Corrida à Casa Branca – Internet vira arma na caça ao voto

Transcrição

Corrida à Casa Branca – Internet vira arma na caça ao voto
ESCALAPB
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Cyan Magenta Amarelo Preto
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A10 INTERNACIONAL
QUARTA-FEIRA, 6 DE FEVEREIRO DE 2008
O ESTADO DE S.PAULO
CORRIDA À CASA BRANCA q Disputa tecnológica
Internet vira arma na caça ao voto
Obama é quem melhor entendeu o potencial da web, investindo em ferramentas como Facebook, YouTube e MySpace
BULLIT MARQUEZ/AP
Mariana Della Barba
CAMPANHA MULTIMÍDIA - Marie O'Connor, cidadã americana radicada em Manila, nas Filipinas, acompanha debate democrata pela internet
Candidatos
derrapam em suas
campanhas online
Pouca compreensão sobre a
linguagem online é o erro mais
comum das campanhas políticas
na web. “Muitos candidatos temem perder o controle de seus
sites ao deixar os usuários interagir livremente. Além disso, não
percebem que na internet é preciso ser menos formal. Em vídeos
online, por exemplo, agem como
se estivessem na TV”, diz Andrew
Rasiej, do site TechPresident. “Alguns políticos querem controlar o
conteúdo de seus sites, mas os
internautas de hoje querem participar ativamente dos debates”,
diz Peter Levine, da Universidade
de Maryland. ●
CAMPANHAS ONLINE
A popularidade dos candidatos na internet
NÚMERO DE AMIGOS/VISITAS
CRESCIMENTO NA SEMANA
DEMOCRATAS
REPUBLICANOS
243.521
14.401.738
+19,3%
+4,1%
+29,0%
38.464
34.961
4.594.346
+16,5%
+2,2%
+8,9%
85.218
170,891
5.491.380
+5,2%
+1,4%
+5,3%
37.328
43.841
1.556.250
+25.3%
+2,3%
+12,0%
FONTE: WWW.TECHPRESIDENT.COM
é Barack Obama quem melhor
entendeu esse potencial.
Obama tem 320 mil usuários
em seu perfil no Facebook (que
tem 62 milhões de usuários) e
seus vídeos já foram assistidos
mais de 14 milhões de vezes no
YouTube.Odemocratatemaindaumblog,participadoMySpa-
ce (um Orkut com ferramentas
multimídia), do Flickr (site de
fotos) e do Twitter, outra febre
entre internautas: miniblog em
que você informa seus amigos
sobre o que está fazendo no momento. Além disso, dos US$ 32
milhões que arrecadou, US$ 28
milhões foram obtidos online.
ORIENTE MÉDIO
Romney
320.437
McCain
Obama
●● ●
Hillary
Nas eleições americanas de
2004, o democrata Howard
Dean ficou conhecido como o
“candidato da web”. Usando a
internet, ele ganhou apoio de
blogs, recrutou internautas para pedir votos, participou de fóruns, entrou em contato direto
com os eleitores e, acima de tudo, arrecadou US$ 15 milhões
viainternet– umrecorde nahistória entre os democratas. Mas
seu sucesso no mundo virtual
resultou em fracasso na vida
real e ele acabou derrotado.
Se, na época, a internet não
ajudou nem mesmo o candidato
mais conectado de todos, por
quenessaseleições ela está sendo tão importante? O próprio
coordenador da campanha de
Dean responde: “Demoramos
seis meses para compilar 139
mil e-mails. Uma comunidade
no Facebook (site de relacionamento) leva 20 dias para conseguir 200 mil e-mails. Isso é algo
astronômico”, disse ao Estado,
por telefone, Joe Trippi. Semelhante ao Orkut, o Facebook é
uma das chaves para entender
osmotivospelosquaisdemocratas e republicanos estão investindo milhões em seus palanques virtuais.
Da campanha anterior para
esta,40milhõesdenovosamericanos passaram a usar a internet. Hoje, mais de 70% da populaçãotemacesso à web–no Brasil, o percentual é de 22%. No
entanto, o que está fazendo da
internet uma peça central na
corrida à Casa Branca não é só
esse novo e, como disse Trippi,
“astronômico” alcance que ela
tem hoje nos EUA. Mais importante é a maneira como eles estão navegando.
