MINISTÉRIO DA SAÚDE

Transcrição

MINISTÉRIO DA SAÚDE
PTC 13/2013
PARECER TÉCNICO SOBRE
PROMOÇÃO DA ADESÃO
AO TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO ANTIHIPERTENSIVO
Brasília – DF
Maio/2013
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Departamento de Ciência e Tecnologia
PARECER TÉCNICO SOBRE PROMOÇÃO DA ADESÃO AO
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ANTI-HIPERTENSIVO
Porto Alegre
2013
Este estudo foi financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/MS) e
não expressa decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação no
Sistema Único de Saúde (SUS).
Informações
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos
Departamento de Ciência e Tecnologia
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 8º andar, Sala 852
CEP 70058-900, Brasília – Distrito Federal
Tel.: (61) 3315 3633
E-mail: [email protected]
[email protected]
Home Page: http://www.saude.gov.br/rebrats
Elaboração
Profa. Ângela Jornada Ben – Departamento de Saúde Coletiva UFCSPA
Leila Coffy – Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
Revisão Técnica
Prof. Dr. Airton Tetelbom Stein
Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição
Profa. Dra. Cristina Rolim Neumann
Departamento de Medicina Social UFRGS
Declaração de potenciais conflitos de interesse
Nenhum dos autores ou revisores recebe qualquer patrocínio da indústria ou
participa de qualquer entidade de especialidade ou de pacientes que possam ser
caracterizados como conflito.
RESUMO EXECUTIVO
Tecnologia
Abordagem Centrada na Pessoa
Caracterização da tecnologia
Esse parecer propõe avaliar o nível de recomendação da abordagem
centrada na pessoa em relação à adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo.
Perguntas
A abordagem centrada na pessoa promove a adesão ao tratamento
medicamentoso anti-hipertensivo?
Busca e análise de evidências científicas
A busca
abrangeu
estudos
observacionais,
experimentais,
revisões
sistemáticas e metanálises realizados em população de hipertensos adultos sem
limite de data. Os termos utilizados para as buscas foram: “hypertension”,
“adherence” AND “compliance” e “patient oriented care” AND “patient oriented”. As
bases de dados consultadas foram: PubMed, Biblioteca Cochrane, CRD web,
EMBASE, NICE, NHMRC, AHRQ e SIGN. Pela natureza da tecnologia avaliada,
heterogeneidade das definições e medidas de desfecho, e para melhor análise dos
estudos, optou-se por apresentar os resultados de forma descritiva.
Recomendação
Recomendação fraca a favor da abordagem centrada na pessoa como
intervenção que promove adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo.
Implicação dos resultados na prática clínica
Os estudos mostram a necessidade do profissional de saúde utilizar
métodos facilitadores na resolução dos problemas de não adesão, como abordagem
centrada na pessoa a fim de promover a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo e a consequente redução de eventos cardiovasculares agudos.
Implicações dos resultados na pesquisa
Há necessidade de se desenvolver pesquisas com delineamentos mais
robustos a respeito de intervenções que promovam a adesão ao tratamento
medicamentoso anti-hipertensivo.
População
Hipertensos
Intervenção
Abordagem Centrada na
Pessoa
Comparação
Atenção habitual
Desfecho
Adesão
Controle da pressão arterial
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 7
1.1 Bases de dados e estratégia de busca ........................................................................................................... 8
1.2 Critérios de seleção e exclusão ................................................................................................................... 10
1.3 Avaliação da qualidade da evidência .......................................................................................................... 10
1.4 Resultados dos estudos selecionados e interpretação dos resultados ....................................................... 10
2 ESTUDOS SELECIONADOS .........................................................................................................12
2.1 Patient-centred consultation and outcomes in primare care: a review of the literature [21] .................... 12
2.2 Patient centered primary care is associated with hypertension medication adherence [22] ..................... 13
2.3 A randomized trial to improve patient-centered care and hypertension control in underserved primary
care patients [23] .............................................................................................................................................. 14
2.4 Methods to improve medication adherence in patients with hypertension: current status and future
directions [24] ................................................................................................................................................... 15
2.5 Shared decision making in hypertension: the impact of patient preferences on treatment choice [25]... 16
2.6 Improving hypertension control in diabetes mellitus: the effects of collaborative and proactive health
communication [26].......................................................................................................................................... 17
2.7 The physician-patient working alliance [27] ............................................................................................... 18
2.8 Evaluation of ‘partnership care model’ in the control of hypertension [28] ............................................... 19
2.9 Does participatory decision making improve hypertension self-care behaviors and outcomes? [29]....... 20
2.10 Effective intervention strategies to improve health outcomes for cardiovascular disease patients with
low health literacy skills: a systematic review [30] ........................................................................................... 21
2.11 Contracts between patients and health care practitioners for improving patient’s adherence to
treatment, prevention and health promotion activities [31] ............................................................................ 21
2.12 Health and patient practitioner interactions: a systematic review [32] ................................................... 22
2.13 Shared decision-making with hypertensive patients. results of an implementation in germany [33] ..... 23
2.14 Manipulation of patient-provider interaction: discussing illness representations or action plans
concerning adherence [34] ............................................................................................................................... 24
3 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA
NOS ESTUDOS SELECIONADOS ...................................................................................................26
4 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR ADESÃO MEDICAMENTOSA NOS
ESTUDOS SELECIONADOS ............................................................................................................28
4.1 Contagem de comprimidos ......................................................................................................................... 28
4.2 Retirada de medicamentos na farmácia ..................................................................................................... 28
4.3 Teste de Morisky-Green – TMG .................................................................................................................. 29
4.4 Treatment Adherence Self-efficacy Measure – TASEM .............................................................................. 29
4.5 Medication Adherence Report Scale – MARS-5 .......................................................................................... 29
4.6 Brief Medication Questionnaire – BMQ ...................................................................................................... 30
4.7 Comparecimento às consultas .................................................................................................................... 30
5 RECOMENDAÇÕES SOBRE ADESÃO EM OUTROS PAÍSES ................................................31
6 RECOMENDAÇÃO .........................................................................................................................34
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................35
1 INTRODUÇÃO
A adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo está associada a
desfechos positivos em saúde, com menor mortalidade por acidente vascular
cerebral e infarto agudo do miocárdio em pacientes aderentes [1]. Entretanto,
aproximadamente 50% dos hipertensos apresentam controle inadequado da pressão
arterial que, em mais de dois terços destes, é atribuído a não adesão. O conceito de
adesão efetiva à terapia farmacológica é compreendido como a utilização dos
medicamentos prescritos em pelo menos 80% de seu total, observando horários,
doses e tempo de tratamento. Além disso, a adesão é um processo dinâmico e
multifatorial, determinado pela interação dos aspectos físicos, psicológicos, sociais,
culturais
e
comportamentais,
que
requer
decisões
compartilhadas
e
corresponsabilizadas entre a pessoa, a equipe de saúde e a sua rede social [2].
