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Universidade de Rio Verde
A ESCRITA OU A VIDA? A LITERATURA DO
HOLOCAUSTO E SUA UTILIZAÇÃO EM HISTÓRIA
Makchwell Coimbra Narcizo
De minha parte, tinha decidido firmemente que,
independente do que viesse a acontecer, não me
teria tirado a vida. Queria ver tudo, fazer experiência de tudo, conservar tudo dentro de mim. Com
que objetivo, dado que nunca teria tido a possibilidade de gritar ao mundo aquilo que sabia?
Simplesmente porque não queria sair de cena,
não queria suprimir a testemunha que podia me
tornar.
H. Langbein
Resumo
Abstract
O presente trabalho visa ser uma reflexão acerca
da utilização de narrativas literárias de ex prisioneiros de Campos Nazistas. Buscando ressaltar as
peculiaridades de tais narrativas, assim como as
dificuldades em sua utilização em História. Para tal,
serão abordados: Elie Wiesel, Primo Levi e Jorge
Semprún, importantes autores que utilizam suas
lembranças, cada um de maneira diferente em
suas obras.
The present work aims to be a reflection about use
of literary narratives of former prisioners of Camps
Nazis. Seeking to emphasize the peculiarities these
narratives, as well as the difficulties in their use in
History. This will be covered: Elie Wisel, Primo Levi
e Jorge Semprún, important authors who use their
memories, each one differently in his works.
Keywords: Author-witness, History, Holocaust.
Palavras Chave: Autor-testemunha, História, Holocausto.
Artigo apresentado na disciplina: “História, histórias e escritas: renovação epistemológica e mudanças metodológicas aplicadas às (auto) biografias, cartas e literatura”, no Programa de Pós
Graduação em História da Universidade Federal de Goiás. Ministrada pelas Professoras: Dra. Fabiana de Souza Fredrigo e Dra. Libertad Borges Bittencourt no primeiro semestre de 2010.
2
Mestre em História pelo Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), doutorando em História pelo programa de pós Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), professor da Universidade de Rio Verde (UniRV). Contato: [email protected]
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LANGBEIN, 1994, Apud: AGAMBEN, 2008, p. 25.
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REVISTA ONLINE UniRV/ Ano 1, Número 1, Janeiro/2015 Universidade de Rio Verde
ISSN: 2359-4004
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A ESCRITA OU A VIDA? A LITERATURA DO HOLOCAUSTO E SUA UTILIZAÇÃO EM HISTÓRIA
1 Considerações iniciais
O trabalho com autobiografia em História tem se
mostrado um tanto quanto dificultoso, isso se dá por
diversos fatores, um dos mais importantes como
destaca Philippe Lejeune (2008, p.15), é a questão
da identidade, na medida em que no interior de uma
narrativa há articulação de autor, narrador e personagem.
A dificuldade se dá na busca de uma coincidência
entre “quem se fala com a pessoa que fala”, usando
os termos de Mikhail Bakhtin (138), a questão não é
quem é o autor, mas sim, como ele se representa.
Assim, o estudo da autobiografia pode ultrapassar
as indagações sobre a narração da própria vida, podendo indagar acerca da conscientização, visão e
enunciação que o narrador constrói de sua própria
vida.
O presente trabalho não buscará uma reflexão
acerca do estudo de autobiografias pela História,
mas sim, de narrativas construídas a partir de experiências pessoais.
Soma-se a isso que o trabalho com eventos limites, tal como o “holocausto”, explicita problemas
recorrentes em História, por isso são de difícil trato
pela ciência histórica. Deste modo, ao estudarmos o
“holocausto” estamos nos inserindo em problemas
pertinentes à História no que diz respeito ao estudo
do passado, especialmente acerca de sua capacidade de referir-se a ele.
É justamente nesses terrenos espinhosos que
nos inserimos, o da autobiografia de pessoas que
passaram por eventos traumáticos e sobre seus
usos pela ciência histórica que o presente trabalho
procura se inserir, promovendo uma reflexão sobre
a escrita das experiências dos Campos Nazistas no
palco literário e sua utilização pela História. Tendo
como base os mais consagrados autores que trataram em suas obras as experiências pessoais dos
Campos: Elie Wiesel, Primo Levi e Jorge Semprún.
