A História do Lar - União Lar da Amizade
Transcrição
A História do Lar - União Lar da Amizade
União Associação Beneficente Israelita 1937–2007 O lar da amizade presente há 70 anos 3 ,& " % " Enfim, chegamos até aqui! Carmen Sylvia Mekler .# # "! "$ " No boletim de 25 anos da União, o então presidente Kurt Delmonte estava preocupado com o futuro da União. “Onde está a nova geração que levará avante a nossa obra? (...)” Quarenta e cinco anos depois, podemos dizer que até o momento levamos avante esta obra iniciada por nomes como Dr. Paulo Zander, Dr. Marc Leitchic, William Selig, Erich Mannheimer e o Dr. Hans Vogel e tendo o Sr. Kurt Feyser como primeiro presidente do então denominado “Clube 1933”. Louvado sejas, ó Eterno, nosso Deus, Fundamento do Universo, que nos mantiveste com vida, nos sustentaste e permitiste chegar a este momento de alegria. As famílias Bach e Haberer expressam seu reconhecimento e admiração aos ativistas e funcionários da União – Lar da Amizade que, nesses 70 anos, se dedicaram aos idosos de nossa comunidade e nos permitiram celebrar hoje sua história e realizações. A instituição, que começou como um clube de assistência aos necessitados que aqui chegavam fugindo do nazismo, foi se modificando ao longo dos anos. Em 1937, transformou-se em União Associação Beneficente Israelita e, além de ajudar os imigrantes com a obtenção de documentação, local para Carmen Sylvia Mekler,, dormir e trabalho, sentiu-se compelida a criar um espaço para seus pais, copresidente da União lônia de férias para os filhos e participou da fundação do Cemitério Comunal desde 2002, é uma Israelita e da sinagoga da ARI, entre outras. prova da garantia da continuidade do Os anos passam, os costumes mudam, e continuamos nos adaptando. Crescetrabalho comunitário mos, compramos chalé, tínhamos quartos, hoje temos apartamentos, colocaatravés das gerações mos mais elevadores, temos fisioterapia, ioga, psicóloga e nutricionista. O perfil dos moradores também mudou. Hoje as pessoas são mais independentes, e acabam escolhendo o Lar numa idade muito mais avançada e com os problemas decorrentes da idade. Ao mesmo tempo continuamos com a mesma indagação do Sr. Delmonte: o que será do futuro? De qualquer forma, quero agradecer a todos que, de uma maneira ou de outra, sempre nos ajudaram nesses 70 anos através de apoio, donativos ou trabalho voluntário. Não poderia deixar de agradecer, também, aos funcionários que sempre buscam dar o melhor de si para os moradores deste nosso Lar da Amizade. 4 5 Fundação Aos vinte e quatro dias do mez de Fevereiro de 1937, teve logar nesta cidade do Rio de Janeiro, no escriptorio do Sr. W. Bebion, situado no Edificio Carioca, 3º andar, sala 301, afim de que fosse deliberado sobre a fundação da “União” Associação Benificente Israelita com sede e foro na Capital Federal. Foi aberta a sessão às 18. horas e 30 minutos. Estiveram presentes os Srs Kurt Feyser, Dr. Jacob Adler, Heinz Fabisch, Benjamim Meyer, Ernst Stessel, Dr. Hans Vogel, Rudolph Rosenthal, Moritz Goldstein, Siegfried Samuel Durban, Konrad Loewenstein, Dr. Rudolf Loehnefinke, tendo sido eleito, por aclamação, presidente da meza, o Sr. Dr. Jacob Adler a cujo convite se sentaram à meza os Srs. Dr. Konrad Loewenstein e Rudolf Loehnefinke para secretariarem os trabalhos na assembléia. Foram submetidos à discussão e unanimente approvados os estatutos. Tendo havido em seguida, eleição da Directoria, appurou-se o resultado seguinte, tambem verificado por acclamação unanime: Director Presidente Vice Presidente e Secretário Thesoureiro Fiscais Sr Kurt Feyser Sr. Hans Vogel Sr Julio Ulleman Sr. Jacob Adler e Hans Leitschic Ficou ainda resolvido que a sede e a administração da “União”serão instalados no Edificio Mauá, nesta Capital, à Avenida Rio Branco nº 9 – 1º andar , sala 119. Depois de terem lido e achado conforme assignan a presente aos vinte e quatro dias do mez de Fevereiro de mil novescentos e trinta e sete” Konrad Loewenstein Dr Rudolf Loehnefinke Jacob Adler 7 Homenagem aos Presidentes e a todos os sócios, ativistas e funconários que souberam dar aos necessitados o devido amparo, com coração aberto e dedicação espontânea. Nesta data tão significativa dos 70 anos da União, a ARI associa-se à alegria da celebração com reverência filial. “Na noite de 13 de janeiro de 1942, no Asilo dos Velhos, da União Associação Beneficente Israelita, sito à rua Alice nº 92, compareceram trinta e quatro pessôas para resolverem sobre a fundação de uma Sociedade Religiosa. Tomando a palavra o Dr. Siegried Elias que explicou aos presentes a finalidade da reunião, a seu convite tomaram lugar na mesa presidencial o Dr.George Haas, Rabino Dr. Lemle, Ernst Loebl, Fritz Brotzen e ele próprio. Por proposta do Dr. Elias e aprovação de todos os presentes, o Dr. George Haas presidiu os trabalhos auxiliados pelo Snr. Brotzen que secretariou a dita reunião. (…) Em virtude da aprovação dos Estatutos é dada como fundada a Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro. O Dr. George Haas suspendeu a sessão por dez minutos, a fim de que na forma da lei fosse eleita a primeira Diretoria e órgão responsável, isto é, o Conselho Geral. (…) Em seguida, o Dr. George Haas solicitou que os membros então eleitos do Conselho Geral elegessem entre si, na forma dos Estatutos a primeira Diretoria. Também por unanimidade foi eleita a seguinte Diretoria: Presidente – Dr. Eduardo Levy, Secretário – Dr. George Haas, Tesoureiro – Dr. Alexandre Spielmann.” Através da fé, o homem vivencia o significado do mundo; através da ação, dá ao mundo significado Rabino Leo Beack, 1873–1956 1937 1937–1938 1939–1944 1945–1951 1952–1970 1970–1973 1974–1976 1976–1978 1978–1988 1988–1992 1992–1994 1994–1998 1998–2002 2002– Kurt Peyser Leo Seligmann Paulo Zander William Selig Kurt Delmonte Kurt Weissbrem Ernesto Bach Kurt Erich Weissbrem Hans Wilmersdorfer Ernesto Bach Jack Schumer Ernesto Bach Adolpho Maidantchik Carmen Sylvia Mekler 9 Zehn Jahre Altersheim União Rabino Dr. Henrique Lemle z’l In drei Veranstaltungen – in einem Shabbos-Festgottesdienst am 10. Dezember, in einem gemütlichen Zusammensein am Nachmittag desselben Tages und in einer Fest-Theateraufführung am Montag, den 12. Dezember, wird das zehnjährigen Jubiläum des Altersheims der União gefeiert werden. Darin kommen die dreifachen Gefühle zum Ausdruck, die uns anlässlich dieses Jubiläums bewegen: der Dank für das Geleistete, die Freude derer, die heute in der rua Alice 92 ihr Heim haben, und die Aufforderung an die Gemeinschaft, auch Fundador da ARI e weiter die Aufrechterhaltung des Altersheim zu garantieren. portador da mensagem do Judaísmo Die Schaffung des Altersheims wird allezeit Zeugnis dafür ablegen, dass die Liberal para o Rio de Einordnung der hier eingewanderten jüdischen Flüchtlinge der letzten 15 JahJaneiro, o Rabino Dr. re, in einer