vocês conseguem imaginar o que é uma candidata a deputada
Transcrição
vocês conseguem imaginar o que é uma candidata a deputada
a m u é e u q o r a n i g a a u o m i g e h m c e e u o g x i l e s o d n a o c v o c ê s uc t a q u e s a i u d a b o ? l a r e p d e f a d a t m the o u r f p a t u e p d a s for a puty? e n D a a l e t a r m e t a d i e t F ow w ha e a ca nd idate f or n k u candid o y o D ob a do Lixo t Boc a ki ss fo r g a b ri e la um filme de L aura Murray a k i ss fo r g a b r i e la u m f ilm e de L au r a M u r r ay Sinop se sy nop sis Ga brie l a le ite ‘Um Beijo para Gabriela’ é um registro íntimo da campanha a deputada federal, em 2010, de Gabriela Leite, a primeira prostituta a concorrer a um mandato no Congresso Nacional brasileiro, enfrentando 822 oponentes e um sistema político dominado pelo gênero masculino. Com acesso irrestrito permitido pela candidata, e unindo interatividade e observação, o filme explora os significados de ser prostituta, esposa e, mais importante, de uma mulher que representa um dos grupos mais estigmatizados no mundo candidatar-se à Câmara dos Deputados. Guiados pelo carisma e pela inspiradora história de Gabriela, como ativista e também fundadora da grife Daspu, os espectadores são estimulados a refletir sobre como determinadas leis e políticas, muitas vezes ultrapassadas ou baseadas em concepções moralistas, restringem os direitos e possibilidades de mulheres como Gabriela globalmente. Gabriela Leite is the first sex worker to run for Brazilian Congress. “A Kiss for Gabriela” is an intimate portrait of her 2010 campaign when she faced 822 opponents and challenged a male dominated political system. Combining an observational style with unrestricted access, “A Kiss for Gabriela” explores what it means to be a prostitute, what it means to be a wife, and most importantly, what it means for a woman that represents one of the most stigmatized populations in the world to run for office. Gabriela’s charisma and remarkable personal history encourage audiences to think about the human rights of sex workers and reflect critically on laws and policies that restrict the possibilities of women like her globally. Ultimately, she is not elected, yet in “A Kiss for Gabriela,” we see that it is not whether you win or lose, or even how you play. For women like Gabriela that make history and challenge stereotypes with their campaigns, it’s that you’re in the game at all. Nascida em 1951, em São Paulo, numa família de classe média, Gabriela Leite tornou-se a principal ativista dos direitos das prostitutas no Brasil. Filha da contracultura dos anos 70, trocou a faculdade de sociologia pela prostituição. Diante das frequentes violações dos direitos de suas colegas, iniciou trabalho nacional de organização da categoria, a partir da desconstrução de representações socialmente aceitas sobre a prostituição, dando-lhe novos sentidos e buscando o seu reconhecimento como profissão. Foi também durante a década de 1980 que promoveu os primeiros encontros nacionais de prostitutas, passou a fazer parte do movimento internacional e criou o jornal ‘Beijo da rua’, para circular os novos discursos e afirmar como sujeitos sociais as mulheres da vida. Incentivou ainda o movimento a entrar na luta contra a Aids, incorporando a saúde como direito, instrumento de cidadania e de controle social de políticas públicas. rede bra sile ira de prostituta s T h e Br az ili an Prostit u t e s N e t wor k A Rede Brasileira de Prostitutas – formada hoje por mais de 30 organizações de classe – nasceu no contexto das lutas pela redemocratização do país, após 25 anos de ditadura militar. Reunidas pela primeira vez em 1987, por iniciativa de Gabriela Leite, meretrizes de diversas partes do país denunciaram sobretudo a violência policial, mas também a histórica e revigorada associação de prostituição com doença. Enquanto o enfrentamento da violência policial encontrou resultados mais efetivos em âmbito local, os desafios criados pela epidemia de Aids levaram a categoria aos espaços de articulação de políticas públicas de nível nacional. Foi assim que, a partir da década de 1990, parcerias em forma de projetos foram estabelecidas entre associações de prostitutas vinculadas à Rede e o Ministério da Saúde, focadas na prevenção de Aids. Temas como direitos humanos, estigma e discriminação, profissão, regulamentação e acesso aos serviços de saúde foram incorporados a essa interlocução, contribuindo para a mobilização da categoria. Uma das consequências foi o reconhecimento, em 2002, da prostituição como uma das 600 ocupações brasileiras, quando exercida por maiores de 18 anos. Apesar