2 O autor-testemunha
Ao falarmos de autores que foram internos em
Campos Nazistas devemos levar em consideração
que esses autores se inserem em um grupo bastante peculiar de escritores, visto que o são com o intuito de testemunhar, na medida em que estiveram
envolvidos diretamente com um evento altamente
traumático.
O autor-testemunha fica entre a dor de lembrar e
escrever se assumindo como testemunha para que
algo assim jamais ocorra e o querer esquecer para
que seu sofrimento seja aliviado. Contudo, tendo
que conviver com a seguinte indagação: o esquecimento não significaria perdão?
Harald Weinrich acredita que tal esquecimento
significaria um perdão, segue sua justificativa:
As grandes guerras nacionais e mundiais de tempos posteriores não permitem mais que os crimes de
guerra (a expressão foi usada desde a Primeira Guerra) cada vez mais pavorosos a elas ligados possam
ser apagados da memória da humanidade por uma
ordem de esquecer. Por isso é moral e historicamente
coerente que desde os processos de Nuremberg por
crimes de guerra, cuja concepção jurídica também foi
confirmada pelo Parlamento alemão e pelo Tribunal
Internacional de Crimes de Guerra em Haia, todos
os ‘crimes contra a humanidade’, especialmente na
forma de assassinato de genocídio, tenham sido excluídos de qualquer anistia e não possam prescrever.
Sob essa cláusula estão também todos os crimes no
planejamento e execução do “extermínio de judeus”
(Holocausto, Shoah). Além disso, é coerente que
Ezer Weizmann, como presidente do estado de Israel, em seu discurso diante do Parlamento alemão
em 16 de janeiro de 1996, cinqüenta anos depois do
fim da guerra, tenha excluído absolutamente a possibilidade de perdão e esquecimento do genocídio
cometido pelos alemães contra os judeus europeus.
(WEINRICH, 2001, p. 238).
O não esquecimento das atrocidades acontecidas durante a Segunda Guerra Mundial se constitui em uma espécie de compromisso moral de todo
Ocidente. Assim, o desejo de “nunca mais” acaba
nos levando a um “eterno presente”, o “holocausto”
seria uma experiência vivida por todos, e assim vívida para todos, como argumenta Robert Braun: “O
trauma do Holocausto e o apelo para a preservação
de sua memória deu ao problema uma ênfase especial. O sentimento de “eu estava lá” estabeleceu um
tipo especial de identidade moral ao sobrevivente.
(BRAUN, 1994, p.175)
Somos de certa forma ligados ao “holocausto”,
somos partícipes deste evento, ligados pelo desejo de “nunca mais” que nos envolve em um “eterno
presente”, nos tornando responsáveis por uma não
repetição do que ocorrera, o que nos deixa de presos ao evento.
Será empregado o termo “holocausto”, por considerarmos que há uma disputa em torno da administração da memória do genocídio promovido pelos nazistas durante a Segunda Guerra
Mundial, o termo “holocausto” e ainda mais “Holocausto” são termos cunhados com objetivos políticos e ideológicos. O uso das aspas não objetiva menosprezar e tão pouco relativizar o sofrimento promovido pelos nazistas e seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial, mas sim, explicitar que o trabalho é feito tendo consciência dessa disputa ideológica em torno do tema.
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É necessário ressaltar que os Campos administrados pela Alemanha e seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial desempenhavam 3 funções: concentração; trabalho; extermínio.
Alguns deles eram mistos, ou seja, desempenhavam mais de uma função, dos Campos Nazistas: Belzec, Chelmmo, Maly Trostenets e Treblinka II eram Campos exclusivos para extermínio, o
que consiste na grande inovação nazista para Campos de Guerra.
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Ao assumirmos que somos envolvidos pelo “nunca mais”, devemos sempre levar em consideração
que existe certo número de pessoas que são ainda mais envolvidas pela lembrança do “holocausto”,
são as pessoas que estiveram diretamente ligadas a
ele, tanto vítimas quanto agressores. Essas pessoas
são envolvidas não somente por um dever ético imanente, mas por suas próprias lembranças.
