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áfr
ica
ulusaba
sabi sand, áfrica do sul
Richard Branson criou o que apenas pode ser descrito como uma
Hollywood africana
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HOTÉIS de SONHO · (3)
Ulusaba significa “lugar de pouco medo”, nome dado à colina de granito pela tribo Shangaan, que ocupa a área desde
há muitos anos e ali encontrou segurança, utilizando as encostas e os montes para se proteger de ataques surpresa
Gerir uma companhia aérea, uma editora de discos, ou uma marca que vende desde produtos de beleza a refrigerantes passando
por health clubs, deve ser monótono e cansativo... mas, neste caso, quando um bilionário se aborrece de gerir o seu império
Virgin, sempre pode agarrar no seu jacto privado e fugir para longe de tudo, para o meio do mato no continente Africano. E é
exactamente isso que o rebelde e excêntrico bilionário Richard Branson faz: foge para a África do Sul! Isto porque, em 1999,
Branson comprou uma reserva privada em Sabi Sand com cerca de 70 hectares - mais uma das suas “aventuras” –, realizando
então uma completa reestruturação e reconstrução dos dois lodges que ali se encontravam, criando o que apenas pode ser descrito como uma Hollywood africana, transformando o lugar numa espécie de Celebrity Resort, que atrai personalidades de
todos os cantos do mundo, como o bilionário da Microsoft Bill Gates, Naomi Campbell, a actriz Selma Hayek, Sarah, duquesa
de York, e outras inúmeras celebridades – a provar que, afinal, o factor Branson existe mesmo. No entanto, Ulusaba tem mesmo
qualidade, e não é preciso ser uma estrela de Hollywood para desfrutar do glamour e aventura que o resort oferece.
Ulusaba Private Game Reserve está instalado ao longo de uma área rochosa e escarpada que confina com o imenso Kruger
Park (que é do tamanho de Israel). O nome Ulusaba significa “lugar de pouco medo”, nome dado à colina de granito pela
tribo Shangaan, que ocupa a área desde há muitos anos e ali encontrou segurança, utilizando as encostas e os montes para se
proteger de ataques surpresa. Branson, mais uma vez, foi atraído pelo desafio. Comprada a propriedade em 1999 e reaberta em
2000, foi redecorada pelos seus designers de Necker Island, o seu refúgio nas Caraíbas, introduzindo o seu estilo nos dois lodges
existentes e transformando-os em luxuosas propriedades cinco estrelas.
Chegámos a Ulusaba passava das 11 da manhã. Enquanto fazemos o check in, oferecem-nos uma flute de champanhe. Karl Langdon, o chefe dos rangers, com o seu ar de D’Artagnan louro em trajes de safari, aproxima-se para nos dar as boas vindas (soubemos
mais tarde que a a duquesa de York chamava-lhe Kevin Costner por achá-lo parecido com o actor!). Antes de nos instalarmos
fomos conhecer o refúgio africano de Branson. Ulusuba tem dois lodges: um instalado no topo de uma formação rochosa (koppie
em Afrikaans), o Rock Lodge – que parece debruçar-se abruptamente sobre o mato em baixo. Rock Lodge eleva-se como uma
pequena fortaleza medieval sem ameias, com um ar meio feérico, com os seus telhados em forma de cone feitos de piaçava, parecendo enormes chapéus de bruxas, tendo a Drakensberg Mountain como cenário. Na área central do lodge fica a sala de jantar,
combinada com sala de estar. Uma imensa mesa de jantar em madeira da Rodésia com cadeiras ornamentadas com chifres de
impala, kudu e gazela parece prolongar-se pela savana, em baixo, dominando o espaço. No tecto, um imenso candeeiro suspenso
lembra os candelabros da mesquita de Kairouan, na Tunísia – a decoração faz pensar que Branson quis criar ali um estilo Jungle
Baroque. A decoração mistura artesanato africano, pinturas, sofás em cabedal, mantas tribais e pilhas de publicações sobre a vida
selvagem. No final da sala, portas envidraçadas abrem-se para um deck elevado sobre o precipício e que oferece uma soberba vista
de 180.º graus – um telescópio ajuda a observar melhor a vida selvagem que decorre em baixo. O pequeno-almoço e almoço são
aqui servidos, com uma vista de tirar a respiração ou, como os brasileiros costumam dizer, “de comer rezando”; neste caso, não
só pela comida, mas pela paisagem magnífica.
