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Edição - Nº 14 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar Programa Alimentar Mundial Unidade de Análise de Vulnerabilidade e Mapas Em colaboração com: OCHA FAO de Insegurança Alim entar Risco Risco Risco de de Insegurança Insegurança Alim Alimentar entar República de Angola Baixo Moderado a Baixo Cabinda Cabinda Moderado Moderado a Elevado Elevado Zaire Zaire Uíge Uíge Bengo Bengo Luanda Luanda Kuanza Kuanza Norte Norte Lunda Lunda Norte Norte Malanje Malanje Lunda Lunda Sul Sul Kuanza Kuanza Sul Sul Huambo Huambo Benguela Benguela Bié Bié Moxico Moxico Huíla Huíla Namibe Namibe Kuando Kuando Kubango Kubango Cunene Cunene 0 150 300 kilometres Acessibilidade Agircultura e Pecuária Agosto, 2003 Mercados Saúde e Nutrição Meios de Subsistência Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM NOTA INTRODUTÓRIA Esta é a 14ª edição do Boletim sobre Vulnerabilidade e Segurança Alimentar elaborado para apresentar, de forma sistemática, os resultados da recolha e análise de informação sobre indicadores específicos de segurança alimentar e vulnerabilidade, tais como acessibilidade, movimentos de população, agricultura, mercados, nutrição, saúde, saneamento e mecanismos de sobrevivência e geração de rendimentos. Tal como havíamos anunciado na edição passada, esta é a segunda edição de 2003, correspondente ao período MaioJulho. Esta edição pretende complementar e actualizar a informação do exercício de Análise de Vulnerabilidade realizado em Maio. O boletim fornece um quadro da evolução da segurança alimentar em Angola, permitindo uma análise contínua da situação ao longo do ano. Os planificadores e decisores, aos níveis nacional e provincial, podem usar o boletim para tomar decisões abalizadas no que respeita à alocação de fundos para programas que visam a melhoria das condições de vida das populações mais vulneráveis. Os nossos parceiros humanitários e governamentais puderam alargar as suas áreas de intervenção, estendendo a cobertura geográfica a áreas rurais antes inacessíveis. A informação apresentada nos relatórios provinciais é recolhida a nível local pelas ONGs parceiras, as equipas de campo do PAM, assim como por outras instituições que estão directamente envolvidas na assistência humanitária, e deve, portanto, ser considerada como sendo representativa da zona circundante das localidades nas quais tem sido recolhida. Embora a Unidade do VAM em Luanda seja actualmente a responsável pela análise final e publicação do Boletim, o PAM tem vindo a construir gradualmente relações de parceria com outras instituições, tais como a OCHA, o UNICEF, a FAO, o Gabinete de Segurança Alimentar do MINADER e, mais recentemente o FEWS, para que a sua preparação seja um exercício conjunto em que cada parceiro assuma a responsabilidade da componente do Boletim na qual seja especializado. O PAM gostaria de agradecer a todas as instituições e indivíduos que generosamente deram o seu tempo e forneceram as informações para a elaboração desta edição. Estes incluem as ONGs nas províncias e as suas equipas em Luanda, os nossos colegas do UNICEF, OCHA, FAO, FEWS, os Ministérios do Governo (MINARS e MINADER em particular). Agradecemos de igual modo ao Governo dos Estados Unidos da América que, através da USAID, financia directamente as actividades da Unidade do VAM no escritório do PAM em Angola. Francisco Roque Castro Representante e Director do PAM em Angola RECOMENDAÇÕES RELACIONADAS COM O RISCO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR Baixo: Não há razões para se programar qualquer tipo de ajuda alimentar e, caso esta esteja sendo prestada, deve-se considerar a possibilidade de a reduzir ou mesmo eliminar. (Símbolo utilizado: B) Moderado-Baixo: Deve-se monitorar cuidadosamente a evolução da situação, a fim de intervir atempadamente caso a situação piore. (Símbolo utilizado: MB) Moderado: Devem avaliar-se as causas da insegurança alimentar, a fim de implementar uma intervenção apropriada, que permita a selecção dos indivíduos que realmente necessitam de assistência, analisar a eficácia das intervenções de ajuda alimentar em curso e considerar a possibilidade de as modificar, por forma a evitar que a situação piore. (Símbolo utilizado: M) Moderado-Elevado: Deve programar-se algum tipo de intervenção de ajuda alimentar (caso esta não esteja sendo prestada), ou aumentá-la (caso esta esteja sendo prestada) e/ou considerar-se a possibilidade de mudar o tipo de intervenção, a fim de a focalizar sobre os grupos mais vulneráveis. (Símbolo utilizado: ME) Elevado: Deve analisar-se a possibilidade de realizar uma distribuição geral de alimentos (caso esta não esteja a ser prestada), ou melhorá-la (caso esta esteja sendo prestada) e/ou considerar a possibilidade de mudar o tipo de intervenção. (Símbolo utilizado: E) Símbolos utilizados Acessibilidade Agricultura Mercados Saude, Saneamento e Nutrição Meios de Subsistência Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Considerações gerais - Agosto 2003 Conteúdo Nota introdutória Considerações gerais Agosto - 2003 BENGO BENGUELA BIÉ CUNENE 2 3 6 9 11 14 HUAMBO HUILA KUANDO KUBANGO KUANZA NORTE 15 18 21 23 KUANZA SUL MALANJE MOXICO NAMIBE 26 28 31 33 UÍGE ZAIRE Critérios de avaliação ONGs por província e sector de intervenção 35 37 40 42 Na generalidade das províncias são referidas melhorias na circulação de pessoas e bens e um aumento do tráfego comercial nas principais vias de ligação interprovinciais e algumas inter-municipais. Em várias províncias foram referidos trabalhos de reparação e reabilitação de troços rodoviários neste período Apesar disso, existem em todas as províncias comunas e/ou municípios aos quais é impossível aceder ou cujo acesso é muito difícil devido à degradação contínua do pavimento e a suspeita da existência de minas, afectando a possibilidade de realização de avaliações e/ou assistência a populações em situação eventualmente difícil. Esta situação e a proximidade das chuvas fazem crer que as condições de acesso se irão degradar a partir de SetembroOutubro, o que, a aliar ao esgotamento das reservas alimentares de muitos agregados e à falta de condições de sobrevivência em muitos locais de retorno podem conduzir à emergência de novas crises de insegurança alimentar até à próxima colheita em Junho de 2004. As províncias do Huambo, Bié e Kuando Kubango parecem constituir as que maior risco apresentam de tais crises, devido sobretudo ao número elevado do retorno e sua capacidade produtiva e infra-estrutural de resposta. Registaram-se apenas dois incidentes com minas, nas províncias do Bié e Moxico. Em Malanje foram referidas emboscadas a viaturas civis na via principal, que liga a capital da província a Cacuso, via Capanda, criando uma situação de insegurança na principal via de ligação entre Luanda e a zona leste. Continua a registar-se um movimento de retorno importante na generalidade das províncias, tendo sido controlado, entre Maio e Julho de 2003, um número de cerca de 470,008 pessoas nas províncias analisadas. Os movimentos mais importantes registaram-se nas províncias do Huambo, Huila, Kuanza Sul, Benguela e Kuando Kubango. A maioria dos casos referidos é de desmobilizados e seus familiares provenientes das ARF encerradas. Nas províncias fronteiriças, sobretudo Uige, Zaire, Kuando Kubango, Cunene e Moxico, muitos retornados são externos, provenientes da RDC, Zâmbia e Namíbia, em processos de retorno organizados pelo UNHCR ou espontâneos. Na província do Kuando Kubango foi relatada uma situação gravosa de 5,680 novos deslocados em Mavinga, provenientes de Likua, Luengue, Rivungo e Jamba, e 282 no município do Calai. Estas pessoas terão abandonado as suas áreas de origem devido à falta de alimentos, água e condições de sobrevivência. O período em análise, correspondeu a época de colheita de cereais e leguminosas instaladas na 2ª época de sementeira, assim como de cultivo nas terras baixas. À excepção das províncias do Cunene e Kuando Kubango, as colheitas da campanha agrícola 2002/03 foram consideradas melhores das obtidas no ano agrícola 2001/02. De um modo geral, as famílias residentes constituíram maiores reservas de cereais e leguminosas em relação aos retornados. A maior parte das famílias que se dedicam a produção agrícola, instalaram nas baixas e terras intermédias (bandas) milho, feijão, batata doce, batata rena e hortícolas diversas. De acordo as informações prestadas por técnicos das ONGs e de organismos do MINADER (EDAs), o desenvolvimento das culturas foi satisfatório e tem proporcionado bons resultados (demonstrado pela elevada disponibilidade e diversidade de hortícolas nos mercados). Exceptuando algumas famílias que se encontram nalguns municípios/comunas das províncias do Bengo, Kuanza Norte e Malange, que receberam sementes de hortícolas diversas distribuídas por organizações humanitárias e IDA/MINADER, não houve distribuições de sementes hortícolas nas outras províncias do país, pelo que as famílias adquiriram as sementes nos mercados locais. A partir de Julho, foram observadas em quase todas as províncias, famílias a procederem a queima, derrube de árvores e limpeza das lavras, criando assim condições para o seu envolvimento na campanha agrícola 2003/04. Não houve referências sobre dificuldades no acesso à terra para as famílias que estão a retornar às suas áreas de origem assim como para os desmobilizados e familiares que decidiram fixar-se em localidades de onde não são originários (reassentados). Foram referidas distribuições de terras nalgumas localidades dos municípios de Mavinga (Kuando Kubango) e Icolo e Bengo (Bengo). No âmbito do apoio a campanha agrícola 2003/04, algumas ONGs receberão de diferentes doadores e nalguns casos irão adquirir com fundos próprios, insumos agrícolas para serem distribuídos as famílias que retornaram às suas áreas de origem e residentes vulneráveis. Nas províncias do Uíge, Kuanza Norte, Malange, Bengo, Kuanza Sul, Lunda Sul, Moxico, Bié, Huambo, Benguela, Huíla e Kuando Kubango, adoptou-se como critério para a identificação das localidades a considerar no plano de distribuição de insumos agrícolas (revisão dos planos iniciais), o risco geográfico de vulnerabilidade à insegurança alimentar, priorizando as famílias que se encontram nas áreas de maior risco de vulnerabilidade. 3 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Nalgumas províncias, ainda não há planos finais da distribuição de insumos agrícolas. No entanto, de acordo ao plano nacional elaborado pela FAO/UCPE (com dados dos principais doadores e ONG que farão as distribuições), prevê-se apoiar a nível do país um total de 580,570 famílias. No quadro a seguir apresenta-se o número de famílias que se prevê apoiar por província. O kit de insumos agrícolas que será fornecido pela FAO é constituído por 10 kg de milho, 5 kg de feijão, 40 g de hortícolas, 1 enxada e 1 catana, enquanto que o kit da EuronAid contém 15 kg de milho, 2 kg de feijão, 2 enxadas, 1 machado, 1 catana e 1 lima. Plano nacional de distribuição de insumos agrícolas - Campanha agrícola 2003/04 Províncias Municípios/Localidades Bengo Ambriz, Bula Atumba e Dande Benguela Famílias ONGs 5,000 ADPP, CDR, ANGOAVI, AAA Benguela, Bocoio, Balombo, Ussoque, Monte Belo, Cubal de Lumbo, Ganda e Cubal 32,400 CRS, AAA, TROCAIRE Bié Kuito, Nharea, Chitembo, Catabola, Cuemba, Chinguar, Camacupa, Chipeta e Andulo. 95,450 CONCERN, APS, AFRICARE, CVA, CARE, CVE, Cunene Xangongo 1,000 COSPE 172,280 WVI, ADRA-A, ADESPOV, CONCERN, CAD, OIKOS, ASA, ADRA-I, SOLIDARITES, OADECO, OKUTIUKA, ADPP, CIC E CICV. 38,150 WVI, ZOA, NRC, OIKOS NRC e CARITAS Huambo Bailundo, Caala, Ekunha, Huambo, Katchiungo, Londuimbali, Longonjo, Mungo, Tchicala Tcholoanga, Tchinjenje e Ukuma Huíla Chipindo, Caconda, Jamba e Kuvango Kuando Kubango Caiundo, Mukundi, Missao Capico, Cavanga, Savate, Catwitwi, Cuangar, Calai, Menongue, Dirico e Mavinga 21,976 Kuanza Norte Ambaca, Ndalatando, Samba Caju 10,000 ICUES, IERA E CDR Kuanza Sul Amboim, Cassongue, Quibala, Mussende, seles, Waku Kungo, Sumbe, Quilenda, Ebo e Libolo. 57,742 OIKOS, AAA, ASBC, ACM, SCFUS, Christian Aid, AFRICARE, AAD, JOSSUTUR, MOVIMONDO Lunda Sul Saurimo 8,500 LWF Malange Calandula, Caculama, Cacuso, Xandel, Massango, Cambundi Catembo, Kahombo, Cangandala, Quela, Kiwaba Nzoji e Kunda dia Base 40,448 WVI, CONCERN, ADA, ADRA-A, GVC, CDR, CAPC, IERA, AACR, AUFA, ADMERA, ASAVECA, ACA, ABA-SHUD, AFC e ANGONORD Moxico Camanongue, Cameia, Cazombo, Leua, Luacano, Luau, Luchazes, Lumbala Nguimbo e Moxico 56,124 LWF, AAA, SCF-US, UIEA, MEDAIR Namibe Tombua Uíge Bungo, Puri, Buengas, Belunga, Cangola, Mucaba, Quimbele, Quitexe, Bungo, Bembe e Maquela do Zombo. Zaire Tomboco, Kienda e Mbanza Congo Caluquembe, Cacula, Total Fonte: FAO UCPE - S&T Newsletter Nº 13, Agosto/03 1,500 COSPE 25,000 IERA, MIAZAZA, ANGOAVI, CDR E CNR 15,000 IERA, ASODE, ICUES e NRC 580,570 A dinâmica dos mercados continua a registar melhorias progressivas na generalidade das províncias, devido sobretudo às melhorias na circulação de bens nas vias inter-provinciais e inter-municipais em tempo seco, uma eventual maior e mais diversificada produção agrícola na campanha transacta e um mais amplo escoamento de produtos industriais, uma redução dos custos de transportação (com algumas raras excepções). Estes factores tiveram reflexo sobre os custos das cestas alimentares básicas, cuja média mensal é medida em mercados de referência situados nas capitais provinciais. Neste boletim começou a ser reflectido o custo médio mensal das cestas baseadas na fuba de bombó para a zona Norte do país, de tradição de produção e consumo de mandioca: Uige, Zaire, Kuanza Norte, Bengo e também para província do Kuando Kubango, onde esta cesta vem assumindo progressiva importância e custos inferiores à do milho. Na maioria destas província o milho em grão já não aparece no mercado durante largos períodos e, em substituição, utilizase a cesta de fuba de milho. Em quase todas estas províncias a cesta baseada na fuba de bombo registou reduções variando dos 9 aos 15% relativamente a Abril, excepto nos casos do Bengo e Zaire, onde aumentou em 4.67 e 16% respectivamente. Entretanto, no Kuanza Norte, Uige e Kuando Kubango a fuba de milho mantém-se ainda mais baixa que a de bombó. Apesar disso, estes dados permitem pensar que a cultura da mandioca se está a restabelecer rapidamente nas suas zonas tradicionais de cultura e a população retoma paulatinamente o consumo do seu produto alimentar preferido. Nas restantes províncias, a cesta apresentada é baseada no milho, registando também reduções acentuadas, que variaram entre os 5% (Bié) e os 22.45% (Moxico) relativamente a Abril. Excepção a esta tendência geral foi a província de Malanje (8.71%), devido à subida do preço do feijão. 4 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM O baixo acesso aos serviços básicos de saúde constituiu um dos factores que mais influenciou o estado de saúde e de nutrição da população em todas as províncias. Os escassos serviços que são oferecidos à população funcionam em instalações pouco adequadas e com deficiente fornecimento de medicamentos essenciais, muitas vezes dificultado pelas más condições dos acessos. Informações das estruturas sanitárias nas províncias, dizem que as doenças endémicas como a malária e doenças gastrointestinais derivadas do consumo de águas contaminadas, foram as de maior prevalência e as que causaram grande parte dos óbitos registados. No grupo das doenças respiratórias, registou-se o aumento de casos de tuberculose pulmonar, situação que é atribuída a alimentação deficiente e a pobreza. Pessoas do sexo masculino na faixa etária entre os 25 e os 35 anos, são as mais afectadas. Estatísticas dos bancos de sangue dos hospitais províncias do Kuando Kubango e Cunene indicam o aumento de pessoas com resultados positivos ao teste do HIV. Durante o trimestre, o banco de sangue no Menongue detectou 6 casos positivos e no Cunene 35 novos casos maioritariamente concentrados nos municípios de Cuanhama e Ombanja. Nos meses de Junho e Julho registaram-se surtos epidémicos de sarampo nas províncias do Huambo, com 53 casos, Huila com 45, Zaire com 20 casos e na província do Moxico, comuna do Lovua, onde o MINSA reportou a ocorrência de 26 mortes. No mês de Maio, realizou-se a campanha nacional de vacinação contra o sarampo para crianças dos 9 meses aos 15 anos de idade, tendo sido reportada uma cobertura de 100% nas zonas com bons acessos. Nas províncias do Huambo, Huila, Cunene e Malange registaram-se ocorrências de surtos de meningite em crianças com menos de 5 anos idade. Em Malange, o grau de ataque foi mais severo na comuna de Milando (Kunda dia Base) onde foram notificadas 24 mortes. As autoridades sanitárias locais realizaram uma campanha de vacinação de bloqueio e foram aplicadas medidas de vigilância e de monitorização para evitar o alastramento da doença. Nas províncias de Benguela (Balombo), Huambo (Tchicala Tholoanga e Tchinjenje), Huila (Caconda e Cusse), Malange (Malangie e Lombe) e Bié (Kuito), as ONGs realizaram nos meses de Abril, Maio e Junho inquéritos nutricionais pelo método peso por altura. Os resultados obtidos situam-se entre 2,58% e 6% para a malnutrição aguda global e 0,00 a 0,45% para a malnutrição severa que, de modo geral, indicam uma relativa melhoria na situação nutricional, melhoria esta que foi atribuída ao aumento das oportunidades de sustento e na estabilização da população. Esta tendência de estabilidade reflectiu-se na redução nos números de admissões nas estruturas da rede de segurança nutricional. Situações preocupantes foram encontradas em Katchiungo onde os valores da malnutrição global foram de 6,9% e em Caconda cujos resultados foram de 9,9% de malnutrição aguda global e 1,5% de malnutrição severa. A taxa de mortalidade infantil no Balombo foi de 2.4/10,000 crianças, que indica uma situação alarmante. O período deste boletim corresponde à época seca e à colheita principal da campanha agrícola 2002-2003, bem como à cultura nas terras de baixa. O esgotamento das reservas alimentares básicas dos grupos mais pobres e vulneráveis é referida na maioria das províncias. Apesar da oportunidade de produção de hortícolas nas nakas, ela não é generalizada a todos os grupos populacionais e a todas as regiões do país, onde, muitas vezes, não funcionam sequer mercados. Para alguns grupos, contudo, esta é uma fonte de receita a considerar. A jornada de trabalho em lavras de outrém, remunerada usualmente em produtos alimentares, é uma receita para os mais pobres, mas que se circunscreveu ao período da colheita e apenas será retomado no início da sementeira da próxima campanha, em Setembro. Actividades mercantis são regularmente referidas como podendo constituir fontes adicionais de receita para os agregados pobres, que genericamente são o pequeno comércio (fixo ou ambulante) de produtos diversos, a venda de bebidas fermentadas de fabrico caseiro e de frutos silvestres, prestação de serviços ocasionais, venda de lenha e carvão e fabrico e venda de adobes para construção. O consumo alimentar pode contar, entretanto, com os produtos da pesca artesanal de interior e da caça, cuja época de alta corresponde ao período em análise. Este período regista, no entanto, mudanças na dieta alimentar dos agregados familiares, que passam a ter uma dieta mais pobre, devido à substituição de alimentos por outros de menor valor nutritivo, a redução do número de refeições e da quantidade de alimentos. Foi referida a prática de empréstimos de alimentos (fundamentalmente provenientes da distribuição alimentar), mas nenhuma outra estratégia mais gravosa de sobrevivência. 5 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM BENGO A partir de Maio/03 registou-se um incremento no trafego rodoviário para a sede municipal de Quibaxe e para a província do Uige. Desde Junho, com a diminuição do caudal dos rios Loma, Kiamacuco, Tanda e Mobiri, melhoraram as condições de acesso rodoviário às localidades de Quipaulo, Kimuenga, Gombe e à comuna de Coxe. As pontes destruídas sobre os rios Kamengue, Kiata e Kyayombo dificultam o transito rodoviário e o transporte de mercadorias para a sede comunal de Bula Atumba. A população movimenta-se geralmente a pé em distancias até 60 Km. Musserra Musserra Musserra Uíge Uíge Uíge Bela Bela Vista Vista Bela Ambriz Ambriz Ambriz Através da intervenção dos exploradores de madeira, foram reabilitadas as vias que dão acesso a sede municipal de Pango Luanda Luanda Aluquem. Apesar disto, o trafego rodoviário manteve-se irregular. No município da Quissama, apesar da ausência de chuvas, mantiveram-se as dificuldades de acesso rodoviário às comunas de Mumbondo e Quixinge. Nas localidades de Muculo Mienga, Mungolo, Cacombe, Soba Muxima, Quiminha e Cacumba na parte sudeste da Quissama, registaram-se a partir de Maio, melhorias na acessibilidade rodoviária pela via de Cabo Ledo. Negage Negage Negage Kipedro Kipedro Kipedro Quitexe Quitexe Quitexe Muxaluando Muxaluando Muxaluando Tabi Tabi Tabi Aldeia-Vicosa Aldeia-Vicosa Aldeia-Vicosa Bindo Bindo Bindo Cambamba Cambamba Cambamba Vista Alegre Alegre Vista Vista Alegre Canacassala Canacassala Canacassala Quicabo Quicabo Quicabo Barra Barra do do Dande Dande Barra do Dande Caxito Caxito Caxito Cabiri Cabiri Cabiri Terreiro Terreiro Terreiro Bolongongo Bolongongo Bolongongo Quiage Quiage Quiculungo Quiculungo Quiage Quiculungo Paredes Paredes Paredes Úcua Úcua Bula Aldeia Nova Aldeia Aldeia Nova Nova Bula Atumba Atumba Bula Atumba Banga Banga Pango Pango Aluquem Aluquem Banga Pango Aluquem Caculo Cabaça Caculo Caculo Cabaça Cabaça Cazua Cazua Ngongo Ngongo Ngongo Cazua Kuanza Kuanza Quilombo Quilombo Quilombo dos dos dos Dembos Dembos Dembos Piri Piri Piri Norte Norte Cerca Cerca Kiangombe Kiangombe Golungo Canhoca Alto Canhoca Alto Golungo Canhoca Alto Cambondo Cambondo Cambondo Catete Catete Catete Bom Bom Bom Jesus Jesus Bengo Bengo Tobias Tobias Tobias (Cabo (Cabo (Cabo Ledo) Ledo) Ledo) Quibaxe Quibaxe Quibaxe Zenza Zenza do Itombe Zenza do do Itombe Itombe Muxima Muxima Muxima Lucala Lucala Ndalatando Ndalatando Ndalatando Dange-Ya-Menha Dange-Ya-Menha Dange-Ya-Menha Risco de Insegurança Alimentar Massangano Massangano Massangano S. Pedro da Quilemba S. S. Pedro Pedro da da Quilemba Quilemba Dondo Dondo Dondo Baixo Moderado a Baixo Moderado Calulo Calulo Calulo Kissongo Kissongo Kissongo Moderado a Elevado Elevado O Governo provincial deu inicio a reabilitação dos troços rodoviários Dande - Muxaluando (Nambuangongo) e Quibaxe Bula Atumba, que deverá terminar antes do inicio da estacão das chuvas. A reabilitação da via de acesso ao município de Nambuangongo permitirá o acesso da comunidade humanitária a cerca de 44,000 populares retornados que se encontram em áreas isoladas do resto da província há mais de 10 meses. Devido a fraca capacidade das unidades de trabalho a reabilitação da estrada Maria Teresa - Caculo Cahango (Icolo e Bengo) foi adiada para a próxima estacão seca, em 2004. O município de Nambuangongo, a comuna de Bela Vista no Ambriz, as localidades de Belengue e Kamaritari no município de Bula Atumba, a localidade de Massunda em Quibaxe e as povoações de Sassa Calomba e Esso no município do Pango Aluquem permanecem desabitadas e inacessíveis devido ao avançado estado de degradação das estradas. Em Junho/03, cerca de 317 refugiados da RDC foram instalados na localidade de Sungui, num programa conjunto do MINARS, UNHCR, AHA, PAM e INTERSOS que visa proporcionar condições para a sua auto-suficiência alimentar, através de um projecto social integrado que incluiu a distribuição de 17 ha de terra na próxima campanha agrícola 2003/04. Segundo as Administrações municipais de Icolo e Bengo, Bula Atumba e Dembos Quibaxe, várias famílias, na sua maioria provenientes de Luanda, retornaram às suas áreas de origem espontaneamente. Este processo está a ser seguido pelo “senso” da população nas aldeias e comunas nos municípios. No município de Icolo e Bengo, estima-se que o total de populares retornados às suas áreas de origem, nomeadamente nas comunas de Catete, Cassoneca e Calomboloca atinja as 7,000 pessoas. Segundo a Administração local estas populações necessitam de apoio em bens não alimentares como sementes e instrumentos de trabalho e de assistência medica e em medicamentos. A administração municipal de Pango Aluquem indicou que cerca de 1,750 pessoas provenientes de Luanda e bairros do arredores da sede municipal serão reinstaladas durante o mês de Agosto/03 nas suas áreas de origem no interior do município. No município de Quibaxe 218 pessoas (49 famílias) provenientes de Luanda serão reinstaladas nas suas áreas de origem durante os meses de Agosto e Setembro. Segundo informações do IDA, foram cultivados durante a estacão seca cerca de 6,550 ha com milho, feijão vulgar, feijão macunde, hortícolas e batata doce nos municípios de Ambriz, Dande, Quissama e Icolo e Bengo por cerca de 3,773 famílias camponesas. As estimativas de produção indicam que estas famílias terão colhido 12,910 TM de produtos diversos. Aos municípios da Quissama e de Icolo e Bengo corresponderam cerca de 75% da produção estimada. Contudo, em Icolo e Bengo segundo informações locais da EDA e de camponeses cerca de 4,6 MT de semente de milho distribuídas a 1,200 famílias pobres não germinaram comprometendo as colheitas de cereais da segunda época nas localidades Banza Kitende, Ongozanza, Dungo e Sede. As localidades de Dungo e Mabuia no município de Icolo e Bengo foram as principais áreas de produção de hortícolas. Em Bula Atumba, na comuna sede, as famílias realizaram colheitas de amendoim, milho, feijão carioca e macunde e batata a doce, tendo sido registadas melhores colheitas em relação a 1 época da campanha. Nas localidades de Kakulo Kaenda e Quiage, as famílias retornadas, devido ao atraso verificado no seu retorno, apenas obtiveram colheitas de feijão tendo a semente do milho sido reservada para a próxima campanha agrícola. No município do Pango Aluquem a administração local e os camponeses reportaram a obtenção de boas colheitas de milho e feijão das sementes distribuídas pela AAA. A principal preocupação baseia-se na indisponibilidade de escoamento devido a falta de movimento rodoviário. Esta situação está a dificultar a intenção da troca ou venda de parte da produção de milho e feijão para a aquisição de estacas de mandioca e propagulos de batata doce, principalmente na comuna de Cazua Ngongo e na localidade de Quita. No município de Nambuangongo comuna de Muxaluando e arredores, a mandioqueira está a ser atacada por uma doença que provoca a podridão da raiz e a perda das folhas, sem ter sido até ao momento avaliada a causa, a extensão do ataque em ha e a influencia nos rendimentos. 