O Ministério da Saúde tem desenvolvido algumas ações de amplitude
populacional para atuar nos fatores relacionados à adesão , como a Estratégia de
Saúde da Família, e os programas Farmácia Popular, Saúde Não Tem Preço,
Academia da Saúde e Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Mas em âmbito local, os
profissionais de saúde têm dificuldade em abordar de forma efetiva a não adesão na
prática clínica.
Relativamente poucas pesquisas foram realizadas sobre os efeitos da
equipe e do sistema de saúde sobre a adesão. Mesmo assim, a impressão clínica
mostra que a boa relação médico-paciente pode melhorar as taxas de adesão.
A abordagem centrada na pessoa
[3]
é uma proposta de atendimento
personalizada e sistematizada em seis componentes, que tem por base a
consideração da perspectiva da pessoa que procura atendimento, suas expectativas,
medos e perdas funcionais e a importância de sua participação para o sucesso do
manejo clínico. Os três primeiros componentes englobam o processo da relação
entre a pessoa e o médico. Os três seguintes concentram-se no contexto dentro do
qual interage a pessoa que procura atendimento e o médico. Os componentes da
abordagem centrada na pessoa então descritos no Quadro 1.
Quadro 1 - Seis componentes interativos da abordagem centrada na pessoa
1. Explorando a doença e a experiência da doença
História clínica; exame clínico; exames laboratoriais
Dimensões da doença (sentimentos, idéias, efeito nas funções e expectativas)
2. Entendendo a pessoa como um todo
A pessoa (história de vida, questões pessoais e de desenvolvimento)
O contexto próximo (família, trabalho, rede de apoio social)
O contexto remoto (cultura, comunidade, ecossistema)
3. Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas
Elencar problemas e prioridades
Deixar claro os objetivos do tratamento e/ou manejo da doença
Estabelecer os papéis da pessoa atendida e do médico
4. Incorporando prevenção e promoção de saúde
Melhora nos aspectos relacionados à saúde
Identificar medidas factíveis de prevenção de riscos
Identificar medidas factíveis de redução de riscos
Identificar precocemente os sinais de doença
Identificar medidas factíveis de redução e manejo de complicações
5. Intensificando o relacionamento entre pessoa e médico
Escuta qualificada
Agir de forma empática
Ter consciência de si mesmo
Identificar transferências e contratransferências
6. Sendo realista
Administrar o tempo e timming*
Trabalhar em equipe e em rede
Administrar de forma sensata os recursos
*refere-se ao ritmo e ao tempo dados pelo médico à consulta de acordo com as necessidades da
pessoa atendida e dos problemas identificados. Corresponde ao momento adequado para realizar
intervenções, interromper, fazer humor, perceber as dicas verbais e não verbais dadas pelo
paciente. Adaptado de Stewart et AL.[3]
Fonte: elaborado pelo autor.
1.1 Bases de dados e estratégia de busca
A busca
abrangeu
estudos
observacionais,
experimentais,
revisões
sistemáticas e metanálises realizados em população de hipertensos adultos sem
limite de data. Os termos utilizados para as buscas foram: “hypertension”,
“adherence” AND “compliance” e “patient oriented care” AND “patient oriented”. As
bases de dados consultadas foram: PubMed, Biblioteca Cochrane, CRD web,
EMBASE, NICE, NHMRC, AHRQ e SIGN. As bases de dados e os termos de busca
utilizados para a pergunta deste parecer, bem como o número de artigos
encontrados e selecionados estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Número de estudos encontrados e selecionados nas bases de dados
conforme os termos de busca.
Base de dados
Termos de busca
Encontrados
Selecionados
Biblioteca cochrane
hypertension and adherence
576
20
hypertension and compliance
“patient care”
“patient oriented care”
“patient centred care”
1736
96
0
0
9
0
0
0
(hypertension) AND
(adherence) OR (compliance)
185
4
(((patient care) OR (patient
oriented care) OR (patient
centred care)) AND
((adherence ) OR compliance)))
127
5
(("hypertension"[MeSH Terms]
OR "hypertension"[All Fields])
AND (adherence[All Fields] OR
("patient compliance"[MeSH
Terms] OR ("patient"[All Fields]
AND "compliance"[All Fields])
OR "patient compliance"[All
Fields] OR "compliance"[All
Fields] OR "compliance"[MeSH
Terms]))) AND ((("patient
care"[MeSH Terms] OR
("patient"[All Fields] AND
"care"[All Fields]) OR "patient
care"[All Fields]) OR
(("patients"[MeSH Terms] OR
"patients"[All Fields] OR
"patient"[All Fields]) AND
oriented[All Fields] AND care[All
Fields])) OR (("patients"[MeSH
Terms] OR "patients"[All Fields]
OR "patient"[All Fields]) AND
centred[All Fields] AND care[All
Fields]))
'patient centered care' AND
'patient compliance' AND
'hypertension'
1292
(2000 – 2013)
30
845
25
hypertension and adherence
Adherence
(hypertension and adherence
and (patient-centered care)
(hypertension and adherence
and (patient-centered care)
hypertension and adherence
patient-centered care
adherence
57
314
47
1
2
1
26
0
24
4
16
0
0
0
CRD web da York
University
PubMed
EMBASE
NICE
AHRQ
SIGN
NHMRC
hypertension and adherence
patient-centered care
8
1
0
0
0
5346
97
1.2 Critérios de seleção e exclusão
Categoria
Critérios de Inclusão
Desenho do estudo
Revisões sistemáticas, ensaios clínicos controlados randomizados e
observacionais com metodologia robusta (análise de regressão
logística).
Hipertensos maiores de 18 anos.
Abordagem centrada na pessoa.
População
Intervenção
Desfechos
Adesão definida como utilização dos medicamentos prescritos em
pelo menos 80% de seu total, observando horários, doses e tempo de
tratamento e através de questionários validados.