As acomodações no Rock House incluem duas Makwela Suites (Makwela é o nome dado a uma fêmea leopardo que habita em
Ulusaba e que, nos últimos três anos, escolheu um canto do lodge para deixar as suas crias, protegidas e abrigadas durante os primeiros meses das suas vidas, enquanto ela vai às suas caçadas); quatro Rock Cliff Rooms, uma Rock Suite, e uma Master Suite,
definitivamente criada para despertar todo o romantismo dos hóspedes. Os quartos são decorados com cores e tecidos de diferentes
tribos africanas e todos têm ar condicionado e ventoinhas. No minibar – em que todas as bebidas estão já incluídas na diária –,
encontram-se refrigerantes, sumos, Bombay Sapphire Gin, Absolute Vodka, o original Amarula sul-africano, Johnnie Walker,
Hennessey Cognac, uma selecção de vinhos sul-africanos e, claro, uma garrafa de champagne Moet Chandon. Ainda, café e uma
variedade de chás. Todos incluem ainda um par de binóculos e um pequeno livro chamado Ulusaba Private Game Reserve
Encountered, que vem personalizado com o nome do hóspede a desejar as boas vindas e que, além de diário de viagem com espaços
para se escrever as impressões e aventuras do safari, contém informação sobre os animais que se podem observar na reserva de Sabi
Sand, assim como as constelações, estrelas, plantas e insectos. Tudo isto ilustrado! Uma óptima recoradação da viagem e mais um
detalhe que faz a diferença. Nas casas de banho, produtos Virgin (a marca que Richard Branson
lançou para competir com a Body Shop)– o serviço de lavandaria também está incluído, mais
um serviço com que Ulusaba “mima“ os seus hóspedes.
Uma piscina, um ginásio e um pequeno Spa – o Aroma Boma com produtos Virgin – estão
ao dispôr dos hóspedes dos dois lodges, bem como dois courts de ténis, os únicos existentes em
toda a África num lodge de safari – excentricidades de Branson –, iluminados para poder jogar
à noite e com um bar repleto de bebidas para se servir à vontade.
Em baixo, em plena savana, fica o Safari Lodge, – onde se respira o ambiente da verdadeira
vida na selva – construído entre a verdejante vegetação, sob a sombra de árvores centenárias e
com vista sobre o curso do rio Mabrak. Seco durante a maior parte do ano, de Janeiro a Março
a impetuosidade das chuvas podem fazer com que atinja as margens do lodge. O curso do rio
é um caminho para os elefantes e, do deck privado dos quartos ou do bar, podem observar-se
regularmente estes animais, ou mesmo rinocerontes nos seus passeios diários. Ligados entre
si por compridas pontes suspensas de corda, os quartos estão construídos numa mistura de
madeira e colmo, e estão decorados com motivos africanos (almofadas com tecidos do Mali,
as camas, enormes, construídas por artesãos locais e são envoltas em redes mosquiteiras. Nas
paredes, fotografias em tons sépia de animais e candeeiros com ovos de avestruz como abat-jours
dão toque à decoração. Nas casas de banho, tal como no Rock Lodge, produtos da Virgin, um
chuveiro cortado na rocha local e uma banheira vitoriana com vista para a savana, deliciam
quem aprecia um banho totalmente relaxante.
O Safari Lodge oferece três tipos de quartos: três Elephant; três Safari; e quatro River. Os
River dispõem de decks privados, ideiais para observar os animais quando descem para beber
nas margens do rio ou quando passam no seu curso e, claro, para simplesmente relaxar e desfrutar do silêncio africano. Tal como no Rock Lodge, o mini bar, repleto, está ao dispôr do
hóspede, e lavandaria e todos os serviços estão também incluídos.
Ali, avisam insistentemente para o facto de deixarmos sempre a porta e as janelas da varanda
fechadas por causa dos ”Bush Bandits” (Bandidos do Mato). Esses “ladrões”, fazem raids até às
varandas e entram nos quartos revolvendo tudo (inclusive o minibar – aconteceu entre outros casos, com a Duquesa de York!).
