Darwin

Transcrição

Darwin
o
t
n
a
S
o
Espírit
A exposição DARWIN
É interessante contemplar uma encosta confusamente entrelaçada, revestida por
diversas plantas de diversos tipos, com pássaros cantando nos arbustos, com vários
insetos voando, e com minhocas rastejando na terra úmida, e pensar que essas
formas elaboradamente construídas... foram todas produzidas por leis agindo à
nossa volta...
Há uma grandeza nessa visão da vida, com seus diversos poderes, havendo sido
originalmente insuflados em algumas poucas formas ou em uma só; e que, enquanto
este planeta esteve revolucionando de acordo com a fixa lei da gravidade, a partir
de um início tão simples, infinitas formas, as mais belas e mais maravilhosas,
evoluíram e continuam evoluindo.1 (DARWIN, Charles, 2007)
A exposição Darwin – Descubra o homem e a teoria revolucionária que mudou o
mundo, desenvolvida pelo Museu de História Natural de Nova Iorque e adaptada,
no Brasil, pelo Instituto Sangari, convoca a nossa imaginação com sua linguagem
cenográfica que recria a atmosfera oitocentista em que Darwin viveu e incubou
sua teoria da Evolução.
Imersos na ambiência da exposição, tal qual uma viagem que se dá andando,
vamos nos nutrindo criativamente ao olhar desde esqueletos e fósseis até objetos
biográficos e cadernos de anotações de Darwin que colocam em evidência a sua
trajetória de naturalista.
A exposição, assim, abre possibilidades para fazer pensar, trazer descobertas,
perguntas e questões para olhar com outros olhos para o pensamento científico de
Darwin e a explosão de conhecimentos científicos gerados a partir de sua teoria da
Evolução pela Seleção Natural.
Na intenção de que a intensidade da visita à exposição não venha a esmorecer, a
Ação Educativa da exposição oferece um conjunto de materiais-propositores: aos
estudantes, o Jogo de Aprendiz da Evolução e o Catálogo do Aprendiz de Ciência;
aos professores, este material educativo – Mapas moventes para o pensar científico
– como convite à reinvenção das linhas conceituais percorridas na exposição,
como modos de continuação da viagem em sala de aula.
Que o desfrute da exposição e dos materiais-propositores escritos a partir
dela, venham a ser provocativos do estudo da biologia contemporânea na escola,
desabrochando aquele estado de encantamento diante do mundo que podemos
aprender e apreender em Darwin como desejo de investigação científica.
Em sua viagem no Beagle, diante da floresta tropical, Darwin nos revela esse
modo de encantamento em uma de suas descrições:
O fascínio experimentado nesses momentos desnorteia a mente, – se o
olhar tenta seguir o voo de uma vistosa borboleta, ele é interrompido por
alguma árvore ou fruta estranha; e ao olhar um inseto, ele é deixado de
lado para que uma maior atenção seja dada à estranha flor sobre a qual
ele rasteja... A mente é um caos de encanto.
Que sejamos então contaminados pela poética científica de Darwin!
Equipe do Instituto Sangari
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
Caro (a) professor (a)
Quando em visita a uma exposição, na geografia dos passos, ao olhar cada
objeto mostrado, nossa curiosidade se inquieta, como pergunta que move o desejo
de conhecer. Podemos dizer que a experiência vivida numa exposição tem um
potencial educativo, sobretudo porque forma em cada visitante novas percepções,
novos modos para olhar e pensar o mundo.
Certamente, como professores, quando programamos uma visita de nossos alunos
a uma exposição que escolhemos, nossa intenção é abrir vias de acesso para algum
assunto que será trabalhado em sala de aula antes e após o contato com a exposição.
Qual seria o objetivo de visitar a exposição Darwin? O que os alunos já sabem
sobre ela? Ao contrário de dar uma aula sobre quem foi Darwin ou informar os
alunos sobre o que eles vão ver na mostra, oferecendo dados em discurso pronto
e acabado, é mais interessante envolvê-los numa atitude investigativa que seja
provocativa, para despertar o interesse por meio da “pedagogia da pergunta”,
como diria Paulo Freire.
O que os alunos imaginam que fazia um naturalista que viveu no século XIX?
Quais seriam os instrumentos usados nessa época nas pesquisas científicas da
natureza?
Se naquela época não existiam computador e máquina fotográfica, como
os naturalistas registravam os dados coletados? Como se explicava o padrão da
biodiversidade na Terra no século XIX? O que mudou com Darwin? A origem das
espécies é o famoso tratado de Darwin. O que esse título sugere aos alunos?
Perguntas como essas podem instigar uma pesquisa em livros ou à busca na
internet, movendo os alunos à investigação e a criação de um mural que começa
antes da visita e vai sendo feito depois dela. Com esse modo de preparação, cada
aluno vai à mostra com a percepção mais aguçada e com interesse para interrogar
e dialogar com o educador-mediador durante a visita.
Ao mesmo tempo, o professor pode perceber os indícios de interesse e os pontos
de referência que os alunos têm sobre o assunto e as possíveis conexões entre a
visita à exposição e sua intenção pedagógica.
Desta forma, as seções que você encontrará neste caderno são:
I. Apresentação: Darwin – Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo............................................................................................................................... 04
II. Visitas focadas: textos que têm por objetivo ajudá-lo na
preparação e no planejamento da visita para o melhor
aproveitamento desta. Cada texto propõe uma abordagem
diferente que a visita pode ter e é composto por um parágrafo
introdutório sobre o assunto, e por atividades sugeridas
para serem realizadas antes, durante e depois da visita. São eles:.. . . . . . . . . . . 11
•
Contexto histórico: a vida e obra de Charles Darwin.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
•
Teoria da Evolução de Darwin.............................................................................................................................................. 13
III. Textos reflexivos: leituras que procuram aprofundar
aspectos tratados na exposição, acompanhadas de
idéias para promover debates ou atividades em sala de aula:...................................... 15
•
Serpentes sem patas.......................................................................................................................................................................................... 15
•
Árvore da vida ........................................................................................................................................................................................................... 17
•
A graça de um conto para levar a sério uma teoria....................................................................... 18
IV. Orientações para atividades: experiências que
podem ser desenvolvidas em sala de aula............................................................................................................. 21
V. Sugestões de sites e livros: recursos adicionais
sobre a vida e obra de Darwin...................................................................................................................................................... 24
Estes e outros materiais educativos estarão também disponíveis
no website da exposição www.darwinbrasil.com.br .
Agora, só nos resta desejar uma boa leitura e uma
ótima visita ao mundo de Darwin!
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
4
5
I. APRESENTAÇÃO
Darwin - descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
“Caçada, cães e capturar ratos”
O mundo antes de Darwin
Antes do nascimento de Darwin, a maioria
das pessoas na Inglaterra aceitava certas ideias
a respeito do mundo natural da maneira que
eram apresentadas. As espécies não eram
ligadas a uma única “árvore genealógica”.
