Transpiração e Condutância Estomática em Folhas
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Transpiração e Condutância Estomática em Folhas
NOTA CIENTÍFICA Transpiração e Condutância Estomática em Folhas de Mudas de Mogno (Swietenia macrophylla King R.A) Submetidas ao Estresse Hídrico e à Reidratação Ana Paula Baldez Lima1, Allan Klynger da Silva Lobato2, Cândido Ferreira de Oliveira Neto3, Cristiane Moraes de Almeida3, Dramerson Dorivan Silva Gouvêa3, Luciana Costa Marques3, Raimundo Lázaro Moraes da Cunha4, Roberto Cezar Lobo da Costa4 Introdução O Mogno (Swietenia macrophylla) pertencente à família Meliaceae é uma árvore de grande porte que pode atingir de 30 a 45 metros de altura por 2 metros de diâmetro. Possui folhagens bastante verdes, sendo uma característica muito utilizada para sua localização em matas fechadas [1]. O mogno encontra-se geralmente em florestas classificadas como tropical seca. Nessas áreas, a temperatura anual média é 24º C, com precipitação anual entre 1.000mm-2.000mm e índice anual de chuva para evapotranspiração 1,0-20 [2]. O mogno também é encontrado em florestas úmidas e zonas subtropicais [3]. No Brasil, a zona de ocorrência natural do mogno é um arco ao sul da Amazônia, cobrindo cerca de 1,5 milhões de km2. Essa zona estende-se do centro leste do Pará, passando pelo sul do Estado, noroeste do Tocantins, noroeste de Mato Grosso, sudeste do Amazonas até a maior parte de Rondônia e Acre [4]. Estudos realizados no sul do Pará indicam maior presença de mogno nas margens dos igarapés sazonais. Esse fato tem sido atribuído a dois fatores: primeiro, a um aumento na freqüência de distúrbio associado com a oscilação hídrica provocada pela existência de uma estação seca e chuvosa distintas; segundo, à boa taxa de crescimento das mudas de mogno nas áreas baixas, devido aos solos ricos em nutrientes presentes nessas áreas, se comparados aos solos empobrecidos existentes nas partes altas do terreno [5]. Segundo Passioura [6], a seca é considerada uma circunstância, na qual as plantas sofrem redução do seu crescimento ou produtividade, devido à insuficiência do suprimento de água, ou a um grande déficit de umidade do ar, mesmo com o suprimento de água adequado do solo. O estresse hídrico que é comumente atribuído à seca se desenvolve quando a perda de água excede a absorção em intensidade suficiente para causar dentre outros, o decréscimo no conteúdo de água da planta, a redução do turgor e conseqüentemente o decréscimo na expansão celular e alterações de vários processos fisiológicos essenciais, podendo modificar também a morfologia, a anatomia e os componentes bioquímicos da mesma. Esse estresse pode ser causado pela rápida transpiração ou lenta absorção de água, ou ainda pela combinação de ambos em época quente ou seca [7] Material e métodos O experimento foi desenvolvido num período de 37 dias em casa de vegetação do campus da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém – Pará. As mudas de mogno (Swietenia macrophylla) foram fornecidas pela AIMEX (Associação das Indústrias Madeireiras do Estado do Pará) e acondicionadas em vasos plásticos com capacidade para 10 litros, contendo terra preta arenosa como substrato. Antes do inicio dos tratamentos todas as plantas foram irrigadas diariamente durante 15 dias, para aclimatação das mesmas às condições ambientais experimentais. A transpiração e a condutância estomática das folhas das mudas, durante o período de crescimento, foram avaliadas utilizando-se um porômetro de estado estável Li-Cor modelo 1600. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em fatorial do tipo 2 x 7 (condições hídricas x tempo), com 3 (três) repetições, totalizando 42 unidades experimentais, distribuídas ao acaso. A comparação entre as médias foi realizada através do erro padrão da média ao longo do tempo, de acordo com Gomes [8]. As medições foram feitas nos 1º, 4º, 8º, 12º, 16º, 20º e 22º dias após o período de aclimatação, sempre às 9 horas, 11 horas, 13 horas e 15 horas, totalizando vinte e oito (28) medições. A reidratação foi realizada no 20 º dia de estresse e medida 48 horas depois. Resultados e Discussão Os resultados obtidos revelaram que os processos de transpiração e condutância estomática mantiveram-se constante nas plantas jovens de mogno irrigadas periodicamente (controle) durante os 22 dias do experimento (Fig. 1 e 2). Esse fato possivelmente ocorre devido à manutenção do potencial hídrico foliar e conseqüentemente da turgescência das células guardas dos estômatos [9]. Por outro lado, nas plantas estressadas ________________ 1. Aluna de Graduação de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Rural da Amazônia.UFRA. PA, Brasil. E-mail: [email protected] 2. Bolsista PIBIC/CNPQ. Universidade Federal do Rural da Amazônia.UFRA. PA, Brasil. 