MÓDULOS F e G

Transcrição

MÓDULOS F e G
Apoio à acção comunitária contra o SIDA em países em vias de desenvolvimento
Outros livros em Compreender e confrontar o
estigma relacionado com o HIV: um manual para
passar à acção incluem:
Introdução
Como usar o manual
Módulo A
Dar um nome ao problema
Módulo B
Mais compreensão e menos medo
Módulo C
Sexo, moralidade, vergonha e culpa
Compreender
e confrontar
o estigma
relacionado
com o HIV:
um manual para
passar à acção
Módulo D
A família e o estigma
Módulo E
Cuidados domiciliários e o estigma
Módulo F
Lidando com o estigma
Módulo G
Tratamento e estigma
Módulo H
Homens que têm sexo com homens e o estigma
Módulo I
Crianças e estigma
Módulo J
Jovens e estigma
Módulo para passar à acção
Pensando acerca da mudança
Passando à acção
Desenvolvendo competências de advocacia
Livro de imagens
Imagens gerais sobre o estigma
Imagens de direitos
Livros adicionais serão publicados à medida que
se forem desenvolvendo novos módulos.
SDTP 05/08
MÓDULOS F e G
• Lidar com o estigma
• Tratamento e estigma
Acerca da International HIV/AIDS Alliance
Fundada em 1993, a International HIV/AIDS Alliance (a
Alliance) é uma parceria global de organizações de âmbito
nacional que trabalham para apoiar a acção comunitária
contra o SIDA nos países em vias de desenvolvimento.
A nossa missão comum é reduzir a propagação do HIV e
enfrentar os desafios que o SIDA representa. Até à data,
mais de $140 milhões foram canalizados para mais de 40
países em vias de desenvolvimento para apoiar mais de
3000 projectos, fazendo chegar a prevenção, os cuidados
e o apoio relativamente ao HIV, e um melhor acesso ao
tratamento, a algumas das comunidades mais pobres e
vulneráveis.
Instituição de caridade registada com o número 1038860
www.aidsalliance.org
Para mais informações acerca das publicações da Alliance,
por favor visite www.aidsalliance.org/publications
© Texto: International HIV/AIDS Alliance, 2007
Desenvolvido por Ross Kidd, Sue Clay e Chipo Chiiya
© Ilustrações: Petra Röhr-Rouendaal, 2006
Publicado em Junho de 2007
ISBN: 1-905055-28-5
As informações e ilustrações contidas nesta publicação
podem ser livremente reproduzidas, publicadas ou usadas
de qualquer outra forma sem a autorização da Academy for
Educational Development, International Centre for Research
on Women e International HIV/AIDS Alliance. Contudo, estas
organizações solicitam que sejam mencionadas como a
fonte da informação.
Esta edição revista foi possível graças à Swedish
International Development Agency (Sida). Os conteúdos
são da responsabilidade dos autores e não reflectem,
necessariamente, os pontos de vista da USAID ou da
Sida. A International HIV/AIDS Alliance gostaria também
de agradecer à UNICEF por possibilitar a impressão e
publicação deste manual em língua Portuguesa.
Compreender e confrontar o estigma relacionado com o HIV: um manual para passar à acção
Acerca deste manual
Este manual foi escrito por e para formadores em HIV
em África. Foi concebido para ajudar os formadores a
planear e a organizar sessões educacionais com líderes
da comunidade ou grupos organizados, para chamar
a atenção e promover a acção prática para enfrentar o
estigma e a discriminação relacionados com o HIV.
O manual foi desenvolvido a partir de um projecto de
investigação sobre como “Compreender o estigma
relacionado com o HIV e a discriminação dele resultante”
realizado na Etiópia, Tanzânia e Zâmbia de 2001 a
2003. A investigação foi implementada pelo Centro
Internacional de Pesquisa sobre a Mulher (ICRW) em
colaboração com instituições de investigação nos três
países participantes. A primeira edição deste manual foi
desenvolvida pelo Projecto CHANGE AED (Academia para
o Desenvolvimento Educacional) e o ICRW, em parceria
com as instituições de investigação e as organizações
não-governamentais (ONGs) nestes três países que
ajudaram a conceber o manual original. Este manual foi
desenvolvido e escrito por Ross Kidd e Sue Clay.
Esta edição foi revista pelo escritório nacional da
International HIV/AIDS Alliance na Zâmbia, com base no
manual original, e inclui experiências do Projecto Regional
de Formação em Estigma da Alliance, que apresentou
o manual a muitos países em África através de uma
Formação de Formadores (TOT) e de um processo em
rede. Os seminárioss TOT nacionais e os seminárioss de
acompanhamento conduzidos por membros da crescente
rede anti-estigma criaram uma base de experiência para
rever e actualizar o manual. Num seminário regional
na Zâmbia, em Agosto de 2005, membros desta rede
ajudaram a rever o manual e fizeram alterações e adições.
No final de 2006, mais de 300 formadores anti-estigma de
muitas organizações tinham sido treinados pela Alliance,
utilizando este manual. Aqui incluem-se as seguintes
organizações parceiras chave:
Burkina Faso: Initiative Privée et Communautaire Contre le
HIV/SIDA no Burkina Faso (IPC)
Costa de Marfim: L’Alliance Nationale Contre le SIDA en
Côte d’Ivoire (ANS-CI)
Etiópia: ActionAid, Hiwot, Save Your Generation
Association (SYGA)
Quénia: Regional AIDS Training Network (RATN), Network
of people with HIV/AIDS in Kenya (Nephak)
Moçambique: International HIV/AIDS Alliance in
Mozambique, Rede Nacional de Associações de Pessoas
Vivendo Com HIV/SIDA (Rensida)
Nigéria: Network on Ethics, Human Rights, Law,
HIV/AIDS Prevention, Support and Care (NELA)
Senegal: Alliance Nationale Contre le SIDA (ANCS)
Tanzânia: Kimara, Muhimbili Medical College of Health
Sciences (MUCHS)
Uganda: The AIDS Support Organization (TASO)
Zâmbia: International HIV/AIDS Alliance in Zambia,
Network of Zambian People Living with HIV (NZP+)
Esta edição foi desenvolvida e
escrita por
Ross Kidd, Sue Clay e Chipo Chiiya
Agradecimentos
Este módulo foi desenvolvido inicialmente durante
a Reunião Regional de Formadores em Livingstone,
Zâmbia em 2005 com um grupo de formadores que
identificaram a necessidade de haver mais exercícios
acerca de tratamento à medida que os ARVs ficavam
mais disponíveis. Os participantes desta reunião incluem
Awraris Alemayehu, Dagmawi Selamssa, Ethiopia Tilahun,
Jacinta Magero, James Byakiika, Clement Mufuzi, Mutale
Chonta, Aggrey Chibuye, Estella Mbewe, Gertrude
Mashau, Sidney Mwamba, Sam Setumo, Amos Simbabo,
Sónia Almeida, Emedius Teixeira, Willbroad Manyama,
Dr Naomi Mpemba, Judith Mulundu, Sabas Masawe,
Mboni Buyekwa.
Muitas das ideias para os exercícios vieram de
trabalhar com colegas e parceiros do projecto ACER
(ARV Community Education and Referral) apoiado pela
International HIV/AIDS Alliance na Zâmbia. ACER é
um projecto comunitário inovativo, gerido por colegas
que são abertos em relação ao seu estado de HIV e
que proporcionam apoio e educação a membros da
comunidade e organizações acerca dos ARV, aderência,
aconselhamento e testagem de HIV.
Também gostaríamos de agradecer a Katongo pela sua
perspicácia e histórias acerca de alguns dos desafios que
os jovens enfrentam quando estão em tratamento. No
Secretariado, gostaríamos de agradecer Carolyn Green
pela sua ajuda com as folhas de facto, Liz Mann pelo seu
apoio a este projecto e à equipa de Comunicações que
coordenou o desenvolvimento do design e a produção
deste manual.
Design por Jane Shepherd
www.coroflot.com/janeshep
Ilustrações por Petra Röhr-Rouendaal
Em memória de Martin Chisulu, Chama Musoka,
Hamelmal Bekele (Happy), Andrew Mukelebai e
Regina Mulope.
1
Índice
Módulo F – Lidar com o estigma
Introdução
3
Exercícios
F1 Estratégias para lidar com o estigma
4
F2 Manter-se em silêncio
5
F3 Cura pela fé e medicina tradicional
6
F4 Revelação – contar à sua família
7
F5 O HIV e os direitos humanos
10
F6 Compreender como ser assertivo
11
F7 Paranóia e hiper-sensibilidade
14
F8 Desenvolver a auto-estima
15
F9 Lidar com o stress
18
F10 A morte e morrer
19
F11 Viver de forma positiva
20
F12 “Não tenhas filhos”
21
F13 “Não tenhas sexo”
22
Introdução
Como usar o manual
Módulo A
Dar um nome ao problema
Módulo B
Mais compreensão e menos medo
Módulo C
Sexo, moralidade, vergonha e culpa
Módulo D
A família e o estigma
Módulo E
Cuidados domiciliários e o estigma
Módulo H
Homens que têm sexo com homens
e o estigma
Módulo I
Crianças e estigma
Módulo G – Tratamento e estigma
Introdução
Outros livros em Compreender e
confrontar o estigma relacionado
com o HIV: um manual para passar
à acção incluem:
23
Módulo J
Jovens e estigma
Exercícios
G1 Tratamento e estigma – análise do problema
24
G2 Tratamento e estigma em contextos diferentes
25
G3 Tratamento na família
27
G4 O fardo do segredo
28
G5 “Não vamos contar a ninguém”
30
G6 Crianças, tratamento e estigma
32
G7 Profissionais de saúde, tratamento e estigma
34
G8 Boatos sobre os ARVs
37
G9 Obter tratamento
38
G10 Fazer ligações saudáveis
40
G11 “Rezar é tudo o que precisa!”
42
G12 O percurso do tratamento 43
Anexo 1
Folha de dados sobre os ARVs
44
Folha de dados sobre as infecções oportunistas
45
Folha de dados sobre a tuberculose
48
Imagens
História do tratamento
2
49
Módulo para passar à acção
Pensando acerca da mudança
Passando à acção
Desenvolvendo competências de
advocacia
Livro de imagens
Imagens gerais sobre o estigma
Imagens de direitos
Livros adicionais serão publicados
à medida que se forem
desenvolvendo novos módulos.
módulo F
Coping
Módulowith
F – stigma
Lidar com o estigma
Introdução
Em qualquer iniciativa comunitária que tenha como objectivo combater o estigma
é importante incluir estratégias para apoiar a PVHS a lidar com as consequências
do estigma. As PVHS desempenham um papel crucial ajudando a identificar os
vários tipos diferentes de estigma e consciencializando a comunidade sobre os
danos e a dor que o estigma e a discriminação acarretam.
Este módulo foi escrito juntamente com uma equipa de PVHS e destina-se a ser
utilizado em grupos de apoio e em cursos de formação de PVHS. O objectivo
é fortalecer as PVHS como indivíduos de modo a lidarem com o estigma e a
desenvolverem a capacidade de liderança de modo a ajudarem e apoiarem os
outros. As actividades permitem aos participantes partilharem experiências e
estratégias, desenvolverem capacidades de comunicação e assertividade e
aumentarem a auto-estima.
3
M Ó DU L O F
Exercício F1 Estratégias para lidar com o estigma
Notas para o
facilitador
Este é o primeiro
exercício que pede
aos participantes que
falem das suas próprias
experiências com o HIV e
o estigma.
Objectivos
No final desta sessão
os participantes serão
capazes de:
• partilhar experiências
sobre serem
estigmatizados
• avaliar os efeitos
dessas experiências
• começar a desenvolver
estratégias para
confrontar o estigma e
a discriminação.
Tempo
1 hora
Actividade passo a passo
Histórias de estigma1 – reflexão individual e trabalho de grupo
1. Peça aos participantes que se sentem isoladamente e pensem sobre, “Uma
ocasião em que foi mal tratado como PVHS pelas outras pessoas.” Permita
cinco minutos de reflexão em silêncio.
2. Aos pares, partilhe a sua experiência.
3. No grupo grande, pergunte se alguém deseja partilhar a sua história.
4. Peça ao grupo que escolha uma das histórias e a represente.
5. Depois da representação debata:
• O que sucedeu? Como se sentiu a pessoa? Como é que ele ou ela reagiu?
• Descreva as relações de poder entre estigmatizador e estigmatizado.
• Quais são as causas que originam o estigma ou a estigmatização?
Chuva de cartões aos pares
6. Peça novamente às pessoas que se agrupem aos pares e peça-lhes que
pensem nas estratégias pessoais que utilizam para lidar com o estigma e
a discriminação. Pergunte, “Como nos apoiamos ou protegemos contra os
efeitos do estigma e da discriminação?” Escreva uma estratégia por cartão.
Afixe os cartões na parede. Peça aos participantes que classifiquem os
cartões por categorias semelhantes.
7. Peça-lhes que formem grupos pequenos, que escolham as três estratégias
que, na sua opinião, funcionam melhor e que expliquem porquê.
8. Peça aos grupos que debatam, “Quais são algumas formas de lidar com o
estigma ajudados pelos outros? Como damos apoio uns aos outros como
PVHS?” Escreva os pontos no bloco gigantes.
Ideias para a acção
Exemplos de estratégias
Partilhe outras ideias para
lidar com o estigma com a
sua família e amigos.
1Retirar-se. Tomar ARVs e
parecer saudável. Ignorar os
estigmatizadores. Evitar as
situações. Brincar. Responder.
Contrapor. Ingressar num grupo
de apoio. Tentar explicar. Falar
com os estigmatizadores.
Informar o público. Negar.
Falar com amigos sobre o que
aconteceu.
Uma parte deste exercício é adaptado de Hope and Timmel, “Cushions”, Training for
transformation: Handbook for community workers (Book 4), páginas.145-6
1
4
Exercício F2 Manter-se em silêncio
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Algumas pessoas pensam
que esta estratégia é
controversa, mas manterse em silêncio é uma das
estratégias para lidar com
a situação identificadas
pela PVHS. Significa que
em algumas situações
podemos escolher não
revelar a nossa situação
como forma de nos
protegermos do estigma.
1. Distribua os cartões e peça aos participantes que escrevam um ponto por
cartão sobre “situações em que podemos escolher manter-nos em silêncio
sobre a nossa situação, sobre o estigma, etc.”
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• reconhecer que
manter-se em silêncio
é um mecanismo para
lidar com o estigma
em algumas situações
• compreender como
escolher a quem e
quando o revelamos.
Tempo
30 minutos
Quando o silêncio nos protege – chuva de cartões
Exemplos de manter-se em silêncio
Não querer chamar as atenções. Estigma perante várias pessoas. Temer a
rejeição da nossa família. Parecer diferente das outras pessoas. Manter-se em
silêncio no trabalho para não perder o emprego. Não querer sobrecarregar
uma pessoa com as nossas preocupações. Pode não ser seguro. Escolher
cuidadosamente com quem falamos. Reflectir sobre o que significa sermos
positivos. Dar tempo para que as coisas sejam assimiladas. Esperar pelo
momento certo.
Drama pára-arranca
2. Forme grupos pequenos. Escolha uma das situações e peça ao primeiro grupo
que represente a situação mostrando alguém que se mantém em silêncio. O
segundo grupo representa a mesma situação mas com a pessoa a falar ou a
enfrentar a situação.
3. Num grupo grande, debata:
• O que aconteceu nas duas representações?
• Como funcionou a estratégia de manter-se em silêncio?
• Como funcionou a estratégia de falar?
• Como se sentem as personagens?
• Existem outras estratégias que se poderiam utilizar nesta situação?
4. Tente representar estas ideias.
Trecho da história de E, Zâmbia
E não partilha a informação com a madrasta. Ela acha que se contasse
que era HIV positiva, a madrasta a iria estigmatizar e utilizar a informação
contra ela.
5
M Ó DU L O F
Exercício F3 Cura pela fé e medicina tradicional
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Alguns escolhem a cura
pela fé e a medicina
tradicional como forma de
encontrar esperança.
1. Peça a um participante que leia a história que se segue.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• compreender porque
a cura pela fé é
inspiradora para alguns
• reconhecer os limites
da medicina tradicional
no tratamento do HIV.
Tempo
1 hora
Cura pela fé – debate de uma história
A história de Marta
Um dia, após vários testes na clínica, a Marta descobriu que era HIV
positivo. Nunca contou a ninguém os resultados. Foi ter com o padre que
rezou por ela e a benzeu, e ela acreditou que estava curada. Um ano depois
casou. Pouco depois do casamento teve um bebé que adoeceu. Quando o
levou ao médico, o bebé fez a análise do HIV e o resultado foi positivo.