Elas eram desconectadas, não aparentadas e
imutáveis desde o momento de sua criação. E
pensava-se que, sendo a própria Terra tão
jovem – talvez cerca de 6.000 anos –, o tempo
não seria suficiente para que uma espécie
mudasse. De qualquer forma, as pessoas não
faziam parte do mundo natural; elas estavam
acima e fora dele.
Essas atitudes refletiam uma estável e
imutável visão geral do mundo.
Darwin e sua irmã
Seção: da exposição “O mundo antes de Darwin”
Jovem Darwin
Nascido em 1809, em uma família abastada, na Inglaterra rural, ele passava horas observando
pássaros e lendo, deitado embaixo da mesa da sala de jantar. Entretanto, era um aluno indiferente
e a escola o aborrecia. Ficava desesperado com o latim e com a memorização de versos que, como
ele dizia, “eram esquecidos 48 horas depois”. Mas Darwin nunca se cansava de estudar os detalhes
do mundo natural.
residências para seus trabalhadores, uma igreja e
uma escola, onde os pais de Charles estudaram
quando crianças.
O pai de Charles, o médico Robert Darwin,
era filho do famoso Erasmus Darwin, uma das
maiores autoridades médicas da Inglaterra,
e era, também, um prolífico inventor cujas
realizações incluíam um moinho de vento
horizontal para fornecer energia à fabrica
Wedgwood. As opiniões radicais de Erasmus
incluíam oposição à escravidão, apoio à educação das mulheres, simpatia pelas Revoluções Francesa e Americana e uma teoria de
evolução que precedeu a de Charles Darwin
em várias décadas.
A mãe de Charles estava frequentemente doente quando ele era pequeno, e veio a falecer
quando ele tinha 8 anos. No ano seguinte, ele foi
enviado para um internato perto de sua casa,
em Shrewsbury. Charles Darwin odiava o currículo da escola, que se baseava na memorização. Impaciente com a falta de progresso de
Charles, seu pai o tirou da escola e o enviou para
a Universidade de Edimburgo, na Escócia, para
estudar Medicina, como o seu pai e avô.
Quando Charles não demonstrou interesse
em se tornar médico, Robert explodiu: “Você
não se interessa por nada a não ser caçadas,
cães e capturar ratos; você será uma desgraça
para si mesmo e para toda a sua família”. Em
seguida, Charles foi enviado por seu pai para a
Universidade de Cambridge a fim de se preparar para uma carreira na Igreja. Uma paróquia
tranquila seria o lugar adequado para perseguir o seu interesse em História Natural.
A família
Os pais de Darwin representavam a união de duas famílias proeminentes e ricas: os Darwin e
os Wedgwood. Apesar de não serem aristocratas, as duas famílias integravam a classe emergente
de empresários progressistas e voltados para a tecnologia. As famílias eram ligadas por laços de
amizade, negócios e múltiplos casamentos: o pai de Charles, sua irmã e, eventualmente, ele
mesmo – todos se casaram dentro da família.
A mãe de Charles Darwin, Susannah, era filha de Josiah Wedgwood, fundador da mundialmente
famosa cerâmica Wedgwood, da Inglaterra. A moderna fábrica de Wedgwood, Etruria, incluía
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
6
7
Jovem naturalista
Um passatempo científico destacou-se dos
outros: colecionar besouros. Darwin entrou
numa acalorada competição com outro estudante de Cambridge, Charles “Beetles” (besouros) Babington, para saber quem conseguiria
primeiro uma nova espécie.
Ainda na Universidade de Cambridge, o interesse de Darwin por História Natural tornou-se muito mais do que um simples passatempo. Um círculo de professores ilustres serviu
de mentor e de modelo para Darwin. Ele tornou-se o protegido do Reverendo J. S. Henslow,
botânico brilhante e carismático.
Para ajudá-lo em Geologia, Henslow apresentou Darwin a Adam Sedgwick, um dos
mais importantes geólogos da Inglaterra. O
Reverendo Sedgwick levou Darwin em uma
reveladora expedição de prática geológica pelo
País de Gales – uma habilidade que Darwin
viria a precisar mais cedo do que imaginava.
O BEAGLE – Uma viagem ao redor do mundo
Em 1831, Charles Darwin recebia um convite
surpreendente: juntar-se à tripulação do HMS
Beagle, na função de acompanhante do capitão,
em uma viagem ao redor do mundo. Durante a
maior parte dos cinco anos seguintes, o Beagle
investigou a costa da América do Sul, dando
liberdade a Darwin para explorar o continente e
as ilhas, inclusive as Galápagos. Ele encheu
dúzias de cadernos de anotações com cuidadosas
observações geológicas, bem como de animais e
plantas, e coletou milhares de espécimes, que
encaixotava e enviava para casa para uma análise
mais minuciosa. Mais tarde, Darwin disse que a
viagem no Beagle havia sido o acontecimento
mais importante de sua vida, e declarou: “Ela
determinou toda a minha carreira”.
“Uma esposa, esse espécime por
demais interessante”
Depois de aproximadamente um ano em
Londres e com 29 anos de idade, Darwin começou a pensar seriamente sobre casamento.
Como muitos cientistas ambiciosos, ele estava
preso entre a determinação de ser alguém na
sua profissão e o desejo de ter uma família. Entretanto, logo propôs casamento àquela que conhecera desde a infância, a sua prima Emma
Wedgwood. As duas partes – e as duas famílias
– concordaram que formariam o casal perfeito.
A previsão tornou-se realidade. Vínculos de
real afeto uniram Emma e Charles por toda a
vida e formaram uma família cheia de vigor e
afeto. Mas, durante os primeiros anos surgiram
dois problemas. O ceticismo crescente de Darwin quanto à religião causou uma grande dor
a Emma e esta, por sua vez, levou o marido a
uma profunda tristeza. Ele passou, então, a
Emma Darwin
sofrer de ataques cada vez mais sérios e misteriosos de uma doença que o perseguiria por toda
a sua vida.
LONDRES – A ideia toma forma
Meses depois de deixar o convés do Beagle,
Darwin estabeleceu-se em Londres, o coração da Inglaterra. Ansioso, agora, para se
juntar aos “verdadeiros naturalistas”, Dar­
win mergulhou no trabalho de redigir a
O Beagle
pesquisa que realizara durante a viagem no
Beagle.
Em Londres, juntou brilhantemente as
peças de sua teoria da Evolução pela Seleção
Natural.
Down House – A obra de uma vida
Em 1842, Charles Darwin e sua família fugiram de Londres em busca de paz e silêncio.
Eles o encontraram em um pequeno vilarejo a
25 quilômetros da cidade, e durante os 40 anos
seguintes, essa casa – chamada de “Down
House” – foi para Darwin o seu retiro, posto
de pesquisa e o centro de sua vasta rede científica. Trabalhando em seu estúdio, estufa e jardim, e correspondendo-se com cientistas do
mundo inteiro, pacientemente, Darwin completou o quebra-cabeça da Evolução pela Seleção Natural.
