skate e fotografia - Faculdade Pitágoras Londrina
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skate e fotografia - Faculdade Pitágoras Londrina
SKATE E FOTOGRAFIA: A CONTRIBUIÇÃO DAS REVISTAS ESPECIALIZADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO SKATEBOARD COMO CULTURA1 Roque Gomes Paes de Brito RESUMO A Fotografia teve um papel crucial no desenvolvimento do skateboard. Nas fases iniciais do esporte, as principais responsáveis pela divulgação e proliferação do esporte pelo mundo, bem como o desenvolvimento de toda uma nova cultura, foram as revistas especializadas e suas fotografias. Com o surgimento da Internet, a fotografia ganhou mais um aliado nesta tarefa e as revistas mais proximidade com o leitor. O skateboard, como cultura, vem desde os anos 60 produzindo imagens únicas que atualmente compõem livros, websites, revistas e até exposições dedicadas a este tema. Para isso, é necessário que o fotógrafo domine uma série de conhecimentos específicos deste esporte, além de manter uma relação estreita com ele. Isto faz com que, quase por obrigatoriedade, os fotógrafos desta área sejam praticantes ou ex-praticantes do skateboard, o que contribui ainda mais para o crescente desenvolvimento e reconhecimento dos skateboard como esporte e cultura pelo mundo. PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, Revista, Skateboard, Comunicação, Cultura, Linguagem. INTRODUÇÃO Desde a década de 60 a prática do skateboard vem se tornando cada vez mais popular, fazendo deste esporte uma cultura rica em participantes que a cada dia se fortalece e se mostra presente não só nas ruas, mas também na moda e na mídia. Hoje já é possível ver, por exemplo, grandes marcas de carro (como Audi, Jeep e Nissan) utilizando o skateboard como conceito, dirigindo seus produtos a este público-alvo potencial. E não é para menos, pois segundo pesquisa realizada em setembro de 2006 pela Datafolha há quase 3.200.000 domicílios brasileiros que possuem pelo menos um morador que tem um Skate, aproximadamente 6% dos domicílios brasileiros segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, não só é muito importante conhecer os canais de comunicação mais utilizados pelos praticantes do skateboard como também dominar as ferramentas de cada um. 1 Artigo apresentado ao curso de Comunicação Social-habilitação Publicidade e Propaganda da Faculdade Pitágoras de Londrina-PR, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Publicidade e Propaganda, sob a orientação do Prof. Esp. Rogério Gomes (DEZ/2007). 1 Sabe-se que hoje os principais meios de comunicação e divulgação dentre os praticantes e entusiastas do skateboard são a Internet e as revistas especializadas, ambas contendo um ponto em comum: a Fotografia. Desde o início do skateboard a fotografia vem contribuindo para seu crescimento, desenvolvimento e divulgação do esporte pelo mundo, sendo o protagonista de vários livros publicados em diversos países, porém são raras as publicações do gênero que podem ser encontradas no Brasil. Assim, busco neste artigo apresentar a relação entre revista, fotografia e skate, bem como sua importância na divulgação e evolução do skateboard, para que esta sirva de base no desenvolvimento de novos estudos e publicações, pois a base mais sólida para a evolução de um esporte é a disseminação de conhecimentos. HISTÓRIA DO SKATEBOARD Não se sabe ao certo quando ele foi inventado, nem quem o fez e nem o lugar exato, o que faz a história do skate ser como uma lenda passada de geração em geração. Apesar desta falta de precisão, o que se sabe já é o bastante para compor uma história cheia de glórias, lutas e vitórias, altos e baixos, além de personagens fantásticos que para sempre andarão em seus skates pelo infinito skatepark da nossa imaginação. Quanto a sua história, fato é que em meados dos anos 60 a Califórnia era um lugar onde reinava o surf. Porém nem sempre o mar estava bom para o esporte, e cansados de ficar esperando boas ondas alguns surfistas resolveram acoplar rodas de patins embaixo de pequenas pranchas de madeira para poderem “surfar no asfalto” enquanto as ondas não vinham. Não demorou muito e essa nova brincadeira virou uma febre. Estava inventado o que na época foi chamado de Sidewalk Surf (em inglês, “Surf de Calçada”) ou “Surfinho” como foi chamado no Brasil, e como o próprio nome já diz, era uma adaptação das manobras do surf para o solo com a intenção de continuar a praticar e melhorar as técnicas do surf, mesmo em dias de poucas ondas. Segundo Cesinha Chaves: O Skate chegou ao Brasil na década de 