6 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM A Adra Nacional procedeu a distribuição de sementes de hortícolas na comuna sede de Pango Aluquem durante os meses de Maio-Junho/03. Foram registados bons índices de germinação das sementes de couve, cebola e tomate. As sementes de pepino, pimento e quiabo tiveram uma baixa percentagem de germinação. Nos municípios do interior as famílias camponesas tiveram grandes dificuldades no acesso à sementes de hortícolas para a presente época. A partir de Maio, teve inicio o abate de árvores e queimadas para a preparação das lavras para a campanha agrícola 2003/04. Nas zonas do interior da província, os camponeses têm referido dificuldades de acesso a instrumentos, situação poderá influenciar na quantidade de terra cultivada na próxima campanha agrícola. A tabela 1 apresenta o plano da distribuição de sementes para a campanha agrícola 2003/04. Cerca de 5,000 (40.75%) serão cobertas por insumos doados pela FAO, 2,918 (23.78%) pela AAA e 228 (1.86%) famílias de Catete e Guimbe serão cobertas pela Movimondo. No entanto, cerca de 4,125 (34.25%) famílias, na sua maioria retornadas guardam por doações de sementes e instrumentos agrícolas. Em relação a campanha agrícola anterior regista-se um incremento Tabela 1 - Distribuicao de insumos - campanha agricola 2003/04 Parceiro de cerca de 500 famílias, ou seja de 4.19%. O IDA, Municipio Localidade No familias Doador a Implementador planificou distribuir para a 1 época da campanha Bela Vista 825 ADPP 2003/04, 234.00 TM de fertilizantes (40 TM de Ambriz Tabi 580 Adra Nacional FAO amónio, 90 TM de ureia e 104 TM de 10-20-20). Em coordenação com a Administração municipal de Icolo e Bengo a EDA identificou e distribuiu 100 ha de terra a aproximadamente 500 mulheres chefes de famílias para o seu aproveitamento durante a campanha de 2003/04. A grande dificuldade destas famílias consiste no desmatamento da área seleccionada e que poderá ser utilizada para agricultura de sequeiro e de irrigação. As previsões do IDA apontam para um crescimento das áreas preparadas para o cultivo em toda a província. Bula Atumba Bula Atumba Sassa Caria Dande Quicabo Libongos Dembos Quibaxe Dembos Quibaxe Icolo e Bengo Catete e Guimbe Nambuangongo Nambuangongo Pango Aluquem Pango Aluquem Total Geral 1,800 CDR FAO 175 AAA FAO 1,445 ANGOAVI FAO 1,000 Adra Nacional FAO 2,918 AAA AAA 228 Movimondo Movimondo 2,600 CDR 700 Adra Nacional 12,271 Fonte: IDA/ONGs As difíceis condições de transitabilidade na maior parte das estradas de acesso ao interior da província tem contribuído para limitar a actividade mercantil. No ultimo trimestre, apesar da disponibilidade de produtos agrícolas nos principais mercados da província ter-se mantido regular, o custo da transportação registou um incremento acentuado influenciando negativamente no preço final ao consumidor. Outra das razões apontadas pela maioria dos vendedores para a subida dos preços, está relacionada com a subida dos preços dos produtos industrializados nos principais mercados de Luanda. Os mercados de Luanda mantém-se como o principal destino das mercadorias locais. No entanto, a maior parte dos produtos são adquiridos por intermediários na maior parte das vezes provenientes de Luanda e que detém recursos para o aluguer de viaturas com capacidade para aceder as sedes municipais do interior. A diminuição da capacidade de escoamento por parte dos produtores locais tem levado a que os preços locais sejam determinados pela capacidade financeira apresentada pelos compradores. Fuba de Milho Fonte: VAM/PAM Fuba de bombo Jul-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Nov-02 Sep-02 Jul-02 May-02 Mar-02 60.00 50.00 40.00 30.00 20.00 10.00 0.00 Jan-02 USD Os municípios de Bula Atumba, Pango Aluquem e Quibaxe registaram um aumento da rede comercial consubstanciada na reabilitação e abertura de novas lojas que oferecem essencialmente produtos industriais a preços acima da capacidade de compra da maior parte da população local. A abertura destes Grafico 1 - Media mensal da cesta alimentar em Caxito estabelecimentos poderá contribuir para o escoamento dos principais produtos locais, através do processo de compra e 70.00 troca directa. A subida dos preços dos produtos básicos e a reduzida capacidade de escoamento e de comercialização na maior parte das localidades foram tidos, de modo geral, como factores que contribuíram para a diminuição do poder de compra da população. O gráfico 1 mostra que em Julho, o custo da cesta básica alimentar alternativa, constituída, por fuba de bombo, feijão, óleo e sal mais consumida localmente, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos no mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 dias, foi de 29.98 USD, 4.67% mais alto que em Abril de 2003. A situação de saúde publica na província manteve-se preocupante nas zonas do interior por falta de estruturas adequadas e de quadros qualificados. A malária permaneceu como a principal endemia registada seguida das doenças diarreias e infecções respiratórias. No município de Bula Atumba, para as localidades de Kissala, Kakulo Kaenda e Quiage persiste o deficiente abastecimento de medicamentos essenciais devido as difíceis condições de acessibilidade. As infra-estruturas utilizadas na rede sanitária são impróprias e funcionam com pessoal sanitário não qualificado. O quadro de pessoal na sede do município aumentou com a chegada de dois técnicos básicos. Na comuna de Quiage a cadeia de frio não funciona devido a falta de combustível ( petróleo) 7 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Em Pango Aluquem as principais doenças registadas foram a malária, doenças diarreicas e infecções respiratórias. O MSF/B efectuou pesquisas de tripanosomiase em 2,554 habitantes do município tendo sido registados 107 casos suspeitos e nenhum confirmado. A cadeia de frio funciona nas sedes das comunas e na localidade de Cazua Ngongo. As que foram instaladas em Gombe Amukiama e Quita não funcionam devido a falta de combustível. O abastecimento de medicamentos tornou-se mais regular a partir de Maio com a melhoria das condições de acessibilidade. Em Julho/03 procedeu-se a inauguração do posto de saúde de Quifulo no município de Quibaxe melhorando o acesso e a qualidade dos serviços sanitários para a população local. O fornecimento de medicamentos ao município tornou-se mais regular a partir de mês de Julho resultado do entendimento entre o MINSA e a COSV, que implementa um vasto programa no sector da saúde nos municípios de Dembos Quibaxe, Bula Atumba e Pango Aluquem. O quadro de pessoal foi melhorado com a recepção de mais 4 enfermeiros e a capacitação de outros 6 em Caxito. Em Caxito o centro de tratamento da tuberculose registou um aumento de 5.9% nas admissões de novos casos comparado com o trimestre anterior (Fev-Abr/03). A faixa etária mais afectada é a dos 25-35 anos dos quais 53% dos casos são doentes do sexo masculino. As principais causas apontadas são a má alimentação, pobreza e alcoolismo. Entre Mai-Jul/03 a percentagem de recaída registada foi de 4.0%. Os dados preliminares do PAV indicam que cerca de 65,344 crianças foram vacinadas contra a poliomielite e 96,065 (85,4% do planificado) contra o sarampo. A comuna de Quixinge no município da Quissama, por se encontrar inacessível, não foi abrangida pelas campanhas. A AAA está desde Maio/03 a construir um tanque de água na sede comunal de Quicabo e arredores com capacidade de 10,000 litros de agua/dia. Acções semelhantes decorrem nas sedes municipais de Bula Atumba e Nambuangongo através da administrações locais. A crescente falta de água na parte Sudeste da Quissama onde a população tem que caminhar até 30 Km para conseguir água está a motivar a emigração de grande parte da população para Luanda ou para a sede comunal da Muxima. No município de Icolo e Bengo devido a época alta da pesca artesanal as famílias camponesas com poucos recursos migraram temporariamente para a zona de Massosso e Cambondo que apresentam menor concorrência e grande quantidade de peixe nesta época do ano. O peixe destina-se à comercialização directa ou através de intermediários nos mercados de Luanda. Na sede da comuna de Catete, devido ao processo de recuperação das fazendas e quintas agrícolas e ao aumento da procura de inertes para a construção civil, as populações locais tem maior possibilidade de aceder a estas fontes de renda. Na comuna de Caxito nesta altura do ano as famílias dispuseram de várias fontes alternativas para renda, destacando-se a pesca, recolha e venda de inertes, comércio ambulante e venda de carvão. O acesso as empreitadas agrícolas mantiveram-se inalteradas. Na comuna de Quicabo as famílias tiveram grandes dificuldades de aceder a fontes alternativas de renda devido essencialmente a perda das culturas e a inacessibilidade à água que obrigaram a emigração temporária na procura de melhores condições de sobrevivência. Situação idêntica foi verificada na comuna de Tabi (Ambriz) e no sector de Libongos (Dande). No município da Quissama as famílias que perderam parte das colheitas e que vivem em zonas com escassez de água, o transporte de água constituiu uma mais valia na renda diária destas famílias. Nas regiões banhadas pelo rio Kuanza e na zona costeira na comuna de Cabo Ledo, a caça, pesca e o pequeno comércio foram as actividades de sustento mais realizadas. Nas localidades do interior, as mulheres na sua maioria de famílias retornadas, dedicaram-se as empreitadas agrícolas nas lavras das famílias residentes e a pesca artesanal. Os homens e os jovens dedicaram-se a caça com redes e armadilhas, a recolha da seiva de palmeira e ao derrube de matas para o aumento da área para o cultivo. No entanto, comparado ao período anterior, registou-se uma diminuição na capacidade de recurso da população retornada a estas fontes de sustento devido ao aumento da pressão sobre os recursos naturais, relacionada com a insuficiente produção obtida na primeira colheita nas suas áreas de origem. Considerações finais A comunidade humanitária a nível da província continua sem poder responder as necessidades actuais da população carente devido essencialmente as grandes dificuldades no acesso e a falta de fundos que seriamente limitam a capacidade de intervenção. Este facto tem limitado a distribuição da assistência humanitária regular a cerca de 77,000 pessoas das quais 58,500 (76%) se encontram em áreas maioritariamente inacessíveis como Nambuangongo, Bela Vista, Belengue, Kamaritari e Quiage, classificadas com risco elevado à insegurança alimentar. Após avaliação na comuna da Barra de Dande verificou-se que a situação de insegurança alimentar que foi caracterizada geograficamente a todo o território, estava na realidade, circunscrita ao sector de Libongos. As demais áreas apesar de terem sido parcialmente afectadas pela estiagem possuem outros recursos como a pesca e a possibilidade de irrigação das suas terras para a prática da agricultura e a proximidade aos centros urbanos de Caxito e Luanda. Por tal facto a grau de risco apresenta uma variação acentuada. Comparado com o trimestre passado registou-se um incremento dos beneficiários da ajuda alimentar de 405 para cerca de 43,000 pessoas em toda a província. Deste total que se apresenta na tabela 2, cerca de Tabela 2 - Beneficiarios da 26,700 são assistidos pelo PAM através dos seus parceiros sendo 98.05% assistidos na assistência alimentar categoria de Emergência e 1.95% na de Reabilitação e Recuperação. Na categoria de R&R Mês EM emergência a assistência alimentar do PAM está essencialmente direccionada às famílias Mai-03 250 1,043 afectadas pela estiagem que provocou a perda de mais de 60% das suas culturas durante a Jun-03 399 1,105 campanha agrícola transata. As principais localidades afectadas situam-se ao longo da faixa Jul-03 26,172 521 litoral norte da província (Tabi e Libongos) e nas zonas de transição (Quicabo). A subida Fonte: PAM significativa dos números de beneficiários deveu-se a uma subestimação da população local 8 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM por parte das autoridades locais por altura das missões de avaliação. Com o registo efectuado pelo PAM, ADAC, AAA e pelo resultado das campanhas de vacinação e do resultado do diagnostico de THA feito pelo MSF/B foi possível corrigir e actualizar os dados demográficos nestas áreas. BENGUELA Ao longo do período Maio/Julho, técnicos do UNSECOORD e OCHA, realizaram avaliações sobre a situação de segurança nalgumas vias e localidades antes inacessíveis nos municípios de Balombo (Canoquela/Chindumbo) e Caimbambo (Cayave e Canhamela), tendo sido consideradas “abertas” para a deslocação e implementação de acções humanitárias (Agências e Organizações das Nações Unidas). Gungo Gungo Risco de Insegurança Alimentar Cassongue Cassongue Baixo Moderado a Baixo Chindumbo Chindumbo Canjala Canjala Moderado Chila Chila Casseque Casseque Moderado a Elevado Elevado Apesar da melhoria registada na circulação inter-municipal e comunal de automóveis a nível da província no período em referência (estação seca), o acesso à algumas localidades, continuou a ser dificultado pelas pontes partidas e péssimas condições em que se encontram alguns troços das diferentes vias rodoviárias. Chingongo Chingongo Balombo Balombo Lobito Lobito Catumbela Catumbela Biopio Biopio Passe Passe Benguela Benguela Baía Baía Farta Farta Manteve-se contínuo o fluxo de retorno de ex-deslocados, desmoblizados e respectivas famílias às suas áreas de origem. Equipas mistas integradas por técnicos do MINARS; MINSA; ONGs e PAM, realizaram verificações de famílias que retornaram às suas áreas de origem - diversas localidades dos municípios de Balombo, Bocoio, Cubal, Caimbambo e Ganda - tendo sido registadas um total de 47,739 pessoas (na tabela 1 apresenta-se os dados desagregados por município). Equimina Equimina Ussoque Ussoque Monte-Belo Monte-Belo Bocoio Bocoio Ebanga Ebanga Tumbulo Tumbulo Cayave Cayave Dombe Dombe Grande Grande Galanga Galanga Kumbila Kumbila Babaera Babaera Catengue Catengue Cubal Cubal Caimbambo Caimbambo Tchindjenje Tchindjenje Ukuma Ukuma Ganda Ganda Catabola Catabola Benguela Benguela Chilata Chilata Capupa Capupa Yambala Yambala Bolonguera Bolonguera Chongoroi Chongoroi Chicuma Chicuma Cusse Cusse Caconda Caconda Caluquembe Caluquembe Lucira Lucira Impulo Impulo Calepi Calepi No período em análise, chegaram à cidade de Benguela, em trânsito para às suas áreas de origem, desmobilizados e seus familiares provenientes de diferentes áreas de acolhimento que existiam Tabela 1 – Movimento de retorno no país. N.º de N.º de Município Balombo Bocoio Caimbambo Cubal Ganda Comuna Cáala Elongo Hungulo Sede–Cangoia Cubal–Lumbo Chila Monte–Belo Passe Cayave Sede Capupa Tumbulo Yambala Babaera Casseque Ebanga Total Fonte: MINARS e UTCAH Famílias Pessoas 276 1,040 747 2,243 246 716 315 1,192 449 1,418 264 1,029 414 1,744 894 2,270 124 973 661 3,775 1,371 6,855 490 4,145 620 4,334 116 659 1,562 6,501 1,851 9,024 9,029 47,739 Fontes ligadas ao MINARS, informaram que um total de 107 desmobilizados que se encontram nas sedes municipais de Balombo e Bocoio ainda não retornaram às suas aldeias, aguardando pelos documentos (Cédula de desmobilização) e subsídios. No trimestre em relato, foram realizadas avaliações rápidas de necessidades alimentares em áreas recentemente acessíveis às Agências e Organizações das Nações Unidas (algumas aldeias das comunas de Chila, Monte Belo, Passe e Cangola – município de Bocoio e comuna de Chindumbo – municipio de Balombo) nas quais havia referências sobre a existência de famílias retornadas com dificuldades no acesso a alimentação. De acordo aos resultados das avaliaçoes, foi recomendado o registo das famílias para serem assistidas com alimentos por períodos que variam entre 3 a 6 meses (garantindo o acesso aos alimentos durante o período de sementeira e nalguns casos, até ao início da colheita dos produtos que serão instalados na 1ª época de sementeira da campanha agrícola 2003/04). O período em análise, correspondeu a época de colheita de cereais e leguminosas instaladas na 2ª época de sementeira, assim como de cultivo nas terras baixas. As famílias realizaram colheitas de milho, massambala, feijão, amendoim e batata doce. A quantidade de produtos colhidos por família variou em função da área cultivada. Os residentes obtiveram melhores resultados (maior quantidade) em relação aos retornados. Nalgumas localidades do município de Chongoroi (Cui e sede municipal), foi referido o consumo de parte da massambala por pássaros, provocando perdas significativas na produção. Nalgumas aldeias visitadas dos municipios de Caimbambo (Canhamela) e Chongoroi (Camuine), as famílias que obtiveram boas colheitas de milho e batata rena, têm enfrentado muitas dificuldades em comercializar o excedente da produção devido ao deficiente acesso a estas áreas (reduzida circulação de automóveis). A maior parte das famílias que se dedicam a produção agrícola, instalaram nas baixas e terras intermédias (bandas) milho, feijão, batata doce, batata rena e hortícolas diversas. Apesar de não ter havido distribuições de sementes hortícolas por parte das organizações humanitárias, as famílias foram capazes de adquirir sementes nos mercados locais. A partir de Julho, foram observadas famílias a procederem a queima, derrube de árvores e limpeza das lavras, criando assim condições para o seu envolvimento na campanha agrícola 2003/04. Das cerca de 200,000 famílias previstas no 9 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM plano geral da província, que necessitam de apoio em insumos agrícolas, há garantias de apoio em sementes e instrumentos de trabalho por parte das ONGs (doações da FAO, EuronAid e CDRA) para cerca de 40%. As restantes famílias, deverão contar com recursos próprios para adquirirem sementes e instrumentos de trabalho. Fontes ligadas à Direcção provincial do MINADER informaram que a nível da província estão disponíveis alguns instrumentos de trabalho (catanas=18,000 unidades e enxadas=46,000 unidades) para apoio as famílias camponesas na campanha agrícola 2003/04. O Sub-grupo provincial de agricultura e segurança alimentar, constituiu uma comissão que se encarregará da monitoria da campanha agrícola 2003/04. Apesar das más condições em que se encontram alguns troços das estradas (principais e secundárias), registou-se no período em análise, um aumento da circulação inter-comunal, municipal e provincial de automóveis, possibilitando a troca de produtos entre as diferentes regiões da província (faixa litoral e interior). Estas transações comerciais contribuíram para o aumento da disponibilidade e diversidade de produtos nos diferentes mercados. A existência de pontes partidas e estradas muito degradadas nas vias que dão acesso a algumas localidades onde há excedentes de produção tais como Ebanga e Chicuma (Ganda); Canhamela (Caimbambo) e Yambala e Capupa (Cubal) tem constituído um factor negativo no restabelecimento dos mercados rurais. Em comparação ao trimestre anterior, registaram-se melhorias no comportamento (disponibilidade, diversidade e estabilidade de produtos) dos mercados municipais de Caimbambo e Chongoroi e nalguns mercados comunais do município do Bocoio (Cubal do Lumbo, Monte Belo e Passe). Nas zonas rurais, as transações comerciais continuam a ser por troca directa e/ou venda a dinheiro. Os produtos alimentares industrializados, animais e aves assim como outros bens de consumo industrial não alimentares constituem os produtos que proporcionam margens de lucro mais elevadas. Apesar da situação de pobreza geral, as famílias que vivem em áreas rurais isoladas (pouca movimentação de comerciantes) ou que só recentemente voltaram a ser habitadas, possuem menor poder de compra em relação as demais, em consequência da sua baixa capacidade actual de gerar rendimentos. Noutras localidades, em função das oportunidades e rendimento da família, têm sido capazes de obter alimentos básicos e adquirir outros bens de consumo e serviços para a sua subsistência. Nos municípios do interior, os preços dos alimentos básicos industrializados ou transformados, são geralmente altos devido aos elevados custos de transportação. Já os produtos agrícolas são comercializados a preços baixos. Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Lobito 40 30 USD 20 10 Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Nov-02 Dec-02 Oct-02 Sep-02 Aug-02 Jul-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 0 Feb-02 Entre Maio a Julho, registou-se no mercado de referência da província (Lobito) uma redução gradual dos preços dos alimentos básicos, tendo influenciado o custo médio mensal da cesta alimentar básica, constituida por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em Kg ou Litro) foram os mais baixos do mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoas/dia durante 30 dias. Em Julho o custo médio mensal da cesta foi equivalente a USD 26.48 – correspondendo a uma redução de cerca de 9% em relação ao mês de Abril. Fonte: VAM/PAM A malária, doenças diarreicas e respiratórias agudas assim como parasitas intestinais, constituiram as principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias em funcionamento na província durante o priodo em análise, das quais a malária e a diarreia aguda foram as que mais óbitos provocaram. O deficiente sanemaneto básico, consumo de água imprópria, débil funcionamento das estruturas sanitárias - fraca capacidade técnica e escassez de medicamentos essenciais, foram apontados como os principais factores que influenciam o aumento da morbilidade no seio das famílias. Durante o período em análise, estiveram em funcionamento a nível da província, 12 Centros Nutricionais, dos quais 7 Suplementares (CNS) nos municípios de Balombo, Benguela, Bocoio, Cubal, Ganda e Lobito (2) e 5 Terapêuticos (CNT) nos municípios de Balombo, Benguela, Cubal, Ganda e Lobito. Em relação ao trimestre anterior, a tendência das admissões no CNS do Bocoio foi de aumento, enquanto que nos CNS e CNT que funcionam nos municípios de Balombo, Benguela, Ganda e Lobito foi de redução. Os aumentos foram devido a admissão de novos pacientes – crianças identificadas durante as despistagens nutricionais nas novas áreas acessíveis, enquanto que as reduções foram devido a melhoria da situação nutricional das famílias e nalguns casos abandonos (quer em consequência do retorno às áreas de origem de alguns pacientes assim como por outras razões não justificadas). Nas despistagens nutricionais (MUAC) realizadas durante as avaliações rápidas das necessidades alimentares, obteve-se indicações de uma situação preocupante nas localidades de Chila (taxa de malnutrição global 34.1% e severa 9.5%) e Cubal do Lumbo (taxa de malnutrição global 55.6% e severa 11.2%), ambas no município de Bocoio. Com o propósito de inverter a situação actual, recomendou-se a abertura de um CNS (fixo ou móvel); realização de despistagens nutricionais 10 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM frequentes e realização de consultas de pediatria. Para além destas intervenções deverão ser igualmente previstos, programas de educação para saúde nas vertentes de educação nutricional, assistência infantil e higiene individual, familiar e comunitária. Em Abril de 2003, a CRS e o MINSA, efectuaram um inquérito nutricional no município do Balombo em 27 localidades, abrangendo famílias residentes e retornadas. Foi utilizado o método (Peso/Altura) e a amostra foi de 900 crianças dos 6-59 meses de idade, com altura entre os 65 e 110 cm. Os resultados [malnutrição aguda global 4.2% (2.6 - 6.7) e severa 0.4% (0.0 -1.8)] revelam melhorias, em comparação aos obtidos no inquérito nutricional realizado no mesmo período do ano passado. A taxa de mortalidade infantil foi de 2.4/10,000 crianças – valor que dá indicação de uma situação alarmante. Durante o período em referência, as actividades de geração de renda mais praticadas pelas famílias foram os biscates nas lavras, transporte de cargas e comércio ambulante. Nalgumas sedes municipais, com o movimento de retorno dos deslocados às suas áreas de origem, regista-se uma diminuição da pressão sobre os recursos e no seio das famílias residentes, verifica-se um aumento das oportunidades para a realização de actividades alternativas de geração de renda melhor remuneradas (redução de mão de obra barata). Considerações finais As avaliações de segurança realizadas por técnicos do UNSECOORD em coordenação com a OCHA nas novas áreas acessíveis, tem tornado possível a expansão das acções humanitárias nas áreas em que se encontram grupos populacionais em situação de insegurança alimentar e/ou em alto risco de Tabela 2 – Beneficiários da assistência vulnerabilidade à insegurança alimentar. alimentar Mês Mai-03 Jun-03 Jul-03* Fonte: PAM EM 45,070 8,738 9,370 ARF 14,271 - R&R 3,529 3,139 69,080 * Planificado Na tabela 2 apresenta-se o número de pessoas que beneficiaram de alimentos fornecidos pelo PAM durante o trimestre em relato, nas categorias de Emergência (EM), Áreas de acolhimento (ARF) e Recuperação & Reabilitação (R&R). Importa referir que a partir de Maio a AAA deixou de distribuir alimentos provenientes do seu pipeline. BIÉ No período em análise não se registaram alterações importantes em termos de circulação para os actores humanitários. As comunas do Luando e Munhango, no município do Cuemba, foram abertas a assistência humanitária após avaliação de segurança realizada pela UNSECOORD/OCHA em Julho/03. Lonhe Lonhe Cassumbe Cassumbe Calucinga Dando Dando Calucinga Chicala Chicala Caiei Caiei Nharea Nharea Andulo Andulo Cambuengo Hengue Cambuengo Gamba Gamba No município de Katabola foram realizadas Hengue Bimbe Bimbe Mungo Mungo Mungo Mungo avaliações de segurança nas comunas de Cuanza Belo Horizonte Horizonte Cuanza Belo Chiúca, Sande e Caiúera. Contudo, para a Sande Sande Camacupa Camacupa última comuna foi considerado não estarem Catabola Bailundo BailundoLunge Cunhinga Cunhinga Catabola Lunge Londuimbali Londuimbali reunidas as condições de segurança Chipeta Chipeta Cunje Cunje Cutato Cutato necessárias ao desenvolvimento regular de Tchiumbo Tchiumbo Cambandua Cambandua actividades humanitárias. As restantes foram Katchiungo Chinguar Chinguar Katchiungo Tchikala-Tcholohanga Tchikala-Tcholohanga abertas à assistência humanitária. Luando Luando Cuemba Cuemba Munhango Munhango Cangumbe Cangumbe Bié Bié Huambo Huambo Huambo Calenga CalengaHuambo Chicala Chicala Foi registada a ocorrência de acidentes com Calima Calima Caála Caála Longonjo minas e UXOs em áreas consideradas como Longonjo Huambo Huambo Sambo Cachingues Cachingues Sambo as mais infestadas na Província: município do Tchinhama Tchinhama Mutumbo Mutumbo Cuemba, estrada Kuito- Chitermbo e arredores Cuima Cuima da cidade do Kuito, nomeadamente em áreas Kuito Kuito situadas nas proximidades do Quartel das Chitembo Chitembo FAA. No entanto estes incidentes não Soma Soma Cuanza Cuanza implicaram a suspensão das actividades Galangue Galangue Chipindo Chipindo humanitárias. A explosão de uma mina AT na Mumbué Malengue Mumbué Malengue estrada Chitembo -Kuito provocou danos Cuelei Cuelei Vissati Vissati materiais num camião privado e a circulação humanitária foi suspensa durante um fim-desemana, até a realização da avaliação técnica da ocorrência pela (Halo-Trust). Risco de Insegurança Alimentar Baixo Moderado a Baixo Moderado Moderado a Elevado Elevado No período de Maio a julho, a Equipa inter - agências realizou Avaliações Rápidas de Necessidades Críticas em algumas comunas e aldeias da província do Bié, designadamente em Chiúca, Caiúera e Sande (Katabola), Kuquema (Kuito), Kutato (Chinguar), Gamba, Caieie e Dando (Nharea), Sachinemuna e Luando (Kuemba) e Calussinga (Andulo). Em nenhuma das áreas avaliadas se confirmou a existência de necessidades alimentares críticas. Verifica-se, no entanto, a existência de necessidades que contribuem para a vulnerabilidade da população, nomeadamente a falta de acesso aos serviços de saúde, à água potável, a mercados e insuficiência de insumos agrícolas. 