Origem das espécies
Seção: da exposição
“Uma viagem ao
redor do mundo”
Gradualmente, e após muito tempo dedicado à estruturação de sua teoria, Darwin começou a confiar o seu segredo a alguns amigos
íntimos. Era “como confessar um assassinato”,
ele escreveu. O cientista tinha a intenção de
trabalhar em seu próprio ritmo até que sua teo­
ria fosse sólida o suficiente para satisfazer seu
crítico mais severo – ele mesmo.
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
8
9
biólogo T. H. Huxley anunciou que “estava
pronto para ir à fogueira” em defesa de Darwin.
Em um espaço de tempo impressionantemente
curto, a tempestade amansou – pelo menos para
os cientistas. A Evolução pela Seleção Natural
tornara-se parte de sua linguagem e a base de
seu trabalho científico.
O livro A origem das espécies
Entretanto, a carta entregue na Down
House em junho de 1858, enviada pelo jovem
naturalista Alfred Russel Wallace, descrevia
uma teoria da Evolução pela Seleção Natural
assustadoramente parecida com a do próprio
Darwin. Ele estava desconcertado: depois de
tantos anos de trabalho e preocupação, uma
outra pessoa conseguiria levar o crédito. Ele
odiava ser precedido por alguém – e se odiava
por importar-se.
Os amigos de Darwin, o botânico Joseph
Hooker e o geólogo Charles Lyell, entraram
em ação. Eles sabiam que Darwin havia escrito um ensaio contendo essas ideias quase 15
anos antes e, por conseguinte, era claro que
ele havia sido o primeiro a desenvolver a teoria. Hooker e Lyell conseguiram um acordo:
Wallace e Darwin apresentariam documentos
sobre a teoria à Sociedade Lineana, em Londres. Wallace estava satisfeito e Darwin, finalmente, decidiu publicar a sua teoria. Em
pouco mais de um ano, ele publicaria o seu
livro mais importante: A origem das espécies
por meio da seleção natural.
A obra A origem das espécies causou sensação
não somente na Inglaterra, mas no mundo
todo. Os políticos faziam discursos, os pastores
pregavam sermões, os poetas escreviam poesias.
Todos tinham uma opinião.
A reação científica era igualmente intensa.
Alguns dos mentores de Darwin ficaram chocados ou desdenhosos: o astrônomo John Herschel denominou a seleção natural de “lei da desordem”. Mas muitos jovens a louvaram – o
A evolução nos dias de hoje
Há um século e meio, Charles Darwin ofereceu ao mundo uma única e simples explicação científica para a diversidade da vida na
Terra: a Evolução pela Seleção Natural. A
partir de então, inúmeros cientistas – fosse
combatendo vírus, decodificando o DNA, ou
analisando registros fósseis – descobriram
que o trabalho de Darwin era fundamental
para o seu próprio trabalho.
Como funciona a seleção natural?
A seleção natural é um mecanismo por
meio do qual as populações se adaptam e evoluem. Essencialmente, trata-se de um simples enunciado a respeito de taxas de reprodução e de mortalidade: aqueles organismos
individuais que estão mais bem adequados
a um ambiente sobrevivem e se reproduzem
com maior sucesso, produzindo descendentes igualmente bem adaptados. Depois de
muitos ciclos reprodutivos, os mais adaptados passam a predominar.
A natureza encarregou-se de filtrar os indivíduos menos favorecidos e a população
evoluiu.
V. H. S. T. A.
A seleção natural é um mecanismo que provoca, ao longo do tempo, mudanças em populações de seres vivos. Esse mecanismo pode ser
decomposto em cinco passos básicos, aqui
abreviados como V. H. S. T. A. – Variação, Herança, Seleção, Tempo e Adaptação.
Variação e herança
Membros de qualquer espécie raramente são exatamente iguais, seja interna ou externamente. Os organismos podem variar em tamanho, coloração, habilidade de
combater doenças e em muitas outras características.
Frequentemente, essa variação é resultado de mutações
aleatórias ou “erros de cópia” que ocorrem quando as células
se dividem à medida que novos organismos se desenvolvem.
Ao se reproduzirem, os organismos transmitem o próprio
DNA – conjunto de instruções codificadas em células vivas
para a criação de corpos – para sua prole. E como muitas características são codificadas no DNA, a prole herda essas variações de
seus pais. Por exemplo, pessoas altas tendem a ter filhos altos.
Seleção: sobrevivência e reprodução
Ambientes não podem suportar populações ilimitadas. Como os recursos são limitados,
nem todos os organismos que nascem sobrevivem: alguns indivíduos têm maior sucesso
em encontrar alimento, acasalar ou evitar
predadores, e apresentam uma condição melhor para sobreviverem, reproduzirem e transmitirem seu DNA. Pequenas variações podem
influenciar no fato de o indivíduo ser capaz
ou não de sobreviver e se reproduzir. Por
exemplo, diferenças na coloração ajudam alguns indivíduos a se camuflarem melhor para
escapar de predadores.
Atobá de pata azul
Como sabemos que os seres vivos
são aparentados?
Um impressionante número de evidências
demonstra que todas as espécies são relacionadas
– ou seja, todas descendem de um ancestral comum. Há cento e cinquenta anos, Darwin percebeu a evidência desse parentesco em notáveis semelhanças anatômicas entre diversas espécies,
fossem vivas ou extintas. Hoje verificamos que a
maioria dessas semelhanças – tanto na estrutura
física quanto no desenvolvimento embrionário
– são expressões de DNA compartilhado: o resultado de uma ancestralidade comum.
Tempo e adaptação
De geração em geração, características vantajosas ajudam alguns indivíduos a sobreviver
e a se reproduzir. E essas características são
passadas adiante para um número cada vez
maior de descendentes. Depois de apenas algumas ou milhares de gerações, dependendo das
circunstâncias, essas características tornam-se
comuns na população. O resultado é uma população mais bem adaptada a algum aspecto
do ambiente. Pernas, antes usadas para andar,
são modificadas e podem ser usadas como asas
ou nadadeiras.
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
10
11
Árvore da vida
E quanto a nós?
A árvore da vida, também chamada de
árvore filogenética, é uma ferramenta gráfica
que os biólogos usam para retratar as relações
evolutivas entre plantas, animais e todas as
outras formas de vida. A árvore revela histórias
evolutivas: cada ponto de ramificação indica
um ancestral comum que se desdobra em dois
descendentes.
Os seres humanos evoluíram exatamente
como todas as outras espécies. Nós, humanos
modernos, somos os únicos descendentes remanescentes de uma antiga e variada família
de primatas chamada hominídeos. Todos os
outros hominídeos estão atualmente extintos. Fósseis e DNA continuam a revelar os detalhes de nossa complexa história evolutiva,
que se reporta a milhões de anos e revela que
seres humanos e outros primatas existentes
compartilham de um ancestral comum.
Como todos os outros seres vivos, os seres
humanos evoluíram – processo bem documentado no registro fóssil. Em lugares diferentes, em épocas diferentes, grupos de hominídeos antigos adaptaram-se aos seus
ambientes e muitos se tornaram espécies distintas – inclusive algumas viveram simultaneamente. A maioria dessas espécies extinguiu-se. Mas uma – os seres humanos atuais,
o Homo sapiens – derradeiramente sobreviveu
e prosperou.