Controle da pressão arterial sistêmica considerada menor ou igual a
140/90 mmHg.
Critérios de exclusão: os estudos que não preencherem os critérios de inclusão.
1.3 Avaliação da qualidade da evidência
Pela natureza das tecnologias avaliadas, heterogeneidade das definições e
das medidas de desfecho, e para melhor análise dos estudos, optou-se por
apresentar os resultados de forma descritiva. Os componentes da análise descritiva
são: objetivo, método, resultados principais, limitações e implicações para aplicação
do estudo na prática. A qualidade de evidência levou em conta o artigo de Guyatt G.
e colaboradores sobre evidências indiretas.
O conceito de informação indireta considera que a grande maioria dos
estudos apresentados nesse parecer técnico são pesquisas realizadas em países
com outros contextos clínicos, assim como a formação dos profissionais é diferente
daquela praticada nos serviços de saúde brasileiro. Ao realizar as recomendações
devem ser levadas em conta as circunstâncias em que o estudo foi realizado, as
medidas de desfecho e os métodos de seleção para os candidatos das intervenções.
1.4 Resultados dos Estudos Selecionados e Interpretação dos Resultados
Pergunta de pesquisa: O método clínico centrado na pessoa promove a adesão ao
tratamento medicamentoso anti-hipertensivo?
Para responder esta pergunta foram pesquisadas 8 bases de dados
resultando em 5.346 estudos. Quatorze estudos preencheram os critérios de
seleção. Estes estudos foram descritos e avaliados conforme os critérios sugeridos
por Guyatt G. e colaboradores. Ao final da análise, descrevemos os principais
instrumentos utilizados, nestes estudos, para mensurar o construto abordagem
centrada na pessoa e adesão. Além disso, acrescentamos uma seção sobre as
recomendações feitas em outros países em relação à abordagem centrada na
pessoa e adesão medicamentosa ao tratamento anti-hipertensivo.
Sumário da busca e seleção dos estudos
Total de estudos encontrados nas bases de dados
(n= 5.346)
Estudos selecionados pelo título
(n= 97)
Estudos selecionados
(n= 14)
Estudos excluídos
Não preencheram os
critérios de inclusão
(n= 83)
2 ESTUDOS SELECIONADOS
2.1 Patient-centred consultation and outcomes in primare care: a review of the
literature [21]
Objetivo: Identificar a definição do termo “patient-centred” utilizada nos estudos;
descrever os métodos utilizados para medir “patient-centred consultations” e a sua
relação com desfechos clínicos.
Método: Trata-se de revisão de literatura que selecionou estudos em língua inglesa
utilizando com termo de busca “patient-centred(ness)” no período entre 1969 e 2000.
Os autores utilizaram como critérios de inclusão os artigos que utilizavam medida
quantitativa para o construto “patient-centred(ness)”, artigos que incluíssem pelo
menos, entre os desfechos, satisfação do paciente e que fossem conduzidos em
atenção primária. Os autores utilizaram como critérios de avaliação dos estudos a
validade interna, externa e se os métodos utilizados nos estudos contemplavam os
componentes da abordagem centrada na pessoa definidos por Stewart et al. A
adesão foi avaliada através do método contagem de pílulas.
Resultados principais: Dois estudos selecionados apresentavam como desfecho a
adesão medicamentosa em hipertensos. Stewart et al encontrou maior percentual de
adesão medicamentosa em atendidos por médicos que utilizaram a abordagem
centrada na pessoa em relação aos que não utilizavam esta abordagem (57,8%
versus 34,5%, p≤0,05). Cecil e Killeen encontraram uma associação inversa entre
abordagem paternalista, adesão e satisfação do paciente (r= -0,26).
Limitações: Os estudos fizeram análise univariada não controlando as variáveis
confundidoras e não atingiram poder estatístico apresentando elevadas perdas. O
método contagem de pílulas para avaliação de adesão é pouco confiável. Foi
avaliada adesão medicamentosa em pacientes com doenças agudas e crônicas.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: A evidência existente sobre a
hipótese de que a abordagem centrada na pessoa melhora desfechos clínicos é
ambígua, a qualidade metodológica dos estudos é heterogênea e o padrão de
avaliações inconsistente.
2.2 Patient centered primary care is associated with hypertension medication
adherence [22]
Objetivo: Avaliar o cuidado orientado pelos atributos da atenção primária como
determinante de adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo.
Método: Estudo transversal realizado após dois meses (maio, 2005) de um estudo
de intervenção (TVHS) para promover o controle pressórico em 756 hipertensos
usuários do Veterans Affair Tenessee (VA). Os participantes responderam os
questionários Primary Care Assessment Survey (PCAS) e Patient Activation
Measure (PAM) enviado pelo correio. O PCAS avalia a orientação do serviço à
atenção primária com perguntas que abordam: acesso, integralidade, coordenação
do cuidado, habilidades em comunicação e confiança. O PAM avalia os quatro
conceitos de ação: acreditar que o papel da ação é importante, confiança e
conhecimento sobre ação, agir, manter-se centrado sob estresse. Durante 6 meses
foram registrados a quantidade de medicamentos anti-hipertensivos retirados na
farmácia da VA pelos participantes. Foi considerado aderente o participante que
retirasse ≥80% da medicação prescrita. Foi considerada pressão arterial alterada
≥140/90.
Resultados principais: O estudo mostrou uma associação entre a percepção de um
cuidado orientado à atenção primária, particularmente das habilidades em
comunicação do profissional, e a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo. Os autores definem habilidades em comunicação como cuidado
centrado no paciente. Eles fizeram uma análise exploratória de duas questões do
PCAS sobre a associação de habilidade em comunicação e adesão ao tratamento
medicamentoso anti-hipertensivo. A OR encontrada foi de 3,74 (IC95% 1,86 – 7,89)
e 5,7 (1,24 – 22,9). Quanto maior o escore de APS, maior a adesão. O risco relativo
dos pacientes aderirem ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo foi de 3,18
no quartil superior do escore PCAS em relação ao quartil inferior do escore PCAS
(IC95% 1,44 – 15,23). Não foi observada associação entre PCAS e controle da
pressão arterial.