2. Peça aos participantes que debatam as seguintes questões:
• O que aconteceu na história?
• O que fez com que Marta acreditasse que estava curada?
• Conhece pessoas que procuraram a cura pela fé? O que sucedeu?
• Que papel desempenha a cura pela fé como ajuda para lidarmos com o
estigma?
• Que mais poderia ter feito Marta?
Sumário
As mensagens que nos são passadas pelos curadores espirituais fortalecem-nos
e o apoio espiritual é importante para muitos de nós. No entanto, os ARVs são
o melhor tratamento para o HIV, e ao acreditar que bastam as orações para nos
curarmos, podemos estar a iludir-nos.
6
Exercício F4 Revelação – contar à sua família
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Estes exercícios exploram
a questão da revelação,
especialmente a revelação
à família. Escolha um ou
dois dependendo do seu
grupo.
1. Peça aos participantes que formem pares e debatam:
• Na sua família, a quem contou que era HIV positivo?
• Como o fez?
• O que sucedeu?
A. Revelar a membros diferentes da família
B. Decidir sobre a revelação – representação aos pares
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• partilhar experiências
de dizer aos membros
da família qual a sua
condição
• descrever algumas
estratégias básicas
para revelar aos
membros da família.
1. Este exercício destina-se a fazer com que as pessoas pratiquem a revelação
aos membros da família. Debata aos pares:
• A quem gostaria de dizer?
• Quais são as suas preocupações relativamente a dizer-lhes?
2. Peça a cada pessoa que classifique por ordem de prioridade as pessoas que
constam da sua lista de acordo com:
• importante mas é difícil dizer – e porquê
• menos importante mas é difícil dizer – e porquê
• importante mas é fácil dizer
• menos importante mas é fácil dizer.
É difícil dizer
Tempo
É fácil dizer
1 hora
Muito importante
4 Mãe
Menos importante
4 Amigo(a)
3. Em seguida, explique que nos devemos focar em revelar à pessoa “importante
mas é difícil dizer”.
Representação aos pares
4. Agrupe as pessoas aos pares. Em cada par, decida quem irá revelar e a
quem vai ser revelado. Pratique dizer à pessoa. Em seguida, quando os pares
tiverem terminado, peça-lhes que alternem os papéis. Cinco minutos depois,
peça a um ou dois pares que se ofereçam para ir para o centro fazer uma
demonstração para o grupo todo.
Processamento
5. Peça aos participantes que debatam:
• Como se sentiu quando revelou a sua condição?
• Como se sentiu quando a outra pessoa lhe disse qual era a condição dela?
• Que técnicas utilizou para contar a sua história?
• Que conselho daria aos outros sobre revelar?
• O que aprendemos com isto?
7
M Ó DU L O F
Exercício F4 Revelação – contar à sua família
Opção: Medo de revelar – estudo de caso e debate
1. Em grupos pequenos, peça aos participantes que leiam o estudo de caso que
se segue.
Estudo de caso – a história de Naledi
A primeira pessoa a quem
contou foi à prima – a filha da
irmã do seu pai. Ela é uma
pessoa de família muito próxima
e compreensiva e a reacção
dela foi muito encorajadora.
A prima achou que ela tinha
sido muito corajosa em fazer a
análise e salientou que a maioria
das pessoas nem sabem qual
é a sua condição. Neste ponto,
E não tem a certeza se a prima
contou a mais alguém. O facto
de E contar à prima ajudou
muito – tirou-lhe “um peso
de cima”.
Trecho da história de E,
Zâmbia
O funeral teve lugar uma semana depois da morte do marido dela, seguido
de uma semana de insultos por parte da família dele por ter enfeitiçado o seu
único filho e irmão. Enquanto via o caixão a ser baixado para a sepultura,
murmurava para si própria, “Se ao menos me tivesses escutado, ainda
estarias vivo. E eu não teria que aguentar tantos insultos da tua família.”
Ao tentar levantar-se para atirar terra para a sepultura, desmaiou. A família do
marido diria que era a sua consciência pesada por ter morto o marido para
poder herdar a casa grande que ele tinha acabado de construir.
Embora soubesse que o marido tinha morrido de SIDA, Naledi decidiu não
dizer nada a ninguém. Mesmo que lhes contasse, nunca iriam acreditar. No
mínimo, diriam que era ela que lhe tinha pegado.
O problema dela começou dois anos antes quando decidiu fazer uma análise
ao HIV. O marido recusou-se a acompanhá-la. Quando os resultados das
análises vieram positivos, o marido não aceitou.
“Continuou a negar o facto de eu estar infectada com o vírus e de ele
também poder estar. Chegou mesmo a insistir que não devíamos usar
preservativo, e chegámos mesmo ao ponto de discutir sobre isso. Quando
começou a perder peso continuou a recusar fazer a análise, alegando que
estava a fazer dieta. Finalmente, no seu leito de morte, concordou em fazer
a análise da SIDA. Morreu consciente de que tinha o vírus e que os danos já
eram irreparáveis. Mas era o meu marido e amá-lo-ei para sempre. É por isso
que vou guardar este segredo.”
Kelebonye, Gregory (2003) “Me Go for a Test? No Way!” Mmegi Monitor,
Botswana, 29 de Abril a 5 de Maio.
2. Peça aos participantes que debatam:
• O que aconteceu a Naledi quando contou os resultados da análise ao
marido?
• Quais são os seus maiores medos de partilhar a sua condição com
companheiros, membros da família ou amigos?
Sumário
A quem, quando, e onde dizer a alguém qual a sua condição é uma decisão
pessoal. Nunca deve ser pressionado(a) a dizer a alguém em quem não confia.
Praticar dizer a alguém pode ser uma forma útil de desenvolver estratégias
pessoais. Evite contar às pessoas que possam utilizar isso contra si. O medo do
estigma e a culpa são os motivos principais que impedem as pessoas de dizerem
às outras a sua situação relativamente ao HIV.
8
Exercício F4 Revelação – contar à sua família
Exemplos de prática de revelação de um seminãrio na Etiópia
Mulher a dizer ao marido
• Escolhidos um lugar e uma altura adequados, por exemplo, as crianças
estão a dormir.
• Pô-lo com boa disposição. Falou primeiro da sua viagem.
• Revelou a notícia devagar. Começou por dizer que tinha ido à clínica fazer
um check-up; depois disse que a amiga tinha feito uma análise ao HIV; em
seguida disse que também decidiu fazer a análise.
• Em cada momento da história, parava para ver a reacção do companheiro
antes de prosseguir.
Exemplos de medo de revelar
As pessoas podem usar esta
informação contra si.
Rejeição.
Culpa.
Mexericos.
Lesar os relacionamentos
frágeis com a família do
cônjuge.
Retirada de apoio financeiro –
“De qualquer forma vais
morrer, porquê gastar o nosso
dinheiro contigo?”
Negligência por parte dos
familiares, por exemplo, não
o levar ao hospital quando
estiver doente.
Vulnerabilidade quando estiver
doente ou for improdutivo.
Decepção – expectativas
goradas.
Trazer à baila antigas relações
sexuais. O seu papel como
zelador é questionado.
Irmão a dizer à irmã
• Melhor altura? À noite depois das crianças estarem a dormir.
• Começou por dizer, “O motivo pelo qual quero falar contigo é porque sei
que me podes apoiar e ajudar.”
• Porquê escolher a irmã? Ela está informada sobre o HIV. O mais provável é
ser compreensiva.
Filho a falar com o pai
• Melhor altura? Segunda-feira de manhã cedo em casa.
• Porquê? Quer ser breve e deixá-lo a pensar.
A quem é mais fácil revelar?
• Alguém do mesmo sexo.
• Irmão ou irmã (o mesmo estatuto na família).
Estratégias e abordagens
• Começar pelos familiares com os quais já se sente à vontade.
• Escolher uma altura em que é mais fácil as pessoas concentrarem-se.
• Escolher um lugar onde não serão interrompidos.
• Estabelecer uma boa relação e laços de confiança.
• Ir devagar e, a cada passo, ver a reacção da pessoa.
• Pedir a opinião e o apoio das pessoas.
• Revelar gradualmente. Se conseguir uma resposta favorável da primeira
pessoa, pode tentar a segunda; isso dá-lhe coragem para continuar.
• Se as pessoas reagirem bem, pode querer dizer a outras; se a resposta for
infeliz ou nociva, pode decidir não contar a mais ninguém.
• Utilize a sua própria condição para incentivar os outros a serem
cuidadosos com as suas vidas.
• Se alguns dos seus familiares souberem da sua condição e estiverem
doentes, poderão vir ter consigo para se aconselhar. Isto mostra-lhe o
quão valioso você é (podem apoiar-se em si para pedir ajuda).
9
M Ó DU L O F
Exercício F5 O HIV e os direitos humanos
HIV and human rights
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• identificar alguns
direitos que são
violados quando
vivemos com o HIV
• identificar situações
nas quais nos podem
negar os nossos
direitos
• compreender a
importância de
sermos assertivos
para defendermos os
nossos direitos.
Tempo
1 hora
Materiais
Cópias das imagens de
direitos no folheto de
imagens.
Notas para o facilitador
Este exercício destina-se a ajudar-nos a reconhecer que todos temos direitos
independentemente de sermos ou não HIV positivos e que, devido a esse facto,
esses direitos não nos devem ser negados. Os direitos andam de mãos dadas
com as responsabilidades, e estas também devem ser identificadas neste debate.
O estigma e a discriminação conduzem à erosão dos direitos, quer numa situação
familiar, quer no trabalho ou na comunidade.
Este exercício está ligado ao exercício E5 que explora a utilização das técnicas de
assertividade como ferramenta de defesa dos direitos. E4 e E5 centram-se nos
direitos humanos e, de modo ideal, fariam parte de um programa a favor e em
defesa da legislação anti-discriminação.
Actividade passo a passo
“Buzz” e chuva de ideias
1. Peça aos participantes, “Enumere alguns direitos que podem ser violados
quando vivemos com o HIV?”
Exemplos do seminãrio TOT no Quénia
Direito ao trabalho. Direito a casar. Direito a participar num culto religioso.
Direito a ter filhos. Direito a cuidados de saúde. Direito a participar nas
decisões familiares. Direito a associar-se.
Esculturas
2. Divida em grupos de três ou quatro. O facilitador demonstra em seguida como
fazer uma escultura com alguns voluntários. Diga-lhes que eles são a pedra
ou o barro. Disponha-os numa posição que ilustre um conceito simples, por
exemplo, “Liberdade” – grupo com os braços interligados, punhos levantados e
a fazer sinais de vitória.
Imagens de direitos
3. Cada grupo escolhe uma das imagens de direitos e faz uma escultura para
demonstrar qual é o direito. Observe uma escultura de cada vez e peça aos
grupos que adivinhem qual é o direito que está a ser mostrado.
4. Depois de cada escultura pergunte aos participantes, “Como é violado este
direito?” Partilhe histórias e experiências.
Processamento
5. Para concluir, pergunte aos participantes:
• O que aprendemos com este exercício?
• Quais são algumas formas de defendermos os nossos direitos?
• Há outros direitos que outros grupos da comunidade podem perder devido
a serem estigmatizados (por exemplo, homossexuais, trabalhadores da
indústria do sexo)?
Opção: Representação
Em vez das esculturas, peça aos grupos pequenos que preparem uma
representação rápida para demonstrar o direito e uma situação em que este pode
ser violado.
10
Exercício F6 Compreender como ser assertivo
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Aprender as técnicas
de assertividade pode
ser uma estratégia para
ajudar a enfrentar o
estigma e a defender os
direitos. Este exercício
combina bem com o
anterior. Descubra como
dizer “assertividade” no
idioma local.
1. Debata em grupos pequenos:
• O que quer dizer ser assertivo?
• Como pode a assertividade ajudar-nos?
O que é a assertividade? – debate
O que é a assertividade? De um seminãrio no Senegal
A assertividade é:
Defender os seus direitos. Dizer como quer que as coisas sejam feitas. Ser
firme – defender aquilo em que acredita. Ser você próprio. Reivindicar o
seu espaço não abdicando dos seus valores. Decidir por si próprio. Exigir
reconhecimento. Não ser passivo. Não ser agressivo. Tentar obter aquilo que
quer. Ter segurança em si próprio.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• definir e compreender
a assertividade
• praticar algumas
técnicas de
assertividade.
Tempo
1-2 horas
Materiais
Cópias de situações na
página 13.
Definição de assertividade
Dizer o que pensa, sente e quer de uma forma
clara e honesta que seja boa para si e para os
outros. Não é ser agressivo nem mostrar raiva.
Praticar a assertividade – representação aos pares
2. Faça uma representação aos pares em que uma das pessoas não está a ser
assertiva. Pergunte ao grupo:
• O que está a acontecer?
• De que forma a pessoa pode ser mais assertiva?
• Isto acontece-nos?
3. Represente a mesma situação mas sendo a pessoa assertiva.
4. Agrupe dois a dois e peça aos pares que se ponham de pé virados uns para os
outros. Em cada par, peça que decidam o papel que vão representar. Distribua
as situações (veja a página 13), uma por par.
5. Em seguida, peça aos pares que representem ao mesmo tempo. Alguns
minutos depois, grite “Parar!” e peça para ver algumas representações. Depois
de algumas demonstrações pare e pergunte:
• O que sucedeu? Como se sentiu? Estavam a ser assertivos?
• Como pode afirmar os seus direitos em várias situações e manter o controlo
da sua vida?
Quando as pessoas sugerirem soluções, peça a um dos pares que as
represente. Depois fale sobre o que marcou a diferença – tom de voz,
linguagem, postura corporal, confiança.
Disco riscado2
6. Esta é uma das técnicas de assertividade que pode utilizar de modo a
reforçar o seu ponto de vista. Implica repetir o seu pedido ou ponto de vista –
delicadamente de formas diferentes (veja o exemplo na página seguinte).
Uma parte deste exercício é adaptada de Gordon, Gill (1999). Choices: A guide for young people,
London: Macmillan Education, páginas 33-35.
2
11
M Ó DU L O F
Exercício F6 Compreender como ser assertivo
Ideias para a acção
Experimente estas
técnicas em casa e relate
o que aconteceu!
PVHS:
Família:
PVHS:
Família:
PVHS:
Família:
PVHS:
Quero ir ver o meu amigo.
Não, deves ficar em casa a descansar.
Descanso quando chegar a casa. Quero ir ver o meu amigo.
Os vizinhos vão ver-te.
Não me preocupa. O que há para ver? Quero ir ver o meu amigo.
Não tens tempo para amigos. Tens de te focar na tua saúde.
Estou mais forte de dia para dia. Esta amizade está a ajudar. Por isso gostaria mesmo de ir ver o meu amigo.
Sumário
Técnicas de assertividade
• Diga às pessoas o que pensa, sente e quer de forma clara e enérgica.
• Diga “eu” sinto, penso ou gostaria.
• Não peça desculpa por dizer o que pensa, nem se menospreze.
• Em pé ou sentado, direito e descontraído.
• Mantenha a cabeça direita e olhe a outra pessoa nos olhos.
• Fale de modo a que os outros o ouçam perfeitamente.
• Não mude de ideias e imponha-se.
• Não tenha medo de não concordar com os outros.
• Aceite o direito dos outros de dizer “Não” e aprenda a dizer “Não”.
12
Exercício F6 Compreender como ser assertivo
Situação
1. Está em casa da sua tia. Esteve doente mas agora
sente-se melhor. Está a ajudar na lida da casa. A sua tia
volta e ordena-lhe, “Vai para o teu quarto. Não devias
estar a fazer isso. Vai!”
2. É convidado para almoçar em casa do seu irmão.
Enquanto os outros adultos estão a conversar, você vai
lá para fora jogar futebol com o seu sobrinho. O seu
irmão vai lá fora e diz-lhe, “Estás demasiado doente para
andares para aí a correr. Precisas de descansar! Vem
para dentro.”
3. Foi visitar alguns amigos noutro aglomerado. Um
amigo dá-lhe uma boleia para casa. Quando chega
a casa, a sua mãe diz-lhe, “Não devias sair à noite
para visitares aquelas pessoas. Proíbo-te de as veres
novamente!”
4. Você traz a sua nova namorada a casa para conhecer
o seu tio e tia. Mais tarde, depois da sua namorada
se ter ido embora, o seu tio diz-lhe, “não devias estar
a namorar. Precisas de todas as tuas forças para
melhorares.”
5. Recentemente tem estado doente e parece não estar
a melhorar. A enfermeira vem a sua casa e senta-se a
falar da sua saúde com a sua mulher e irmã. Quando se
aproxima, elas param de falar.