unserer Tradition würdigen Weise erfolgten. Juden hatten immer Henrique Lemle foi als Losung: “Mit unserer Jugend und mit unseren Alten wollen wir ziehen…” guia espiritual da ARI (2. Buch Moses, Kap. 10, Vers 9). – Es hätte der neue Sektor der jüdischen e sua comunidade até Gemeinschaft Rio de Janeiro nicht das Recht gehabt, ein Dach über seinem Haupte zu haben, solange irgendein Glaubensgenosse, dem das Alter die Einbro de 1978. Ele apeliordnung erschwerte, obdachlos geblieben wäre! sua morte em setem- dou, carinhosamente, o Lar, estabelecido em 1939, dois anos após a Das Werk aus eigenen Kräften – aus den zum Teil noch schwachen Kräften fundação da União, de der Neu-Eingewanderten – begonnen und durchgeführt zu haben, ist ein Lar da Amizade Bewusstsein, das in diesem Augenblick die aus Central-Europa gekommenen Juden mit Stolz erfüllen darf. Sie fanden hierfür allerdings, wie auch für ihre anderweitigen Wohlfahrtsarbeiten, Verständnis und Unterstützung bei denjenigen ihrer Glaubensgenossen, die schon früher aus jeden Ländern nach Este texto encontra-se Brasilien ausgewandert waren. na edição nº 78 do Boletim da ARI de 1º Von den Menschen, die ins Heim einzogen, brachte jeder mit seinem Gepäck auch noch den Packen seiner Erinnerungen an das Gestern mit. Diesen Erinnerungen durch die liebevolle Betreuung von Brüdern und Schwestern einen friedlichen Ausklang zu geben, war und ist das verdienstvolle Werk unseres Tradução Altersheims. de dezembro de 1949 Juscelino Kubitschek, então Presidente da República, visita a União e é saudado pelo Rabino Henrique Lemle pág. 59 Mit unserem Dank an alle die Frauen und Männer, die von seiner Gründung bis heute dem Altersheim ihre Kraft und Zeit gegeben haben, verbinden wir den Wunsch, dass unsere Gemeinschaft weiterhin diesem großen Werk ihre Fürsorge und Treue bewahren möge! 10 11 Uma das atividades que surgiu logo no início, em especial durante a guerra, era a confecção peças de roupa para a Cruz Vermelha Internacional Missão A União – Associação Beneficente Israelita, apelidada como “Lar da Amizade” pelo saudoso Rabino Lemle, foi fundada originalmente para acolher os imigrantes europeus e ajudá-los a encontrar trabalho e aprender a nova língua – o português. Logo se tornou também uma “casa” para abrigar os pais e avós imigrantes, para quem a adaptação na nova pátria era mais difícil. Na ata da Assembléia Geral Extraordinária dos Sócios da União, em 7 de janeiro de 1939, lemos: Agora porém começa para a vida da União uma nova era, que por enquanto ainda é desconhecida. O governo em sua grande clemencia permittiu aos inimigrantes de chamar para estse Paiz hospitalar os parentes mais proximos que pelos acontecimentos na terra delles perderam todos os meios da vida. Na maior parte trata-se dos paes dos nossos coreligionarios, homens e mulheres que chegam aqui depois de torturas moraes e physicas soffridas, sem recursos e que provavelmente não se podem radicar tão facilmente quanto os filhos. Para muitos destes que somente ganham o minimo de existencia, é isto uma grande preoccupação. Aqui temos de ajudar com todos os meios possiveis, aqui temos de achar um caminho para offerecer a estes que não podem mais trabalhar e cujos filhos não tem os meios de sustentá-los em sua propria casa, um domicilio onde elles se sintam bem. e onde elles podem gozar tranquillamente o descanço da velhice. A Directoria já começou com os trabalhos inciaes para a fundação desta nossa “Casa dos Velhos” e nós temos toda esperança que o nosso trabalho vae ter o resultado desejado. Para um plano tão vasto porém os nossos meios não chegam, nos temos de procurar a aumentar a nossa verba e cada um de nós tem o dever de fazer sacrifícios par o bem de todos. Por isso fazemos a todos Vós um apello muito cordeal para nôs auxiliar.... 13 União: um manancial de bênçãos Rabino Sérgio margulies “Você pensa que é o final?”, perguntou-me o Rabino Henrique Lemle z´l às vésperas do meu Bar Mitsvá. Nervoso com a aproximação do dia em que leria da Torá e já ansiando para que tudo acabasse após meses de estudos, respondi sem dar margem a dúvida: “claro que sim!”. O Rabino Lemle z´l replicou de modo gentil, mas firme: “é apenas o inicio”. A minha apreensão não me permitiu questionar as palavras do Rabino, tampouco com elas concordar. Ecoaram, naquele momento, no vazio de um ouvido desatento a tudo Rabino da ARI desde que não fosse o foco da cerimônia em si. 1996, Sérgio Margulies tem dedicado sua Tempo depois do Bar Mitsvá, as palavras do Rabino Lemle z´l, que antes não atuação na comu- haviam despertado interesse, começaram a gerar uma certa inquietação: nidade à difusão do “começo do quê?”. O começo foi o estudo de nossas fontes de ensinamento Judaísmo Liberal que, por sua vez, motivou uma ação. E aí, já sob a indicação de novas lideranças rabínicas da ARI, tive a incumbência de liderar serviços de Kabalat Shabat no Lar União, e depois organizar atividades nos Chaguim. A sinagoga do Lar foi, assim, o meu primeiro púlpito. O púlpito de jovem adolescente que ainda sonhava, de modo distante, em um dia tornar-se um rabino que ocuparia um púlpito. Outros jovens que tornar-se-iam rabinos e cantores também passaram pela sinagoga do Lar União que, desta forma, é uma sinagoga-escola. É uma sinagoga-escola pela aprendizagem que propiciou. Aprendizagem de que a oração não tem um fim em si mesma, é uma ponte para estabelecer espiritualidade. A espiritualidade só é genuinamente possível através de contatos humanos. Não creio que haja sinagoga que permeie o contato humano de modo mais caloroso do que a sinagoga da União. Normalmente vamos a uma sinagoga. Saímos de casa para a sinagoga e da sinagoga retornamos à casa. A sinagoga da União é na casa. É uma sinagoga-casa: quem lá reza, lá mora... quem lá mora, lá reza. Um salmo bíblico diz: ashrei ioshvei beitêcha – feliz é aquele que habita em Sua moradia. Em geral, em todas as sinagogas, independente da assiduidade, somos passageiros, ao passo que na sinagoga da União há a espiritualidade que conjuga o morar com o rezar. A frase escrita na porta de entrada da sinagoga – oriunda do Torá – diz: “Façam para Mim um santuário, que Eu morarei neles”. O versículo da Torá traz uma aparente contradição: Deus ordena a construção de um único santuário, mas afirma que morará neles. Como um – singular – pode ser neles – plural? A resposta é que cada pessoa é um santuário. Assim, cada morador do Lar e 14 cada um que reza em sua sinagoga é um santuário. É alguém merecedor de nosso total apoio e carinho. Por isso, urge a comunidade como um todo, em sua busca pela sacralidade, honrar estes santuários. De fato, todos os seres humanos são potenciais santuários. Os que moram no Lar e rezam na sua sinagoga são mais do que santuários: são verdadeiros portais. Explico: as escavações arqueológicas realizadas em Israel