APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

Transcrição

APRENDIZAGEM E MEMÓRIA
APRENDIZAGEM
E MEMÓRIA
“Somos aquilo que recordamos” (Iván Izquierdo)
APRENDIZAGEM: é o processo
através do qual nós adquirimos
conhecimento sobre o mundo.
MEMÓRIA: é o processo pelo qual o
conhecimento é codificado, retido e,
posteriormente,
evocado
ou
recuperado.
PRINCIPAIS CATEGORIAS QUALITATIVAS PARA A
MEMÓRIA HUMANA
MEMÓRIA DECLARATIVA: é o armazenamento (ou
evocação) do material que está disponível para a consciência
e pode, portanto, ser expresso mediante a linguagem (por isso
é “declarativa”. Ex.: capacidade de recordar de um número de
telefone, de uma canção ou das imagens de algum evento
passado.
MEMÓRIA NÃO-DECLARATIVA OU DE PROCEDIMENTOS:
é a memória que não está disponível à percepção consciente,
pelo menos não de forma detalhada. Tais memórias envolvem
habilidades e associações que são, em geral, adquiridas e
evocadas em um nível inconsciente. Ex. lembrar como se toca
um instrumento musical, como se anda de bicicleta.
PRINCIPAIS CATEGORIAS TEMPORAIS PARA A
MEMÓRIA HUMANA
Memória de trabalho ou
imediata ou sentido do
presente (pode durar
frações de segundos ou
até vário segundos)
Memória de curta
duração
(dura
no
máximo 6 horas)
Memória de longa
duração (dias ou
anos)
A memória de trabalho retém as informações na
medida em que essas vão aparecendo, essencialmente online ou por um curto tempo a seguir. Serve para gerenciar a
realidade. Se diferencia das demais porque não deixa traços
e não produz arquivos.
Um bom exemplo é o da terceira palavra da frase
anterior; todos a retiveram só o tempo suficiente para
entender essa frase, e talvez a seguinte. A essa altura, já a
perderam; se não voltarem atrás para relê-la, não a
recordarão.
PRINCIPAIS CATEGORIAS TEMPORAIS PARA A
MEMÓRIA HUMANA
Memória de trabalho ou
imediata ou sentido do
presente (pode durar
frações de segundos ou
até vário segundos)
Memória de curta
duração
(dura
no
máximo 6 horas)
Memória de longa
duração (dias ou
anos)
A memória de curta duração dura no máximo seis
horas e serve ao propósito de um albergue provisório para a
informação que depois poderá ou não ser armazenada como
memória mais estável ou permanente.
Discutiu-se durante mais de um século se a memória
de curta duração é simplesmente uma fase inicial da
memória como um todo ou se a memória de curta e a de
longa duração envolvem processos paralelos e até certo
ponto independentes.
A segunda resposta é a correta. A memória de curta
duração requer as mesmas estruturas nervosas que a de
longa duração, mas envolve mecanismos próprios e distintos
(Izquierdo et al, 1998a, b e 1999).
Importância da Associação para
o Armazenamento da Informação
ESQUECER É FISIOLÓGICO?
Tudo que aprendemos é armazenado permamentemente na mente, embora
algumas vezes detalhes particulares não sejam acessíveis”.
Essa afirmativa é verdadeira?
ESQUECER É FISIOLÓGICO?
“Talvez o aspecto mais notável da memória é o esquecimento” (James
McGaugh, Universidade de Califórnia em Irvine).
AMNÉSIA: perda grave da memória ou da
capacidade de aprender
Em que lugar do cérebro estão armazenadas nossas memórias?
Quais os mecanismos celulares ou moleculares envolvidos?
A pesquisa básica que investiga a neurobiologia da
memória está centrada em dois objetivos:
• Identificar as áreas cerebrais envolvidas nesse
fenômeno, bem como do papel dos sistemas
cerebrais no controle do armazenamento dos
diferentes tipos de memória.
• Elucidar as alterações celulares e bioquímicas que
ocorrem entre neurônios durante a aquisição da
informação.
Mecanismos celulares da
memória de curta duração
- Modulação plástica dos canais iônicos e
outros substratos protéicos pela ação de
segundos mensageiros citoplasmáticos (como
o AMPc);
- Alteração dinâmica devido à recirculação de
impulsos em uma cadeia neuronal fechada
(circuitos reverberativos).
Áreas corticais de
associação
Áreas corticais
para-hipocampal e
rinal
Hipocampo
Fig.: Fluxo de informação através do lobo temporal medial.
Fórnix
Tálamo e
hipotálamo
As memórias com conteúdo emocional forte são
gravadas com participação das vias nervosas que regulam
as emoções, que agem estimulando vias enzimáticas hoje
bem determinadas no hipocampo e outras regiões a ele
ligadas. Essas vias estimulam indiretamente a formação
de novas sinapses como sustentáculo dessas memórias e
essas costumam, assim, persistir muitos meses ou anos
(Izquierdo et al., 2006).
Fora dessas memórias, as demais, no entanto,
duram pouco tempo; e se não repetidas (se não revividas),