6. Depois de estar doente um tempo, volta ao trabalho.
O seu patrão diz-lhe, “Não devias estar aqui. Porque não
procuras um trabalho menos cansativo?”
7. Candidatou-se a um curso de formação de duas
semanas. O seu patrão diz-lhe, “Gostava que fosses,
mas acho que deves ficar perto de casa em caso de
voltares a adoecer.”
9. Esteve a jogar bilhar com os seus amigos. É a primeira
vez que toma uma bebida desde que adoeceu. O seu
primo diz-lhe, “Se começares a beber álcool novamente,
não tomo conta de ti.”
10. O ano passado esteve muito doente mas desde que
está a tomar ARVs tem-se sentido melhor. Hoje veio dizer
à sua irmã que está à espera do seu primeiro bebé. A
sua irmã fica chocada e preocupada e diz, “Como podes
ser tão irresponsável!”
11. Há dois meses descobriu que era HIV positivo. Ainda
não disse a ninguém mas descobriu que o conselheiro
com quem falou tem contado a outras pessoas,
incluindo a um membro da sua família. Vai confrontar o
conselheiro.
12. Tem tido dores de estômago e diarreia. Vai à clínica
onde o conhecem bem. Quer ver o médico mas a
enfermeira diz-lhe, “Devia ir para casa descansar, não
podemos fazer mais nada por si.”
13. Está a começar a recuperar depois de ter estado
doente. Começou a tomar ARVs e não lhe apetece
comer grandes refeições. Quando pede apenas um
pouco de comida, a sua mãe diz-lhe, “Se não comeres
ficas novamente doente, e o único culpado és tu.”
14. Acabou de voltar para a sua equipa de futebol
depois de ter estado um tempo doente. Ao marcar um
golo fantástico ouve um colega de equipa a dizer, “Tem
cuidado, não o abraces, não te deves aproximar muito
dele.”
15. Vai à clínica saber os resultados da sua contagem
de células CD4. Já é a terceira vez que lá vai.
Quando pergunta a uma enfermeira se os resultados
estão prontos, ela diz-lhe, “Estou tão ocupada. Não
conseguimos encontrar os seus resultados. Acho que
tem que cá voltar para a semana.”
8. Decide que se sente melhor e vai ter com a sua mulher
e irmão ao campo. A sua mulher diz-lhe, “Devias estar lá
dentro. Não é bom estar ao sol quando se está doente.”
13
M Ó DU L O F
Exercício F7 Paranóia e hiper-sensibilidade
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Este exercício explora
como se pode
desenvolver o autoestigma. É importante
explicar que identificar o
auto-estigma não é motivo
para culpar alguém por se
sentir constrangido ou por
se isolar. O auto-estigma
acontece devido ao
clima de estigma. É uma
reacção ou medo de ser
estigmatizado.
1. Peça a um participante que leia em voz alta a história que se segue, ou
prepare antecipadamente a representação da história com alguns participantes
enquanto esta está a ser lida em voz alta. Um dos formadores pode representar
o papel de Sam. Pare por intervalos para escutar alguns pensamentos de Sam
(que os diz em voz alta).
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• identificar os
sintomas e as
causas da paranóia
e hiper-sensibilidade
enraizadas no estigma
• adquirir a capacidade
de compreender a
forma como reagem
às pessoas que os
estigmatizam.
Tempo
1 hora
Materiais
Suportes para a
representação como, por
exemplo, um cartaz, uma
chávena.
Paranóia – representação da história
Há três semanas, Sam fez uma análise ao HIV cujo resultado foi positivo.
A princípio parecia estar bem e sentia-se bastante calmo, mas nos últimos
dias tem estado a sentir que todos o estão a observar e a falar dele.
Apanha o autocarro para o trabalho e ouve duas mulheres a falar sobre
alguém que está doente e muito magro. Olha para o seu corpo e tem a
certeza de que está a perder peso e a começar a emagrecer. Pergunta a si
mesmo se estarão a falar dele.
No trabalho nota que há um cartaz novo sobre o tratamento com ARVs.
Sam não disse a ninguém no trabalho que era positivo, no entanto acha que
alguém adivinhou e pôs o cartaz para contar aos outros o que sabe sobre
ele.
Quando a patroa lhe pergunta como está, ele pensa que ela lhe está a
perguntar sobre ser positivo. Pergunta-se se parecerá doente. Começa a
suar e sente o início de uma enxaqueca. Pensa que devia ter ficado em
casa hoje. A patroa diz-lhe que irá trabalhar num programa novo a partir da
semana que vem e, apesar de ser uma oportunidade pela qual tanto ansiou,
agora pensa que ela está a tentar correr com ele do departamento.
A gota final dá-se quando o seu colega de trabalho lhe trás uma chávena de
chá numa caneca completamente nova. Agora tem a certeza de que todos
estão a falar do facto dele ser HIV positivo.
2. Peça aos participantes que debatam:
• O que aconteceu na história?
• Já passou por experiências semelhantes?
• O que podemos fazer para reduzir esta sensação de estarmos a ser observados ou julgados?
Sumário
• Aprenda a reconhecer que teremos de enfrentar o estigma em sociedade, mas
se estivermos preparados não deixaremos que isso nos destrua.
• Não parta sempre do princípio de que é estigmatizado em todas as situações.
Pergunte porquê.
• Debata as suas experiências de estigmatização com outras PVHS e tente
distinguir entre comportamentos estigmatizantes e comportamentos que são
simplesmente reacções normais.
• Incentive os membros da família a parar de o “matar com simpatia” – ajude-os
a ver que simpatia a mais também magoa.
• Recupere controlo sobre os seus sentimentos e emoções.
• Utilize o humor como forma de lidar com o estigma, especialmente quando se
encontra entre outros que se encontram na mesma situação.
14
Exercício F8 Aumentar a auto-estima
Notas para o
facilitador
Actividades passo a passo
Esta é uma série de
exercícios3 sobre a autoestima. Escolha um ou
dois, ou faça-os todos
durante um determinado
período de tempo. Se
utilizar a técnica de
visualização, pense se
seria melhor traduzi-la
para um idioma local.
1. Distribua as listas de palavras e peça a cada participante que desenhe círculos
em redor das palavras que melhor o descrevem/a descrevem. Diga-lhes que
podem colocar palavras novas na lista.
Objectivos
2. Peça aos participantes que debatam:
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• aumentar a sua autoestima para poderem
lidar com o estigma
• ter mais consciência
das suas capacidades
e estratégias pessoais
para lidar com as
situações.
Tempo
Consoante o exercício
Materiais
Exercício A – cópias
da lista de palavras ou
elabore a sua própria
lista.
Exercício E – rolo de
cordel.
A. Que tipo de pessoa sou eu? – Lista de palavras
Exemplo de lista de palavras
Baixo, alto, engraçado, sério, desajeitado, atraente, lento, rápido, generoso,
bondoso, severo, arrogante, amigável, simpático, agressivo, trabalhador,
tímido, teimoso, cómico, alegre, brincalhão.
• Como se sentiu durante o exercício?
• Reconheceu algo novo sobre si próprio?
• Houve palavras que quis escolher mas que sentiu que não o descreviam?
B. Procurando conforto – exercício de visualização
1. Peça aos participantes que escolham um espaço para se sentarem ou
deitarem no chão. Coloque música suave. Quando estiverem descontraídos
e confortáveis, leia o exercício que se segue. Leia muito devagar e faça uma
pausa entre as frases. O exercício deve durar, pelo menos, 15 minutos.
Feche os olhos, ponha-se confortável e foque-se na sua respiração durante
alguns momentos (pausa). Respire fundo algumas vezes e sinta o seu corpo
a descontrair (pausa). Agora imagine um lugar onde gostaria de estar e onde
se sente totalmente confortável consigo próprio (pausa).
Pode ser um sítio que conhece ou um lugar imaginado (pausa longa). Como
é? Olhe em seu redor. O que vê? Repara no tempo? (pausa) Há cores?
(pausa) E o ambiente?
Agora imagine que pode escolher quem quiser para vir ter consigo a este
lugar. Pode ser um amigo, alguém da sua família, um estranho (pausa). Deixe
passar algum tempo para sentir quem irá ser essa pessoa (pausa).
Pode querer falar a esta pessoa sobre a sua vida, ou pode querer partilhar o
silêncio (pausa). Pode querer fazer-lhe perguntas, contar-lhe algo sobre si, ou
talvez pedir-lhe ajuda (pausa). Tire algum tempo para estar com essa pessoa
(pausa longa).
Agora é altura de se ir embora (pausa). Olhe à sua volta (pausa). Lembre-se
do seu sítio maravilhoso (pausa). E devagar, quando estiver pronto, regresse
ao quarto.
Alguns destes exercícios foram
adaptados de Gordon, Gill (1999).
Choices: A guide for young people,
London: Macmillan Education, p. 29
3
15
M Ó DU L O F
Exercício F8 Aumentar a auto-estima
Sondagem
2. Deixe os participantes partilharem as suas experiências se o desejarem.
(Muitas vezes os participantes podem desejar ficar em silêncio e não querer
partilhar imediatamente.) Faça notar que, se encontraram um lugar maravilhoso
neste exercício, esse lugar estará sempre ao seu alcance. Quando se sentirem
em baixo ou em auto-piedade, podem lembrar-se desse lugar como um sítio
para descansarem e onde não há julgamentos.
Nota: Em qualquer grupo, pode haver uma ou duas pessoas que não gostem
de exercícios de visualização. Na descrição, deixe estes participantes falar
sobre o que lhes aconteceu durante o exercício ou porque não foram capazes
de encontrar o seu “sítio”. Todos terão a sua experiência.
C. Uma mensagem para si!
Este exercício funciona melhor num grupo em que as pessoas já se conhecem há
algum tempo.
1. Dê aos participantes um pedaço de papel e peça-lhes que escrevam o nome
na parte de cima. Em seguida, cole ou prenda o papel nas costas de cada um.
2. Peça aos participantes que escrevam no pedaço de papel dos outros alguma
coisa que realmente apreciam nessa pessoa. Dê tempo suficiente para que
todos escrevam nos papéis uns dos outros.
3. Em seguida, os participantes lêem as suas mensagens alto ou para si.
D. Passeio
1. Dê as seguintes instruções na forma de uma história. Fale devagar e faça uma
pausa entre as frases.
Feche os olhos e imagine que são cinco da manhã. Sinta a frescura da
manhã antes de chegar o calor do dia. Agora abra os olhos. Comece a
andar em qualquer direcção que lhe apeteça, certificando-se de que não
choca com ninguém. Foque-se nos seus próprios pensamentos e acções.
Ainda é de manhã cedo e sente-se forte e saudável. Mostre como se sente
bem pela forma como anda (pausa). Agora imagine que já está a andar há
muito tempo e que começa a sentir-se cansado. O caminho é cada vez mais
escarpado – de facto, sobe por uma montanha acima! Estique os braços
para agarrar as árvores e puxar-se para cima. Agora tem de se esforçar
para chegar ao topo. Puxe-se para cima. Puxe! Puxe! Conseguiu! Pare e
descanse. Olhe pela montanha abaixo. Consegue ver o sítio onde começou?
Agora comece novamente a andar. Mostre como se sente cansado. Chega
a um rio. Atravesse-o com cuidado. A água chega-lhe à cintura. Quando
chega ao outro lado, encontra uma zona cheia de relva alta. Tenha cuidado
por onde anda – cuidado com as cobras! Finalmente encontra uma rua e
percorre-a. De repente vê um velho amigo. Vá depressa ter com ele ou ela e
conte-lhe a sua viagem.
Sondagem opcional
2. Peça aos participantes que discutam como se sentiram em diversas alturas
durante a viagem.
16
Exercício F8 Aumentar a auto-estima
E. Construir a comunidade – teia de cordel
Quando as teias de aranha
se unem, conseguem
prender um leão.
Provérbio etíope
1. Peça ao grupo que se sente em círculo e dê a uma pessoa do grupo um rolo
de cordel. Peça-lhe que nomeie uma qualidade sua que ajude os outros e, em
seguida, atire a bola a outra pessoa, segurando na ponta do cordel. Repita até
todos terem apanhado o rolo e dito uma qualidade de ajuda.
2. Pergunte aos participantes:
• O que representa a teia (união, unidade, ligações entre nós, etc.)?
• O que aconteceria se alguém não participasse?
F. Aumentar a auto-estima – reflexão individual
1. Peça aos participantes que se sentem sozinhos e que respondam às seguintes
perguntas:
• O que é que o faz ter orgulho em si próprio e nas suas conquistas? Faça
uma lista.
• Como é que os outros o vêem? Como quer que os outros o vejam?
• O que esperam que faça?
• De que forma essas expectativas e a forma como os outros o vêem afectam
o que sente por si próprio?
2. Em seguida, peça aos participantes que formem pares e que partilhem o que
escreveram.
G. Auto-estima corporal – mímica em círculo
1. Peça aos participantes que pensem em três coisas de que gostam em
si próprios, por exemplo, da aparência, maneirismos, pensamento,
relacionamentos, espiritualidade, etc.
2. Percorra o círculo e peça a cada pessoa que diga, “Uma coisa que gosto em
mim própria é...” e, em seguida, fazer um gesto para mostrar aquilo que ele ou
ela gostam (por exemplo, se gostar do seu cabelo, pode agitar a cabeça; se for
do seu corpo, pode abanar as ancas).
3. Depois de cada mímica, peça ao grupo de adivinhe o que é que a pessoa gosta
nela própria. Certifique-se de que o grupo adivinha o que é. Continue a toda a
volta até todos terem jogado três vezes.
Sumário
A nossa família e amigos esquecem-se por vezes de nos elogiar e só nos criticam.
Se também nos estigmatizarem, isso irá afectar a nossa auto-identidade e diminuir
a nossa auto-estima, o que por sua vez afecta a nossa capacidade para par acção
e melhorar as coisas.
Podemos mudar a forma como nos sentimos e desenvolver confiança e autoestima das seguintes formas:
• Incentivar as pessoas a elogiarem-nos elogiando-as a elas. Dizer aos outros o
que fizeram bem, as coisas que gostamos neles, as suas qualidades.
• Enviar a nós próprios mensagens positivas. Por vezes dizemos coisas boas de
nós próprios, outras vezes dizemos coisas más. Por vezes a nossa consciência
diz-nos que fizemos algo errado. Por vezes somos demasiado duros connosco.
• Todos cometem erros – é assim que aprendemos. Mas não temos de nos sentir
mal cada vez que erramos.
• Ser bom nalguma coisa ajuda-nos a adquirir confiança, por isso centre-se nas
suas qualidades. Então quando se sentir mal, diga para si próprio, “Sim, mas
sou muito bom em…”
17
M Ó DU L O F
Exercício F9 Lidar com o stress
Objectivos
Actividade passo a passo4
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• reconhecer alguns
factores que provocam
stress, incluindo o
estigma
• desenvolver técnicas
e estratégias para lidar
com o stress.
O que é o stress? – debate da história
Tempo
1 hora
1. Em grupos pequenos, peça a um participante que leia a história que se segue.
Em seguida debata,
• O que está a acontecer a Penina? Porque se comporta desta maneira?
Chuva de cartões em grupos pequenos
1. Pergunte aos participantes, “Que coisas lhe causam stress?” Escreva cada
ponto num cartão. Em seguida, divida os cartões em dois montes: (a) o que
pode mudar e (b) o que não consegue mudar.
2. Seleccione algumas das causas mais importantes de stress e debata o que
poderá ser capaz de fazer para reduzir essas causas.
3. Diga ao grupo que não consegue mudar algumas dessas causas, mas que
pode ser capaz de reduzir o stress que elas produzem. Pergunte, “O que pode
fazer para reduzir o stress?”
Materiais
História de Penina
Cópias da história de
Penina (veja à direita).
O marido de Penina está ausente na cidade. Ultimamente, Penina tem tido
muita diarreia e acha que pode ter contraído o HIV. É a época da lavoura e
Penina tem que trabalhar sozinha no campo porque os seus filhos estão na
escola. As ervas daninhas crescem rapidamente e ela não consegue dar conta
de tudo.
O milho guardado desde o ano passado está quase a acabar, o preço da
comida está a subir e muitas vezes as crianças têm fome. Habitualmente
Penina falaria disto com os seus vizinhos, mas ultimamente eles não têm
falado com ela. A chuva trouxe consigo a malária e a filha mais nova está com
febre. Penina está preocupada com medo de a apanhar. Não tem pago as
propinas e quando o director da escola a vê na aldeia grita com ela. A amiga
disse-lhe que ele estava a espalhar um boato sobre a sua doença.
Penina está a dormir mal. Acorda todas as noites e fica sentada durante horas
a pensar nos seus problemas. O coração bate rapidamente, treme e por vezes
tem pesadelos. Dá consigo a gritar com as crianças e a bater-lhes. Estão
todos chocados. Porque é que a mãe está assim?