O Ocidente judaico-cristão que aprendeu que o
perdão parte do esquecimento, afinal para o cristianismo o perdão é que dá início a uma nova vida,
frente a esse evento, teve que promover uma revisão de seus conceitos ; esse evento não pode ser
esquecido porque é imperdoável.
No que diz respeito aos ex prisioneiros de Campos Nazistas, o sentimento de culpa e vergonha são
responsáveis por seu silêncio. A primeira consiste na
culpa por ter participado da burocracia nazista , que
no fim permitiu o extermínio de milhões de pessoas.
Vejamos no exemplo de Michael Pollak:
O exemplo seguinte, completamente diferente,
é o dos sobreviventes dos campos de concentração
que, após serem libertados, retornaram à Alemanha
ou à Áustria. Seu silêncio sobre o passado está ligado em primeiro lugar à necessidade de encontrar um
modus vivendi com aqueles que, de perto ou de longe, ao menos sob a forma de consentimento tácito,
assistiram à sua deportação. Não provocar o sentimento de culpa da maioria torna-se então um reflexo
de proteção da minoria judia. Contudo, essa atitude é
ainda reforçada pelo sentimento de culpa que as próprias vítimas podem ter, oculto no fundo de si mesmas. É sabido que a administração nazista conseguiu impor à comunidade judia uma parte importante
da gestão administrativa de sua política anti-semita,
como a preparação das listas dos futuros deportados
ou até mesmo a gestão de certos locais de trânsito
ou a organização do abastecimento nos comboios.
Os representantes da comunidade judia deixaram-se
levar a negociar com as autoridades nazistas, esperando primeiro poder alterar a política oficial, mais
tarde “limitar as perdas”, para finalmente chegar a
uma situação na qual se havia esboroado até mesmo
a esperança de poder negociar um melhor tratamento para os últimos empregados da comunidade. Esta
situação, que se repetiu em todas as cidades - onde
havia comunidades judaicas importantes, ilustra particularmente bem o encolhimento progressivo daquilo
que é negociável, e também a diferença ínfima que
às vezes separa a defesa do grupo e sua resistência
da colaboração e do comprometimento. (POLLAK,
1989, p. 5-6).
2.1 Culpa e vergonha das testemunhas
Ao vermos os relatos de testemunhas notamos
rapidamente uma “culpa absoluta” intrínseca em
seus testemunhos. Por um lado, os agressores se
sentem culpados e querem rapidamente esquecer o
que ocorrera nos campos, como aponta Christopher
Browning:
Ao contrário dos sobreviventes, é claro, os autores não se apressaram para escrever suas memórias
da guerra. Eles não sentiram nenhuma missão para
“nunca esquecer.” Pelo contrário, eles esperavam esquecer e serem esquecidos tão rapidamente e totalmente se possível. (BROWNING, 1991, p. 28)
Notamos que o “nunca mais” é visto de outra forma pelos agressores, é sabido que houve uma tentativa dos nazistas de apagar os registros de suas
ações. Houve um silêncio por parte dos agressores
no pós-Guerra, silêncio que perdura até nossos dias,
trabalhos que busquem uma abordagem do “holocausto” partindo da memória de seus executores
são raros, um exemplo disso é que o artigo de Christopher Browning do trecho supracitado é o único na
importante e afamada coletânea de Saul Friedlander
(1992), Probing the Limits of Representation: Nazism
and the “Final Solution”. Raríssimos são os agressores que se tornaram escritores, mais raros ainda
os que atingiram sucesso, a maior exceção é Albert
Speer, que fora Ministro do Armamento no governo
de Adolf Hitler, com o fim da Guerra fora condenado
a vinte anos prisão, tornando-se um autor de relativo
sucesso escrevendo livros semibiográficos, de dentro da prisão e de fora dela após cumprir sua pena.
Tal culpa exposta por Pollak em relação a sobreviventes dos Campos Nazistas deve ser levada em
consideração ao indagarmos acerca do “silenciamento” dos ex prisioneiros.
A culpa gera a vergonha por ter sobrevivido, nesse
aspecto o raciocínio é automático, já que para que
“eu” tenha sobrevivido alguém morreu em “meu lugar.
No caso dos sobreviventes de Campos, vergonha
e culpa estão entrelaçadas. Para Giorgio Agamben
(2008, p. 94), a culpa é o lócus classicus da literatura sobre os Campos, refletindo o que é para o autor
o sentimento mais significativo dos sobreviventes, a
culpa.
