições, influenciam na degradação
ambiental. Este trabalho deve contribuir para esta discussão.
2 Levantamento de Dados
Desde os anos 80, a região sul maranhense vem transformando suas estruturas tradicionais
de agricultura de subsistência em agricultura industrializada. Esta transformação acontece
em toda fronteira sul da Amazônia, cada vez mais profunda dentro dos ecossistemas das
florestas amazônicas e Cerrado. O termo fronteira agrícola tem a ver com metodologias
agrícolas que são usadas entre outras na produção de soja. Esta produção necessita de
grandes áreas
mecanizadas, porque é necessário, no mínimo, de uma área de 1000
hectares para que esta se torne produtiva e só a partir de uma área com estas dimensões
que se fala de uma agricultura de grande escala. Neste sentido a soja é um indicador
adequado para a agricultura industrial.
A soja é um grão que oferece muitos benefícios. As críticas geralmente se referem, mais do
que em qualquer outro ponto, à expansão da produção em áreas ecologicamente sensíveis.
A área do Cerrado é tradicionalmente usada pelo agropecuário. Neste sistema, a soja é, à
20 anos, o fator mais dinâmico. A expansão na direção da Amazônia e do Cerrado vem
acelerando desde 1990 e traz destruições de partes destes ecossistemas (D’Alembert
2003). No ano 2005 a parte da produção em hectares da região Norte/Nordeste/Centro já
abrangeu 56% (IBGE 2007), como a ilustração 2 mostra.
Desde 1974 pode-se observar tendências de modernização da agricultura no Maranhão
(Andrade 1982). Brasileiros da região sul do país, denominado gaúchos, rumam para o norte
em procura de terras férteis. Nos anos 80 e 90 o governo maranhense tentou forçar e
acelerar com diferentes medidas legislativas, a mudança de estruturas tradicionais para
plantações de monoculturas em grande escala (Souza Filho 1995). A tradicional produção
de arroz vem sendo substituída pela de soja.
Em 1990 a plantação não tinha um papel digno de menção no estado nordestino do
Maranhão. No ano 2000, a produção cresceu para uma área de 176.000 hectares. A razão
para este aumento foram os investimentos feitos nos meios de transporte da região. Este é,
geralmente, o fator limitante da expansão no norte. Como a ilustração 3 explícita, a
produção no Maranhão cresceu notavelmente até o ano 2005, com então 372.000 hectares
(IBGE 2007).
2
Soy Distribution Brazil / 2005 [ha]
Sul/Sudeste
Norte/Nordeste/
Centro
44%
56%
Ilustração 2: Distribuição geográfica do produção da Soja no Brasil (IBGE 2007)
Soy in Maranhão (2001-2005) / [ha]
400 000
350 000
300 000
250 000
ha
200 000
150 000
100 000
50 000
0
2001
2002
2003
2004
2005
Year
Ilustração 3: Produção de Soja [ha] no Maranhão de 2001 até 2005 (IBGE 2007)
São estes os municípios da fronteira agroindustrial, que, especialmente no sul e no sudeste
do estado do Maranhão, contribuem dignamente para a produção de soja ou onde esta
começou a ser realizada nos últimos anos.2 Esta distribuição no estado do Maranhão tem
alta relevância como se pode observar na ilustração 4.
2
O Região sul maranhense abrange os seguintes municípios: Alto Parnaíba, Carolina, Buritirana,
Fortaleza dos Nogueiras, Estreito, Mirador, Loreto, Benedito Leite, Barão de Grajaú, Feira Nova do
Maranhão, Campestre do Maranhão, Grajaú, Barra do Corda, Lajeado Novo, Formosa da Serra
Negra, Fernando Falcão, Lagoa do Mato, Colinas, Nova Colinas, Nova Iorque, Paraibano, Passagem
Franca, Pastos Bons, Porto Franco, Riachão, Sambaíba, São Francisco do Maranhão, São João do
3
Distribution of Soy Cultivation in Maranhao [ha]
1%
5%
94%
Centro Maranhense
Leste Maranhense
Sul Maranhense
Ilustração 4: Distribuição geográfica da produção da Soja no Maranhão (IBGE 2007)
Para começar com uma análise devem ser apresentados números e cálculos nos quais se
pode observar o desenvolvimento atual na região (ilustração 5 e 6). O índice de
desenvolvimento humano (IDH), que abrange os seguintes fatores, expectativa de vida,
educação e renda, tinha um valor de 0.51 no ano de 1991 aumentando para 0.61 no ano de
2000. A parte do sul tem alguns benefícios neste indicador em comparação a todo estado do
Maranhão nesta década (IPEADATA 2007).
Neste intervalo ocorreram mudanças na distribuição de renda, conseqüência para uma
realidade mais desigual. O coeficiente do GINI estava em 2000 com um valor de 0.62 (e de
0.53 em 1991). Este valor representa uma sociedade tipicamente desigual. Calculada
através do IDH, a desigualdade é maior nos municípios que têm menos desenvolvimento. A
desigualdade é também maior no sul do Maranhão do que em todo estado (IPEADATA
2007).
Paraíso, São Domingos do Azeitão, São João dos Patos, Ribamar Fiquene, São Raimundo das
Mangabeiras, São Félix de Balsas, Sucupira do Riachão, Sucupira do Norte, Sítio Novo e Tasso
Fragoso.
4
HDI - Maranhao and the South (1991- 2000)
1
0,8
0,58
0,48
0,6
0,4
0,2
0,51
Maranhao
0,61
0
Ma - South
HDI-1991
HDI-2000
Ilustração 5: Índice de Desenvolvimento Humano no Maranhão (IPEADATA 2007)
GINI - Maranhao and the South (1991- 2000)
1
0,8
0,58
0,49
0,6
0,4
0,2
0,53
0
Maranhao
0,62
Ma - South
GINI-1991
GINI-2000
Ilustração 6: Coeficiente do GINI no Maranhão (IPEADATA 2007)
O total de pobres que ganham menos do que meio salário mínimo (<75.5R$/Mês) caiu de
84% no ano de 1991 para 73% em 2000 (Ilustração 7, IPEADATA 2007). Este número tão
alto se assemelha a outras regiões nordestinas do Brasil.
5
Total Number of Poor People - Maranhao / South
84%
73%
Poor [%] - 1991
Poor [%] - 2000
Ilustração 7: População em baixo da fronteira da pobreza no sul maranhense (IPEADATA 2007)
A produção de soja e o aumento do PIB per capita parecem estar interligados positivamente
(r=0.92 para o intervalo 2001-2004). IDH, GINI e o número de pobres mostra valores menos
significativos, mas parece que o aumento da produção esta interligada com valores maiores
de IDH, maior desigualdade e menos pobres.
Os maiores produtores operam no sul do Maranhão. A ilustração 8 resenha os maiores
municípios produtores. Base dos cálculos são as colheitas dos anos 2001-2005 em
toneladas.
Soy Production / Municipality 2001 - 2005 [ha]
Fo rtaleza d. No g.
67 892
A lto P arnaíba
68 064
São Raimundo d. M .
Riachão
Sambaíba
90 731
112 540
134 506
Tasso Frago so
338 649
B alsas
442 100
[ha] soy grains
Ilustração 8: Produção da Soja [ha] por município (IBGE 2007)
As ilustrações seguintes, 9 e 10, mostram os dez municípios menos e os dez mais
desenvolvidos do sul maranhense (seguindo IDH). Entre os dez menos desenvolvidos não
6
se encontra nenhum dos grandes produtores de soja. Em cinco destes, a produção do grão
não tem papel importante.
10 Less Developed Municipalities - Maranhao / South (2000)
0,6
0,56
0,55
0,55
0,55
0,56
0,57
0,56
0,57
0,57
0,50
0,5
HDI
0,4
N
ira
Fe
a
ov
a
ov
rr
Se
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M
d.
da
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N
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Bu
Fr
em
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ao
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Pa
Fa
do
an
rn
Fe
Ilustração 9: Os municípios de pior índice de desenvolvimento IDH (IPEADATA 2007)
Entre os municípios com o maior IDH estão os grandes produtores de soja como Balsas,
São Raimundo das Mangabeiras e Fortaleza das Nogueiras. Balsas é o município com a
maior área plantada de soja no Maranhão e um dos municípios com o maior IDH de todos.
Por enquanto isso significa, pelo menos, que a produção de Soja não tem efeito negativo
para um índice que abrange saúde, educação e renda.
0,7
10 Most Developed Municipalities - Maranhao/South (2000)
0,70
0,68
0,68
0,66
0,65
0,65
0,64
0,64
0,64
0,64
0,6
HDI
0,5
i ra
ue
og
N
s
do
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za
M
le
d.
r ta
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Fo
un
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ai
R
o
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je
Pa
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ao
Jo
Fr
a
in
ol
ar
co
an
o
Sa
C
r to
Po
ito
tre
Es
as
ls
Ba
s
Ilustração 10: Os municípios do maior índice de desenvolvimento IDH (IPEADATA 2007)
Mesmo o município de Mirador, que tem o menor IDH de todas as localidades e que desde
2001 produz soja, e o município de Balsas que tem o maior IDH de todos e também tem a
maior área plantada de soja, mostram desde 2001 um aumento do PIB per capita
(IPEADATA 2007 e IBGE 2007).
7
A ilustração 11 mostra os maiores produtores de soja e os principais indicadores de
desenvolvimento. Em quase todos é possível observar que um número de pobres, entre 6080%, é realmente problemático até mesmo para os municípios que já mudaram sua
estrutura de agricultura para uma produção altamente modernizada. A desigualdade das
rendas e também a desigualdade da distribuição de terra são, em todos os casos, graves.
Este efeito fica acelerado com as mudanças da agricultura de estruturas tradicionais para
mecanizadas como se explica no próximo parágrafo.
HDI, GINI and Poor (2000) / Greatest Soy Producers [ha]
1
0,8
0,6
[0-1]
0,4
0,2
0
IDH
Balsas
Tasso Fragoso
GINI
Sambaíba
Riachão
POBRES [%]
São Raimundo d. M.
Alto Parnaíba
Ilustração 11: Municípios da maior área plantada de soja e os indicadores (IPEADATA 2007)
Em grade parte, a soja do Brasil vai para o mercado europeu e é usada como alimentação
na criação de bovinos, aves e suínos. Um terço dos grãos do Brasil vai diretamente, não
processado, à exportação. O processamento para óleo ou farinha no Brasil não se
fortaleceu em conseqüência de desvantagens na competição com os outros países (Bickel
2003). Na região sul maranhense não se encontra, praticamente, nenhum processamento
de soja, ou seja, qualquer parte de uma cadeia produtiva além das armazenagens das
empresas BUNGE ou CARGILL entre outras,
o que conseguiria manter os valores na
região. A ilustração 12 esclarece o desenvolvimento das exportações (em bolhas azuis se
vê parte da exportação). No futuro, há uma tendência de uma maior exportação para a
China (D’Alembert 2003).
8
Soy Export Quantity 1997-2003 / Grains [Mio. t]
60
20
Production 50
Mio. [t] 40
30
16
9
8
9
12
16
Mio. [t]
20
10
1996
1998
2000
2002
2004
Year
Ilustração 12: Exportação da Soja (IBGE 2007)
A planta da soja tem ótimo crescimento em condições úmidas na temperatura de 30°C. No
meio são produzidas duas toneladas por hectare. Os custos da produção resultam,
estimativamente, em R$ 1.000 por hectare (385€), dos quais 20% é destinado para o uso de
agrotóxicos. Os maiores investidores no setor são empresas multinacionais como a BUNGE,
CARGILL, LOUIS DREYFUSS, ADM, e produtores de fertilizantes e agrotóxicos.
Soja, geneticamente modificada, não interessa particularmente nesta pesquisa, porque as
práticas ainda são proibidas no Brasil. Isto traz benefícios ao país no mercado europeu , não
importando se a soja for modificada da Argentina ou dos Estados Unidos. Pode-se aguardar
que a restrição fique também para um futuro próximo.
3
O Complexo Agroindustrial e a Agricultura Familiar
3.1 Modernização da Agricultura
Uma das maiores prioridades dos países em desenvolvimento é a modernização da
agricultura pelas tecnologias do aumento da produtividade. Este conceito, que na literatura s
chama-se também green revolution, inclui a introdução de novas espécies de plantas mais
resistentes, o uso de agro-químicos e fertilizadores, irrigação e mecanização. Através destes
meios, é preciso manter uma segurança alimentar para uma população em crescimento.