Antes, a internet era usada
basicamentepara e-mailseconsultas. Hoje, são cada vez mais
populares as ferramentas em
que os usuários podem interagirunscom os outrose criarseu
próprioconteúdo. SejanoFacebook, no YouTube ou em blogs,
é possível debater ou fazer vídeos sobre qualquer assunto:
do último escândalo de Britney
Spears às propostas dos políticos. Nessa quase anarquia, o
que conta não é o dinheiro, mas
a criatividade de mostrar algo
diferente. E, segundo analistas,
INFOGRÁFICO/AE
E é o eleitorado com menos
de 30 anos o maior responsável
por essa movimentação política online. “Muitas iniciativas de
Obama, como seu Facebook, foram criada por jovens, que se
sentem valorizados por estaremcontribuindo”,dizPeterLevine, diretor do Centro para In-
formação e Pesquisa sobre Participação Cívica da Universidade de Maryland, que estuda o
potencial de eleitores novatos.
Por ser o mais novo entre os
candidatos, Obama, que tem 46
anos, também parece entender
melhor o eleitorado jovem.
“Candidatos que continuam
usando programas na TV e o telefone estão tendo dificuldade
em conquistar os jovens. Já
Obama leva a internet a sério e
os jovens o tratam como ‘um de
nós’e nãocomoalguém dageração de seus pais”, disse Andrew
Rasiej, fundador do site TechPresident, que analisa como a
internet está sendo usada na
campanha eleitoral.
Mas como garantir que campanhasonline vão realmentefazer a diferença e não repetir o
fiasco de Dean? “Descobrir como converter entusiasmo online em votos é o Santo Graal da
política online”, diz Rasiej. “O
quesepodetercertezaatéomomento é que os candidatos estão usando a internet para tudo: fazer campanhas, construir
comunidades,arrecadardinheiro, conquistar partidários,
atrair a atenção das massas, o
que os torna conhecido por milhões. E isso certamente se converterá em votos”, conclui.
“Como a escala na qual esses
novos aplicativos estão sendo
usados é enorme, eu ficaria surpreso se a internet não tivesse
impacto na votação”, diz Levine, que cita duas pesquisas para corroborar a tese de que a
internet está influenciando na
eleição. A primeira mostra que
as chances de um americano ir
votar (o que não é obrigatório) é
maior se ele debateu sobre a
eleição. A segunda revela que a
presença de jovens nas prévias
eleitorais está batendo recordes este ano. “Hoje, o principal
palco de debates no país é a internet. E são justamente os jovens seus maiores usuários.”
Como já acontece com o comércio, ojornalismoe a música,
apenetraçãodainternetnapolítica é irreversível. São milhares
de novos usuários a cada dia,
munidos de ferramentas de interação e discussão – o que cria
mais debate e, conseqüentemente, mais votos. E é essa
equação que torna a internet
uma ferramenta cada vez mais
essencial na campanha política
de qualquer candidato. ●
Acompanhe as campanhas online:
www.estadao.com.br/e/a10
+
9
ÁFRICA
Ataques de Israel matam nove França pode
militantes do Hamas em Gaza intervir no Chade
Braço armado do grupo radical assume ‘toda a
responsabilidade’ por atentado suicida em Dimona
Sarkozy não descarta usar tropas
francesas no país contra rebeldes
TARA TODRAS/AP
GAZA
PARIS
As forças israelenses mataram
ontem nove militantes do Hamas na Faixa de Gaza e o braço
armadodogrupo radicalislâmico, Brigadas Izedine al-Qassam, emitiu um comunicado assumindo o atentado suicida de
terça-feira na cidade israelense
de Dimona.
Sete dos militantes do Hamas morreram em um ataque
aéreo contra um complexo de
segurança no sul de Gaza e outros dois membros do grupo foram mortos a tiros por soldadosisraelensesperto dafronteiracom oEgito.Outro ataqueaéreo israelense no norte de Gaza
feriu três civis palestinos.
Uma barragem de foguetes
foi lançada ontem de Gaza contra a cidade israelense de Sderot, ferindo seriamente uma
mulher.
No comunicado, as Brigadas
al-Qassam assumem a “total
responsabilidade” pelo atentado em Dimona, que deixou 1
morto e 11 feridos. Outro suicida foi morto pela polícia antes
que detonasse os explosivos.