Dicas para relaxar
Feche os olhos e respire
devagar, focando-se no ar que
entra e sai do seu corpo.
Comece pelo seu pé esquerdo
e descontraia todos os ossos
e músculos. Desloque a sua
atenção para a barriga da
perna e, em seguida, continue
por todo o corpo, terminado no
pé direito. Nessa altura, todo o
seu corpo estará descontraído.
Formas de reduzir o stress
• Não lide sozinha com os seus problemas. Tente ver de que forma os outros,
por exemplo, os membros da sua família, podem ajudá-lo em sua casa e no
exterior.
• Utilize a oração para aligeirar a sua carga e preocupar-se menos com os seus
problemas.
• Fale dos seus problemas com alguém em quem confie.
• Chorar é bom – pode aliviar o stress e a tristeza.
• Se os seus amigos e vizinhos têm problemas semelhantes, encontrem-se e
partilhem as preocupações e os sentimentos. Procure soluções que possam
ser trabalhadas em conjunto.
• Classifique os seus problemas por ordem de importância e defina objectivos
para resolver os mais importantes.
• Faça um exercício de relaxamento (veja à esquerda).
• Ponha música relaxante.
• Faça algo de que gosta (por exemplo, cantar ou ler) pelo menos uma vez por dia.
Adaptado de Gordon, Gill (1999). Choices: A guide for young people, London: Macmillan
Education, páginas 33-35.
4
18
Exercício F10 A morte e morrer
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Em muitas comunidades é
difícil falar sobre a morte.
As pessoas acreditam
que, quando se começa
a falar da morte, ela se
torna realidade. Este
exercício proporciona
um espaço seguro e
esperamos que seja uma
forma menos atemorizante
de conseguir que as
pessoas falem sobre a
morte.
1. Pergunte aos participantes, “Como se sentem a falar sobre a morte?”
No entanto, este é outro
exercício que aborda um
tema difícil. Podem surgir
emoções fortes e deve
estar preparado para lidar
com os sentimentos. Pode
valer a pena você tentar
fazer primeiro o exercício.
Peça ajuda a um colega
conselheiro.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• compreender os seus
próprios sentimentos e
medos sobre a morte e
morrer
• falar com os outros
sobre este tópico.
Falar sobre a morte – chuva de ideias
“O meu funeral” – visualização
2. Peça aos participantes que se sentem confortavelmente ou que se deitem
de costas no chão e ponha música suave. Peça-lhes que fechem os olhos e
respirem profundamente. Quando estiverem descontraídos e confortáveis, leia
muito devagar o exercício de visualização que se segue.
Imagine que morreu. Está a assistir ao seu próprio funeral ou ao seu enterro.
Como gostaria que fosse o seu funeral? Em que lugar está a decorrer? Há
música a tocar? Quem são as pessoas que lá estão? Falta alguém? Quem
está a baixar o caixão? Há flores?
Tem a sensação de que há vida depois da morte? A sensação de que o céu
existe ou outra coisa qualquer? Como se sente ao observar o que se está a
passar?
3. Deixe passar algum tempo e depois peça devagar aos participantes que
voltem para a sala. Em seguida, peça aos participantes que debatam:
• Como correu?
• Que papel pode representar no seu funeral?
• Há algum preparativo que deseje fazer antes de morrer?
Sumário
A morte é um tópico difícil de abordar. Evitamos frequentemente debatê-lo.
Contudo, podemos estar a pensar na morte mesmo que não falemos nela.
Partilhar alguns medos e preocupações pode ajudar-nos. Há preparativos que
podemos fazer que nos facilitam as coisas a nós e às pessoas que deixamos
para trás.
Tempo
2 horas
Materiais
Gravador e música suave.
19
M Ó DU L O F
Exercício F11 Viver de forma positiva
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Há muito material escrito
sobre vários aspectos de
viver de forma positiva
que nos pode ajudar a
ter vidas saudáveis e
produtivas – e a viver
mais tempo! Deste modo
acabamos com a crença
de que o HIV significa
que estamos a morrer.
Este exercício é uma
forma de partilharmos o
que já sabemos.
1. Aos pares, peça ao grupo que escreva nos cartões todas as coisas diferentes
que estejam envolvidas numa forma de viver positiva – uma por cartão.
2. Agrupe os cartões por categorias.
3. Designe cada categoria a um grupo de participantes para pesquisarem.
4. Peça aos grupos que preparem uma breve apresentação (cinco minutos) sobre
o seu tópico. Peça-lhes que tentem apresentar informação nova e sobre a qual
o grupo possa não ter conhecimento.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• compreender como
viver de forma positiva
nos pode ajudar a
combater o estigma
• identificar algumas
das principais
características de
viver de forma positiva
de modo a nos
apoiarmas.
Tempo
1 hora
20
Viver de forma positiva – chuva de cartões e apresentações
Tópicos possíveis sobre viver de forma positiva
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Tomar ARVs (e adesão)
Comida
Higiene
Apoio espiritual
Apoio por parte da família e amigos
Sexo seguro
Bem-estar emocional
Exercício
Cuidados médicos desde o início
Tratar as infecções oportunistas
Limitar o consumo de álcool
Exercício F12 “Não tenhas filhos”
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Quando dizemos aos
membros da família e
aos amigos que estamos
a viver com o HIV, eles
começam muitas vezes a
dar-nos conselhos acerca
do que devemos ou não
fazer como, por exemplo,
não bebas, não saias
tanto, não te deites tarde,
não trabalhes demasiado.
Este exercício explora
um dos “não faças” mais
importantes: “não tenhas
filhos”.
1. Peça aos participantes que participem numa chuva de ideias com coisas
que as pessoas dizem sobre mulheres e homens que vivem com o HIV para
tentarem impedi-los de terem filhos.
Objectivos
2. Aos pares, debata:
• Como é que estas coisas o fazem sentir?
• O que podemos fazer para lidar com estas atitudes?
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• debater o estigma
utilizado contra nós se
decidirmos ter filhos
• explorar os estigmas
conflituosos
enfrentados por
mulheres que são HIV
positivas.
Tempo
1 hora
Crenças populares sobre ter filhos – chuva de ideias
Exemplos de coisas que as pessoas dizem
• Se uma mulher for HIV positiva, não pode ter filhos.
• Se ela for HIV positiva, irá abortar ou ter um bebé nado-morto.
• Se uma mulher for HIV positiva e engravidar, irá submeter o sistema
imunitário a um grande esforço e morrerá mais depressa.
• As pessoas que vivem com HIV e têm filhos estão a ser egoístas.
• Não é justo para as crianças.
• As crianças ficarão órfãs quando os pais morrerem.
Mulheres terem filhos versus não terem filhos – chuva de cartões
3. Como mulheres a viver com o HIV, somos apanhadas entre dois estigmas: o
de sermos julgadas se decidirmos ter filhos e o estigma de não ter filhos, que
em muitas culturas é muito grande. As escolhas não são fáceis. Aos pares,
escrevam nos cartões algumas coisas que as pessoas dizem se não tivermos
filhos.
Exemplos do estigma de não ter filhos
• A sociedade não me vê como uma mulher.
• Não há ninguém para tomar conta de mim quando eu estiver doente ou
velha.
• As pessoas passam a vida a perguntar-me, “Porque é que não tens
filhos?” Ou dizem que não sirvo para nada porque não tenho filhos.
• Se não tiveres filhos, o teu companheiro deixa-te.
• Pressão por parte da família para ter filhos.
• O meu nome não é utilizado como nome de um filho de um familiar com
medo que a minha situação (não ter filhos) passe de pessoa em pessoa.
• Medo de parecer e comportar-se de forma diferente, (isto é, não ter filhos).
4. Em grupos pequenos, partilhem as experiências e debatam:
• Como é que estas coisas nos fazem sentir?
• O que podemos fazer para lidar com estas atitudes?
Sumário
Ter filhos acarreta decisões difíceis para quem vive com o HIV. A maioria de nós
pensa cuidadosamente antes de planear ter um filho. As mulheres enfrentam
estigmas duplos e uma situação em que ninguém sai vencedor. A pressão sobre
todos nós – homens e mulheres – para termos filhos é grande e, para muitos de
nós, as crianças trazem grandes alegrias e ajudam-nos a viver mais tempo.
21
M Ó DU L O F
Exercício F13 “Não tenhas sexo”
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Há muitos pressupostos
e estereótipos sobre nós
e o nosso desempenho
sexual. Muitas pessoas
assumem que assim que
nos é feito o diagnóstico,
deixamos de ter apetite
sexual. Este exercício
destina-se a esclarecer
estes comentários e a
reafirmar que é normal
ter apetite sexual
independentemente da
sua situação.
1. Trabalhar em grupos femininos e masculinos (mulheres juntas, homens
juntos). Peça aos participantes que façam uma lista de coisas negativas
que as pessoas dizem sobre sexo e as PVHS, especialmente em relação ao
desempenho sexual.
2. Partilhar os pontos no grupo grande.
3. Debater algumas das estratégias que utilizamos ao lidar com esses
comentários.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• analisar e lidar
com o estigma que
pressupõe que não
devem ter sexo
• reafirmar que eles
também têm apetite
sexual e que podem
“fazê-lo!”
• analisar o que está
envolvido no sexo
seguro.
Tempo
Enumerar os “não faças” sobre sexo – chuva de ideias
O que dizem as pessoas
O que as pessoas dizem sobre sexo e as PVHS
Pilhas gastas. Já não acende. O pénis não consegue acordar. Ficarás
estéril. Não consegues ejacular. Já não precisas de fazer sexo. Só
consegues fazer uma vez por semana. Agora já ninguém te quer.
Lidar com os comentários
Ignorá-los. Rir e mandar uma piada sobre isso. Dançar como se não os
tivesses ouvido! Fazer questão de falar disso com o seu parceiro.
Opção: Sexo seguro – debate em grupos pequenos
1. Dividam-se em grupos pequenos e debatam:
• O que é o sexo seguro?
• Como pode minimizar o risco de reinfecção para si e para o seu parceiro?
2. Partilhar dicas, medos e alegrias do sexo seguro.
Um homem disse-nos que a sua mulher consulta todos os meses um
conselheiro para procurar ajuda. Todos os meses, o conselheiro pergunta-lhe
com que frequência faz sexo com o marido, se usam preservativo e como é o
desempenho sexual dele!
45 minutos
Sumário
Há tanto estigma relativamente a ser-se sexualmente activo se for HIV positivo.
É impossível a situação ser a seu favor. Quando as pessoas sabem que é HIV
positivo, assumem que vai morrer em breve e ignoram os seus sentimentos.
Tal como disse um homem, os outros já “enterraram os seus sentimentos no
cemitério”. Eles sentem que isso lhes dá permissão para dizerem qualquer coisa
sobre si, independentemente de quanto isso o pode magoar.
É impossível a situação ser a seu favor:
• Se fizer sexo, é um irresponsável.
• Se não fizer sexo, “não é um homem” ou é “estéril”.
• Se usar preservativos, até esses podem ser estigmatizantes.
Só depende de nós sermos responsáveis e divertirmo-nos!
22
módulo G
Módulo G – Tratamento e estigma
Introdução
À medida que os ARVs vão ficando mais disponíveis em África, existe a esperança
que o tratamento reduza o estigma relacionado com o HIV: as PVHS poderão
ter vidas mais longas e saudáveis; o vírus estará menos associado à morte; e o
tratamento assegurará que muitos dos sinais e sintomas do SIDA sejam menos
comuns.
Contudo, tem-se reconhecido que o estigma relacionado com o HIV pode
constituir um obstáculo no acesso ao tratamento, e os receios relacionados
com a revelação, exposição e julgamentos alimentam este estigma. Ainda há
muitas pessoas que só são testadas para o HIV quando ficam muito doentes.
Outras têm receio de revelar o seu estado de HIV aos seus parceiros com
medo das consequências. Muitos profissionais, particularmente no campo da
saúde, receiam o estigma e os julgamentos dos seus colegas e a perda do seu
estatuto social. Nestas circunstâncias, quando as pessoas podem ter acesso ao
tratamento, isso é muitas vezes mantido em segredo. O próprio tratamento tornase uma forma de revelação pública e por isso é mantido em segredo e é tabu.
Os boatos acerca dos efeitos secundários e da eficácia dos ARVs também
suscitam dúvidas e medo. Alguns grupos religiosos extremos desafiam até a
tomada de medicamentos e pregam que apenas a oração e uma “vida sagrada”
podem “curar” o SIDA.
A aderência (seguir um regime de tratamento tomando doses diárias todos os
dias à mesma hora) é uma parte crucial do tratamento ARV: uma fraca aderência
causa resistência aos medicamentos e um controlo viral menos eficaz. O estigma
também tem sido referido como um obstáculo a uma boa aderência. Vários
estudos – e a boa prática – mostraram que onde existe abertura e aceitação (ou
seja, o oposto ao estigma) tanto o acesso como a aderência ao tratamento são
mais fáceis de alcançar.
Modelos de envolvimento da comunidade e informação sobre o tratamento
conduzem a populações que se sentem mais à vontade para discutir o HIV, para
fazer o teste de HIV e para procurar tratamento, e que recebem tanto o apoio da
família como da comunidade para continuar o tratamento.
Este módulo contém exercícios que tentam desvendar e explorar algumas das
formas em que o estigma constitui um obstáculo para um tratamento ARV eficaz.
Foi desenvolvido com o apoio do pessoal do projecto ACER1, Carolyn Green
e Katongo.
O projecto ACER (Antiretroviral community education and referral project) está sedeado na
Alliance Zâmbia e trabalha nos princípios de envolvimento da comunidade e participação das
PVHS no apoio ao tratamento.
1
23
MÓ DU L O G
Exercício G1 Tratamento e estigma – análise do problema
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Este é um bom exercício
de partida quando se
está a trabalhar com o
tratamento e o estigma.
Poderá partilhar as suas
experiências no acesso
ao tratamento ARV se
considerar apropriado.
1. Distribua cartões e marcadores. Peça aos participantes para se juntarem com a
pessoa que está ao seu lado e discutirem algumas das formas como o estigma
afecta a eficácia do tratamento ARV. Escreva um ponto por cartão.
2. Afixe os cartões e peça a alguns participantes para o ajudarem a agrupar os
pontos semelhantes.
3. Divida os participantes em pequenos grupos e dê a cada um dos grupos um
conjunto de pontos para analisarem melhor. Partilhe histórias e experiências
para tentar compreender melhor os problemas.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• começar a entender
como o estigma
relacionado com o HIV
pode afectar o acesso
e a aderência ao
tratamento ARV
• partilhar ideais e
experiências acerca do
estigma relacionado
com os ARVs.
Tempo
30 Minutos
Materiais
Selecção de imagens
gerais sobre o estigma
do Livro de Imagens e
imagens sobre a história
do tratamento (ver página
49).
24
Buzz e chuva de cartões
Relatar ao grupo
4. Os grupos apresentam resumos das suas discussões da forma que
escolherem, ex. bloco gigante, história, jogo de papéis.
Processamento
5. Pergunte aos participantes:
• O que aprendemos com isto?
• Quais são algumas ideias iniciais sobre como poderíamos mudar as coisas?
Exemplos de tratamento e estigma dos parceiros ACER
•
•
•
•
Revelação – não conta à sua família e esconde os ARVs.
Secretismo – os seus colegas não sabem que está a tomar ARVs.
A igreja ensina que tem de rezar em vez tomar medicamentos.
Os profissionais de saúde não perdem tempo a falar-lhe acerca da
aderência, especialmente se tiver uma aparência suja ou pobre.
• Os profissionais de saúde receiam que os colegas descubram o seu
estado de HIV.
• Há mitos e boatos acerca dos efeitos secundários.
• A família não quer gastar dinheiro com o seu tratamento.
Exercício G2 Tratamento e estigma em contextos diferentes
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Pode considerar
agrupar os participantes
estrategicamente,
ex. líderes religiosos,
professores, profissionais
de saúde.
1. Divida os participantes em pares e entregue cartões. Pergunte: “Que tipos de
estigma é que as pessoas enfrentam nestes locais quando se sabe que elas
estão a tomar ARVs?” Os pares percorrem os diferentes pontos e colocam
cartões por baixo de cada cartão título-contexto relevante.
2. Quando já todos tiverem passado por todos os pontos, peça aos grupos que
estão em cada ponto para agrupar formas de estigma comuns e resumir cada
contexto.
Objectivo
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de identificar
como o estigma, em
contextos diferentes (ex.
clínica, local de trabalho,
igreja, família/casa), se
torna num obstáculo à
obtenção do tratamento.