Para a introdução destes meios, supõe-se um cenário livre de escalas (scale neutral), o que
significa que a introdução não depende do tamanho da unidade de produção. Lavradores do
mundo inteiro deveriam se introduzir neste sistema rapidamente, os benefícios desta
metodologia ajudariam também os sem terra através da intensificação de produção e da
geração de novos empregos rurais.
9
Desde os anos 50, a modernização da agricultura desta forma ganhou mais interesse no
Brasil. Diversos programas de desenvolvimento rural fomentaram parcialmente grandes
projetos agrícolas e pecuários (GTDN, SUDENE, etc.) e programas de crédito como
PROTERRA (1971) favoreceram a modernização de grandes e médias empresas. Mas o
desequilíbrio aumentou, principalmente, porque os grandes produtores conseguiram
benefícios na competição contra os lavradores que possuíam recursos limitados. As novas
tecnologias favorecem estes produtores, que já tinham os melhores ambientes, como solos
férteis e acesso aos mercados. Também os contatos políticos regionais facilitam o acesso e
a obtenção de informações, créditos e subsídios. Os sem-terras ou pequenos produtores,
sem estes apoios, encontram-se em desvantagem no processo de introdução às novas
tecnologias e perdem ainda mais participação nesta competição (Freebairn 1995, Todaro
and Smith 2006).
A soja e as outras monoculturas direcionadas a exportação, são fatores dinâmicos na
modernização da agricultura. As operações de grande escala influenciam positivamente à
mecanização da agricultura: cadeias de valor são estabelecidas e a produtividade aumenta.
Pequenos lavradores, que mantém a alimentação local, são expulsos em conseqüência das
produções que visam à exportação. Assim, eles se transformam, de arrendadores
relativamente autônomos, em trabalhadores temporários ou mesmo em desempregados
(Franke 1986). Desta forma, a concentração de terra e a desigualdade das rendas se
agravam.
3
Indiretamente esta desigualdade se direciona para as cidades. Uma produção avançada
com alta demanda de capital, resulta em uma não demanda de trabalhadores. Se não há
absorção no mercado de trabalho, estas pessoas vão migrar para as cidades resultando em
problemas sociais, pois as regiões são pouco preparadas para este tipo de migração. Nos
anos 70 as migrações eram direcionadas para o norte, ao longo da
Transamazônica
(600.000 homens), enquanto que ao mesmo tempo, chegaram 2.9 milhões de pessoas no
estado de São Paulo (Gomes da Silva 1991).
3
Os efeitos do green revolution nos países em desenvolvimento estão sendo discutidos
abundantemente na literatura. Em uma revisão cientifica sobre os efeitos de 1970 até 1989, Freebairn
(1995) avaliou casos e relatórios destes países. 40% destas análises confirmam uma maior
concentração de rendas e terras em conseqüência do green revolution. Só 4% têm resultados de
concentrações menores.
10
Uma das causas dos defeitos do green revolution é finalmente a suposição errada de que a
modernização seria neutra na escala, ou seja, independente do tamanho da unidade de
produção. Particularmente, a mecanização necessita de altas reservas de capital.
O
melhoramento com os fertilizantes, sementes e outros meios têm neutralidade na escala,
mas mesmo assim as instituições têm a tendência de beneficiar os grandes donos de terra.
Logicamente não faz sentido negar a introdução de tecnologias progressivas, mas depende
das circunstâncias e de como estas são introduzidas. Sociedades com alto grau de
desigualdade, como no caso do Brasil, vão provavelmente continuar desiguais depois de
investimentos nos meios de produção. Talvez a tecnologia seja neutra mas os elementos de
controle no sistema de produção não são (Freebairn 1995).
A maior barreira para o crescimento rápido do agroindústria no Norte é a falta de meios de
transporte e a falta de infra-estrutura. Particularmente interessante seria o transporte da soja
pelos rios, via Belém ou São Luis, diretamente para a Europa (Silva et al. 1994). Por isso
grandes rios como o rio Tocantins ou o rio Araguaia necessitariam de modificações, pois
estariam em funcionamento o ano todo para o fluxo de barcos. Estes projetos existem, mas
são altamente controversos. Os projetos que estão atualmente em andamento, ainda se
limitam no pavimento de conexões entre Santarém e Cuiabá ou na ampliação do rio Tapajó.
Especialmente nas novas estradas acontecem graves destruições da floresta. Os estados
Pará e Maranhão favorecem um levantamento da soja diretamente nas conexões de
transporte (Belém-Brasilia, rodovia de Carajás).
3.2 Desafios do Setor da Subsistência
Nos países em desenvolvimento, a agricultura tem geralmente baixa produtividade. O razão
principal é a alta concentração de trabalhadores. Nos países baixos níveis de rendas, a
primeira prioridade é assegurar a alimentação. Muitas pessoas trabalham em pequenas
unidades da agricultura de subsistência. Juntamente com as tecnologias primitivas,
organizações precárias e falta de bens físicos e de capital humana, a utilização da terra vira
improdutiva (Todaro e Smith 2006). Esta agricultura de subsistência é marcada pelo cultivo,
pecuária e outras atividades feitas principalmente para o uso próprio. No fundo, a agricultura
de subsistência é o jeito tradicional da produção agrícola, mas as metodologias tradicionais
foram anuladas com o alto crescimento das populações mundiais.
A agricultura da subsistência tropical começa, normalmente, com a queima da floresta
primária. Assim, os solos pobres de nutrientes se tornam férteis para os próximos dois a três
anos, férteis o suficiente para cultivar frutas do campo (grãos, etc.). Depois de dois anos a
11
vegetação secundaria é queimada de novo. Agora é possível utilizar a terra mais seis anos
para pecuária. Neste tipo produtivo, os camponeses tomam um risco seriamente alto, por
exemplo, por tempos extremos. As famílias são vulneráveis nos épocas de crise. Gado se
torna uma “segurança”, pois pode ser trocado qualquer hora por remédios ou outras
necessidades.
Enfim, a terra e infértil e fica em repouso. Novas áreas são exploradas. Este jeito de shift
and cultivation e land rotation farming é responsável por uma grande parte da destruição dos
recursos florestais e da fertilidade dos solos (entre outros, veja Nghiep 1986, Alencar et al.
2004).
No norte e nordeste do Brasil a produção de subsistência é feita por famílias de 4-12
membros em uma área de até 100 hectares (Alencar et al. 2004). Estas unidades são
manejadas por arrendatários, pequenos lavradores e muitas vezes marginais. Junto com os
sem terra estes homens são caracterizadas como os pobres rurais. Os lavradores são
muitas vezes inexperientes em agricultura tropical e têm acesso limitado para mercados de
alimentação ou outros mercados importantes, pois possuem relativamente pouco capital
humano e financeiro.
Na discussão política sobre o desenvolvimento rural, sugeriram transferir as metodologias
do green revolution, o Maximo possível de maneira participativa para os agricultores
pequenos. Outros autores recomendam o caminho da diversificação (‘purificação’) da
produção. Provavelmente é uma mistura destes. Em uma pesquisa sobre a influência da
diversificação da agricultura para o desmatamento e as rendas, o Perz (2004) verificou que
não são tão importantes quais os produtos e em que quantidades são plantados, mas sim,
se realmente existe uma diversidade alta na produção rural. Em relação a influência para as
rendas, conseguiram mostrar uma relação significativamente positiva. Só para a degradação
da vegetação nas terras destes agricultores não conseguiu encontrar resultados
significativos.
Com os meios de agricultura intensiva e estímulos convincentes; como preços de input
diminuindo (derrubo), acesso ao capital mais fácil ou assistência técnica, conseguiria ser
feito uma mudança para o cultivo permanente (sedentário) (Nghiep 1986). O cultivo de frutas
por exemplo necessita de algum capital no inicio. Agricultores marginais não têm reservas,
pois precisam de possibilidades de financiamento, mas estudos diversos provaram que as
margens de luxo por hectare aumentam com cultivo de frutas sancionais ou frutas
permanentes (Perz 2001).
12
Outros estudos defendiam que o melhoramento de acesso a créditos aumenta o
desmatamento, se o crédito ajuda a aumentar os campos cultivados e a pecuária (Kaimowitz
und Angelson 1998). Só melhorar o acesso ao crédito não é suficiente. É preciso que o
projeto englobe monitoramento e assistência técnica.
Depois de muitas inovações tecnológicas, acontece, conseqüentemente, uma demanda
diminutiva de trabalhadores. Processos que economizam trabalhadores, ou seja, forças de
trabalhos abundantes, não deveriam ser utilizadas para mais avanço nas florestas. Este
trabalho tem que ser absorvido, mais do que tudo, com empregos fora do campo (off-farm
employment) (Kaimowitz und Angelson 1998). Isso pode acontecer com o aumento da
produção rural, se por exemplo, se desenvolvem cadeias produtivas além da soja, como no
caso do Brasil. Resumindo, podia falar: Se a diversidade da produção rural aumenta,
aumenta a oferta de empregos e aumentam as rendas. Depois seria preciso destruir menos
área natural pelas metodologias da subsistência como o slash and burn (Perz 2004). Este
cenário seria um cenário win-win-win (win-ganhar), que se baseia principalmente na teoria
da curva ambiental do economista Kuznet4 e na literatura também é chamado productive
conservation. Este conceito é controverso, pois outros estudos restringem o efeito das
rendas crescentes para a salvação da natureza. Nestas pesquisas, uma renda maior até
acelera a destruição das florestas.
4 Condições básicas no Cerrado
4.1 Ecossistema, Vegetação e Clima
O tamanho da Amazônia Legal e de cinco milhões de km2 (Ilustração 13). Esta área abrange
a bacia do rio Amazonas como os estados Rondônia, Acre, Amazonas, Pará, Roraima,
Amapá, Tocantins, Mato Grosso, e alguns municípios em Goiás e Maranhão (ocidental do
meridiano 44) (SUDAM 1995).
4
Primordialmente o Kuznet sugeriu que rendas crescentes deveriam igualizar as desigualdades da
renda em economias em desenvolvimento (u-hypothesis). O conceito era ampliado no contexto de
meio ambiente: O inicio do desenvolvimento causa problemas fortes no ambiente, enquanto com
rendas crescentes, melhora esta influencia negativa do desenvolvimento econômico humano.
13
Sul-Maranhão /
área pesquisada
Ilustração 13: Amazônia Legal e os estados brasileiros (IBGE 2007)
Florestas tropicais e transitivas fazem parte da Amazônia Legal, mas também são partes do
Cerrado, bioma secas no sul. Esta savana brasileira abrange 11 estados brasileiros e
contribui com um quarto na área total do Brasil (2.1 Mio. km2) (Ilustração 14). Com isso o
Cerrado é o segundo maior ecossistema brasileiro depois da Amazônia, mas muito menos
conhecido. Enfim o Cerrado é a savana mais rica em espécies no mundo, onde mais do que
60.000 espécies já foram registradas (Dias 1996), entre elas 4.400 de espécies endêmicas
(Bickel 2003). Os tipos de vegetação variam entre florestas, estepe com arvores, arbustos e
gramados. As florestas perto dos rios e riachos, que se chamam mata ciliar, fazem 5% do
Cerrado e tem um valor natural elevado. A mata ciliar é o ambiente de 80% dos mamíferos e
de 24% das espécies ameaçadas de extinção (WWF 2003). Até hoje são protegidas só
1.5% do Cerrado.
A época de chuva dura todo o verão, de outubro ate março. O tempo nesta época é quente
com esporádicas chuvas fortes. O inverno é morno e seco com temperaturas que raramente
são mais baixas do que 18°C (WWF 2003).