revelaram que as cidades de nossos antepassados eram circundadas por muros de proteção. Havia um portal de entrada e, ao lado do portal, cadeiras enormes construídas de pedra. Estas cadeiras se destinavam aos sábios daquela cidade. Quem eram os sábios? Os idosos. Nossos idosos são os verdadeiros guardiões. Com sua sabedoria de vida, são os que abrem os portais da própria vida. O quanto a vida de uma sociedade pode estar aberta ou fechada pela reverência prestada a seus sábios levou Rabi Nachman de Bratzlav (séc. XVIII) a afirmar que a prosperidade de um pais é determinada pelo tratamento dado aos idosos. De modo similar, uma comunidade judaica pode ser medida pelo respeito que dedica aos seus idosos. O Lar União abraça esta missão de reverência, respeito e resgate de nossa própria comunidade. E faz isto há setenta anos. Misticamente, o número setenta simboliza dez vezes o numero da Criação. Isto significa que celebramos o constante renascer e recriar desta instituição, que não é somente uma entidade, mas um lar. Um verdadeiro lar, que cria e propicia amizade, por isso carinhosamente denominado também Lar da Amizade. Na Torá, Deus ordena a Moisés: “Ajunta-Me setenta homens dos anciãos de Israel...” (Números 11:16). Preservar a Torá, a partir da interpretação desta passagem, é honrar o Lar que há setenta anos junta nossos anciãos. O Rabino Avraham Joshua Heschel z´l (1907–1972) alertava que cuidar do idoso é considerado um ato de caridade enquanto que deveria ser um supremo privilégio. A nós, a pergunta: temos consciência deste supremo privilégio? E mal imaginaria Heschel que, freqüentemente, sequer a caridade é praticada. O idoso não é somente nossa memória. Ele é também nosso futuro. O idoso não é somente o depositário de um manancial de experiências. Ele é também a fonte de nossa imaginação. O idoso não é somente merecedor de nossa consideração. Ele é merecedor de nossa reverência. O idoso não é a vida que passou. É a bênção da vida que prossegue. Uma bênção para nós. A União é um manancial de bênçãos. Que nós também saibamos abençoar esta preciosa fonte de bênçãos que celebra seus setenta anos. Setenta anos de muitas vidas que lá encontraram seu lar. 17 Legado humano e judaico Chazan André Nudelman – Qual o nome do senhor em hebraico? – Kalonymus Bakafriel ben Tsvi Hakohen. – Mishebêrach avotêinu… André Nudelman, há XX anos chazan da ARI, oficiou seu pri- meiro serviço no Lar aos 13 anos O diálogo acima aconteceu num Rosh Hashaná no início dos anos 90, por ocasião da aliá à Torá de um dos então residentes do Lar da União, e não é difícil imaginar o riso que se estampou nas nossas faces imberbes ao ouvir o tão sonoro nome pronunciado com aquele sotaque que nos é tão familiar. Éramos, então, dois jovens, encarregados da condução dos serviços religiosos do Lar por ocasião das Grandes Festas. Já conhecíamos todas as melodias – pois as havíamos copiado das pastas da organista da ARI ao longo de muitas tardes de sábado; além, claro, de todo o estudo e preparação que ainda se estenderiam por vários anos. Minha primeira lembrança do Lar, porém, é ainda um pouco mais antiga: juntamente com o Rabino Graetz, lá fui oficiar um Kabalat Shabat, ainda de posse dos meus 13 anos. Nervoso pelo que viria a ser o primeiro serviço religioso inteiramente conduzido por mim, convidei para virem junto meu irmão e um amigo que, pouco tempo depois, seria o co-partícipe da troca de palavras acima. Não me lembro exatamente de como foi a reza, mas creio ter agradado: fui convidado novamente. E, depois deste novo convite, houve outro – e assim foi até que eu e o Luís Balassiano assumimos formalmente a condução dos serviços de Kabalat Shabat na pequena e aconchegante sinagoga do Lar. Justamente nesta época, conhecemos o Sr. Kalonymus Bakafriel – que nos recebia a cada semana e, tomando conta do Shil, ajudava-nos a organizar tudo para a tefilá. Sempre bem humorado, oferecia-nos sua sabedoria em forma de agradáveis conversas, cuja lembrança ainda guardo com muito carinho. O tempo, como sempre faz, foi passando, e cada um acabou seguindo o seu caminho. O Sr. Kalonymus se mudou e nós dois, já integrados ao quadro profissional da ARI, abrimos espaço para que outros jovens, mais jovens do que nós, pudessem assumir nosso posto e viver suas próprias histórias no Lar. 18 Não é assim que dizemos – Ledor vador? De geração em geração: cada um é responsável por transmitir o legado humano e judaico para os que chegam ao mundo depois, e só assim poderemos sobreviver e evoluir enquanto espécie e povo. Olhando para trás, hoje vejo que o Sr. Kalonymus fez exatamente isso: ele transmitiu vida, na sublime forma da experiência que somente os mais entendidos em vida podem transmitir. A cada um de vocês, Srs. e Sras. Kalonymus: mazal tov! O Lar é um paraíso Salomão Bagdadi O Lar para mim é um apart-hotel. Sinto-me muito bem e satisfeito. O que é mais importante? Não sofro nenhum perigo de ser seqüestrado ou vítima de pessoas maldosas. Sinto-me muito seguro. Tem muita gente cuidando de mim. Aqui judeus e cristãos convivem muito bem, são respeitados. Um conselho para aqueles que estão com dúvida: estão perdendo tempo. Porque o Lar é um paraíso. A diretoria é fora de série. Temos tudo que precisamos. Tem nutricionista que cuida dos diabéticos, como eu. Temos dois médicos. Você tem assistência médica a qualquer hora. Tem uma fisioterapia duas vezes por semana. Tem atividades que distraem a mente e fazem passar o tempo. Temos uma sinagoga. Tem uma excelente psicóloga que nos dá muito apoio e alegria. Temos aula de ioga. Enfim, o Lar é um paraíso para mim! Fui trazido para cá pelos meus filhos, aceitei e nunca me arrependi. Meus filhos já me convidaram para morar com eles e não aceitei. Cada um tem que ter a sua vida. Gosto muito daqui. Saio com eles, mas quero logo voltar para jogar bingo, buraco, estar no meu canto. O meu canto hoje é aqui. E estou bem satisfeito. 20 21 No domingo, 9 de agosto de 1953, foi colocada a pedra fundamental da sede própria do Lar, à rua Santa Alexandrina 454, projeto do engenheiro construtor Dr. Guido Cohen, com a presença dos rabinos Drs. H. Lemle e I. Emmanuel e de representantes das instituições israelitas congêneres do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em seu discurso oficial, Kurt Delmonte declarou: A vida no Lar Orgulhamo-nos da nossa velha e digna tradição israelita de ajudar-nos uns aos outros. Devemos cuidar de aliviar e embelezar os anos de velhice daqueles que nos são caros, retribuindo-lhes os carinhos e cuidados que nos cercaram na aurora da nossa vida. A deferência e a estima que dedicamos aos mais velhos, bem como a proteção que lhes proporcionamos, servirão de exemplo e constituem uma contribuição importante para educação de nossa juventude. Faz 15 anos, já a União, instalou num prédio de aluguel, o abrigo destinado a acolher nossos irmãos mais idosos, oferecendo-lhes, no crepúsculo da vida, sossego, conforto e tranqüilidade. Foi assim fundado o “1º Lar dos Velhos Israelitas” do Rio de Janeiro. A observação tem mostrado que nos últimos anos, esse Lar não dispõe de acomodações para receber novos candidatos, nem pode dar-lhes o necessário conforto e higiene. Partindo da base dessa observação é que foi iniciado o planejamento e depois a construção deste novo Lar que servirá de refúgio pacífico aos nossos amigos mais velhos. Temos na mente as grandes instituições do Velho Mundo que conhecemos outrora e que foram barbaramente destruídas. E nós, que na maior parte temos menos de duas décadas de permanência neste hospitaleiro país, desejamos continuar fiéis às velhas tradições e renovar e desenvolver o âmbito de nossas obras de caridade. 