60, com uma galera que começava a surfar por aqui, influenciada pelos anúncios na revista Surfer. Na época, o nome era ‘Surfinho’ e era feito de patins 2 pregados numa madeira qualquer, sendo as rodas de borracha ou de ferro (CHAVES, 2000). Primeiras capas da revista Surfer. A nova brincadeira teve uma aceitação gigantesca dentre os jovens da época, mas não entre os pais. Como tudo ainda era artesanal e amador, os skates eram de má qualidade e ninguém ainda dava muito valor a materiais de proteção, o que proporcionou a invenção das quedas e machucados, praticados até hoje. Devido a isso, muitos pais proibiram os filhos de andar enquanto outros desistiam sozinhos. Porém, isso não foi o bastante para parar a locomotiva do Skateboard. O crescimento foi tão grande que muitos surfistas trocaram definitivamente as ondas pelo novo esporte, já conhecido como Skateboard (onde em inglês “skate” significa patinar, e “board” significa “tábua”, portando Skateboard era o ato de patinar sobre uma tábua), surgiam então os primeiros skatistas da história. Ainda nos anos 60, o Skate já é fortemente praticado nas ruas e já conta com suas manobras próprias, onde o estilo predominante é o Freestyle (do inglês “estilo livre”), de onde mais tarde vieram a surgir a maioria das manobras utilizadas até hoje. Percebendo que este poderia ser um mercado promissor, em 1965 começam a surgir os primeiros skateboards fabricados industrialmente e já com alterações no formato, e junto com eles surgem também os primeiros campeonatos de skate e os primeiros grandes nomes dos skateboard, como Rodney Mullen e Tony Hawk. Ainda neste período, quando o skateboard encontrava-se no auge, uma notícia abalou o mundo do novo esporte: a revista The Quarterly Skateboarder, tida como a mais importante publicação especializada no assunto, anuncia seu fechamento. Desta desilusão somada a dificuldades financeiras da época resultou então o que 3 ficou conhecido como a morte do Skateboard, muitas pistas fecharam e muitos abandonaram o esporte, sobrando apenas os que realmente amavam o Skate. Foi uma época de muitas dificuldades para o esporte que agora havia perdido sua identidade e seu fôlego logo na melhor fase até então. A partir daí os skatistas, que já não tinha mais suas pistas, suas revistas e nem mais apoio, começaram a levar tudo o que aprenderam para as ruas, usando qualquer coisa que fosse encontrada pela frente como obstáculo, criando assim um novo estilo chamado Street Skate. Na mesma época houve um racionamento de água nos EUA e as pessoas então começaram a esvaziar suas piscinas. Não demorou muito e os skatistas descobriram nessas piscinas vazias um novo obstáculo. Este era o início do que mais tarde seria conhecido como o novo estilo Half Pipe. Foi uma época de muita luta, muitas descobertas, inovações e transformações no mundo do skate. Deu-se então que no fim dos anos 70 ele volta com força total, trazendo consigo tudo o que parecia perdido. Mudanças no design, pistas sendo reabertas, novas revistas surgindo e trazendo de volta a The Quarterly Skateboarder que agora se chama Skateboarder Magazine, com novos ídolos, produtos e marcas. Foi também nesta época que o skate começou a engrenar no Brasil, sendo datados deste período os primeiros campeonatos de skate e, logo em seguida, as primeiras revistas brasileiras especializadas no assunto. Uma das primeiras capas da revista Skateboarder Magazine após a sua volta, outono de 1975. A BÍBLIA DO SKATE Assim ficou conhecida entre os skatistas a revista The Quarterly Skateboarder (ou Skateboarder Magazine como foi depois e por mais tempo chamada), inaugurada em 1964 como uma revista trimestral inteiramente dedicada ao que, até 4 o momento, era tido como apenas mais um brinquedo, como um iô-iô ou um peão. Ter uma revista especializada significava respeito e reconhecimento (ideais que a cultura skateboard vem buscando até hoje) e, embora tenha sido uma publicação feita por surfistas e ex-surfistas, ela surgiu para separar o skate do surfe, uma vez que ela representa o início da identidade do skatista como tal e não mais como um ex-surfista. Capa da revista The Quarterly Skateboarder, nº 1, 1965. Além de ser o início da cultura skateboard, a revista foi o principal meio de divulgação do esporte em seu início. Era através dela que os jovens conheciam seus mais novos ídolos, novas manobras e seus nomes, pistas que eram abertas e inclusive as novas linhas de produtos que eram lançados, desde peças e acessórios até mesmo roupas da moda. Trocando em miúdos, a revista The Quarterly Skateboarder