11 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM No mesmo período, realizaram-se avaliações nas sedes municipais do Cunhinga e Chitembo e na comuna de Mutumbo, no município de Chitembo. Concluiu-se que, no Cunhinga, a população deslocada tinha fracos meios de sustento, pelo que foi recomendada a assistência alimentar do PAM. No Chitembo, igualmente população deslocada, constatou-se que o risco à insegurança alimentar era alto devido aos fracos meios de sustento e foi recomendada a continuação da assistência alimentar do PAM. No Mutumbo, a avaliação realizou-se para população retornada que apresenta um risco de vulnerabilidade elevada à insegurança alimentar, sendo as principais causas o difícil acesso que inviabiliza a existência de mercado e a fraca produção agrícola da campanha anterior. Estas populações sobrevivem na base da caça e recolha de frutos e alimentos silvestres. Recomendou-se a distribuição geral de alimentos até a próxima colheita, em Abrill/Maio 2004 e de insumos agrícolas. Foi registado um movimento considerável de retorno, cerca de 22,000 pessoas dos quais cerca de 19,000 desmobilizados e seus dependentes das ex-FRAs provenientes fundamentalmente das províncias do Kuando Kubango, Huambo e Kuanza Sul. No mês de Junho o Governo Provincial (MINARS/UTCAH) reiniciou campanhas de sensibilização nos campos de deslocados do Kuito para que estes regressem às suas aldeias de origem. Durante a época de cacimbo as actividades agrícolas mais realizadas foram as colheitas do milho, preparação das terras baixas (nakas) e sementeira/plantação de milho e feijão, batata rena, beringela e hortícolas. A área média cultivada por família variou entre 500-1,500 m2. Para esta época, as famílias camponesas não tiverem apoio em insumos, tanto do MINADER como das ONGs. As sementes e fertilizantes utilizados foram obtidos do mercado ou em troca com trabalho. Andulo 12,485 Camacupa 8,550 8,950 11,965 5,000 5,000 10,000 Chitembo 4,500 15,000 3,000 22,500 Cuemba 4,000 4,000 Cunhinga 15,000 Kuito Nharea Total Total familias 24,985 3,015 Chinguar Em relação ao ano transato, em que foram apoiadas cerca de 112,218 famílias, haverá uma redução ligeira, em 8% no numero de famílias. Embaixda da Holanda CV E 12,500 8,550 Catabola Bie Euronaid/ CDRA/total families FAO/ total familias Provincia Municipio Tabela 1- Plano de distribuicao de insumos agricolas O sub-grupo provincial da agricultura planificou para a campanha agrícola 2003/04 o apoio em sementes e instrumentos agrícolas para 102,750 famílias assim distribuídas: 27,000 nos municípios do Andulo, Catabola, Nharea e Chitembo receberão insumos da FAO; 52,750 nos municípios do Andulo, Camacupa, Catabola, Chinguar, Chitembo e Kuito receberão insumos da EuronAid através das ONGs do CDRA. Apoios de outros Doadores, como da CVE e da Embaixada da Holanda, serão canalizados para 8,000 famílias nos municípios de Chitembo e Chinguar e 15,000 no Cunhinga respectivamente. O plano desagregado por município é apresentado na tabela 1. 2,750 2,750 3,000 27,000 15,000 3,000 52,750 8,000 15,000 102,750 As trocas comercias realizaram-se de forma regular entre grande parte dos mercados municipais e interprovinciais. No principal mercado de referência, registou-se uma boa disponibilidade e diversidade de produtos industriais alimentares e não alimentares e produtos agrícolas básicos. As aldeias circunvizinhas do Kuito, os municípios de Camacupa, Chuinguar, Andulo e Chitembo foram os locais de maior proveniência de produtos agrícolas, enquanto que, das províncias de Benguela e Namibe foram trazidos produtos industrializados como calçado, electrodomésticos e roupa usada, arroz, açúcar massa alimentar, óleo vegetal e conservas alimentares. De entre os mercados municipais, o do Chinguar é logo após o do Kuito o mais dinâmico e diversificado, devido à sua localização geográfica, na via principal Huambo-Kuito, seguido dos mercados de Camacupa e Andulo que apresentam boa disponibilidade e diversidade de produtos industriais provenientes maioritariamente do Kuito. Os mercados de Catabola, Cunhinga e Chitembo, são menos dinâmicos, apresentam pouca disponibilidade de produtos tanto industriais como agrícolas, funcionando regra geral apenas no período da tarde após o trabalho nas lavras. Os mercados do Cuemba e Nharea são restritos, vivendo muito na dependência da logística militar e do garimpo, com muito pouca disponibilidade de produtos agrícolas. Na Nharea o mercado mais dinâmico e com alguns produtos locais é o da comuna do Dando. Grafico 1 - Média mensal da cesta básica no Kuito 50 40 30 20 10 Jul-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Nov-02 Sep-02 Jul-02 May-02 Mar-02 Jan-02 0 Fonte: VAM/PAM 12 O gráfico 1 mostra que em Julho/03 o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos do mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 dias, foi de USD 16,65, menos 4,64 % em relação ao mês de Abril/03. A tendência de baixa dos preços indica uma maior oferta de produtos no mercado, devido as colheitas de cereais realizadas entre Maio e Junho e maior circulação interprovincial para os mercados de Luanda, Lubango e Benguela através do Huambo, e com a Namibia via Menongue, dando maior dinamica as trocas comerciais com o Kuito e com as restantes sedes municipais. Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM A malária, doenças respiratórias agudas (DRA) e doenças associadas ao consumo de água e alimentos contaminados como são as Doenças Diarreicas Agudas (DDA) foram referias pelas unidades sanitárias como as de maior prevalência e causa da maior parte de óbitos registados. Informações do MINSA referem que foram reportados pelo hospital provincial 25,800 casos de malária e 9,107de infecções respiratórias agudas que terão causado 208 e 38 óbitos respectivamente. a O MINSA informou que durante a 3 fase da campanha nacional de vacinação contra o sarampo que decorreu no período de 10 a 19 de Maio, foram vacinadas 158,169 crianças em todos os municípios. Com estas cifras a entidades sanitárias consideram ter atingido uma cobertura de 109%, em relação a população infantil inicialmente planificada. A rede nutricional da província está composta por seis Centros Nutricionais Suplementares (CNS), sendo três apoiados pela MSF-B, (1 no Kuito; 1em Camacupa e 1 no Cuemba) e três apoiados pela CNCERN, (2 no Kuito e 1 móvel no Chitemba), e dois Centros Nutricionais Terapêuticos - CNT (1 no Kuito/MINSA e 1 em Camacupa/MSF-B). Em Junho, estas estruturas passaram a ser tuteladas pelo MINSA mantendo-se entretanto a assistência do UNICEF em bens como sabão, cobertores e balanças e do PAM em bens alimentares O MSF-B mantém as actividades de tratamento de malnutrição grave e moderada nos hospitais municipais de Camacupa e Cuemba. Para avaliar a situação nutricional dos novos e antigos Tabela 2 - Inqueritos Nutricioanis deslocados no Kuito, o MSF-B realizou nos dias 12 e 13 Grupo Resultado (Z-score) Data Local de Abr/03, um inquérito nutricional pelo método populacional Global* Severa* peso/altura. Os resultados apresentados na tabela 2. Os 12-13/04/03 Kuito/campos Deslocados 6% 0.30% parâmetros da malnutição global 6% e da malnutrição Fonte: MSF-B * Intervalo de confianca [4.6-7.5] severa 0.3% foram considerados estáveis. Esta tendência de estabilização reflectiu-se também na redução das admissões aos centros nutricionais. No CNS registaram-se em Maio 470 admissões e em Julho, os números ciaram para 211. Em Camacupa as admissões variaram de 137 para 97 no mesmo período e nos CNT, as variações situaram-se na ordem dos 170 para 106 no Kuito e 53 para 27 em Camacupa. No Kuito, 5% das admissões nos CNS e 50% no CNT são residentes o que mostra uma elevada vulnerabilidade à insegurança alimentar entre alguns grupos da população residentes das zonas rurais e peri-urbanas do kuito. As principais actividades de geração de renda adoptadas pelas famílias de todos os grupos populacionais para a sua sobreviência nas zonas urbanas, principalmente no município do Kuito que ofereceu maiores oportunidades de procura de serviços e/ou mão de obra foram: fabrico e transporte de adobes; apanha e venda de pedras e areia; corte e venda de paus para a construção de habitações; abertura e/ou limpeza de cacimbas tradicionais; empreitadas agrícolas na preparação das nakas dos residentes. Nas zonas rurais realizaram a produção/venda de carvão; o corte e venda de capim para a construção e empreitadas agrícolas na derruba/desmatação para a abertura de novas lavras e preparação de nakas. Nas comunas do Cuemba as populações dedicaram-se fundamentalmente a caça, pesca e extração de mel. Os residentes em áreas urbanas sobretudo, adoptaram como alternativas o transporte de mercadorias diversas, realização de pequenos negócios e venda ambulante, produção/venda caseira de bebidas alcoólicas, revenda de carvão e a realização de trabalhos domésticos ocasionais. Considerações finais Foram realizadas avaliações de segurança pela UNSECOORD/OCHA em Julho/03, nas comunas de Chiúca, Sande (Catabola); igualmente nas comunas do Luando e Munhango (Cuemba) e consideradas abertas à assistência humanitária. As estradas para estas localidades apresentam um estado elavado de degradação, onde será extremamente difícil a circulação durante a época chuvosa. Resultado das avaliações de segurança foi possível classificar 11 comunas de um total de 16. O grau de risco geográfico à insegurança alimentar nessas áreaa é de: Elevado na comuna de Mutumbo (Chitembo); Moderado a Elevado nas comunas de Chiuca e Sande (Catabola), Malengue e Soma Kuanza (Chitembo), no Luando, Munhango e Sachinemuna (Cuemba) e Gamba (Nharea); Moderado nas comunas de Cutato (Chinguar), Mumbué (Chitembo). Os factores que determinaram esta classificação foram as condições dos acessos, a inexistência de mercado e a completa ausência dos serviços de saúde. O PAM, através dos seus parceiros, continuou a assistir com alimentos as populações mais vulneráveis à insegurança alimentar em três categorias: Emergência (EMdeslocados; CNT; CNS; programas médicos; acompanhantes dos pacientes em Mes EM R&R programas médicos); Retornados Internos e Recuperação & Reabilitação. A tabela 2 Mai-03 70,043 120,549 reflecte os números de beneficiários que receberam assistência alimentar na província. Jun-03 41,876 130,238 Com outros pipelines foram assistidas 70,440 pessoas (250 nas comunas de Cassumbe Jul-03* 44,386 142,682 e Chivaulo; 250 em Cuanza e Muinha; 40 no Chitembo; 1,070 no Chinguar; 24,350 no Fonte: PAM * Planificado Cutato; 26,080 na Gamba e 18,400 no Trumba em projectos de protecção de colheitas, FFW e de apoio a Grupos Vulneráveis. Tabela 3 - Beneficiarios da assistencia alimentar 13 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM CUNENE Hoque Hoque Bibala Bibala Hoque Hoque Bibala Matala Matala Quipungo Quipungo Durante o período Maio/Julho, não se registou Bibala Risco de Insegurança Alimentar Lubango Lubango mudanças significativas nas condições de Capelongo Capelongo Cavilongo Humpata Humpata Baixo Capunda Capunda Cavilongo Huila Huila acessibilidade a nível da província. A estrada que Moderado Chibia Chibia a Baixo Huíla Huíla liga a cidade de Ondjiva à Cuvelai foi Moderado Quihita Quihita recentemente reabilitada que associada a ausência das Moderado a Elevado Cahinde Cahinde chuvas, facilitou a circulação de automóveis. Elevado Mulondo Mulondo Chiange Chiange O acesso para Chitado (sede municipal de Curoca) continuou a ser efectuado com algumas dificuldades devido as características pedregosas que apresenta o terreno. A zona Leste do município de Namacunde continuou inacessível devido a suspeita de minas. Entretanto, a MgM começou a realizar trabalhos de desminagem nalgumas estradas nesta zona, enquanto que a MAG procede a desminagem nos arredores das sedes comunais do Chiede e Cafima (Cuanhama). Chinguanja Chinguanja Cuvelai Cuvelai Cuvelai Chibemba Chibemba Cahama Cahama Otchinjau Otchinjau Mupa Mupa Xangongo Xangongo Naulila Naulila Chitado Chitado Caiundo Cunene Cunene Mucope Mucope Humbe Humbe Oncocua Oncocua Cuchi Cuchi Jamba Jamba Evale Evale Nehone Nehone Mongua Mongua Ombala-Yo-Mungo Ombala-Yo-Mungo Ondjiva Ondjiva Chiede Chiede Namacunde Namacunde No decorrer do período em relato foram chegando às sedes municipais de Cuanhama, Cuvelai, Ombadja e Namacunde, 0 150 300 desmobilizados e suas famílias provenientes de vários pontos do país. O sub-grupo provincial de verificação e registo de deslocados e refugiados registou um total de 2,890 pessoas retornadas conforme se apresenta na tabela 1. A colheita e debulha dos cereais foram as principais actividades agrícolas que predominaram no trimestre em análise. Algumas famílias dos municípios de Ombadja e Cuvelai estiveram envolvidas na produção de hortícolas na margem do rio Cunene. Segundo técnicos da Direcção provincial do MINADER, apesar dos baixos rendimentos/família, a produção total obtida na campanha agrícola 2002/03 foi superior em relação a obtida no agrícola anterior (2001/02). O massango foi a cultura que melhores resultados proporcionou em todos os municípios da província, seguida da massambala. Houve referência de alguma colheita de milho apenas nos municípios da Cahama e Ombadja (rendimentos muito baixos). No município do Curoca a produção foi praticamente nula (em todas as culturas). Tabela 1 – Movimento de retorno Municípios Comunas Cuanhama Cafima e Yonde Cuvelai Cuvelai Namacunde Omatemba Cuanhama Ondjiva Total Fonte: MINARS Pessoas Famílias 935 169 779 174 354 71 822 209 2,890 623 As fracas precipitações, associada ao ataque de pássaros e a utilização de sementes degeneradas, constituíram os principais factores que determinaram os baixos rendimentos durante a campanha agrícola finda (2002/03). A FAO forneceu cerca de 1,000 kits de insumos agrícolas (sementes e instrumentos de trabalho) à OIKOS para serem distribuídos à famílias vulneráveis que se encontram na comuna de Xangongo, município da Ombadja. O tráfego de viaturas e bens no interior e para fora da província, ocorreu com normalidade, tendo como maior referência o posto fronteiriço de Santa Clara, (município de Namacunde), muito concorrido por viaturas que transportam mercadorias diversas (bens alimentares e não alimentares) para várias localidades do Cunene e províncias vizinhas (Huíla, Namibe, Huambo e Bié). Nos mercados das sedes municipais que se situam ao longo da estrada principal (Namacunde/Lubango), observou-se uma estabilidade na disponibilidade e diversidade de produtos importados. No Cuvelai, apesar de se ter melhorado as condições de acesso, a disponibilidade de produtos transformados continuou reduzida devido a distância e a fraca dinâmica do mercado local. À excepção do mercado da sede municipal do Curoca (Oncócua), houve nos demais mercados uma oferta satisfatória de cereais (massango e massambala). Fonte: VAM/PAM 14 Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Nov-02 Sep-02 Jul-02 Aug-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Feb-02 Em Julho, o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, comercializados no mercado de referência de Ondjiva, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos no mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 dias, equivaleu a USD 31.12 - representando uma redução de 22% em relação ao mês de Abril. Grafico 1 - Media mensal da cesta basica em Ondjiva USD Em consequência do aumento da oferta de bens alimentares básicos, registou-se uma redução gradual dos preços dos mesmos, tendo permitido o acesso aos alimentos à maior parte das famílias vulneráveis, que tiveram acesso aos mercados. Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Segundo técnicos do Departamento Provincial de Saúde Pública, durante o segundo trimestre do ano em curso (Abril/Junho), as principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias em funcionamento, foram a malária e as doenças diarreicas e respiratórias agudas, das quais a malária foi a patologia que mais óbitos causou. Em relação a surtos epidémicos, foi referido a notificação de 4 casos de meningite no município de Cuanhama. Foi igualmente referido que entre Abril e Junho, foram diagnosticados 35 casos (seropositivos) de HIV/SIDA a nível da província, dos quais a maior parte dos pacientes encontram-se nos municípios do Cuanhama e Ombadja. A Antena Epidemiológica Regional Sul informou que durante a primeira fase de vacinação contra o Sarampo realizada em Abril, foram imunizadas 42,411 crianças dos 9 meses aos 15 anos de idade. De acordo a informações prestadas por fontes adstritas ao Departamento Provincial de Saúde Pública, durante o período em relato, houve um abastecimento regular em medicamentos essenciais às unidades sanitárias, apesar dos fármacos não terem sido suficientes para fazer face ao grande fluxo de doentes que acorreram às unidades sanitárias. Foi referida dificuldades no acesso a água a partir de Junho, nos municípios de Namacunde, Curoca, Sul de Cuanhama e de Ombadja, enquanto que nos demais municípios, as famílias não enfrentaram muitas dificuldades. A principal actividade alternativa de geração de renda consistiu basicamente na venda de frutos silvestres. Esses frutos começaram a ser colhidos em Abril e deverá se estender até Setembro. Para além do consumo directo dos rutos, as famílias também fabricaram bebidas alcoólicas para venda e consumo. As famílias que vivem na faixa fronteiriça, comercializaram/trocaram bebidas fermentadas de fabrico caseiro na República da Namíbia, conseguindo obter cerca 15 kg de cereais por litro. A outra fonte alternativa de geração de renda praticada pelas famílias no trimestre em análise, foi a venda de artesanato (fabrico de cestos – vendido ou trocado por cereais – cerca de 20 kg/cesto) e prestação de serviços diversos. Considerações finais A assistência alimentar continuou a ser prestada nalgumas localidades de Cuanhama, Curoca, Ombadja, Namacunde e Cuvelai. Apresenta-se na tabela 3 o número de beneficiários assistidos com alimentos fornecidos pelo PAM nas categorias de Emergência (EM) e Recuperação & Reabilitação (R&R). Tabela 2 - Beneficiários da assistência alimentar Mês EM R&R Mai-03 10,491 2,795 Jun-03 3,927 Jul-03* 10,956 3,871 Fonte: PAM *Planificados Em Maio, os beneficiários do programa de emergência surgem na sequência duma avaliação da situação de segurança alimentar na comuna do Chiede em Namacunde, efectuada pelo PAM e MINARS no qual apurou-se que havia famílias residentes que necessitavam de assistência alimentar. Na categoria de Recuperação & Reabilitação verificou-se um ligeiro aumento entre Maio e Julho devido a integração no plano de distribuição de famílias (desmobilizados e suas famílias) que chegaram às suas áreas de origem. HUAMBO Calucinga Calucinga Calucinga Chicala Chicala No período entre Maio e Junho de 2003, Chicala Seles Seles Waku-Kungo Risco de Insegurança Alimentar Waku-Kungo registou-se melhorias significativas nas Amboiva Amboiva Baixo condições de acesso na parte Norte e Botera Botera Botera Botera Botera Botera Moderado a Baixo Leste da província do Huambo. Abriram-se Cambuengo Cambuengo Cambuengo Pambangala Pambangala Pambangala Pambangala Hengue Hengue Hengue Moderado as rotas anteriormente isoladas por problemas de Bimbe Bimbe Bimbe Mungo Mungo Moderado a Elevado Cassongue minas e pontes partidas, o caso da Tchinhama Cassongue Cassongue (Katchiungo), passando pelo município do Elevado Luvemba Luvemba Chindumbo Chindumbo Luvemba Luvemba Luvemba Tchinguari (Bié), Tchiumbo (Katchiungo), o que Chila Chila Chila Galanga Galanga Galanga Galanga Galanga Galanga permitiu a expansão das actividades das Bailundo Bailundo Bailundo Casseque Casseque Casseque Kumbila Kumbila Kumbila Casseque Casseque Casseque Alto Alto Wama Wama Wama Lunge Lunge Lunge organizações humanitárias, e maior actividade dos Londuimbali Londuimbali Londuimbali Chingongo Chingongo Chingongo Chingongo Chingongo Chingongo comerciantes. Verificou-se igualmente maior Balombo Balombo Ussoque Ussoque Ussoque Ussoque Cutato Cutato Cutato circulação entre a sede do município do Mungo e a Tchipeio Tchipeio Tchipeio Tchipeio Monte-Belo Monte-Belo Monte-Belo Monte-Belo Tchiumbo Tchiumbo Tchiumbo Tchiumbo Bocoio Bocoio comuna do Cambuengo (a Norte) como resultado Bocoio Chinguar Chinguar Katchiungo Chinguar Tchipipa Tchipipa Katchiungo Katchiungo Kacoma Kacoma Kacoma Kacoma Kacoma Kacoma da reparacao da ponte que liga as duas Tchikala-Tcholohanga Tchikala-Tcholohanga Tchikala-Tcholohanga Ekunha Ekunha Ekunha Ebanga Ebanga localidades. Entretanto, a via permanece fechada Tumbulo Tumbulo Tumbulo Huambo Huambo Huambo Tumbulo Tumbulo Tumbulo Huambo Huambo Huambo aos operadores humanitários. Algumas localidades Tchindjenje Tchindjenje Calenga Calenga Calenga Calenga Calenga Calenga Ukuma Ukuma Ukuma anteriormente inacessíveis por suspeita de minas, Babaera Babaera Lepi Lepi Caála Calima Calima Caála Caála Calima Calima Longonjo Longonjo Longonjo tais como Sambo, Samboto (Tchicala Tcholoanga), Ganda Ganda Huambo Huambo Cubal Cubal Cubal Sambo Sambo Sambo Upunda (Katchiungo), Chilembo (Calima-Huambo), Caimbambo Caimbambo Caimbambo Tchinhama Tchinhama Catabola Catabola estão acessíveis à comunidade humanitária. Chilata Chilata Cuima Cuima A situação na parte Sul da província não e tão Capupa Capupa Capupa Capupa Capupa favoravel para o comercio local. Continua haver Catata Catata Chicuma Chicuma Chicuma Chicuma Yambala Yambala restrições com relação a circulação nalgumas Cusse Cusse Cusse localidades dos municípios de Tchinjenje (Chicoco e Chiaca) devido à péssimas condições das Caconda Caconda Caluquembe Caluquembe Caluquembe Jamba Jamba Jamba estradas e problema de pontes partidas e nas localidades do município de Ukuma (Mundundo e Cacoma), devido também à más condições da estradas e suspeita de minas. 15 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 Tabela 1 - Movimento de retorno Município origem Localidade origem Bailundo, Lunge e Luvemba Bailundo Caala, Calenga e Cuima Caála Catchiungo - Sede Catchiungo Quipeio Ekunha Huambo e Calima Huambo Longonjo Longonjo e Lepi Londuimbali, Alto Hama, Londuimbali Cumbira e Galanga Mungo - Sede Mungo Sambo e Samboto Tchicala Tcholoanga Tchinjenje - Sede Tchinjenje Ukuma Ukuma - Sede Total PAM/Unidade VAM N.Pessoas 25,075 9,016 18,109 13,711 71,445 3,843 9,380 416 17,040 312 4,306 172,653 Durante o trimestre em análise, a equipa de registo e verificação do PAM através do MINARS, registou a chegada de 172,653 pessoas (ex-soldados da UNITA e seus familiares) de diversas ARF, transportadas pelo IRSEM e que se instalaram nas suas áreas de origem e/ou de destino na província do Huambo. A tabela 1 apresenta as estatísticas de movimento de retorno entre os meses de Maio e Julho de 2003. Durante este trimestre, as administrações municipais reportaram que o movimento voluntário de pessoas provenientes de diversas ARF para as suas aldeias tem sido maior, dado a época de preparação de terras de cultivo que se avizinha. O município que recebeu maior número de retornados foi o Huambo – Sede com cerca de 41%, seguido pelos municípios de Bailundo com cerca de 14.5% e de Katchiungo com 10.4%. Fonte: MINARS, IRSEM, Administrações Municipais e PAM Em Março foram fechadas as ARF; contudo, a de Chongolola (Sambo) manteve ainda um efectivo de 1,025 Ex-militares e 5,838 famílias, totalizando 6,863 pessoas até Julho. O período entre Maio e Julho correspondeu a fase de colheita das principais culturas de sequeiro da época agrícola 2002/03, Algumas famílias camponesas estiveram envolvidas na preparação de das terras baixas para o cultivo de milho, feijão e hortícolas), e deu-se inicio também a preparação e a planificação da campanha agrícola 2003/04. Segundo dados do MINADER e da FAO, 328.257 famílias teriam estado envolvidas na ultima campanha agrícola, da qual resultaram colheitas razoáveis para as principais culturas (milho e feijão), apesar de ter havido algumas diferenças geográficas. Os municípios que tiveram melhor colheita de milho na presente campanha foram: Londuimbali, Caala, Longonjo, Ekunha e Huambo, cujas reservas estimaram-se em média entre 4-5 meses após a colheita (mês de Maio), enquanto que para o feijão os municípios do Londuimbali, Mungo e Longonjo, com reservas estimadas entre 2-3 meses foram os mais produtivos. O relativo aumento verificado nas colheitas da presente época agrícola deveu-se, entre outros factores, à abrangência à terras agricultáveis de áreas rurais remotas, fruto do clima de segurança (apesar da baixa fertilidade dos solos e reduzida utilização de fertilizantes), a maior disponibilidade de insumos por parte das famílias camponesas e a regularidade na distribuição das chuvas ao longo do ano. O regresso tardio de algumas famílias provenientes das ARF para as suas áreas de origem, fez com que não participassem na campanha agrícola 2002/03, factor que contribuiu para o aumento do seu grau de vulnerabilidade a insegurança alimentar. Para a campanha agrícola 2003/2004, estima-se que 400,000 famílias necessitarão de insumos agrícolas. Este numero é relativamente maior ao da época passada devido ao grande movimento de Tabela 2 - Beneficiarios da assistencia alimentar Mes EM RETI R&R Realizado retorno de ex-militares da UNITA e seus familiares para esta província. A planificação de assistência feita ate ao momento indica que os operadores humanitários prevêem assistir apenas 43.5 porcento (cerca de 174,000) destas famílias e as restantes deverão ser abrangidas pelos programas de assistência do MINADER. Mai-03 Jun-03 Jul-03* Fonte: PAM 98,041 110,431 128,845 211,333 207,501 278,179 3,626 3,311 4,638 313,000 321,243 411,662 * Planificado Nos mercados das sedes municipais e nos rurais situados ao longo das principais vias, verifica-se boa disponibilidade de alimentos de produção local - cereais e hortícolas de produção local. Essa disponibilidade tem se reflectido na baixa de preços dos produtos básicos (conforme mostra o gráfico 1), e julga-se que tem tido um impacto positivo para as famílias de baixa renda, cujo as receitas provem maioritariamente de serviços no sector agrícola. Em Julho/03, o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos no mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 dias, foi de USD 19.53 USD - representando uma redução de cerca de 12% em relação ao mês de Abril/03. Apesar de se começar a notar o aumento dos preços no mês de Julho, é muito provável que os preços manter-se-ão abaixo da media dos últimos quatro anos. Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Huambo 30 25 USD 20 15 10 5 Jul-03 Jun-03 May-03 Apr-03 Mar-03 Feb-03 0 Fonte: VAM/PAM 16 No entanto, constatou-se que os mercados dos municípios de Tchicala –Tcholoanga e Mungo são menos dinâmicos. Não se nota estabilidade no fornecimento local de produtos hortícolas e os cereais (milho e feijão), o feijão colhido no Mungo foi maioritariamente vendido no Bailundo, devido ao fraco poder de compra da população local. O mercado do município do Katchiungo é caracterizado com boa disponibilidade e fornecimento regular de alimentos de produção. Entretanto parte da sua produção, particularmente a batata rena da localidade de Sahemba (Katchiungo), é mais comercializada no município de Chinguari (Bié), atendendo a proximidade e presença Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM de alguns comerciantes do Kuando Kubango. A abertura a via comercial Huambo-Kuito-Menongue poderá contribuir grandemente para a estabilidade dos preços. A rede dos serviços de saúde continua inalterada em relação ao trimestre anterior. Dados do GACAMEC indicam que a actual rede cobre em media cerca de 52 das necessidades da província. A Figura 3 mostra a nível de cobertura determinada em função do numero de habitantes por município. Contudo, têm se registado melhorias nos serviços prestados e as condições higiénico–sanitárias aos níveis dos Hospitais municipais (segundo nível) e ao nível do Hospital Central de referência. Isso deve-se essencialmente ao novo modelo de descentralização de verbas, que garante ao Hospital certa autonomia de gestão de fundos, que se destinam à compra de medicamentos essenciais e material gastável e de limpeza. Segundo a OMS, as patologias correntes diagnosticadas no período entre Maio e Julho/03 apresentam-se, de modo geral, com tendência a redução de casos de malária, (a principal Figura 3 - Nível de cobertura da rede sanitária por causa de mortalidade materno-infantil na época chuvosa). município Nessa época, verifica-se um aumento de infecções respiratórias agudas (IRA) por razões mormente ligadas a época de correntes frias do cacimbo em curso. Ekunha Dados da UNICEF, sobre a vigilância epidemilógica dos serviços locais de saúde na província do Huambo, notificou 53 casos de sarampo durante os últimos 6 meses e 10 casos de meningite em crianças. Durante o trimestre em análise realizou-se a campanha nacional de vacinação anti-sarampo, cujos resultados indicam uma cobertura acima de 100% a nível da província. Isto é; das 526,373 pessoas do grupo alvo (entre os 9 meses aos 14 anos), foram vacinadas 528,191 pessoas. Depois de Abril/03 a rede provincial de centros nutricionais reduziu de 20 para 12 CNS nos municípios de Londuimbali, Huambo, Tchinjenje, Ukuma, Longonjo, Ekunha, Tchicala Tcholoanga e Katchiungo. Os CNT passaram de 10 para 5 CNT localizados nos municípios de Londuimbali, Tchinjenje, Ukuma, Huambo e Longonjo. A base dessa redução é a diminuição do número de admissões, tendo em conta o período de colheitas da primeira época agrícola e provavelmente ao aumento de consumo de produtos hortícolas, e pelo maior acesso aos serviços básicos de saúde. T.Tcholoanga Ukuma Tchinjenje Mungo Longonjo Londuimbali Katchiungo Huambo Caala Bailundo Entretanto, com a previsão da ruptura das reservas alimentares 0 20 40 60 80 100 a partir de Agosto, e tendo em conta o contínuo movimento de Nivel de Cobertura (%) retorno das pessoas de diversas ARF e não só, os índices de malnutrição moderada poderão subir e consequentemente aumentar o numero de novas admissões nos centros nutricionais e efetivamente prolongar-se o período de estadia média que no trimestre entre Maio e Julho foi em média de 60 dias por falta de complemento alimentar. No mês de Junho a MOVIMONDO abriu dois centros nutricionais suplementares no município de Katchiungo e no município de Tchicala Tcholoanga, em função dos resultados das avaliações nutricionais realizadas nessas localidades. Durante as avaliações constatou-se que a população retornada enfrenta maiores problemas nutricionais particularmente nas aldeias de Boas águas (a Oeste) e nas aldeias a norte de Tchicala Tcholoanga, no corredor entre Mbave e Tchiumbo (Katchiungo). A tabela 3 ilustra os resultados dos inquéritos realizados em três municípios, com o método de peso/altura. Tabela 3 – Inquéritos Nutricionais Data Local Grupo populacional *Abril Maio Junho Municipio do Huambo Municipio de Katchiungo Muncipio de Ekunaha Residentes Residentes e Retornados Residentes Fonte: MINSA, Concern e MOVIMONDO Resultados (Z-Score) Global Severa 4.5% (IC 3.3-6.0%) 0.5% (IC 0.2-1.2%) 6.9% (IC…) 0.9% (IC…) 4.0% (IC…) 0.0% * Os resultados foram publicados em Junho aleatórias de 30x30 cluster. Em Abril do corrente ano o MINSA, em parceria com o UNICEF, SCF-UK, Concern e OMS, realizou um inquérito nutricional a 900 crianças de 6 -59 meses no município do Huambo, utilizando o método Peso/Altura com 2 amostras Em Maio a MOVIMONDO realizou um inquérito nutricional (Peso/Altura) no município de Katchiungo, tendo avaliado 316 crianças menores de 5 anos. Os resultados (6.9% global), indicam uma situação preocupante do estado nutricional das crianças principalmente de famílias retornadas devido a dificuldade no acesso a fontes alternativas de rendimento pela pobreza da população que se encontra na fase inicial de instalação. No mês de Junho a CONCERN realizou, igualmente um inquérito nutricional (Peso/Altura) no município da Ekunha. O resultado expresso em Z-score é de 4% de malnutrição global. De modo geral, os resultados dos inquéritos realizados no Huambo e na Ekunha, revelam melhoria no estado nutricional das crianças devido a cobertura dos programas de intervenção nutricional (CNS e CNT), movimento de retorno de pessoas da cidade do Huambo para as suas aldeias de origem e devido a melhoria na acessibilidade da população em recorrer aos serviços sanitários a partir das suas áreas, anteriormente isoladas. No âmbito de vigilância nutricional, a equipa provincial de Avaliações Rápidas das Necessidades Alimentares Criticas (RFNA), levou a cabo algumas despitagens nutricionais á crianças entre 6-59 meses de idade (65 - 110 cm) utilizando o 17 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM MUAC. A situação nutricional é mais preocupante para as crianças de famílias de pessoas retornadas que não teve acesso à campanha agrícola por regressar às suas áreas de destino no fim do período de sementeiras da campanha agrícola 2002/03 a escassez de alimentos, ao desmame precoce e introdução de alimentos aos bebés (duas semanas após o seu nascimento), a falta (na comunidade) de noções sobre alimentação variada e balanceada (alimentação limita-se a fungi com feijão e batata doce) e a patologias associadas, com particular realce para o caso de malária e Doenças diarreicas agudas, devido em parte a má qualidade de água de consumo. O trimestre em analise, correspondeu ao período de maiores oportunidades de geração de renda para as famílias (homens e mulheres) retornadas e residentes. Algumas actividades sazonais praticadas foram: a confecção de adobes (5kz para 2 adobes), abertura e/ou limpeza das cacimbas dada a época seca (2,000 Kz abertura de uma cacimba com aproximadamente 13 m de profundidade), empreitas para a colheitas de milho nas lavras de pequenos agricultores, especialmente nos municípios de Caala, Longonjo, Huambo, Katchiungo, Londuimbali e Bailundo, com um pagamento em dinheiro ou a espécie que varia entre 70 - 100 Kz por cada dia de trabalho ou o equivalente a 5 Kg de milho. Na zona sul do Huambo, Ngove, (Cuima-Caala) e Chilembo (Calima-Huambo) grande parte de famílias dedica-se, para além da agricultura, à pesca artesanal ) para fins comerciais (610 gr de peixe no valor de 100 Kz.) e para o consumo. No entanto, a pesca será mais lucrativa nos meses entre Agosto e Outubro quando diminuir o caudal dos rios e reduzir o frio. Ainda no Ngove, algumas pessoas dedicam-se a serviços de embarcações no transporte de pessoas (beneficiários do PAM) que vêem de Caputo, Eiumbi, Camatenda, Catalambongo na margem norte dos rios Cunene, Kuando e Calai (que afluem na barragem do Ngove), para as localidades de Ngove, Camunda, Sacatanda e Calui, parte sul dos rios. O pagamento é feito à espécie (5 kg de milho e 1 lata de cerveja com óleo por pessoa). Em suma, o comércio informal venda ambulante e os serviços ocasionais, constituem as principais fontes de rendimento. Considerações finais As áreas geográficas que poderão estar em maior risco de malnutrição na província são os locais onde se verifica maior concentração de retorno de pessoas vindas das ARF, que não tiveram acesso a campanha agrícola por terem retornado fora do período de cultivo e locais que tiveram poucos rendimentos pela baixa fertilidade intrínseca dos solos e/ou devido as sementes com um potencial genético não adaptável as condições pedológicas e climatéricas da região: comuna de Chiaca (Tchinjenje) e Cambuengo (Mungo), Tchinhama (Katchiungo), Cululu (Bailundo) e comuna de Cacoma, (Ukuma). Entre as regiões cuja situação de vulnerabilidade à insegurança alimentar foi considerada elevada, encontram-se as comunas de Chiaca (Tchinjenje), Mundundo (Ukuma), Cambuengo e Mungo, Tchinhama (Katchiungo). Recomenda-se ao Governo e as instituições ligadas a serviços de pontes para a reparação das ponte que dão acesso as localidades de Chiaca e Mundundo. De igual modo recomenda-se as Instituições envolvidas na operação de desminagem para limpeza de alguns campos agrícolas na comuna de Tchinhama e deminagem da via para a comuna de Cambuengo. HUÍLA Durante o período Maio/Julho, registou-se um fluxo regular de automóveis nas diferentes vias de acesso inter-comunais, municipais e provinciais, apesar das más condições em que se encontram alguns troços, com maior destaque nos municípios das regiões Norte e Nordeste da província. Cuima Cuima Chilata Chilata Chilata Capupa Capupa Capupa Capupa Catata Catata Chicuma Yambala Yambala Chicuma Cusse Cusse Cusse Bolonguera Bolonguera Chongoroi Chongoroi Chongoroi Chongoroi Caconda Caconda Impulo Impulo Impulo Impulo Camucuio Camucuio Caluquembe Caluquembe Calepi Calepi Uaba Uaba Uaba Uaba Quilengues Quilengues Negola Negola Negola Negola Chicomba Chicomba Ao longo do período em análise, a APN, MgM e a Dinde Dinde Dinde Dinde Lola Lola Lola Lola INTERSOS, procederam respectivamente a verificação Caitou Caitou Cacula Cacula e desminagem nas vias Matala/Cherequera/Cutenda, Bibala Hoque Hoque Bibala Bibala Caconda/Gungue e Chipindo/Bambi. No mês de Julho, Bibala Quipungo Quipungo Quipungo Quipungo Lubango Lubango técnicos do UNSECOORD realizaram avaliações de Lubango Lubango segurança (condições para a utilização das vias e Capunda Capunda Cavilongo Humpata Humpata Capunda Capunda Cavilongo Cavilongo Cavilongo Humpata Humpata Huila Huila implementação de acções humanitárias nas localidades Chibia Chibia Huíla Huíla avaliadas, por técnicos adstritos as Organizações e Quihita Quihita Quihita Quihita Agências das Nações Unidas) nos municípios de Cahinde Cahinde Caconda e Jamba. Chiange Chiange Jamba Jamba Chitembo Chitembo Galangue Galangue Galangue Galangue Chipindo Chipindo Malengue Malengue Vissati Vissati Vissati Vissati Cutato Cutato Kuvango Kuvango Cutenda Cutenda Dongo Dongo Matala Matala Matala Jamba Jamba Jamba Jamba Capelongo Capelongo Mulondo Mulondo Chiange Chiange Chibemba Chibemba No município de Caconda, foi recomendada a abertura das vias que ligam à sede municipal às sedes comunais do Gungue e Uaba, assim como as vias que dão acesso as aldeias do Tchiueka e Tchipembe (comuna do Cahama Cahama Cahama Cahama Cahama Cusse) e aldeia de Tchicambi (comuna do Gungue). Mucope Mucope Mucope Mucope Devido a suspeita de minas e uma ponte partida, Otchinjau Otchinjau Otchinjau Otchinjau Otchinjau Otchinjau continua encerrada a via Gungue/Chipindo. No Oncocua Oncocua Humbe Humbe município da Jamba, foi recomendada a abertura da via que dá acesso a aldeia de Tchamutete. Cuvelai Cuvelai Risco de Insegurança Alimentar Baixo Moderado a Baixo Mupa Mupa Moderado Moderado a Elevado Cunene Cunene Elevado Evale Evale Evale Nehone Nehone Devido a pontes partidas e/ou suspeita de minas, continuaram inacessíveis para as organizações humanitárias algumas vias primárias e secundárias que dão acesso à sedes comunais e aldeias dos municípios de Chicomba, Chipindo, Kuvango, Jamba e Quilengues. 18 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM As representações municipais do MINARS em colaboração com as administrações municipais de Caconda, Kuvango, Matala e Lubango criaram infra-estruturas (centros de trânsito) para a recepção de famílias que se dirigem às suas áreas de origem. Até ao final de Julho, cerca de 900 pessoas (desmobilizados e suas famílias) encontravam-se no centro de trânsito do km 9 - Matala, aguardando por transporte para as suas áreas de origem - Caconda e Caluquembe. Tabela 1 – Movimento de retorno Município de Retornados chegada confirmados Caconda 6,417 Cacula Caluquembe 785 6,233 Chibia 75 Chicomba 32,612 Chipindo 30,440 Jamba 7,834 Kuvango 31,330 Lubango 800 Matala 2,417 Quilengues 1,128 Quipungo 79 Total 120,150 O processo de transporte dos desmobilizados e seus familiares que se encontram nas áreas de Aquartelamento/Acolhimento de Galangues I, II e III, ainda não terminou por razões logísticas (transporte). De acordo aos dados referidos pelo grupo provincial de verificação e registo de deslocados e refugiados, até ao final de Julho haviam sido confirmadas um total cumulativo de 120,150 pessoas que retornaram às suas áreas de origem, das quais 19,324 pessoas (que se encontravam nas áreas de acolhimento dos Galangues e de outras províncias) retornaram durante o período em análise (municípios de Caconda, Cacula, Caluquembe, Matala e Quilengues). Na tabela 1 apresenta-se o número de famílias registadas por município. Algumas famílias deslocadas que se encontravam nos campos de deslocados e áreas de reassentamento temporário nos arredores da sede municipal de Caconda, que já haviam regressado às suas áreas de origem, estão novamente a regressar aos campos, alegando dificuldades no acesso aos alimentos e inexistência de assistência humanitária nas áreas de retorno. Fonte: MINARS Dados da Direcção provincial do MINARS, referem que até finais de Julho existiam nos campos de deslocados e áreas de reassentamento de Caconda, Caluquembe, Matala e Cacula um total de 26,273 reassentados e 32,275 deslocados que aguardam por apoio em transporte para regressarem às suas áreas de origem. No período em análise, as famílias estiveram envolvidas na colheita de cereais (milho, massango e massambala) e leguminosas (2ª época), assim como estiveram engajados na produção de hortícolas diversas e outras culturas nas terras baixas. Técnicos do MINADER e das ONGs ligadas ao sector agrícola, afirmaram que os resultados da campanha agrícola 2002/03 foram satisfatórios para os residentes por estes serem detentores de maiores e melhores áreas aráveis e meios de produção (gado e charruas). Quanto aos retornados, apesar de terem tido acesso a boas terras (férteis), obtiveram baixas produções por diversas razões entre as quais o atraso da sementeira, insuficiência de sementes e instrumentos de trabalho, assim como a reduzida área preparada por inexistência de gado de tracção. As famílias que se encontravam nos campos de deslocados e áreas de reassentamento temporário, obtiveram baixas colheitas devido ao facto de terem cultivado em solos pobres e parcelas pequenas. A maior parte das famílias que cultivaram nas terras baixas, adquiriram sementes de hortícolas e outras culturas praticadas durante a estação seca nos mercados locais. A partir da segunda quinzena de Julho, as famílias começaram a colher hortícolas diversas. No âmbito do apoio a campanha agrícola 2003/04, algumas ONGs receberão da FAO e da EuronAid insumos agrícolas, para serem distribuídos a um total de 46,653 famílias (retornados e residentes vulneráveis). O kit de insumos agrícolas da FAO que se prevê distribuir por família contém: 10 kg de milho, 5 kg de feijão, 40 g de hortícolas, 1 enxada e 1 catana, enquanto que o kit da EuronAid integra: 15 kg de milho, 2 kg de feijão, 2 enxadas, 1 machado, 1 catana e 1 lima. Na tabela 2 apresenta-se o plano de distribuição por municípios. Foram priorizadas as áreas com maior risco geográfico de vulnerabilidade à insegurança alimentar. Tabela 2 - Plano de distribuição de insumos agrícolas Município Euronaid FAO Caconda 3,000 Cacula 2,760 - Chicomba 3,104 6,048 Chipindo 13,000 - 3,559 360 Jamba Kuvango Total 25,423 9,345 5,477 21,230 Fonte: FAO e ONGs A ligeira melhoria no trânsito rodoviário durante a estação seca, contribuiu para um maior fluxo de viaturas nas diversas vias primárias e secundárias. Em relação ao trimestre anterior, não se registou qualquer alteração no funcionamento do comboio nas vias ferroviárias Lubango/Quipungo/Matala e Lubango/Namibe. Grande parte dos cereais e leguminosas comercializados nos mercados do Lubango e Humpata eram provenientes dos municípios de Quipungo e Matala que também serviram de principal fonte para as províncias do Namibe e Benguela. Em quase todos os mercados municipais houve um aumento da disponibilidade e diversidade de produtos agrícolas, com realce aos cereais e leguminosas, facto que contribuiu para a redução dos preços. Nos municípios de Quipungo e Matala, foi notável a comercialização de milho antigo (da campanha anterior) a preços mais baixos. A oferta de produtos importados, manteve-se estável em quase todos os mercados com excepção aos das sedes municipais de Chipindo e Chicomba que durante o período em análise, passaram a ser muito procurados (novos mercados – com facilidade de compra e venda de produtos diversos) por negociantes ambulantes provenientes dos municípios do Lubango e Matala e da província do Huambo. 19 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Lubango Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Nov-02 Sep-02 Jul-02 Aug-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Feb-02 USD Em Julho, no mercado de referência do Lubango, o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos no mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 dias, equivaleu a USD 22.24 -representando uma redução de 16% em relação ao mês de Abril. As principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias que Fonte: VAM/PAM funcionaram na província durante o trimestre em análise, foram a malária e doenças respiratórias e diarreicas agudas. A malária foi a que mais mortes causou com maior incidência em crianças menores de cinco anos. Quanto aos surtos epidémicos, foram notificados 45 casos de sarampo com 7 mortes e 17 casos de meningite. A maior parte dos casos foram notificados nas unidades sanitárias em funcionamento no município do Lubango. Durante a campanha de vacinação contra o Sarampo realizada em Maio, foram imunizadas 217,379 crianças dos 9 meses aos 5 anos de idade. A cobertura de vacinação nos municípios do Kuvango, Cacula, Quilengues, Caconda, Chipindo e Jamba foi abaixo da previsão. Outras 3,266 crianças foram imunizadas em Junho durante a vacinação de rotina. Ao longo do trimestre em análise, registou-se nos Centros Nutricionais Terapêuticos e Suplementares (CNT e CNS) que funcionam nas sedes municipais do Chipindo, Matala e Jamba (Dongo – apenas CNS) uma redução gradual das admissões, enquanto que na sede municipal de Caconda, registou-se um aumento das admissões no CNT e não houve variação (em relação ao trimestre anterior) nas admissões no CNS. Durante o mês de Junho, a AICF realizou inquéritos nutricionais nas sedes comunais de Caconda e Cusse, dirigido a população residente, deslocada e retornada. O tamanho da amostra foi de 366 crianças (6-59 meses de idade) seleccionadas aleatoriamente nas duas localidades. Embora com certo atraso, pelo facto do relatório ter sido publicado apenas em Junho, apresenta-se igualmente na tabela 3, os resultados do inquérito nutricional realizado pelos MSF-E, direccionado à residentes da sede municipal da Matala e deslocados que se encontravam nos campos da Fazenda Tomba e Candjanguity. As amostras foram de 949 crianças entre os residentes e 725 entre os deslocados. Apesar da taxa de malnutrição global no seio dos residentes no município da Matala, estar um pouco acima do normal ( 5%), revela uma tendência de melhoria em relação a situação registada em Junho/02. No seio dos deslocados a situação é normal. Tabela 3 – Inquéritos Nutricionais Data Local Método Grupo Populacional Resultados (Z-Score) Global Severa Mar-03 Matala (sede) P/A Residentes 7.4 [5.4 - 9.4] 0.8 [0.2 - 1.2] Mar-03 Matala (F.Tomba e Candjaguity) P/A Deslocados e Retornados 4.6 [2.5 - 6.4] 0.6 [0.2 - 1.1] Jun-03 Caconda (sede) e Cusse P/A Residentes, IDPs e Retornados 9.9 [7.4 - 13.1] 1.5 [0.6 - 3.2] Fonte: MSF-E e AICF Relativamente a Caconda e Cusse os resultados demostram uma situação preocupante que necessita de intervenção imediata de modo a não evoluir para níveis críticos. Durante a despistagem nutricional (MUAC) realizada em Julho pelos MSF-E nos arredores da sede municipal do Dongo, foi obtida uma taxa de malnutrição global de 11.5% e severa de 0.4%, resultados que dão indicações de uma situação que exige monitoria do estado nutricional das famílias. Durante o período em análise não registou-se dificuldades no acesso a água para consumo da população. O nível dos lençóis freáticos garantiram água em quantidade suficiente para toda a população. As principais fontes de água continuaram a ser as bombas manuais, cacimbas e fontenários. As principais actividades de geração de renda realizadas pelas famílias que vivem nas zonas urbanas, foram o comércio informal, transportação de cargas e prestação de serviços domésticos. Nas zonas sub-urbanas e rurais foram notáveis actividades como a prestação de serviços à famílias que obtiveram colheitas satisfatórias (colheita e debulha dos cereais); construção de casas e venda de produtos diversos (mel - principalmente a Nordeste da província; bebidas fermentadas e artesanato). Importa referir que em zonas recentemente acessíveis as famílias tiveram poucas oportunidades de realizar actividades de geração de renda. Durante algumas visitas de campo em localidades das regiões Norte e Nordeste da província, constatou-se que várias famílias vulneráveis (fundamentalmente as recém chegadas as áreas de origem e que não recebem assistência alimentar), reduzem o número de refeições em consequência da escassez de Tabela 4 - Beneficiários da assistência alimentos. alimentar Mês Mai-03 Considerações finais No geral, notou-se melhorias quanto ao risco geográfico à insegurança alimentar de várias localidades da província comparativamente ao mês de 20 EM ARF R&R 24,997 9,743 76,266 Jun-03 28,322 Jul-03* 25,969 Fonte: PAM 10,305 106,889 150,964 *planificado Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Janeiro de 2003. No entanto, algumas comunas dos municípios de Caconda (Cusse e Uaba), Chicomba (sede municipal e Cutenda), Chipindo e Kuvango (Galangue), continuam a apresentar graus de risco geográfico à insegurança alimentar preocupantes (Moderado a Elevado). O PAM e seus parceiros continuaram a prestar assistência alimentar a vários grupos populacionais nas categorias de Emergência (EM), Áreas de Acolhimento (ARF) e Recuperação & Reabilitação (R&R). O aumento verificado em Junho na categoria Emergência foi devido a inclusão no plano de distribuição dos deslocados que já haviam retornado às suas áreas de origem, mas por falta de assistência alimentar nas localidades em que se encontravam, voltaram aos campos de deslocados de Caconda e Caluquembe. O aumento gradual de beneficiários na categoria Recuperação e Reabilitação está relacionado, fundamentalmente, com o retorno de populares às suas zonas de origem. KUANDO KUBANGO No período Maio/Julho, registou-se um fluxo regular na circulação automóvel a partir da cidade de Menongue para as sedes municipais e comunais do Cuito Cuanavale, Mavinga, Caiundo, Savate, Catwitwi, assim como na via soba Matias/Mumbué (Bié). Kuito Kuito Chitembo Chitembo Soma Soma Cuanza Cuanza Malengue Malengue Mumbué Mumbué Cangamba Cangamba Cuelei Cuelei Cuelei Cuelei Vissati Vissati Risco de Insegurança Alimentar Baixo Moderado a Baixo Lumbala-Nguimbo Lumbala Lumbala-Nguimbo Lumbala Moderado Cutato Cutato Cuchi Cuchi Longa Longa Lupire Lupire Menongue Menongue Registaram-se igualmente movimentos de automóveis com tracção - ligeiros e pesados Chinguanja Chinguanja Cuito Cuito Cuanavale Cuanavale (comerciantes e funcionários de órgãos do Cutuile Cutuile Cunjamba Cunjamba Estado e Governo), a partir da sede municipal Jamba Jamba Cueio Cueio de Mavinga para Rivungo e Mucusso (via Baixo Baixo Longa Longa Caiundo Caiundo Capembe/Likua/Mucusso), enquanto que a Mavinga Mavinga partir de Catwitwi, (passando pelo território Kuando Kuando Kubango Kubango Namibiano), realizaram-se ligações com as Cunene localidades de Mucusso, Dirico, Calai e Cuangar Cunene (travessia do rio Cubango em jangadas). Houve referências sobre a circulação de automóveis (funcionários dos órgãos do Estado e Governo) na via que liga a sede municipal de Calai com as localidades de Mavengue, Maué, Rito, Nancova e Baixo Longa. Savate Savate 300 Moderado a Elevado Elevado Luengue Luengue Maue Maue Mavengue Mavengue Katwitwi Katwitwi Cuangar Cuangar Xamavera Xamavera Xamavera Mucusso Mucusso Calai Calai Xamavera Técnicos do UNSECOORD e OCHA, realizaram Dirico Dirico no período em análise, avaliações de segurança nas sedes municipais do Cuangar, Calai, Dirico e Mucusso, tendo sido consideradas abertas para a implementação de acções humanitárias. Em finais de Julho, foi realizada uma missão conjunta (PAM, UNHCR, CNR, INTERSOS e MOVIMONDO) às sedes municipais do Cuangar e Dirico, para Tabela 1 - Movimento de retorno avaliação das necessidades criticas. Após a análise da situação, a Municipio Comuna Pessoas equipa de avaliação recomendou a implementação de projectos Menongue Menongue 17,700 integrados de assistência humanitária (apoio à produção agrícola, Menongue Chipompo 350 alimentação e reabilitação de infra-estruturas sociais). kilometres Menongue Kuelei 354 Menongue Calulu 437 Menongue Dumbo Menongue Caiundo Menongue Missao Capico 168 4,557 256 Menongue Cavanga 300 Menongue Mucundi 416 Cuchi Cuchi 2,500 Cuito Cuanavale Cuito Cuanavale 1,010 Cuito Cuanavale Longa Cuangar Sede, Savate e Catwitwi Calai Calai Total 76 694 1,007 29,825 Fonte: Grupo provincial de registo Uma equipa de desminagem das FAA está a realizar prospecções e desminagem na via Cuangar/Calai/Dirico e nalguns troços estão a ser abertas vias alternativas. Ao longo do período em relato, foram registados pelo grupo provincial de registo um total de 29,905 pessoas (ex-deslocados, desmobilizados e familiares assim como ex-refugiados provenientes da Namíbia e que retornaram às suas áreas de origem (diversas localidades dos municípios de Menongue, Cuchi, Cuito Cuanavale, Cuangar e Calai, conforme se apresenta na tabela 1. Entre Maio à Julho, o grupo municipal de registo de Mavinga, registou na sede municipal 5,680 pessoas, provenientes das localidades de Likua, Luengue, Rivungo e Jamba, que abandonaram as suas áreas de origem, à procura de assistência humanitária (alimentos e acesso a assistência médica). Durante o período em análise, as famílias que se dedicam a produção agrícola, estiveram envolvidas na colheita de cereais (massango, massambala e milho) e leguminosas (feijão). Algumas famílias que possuem parcelas de terra nas baixas, cultivaram hortícolas diversas e milho, obtendo as primeiras colheitas de hortícolas em finais de Julho. Em consequência da irregularidade da chuva, os rendimentos das culturas foram baixos, proporcionando fracas colheitas e consequentemente reservas de cereais insuficientes para as famílias. 