O Hamas – que tomou o controle da Faixa de Gaza em junho, após expulsar as forças ligadas ao presidente palestino,
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, disse ontem que o
Exército de seu país está pronto para atacar os rebeldes no
Chade, se necessário. “Se a
França tiver de cumprir seu dever, ela o fará”, afirmou Sarkozy em La Rochelle, oeste do
país. No sábado, forças rebeldes chadianas lançaram uma
ofensiva contra o governo do
presidenteIdrissDéby,chegando a cercar o palácio presidencialnacapital,Ndjamena.Nasegunda-feira, porém, tropas do
governo conseguiram obrigálas a sair em retirada.
Sarkozy disse que o Exército
francês não está no Chade para
lutar, mas se o país for vítima de
agressão, a França teria meios
para se “opor às ações que violamasregrasdodireitointernacional”. O presidente aproveitou para desmentir as acusações feitas pelos chefes rebeldes de que os soldados franceses já estariam atuando no país
eseriam responsáveispelamorte de civis. Sarkozy afirmou
que, até então, os soldados estavam agindo apenas para proteger os franceses no país. Atualmente, 1,5 mil franceses moram
no Chade, 85% deles em Ndja-
OFENSIVA – Palestinas choram no funeral de militante do Hamas
Mahmud Abbas – identificou os
suicidas como Mohammed elHerbawi e Shadi Zghayer, ambos moradores de Hebron, na
Cisjordânia. Os dois já havia sido presos por Israel.
Aprincípio,asforçasde segurança israelenses acreditaram
que os suicidas teriam cruzado
do Egito para Israel, aproveitando-se das passagens abertas pelo Hamas na fronteira entre Gaza e o Egito. Horas após o
atentado,umafacçãodasBrigadas Mártires de Al-Aqsa (ligadas ao partido Fatah de Abbas)
haviaassumido aautoriadoata-
que e divulgado um vídeo de
outros dois suicidas, dizendo
que eles eram de Gaza. Mas
nenhum deles se parecia
com o homem-bomba morto
pelapolíciadeIsrael.Asautoridades israelenses temem
que, pelo fato de vários gruposteremassumidooatentado, haja novos suicidas a caminho.
Ainda ontem, o Egito pediu ao Hamas que permita à
AutoridadePalestinacontrolar a fronteira egípcia com
Gaza e advertiu que está perdendo a paciência. ● AP E EFE
Crise no Quênia
já deixou mais de
mil mortos
ITÁLIA
Governo deve convocar
eleições gerais hoje
O presidente da Itália, Giorgio
Napolitano, deve dissolver hoje
o Parlamento italiano para convocar eleições gerais antecipadas para abril. A medida foi necessária depois que o presidente do Senado, Franco Marini,
fracassou em formar um governointerinoparapreencher ovácuo de poder deixado pela renúncia do primeiro-ministro
Romano Prodi, no dia 24.
EUA
Os confrontos políticos e
étnicos no Quênia já deixaram
mais de mil mortos em pouco
mais de um mês, informou ontem a Cruz Vermelha. Ontem,
um grupo de empresários insistiu para que os políticos
saíssem de Nairóbi e controlassem seus seguidores. A onda de violência começou em
27 de dezembro, após a reeleição do presidente Mwai Kibaki, rejeitada pela oposição
sob acusação de fraude. ● EFE
CIA admite ter simulado
afogamento em 3 presos
mena. Desde que os confrontos começaram, os soldados
franceses já retiraram do
Chade mais de mil estrangeirosde71 nacionalidadesdiferentes. Um porta-voz do Estado-Maior francês disse à
agência EFE que a situação
em Ndjamena estava tranqüila ontem. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha
deu um balanço de mais de
mil feridos, mas não divulgou um número oficial de
mortos. ● AP E EFE
ZIMBÁBUE
●● ●
O diretor da CIA, Michael Hayden, admitiu ontem que a agência de inteligência dos EUA
usou a simulação de afogamento para conseguir confissões de
três supostos membros da AlQaeda após os ataques do 11 de
Setembro, em 2001. Essa foi a
primeira vez que uma autoridade americana admitiu publicamente o uso da técnica, chamada de tortura por seus críticos.
Ex-ministro disputará
presidência com Mugabe
Um ex-ministro das Finanças,
que discutiu com o presidente
do Zimbábue, Robert Mugabe,
por causa de sua política econômica, anunciou ontem que concorrerá às eleições presidenciais de março como candidato
independente. Simba Makoni,
de57 anos, disse queespera galvanizar os desiludidos com o
partido governista.