foi responsável também por alimentar os sonhos dos jovens da época. Sonhos como o de ter sua foto publicada na revista e assim alcançar a fama neste recém nascido grupo social. Ter uma revista voltada ao skate era mais que divulgação, era (e ainda é) apoio, sonho, e evolução. A QUEDA Um ano depois o skateboard sofre uma grande crise: como os materiais ainda eram de baixíssima qualidade – graças às empresas que se preocuparam mais em atender a demanda do que com aprimoramentos tecnológicos - o skateboard se tornou um esporte muito perigoso, a ponto de começar a ser banido de várias 5 cidades americanas após alguns acidentes graves, alguns incluindo mortes. Isso fez com que várias empresas fechassem as portas, pois tiveram todas as encomendas de natal canceladas. Como se já não fosse o suficiente, a revista The Quarterly Skateboarder encerra suas atividades, tendo publicado apenas quatro edições da revista em 1 ano de existência. Tal notícia foi um choque para os skatistas que tinham acabado de conquistar seu espaço na mídia. Esta época é conhecida como a morte do skateboard. Com a queda nas vendas, fechamento de pistas e o fim da revista, muitos acharam quem a moda tinha passado (como já havia acontecido com os bambolês), enquanto outros iam desistindo sozinhos devido à falta de incentivo, ou melhor, ao desencorajamento pelo qual o esporte passava. Sem a revista os skatistas já não tinham mais voz perante a sociedade e sua cultura ainda jovem beirava o esquecimento, como diz Cesinha Chaves: “Na América, o Skate caiu no esquecimento, o mesmo aconteceu por aqui” (CHAVES, 2000). A VOLTA DO SKATEBOARD Deu-se então a morte do skateboard, mas não no coração dos apaixonados pelo esporte. Todo o esforço para erradicar de vez o skateboard da sociedade na verdade serviu para selecionar os verdadeiros entusiastas da nova cultura e dar um rumo a ela. Cultura esta que já é conhecida por pais e autoridades como um símbolo da rebeldia juvenil e da transgressão das regras, porém é tida pelos jovens praticantes como um meio de se expressar e quebrar antigas barreiras, e como não podia deixar de ser, as fotografias nas revistas eram as melhores armas na popularização desta luta. Um bom exemplo disto aconteceu ainda em 1965, pouco antes da queda do skate. Em maio de 1965 a revista Life, historicamente famosa por sua contribuição ao fotojornalismo e na ocasião se aproveitando do boom do skateboard, traz consigo uma matéria sobre skate e uma fotografia de um skateboarder na capa. Um não, uma. Era Patii McGee, a primeira mulher a se tornar skatista profissional. Para os padrões da época, uma mulher andando de skate não era exatamente agradável, tampouco amplamente aceitável, mas tal quebra de barreiras era a perfeita definição do ideal do skateboard representado em uma fotografia. 6 Patii McGee na capa da revista Life, maio de 1965. Por oito anos o skateboard viveu no underground, sem espaço na mídia e sem apoio. Embora em 1972 tenham surgido as rodas de Uretano – menos escorregadias e mais seguras – foi apenas em 1973 que elas começaram a fazer sucesso e o skate voltou a dar sinais de vida. “O skate surgiu para mim em 1974. Um amigo ganhou um de uma tia que voltava dos EUA. Através dele tive meu primeiro contato com carrinho” - comenta Eduardo “Yndyo” em entrevista para Giancarlo Machado, criador do site Skate é Cultura (2007). Novas empresas foram abertas, novos produtos foram criados e em 1975 a até então extinta revista The Quarterly Skateboarder volta com força total, agora com o nome de Skateboarder Magazine. A revista agora é bimestral e tem como editor e principal fotógrafo Warren Bolster, que comenta o ressurgimento da publicação dizendo: “Nós iniciamos a revista Skateboarder com um conhecimento básico de quem era bom. Porém a pequena coluna ‘quem é quente’ deu aos mais novos talentos a chance de entrar em cena e realmente ajudou o esporte a crescer e envolver” (BOLSTER, 2004). O LEGADO DE WARREN BOLSTER Warren Bolster foi sem dúvida o mais influente fotógrafo de skate em meados da década de 70, durante o renascimento do skateboard. Conhecido por suas magníficas fotos de surfe, Warren havia se tornado sócio-editor da revista Surfer Magazine quando lhe foi dada a tarefa de ressuscitar a revista Skateboarder Magazine. Tarefa esta que foi cumprida com louvor, pois graças ao espetacular 7 conteúdo fotográfico e editorial a revista se destacou entre as demais que surgiam devido à nova explosão do skateboard. Sobre a revista, comenta Cesinha Chaves (skatista há pelo menos três décadas, um dos maiores contribuintes da cultura skateboard no Brasil): Houve três fatos que foram definitivos para que eu trocasse, de vez o surf, pelo skate: 1º a revista Skateboarder, com Greg Weaver fazendo um carving descalço numa piscina, que tinha uma matéria sobre pistas de skate (com pistas incríveis), indagando se este seria o futuro do skate; 2º a introdução do Vórtex no Brasil. (...) 