21 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Fontes adstritas à Administração municipal de Mavinga, informaram que através das autoridades tradicionais, foram distribuídas parcelas de terra às famílias (desmobilizados e seus familiares) reassentadas nas localidades de Lomba Ponte, Dima, Mihumbe, Benda e Cunjamba. Com o propósito de garantir o envolvimento das famílias que retornaram às suas áreas de origem na campanha agrícola 2003/04, a Fundação Sagrada Esperança, distribuiu nos municípios de Menongue, Cuchi, Cuangar e Calai, sementes de hortícolas, milho, charruas e motobombas. Com o mesmo propósito, o MINADER também distribuiu nos municípios do Cuito Cuanavale, Mavinga, Cuchi e Rivungo, 22 Charruas, 100 enxadas (europeias e tradicionais) e sementes de milho. O CNR também distribuiu enxadas europeias e tradicionais, catanas, limas e manchados a 8,871 famílias reassentadas e novos deslocados que se encontram no município de Mavinga. Na tabela 2 apresenta-se o plano de distribuição de insumos agrícolas a nível da província, que prevê abranger um total de 21,976 famílias que se encontram em diferentes localidades dos municípios de Mavinga, Menongue, Cuangar, Calai e Dirico. Tabela 2 - Plano de distribuicao de insumos agricolas Muncipio Menongue No familias FAO G N* 2,506 2,506 Cuchi 580 580 Caiundo 549 549 Mukundi 72 72 Missao Capico 52 52 Cavanga 53 Savate/Catuitui 600 200 400 Cuangar 2,450 2,000 450 Calai 1,600 1,200 400 Dirico 500 500 Mavinga 8,871 Total 17,833 Fonte: MINADER 53 8,871 6,986 10,847 * Gov.da Noruega Com o aumento da circulação de pessoas e bens nas vias que dão acesso as províncias da Huíla, Bié e República da Namíbia, bem como nas vias inter-municipais e comunais, registou-se um aumento da disponibilidade e diversidade de produtos alimentares básicos nos diversos mercados rurais e urbanos, fundamentalmente nas sedes municipais de Menongue, Cuito Cuanavale, Mavinga e Cuchi. A excepção dos mercados dos municípios acima referidos que têm um funcionamento normal durante o dia, os demais mercados funcionam geralmente apenas no período da tarde. Nos municípios de Cuangar e Calai, as famílias recorrem aos mercados das localidades mais próximas da República da Namíbia, quer para adquirir os alimentos básicos e outros bens de consumo que necessitam, assim como para comercializar (venda e/ou troca) alguns produtos como capim, caniço e mangongo (raiz de planta silvestre). De um modo geral, os preços dos produtos alimentares básicos nos municípios situados na orla fronteiriça são mais elevados comparados com os praticados nos mercados de Menongue, Cuito Cuanavale, Mavinga e Cuchi. A título de exemplo, 1 kg de fuba de milho vendido nos mercados de Menongue, Cuito Cuanavale e Cuchi ao preço de Kz 25.00, no Cuangar e Calai o mesmo produto é vendido à Kz 89.00 (equivalente a 5 dólares Namibianos). O litro de óleo vendido em Menongue por Kz 100.00 é comercializado em Cuangar e Calai por Kz 200.00. Nestes municípios, para além da utilização da moeda nacional também se utiliza com frequência a moeda Namibiana. No período em relato registou-se uma redução gradual do preço médio mensal do milho, enquanto que não houve variações significativas nos preços do feijão e sal. No entanto, verificou-se um aumento significativo do preço médio mensal do óleo vegetal, que provocou um aumento do Gráfico 1 - Média mensal da cesta básica no Menongue custo médio mensal da cesta alimentar básica. 70 60 USD 50 40 30 20 10 Fonte: VAM/PAM Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Nov-02 Sep-02 Aug-02 Jul-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 Feb-02 0 Em Julho, no mercado de referência de Menongue, o custo médio mensal da cesta alimentar básica, constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em Kg ou litro), foram os mais baixos do mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 Kcal/pessoa/dia durante 30 dias, foi equivalente a USD 24.30 – correspondendo a um aumento de cerca de 18% em relação ao mês de Abril. As principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias que estiveram em funcionamento na província durante o período em referência foram a malária e doenças diarreicas e respiratórias agudas, das quais a malária foi a patologia que mais óbitos causou. Segundo fontes da Direcção provincial de saúde, durante a campanha de vacinação contra o Sarampo, foram vacinadas a nível da província 133,473 crianças com idades compreendidas entre os 9 meses e 15 anos. Nas vacinações de rotina ao longo do trimestre em relato, foram vacinadas contra a Poliomielite 103,526 crianças menores de 5 anos em todos os municípios da província. Técnicos da Antena de vigilância epidemiológica da província, informaram sobre a notificação de três casos de Paralesia Flácida Aguda nos municípios do Cuchi (dois casos) e Menongue (um caso). Ao longo do trimestre em análise, estiveram em funcionamento dois Centros Nutricionais Suplementares (CNS) e um Terapêutico CNT) no município de Menongue (sede municipal e na localidade do Dumbo), geridos pela Direcção Provincial de Saúde. Entre Maio à Julho, a tendência das admissões no CNS e CNT que funcionam na sede municipal de Menongue foram de aumento, enquanto que no CNS do Dumbo foi de redução. 22 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM As principais fontes de água para consumo das famílias que vivem na cidade de Menongue e arredores, têm sido os rios e cacimbas, embora haja em funcionamento um sistema de captação e tratamento de água cuja distribuição é bastante limitada. Nas demais sedes municipais e áreas rurais, as famílias consomem água dos rios, cacimbas e nascentes naturais. Com o propósito de melhorar o saneamento básico a nível da sede municipal de Mavinga e a qualidade da água consumida pelas famílias, técnicos da Direcção municipal de Saúde em parceria com o MSF, têm realizado campanhas de construção de latrinas familiares na maior parte dos bairros e abertura de poços de água ao longo da margem do rio Cúbia. A excepção da cidade de Menongue onde os serviços comunitários procedem regularmente a recolha de lixo nos reservatórios (tambores) e contentores espalhados pela cidade, a maior parte dos resíduos sólidos, nas sedes municipais e zonas rurais, são aglomerados em lixeiras (onde periodicamente ateiam fogo) e em aterros sanitários. As principais fontes alternativas de geração de renda praticadas durante o período em análise pelas famílias que vivem nas sedes municipais e arredores, (a excepção de Menongue) assim como ao longo das principais vias de acesso rodoviário, foram a venda de bebidas fermentadas, frutos silvestres, raízes de bundi, carvão e lenha. Nos municípios da faixa fronteiriça com a República da Namíbia, as fontes alternativas de geração de renda mais praticadas foram a venda de capim, caniço, maboque e mangongo (raízes de plantas silvestres) em localidades dentro do território Namibiano. Na cidade de Menongue e arredores, as famílias recorreram fundamentalmente aos biscates nos mercados, transporte de água e lavagem de roupa, para obtenção de rendimentos adicionais as suas actividades principais. A venda de pedras (para construção de moradias) e de sucatas (actividade recente, incentivada por uma empresa Sul Africana que está a comprar sucatas para reciclagem) também constituíram fontes alternativas de rendimento para algumas famílias. Foi referido que a maior parte das famílias, que retornaram recentemente às suas áreas de origem, por insuficiência de alimentos, reduziram o número de refeições. Nalguns casos, as famílias consumiram durante as refeições principais, alimentos não comuns a dieta tais como farinha de batata doce e de mangongo (esta última mais referida nos municípios ao longo da faixa fronteiriça com a Namíbia). Considerações finais O risco geográfico de vulnerabilidade à insegurança alimentar (Moderado a Elevado) das localidades de Calai, Xamavera no Dirico, Catuite e Luengue em Mavinga, Baixo longa e Lupire no Cuito Cuanavale e Jamba Cueio em Menongue, constitui preocupação, pelo que se recomenda monitorar de perto a situação das famílias que se encontram nestas localidades. Os factores de risco que mais contribuem para esta situação são as más condições dos acessos, baixos níveis de produção alimentar e o reduzido ou mesmo inexistente acesso aos serviços de saúde. Tabela 3 - Beneficiários da assistencia alimentar Mês EM R&R Mai-03 64,669 51,997 Jun-03 Jul-03* Total Fonte: PAM 22,307 29,013 115,989 61,685 73,441 187,123 * Planificado O risco geográfico de vulnerabilidade à insegurança alimentar da sede municipal de Mavinga, foi considerado moderado (M) mas a situação poderá deteriorar-se devido a constante chegada de famílias provenientes de diversas localidades do município do Rivungo (fundamentalmente), a procura de alimentos e assistência médica. Na tabela 3 apresenta-se o número de beneficiários que receberam assistência alimentar do PAM na província, nas categoria de Emergência (EM) e Recuperação & Reabilitação (R&R) durante o período em análise. KUANZA NORTE Apesar do avançado estado de degradação das vias principais e secundárias na generalidade da província, registou-se uma circulação regular de pessoas e bens, mas sobretudo na via Ndalatando/Lucala/Samba Caju e Ambaca, ao passo que a circulação entre Samba Caju e os municípios de Bolongongo, Quiculungo e Banga foi irregular. O movimento rodoviário no troço Dondo/Ndalatando/ Lucala/Malanje foi efectuado com grandes dificuldades devido ao mau estado do pavimento. Esta situação contribuiu significativamente para o aumento dos preços de taxi (Ndalatando-Luanda e vice versa) e a redução gradual do volume de negócios que se praticavam ao longo deste troço. Entre os dias 17 a 19 de Junho de 2003, uma equipa de técnicos do Governo, das Nações Unidas e ONG efectuou a avaliação rápida de necessidades alimentares nas sedes municipais de Ngonguembo e Banga. Na maioria das comunidades avaliadas concluiu-se que as famílias enfrentam grandes dificuldades de acesso a alimentos e serviços básicos, com poucas oportunidades de geração alternativa de renda. O MINARS e Administrações referem a existência de 10,196 pessoas nestas áreas. 23 Cangola Cangola Quitexe Quitexe Quitexe Muxaluando Muxaluando Muxaluando Aldeia-Vicosa Aldeia-Vicosa Aldeia-Vicosa Canacassala Canacassala Canacassala Cambamba Cambamba Cambamba Risco de Insegurança Alimentar Vista Vista Vista Alegre Alegre Alegre Baixo Moderado a Baixo Quibaxe Quibaxe Quibaxe Piri Piri Piri Moderado Paredes Paredes Paredes Moderado a Elevado Úcua Úcua Úcua Bula Bula Bula Atumba Atumba Atumba Elevado Pango Pango Pango Aluquem Aluquem Aluquem Cazua Cazua Ngongo Ngongo Cazua Ngongo Camabatela Camabatela Camabatela Terreiro Terreiro Terreiro Bolongongo Bolongongo Bolongongo Quiculungo Quiculungo Quiculungo Aldeia Aldeia Nova Nova Aldeia Nova Banga Banga Banga Samba Samba Cajú Cajú Samba Cajú Caculo Caculo Cabaça Cabaça Caculo Cabaça Kiangombe Kiangombe Golungo Golungo Golungo Alto Alto Alto Kiangombe Canhoca Canhoca Canhoca Cambondo Cambondo Cambondo Kuanza Kuanza Norte Norte Massangano Massangano Massangano Dondo Dondo Dondo Luinga Luinga Luinga Quiage Quiage Quiage Quilombo Quilombo Quilombo dos dos dos Dembos Dembos Dembos Samba Samba Lucala Lucala Samba Lucala Cerca Cerca Cerca Zenza Zenza do do Itombe Itombe Zenza do Itombe Tango Tango Tango Bindo Bindo Bindo Ndalatando Ndalatando Ndalatando Lucala Lucala Lucala Kizenga Kizenga Kizenga Cacuso Cacuso Cacuso Dange-Ya-Menha Dange-Ya-Menha Dange-Ya-Menha S. S. Pedro Pedro da da Quilemba Quilemba S. Pedro da Quilemba Andongo Pungo Pungo Pungo Andongo Andongo Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM O acesso às comunas do Maua, Tango (Ambaca), Terreiro e Quiquiemba (Bolongongo), Cariamba e Aldeia Nova (Banga), Camame e Cavunga (Ngonguembo) onde foi referida a existência de várias famílias em situação de insegurança alimentar, continuará condicionado até que se realize uma avaliação de segurança. Importa, porém, salientar que o PAM já assistiu algumas famílias nos arredores de Banga e Ngonguembo, na modalidade de FFW. O Sub-grupo provincial de Deslocados e Refugiados registou, durante o período em análise, 6,701 pessoas (provenientes sobretudo de Luanda e dos municípios do Cazengo, Cambambe, Golungo Alto), que retornaram às suas áreas de origem (municípios de Banga, Ngonguembo, Bolongongo, Quiculungo, Samba Cajú, Cazengo e Ambaca). O total de retornados registados, entre Novembrol/02 e Julho/03, é de 39,142 pessoas. a A colheita das culturas instaladas durante a 2 época de sementeira (feijão, amendoim e batata doce), assim como da mandioca instalada no ano passado, foi a principal actividade do período. De igual modo, nalgumas zonas dos municípios de Samba Caju, Cambambe, Quiculungo, Bolongongo, Cazengo e Lucala, as famílias camponesas estiveram envolvidas na preparação das terras baixas, alfobres e desassoreamento de valas de rega e drenagem. Para além disso, a partir da segunda quinzena de Julho, algumas famílias procederam à colheita de hortícolas (tomate, couve, repolho e cebola) plantadas na primeira semana de Maio. Tendo em consideração a melhoria registada no acesso, o IDA/MINADER informou ter-se registado um aumento da área de terras baixas cultivada este ano: cerca de 1,106.45 ha contra 900 m² (um aumento de 206 m²) na mesma época do ano transacto, aumentando, consequentemente, a área média explorada por família. Deste total, cerca de 21 ha foram mecanizados, sendo 4 ha em Lucala e 17 ha em Cazengo. Para tal, as famílias camponesas com recursos e os pequenos agricultores residentes nestes municípios tiveram que pagar os serviços de mecanização realizados pela ENAMA. Apesar disso, nalgumas áreas do Cazengo, as famílias camponesas foram obrigadas a reduzir o tamanho das parcelas cultivadas devido à falta de água. O Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) procedeu à distribuição de 32.1 kg de sementes diversas de hortícolas a algumas famílias camponesas concentradas nos municípios de Cazengo, Lucala, Cambambe, Ambaca, Samba Caju, Bolongongo e Quiculungo. Os camponeses e as EDAS municipais informaram que o desenvolvimento das culturas hortícolas á satisfatório, não tendo sido registada, até finais de Julho, qualquer doença ou praga, fazendo prever bons resultados. De referir que, no decorrer da 2ª época de sementeira, um número significativo de famílias retornaram às suas áreas de origem e presume-se que tenham plantado apenas mandioca e/ou batata doce, por não possuírem sementes de leguminosas e milho. a A previsão da distribuição de insumos para a 1 época da campanha 2003-04 é de 10,000 famílias (3,000 em Ambaca, 2,000 em Ndalatando e 5,000 em Samba Cajú), cerca de 2,800 famílias mais do que na campanha passada. A ausência de chuva contribuiu consideravelmente para o aumento do tráfego rodoviário e da circulação de pessoas e bens nas principais vias de acesso rodoviário inter-municipais, comunais e inter-proviciais. Apesar disso, verificou-se um aumento do custo de transportação para Ndalatando, a partir de Luanda (de 500 Kz. por pessoa), pois a demanda do transporte de passageiros naquela via vem subindo regularmente. A maior parte de produtos importados (bens alimentares e não alimentares) comercializados nos mercados urbanos e rurais provêem de Luanda e do Dondo (Cambambe), ao passo que os produtos agrícolas disponíveis nos mercados de Ndalatando e Dondo eram provenientes dos municípios de Ambaca (feijão), Samba Caju (macrueira e feijão), Bolongongo, Banga e Quiculungo (macrueira e amendoim). Os produtos importados predominantes e comercializados nos mercados acima referidos foram o arroz, açúcar, peixe seco, óleo e sal. O preço do arroz no mercado de referência registou um aumento de 7.14%, e o preço do óleo um aumento de cerca de 79%, sobretudo devido à já referida subida dos custos de transporte entre Ndalatando e Luanda. Devido ao fraco poder de compra, agravado pela fraca circulação da moeda nos mercados rurais, a transação de bens alimentares e não alimentares foi maioritariamente efectuada mediante a troca ou permuta. Esta situação tem influenciado a dinâmica dos mercados rurais, traduzindo-se num baixo volume dos negócios praticados sobretudo nos mercados de Banga, Bolongongo, Quiculungo e Ngonguembo. Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Nov-02 Sep-02 Jul-02 Aug-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 24 Feb-02 De Maio a Julho observou-se, no mercado de referência (Ndalatando), um aumento da oferta e diversidade de bens alimentares, nomeadamente mandioca, frutos diversos e batata doce, para além de hortícolas (couve, tomate, cebola, cenoura e repolho), esxtas ‘ultimas sobretudo na Grafico 1 - Media mensal das cestas alimentares em Ndalatando segunda quinzena de Julho de 2003. Contudo, são 140 cada vez mais frequentes as falhas de milho em grão 120 desde fins de 2001, não permitindo o cálculo da cesta 100 baseada neste produto. Por essa razão, o gráfico 1 80 reflecte as médias mensais das cestas alimentares 60 baseadas na fuba de milho e de bombó, que vêm 40 registando reduções acentuadas desde o início do ano. 20 Historicamente, estas duas cestas registaram sempre 0 médias mensais abaixo da cesta do milho, devido provavelmente ao facto da província integrar a zona de produção/consumo preferencial de mandioca. O preço Fuba de Milho Fuba de bombo do feijão registou, entretanto, um aumento de 25%, devido ao esgotamento de reservas nas áreas de Fonte: VAM/PAM produção. Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM O custo médio mensal da cesta alimentar constituída por fuba de milho ou fuba de bombo, feijão, óleo e sal, cujos preços (em Kg ou litro) foram os mais baixos no mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 Kcal/pessoa/dia, durante 30 dias, correspondeu, em Julho/03, a USD 39.21 e 45.76, representando um acréscimo de 4.88% para a fuba de milho e um decréscimo de 10.27% para a fuba de bombó, relativamente a Abril. Segundo o Departamento de Saúde Pública e Controlo de Endemias as principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias durante o período em análise foram a malária, doenças diarreicas e respiratórias agudas, tuberculose e tripanossomíase. Apesar de se ter registado uma redução na incidência da malária em 41.9% (\1,626 casos registados em Abril contra 682 casos em Julho, segundo o MINSA), esta patologia foi a que mais óbitos causou. Tendo em conta os dados fornecidos pelo Departamento de Saúde Pública, OMS e Controlo de Endemias, um total de 144,954 crianças, com idades compreendidas entre os 9 meses e os 15 anos, nos municípios de Ambaca, Banga, Bolongongo, Cambambe, Cazengo, Golungo Alto, Lucala, Ngonguembo, Quiculungo e Samba Cajú, foram imunizadas contra o sarampo entre Abril e Maio. 99,091 crianças, com idade compreendida entre os 29 dias e os 4 anos, nos mesmos municípios foram vacinadas contra a poliomielite durante o mês de Julho. O Instituto de Combate e Controlo da Tripanossomíase e seus parceiros (Cooperação Técnica Belga e APN) desenvolveram, ao longo do trimestre, prospecções activas e passivas nos municípios de Samba Caju, Cazengo, Golungo Alto e Lucala. Como resultado, um total de 18,564 pessoas foi prospectado e 127 casos de doença determinados. O acesso a água potável para o consumo da população residente, quer nas áreas urbanas, como nas áreas rurais dos municípios de Cambambe (Dondo) e Lucala, Cazengo, Samba Cajú, Quiculungo, Bolongongo e Banga não registou qualquer alteração. Nalguns bairros da sede de Ndalatando, incluindo no Hospital Provincial, o abastecimento da água potável foi irregular. O processo de recolha e tratamento de resíduos sólidos quer nas áreas urbanas ou rurais não conheceu melhorias significativas em comparação ao período anterior. As principais fontes alternativas de geração de renda e/ou acesso a alimentos que as famílias de baixa renda tiveram (quer nas zonas rurais, como na periferia dos centros urbanos) foram a realização de empreitadas agrícolas (sachas nas lavras de mandioca), venda de lenha, carvão, bebidas fermentadas de fabrico caseiro, maruvo (seiva de bordão ou palmeira), fabrico e venda de adobes, venda de pedra para construção e frutos diversos. Para as famílias que residem nos principais centros urbanos (municípios de Cazengo, Cambambe, Lucala e Ambaca), as principais fontes alternativas de geração de renda foram a venda de refeições nos mercados; venda de bebidas diversas (incluindo as de fabrico caseiro). Várias famílias que não foram capazes de obter alimentos suficientes para os membros do agregado, sendo forçadas a reduzir a quantidade de alimentos a confeccionar e o número de refeições diárias. Foi referida a prática de empréstimos de alimentos (fundamentalmente provenientes da distribuição alimentar), o que significa que os recursos disponíveis são insuficientes para suprir as necessidades das pessoas, sobretudo os mais vulneráveis, que não tiveram colheitas ou cujas reservas não foram além de um/dois meses. Mas, por exemplo, as famílias que se dedicaram à queima e venda de carvão, comercializaram um saco de carvão a Kz 450.00, enquanto que uma caneca de fuba equivaleu Kz 20.00, tendo sido possível à maioria delas garantir o consumo alimentar diário. Considerações finais O risco geográfico à insegurança alimentar é maior (Elevado) na sede municipal da Banga e nas comunas de Caculo Cabaça, Aldeia Nova e Cariamba onde foram referidos pelos actores da saúde (MINSA) a existência de vários casos de malnutricão decorrentes da falta de assistência alimentar que continuará condicionada pela avaliação de segurança especificamente nas comunas de Cariamba e Aldeia Nova. No entanto, a realização da avaliação de segurança e a avaliação das necessidades alimentares deverão constituir prioridades para determinar e definir uma política adequada de assistência alimentar e esta deverá ser acompanhada de um conjunto de serviços tais como saúde, saneamento e água e distribuição de sementes e instrumentos agrícolas. As sedes municipais e comunais dos municípios de Ambaca, Bolongongo, Golungo Alto, Ngonguembo, Quiculungo e Samba Cajú apresentam um grau de risco Moderado a Elevado. Nestas áreas, a implementação de projectos de reabilitação de estradas e pontes deverá constituir prioridade para que seja melhorada a assistência e a monitoria da situação alimentar. Um total de 104,054 pessoas foi, durante o período em referência, assistido pelo PAM nos municípios de Ambaca, Bolongongo, Cazengo, Lucala, Quiculungo e Samba Caju. A assistência do PAM nestas localidades, na categoria R&R, registou um aumento que correspondeu a 23% comparando com o período anterior, enquanto que um total de 47,125 pessoas referidas pelas administrações comunais Cavunga, Camame (Ngonguembo), Tango, Maua (Ambaca) e Terreiro (Bolongongo) não puderam ser assistidas porque a assistência nestas localidades continua condicionada pela realização da avaliação de segurança. 