Um mesmo início
Quando adultos, porcos, galinhas e peixes
paulistinhas são animais bem diferentes. Mas,
surpreendentemente, os três são muito semelhantes em seus estágios iniciais de desenvolvimento, e galinhas e porcos ainda mantêm
muitas semelhanças até quase nascerem. Como
Darwin verificou, essas semelhanças de desenvolvimento indicam uma ancestralidade
comum, com animais mais intimamente relacionados seguindo caminhos de desenvolvimento bem semelhantes.
Quanto tempo leva a evolução?
A evolução não tem um único cronograma.
Às vezes, novas espécies ou variedades surgem
em questão de anos ou até mesmo dias. Outras
vezes, espécies se mantêm estáveis durante
longos períodos, apresentando pouca ou nenhuma mudança evolutiva.
II.VISITAS FOCADAS
A proposta aqui é como um rascunho, um esboço de linhas de rumo com focos potenciais que,
como desdobramentos da exposição em sala de aula, abrem possibilidades para impulsionar o
desenvolvimento de atividades e projetos. As sugestões aqui colocadas são uma nutrição para a
invenção de outros aspectos, ampliados por sua escuta e pela observação sensível dos alunos,
parceiros nesta viagem pela experiência científica.
Abordagem 1
Contexto histórico: Vida
e obra de Charles Darwin
Quem foi Charles Darwin?
Como era o mundo na época de Darwin?
Na Universidade de Cambridge, Darwin
conviveu com o Reverendo J. S. Henslow,
célebre por suas palestras sobre Botânica e
saídas de campo. O fato de acompanhá-lo
constantemente fez com que Darwin se tornasse conhecido como “o homem que caminha com Henslow”. Foi ele que lhe apresentou o geólogo Adam Sedwick, com quem
viajou em sua primeira expedição pelo país
de Gales. Com ele faz uma descoberta: “Eu
nunca tinha chegado a perceber profundamente [...] que a ciência consiste em agrupar
fatos a partir dos quais são extraídas leis em
geral ou conclusões”. O olhar atento para evidências, fatos, pequenos detalhes que Darwin
já anunciava em sua infância com os besouros, entre outras coletas, o ajudou durante
toda a sua vida, assim como o gosto por caminhar, fizesse sol ou chuva, em Sandwalk, uma
alameda dentro de sua propriedade, Down
House. Quantas ideias nasceram naqueles
passeios? Quantas novas observações? Teria a
imaginação nutrido as ideias de Darwin?
Antes da visita... algumas sugestões:
• Explore
com os seus alunos o significado de
visitar museus e exposições. Eles já visitaram
esses tipos de espaço? Como foi essa visita?
• Aborde, por meio de discussões e propostas de
pesquisa, diversos temas históricos pertinentes à exposição Darwin, entre eles a estrutura
social e política da Inglaterra no século XIX.
Instigue os seus alunos a comparar as informações e dados coletados com a estrutura social e política do Brasil desse mesmo período,
que foi marcada pela escravidão.
• Por
Seção: “A evolução hoje”
Reprodução do Escritório de Darwin
meio de filmes ambientados nessa época,
busque, junto aos seus alunos, identificar
meios de comunicação, recursos tecnológicos e instrumentos científicos disponíveis e
utilizados.
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
12
•
Abordagem 2
Explore, por meio de discussões, questões
como estas: Já ouviram falar de naturalistas?
Quais atividades poderiam definir essa prática? Que papel tem, para um naturalista, a
observação, a curiosidade e o registro escrito? O que eles imaginam que fazia um naturalista que viveu no século XIX?
• Participe dos encontros de formação e realize
uma visita prévia à exposição que lhe permita
identificar assuntos, áreas expositivas e
objetos nos quais você gostaria de se deter
com seus alunos.
Durante a visita
Percorra as diferentes áreas expositivas e
busque responder, junto aos alunos e o monitor,
questões como as apresentadas a seguir.
• Qual
era a relação de Darwin com o ensino
formal?
• Qual era o contexto familar de Darwin?
•
13
Teoria da Evolução de Darwin
O que é uma teoria científica?
O que é a teoria da Evolução de Darwin?
Chame a atenção dos alunos para a eficiência
do correio britânico, no século XIX, como
principal meio de comunicação e sua relação
com o poder do império britânico (onde o sol
nunca se põe). Chame, também, a atenção
sobre os problemas relacionados, na época,
com a mortalidade infantil.
Proponha aos seus alunos explorar, nas
diferentes áreas expositivas, quais eram os
instrumentos científicos usados pelo naturalista.
Depois da visita
•
Darwin ficou conhecido também por sua
mania de registros. Que fatos curiosos Dar­
win registrou sobre a sua vida pessoal e de
sua família? Isso nos ajuda a compreender o
cientista que ele foi?
• Com
que objetivo foi realizada a viagem no
Beagle? Qual a sua importância para Charles
Darwin?
• Quais
foram as impressões de Darwin sobre
o Brasil?
• Peça aos seus alunos para relatarem tudo o que
julgarem relevante, suas impressões, descobertas, registros, observações e questionamentos.
•
Lupa de Darwin
Proponha uma pesquisa sobre expedições
científicas e sobre viajantes ou outros naturalistas que tenham passado pelo Brasil e,
de uma forma geral, pela América do Sul.
Instigue os seus alunos a procurar imagens
e ilustrações sobre estas expedições. Aproveite os materiais coletados para discutir
sobre a existência de documentos visuais e
apoie-se, para isso, na atividade proposta
na seção IV.
Tal qual fazem os cientistas quando divulgam suas pesquisas e descobertas, a produção
de textos escritos pelos alunos sobre o observado e explorado na exposição pode conjugar o trânsito entre registros individuais, em
pequenos grupos ou coletivos. Escolher um
momento para a apresentação desses textos
possibilita uma nova análise do que foi investigado, revelando indícios do que os alunos percebem que conheceram.
No uso cotidiano, a palavra “teoria”, muitas vezes, significa um palpite ou uma adivinhação sem o suporte de evidências. Mas, para
os cientistas, uma teoria tem quase o sentido
oposto. Uma teoria é uma explicação bem
substanciada de um aspecto do mundo natural
que incorpora leis, hipóteses e fatos. A teoria
da Gravidade, por exemplo, explica por que
maçãs caem das árvores e astronautas flutuam
no espaço. Da mesma forma, a teoria da Evolução explica a existência de tantas plantas e
animais – alguns muito semelhantes e outros
muito diferentes – na Terra, tanto agora
quanto no passado, conforme é revelado pelo
registro fóssil.
Uma teoria não somente explica fatos conhecidos, mas também permite aos cientistas
fazer previsões do que devem observar se ela
for verdadeira. Teorias científicas são testáveis. Novas evidências devem ser compatíveis
com uma teoria, do contrário ela é revisada ou
rejeitada. Quanto mais tempo os elementos
centrais de uma teoria se mantiverem – quanto mais observações ela puder predizer, por
quanto mais testes ela conseguir passar, quanto mais fatos ela puder explicar – tanto mais
forte será a teoria.