3º um dia fui comprar resina e fibra de vidro numa loja do subúrbio do Rio e vi num jornal uma matéria sobre uma pista de skate em Nova Iguaçu. Fui conferir e pirei! (CHAVES, 2004). Greg Weaver na 1ª capa da revista Skateboarder Magazine. Ainda no cenário nacional, diz Jun Hashimoto, skatista de destaque da década de 70: O acesso a qualquer informação sobre Skate era através das revistas da época. A Skateboarder Magazine era imbatível! Quando saíram as matérias dos tubos lá no deserto da Califórnia, pusemos uma pilha no Charles (dono da Wave Boys) e fomos a busca no local mais provável de encontrá-los: nas fábricas de Cubatão! E foi lá que andamos pela primeira vez em pipes (HASHIMOTO, 2007). 8 Capa da revista Skateboarder Magazine, abril de 1977 (esquerda) e Jun Hashimoto andando de skate em um pipe em Cubatão em 1978 (direita). Tal destaque fotográfico deve-se ao fato de Warren ter sido pioneiro em muitas técnicas fotográficas que são usadas no registro do skateboard até hoje, tais como o uso de flashes auxiliares, lentes grande-angulares “Olho-de-peixe” e fotosseqüências. Nas palavras do skatista mundialmente conhecido Tony Hawk, “As fotos sempre foram um sonho e me deixavam cheio de incredulidade, admiração e inspiração. Se não fosse pela Skateboarder, eu nunca teria percebido o que era realmente possível com minha tábua de quatro rodas”.(apud BOLSTER, Warren. 2004). Em 1979, Warren resolve deixar a revista Skateboarder Magazine, que no ano seguinte muda de nome para Action Now e passa a dar foco a competições de BMX, esporte que se tornava mais popular a cada dia. Mais uma vez o esporte passa por um declínio, ganha as ruas e volta ao underground. Pistas e empresas fecham, skatistas desistem do esporte que então se manteve vivo principalmente pelo fato de que muitos jovens que ainda sonhavam e lutavam pelo futuro do esporte começaram a construir rampas e pequenas pistas nos quintais de suas casas. No Brasil a história segue um rumo muito parecido, conta Eduardo “Yndyo”: Por volta de 1980 o skate estava em baixa e todos aqueles skaters dos anos anteriores haviam parado. Só restaram 3 caras, eu fui um deles. O momento era ruim. Não existia nada e o esporte estava quase morto. As poucas pistas estavam fechando. Não existia mais um mercado para o skate e faltava tudo. Tínhamos que andar com skates e equipamentos em estado de miséria. (TASSARA, 2007). 9 Neste caso, a solução encontrada por Eduardo “Yndyo” foi pedir para que um clube construísse uma pista de concreto para a prática do esporte: Para isto, tínhamos que provar que havia uma quantidade de skatistas atuantes. Daí fizemos um abaixo-assinado provando que existiam vários skaters. Propusemos fazer um projeto e orçamento da pista e apresentar para o conselho deliberativo do clube. Depois de muita luta e explicações diante um conselho cético quanto ao esporte, acabamos por conseguir. Em agosto de 1981 conseguimos a tão sonhada pista. (TASSARA, 2007). ALTOS E BAIXOS Desta vez não foram necessários oito anos para que o skate se fortalecesse novamente, pois em 1981 surge a revista Thrasher Magazine, uma revista especializada que atendia um novo segmento dentro do universo do skate: a cultura punk, que desde 1978 começou a se misturar com o skate trazendo consigo, por exemplo, a “new wave music” e desenhos de caveiras embaixo dos skates. Dois anos depois, em resposta à filosofia “Skate and Destroy” (ande de skate e destrua) da revista Thrasher Magazine, surge a revista Transworld Skateboarding, com a filosofia “Skate and Create” (ande de skate e crie) ela pretende ser um melhor e mais positivo exemplo para os jovens, já que o skate, com o reaparecimento de novas revistas, volta a ganhar adeptos e mais uma vez ressurge com toda força. Capa da revista Thrasher, nº 1, janeiro de 1981 (esquerda) e capa da revista Transworld Skateboarding, nº 1, maio de 1983 (direita). 