25 Tabela 1 - Beneficiarios da assistencia alimentar Mês Mai-03 Jun-03 Jul-03 Fonte: PAM EM 891 884 787 R&R 30,781 32,869 43,302 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM KUANZA SUL Durante o período entre Maio e Julho/03 a situação geral de acessibilidade melhorou significativamente em relação aos últimos 3 meses. Verificou-se um aumento considerável na circulação de pessoas e bens, com maior destaque nas vias rodoviárias inter-municipais (Sumbe/Porto Amboim; Sumbe/Amboim/ Gabela/WakoKungo e Sumbe/Seles) e inter-provinciais (Porto Amboim - Kuanza Sul/Quissama - Bengo, Wako-Kungo - Kuanza Sul/Lunduimbali – Huambo, Sumbe-Kuanza sul/Lobito – Benguela e Mussende – Kuanza Sul/Andulo – Bié. Massangano Massangano Tobias Tobias (Cabo (Cabo Ledo) (Cabo Ledo) Ledo) Tobias Tobias Dondo Dondo S. Pedro Pedro da S. da Quilemba Quilemba Pungo Pungo Andongo Andongo Andongo Pungo Pungo Andongo Malanje Malanje Cangandala Cangandala Calulo Calulo Kissongo Kissongo Kapolo Kapolo Ndala Ndala Kachimbo Kachimbo Quilenda Quilenda Quilenda Quilenda Cariango Cariango Quirimbo Quirimbo Quirimbo Quirimbo Quibala Quibala Quibala Quibala Porto Porto Amboim Amboim Lonhe Lonhe Conde Conde Conde Gabela Gabela Conde Mussende Mussende Mussende Mussende Kuanza Kuanza Sul Sul Apesar disso, ainda prevalecem algumas dificuldades no acesso rodoviário nas vias Quibala/Mussende, Seles/Atome, Cassongue/Atome e Seles/Botera devido a existência de pontes e pontecos partidos. Importa referir que nos trocos Wako-Kungo/Cassongue e Mussende/Cangandala existem pontes partidas sobre os rios Keve e Kuanza, o que dificulta o acesso a estes municípios. A circulação de pessoas e bens está sendo Lobito Lobito facilitada por meio de Jangada (travessia do leito do rio Keve) e Canoas (travessia do leito do rio Kuanza) respectivamente. Conda Conda Ebo Ebo Cassumbe Cassumbe Cassumbe Cassumbe Sanga Sanga Sanga Sanga Calucinga Calucinga Assango Assango Chicala Chicala Chicala Seles Seles Waku-Kungo Waku-Kungo Quilenda Quilenda Amboiva Amboiva Amboiva Andulo Risco de Insegurança Alimentar Andulo Botera Botera Baixo Pambangala Cambuengo Cambuengo Pambangala Hengue Hengue Hengue Hengue Moderado aMungo Baixo Gungo Gungo Bimbe Bimbe Gungo Gungo Mungo Cassongue Cassongue Chindumbo Luvemba Luvemba Moderado Chindumbo Canjala Canjala Canjala Canjala Moderado a Elevado Chila Chila Chila Galanga Galanga Galanga Galanga Kumbila Kumbila Bailundo Elevado Casseque Casseque Casseque Casseque Alto WamaBailundo Lunge Alto Wama Lunge Lunge Londuimbali Londuimbali Londuimbali Londuimbali Chingongo Chingongo Sumbe Sumbe Kicombo Kicombo Ao longo do período em analise foram referidos movimentos de pessoas retornadas provenientes da Menga, Cambale e Catofe I, II e III - ex-ARF/Kuanza Sul e nas outras ARF das outras províncias. Algumas famílias de retornados estão inseridas no seio dos residentes o que torna difícil apurar o numero real e a localização geográfica dos retornados. Não obstante a isso, foram confirmados na comuna da Pambangala cerca de 39,127 pessoas das quais 41% é assistida pela CIC/Huambo na localidade da Menga povoação. Tabela 1 – Movimento de retorno Foram também confirmadas 5,920 pessoas no Novas chegadas Retornados Deslocados Kifangondo/Quibala e 5,452 pessoas nas Município Subtotal confirmados até confirmados aldeias periféricas do Wako-Kungo/Cela. até Abril/03 Mai Jun Jul Julho/03 Entretanto, 59,499 pessoas retornadas foram Cassongue 32,099 7,859 8,183 23,085 39,127 71,226 confirmadas no período de Maio-Julho/03. Wako-Kungo 5,548 5,369 83 5,452 11,000 Assim, o numero de retornados confirmados a Quibala 12,080 2,960 2,960 5,920 18,000 nível da província passou de 49,727 em Abril/03 Total 49,727 13,228 11,143 26,128 50,499 100,226 para 100,226 em Julho/03 conforme mostra a Fonte: MINARS, CSF-US, Movimondo and RFNA tabela 1. O período em referencia (Maio – Julho/03), abrangeu a época de sementeira do sistema do cultivo em terras baixas (nakas) onde as famílias instalaram culturas de milho, feijão, batata doce, hortícolas e em alguns casos amendoim e mandioca. De acordo com o IDA/MINADER, os retornados cultivaram em média uma superfície de 0.3 ha enquanto que as famílias residentes cultivaram 0.5 ha. As culturas de feijão e hortícolas apresentaram um desenvolvimento satisfatório nos municípios do interior da província devendo-se por isso esperar boas colheitas entre os meses de Agosto e Outubro de 2003. . a Registou-se a prática de amanhos culturais (sachas) sob culturas de mandioca instalada na 2 época da campanha agrícola em algumas localidades dos municípios do interior, Seles, Cela, Kibala, Amboim, Libolo, Conda e Ebo. e na maior parte dos casos as famílias camponesas tiveram oportunidade de colher ao longo deste período feijão, milho, hortícolas, mandioca, e batata rena. Na faixa litoral nas comunas de Gungo/Sumbe e Capolo/Porto Amboim, registaram-se fracas colheitas de milho e feijão em virtude da produção dessas culturas ter sido afectada pela escassez de chuvas durante o período critico de desenvolvimento. Em relação a campanha agrícola 2003/2004, as ONGs, Agencias das Nações Unidas e o Governo têm planificado cerca de 64,047 kits de insumos agrícolas para serem distribuídos aos grupos vulneráveis, priorizando as famílias em situação de risco de insegurança alimentar ou de vulnerabilidade elevada, definido com base nos resultados da Avaliação da Vulnerabilidade Novembro/02 – Abril/03 Registaram-se melhorias significativas quanto a circulação de pessoas e bens em relação aos últimos 3 meses, quer em termos de trafego inter-provincial, como inter-municipal. As principais vias inter-provinciais utilizadas foram: Sumbe/Benguela, Sumbe/Bengo, Kibala/Dondo-Kuanza Norte e Cassongue/Huambo. Apesar das péssimas condições em que se encontram as vias inter-municipais, registou-se um considerável aumento de circulação de pessoas e bens nos corredores Sumbe/Amboim/Kibala/Cela/Seles e no troço Sumbe/Gabela após reabilitação-terraplanagem em Junho/03, contribuindo assim para o aumento da disponibilidade e diversidade de alimentos e outros bens de consumo básicos nos municípios da Gabela, Sumbe, Quibala e Wako-Kungo. 26 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Sumbe Jul-03 Jun-03 May-03 Apr-03 Mar-03 Feb-03 Jan-03 Dec-02 Nov-02 Oct-02 Sep-02 Aug-02 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Jul-02 USD Presume-se que com o aumento dos níveis de circulação, as trocas comerciais entre as áreas urbanas e rurais foram mais favoráveis durante a estacão seca. Isso deve-se ao facto de ter havido maior escoamento de produtos das zonas rurais (hortícolas, cruera, feijão, frutas diversas, banana, etc.) para as áreas urbanas e o reciproco fornecimento de bens básicos de origem industrial provenientes do exterior da província. PAM/Unidade VAM Em Julho/03 o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em Kilo ou litro) foram os mais baixos no mercado e Fonte: VAM/PAM que permite uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100Kcal/pessoa/dia durante 30 dias, era de USD 13.18, representando uma redução de cerca de 13.36% em relação ao mês de Abril/03. O grafico 1 apresenta a tendência de variação de preços de mercado no mercado do Sumbe. As principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias da província durante o período em analise foram a malária, doenças respiratórias e diarreicas agudas, anemia e infecções da pele (sarna). Dentre estas patologias a malária foi a que mais óbitos provocou. A rede de segurança nutricional (RSN) foi reforçada pela CRS com a abertura de um centro nutricional suplementar móvel (CNS) em Julho de 2003, prestando assistência alimentar as crianças em situação de malnutricçãao moderada). Entretanto, o número de cozinhas comunitárias (CC) que integravam a RSN da província passou de 9 CC em Maio para 10 CC em Junho, mas apenas 8 CC estavam em funcionamento até finais de Julho/03. Esta pequena variação no numero de estruturas da RSN teve haver com o encerramento da CC do Wako-Kungo pela Africare e a suspensão temporária de fornecimento de produtos alimentares do PAM ao Lar de adultos em Porto Amboim pela Administração municipal . Esta suspensão irá prevalecer até que as condições mínimas de funcionamento forem criadas. Importa referir que durante a vacinação de rotina no período entre Maio e Julho/03, foram imunizadas crianças menores de 1 ano contra BCG (9,286), Pólio 3 (4,024), DTP3 (4,313), sarampo (10,133) e febre amarela (6,920). A cobertura vacinal foi estimada em: BCG (19.6%), Pólio 3 (8.5%), DTP3 (9.1%), sarampo (21,4%) e febre amarela (14.6%). O MINSA considera baixa a cobertura de vacinação de rotina, por existir um numero reduzido de infra-estruturas sanitárias com posto fixo de vacinação a nível dos municípios. Para a maior parte das famílias no meio rural, a produção própria e venda de animais de pequeno porte (galinhas) constituem a principal fonte de geração de renda. No entanto, as famílias recém chegadas ainda não têm animais de pequeno porte para comercializar. As suas receitas provêm maioritariamente de empreitadas no sector agrícola, particularmente nas lavras das famílias residentes. As actividades consistem principalmente na armação a de terreno em camalhões sementeira/plantação (nakas), sacha nas culturas de mandioca instaladas durante a 2 época e derrube nas lavras virgens. A remuneração é feita, tanto em dinheiro, como em espécie. Por exemplo, capina ou armação 2 de camalhões numa área de 100 m custa em espécie um balde de crueira/milho ou a dinheiro equivalente a Kz 100.00 As actividades de fabrico de carvão e recolha de lenha para venda foram realizadas com mais frequência e intensidade nos corredores Sumbe/Seles, Sumbe/Gabela e Sumbe/Porto Amboim, sendo o saco comercializado a Kz 120.00. Considerações finais As áreas de vulnerabilidade elevada são na sua maioria áreas remotas da província e inacessíveis para as agencias das NU. A maior dificuldade consiste na existência de pontes e pontecos partidos ao longo das vias de acesso assim como suspeita de minas. Estas localidades deparam-se com o fraco ou débil funcionamento de infra-estruturas de saúde e falta de mercados locais. O PAM, através dos seus parceiros continuou a assistir com alimentos as populações mais vulneráveis à insegurança alimentar em dois grandes programas: Emergência (EM), que inclui os programas nutricionais e médicos; as distribuições gerais aos refugiados, antigos e novos deslocados não reassentados; e Recuperação e Reabilitação (R&R), que inclui os beneficiários de projectos de comida pelo trabalho, programas infantis e PICs, lares, deslocados reassentados e retornados e cozinhas comunitárias (ver tabela 2). Em Maio/03, realizou-se a ultima distribuição geral aos antigos deslocados na localidade Tabela 2 – Beneficiários da de Cashongono/Wako-Kungo, devido ao retorno da maior parte dos beneficiários as suas assistencia alimentar áreas de origem. Em julho/03, prestou-se assistência a cerca de 3,500 pessoas Mês EM R&R vulneráveis entre crianças <5 anos, mulheres gravidas amamentar e velhos da terceira Mai-03 6,187 90,276 idade. Cerca de 23,725 retornados internos nas localidades de Wako-Kungo e Quibala Jun-03 76,562 não foram assistidos durante os meses de Junho e Jlho/03, com a tendência de serem Jul-03 127 43,166 envolvidos em programas de FFW após uma previa avaliação de vulnerabilidade e Fonte: PAM segurança alimentar ou RFNA. 27 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM MALANJE Sanza Sanza Pombo Pombo Pombo Sanza Sanza Pombo Bungo Bungo O período de Maio a Julho do ano em curso foi Alfândega Alfândega caracterizado pela circulação regular de pessoas Uíge Uíge Uíge Uíge Puri Puri Puri Puri Negage Negage e bens entre a sede Malanje e as sedes de Cangola Cangola Cacuso, Calandula, Mucari, Cangandala, Kiwaba Massango Massango Nzoji, Quela, Cambundi Catembo; para a província do Tango Tango Tango Tango Bindo Bindo Cambamba Cambamba Camabatela Cambamba Cambamba Camabatela Kwanza Norte e Lundas Norte e Sul. O acesso manteve-se Camabatela Kuale Kuale Marimba Marimba difícil nas vias Quela–Kunda Dia Baze, de Kiwaba Nzoji Terreiro Terreiro Luinga Luinga Luinga Bolongongo Bolongongo Bolongongo Kambo Sunjinji Kambo Sunjinji QuiageBolongongo para os municípios do Massango, Kahombo, Kunda Dia Quiage Quiculungo Quiculungo Mikanda Mikanda Mikanda Mikanda Aldeia Aldeia Nova Nova Aldeia Aldeia Nova Nova Banga Banga Banga Banga Baze e Marimba, devido ao mau estado de conservação Kahombo Kahombo Pango Pango Aluquem Aluquem Cajú Samba Samba Cajú Caculo Caculo Cabaça Cabaça das estradas e pontes. Manteve-se inacessível a Kiwaba-Nzoji Kiwaba-Nzoji Kiwaba-Nzoji Kiwaba-Nzoji Samba Samba Lucala Lucala Lucala comunicação com os municípios do Luquembo, Quirima Golungo e Samba Samba Lucala Golungo Alto Alto Golungo Golungo Alto Alto Kiangombe Kiangombe Calandula Calandula Canhoca Canhoca as províncias do Kwanza Sul e Uige, devido à presença Cambondo de Kizenga Kizenga Mufuma Mufuma Cambondo Quela Quela Quela Quela Lucala Lucala Lucala Kota Kota Ngola Kota Kota Ngola Luige Luige pontes partidas e, em alguns casos, a existência de minas Lucala Soqueco Soqueco Soqueco Soqueco Xandel Xandel Cacuso Cacuso Lombe Cacuso Cacuso Lombe Lombe Lombe nas vias. Caculama Caculama Caculama Caculama Muquixi Muquixi Pungo Pungo Andongo Andongo Malanje Malanje Caxinga Caxinga A circulação de viaturas neste período foi maior Cangandala Cangandala comparativamente aos meses de Novembro/02 a Abril/03. Este aumento deveu-se, por um lado, ao fim da época Kissongo Kissongo Kissongo Kissongo Malanje Malanje chuvosa e, por outro, ao trabalho de melhoramento de alguns troços das vias que ligam a sede de Malanje aos municípios de Cacuso e Caculama. Foi notório o trabalho Mussende Mussende Massango Massango Cariango Cariango Cariango Cariango das administrações municipais de abertura de vias Quibala Quibala rodoviárias alternativas que oferecessem maior segurança Lonhe Lonhe (isentas de minas) e percursos mais curtos de acesso às Risco de Insegurança Alimentar Kuanza Kuanza Sul Sul sedes comunais e de alguns municípios. Baixo Durante o período em análise foram reportadas duas emboscadas a viaturas civis, na via Cacuso (Malanje) Ndondo (K.Norte), na estrada de Capanda, para saque dos haveres dos ocupantes, mas sem mortes. Cambundi-Catembo Cambundi-Catembo Cambundi-Catembo Cambundi-Catembo Cassumbe Cassumbe Sanga Sanga Dando Dando Dando Moderado a Baixo Calucinga Calucinga Calucinga Calucinga Chicala Chicala Caiei Caiei Waku-Kungo Waku-KungoModerado Nharea Nharea Andulo Andulo Andulo Moderado a Elevado Cambuengo Cambuengo Elevado Cambuengo Cambuengo Pambangala Pambangala Hengue Hengue Bimbe Bimbe Mungo Mungo Cassongue Cassongue Cassongue Cassongue Luando Luando Gamba Gamba Gamba Gamba A OCHA/AFSO e a APN realizaram avaliações de segurança nas localidades do Mufuma (Kiwaba Nzoji), Quale (Calandula), Kahombo, Massango e aldeias periféricas de Calandula. Nas quatro primeiras localidades foram efectuadas em simultâneo avaliações de necessidades alimentares criticas. Todas as áreas avaliadas foram abertas às operações humanitárias. Com excepção de Calandula, na maior parte daquelas comunidades, as famílias têm muitas dificuldades no acesso aos alimentos, bens de consumo e serviços básicos. As fontes de geração de renda são escassas ou mesmo nulas e os sistemas de sustento foram muito afectados pelo conflito. Segundo as administrações municipais, o número de habitantes nestas zonas é: Massango (21,896), Quale (7,525), Mufuma (5,375) e Cahombo (10,526). O retorno dos deslocados é, regra geral, feito de forma espontânea, mas o dos ex-militares e seus dependentes é organizado. De acordo com dados fornecidos pelas administrações municipais Tabela 1 - Movimento de retorno estima-se que 238,466 pessoas já tenham regressado às suas áreas de origem Municipio No/pessoas desde o inicio do processo, em Abril/02. Neste três últimos meses, a maior parte das 8,401 Cahombo populações que chegaram aos municípios de Malanje são proveniente de Luanda, 30,109 Caculama levando consigo alguns bens adquiridos nas anteriores áreas de residência; alguns 16,610 Quela venderam as suas casas e bens adquiridos para custear a viagem de regresso. O 29,383 Cangandala elevado custo da transportação fez com que a maior parte dos regressados se 54,210 Malange deslocassem a pé para as suas áreas de origem. 29,238 Calandula Aquando da missão de avaliação a Massango, a OCHA referiu ter-se observado o regresso espontâneo para a sede de Massango de alguns refugiados angolanos que se encontravam na R.D.C. Cerca de outros 14,669 mostraram interesse em regressar para esta localidade nos próximos meses. Porém, a OCHA e o UNHCR realizaram uma segunda missão ao terreno com a finalidade de auscultar alguns retornados externos que já regressaram e traçarem uma futura estratégia de assistência a este grupo. 28 Sementes/ Instr.agricolas Milho (MT) Feijao (MT) Amendoim (MT) Horticolas (Kg) Enx. Tradicional Enx. Europeia Machados 53 15 94 2,000 1,800 2,400 Fonte: MINADER/PAM/WVI WVI As chuvas ocorreram até à segunda quinzena de Junho e, embora bastante irregulares ao longo do mês de Maio, foram muito intensas posteriormente. Esta situação provocou danos na cultura do feijão, que se encontrava na fase de floração/maturação. Tabela 2 - Plano de distribuicao de insumos agricolas FAO As principais actividades agrícolas desenvolvidas durante o período em referência foram a colheita do feijão (instalado na segunda época) e da mandioca com mais de 12 meses de plantação e a limpeza, preparação e sementeira nas terras de baixa (hortas), Nestas terras, para além das hortícolas, as famílias semearam/plantaram feijão, mandioca e batata doce. A maior parte das famílias envolvidas no cultivo das hortas são recém chegadas, que não participaram na campanha agrícola passada. MINADER 10,589 Cacuso 7,832 Kiwaba Nzoji 8,300 Kunda Dia Baze Cambundi Catembo 30,076 13,698 Massango 238,446 Total Fonte: Administracoes/PAM/OCHA Total 300 150 150 1,200 100 50 50 453 215 200 1,294 2,000 31,800 2,400 30,000 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Usualmente não se procede à distribuição de insumos para a 2ª época agrícola, recorrendo as famílias a semente própria. Entretanto, este ano foi distribuído, para a prática da agricultura de regadio, um total de 995.45 kg de sementes hortícolas nos municípios de Malanje, Cacuso, Calandula, Caculama, Kiwaba Nzoji e Quela. O desenvolvimento das culturas de baixa é normal, encontrando-se em bom estado vegetativo, sem ocorrência de pragas ou doenças. Prevê-se assistir 43,771 famílias com insumos agrícolas para a campanha agrícola 2003-04; deste número, 30,000 famílias serão apoiados pela FAO, 10,000 famílias pela ONG Visão Mundial e 3,771 famílias pela CONCERN. Este número representa 55% do número de famílias assistidas na campanha agrícola anterior. A tabela 2 apresenta, de forma sucinta, a quantidade de semente que se prevê distribuir. As vias mais intensivamente utilizadas continuaram a ser Malanje/Cacuso; Malanje/Calandula; Malanje/Cangandala e Malanje/Caculama. Nestas localidades registou-se, neste período, um aumento considerável de circulação devido, por um lado, à facilidade de transitabilidade no período seco e, por outro lado, ao escoamento dos produtos proveniente das colheitas do ano agrícola findo. O movimento rodoviário para os municípios do interior (Kiwaba Nzoji, Kahombo, Massango, Cambundi Catembo e Kunda Dia Base) manteve-se fraco, devido à pouca oferta de produtos agrícolas e ao estado de conservação das estradas e pontes. Apesar disto observou-se uma maior circulação entre as sedes municipais e algumas comunas e povoações. Esteve na origem deste aumento de circulação a utilização de novas rotas ,i.é., Kiwaba Nzoji/Mufuma, Calandula/Kinge, Calandula/Malanje/Kiwaba Nzoji/Quale ”comuna de Calandula” e Malanje/Kiwaba Nzoji/Kambo Sunjije/Kunda Dia Base. A disponibilidade e diversidade de alimentos varia entre os mercados das sedes dos municípios. O mercado mais dinâmico é o do município de Malanje, seguido dos de Cacuso, Caculama, Cangandala, Caculama e Quela, enquanto que os de Kiwaba Nzoji, Kahombo e Massango apresentam reduzida oferta e disponibilidade de produtos e menor volume de transação financeira, motivada pela reduzida circulação monetária. Mesmo nos mercados mais dinâmicos muitas transacções de produtos agrícolas são feitas por troca com produtos manufacturados (sal, óleo, peixe seco, sabão e petróleo) com comerciantes que os revendem no mercado de referência na cidade de Malanje. Apenas nos mercados de Malanje, Cacuso e Cangandala se comercializa em moeda. Ju l-0 3 M ar -0 3 M ay -0 3 Ja n03 N ov -0 2 Ju l-0 2 Se p02 M ar -0 2 M ay -0 2 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 Ja n02 USD A província de Malanje tem dupla aptidão, milho e mandioca, mas nos últimos anos o milho tem sido o produto mais consumido, embora a cultura da mandioca esteja em franca recuperação e a cesta alimentar baseada na fuba de bombó esteja a registar as médias mais baixas desde 2000. A cesta composta por milho, feijão, óleo e sal, comercializados no mercado da Chauandi (Malanje), aos preços mais baixos e que permite a uma família de 5 Gráfico 1 – Media mensal da cesta básica em Malange pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 Kcal/pessoa/dia, durante 30 dias, foi de USD 40.00 17.34, representando uma subida de cerca de 35.00 8.71% em relação ao mês de Abril, como 30.00 reflectido no gráfico 1. 25.00 Fonte: VAM/PAM Neste mercado, a subida do custo da cesta básica foi influenciada, em grande medida, pelo aumento do preço do feijão (476%). Na origem desta subida esteve: (i) o elevado poder de compra por parte dos comerciantes que vão comercializar posteriormente nas Lundas e em Luanda, (II.) às fracas colheitas da segunda época e (iii) à procura e compra de sementes locais para programas agrícolas, quer por parte das ONGs, quer dos camponeses. Segundo a antena epidemiologica da OMS em Malanje, as doenças que mais casos registaram foram a malária, doenças respiratórias e diarreicas agudas, para além da conjuntivite, gastrite e infecção urinária. Apesar do período em analise abranger a época seca, a malária continuou a ser a patologia de maior prevalência e primeira causa das mortes notificadas. Em finais de Julho, a direcção provincial da saúde referiu a ocorrência de 24 casos mortais de meningite na comuna do Milando (Kunda dia Base). De forma a evitar o alastramento do surto, os serviços de saúde enviaram para o local uma equipa móvel, com a finalidade de efectuar uma vacinação de bloqueio, aplicar medidas de vigilância e monitorização do contágio directo e realizar palestras de sensibilização. A rede sanitária na província não sofreu grande alteração comparativamente ao trimestre anterior. No período em análise, o abastecimento de medicamentos aos Centros e Postos de Saúde foi bastante irregular e insignificante. A reserva de medicamentos existente na província não corresponde ao número de pacientes que acorrem aos serviços de saúde. A maior parte das infra-estruturas de saúde nos municípios de Kiwaba Nzoji, Quela, Kahombo e Massango, abertos aos actores humanitários após Abril/02, encontram-se em mau estado de conservação, a falta de medicamentos é gritante e a distância entre os postos e centros de saúde e as localidades limita o acesso das populações. Na primeira semana do mês de Junho/02, foi realizado, pela Concern, um inquérito nutricional (peso/altura), no município de Malanje e na comuna do Lombe (Cacuso), abrangendo crianças entre os 6–59 meses de idade residentes e retornadas. Os resultados obtidos, reflectidos na tabela 3, mostram melhorias claras na situação nutricional naquelas áreas, facto que terá ficado a deverse à melhoria no acesso a alimentos e à capacidade de Tabela 3 - Inqueritos Nutricionais Local Grupo populacional Malange Resid./Retorn Resid./Retorn Lombe Fonte: CONCERN 29 Junho/03 Resultados (Z-Score) Global Severa 2.75% (0.09 - 5.41) 0.34% (-0.61 - 1.3) 2.48% (0.43 - 4.53) 0.45% (-0.43 - 1.33) Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM resposta das famílias residentes e regressadas a situações de choque. Apesar disso, o relatório recomenda a continuação da monitoria da situação nutricional por parte dos operadores nestas áreas, tendo em conta possíveis factores externos que possam vir a alterar a situação, tais como subida drástica dos preços do mercado, fracas colheitas e aumento do movimento populacional. Entre Maio e Julho/03, o número de admissões e readmissões no Centro Nutricional Suplementar do Amilcar (Malanje), foram baixo, o que levou a organização gestora (Concern) a transferir os 80 beneficiários para um novo centro, gerido pelo MINSA. A rede nutricional da província manteve-se (um CNS e um CNT), localizados no município de Malanje, geridos pela direcção provincial da saúde. A capacidade de regressados e residentes de fazerem face à actual situação económica e de restabelecerem as suas antigas redes comerciais parece ter aumentado nos últimos meses. O acesso aos alimentos foi garantido, quer através da produção própria, quer da realização de empreitadas (biscates) nas propriedades de camponeses residentes em troca de alimentos, e da assistência alimentar providenciada pelos actores humanitários. Duma forma geral, as principais actividades de geração de renda realizadas pelas famílias neste período foram a realização de empreitadas em campos dos residentes e ou regressados restabelecidos (com maior predominância para os municípios em que a maior parte dos regressados ainda não realizaram a primeira colheita de mandioca: “Kiwaba Nzoji,Quela, Kahombo, Massango”), venda de lenha e carvão (actividade desenvolvida com maior intensidade ao longo da via Malanje–Kiwaba Nzoji e Malanje–Cangandala), venda de bebida caseira fermentadas, vendas de frutos silvestres (maboque, jinguenga), revenda de produtos manufacturados (óleo, sal, peixe seco), fabrico e venda de adobes, prestação de serviços ocasionais e venda de água na cidade de Malanje e arredores. A caça foi uma das actividades geradoras de renda que mais contribuiu para as receitas familiares na localidade de Xandele (Quela) e Pungo a Ndongo (Cacuso), visto que estas famílias vivem ao longo das vias de comunicação e têm a possibilidade de vender. Neste período, os mecanismos de sobrevivência mais comuns adoptados pelas famílias residentes nas áreas peri-urbanas de Malanje, Cacuso e Cangandala e áreas de regresso dos municípios de Kiwaba Nzoji, Quela, Caculama e Calandula foram a redução do número de refeições e da quantidade de alimentos a serem confeccionados (residentes e retornados) e o consumo de milho torrado ou fervido como refeição, sendo esta última estratégia mais frequente entre as famílias regressadas que beneficiam de assistência alimentar. Considerações finais O aumento do raio de acção da comunidade humanitária permitiu ter uma percepção mais real da situação em diferentes localidades, alterando consideravelmente o quadro global de risco geográfico da província. Por isso, a classificação do risco, tendo sido mais apurada, determinou, regra geral, a diminuição do grau de risco em várias comunas de Cacuso, Lombe, Kizenga, Kambo Sunjije e Kiwaba N’Zoji neste período, registando-se apenas o agravamento da situação em Ngola Luije. São relativamente poucas as zonas de risco geográfico elevado ou moderado a elevado na província, restringindo-se a comunas dos municípios recentemente abertos aos actores humanitários (comunas de Massango, Kuale e Mikanda). A situação nestas comunas caracteriza-se por um deficiente funcionamento dos serviços básicos (com maior predominância para os postos e centros de saúde), o não funcionamento dos mercados, a falta de meios de produção e a pouca capacidade de resposta por parte das famílias regressadas. Entretanto, existe um conjunto de comunas, cuja situação deve ser monitorada de perto no próximo período, por forma a evitar a deterioração da situação: Cambundi Catembo, Kahombo, Marimba e Kiwaba Nzoji. Apesar disto, existem ainda vastas áreas inacessíveis ou de acesso limitado, nomeadamente nos municípios de Luquembo, Quirima, Kunda dia Baze, Marimba, Quela e Cambundi Catembo, não permitindo o conhecimento de eventuais situações de insegurança alimentar mais graves. A tabela 4 reflecte os números de beneficiários que recebem assistência alimentar Tabela 4 - Beneficiarios da assistencia na província, nas categorias Emergência (EM) e Recuperação e Reabilitação (R&R). alimentar Entre Maio e Junho, observou-se um aumento de beneficiários na categoria de Mês EM R&R emergência, devido a não assistência dos 3,317 deslocados do Mussende, que se Maio 3,167 70,258 encontram concentrados em Cangandala, bem como de 53 deslocados, que Junho 6,537 71,710 provavelmente regressaram às suas áreas de origem. O aumento gradual de Julho 6,550 82,434 beneficiários nos programas de Recuperação e Reabilitação está, regra geral, Fonte: PAM * Aprovado associado ao processo de registo e verificação de novas famílias nas áreas de regresso, mas a diferença entre Junho e Julho tem em conta os 10,000 beneficiários no plano de contingência. Embora tenham sido efectuadas avaliações de necessidades criticas em algumas localidades anteriormente inacessíveis (Mufuma, Mikanda e Massango), com risco geográfico Elevado e Moderado Elevado, ainda se encontra em curso o processo de registo. Dos beneficiários assistidos com alimentos no período em análise e constantes da tabela 4, cerca de 6.8% localizam-se em zonas de risco Moderado a Elevado (Kiwaba Nzoji) e 34.32% em zonas de risco Moderado – Caxinga, Muquixi, Calandula e Ngola Luige. 