Saiba mais sobre a neve, chuva congelante e
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Saiba mais sobre a neve, chuva congelante e
DATA: 09/08/2010 Saiba mais sobre a neve, chuva congelante e congelada! E a quantidade de neve acumulada na Serra Catarinense! Qual a diferença entre neve, chuva congelante e chuva congelada? Na semana passada, algumas cidades catarinenses e outras do Sul do Brasil foram surpreendidas por fenômenos meteorológicos típicos do inverno como chuva congelada e neve. As fontes das informações listadas abaixo são o Glossário Meteorológico da Sociedade NorteAmericana de Meteorologia (AMS) e o Glossário Meteorológico do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Neve: precipitação de cristais de gelo translúcidos e brancos em geral de forma hexagonal e complexamente ramificados (Foto 1), formados diretamente pelo congelamento do vapor d'água que se encontra suspenso na atmosfera. É frequentemente produzida por nuvens do tipo stratus, mas também pode se originar das nuvens do tipo cumulus. A neve pode cair como partículas mais pesadas, as chamadas pelotas de neve ou como grãos de neve, com diâmetro inferior a um milímetro, e que formam flocos de neve (Foto 2) que caem em pequena quantidade. É registrada no METAR (código meteorológico da aeronáutica) como SN de snow. Os Meteorologistas da Epagri/Ciram salientam ainda que para ocorrer a neve no Sul do Brasil é necessário a atuação de uma intensa massa de ar polar, com temperaturas negativas em altitude (aproximadamente 3000m), aliado a sistemas meteorológicos que favoreçam a umidade. No evento da última semana (03 a 05/08), esses ingredientes tinham de sobra em SC e a temperatura em altitude chegou a -6°C. Na superfície a temperatura pode estar negativa, mas não necessariamente, ocorrendo o fenômeno muitas vezes com a temperatura entre 0 e 2°C. Foto 1: neve acumulada no Morro da Igreja em Urubici – SC. Foto tirada por Mariana Liberato para a Epagri/Ciram em 05/08/2010. Foto 2: Flocos de neve caem na praça de São Joaquim – SC. Foto tirada por Guto Kuerten para o Diário Catarinense em 23/05/2007. Chuva Congelante: chuva na forma líquida que congela após o impacto com a superfície (Foto 3 e 4). As gotículas de chuva precisam estar a uma temperatura positiva, mas bem próxima do ponto de fusão (0°C). A temperatura do solo tem que estar negativa para produzir o congelamento. É registrada no METAR com ZR. Foto 3: cenário após chuva congelante nos EUA no ano de 2007. (Fonte: Tomson Higher Education). Foto 4: estado de um carro após chuva congelante em Bragança, Portugal. Foto tirada por Dan em 21 de dezembro de 2009. Chuva congelada: a precipitação cai na forma de gelo (Foto 5), mas não é confundida com granizo porque ocorre sempre em áreas de transição entre a chuva e a neve. Costuma-se dizer que é o estágio inicial da neve antes de chegar na sua forma tradicional em flocos. Foto 5: grãos de gelo pequenos de uma chuva congelada em Portugal. (Fonte: www.meteopt.com). A neve acumulada no Morro da Igreja em Urubici - SC (03 a 05/08/2010) Como quantificar a neve? A unidade de medida oficial da precipitação para Organização Meteorológica Mundial (OMM) é o milímetro (tratando-se de volume). Em se tratando de precipitações sólidas (neve) essa quantificação é feita provocando-se antes a fusão do gelo. A neve também pode ser medida de uma outra maneira, podendo ser quantificada a altura de forma perpendicular em relação ao solo em centímetros ou até mesmo em metros. Com esta informação pode-se comparar diferentes eventos de neve em uma mesma região e inferir qual houve maior acúmulo de neve. Em uma tentativa rudimentar, a equipe de Meteorologia da Epagri/Ciram foi até o Morro da Igreja em Urubici -SC, ponto mais alto do estado e provável região com maior acúmulo de neve, para tentar realizar essa medição com a ajuda de uma régua graduada em centímetros. As medições foram realizadas dentro da área militar da Aeronáutica, numa região ampla (aproximadamente 15mx15m) onde o acúmulo de neve estava intocado. As medições ficaram em média em torno de 30 cm e a maior altura encontrada foi de 42cm (Fotos 6 e 7). Foto 6: início das medições realizadas dentro da Aeronáutica. Foto tirada por Mariana Liberato para a Epagri/Ciram em 05/08/2010. Foto 7: momento em que é registrada a maior altura dentro do quartel: 42 cm. Foto tirada por Mariana Liberato para a Epagri/Ciram em 05/08/2010. Na região externa a área militar, em um canto mais retirado dos turistas, a equipe realizou novas medições (em meio à vegetação e relevo não tão uniforme) encontrando um acúmulo maior de 48 centímetros. Essas medições foram realizadas no dia 05/08/2010 entre as 15 horas e 16 horas da tarde. Depois ainda voltou a nevar na região, podendo ter acumulado mais. Foto 8: régua do nível de rio marca 48 cm de neve acumulada entre a vegetação. Foto tirada por Gilsânia Cruz para a Epagri/Ciram em 05/08/2010. Foto 9: a Meteorologista Gilsânia Cruz congela o pé para registrar 45 cm de neve acumulada. Foto tirada por Laís Fernandes para a Epagri/Ciram em 05/08/2010. Quando houver outro evento de neve a equipe de Meteorologia pretende retornar ao local para futuras medições podendo assim comparar não apenas visualmente o acúmulo de neve, mas também com uma medida simples e bem compreensível para a maioria da população. Sites consultados: www.meteopt.com www.br.weather.com www.amsglossary.allenpress.com/glossary www.inmet.gov.br www.metsul.com Agradecimentos: Defesa Civil, Aeronáutica e aos setores de Gestão/Saneamento Ambiental e Agrometeorologia da Epagri/Ciram. Gilsânia Cruz – Meteorologista Laís Gonçalves Fernandes - Técnica em Meteorologia Setor de Previsão do Tempo e Clima – Epagri/Ciram