10 ARTE NO BRASIL Para uma revista de skate no Brasil, não há nada mais brasileiro do que ela se chamar Esqueite. Pois é, este era o nome da primeira revista de skate do Brasil, lançada em 1977. Logo em seguida (1978) temos o lançamento do Jornal do Skate. Embora sejam mídias distintas (pelo menos fisicamente, uma vez que o público era o mesmo) ambas seguiam as tendências do skate mundial, tratando de assuntos como a proliferação das pistas, dicas de segurança e principalmente fotografias das mais variadas e radicais manobras feitas pelos skatistas brasileiros. Capa da revista Esqueite, nº 2, outubro de 1977 (esquerda) e Jornal do skate, nº 8, setembro de 1978 (direita). Ainda em 1978 surge a revista Brasil Skate, que apesar de durar apenas três edições foi a revista da época que tomou maiores proporções. A revista tinha ótimos textos e fotografias excelentes. Além do mais, tinha como diretor editorial Alberto Pecegueiro (que mais tarde foi presidente da Globosat) e no quadro de fotógrafos o internacionalmente conhecido Klaus Mitteldorf (que iniciou sua carreira como fotógrafo de skate e surf). Mais a frente, na década de 80, surgem outras quatro importantes revistas de skate que infelizmente já seguiram o mesmo cruel destino das anteriores, que são: Overall (1984), Yeah! (1985), Skate News (1986) e Skatin’ (1988). 11 Da esquerda para direita: capa da revista Brasil Skate, Overall, Yeah! e Skatin’. Embora as publicações formem o principal meio de comunicação e divulgação do skateboard, o mercado sempre foi muito difícil com relação à rentabilidade. É visível a preocupação com a qualidade visual e textual, mas de nada adianta se não houver anunciantes e compradores. Sempre foi muito difícil ganhar a confiança de um patrocinador para investir em uma cultura tão nova e segmentada, e tão logo ligada à rebeldia. Esta dificuldade pode ser percebida pelo tempo de duração da maioria das revistas especializadas brasileiras até então, que duraram em média quatro anos. Felizmente para esta cultura onde a divulgação e evolução do esporte foram feita de dentro pra fora, todo obstáculo serve apenas para ser ultrapassado. Como exemplo disto tem em 1991 o surgimento da revista Tribo Skate e em 1995 a revista 100% Skate, ícones brasileiros de divulgação do esporte que até hoje atuam fortemente no mercado. Capa da revista Tribo Skate, nº 1, setembo de 1991 (esquerda) e capa da revista 100% Skatemag, nº 14, setembro de 1997 (direita) 12 DE DENTRO PARA FORA Uma das características mais importantes do skate, e talvez a que o mantenha vivo, é o fato de que toda a sua cultura é feita de dentro para fora. Mas como assim? Bom, o skate é feito pelos skatistas e para os skatistas. É de skate que o próprio skate se alimenta. Transformando em fatos: em suma, as revistas de skate são feitas por skatistas, com textos de skatistas, fotografias de skatistas e anúncios de empresas que foram montadas por skatistas. É o sonho de ver o esporte evoluir que faz com que cada atleta assuma um papel na sociedade, como explica Flávio Samelo em entrevista feita por Bruno de Pierro e Max Fischer: O mercado do skate é muito específico, muito fechado, tem particularidades muito fechadas, uma coisa de que só quem anda é que gosta daquilo mesmo. Mas eu acredito que o skate tem uma coisa que agrega valor aos outros mercados. Você vê skate na Malhação, nas propagandas de refrigerante, skate não sei onde, skate na moda, coisas que o skatista faz e que está na moda, coisas que o skatista desenha e que está em design da MTV, enfim, todas essas coisas. O skate tem muito dessa coisa do jovem, uma coisa urbana, é uma coisa muito atual. Hoje, o skate está muito mais abrangente do que 20 anos atrás, e as revistas que tem hoje, a 100%, a Tribo, a SKT, que é mais nova, tem um ano e meio, mas a 100% e a Tribo começaram numa época em que o skate era pra skatista mesmo. Então, eu acho que se não fosse o próprio skatista mesmo, como o Girão e o Bolota [editores da Tribo], que vieram da Overall, não daria. Porque os caras começaram porque eram skatistas que queriam ver uma revista de skatista e eles fizeram uma revista de skatista! E ponto final! Não estavam nem aí se tinha dinheiro ou não. O cara fez um zine, o zine melhorou, ele acreditou no sonho dele. E o skatista é isso, ele acredita no sonho dele, entende? Ele vai lá, sonha que está descendo um corrimão e vai lá e desce o corrimão. Ele não está nem ai se cair com as pernas abertas, ele tenta até voltar [a manobra]. Então, os editores dessas revistas são os meus ídolos. (SAMELO, 2006). E é importante que seja assim. Na própria fotografia existem certas peculiaridades que só um fotógrafo que está inserido na cultura skateboard sabe. Como geralmente o fotógrafo é skatista ou no mínimo é amigo dos skatistas, ele conhece o perfil destes atletas e sabe como fotografar cada um e captar o moment de cada um, assim