14
Ilustração 14: Biomas brasileiras (verde - Amazônia, vermelho - Cerrado) (IBGE 2007)
A perda de grandes partes da vegetação primaria na Amazônia causa influências sensitivas
no micro-clima da região. Os ventos do Atlântico transportam grandes quantidades de água
de cima da bacia amazonense em direção aos Andes. Neste caminho para o ocidente as
nuvens se esvaziam e se enchem em um ciclo de chuvas constante. A água cai na
cobertura densa e fica por um tempo circulando. Com o aumento dos lugares escavados,
mais do que tudo perto da costa e na fronteira sul da Amazônia, este ciclo é equivocado. As
águas das chuvas correm superficialmente para os rios e saem do ciclo. A terra, sem
cobertura, esquenta mais e influencia as queimadas. Por conseqüência, nuvens de fuligem
influenciam ainda mais o ciclo de água natural. A degradação nas margens da Amazônia
tem sim conseqüências para as áreas que continuam sem influência direta e isoladas
porque nas regiões centrais e ocidentais chega simplesmente menos água.
4.2 Conflitos Ecológicos
Na região sul do Maranhão a agricultura mecanizada só é apropriada nas altas serras. Estas
são interrompidas por grandes vales que dificultam a entrada (Ilustração 15). Muitas vezes,
os vales são também os lugares das nascentes dos riachos. Até hoje os lavradores
tradicionais viviam dentro destes vales e praticavam agricultura de subsistência. Fora dos
vales, o Cerrado é realmente atraente para plantar soja porque as áreas extensas são
planas e facilmente preparadas para monoculturas. Em áreas ecologicamente degradas e
15
que já foram destruídas, a plantação de soja poderia ter um grande papel, ajudando a região
a se tornar útil e viva. Em ecossistemas vulneráveis, como o do Cerrado, a plantação tem
efeitos negativos para flora e para a fauna. Hoje esta monocultura é uma das maiores
ameaças à biodiversidade do Cerrado. Dois terços da vegetação natural já estão sendo
modificados pelo ser humano (Bickel 2003).
O cientista Castro resume: “As influências ambientais que acontecem pelo desmatamento
de grandes áreas com a função de introduzir monoculturas têm um resultado negativo em
relação aos custos e a utilidade. Atualmente se pensa em um desenvolvimento sustentável
que inclua a salvação da biodiversidade.” (Castro 1997). Lógico que o deslocamento da
fronteira agrícola é só um dos fatores que ameaçam a ecologia na Amazônia. Cientistas
concordam que a soma de todas as utilizações não tradicionais pelos diferentes grupos
como: colunistas, pecuaristas, especulantes de terra e outros newcomer são responsáveis
pela maioria da destruição na Amazônia (Perz/Skole 2003, Fearnside 1993, Alencar 2004,
etc.). Nos próximos parágrafos serão mostrados alguns dos efeitos ambientais das
monoculturas.
Ilustração 15: Fotografia aérea do sul do Maranhão –
Atrás da para observar a serra com os campos de soja (Fonte: Fórum Carajás)
16
Agrotóxicos
O uso de agro-químicos na agricultura de grande escala é um problema para a saúde
humana através da poluição da água (nascentes, rios, lagos ou água dos poços). Isso é
ainda mais problemático em lugares onde a população bebe esta água da superfície ou a
de poços menos fundos. Particularmente nas épocas de chuva, onde também ocorrem
tempestades, as águas das superfícies são trazidas das serras para os riachos nos vales.
Estas águas podem vir contaminadas com agrotóxicos – tóxicos para o ser humano.
O uso de agrotóxicos é praticamente inevitável nas plantações de monoculturas e, no Brasil
é muito comum, crescendo a cada ano (Vieira et al. 2001). Os agrotóxicos são jogados de
cima de aviões nas plantações ou pelos trabalhadores dos latifúndios que borrifam as
substancias concentradas e altamente tóxicas sem proteção nenhuma (Pinheiro 2006). As
fazendas próximas são influenciadas pelo não uso de agrotóxicos, sofrendo com ataques
de insetos e fungos.
Consumo de Água
As plantações de soja influenciam diretamente o ciclo da água local quando são plantadas
próximas das margens dos riachos. Estes espaços próximos dos rios funcionam como um
armazém de umidade na época da seca. Se a vegetação primaria da mata ciliar é trocada
por campos desprotegidos, a reserva de água diminui e, em casos extremos, seca
completamente. Como a mata ciliar é a parte mais rica em diversidades e fornece funções
ambientais importantíssimas, há um movimento de preservá-la.
Solos
As monoculturas causam uma série de problemas para a qualidade dos solos. O
desmatamento da vegetação primária, primeiro passo para uma monocultura, pode causar
erosão, principalmente em eventos de chuvas fortes o que resultam em grande perda de
minerais. O uso de máquinas pesadas é um das causas do solo se tornar mais denso, o
que diminui a colheita e aumenta os custos. Mais um efeito da agricultura intensiva acontece
se o solo perde as partes orgânicas. Assim, menos CO2 fica armazenado nas terras.
17
4.3 Mercado de Trabalho e as Condições Socioeconômicas
O cultivo de soja tem efeitos positivos e negativos como já foi explicado acima. As duas
influências positivas, o fortalecimento do setor de exportações e a questionável
modernização agrícola, poderiam desenvolver novos setores produtivos se uma cadeia
produtiva acontecesse. Por outro lado as influencias instáveis da agricultura de grande
escala são: desempregados rurais e o crescimento da desigualdade de renda e de terra.
Mercado do Trabalho
Em media necessita-se de apenas um trabalhador a cada 100-250 hectares de soja. No ano
2000 foram empregados 5.4 milhões de pessoas neste setor no Brasil inteiro (Roesing
2001). As condições de trabalho nas fazendas são conhecidas como miseráveis na literatura
(Souza Filho 1995, Pinheiro 2006). A investigação deste assunto não faz parte desta
pesquisa, mas a realidade hoje nas fazendas ultramodernas é provavelmente outra. A
maioria dos trabalhadores tem que ter um mínimo de educação e normalmente vem de
cidades ou de regiões distantes. São criados poucos empregos para empregados bem
qualificados e os que conseguem ganham razoavelmente bem. É verdade que muitos
trabalhadores destas fazendas trabalham muito tempo e sem pausa na época de colheita.
Isso é perigoso porque o risco de acidentes cresce.
Trabalhadores rurais pouco qualificados trabalham raramente nas fazendas e também não
são oferecidos empregos para eles (veja os resultados da analise empírica). Normalmente,
necessita-se de uma carta de condução para mexer nas maquinas agrárias, o que nem
todos de uma condição mais simples, podem obter. Os trabalhadores pouco qualificados
são a grande maioria nas regiões rurais e o emprego de mulheres também quase não existe
nas empresas agrícolas de grande escala.
Migração
Estes conflitos exemplificados causam um êxodo do espaço rural para as cidades. Na área
de pesquisa pode-se observar uma migração para as sedes municipais (Souza Filho 1995).
Na periferia das cidades estabelecem-se novos bairros (por exemplo na cidade de Balsas).
A desigualdade das rendas cresce e os sistemas de segurança e do setor social são
sobrecarregados. Como no Cerrado nenhuma cadeia produtiva de soja surgiu, mas sim
campos enormes, a demanda de empregos urbanos cresce e cresce sem perspectiva de
ser absorvida.
18
A Decadência da Produção Alimentícia
A agricultura de grande escala para exportação é muitas vezes questionada pelo argumento
de que esta tem um efeito negativo para o mercado interno de produção de alimentos
básicos. No Brasil pode-se provar esse argumento observando os números da produção de
arroz, feijão e mandioca. As áreas de plantação destes produtos diminuíram de 1993 até
2002, enquanto, ao mesmo tempo, houve um crescimento da população (Bickel 2003). Até
40% destes alimentos são produzidos por fazendas de pequeno porte, das quais necessitam
de mais trabalhadores e usam menos agrotóxicos no campo.
Olhando para os dados estatísticos do instituto brasileiro de estatística (IBGE), podemos
observar que não há uma confirmação total desta diminuição da produção de alimentos no
Brasil. As inovações agrícolas trouxeram menos demanda de terra, enquanto o total da
produção ficou constante. A produção de soja cresce significativamente mais do que todas
as outras desde 2000. Analisando os números, parece que esta não provocou diretamente
perdas na produção de alimentos básicos como o arroz ou o trigo (Ilustração 16). Mas
certamente esta mudança tem uma influência nos preços destes produtos como podemos
ver na atual crise mundial de alimentos.
Agricultural Production 1991-2006
120
100
80
Mio. t
60
40
20
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
SOJA
TRIGO
ARROZ
Ilustração 16: Total da produção de arroz, trigo e soja (t) em 1991 (IBGE 2007)
Na área pesquisada do sul maranhense pode-se verificar que pequenos agricultores
continuam a produzir os alimentos para o uso próprio. A alimentação nos sítios distantes é
19
muitas vezes parcial. Para estes agricultores é extremamente difícil aumentar a diversidade
dos alimentos, ou em longo prazo, servir o mercado local. Isso acontece, não pela falta de
terra, mas sim pela falta de meios de produção (trator, adubo, armazenagem frio, etc.) e
basicamente falta de renda.
Grilagem
O roubo ilegal das terras através da manipulação de documentos é uma prática bem comum
no norte e no nordeste do Brasil, as áreas envolvidas são extremamente grandiosas,
equivalentes ao tamanho de toda a América central (Bickel 2003). Na maioria das vezes
essas regiões são habitadas por famílias que vivem a varias gerações nestas correndo o
risco de que um dono apareça
e declare que a terra é uma propriedade privada
desabrigando-os de suas casas. Estes casos jurídicos não são fáceis de se tratarem e
logicamente atrás destes existem desejos, poderes e grupos de grande influencia.
Provavelmente a mudança para a agricultura mecanizada influencia diretamente os
processos de concentração das terras através de grilagem. O deslocamento da fronteira da
soja no norte necessita de grandes investimentos (máquinas, veículos, adubo para os solos
pouco férteis, etc.). Com uma rentabilidade de mais de 1.000 hectares plantados, esta
produção não é uma opção para agricultores tradicionais familiares. Interesses externos
entram no mercado local em concorrência com os das áreas apropriadas para a
monocultura (Souza Filho 1995). Nesta constelação, a agricultura de subsistência não é
nem um pouco competitiva.
5 Analise Empírica: Agricultura Familiar na Fronteira Agroindustrial no
Maranhão
A base da pesquisa-inquérito foi a unidade da casa (household). Só homens e mulheres
trabalhadores legítimos foram questionados de maneira que um representante falou sobre a
família. A metodologia que foi selecionada foi a entrevista oral com perguntas
estandardizadas (Anexo 1).5 O questionário foi feito com perguntas fechadas e respostas já
formuladas e escalas de rating para atribuir a devida importância. O questionário foi
5
Os benefícios desta metodologia são: altos números de respostas válidas, entrevistas completas, o
controle sobra à condição da entrevista e resultados comparáveis.
20
estruturado nos seguintes temas: situação econômica, conflitos de terra, agricultura familiar,
meio ambiente, soja/fronteira agrícola, infra-estrutura e declarações demográficas gerais.
Mudanças desnecessárias dos temas foram evitadas.
A situação entre o representante e o entrevistador deveria ser neutra, mas a entrevista
deveria ser controlada pelo entrevistador incluindo explicações necessárias e dúvidas dos
entrevistados. Também foi prestada atenção nas condições externas dos participantes
como, conhecimento, escolaridade e acesso às informações para manter a maior
proximidade possível com as perguntas propostas. A entrevista não deveria ultrapassar um
tempo de meia hora.
5.1 Pressupostos e Hipóteses
A área sul maranhense foi classificada como uma economia pequena e aberta (small open
economy) porque o nível de produção é um pouco acima da subsistência e existe um
mercado de trabalho (o nível das rendas é determinado por fora e há migração de
trabalhadores). Existe também direitos à propriedade e uma compensação entre o consumo
e o tempo livre, todos os argumentos para uma economia aberta desse tipo. É claro que as
condições nem sempre são validas, por exemplo, quando os direitos de propriedade são
subestimados e acontecem conflitos sobre a terra, ou o mercado de trabalho já existe, mas
não funciona. Em toda a região se encontra uma agricultura de subsistência ou modelos
misturados de produção, mas os pressupostos para um modelo puro de subsistência não
são realistas e foram rejeitados. Enfim, essa é a grande questão: vencer uma economia que
é exclusivamente baseada na subsistência.