3. Aluno (a) de Pós-graduação da Universidade Federal do Rural da Amazônia.UFRA. PA, Brasil. 4. Professor e Pesquisador da Universidade Federal do Rural da Amazônia.UFRA. PA, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 933-935, jul. 2007 934 (Fig. 1 e 2) durante os 20 primeiros dias, ocorreu uma diminuição drástica nas taxas de transpiração e de condutância estomática, havendo uma redução na transpiração de 75,38 %, variando de 5,85 μg /cm2/s (plantas controle) para 1,449 μg /cm2/s (plantas com 20 dias de estresse), já para a condutância estomática, a variação foi de 0,4084 cm/s para 0,0435 cm/s, correspondendo a uma redução de 89,34 %. Este resultado mostra que o efeito da deficiência hídrica causou redução sobre condutância estomática e taxas de transpiração, isso ocorre devido à redução do potencial da água na folha, onde a diminuição desse potencial provoca o fechamento dos estômatos, diminuindo a condutância estomática e consequentemente o decréscimo na transpiração. Além disso, num estado de estresse por seca, as células-guardas percebem essa escassez hídrica no mesófilo, antes mesmo de ocorrer qualquer redução de sua turgidez, e os estômatos se fecham, provavelmente por influência do ácido abscísico (ABA) [10]. Os resultados encontrados para o mogno, em nosso experimento, durante o período de seca (20 dias) são similares aos obtidos por Calbo & Moraes [11] trabalhando com mudas de buritizeiros de cinco meses de idade, no qual a transpiração e a condutância estomática foram reduzidas antes de decréscimos acentuados das taxas de assimilação do CO2. Isto está correlacionado ao processo de que a abertura estomática só ocorre quando as células guardas se encontram túrgidas e qualquer alteração na hidratação das plantas afetará o movimento dos estômatos. Portanto, se as células-guardas perderem mais água para atmosfera do que as plantas à absorverem, isto provocará um decréscimo na turgescência dessas células, provocando o fechamento estomático [12]. A reidratação das plantas estressadas feita no 20º dia de experimento e medida 48 horas depois (22º dia) mostrou que houve uma recuperação nas taxas de transpiração e condutância estomática (Fig. 1 e 2). Sendo que na taxa de transpiração houve uma recuperação de 156,94 % a partir do último dia de estresse, numa variação de 1,449 μg /cm2/s para 3,705 μg /cm2/s, já para condutância estomática a recuperação foi de 725 % no mesmo período, numa variação de 0,043 cm/s para 0,330 cm/s. Esses resultados indicam que as mudas de mogno apresentam grande capacidade de recuperação de estresses hídricos severos. Portando, podemos indicar que provavelmente plantas de mogno apresentam resistências à seca. Referências [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] VERÍSSIMO, A.; BARRETO, P.; MATOS, M. ; TARIFA, R.; UHL, C. 1992. Logging impacts and prospects for sustainable forest managment in old Amazonian frontier: the case of Paragominas,Forest Ecology And Management, V.55, P. 169 – 199. HOLDRIDGE, L. R. 1967. Life Zone Ecology. Tropical Science Center, San José, Costa Rica. 206 p. WHITMORE, J.L. 1983. Swietenia macrophylla and S. humilis (caoba, mahogany). In: D.H. Janzen, Ed., Costa Rican Natural History. University of Chicago Press, Chicago, IL, USA, pp. 331333. CONTENTE DE BARROS, R. L. C., W. T. QUEIROS, J. N. M. SILVA, B. P. C. FILHO, F. E. M. TEREZO, M. M. FARIAS & A.V. BARROS. 1992. 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Controle Condutância estomática Estresse 0.6 0.5 cm / s 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 4 8 12 16 20 22 Dias de estresse Figura 2. Avaliação da condutância estomática em folhas de mudas de mogno (Swietenia macrophylla) submetidas à desidratação progressiva (seca) durante 20 dias e à reidratação após ao 20º dia. A seta indica o dia da reidratação e as barras o desvio padrão. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 933-935, jul. 2007
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[6] BATES, L. S., WALDREN, R. P. E TEARE, I. D. 1973. Rapid determination of free proline for water-stress studies. Short communication. Plant and Soil. V. 39: 205-207. [7] DUBOIS, M. GILLES, K. A....
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