O sentimento de culpa e uma luta contra essa culpa é marcante nos escritos dos sobreviventes dos
Tradução de: The trauma of the Holocaust and the call for the preservation of its memory gave the problem a special emphasis. The feeling of ‘I was there’ established a special kind of identity
and moral challenge.
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A ESCRITA OU A VIDA? A LITERATURA DO HOLOCAUSTO E SUA UTILIZAÇÃO EM HISTÓRIA
Campos, vejamos um exemplo em Bruno Bettelheim:
Não se pode sobreviver ao campo de concentração sem o sentimento de culpa por termos tido tão
incrível sorte quando milhões pereceram, muitos deles na frente de nossos olhos [...] Mas nos campos as
pessoas eram forçadas, dia após dia, durante anos,
a assistir a destruição de outros, sentindo – contra
qualquer julgamento – que deveria ter intervido, sentindo-se culpada por não tê-lo feito e, acima de tudo,
sentindo-se culpada por ter freqüentemente ficado
feliz por não ter sido ela a morrer, uma vez que sabia que não se tinha o direito de esperar ser o único
culpado. (BETTELHEIM, Apud: AGAMBEN, 2008, p.
95).
Os ex prisioneiros vivem presos em si mesmos,
pois, muitos deles sobreviveram de uma situação
em que a linha que separa vida e morte era demasiadamente tênue. Tal culpa é porque para que se
tenha sobrevivido, outro tenha morrido em seu lugar.
Ao dizermos que vivem presos a si, não significa
que não se lute contra essa prisão, vejamos na poesia O sobrevivente de Primo Levi:
Since then, at an uncertain hour
Desde então, em hora incerta,
Essa pena retorna,
E se não encontra quem a escute,
Lhe arde no peito o coração.
Revê os rostos de seus companheiros
lívidos à primeira luz,
cinzentos do pó de cimento,
indistintos devido à névoa,
tingidos de morte nos sonos inquietos;
de noite batem os queixos
sobre a grave demora dos sonhos,
mastigando um nabo que não há.
“Para trás, fora daqui, gente submersa!
Vão embora! Não suplantei a ninguém,
Voltem à névoa de vocês.
Não é minha culpa se vivo e respiro,
e como e bebo e durmo e tenho vestidos.” (LEVI,
1988, p. 581).
Os sobreviventes dos Campos convivem a cada
dia com essa culpa e, ela aparece nitidamente nos
escritos dos que se arriscam no terreno da literatura. Tradução perfeita para essa culpa nos traz Elie
Wiesel (Apud: AGAMBEN: 2008, p. 95) : “Estou aqui,
porque um amigo, um desconhecido morreu no meu
lugar [...] Vivo, portanto sou culpado.”
Raros são as testemunhas que assumem a dor
de escrever sobre o que passaram nos Campos.
3 O autor entre o lembrar e o viver
Os autores que escolhemos para refletirmos so-
bre como transcreveram suas experiências pessoais
em suas obras tiveram trajetórias diferentes, tanto
dentro dos Campos quanto fora deles no pós-Guerra, por isso achamos necessário que essas diferenças sejam demarcadas mesmo que de forma sucinta
quando nos referirmos a cada um.
Elie Wiesel
Elie Wiesel, é proveniente de uma família judia
ortodoxa da província da Transilvânia na Romênia,
fora preso com o pai, mãe e as três irmãs, com o
pai fora prisioneiro em Auschwitz e em Buna. Seu
pai morrera no caminho de Buchenwald, nunca mais
teve notícias dos outros membros de sua família.
(WEINRICH, 2001, p. 251).
Wiesel ao ser liberto, com dessesseis anos de
idade não tinha intenção de ser um autor, tal como a
esmagadora maioria dos libertados dos Campos Nazistas, sua opinião mudara ao entrevistar o novelista
francês François Mauriac. Mauriac que ficara comovido com o relato de Wiesel o incentivou a escrever,
para que prestasse testemunho.