30 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM MOXICO Durante o período em análise, a situação da acessibilidade para o interior da província melhorou consideravelmente com o termino da estacão chuvosa o que está a permitir maior dinâmica no movimento de pessoas e bens, bem Luando Luando Luando Luando Luando Luando como a assistência humanitária às localidades Cuanza Cuanza Cuanza anteriormente inacessíveis ou de difícil acesso, Cuemba Cuemba Cuemba Munhango Munhango Munhango nomeadamente; Leua, Luacano, Lumeje Cameia, Catabola Catabola Catabola Lucusse, Cangumbe, Cavungo, Marco 25, Jimbe, Caianda e periferia do Luena (Sacassanje e Luangrico). Bié Lunda Lunda Sul Sul Luau Luau Luau Luau Luau Luau Caianda Caianda Caianda Camanongue Camanongue Camanongue Cameia Cameia Cameia Cameia Leúa Leúa Leúa Luena Luena Luena Liangongo Luena Luena Luena Liangongo Liangongo Cangumbe Cangumbe Lumbala Lumbala Lucusse Lucusse Lucusse Lóvua Lóvua Lóvua Cazombo Cazombo Cazombo Cazombo Cazombo Cazombo Calunda Calunda Calunda Macondo Macondo Macondo Macondo Lumbala Lumbala Lumbala Moxico Moxico De acordo com INAROE - Moxico e as ONGs (MAG e APN) ligadas a desminagem, a circulação no interior da província é feita sob cuidados devido a presença ou Cangamba Cangamba Mumbué Mumbué suspeitas de minas, o que irá requerer esforços por parte destas instituições com vista a garantir o reassentamento Lumbala-Nguimbo Lumbala-Nguimbo Lumbala-Nguimbo Lumbala Lumbala Lumbala-Nguimbo Lumbala-Nguimbo Lumbala-Nguimbo seguro das populações. Os municípios de Bundas e Luchazes foram identificados como os mais precários, Longa Longa Longa Lupire Lupire Lupire Lupire Lupire Menongue seguidos das localidades de Lovua, Marco 25, LagoMenongue Menongue Menongue Menongue Dilolo, Cangumbe e Lucusse. Foi registado 1 acidente Risco de Insegurança Alimentar Cuito Cuito Cuanavale Cuanavale Cutuile Cutuile Cutuile com mina tendo vitimado 1 pessoa na localidade de Baixo Cunjamba Cunjamba Jamba Cueio Jamba Cueio Jamba Cueio Cueio Lumbala Nguimbo no mês de Junho/03. A ONG Moderado a Baixo Baixo Baixo Longa Longa Dinamarquesa DCA - Danish Church Aid, ligada a Mavinga Mavinga Moderado desminagem instalou-se na província e vai intervir nas Moderado a Elevado Kuando Kuando Kubango Kubango municipalidades de Luau, Luacano, Camanongue, Elevado Cameia e Leua. A operação oficial de repatriamento organizado para a província do Moxico de aproximadamente 65,000 pessoas refugiadas na Zâmbia e na Republica Democrática do Congo, iniciou a 20 de Junho de 2003 no município do Luau. Segundo o UNHCR, entre Junho e Julho foram repatriadas 5,348 pessoas, posteriormente reassentados nos municípios de Luau e Alto Zambeze. No mesmo período, 3,283 regressaram de forma expontânea e fixaram-se nos municípios de Luau, Alto Zambeze, Lumbala Nguimbo e Luena. Tabela 1 - Movimento de retorno Município Alto Zambeze Bundas Cameia Kamanongue Leua Luacano Luau Luchazes Moxico Total RETE 4,198 610 3,565 669 9,042 Ex-FRA 143 52 233 428 376 1,232 O movimento interno de retorno, cujos dados estão representados na tabela 1, reduziu significativamente no período restringindo-se a desmobilizados e suas famílias. O MINARS transportou no período 1,232 desmobilizados das ex-FMU provenientes do Kuando Kubango para as localidades de Lucusse, Cangumbe, Cangamba, Luau, Camanongue, Lumeje Cameia, Cangonga, Luxia e Moxico sede. No mesmo período 282 antigos deslocados que se encontravam no campo de Sacassange retornaram para Lumbala Nguimbo. Presentemente os antigos deslocados que permanecem nos antigos campos desenvolvem variadas actividades de sustento que incluem deslocações à área de origem por períodos não muito prolongados. No quadro das Avaliações Rápidas das Necessidades Alimentares (RFNA), das nove localidades identificadas como criticas apenas foi possível avaliar a comuna de Cangamba sede do município de Luchazes, devido a problemas de acesso físico. Fonte: MINARS/UNHCR/MEDAIR/LWF Segundo os resultados do MUAC a situação nutricional não é preocupante (2%). Porém, os resultados da campanha agrícola anterior não foram satisfatórios, considerando a distribuição tardia dos insumos e a falta de chuva no inicio das sementeiras. Por outro lado, a população não plantou mandioca nem batata doce por falta de estacas e de propágulos. O saneamento básico é precário, perto de 25% da população não faz uso de latrinas. A água para consumo é obtida de pontos de água complemente desprotegidos (rios). O Sub-grupo provincial de Agricultura e segurança alimentar conclui o plano de distribuição dos Kits de sementes e utensílios agrícolas. Das 81,709 famílias que poderão cultivar na campanha agrícola 2003/04 na província do Moxico 56,124 famílias entre retornadas e reassentadas beneficiarão de kits de sementes e utensílios agrícolas o que representa uma cobertura de 69% mais 12% que na campanha agrícola anterior. A FAO irá providenciar 37,000 Kits e a EURONAID 19,124 Kits. A tabela 2 a seguir mostra a distribuição dos Kits por município. Aproximadamente 12,000 famílias retornadas do exterior serão envolvidas na presente campanha agrícola com vista a tornar estas famílias auto suficientes em termos alimentares nos próximos dois anos. 31 Tabela 2 - Plano de distribuiçäo de insumos Alto Zambeze Bundas Camanongue Cameia Moxico Leua Luacano Luau Luchazes Moxico Total 9,000 3,000 - 5,000 3,500 12,000 2,500 2,000 37,000 Total familias rurais (18% RET) Euronaid Municipio FAO Provincia As actividades mais realizadas pelas famílias camponesas foram as colheitas dos principais produtos básicos como a mandioca, milho, amendoim, feijão macunde, abóboras e hortaliças diversas. O período corresponde também a abertura de novas lavras e ao cultivo de milho, feijão, batata rena, abóboras e hortaliças nas terras baixas ‘nakas’. 3,188 5,286 10,650 19,124 Fonte: Sub-grupo provincial de Agricultura 9,931 4,637 2,419 3,445 6,419 6,368 10,345 2,666 35,476 81,709 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM O fluxo comercial entre o litoral e a capital da província por estrada aumentou entre Maio/03 e Julho/03 devido com a cessação das chuvas, reabilitação da ponte sobre o rio Luiu na província de Malange e de significativos trocos de estradas, tornando-se a opção mais utilizada pelos comerciantes em detrimento da opção aérea. De igual modo o movimento inter-municipal tornou-se mais regular e dinâmico. Isto permitiu um aumento nas trocas comerciais e reflectiu uma maior disponibilidades e diversificação de produtos nos mercados principais da cidade. Em Julho, o custo médio da cesta alimentar básica constituída por milho, feijão, óleo e sal cujos preços (em kg ou lit.) foram os mais baixos do mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 Kcal/pessoa/dia durante 30 dias foi de USD 27.98, – 22.45 % mais baixo que em Abril de 2003. A descida do preço dos produtos foi influenciada fundamentalmente pelas colheitas, diminuição nos custos de transportação do Litoral para o interior, maior comercialização inter-municipal. O gráfico 1 mostra a variação do custo da cesta alimentar básica no mercado do Luena. Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Feb-03 Jan-03 Dec-02 Nov-02 Oct-02 Sep-02 Jul-02 50 40 30 20 10 0 Aug-02 USD A nível do comércio rural, os municípios do Leua, Kamanogue, Lumeje e Luacano restringem-se na comercialização do bombo e peixe fumado. Os mercados fronteiriços de Luau e Kazombo continuam a ser os mais dinâmicos dado o alto nível de trocas comercias com as Repúblicas Democrática do Congo e da Zâmbia. No município de Luchazes não existe mercado. As trocas comerciais são feitas no sistema de permuta entre os membros da mesma comunidade ou em zonas denominadas ‘retaguarda’ onde o acesso só é possível a pé. Ali é possível trocar mel, peixe e carne com massango Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Luena e, quando chegam comerciantes ambulantes trocar com roupa usada e sabão. 60 Fonte: VAM/PAM Durante o mês de Maio-03 realizou-se uma campanha de vacinação contra o Sarampo, cuja cobertura vacinal foi de 90%. Segundo o UNICEF-Moxico, da população alvo de 223,422 crianças previstas para a campanha de sarampo, foram vacinadas 200,147. Estes números indicam que há crianças que não foram vacinadas, principalmente as que se encontram em algumas áreas inacessíveis de Bundas, Luchazes e Alto Zambeze. Informações provenientes do supervisor provincial do EPI, 26 crianças morreram de sarampo na comuna do Luvua no Alto Zambeze e a ONG AHA, reporta a entrada de uma criança com sarampo no hospital de Kazombo. Segundo a direcção provincial de saúde publica, a malária continua a ser a principal causa de mortalidade em crianças e adultos. Esforços combinados entre o UNICEF, GOAL e MINSA foram empreendidos no período para implementação do projecto de controlo da malária, através de treinamento de activistas na impregnação de redes mosquiteiras e sua manutenção. Para o efeito, o UNICEF providenciou 6,000 redes para a implementação conjunta do projecto de controlo da malária. Com o mesmo objectivo foi instalado um laboratório de analises primarias. O laboratório servirá essencialmente para pesquisa do plasmoduim. No período em referência registou-se uma redução considerável no número de admissões no CNS Luena, de 73 crianças para 46, enquanto que no CNT as admissões mantêm-se estável, com uma media mensal de 30 crianças Segundo MSFBelgica as novas admissões no CNT e CNS estão relacionadas directamente com o estado de saúde destas crianças. Doenças como o paludismo e diarreias têm sido as que mais provocam recaída nas crianças levando-as em situação de mal nutrição. A desnutrição foi também relacionada ao estado precário do saneamento básico nos bairros periféricos. No município do Luau a situação e idêntica; Durante o período a média mensal de admissões não variou, mantendo-se entre 18 e 21, o que indica que a prevalência está relacionada também com a saúde. A situação nutricional nos Centros de transito de Luau e Kazombo não é preocupante. Segundo MSF não foram registados casos de mal nutrição nas crianças repatriadas pelo UNHCR. Os poucos casos estavam também relacionados com a saúde. Cerca de 99% das famílias repatriadas trazem consigo reservas alimentaras que podem cobrir um período de entre 30- 45 dias. O PAM está a providenciar uma ração dupla de comida e suplementos alimentares a todas pessoas repatriadas, enquanto que o UNHCR está a fornecer bens não alimentares nomeadamente: cobertores, sabão e utensílios domésticos. Os Centros de Transito de Luau e Kazombo possuem infra-estruturas básicas como posto de saúde e sistemas de captação e distribuição de agua potável. Na província, devido a escassez de infra-estruturas na maior parte das áreas que recentemente se tornaram acessíveis, associados a falta de programas de educação para a saúde, as condições de saneamento básico e de acesso à agua potável são precárias. Acções ligadas a recuperação de pontos de agua melhorados e latrinas estão sendo levados a cabo nos municípios de Bundas, Luau e Alto Zambeze pelas ONGs MEDAIR e LWF. O período em referencia corresponde a estacão seca e, no calendário agrícola, abrange actividades de “pico“ de colheitas das lavras, preparação de novas lavras e nakas, oferecendo as famílias vulneráveis do meio rural mais oportunidades de trabalho. Em termos de actividades extra agrícolas respectivamente a pesca artesanal, caça e recolha de mel, actividades típicas desta região, começam a aumentar gradualmente até Novembro. Nesta altura famílias inteiras intensificam a exploração destes recursos com vista adquire alguns rendimentos e reservas para estacão chuvosa, quando os acessos ao mercado são difíceis e a comida começa a escassear . As opções mais comuns neste período para os agregados familiares do meio peri-urbano não mudaram, sendo respectivamente o pequeno negócio baseado na revenda de pequenos bens alimentares a não alimentares; corte e venda de lenha e carvão, transporte de mercadorias de dentro e fora da cidade e a prestação de trabalhos ocasionais a terceiros. No meio rural as opções restringiram-se a exploração de fontes naturais de alimentos como a pesca, caça e recolha e venda de mel e, em alguns casos, ao trabalho agrícola ocasional a terceiros. Nos casos extremos, pequenos grupos da 32 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM terceira idade, diminuídos físicos praticam a mendicidade nos principais mercados da cidade ou do município, redução de refeições e ou consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional, como estratégias para a sua sobrevivência. Considerações finais De uma forma geral a situação de segurança alimentar melhorou na província do Moxico se consideramos o actual estado de nutrição da população nas principais localidades de maior concentração populacional nomeadamente Luena, Luau e Alto Zambeze e de uma forma geral, o acesso melhorado ao mercado reflectido na tendência de redução do custo da cesta básica. As localidades com maior risco geográfico são as situadas a sul da província, a nordeste de alto Zambeze e a sul do município do Luacano nomeadamente; Lovua, Ninda, Chuime, Tempue, Cangombe, Cassamba, Lumbala Kaquengue e Cangumbe. Nestas localidades aproximadamente 25,000 pessoas ficaram fora da assistência humanitária. Tabela 3 - Beneficiarios da assistencia alimentar R&R Mes EM Mai-03 6,663 19,969 Jun-03 2,373 32,039 Jul-03* 1,325 43,740 Fonte : PAM *Planificado Nos próximos três (3) meses presume-se que a situação vai melhorar nestas localidades devido a extensão dos programas de sementes e utensílios agrícolas promovido pela FAO e EURONAID a 56,154 famílias rurais incluindo a componente alimentos para a protecção de sementes. A tabela 3 mostra o número de beneficiários da assistência alimentar do PAM na província, nas categorias Emergência (EM), Reassentamento e Recuperação & Reabilitação (R&R). O numero de beneficiários tende a subir nos próximos três meses com a dinâmica do processo de repatriamento organizado e expontâneo. NAMIBE Entre Maio a Julho, verificaram-se algumas dificuldades na circulação de automóveis nalgumas vias que dão acesso a localidades do interior dos municípios da Bibala, Camucuio e Virei. As dificuldades foram devido as más condições em que se encontram as estradas quer devido a chuva como por falta de manutenção regular das mesmas. O acesso rodoviário a partir da cidade do Namibe para as sedes municipais e províncias vizinhas, foi feito com normalidade, assim como foi regular a ligação ferroviária entre o Namibe e Lubango. B B B ooo lllooo nnn ggg uuu eee rrraaa LLL uuu ccc iiirrraaa R is c o d e In s e g u r a n ç a A lim e n ta r B a ix o B B B eee nnn tttiiiaaa bbb aaa M o d e r a d o a B a ix o M o d e ra d o M o d e r a d o a E le v a d o LLL ooo lllaaa C C aaa iiitttooo uuu C D D D iiinnn ddd eee H oo qq uu ee H B B iiibbb aaa lllaaa B E le v a d o Segundo fontes ligadas a Direcção provincial do MINARS, durante o período em análise, chegaram à cidade do Namibe, um total de 414 pessoas (71 famílias - desmobilizados e seus familiares) provenientes de áreas de aquartelamento e acolhimento que existiram nas províncias do Huambo, Huíla e Benguela. Todas as famílias foram registadas e a maior parte delas estão assentadas em campos (enquanto localizam os seus familiares). IIIm m m ppp uuu lllooo C C C aaa m m m uuu ccc uuu iiiooo M M M uuu nnn hhh iiinnn ooo N N aaa m m iiibbb eee N m N N aaa m m iiibbb eee N m TTT ôôô m m m bbb uuu aaa LLL uuu bbb aaa nnn ggg ooo H H H uuu m m m ppp aaa tttaaa H uuu iiilllaaa H H C C C hhh iiibbb iiiaaa C C C aaa hhh iiinnn ddd eee V V iiirrreee iii V O O O nnn ccc ooo ccc uuu aaa No período em análise, as famílias que se dedicam a produção agrícola, estiveram envolvidas na colheita e debulha dos cereais cultivados no interior da província, com destaque para os municípios da Bibala e Camucuio onde as precipitações têm sido mais elevadas em relação aos outros municípios (Tômbua, Virei e Namibe), assim como na produção de hortícolas diversas e milho nas terras baixas (ao longo das margens dos diferentes rios que banham a província). Técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) do Namibe, informaram que os resultados da produção de cereais e leguminosas na campanha agrícola finda foi de um modo geral satisfatórios, tendo em conta o regime pluviométrico da província. A Estação Experimental do IIA no Namibe, continuou a multiplicar variedades melhoradas de mandioca e batata-doce nos municípios do Namibe e Tômbua, com vista a diversificar as culturas na região. Até ao final de Julho, estavam instalados 30 hectares de batata doce e 6 ha de mandioca. Segundo fontes ligadas à Direcção Provincial de Pecuária, a partir do mês de Junho, começou a registar-se escassez de água nas cacimbas e chimpacas, assim como a redução dos pastos, tendo provocado uma antecipação do processo de transumância. A COSPE, recebeu sementes e instrumentos agrícolas da FAO, para serem distribuídas a 1,500 famílias no município do Tômbua. 33 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM O fluxo de viaturas transportando bens diversos entre as sedes comunais e municipais, manteve-se estável em comparação aos meses anteriores. O transporte de mercadorias para algumas aldeias do interior dos municípios foi efectuado maioritariamente por carroças puxadas por animais. Fontes ligadas as administrações municipais, informaram que os comerciantes ambulantes que realizam transações nos municípios da Bibala e Camucuio, procuram fundamentalmente gado bovino, para revenda na província de Benguela. No trimestre em referência, verificou-se nos principais mercados municipais, um aumento da disponibilidade e diversidade de produtos agrícolas, provenientes da província da Huíla, particularmente dos municípios da Matala e Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Namibe Quipungo. A dinâmica dos mercados de Camucuio e 50 45 Virei continuaram bastante débeis em comparação a 40 outros municípios da província. 35 30 25 20 15 10 5 Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Nov-02 Sep-02 Jul-02 Aug-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 0 Feb-02 No mercado do Namibe os preços dos produtos básicos (alimentares e não alimentares) foram mais baixos em relação aos mercados dos outros municípios. Em Julho, no mercado de referência do Namibe, o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos no mercado e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 dias, foi de 25.95 USD representando uma redução de cerca de 18% em relação ao mês de Abril. Fonte: VAM/PAM Segundo fontes adstritas a Antena (representação) provincial de Saúde do Namibe, as principais doenças diagnosticadas nas unidades sanitárias que estiveram em funcionamento durante o período em análise, foram a malária e doenças respiratórias e diarreicas agudas. A malária foi apontada como a patologia que mais óbitos causou. A mesma fonte referiu que neste período, foram notificados 7 casos de Sarampo e 2 de Meningite no município do Namibe. Fontes ligadas ao depósito de medicamentos da província, informaram que durante o trimestre em relato, houve um fornecimento regular de medicamentos essenciais às 41 unidades sanitárias enquadradas no programa de apoio em medicamentos. Técnicos do Departamento Provincial de Saúde Pública, informaram que durante a campanha de vacinação contra o Sarampo realizada entre Abril e Maio foram vacinadas 54,697 crianças. A Direcção Provincial de Águas informou que, em média 66% da população tem acesso a água a partir dos pontos de distribuição do sistema de captação de água tratada no Namibe e sistemas de captação com bombas submersíveis nos restantes municípios. As cacimbas continuaram a ser as outras fontes de abastecimento de água para os habitantes das zonas rurais. As principais actividades alternativas de geração de renda praticadas pelas famílias residentes vulneráveis (fundamentalmente da tribo Muhumbi) e alguns reassentados durante o período em análise, foi a prestação de serviços aos agricultores em troca de pequenas parcelas de terra para a produção de hortícolas. Nalgumas localidades, as fontes de renda foram a venda de peças de artesanato, peixe de água doce e realização de pequenos negócios (revenda de produtos adquiridos nos principais mercados). Considerações finais O PAM e o MINARS continuaram a prestar assistência alimentar nos municípios da Bibala, Camucuio, Namibe e Tômbua nas categorias de Emergência (EM) e Recuperação & Reabilitação (R&R). O não cumprimento de algumas cláusulas contratuais originou a suspensão da assistência em alguns projectos na categoria de emergência durante os meses de Maio e Junho. A redução de beneficiários na Tabela 2 – Beneficiários da categoria Recuperação & Reabilitação em Maio e Junho, deveu-se ao término da assistencia alimentar assistência às famílias reassentadas no Curoca. O aumento registado em Julho, teve haver Mês EM R&R com a chegada de desmobilizados ao município do Namibe e a implementação de novos Mai-03 54 1,322 projectos de Comida pelo Trabalho. Jun-03 Jul-03 Fonte: PAM 462 1,072 1,490 O MINARS está a prestar assistência alimentar (prevista para um período de 6 meses) às 414 pessoas (desmobilizados e familiares) que chegaram a cidade do Namibe durante o período em análise. 34 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM UIGE Entre Maio e Julho/03, a acessibilidade na província foi caracterizada como boa, tendo-se registado um aumento da circulação de pessoas e bens. O UNSECOORD realizou avaliações de segurança nos municípios de Quimbele, Sanza Pombo e Maquela do Zombo, de que resultou a abertura de três vias anteriormente fechadas. A via de acesso à comuna de Cuilo Pombo (Sanza Pombo), até aqui inacessível devido a duas pontes partidas; a de Mbanza Nsosso (Maquela do Zombo), que dá acesso à RDC e que constituirá a porta de entrada para o repatriamento organizado de refugiados a iniciar no próximo trimestre e a de Malele (Maquela), as duas últimas desminadas pelas FAA e consideradas como seguras para circulação pelo UNSECOORD. Permanecem inacessíveis as sedes municipais de Bembe e Mucaba: Lucunga e Mabaia (Bembe), Kinzala e Uando (Mucaba). Tabela 1 - Movimento de retorno das ARF Proveniência Municipios de retorno Uamba Vale do Loge Uige 1,039 248 Ambuíla 17 0 Songo 87 4 Bembe 13 29 Negage 593 44 Bungo 110 10 Maquela do Zombo 423 3 Mucaba 24 5 Puri 161 43 Damba 147 119 Cangola 564 46 Sanza Pombo 660 50 Dange – Quitexe 12 2 Quimbele 632 39 Milunga 428 20 Buengas 200 54 Total 5,110 716 Fonte: IRSEM/MINARS Houve Luvo Luvo Luvo Buela Buela Buela Maquela do do Zombo Zombo Maquela do Zombo Maquela Cuimba Cuimba Cuimba Mbanza Mbanza Congo Congo Mbanza Congo Kibocolo Kibocolo Kibocolo Kiende Kiende Kiende Serra da Canda Serra Serra da da Canda Canda Madimba Madimba Madimba Uíge Uíge Damba Damba Damba Damba Lucunga Lucunga Lucunga Quimbele Quimbele Quimbele Buengas Buengas Buengas N'soso N'soso Buenga Buenga Sul Buenga Sul Buenga Buenga Sul Sul Sul Milunga Milunga Milunga Macocola Macocola Bembe Bembe Mabaia Mabaia Mabaia Songo Songo Bungo Bungo Bungo Ambuila Ambuila Ambuila Uíge Uíge Uíge Kipedro Kipedro Kipedro Bela Vista Vista Bela Bela Vista Negage Negage Negage Quitexe Quitexe Muxaluando Muxaluando Muxaluando Canacassala Canacassala Bengo BengoCanacassala Quicabo Quicabo Quicabo Cuilo Cuilo Pombo Pombo Uamba Uamba Uamba Sanza Sanza Pombo Sanza Pombo Pombo Alfândega Alfândega Alfândega Puri Puri Puri Puri Puri Baixo Cangola Cangola Cangola Aldeia-Vicosa Aldeia-Vicosa Tango Tango Tango Bindo Bindo Bindo Cambamba Cambamba Cambamba Camabatela Camabatela Camabatela Vista Vista Alegre Alegre Vista Alegre Terreiro Terreiro Terreiro Risco de Insegurança Alimentar Luinga Luinga Luinga Moderado a Baixo Massango Massango Massango Moderado Moderado a Elevado Kuale Kuale Kuale Elevado Marimba Marimba Marimba Marimba melhorias significativas na via inter-provincial que liga Uige a Luanda, via Quitexe/Quibaxe/Caxito, devido ao fim das chuvas e aos trabalhos de terraplanagem no município de Quitexe. A outra ligação a Luanda, via Negage/Ndalatando/Dondo, também foi utilizada, embora em menor escala. Neste período foram registadas movimentações de dois grupos populacionais diferentes. O movimento que mais pessoas envolveu foi o de ex-militares e suas famílias. Apesar do encerramento oficial das áreas de acolhimento em Março, as ARF de Uamba (Sanza Pombo) e Vale do Loge (Bembe) apenas terminaram a evacuação das famílias em finais de Junho. Estas famílias são, sobretudo, as que escolheram municípios da província do Uige como área de retorno. No total, 5,826 ex-militares e suas famílias retornaram às suas áreas de origem, conforme mostra a tabela 1. O segundo movimento registado foi o de retorno espontâneo de Retornados Externos da RDC, pelas vias de Kimbata e Mbanza N’sosso, tendo sido registadas 110 pessoas. A maior parte das famílias que regressaram espontaneamente são provenientes das comunas de Beu e Sacandica (Maquela do Zombo). O período em referência abrangeu o inicio da época seca, embora o fim das chuvas na província se tenha registado apenas em Junho. Apesar disso, a maior parte das famílias esteve envolvida no cultivo de hortícolas e feijão nas terras de baixa. Informações recolhidas junto de ONG que implementam projectos agrícolas dão conta que não houve distribuição de sementes de hortícolas para esta época, facto que diminuiu a sua produção, já que estas sementes têm preços elevados nos mercados locais. A plantação da mandioca foi a actividade que mais ocupou os agregados camponeses, por constituir a época seca o melhor período para a plantação das estacas. Informações obtidas junto de ONG intervenientes no sector agrícola revelaram que está planificada a distribuição de a sementes de milho, feijão e amendoim e instrumentos agrícolas para a 1 época da campanha 2003-04 a um total de 25,000 famílias nos municípios do Bungo, Buengas, Milunga, Mucaba, Cangola, Puri Kitexe, Kimbele, Damba, Bembe, Sanza Pombo e Maquela do Zombo. As ONG Visão Mundial e CDR procederam à aquisição de sementes de amendoim na província do Uige, municípios de Quimbela e Buengas, para distribuição noutras províncias, nomeadamente no Bié. As principais vias comerciais da província foram utilizadas de forma regular, facto que proporcionou um aumento nas trocas comerciais entre a sede provincial e os restantes municípios. As vias Negage/Sanza Pombo/Quimbele e Uige/Negage/Bungo/Damba/Maquela do Zombo foram as mais utilizadas para as trocas comerciais, sendo a primeira a mais utilizada por comerciantes que transportam o makesso, ginguba e pevide (semente de abóbora) do município de Quimbele para Luanda, enquanto que a segunda para a transportação do makesso de Nsosso (Damba) para o Uige, para além das trocas comerciais com a RDC. Embora com boas reservas alimentares, o município de Buengas foi pouco acessível, devido principalmente à degradação da via e às características do terreno (arenoso), impossibilitando a circulação de viaturas sem tracção, com impacto sobre a dinâmica de eventuais mercados. 