Limitações: Amostragem feita por conveniência podendo ter selecionado os
pacientes mais aderentes. Perdas de 49,3%. Definição de abordagem centrada na
pessoa utilizada não contemplou os 6 componentes método definido por Stewart et
al. Não foi informada a intervenção realizada para melhorar controle pressórico no
ensaio clínico anterior ao estudo (TVHS). Conceito de adesão limitado pelo método
de aferição da adesão: retirada de medicamentos na farmácia.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Profissionais percebidos pelos
pacientes com maior orientação aos princípios da atenção primária e com
habilidades em
se comunicar podem melhorar a
adesão
ao
tratamento
medicamentoso anti-hipertensivo.
2.3 A randomized trial to improve patient-centered care and hypertension
control in underserved primary care patients [23]
Objetivo: Avaliar a efetividade da abordagem centrada no paciente, percebidos pelos
pacientes e médicos, comparado à intervenção mínima em grupos vulneráveis.
Método: Ensaio clínico randomizado realizado em 14 unidades urbanas de
atendimento comunitário em Baltimore, EUA, com seguimento de 3 a 12 meses
entre janeiro de 2002 a agosto de 2005. Quarenta e um médicos e 279 hipertensos
foram selecionados. A intervenção foi o treinamento dos médicos em habilidades de
comunicação, e treinamento dos pacientes feito por profissionais da saúde. As
medidas
utilizadas
foram
Physician
Communication
Behaviors,
onde
o
comportamento do médico era avaliado através da análise de consultas filmadas
conforme parâmetros do instrumento Roter Interaction Analysis System (RIAS). Os
médicos também foram avaliados pelos pacientes através do questionário Patient
Ratings of Physician´s Participatory Decision-Making Style (PDM). O envolvimento
do paciente no seu cuidado foi avaliado através do questionário Patient´s Perceived
Involvement in Care Scale (PICS). A Adesão foi avaliada através da auto-aplicação
do questionário Morisky – 4 itens pelos pacientes. Foi considerada pressão arterial
alterada ≥140/90, e ≥130/80 em pacientes diabéticos ou com insuficiência renal.
Resultados principais: A adesão e controle da pressão arterial não foram diferentes
entre os grupos avaliados. Entretanto, houve uma diminuição não significativa da
pressão nos hipertensos inicialmente não controlados atendidos pelos grupos que
receberam intervenção após 12 meses de seguimento:
Redução da pressão arterial após 12 meses de acompanhamento conforme o tipo de
intervenção utilizada nos grupos
Intervenção intensiva
Intervenção médica
Intervenção médica
Intervenção
paciente+médica
intensiva +
minima + intervenção
mínima
intervenção mínima
paciente intensiva
paciente+médica
paciente
Redução 13,2mmHg
Redução 10,6mmHg
Redução 16,8mmHg
Redução
2,0mmHg
P=0,14
P=0,07
P=0,27
Grupo de
referencia
Limitações: Numero elevado de perdas reduzindo o poder do estudo. Conceito de
adesão limitado pelo método de aferição da adesão: Questionário Morisk.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Intervenções que melhoram a
habilidades dos médicos em se comunicar e que ampliam a participação do paciente
no seu cuidado tendem afetar positivamente a comunicação centrada no paciente, a
percepção do paciente em relação ao seu cuidado e pode melhorar o controle da
pressão arterial em afro-americanos hipertensos não controlados.
2.4 Methodos to improve medication adherence in patients with hypertension:
current status and future directions [24]
Objetivo: Revisão sobre a efetividade dos métodos que promovem adesão
medicamentosa.
Método: Artigo de revisão que apresenta resultados de revisões e metanálises sobre
os métodos que promovem a adesão. A abordagem centrada na pessoa foi
considerada como intervenção e a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo como desfecho.
Resultados principais: O autor cita 5 artigos que mostram associação entre
abordagem centrada na pessoa e adesão medicamentosa. O autor ressalta que
ainda é incerta a melhor forma de se aferir adesão. Como resultado dos múltiplos
fatores que influenciam a adesão, uma abordagem centrada no paciente é
necessária para superar as barreiras à adesão.
Limitações: O artigo não detalha os critérios de seleção dos artigos e faz uma
análise descritiva dos estudos.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: São necessários mais estudos
que avaliem a efetividade da abordagem clínica centrada no paciente em promover
adesão ao tratamento medicamentoso.
2.5 Shared decision making in hypertension: the impact of patient preferences
on treatment choice [25]
Objetivo: Avaliar o impacto da preferência do paciente na tomada de decisão em
relação ao tratamento anti-hipertensivo, e a relação da tomada de decisão individual
e adesão ao tratamento e controle da pressão arterial.
Métodos: Estudo observacional com 52 hipertensos. Foi elaborada uma árvore de
decisão sobre as alternativas de tratamento e suas potenciais consequências em 5
anos. Essa árvore de decisão foi utilizada em consulta por dois clínicos para fins de
identificação da preferência do paciente pelo tratamento. A preferência do paciente
foi avaliada pelo método Standard Gamble. A adesão foi avaliada por 6 meses
utilizando como critério a renovação da prescrição das medicações neste período.
Resultados principais: Houve impacto na preferência do paciente em iniciar o
tratamento anti-hipertensivo quando recomendado. Mas não houve impacto da
preferência do paciente em iniciar tratamento na adesão ao tratamento antihipertensivo.
Limitações: Amostra pequena de pacientes, perdas elevadas (33%), o método
utilizado para avaliação da adesão não é confiável.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Considerar a preferência dos
pacientes pelo tratamento parece ter impacto na decisão de iniciar tratamento
quando indicado. Mais estudos em relação ao método utilizado para ajudar o
paciente a decidir sobre as alternativas a respeito de seu tratamento são
necessários.
2.6 Improving hypertension control in diabetes mellitus: the effects of
collaborative and proactive health communication [26]
Objetivo: Avaliar a associação entre a comunicação médico-paciente e o controle da
pressão arterial em diabéticos.
Métodos: Estudo transversal que avaliou a comunicação médico-paciente através de
questionários enviados pelo correio aos hipertensos e diabéticos afiliados ao serviço
de atenção primária DeBakey VA Medical Center in Houston de 2002 a 2005. Foram
utilizados questionários como o Patient Assessment of Chronic Illness Care Scale e
outros adaptados para avaliação das habilidades em comunicação. Para as medidas
de adesão foram utilizados questionários e os registros na farmácia.