A teoria da Evolução, como proposta por
Darwin, afirma que toda a vida na Terra está
relacionada genealogicamente a partir de uma
origem comum e que se diversificou , gradualmente, ao longo destes 4 bilhões de anos, através do processo de seleção natural. Muitos dos
avanços da ciência – por exemplo, o desenvolvimento da genética depois da morte de Darwin – expandiram enormemente o pensamento evolutivo. Mas, mesmo com esses novos
avanços, a teoria da Evolução ainda persiste
até hoje, praticamente da maneira que Darwin
a descreveu no início, e é universalmente aceita pelos cientistas.
Antes da visita... algumas sugestões:
• Explore
com os seus alunos o significado de
visitar museus e exposições. Eles já visitaram
esses tipos de espaço? Como foi essa visita?
• Apresente para os alunos as ideias de Charles
Darwin e de Jean-Baptiste Lamarck sobre a
transmutação das espécies. Utilize, para
isso, o texto reflexivo “Serpentes sem patas”,
proposto neste mesmo caderno.
• Proponha a observação da variabilidade entre
indivíduos de uma mesma espécie, como,
por exemplo, os alunos da sala de aula.
• Realize,
junto aos alunos, o levantamento de
algumas características como cor dos olhos,
cabelo, altura etc.. Busque mapear a origem
das mesmas (paternas ou maternas) e
proponha uma atividade de reflexão sobre a
herança destas características.
•
Apresente, para os alunos, a teoria da
Evolução por Seleção Natural, apoiando-se
no texto introdutório contido neste caderno.
•
Participe dos encontros de formação e
realize uma visita prévia à exposição que
lhe permita identificar assuntos, áreas
expositivas e objetos nos quais você gostaria
de se deter com seus alunos.
Durante a visita
Percorra as diferentes áreas expositivas e busque responder, junto aos seus alunos e ao monitor, questões como as apresentadas a seguir:
• Como
era vista a diversidade biológica antes
de Darwin? E quanto aos seres humanos?
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
14
15
• Quais foram as pistas que Darwin percebeu
em sua viagem no Beagle, levando-o
derradeiramente à ideia de que todas as
espécies são, de fato, aparentadas?
• Que ideias Darwin expressa através do esboço
de sua árvore genealógica, desenhada em
1837, depois de sua volta à Inglaterra?
•
Como foi a reação à publicação do A origem
das espécies?
Chame a atenção dos alunos para o livro
de notas B, peça da exposição, que está aberto
na página onde, no topo, Darwin escreveu:
­“I think” (eu penso), e depois desenhou a árvore genealógica da vida. Mostrando aos alunos este desenho, qual a leitura que eles fazem
desse pensamento visual de Darwin para representar a descendência evolutiva?
Depois da visita
• Peça para seus alunos relatarem tudo o que jul-
garem relevante, suas impressões, descobertas,
registros, observações e questionamentos.
com eles, a atividade O que essas imagens sugerem sobre a linhagem evolutiva do ser
humano? proposta na seção IV.
III. textos reflexivos
Texto 1 - Serpentes sem patas
Jean-Baptiste Lamarck tinha 65 anos
quando Charles Darwin nasceu, em 1809.
Lamarck refutava as ideias criacionistas e
fixistas da época, afirmando que todas as espécies, inclusive o homem, descendiam de espécies
diferentes, preexistentes (exceto pelas espécies
mais simples, os infusória, que surgiriam por
geração espontânea). Ele acreditava que características adquiridas pelo uso ou desuso de
órgãos seriam transmitidas aos descendentes,
produzindo mudanças ao longo do tempo.
Serpente
Acompanhe o texto a seguir e explore as proximidades e distanciamentos entre as ideias de
Lamarck e aquelas propostas por Darwin.
• Realize,
• Proponha
a cada um que escreva o seu próprio mito de criação do Universo e dos seres
vivos. Como é que os relatos míticos se relacionam com a observação do real? Como se
comportam diante de contradições? Quais
os seus compromissos com a realidade?
• Busque
explorar com eles como é que os relatos míticos diferem de uma teoria científica como a teoria da Evolução.
Livro de notas B
D
e acordo com o lamarckismo, as serpentes não possuem membros locomotores, pois a
adaptação de seus ancestrais a um modo de vida rastejante trouxe como consequência o pouco uso das pernas. Estas foram se atrofiando devido ao pouco uso (lei do uso e do
desuso) e, depois, os descendentes herdaram pernas cada vez mais atrofiadas (lei da transmissão de caracteres adquiridos). Ao longo de gerações, ocorreu o desaparecimento completo
das pernas nas serpentes.
Darwin também aceitava que caracteres adquiridos pudessem ser transmitidos às
futuras gerações, mas tentava aplicar o princípio da seleção para o maior número possível de fenômenos observados. A maior diferença entre as teorias destes dois naturalistas, na verdade, reside no fato de que, para Lamarck, haveria uma ordem linear e
crescente entre os seres vivos, do mais simples ao mais complexo (que para ele seria o ser
humano). Esta visão linear é conhecida como Scala Naturae. Para Darwin, como sabemos, a relação entre as espécies é divergente, como expressa na árvore genealógica. A
relação entre as espécies atuais está no passado, no compartilhar de ancestrais mais ou
menos remotos no tempo.
O grande mérito de Lamarck foi ter desenvolvido uma teoria evolucionista para explicar o surgimento de novas espécies a partir das já existentes. Em 1861, o próprio Darwin
escreveu sobre Lamarck: “Esse tão justamente celebrado naturalista foi o primeiro a
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
16
17
prestar o eminente serviço de chamar atenção sobre a possibilidade de todas as mudanças do mundo orgânico, e mesmo do inorgânico, serem resultado de leis naturais, e não
de interferências milagrosas”.
O darwinismo, como ficou conhecida a teoria evolucionista de Charles Dar­win, explica a evolução biológica a partir de fenômenos e processos que podem ser observados
cotidianamente. A teoria se apoia em algumas ideias básicas. A cada geração morre um
grande número de indivíduos que não deixam descendentes. Os indivíduos que se reproduzem a cada geração são, em sua maioria, aqueles que estão mais adaptados às condições ambientais (seleção natural ou sobrevivência dos mais aptos). Esses indivíduos
que sobrevivem e se reproduzem tendem a transmitir aos descendentes as características relacionadas a essa adaptação. Ao longo de gerações, a seleção natural favorece a
permanência e o aprimoramento das características relacionadas à adaptação.
Segundo a sua teoria da Seleção Natural, a ausência de patas nas serpentes traria
vantagem adaptativa aos indivíduos que se locomoveriam, alimentariam e reproduziriam, provavelmente, de forma mais eficiente que os indivíduos que tivessem que arrastar membros em uma forma de locomoção pouco eficiente. Desta forma, ao longo de
muito tempo, essa característica (ausência de patas) seria selecionada, tornando-se
predominante nas populações.