23 22 Doces lembranças do Rio Rabino Roberto D. Graetz Esquisito… Durante algum tempo procurei fotografias do Rabino Graetz no Lar da União, mas não achei. Mais esquisito ainda: nem precisei delas para me lembrar do Lar, seus residentes, diretores e dedicados ativistas e profissionais. Está tudo guardado na memória e constitui uma das lembranças doces dos meus anos no Rio de Janeiro. Às vezes minhas idas ao Lar restringiam-se a visitar algum membro da nossa comunidade, já idoso, necessitando apoio pastoral. Outras eram para comparTendo trabalhado ao tilhar idéias com membros da Diretoria. E outras ainda, para fazer uma paleslado do Rabino Lemle tra, compartilhar um Seder de Pessach ou outra festividade judaica no Lar. na ARI nos anos 70, Roberto Graetz foi Lembro quando a casa vizinha foi comprada e o orgulho dos ativistas de po- convidado a assumir der abrir novos espaços para os idosos do Lar. Lembro também da marcante o púlpito da ARI em presença no Lar do meu mestre, o Rabino Lemle z’l. 1980. No Rio, pontuou sua atuação no de- 70 anos de história... Muda o censo da população, mas não a necessidade de servir. Muda a origem dos residentes, mas não a obrigação de atender sempre e, em especial, trouxe com carinho e muito respeito os idosos dos quais tanto temos a aprender. senvolvimento da ARI uma abordagem humanitária e social para a Congregação Parabéns ao Lar nesta data de celebração festiva. Chazak, chazak venitchazek! Espaço profundamente humano Marcos Chor Maio Rabino Graetz celebra o casamento de Carlos Rappaport e Klara Ban na União: o Lar presente em muitas ocasiões festivas do ciclo da vida de seus residentes Rosa, minha mãe, chegou ao Lar em 2001. Ela morava no Leme e já requeria alguns cuidados em seu cotidiano. Eu entrei em contato com a instituição e em seguida fiz uma visita. Fiquei muito bem impressionado. Com a ajuda dos meus dois irmãos que moram nos EUA (Miriam e Marcel) conseguimos convencê-la de que o Lar era a melhor alternativa de vida para ela. Rosa resistiu inicialmente. Aos poucos foi se adaptando à nova vida. Nós fomos percebendo gradativamente como ela foi virando uma outra pessoa, muito mais alegre, mais vivaz. Conheceu novas pessoas e mantém uma relação carinhosa com os funcionários. O Lar União é um espaço profundamente humano, que trata com muito carinho as pessoas que moram lá. Tenho um imenso respeito pelo trabalho desenvolvido pela instituição, pelos seus funcionários e pela diretoria. 25 O poder transformador do amor Rabino Alejandro Lilienthal Hoje rabino na Florida, onde sua congregação vem se desenvolvendo em tamanho como em comprometimento, Alejandro Lilienthal No mundo de hoje, o ser humano está cada vez mais perto de passar a ser nada mais do que um objeto. Um objeto colocado nas prateleiras da vida, tirado de seu lugar apenas quando é necessário, colocado na prateleira de novo quando a sua utilidade diminui. Porém, carinho e amor têm o poder de transformar esta realidade. Isto é verdade para nós todos, e muito mais ainda no caso da geração mais experiente. O Lar da União sempre deu a seus moradores carinho e amor, o que eu presenciei nos anos que passei no Rio de Janeiro. Minhas visitas ao Lar, os Sedarim que passei com os residentes, sempre me encheram de orgulho por termos uma organização como esta como parte da nossa comunidade. Ao fazer 70 anos, tenho certeza de que o Lar continuará a oferecer carinho e amor, que haverão de manter nossos pais e avós que nele moram seres humanos plenos por muitos anos. foi Rabino da ARI de 1993 e 1996 mazal tov A melhor opção David Sokolik Uma das questões mais delicadas e difíceis de decidir foi em relação à ida de minha mãe para o Lar. Em 2003 ela havia feito uma “experiência” de três meses para ver se gostava: “gostei, mas prefiro a minha casa”, disse ela. A situação mudou radicalmente quando ela teve uma trombose na perna, aos 87 anos, e precisaria de cuidados constantes. O Lar passou então a ser a melhor opção. Após a aprovação pela avaliação médica, teve início um trabalho de recuperação: ela chegou em cadeira de rodas, após 15 dias de CTI e 15 dias em quarto de hospital, sem andar. Após 30 dias no Lar, fazendo fi- sioterapia, já estava andando com bengala, e após mais 60 largou a bengala! Além da fisioterapia, acho que as diversas atividades do Lar contribuíram para tal rapidez na sua recuperação, como ioga, jogos, shows, dança, festas e, principalmente, o Shabat. Ela se sente em casa num ambiente judaico. O acolhimento pelos funcionários, pessoal médico, enfermeiras e da alimentação é digno de destaque. O resultado de todo esse carinho e atenção é que ela está ótima, gosta das atividades – em algumas eu a acompanho – e eu percebo que ela está satisfeita. No fundo, é isso que importa. 27 Uma casa feita de amor Rabino Daniel Goldman Daniel Goldman, hoje rabino em Buenos Aires com atuação expoente no âmbito dos direitos humanos, foi rabino da ARI entre 1989 e 1991 Os mestres da tradição de Israel sabem que a palavra não só dá nome às coisas, como essencialmente as representa. Em hebraico, o idioma bíblico, ‘palavra’ é davar que, além de significar vocábulo, também significa objeto. Isto é, a palavra não é levada pelo vento, senão que ocupa um espaço no universo. O mesmo ocorre com ‘lar’. Lar não é uma casa, não é um endereço, mas um espaço que o indivíduo decide ocupar junto de seus afetos mais ternos. É a ternura que o torna um lar e não o lar que origina a ternura. Quantas casas existem e quão poucas representam o lar! E quando essa palavra vem ligada ao conceito de união, isto lhe dá muito mais significado. União é amizade, e não apenas por sua simbologia, mas porque a própria palavra o diz. E aqui recorro novamente ao idioma do Lar, o hebraico. A palavra chaver, que em hebraico significa amigo, na verdade deve ser traduzida como ‘unido’. E que riqueza!... União + Lar. Do Lar da União, ou Lar da Amizade (que não é o mesmo porém é igual, como diria o poeta), lembro das orquídeas das quais o Sr. Bach cuidava. Estas, se não me falha a memória, representavam sua presidência, mas creio que eram muito mais do que isso. Alguém que se ocupa com flores, que cuida de seu jardim, muito mais se preocupa com aqueles que moram nesse lar. Cuidar dessas pessoas, que não eram velhas, eram encantadoras, dava ao Lar o sentido profundo da vida. Sabemos também que a letra beit em hebraico representa bait, o lar. Mas a primeira letra do alfabeto, alef, é muda. É preciso enchê-la de conteúdo. Para que o alef tenha conteúdo, faz-se necessária a segunda letra, beit, o lar. Espero não tê-los confundido com tantas palavras e traduções. Desejo que Deus lhes proporcione conteúdo permanente para que a ‘união’, a ‘amizade’ possa oferecer o amor, em hebraico ahavá, que contém somente alef, beit e hei, esta última representando o nome de Deus. Isto quer dizer que para que haja bait é necessário o conteúdo Divino, que se faz presente com o amor que seus fundadores e ativistas lhe proporcionam constantemente. 