Resultados principais: Tomada de decisão compartilhada (OR: 1,61 IC 95% 1,012,57) e comunicação pró-ativa com o próprio médico sobre os resultados anormais
de pressão arterial (OR: 1,89 IC 95% 1,10-3,26), tiveram associações independentes
com o controle da pressão arterial na regressão multivariada. O uso da comunicação
colaborativa dos clínicos ao definir os objetivos do tratamento teve um efeito total no
controle da hipertensão arterial de 0,16 (P ≤ 0,05), através dos seus efeitos diretos
sobre o estilo de tomada de decisão (β=0,28, P<0,001), e comunicação pró-ativa (β=
0,22, P< 0,01).
Limitações: Desenho do estudo transversal limita a avaliação de relações causais e
dos preditores do controle da pressão arterial. O número de perdas foi elevado. A
adesão foi medida através da análise dos registros da farmácia e do auto-relato.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: A boa comunicação médicopaciente pode facilitar a obtenção das metas pressóricas em diabéticos.
2.7 The physician-patient working alliance [27]
Objetivo: Avaliar a correlação entre a relação médico-paciente e a percepção da
utilidade do tratamento pelo paciente, da sua participação, adesão e satisfação em
relação ao tratamento.
Método: Estudo transversal onde foram recrutados 118 pacientes adultos via internet
em tratamento medicamentoso para doenças crônicas (hipertensão, diabetes, asma,
câncer e HIV/AIDS), estáveis, que consultaram o mesmo médico pelo menos por 3
vezes no último ano e uma vez no último mês. Para avaliar a aliança médicopaciente foi utilizado o questionário Working alliance inventory short-client form (CWAI), para avaliar a percepção da utilidade do tratamento foi utilizada a subescala
DiMatteo et al‟s. A adesão foi avaliada através de uma pergunta Treatment
Adherence Self-efficacy Mesasure. O questionário Medical outcomes study (MOS)
foi utilizado para avaliar o comportamento aderente e o Medical Patient Satisfaction
Questionnaire para avaliar a satisfação global em relação ao tratamento.
Resultados principais: O estudo mostrou correlação moderada a forte entre a aliança
médico-paciente e a percepção da utilidade do tratamento (r=0,63, p<0,001),
percepção de participação no tratamento (r=0,47, p,0,001) adesão (r=0,53, p<0,001)
e satisfação (r=0,83, p<0,001). A análise de regressão logística mostrou que aliança
médico-paciente é um fator preditor de adesão.
Limitações: A amostra do estudo foi de conveniência. A medida de adesão não é
confiável, pois pode superestimar a adesão. Foram estudadas várias doenças
crônicas juntamente.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: A aliança médico-paciente
baseada na participação do paciente na tomada de decisão em relação ao seu
tratamento está associada à adesão e à satisfação do paciente.
2.8 Evaluation of ‘partnership care model’ in the control of hypertension
[28]
Objetivo: Avaliar se a intervenção „partnership care model‟ promove adesão e
controle pressórico em pacientes hipertensos.
Método: Ensaio clínico randomizado que avaliou a efetividade da intervenção em 75
hipertensos de 23 centros rurais do Irão comparado com do grupo controle de igual
número. A intervenção „partnership care model‟ foi realizada em duas etapas: a
primeira constava de 4 encontros em grupo e a segunda de 11 encontros durante 1
ano. O Objetivo da intervenção foi promover a participação do paciente na tomada
de decisão em relação ao seu tratamento medicamentoso e não medicamentoso. Os
desfechos foram avaliados através da aplicação de questionários: Anxiety
questionnaire of Eshpil Burger; the short-form 36 questioner, questionnaire for
measuring the patients’ compliance.
Resultados principais: O grupo submetido à intervenção „partnership care model‟
apresentou taxa de adesão significativamente maior que o grupo controle (7,1 vs 5,1;
p<0,001).
Limitações: Análise univariada. Medida de adesão pouco confiável e não claramente
descrita no estudo.
Conclusão: A intervenção „partnership care model‟ foi efetiva em promover adesão e
controle pressórico em pacientes hipertensos.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: A participação do paciente na
tomada de decisão em relação ao seu tratamento e seu acompanhamento pode ser
útil em promover a adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo.
2.9 Does participatory decision making improve hypertension self-care
behaviors and outcomes? [29]
Objetivo: Avaliar a percepção do paciente em relação ao estilo do médico em
incentivar a sua participação na tomada de decisão (participatory decision making –
PDM) em relação ao seu tratamento. Explorar a associação entre PDM e autocuidado e desfechos em saúde.
Método: Estudo transversal que avaliou 554 hipertensos participantes do the
Veterans’ Study to Improve the Control of Hypertension. Para avaliar a PDM dos
médicos foi utilizado um questionário validado de 3 itens, o auto-cuidado do paciente
em relação ao seu tratamento foi avaliado através da presença de monitor
pressórico em casa e a freqüência de aferições. A adesão ao tratamento
medicamentoso foi avaliada através do questionário Morisky.
Principais resultados: Todos os participantes consideraram que seus médicos tinham
escore alto de PDM. Na análise ajustada, baixo escore PDM foi associado a baixa
razão de chances de ter um monitor pressórico em casa (OR=0,9 para cada 10
pontos a menos no escore PDM IC95% 0,83-0,98), mas não foi associado a menor
frequência de aferições da pressão em casa, adesão e controle da pressão arterial.
Limitações: As medidas utilizadas para avaliar a PDM e adesão não são confiáveis.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Promover a participação do
paciente na tomada de decisão em relação ao seu tratamento parece ser importante
para o auto-cuidado dos pacientes.
2.10 Effective intervention strategies to improve health outcomes for
cardiovascular disease patients with low health literacy skills: a
systematic review [30]
Objetivo: Identificar intervenções que melhoram desfechos cardiovasculares em
pacientes com baixo nível de instrução.
Método: Revisão sistemática que avaliou 7 estudos clínicos randomizados e 2 não
randomizados
que
avaliaram
as
seguintes
intervenções:
aconselhamento
personalizado, auto-monitoramento e lembretes periódicos (periodic reminders). Os
desfechos incluíram adesão medicamentosa, satisfação, hospitalização ou morte.
Resultados principais: Dois estudos, Morrow et al. (2007) e Murray et al. (2007)
mostraram melhora na adesão medicamentosa quando a forma de uso das
medicações foi abordada diretamente. Cinco estudos avaliaram as estratégias para
melhorar a interação médico paciente e a participação na tomada de decisão e
mostraram melhora na adesão e auto-cuidado.