Darwin, observando padrões da natureza, supôs que os fatores alimento e espaço
controlariam o tamanho das populações, sobrevivendo apenas os mais aptos, num processo de seleção natural.
Com base na leitura do texto acima e dos
materiais e textos explorados na exposição,
busque responder com seus alunos perguntas
como as propostas a seguir.
• Lamarck
baseou sua teoria na ideia de que
caracteres adquiridos ao longo da vida de
um ser poderiam ser transmitidos a seus
descendentes. De acordo com os conhecimentos científicos atuais, essa ideia é verdadeira ou falsa?
• Qual
foi a contribuição de Lamarck para as
ideias que Darwin desenvolveu em seu
trabalho científico?
Texto 2 - Árvore da vida
Diversidade e sustentabilidade
Para Lamarck, imerso no mundo da Grande
Corrente dos Seres, a complexidade dos seres
vivos se organizaria em uma longa série linear,
progressiva, do mais simples ao mais complexo
(o ser humano). Para Darwin, com sua visão
divergente (daí a analogia com a árvore), isso
não fazia sentido.
A partir de questões como essas, diferentes
aspectos da diversidade e sustentabilidade podem ser abordados. Acompanhe alguns trechos
escritos por pesquisadores contemporâneos que
podem ajudá-lo a aprofundar essas reflexões.
A
lém disso, ao propor um modelo divergente sobre a distribuição da complexidade
na vida na Terra, Darwin põe fim à ideia de que somos superiores e de que as
demais espécies do planeta existem para nosso desfrute. Ele diz, ao contrário, que todas
as espécies viventes que compartilham conosco esse planeta são, na verdade, as espécies
mais evoluídas de sua linhagem, e somos todos parentes, em maior ou menor grau de
relação. Se considerarmos que a existência de nossa espécie, e de todas as demais, é
resultado deste longuíssimo processo de coevolução da vida no planeta, poderemos tratar
da questão da biodiversidade de maneira mais séria. Nossa espécie surgiu sob
determinadas condições, sob as regras do acaso e da necessidade, em coevolução com um
conjunto de outras espécies, muitas ainda desconhecidas.
Existe futuro para o Homo sapiens em um cenário inteiramente distinto? Qual
seria? Por outro lado, o princípio da divergência leva-nos a pensar sobre a própria
diversidade dentro da nossa espécie. Quando diz que o ambiente poderá suportar um
número maior de indivíduos de uma mesma espécie se esses diversificarem seus hábitos,
parece que Darwin está mesmo querendo participar do debate contemporâneo sobre a
crise ambiental e cultural que vivemos. Se seguirmos a lógica do princípio da divergência,
os modelos alternativos de cultura e desenvolvimento das diversas sociedades devem ser
mais que nunca respeitados e valorizados. Não como exemplares de um passado superado
ou extinto, mas como práticas e modos de vida que devem ser estimulados por serem
formas vivas alternativas de relação do ser humano com a natureza.
Formas que enriquecem o nosso repertório de sobrevivência e ajudam-nos
aumentando as possibilidades de nossa espécie continuar existindo. Como acomodar
mais de seis bilhões de seres humanos neste planeta?2 (LANDIM, Maria Isabel;
MOREIRA, Cristiano, 2009.)
Microscópio de Darwin
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
18
19
O
desenvolvimento sustentável não existe. É um processo em construção teórica e
histórica. Estamos diante de um desafio de algo novo e muito importante no
pensamento e história social humana. As fronteiras espaciais da história dilataram-se
até abranger todo o planeta. Este processo trouxe consigo a necessidade de ampliar
largamente, também, as fronteiras do tempo na história.
O conceito de desenvolvimento sustentável é totalmente impregnado de uma expansão
nas fronteiras do tempo que nos importa. Sustentabilidade, por exemplo, refere-se às
gerações do futuro, mesmo distante.
[...] No século XXI, ao contrário do fim da história, a humanidade vai tentar passar
da adolescência para a maturidade. Darwin, ajudando-nos a compreender quem somos
e o mundo em que vivemos, ajuda-nos também a fazer melhores escolhas sobre quem nos
tornaremos.3 (BESSERMAN, Sérgio, 2009.)
Com base na leitura dos textos e das informações
coletadas na visita à exposição, proponha debates
em sala de aula a partir de questões como:
•
Quais ideias ou noções de biodiversidade
permeiam o imaginário dos alunos? Elas
dialogam com a questão da diversidade cultural? Como será que evolui a cultura? Reflita, por exemplo, sobre o uso de gírias.
•A
distribuição geográfica foi um fator-chave para Darwin compreender a evolução da
diversidade biológica. Populações isoladas
por um tempo suficientemente grande acabam se tornando novas espécies. Isso acontece com a cultura também?
•
Que relações podem ser estabelecidas entre
biodiversidade e desenvolvimento sustentável?
•
De que forma as contribuições de Darwin
nos ajudam, hoje, a compreender a noção de
biodiversidade e desenvolvimento sustentável?
Texto 3 - A graça de um conto,
para levar a sério uma teoria
Leem-se de um fôlego, e com um sorriso
permanente nos lábios, este e os outros contos
que compõem a obra As cosmicômicas, de Italo
Calvino:
O
s primeiros vertebrados, que no Carbonífero deixaram a vida aquática pela vida
terrestre, derivavam dos peixes ósseos pulmonados, cujas nadadeiras podiam ser
roladas sob o corpo e usadas como patas sobre a terra.
Agora já estava claro que os tempos aquáticos haviam terminado, recordou o velho
Qfwfq, e aqueles que se decidiam a dar o grande passo eram sempre em número maior,
não havendo família que não tivesse algum dos seus entes queridos lá no seco; todos
contavam coisas extraordinárias sobre o que se podia fazer em terra firme, e chamavam
os parentes. Então, os peixes jovens, já não era mais possível segurá-los; agitavam as
nadadeiras nas margens lodosas para ver se funcionavam como patas, como haviam
conseguido fazer os mais dotados. Mas precisamente naqueles tempos se acentuavam as
diferenças entre nós: existia a família que vivia em terra havia várias gerações e cujos
jovens ostentavam maneiras que já não eram de anfíbios, mas quase de répteis; e existiam
aqueles que ainda insistiam em bancar o peixe e assim se tornavam ainda mais peixes
do que quando se usava ser peixe.
Nossa família, devo dizer, a começar pelos avós, esperneava pela praia au grand
complet, como se não tivéssemos jamais conhecido outra vocação. Não fosse por obstinação
de nosso tio-avô N’ba N’ga, os contatos com o mundo aquático havia muito já se tinham
perdido. [...] Vai daí que esse tio-avô morava em certas águas baixas e lodosas, entre
raízes de protoconíferas, naquele braço de lagoa onde haviam nascido todos os nossos
ancestrais. [...]
Visitávamos o tio uma vez por ano, a família toda junta. Era igualmente uma
oportunidade pra nos reunirmos, espalhados como estávamos pelo continente, e trocar
nossas novidades e insetos comestíveis, e discutir velhos assuntos de interesse que
permaneciam em suspenso. [...]