Elie Wiesel tal como grande parte dos sobreviventes, procurava silenciar-se sobre o que acontecera
nos campos, com a insistência de Mauriac, Wiesel
escreve sua mais importante obra, A Noite. Desde
então se mostrou implacável contra o esquecimento
do que ocorrera nos Campos, não apenas com ele,
mas com todos, especialmente aos que não podem
falar. Vejamos como é marcante sua luta contra o esquecimento em seu discurso ao ser agraciado com o
Nobel da Paz em 1986:
É com um profundo senso de humildade que
aceito a honra que escolheram conceder a mim. Eu
sei: sua escolha transcende a minha pessoa. Isto
tanto me assusta como agrada. Assusta-me porque
eu me pergunto: Tenho o direito de representar as
multidões que pereceram? Tenho o direito de aceitar
esta grande homenagem em nome deles? Não tenho. Isso seria presunçoso.
Ninguém pode falar pelos mortos, ninguém pode
interpretar seus sonhos e visões mutiladas.
Agrada-me porque posso dizer que esta honra
pertence a todos os sobreviventes e seus filhos, e
através deles, ao povo judeu, com cujo destino eu
sempre me identifiquei. [...] Nossas vidas não pertencem mais a nós somente; pertencem a todos aqueles
que precisam desesperadamente de nós. [...] (WIESEL, 1986).
O próprio cristianismo teve que fazer uma revisão de seus conceitos após o “holocausto”. Caso marcante disso é a obra: Quem é Jesus para nós hoje? Do teólogo protestante Jürgen Moltmann, que promove uma reflexão que gira em torno das possibilidades do cristianismo após Auschwitz. MOLTMANN, Jürgen. Quem é Jesus para nós hoje? Petrópolis: Vozes, 1997.
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Tradução de: Unlike the survivors, of course, the perpetrators did not rush to write their memoirs after the war. They felt no mission to “never forget.” On the contrary, they hoped to forget and
be forgotten as quickly and totally as possible.
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No recorte supracitado podemos notar o que chamamos de culpa por parte dos sobreviventes, Wiesel busca assumir essa culpa e se sente incumbido
de ser um porta-voz dos que estiveram nos Campos
Nazistas. Vejamos a continuação de seu discurso:
[...] Eu me lembro: aconteceu ontem ou eternidades atrás. Um garoto judeu descobriu o reino da noite. Lembro-me do seu assombro. Lembro-me de sua
angústia. Tudo aconteceu tão depressa. O gueto. O
vagão de gado selado. O altar de fogo sobre o qual
a história de nosso povo e o futuro da humanidade
seriam sacrificados.
Eu me lembro: ele perguntou ao pai: “Isso pode
ser verdade? Este é o Século Vinte, não a Idade Média. Quem permitiria que tais crimes fossem cometidos? Como o mundo pode permanecer em silêncio?”
E agora o garoto volta pra mim: “Diga-me,” diz ele,
“o que você fez com o meu futuro? O que fez com
sua vida?”
E digo a ele que eu tentei. Tentei manter a lembrança viva, que tentei lutar contra aqueles que se
esqueceriam. Porque se nos esquecermos, seremos
culpados, seremos cúmplices. Então expliquei a ele
como éramos ingênuos, que o mundo não sabia e
permaneceu em silêncio. E que é por isso que jurei
nunca ficar em silêncio quando e onde quer que seres humanos passem por sofrimento e humilhação.
Devemos sempre apoiar os lados. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o
atormentador, nunca o atormentado. [...]
“Decidi dedicar minha vida a contar a história
porque senti que tendo sobrevivido, devo algo aos
mortos, e todo aquele que não se lembra os trai mais
uma vez.” [...] (WIESEL, p. 1986)
Wiesel, como podemos notar vê como um dever
lutar contra o esquecimento do que ocorrera nos
Campos. Enquanto a isso não há problemas, a questão é que Elie Wiesel articula em torno de si todo um
aparato que acaba por direcionar as interpretações
acerca do “holocausto”. Postura que gera críticas,
tal como a dos negacionistas como Robert Faurison
(1986) que colocam em dúvida a validade de seus
testemunhos; quanto à de judeus como Norman
Finkelstein (2006) que critica duramente sua postura, dizendo que há uma exploração do sofrimento
judeu, o que consiste segundo ele em “A Indústria
do Holocausto”.