35 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Houve melhorias significativas na via inter-provincial que liga Uige a Luanda, via Quitexe/Quibaxe/Caxito, devido ao fim das chuvas e aos trabalhos de terraplanagem no município de Quitexe. A outra ligação a Luanda, via Negage/Ndalatando/Dondo também foi utilizada, embora em menor escala. Os principais produtos locais encontrados no mercado do Uige foram provenientes principalmente dos municípios do Songo (makesso, feijão, banana), Damba (makesso, amendoim, feijão), Quimbele (makesso, amendoim, muteta, gergelim) Cangola (makesso) e Negage (makesso, batata doce e banana). Entre Maio e Julho houve um aumento na oferta e diversidade de produtos e bens industrializados nos diversos mercados da província, provenientes principalmente de Luanda. A maior oferta de bens de produção local provenientes de municípios antes inacessíveis foi o factor que mais influenciou a redução dos preços nos mercados municipais do Uige, Negage, Songo e Quimbele, sobretudo para o caso do Grafico 1 - Media mensal da cesta basica no Uige milho. Milho grao Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Nov-02 Sep-02 Jul-02 Aug-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 Feb-02 50.00 45.00 40.00 35.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 Fuba bombo Fonte: VAM/PAM Em Julho, o custo médio mensal da cesta alimentar constituída por milho, feijão, óleo e sal, cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos no mercado de referência do Uige e que permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições, que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia, durante 30 dias, foi de USD 29.79 - representando uma redução de cerca de 3.93% em relação ao mês de Abril. O mesmo aconteceu com a cesta baseada na fuba de bombó, a preferida, que registou, no mesmo período, uma redução de cerca de 15%, indicando uma recuperação rápida da cultura da mandioca. Segundo a Direcção Provincial de Saúde, as principais doenças mais diagnosticadas pelos serviços de saúde foram a malária, doenças respiratórias e diarreicas agudas. O abastecimento em medicamentos às unidades sanitárias da província é efectuado através do programa nacional de medicamentos essenciais, mas de forma forma irregular, sendo geralmente priorizada a sede da província. No município de Buengas, o posto de saúde local não recebeu qualquer abastecimento a partir do referido programa. Durante o mês de Maio, o UNICEF e a Direcção Provincial de Saúde deram continuidade à campanha de vacinação contra o sarampo. Durante a segunda e terceira fases da campanha foram vacinadas 26,193 criancas > 1 ano e 123,619 crianças dos 1-4 anos, prefazendo um total de 149,812 crianças vacinadas. As comunas de Beu e Sacandica (Maquela do Zombo) e Cuango (Quimbele) não foram cobertas pela campanha de vacinação por falta de acesso No mesmo período, funcionaram 3 CNT e 3 CNS nos municípios do Uíge, Negage e Songo e 11 Cozinhas Comunitárias nos municípios do Uíge e Negage. A tendência das admissões e readmissões, quer nos CNS, quer nos CNT foi de ligeiro aumento. O maior número de admissões registou-se no município do Uige, onde os casos mais frequentes são provenientes dos municípios de Mucaba e Bembe. Com excepção dos municípios do Uige, Negage e Songo onde opera a ONG internacional CUAMM, os restantes municípios apresentam um sistema de serviços de saúde deficiente. A organização internacional IMC passou a operar no município de Maquela do Zombo a partir deste trimestre, visando dar assistência médica e medicamentosa ao processo de repatriamento organizado que deverá ter inicio em finais de Agosto. O início da actividade do IMC em Maquela do Zombo melhorou a capacidade de atendimento do hospital daquela cidade. O UNICEF continua a financiar projectos de construção e reabilitação de pontos de água no Uige, prevendo cobrir 21 aldeias do município sede. Nas áreas urbanas e peri-urbanas da província do Uige, as actividades de geração de renda para as famílias desempregadas foram principalmente a venda de água, prestação de serviços ocasionais diversos (engomar, lavar roupa, poda de árvores, movimentação de carga nos mercados, estiva, venda de bebidas diversas, venda de blocos queimados. A venda ambulante de mercadoria diversa e a troca de moeda aumentaram consideravelmente durante este período. Nas áreas rurais, as actividades alternativas de geração de renda mais comuns foram a realização de empreitadas nas lavras (colheita, capina e armação do terreno para a plantação de mandioca) e terras baixas (sacha nas hortas), venda de maruvo e outras bebidas fermentadas de fabrico caseiro, venda de produtos artesanais (cadeiras, bancos e camas de bordão, luandos e cestos) e a venda de carvão e lenha. Considerações finais No Uige, apenas uma comuna foi considerada em situação de risco elevado: Kinvuenga (Songo). Esta comuna ficou acessível muito recentemente e as famílias enfrentam problemas críticos de acesso a alimentos e serviços básicos, as oportunidades de obtenção de recursos para a sua subsistência são escassas e os sistemas de sustento foram muito afectados pelo conflito. Um conjunto de 16 comunas encontra-se, contudo, em risco moderado a elevado: Kipedro (Ambuila); Bembe, Lucunga e Mabaia (Bembe); Buengas (Buengas); Bungo (Bungo); Cangola (Cangola); Aldeia Viçosa, Cambambe e Vista Alegre (Dange-Quitexe); Milunga (Milunga); Quinzala (Mucaba); Dimuca (Negage); Alto Zaza (Quimbele); Cuilo Pombo e Uamba 36 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM (Sanza Pombo). Nalgumas destas comunas, com acessos relativamente difíceis, existe já assistência humanitária em curso. Completamente inacessíveis encontram-se o município do Bembe e a comuna de Mucaba, onde não há assistência, nem é possível realizar as campanhas de vacinação. É recomendável a realização de avaliações às comunas acessíveis. Tabela 2 - Beneficiários da assistencia alimentar Mes EM ARF R&R Mai-03 16,972 144 884 Jun-03 1,849 1,392 19,389 Jul-03 1,876 21,722 O PAM começou, a partir do mês de Junho, a assistir com alimentos as populações retornadas dos municípios de Quimbele, Quitexe, Maquela do Zombo, Buengas, Bungo e Damba. Foi também realizado o registo em Cangola. Nestes mesmos municípios estão a ser igualmente assistidos os ex-militares e famílias provenientes das ARF. 36,46% dos beneficiários constantes deste plano localizam-se em zonas de risco moderado a elevado: sede do Bembe e comunas de Alto Zaza (Quimbele), Kivuenga (Songo) e Quinzala (Mucaba). A IERA assiste 1,633 retornados internos e ex-militares em Uamba, onde existirão exmilitares que pretendem instalar-se na área anteriormente utilizada como área de acolhimento. Fonte: PAM A redução registada entre Maio e Junho/Julho, na categoria EM, ficou a dever-se ao encerramento das ARF. No caso da categoria R&R, o aumento, no mesmo período, deveu-se ao início da assistência aos ex-militares e seus familiares e outros retornados internos regressados às suas áreas de origem. ZAIRE Durante o período em referência, a movimentação de pessoas e bens foi realizada de forma mais rápida, devido principalmente às melhorias registadas na reparação dos principais eixos rodoviários inter-provinciais e inter-municipais da província. O acesso ao município do Nóqui continua a efectuar-se via RDC, pela via Mbanza Congo-Luvo com entrada na RDC (Porto de Matadi) e vastas áreas do Soyo. Luvo Luvo Buela Buela Soyo Soyo Cuimba Cuimba Mbanza Mbanza Congo Congo Mbanza Congo Zaire Zaire Kiende Kiende Maquela Maquela do do Zombo Zombo Kibocolo Kibocolo Serra da da Canda Canda Serra Madimba Madimba Damba Damba Damba Damba Quinzau Quinzau Tomboco Tomboco Tomboco Tomboco Lucunga Lucunga O UNSECOORD realizou avaliações de segurança Risco de Insegurança Alimentar Bembe Bembe nos municípios de Mbanza Congo e Cuimba, em Baixo Mabaia Mabaia Nzeto Nzeto resultado das quais foram abertas as vias de acesso Moderado a Baixo Songo às comunas de Luvo (Mbanza Congo) e Buela Moderado Songo Ambuila Ambuila Moderado a Elevado (Cuimba). Estas vias, anteriormente fechadas por Musserra Musserra Elevado Uíge Uíge suspeita de minas, assumem grande importância para o processo de repatriamento organizado de Negage Negage Kipedro Kipedro refugiados na RDC, liderado pelo UNHCR, pois constituem as principais áreas de destino destas famílias. Este processo teve início em Junho, sendo os retornados instalados no centro de trânsito de Kiowa (Mbanza Congo), onde recebem assistência. À data da sua saída do campo recebem uma ração alimentar para um mês. Antes do início do repatriamento organizado chegaram, de forma espontânea, ao centro de trânsito de Kiowa um total de 361 pessoas (111 famílias) provenientes da RDC. Após o inicio do repatriamento organizado, o UNHCR deixou de considerar a entrada de Tabela 1 - Movimento das ARF retornados externos sem o Formulário de Repatriamento Voluntário (VRF). Municipios de retorno Ex-militares Familiares A administração municipal do Cuimba reportou a entrada espontânea de Cuimba 35 66 Retornados Externos da RDC para as comunas de Buela e Serra de Mbanza Congo 101 170 Canda. O UNHCR confirmou a existência deste grupo populacional, mas Noqui 6 13 porque a maior parte entrou por fronteiras não oficiais e não possui Nzeto 5 10 documentos que comprovem a sua condição de Retornados Externos, não Soyo 33 44 são, por isso, alvo de assistência. Tomboco 3 0 Total Fonte: IRSEM 183 303 Em princípios de Maio registou-se o retorno às áreas de origem de 486 pessoas, entre ex-militares e seus familiares, provenientes de diferentes ARF, conforme mostra a tabela 1. As principais actividades agrícolas desenvolvidas pelas famílias ao longo do período em análise foram o cultivo de hortícolas nas terras baixas na generalidade dos municípios. No município de Cuimba as famílias estavam mais engajadas na preparação de camalhões para a plantação da mandioca. No município de Tomboco, as famílias estiveram envolvidas na colheita de laranjas e abacaxi a partir de meados de Maio. Durante o mesmo período não se registaram distribuições de sementes. As organizações humanitárias que desenvolvem projectos na área agrícola prevêem distribuir sementes de amendoim, feijão e milho (da FAO e da EURONAID) a 15,000 famílias nos municípios de Mbanza Congo, Cuimba, Tomboco e Noqui, os mais produtivos da província. O trimestre em referência registou significativas melhorias na movimentação de pessoas e bens em quase toda extensão da província. As principais vias inter-municipais foram melhoradas por terraplanagem. A via de acesso ao ponto fronteiriço do Luvo foi reabilitada no sistema de Comida Pelo Trabalho. Esta via, para além de ser utilizada para o repatriamento organizado, beneficiou também os comerciantes que passaram a despender 37 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM menos tempo nas viajens Luvo/Mbanza Congo. A via de Mbanza Congo/Cuimba também começou a ser reaibilitada mais recentemente. A via Luanda/Caxito/Nzeto/Soyo continuou a ser utilizada através do desvio Nzeto/Casa da Telha/Mucula, devido à inoperância da jangada que funcionava na foz do rio Mombridge. No entanto, com o melhoramento do troço Casa de Telha/Mucula/Kinzau permitiu que aquela fosse utilizada com maior regularidade, facto que favoreceu as trocas comerciais entre a capital do pais, as província do Zaire e Cabinda e a RDC. A maior parte dos produtos industrializados disponíveis nos mercados de Mbanza Congo e Cuimba tiveram uma proveniência repartida entre Luanda e a RDC, com vantagem para os produtos provenientes desta última. Os produtos agrícolas disponíveis (bombô, amendoim e feijão) no mercado de Mbanza Congo eram provenientes das comunas de Kaluka e Kalambata (Mbanza Congo) e Serra de Canda (Cuimba). Desde Novembro de 2002 que não existe milho em grão no mercado do Zaire, não podendo, por isso, ser calculada a cesta básica baseada no milho. A fuba de milho, embora continuando a existir no mercado vem registando falhas cada vez mais frequentes, facto que pode ficar a dever-se a uma progressiva estabilização da cultura da mandioca e o aumento do consumo da fuba de bombo, a preferida nesta região do país. O gráfico 1 reflecte, por isso, os custos médios das cestas baseadas nestes dois produtos. A cesta baseada na fuba de bombó passou a ser mais baixa que a de fuba de milho a partir de Novembro de 2002. Em Julho, esta cesta, composta por fuba de bombo, feijão, óleo e sal sal, Grafico 1 - Media mensal das cestas alimentares no Zaire cujos preços (em kg ou litro) foram os mais baixos 90.00 no mercado de referência de Mbanza Congo, e que 80.00 70.00 permite a uma família de 5 pessoas tomar refeições 60.00 que forneçam 2,100 kcal/pessoa/dia durante 30 50.00 40.00 dias, foi de USD 60.75, representando um aumento 30.00 de cerca de 16% em relação ao mês de Abril. 20.00 Jul-03 Jun-03 Apr-03 May-03 Mar-03 Jan-03 Feb-03 Dec-02 Oct-02 Fuba de milho Nov-02 Sep-02 Jul-02 Aug-02 Jun-02 Apr-02 May-02 Mar-02 Jan-02 10.00 0.00 Feb-02 O custo desta cesta é muito elevado, mais do dobro do que poderia ser o custo de uma cesta baseada em milho em grão. A população mais vulnerável dificilmente poderá suportar um custo destes, mas, na realidade, a grande maioria das famílias produz mandioca ou adquire produto não processado (bombó ou mandioca fresca), cujo preço no mercado é muito inferior. Fuba de bombo Fonte: VAM/PAM As principais enfermidades diagnosticadas nas unidades sanitárias da província durante o período em referência foram a malária, doenças diarreicas e respiratórias agudas, tripanossomíase e tuberculose. O abastecimento em medicamentos as unidades sanitárias da província são efectuados através do programa nacional de medicamentos essenciais, de forma insuficiente, recorrendo as populações à RDC. É o caso relatado pelos MSF-H, que abastecem normalmente o hospital municipal de Cuimba, bem como o posto de saúde da comuna de Buela, mas que há cerca de 3 meses não recebem medicamentos. Durante o período em referência, a AHA destacou um médico e um técnico básico de saúde para o hospital de Tomboco e garante a assistência médica e medicamentosa ao centro de trânsito de Kiowa, em Mbanza Congo. Em Maio, a OMS e a Direcção Provincial de Saúde deram continuidade à campanha de vacinação contra o sarampo. Durante a segunda e terceira fases da campanha foram vacinadas 8,509 crianças > 1 ano e 33,160 crianças dos 1-4 anos, prefazendo um total de 41,669 crianças vacinadas nas duas últimas fases. A cobertura vacinal na comuna de Serra de Canda foi baixa, devido ao difícil acesso a algumas aldeias. A OMS informou que, no mês de Julho, se registaram 20 casos de sarampo na comuna. Durante o período em referência apenas funcionou um Centro Nutricional Suplementar no município de Mbanza Congo. A partir de Junho, a organização internacional IMC iniciou as suas actividades no município de Mbanza Congo. Até ao momento reabilitou três postos de saúde nas aldeias de Sumpi, Kiende e Mbanza Bamba. Está a reabilitar postos na comuna de Madimba, Calambata e Kaluca. Os postos reabilitados estão prontos a funcionar, aguardando a colocação dos técnicos por parte da administração. Em matéria de acesso a água potável, a única acção de melhoramento a nível da província foi da AHA, que instalou dois poços com sistema de bombagem manual para servir a população do centro de trânsito de Kiowa. As oportunidades de geração de renda para as famílias regressadas através do repatriamento organizado e de forma espontânea durante este período, tem sido fundamentalmente a realização de empreitadas nas lavras de residentes e realização de pequenos negócios (compra e venda de produtos). Na comuna de Buela, as famílias tem atravessado a fronteira com a RDC, onde realizam empreitadas nas lavras de congoleses em troca de alimentação. Para as famílias residentes no município de Mbanza Congo as actividades mais frequentes foram a venda de pequenos negócios, a realização de trabalhos ocasionais (domésticos) e a venda de agua. Nos municípios do Nzeto e Tomboco a principal actividade foi a confecção de alimentos para a venda aos viajantes. A prática de redução do número de refeições e de quantidade de alimentos está a ser utilizada pelas famílias retornadas na comuna de Buela. Os laços de solidariedade, intra e extra-familiar, continuaram a ser praticados entre as famílias retornadas. 38 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Considerações finais Apenas a comuna de Buela (Cuimba) se encontra em risco elevado de insegurança alimentar, facto que foi constatado numa avaliação rápida de necessidades alimentares, realizada em conjunto pela Acção Agrária Alemã e o PAM em finais de Julho. Só nessa data esta comuna se tornou acessível à assistência humanitária e poderá receber insumos agrícolas para a próxima campanha agrícola. Caso isso não aconteça devido ao início da estação das chuvas e a eventual degradação dos acesso, a população desta comuna poderá vir a estar numa situação crítica. Em risco geográfico menor, mas ainda preocupante, estão as comunas de Serra da Canda, Mandimba e Kinzau, para onde se regista um elevado número de retorno, sobretudo de retornados externos sem assistência, devido a problemas de acesso. Devido ao deficiente funcionamento das estruturas de saúde, mercados e constantes movimentos de retorno de deslocados e regressados a estas duas comunas, recomenda-se a realização de monitorias regulares, de modo a prevenir a deterioração das condições de vida das famílias nestas comunas. Tabela 2 - Beneficiários da assistencia alimentar Mes EM R&R Mai-03 529 5,347 Jun-03 1,299 1,979 Jul-03 4,075 10,386 Fonte: PAM A tabela a seguir reflecte os números de beneficiários que recebem assistência alimentar na província, nas categorias Emergência (EM) e Recuperação & Reabilitação (R&R). Em Junho, não se registou a distribuição alimentar a 4,357 pessoas, incluídas na categoria R&R, em Tomboco, por falta de transporte, mas em Julho voltaram a ser assistidos, com o acréscimo de cerca de 4,806 retornados externos do Cuimba, sob responsabilidade do UNHCR. 39 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Critérios de Avaliação ACESSIBILIDADE Situação Boa: Não há obstáculos à circulação de pessoas e bens e não existe pressão sobre os recursos-chave. As estradas e pontes são transitáveis de forma regular (período seco e chuvoso) e não se registam incidentes de segurança (minas e actos de banditismo). Acesso bom. Situação a Monitorar: Circulação de pessoas e bens é condicionada pela existência de pontes provisórias e de capacidade de carga limitada e ocorrência de incidentes esporádicos e de pouco impacto. Circulação regular na época seca e irregular na época chuvosa. Acessos com constrangimentos. Situação Preocupante: Circulação de pessoas e bens difícil no período seco e esporádica no período chuvoso, por mau estado de conservação das vias, algumas pontes degradadas/partidas, mas com possibilidades de travessia alternativa (limitada a alguns tipos de veículos). Perigo de isolamento de localidades no período chuvoso. Ocorrência de incidentes de segurança. Acesso difícil. Situação Crítica: Circulação de pessoas e bens muito limitada ou inexistente no período seco e impossível no chuvoso, por mau estado de conservação das vias, inexistência de pontes e alternativas de travessia e/ou ocorrência de incidentes. Isolamento de localidades e grande pressão sobre os recursos-chave. Acesso muito difícil ou sem acesso. SITUAÇÃO AGRÍCOLA E PECUÁRIA Situação Boa: Disponibilidade e facilidade de acesso (compra no mercado, doação, crédito) a insumos agrícolas (sementes, instrumentos e fertilizantes) e a outros meios de produção (gado de tracção e charruas); área total cultivada igual ou superior a 2.5 ha/família para as principais culturas alimentares (milho, feijão, massango e mandioca), possibilitando a constituição de reservas alimentares até à colheita seguinte. Criação de animais de pequeno porte, aves e/ou gado bovino. Produção suficiente para o sustento e manutenção da capacidade produtiva. Situação a Monitorar: Disponibilidade e acesso irregulares (compra no mercado, doação, crédito) a insumos agrícolas (sementes, instrumentos e fertilizantes) e a outros meios de produção (gado de tracção e charruas); área total cultivada igual ou superior a 1.5 ha/família para as principais culturas alimentares (milho, feijão, massango e mandioca), possibilitando a constituição de reservas alimentares até 6 meses. Criação de animais de pequeno porte, aves e/ou gado bovino. Produção suficiente para o sustento, mas dificuldade de manter a capacidade produtiva. Situação Preocupante: Dificuldades no acesso (compra no mercado, doação, crédito), por escassez de insumos agrícolas (sementes, instrumentos e fertilizantes) e a outros meios de produção (gado de tracção e charruas); área total cultivada de, no máximo, 1 ha/família para as principais culturas alimentares (milho, feijão, massango e mandioca), sem possibilidade de constituição de reservas alimentares. Alguma criação de animais de pequeno porte e aves. Produção insuficiente para o sustento. Situação Crítica: Disponibilidade e acesso nulos aos insumos agrícolas (sementes, instrumentos e fertilizantes) e a outros meios de produção (gado de tracção e charruas); área total cultivada entre 0.25 a 0.5 ha/família para as principais culturas alimentares (milho, feijão, massango e mandioca), sem possibilidade de constituição de reservas alimentares. Eventualmente criação de galinhas. Produção abaixo dos níveis de sobrevivência. MERCADOS Situação Boa: Os mercados estão a ser abastecidos regularmente com todos os produtos locais e importados (alimentares e outros). Rotas comerciais abertas. Os preços são razoáveis e permitem à maioria da população a aquisição dos produtos mais importantes na dieta alimentar básica. Mercados dinâmicos e produtos diversificados. Situação a Monitorar: Os mercados não estão a ser bem abastecidos. Faltam alguns produtos (alimentares e outros) e o abastecimento começa a ser irregular. Rotas comerciais registam incidentes vários, mas permitem a circulação. Os preços começaram a subir e a aquisição dos produtos poderá ser difícil a uma parte considerável da população. Mercados pouco dinâmicos e pouca diversidade de produtos. Situação Preocupante: Os mercados não estão bem abastecidos com os habituais produtos locais e importados (alimentares e outros). Rotas comerciais restritas e circulação realizada sob medidas de segurança. O abastecimento é muito descontínuo e os preços elevados não permitem a aquisição dos produtos mais importantes na dieta alimentar básica por uma parte significativa da população. Mercados praticamente isolados. Situação Crítica: Os mercados têm poucos produtos e são abastecidos com grande irregularidade. Rotas comerciais cortadas e circulação restringida ou abastecimento exclusivamente aéreo. Os preços são bastante elevados e permitem só aos mais privilegiados a aquisição dos produtos mais importantes na dieta alimentar básica da população local. Mercados isolados ou inexistentes. 40 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM SANEAMENTO, SAÚDE E NUTRIÇÃO Situação Boa: Os serviços sanitários funcionam regularmente e cobrem as necessidades básicas da maioria da população. A mortalidade na população total é <1/10,000/dia e na população abaixo de 5 anos é <2/10,000/dia. A malnutrição aguda global (< -2 Z-score) das crianças com menos de 5 anos é < 5%. Situação a Monitorar: Os serviços sanitários existem mas não funcionam regularmente. A mortalidade na população total é >=1/10,000/dia e na população abaixo de 5 anos é >=2/10,000/dia. Os dados sobre malnutrição aguda global das 1 crianças com menos de 5 anos de idade situam-se entre 5 e 10% sem factores agravantes Situação Preocupante: Os serviços sanitários existentes não funcionam regularmente e não são suficientes para satisfazer as necessidades da maior parte da população. A mortalidade na população total é >2/10,000/dia e na população abaixo de 5 anos é >4/10,000/dia. A malnutrição aguda global das crianças com menos de 5 anos de idade é superior a 10% ou está compreendida entre 5 e 10% com factores agravantes. Situação Crítica: Os serviços sanitários não existem e/ou não fornecem os serviços essenciais a maior parte da população. A mortalidade na população total é >2/10,000/dia e na população abaixo de 5 anos é >4/10,000/dia e é agravada pela ocorrência de doenças epidémicas. A malnutrição aguda global das crianças com menos de 5 anos de idade é superior a 10% com factores agravantes. Regista-se usualmente o aparecimento de malnutrição severa na população adulta. MEIOS DE SOBREVIVÊNCIA Situação Boa: A população tem acesso fácil a fontes de receitas alternativas tais como biscatos, exploração e venda de lenha e carvão vegetal, colecta de frutos e raízes silvestres, venda de animais domésticos (galinhas, cabras, porcos, bois, etc.), obtenção de apoio financeiro de parentes próximos ou saída temporária de filhos e sobrinhos, etc. para outras aldeias (ou cidades) a viver em casa de parentes próximos. Situação a monitorar: A população tem acesso mais ou menos difícil a fontes alternativas de receita (ex.: necessita de percorrer longas distâncias para conseguir fazer a exploração de lenha e carvão vegetal). Começa-se a registar escassez de oportunidades de fazer biscatos e uma tendência geral de maximizar a exploração dos laços de consanguinidade. Situação Preocupante: A população tem acesso difícil a fontes alternativas de receita. Há poucas possibilidades de obtenção de receitas a partir de biscatos. Há escassas ou nenhumas possibilidades de exploração dos laços de consanguinidade. Exploração dos laços de solidariedade comunitária. Situação Crítica: A população tem acesso muito difícil a fontes alternativas de receita e a biscatos. São nulas ou quase nulas as possibilidades de obtenção de receitas a partir da exploração de laços de consanguinidade. Há uma evidente maximização da exploração dos laços de solidariedade comunitária. 1 Factores agravantes: a) Ração alimentar geral abaixo das necessidades energéticas mínimas. b) Epidemias de tosse convulsa e/ou sarampo. c) Taxa de mortalidade elevada. d) Alta prevalência de doenças respiratórias e/ou diarreia. e) Elevado número de crianças abandonadas. 41 Boletim de Vulnerabilidade e Segurança Alimentar, nº 14 PAM/Unidade VAM Tabela da ONGs por província e sector de intervenção Províncias ONG Bengo Benguela Bie Cuando Cunene Huambo Cubango Huila Kuanza Norte AAA ACF ACM ACORD ADC ADMA ADMERA ADPP ADRA A ADRA I AFRICARE AGRISUD AHA APN APS AUFA CARE CARITAS CCF CDR CIC CICV CNR COFAD CONCERN COSPE COSV CRS CTB CUAMM CVA DOM BOSCO DW GAC GOAL GVC HALO TRUST HANDICAP HORIZONTE IEIA IERA IKA IMC INTERSOS IPMP ISVP JRS LW F MAG MDM MGM MOVIMONDO MSF-B MSF-E MSF-H MSF-S ODLAC OIKOS OKUTIUKA OXFAM PRAZEDOR SCF-UK SCF-US SNV SOLIDARITES W VI ZOA Legenda Desminagem Saúde, Aguas e Saneamento Protecção, Educação e Formação Nutrição Crédito Agricultura e Segurança Alimentar 42 Lunda Sul Malanje Moxico Namibe Uije Zaire