disso, e embora o oferecimento de serviços sexuais não seja ilegal no Brasil, ser proprietário ou gerente de local onde se pratica o sexo comercial ainda é crime. Essa situação, para o movimento organizado, cria vulnerabilidades para as prostitutas e seus clientes. Por isso, em consulta com a Rede Brasileira, parlamentares vêm propondo projetos de lei para a descriminalização total do sexo comercial, ainda sem sucesso. A Rede recebeu atenção internacional por sua mobilização no 2005 por pela recusa de organizações de prostitutas de aceitar recursos da agência americana de cooperação internacional, The Brazilian Network of Prostitutes is a national network of more than 30 organizations founded in 1987 amidst the popular movements that emerged during the country’s redemocratization after two decades of dictatorship. In the first national meeting of sex workers in 1987, organized by Gabriela Leite, sex workers denounced police violence and called for an end to the historical association between prostitution and disease. Confronting police violence remained a priority of the group at the local level, yet their fights against being seen as a “risk group” for HIV brought them into the national level HIV/AIDS policy debates. In the early 1990s, the Network worked in partnership with the Ministry of Health to design and implement HIV prevention projects centered upon human rights, stigma and discrimination, decriminalization of prostitution, access to health services and strengthening the capacity of sex worker organizations in Brazil. Outcomes of the Network’s political advocacy include sex work being recognized as an official occupation in the Ministry of Labor’s Occupational Registry in 2002, thereby entitling sex workers to social security and other work benefits. Prostitution itself is not illegal, however, many activities, such as benefiting from the proceeds of prostitution and maintaining premises where it occurs, are illegal, thereby limiting the labor rights of sex workers. In 2003, in consultation with the Network, a federal law was proposed to the Brazilian legislature to treat the profession as labor and remove the penal codes associated with it. The law was not passed. Law reform of this kind remains one of the main goals of the Network, which is currently working with members of congress to propose legislation similar to the 2003 bill. In June of 2005 the Network received wide-spread international attention for the mobilization around a policy directive from the United States Agency for International Development – USAID – that mandated that all recipient organizations have a policy explicitly opposing Nos começo dos anos 1990 fundou a ONG Davida, que intervém na sociedade por meio de ações culturais e de comunicação como serestas, bloco de carnaval e apresentações teatrais, além de estudos, pesquisas e documentação. Em 2005, para financiar projetos da ONG, idealizou a grife Daspu. As coleções desenvolvidas em parceria com profissionais de moda amplificaram a voz e a presença das prostitutas, atraindo público e mídia nacional e internacional às passarelas-passeatas em ruas, cabarés, teatros e universidades, bienais de arte e conferências internacionais. Fellow da organização de empreendedores sociais Ashoka e autora do livro ‘Filha, mãe, avó e puta’, adaptado ao teatro e em adaptação para cinema, Gabriela foi candidata a deputada federal pelo Partido Verde em 2010, defendendo o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, a união civil homossexual, o direito ao aborto e a regulamentação da prostituição. Não se elegeu, mas tampouco encerrou a sua transgressora luta por direitos. Usaid, condicionados à assinatura de declaração formal de condenação da prostituição (prostitution pledge). A decisão levou o governo brasileiro a repatriar mais de 40 milhões de dólares destinados a ações de prevenção ao HIV, respeitando a posição política do movimento organizado. Essas demandas por direitos humanos e trabalhistas têm ganhado prioridade sobre todos as outras, por serem considerados fundamentais para fortalecer a cidadania, melhorar a qualidade de vida e afirmar uma identidade profissional e coletiva. A posição está explícita na própria Carta de Princípios da Rede Brasileira, que, também formalmente, afirma a prostituição como trabalho e direito sexual, e repudia a vitimização, o controle sanitário e as zonas confinadas, bem como o oferecimento de procedimentos médicos nos locais em que se exerce o sexo comercial. A Carta rejeita ainda a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, reafirmando a contribuição que a regulamentação poderá dar para o fim