Identificamos dois diferentes cenários na região: 1. O caso state-of-the-art (mais ocorrente)
inclui comunidades tradicionais e comunidades que foram recentemente fundadas ou
ocupadas; 2. Comunidades que depois de uma intervenção agroecológico, que significa
depois que introduziram novos, modernos e ecológicos meios de produção. No caso normal
pode-se prometer trabalho intensivo, grande mão de obra, e poucos meios de produção. O
caso avançado mostra o uso de meios de produção ligados a maiores quantidades de
capital, como maquinas ou inovações agrárias. Uma terceira distribuição conseguiria ser
feita com a presença ou abstinência de grandes plantações de soja. Nos dois grupos
existem comunidades muito próximas ou mais distantes dos campos de soja.
O objetivo da pesquisa foi identificar as razões para a pobreza rural e a destruição
prolongada da natureza na região, e adicionalmente, tentar fazer algumas estimativas sobre
as possíveis intervenções futuras. A análise tem um foco nos impactos de grandes projetos
21
de soja sobre as estruturas da agricultura familiar. Além disso, queremos analisar quais são
os fatores que influenciam a renda das famílias e quais são as influências disso para a
degradação do Cerrado. Por isso a tese principal é: “O aumento da produção com meios de
diversificação da agricultura de pequeno porte aumenta as rendas”. Isto resulta a segunda
tese: “A diversificação, e assim, um desenvolvimento positivo das rendas, diminui a
velocidade da destruição do Cerrado.” Como o questionário tem muitos outros temas, todas
as partes têm muitas outras teses.6 Essas serão analisadas passo a passo no parágrafo 5.6.
5.2 Cálculos
Foram escolhidas as variáveis dependentes “renda de agricultura”, “quota da degradação
por ano” e ”% total da área natural”. Tentamos explicar os valores destas variáveis através
da análise de variância com o programa de estatística SPSS, que ajudou a encontrar razões
estatisticamente palpáveis. Criamos escalas com o conceito de capital como capital social,
humano, cultural, físico e capital primário. Criamos indicadores para a diversificação da
produção, infra-estrutura, grau de intensificação da produção agrícola, etc. Para encontrar
mais informações sobre estas escalas e indicadores, como as equações usadas, os fatores
de conversão e a estimativa de preços, veja o anexo numero II. No texto seguinte serão
explicadas apenas as variáveis mais importantes: a “renda de agricultura” e a “degradação
da área natural”.
5.2.1 Cálculos da Renda Agrícola
Já que a indicação da renda no questionário é distorcida por causa do dinheiro das fontes
de programas estaduais sociais e já que muitos negócios com os produtos agrícolas são
baseados na troca, foi calculado o potencial da renda por mês só de fontes agroculturais (Y).
Nos cálculos foram identificados estes produtos, quais potencialmente se conseguem
vender e ganhar dinheiro (anexo II). Com estes produtos foi feita uma distribuição em: frutas
do campo (X – área para os quatro produtos principais), frutas (Yfruits), vegetais (Ygarden),
animais (Ai) e produtos do Cerrado (extrativismo - Ei). Ainda foi subtraído o dinheiro para os
trabalhadores adicionais e, em alguns casos, o adubo. O uso próprio das famílias não foi
subtraído da renda, porque é complicado demais quantificar este consumo. Se você pensa
6
A literatura para a escolha das teses se foca basicamente nas florestas tropicais (Kaimowitz und
Angelson 1998, Perz 2001, Fernandez 2006, etc.). Por isso não da para transferir todas estas idéias
para regiões mais secas.
22
que os produtos como arroz e frutas, entre outros, não precisam ser comprados, ai sim se
pode ter um cálculo adequado.
Equação (1)
n
n
n
X
Pi + ∑ Ei Pi + ∑ Ai Pi + Ygarden + Y fruits − XPF − w(dW )
∑
4
i =1
i =1
Y = i=1
12
(X – área de campo [ha] / Pi - preço [R$] / PF – preço do adubo / w – renda / d –dias / W – trabalhador)
Com a equação (1), tentamos uma maior aproximação das rendas reais. Apesar disso, este
cálculo não pode fornecer um resultado preciso e absoluto pois achamos importante
acentuar as distâncias entre os participantes. Já que todas as rendas foram calculadas da
mesma forma e são baseadas em questões fáceis como “produzo sim / Não produzo”,
conseguimos chegar neste objetivo. Um valor de 100 até 800 R$ de renda através da
agricultura parece um tanto real, também porque muitos lavradores indicaram diretamente
valores de 200-300 R$ na hora do questionário. A ilustração 17 mostra a distribuição das
rendas de 102 lavradores de 0 até 1.000 R$ (em grupos de 100 R$ cada).
Renda de fontes agrícolas
50
Frequencia
40
30
20
10
0
Reihe1
0-100
100200
200300
300400
400500
500600
700800
800900
9001000
10
47
15
15
10
2
1
1
1
R$
Ilustração 17: Cálculos de rendas da agricultura
23
5.2.2 Cálculo da Degradação da Vegetação
Para calcular a destruição do espaço natural nas áreas privadas criamos três metodologias
diferentes. Elas devem ser separadas entre as indicações dos participantes e o nível da
comunidade inteira através de indicações de uma pessoa responsável – vamos dizer um
representante. Com estes dois números calculamos a “quota da degradação por ano” em
hectares.
Equação (2)
RZ ,1 =
Anat ,arrivel ,household − Anat ,today ,household
TS ,household
Equação (3)
RZ , 2 =
Anat , arrivel , village − Anat , today , village
TS , village * N
(Rz – quota da destruição [ha/ano]), Anat – área natural, TS – anos de residência,
N – (numero das famílias)
O terceiro indicador foi calculado também através de indicações das famílias, mas desta vez
calculamos quantos por cento da área total em propriedade já foram degradadas até hoje
(equação 4). A tabela 1 mostra a lista e os resultados destes cálculos.
Equação (4)
Adest , household =
Atotal , household − Anat , household
Atotal , household
(Adest – área degradada)
24
Tabela 1: Degradação da natureza na propriedade de famílias e da comunidade
Calculo nível da casa/família
Área natural hoje [ha]
Área natural na chegada [ha]
Quota de destruição [ha/ano]
Media
Alcance
Media
Alcance
Media
Alcance
22
0-198
48
0-476
2
0-17
0,7
0-2,2
Calculo nível da comunidade
60
2-263
89
2-306
Degradação na propriedade [%]
Media
Alcance
55
0-100
5.3 Estatística Descritiva
No total foram feitas 108 entrevistas e destas usamos 104 para a analise adiante. Tabela
número 2 mostra os valores médios, mínimos e máximos para a caracterização das famílias
na área pesquisada.
90% dos participantes têm uma idade inferior a 60 anos e, por isso, podemos supor que a
maioria pratica em atividade a agricultura. Na distribuição dos sexos conseguimos quase
uma igualdade entre os entrevistados, de maneira que 44% eram mulheres e 56% eram
homens. As famílias têm em média quatro filhos (alcance de 0-15), eles moram sozinhos ou
com até nove adultos em casa. 88% das pessoas nasceram no Maranhão e os outros, a
grande maioria, no estado vizinho, Piauí.
Tabela 2: Características das famílias entrevistadas, 104 samples, estado do Maranhão, Brasil 2007
Características
Media
Mínima
Máxima
Pessoas por casa
5
1
15
Idade da pessoa entrevistada
42
19
74
Anos na escola
4
0
15
Nasceu em Maranhão (%)
88
-
-
Residentes deste (anos)
13
0
66
Tamanho da terra
72
<1
710
Tamanho da roca (em uso atualmente)
2,3
0,3
20
6
0
55
Casa
Cabeça de gado
25
Ganho renda estadual (%)
64
-
-
Renda (indicações das famílias com pensão)
426
0
1.900
Distancia para Mercado próximo (capital do
município) (km)
99
13
244
Duração da viagem para o mercado (h)
4
1
10
22
-
-
535
375
1.000
Comunidade
Comercialização da agricultura (%
famílias que vendem algo para
comerciante)
das
um
Preço da terra (R$/hectare)
87% das pessoas nascidas no Maranhão ou que se mudaram para a região indicaram que
já eram qualificados em agricultura. 65% indicaram que chegaram sem capital primário e,
em alguns casos, com mais animais e menos dinheiro ou máquinas. A escola se finaliza
cedo nas regiões rurais, muitas vezes já depois da 4ª serie (18%). No nosso caso até 13,5%
nunca foram à escola e só 7,7% tem um grau de dez anos de estudo. Os dados foram
pesquisados em nove comunidades de quatro municípios diferentes no sul do Maranhão
(Tabela 3). Estes foram os municípios de Balsas (48 entrevistas), São Raimundo dos
Mangabeiras (25), Loreto (17) e Tasso Fragoso (14).
Tabela 3: Características do sul do Maranhão
Comunidad
e
Município
No. Das
famílias
No. Das
pessoas
Área total
cenário
Presença
da soja
Bacuri
São Raimundo
das
Mangabeiras
60
300
7.000
state-ofthe-art
-
Nova
Descoberta
São Raimundo
das
Mangabeiras
16
56
800
state-ofthe-art
-
Porto
Isidoro
Balsas
18
60
7.880
state-ofthe-art
sim
Ferreira
Balsas
26
200
3.904
state-ofthe-art
sim
Buritirana
Balsas
26
400
5.490
state-ofthe-art
sim
Sonhem
Loretto
98
500
?
state-ofthe-art
sim
São Pedro
Tasso Fragoso
36
200
1.125
state-ofthe-art
-
São
Cardoso
Balsas
35
200
1.075
agroecológico
sim
26
(ha)
Balsas
Santa
Luzia
17
110
880
agroecológico
-
A Ilustração 18 mostra as rendas da agricultura em média para cada comunidade. Esta
distribuição pode ser explicada facilmente. Os dois lugares que se encontram no topo são as
comunidades que tem um jardim com irrigação. Este jardim rende mais de R$ 200,00 por
mês para cada família. Adicionalmente, estas são próximas da sede municipal de Balsas.
Empregos fora da agricultura são possíveis, fontes de rendas adicionais, capitais e
possibilidades de fazer investimentos.
Os lugares que se encontram no meio são Buritirana, Sonhem e Ferreira – todas
comunidades já estabelecidas desde muito tempo, mas distantes da próxima cidade. Os
agricultores residem lá há muito tempo e as metodologias de agricultura são conhecidas.
Porto Isidoro deveria fazer parte deste grupo, mas ainda não se dá muito bem na produção
agrícola.
As comunidades de menor renda são todas de assentamentos recém ocupados. A
comunidade Nova Descoberta parece mais segura, mas ainda não concebeu fazer proveito
do lugar beneficiado pela pouca distancia para a próxima cidade e pela presença de energia
elétrica. Bacuri, o ultimo, está em uma fase de início. Lá, ainda nada funciona como
conseguiria.
Renda media / Município
500
400
300
R$
200
100
0
Bacuri
Reihe1
116
Nova Porto
Buritira Sonhe Sao
Sao Santa
Fereira
Desco Isidoro
na
m
Pedro Cardo Luzia
158
152
248
230
304
144
471
343
Ilustração 18: Renda media por município (fontes agrícolas)
19% dos participantes indicaram o desejo de sair do Maranhão se tivessem à possibilidade.
O Maranhão é um estado que tem grande tendência de perder habitantes, dentro do próprio
27
estado. A maior meta de migração rural são para as sedes dos municípios que ganharam
bastante população nas ultimas décadas (por exemplo Balsas).
Em média, as propriedades dos agricultores são de 72 hectares. A pesquisa abrange
resultados de valores menores do que um hectare até valores de 710 hectares.
Propriedades de mais de 200 hectares são exceção absoluta e quase 80% tem menos de
100 hectares. Assim, nós conseguimos chegar bem próximos da definição de agricultura
familiar (até ~100ha/unidade). A maioria dos lavradores indicou uma área de 50 hectares.
Falando sobre o cultivo das plantações, encontramos uma média de 2,3 hectares (alcance
0,3-20 hectares). Uma distribuição em partes de cinco hectares cada mostra que a maioria
dos lavradores usa uma área com menos de cinco hectares e 72% cultivam menos de dois
hectares. Os custos da aquisição de mais um hectare variam bastante em cada região. Isso
se deve as diferenças dos campos onde alguns têm a possibilidade de uma agricultura
mecanizada enquanto outros não. Nas regiões de soja, perto de Balsas por exemplo o custo
é duas vezes maior (R$ 1.000,00) do que nas regiões dos vales do sul.