Limitações: As medidas de adesão e da interação médico-paciente utilizadas pelos
estudos não ficaram claras na revisão. Os estudos consideraram definições de
doenças cardiovasculares diferentemente.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: A interação médico paciente
pode melhorar a adesão. São necessários estudos adicionais para avaliar essa
intervenção.
2.11 Contracts between patients and health care practitioners for improving
patient’s adherence to treatment, prevention and health promotion
activities [31]
Objetivo: Avaliar a efetividade do contrato entre médico e paciente na adesão ao
tratamento medicamentoso.
Método: Revisão sistemática Cochrane que selecionou 21 ensaios clínicos que
avaliaram a efetividade do contrato entre médico e paciente com diferentes doenças
no período entre 1963 a 2004. Foi definido como contrato qualquer abordagem
verbal ou escrita que especificasse noções sobre tratamento e compromisso com a
adesão ao tratamento. A adesão foi avaliada através do comparecimento às
consultas.
Principais resultados: Dois estudos selecionados avaliaram a associação entre
contrato médico-paciente e adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo.
O estudo de Hoelscher mostrou que a adesão foi menor no grupo onde foi usado o
contrato. Em outro estudo, Swain mostrou que poucos participantes descontinuaram
o tratamento após o estabelecimento de contrato em relação ao grupo que não
contratou a adesão ao tratamento.
Limitações: A medida da adesão não é confiável.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Há limitada evidência de que
estabelecer contrato verbal ou escrito com o paciente promova a adesão.
2.12 Health and patient practitioner interactions: a systematic review
[32]
Objetivo: Avaliar o efeito dos diferentes aspectos da interação entre profissional de
saúde e paciente nos desfechos em saúde.
Método: Revisão sistemática Cochrane que selecionou 26 ensaios clínicos
randomizados que avaliaram a efetividade da interação entre profissional e paciente
com diferentes doenças no período entre 1966 a 1999. A interação entre profissional
de saúde e paciente considerou a avaliação dos pensamentos e crenças do paciente
em relação à doença e a eficácia do tratamento, avaliação dos aspectos emocionais
do paciente e da forma como o profissional se comunicou com o paciente. O
desfecho foi pressão arterial controlada ≤ 140/90 mmHg.
Principais resultados: Em relação à hipertensão, somente dois dos 8 estudos
selecionados encontraram diferença significativa na pressão arterial quando
abordado as expectativas do paciente em relação ao seu tratamento. A adesão não
foi aferida.
Limitações: Medida da interação profissional de saúde e paciente não confiável.
Adesão não foi avaliada. Baixa qualidade dos estudos.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Mais pesquisas e com melhor
qualidade são necessárias para avaliar se a interação entre profissional de saúde e
paciente pode melhorar os desfechos em saúde.
2.13 Shared decision-making with hypertensive patients. results of an
implementation in germany [33]
Objetivo: Avaliar se a decisão compartilhada resulta em maior envolvimento do
paciente com seu tratamento e o seu impacto no controle pressórico.
Método: Ensaio clínico com 84 hipertensos alemães divididos em dois grupos. O
grupo com 45 hipertensos que recebeu a intervenção (decisão compartilhada) foi
comparado ao grupo controle que recebeu o cuidado habitual. Foram aplicados
questionários sobre a autonomia do paciente, sobre o processo de decisão
compartilhada, qualidade de vida, relação médico paciente e mudanças no estilo de
vida.
Principais resultados: Após um ano a pressão arterial reduziu em ambos os grupos.
No subgrupo de pacientes com maior escore de decisão compartilhada houve
significativa diminuição dos níveis pressóricos.
Limitações: Não foi aferido o desfecho adesão.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: A implementação da decisão
compartilhada teve um efeito significativo em reduzir níveis tensionais no subgrupo
com maior escore.
2.14 Manipulation
of
patient-provider
interaction:
discussing
representations or action plans concerning adherence
illness
[34]
Objetivo: Avaliar a associação entre o primeiro e o terceiro componente da
abordagem centrada na pessoa e adesão ao tratamento anti-hipertensivo.
Métodos: ensaio clínico randomizado que abrangeu 108 hipertensos e dez médicos
de família e comunidade alocados em 3 grupos: Condição (0) – cuidado usual;
Condição(1) e Condição (2).Na condição (0) os dez médicos não haviam recebido
treinamento. Na Condição (1), cinco dos dez médicos foram treinados em
habilidades sobre como abordar a representação da hipertensão para o paciente. Na
condição (2) os restantes 5 médicos foram treinados em habilidades para discutir o
plano de tratamento com o paciente. Imediatamente após a consulta e 30 dias após
a intervenção, os pacientes preencheram os seguintes questionários: “global health
status measure”, “Illness perception questionnaire”, the beliefs about medicines
questionnaire (BMQ), Stages of change readiness and treatment eaggerness scale
(SOCRATES) e MARS-5. O MRS-5 avalia a adesão medicamentosa e às
modificações do estilo de vida. As variáveis foram testadas através da análise
multivariada da variância tendo como referencial o modelo auto-regulatório da
experiência com a doença de Leventhal o qual assume que os pacientes têm idéias
e planos pré-concebidos em relação ao manejo de sua doença.
Principais resultados: Não houve associação entre as intervenções e a adesão
medicamentosa imediatamente após a consulta e após um mês da mesma. Os
autores concluíram que apenas o conhecimento sobre a doença não é suficiente
para modificar o hábito de aderir ao tratamento medicamentoso, mas diminui a
preocupação com os efeitos adversos das medicações. Enquanto que discutir o
plano de ação aumenta sua preocupação sobre os efeitos adversos de
medicamentos, mas melhora a adesão às modificações do estilo de vida.
Limitações: Foi realizada apenas um consulta de intervenção de 15 minutos. Medida
da adesão não confiável. O controle da pressão arterial não foi medido como
desfecho.
Implicações para aplicação deste estudo na prática: Geralmente os médicos não
consideram as idéias dos pacientes em relação à sua doença e ao seu tratamento.
Os pacientes, por sua vez, também não expressam explicitamente sua aversão à
tomada de medicamentos. Mesmo quando os pacientes expõem sua opinião, esta
não é explorada pelos médicos. Isso pode resultar em ruídos na comunicação entre
médico e paciente inviabilizando um tratamento efetivo. Assim, os autores sugerem
uma combinação de intervenções para abordagem do paciente.