da exploração. E defende o direito à migração para o trabalho legal e o atendimento a turistas, sejam brasileiros ou estrangeiros, uma vez que não há crime algum na relação sexual comercial consensual. Trabalho sexual, como repete a Rede à exaustão, é um direito sexual. prostitution. Sex worker organizations in Brazil refused to accept such funding. Further Brazil—in a decision made in partnership with the Network—was the only country worldwide to take a strong political stance and publically refuse to sign what came to be known as the ‘prostitution pledge’ in contractual agreements, thereby rejecting over $40 million dollars of restricted USAID funding for HIV prevention. The Network considers demands for human and labor rights as current priorities of the movement to strengthen citizenship, improve quality of life, and affirm a professional and collective identity. They advocate for the use the term “prostitute” instead of “sex worker” as a way to destigmatize and reclaim the word prostitute. The Network’s position is explicit in their “Letter of Principles”, which formally establishes prostitution as a labor and sexual right and denounces the victimization of sex workers, sanitary control, restrictive zoning, and offering medical exams in areas where prostitutes work. They assert a strong position against commercial sexual exploitation of children and adolescents, emphasizing the ways that decriminalization could contribute to ending it. The Network defends the right to migration for legal work and the provision of services to both Brazilian and foreign tourists, noting that commercial sexual consensual relationships are not a crime. Sex work, as the Network constantly repeats, is a sexual right. realização: Inclasificable produção: Miríade Filmes em associação com Rattapallax direção, fotografia, produção e edição: Laura Murray produtora executiva: Beatriz Seigner produtores: Ram Devineni, Cheryl Furjanic produtora da finalização: Larissa Berry mixagem do som: Pedro Noizyman arte e website: Três Design Programa em Cultura e Midia de New York University apoio na finalização e verde Herbert Daniel, Open Society foundations e Academia Internacional de Cinema produção: links para sites / websites: www.akissforgabriela.com / www.umbeijoparagabriela.com www.beijodarua.com.br / www.redeprostitutas.org.br divulgação: apoio na fundação Ga brie l a le ite Born in 1951 into a middle class family in São Paulo, Gabriela Leite is the principal activist for sex worker rights in Brazil. Daughter of the counter-culture movements in the 70s, she left her college studies in sociology to work in prostitution. She began organizing with sex workers in the late 1980s in response to the frequent rights abuses she witnessed among her colleagues. She fought for recognition of the profession by deconstructing stigma around prostitution and giving it new meanings. In 1987 she organized the first national meetings of sex workers in Brazil, started participating in the international sex worker movement, and founded the newspaper, “Beijo da Rua” – Kiss from the Street, as a way to circulate new discourses that affirmed women “of the life” as social and political beings. She encouraged the movement to enter into the fight against AIDS by promoting health as a right and a means to citizenship. Gabriela founded the NGO Davida in the beginning of the 1990s. The organization draws on cultural and communication activities for political advocacy, such as singing and theatre performances and carnival activities to draw public attention to sex worker rights in addition to research and a documentation center on prostitution. In 2005, Davida founded the clothing line Daspu – Of the Whores – as a sustainability strategy. The collections were designed in partnership with professional designers and attract international and national media attention to the catwalk-protests in streets, cabarets, theaters, universities, biennial art exhibits, and international conferences. Gabriela is a social entrepreneur fellow of Ashoka and the author of the book, “Daughter, mother, grandmother and whore” which was adapted for theatre and currently being turned into a feature film. In 2010, she was a congressional candidate of the Green Party, the same political party that worked with Gabriela in 2003 to propose a federal law to decriminalize and regulate prostitution. Her campaign platform defended the strengthening of Brazil’s Universal Health System, civil union for gays, the legalization of abortion, and decriminalization of prostitution. Gabriela did not win, but she also has not stopped her transgressive fight for rights.