Os Bush Bandits são nada mais nada menos que macacos. Como não é a nossa primeira estadia em África, já estamos acostumados e sabemos que eles não estão a brincar: há que levar a sério o aviso. É que eles roubam mesmo tudo o que apanham a jeito!
Também aqui a área comum apresenta uma decoração africana, as salas são espaçosas, de tectos altissimos. O jantar também é
partilhado numa imensa mesa, e servido à luz de velas. Uma piscina, uma loja, e outro mini spa estão ao dispôr dos hóspedes.
Depois de nos instalarmos, é hora de almoço – servido entre as 13h30 e 14h30. Enquanto que ao jantar, o menu muda diariamente, o almoço tem um menu em que as entradas são chamadas de Simply Things, seguem-se as Wild Things e, por fim, as
Sweet Things. Quando terminámos eram quase horas de outra refeição! É que às três e meia são servidos doces e chá! Já sentados
no deck, nitidamente a cometer o pecado da gula, apresenta-se Lawrence, o nosso ranger em Ulusaba. Tem 31 anos, começou
há 8 anos como ranger em Sabi Sabi River Lodge (hoje Lion Sands), esteve depois na CCA, no Madikwe, e fez várias travessias
em camiões através da África do Sul e Namíbia. Está em Ulusaba desde 2002. Dirigimo-nos depois para a entrada do lodge para
iniciar o game drive da tarde. Thulani, o nosso tracker, ou pisteiro, um experiente Shangaan, já nos esperava com um sorriso junto
ao Land Rover aberto. “What do you want to see the most?” pergunta Lawrence, enquanto carrega a arma e a coloca na parte
da frente do jipe. - Leopardos e leões – exclamei. E acrescentei – Tolla ingy! – que, em shangaan, a língua nativa, quer dizer
“encontrei leopardo”, a expressão que os rangers, quando avistam um destes felinos, usam no rádio para comunicarem entre si
sem que os turistas percebam o que dizem.
O SAFARI LODGE ESTÁ CONSTRUÍDO ENTRE A VERDEJANTE
VEGETAÇÃO, SOB A SOMBRA DE ÁRVORES CENTENÁRIAS
Os safaris são projectados para que se veja o máximo de animais em cada dia. O maior feito é encontrar os “big five”: leão,
E COM VISTA SOBRE O CURSO DO RIO MABRAK. JÁ O
elefante, búfalo, rinoceronte e leopardo. E aqui, em Sabi Sand,
ROCK LODGE ELEVA-SE COMO UMA PEQUENA FORTALEZA
apesar de não se ver uma quantidade imensa de animais, como
acontece no Quénia ou na Tanzânia, podem, por outro lado, verMEDIEVAL SEM AMEIAS, COM UM AR MEIO FEÉRICO, NO
se os big five durante um único safari. E aqui, um pouco como se
TOPO DE UMA FORMAÇÃO ROCHOSA, DEBRUÇANDO-SE
estivéssemos num museu e só pudéssemos ver algumas obras de
arte, o primeiro pedido é logo para os mais famosos! Em condiABRUPTAMENTE SOBRE O MATO E A SAVANA EM BAIXO
ções normais, os animais não ligam muito aos jipes. Mas é sempre
bom não fazer movimentos bruscos que os podem assustar, não
nos colocarmos em pé, pois quebra-se a sombra a que o animal
está habituado, e jamais sair do jipe sem autorização do ranger.
Logo à saída do lodge, ali mesmo ao “virar da esquina”, ainda o motor nem tinha aquecido, ao lado da placa de madeira que indica
o Ulusaba, Lawrence pára o Land Rover. Nem deu bem para ver a expressão dele com um olhar satisfeito de “primeiro desejo
cumprido” pois, em cima de uma árvore, mesmo à nossa frente... um leopardo! Depois de ter pousado para as máquinas, deixámos o leopardo tranquilamente a descansar, no alto de um tronco com o resto de uma pequena gazela estraçalhada e seguimos
mato dentro. Gazelas, esquilos, pássaros, camaleões e até uma tartaruga do mato fizeram parte do nosso menu de safari. Depois
de uma manada de elefantes, que comia folhas de árvores, calmamente mas sem parar, assistimos a uma luta impressionante entre
dois machos búfalos: entrelaçavam os chifres um no outro e rodavam a cabeça com força, tentando partir o pescoço do adversário.