29 No céu, a música abre portas Chazan Oren Boljover “No céu, a música abre portas que a palavra não consegue abrir”, disseram os mestres do Chassidismo, referindo-se ao nigun, a canção sem palavras. Podemos ampliar o alcance deste dito e considerar que a mesma coisa acontece com a alma humana: a música atinge uma profundidade e chacoalha o ser como poucos outros estímulos. A música chega de forma instantânea ao coração, não precisa explicações, não é preciso ser um conhecedor: se a pessoa tem sensibilidade, será atingida pela linguagem do discurso musical, seja qual for o gênero e estilo de sua preferência. E assim desde o heavy metal que Oren Boljover, chazan da ARI entre 1978 e os nossos jovens amam até Mozart. 1994, trabalha hoje na Argentina como As pessoas viajam, fazem de tudo para conseguir ingressos, até atravessam o professor, regente de oceano, para ver e ouvir seus artistas prediletos, para ouvir ao vivo as canções diferentes corais e que as emocionam, para assistir a festivais da música que amam. como solista E isso porque a música faz bem. É por isso que desde sempre a música é aspecto crucial do serviço religioso de todos os credos. Porque acaricia, inspira, cria o clima de comunidade em oração. Os que fazemos música a serviço de fins espirituais, sabemos que temos a responsabilidade de levá-la até onde moram nossos idosos, porque diz o Eclesiastes, metaforicamente, que “na velhice, o que era próximo tornou-se distante (para se transladar)”. Por isso a levamos até eles. Queremos com nossa música entreter, acariciar, emocionar, inspirá-los. Neste 70º aniversário do Lar da Amizade, instituição exemplar que é orgulho da família da ARI, gostaria de homenagear todos os profissionais e ativistas voluntários que zelaram para que nunca faltasse música para os hóspedes do Lar, seja em um serviço religioso, seja um recital para entreter. Fui Chazan da ARI de 1978 a 1994, e os nomes que aqui lembro têm a ver com aquela época. Não gostaria esquecer ninguém e peço desculpas por omissões. O primeiríssimo que merece a homenagem é o Sílvio Harburger, nobre guardião dessa mitsvá, tanto oficiando ele mesmo como organizando tudo para que nossos idosos tivessem a atenção dos “fazedores de música”. Lembro do menino André Nudelman, hoje o querido Chazan da ARI. Lembro do menino Luiz Balassiano, hoje 15 ou 20 anos menos menino. Lembro do 30 Chazan Josef Aronsohn z’l, que me precedeu no amud da ARI. Os Levitas, que depois foram os encarregados da música no Templo de Jerusalém, a uma determinada idade deviam se “aposentar” mas continuar ajudando seus companheiros e vigiar (ser guardiões) (Lev 8, 25-26). Nosso querido Cantor Aronsohn, depois da sua aposentadoria da ARI, continuou cantando no Lar e ajudando seus companheiros, vindo a cada Purim ler a Meguilá para nosso deleite. Descuidar dos idosos é sinal de uma geração corrompida (Isaías 3:5). Com o carinho e o zelo com que os fundadores da ARI e seus descendentes trabalham para o Lar, tenho certeza de que a balança da nossa geração está inclinada para o lado positivo! Expresso aqui os meus melhores desejos para meus queridos amigos Sylvia Mekler e Bia Bach, ativistas numa missão tão cara para o Judaísmo. Faço extensivos meus parabéns e bons desejos a todos os outros ativistas do Lar. Que seu trabalho seja coroado com sucesso e bênção! E para os hóspedes, todo meu carinho e a renovação da promessa que fiz à Sylvia recentemente, de ir ao Lar para cantar, na próxima vez que estiver no Rio. 32 33 Ação A União foi fundada oficialmente em fevereiro de 1937, mas operava, de fato, desde agosto de 1936. Os estatutos foram registrados em pleno Estado Novo e publicados no Diário Oficial de 17 de agosto de 1938. Entre suas finalidades, encontramos no Art. 2º: “A União tem por fim: a) prestar informações a todos os correligionários israelitas; b) auxiliar os ditos correligionários quando os mesmos se acharem desprovidos de meios de subsistência; c) ensinar-lhes o idioma nacional, o amor cívico ao Brasil e o respeito às suas leis; d) orientá-los e ajudá-los em suas necessidades econômicas e sociais.” Essas informações eram necessárias aos que aqui chegavam sem conhecer o idioma, sem saber onde encontrar moradia, sem ter com que pagá-la, onde buscar emprego e como trabalhar. Geralmente eram pessoas que tinham profissões, senão posições definidas e às vezes de categoria em sua terra, mas aqui, no princípio, se achavam inteiramente desorientadas. Com respieto a estas dificuldades, especialmente agravadas plelo clima anti-semita da época, Aron Neumann, em 12 de novembro de 1964, escreveu no Semanário “Aonde Vamos?”: Hoje desejamos evocar apenas o clima da época, quando, pelas alturas de 1938, finalmente, por sugestão da saudosa Sra. Gertrud Brotzen e graças à dedicação de um grupo de ativistas da “União” composto de refugiados e de outros judeus aqui radicados há mais tempo, foi alugado na Rua Alice 92, um casarão no meio de um jardim, na intenção de fazer dêle um Lar para os Velhos Refugiados Judeus não importa de onde viessem. Não somos dos que cantam hosanas a nós, judeus. Raramente falamos dos nossos Einsteins, Freuds e outros judeus que muito deram à humanidade. Em geral, preferimos apontar nossos próprios defeitos para corrigi-los, no espírito da Bíblia que acusa os pecados de Israel, nua e cruamente, inclusive dos maiores personagens de nossa história. Mas seja-nos permitido lembrar aqui, em gratidão e – por que não o dizer? – com uma pitada de satisfação, que nós judeus de procedências várias, ao chegar aqui, todos refugiados, despojados de todos os bens, pobres e perseguidos, tivemos, antes de construir ou instalar clubes, antes de comprar móveis e cortinas, antes de ter um patrimônio econômico, a preocupação de fundar instituições de solidariedade e amparo para que não ficassem ao léu os refugiados sôbre os quais incidiam tantos