28,7% vivem abaixo da linha de pobreza (metade do salário mínimo – R$ 190,00) seguido
da indicação própria. 60% indicaram ganhar mais ou menos um salário mínimo. A vida
nestas condições pode ser classificada como precária. 23% ganham até dois salários
mínimos (R$ 760,00), 16% ganham mais do que isso e podem ser chamados de
financeiramente seguros.
Se alguém pensa de onde vem estas rendas, pode-se ver que 64% das famílias ganham a
vida principalmente de fontes estaduais como bolsa família ou outras pensões. Isso
significa, pensando que esta imagem poderia ser a mesma no resto do norte rural, que a
produção agrícola de pequeno porte ganha ajudas indiretas através dos programas sociais
do estado brasileiro. Uma economia que é baseada no dinheiro, acontece quase só por
causa dos subsídios estaduais. A economia regional funciona, na maioria das vezes, através
de trocas de bens entre as famílias. Estes mercados quase não têm interconexão com o
mercado brasileiro interno por que os bens não têm nenhuma fiscalização e os empregos
são, em maior parte, informais.
Só 31 pessoas indicaram que já tinham um emprego. Destes, 13 pessoas estão na
agricultura (por exemplo em fazendas), 17 pessoa estão em serviços (por exemplo como
professor na escola) e um na indústria. O salário diário para um trabalho fora da própria
fazenda é de R$ 15,00 / 20,00. Calculando por mês, são, no pior dos casos, mais ou menos
R$ 330,00 (22 dias = R$ 15,00) R$ 50,00 menos do que o salário mínimo garantido pelo
governo.
28
5.4 Prova das Hipóteses
5.4.1 Conflitos da Terra
40% dos participantes da área pesquisada indicam o envolvimento em conflitos de terra no
passado ou atualmente. Estes casos são, na maioria das vezes, conflitos com latifundiários
e
atores
chamados
grileiros,
quais
roubam
terra
com
certificados
falsificados.
Particularmente, o grupo de Carli é denunciado a atuar na grilagem das terras da região (o
nome de Carli é conhecido por todos os lavradores da região).
Ainda 14% indicam que foram vitimas de violência ou de repressão nestes conflitos (quatro
pessoas foram vitimas de pistoleiros). Embora todos estes casos sejam lamentáveis
felizmente a grande maioria das famílias não foi vitimas de violência. O questionário não
provou uma ocorrência de violência massiva na região, o que não significa que não
aconteça. Movimentos sociais e autoridades da igreja denunciaram, nos últimos anos, a
intimação de pistoleiros e o desaparecimento de pessoas (por exemplo, a letra de José
Reinaldo Tavares para o governador de Maranhão em 6. Marco 2003).
o
O que tem a ver estes conflitos de terra com a fronteira agroindustrial e a plantação
de Soja? Hipótese: O deslocamento da agricultura de grande escala provoca
conflitos com produtores tradicionais!
Depois das indicações dos agricultores, chegamos à conclusão que a região se acalmou em
relação aos conflitos de terra. No passado, os envolvidos eram 38%, atualmente são menos
do que a metade (18%). Isso pode ser assim porque a mudança para a produção de grande
escala quase já se completou em toda região. Na maioria das comunidades observamos
que as propriedades das famílias tinham difícil acesso, localizando-se em vales ou
aparecendo como ilhas dentro do deserto monocultor. Esta terra não é a mais atraente para
agricultura mecanizada, é por isso que os conflitos graves no sul do Maranhão foram um
fenômeno dos anos 80 e 90 (Souza Filho 1995). Isso mostra sim que a agricultura de grande
escala influencia os conflitos de terra.
Resumindo nota-se que só 23% dos afetados são infelizes com a maneira como os conflitos
foram resolvidos. Por outro lado 77% são contentes com a solução. Apenas a aparição de
campos de soja não tem uma influência significativa sobre o contentamento das pessoas
com a solução dos conflitos, também não potencializam os casos de grilagem ou de
violência nas comunidades perto destes.
29
5.4.2 A Fronteira Agroindustrial e a Soja
Ao todo, os agricultores que produzem tradicionalmente têm opiniões diferentes sobre o
deslocamento da soja para o Maranhão. A maioria pensa que a economia do estado cresce,
mas ainda há uma grande parte dos lavradores que pensa que os problemas também se
intensificam (Ilustração 19 e 20).
Grad der Zustimmung: Soja ausgeweitet, Ökonomie wächst in Maranhao
50
Häufigkeit
40
30
20
10
0
stimme überhaupt nicht
überein
stimme weniger überein
stime überein
stimme voll überein
Grad der Zustimmung: Soja ausgeweitet, Ökonomie wächst in Maranhao
Ilustração 19: A economia cresce no Ma (não concordo, ..., ..., concordo plenamente)
30
Grad der Zustimmung: Soja ausgeweitet, Probleme wachsen in Maranhao
100
Häufigkeit
80
60
40
20
0
stimme überhaupt nicht
überein
stimme weniger überein
stime überein
stimme voll überein
Grad der Zustimmung: Soja ausgeweitet, Probleme wachsen in Maranhao
Ilustração 20: Problemas crescem no Ma (não concordo, ..., ..., concordo plenamente)
o
Hipótese: A modernização da produção para agricultura de grande escala acontece
sem a participação da maioria do povo da região!
74% dos participantes indicaram que nunca receberam nenhum oferecimento para trabalhar
em uma grande fazenda. Isso fortalece a suspeita de que o desenvolvimento através de
grandes empresas agrícolas acontece sem o povo local. Esta suspeita é um pouco
questionável pois 39% indicaram ao mesmo tempo em que já trabalharam em uma fazenda
de soja. Apenas 15 pessoas disseram que algum membro da família trabalha atualmente em
uma grande fazenda. Se estas forem exatamente fazendas de soja fica difícil de verificar.
Finalmente, não conseguimos encontrar influências significativas das empresas de soja da
região para a distribuição da renda. Nem pessoas que já trabalharam em uma fazenda são
hoje economicamente mais estáveis, também, não foi possível verificar um efeito da
distancia das fazendas de soja. Isso significa que a população rural do Maranhão não tem
benefícios através de empregos formais nas empresas de agroindústria. Também a infraestrutura dos municípios não foi
positivamente influenciada pelas empresas (nenhuma
significância entre o indicador da infra-estrutura e a distância dos projetos de soja).
A maioria das pessoas que já trabalharam em uma fazenda de soja indicou condições boas
de trabalho (65%). De todas as 40 pessoas que trabalharam nestas fazendas, 40%
31
indicaram o não uso de roupas apropriadas para o trabalho com agrotóxicos. Isso é uma
observação freqüente de vários estudos sobre soja e parece que nesta pesquisa pode ser
provado também.
Embora as indicações, na maioria positivas, 79% pensam que não ganhariam mais dinheiro
na fazenda do que no próprio pedaço de terra. Isso demonstra que nem todos queriam
realmente participar desta explosão da soja, pelo menos não como empregados de uma
fazenda para ganhar R$ 340,00 por mês. Nas entrevistas foi falado muitas vezes, que assim
“teriam que comprar os alimentos” e não “teriam mais controle sobre o próprio tempo”.
Assim, mesmo com todas as dificuldades dos agricultores familiares, parece que a vida na
própria terra é, enfim, considerada mais agradável.
o
Hipótese: A prática do plantio de soja no campo (agricultura intensificada) traz
desvantagens ecológicas para o Cerrado, trazendo assim, perigos para as famílias
que vivem tradicionalmente!
97% dos camponeses avaliam o uso dos agro-químicos como muito perigoso. Exatamente a
metade destes usa a água dos riachos para beber e para o dia-a-dia. Mais uma vez, metade
das pessoas lamentam os riachos poluídos pelas plantações de soja. 18% asseguram que a
água já foi poluída pelo menos uma vez. Estas indicações são baseadas na consciência das
pessoas e não podem ser verificadas facilmente. Se forem verdadeiras, realmente, são
números enormes. Problemas específicos como, por exemplo, ataques de insetos ou fungos
(39%) e o uso de agrotóxicos por aviões (30%) foram indicados pela minoria.
5.4.3 Meio Ambiente
87% dos participantes têm vegetação natural na terra de propriedade (vegetação primaria
em senso vasto da definição).7 Em relação à área desta terra, 64% das pessoas indicaram
um valor de menos de um hectare até 197 hectares (no meio 22 ha). A maioria indica entre
10 e 30 hectares. Quando chegaram na terra, 26% encontraram uma área virgem sem
nenhuma destruição. A maioria (47%) chegou em uma área com um terço degradado. Só
em poucos casos já estava tudo destruído.
7
Neste ponto é realmente difícil provar as indicações, ainda mais pensando o que significa para cada
pessoa vegetação “natural” ou “primaria” e sabendo que destruições pelo fogo são muito comuns no
Cerrado.
32
Na prática agrícola um terço dos lavradores avança constantemente na floresta (Ilustração
21). Isso acontece na maioria das vezes através de praticas de queimada slash and burn.
Na maioria dos casos acontece uma rotação dos campos cultivados. Assim se usa sempre
de novo terra que já foi utilizada.
Trabalho na epoca de recuperacao
80
70
Frequencia
60
50
40
30
20
10
0
Áreas já usadas
Avanco na floresta
virgem
Outra terra
68
33
46
Reihe1
Ilustração 21: Uso da terra na época de recuperação
o
Hipótese: Existe sim uma consciência ecológica e uma valorização do Cerrado nas
famílias!
90% acham que a região onde moram é “maravilhosa” e 100% acham que faz sentido
manter a área preservada. A proteção do meio ambiente, em geral, é importante para 96%.
A valorização das autoridades brasileiras responsáveis pelo meio ambiente pode
surpreender porque especialmente o IBAMA é ao contrário de popular nas comunidades,
mas neste caso, respostas, com o objetivo de impressionar o entrevistador, não podem ser
completamente ignoradas, embora a maioria veja as ações como uma ajuda como pode-se
observar na tabela 4.
Tabela 4: Opinião sobre as instituições ambientais como IBAMA, etc.
Organizações ambientais
(IBAMA, etc.)
Valido
No. de
pessoas
%
% validos
%
acumulados
Atrapalha
5
4,8
4,9
4,9
Ajuda
68
65,4
66,7
71,6
28
26,9
27,5
99,0
1
1,0
1,0
100,0
Não faz
diferença
nenhuma
4
33
Todos
Falta
9
Suma
102
98,1
2
1,9
104
100,0
100,0
Seguem algumas opções sobre temas relacionados ao meio ambiente. 44% nunca ouviu
falar de mudança climática, o que não surpreende pensando em uma área de difícil acesso
escolar e onde também não tem energia, televisão ou rádio. Os que sabiam, avaliaram isso
na grande maioria como muito perigoso (39%).
Na opinião das pessoas, a Amazônia deveria ser mais aplicada economicamente, mas com
proteção e controle, o que também não é uma surpresa (veja distribuição na ilustração 22).
Pensando na questão da valorização do ecossistema do Cerrado, encontramos uma
tendência ao tratamento igual do Cerrado e da floresta de chuva na Amazônia (62%). A
opinião de que o Cerrado tem menos valor do que a floresta de chuva não se encontra, de
jeito nenhum, entre as pessoas que vivem lá. Isso é completamente o contrario da
argumentação dos fazendeiros ou políticos que sugerem que o tipo de vegetação mais seca
tem menos valor e por isso não necessita de proteção.
34
Einschätzung zum Schutz des Amazonasregenwaldes
Häufigkeit
60
40
20
0
Hände weg von Amazonien!
Wirtschaftliche Nutzung mit mehr
Die Region sollte besser zur
Vorsicht und Kontrolle!
wirtschaftlichen Entwicklung des
Landes genutzt werden
Einschätzung zum Schutz des Amazonasregenwaldes
Ilustração 22: Opiniões sobre a Amazônia (Tira mãos da Amazônia, Aproveitamento econômico com
mais controle/cuidado, Melhor aproveitamento da região para desenvolvimento
econômico)
Vale a pena dar uma atenção para o indicador de meio ambiente, o que junta todas as
questões do questionário com relevância ao meio ambiente (anexo II). De uma escala de 411 encontramos no meio para todos os agricultores um valor de 8. A imagem da ilustração
23 que se manifesta, não é uma distribuição estatisticamente normal (Gauß). Com este
resultado pode-se supor que os agricultores tradicionais são realmente conscientes sobre as
questões ambientais.