como o skatista também sabe quem tem um olhar mais voltado ao seu estilo, como volta a dizer Flavio Samelo: 13 No skate tem muito isso, essa relação de skatista e fotógrafo. Tem cara que vai fazer uma manobra e pensa: ‘puxa, acho que o Flávio vai fazer uma foto legal aqui’, ou ‘acho que o Homero’ [fotógrafo da 100%]. Porque ele, o skatista, já sabe como eu penso, como o Homero pensa, como o Ferrer [outro fotógrafo da 100%] pensa. Ele vai saber como esses caras vão ver o que ele está vendo. (SAMELO, 2006). Já para entender o moment deve-se saber que, de um modo geral, as manobras de skate se dão da seguinte forma: há a preparação, o salto, a execução, a preparação para a conclusão e a conclusão. Entre estes cinco passos, está o moment, que é o ápice da manobra, o momento onde acontece a melhor cena, seja pela pose ou altura, sempre variando de acordo com a criatividade ou necessidade do fotógrafo. Segundo Fernando Moraes em entrevista ao Fotosite, o moment “é o que vai chamar a atenção do leitor, a plasticidade tem que estar acima de tudo” (MORAES, 2000). Captar o moment é uma qualidade que dificilmente um fotógrafo de outra área consegue tão facilmente quanto um que esteja inserido na cultura skateboard, como explica Flávio Samelo quando questionado sobre as principais exigências para ser um fotógrafo de skate: Basicamente, andar de skate. Essa é a primeira de todas, sem dúvidas. Para saber o ângulo da manobra, o moment, que é o mais importante, a hora certa de tirar a foto, mostrar a dificuldade da manobra. Por exemplo, se o chão da volta é ruim, você tem que valorizar o chão; se na entrada do obstáculo tem uma mureta, você tem que valorizar aquela mureta. Se a altura, valorizar a altura; se a distância, valorizar a distância. Tem que ser técnico pra caramba no skate para fotografá-lo. Por isso que você vê fotógrafos de jornais, que são uns puta fotógrafos animais, são técnicos, só que, quando vão fotografar skate, eles não pegam certo. Eles são ruins? Não, só que o skate é uma coisa que é muito específica e você tem que tomar cuidado. (SAMELO, 2006) O SKATE ARTE Calcula-se que o primeiro encontro entre skate e arte foi dado em 1976, quando Wes Humpston e Jim Muir comercializaram a primeira linha de shapes com desenhos para a marca Dogtown. Não demorou muito e a nova moda foi seguida por praticamente todas as empresas do ramo. Em 1978, quando o skate começa a ganhar características da cultura punk, começam a aparecer os famosos (e porque não, clássicos) desenhos de caveiras, símbolos da marca Powell-Peralta. 14 Durante o seu desenvolvimento o skate passou a ficar cada vez mais ligado a questões culturais, como arte urbana e música. Adquiriu também seu próprio jeito de se vestir e de pensar, mesmo que pra isso tenha tomado por base fragmentos de outras culturas igualmente classificadas como “undergrounds”. Segundo Flavia Faiola: O esporte emprestou e tomou emprestadas referências da arte pop, do hip hop, do punk e da maioria dos movimentos culturais que nasceram e cresceram em meio ao descrédito. Não é difícil encontrar, nas revistas especializadas do setor, uma seção dedicada a skatistas que são também artistas plásticos, web designers, músicos etc. Trata-se de uma prática esportiva que, como poucas, criou um estilo de vida e um universo cultural em torno de si. (FAIOLA, 2006). Neste vasto universo cultural, temos certas manifestações urbanas, como o grafite, o “break” e o rap, que já fazem parte do skateboard há certo tempo, e temos algumas manifestações um pouco mais recentes, como os “stickers” (ato de colar adesivo pelas ruas a fim de transmitir uma mensagem, uma manifestação, sentido ou simplesmente por estética). Paralelo a todas essas ramificações está à fotografia, que principalmente após a década de 70 (agradecimentos a Warren Bolster) vem ganhando cada vez mais reconhecimento, além de qualidade técnica e artística, como comenta o fotógrafo Thyago Rodrigues: Fotografar skate é uma arte. Você conseguir unir o cenário com o skatista e fazer disso uma foto que chame atenção pra um momento, ou detalhes que passam despercebidos, é arte! Skate é um esporte diferente, único, tento sempre unir a arte e o skate nas minhas fotos, fazer as pessoas verem o moment com outro olhar, ou seja, o lado artístico. (RODRIGUES, 2007). Um exemplo deste reconhecimento aconteceu em Lille, na França, na exposição Expo Skate, aberta de 13 de Abril a 02 de Julho de 2006. A Expo Skate, que visava divulgar os elementos da cultura skateboard classificados por Arte, Design, Arquitetura e Música, tinha em suas instalações (além de quadros, telas, pinturas nas paredes, shapes personalizados e até mesmo obstáculos de skate) um sem-número de fotografias retratando a cultura, o dia-a-dia e o que mais fosse possível dentro do universo do skateboard através dos olhos de fotógrafos como Fred Mortagne, Glen E. Friedman, entre outros. 