ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA ERA

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ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA ERA
ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA
ERA NAPOLEÔNICA
A Europa viveu um período de grande intranquilidade durante o processo revolucionário na França. De um lado, a burguesia
francesa não tinha paz com as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários radicais (jacobinos). De outro lado, as
monarquias tradicionais europeias, temendo o avanço dos ideais revolucionários em seus países, aliaram-se para lutar contra o expansionismo francês.
O golpe de Estado de 18 Brumário (10 de novembro de 1799) marca o final do processo revolucionário na França e o início de
um novo período: a Era Napoleônica. Após derrubar o governo do Diretório, Napoleão Bonaparte tornou-se a figura central
da vida política francesa, governando por um período de aproximadamente 15 anos.
O período de governo de Napoleão Bonaparte pode ser dividido em: Consulado (1799-1804), Império (18041815) e Governo
dos Cem Dias.
Vejamos os principais acontecimentos que marcaram cada uma dessas etapas.
CONSULADO
Derrubado o Diretório, instalou-se o Consulado, constituído por três cônsules. Napoleão, Roger Ducos e Sieyès. Porém, em
dezembro de 1799, foi votada uma Constituição, que elegeu Napoleão como primeiro-cônsul da República e atribuiu-lhe
amplos poderes. Teve início, então, uma verdadeira ditadura militar, disfarçada pelas instituições aparentemente democráticas criadas pela Constituição (Senado, Tribunal, Corpo Legislativo e Conselho de Estado).
Durante o governo do Consulado, a alta burguesia consolidou-se como classe dirigente da França. Os projetos de emancipação das classes populares foram sufocados, e os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa foram
reprimidos. Por meio de uma severa censura à imprensa e da ação violenta dos órgãos policiais, as oposições políticas do
governo foram aniquiladas.
O Consulado caracterizou-se pela recuperação econômica da França e pela sua reorganização jurídica e administrativa. Os
sucessos do governo de Napoleão entusiasmavam as classes dominantes francesas. Como prêmio, em 1802, Napoleão foi
proclamado cônsul vitalício, tendo o direito de indicar seu sucessor. Na prática, essa medida representava a instituição de
um regime monárquico.
A VOLTA DA MONARQUIA
Valendo-se do sucesso de seu governo, Napoleão mobilizou a opinião pública para a implantação definitiva do império. Em
1804, foi realizado um plebiscito, pelo qual quase 60% dos votantes confirmaram o estabelecimento da monarquia e a indicação de Napoleão para imperador. Imediatamente, Napoleão conferiu títulos de nobreza a seus familiares, nomeando-os
para os mais altos cargos do império. Formou-se uma nova corte com membros da elite militar, alta burguesia e antiga nobreza. Como símbolo do poder do império napoleônico, construíram-se grandes obras, como o Arco do Triunfo (inspirado na
arquitetura clássica romana).
EXPANSÃO MILITAR
Como imperador e comandante supremo das forças armadas, Napoleão moveu uma série de guerras para expandir o domínio da França. O exército francês foi fortalecido em armas e em soldados, tornando-se o mais poderoso da Europa.
No final do século XVIII, os países europeus formaram coligações para resistir à difusão das ideias liberais da Revolução
Francesa. Agora, era necessário resistir também ao expansionismo napoleônico. Assim, Áustria, Prússia e Rússia, lideradas
pela Inglaterra, formaram uma coligação contra o império, francês.
Em outubro de 1805, Napoleão tentou invadir a Inglaterra, mas a marinha francesa foi derrotada pelos ingleses, comandados pelo almirante Nelson, na Batalha de Trafalgar. Recuperando-se rapidamente dessa derrota marítima, Napoleão conseguiu brilhantes vitórias sobre a Áustria (dezembro de 1805), e sobre os exércitos prussianos (1806) e russos (1807).
Inconformado com a derrota para os ingleses, Napoleão procurou outros meios para enfraquecer a Inglaterra. Em 1806,
decretou o Bloqueio Continental à Inglaterra, determinando que todos os países do continente europeu fechassem seus
portos ao comércio inglês. A ordem napoleônica, de modo geral, foi acatada, pois boa parte da Europa estava sob domínio
da França. O objetivo de Napoleão era arruinar economicamente a Inglaterra, provocando uma crise em seu comércio e sua
indústria. O Bloqueio Continental beneficiava a burguesia francesa que, sem a concorrência da Inglaterra, podia ampliar a
venda de seus produtos na Europa.
Assinando com a França a Paz de Tilsit (julho de 1807), o czar russo Alexandre também aderiu ao Bloqueio.
Portugal, depois de muita indefinição, não aderiu ao Bloqueio Continental. As tropas francesas, comandadas pelo general
Junot, invadiram o país, obrigando D. João a fugir para o Brasil.
Por volta de 1812, o império napoleônico atingiu sua máxima extensão, dominando quase toda a Europa ocidental. Compreendia cerca de 150 departamentos administrativos, com uma população global estimada em 50 milhões de habitantes (toda
a Europa possuía, aproximadamente, 175 milhões de habitantes).