ódios e malquerenças. (…) E lembro-me de como, pouco mais de seis anos depois, foi inagurado o Altersheim (Lar de Velhos) da Rua Alice. Partia o coração ver como os anciãos – os “hiflos und dankbar” (desempregados e gratos) – inseguros, se apegavam a esperança de que nem tudo estava perdido para êles, em face do seu nôvo Lar. 35 Levanta-te, e honra o idoso Rabina Sandra Kochmann Durante sua atuação na ARI entre 2003 e 2005, a Rabina Sandra Kochmann desenvolveu com ênfase um trabalho dedicado à terceira idade O que é um Lar? Quando pensamos no significado ou na definição desta palavra, imaginamos uma casa – lugar físico –, e uma família – grupo de pessoas unidas por um parentesco de sangue – morando nela. Mas, na realidade, um lar é muito mais do que isso, e o Lar – o nosso querido “Lar da União”, sem duvida, é isso e muito mais! O Lar vai muito além do espaço físico que ocupa e das relações de sangue que geralmente unem os membros de qualquer família: o Lar não é só uma casa para quem vem morar nele, nem simplesmente um lugar de trabalho para quem ali é funcionário, ou mais uma atividade beneficente para os seus ativistas. Os sentimentos que unem e motivam todos que de alguma maneira compomos o Lar – moradores, funcionários e ativistas – fazem com que nos sintamos parte de uma mesma família cujos laços de amor e respeito mútuo prevalecem sobre os laços sangüíneos. As palavras do escritor Richard Bach no seu livro “Asas para Viver”, ajudam a defini-lo melhor: Lar é o que conhecemos e amamos. Quando estamos juntos, estamos em casa. Lar não é um lugar. Não acho que o conhecido e o amado estejam firmados com pregos, nem que tenham teto e assoalho. Lar é uma determinada ordem que nos é querida, onde não há riscos de ser quem verdadeiramente somos. Os que conhecemos bem o Lar e as pessoas que o compõem… o amamos. Como o Lar não é somente um prédio, todos que vivenciamos e compartilhamos momentos inesquecíveis das nossas vidas ali – mesmo estando hoje longe fisicamente – nos sentimos parte da grande família que o Lar abriga. E, cada vez que voltamos a estar ali juntos – mesmo com a tristeza pela ausência de algumas das pessoas queridas, mas no marco de uma ordem familiar para nós e onde nos sabemos queridos e aceitos como somos – sentimos a maravilhosa sensação de estar em casa! Em Pirkei Avot (Ética dos Pais) 5:24, está escrito: “Aos setenta anos é a velhice”. Há setenta anos, o Lar vem se ocupando da velhice. E na Torá 36 (Levítico 19:32), está escrito: “Diante do velho levanta-te, e honra a pessoa idosa”. Mesmo que o Lar ainda não seja velho como instituição, hoje todos nos levantamos para honrá-lo e cumprimentá-lo – bem como a todos que o compõem – por cumprir esta mitsvá (preceito), com kavod: respeito, dignidade, integridade e, sobretudo, com muito amor. Mazal tov! Parabéns! Por muitos anos mais! Saudações carinhosas de Jerusalém, com muitas saudades. Só posso elogiar Steffi Marion Renaud Conheço o Lar faz muitos anos por pessoas da minha família. Minha mãe passou os últimos anos de sua vida aqui por livre e espontânea vontade. Sempre morei longe dos meus filhos em Nova Friburgo e quando percebi que não estava mais em condições, escolhi o Lar da Amizade. O Lar oferece muito conforto, carinho de seus funcionários para com os hóspedes, enfermaria 24h, médico, fisioterapia e ioga. Há também uma psicóloga que organiza distração de segunda a quinta e às sextas temos reza na sinagoga. Há seis anos estou aqui e só posso elogiar. 39 Uma mitsvá, ou um trabalho? Alexandre Kuszer Alexandre Kuszer ofi- cia os serviços religio- sos de Kabalat Shabat e festas no Lar da Amizade desde 1997 Há mais ou menos cinco anos, estava saindo da cerimônia de Shabat que realizo todas as sextas-feiras na Sinagoga do Lar, quando uma moradora me pára para desejar um bom Shabat, e diz: “Muito obrigada por você estar aqui, isso é uma mitsvá, e estou muito agradecida”. Na época, com meus vinte anos, não dei muita importância; na verdade, o que tinha me chamado a atenção foi como meu trabalho poderia ser uma mitsvá, se eu recebia um pagamento por isto?! Eu, particularmente, fiquei muito tocado por essa frase, por realmente não entender como uma mitsvá poderia ser realizada em troca de dinheiro, até porque, quando parei para pensar a respeito, me veio a idéia de que uma mitsvá era algo espontâneo, voluntário, e sem remuneração. Aos poucos, fui percebendo que essa idéia estava mudando um pouco de lugar. Muitos, no Lar, quando iam para a Sinagoga no Shabat, não sabiam ler em hebraico, ou não conseguiam ler as letras do Sidur, ou mal podiam me escutar, mas, todos estavam lá, a cada sexta-feira, me acompanhando, sorrindo, com os olhos atentos em mim, prestando atenção no que acontecia na cerimônia, mesmo que, às vezes, não pudessem intervir. A partir dessa compreensão, consegui perceber que a mitsvá, independente de eu estar recebendo ou não um pagamento por isso, era a minha atenção para com eles, a minha dedicação, a minha vontade de lhes proporcionar uma cerimônia religiosa, muito parecida, às vezes até igual à que é realizada na ARI; era a oportunidade de eles poderem se ligar a Deus, e eu faço, há 10 anos, essa ponte na Sinagoga do Lar. Hoje, agradeço muito a essa senhora, a quem ainda não tive coragem de contar essa historia (vocês estão sabendo em primeira mão), mas agradeço a ela por ter me permitido perceber como eu podia fazer a diferença nesta vida e que, se tivesse que partir agora, partiria feliz por ter cumprido essa missão. Por incrível que pareça, e por um mero acaso da vida, eu acabei “caindo” dentro do Lar, e nunca mais saí. Acabei fazendo de minha profissão – psicólogo – uma extensão de tudo o que passei nesses últimos 10 anos no Lar, e que, pretendo ficar por muito mais. Com imenso carinho pelos meus velhos. 41 22 anos de dedicação e União Miryam Both Parabéns União! Parabéns Presidência! Parabéns Diretoria! Parabéns funcionários! Parabéns hóspedes! Sim, nesses 22 anos que estou junto com o maravilhoso grupo que, com amor e dedicação, se integra, só posso orgulhar-me em fazer parte desta equipe. Às quartas-feiras pela manhã, ministro aulas de Ioga com grande sucesso e alegria. Uma vez por mês, fazemos passeios, chá na casa de um amigo, olhamos vitrines em um shopping, vemos o azul do mar... enfim, buscamos estar no lado belo da vida. Aos sábados pela tarde, realizamos um show, dança, canto, música, teatro e, é claro, tudo regado a guaraná e bolo. É grande a felicidade de poder compartilhar momentos felizes e amenos. Nossa “casa” (assim chamamos a União carinhosamente) é um oásis Miryam Both faz de amor e paz, no qual os idosos se sentem acolhidos e amparados. parte da equipe do Lar há 22 anos e organiza Obrigada Senhor Deus por dar-me esta oportunidade e que ela possa uma série de ativida- perdurar para sempre. des integradoras Ciclo