Contracepção: origem e evolução histórica.
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Contracepção: origem e evolução histórica.
Por Michele Telise A CONTRACEPÇÃO Origem e Evolução Histórica independência feminina no século XX deve-se em grande parte à liberdade da mulher escolher em que momento quer ser mãe. A palavra contracepção é originada do latim, com o prefixo CONTRA e a palavra CONCEPTIO, que significa conceber e envolve todos os meios para evitar a fecundação. Desde a antiguidade havia uma grande preocupação em relação à natalidade, fosse por motivos étnicos ou por simples controle. Os métodos mais antigos datam de quase três mil anos. Considerado o "pai da Medicina", o grego Hipócrates (460-377 a.C.) recomendava o coito interrompido e acreditava que a semente da cenoura selvagem seria capaz de evitar a gravidez. Introduzia materiais na cavidade uterina com auxílio de tubos de chumbo, sendo assim o inventor do dispositivo intrauterino e possuía instrumentos para a prática do aborto. (Na antiga Grécia a contracepção, o aborto e o infanticídio eram socialmente aprovados). Para evitar a gravidez indesejada, "por volta do ano 1850 a.C. os antigos egípcios relataram em papiros técnicas contraceptivas como um pessário, pedaço de pano embebido com uma mistura de excremento de crocodilo e farinha fermentada, que deveria ser colocada na vagina para impedir a entrada do esperma. Conhecido como o papiro de Kahum, foi descoberto pelo egiptólogo Sir William M. Flinders Petrie (18531942). O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) foi o primeiro a propor os espermicidas utilizando óleo de cedro e pomadas com chumbo. Sorano de Éfeso (13070 a.C.), médico grego, clinicou em Roma e Alexandria e as descrições das teorias e técnicas contraceptivas relatadas em seu livro Gynaecia somente seriam superadas no século XX. (Na idade média, mesmo depois da Reforma, católicos e protestantes condenavam a anticoncepção e, quando o livro Gynaecia de Sorano era eventualmente renovado e transcrito, todas as passagens sobre anticoncepção eram inteiramente omitidas). Cleópatra VII (70-30 a.C.) fazia uso do ergot, um potente uterotônico que pode causar abortamentos, mas que não tem atividade contraceptiva. O historiador romano Plínio (23-79 d.C.) foi o primeiro a propor a abstinência sexual como forma de anticoncepção. O profeta Maomé (632-530 a.C.) não condenava o coito interrompido e recomendava que a mãe amamentasse seu filho por 2 anos. Trotula Abella, nascida em Salerno por volta de 1050, filha de médico, é considerada a primeira ginecologista da história. Publicou um tratado com 83 capítulos conhecido como Trotula Major que perdurou por 700 anos. Escreveu sobre "emenagogos", drogas utilizadas para regular a menstruação, eufemismo para abortíferos. Em 1673 o comerciante holandês Antonie Van Leeuwenhoek (1632-1723), sem formação universitária, criou o microscópio mais potente da época com o qual descreveu os espermatozoides. A palavra condom seria derivada de um suposto Dr. Condom que teria feito dispositivos para o rei Charles II 6 Novembro 2012 | APM (reinou de 1660 a 1685) para evitar filhos bastardos e doenças venéreas. Em 1838, Friedrich Wilde, ginecologista alemão, confeccionou pessários de borracha que seriam o primeiro capuz cervical moderno. Em 1848 acontece a primeira Convenção dos Direitos da Mulher em Seneca Falls, New York, onde defendem o celibato como método contracepcional. Apesar de Santo Agostinho (350-430) já citar e condenar a abstinência nos dias férteis, a Igreja Católica só adotou uma posição oficial em 1853, liberando a abstinência periódica por razões legítimas. Em 1875, Oscar Hertwig (1849-1922) descobre que a fecundação consiste na união dos núcleos de espermatozoide e do óvulo. Em 1880 foi criado o atual diafragma pelo anatomista alemão Mensinga (18361910)", declara a Dra. Poliana Pacello - segundo o livro História da Anticoncepção (ARIE, W.M.Y; FONSECA; A.M.; BAGNOLI, V.R.; BARACAT, E.C.), publicado pela editora Casa em 2009. Já no final do século XIX, "muitos acreditavam que as duchas vaginais após as relações sexuais evitavam a gravidez e eram veladamente comercializadas. Os últimos anos do século XIX e o século XX foram marcados pelas descobertas mais relevantes e avanços científicos. Os hormônios são descobertos a partir de 1905. No início do século XX os métodos contraceptivos disponíveis eram o coito interrompido, o condom e a ducha vaginal e somente em 1960 foi comercializada a primeira pílula anticoncepcional, o Enovid®. Em 25 de julho de 1968, o Papa Paulo VI considerou pecado mortal a utilização da pílula ou de qualquer outro método artificial de controle de natalidade", afirma Dra. Poliana Pacello - segundo o livro História da Anticoncepção. O movimento em prol do planejamento familiar no Brasil surgiu em novembro de 1965 como resultado da XV Jornada Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Arquivo Wikipédia Especial ‘‘E a bandida ainda a persegue’’ - Cartão postal humorístico do séculoXIX