Historia - ufpr - 2a fase

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Historia - ufpr - 2a fase
PROVA COMENTADA PELOS
PROFESSORES DO CURSO POSITIVO
Vestibular UFPR 2012/2013 - 2ª Fase
CURSO
HISTÓRIA
COMENTÁRIO DA PROVA DE HISTÓRIA
Tudo o que se espera de uma prova de História esteve presente nesta avaliação: questões claras e
bem fundamentadas; abrangentes em relação ao programa; relevantes e atuais, explorando textos,
imagens, charges; respeitando a preparação séria e dedicada dos alunos. Enfim, um primor. Sem
reparos. Parabéns à comissão elaboradora. Temos uma referência para ser perseguida nos anos
vindouros.
Professores de História do Curso Positivo
Resolução:
Muito boa questão estabelecendo relações entre o Império Romano e o Império Bizantino.
Em 330, o imperador Constantino fundou uma cidade nova, onde existira a colônia megariana de
Bizâncio. Nascia Constantinopla. Depois de Constantino, diante de declínio de Roma, Constantinopla
tornou-se a cidade mais importante do Império decadente. Em 395, Teodósio dividiu o Império em
Ocidental e Oriental. A parte Ocidental caiu diante das invasões bárbaras; já a parte Oriental sobreviveu
até 1453. Foi o Império Romano do Oriente que foi chamado de Império Bizantino.
O Império Bizantino foi em certos aspectos o Império Romano continuado. O imperador continuou até
1453, a ser chamado de “imperador dos romanos”. No Direito, na administração, no Exército e por um
determinado tempo no idioma uma sobrevivência do Império dos Césares. A diferença principal é que
Bizâncio tornou-se uma monarquia cristã e Oriental e não Ocidental e pagã como fora o Império Romano.
Há que se destacar que no século VII assistiu-se à substituição definitiva de tudo que subsistia de romano
e de latino pelo grego e o bizantino. A língua latina desapareceu mesmo dos atos oficiais. Os próprios
títulos do imperador mudaram.
Os títulos romanos – Imperador Caeser Augustus – foi cedendo lugar para o vocábulo grego basileus
perante o grego basileus.
Em síntese, Bizâncio foi sucessora da Grécia e da Roma antigas; esse império de mil anos foi a ponte
entre os mundos antigo e moderno. Sem Bizâncio, as obras de Homero e Heródoto, Platão e Aristóteles,
Sófocles e Eurípides não teriam sobrevivido.
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Resolução:
Boa questão sobre as Cruzadas.
Os soldados de Cristo referenciados no texto de Bernardo de Claraval eram os combatentes dos diversos
exércitos formados pelos cristãos do Ocidente – incentivados pelo Papa – para libertar a Terra Santa que
estava em poder dos muçulmanos.
Vários fatores contribuíram para que houvesse esta contraofensiva dos cristãos diante do expansionismo
islâmico.
Eis os principais: o aumento da população europeia; o direito de primogenitura; o costume de
peregrinações a Jerusalém; a “legitimidade” da guerra contra os infiéis; o pedido de ajuda dos bizantinos e
a intensa religiosidade que existia no mundo medieval.
As consequências foram diversas. Destaquemos as principais:
• a curto prazo, elas ajudaram a Europa a atenuar as constantes desordens. Contudo, favoreceram manifestações de antissemitismo e empobreceram muitos daqueles que partiram para a Terra Santa.
• Contribuiu para que, a médio prazo, fossem intensificadas as relações comerciais entre o Ocidente e o
Oriente. Por outro lado, seus custos consideráveis estiveram na origem das cobranças permanentes de
impostos por reis e papas.
• A longo prazo, além do seu fracasso militar – os cristãos não conservaram as terras conquistadas – elas
acentuaram a ruptura entre cristãos e muçulmanos, bem como entre católicos e ortodoxos. Segundo o
historiador Peter Demant, as Cruzadas “envenenaram as relações entre Ocidente e Oriente”.
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Resolução:
Ótima questão sobre um tema que tratamos “ipsis literis” na revisão de véspera.
Renascença: ato ou efeito de renascer. Diz-se do movimento que nos séculos XV e XVI renovou a ciência,
a literatura e outras artes, pelo estudo e aplicação dos princípios da Antiguidade greco-latina.