Tempo
1 Hora
Materiais
Cartões de contexto do
Módulo A
Preparação
Coloque cartões de
contexto em diferentes
pontos da sala ou fora
dela, ex. clínica, local de
trabalho, igreja, família/
casa, escola
Identificanda formas de estigma – chuva de cartões rotativa
Exemplos da reunião regional de formadores de Livingstone
Igreja
• Culpa e julgamento – a igreja liga o SIDA ao pecado.
• Julgamento – O HIV foi contraído através da prostituição e adultério.
• Mexericos quando se descobre ou suspeita que um membro da igreja está
em tratamento.
• Descrença – alguns não acreditam no tratamento médico.
• Dizer que só se pode ser curado através da reza; não são necessários
medicamentos.
• Má informação – declarar que a reza cura o HIV; se não se curar pela reza,
então é porque é um pecador.
• Rezar apenas pelas pessoas que são HIV positivo.
• Vender água benta como cura – dizendo-lhe para deitar fora os ARVs.
Local de trabalho
• Mexericos – os colegas falam nas suas costas.
• Insultos – “altura de reabastecer” – a vida acabou por isso precisa de
reabastecer.
• Apontam-lhe o dedo se o apanham a tomar medicamentos.
• Falta de confidencialidade.
• Intimidação por parte de colegas de trabalho – não lhe permitem dar ideias.
• Despedimento, despromoção ou não promoção assim que suspeitam que
está em tratamento.
• Licença forçada – as pessoas não revelam que estão em tratamento com
medo de perder o emprego.
Clínica
• Isolamento – as clínicas ARV estão muitas vezes isoladas de outras
enfermarias.
• Insultam e apontam o dedo.
• Rotulagem de cartões médicos e gíria médica para informar o staff do
estado do paciente.
• Estado da doença – necessita apenas de assistência paliativa.
• Protecção excessiva – algum staff protege-se excessivamente quando lida
com os pacientes.
• Fracas capacidades de comunicação e falta de capacidade de
aconselhamento dos profissionais de saúde
• Revelação condicional quando pede ARVs.
• Menos tempo passado consigo se tiver aparência de pobre, mais tempo
com aqueles que são instruídos.
• Falta de cuidado.
25
MÓ DU L O G
Exercício G2 Tratamento e estigma em contextos diferentes
Exemplos da reunião regional de formadores de Livingstone (cont.)
Família
• Insultos por parte dos irmãos.
• A família não quer “desperdiçar recursos” a levá-lo à clínica.
• Culpabilização.
• Dizem-lhe que não pode beber, ficar acordado até tarde, fazer exercício.
• Manteve segredo com medo da rejeição.
Escola
• Não sabe a quem contar.
• Insultos se alguém descobrir.
• Os professores podem ser cruéis.
• Se for para um colégio interno, todos vão ver os seus medicamentos.
• Faltar às aulas para ir à clínica, não ter permissão para ir às consultas de
rotina.
Partilha pessoal em círculo – círculo de pé
3. Peça aos participantes para tirar um dos cartões e dar exemplos da sua própria
experiência ou de coisas que tenham visto ou ouvido dizer na comunidade:
“Qual é a história ou incidente por trás de cada tópico em cada cartão? Que
tipo de experiência teve acerca do tratamento?” Por exemplo: “O meu primo,
que está em tratamento, ouviu dizer…”
4. Faça este exercício de partilha pessoal num círculo de pé – as pessoas não
falam durante tanto tempo quando estão de pé.
Opção 1: Em pequenos grupos, cada um tira um contexto para trabalhar.
Pergunte: “O que aprendemos desta lista de formas de estigma? O que podemos
fazer para contrariar as formas de estigma que estão a dificultar o tratamento?”
Relatar ao grupo.
Opção 2: Em pequenos grupos, faça jogos de papéis para mostrar o estigma em
cada um dos contextos anteriores. Escolha um cenário e use dramatizações páraarranca para debater: “O que poderia mudar as coisas e revertê-las?”
Exemplos de contextos
Igreja: O pregador diz: “Deus irá curar-te, se não fores pecador. Por isso
deves parar de tomar medicamentos.”
Clínica: Uma enfermeira está preocupada com o facto de ter de enfrentar o
estigma dos colegas, por isso administra os medicamentos ARVs a si própria,
em segredo, sem ninguém ver.
Local de trabalho: Um trabalhador não foi escolhido para um curso de
formação porque o patrão acha que ele terá problemas com o tratamento, au
seja, não conseguirá os comprimidos.
Campo de pesca: Outros trabalhadores falam de uma mulher que não foi
testada, o que a fez desistir de ser testada e começar o tratamento.
Comunidade: Insultos e mexericos na igreja.
Sumário
O estigma que as pessoas que tomam ARVs enfrentam ocorre em muitos locais e
resulta em vários níveis de estigma; ocorre no trabalho, na igreja, em casa e assim
sucessivamente. É importante abordar este estigma. As pessoas que tomam ARVs
podem ser preparadas através do aconselhamento e apoio da comunidade, para
que o estigma não prejudique o seu tratamento. O estigma em locais diferentes
pode necessitar de abordagens específicas para se adequar ao contexto.
26
Exercício G3 Tratamento na família
Objectivos
Actividade passo a passo
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• analisar como o
estigma na família
afecta o tratamento
• explorar estratégias
que podem ajudar uma
família a apoiar alguém
em tratamento.
Estigma na família – jogo de papéis
Tempo
1 Hora
Materiais
Dois cenários de jogo de
papéis escritos em cartão.
1. Faça dois grupos. Peça a cada grupo para fazer um dos dois jogos de papéis seguintes. Peça aos participantes para debater e registar pontos nos cartões:
• O que viu em cada peça?
• Quais são as semelhanças e diferenças?
• O que está a impedir a Família A de ser mais receptiva?
• Quais poderiam ser os efeitos destas diferentes situações na aderência?
Família A: Tumaini é uma jornalista com 27 anos. O pai é professor e a família
é muito respeitada na comunidade. Tumaini é HIV positivo. Ela não revelou o
seu estado à família. Está a tomar ARVs em segredo e esconde-os no quarto.
A sua família gaba-se frequentemente de não haver HIV na família. Dizem que
se alguém contrair HIV será expulso de casa.
Família B: Mulenga tem 28 anos e trabalha como vendedor de jornais. Vive
com a tia, tio e primos. Mulenga é HIV positivo. Ele revelou o seu estado
à família. Está a tomar ARVs. A família de Mulenga dá-lhe muito apoio no
tratamento.
Exemplos de um seminãrio regional
Família A: Os próprios medos da família sobre o HIV. Julgamentos morais.
Clima de secretismo. Relacionamentos dentro da família. O estado deles e os
medos sobre o que os outros (ex. vizinhos) irão dizer.
Família B: Abertura. Apoio da família. Lembram-no de tomar os
medicamentos. Acompanham-no à clínica. Elevada auto-estima.
Resolução do problema – debate em grupos por tópicos
2. Divida os participantes em grupos pequenos e peça a cada grupo para
escolher um dos exemplos. Pergunte: “O que poderia acontecer para mudar as
atitudes dos membros da Família A, para os tornar mais receptivos/solidários?”
Imaginar um jogo de papéis para testar uma sugestão.
Prevenção
Soluções possíveis
Os próprios
medos da família
sobre o HIV
O membro jovem da família volta do clube anti-SIDA. Vê
algo na TV que o leva a falar acerca do HIV para dar mais
informações à família.
Um membro de confiança da família entra e diz que
acabou de fazer um teste HIV na clínica.
Secretismo
Um amigo fala com Tumaini sobre como revelar o seu
estado a um membro da família, ou ela junta-se a um
grupo de apoio onde aprende como o fazer.
O conselheiro de Tumaini oferece-se para falar com a
família em nome dela.
Ideias para a acção
Tente isto no seu grupo
comunitário, grupo da
igreja ou clube anti-SIDA –
explorem soluções juntos.
Tumaini conhece Mulenga e eles partilham experiências!
Relatar ao grupo
3. Testar o realismo das soluções através da dramatização. Peça ao grupo
em questão para representar a solução que apresentaram e utilize uma
dramatização pára-arranca para a explorar melhor.
27
MÓ DU L O G
Exercício G4 O fardo do segredo
Objectivos
Actividade passo a passo
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• explorar a tensão entre
confidencialidade,
revelação e estigma
• explorar como o
segredo se pode
tornar um obstáculo à
aderência.
Estudo de caso
Tempo
1. Distribua cópias do estudo de caso. Peça a um ou dois participantes para o ler
alto para o grupo.
2. Diga ao grupo que vai fazer uma dramatização para mostrar a situação. Há
três cenas. Peça voluntários para cada cena. Depois de cada cena, o grupo irá
debater os assuntos chave que foram mostrados.
3. Escreva cada um dos eventos do dia num bloco gigante. Leia-os em voz alta,
um a um, pedindo actores para o ajudar a improvisar cada cena.
4. Peça voluntários para representar as cenas.
5. Depois de cada cena, pergunte ao voluntário que está a fazer de Lawrence,
“Como se está a sentir?”
6. Escreva observações chave num bloco gigante.
1 hora
Materiais
Estudo de caso
Cópias do estudo de caso.
Lawrence tem 31 anos, é solteiro e trabalha numa empresa de engenharia.
Toma ARVs todas as manhãs às 7.00, antes de ir para o trabalho, e às 19.00
quando regressa. O seu estado de HIV e o tratamento ARV são um segredo.
Ele lembra-se sempre do seu conselheiro HIV a dizer-lhe que tudo
é confidencial.
Um dia, o irmão mais velho telefona-lhe a dizer que vai ter com ele depois
do trabalho para irem a casa do tio para as orações fúnebres. Ele concorda,
mas depois de o irmão desligar lembra-se que os medicamentos estão em
casa. Ele não vai ter tempo de os ir buscar. Fica a tarde inteira preocupado.
Para o deixar ainda mais preocupado, o patrão pede-lhe para fazer uma
apresentação no dia seguinte às 9.00 – a hora que ele tinha marcado para ir
fazer o controlo CD4 semestral. Ele tenta livrar-se da apresentação, mas o
patrão insiste.
Quando o irmão chega às 16.30, Lawrence sai com ele. Em casa do tio falase muito sobre a forma como o tio morreu – as pessoas dizem que ele “se
andava a portar mal” e que tinha começado a “tomar aquelas drogas ARV”.
Alguém diz “Se calhar foram as drogas que o mataram”.
Lawrence chega a casa às 22.00, com muita fome. Ele só tinha bebido chá
no funeral. Não há comida em casa. Toma o remédio sem comida e tem
dificuldades em adormecer devido às preocupações. Será que a família vai
descobrir o seu estado? Será que o tratamento sem comida lhe vai fazer mal?
Será que importa ele tê-lo tomado três horas mais tarde? O que vai dizer na
apresentação – não preparou nada.
Cena 1: O irmão a telefonar-lhe para irem às orações/o patrão a pedir-lhe
para fazer a apresentação.
Cena 2: Em casa do tio – as pessoas a coscuvilhar sobre a morte do tio.
Cena 3: Ir para casa tarde e tomar os ARVs sem comida.
28
Exercício G4 O fardo do segredo
7. Pergunte aos participantes:
• Como é que o segredo afecta a vida de Lawrence e o tratamento ARV?
• Por que motivo é importante quebrar o segredo e contar a alguém?
• A quem deveria ele contar para aliviar o seu fardo?
• O que o poderia realmente ajudar nos vários locais (casa, família, local de
trabalho) a gerir o tratamento de forma mais eficaz?
Opção: Escolha uma cena para voltar a representar, imaginando que Lawrence é
aberto relativamente ao seu estado de HIV e respectivo tratamento.
29
MÓ DU L O G
Exercício G5 “Não vamos contar a ninguém”
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Este exercício pode ser
uma boa opção para
utilizar com conselheiros
e outros profissionais de
saúde para os ajudar a
explorar como o facto de
discutir estratégias de
revelação com os clientes
pode apoiar a aderência.
1. Divida os participantes em pequenos grupos e leiam um estudo de caso juntos
(ver página 31).
2. Debater quais seriam os benefícios/vantagens de a pessoa revelar o seu
estado.
3. Desenvolver cinco dicas principais que daria à pessoa do estudo de caso
sobre como fazer essa revelação. Escreva-as num bloco gigante.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• explorar como o
facto de enfatizar a
confidencialidade pode
dificultar a revelação
• ver como o secretismo
pode criar problemas
relativamente ao
tratamento e à
aderência
• procurar formas de
nos ajudarmos uns
aos outros a encontrar
estratégias para revelar
o nosso estado.
Tempo
1 hora
Materiais
Cópias dos estudo de
casos da página 31.
30
Estudos de caso
Relatar ao grupo
4. Os grupos voltam ao plenário, lêem os estudos de caso e apresentam as
suas dicas.
Opção: Dramatize a revelação com base nas suas próprias dicas.
Exemplos de dicas
•
•
•
•
•
Escolher a altura e o local adequado.
Praticar o que vai dizer com um amigo ou sozinho.
Pedir a um amigo ou membro da família para estar consigo.
Pedir ideias a outras pessoas que estão na mesma situação.
Pedir ao seu conselheiro para o ajudar a contar a alguém
que lhe seja próximo.
Sumário
• Quando os conselheiros ou outros profissionais de saúde focam tanto a
confidencialidade, isso pode desencorajar-nos de pensar em contar às
pessoas o nosso estado.
• Podemos sentir que contar é uma coisa difícil de fazer, mas com o apoio de
amigos e da família torna-se mais fácil.
• Partilhar estratégias com outras pessoas numa situação similar pode ajudarnos a ficar mais abertos.
• No fim de termos contado, ficamos menos vulneráveis ao estigma.
• Ser abertos ajuda-nos a falar sobre a nossa saúde, a tomar os ARVs e a
manter a aderência.
• O género e as diferenças de poder tornam a revelação a algumas pessoas
mais difícil.
Exercício G5 “Não vamos contar a ninguém”
Revelação – estudo de casos
Estudo de caso 1: Natasha tem 18 anos, é solteira e vive com os pais num
condomínio urbano fechado. Está a tomar ARVs com o conhecimento dos
pais, mas eles acordaram que este tratamento deveria ser mantido em
segredo dos vizinhos e do resto da família. Natasha gostaria muito de contar
à sua melhor amiga na escola, de quem é muito próxima.
Estudo de caso 2: Kabalika, que sabe que é positivo, ainda não contou
à família. Um dia, ele vai à clínica pedir alguns conselhos a Emmanuel,
o profissional que o apoia no tratamento, sobre como contar à mãe.
Emmanuel está muito impaciente – está sobrecarregado de trabalho – e diz
a Kabalika que ele deveria considerar o quanto isso irá perturbar a mãe.
Estudo de caso 3: John já está a fazer o tratamento ARV, mas ainda não
contou à mulher sobre o tratamento ou o seu estado de HIV. Ele toma os
medicamentos enquanto está no trabalho. Um dia, a empregada vê-o a
esconder os comprimidos na pasta. Ele decide que já é altura de contar à
mulher antes que outra pessoa o faça.
Estudo de caso 4: Rudo é professora primária numa escola da cidade. Ela
dorme sozinha com a sobrinha numa das cabanas. Rudo tem uma boa
amiga na escola, uma professora sua colega a quem gostaria muito de falar
sobre o seu estado HIV. Ela suspeita que a amiga também poderá estar a
viver com o HIV, pois uma vez viu alguns frascos de ARV na mala dela.
Estudo de caso 5: Martha descobriu que era HIV positivo quando foi
à clínica pré-natal. A enfermeira disse-lhe que era melhor ela contar ao
marido, mas ela receia a forma como ele vai reagir. Martha começou a tomar
os ARVs e guarda-os em casa da irmã, que mora perto.
31
MÓ DU L O G
Exercício G6 Crianças, tratamento e estigma
Children, treatment and stigma
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Este exercício é
especialmente útil para
tutores e pais de crianças
vivendo com o HIV.
1. Peça aos participantes para pensar em algumas questões que os pais possam
ter acerca de contar (ou não) aos seus filhos sobre o seu estado (da criança) e
o porquê de estarem a tomar ARVs.
Introdução – debate livre
Exemplos de como falar sobre o tratamento das crianças
Objectivos
No final da sessão, os
participantes terão uma
ideia clara sobre porquê e
como informar as crianças
sobre o seu estado de HIV
e o tratamento ARV.
Tempo
1 hora e 30 minutos
Preparação
Assegure-se de que tem
espaço suficiente para
fazer este exercício – um
local para a reflexão e
para jogos de papéis a
pares
• Se uma criança está em tratamento ARV, deve dizer-lhe o que ela está a
tomar?