15 Foto de Fred Mortagne exposta na Expo Skate (esquerda) e fotos do local da exposição (centro e direita). Atualmente, no Brasil temos também algumas exposições de arte relacionadas ao skate acontecendo, principalmente em SP (com a mostra “Arte sob os pés”) e no RJ (como a exposição “bate na madeira”), mas ainda são poucas comparadas às que vêm acontecendo pelo mundo a fora. Livros de arte envolvendo skate então, nem se fala. Este foi exatamente o pioneirismo que o fotógrafo e skatista Flávio Samelo teve: lançou um livro unicamente voltado à cultura do skateboard. O nome? Skate Arte. Flávio Samelo é um artista completo, ainda mais se tratando da cultura skateboard; vive o skate desde pequeno, fotografa, desenha, pinta, escreve, e às vezes ainda une uma arte com a outra. Formado em Publicidade e Propaganda e pós-graduado em História da Arte, já passou pelas revistas Tribo Skate e 100% Skate e hoje trabalha na SKT, além de contribuir para a alemã Lodown e a canadense Adbusters. Através da arte e de seu livro Skate Arte, Samelo já fez exposições em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Los Angeles. Boa parte das melhores fotos de skate atualmente tem a assinatura de Samelo, um skatista que descobriu sua paixão pela fotografia dentro da paixão pelo skate: O que me fez tirar foto foi andar de skate, o que me fez desenhar foi andar de skate. (...) eu não me sentia bem andando de skate perto dos caras porque eu não andava igual a eles, então eu comecei a fazer outras coisas pra continuar andando com esses caras, então eu comecei a fotografar por causa disso. O tempo inteiro tudo o que eu faço - desenho, foto, amigo, estudo - tudo tem a ver com o skate. Eu não consigo ver nada que eu produza fora do skate. Skate é uma parada que não dá pra você sair depois que você entra, de verdade. Você começa a andar, estudar, gostar, viver aquilo. Você pode até parar de fato de andar de skate, mas você vai continuar vivendo skate.(SAMELO, 2006). 16 Se skate é cultura, essa também não falta no currículo de Samelo, que diz como sua pós-graduação em História da Arte influenciou no seu trabalho: Na minha fotografia principalmente. Comecei a fazer o enquadramento das fotos baseado em enquadramentos dos quadros impressionistas, aquela idéia de sair do atelier para a rua, pintar paisagem, pintar o rio, que naquela época eram as paisagens e hoje são as ruas. Comecei a fotografar olhando a rua, colocar o skatista fazendo parte dessa ‘paisagem do campo’, campo de guerra né! Isso mudou completamente minhas fotos e minha percepção da rua, junto com a street art, que puxou meu olho para a pixação, para o grafite, para arquitetura urbana e possíveis intervenções. (SAMELO, 2006). Seu livro, que já virou artigo de colecionador, mostra em imagens toda a cultura skateboard como ela é hoje no Brasil. Sendo esta uma das culturas urbanas de maior expressão, suas fotografias mostram muito disto - skatistas na rua, sempre rodeados de prédios, muros, concreto e barras de ferro – de uma forma que, ao mesmo tempo em que denuncia os apuros passados pelos atletas (a esta altura acostumados com os tantos altos e baixos na história do skate), também mostra a beleza da interação que o skatista tem com a cidade através do olhar diferenciado que o ele tem sobre a arquitetura do espaço que o rodeia. Ainda sobre isso, comenta Samelo “Se um skatista for estudar arquitetura, todos que forem estudar vão se dar bem, porque eles vêem a arquitetura de um outro jeito sem saber que vêm” (SAMELO, 2006). É esta visão diferenciada, característica da cultura skateboard, que faz com que os fotógrafos desta área sejam tão importantes para o desenvolvimento do esporte, pois a visão de um fotógrafo de skate é a mesma de um skatista; é a mesma linguagem transmitida por/para pessoas com os mesmos sonhos e objetivos dentro do skateboard. Além da facilidade em captar o moment do skate, o fotógrafo acaba assumindo o papel de disseminador da cultura skateboard. Não é a toa que as revistas mais marcantes de skate são assim lembradas, e sim porque tiveram os mais importantes fotógrafos do gênero empenhados em dar o melhor de si pelo esporte. É este olhar apaixonado pelo skate que faz do livro Skate Arte uma peça importantíssima no