DECADÊNCIA DO IMPÉRIO
A partir de 1810 a política militarista de Napoleão começou a receber forte contestação. Na França, a população lamentava
os milhares de soldados sacrificados nos campos de batalha. Acrescente-se a isso a reação nacionalista dos povos conquistados que, como ocorreu na Espanha, resistiam à dominação francesa.
No plano econômico, o Bloqueio Continental imposto à Inglaterra não surtiu todos os efeitos desejados. A indústria francesa
não estava em condições de abastecer todos os mercados da Europa. Grande parte dos países europeus tinha economia
predominantemente agrária e necessitava dos produtos industrializados ingleses. A falta desses produtos estimulava o contrabando com a Inglaterra, o que acarretava a elevação dos preços de diversas mercadorias.
DERROTA PARA A RÚSSIA
Embora tivesse aderido ao Bloqueio Continental, a Rússia, país basicamente agrícola, foi obrigada a abandoná-lo em dezembro de 1810. Enfrentando grave crise econômica, precisava negociar sua produção de cereais por produtos industriais ingleses. Em 1812, Napoleão decidiu invadir a Rússia, organizando, para isso, um poderoso exército composto de aproximadamente 600 mil homens e 180 mil cavalos.
Napoleão chegou a Moscou e ocupou o Kremlin (palácio do czar), porém suas tropas, mal alimentadas e extremamente
cansadas, começaram a ser vitimadas pelo rigoroso inverno russo.
Napoleão, então, deu início à dramática retirada de seu exército, mas a maioria dos soldados morreu na viagem de volta.
Dos 600 mil soldados que partiram para a Rússia, apenas 30 mil conseguiram regressar, famintos e esfarrapados, à capital
francesa. A desastrosa campanha do exército francês na Rússia estimulou outros países europeus a reagirem contra a dominação napoleônica. Assim, em 6 de abril de 1814, um grande exército composto por ingleses, russos, austríacos e prussianos
invadiu Paris.
Napoleão foi derrubado do poder. O trono francês foi assumido por Luís XVIII, irmão de Luís XVI, que fora guilhotinado durante a Revolução Francesa.
GOVERNO DOS CEM DIAS
Em março de 1815, Napoleão Bonaparte decidiu regressar à França, prometendo reformas democráticas.
O rei era impopular e as tropas enviadas para prender Napoleão acabaram unindo-se a ele aos gritos de Viva o imperador.
Chegando a Paris como herói, Napoleão instalou-se no poder, forçando a fuga da família real.
Sua permanência no poder, entretanto, durou apenas cem dias. A coligação de forças internacionais rapidamente se reorganizou e marchou contra a França, conseguindo derrotar definitivamente Napoleão, na Batalha de Waterloo, em 18 de
junho de 1815. Preso pelos ingleses, Napoleão foi exilado na ilha de Santa Helena, no oceano Atlântico, onde permaneceu
até a morte (1821). Luís XVIII foi reconduzido ao trono francês, ainda em 1815.
Congresso de Viena
Após a derrota de Napoleão Bonaparte, os dirigentes dos países vencedores organizaram o Congresso de Viena (1814-1815).
O objetivo básico do Congresso era propor medidas para restabelecer o equilíbrio político do continente europeu, tendo em
vista os interesses das monarquias conservadoras. Derrotada, a França teve que se submeter a uma série de imposições. Por
exemplo: pagar uma indenização de 700 milhões de francos aos vencedores, em razão dos prejuízos da guerra.
Os principais países que participaram do Congresso foram a Áustria, a Inglaterra, a Rússia, a Prússia e a França.
Entre as principais propostas firmadas no Congresso de Viena, destacam-se:
Restauração - retorno à situação política europeia que prevalecia no Antigo Regime. Essa medida reflete o espírito conservador que marcou o Congresso de Viena;
Legitimidade - devolução do governo de cada país aos herdeiros das antigas monarquias absolutistas. Por isso, Luís XVIII, da
dinastia dos Bourbon, reassumiu o trono francês;
Solidariedade - aliança político-militar entre as tradicionais monarquias europeias, com o objetivo de reprimir a onda liberal e
democrática lançada pela Revolução Francesa.
Para garantir, em termos práticos, a aplicação das medidas conservadoras do Congresso de Viena, o czar Alexandre I propôs, em 1815, a criação da Santa Aliança.
A Santa Aliança era formada por países cristãos, que se comprometiam a se defender mutuamente e a combater movimentos liberais revolucionários. Sua base política e ideológica era a aliança entre duas forças tradicionais: o trono e o altar, isto é,
a monarquia e a Igreja. Os monarcas da Áustria, da Rússia, da Prússia e de algumas outras nações europeias aderiram à Santa Aliança, assumindo o direito de intervir em qualquer país onde surgisse um movimento revolucionário inspirado no liberalismo democrático.
O objetivo da Santa Aliança era conter, a qualquer preço, os movimentos nacionalistas que despontavam em várias regiões
da Europa e os movimentos emancipacionistas nas colônias da América.
A Inglaterra negou-se a participar da Santa Aliança porque apoiava os movimentos de independência na América Latina, pois
visava mercados para seus produtos industriais. Desenvolvendo a economia industrial, a Inglaterra era defensora do liberalismo e contrária às intervenções militares propostas pelos conservadores da Santa Aliança.

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