• Estará a proteger o seu filho tratando os ARVs como um medicamento
normal, em vez de lhe dar mais informações sobre os ARVs e como ele os
pode gerir melhor?
• Há uma idade adequada para se ficar a saber que somos HIV positivo?
• E quanto ao direito da criança de saber ou compreender o seu estado e a
medicação?
• Como apoiar uma criança quando ela fica a saber o seu estado?
• Como é que esta questão se sobrepõe à questão da confidencialidade?
• O que acontece à família se a criança contar a toda a gente?
• A criança será estigmatizada na escola?
Recordar o que é ter 12 anos – reflexão
2. Peça aos participantes para se sentarem individualmente e fechar os olhos.
Diga:
“Imagine que tem 12 anos. Como é? O que é importante na sua vida? O que
gosta de fazer? De quem se sente próximo? Com quem fala das coisas?
Com o que é que se preocupa? (Espere um pouco para deixar as pessoas
imaginar.) Agora imagine que está a tomar medicamentos há algum tempo e
que perguntou à sua tia para que são. Ela diz-lhe que está a viver com HIV.
Como reage? Como se sente? Como é que isto o afectará?”
Debate
3. Aos pares debata: “Como correu a reflexão?”
4. Regresse ao plenário e pergunte: “Em que idade e como contamos a uma
criança sobre o seu estado de HIV e o tratamento ARV?”
Contar à criança – jogo de papéis a pares e dramatização pára-arranca
5. Dividir novamente os participantes em pares e encontrar um espaço vazio. Em
cada par, decidir quem é a criança e quem é o pai.
6. Dê instruções à pessoa que vai fazer de criança. Diga: “O seu papel é fazer à
sua mãe ou pai algumas das seguintes perguntas.”
• O que é este remédio?
• Por que razão tenho de o tomar?
• Por que motivo os meus irmãos não o estão a tomar?
• Quando posso parar? Estás sempre a dizer que tenho de o tomar para o
resto da vida.
• O que é que eu tenho? É SIDA?
32
Exercício G6 Crianças, tratamento e estigma
7. Deixe cada par trabalhar a dramatizar esta situação. Quando eles acabarem,
convide um par para fazer o jogo de papéis. No fim, pergunte:
• Concorda ou não com esta abordagem? Porquê? • Se discorda, como responderia ao seu filho?
• Que outra abordagem poderia ser utilizada?
Se os outros tiverem ideias diferentes, peça-lhes para se oferecerem e tentar.
Utilize a dramatização pára-arranca para mostrar uma gama de abordagens.
Esclarecimento
8. Pergunte aos participantes:
• Como foi ser a criança? Ser o pai?
• Como contaria ao seu filho acerca do estado dele?
• Que tipo de apoio necessita como família?
Sumário
• As crianças têm o direito de saber o seu estado HIV desde que isso seja feito
de uma forma delicada.
• Fale com outros pais que estão na mesma situação.
• Se uma criança começar a fazer perguntas, provavelmente está na altura das
respostas.
• Também pode partilhar o seu próprio estado de HIV com a criança como forma
de a apoiar.
• Discuta várias estratégias com a criança sobre a quem é que elas devem
contar e como.
• Assegure-se de que o seu filho compreende a importância da aderência e
ajude-o a planear a melhor forma de a conseguir.
• Tente descobrir se existem alguns folhetos ou livros que o seu filho possa ler
sobre crianças na mesma posição.
33
MÓ DU L O G
Exercício G7 Profissionais de saúde, tratamento e estigma
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• explorar algumas das
questões particulares
do estigma que afecta
os profissionais de
saúde
• debater ideias sobre
como reduzir o
estigma nas clínicas
e aumentar a adesão
aos ARVs entre os
profissionais de saúde
vivendo com o HIV.
Tempo
1 hora
Materiais
Cópias de estudo de
casos relacionados com
profissionais de saúde
(ver páginas 34-36).
Notas para o facilitador
Este exercício explora o estigma que existe muitas vezes entre os profissionais de
saúde. Os profissionais de saúde referem muitas vezes que têm medo de ir fazer
um teste HIV a um local onde sejam conhecidos – receiam os julgamentos dos
colegas e pacientes. Há muitas vezes a insinuação de que “como enfermeira/o
devia ter tido mais cuidado”. Algumas/Alguns enfermeiras/os e médicos/as
receiam que o seu estado de HIV ponha os seus trabalhos em risco. Em muitas
instituições de saúde, os profissionais de saúde estão a morrer por causa deste
tipo de estigma – nem sequer estão a aceder aos ARVs que estão disponíveis nas
suas próprias clínicas.
Actividade passo a passo
Introduzir o tópico – debate livre e estudos de caso
1. Pergunte: “Quais são alguns exemplos de estigma que afectam os profissionais
de saúde?”
2. Divida os participantes em pequenos grupos. Dê um estudo de caso a cada
grupo. Leia-os com eles e debata as perguntas. Escreva as respostas num
bloco gigante.
Relatar ao grupo
3. À vez, partilhar os estudos de caso e os debates. Registar as ideias para a
acção num bloco gigante.
Exemplos do seminãrio de enfermeiros de Copperbelt
Insultos (“devias ter tido mais cuidado”). Mexericos. Exclusão. Separação
de chávenas na sala do pessoal. Perda de respeito dos mais novos.
Provocação. Exclusão de reuniões de mudança de turno. Esconder
medicamentos para ninguém saber. Julgamentos pelos pacientes.
Estudo de caso de uma profissional da saúde – Sra Mulenga
Se vamos fazer um teste,
temos de nos disfarçar,
ir a outro sítio, não parecer
enfermeiros, usar sandálias, não
ser vistos!
Enfermeira, Kitwe, Zâmbia
A Sra Mulenga tem 47 anos e é enfermeira chefe na clínica. Tem quatro filhos
todos adultos e é muito respeitada na comunidade. A Sra Mulenga é HIV
positivo e obtém os ARVs numa clínica privada. Gasta uma grande parte do
seu salário no tratamento.
Recentemente, quando foi à clínica para ir buscar a sua prescrição mensal,
encontrou um colega de trabalho. O colega adivinhou que ela era HIV
positivo e disse aos outros no trabalho.
A Sra Mulenga sabe que há muitos mexericos acerca dela, especialmente
entre os colegas mais novos e começou a detestar ir para o trabalho.
Perguntas
• Por que motivo acham que a Sra Mulenga foi a uma clínica privada para obter o tratamento?
• Por que motivo acham que os colegas falam dela no trabalho?
• O que podem fazer para apoiar alguém como a Sra Mulenga e abordar o
problema do estigma na clínica?
34
Exercício G7 Profissionais de saúde, tratamento e estigma
Estudo de caso de uma profissional de saúde – Viola Malambo
Viola Malambo é conselheira de aconselhamento e testagem voluntária
na clínica local. Tem 27 anos e está noiva. Tem reputação de ser muito
trabalhadora e dá-se bem com os colegas.
Viola testou-se a si própria o ano passado e descobriu que era HIV positivo.
Ela conhece os ARVs mas não sabe se quer iniciar já o tratamento. Ela sentese bem mas começou a perder peso. Viola ouviu por acaso alguns colegas a
falar dela, a dizer que suspeitavam que ela tinha HIV e que ela “devia ter tido
mais cuidado”.
Viola não falou com ninguém no trabalho sobre a sua situação.
Perguntas
• Por que motivo acham que ela ainda não falou com ninguém no trabalho?
• Por que motivo acham que os colegas estão a falar dela no trabalho?
• O que podem fazer para apoiar alguém como a Viola e abordar o problema
do estigma na clínica?
Estudo de caso de um profissional de saúde – Gilbert
Gilbert é enfermeiro na enfermaria cirúrgica. Tem 30 anos, é casado e tem 2
filhos. Gilbert é HIV positivo e obtinha os ARVs numa clínica em Kabwe, fora
da cidade. Ele não queria que ninguém no trabalho soubesse do seu estado.
O mês passado a clínica ficou sem medicação e por isso ele foi à clínica do
hospital. Desde aí, quase todos os seus colegas o têm evitado, sussurram
nomes e pararam de o convidar para ir tomar uma bebida depois do trabalho.
Gilbert sente-se deprimido e começou a meter baixa pois não consegue
enfrentar a situação no trabalho.
Perguntas
• Por que motivo acham que o Gilbert ia a Kabwe buscar os ARVs?
• Por que motivo acham que os colegas o estão a tratar assim no trabalho?
• O que podem fazer para apoiar alguém como o Gilbert e abordar o
problema do estigma na clínica?
35
MÓ DU L O G
Exercício G7 Profissionais de saúde, tratamento e estigma
Estudo de caso de um profissional de saúde – Dr. Arnando
O Dr. Arnando tem 40 anos e trabalha no hospital. Tem boa reputação e é
muito respeitado. A esposa morreu há dois anos e ele tem quatro filhos. O
Dr. Arnando ficou a saber que era HIV positivo há dois anos e tem estado a
tomar ARVs, que obtém secretamente no hospital. Por vezes, o fornecimento
de ARVs não chega e ele tem de os comprar numa clínica privada onde
trabalha um amigo dele. O Dr. Arnando não contou a ninguém no trabalho
acerca do seu estado e vive com medo que alguém descubra.
Perguntas
• Por que motivo acham que o Dr. Arnando não quer que as pessoas
saibam o seu estado?
• O que podem fazer para apoiar alguém como o Dr. Arnando e abordar o
problema do estigma na clínica?
Estudo de caso de uma profissional de saúde – Sra Godia
A Sra Godia é assistente domiciliária num dos condomínios fora da cidade.
Ela envolveu-se no voluntariado através da sua igreja e cuida de muitas
pessoas que têm doenças relacionadas com o SIDA. A Sra Godia também
ajuda os membros da comunidade a estabelecer grupos de apoio para
PVHS.
A Sra Godia é ela própria HIV positivo, mas viaja até à clínica da cidade
para ir buscar os ARVs para ninguém a ver. Ela contou à família, mas eles
pediram-lhe para ela não contar a mais ninguém, especialmente às pessoas
da equipa de cuidados domiciliários. Recentemente, o marido perdeu o
emprego e eles têm falta de dinheiro. A família está a pressioná-la para ela
ter acesso aos ARVs de graça na clínica local.
Perguntas
• Por que motivo acham que a Sra Godia tem obtido os seus ARVs na
cidade?
• Por que motivo acham que a família dela não quer que ela diga aos outros
o seu estado?
• O que podem fazer para apoiar alguém como a Sra Godia e abordar o
problema do estigma na equipa de cuidados domiciliários?
Sumário
• Como profissionais de saúde, podemos assumir a responsabilidade de tentar
reduzir o estigma nas clínicas.
• Podemos fazer uso de reuniões semanais para falar sobre o estigma.
• Podemos mudar as nossas atitudes e comportamento pessoais e parar os
mexericos.
• Podemos ir a um teste HIV com os nossos colegas.
• Podemos contrariar os outros se eles estigmatizarem.
• Podemos utilizar reuniões de mudança de turno para enfatizar a importância do
trabalho de equipa e do apoio.
• Podemos fazer pressão na nossa clínica para uma política anti-estigma.
36
Exercício G8 Boatos sobre os ARVs
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Na maioria das
comunidades em que
os ARVs estão a ficar
disponíveis, espalhamse muitos boatos acerca
destes medicamentos. Em
cada país ou comunidade,
os boatos variam. Por
vezes, estes boatos
desencorajam as pessoas
de obter ou tomar os
ARVs. A importância
deste exercício é ajudar
as pessoas a distinguir os
factos dos boatos.
1. Os participantes estão em duas filas de frente uma para a outra. Peça-lhes para
buzz durante dois minutos com o parceiro oposto, sobre algo negativo que
tenham ouvido as pessoas a dizer acerca dos ARVs.
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• explorar alguns
dos boatos na sua
comunidade sobre os
ARVs
• identificar como
esses boatos podem
dificultar o acesso ao
tratamento
• compreender como
podemos combater
esses boatos.
Tempo
Buzz a pares
Passar o boato
2. Primeiro, explique as regras. Se quer começar um boato, deve ter um marcador
na mão. (Tenha três marcadores para um grupo de 20). Tem de passar o boato
à pessoa à sua frente, sussurrando-lho ao ouvido. Depois, eles passam o boato
para a pessoa diagonalmente em frente a eles. O boato passou em ziguezague
pela linha. Quando voltar a si, escreva-o num cartão, depois passe o marcador
a outra pessoa. Pode haver três boatos a circular ao mesmo tempo.
3. Afixe todos os cartões na parede, agrupando boatos semelhantes.
4. Divida em pequenos grupos. Cada grupo tira um cartão e debate as seguintes
questões:
• O que está por de trás do boato?
• Quem acredita nele?
• Como podemos contestar este boato?
Exemplos de boatos do pessoal ACER de Ng”ombe
Os ARVs vão “solidificar a tua gravidez” – criam um formigueiro dentro de
ti. Nunca irás dar à luz. Os ARVs acabam com a libido. Dão-te um apetite
anormal. Nunca vais poder ter filhos. Provocam a cegueira. Vais apanhar mais
vírus. São tóxicos. Os ARVs gratuitos não são tão potentes como os pagos,
fazem-te sentir mais doente e os efeitos secundários são demasiados.
Sumário
Algumas pessoas têm problemas quando tomam ARVs (pode ser assim que
começam os boatos), e é importante reconhecer estas experiências. Contudo,
temos de encontrar formas de mostrar que, para a maioria das pessoas, os ARVs
estão a funcionar e a manter as pessoas vivas!
45 minutos
Materiais
Marcadores
Os profissionais de saúde, os profissionais de apoio ao tratamento e os
conselheiros de aderência são imagens chave para ajudar a difundir a informação
e o conhecimento sobre o tratamento na comunidade.
Se conhece alguém que esteja a ter problemas com os ARVs, encoraje essa
pessoa a ir falar com o seu médico ou profissional de apoio. Todos podemos
assumir a responsabilidade de descobrir mais sobre os ARVs e ajudar a combater
os boatos prejudiciais.
37
MÓ DU L O G
Exercício G9 Obter tratamento
Notas para o
facilitador
Actividades passo a passo
Este exercício oferece uma
breve perspectiva sobre
as infecções oportunistas
e ARVs. Convide um
perito médico (alguém
que tenha conhecimentos
sobre o tratamento ARV)
para ajudar a explicar as
questões e responder
às perguntas dos
participantes. Não se
espera que você seja um
perito clínico.
1. Escreva uma questão diferente no topo de cada ficha e afixe-as pela sala.
• Quais são algumas das infecções oportunistas (IOs)?
• Quais são alguns dos sintomas da TB?
• O que podemos fazer se estivermos a viver com o HIV, para evitar IOs?
• Como é que as infecções afectam as atitudes dos outros?
• Que tipo de estigma enfrentamos como resultado das IOs?
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• reconhecer que muitas
infecções oportunistas
são curáveis
• identificar como evitar
e minimizar infecções
oportunistas
• explicar alguns dos
factores dos ARVs.
Tempo
2 horas
Materiais
Cópias das fichas
informativas das páginas
44 a 48.
Preparação
Escreva as questões (ver
início do exercício) em
bloco gigantes – uma para
cada ficha – e coloque-os
em diferentes partes da
sala.
A. Infecções oportunistas – debate livre rotativo
2. Divida os participantes em pequenos grupos (tantos grupos como bloco
gigantes). Atribua um bloco gigante a cada grupo.
3. Peça aos grupos para escrever quaisquer respostas à questão no bloco
gigante. Comece a cantar ou use música para fazer os grupos andarem pela
sala, no sentido dos ponteiros do relógio, até ao próximo bloco gigante, onde
começam a responder à questão seguinte. Repita até os grupos voltarem ao
seu bloco gigante original.
4. Faça um relatório global, andando em volta com os participantes até cada
bloco gigante e peça aos grupos originais para fazerem o relatório ao grupo
grande. Peça ao grupo para esclarecer ou explicar quaisquer questões.
Exemplos de um seminãrio sobre o estigma
Quais são as IOs mais comuns que as PVHS têm de enfrentar?
TB, diarreia, pneumonia, infecção intestinal, infecção fúngica, cancro da
pele, Sarcoma de Kaposi, candidíase, herpes zoster, meningite.
Quais são alguns dos sintomas da TB?
Perda de peso. Tosse persistente. Dores no peito agudas. Suores nocturnos.
Pouco apetite. Enfraquecimento do estado imune.
Como é que as PVHS podem evitar as IOs?
Fazendo um check-up médico regular. Indo à clínica quando nos
começamos a sentir doentes. Cuidando de nós. Fazendo uma boa
alimentação e nutrição. Boa higiene. Cortando no álcool e no tabaco.
Descansando o suficiente. Fazendo uma terapia de prevenção da TB.