35
umwelt
30
Häufigkeit
20
10
0
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
11,00
umwelt
Ilustração 23: Consciência ambiental dos agricultores (pessoas por valor do indicador)
o
Conseguem os pobres proteger a natureza?
A questão deveria ser: a prioridade é maior para proteger o meio ambiente em uma região
de 70-80% de pessoas que se encontram abaixo do nível de pobreza. Pelo menos, se nós
seguirmos as indicações dos agricultores, poderemos observar que existe uma consciência
ambiental. Vamos pensar no efeito deste pensamento na prática. As pessoas com uma
consciência ambiental formada fazem questão de se dedicar à salvação da natureza nas
próprias terras? Em nosso caso a resposta é claramente – Não! A consciência indicada não
tem nenhuma influência significativa na quota de degradação por família, nem para a área
ainda mantida natural nas terras de propriedade.
Este efeito podia ser explicado baseando-se no recém aparecimento da consciência
ambiental e pensando na queda da destruição em longo prazo. Com algum otimismo, se
poderia pensar em uma melhora nos próximos anos.
36
5.4.4 Agricultura Familiar
Na avaliação da produção nos últimos anos não se encontrou uma opinião universal entre
os agricultores. Respectivamente, um terço acha que melhorou, piorou ou continua na
mesma. Nestas opiniões não conseguimos provar nenhuma influência da presença da soja.
Em média, 17 produtos agrícolas são produzidos pelas famílias. Antes, introduzimos uma
fronteira máxima para estes produtos de 40, para produtos realmente diferentes e
potencialmente vendíveis (por exemplo pimentas em vez de salsa, chili, basilico, etc.). Por
isso o número 40 acontece com bastante freqüência na estatística. A maior parte dos
lavradores indicou um valor entre 10 e 20 produtos considerados diferentes (tabela 5).
Tabela 5: Respostas para o numero dos produtos
No.
Valido
%
%
%
validos
acumulados
1-9
26
25,0
25,0
25,0
10-19
45
43,3
43,3
68,3
20-29
17
16,3
16,3
84,6
30-40
16
15,4
15,4
100,0
104
100,0
100,0
Soma
o
Hipótese: A diversidade da produção aumenta a renda familiar!
Este efeito foi significativamente provado apenas para as rendas agrícolas (p<0.05).
Especialmente, as rendas do grupo com o menor número de produtos (1-9) e do grupo com
o maior (30-40), se diferenciam gravemente com o valor de R$ 187,00 na renda (tabela 6).
Lógico que o cálculo para a renda já inclui dados que fomentam em partes o índice da
diversificação (por exemplo if (frutas=sim), tem mais 75R$/mês), mas mesmo assim o
resultado é significativo pois é provado que a renda não depende de um produto cash só
(um produto que seria responsável por toda renda – por exemplo o gado), mas sim, da
diversidade da produção total.
Tabela 6: Influencia da diversificação da produção para a renda (Scheffé-Prozedur)
95%-Konfidenzintervall
(I) prod
(J) prod
Diferença (I- Standardfe
hler
J)
R$
Obergrenz
e
37
Signifikanz
Untergrenz
e
Obergrenze
Untergrenze
1-9
10-19
20-29
10-19
20-29
-77,05088
-62,87621
35,03651
44,17819
,191
,569
-176,7189
-188,5495
22,6172
62,7971
30-40
-186,51034(*)
45,92450
,002
-317,1514
-55,8693
1-9
77,05088
35,03651
,191
-22,6172
176,7189
20-29
14,17467
40,44817
,989
-100,8879
129,2372
30-40
-109,45946
42,34858
,090
-229,9281
11,0092
62,87621
44,17819
,569
-62,7971
188,5495
10-19
-14,17467
40,44817
,989
-129,2372
100,8879
30-40
-123,63413
50,17527
,116
-266,3673
19,0990
186,51034(*)
45,92450
,002
55,8693
317,1514
109,45946
42,34858
,090
-11,0092
229,9281
123,63413
50,17527
,116
-19,0990
266,3673
1-9
30-40
1-9
10-19
20-29
* Significativa >0,050
o
Analise de mais efeitos para a renda
Um outro efeito forte sobre as rendas é o tamanho da área cultivada (p<0.05), o que é bem
lógico, pois quanto maior o cultivo maior o ganho (tabela 7).
Tabela 7: Área cultivada e renda (ONEWAY)
N
Untergrenze
Médio
R$
Standardabweichung
Untergrenze
Standardfehler
Obergrenze
95%-Konfidenzintervall für
den Mittelwert
<5ha
94
215,4939
133,53722
13,77331
Untergrenze
188,1428
5-9ha
5
357,7521
121,79617
54,46890
206,5222
2
575,7458
216,73412
153,25417
101
229,6700
145,09160
14,43715
1014ha
Gesamt
Obergrenze
242,8449
Mínima
baixa
Máxima
cima
42,65
842,55
508,9820
178,49
509,35
-1371,5330
2523,0247
422,49
729,00
201,0271
258,3129
42,65
842,55
Este fato bem simples se torna mais interessante se analisarmos quais são os fatores que
possibilitam o aumento da área cultivada. Poderia ser, por exemplo, através da
intensificação da produção. Com o uso mais intensivo (a escala da intensificação abrange
trabalhadores, máquinas, adubo, agrotóxicos e outros) crescem as rendas (p<0.05).
Particularmente, os lavradores com o maior grau de intensificação se diferenciam
visivelmente de todos os outros grupos na renda. Isso tem a ver com o fato de que tem que
se ultrapassar primeiramente uma linha de renda básica para conseguir novos investimentos
em meios de produção como, por exemplo, comprar adubo. Especialmente a apropriação de
maquinas agrícolas, no caso mais comum, a de um trator coletivo e, em alguns casos,
também maquinas de colocar sementes e de colheita, tem influência direta no tamanho da
38
área cultivada e assim na renda. A média do tamanho da área de cultivo aumenta de 1,75
até 2,84 hectares com o uso destas máquinas.
Finalmente, também o índice de capital calculado com a propriedade da terra, o uso de
maquinas, o acesso a créditos e apropriação de animais tem uma influência significativa na
renda (p<0,05).
o
Analise de ações políticas para o fortalecimento do mercado de trabalho através de
investimentos
Através de investimentos nos meios de produção modernos é possível criar novos
empregos. A decisão de um agricultor para investir depende quase exclusivamente da
renda. Então é necessário: 1. Aumentar as rendas; e 2. Acumular capital - o que não é uma
novidade. Mas como isso poderia ser feito? Uma possibilidade já está dentro do índice de
capital. Através de acesso a créditos coletivos volumosos foi possível comprar máquinas
agrícolas para a comunidade inteira, em vez de cada agricultor comprar para si mesmo. Em
algumas comunidades isso já acontece.
Existe também um problema na mercantilização dos produtos porque faltam negociantes
nas comunidades distantes. As pessoas têm que organizar isso sozinhas e como as
estradas são ruins e faltam os meios de transporte individuais, fica complicado. Só 22% dos
lavradores vendem os produtos deles para um negociante (cooperativa, negociante da
comunidade ou tal) e 38% indicam que só produzem para o consumo próprio. Aqui,
identificamos potencial para cadeias produtivas e assim para empregos através do produto,
processamento e finalmente a venda.
Outras pesquisas sugerem que a degradação ambiental aumenta o acesso à comunidade e
melhora as possibilidades de transporte (Kaimowitz e Angelson 1998). Mas na região sul
maranhense a salvação ou a destruição dos ecossistemas não tem nada a ver com a
distância ou o acesso. Quem lá quis cultivar a terra teve tempo suficiente nos últimos 50
anos. Poucos lugares na Amazônia oriental são ainda tão distantes ou inacessíveis que
possuem realmente problemas de transporte. O transporte é sempre possível, embora na
época de chuva só com Jeep ou caminhões.
o
Hipótese: A maior diversificação diminui a necessidade do uso de mais áreas
naturais – A degradação fica restrita!
39
Dentro da nossa análise existem sinais fortes de que há diminuição do grau de destruição
ecológica nos espaços privados e com maior diversidade de produção (Nível de significância
p<0.05, tabela 8). Com as indicações das pessoas criamos quatro grupos com uma escala
de 10 a 40 produtos. O grupo até 10 produtos tem a maior parte degradada na propriedade
(em %). Especialmente, os grupos que possuem entre 10 e 30 produtos ainda têm áreas de
vegetação original. Com o aumento para 40 produtos cresce de novo a destruição, mas
levemente. Isso pode ser um sinal de uma demasiada produção resultante em destruições
não reparáveis dos recursos.
Tabela 8: Influencia da diversificação para a degradação da natureza [%]
N
Médio
Standardabw
eichung
Standardfe
hler
Untergr
enze
Obergrenz
e
Untergrenze
,22069
Obergrenz
e
,06371
1-9
12
,8058
10-19
29
,4908
,30879
20-29
11
,4594
30-40
13
Suma
65
95%-Konfidenzintervall für
den Mittelwert
Mínima
Máxima
Obergrenze
Untergrenz
e
Obergrenz
e
,6656
,9460
,44
1,00
,05734
,3733
,6083
,00
1,00
,26361
,07948
,2823
,6365
,01
1,00
,5001
,27279
,07566
,3353
,6649
,09
,99
,5455
,30109
,03735
,4709
,6201
,00
1,00
Untergrenze
Como já mostramos antes, com a diversificação da produção há sim, um aumento das
rendas das famílias. Mas uma distribuição interessante será observada se tentarmos
explicar o efeito das rendas na degradação anual de toda a comunidade. A tabela 9 mostra
que até o grupo com uma renda de R$ 200,00 / 300,00 (grupo 3 na tabela) aumenta o
desmatamento. Só depois nos grupos com um melhor salário que podemos observar a
queda da quota. Acontece um modelo parecido na tabela 8 (caso inverso). Os dois casos
indicam uma distribuição parecida com o modelo da curva ambiental de Kuznet, em que é
preciso estabelecer um mínimo da renda antes que se possa investir em ações de proteção
ambiental.
Tabela 9: Influencia das rendas para a degradação da natureza [ha/ano]
Grupo
s de
renda
1,00
N
Unter
grenz
e
9
Medio
Obergrenz
e
,3545
Standardabw
eichung
Untergrenze
,53237
Standardfe
hler
Obergrenz
e
,17746
2,00
43
,7225
,59475
3,00
10
1,3112
4,00
13
,3277
95%-Konfidenzintervall für
den Mittelwert
-,0548
,7637
Mínima
Untergrenz
e
,00
,09070
,5395
,9056
,00
2,17
,79572
,25163
,7420
1,8805
,00
2,17
,67646
,18762
-,0810
,7365
,00
2,17
40
Untergrenze
Obergrenze
Máxima
Obergre
nze
1,09
5,00
8
,3755
,51821
,18322
-,0578
,8087
,00
1,00
6,00
2
,0000
,00000
,00000
,0000
,0000
,00
,00
Gesa
mt
85
,6428
,67587
,07331
,4970
,7886
,00
2,17
o
Hipótese: Quanto maior o número de cabeças de gado maior o crescimento da renda
e da degradação ambiental!
48% das famílias na área pesquisada tem gados. A pecuária é um dos fatores mais
responsáveis pelo desmatamento na Amazônia e agricultores de pequeno porte também
tem sua parte nisso. Em nosso caso, 10% dos lavradores tem mais do que 20 cabeças de
gado. Isso, lógico, necessita de uma maior demanda de pasto. É realmente preocupante a
maneira com que se queimam savanas para obter pastos. Na época de seca, estas
queimadas crescem e queimam vários dias seguidos sem que alguém se interesse. Com o
aumento das atividades pecuárias cresce assim a quota de destruição ambiental por ano
significativamente (T-Test, p<0.05).
Mas em relação às rendas, existe um efeito altamente positivo (T-Test, p<0.05). Como a
carne de boi faz parte da alimentação fundamental na região, pode ser vendida facilmente e
traz uma renda regular. Isso é notado na análise do questionário:
O fato de algumas
famílias ganharem dinheiro vendendo produtos e outras apenas produzirem para o consumo
próprio depende muito da aquisição de gados em suas propriedades (contexto positivo
encontrado com Pearson: 0.81).
o
Hipótese: O melhoramento tecnológico diminui a degradação ambiental na terra
apropriada!