3 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR A ABORDAGEM CENTRADA NA
PESSOA NOS ESTUDOS SELECIONADOS
Os estudos analisados neste parecer utilizaram métodos diferentes para
mensurar a abordagem centrada na pessoa. A heterogeneidade dos métodos pode
comprometer a validade interna e externa dos estudos.
1.
PPACP - Patient Perception of Patient-Centeredness. O questionário é composto
por 14 itens que avaliam três dos seis componentes da abordagem centrada na
pessoa. Trata-se da uma medida (escore) da percepção do paciente quanto a
abordagem centrada na pessoa.[7]
2.
PCAS – Primary Care Assessment Survey. O questionário é composto por 51
itens e mede 7 características da atenção primária à saúde que incluem
avaliação da relação médico paciente (qualidade da comunicação, confiança do
paciente, conhecimento do médico a respeito de seu paciente, tratamento
personalizado).[8]
3.
PAM – Patient Activation Measure. Questionário composto por 22 itens. O PAM
avalia os quatro conceitos de ação: acreditar que o papel da ação é importante,
confiança e conhecimento sobre ação; agir; manter-se centrado sob estresse.[9]
4.
RIAS – Roter Interaction Analysis System. Software que avalia as habilidades de
comunicação dos profissionais de saúde através de consultas filmadas. [10]
5.
PDM – Patient Pating of Physician‟s Participatory Decision-Making Style.
Questionário de 3 itens que avalia a percepção dos pacientes em relação ao
estilo médico em promover a decisão compartilhada.[11]
6.
PICS – Patient‟s Perceived Involvement in Care Scale. Questionário autoaplicado que avalia como o paciente percebe sua atitude e participação no
tratamento.[12]
7.
PACICS – Patient Assessment of Chronic Illness Care Scale. Questionário com
20 itens que avalia a abordagem do paciente com doenças crônicas nos serviços
de saúde.[13]
8.
C-WAI – Working Alliance Inventory Short-Client form. Escala com 12 itens que
avaliam a relação medico paciente.[14]
4 MÉTODOS UTILIZADOS PARA MENSURAR ADESÃO MEDICAMENTOSA NOS
ESTUDOS SELECIONADOS
4.1 Contagem de comprimidos
A contagem de comprimidos foi utilizada como medida de adesão ao
tratamento medicamentoso anti-hipertensivo no estudo Patient-Centred consultation
and outcomes in primare care: a review of the literature descrito neste parecer
técnico. É um método que requer colaboração do paciente, é trabalhoso e o paciente
deve retornar ao serviço de saúde com todos os frascos ou caixas vazios
dispensados na prescrição anterior. A correlação entre controle da pressão arterial e
número de pílulas ingeridas poderia ser usada como bom marcador de adesão. O
fato de um indivíduo apresentar boa adesão ao tratamento, avaliada por contagem
de pílula, não significa que ele fez uso dos comprimidos. Está bem reconhecido o
fato de que o paciente pode ter retirado o comprimido do frasco sem, no entanto,
ingerir o medicamento.[15]
4.2 Retirada de medicamentos na farmácia
A taxa de retirada de medicamentos na farmácia pelos pacientes maior ou
igual a 80% do total prescrito foi utilizada como medida de adesão nos estudos
Patient centered primary care is associated with hypertension medication adherence,
Shared decision making in hypertension: the impact of patient preferences on
treatment choice e Improving Hypertension Control in Diabetes Mellitus descritos
neste parecer técnico.
Um sistema de saúde que usa registros médicos eletrônicos e uma
dispensação de medicamentos informatizada pode fornecer informações objetivas
sobre as taxas de retirada das medicações as quais podem ser usadas para avaliar
se um paciente está aderindo ao regime e para corroborar as respostas do paciente
às perguntas diretas ou a questionários. Um problema com essa abordagem é que
obter o medicamento não garante seu uso. Além disso, essa informação pode ser
incompleta, pois os pacientes podem usar mais de uma farmácia para retirar suas
medicações ou os dados podem não ser rotineiramente e/ou adequadamente
registrados.[15]
4.3 Teste de Morisky-Green – TMG
Este questionário foi utilizado como medida de adesão ao tratamento em
dois estudos descritos neste parecer técnico: A Randomized Trial to Improve PatientCentered Care and Hypertension Control in Underserved Primary Care Patients e
Does Participatory Decision Making Improve Hypertension Self-Care Behaviors and
Outcomes?
O Teste de Morisky-Green é composto por quatro perguntas que objetivam
avaliar o comportamento do paciente em relação ao uso habitual do medicamento. O
paciente é classificado no grupo de alto grau de adesão, quando as respostas a
todas as perguntas são negativas. Quando uma a duas respostas são afirmativas, o
paciente é classificado no grupo de média adesão e se três ou quatro respostas são
afirmativas é classificado no grupo de baixa adesão. No estudo original, o TMG
apresentou uma sensibilidade de 43,6% e especificidade de 81% tendo sido
validado numa população de hipertensos acompanhados por 5 anos considerando
como padrão ouro o controle da pressão arterial.[16]
4.4 Treatment Adherence Self-efficacy Measure – TASEM
Esta medida de adesão foi utilizada no estudo The physician–patient working
alliance descrito neste parecer técnico. Foi solicitado aos participantes do estudo
que eles indicassem o nível de concordância (de 1 a 5) ou como eles sentiam sua
participação em relação ao tratamento prescrito pelo médico.[17]
4.5 Medication Adherence Report Scale – MARS-5
Este questionário auto-aplicável foi utilizado no estudo Manipulation of
patient-provider interaction: discussing illness representations or action plans
concerning adherence. É composto por 5 itens que avaliam o comportamento não
aderente do paciente.[18]
4.6 Brief Medication Questionnaire – BMQ
O BMQ foi utilizado no estudo Manipulation of patient-provider interaction:
discussing illness representations or action plans concerning adherence. O
questionário é formado por 11 itens divididos em três domínios que propõem
identificar barreiras à adesão avaliando o regime de tratamento medicamentoso
prescrito, as crenças e a recordação em relação ao tratamento medicamentoso na
perspectiva do paciente. A sensibilidade e especificidade conforme os domínios
regime, crença e recordação no estudo original foram respectivamente: S=80%;
E=100%; S=100%; E=80%; S=40%; E=40%.[19]
4.7 Comparecimento às consultas
Essa medida de adesão foi utilizada no estudo Contracts between patients
and health care practitioners for improving patient’s adherence to treatment,
prevention and health promotion activities. O comportamento de assiduidade às
consultas pode estar associado a uma melhor taxa de controle da pressão arterial e
de uma melhor aderência ao tratamento medicamentoso. [20] Entretanto, trata-se de
uma medida pouco confiável.