Evitando o leite para minimizar a diarreia. Evitando o açúcar para parar a
infecção fúngica.
Como é que as infecções afectam as atitudes dos outros?
O estigma aumenta devido à visibilidade de infecções como feridas abertas.
Preocupação com o que os vizinhos irão dizer. Querer esconder as PVHS. A
PVHS fica desanimada e fica mais assustada com os sintomas.
Que tipo de estigma enfrentamos como resultado das IOs?
Ninguém quer levar-nos à casa de banho. As pessoas parecem zangadas
quando tossimos. Ninguém se quer sentar ao nosso lado. As pessoas
pensam que a culpa é nossa. Não estamos a tratar de nós. Agora que
os ARVs chegaram, as pessoas acham que não devíamos voltar a ficar
doentes. As pessoas pensam que estamos a começar a ter SIDA e que
vamos morrer em breve.
B. Tratamento ARV – chuva de cartões e debate
1. Entregue cartões. Pergunte: “O que sabem sobre o tratamento ARV?” Peça aos
participantes para escrever um ponto em cada cartão e cole na parede.
38
Exercício G9 Obter tratamento
Processamento
2. Agrupe os pontos comuns, depois reveja cada ponto perguntando:
• Concordam com este ponto?
• Algumas correcções ou adições?
3. Analise a ficha informativa sobre os ARVs com o grupo, certificando-se de que
as seguintes questões são abordadas:
Terapia combinada. Diferentes tipos de medicamentos. Quando começar
o tratamento. CD4 e testes da carga virótica. Aderência (altura indicada do
dia, número adequado de comprimidos, todos os dias). Efeitos secundários
adversos. Toxicidade. Onde obter os comprimidos. São pagos? Resistência
aos medicamentos (utilizar o conhecimento das próprias pessoas sobre
resistência em outras situações para explicar a resistência, ex. cloroquina ou
pesticidas a que os insectos se habituam). Duração do tratamento.
C. Problemas no tratamento – incidentes críticos
1. Divida os participantes em pequenos grupos e atribua a cada grupo um dos
problemas enumerados em seguida. Peça-lhes para dramatizar a situação e
tentar encontrar soluções.
Problemas
A. Um homem diz ao sobrinho: “Sinto muito. Já não temos dinheiro para
comprar medicamentos.” Em privado diz ao irmão, “Para quê desperdiçar
dinheiro com ele? Ele vai morrer de qualquer forma! E de qualquer maneira,
foi ele quem arranjou estes problemas.”
B. Uma família endivida-se ao tentar encontrar uma cura para um familiar
que vive com o HIV, andando entre médicos privados e curandeiros
tradicionais.
C. Um membro da família que está a tomar ARVs aproxima-se de si e diz:
“Estes medicamentos modernos não estão a resultar. Vamos a um curandeiro
tradicional.”
D. Uma tia diz ao sobrinho que mais valia parar de tomar os medicamentos
ARVs porque ele sai e bebe demais e não cuida de si próprio.
E. Um membro da família vai à clínica para ir buscar ARVs com o irmão
e discute com os profissionais de saúde por causa da forma como estes
tratam o irmão.
Processamento
2. Pergunte aos participantes:
• O que aconteceu na dramatização?
• O que aprendemos?
• Como superar alguns dos obstáculos que podemos enfrentar durante o
tratamento?
Sumário
Muitas famílias não têm informação suficiente acerca das infecções oportunistas.
Isto pode levar a crenças estigmatizantes, tal como dizer que o HIV significa
que só se vai adoecer e morrer. Os ARVs estão cada vez mais disponíveis em
muitos países e dão esperança para o futuro. Mas mesmo quando os ARVs estão
acessíveis, podemos enfrentar problemas ligados ao estigma. O apoio da família
e da comunidade pode ajudar-nos a ultrapassá-lo. É útil as famílias estarem
informadas sobre os tratamentos e as diferentes opções para apoiar alguém que
está a tomar ARVs.
39
MÓ DU L O G
Exercício G10 Fazer ligações saudáveis
Notas para o
facilitador
Este exercício baseia-se
em trabalho feito com
curandeiros tradicionais
na Zâmbia através do
projecto ACER. Assim que
os curandeiros tradicionais
ficam a saber mais sobre
os ARVs, eles tendem
a dar muito apoio ao
tratamento, em alguns
casos inscrevendo-se
até a si próprios para
tratamento. Eles sentemse aliviados por poderem
enviar os seus clientes
às clínicas para os ARVs.
Antes, estavam a perder
credibilidade porque não
conseguiam fornecer um
tratamento nem respostas.
Este exercício mostra
como os curandeiros
tradicionais e as clínicas
podem trabalhar em
conjunto.
Actividade passo a passo
Onde ir para problemas de saúde diferentes – Exercício de continuação
1. Leia um dos problemas de saúde seguintes e peça aos participantes para se
dirigir à instituição (clínica ou curandeiro tradicional) onde iriam para resolver o
problema. Agora pergunte: “Porque iria aí?”
2. Diga aos participantes o resultado. Ou a) o problema foi resolvido, ou b) o
problema está a piorar. Pergunte: “Agora onde iria?”
3. Continue este processo com todos os problemas de saúde.
Problemas de saúde
1. Ultimamente anda com uma tosse estranha que não passa.
2. Tem uma irritação nas suas “partes privadas”.
3. O seu marido está a perder peso e não tem apetite.
4. O seu filho está doente e teve diarreia nos últimos três dias.
5. Teve uma dor de cabeça forte nos últimos quatro dias.
4. Depois de apresentar todos os problemas, pergunte: “Quais as vantagens e
desvantagens de cada instituição?”
Exemplos de vantagens e desvantagens (tabela)
Instituição
Vantagens
Desvantagens
Clínica
Benefícios oferecidos
pelos ARVs
Mais baratos do que o
curandeiro tradicional
As dosagens de remédio
são claras
Serviços de admissão
(residenciais)
Por vezes há culpa e
um tratamento duro por
parte dos profissionais
de saúde que temem o
contacto
Por vezes não há
medicamentos
Falta de pessoal
Curandeiro
tradicional
Amigável, respeitoso e
caloroso
Bons ouvintes – apoio
psicossocial
Sem julgamentos, culpa,
vergonha ou estigma
A culpa é transferida para
a pessoa que o está a
embruxar
Vive em comunidade
– perto das vidas das
pessoas
Serviços privados, logo
não há estigmatização por
parte dos outros
Mais caro, ex. uma vaca
Dosagem de
tratamentos pouco clara
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• explorar o papel dos
curandeiros tradicionais
numa comunidade
• examinar a importância
dos curandeiros
tradicionais
trabalharem em
conjunto com as
clínicas para promover
a informação e a
aderência relativamente
aos ARVs.
Materiais
Fotografia geral do
estigma 24 de um casal
a visitar um curandeiro
tradicional, no Livro de
Imagens. Cartão de
contexto 3 do Módulo A
de uma mulher a visitar
uma clínica. Colá-los em
paredes opostas
40
Exercício G10 Fazer ligações saudáveis
Partilhar conhecimentos – jogo de papéis
5. Peça a dois voluntários para participar no jogo de papéis. Um é o curandeiro
tradicional, o outro um enfermeiro ou médico da clínica. Peça-lhes para vir de
lados opostos da sala e se juntarem para falar.
Jogo de papéis
Curandeiro tradicional
Teve vários pacientes que vieram ter consigo devido a problemas de perda
de peso, diarreia e dores de cabeça. Nenhum dos seus remédios está a
funcionar e os pacientes não estão a melhorar. Ouviu falar dos ARVs e quer
saber mais sobre eles. Pode fazer três perguntas ao enfermeiro.
Enfermeiro
Tem um paciente que começou a tomar ARVs e que está a ter efeitos
secundários graves. Quer saber se a medicina tradicional pode ajudar. Pode
fazer três perguntas ao curandeiro tradicional.
Processamento
6. Pergunte aos participantes:
• O que podemos fazer para aumentar as vantagens e superar as desvantagens
de ir a uma clínica ou curandeiro tradicional?
• Como podemos ajudar os curandeiros tradicionais a saber mais sobre os
ARVs?
• Como podemos construir uma colaboração mais próxima entre as clínicas e
os curandeiros tradicionais para apoiar o tratamento ARV?
Sumário
• Muitas pessoas vão a um curandeiro tradicional quando adoecem, ou quando
têm medo de ir à clínica ou a clínica é muito longe.
• Os curandeiros tradicionais precisam de saber o valor dos ARVs e a
importância que têm na promoção da informação sobre o tratamento, incluindo
os conhecimentos sobre a aderência.
• O pessoal da clínica precisa de reconhecer a importância dos curandeiros
tradicionais na construção da aceitação e apoio dos ARVs.
• É necessário haver um respeito mútuo entre as clínicas e os curandeiros
tradicionais.
• Antes dos ARVs, havia uma colaboração limitada entre as clínicas e os
curandeiros tradicionais. Os ARVs fornecem um novo contexto para procurar
uma colaboração.
41
MÓ DU L O G
Exercício G11 “Rezar é tudo o que precisa!”
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Este exercício é muito útil
para trabalhar com grupos
religiosos. No entanto, em
todos os grupos haverá
membros da igreja que
podem influenciar as
políticas e o pensamento
nos seus locais de culto.
1. Peça ao grupo para buzz a pares: “Como é que algumas igrejas alimentam o
estigma contra os ARVs?”
Objectivos
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• reconhecer como
o estigma baseado
na religião afecta o
tratamento
• reconhecer a
importância da
aderência.
Tempo
1 hora
Materiais
Cópias do estudo de caso
ou escrito numa folha do
bloco gigante e exibido na
parede.
A aceitação é parte da
recuperação. Aceitar o
seu estado e aceitar os ARVs
faz tudo parte da recuperação.
E nunca devemos parar de
rezar.
Profissional de apoio ao
tratamento, Zâmbia
42
Introdução – grupos buzz
Exemplos do estigma nas igrejas e ARVs
Algumas igrejas não acreditam na eficácia do tratamento médico. Dizem que
uma pessoa só pode ser curada através da oração. Contudo, algumas ainda
qualificam a situação, dizendo que a pessoa não será curada se for pecadora.
Se uma pessoa com HIV não melhora através da oração, então acaba por ficar
isolada ou estigmatizada. Algumas igrejas vêm a água benta como uma cura.
2. Peça aos participantes para ler ou representar o seguinte estudo de caso.
Estudo de caso: Solomon, licenciado, é HIV positivo e toma ARVs. Vai à
igreja todos os domingos. Um domingo de manhã, o pastor diz-lhe para rezar
e começar a jejuar. Solomon concorda. Quando a sua saúde melhora, ele
testemunha na igreja que a oração e o jejum fizeram a sua saúde melhorar. Ele
pára então de tomar os ARVs. Depois, a sua saúde começa a piorar.
3. Pergunte aos participantes:
• O que aconteceu nesta história? Porquê?
• Isto acontece na vossa comunidade? Dêem alguns exemplos.
• O que pensam que poderá acontecer a seguir?
• Qual é a vossa responsabilidade como comunidade e líderes religiosos para
apoiar o acesso das pessoas ao tratamento ARV?
• O que poderia acontecer a seguir? Opção: Use uma dramatização pára-arranca para ver o que poderia acontecer em
seguida.
Exemplos de um seminãrio sobre estigma
O que poderia acontecer a seguir?
Ele teria dificuldades em voltar à clínica onde ia buscar os ARVs – seria mais
difícil recomeçar o tratamento.
Responsabilidades como comunidade e líderes religiosos.
Saber qual o tratamento disponível, o que é o tratamento ARV, a importância
de começar cedo (não o adiar até ser tarde de mais) e a importância da
aderência.
Sumário
Os líderes religiosos são pessoas chave na construção do conhecimento sobre o
tratamento na comunidade. Têm uma enorme influência nas pessoas que vão à
igreja e um papel fundamental no desenvolvimento de programas de cuidados e
em ajudar as famílias a aceder ao tratamento. A cura espiritual e a oração dão um
importante apoio às pessoas que tomam ARVs.
Exercício G12 O percurso do tratamento
Treatment journey
Notas para o
facilitador
Actividade passo a passo
Este exercício usa as
imagens da história
do tratamento (ver
páginas 49-54) para
explorar alguns dos
acontecimentos que
podem ocorrer durante
o processo de testagem
para o HIV e o acesso ao
tratamento.
1. Divida os participantes em pequenos grupos (quatro ou cinco pessoas por
grupo). Dê a cada grupo uma selecção das imagens da história do tratamento.
Dê imagens diferentes a cada grupo (aproximadamente sete ou oito imagens),
mas certifique-se de que todos os grupos têm a imagem “ir fazer o teste”
2. Peça aos grupos para utilizar as imagens para construir uma história acerca de
alguém cujo teste do HIV dá positivo. Inclua coisas positivas e negativas que
acontecem às pessoas. Organize as imagens e cole-as num bloco gigante.
3. Cada grupo reveza-se para contar a sua história, assegurando-se de que todos
os membros do grupo falam, descrevendo o que está a acontecer ao longo das
imagens.
Objectivos
Processamento
No final desta sessão,
os participantes serão
capazes de:
• explorar alguns dos
desafios que podemos
encontrar quando
fazemos o teste do
HIV e iniciamos o
tratamento
• identificar algumas
formas para superar
esses desafios
4. Peça aos participantes para debater:
• Quais foram alguns dos desafios que surgiram nas histórias?
• Quais foram algumas das formas utilizadas para superar esses desafios?
• Como podemos apoiar-nos uns aos outros para enfrentar esses desafios?
Tempo
História em imagens
Exemplos de formas através das quais nos podemos ajudar uns
aos outros a enfrentar desafios
•
•
•
•
•
Ser abertos acerca das nossas próprias experiências.
Falar com as nossas famílias.
Procurar ajuda espiritual para ficarmos mais fortes.
Aumentar a auto-estima e a segurança uns dos outros.
Assegurar que os conselheiros serão capazes de falar sobre estigma.
1 hora
Materiais
Conjuntos de cópias das
imagens da história do
tratamento (ver páginas
49-54) de acordo com
o número de pequenos
grupos
Imagem “Ir fazer o teste” (ver página 49)
43
A N EX O 1
Anexo 1 Ficha informativa sobre os ARVs
Tratamento ARV
O que são os ARVs?
Os medicamentos ARVs ajudam a reduzir o nível de HIV no corpo e reduzem a
velocidade a que o vírus ataca o sistema imunitário. Quando a pessoa começa
a tomar ARVs, não fica doente tantas vezes e sente-se melhor. Os ARVs são
geralmente uma combinação de medicamentos.
As pessoas que começam a tomar ARVs já foram testadas positivas para o HIV e,
na maioria dos casos, recebem um teste CD4.
Teste CD4
Um teste CD4 mede a quantidade de glóbulos brancos (CD4) no sangue. Quando
se tem HIV, ele ataca as células CD4, o que enfraquece o sistema imunitário. As
células CD4 são as únicas que combatem as doenças. Quando se começa a
tomar os ARVs, fazem-se testes CD4 periódicos para ver se o sistema imunitário
está a responder aos ARVs.
Testes da carga virótica
Um teste da carga virótica mede a quantidade de HIV no sangue.
Aderência
Quando se toma ARVs é muito importante tomar os medicamentos todos os dias
à mesma hora, sem nunca esquecer uma dose. A isto chama-se aderência.
Muitos de nós temos estratégias diferentes para manter a aderência aos
medicamentos. Algumas pessoas têm um “parceiro dos medicamentos” que as
ajuda a lembrar (um amigo ou familiar). Outras usam o alarme do telemóvel duas
vezes por dia. Outras tomam os medicamentos ao mesmo tempo que fazem outra
coisa qualquer que fazem sempre – escovar os dentes ou beber chá. Pode manter
um diário onde assinala todas as vezes que toma a sua dose.
Parar e recomeçar, ou esquecer comprimidos, faz com que os ARVs não
funcionem bem e pode desenvolver uma resistência aos medicamentos.
Resistência aos medicamentos
Resistência aos medicamentos significa que os medicamentos que está a tomar
já não funcionam consigo. Desenvolveu um tipo de HIV que já não pode ser
atacado pelos ARVs que está a tomar. O seu médico terá de encontrar outros
medicamentos e isso pode ser difícil e caro. Evite a resistência aos medicamentos
mantendo a aderência o mais que puder.
44
Anexo 1 Ficha informativa sobre as infecções oportunistas
Infecções oportunistas
O que são infecções oportunistas?