Encontramos um contexto altamente significativo entre o índice de infra-estrutura e a
degradação da terra (p<0.05). O índice abrange variáveis que tem efetividade na estrutura
social das comunidades e para o oferecimento de empregos (Sala de reunião, escola,
processamento de arroz, trator/máquinas agrícolas, telefone, energia, estrada asfaltada,
poço, banheiro). Na tabela 10 nota-se, através das médias, que a degradação chegou no
auge em comunidades que possuem uma infra-estrutura média e diminuem com as que
possuem maior infra-estrutura. As comunidades que oferecem a melhor infra-estrutura,
mostram menos degradação, mas isso só depois um certo ponto de desenvolvimento.
41
Tabela 10: Influencia da infra-estrutura para a degradação da vegetação [%]
Índice
infraestrut
ura
3,00
N
Unter
grenz
e
12
Médio
%
,6408
Standardabw
eichung
Untergrenze
,38440
Standardfe
hler
Obergrenz
e
,11097
4,00
8
,6616
,29448
5,00
3
1,0000
6,00
4
7,00
95%-Konfidenzintervall für
den Mittelwert
,3966
,8850
Mínima
Untergrenz
e
,01
,10411
,4154
,9078
,18
,94
,00000
,00000
1,0000
1,0000
1,00
1,00
,6750
,15000
,07500
,4363
,9137
,50
,80
21
,3846
,16682
,03640
,3087
,4605
,00
,80
8,00
13
,4992
,31303
,08682
,3100
,6884
,09
1,00
9,00
3
,4040
,12247
,07071
,0998
,7083
,33
,55
64
,5384
,29799
,03725
,4640
,6129
,00
1,00
Suma
Untergrenze
Obergrenze
Máxima
Obergre
nze
1,00
Uma distribuição parecida e também altamente significativa (p<0.05) encontramos na
relação entre a infra-estrutura e a quota de destruição por ano (tabela 11). A abstinência
total de qualquer infra-estrutura é um desastre para a natureza, pois encontramos valores
duplamente maiores de destruição. Na infra-estrutura média acontece mais um ponto
Máximo e com maior infra-estrutura diminuiu novamente a destruição por ano até zero.
Tabela 11: Influencia de Infra-estrutura para a quota de destruição por ano [ha/year]
Índice
infraestrutur
a
1,00
N
Unter
gren
ze
8
Médio
%
2,1650
Standardabw
eichung
Untergrenze
,00000
Standardfe
hler
Obergrenz
e
,00000
2,00
16
,2706
,73949
3,00
6
,5006
4,00
4
5,00
95%-Konfidenzintervall für
den Mittelwert
2,1650
2,1650
Mínima
Untergrenz
e
2,17
,18487
-,1234
,6647
,00
2,17
,54842
,22389
-,0749
1,0762
,00
1,00
1,0013
,00000
,00000
1,0013
1,0013
1,00
1,00
8
1,0479
,04980
,01761
1,0062
1,0895
1,00
1,09
6,00
8
,9770
,16209
,05731
,8415
1,1125
,78
1,09
7,00
21
,5687
,20894
,04559
,4736
,6638
,00
,78
8,00
13
,0000
,00000
,00000
,0000
,0000
,00
,00
9,00
3
,0000
,00000
,00000
,0000
,0000
,00
,00
87
,6529
,69125
,07411
,5056
,8002
,00
2,17
Suma
Untergrenze
Obergrenze
Máxima
Obergrenz
e
2,17
Como já foi explicado antes, também estas duas questões confirmam essencialmente o
modelo de curva ambiental do Kuznet. Depois de uma destruição vasta no começo, segue
uma fase de estabelecimento e a proteção dos recursos naturais. Encontramos,
especialmente, que a introdução de máquinas como tratores ou outros fazem com que o
interesse para áreas naturais diminua (p<0.05). O uso mais intensivo de áreas cultivadas
42
traz mais colheita e mais proveito e as máquinas também trazem um ganho de tempo
adicional. Este tempo pode ser utilizado para maior divercificidade de produtos. Isso,
conseguimos provar mas, infelizmente, abaixo do nível de significância. Muitos produtos do
próprio Cerrado são baseados em um sistema ecologicamente intacto (todos os óleos de
palmeiras, extrativismo, etc.) e desaparecem com o maior avanço na floresta. Então, o
tempo ganho através de máquinas agrícolas, que é uma estufa do aumento da produção,
não precisa ser usado para práticas de slash and burn e sim, pode ser utilizado para
aprender sobre o ecossistema e como utilizar as riquezas.
Mais um fator com influência positiva no número dos produtos e para a queda da
degradação é a energia elétrica. Com energia acontecem novas possibilidades para o
processamento e a conservação dos produtos. Casas com energia produzem em média
cinco produtos a mais, ganham em média R$ 60,00 a mais e parece que tem uma influência
ainda positiva para a salvação da natureza na propriedade (todos aprovados com T-Test,
p<0.05).
5.4.5 Micro-Créditos
Para possibilitar investimentos importantes para o pequeno produtor seria necessário
melhorar o acesso a capital. 94% na região sabem o que é um micro-credito, pois 45% já
receberam um crédito destes (a maioria no Banco de Nordeste e no Banco do Brasil). 79%
das famílias queriam um micro-crédito.
o
Hipótese: Micro-créditos para pequenos produtores aumentam a renda!
Este efeito nós conseguimos provar na análise. Contamos o acesso aos créditos através
dos agricultores que já receberam um crédito. Esta variável teve um forte efeito positivo nas
rendas da agricultura (p<0.05), enquanto as médias dos dois grupos ‘receberam crédito’ e
‘nunca receberam crédito’ se diferenciaram em R$ 80,00
o
Hipótese: Os lavradores se arriscariam a introduzir novas metodologias de produção!
80% dos participantes queriam investir em novos métodos como sementes melhores, adubo
ou tecnologia. Um investimento destes é claramente sujeito a alguns riscos, mais do que
tudo na agricultura de subsistência. O maior risco é o tempo. Se não chover na zona semiárida embaixo da Amazônia, acontecem graves alterações na colheita. Mas mesmo assim,
quase a metade das famílias (46%) avalia o risco como pequeno.
Isso podia ser porque muitos lavradores já sabem exatamente em que meios de produção
eles queriam investir (ilustração 24). Mais animais são sempre opções para guardar dinheiro
43
(63% das pessoas que queriam um crédito – possibilidade de indicar respostas múltiplas).
Para se prepararem melhor para os riscos naturais, como a possibilidade de uma seca por
exemplo, muitos queriam investir em sementes resistentes (37%), máquinas (27%), irrigação
(26%) e assistência técnica/mecânica (22%). Os agrotóxicos quase não têm importância. Os
agricultores são realmente sensíveis aos produtos químicos, pelo menos nas indicações.
Isso podia ser porque muitas pessoas bebem a água dos riachos e necessitam das águas
superficiais de boa qualidade. Os custos altos para os agro-químicos também contribuem
para esta distribuição.
Investicao desejada
70
60
50
40
%
30
20
10
0
Reihe1
Maquina
Terra
Adubo
27
16
15
Agro- Cement
Irrigaca Assiste
Animais
toxicos
es
o
ncia
3
37
63
26
22
Ilustração 24: Investimentos desejados
o
Hipótese: Melhorar o acesso ao crédito é um meio de obter uma perspectiva ótima
para um desenvolvimento rural focado no mercado de trabalho e para assegurar a
alimentação!
Na verdade as indicações dos participantes em relação aos investimentos desejados com
capital adicional são problemáticas. Se as famílias finalmente compram somente gado, a
destruição continua e novos empregos não vão ser oferecidos. Por isso temos que
perguntar para que devem ser utilizados os créditos. Neste sentido provamos três fins
importantes de desenvolvimento rural: 1) Criação de empregos, 2) Criação de industria rural
de pequeno porte, e 3) Segurança alimentar.
Dá para apontar as seguintes implicações: A aplicação de máquinas agrárias como tratores
possibilita principalmente um aumento da produção alimentar. Em longo prazo há maior
probabilidade do desaparecimento de empregos do que da criação de novos. É a mesma
44
coisa com o adubo, sementes melhores e agrotóxicos menos dramáticos. Na prática é um
fato que métodos de irrigação são absolutamente apropriados para conseguir uma maior
diversidade na alimentação. Ao lado são criados novos empregos e são, na maioria, as
mulheres que trabalham nas hortas. O melhor beneficio é que estes empregos são pagos,
até bem pagos, através de vendas nos centros municipais, o que contribui bastante para o
salário mensal das famílias.
A construção de industria rural conseguiria ser feita através de uma especialização concreta.
Normalmente, os produtos regionais são produzidos e vendidos desde anos, mas
infelizmente não em quantidades (por exemplo cajus, suco, doces). Com decisões corretas
para estabelecer industrias de processamento é possível utilizar este potencial. Neste caso
créditos maiores e assistência técnica seriam um caminho para o sucesso.
o
Análise: Como deveria ser um micro-crédito para clientes rurais, ou seja, que serviço
mereceria um crédito destes?
Estes 79% que queriam um micro-crédito tem sim uma imaginação específica de que
tamanho precisa ser o crédito – de 700 – R$ 60.000,00 (ilustração 25). A maioria acha
interessante um valor entre R$ 10.000,00 e R$ 20.000,00 (38%). Isso é provavelmente
assim porque muitos sabem o valor comum de créditos PRONAF A que é de R$ 20.000,00
(valor de maior freqüência nas respostas). Mas também o valor de R$ 10.000,00 é falado
com freqüência. Alguns agricultores estão a um passo a frente e querem fazer investimentos
grandes. Isso já é possível no sistema de PRONAF, como um “empreendimento agroindustrial” que seria possível conseguir até R$ 36.000,00. Mas normalmente não é tão fácil
uma família de um empreendimento pequenininho conseguir este tipo de crédito.
Várias vezes os agricultores indicaram que falta assistência técnica profissional para obter
sucesso com o investimento e diminuir o risco de um crédito até um ponto razoável. 57% de
todos que queriam um crédito indicaram também geralmente uma falta de apoio para o
pequeno agricultor e 27% queriam até gastar dinheiro para um serviço destes.
o
Análise: O que influencia uma decisão para pedir um crédito?
Provamos grandes influências em relação ao acesso a informações. Para estas variáveis,
criamos o indicador de capital social (acesso às informações agrícolas, participação em
eventos sociais, conselhos e reuniões na comunidade, venda para comerciantes). Aparecem
resultados altamente significativos (T-Test, p<0.05) nos quais indicam que pessoas com um
45
maior índice de contatos sociais tem maior probabilidade de pedir um crédito e depois, ainda
mais interessante, sabem também o que fazer com o dinheiro.
kredit
40
Häufigkeit
30
20
10
0
700-5.000
5.001-10.000
10.001-20.000
20.0001-60.000
kredit
Ilustração 25: Imaginação do credito ideal
5.4.6 Infra-estrutura
A maioria da população rural nas comunidades isoladas usa água dos riachos para beber
(50%) ou tem até um poço mecânico (46%). A qualidade desta água é avaliada em 83% dos
casos como boa. Esta água torna-se problemática quando não há mais proteção da mata
ciliar nas margens. A quantidade da água diminui drasticamente na época da seca, a água
corre mais devagar e se torna turva - o que resulta em doenças. Por isso já existem varias
iniciativas na região para replantar a proteção natural nas margens, por exemplo em
Buritirana. Na comunidade de Bacuri as famílias criaram acordos para a proteção das
margens dos riachos.
56% das famílias não tem energia nenhuma, nem fontes como motor de diesel. 39% tem
conexão à rede pública, ou seja 4 de 9 comunidades. Mais uma vez 39% não tem nada de
saneamento básico na casa, mas outras 37% tem banheiro em casa e 47% usam água
corrente de qualquer forma (às vezes vem do riacho).
46
Não se pode falar de desenvolvimento rural integrado. Tem uma escola em cada
comunidade, o que é a obrigação absoluta do estado brasileiro. Mas nem abastecimento de
saúde básica, nem uma iniciativa de investir em uma industria rural é realizada.
o
Pesquisa: Quais são as obras de infra-estrutura que os moradores querem?