cenário artístico, não apenas brasileiro, mas mundial, pois significa um passo adiante na história da fotografia de skate, visto que a fotografia foi a grande 17 responsável por ditar a moda e as novas tendências durante os anos, além de ser o convite que trouxe os maiores nomes do skate para onde eles estão. É importante dizer que atualmente o skatista tem um reconhecimento maior pelo que a fotografia representa no seu meio, pois como afirma Samelo, “Hoje as coisas estão mudando. Os profissionais já entenderam que se trata de um trabalho, então aceitam esperar um pouco até o flash armar, até a foto ser tirada. E isso é bom para ele, para o fotógrafo e para o patrocinador”. (SAMELO, 2006). Algumas imagens do livro Skate Arte de Flávio Samelo abaixo: 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos anos, as revistas de skate têm acompanhado a realidade do esporte em meio a seus altos e baixos, utilizando a fotografia como e principal meio de divulgação e chamariz de novos atletas. Uma das características mais marcantes das revistas é ter como principais fotógrafos os próprios atletas que, inseridos em meio a esta cultura urbana, conseguem captar imagens com uma linguagem muito mais próxima dos skatistas. Vale ressaltar que, se tratando de skate, é praticamente impossível separar a fotografia do seu meio de publicação (as revistas), pois é a fotografia publicada nas revistas especializadas que atrai o atleta fazendo com que ele se sinta mais próximo do seu ídolo. É pela fotografia das revistas que os skatistas descobrem os novos nomes do skate, e é também ela que dita a moda entre os jovens atletas. Um marco importante para o skate foi exatamente a criação das primeiras revistas dedicadas ao esporte. Até então, o skate era visto apenas como mais um brinquedo de crianças, uma “febre de verão”, daí vem a comparação com 19 brinquedos como o bambolê. É bem provável que o skate poderia ter sido realmente uma onda passageira, não fosse o empenho dos skatistas da época que acreditaram no futuro do esporte (como acontece até hoje) e criaram mídias especializadas na sua divulgação, o que deu mais seriedade à nova cultura que ali surgia, assim como facilitou a consolidação do skate como esporte e cultura. Apesar de ter sido um processo evolutivo difícil, hoje as revistas especializadas já conseguiram se firmar no mercado. Muitas já existem há mais de uma década, diferentemente das primeiras que duraram poucos anos. Isso se deve à seriedade e a responsabilidade que as revistas deste meio têm atualmente. É claro o empenho em desenvolver revistas cada vez melhores, assim como é clara a crescente dedicação que os fotógrafos têm para com o esporte, que atualmente é um negócio que gera emprego e renda. Sendo a revista uma mídia produzida por skatista e para skatistas, ela tem os mesmos objetivos de evolução, divulgação e profissionalização do esporte que os próprios skatistas têm. Esta proximidade é o que faz das revistas especializadas as principais aliadas da cultura skateboard, que tem a fotografia como uma das suas armas mais poderosas. REFERÊNCIAS SAMELO, Flavio. Skate Arte. São Paulo: INDEPENDENTE, 2006. v. 2000. 116p. CHAVES, Cesinha; BRITTO, Eduardo. A onda dura: 3 décadas de skate no Brasil. São Paulo: Parada Inglesa, 2000. 112p. BOLSTER, Warren; GESMER, Daniel. The Legacy Of Warren Bolster: Master Of Skateboard Photography. Ontario (EUA): Concrete Wave, 2004. 160p. CHAVES, Cesinha. As 50 Maiores Personalidades do Skate Brasileiro. 100% Skate. São Paulo. Nº. 75. maio 2004. MACHADO, Giancarlo. Você se lembra?. Revista SKT. São Paulo. Ed. 75. maio/jun 2007. LELIS, Flávia; PATROCINIO, Carol. Skate or Die. Revista FS. São Paulo. Nº 19. ago 2007. FAIOLA, Flavia Baptista. As ações de comunicação integrada no mercado de esportes não-olímpicos. 2006. Monografia (Pós-Graduação Latu Sensu para obtenção do título de Especialista em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas) – Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006. Sites 20 PIERRO, Bruno de; FISCHER, Max. Do skate, para o skate e pelo skate. Disponível em: http://www.pucsp.br/~outrojornalismo/sala/introducao_2006/revistas/bruno_max2.html. Acesso em: 1 agosto 2007. NOVAES, Rebeca; MORAES, Fernando. Série Radical - Skate. Disponível em: http://fotosite.terra.com.br/especiais_arquivo/skate.htm. Acesso em: 4 ago 2007. Livro virtual “Skate Arte”. Disponível em http://www.flaviosamelo.com/livro.html. Acesso em: 3 ago 2007. Exposkate. Disponível em http://www.exposkate.com. 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