O que incide de fato, é que Wiesel faz parte do
grupo que direciona as interpretações e os estudos
acerca do “holocausto”. A ele, Elie Wiesel segundo
Agamben (2008, p. 37), atribui-se a cunhagem do
termo “holocausto” para se referir ao genocídio nazista frente os judeus, não se sabe ao certo se fora
ele quem usou a expressão pela primeira vez, mas
sem dúvidas fora Wiesel e seu grupo que o popularizara.
Primo Levi
Primo Levi, é oriundo de uma família judia de Turim na Itália, mas de uma família que não praticava
o judaísmo àvidamente, dado a ser ressaltado é que
ele participava de movimentos antifascistas. Era químico na Itália antes de ser enviado aos Campos Nazistas, o que fazia dele um dos “judeus economicamente aproveitáveis”. Levi foi prisioneiro de Campos
Nazistas de 1943 à 1945 passando por Auschwitz e
Buna-Monowitz. (WEINRICH, 2001, p. 259)
Levi diferentemente de Wiesel, logo ao ser liberto
começa a escrever e já em 1947 publica É Isto um
Homem? Que vem a ser sua obra mais importante.
No referido livro Levi trata dos “Mulçumanos”, forma
que eram chamados na linguagem dos Campos os
prisioneiros que perdiam de tal forma a noção de realidade e de humanidade que os próprios internos
indagavam se eles eram humanos. Os “mulçumanos” eram vistos com repulsa pelos outros prisioneiros que os abandonavam completamente, eram
tidos como cadáveres ambulantes (homens múmia,
mortos-vivos), alguém que estava morto em vida. A
esses prisioneiros era permitido que vivessem para
que os outros prisioneiros os vissem, como se fosse
para dizer: “vocês ficarão assim” (AGAMBEN, 2008,
p. 48-91). Ao escrever É Isto um Homem? Levi busca dar voz aos “mulçumanos”, partindo da indagação se esses prisioneiros eram humanos ou não.
Podemos notar que Levi já trabalha com a culpa
de ter sobrevivido aos Campos, ao dar voz aos sem
voz, que é a intenção ao retratar os “mulçumanos”, o
autor não está se isentando de culpa, mas assume a
responsabilidade de transmitir o que “não pode” ser
transmitido, ou seja, o sofrimento dos Campos.
Primo Levi não via o escrever como um refúgio,
muito pelo contrário, o fazia como se fosse uma obrigação testemunhar o que havia vivido, tanto que
continuou sua carreira de químico no regresso à Itália. Para ele, o escrever o fazia retornar ao inferno,
a comparação dos Campos com o inferno cristão,
aliás, ao inferno de Dante é recorrente em sua obra.
Judeus participavam da administração dos guetos. A administração dos guetos era feita de forma compartilhada, participando dela o Conselho Judaico ou Judenrat, que fazia a intermediação
entre autoridades nazistas e a comunidade dos guetos. As Judenrat’s tentaram influir posteriormente no que diz respeito ao envio de pessoas aos Campos, buscando fazer um jogo de trocas
com os nazistas, buscando diminuir o número de pessoas a ser enviadas em troca do aumento da produtividade. Uma análise mais detalhada acerca da questão pode ser encontrada em,
NARCIZO, Makchwell. O Testemunho na História: o plano de burocratização da vivência e seus reflexos nos testemunhos e na história da shoah, 2011
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Vejamos o trecho final da poesia que já citamos no
presente trabalho:
Para trás, fora daqui, gente submersa!
Vão embora! Não suplantei a ninguém,
Voltem à névoa de vocês.
Não é minha culpa se vivo e respiro,
e como e bebo e durmo e tenho vestidos. (LEVI,
1988, p. 581)
As duas últimas linhas consistem em uma citação
integral do canto 33 do Inferno, na verdade Levi que
como ressaltamos anteriormente era um judeu não
praticante era profundamente envolvido no mundo
cristão, relaciona em vários momentos de sua obra
os Campos ao inferno. Essa citação não é de forma
alguma gratuita na poesia supracitada, descreve o
encontro de Dante com um ser no vale dos traidores,
e o verso citado refere-se a alguém que Dante julga estar vivo, mas apenas aparentemente, pois sua
alma já está morta. Esse é o dilema que Primo Levi
levou durante sua vida após ser libertado de Buna-Monowitz, o dilema de estar vivo, mas com o sentimento de uma parte sua estar morta, tal como os
“mulçumanos” dos Campos, até que cometera suicídio em 1987. Não há como saber os motivos que
o levaram ao suicídio, mas sabemos, com base em
sua obra, que as lembranças dos Campos estiveram
com ele por toda a vida, o que fica transparente em
sua obra.