Perguntamos quais são as três obras de infra-estrutura que os moradores acham mais
importantes. No resultado, foram indicados, com maior freqüência, o abastecimento básico
de saúde, depois educação, estradas, energia elétrica, sistemas de água para beber e
sanitário básico/sistema de esgoto. Mais uma possibilidade foi a construção de hidrovias nos
rios para melhorar o acesso das regiões via barco, e por exemplo transportar a soja com
mais efetividade. Mas esta opção não foi de grande importância na preferência dos
agricultores.
Através dos depoimentos das pessoas, os problemas principais no desenvolvimento da
região são uma verdadeira mistura: Administração inadequada, corrupção, falta de
transporte e falta de assistência técnica foram algumas das indicações principais. Mais para
trás, seguem a falta de educação e no ultimo lugar a falta de motivação. Os participantes
são separados em opiniões distintas em avaliar a tendência destes problemas. Em partes
comparáveis, alguns acham que já houve um melhoramento e outros que se tornou ainda
pior.
o
Análise: Meios de comunicação e informação
67% têm acesso as inovações agrícolas. O sindicato dos trabalhadores rurais (STTR) está
ativo em muitas comunidades, as atividades de reflorestamento em algumas comunidades
são coordenadas pelos técnicos da ONG Associação Camponesa (ACA). Uma
administração pública quase não é existente nas comunidades mais isoladas. Só 16%
recebem informações através deste meio. Isso fornece a suspeita de que as relações dos
lavradores com a classe política são bem fracas. Parece, pelo menos, que a articulação
através deste canal não é formada. Ilustração 26 apresenta as fontes principais de
informações na região. Encontros e reuniões nas comunidades parecem ser comuns, até
que umas famílias achem que são demais (tabela 12).
A participação nos encontros do município é complicada se a sede municipal é longe das
comunidades. Por isso relativamente poucas pessoas indicam ter pouco interesse nestes
encontros (14%), ou que não tem possibilidades de participar (28%). 90% das pessoas
47
participam ativamente dos eventos culturais, que podem ser uma mica religiosa ou danças
regionais no fim de semana.
Fontes de informacoes para a agricultura
100
Frequencia
80
60
40
20
0
Reihe1
ONG
Sindicato
Admin.
pública
Mídia
Pessoas
conhec.
Igreja
Outros
48
86
17
56
27
48
6
Ilustração 26: Fontes de informação em relação ao Agricultura
Tabela 12: Opiniões sobre os reuniões na comunidade
Reuniões na comunidade
Valido
Não existem
deve ter mais
Freqüência
ou
%
% validos
% acumulados
14
13,5
13,5
13,5
Suficiente/Bom
59
56,7
56,7
70,2
Demais
31
29,8
29,8
100,0
104
100,0
100,0
Suma
6 Conclusão
Pode-se verificar que a modernização da agricultura na região sul maranhense na direção
de empresas agrícolas de grande prazo foi totalmente concretizada – com foco no
rendimento, no lucro e na economia de trabalhadores rurais. Agricultores tradicionais não
conseguem acompanhar esta velocidade da modernização. Para eles existem ainda as
possibilidades de migração ou, como no caso da pesquisa, uma existência de subsistência
próxima de se tornar empresas agrícolas pequenas.
Enfim, é uma prova sim, que quase toda a área de vegetação natural que sobrou na região
está na propriedade dos pequenos produtores. Só por isso, já faria sentido manter estas
48
estruturas vivas. Os ecossistemas são importantes porque garantem funções ambientais
fundamentais e fornecem a criação de rendas familiares. Como foi provado, a diversificação
da produção é um meio para aumentar esta renda. Um melhoramento da situação das
rendas tem efeitos positivos na vegetação natural (modelo de Kuznet).
Potencialmente são estas últimas comunidades tradicionais que podem tomar um papel
importante. Primeiro, os agricultores familiares podem fornecer ao mercado local alimentos
gerais; segundo, vão ser as comunidades que são todas perto dos riachos e rios nascentes,
que são importantíssimas para o reflorestamento da mata ciliar. Se isso não acontece, é
uma ameaça real da região se tornar seca.
Finalmente, a região toda precisa de estruturas, de agriculturas familiares intactas podendo
assim ganhar com estas estruturas. Os agricultores têm que se desenvolver para empresas
agrícolas pequenas. Os caminhos para este fim são a especializações apropriadas e os
estabelecimentos de cadeias produtivas. Isso está no começo, e é como o reflorestamento
que momentaneamente está em uma fase de experimento.
Os micro-créditos são, em nossa percepção, um meio adequado para melhorar o acesso do
pequeno produtor ao capital. Particularmente, o oferecimento de créditos para grupos, e
assim o fornecimento de meios de produção coletiva, deveria ser fortalecido. Já existem
boas possibilidades no Brasil para a obtenção de micro-créditos, mas na realidade as
maiores dificuldades aparecem em relação às questões do titulo da terra. Esta questão está
junto com a questão da reforma agrária que ainda não foi enfrentada de maneira satisfatória
pelo Brasil.
Um primeiro passo para uma estratégia de desenvolvimento alternativo para toda a
Amazônia seria um plano espacial, com elementos de reservas naturais ou florestas com
manejo florestal ou mesmo também cidades industrializadas de tamanho médio e áreas
rurais próximas com agricultura familiar ecológica. Este desenvolvimento territorial
conseguiria ter também a agricultura mecanizada e a soja, principalmente nas áreas
degradadas secundarias. O deslocamento da soja para o norte das florestas tem que ser
impedido, por exemplo, através de um moratório. Até que haja a tendência entre os grandes
produtores de controlarem melhor a soja da Amazônia (Abramovay 2007).
49
Índice da Literatura
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50
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51
A
Anexo
A.1 Cálculo dos Preços
Tabela 13: Produtos para vender no Cerrado
Roca
Frutas
Animais
Extrativismo
Farinha
Melancia
Gado
Doce de Buriti
Arroz
Banana
Suíno
Óleo de coco
Feijão
Mamão
Galinha
Piqui sabonete
Milho
Laranja
Carneiro
Castanha de cajú
Abóbora
Abacaxi
Ovelha
Avocado
Limão
Manga
Caju
Tabela 14: Cálculos de quantidade e preços
Produto
Unidade
1.Preço (R$)
2.Preço (R$)
Médio (R$)
Óleo de bacuri
L
4
5
Castanha de caju
kg
1
1
Piqui sabonete
1 Lata 18L
20
20
Buriti (doce)
kg
8
Óleo de coco
L
5
5
Óleo de macaúba Öl
L
5
5
Laranja
100 peças
7
1,55 (kg)
Melancia
10kg
3
3 (peca)
3 (peca)
Banana
100 pecas
5
7
6
Saco
20 (33kg)
35 (60kg)
25
30 (33kg)
20 (60kg)
Produtos processados
5-6
6,3
Frutas
Roça
Arroz
20 (25kg)
Milho
Saco
15-20 (33kg)
Farinha
Saco
50 (50kg)
Feijão
Saco
80 (33kg)
52
15-20 (60kg)
17,50
50
80 (60kg)
80
Abóbora
Kg
0,40
3 (peca)
3
Gado
Kg
3,30-3,50
3,80
3.50
Boi
Peça
600
500
550
Vaca
Peça
350
350
Vitela
Peça
200
200
Suíno
kg
4
4
Carneiro/Bovino
Peça
60
60
Galinha
Peça
15
Animais
8-10
11
Tabela 15: Cálculos de renda por fontes agrícolas
Cálculos
Vegetais
Roça
Todas as famílias sem uma comunidade usam a mesma área de horta, então foi criada
um valor media por comunidade:
São Cardoso
R$ 60,00 / Família * Semana (venda no
mercado em Balsas)
Santa Luzia
R$ 50,00 / Família * Semana (venda no
mercado em Balsas menos maior custas de
transporte)
Buritirana, Ferreira, Porto Isidoro,
Bacuri, Nova Descoberta, São Pedro
sem horta
1 colheita por ano
A área total de roca foi dividido por 4 e depois foi 4 vezes multiplicado com cada um
valor de cada produto, nominalizado em 1 hectare.
Arroz: R$ 378,00 / Hectare
Feijão R$ 160,00 / Hectare
Milho R$ 100,00 / Hectare
Manioka/Farinha R$ 665,00 / Hectare
∑X *P
arroz
Frutas
+ X * Pfeijao + X * Pmilho + X * Pfarinha
1 Colheita por ano
Como é impossível de calcular todas as frutas, foi calculada só um valor por mês e
família. Foi escolhida o valo de 300 melancias/ano
Numero para melancia indicada (10+100+800)/3=300
Médio (300 pecas * R$ 3,00) / 12 Monate = R$ 75,00 / Monat
Aproximado em R$ 75,00 / mês
Extrativi
smo
Colheita o ano todo, chave de cálculos:
10L de óleo
30kg Buriti Doce
50kg Caju
53
18 kg Piqui sabonete
Suma= Buriti (30kg)* R$ 6,30 + Óleo 10L* R$ 5,00 + Piqui R$ 20,00 + Caju 50kg* R$
1,00
Animais
(Gado mais do que 5 cabeças), chave de cálculos:
3-10 venda 1 por Jahr
10- 20 venda 2 por Jahr
20-30 venda 4 por Jahr
30-40 venda 6 por Jahr
40-50 venda 10 por Jahr
50-60 venda 15 por Jahr
Galinha no meio 30 cada família
10 Galinhas vendidas por R$ 11,00 cada
Porco/bovino/carneiro
5 vendidos por ano
Adubo
Valores indicados pelos agricultores, agrotóxicos quase não aparecem (caro demais)
Uma vez por ano:
1 Saco de adubo (50kg) = R$ 50,00
3 Sacos por hectare
R$ 150,00 / hectare
Trabalho
Dias * empregos * renda por dia
Tabela 16: Cálculos de medidas locais
Medidas Locais e Equivalências no Sistema Métrico
Denominação Geral
Equivalência Métrica
Pesos
(Kg)
Saco de Milho e feijão
60
Saco de farinha
50
Áreas
M2
Hectare
10.000
Alqueire
48.400
Linha
3.025
Tarefa
3.035
54
Lineares
M
Braça
2,2
Légua
6.000
3linhas=3tarefas=1 hectares
Fonte: Banco do Nordeste –Agenda do Produtor Rural 2007
A. 2 Escalas de Rating e os Indicadores
Capital humana
Região de nascimento (0/Maranhão), reside na terra (0-1/2-5/6-10/11-20/21-66 anos), educação (0/15/6-10/11-16 anos), experiência na agricultura (0/1)
Adição (escala 1 – 8)
Capital social
Acesso às informações agrícolas (0/1), participação de eventos culturais (0/1), conselhos no
município (0/1), reunião na comunidade (0/1), venda para comerciante (0/an Zwischenhändler)
Adição (escala 0 – 5)
Capital de início
Terra (0/1), dinheiro (0/1), máquinas (0/1), animais (0/1)
Adição (escala 0 – 3)
Capital
Terra (1-10ha/10-100ha/>100ha),
carneiro/bovino (0/1)
máquinas
(0/1),
acesso
ao
crédito
(0/1),
gado
(0/>5),
Adição (escala 0 – 6)
Índice de diversificação
Roça (0/1), frutas (0/1), gado (0/1), carneiro/bovino (0/1), mel (0/1), frutas de extrativismo (0/1),
plantas medicinais (0/1), produção de doces (0/1), galinha (0/1)
Adição (escala 3 – 9)
Consciência ambiental
Agrotóxico (0/1), conheça mudança climática (0/1), avaliação mudança climática (0/1), avaliação
órgãos ambientais (0/1), avaliação Amazônia (0/1/2), comparação Amazônia Cerrado (0/1), avaliação
proteção ambiental (1/2/3/4)
Adição (escala 4 – 11)
Métodos de agricultura intensificada
Empregos (0/1), adubo (0/1), agrotóxicos (0/1), máquinas (0/1), outro (0/1)
Adição (escala 0 – 4)
Infra-estrutura
Casa de reunião (0/1), escola (0/1), usina de arroz (0/1), trator/máquinas (0/1), telefone (0/1), rede
público elétrica (0/1), estrada asfaltada (0/1), poço (0/1), banheiro (0/1)
Adição (escala 1 – 9)
55