As transformações econômicas e sociais que ocorreram na época, tais como: a expansão comercial
europeia; a formação dos Estados nacionais Modernos; o Mercantilismo; o Absolutismo; as grandes
navegações e a ascensão da burguesia influenciaram para que ocorresse um conjunto de mudanças na
cultura ocidental que passou mais tarde a ser sintetizada pelo termo “Renascimento”.
De uma forma didática, podemos citar diversas características atribuídas pelos historiadores ao
Movimento Renascentista. Eis as principais: desenvolvimento do indivíduo; a razão humana exaltada
pelos humanistas; antropocentrismo; secularismo hedonismo; aperfeiçoamento do autodomínio e o
aparecimento de uma cultura de imprensa.
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Contudo, há que se destacar a advertência feita por Peter Burke:
“Mais importante ainda porém, é o fato de quase todas as características atribuídas ao Renascimento
poderem ser encontradas na Idade Média, com a qual tantas vezes é confrontado. A simplista oposição
binária entre a Idade Média e o Renascimento, conveniente para efeitos expositivos, é, em muitos
sentidos, gravemente enganadora...”
(BURKE, Peter. Renascimento. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2008, p. 95).
Resolução:
Excelente questão relacionando História Antiga e Moderna.
Os ingleses se identificaram com a cidade de Atenas que era uma potência marítima, enquanto Esparta
era uma potência terrestre.
A Guerra do Peloponeso, que durou 27 anos (de 431 a 404 a.C.), opôs a Liga de Delos, liderada por
Atenas contra a Liga do Peloponeso liderada por Esparta.
Provocada por incidentes menores, a guerra foi uma reação de diversas cidades gregas diante do
estabelecimento da hegemonia ateniense no mar Egeu. Tucídides, em sua “História da Guerra do
Peloponeso”, destacou que o conflito assumiu a aparência de um confronto ideológico entre os
democratas de Atenas e os oligarcas partidários de Esparta, que acabaram vencendo o conflito.
O conflito enfraqueceu as Cidades-Estado da Grécia, abrindo caminho para a conquista macedônica.
Conforme destacou a historiadora Claude Mossé, a guerra acirrou os antagonismos entre ricos e pobres
ao acumular ruínas e destruições. Democratas e oligarcas enfrentavam-se por toda parte em lutas
sangrentas.
Em síntese, a Guerra do Peloponeso constituiu a virada mais importante da história da Grécia antiga,
especialmente da democracia ateniense, que viu germinar ideologias antidemocráticas, com destaque
para pensadores como Xenofonte, Isócrates e principalmente Platão.
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Resolução:
Ótima relação entre Bolívar (falecido em 1830) e os atuais “Bolivarianos”. Parabéns a quem elaborou a
questão.
Diversos líderes se apropriaram do discurso bolivariano, reivindicando a história, para dar perspectivas às
linhas de atuação política. Como a obra de Bolívar, com mais de trinta volumes, sobre temas diversos, não
fica difícil extrair textos para enxertá-los em discursos atuais.
A atual “ideologia bolivariana” é um coquetel de aspirações e desejos, não é um projeto. Bolívar era um
homem fortemente influenciado pela Revolução Francesa imbuído de conceitos como “Liberdade,
Igualdade e Fraternidade”; já o Presidente Chávez se revela anti-imperialista e advoga a necessidade de
se construir o “socialismo do século XXI”. Há que se destacar que Bolívar foi um homem de formação
iluminista, enquanto a ideologia socialista foi forjada após a morte do libertador. O único ponto de
convergência entre os ideais bolivariano e o discurso chavista seria a unidade latino-americana. Um outro
destaque que pode levar a uma relativa similaridade dos discursos – apesar do contexto diferente – é a
sensibilidade social dos dois personagens. Em uma época que não se falava em abolição da escravatura.
Bolívar era favorável à libertação dos escravos. Quanto a Chávez, em uma época que parecia que o
neoliberalismo havia triunfado, suas políticas sociais tiraram milhões de pessoas da miséria, fazendo que
o IDH da Venezuela melhorasse substancialmente.
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Resolução:
Boa questão. Trabalhamos uma questão parecida na Revisão de Véspera.