Jorge Semprún
Jorge Semprún foi de uma família abastada da
Espanha, seu pai ocupara cargos importantes na
política espanhola, característica importante sobre
sua família é que ela não era judia. Semprún era
comunista e por isso fora preso em Buchenwald o
mais importante Campo Nazista para presos políticos durante a Segunda Guerra Mundial. (WEINRICH, 2001, p. 264).
Semprun quando fora preso já era formado em
filosofosia pela Universidade de Sorbonne em Paris, neste período já se aventurava no campo da literatura, ao ser liberto projetou escrever um livro de
memórias, escreveu A Grande Viagem (1963), mas
logo depois preferiu silenciar-se, optou por tentar
esquecer. Somente em 1994 voltou a escrever um
livro sobre Buchenwald, A Escrita ou a Vida, só veio
escrever esse livro quando soube da morte de Primo
Levi.
Indagado acerca de seu silêncio literário, Semprún responde:
Era melhor olhar para frente e escolher a vida,
que naquele momento era a vida de refugiado, com
a esperança de acabar com a ditadura de Franco, a
luta ativa. E claro, a esquerda de escrever. Porém ao
deixar de escrever esse relato eu não escrevi nada.
Queria ser escritor desde a infância, porém me havia
parecido indecente escrever uma historia de amor
ou uma epopéia de resistência. Eu não podia narrar essa experiência dos campos, me cortava toda a
possibilidade de escritor. (SEMPRÚN, 1994)
Notamos que Semprún procurou levar a vida
como se não houvesse existido Buchenwald, entretanto os fantasmas, na verdade memórias traumáticas, adquiridos no Campo o perseguiam, como
ele mesmo expõe na introdução de seu livro (SEMPRÚN, 1995, p. 8). Onde conta também que o titulo
do livro seria “escrever ou esquecer, mas A Escrita
ou a Vida traduz bem o que é o autor-testemunha.
Ao tratarmos os referidos autores trazemos a
questão da dificuldade de trabalharmos esse tipo de
relato em História, já que sabemos que os próprios
autores(testemunhas) vivem o dilema de assumir os
aparatos estilísticos da linguagem, tão presentes e
necessários na escrita literária, para embelezar seu
texto ou abrir mão deles no intuito de relatar aspectos da verdade. A pergunta para esses autores é:
Até que ponto fazer uso de tais aparatos estilísticos?
Para nós historiadores deve ser: como devemos
usar esses autores?
4 Considerações finais
Tal pergunta, assim como as questões abordadas
no decorrer do presente trabalho nos remete a uma
questão central: como tratar a verdade em História?
Vimos que os testemunhos de ex prisioneiros de
Campos Nazistas em forma de literatura partindo de
suas experiências pessoais têm características peculiares que devem ser consideradas ao fazermos
uso de suas respectivas obras em História.
É sabido que a História passou por diversas
transformações epistemológicas da segunda metade do século XX até hoje, buscando ampliar sua
área de investigação reconheceu a importância do
“homem comum” e de sua respectiva percepção sobre si mesmo e do mundo. Desta forma, o testemu-
Judeus participavam da administração dos guetos. A administração dos guetos era feita de forma compartilhada, participando dela o Conselho Judaico ou Judenrat, que fazia a intermediação
entre autoridades nazistas e a comunidade dos guetos. As Judenrat’s tentaram influir posteriormente no que diz respeito ao envio de pessoas aos Campos, buscando fazer um jogo de trocas
com os nazistas, buscando diminuir o número de pessoas a ser enviadas em troca do aumento da produtividade. Uma análise mais detalhada acerca da questão pode ser encontrada em,
NARCIZO, Makchwell. O Testemunho na História: o plano de burocratização da vivência e seus reflexos nos testemunhos e na história da shoah, 2011
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nho, que antes não era visto com muita importância,
transformou-se em um elemento de especial importância no que diz respeito à escrita da História, visto
que permite aproximar experiências políticas e de
vida distintas.