5 RECOMENDAÇÕES SOBRE ADESÃO EM OUTROS PAÍSES
As diretrizes clínicas do National Institute for Health and Care Excellence
(NICE) são recomendações para o tratamento e cuidados de condições específicas
na Inglaterra e no País de Gales. Foram desenvolvidas pelo National Collaborating
Centre for Primary Care, que trabalhou com um grupo de profissionais da saúde,
pacientes e cuidadores na elaboração das recomendações, finalizadas após
consulta pública. A essência dessas recomendações são a boa comunicação entre
profissionais de saúde e pacientes, e o envolvimento do paciente nas decisões
sobre seu tratamento. A avaliação da adesão é recomendada não para monitorar
pacientes, mas sim para descobrir se os pacientes precisam de mais informação e
auxílio. Entre as intervenções para aumentar a adesão estariam: o apoio ao paciente
para tornar mais efetivo o uso de seus medicamentos na forma de mais informações
e discussão, mudanças práticas no tipo de medicamento ou regime de tratamento,
sempre consideradas individualmente, e a revisão de medicamentos. A boa
comunicação entre os profissionais de saúde é necessária para assegurar que a
fragmentação de cuidados não ocorra.[.35]
O relatório Adherence to Long-term Therapies – Evidence for Action (Adesão
ao Tratamento de Longa Duração – Evidência Para Ação), faz parte do trabalho
Adherence to Long-term Therapies Project lançado em 2001 pela Noncommunicable
Diseases and Mental Health Cluster of the World Health Organization da
Organização Mundial da Saúde. No capítulo sobre hipertensão, aborda a adesão ao
tratamento medicamentoso relacionando-a a tolerabilidade, complexidade do regime,
efeitos colaterais, diminuição das doses diárias, monoterapia e poucas mudanças no
medicamento. Em um dos estudos avaliados são apontados os seguintes
promotores da adesão: aconselhamento médico, apoio da família para o
monitoramento da tomada de medicamento e sessões de grupo com um assistente
social. Outros estudos utilizaram: programa educacional para enfatizar a importância
do tratamento adequado e a aferição da pressão arterial em casa. Estudos
relacionaram o tratamento de pacientes por enfermeiros especialmente treinados, o
aconselhamento
comportamental
realizado
por
enfermeiros e
mesmo
sua
intervenção com a melhora na adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo. Outro estudo testou o efeito do trabalho em equipe de médicos e
farmacêuticos no controle da pressão arterial. O relatório também relaciona a
adesão a fatores demográficos como idade e escolaridade, compreensão do
paciente sobre a doença, o modo do prestador de cuidados administrar o tratamento,
a relação entre paciente e profissionais de saúde, e a complexidade dos regimes de
tratamento. Porém faltam evidências para apoiar qualquer intervenção específica
para melhorar a adesão. O relatório recomenda então que os profissionais devem
ser treinados para abordar o paciente de forma construtiva, sem julgamento e para a
seleção racional dos medicamentos.[36]
A versão de 2012 do Guia Europeu para Prevenção de Doenças
Cardiovasculares na Prática Clínica (European Guidelines on Cardiovascular Disease
Prevention in Clinical Practice) foi desenvolvida pela Sociedade Européia de
Cardiologia e sociedades de prevenção de doenças cardiovasculares. O guia
questiona a causa da não adesão ao tratamento medicamentoso pelos pacientes em
um capítulo dedicado à adesão, e usando evidências classificadas como fortes,
aconselha a avaliação médica da adesão ao tratamento medicamentoso com o
objetivo de adaptar as intervenções às necessidades individuais do paciente, a
redução da dosagem de medicamento para o menor nível aceitável, monitoramento
constante e feedback, e terapias comportamentais no caso de persistir a não adesão.
O guia faz recomendações para a promoção adesão à medicação como: fornecer
informações claras sobre os benefícios e possíveis efeitos adversos da medicação,
bem como a duração e o tempo de administração; considerar os hábitos e
preferências dos pacientes; reduzir a dosagem de medicamentos para o menor nível
possível; perguntar aos pacientes de forma não julgadora como o medicamento
funciona para eles e discutir possíveis razões para a não-adesão, como efeitos
colaterais, ou outras preocupações; implementar monitoramento constante e
feedback; no caso de falta de tempo, introduzir os médicos assistentes ou enfermeiros
treinados sempre que o seu necessário e viável; e na não-adesão persistente,
oferecer várias sessões ou intervenções comportamentais combinadas. 37]
A Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) desenvolve relatórios
e avalia tecnologias para orientar a tomada de decisão das organizações públicas de
sáude e do setor privado nos Estados Unidos. Em 2004 lançou a coleção Fechando
a Lacuna de Qualidade: Uma Análise Crítica das Estratégias de Melhoria da
Qualidade (Closing the Quality Gap: A Critical Analysis of Quality Improvement
Strategies), que resumiu estratégias, áreas de atuação e prioridades relacionadas a
atenção dos pacientes com problemas crônicos de saúde. O relatório elencou as
seguintes intervenções para promover a adesão ao tratamento medicamentoso antihipertensivo: o uso de blisters de medicamentos, a gestão de processos, os
cuidados colaborativos, educação e apoio comportamental, a educação oferecida
pelo farmacêutico, educação com apoio social e comunicação de risco. Porém para
nenhuma das estratégias pesquisadas foram encontrados estudos com nível de
evidencia adequado para que sua indicação tenha força.[38]
Respeitados os diferentes contextos em que os pareceres foram elaborados
e mesmo direcionados para populações diversas, surgem tendências comuns em
suas investigações, que convergem para uma atenção ao paciente com muitos
pontos em comum com a abordagem centrada na pessoa.
6 RECOMENDAÇÃO
Recomendação fraca a favor da abordagem centrada na pessoa como
intervenção que promove adesão ao tratamento medicamentoso anti-hipertensivo.
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