O silêncio era impressionante, ouvindo-se apenas o embate oco dos chifres e a respiração ofegante acompanhada da falta de ar do
búfalo mais fraco que, após ter conseguido desembaraçar a sua cabeça torcida, optou por abandonar a manada, que pastava indiferente à cena. Depois de se afastar, transformando-se assim num búfalo solitário e agressivo, Lawrence arrancou, comunicando em
shangaan, sem que se percebesse nada do que se passava: o mato parece todo igual, quase sem caminhos e sem referências (para nós
comuns mortais, claro). Mas Lawrence guiava, seguro, seguindo como se estivesse todo o percurso detalhadamente indicado num
qualquer mapa escondido. E, pouco depois... o segundo desejo cumprido! O Land Rover aproxima-se de um grupo de cinco leões.
Por muitos safaris que se façam, por muitos leões que se vejam, é sempre fortíssima a sensação de se estar literalmente ao lado de um
animal destes, sem a menor protecção, mas ao mesmo tempo sentindo-nos completamente protegidos.
O sol, uma imensa bola laranja, começa a descer enchendo o céu de tons que se misturam entre o vermelho e o laranja. Do
outro lado, uma lua imensa, prateada, dá inicio à sua ascensão no mágico céu africano. Parece mais um pormenor de marketing
à Richard Branson, para seduzir os seus clientes. Mas não: é África no seu esplendor! Quando o sol cai as temperaturas descem
rápida e dramaticamente. Por isso as mantas no jipe ajudam a combater o desconforto momentâneo.
São seis horas e Lawrence pára o jipe e convida-nos a sair. Um caminho desenhado por lanternas dispostas no chão e penduradas nas árvores conduzem-nos a uma imensa fogueira, rodeada de cadeiras de lona. No céu, estrelado, diferentes constelações
– incluindo o Cruzeiro do Sul – parecem dar-nos as boas vindas. A lua está cheia. O cenário é perfeito, de filme! Um mesa,
imensa, apresenta todo o tipo de bebidas desde o sumo de laranja até ao champanhe, e variados apetizers, frutas e queijos. Ao lado,
um barbecue, onde pedaços de frango,salsichas e outros tipos de carne estão a ser grelhados. Enfim, mil e uma delícias. Apetece
experimentar tudo. Mas ainda há pouco almoçámos... logo de seguida lanchámos... e daqui a nada vamos jantar! De repente,
saídos do escuro e do nada, surgem elementos de uma tribo de uma aldeia vizinha, os “Gumboot dancers”, brindando-nos com
as suas danças ritmadas. Terminado banquete e a festa é altura de voltar, pois dali a nada é servido o jantar. Na África do Sul e
pelos lodges onde ficámos, além de safaris, fazem-se verdadeiras, deliciosas e contínuas viagens gastronómicas.
O silêncio da noite africana, depois de um requintado jantar, é um convite apetecível para nos recolhermos ao quarto, principalmente por sabermos que na manhã seguinte, às 5, alguém nos estará a acordar para, meia hora depois, com cobertores e botijas
de água quente, se iniciar o primeiro game drive do dia.
Para mais informações, contacte Across (21.3845100) · www.ulusaba.com · [email protected] · preços por pessoa/noite em quarto duplo no Safari Lodge,
desde 3.750 Rands, e desde 5.000 Rands no Rock House (inclui alojamento, pensão completa, bebidas – incluindo vinhos sul africanos e champagne francês
– e safaris). Membro da Virgin Limited Edition · pode ir com a TAP (escala em Maputo), ou com a South African Airways via uma cidade da Europa até
Joanesburgo. Ulusaba Private Game Reserve fica no sector oeste da reserva privada de Sabi Sand, perto do Kruger, na província de Mpumalanga. Ulusaba tem o
seu aeroporto privado. A viagem desde o aeroporto de Joanesburgo dura cerca de uma hora e vinte, ou cerca de 30 minutos desde o Kruger Mpumalanga Airport
(KMIA). De carro são cerca de 6 horas desde Joanesburgo · A HS agradece a colaboração do Ulusaba, Across, SA Tourism,TAP e South African Airways

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