As vítimas do “holocausto”, tal como de outros
eventos de experiência-limite, são importantes atores históricos do século XX e, por meio de seus testemunhos, sendo eles em forma de relatos diretos
ou de testemunhos que é o foco da presente investigação, são relatos de seu próprio tempo e amplia a
as possibilidades de compreensão por parte da História do evento em destaque.
Retomando a questão das peculiaridades características nos testemunhos de ex prisioneiros de
Campos Nazistas, características essas que podem
ser consideradas entraves na abordagem de narrativas que contenham aspectos testemunhais do que
ocorrera em tais campos, porém, só será um limite
se não forem feitas as perguntas corretas. O “holocausto” dá e continuará dando trabalho aos historiadores, tanto que para Agamben (2008, p. 20) se
de uma aporia: “A aporia de Auschwitz é realmente
a própria aporia do conhecimento histórico: a não-coincidência entre fatos e verdade, entre constatação e compreensão.” Entendemos que o estudo do
“holocausto” pela História é um desafio não somente
na abordagem desse evento, mas para toda a História, sendo assim, obrigando uma reflexão mais ampla sobre ofício do historiador.
Os historiadores devem buscar ler o que é escri-
to nas entrelinhas e também buscar compreender o
não dito, somente as testemunhas são donas de suas
lembranças, se essas querem permanecer no silêncio, é um direito delas. Todavia cabe a História indagar encima do pouco que é dito, sobre o silêncio e o
próprio silêncio. Uma lição que a História tem aprendido ao longo dos tempos é que o que ganha sentido
nem sempre é dito em palavras de forma direta.
Giorgio Agamben (2008, p. 21) defende que um
modo e, talvez o único modo para preenchermos as
lacunas que existem no estudo do genocídio nazista
é escutar o não dito. Acrescentamos ao não dito o
“pouco dito”, o testemunho em forma de literatura,
que traz ao interior da História aspectos importantes,
para tal abordagem é necessário lembrarmos que
é a História que deve se adequar a esses testemunhos e não o inverso.
O que pretendemos ao expormos as peculiaridades na abordagem de autores que buscam relatar suas experiências dos Campos em História é
usá-los como caso, para que possa ser feita uma
reflexão mais ampla no que diz respeito ao próprio
conhecimento histórico.
Sabemos que não alcançamos conclusões contundentes, mas essa não é a intenção do presente trabalho, já que é uma questão recorrente e em
aberto para quem estuda o “holocausto”. Mas cremos ter atingido o nosso objetivo, que é expor um
problema que às vezes pode passar despercebido,
o da peculiaridade desses trabalhos, mesmo que de
uma forma simples e até mesmo incompleta.
Grupo que tem como principais nomes: Elie Wiesel, Israel Gutman e Daniel Goldgharen. Existe uma tentativa mais ávida do referido grupo de dominar a história e a memória dos extermínios
promovidos pelos nazistas, por exemplo: torna-se quase um crime falar que Auschwitz simboliza o genocídio nazista, porque esse deve simbolizar apenas a matança indiscriminada de judeus,
sendo assim, “o genocídio”.
Com esse grupo está ligada toda uma concepção política, já que houve uma mudança de postura no trato da história da Segunda Guerra Mundial após 1967, por ocasião das guerras Árabe-israelenses como aponta Norman Finkelstein (2006), chamando essa mudança de postura e as investidas posteriores de: “A Indústria do Holocausto”. O que Finkelstein destaca em seu livro
é que os judeus sionistas utlizam desde então o “holocausto” para justificar políticas expansionistas do governo israelense.
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Tradução de: Era mejor mirar hacia adelante y elegir la vida, que en aquel momento era la vida del refugiado, con la esperanza de acabar con la dictadura de Franco, la lucha activa. Y claro,
dejé de escribir. Pero al dejar de escribir ese relato ya no escribí nada. Quería ser escritor desde la infancia, pero me hubiera parecido indecente escribir una historia de amor o una epopeya
de resistencia. El no poder narrar esa experiencia de los campos me cortaba toda posibilidad de ser escritor. [...]
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