ininterrupto O Lar não pára! atendimento psicológico Dra. Jô de Almeida Botelho Segunda a quinta, 14h às 17h fisioterapia Dra. Rosita Schmid Terça e quinta, 8h30 às 11h musicoterapia David Farinni Quinta, 15h ioga Miryam Both Quarta, 9h atendimento clínico Dr. Mario Luiz Rochocz Dr. Zeev Sheps Segunda a sábado, manhãs Domingo, plantões alternados sessão de cinema coord. Inge Menasse Domingo à tarde recreação e música coord. Miryam Both Sábado passeios coord. Miryam Both kabalat shabat Alexandre Kuszer Sexta, 18h e mais: Cabeleireiro Visitas dos familiares Festas judaicas Visitas do Mekor Chaim/ARI Visitas das escolas Comemoração do Dia das Mães e Dia dos Pais 43 Convivência acolhedora David Alhadeff Parabenizo o Lar da União pelos seus 70 anos de existência e de serviços prestados à terceira idade de nossa comunidade. Tive o prazer de participar de inúmeros eventos do Lar nos 17 anos em que fui chazan da ARI e carrego comigo na memória imagens dos Sedarim de Pessach, dos serviços de Kabalat Shabat e das apresentações avulsas das quais participei. Jamais esquecerei da organização do Lar, de seu ambiente calmo e acolhedor e, especialmente, Professor e chazan da da calorosa e agradável acolhida com que sempre fui agraciado, tanto por ARI de … a …, David parte dos hóspedes quanto da direção da Casa. Ter tido estes momentos de Alhadeff destacou-se convivência no Lar foi para mim uma experiência importante e significativa. como exímio Baal Korê (leitor da Torá) Desejo ao Lar mazal tov e votos de tizke lamitsvot! 44 45 Na União – Lar da Amizade é possível conquistar uma vida tranqüila, com qualidade, com opções de União atividades e com a liberdade de sair e receber melhora sua qualidade de vida Jô de Almeida Botelho Desenvolvo meu trabalho como psicóloga da União – Lar da Amizade há dezesseis anos. Durante esses anos compartilhei da vida de muitas pessoas queridas. Presencio a melhora na qualidade de vida dos idosos que moravam sozinhos em suas casas. Sabemos que a decisão de vir morar num lar geriátrico é uma etapa delicada para o idoso e sua família. Inúmeros sentimentos e emoções emergem nas relações familiares, merecendo uma orientação terapêutica eficaz. Durante as entrevistas psicológicas, várias dúvidas se desfazem, facilitando um bom ingresso do morador, bem como, a tranqüilidade de seus familiares. O período de adaptação é outra etapa que merece atenção e acolhimento de todos nós, pois é comum ocorrer uma certa ansiedade devido à separação de sua casa e um receio daquilo que o espera no novo “lar”. É o período em que o mora- dor testa a instituição e a própria família. Até onde o Lar cuidará de mim e/ou até onde a minha família continuará se preocupando comigo? A relação de confiança e o apoio a todos envolvidos são fundamentais nesse momento. O efeito deletério da velhice em geral, e da internação em particular, é a inatividade devido a uma perda de papéis e da necessidade de prover para si e para os outros. Consciente disso, minha atuação no dia-a-dia, vai ao encontro das necessidades e das possibilidades de cada morador e do grupo como um todo. Estimular a participação de cada um na sugestão de novas atividades e no planejamento e execução das mesmas é uma das prin- seus amigos e familiares. Lea Katz dança animada em tarde musical com o musicista David Farini cipais fases deste trabalho. Lógico que respeitando sempre as possibilidades e o querer de cada um. É não apenas ser e estar, como também, fazer, atuar no meio. As atividades recreativas programadas a cada semana agem como recurso terapêutico facilitador para a reabilitação, re-motivação, reorientação para a realidade e para a responsabilidade dos moradores. A interação grupal espontânea e potencialmente útil é alcançada em vários momentos. O simples jogo de cartas ou dominó, o bingo, a oficina de memória, o ‘show do milhão’ entre outros, atuam positivamente na concentração, na memória e na socialização dos moradores. As aulas de musicoterapia alegram as tardes de quintas-feiras. Temos também as visitas dos alunos de escolas e de grupos judaicos que contribuem para um conta- Victor Gurivitz celebra seu 89º aniversário na companhia de filhos e netos no Salão Nobre da União to externo prazeroso. Os lanches nas residências dos sócios e amigos do Lar e os passeios turísticos, programados por nossa professora de ioga, renovam a alegria de viver. Nos fins de semana contamos com os eventos musicais e de dança coordenados pela professora e com as tardes de cinema, no nosso novo telão, proporcionado por uma das nossas conselheiras. Eventos muito apreciados também pelos familiares e amigos que vêm visitar seu ente querido. Finalizando, gostaria de ressaltar para aqueles que se encontram indecisos, que na União – Lar da Amizade é possível conquistar uma vida tranqüila, com qualidade, com opções de atividades e com a liberdade de sair e de receber seus amigos e familiares. Venham nos conhecer! 47 Os avós de Marta: Dionísio (Denis) e Rosália Grunfeld Meu avô, o Lar Guardo um carinho todo União e eu especial pelo Lar da União. O Lar faz parte da minha historia e dos bons momentos que convivi com meu avô. Meu avô se chamava Dionísio. Era um deus húngaro super simpático, alegre, bonito, charmoso e travesso. Seu apelido era Denis. Eu sempre pensava nele como “Denis o Travesso”. Me lembro de várias travessuras que fizemos juntos. Ele era famoso pelas suas travessuras. Um belo dia, meu pai nos contou que Marta Heilborn vovô iria se mudar para o Lar dos Velhos da União. Foi um choque! Vovô então era jovem, cheio de vida, forte 48 como um touro e ainda trabalhava. Ele tinha perdido quase toda a família – minha mãe, minha tia e minha avó – restava somente um filho casado. Fiquei super chateada ao saber que iria para um lar de idosos em plena forma física. Logo que ele foi para o Lar, fui visitá-lo apreensiva e, quando cheguei lá, para minha surpresa, vovô estava trabalhando numa oficina de madeira que o Lar tinha montado para ele. Vovô era marceneiro e conhecia divinamente técnicas de marchetaria, que utilizava nos móveis e objetos que fazia. Eu adorava tudo o que ele 49 fazia. Geralmente utilizava madeiras de várias cores e ornamentos de metal. Era muito habilidoso. Foi ele quem fez o painel dos leões da antiga sinagoga pequena (1º andar) da ARI. Quando ele me viu sorrimos um para o outro. Fui ao seu encontro e ele então me levou para conhecer o Lar, as pessoas, seu quarto e voltamos à oficina. As pessoas eram simpáticas, mas eu as achei um pouco velhas para o vovô. Ficamos conversando, e ele me disse que o Lar seria um pouso. Ele dormiria no Lar, mas poderia ir e vir a seu bel-prazer. Poderia continu- Minha Vida no Lar Frieda Wolff Desde que meu marido faleceu, eu fiquei sozinha no apartamento que era definitivamente grande para mim. A empregada ficava até às 16 h e eu comecei a me