Tentativas de levá-lo para a terra conosco, já havíamos feito várias e continuávamos
a fazer; também, a esse respeito, jamais se haviam serenado as rivalidades entre os
vários ramos da família, porquanto quem conseguisse levar o tio para casa iria se
encontrar numa posição, digamos, proeminente em relação à parentada toda. Mas era
uma rivalidade inútil, porque o tio nem sonhava abandonar a lagoa. [...]
As terras emersas, segundo o tio, eram um fenômeno limitado: iriam desaparecer
assim como vieram à tona, ou, de qualquer forma, ficariam sujeitas a mutações contínuas:
vulcões, glaciações, terremotos, enrugamentos do terreno, mutações de clima e de
vegetação. E nossa vida nesse meio devia enfrentar transformações contínuas, mediante
as quais populações inteiras iriam desaparecer, e só haveria de sobreviver quem estivesse
disposto a modificar de tal forma a base de sua existência, que as razões anteriormente
possíveis de tornar a vida bela de viver seriam completamente transtornadas e
esquecidas. [...]
Continuei meu caminho, em meio às transformações do mundo, eu próprio me
transformando. Vez por outra, entre as variadas formas dos seres vivos, encontrava um
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
20
21
que era “mais alguém” do que eu: um que prenunciava o futuro, o ornitorrinco que
amamentava o filhote saído do ovo, a girafa esgalgada em meio à vegetação ainda baixa;
ou outro que testemunhava um passado sem retorno, um dinossauro sobrevivente depois
de haver começado o Cenozoico, ou então – crocodilo – um passado que havia encontrado
um modo de conservar-se imóvel pelos séculos. [...] 4(CALVINO, Italo, 1992)
Após leitura do conto para os alunos, explore
questões como as apresentadas a seguir.
• Que relações eles estabelecem entre a epígrafe
• Que efeito a leitura do conto “O Tio Aquático”,
•
de Italo Calvino, pode provocar nos alunos?
de natureza científica e a narrativa do conto?
O conto estimula os alunos a fazer perguntas
sobre o tempo evolutivo? De que ponto de vista?
IV. orientações para
atividades
Com qual parente você se parece?
Foco: seleção natural — hereditariedade
Em suas pesquisas, Darwin compreendeu
uma poderosa verdade: que a semelhança
física pode ser uma pista para a descendência
comum. Combine um dia para que seus
alunos apresentem algumas evidências de
semelhança física buscando fotos de seus
parentes. O que eles descobrem?
Com as evidências encontradas, pode ser
formatado um pequeno jornal para ser distribuído entre os familiares e outros colegas
da escola, divulgando o que sabem sobre o
conceito de hereditariedade.
Charles Darwin (esq.) e seu pai Robert (dir.)
Como surgem novas raças de cães?
Foco: seleção artificial – hereditariedade
Darwin percebeu que a domesticação de
animais e plantas realizada pelo seres humanos nada mais era do que um processo seletivo. A diferença fundamental é que na domesticação, características que não teriam sucesso
no ambiente natural sobrevivem sob os cuidados domésticos.
Divida a turma em grupos e proponha que
cada grupo pesquise a origem de uma determinada raça canina. Explore a procedência e a
origem genealógica (de quais cruzamentos elas
se originaram) e quais as características que foram selecionadas para cada raça. Explore tam-
bém o surgimento de complicações devidas ao
endocruzamento (doenças características de
determinadas raças).
Existem documentos visuais?
Foco: os artistas-viajantes e as expedições
Entre os livros que fizeram parte da
Biblioteca do HSM Beagle, a narrativa pessoal
do naturalista alemão Alexander Von Humbold
(1769-1859) ampliou a percepção de Darwin
sobre as expedições científicas. Em todas elas,
em todos os tempos e lugares, uma equipe
interdisciplinar era composta para aproveitar
toda a potencialidade de cada viagem.
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
22
Conrad Martens (1801-1878) foi um desses
artistas viajantes que conviveu com Darwin
no Beagle. Johan Moritz Rugendas (18021858) participou como desenhista na expedição científica de 1821 do Barão Langsdorf e
continuou trabalhando, depois, no Brasil. São
conhecidas as suas litografias publicadas em
1835 sob o título Viagem pitoresca ao Brasil, com
texto em francês e alemão. Thomas Ender
(1793 - 1875) integrou a missão austríaca que
veio ao Brasil acompanhando a princesa real e
futura imperatriz Leopoldina. Emeric Essex
Vidal (1791-1861) entrou como voluntário
num navio britânico trabalhando como desenhista e aquarelista.
Pode-se destacar, também, Maria Graham
23
(1785-1842), depois também conhecida como
Maria Callcott. Ela viu morrer seu marido
capitão no Chile e lá ficou, registrando também os terremotos que presenciou. Esteve no
Brasil como preceptora da princesa Maria da
Glória, filha de D. Pedro I, além de amiga do
soberano e da imperatriz Leopoldina. Em
1835, já na Inglaterra, participou de um grande debate na Sociedade de Geologia, contando com o apoio de Charles Darwin.
Podemos considerar esses desenhos, aquarelas e pinturas como documentos visuais? Ainda
hoje, mesmo com o advento da tecnologia, há
também artistas que registram a história presente? Ou há artistas que criam imagens para
dar suporte à ciência?
Scala naturae
Evolução humana
a possibilidade de desenvolver um debate cercando questões como:
encontrados inquietam muitos cientistas contemporâneos. Todos os anos os cientistas estudam os vírus da gripe do mundo todo para
prever de que maneira eles podem evoluir.
Vacinas são projetadas para ajudar o sistema
imunológico do corpo a se defender das variedades mais perigosas, mas apenas podem
combater algumas variedades de gripe; outras
sobrevivem, se reproduzem e evoluem.
Por que a teoria da Seleção Natural de Dar­
win fundamenta estes cientistas contemporâneos? O que os alunos poderiam pesquisar
sobre as vacinas e a criação de anticorpos?
• Por que a imagem da Scala naturae não apre-
senta conceitualmente o pensamento de Darwin sobre a evolução humana?
• De acordo com a teoria evolutiva de Darwin,
a evolução ocorre pelo processo de seleção
natural. Por que o conceito de evolução não
significa a mesma coisa que progresso?
•Considerando a teoria darwinista da evolução,
por que é errado dizer que os seres humanos
são descendentes dos macacos?
O Beagle no
rio Santa Cruz,
gravura de
Conrad Martens
O que essas imagens sugerem sobre a linhagem evolutiva do ser humano?
Foco: cultura visual
Os alunos conhecem as imagens da próxima
página? Para eles, como elas mostram a evolução humana? Qual a diferença entre ambas?
Essas imagens fazem parte da nossa cultura visual e são amplamente divulgadas nos veículos
de comunicação de massa, sejam revistas, jornais ou propagandas.
Como textos visuais, apresentam a imagem da Scala naturae que enfatiza uma ideia
de evolução humana pela classificação, em
ordem crescente de complexidade, de seres
“inferiores” a “superiores”. Essa maneira de
apresentar a evolução dos seres humanos contém implicitamente a ideia de progresso e aperfeiçoamento; ou seja, para nós, humanos, existe
uma certa escala natural (Scala naturae) na qual
o ser humano ocupa o topo da evolução, acima
de todos os outros seres viventes.