Infecções oportunistas são doenças relacionadas com o
SIDA e o HIV, causadas por bactérias, fungos e vírus. Estas
infecções aproveitam a “oportunidade” proporcionada
por um sistema imunitário enfraquecido pelo HIV. Nesta
fase, o vírus HIV já danificou as células CD4, que já não
conseguem fazer o seu trabalho de manter o corpo
saudável. Os germes aproveitam-se então do sistema
imunitário enfraquecido e atacam o corpo. Estas infecções
não provocariam uma doença numa pessoa saudável, mas
no corpo de uma pessoa infectada com HIV, cujo sistema
imunitário está enfraquecido, podem provocar doença.
Há mais de 20 doenças oportunistas associadas ao
SIDA, incluindo a TB, diarreia, pneumonia, infecção
intestinal, Sarcoma de Kaposi, candidíase, cancro da pele
e meningite. Um indivíduo com um diagnóstico de SIDA
pode ter duas ou mais doenças ao mesmo tempo.
A maior parte destas infecções podem ser evitadas ou
tratadas com medicação, e isso pode ajudar a melhorar
a qualidade de vida e atrasar o início do SIDA. Encoraje
as PVHS a ser pró-activas e a evitar e tratar as infecções
oportunistas.
Quando o SIDA apareceu pela primeira vez em meados
dos anos 80, muitas PVHS morreram rapidamente de
infecções oportunistas porque os médicos não sabiam
como tratar e evitar estas doenças nas pessoas que
tinham um sistema imunitário danificado. Mas à medida
que os médicos foram aprendendo a evitar as infecções
oportunistas com medicação e a reconhecer e tratar estas
infecções de forma mais eficaz, as PVHS começaram a
viver mais tempo.
Tipos diferentes de infecções oportunistas
A TB é uma doença dos pulmões e de outras partes do
corpo que afecta muitas pessoas com HIV. É evitável e
curável. Leia a ficha informativa sobre a TB na página 48
para saber mais detalhes.
A candidíase é uma infecção fúngica, vulgarmente
conhecida por “aftas”. Surge como placas brancas, por
vezes dolorosas, na língua e como úlceras na boca que
tornam difícil engolir. Esta infecção fúngica também pode
afectar a vagina, provocando a candidíase vaginal. Esta
surge como um corrimento vaginal espesso, com aspecto
coalhado, vermelhidão da parede vaginal e pode tornar as
relações sexuais dolorosas.
O Sarcoma de Kaposi é um cancro frequentemente
diagnosticado nas PVHS. Os seus sintomas são lesões ou
nódulos escuros na pele em diferentes partes do corpo.
Afecta vulgarmente a pele, os gânglios linfáticos e a
boca. Também podem ocorrer lesões no estômago e nos
pulmões, causando graves problemas respiratórios.
A Pneumonia a Pneumocystis Carinii (PPC) é uma
infecção dos pulmões que pode causar uma pneumonia
grave e resultar em dificuldades respiratórios, febre e tosse
seca. A PPC é a principal causa de morte das crianças
com SIDA na Índia.
Outros sintomas comuns do SIDA e o que fazer
Os sintomas mais comuns do SIDA incluem perda de peso,
febres, dificuldades respiratórias, problemas digestivos e
infecções na boca, pele e áreas genitais. Alguns destes
problemas podem ser tratados em casa, com o apoio do
provedor de cuidados de saúde.
Náuseas e vómitos
Os pacientes com SIDA sentem-se muitas vezes enjoados.
Faça-os manter a boca sempre limpa, enxaguando
frequentemente com água limpa e usando uma escova de
dentes para escovar os dentes e a língua. Os cheiros da
comida a ser cozinhada podem fazê-los sentir-se enjoados
e vomitar, não os deixando comer. Se o paciente estiver a
vomitar, deve:
• evitar comidas gordurosas e não comer nem beber
líquidos durante uma ou duas horas e depois
• aumentar gradualmente o consumo de líquidos.
Cansaço e fraqueza
As PVHS sentem-se muitas vezes cansadas. Encoraje-as
a descansar com frequência. Ajude-as a fazer exercícios
simples, como mexer os braços e as pernas. Se o paciente
estiver acamado, encoraje-o a mexer os braços e as
pernas muitas vezes. Vire o paciente de vez em quando.
Mantenha-os envolvidos em actividades caseiras diárias,
mas ajude-os com as suas necessidades diárias, como
tomar banho e ir à casa de banho.
Boca e garganta irritadas
Este é um problema comum das PVHS. Deve:
• permitir que o paciente lave a boca com água quente e
limpa, misturada com uma pitada de sal
• dar um limão ao paciente para ele chupar para as
placas brancas na boca – embora por vezes isso possa
ser demasiado doloroso.
• aplicar solução de violeta de genciana nas feridas dos
lábios
• utilizar remédios locais calmantes para ajudar o
paciente.
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A
O 1
1
AN
N EX
N EX
Anexo 1 Ficha informativa sobre as infecções oportunistas
Dor
Para ajudar o paciente a aliviar a dor, dar ao paciente duas
aspirinas ou comprimidos de paracetamol de quatro em
quatro horas. No caso da aspirina, certificar-se de que o
paciente não tem o estômago vazio.
Problemas de pele
Os problemas de pele incluem erupções, comichão,
chagas dolorosas, secura da pele, feridas que demoram a
cicatrizar, furúnculos e abcessos. Cada problema precisa
de um tratamento diferente:
Inchaço
Coloque as pernas ou a parte do corpo que está inchada
em cima de almofadas e massaje os músculos inflamados,
utilizando um pouco de óleo ou creme relaxante. Ajude o
paciente a mudar de posição com frequência.
Limpeza: Limpe a pele frequentemente com sabão e água.
Mantenha as unhas do paciente pequenas para evitar que
eles se cocem muito e causem mais danos à pele.
Febre
Verifique a febre, encostando as costas de uma mão na
testa do paciente e as costas da outra mão na sua própria
testa. Sentirá a diferença se ele tiver febre.
Para lidar com a febre:
• Baixe a febre, removendo roupa e cobertores
desnecessários.
• Passe com um pano molhado ou use uma compressa
fria
• Faça o paciente beber muita água ou outros líquidos.
• Utilize aspirina ou paracetamol (dois comprimidos de
quatro em quatro horas).
Se o paciente estiver muito quente e a febre continuar
durante muito tempo, ou for acompanhada de rigidez, dor
aguda, confusão, cor amarela nos olhos, diarreia súbita ou
convulsões, procure assistência médica imediatamente. A
febre pode ser causada por malária.
Diarreia
A diarreia é muito comum nos pacientes com SIDA. As
fezes são muito aquosas e por vezes contêm sangue.
Os pacientes que sofrem de diarreia ficam muitas vezes
desidratados. Trate isto da seguinte forma:
• Mantenha a pele limpa e seca. Lave com água limpa
após cada movimento dos intestinos.
• Trate a desidratação com uma bebida reidratante oral
– adicione meia colher de chá de sal e oito colheres de
chá cheias de açúcar para um litro de água fervida e
arrefecida. Faça uma mistura fresca todos os dias. Se a
diarreia continuar, procure ajuda de um profissional de
saúde.
• Dê ao paciente comidas sólidas ou amiláceas como
água de arroz.
• Não lhe dê alimentos que contenham muito açúcar pois
isso pode piorar a diarreia.
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Comichão: Mantenha a pele fria com água. Aplique loções
como a calamina. Mantenha a pele limpa.
Feridas: Limpe a área ferida com água limpa e
fervida. Cubra com uma ligadura ou pano envolvendo
folgadamente a ferida. Coloque uma compressa quente de
água pouco salgada na ferida quatro vezes por dia (uma
colher de chá de sal para um litro de água limpa). Se a
ferida for num pé ou numa perna, levante a área afectada
o mais possível e o mais frequentemente possível. Durante
o sono, o pé ou a perna devem ficar em cima de uma
almofada. Durante o dia, tente levantar o pé durante cinco
minutos de meia em meia hora. Andar ajuda a circulação
do sangue. Estar de pé ou sentado com o pé afectado
para baixo durante longos períodos é prejudicial. Quando
as feridas estiverem infectadas, procure assistência
médica imediatamente.
Escaras: As escaras são causadas pela pressão em certas
zonas da parte de trás do corpo do paciente – como
resultado de estar deitado na mesma posição durante
longos períodos de tempo. Ocorrem muitas vezes nas
nádegas, cotovelos, ancas, costas e pés.
Tem de fazer o seguinte:
• Tirar o paciente da cama sempre que possível.
• Mudar o paciente de posição muitas vezes – pelo
menos de duas em duas horas.
• Utilizar lençóis e colchas macios, que devem ser
pendurados ao ar diariamente. Mudar quando estiverem
sujos de urina, vómito ou suor.
• Esticar a roupa da cama, pois estar deitado em roupa
enrolada pode magoar a pele.
• Colocar uma almofada por baixo do paciente para
apoiar as partes ósseas.
• Encorajar o paciente a comer bem. Vitaminas extra
ajudam a curar as feridas.
Furúnculos e abcessos: São protuberâncias dolorosas,
salientes e vermelhas na pele. São comuns nas virilhas,
nádegas, axilas e partes superiores das pernas.
Precisa de:
• Lavar o frúnculo/abcesso com água salgada (uma
colher de chá de sal numa chávena de água limpa).
• Colocar uma compressa quente por cima da ferida,
Anexo 1 Ficha informativa sobre as infecções oportunistas
durante 20 minutos, quatro vezes por dia. Tenha
cuidado para não queimar o paciente.
• Se o furúnculo continuar a crescer, procurar ajuda
médica.
Zona: A zona é uma erupção, bolhas ou feridas que se
desenvolvem no peito ou nas costas. É muito dolorosa e
faz comichão. Tem de fazer o seguinte:
• Aplicar loção de calamina duas vezes por dia para
aliviar a dor e a comichão.
• Manter as feridas limpas e não deixar a roupa da cama
roçar nelas.
• Deixar o paciente usar roupa limpa e larga.
• Aliviar a dor com aspirina ou paracetamol.
• Lavar as feridas com água limpa três vezes por dia, ou
aplicar solução de violeta de genciana.
• Procurar sinais de feridas infectadas, como
vermelhidão ou pus.
Remédios utilizados para tratar as
infecções oportunistas
• O Fluconazol é utilizado para tratar candidíases
orais graves. A candidíase causa pequenas feridas
brancas e dolorosas na boca.
• O Acyclovir é utilizado para tratar herpes, que são
bolhas dolorosas nos lábios ou nos genitais.
• O Cotrimoxazol é um antibiótico que é dado às
PVHS cuja contagem de células CD4 está abaixo
dos 200. Este medicamento ajuda a evitar a PPC,
uma infecção grave nos pulmões que mata muitas
PVHS.
Dificuldades respiratórias
As PVHS têm muitas vezes infecções nos pulmões e
experienciam tosse crónica e dificuldades para respirar.
Poderá ajudar:
• Fazendo o paciente deitar-se com almofadas por baixo
da cabeça, ou com a cabeceira da cama levantada
com blocos.
• Fazendo o paciente sentar-se para a frente com os
cotovelos nos joelhos ou numa mesa baixa
• Certificando-se de que está sempre alguém perto do
paciente, pois o facto de não conseguir respirar pode
deixá-lo muito assustado.
Tosse
Se o paciente sentir dor no peito ou nas costelas quando
tosse, deve pressionar uma almofada ou mão contra a
área que dói. Isto torna a tosse menos dolorosa. Sempre
que possível, encoraje o paciente a continuar a andar,
virar-se na cama ou simplesmente a sentar-se. Isso ajuda
os pulmões a secar. Dê ao paciente um pano limpo para
tapar a boca quando tosse.
47
A N EX O 1
Anexo 1 Ficha informativa sobre a Tuberculose
Tuberculose
O que é a TB?
A TB pode ser curada
A TB é uma infecção dos pulmões e de outras partes
do corpo. O corpo tenta parar a infecção construindo
uma parede dura em volta dos germes. Isto significa que
se desenvolvem pequenas protuberâncias duras que
danificam os órgãos onde existem germes da TB.
O tratamento para a TB envolve tomar alguns comprimidos
todos os dias durante seis meses a um ano.
A maior parte das pessoas tem TB nos pulmões, contudo,
a TB pode viajar pelo sangue e atacar também qualquer
outra parte do corpo, como as glândulas, o cérebro, a
coluna, a anca e os intestinos.
Após causar a primeira infecção, os germes da TB podem
permanecer imóveis no sangue durante muito tempo.
Então, se a pessoa ficar incapaz de os combater, a TB
torna-se novamente activa – é reactivada.
Como se apanha TB?
Sem tratamento, os germes da TB viajam dos pulmões de
uma pessoa infectada através das gotas de humidades
que esta expele quando tosse, espirra, cospe ou respira.
Uma pessoa que esteja perto pode então apanhar as gotas
de humidade e os germes da TB entram nos pulmões.
Após duas ou três semanas de tratamento para a TB, não
haverá mais germes de TB nas gotas de humidade, por
isso não existe mais risco para as outras pessoas.
Uma pessoa saudável tem menos probabilidades de
apanhar TB do que uma pessoa que esteja fraca ou
doente. O risco é maior se a pessoa também viver em
sítios com muita gente.
A TB não se transmite pelo toque, pela água, pelos
insectos, pela actividade sexual ou pelo sangue.
Como saber se tem TB?
Alguns sinais da TB activa incluem tosse persistente, tossir
sangue, perda de apetite, suores nocturnos, cansaço,
fraqueza e dor no peito.
Se suspeitar que tem TB, deve dirigir-se à clínica mais
próxima para fazer alguns testes e tratamento.
48
É muito importante nunca se esquecer de tomar o
tratamento todos os dias e acabar o tratamento, mesmo
que se sinta melhor.
CUIDADO! Se não acabar o tratamento, os germes da TB
podem ficar mais fortes e resistir ao medicamento. A TB
resistente aos medicamentos pode matar.
Os pacientes com TB têm de estar isolados?
NÃO! Duas semanas após começar a tomar o tratamento,
o paciente já não é infeccioso. Isto significa que poderá
comer, dormir e trabalhar normalmente. Não precisa de
utensílios especiais ou roupa de cama separada. Lembrese apenas de fazer o tratamento diariamente até ao fim.
TB e HIV
Ter TB não é o mesmo que ter HIV. São duas doenças
diferentes. A TB pode ser curada. Quando uma pessoa
com HIV apresenta sinais de TB, isso acontece geralmente
porque a TB já está no corpo. A TB é reactivada porque o
HIV enfraquece o sistema imunitário (de defesa).
Se é HIV positivo, pode fazer o tratamento que evitará que
tenha TB activa. Em muitos locais, este tratamento está
disponível de forma gratuita.
Se vive com o HIV e apanhar TB, pode curar a TB fazendo
o tratamento.
TB e ARVs
Se uma pessoa já tiver TB activa quando começa o
tratamento ARV, o tratamento da TB faz-se geralmente
primeiro. O tratamento ARV começa mais tarde, quando
a pessoa já está mais forte. Por vezes, quando a TB é
curada, a pessoa com HIV sente-se tão bem que não
necessita de começar logo o tratamento ARV.
Se uma pessoa com HIV já estiver muito doente (na
fase do SIDA), o tratamento ARV tem de começar
imediatamente. Algumas semanas depois, quando o
sistema imunitário começar a recuperar, o corpo pode
começar a apresentar sintomas de outras infecções como
a TB. Então, é essencial continuar o tratamento ARV e
começar o tratamento para a TB. Se se parar o tratamento
ARV, o sistema imunitário pode ir-se abaixo e a pessoa
pode morrer.
História do tratamento
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I MA G EN S
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I MA G EN S
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53
I MA G EN S
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Notas
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Notas
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Apoio à acção comunitária contra o SIDA em países em vias de desenvolvimento
Outros livros em Compreender e confrontar o
estigma relacionado com o HIV: um manual para
passar à acção incluem:
Introdução
Como usar o manual
Módulo A
Dar um nome ao problema
Módulo B
Mais compreensão e menos medo
Módulo C
Sexo, moralidade, vergonha e culpa
Compreender
e confrontar
o estigma
relacionado
com o HIV:
um manual para
passar à acção
Módulo D
A família e o estigma
Módulo E
Cuidados domiciliários e o estigma
Módulo F
Lidando com o estigma
Módulo G
Tratamento e estigma
Módulo H
Homens que têm sexo com homens e o estigma
Módulo I
Crianças e estigma
Módulo J
Jovens e estigma
Módulo para passar à acção
Pensando acerca da mudança
Passando à acção
Desenvolvendo competências de advocacia
Livro de imagens
Imagens gerais sobre o estigma
Imagens de direitos
Livros adicionais serão publicados à medida que
se forem desenvolvendo novos módulos.
SDTP 05/08
MÓDULOS F e G
• Lidar com o estigma
• Tratamento e estigma