desaparecem por falta de uso. A falta de uso causa atrofia
das sinapses (Eccles, 1957), e isso explica porque as
memórias nunca lembradas, assim como os movimentos
não mais feitos ou os pensamentos nunca mais revisitados,
desaparecem.
Mecanismos celulares da memória a longa
duração
Numerosos trabalhos demonstram que na
construção de uma memória de longa duração são
necessárias a expressão gênica e a síntese protéica
nas primeiras três a seis horas, no hipocampo ou em
outras regiões vinculadas a esse processo
(Cammarota et al., 2003; Izquierdo et al., 2006).
Esse
processo
pode
se
denominar
“manutenção” e requer também pelo menos um fator
neurotrófico (o BDNF) no hipocampo, ao mesmo
tempo que requer síntese protéica, isto é, doze horas
depois de ter adquirido uma memória.
Experiências realizadas com ratos pela Dra.
Marian Diamond, neuroanotomista americana,
demonstram que os animais criados em gaiolas
cheias de brinquedos tais como bolas, rodas,
escadas, rampas entre outros, apresentaram
neurônios corticais com maiores árvores
dendríticas, somas mais desenvolvidos e axônios
mais ramificados.
A memória é a função cerebral que mais se
encaixa com o dito de que “a função faz o órgão”. Se
praticada intensamente, a memória como função não
esmorece;
se
não
recordada,
dissolve-se
no
esquecimento.
A melhor forma de manter viva a memória, em
geral, é por meio da leitura (Izquierdo, 2002). A melhor
forma de manter viva cada memória em particular é
recordando-a. Como isso nem sempre é possível, e
certamente não desejável, devemos nos aprimorar na
prática da arte de esquecer, tão cantada pelos poetas.
Relaxar. É impossível prestar atenção se você estiver tenso
ou nervoso. Exercício: prenda a respiração por dez segundos
e vá soltando-a lentamente.
Associar fatos a imagens. Aprenda técnicas mnemônicas.
Elas são uma forma muito eficiente de memorizar grande
quantidade de informação.
Visualizar imagens. Veja as figuras com os "olhos da
mente".
Exercício: Feche os olhos e imagine um bife frito, grande e
suculento. Sinta o o aroma e a maciez da carne.
Imagine-se cortando a carne com uma faca e um garfo e
soboreando-a. Se a sua boca se encheu de água enquanto
você visualizou esta cena, então você fez um bom trabalho!
Faça exercícios com outros objetos como: um prato de sopa,
uma taça de sorvete, uma torta de chocolate, em uma sala de
dentista, em uma sala de exame, etc.
Alimentos. Algumas vitaminas são essenciais para o
funcionamento apropriado da memória: tiamina (vitamina
B1), ácido fólico e vitamina B12. São encontradas no pão e
cereais, vegetais e frutas.
Água. A água ajuda a manter bem funcionante os sistemas
da memória, especialmente em pessoas mais velhas. De
acordo com a Dra.Turkington, a falta de água no corpo tem
um efeito direto e profundo sobre a memória; a
desidratação pode levar a confusão e outros problemas do
pensamento.
Sono. Afim de se conseguir uma boa memória, é
fundamental que se permita sono suficiente e descanso do
cérebro. Durante o sono profundo, o cérebro se desconecta
dos sentidos e processa, revisa e armazena a memória.
A insônia leva a um estado de fadiga crônica e prejudica a
habilidade de concentrar-se e armazenar informações.
Dicas, tais como: tomar notas, organizar-se, usar um
diário, manter-se em forma, check up regular da saúde, etc
Lobo
Frontal
Lobo
Temporal
Lobo
Parietal
Lobo
Occipital
ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO DO
CÓRTEX CEREBRAL
75% do cérebro humano é Córtex de Associação
Córtex Associativo Parietal: importante para a percepção de
estímulos complexos nos ambientes externo e interno.Lesões:
síndrome da negligência.
Córtex Associativo Temporal: importante para a identificação
da natureza de tais estímulos. Lesões: déficits de
reconhecimento.
Córtex Associativo Frontal: importante para o planejamento de
respostas comportamentais adequadas para os estímulos.
Lesões: deficiências no planejamento.
A função do córtex frontal foi
inicialmente sugerida por um
acidente dramático ocorrido no séc.
XIX, quando um bastão de socar
dinamite foi lançado através da parte
frontal do encéfalo de um operário
de viação férrea chamado Phineas
Gage. Surpreendentemente, Gage
sobreviveu,
e
os
problemas
comportamentais
que
surgiram
estimularam muitas das primeiras
reflexões acerca das funções
complexas do encéfalo. Esta
ilustração é uma reconstrução da
trajetória do bastão, baseada no
crânio de Gage, mantido no Museu
Warren, na Escola de Medicina de
Harvard.

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