Diversos fatores contribuíram para a descolonização da Ásia e da África. Eis os principais.
• Movimentos nacionalistas. Os nacionalistas queriam expulsar os colonizadores, para formarem governos constituídos por elementos de suas nacionalidades.
• Os efeitos da Segunda Guerra Mundial: enfraquecimento das potências colonialistas europeias; africanos e asiáticos adquiriram consciência de questões políticas e sociais como resultado de seu envolvimento na guerra; algumas potências europeias durante a guerra incentivaram os povos das colônias a
terem expectativa de independência; a Carta de Atlântico de 1941; e depois a Carta da ONU (que estabeleceram que “todos os povos deveriam ter o direito de escolher sua própria forma de governo”). A
ONU tomou firme posição contra o colonialismo.
• As pressões externas sobre as potências colonialistas, oriundas da União Soviética e dos Estados Unidos.
Para Marc Ferro, a troca de soberania consistiu em que os novos países atrelaram-se às novas potências
mundiais: Estados Unidos ou União Soviética, ou então continuaram atrelados economicamente as
antigas metrópoles.
Resolução:
A segunda década do século XX foi marcada, notadamente em face do surto industrial, por manifestações
operárias de grande vulto. O ano de 1917, no Brasil, ficou conhecido como o “Ano Vermelho”. As principais
reivindicações foram de ordem mais laboral que política, com destaque para o aumento dos salários e
melhores condições de trabalho. A presença dos imigrantes europeus foi expressiva na liderança desse
movimento, graças à experiência de muitos nas lides europeias e a disseminação das ideias anarquistas.
O governo agiu com violência, particularmente contra os imigrantes. Os ganhos foram mínimos e até a era
Vargas a questão operária foi considerada um “caso de polícia”.
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Resolução:
A estrutura latifundiária somada aos cálculos assédios da seca provocaram um despovoamento dos
sertões nordestinos. Muitos empregados das fazendas de gado ficavam a vagar e, armados, passaram a
atacar pequenos povoados. Surgem assim os primeiros bandos de cangaceiros: João Calangro e
Inocêncio Vermelho foram dois de seus primeiros líderes. O movimento foi crescendo e os bandos
passaram a acolher desde despossuídos até desacatados, ganhando a aura de justiceiros. Muitos destes
cangaceiros usavam parte dos despojos de seus crimes como bônus distribuídos com os vilarejos,
reforçando uma certa mística de “Heróis”. Lampião foi o nome mais expressivo, permanecendo no
cangaço por 20 anos. Na verdade, porém, o cangaço sobreviveu enquanto interessava às lideranças
locais. Com o avanço do estado, na era Vargas, e o avanço das estradas e centros urbanos, o movimento
foi sendo asfixiado até o fim do último bando, o de Corisco, em 1940.
Resolução:
A Independência, em 1822, atendeu a interesses das elites do RJ, SP e MG. Tanto o Sul quanto o Norte
não se identificavam de imediato com o Imperador e, diante dos problemas provocados, primeiro com o
fechamento da Constituinte e depois com a abdicação, várias revoltas de caráter separatista irromperam,
como a Confederação do Equador, em PE, a Sabinada, na Bahia e, principalmente, a Farroupilha, no RS e
SC. Com a maioridade, em 1840, D. Pedro II leva uma década para acomodar estes interesses
contrariados e reprimir os excessos populares. Com o Parlamentarismo, em 1847, abrindo espaço de
poder para as elites regionais, finalmente a consolidação da unidade territorial foi possível.
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Resolução:
A presença dos EUA na economia brasileira é sentida ao longo de todo o século XX, da política de
investimentos em rodovias do Governo Washington Luís até as montadoras de automóveis do Governo
JK; da política de boa-vizinhança dos anos 40 até a associação explícita durante o regime militar.
Pequenos incidentes ou breves períodos de afirmação nacionalista, como a questão nuclear do Governo
Geisel ou a Petrobras de Vargas não invalidam esse raciocínio. Com o Governo Lula e, agora, com a
Presidenta Dilma, o multilateralismo ganhou força e novas potências, principalmente a China, vêm criando
polos de atração econômica. Mas os EUA continuam como nosso principal parceiro comercial.
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