A observação dessas imagens em comparação com a árvore genealógica da vida desenhada por Darwin no caderno de anotações e sua
teoria da Evolução por Seleção Natural oferece
Do ponto de vista biológico,
o que é adaptação?
Uma Feira de Ciências pode vir a
ser uma Exposição de Ciências?
Ao andarmos pela cidade, nos deparamos
com um grande número de pombas vivendo
em ninhos nas marquises de edifícios, garças
às margens de rios poluídos e abelhas em
colmeias em armazéns no cais do porto. Como
esses seres conseguem permanecer vivos longe
da natureza e da sua cadeia alimentar? Se eles
conseguem se adaptar, por que há outros que
não o fazem?
Quais descobertas Darwin faz por meio de
suas observações que o levam a desenvolver
o conceito de adaptação do ponto de vista
biológico?
Como os cientistas usam a teoria da Seleção
Natural para projetar antibióticos e vacinas?
A decodificação do DNA, a luta contra os
vírus, a análise de fósseis que continuam a ser
Na exposição Darwin, o paleontólogo do
Museu de História Natural de Nova Iorque,
Niles Eldredge realizou uma curadoria ao
selecionar os objetos, artefatos e o modo de
exibição no espaço expositivo para mostrar a
trajetória e as ideias do naturalista inglês.
Ousando transformar a tradicional Feira
de Ciências em uma exposição científica,
qual seria o assunto do discurso expositivo?
Como seria a curadoria? Qual espaço da escola acolheria a exposição? Como os objetos
seriam expostos? Haveria etiquetas com legenda para os objetos, textos de parede com
pequenas explicações? Qual seria o nome da
exposição?
Foco: Feira de Ciências
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
24
V. sugestões de
sites e livros
25
Anotações pessoais
Sites sugeridos
Blogs sobre Ciências: http//scienceblogs.com.br
CAMINHOS DE DARWIN – www.casadaciencia.ufrj.br/caminhosdedarwin
DARWIN BRASIL – Website interativo da exposição. www.darwinbrasil.com.br
DARWIN, CHARLES – www.aboutdarwin.com/index.html
FUNDAÇÃO CHARLES DARWIN – www.darwinfoundation.org
MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DE NOVA YORK – www.amnh.org/home/
O BRASIL NO SÉCULO DE DARWIN. MASP – http://masp.uol.com.br/exposicoes/2007/brasil-darwin/
OS PINTORES VIAJANTES – www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/46PintorV.htm
Livros sugeridos
•
•
BIZZO, Nélio. Do telhado das Américas à teoria da Evolução. São Paulo: Odysseus Ed., 2002.
BROWNE, Janet. Livros que mudaram o mundo: A origem das espécies. Rio de Janeiro. Jorge Zahar editora,
2007.
•
BURKHARDT, Frederick (ed.). As cartas de Charles Darwin: uma seleta, 1825-1859. São Paulo: Ed. Unesp, 2000.
•
DAWKINS, Richard. O gene egoísta. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2001.
•
•
•
DESMOND, Adrian; MOORE, James. Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. São Paulo: Geração
Editorial, 2000.
KEYNES, Richard. Darwin a bordo do Beagle. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2004.
LANDIM, Maria Isabel; MOREIRA, Cristiano (orgs). Charles Darwin em um futuro não tão distante. Instituto
Sangari, São Paulo, 2009.
•
LEITE, Marcelo. Folha explica: Darwin. Publifolha, São Paulo, 2009.
•
MEYER, Diogo; EL-HANI, Charbel Niño. Evolução: o sentido da Biologia. São Paulo: Ed. Unesp, 2005.
•
SOUZA, Sandro. A goleada de Darwin. Ed. Record, Rio de Janeiro, 2009.
•
STEFOFF, Rebecca. Charles Darwin, a revolução da revolução. São Paulo: Cia das Letras, 2007.
•
TORT, Patrick. Darwin e a ciência da evolução. São Paulo: Objetiva, 2004.
Notas:
[1] DARWIN, Charles. A origem das espécies. Texto-parede. Exposição Darwin. Masp – Museu de Arte de São
Paulo, 3 de maio a 15 de julho de 2007.
[2] LANDIM, Isabel; MOREIRA, Cristiano. “Duzentos anos de Charles Darwin: de onde partimos e aonde
queremos chegar”. In.: Charles Darwin em um futuro não tão distante. Instituto Sangari, São Paulo, 2009.
[3] BESSERMAN, Sergio. “Darwin e a consciência no século XXI”. In.: Charles Darwin em um futuro não tão distante.
Instituto Sangari, São Paulo, 2009.
[4] CALVINO, Italo. “O tio aquático”. In.: As cosmicômicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 71-83.
Publicado pela primeira vez em 1965.
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
26
27
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
28
Créditos
Espírito Santo
Conselho Administrativo
Ben Sangari
Presidente
John George de Carle Gottheiner
Secretário
Cristiane Almeida
Tesoureira
Niles Eldredge
Curador - American Museum of Natural History
Maria Isabel Landim e Cristiano Moreira
Assessoria Cientifica e recorte curatorial no Brasil
Bianca Penna Moreira Rinzler
Supervisão Geral
Cacá Monteiro
Gerência de Projetos Culturais
Corpo Diretivo
Bianca Penna Moreira Rinzler
Diretora Executiva
Juliana Estefano
Gerência de Relacionamento
Ana Rosa Abreu
Diretora Educacional
Programa Educativo
Julio Jacobo Waiselfisz
Diretor de Pesquisas
Ana Maria Navas
Maria Isabel Landim
Cristiano Moreira
Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Criação e Desenvolvimento de Conteúdo
Maria Aparecida Forli
Gerente Administrativo Financeira
Juliana Estefano
Gerente de Relacionamento
Cacá Monteiro
Gerente de Projetos Culturais
Arlita McNamee
Nayana Brasil
Coordenadoras de Projetos
Ana Maria Navas
Sueli Cegantin
Programa Educativo
Leslie Arias
Comunicação e Marketing
Pedro Mazzuchelli
Fernanda Roisenberg
Design
Elissa Khoury Daher
Coordenação de Edição
Globaltec Artes Gráficas
Preparação e revisão
Pedro Mazzuchelli
Diagramação
FOTOS
Museu de História Natural de Nova York
Casa14
Copyright © 2009 Instituto Sangari
Patrícia Gonçalves
Gustavo Garde
Luiz Gallo
Conteúdo e Imprensa
Descubra o homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo
Apresentado por:
Realização:
Apoio Educacional:
Apoio Regional:
Apoio:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
VALE DO SÃO FRANCISCO
Museu de ciências
da terra
Darwin foi originalmente concebido pelo American Museum of Natural History, New York, com a colaboração do Museum of Science, Boston; The Field Museum, Chicago;
The Royal Ontario Museum, Toronto e Natural History Museum, London.

Documentos relacionados