perguntar o que aconteceria se eu precisasse de ajuda à noite. Nós tínhamos feito amizade com uma senhora que morava no apartamento embaixo do nosso. E eu sabia que poderia chamá-la quando precisasse de ajuda. Mas, naturalmente, não poderia abusar. Aí, um belo dia, tive uma queda no metrô. Felizmente não aconteceu nada grave, mas fiquei com dores nas costas. Então resolvi descansar no Lar da União, que eu já conhecia de visitas anteriores. Eu gostei, me senti protegida. Resolvi trazer meus próprios móveis e minha biblioteca, que agora está ocupando um quarto inteiro no 3º andar. Isso me deixa ocupada um pouquinho. Primeiro, porque tem minha escrivaninha que uso para escrever, fazer minha contabilidade etc. Além disso, tenho que descer de manhã e à noite para abrir e fechar a janela da biblioteca, pois os livros precisam de ar. Nessa tarefa conto com a ajuda de um colega do Lar, o Sr. Jaime, que tem uma chave e em geral toma conta das janelas. Mas, de qualquer jeito, passo toda noite para ver se tudo está em ordem. Minha idéia original era que os outros residentes pegassem emprestados os livros. Só que isso até agora não aconteceu. O pessoal prefere ler revistas, jornais. Minha única freguesa é nossa nutricionista que adora ler. Eu só poderia aconselhar a todo pessoal que está vivendo sozinho, seja em apartamento próprio ou alugado, lutando com as compras diárias que são necessárias, arranjando faxineira para a limpeza de suas casas, que a vida na terceira idade é diferente. Precisamos de mais conforto, sem a dor de cabeça de como limpar, arranjar comida, enfim tudo que uma casa exige. Eu posso assegurar que tenho toda a minha liberdade de sair, de participar de reuniões, de fazer fora o que quero, mas sei que é bom voltar para o meu quarto, minha saleta e minha biblioteca, sem me preocupar com problemas da vida diária. ar trabalhando e agora estava super feliz com a pequena oficina que haviam montado para ele. Fiquei contente em vê-lo satisfeito, e triste por não poder tê-lo mais perto da gente. Saí de lá pensando sobre a oficina que o Lar tinha feito para ele. Fiquei superfeliz e grata por terem entendido e percebido as necessidades do meu avô. A faculdade recomeçou. Eu estava cursando Desenho Industrial na PUC. Uma das cadeiras do semestre era Design de objetos em madeira. A oficina da PUC era excelente, mas resolvi fazer todos os meus projetos com vovô lá no Lar. Assim ficaríamos juntos, e eu aprenderia um pouco dos segredos dele com a madeira. Foi um período maravilhoso! Freqüentei o Lar União pelo menos duas vezes por semana. Fizemos vários projetos e aprendi muito com ele. Quando não trabalhávamos, sentávamos no Capa de impresso para campanha de donativos na década de 1980 pátio do Lar e ele me contava as suas histórias. Adorava ouvir suas histórias. Eram superengraçadas e, muitas vezes (quase sempre), exageradas. 51 50 A vida no Lar era pacata. Lembro-me de algumas atividades, como os jogos de cartas, bingo, ginástica e cinema. Algumas vezes lanchei com o vovô. As senhoras gostavam dele. Ainda era bonitão e acho que elas gostavam de ver um senhor alegre e bonito “dando sopa”. Um belo dia, nas suas andanças pela cidade, ele reencontrou e se apaixonou por uma velha amiga. Como toda grande paixão, estava totalmente entregue. Ela viajou para os EUA onde encontrou um amigo de infância e se casou. Quando voltou estava casada, e vovô ficou muito triste e teve um infarto fulminante. Morreu de amor. Minha relação com o Lar da União permaneceu. Tenho profunda gratidão pela maneira carinhosa com que trataram meu avô. O presidente do Lar na época Tradução da mensagem do Rabino Lemle à pag. 9 Logo comemorativo dos 60 anos da União era o Sr. Ernesto Bach, de quem sou amiga desde então. Gosto muito dele e participei, a pedido dele, de várias campanhas em benefício do Lar. As duas últimas de que me lembro foram o logo comemorativo dos 60 anos da União e uma campanha de donativos para a qual convidei um cartunista para desenhar a imagem que eu tinha e queria passar do Lar da União. Guardo um carinho todo especial pelo Lar da União. O Lar faz parte da minha historia e dos bons momentos que convivi com meu avô. Dez Anos do Lar dos Velhos da União Em três eventos – um serviço festivo de Shabat no dia 10 de dezembro, uma agradável reunião vespertina no mesmo dia e uma apresentação teatral festiva na segunda dia 12 – será comemorado o jubileu de 10 anos do Lar da União. Deste modo, são expressos os três sentimentos que nos comovem por ocasião deste jubileu: o agradecimento pelo que foi realizado, a alegria daqueles que hoje têm na rua Alice 92 a sua casa, e a conclamação à comunidade para garantir a continuidade e manutenção deste Lar. A criação do Lar será sempre testemunha de que sucedeu na forma honrada da nossa tradição o cuidado com os imigrantes judeus refugiados nos últimos 15 anos. Os judeus sempre tiveram como lema: “Com nossos jovens e com nossos idosos seguiremos…” (Êxodo 10:9) – O novo setor da comunidade judaica do Rio de Janeiro não teria o direito de ter um teto sobre suas cabeças, enquanto um único correligionário atingido pela idade ficasse desabrigado! Os judeus da Europa Central podem neste momento se encher de orgulho por terem iniciado e realizado esta obra com sua própria força – em parte a força ainda frágil dos recém-chegados. Aqui encontraram para si bem como para seus demais trabalhos beneficentes, compreensão e apoio junto aos seus correligionários que já haviam emigrado há mais tempo de suas pátrias para o Brasil. Cada um que se mudou para o Lar trouxe consigo, em sua bagagem, as lembranças do Ontem. Dar a estas lembranças um desfecho tranqüilo, sob os cuidados carinhosos de irmãos e irmãs, foi e é uma tarefa meritória de nosso Lar. Com a nossa gratidão a todas as mulheres e homens, que desde sua fundação até hoje dedicaram sua energia e seu tempo, estendemos o desejo de que a nossa comunidade possa ratificar sua assistência e lealdade a esta grande obra! União Associação Beneficente Israelita www.uniaolar.com.br Rua Santa Alexandrina 464 20261-232 Rio Comprido Rio de Janeiro Tel: +5521 | 2502-5522 e 2273-7626 Fax: +5521 | 2293-4003 [email protected] Esta é uma publicação sem fins lucrativos. As opiniões emitidas aqui são de responsabilidade de seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial das imagens desta publicação. presidente Carmen Sylvia Mekler editora Bia Bach vice-presidentes Walter Arno Mannheimer Mario Stefan Kallmann design e produção gráfica Charles Steiman tesoureiros Alexandre Dodeles Paul Frey Wolff secretária Angélica Sztajn presidente do conselho geral Renato Carlos Kallmann coord. ‘comissão 70 anos’ Sandra Lahtermaher www.EntreLinhasEditorial.com pesquisa Michel Mekler impressão e acabamento WalPrint Textos históricos foram reproduzidos conforme o original. © União A.B.I. – 2007