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XLV CONGRESSO DA SOBER
"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
PERFIL DA OVINOCULTURA DE LÃ E CARNE DO RIO GRANDE DO
SUL E SEUS DESAFIOS PARA O FUTURO
ROBERTA CALVETE; LUIS HUMBERTO VILLWOCK.
UNISINOS, SÃO LEOPOLDO, RS, BRASIL.
[email protected]
APRESENTAÇÃO ORAL
SISTEMAS AGROALIMENTARES E CADEIAS AGROINDUSTRIAIS
Perfil da Ovinocultura de Lã e Carne do Rio Grande do Sul e seus desafios
para o futuro
Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais
Resumo
Este estudo investiga o perfil da cadeia produtiva de ovinos de carne e de lã do Rio grande do
Sul, assim como seus desafios para o futuro, a partir da percepção dos principais agentes
envolvidos. Desta forma, procura-se avaliar as perspectivas de mercado, avaliando as
estratégias comerciais adotadas pelos produtores rurais e o seu relacionamento com os demais
agentes da cadeia produtiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório
descritivo, no qual foram feitas entrevistas seguindo um roteiro semi-estruturado, junto a
produtores e beneficiadores, definidos através de uma amostra não-probalística por tipicidade.
Para facilitar a análise dos dados, utilizou-se o programa QSR Nvivo 2.0, específico para a
análise qualitativa de dados. Os resultados alcançados revelam que há uma desorganização da
cadeia produtiva como um todo, destacando-se a falta de profissionalização dos agentes, o
que se traduz na carência de estratégias comerciais, administrativas e tecnológicas aptas a
explorar o potencial do mercado nacional e internacional atual, sobretudo, com relação à
exploração do segmento dedicado à produção de carne. Outros entraves identificados foram: o
roubo de animais e a falta de segurança no campo; o avanço das lavouras temporárias, que
competem em área; o avanço tecnológico do uso de fibras sintéticas e artificiais, em
substituição à lã; o recrudescimento das barreiras sanitárias e falta de infra-estrutura local; e,
finalmente, a falta de políticas de crédito condizentes com a remuneração do setor. Em suma,
necessita-se urgente da retomada na modernização da gestão da cadeia produtiva, iniciando
pelo controle mais eficaz da produção agropecuária e culminando por ações mais integradas
Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,
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junto aos demais agentes da cadeia produtiva, a exemplo de outras cadeias congêneres, como
aves e suínos.
Palavras-chaves: Ovinocultura, Comercialização, Estratégias, Análise da cadeia.
Abstract
This study investigates the profile of the productive chain of ovine meat and wool in Rio
Grande do Sul, as well as, its challenges for the future, from the perception of the main
involved agents. Thus, we sought to analyze market perspectives, evaluating commercial
strategies adopted by rural producers and their relationship with other agents of the productive
chain. It is a qualitative research, with a descriptive and exploratory character, in which
interviews following a semi-structured route were made with producers and people who
beneficiate ovine; they were selected through a non-probable sample. To make the analysis of
data easier, it was used the program QSR Nvivo 2.0, which is specific for qualitative analysis
of data. The results revealed that there is a disorganization in the productive chain as a whole,
being highlighted the lack of professionalization of agents, what shows the necessity of
commercial, administrative and technological strategies, which should be able to explore the
potential of the current national and international markets, above all, the exploration of the
segment dedicated to the production of meat. Other identified hindrances were: the robbery of
animals and the lack of security in the field; the advancement of temporary farming which out
compete in area; the technological advancements of synthetic and artificial fibers, in
substitution to the wool; the intensification of sanitary barriers and the lack of local infrastructure; and, finally, the lack of credit policies suitable to the remuneration of the sector. To
sum up, it is urgently need the retaking in modernization of the productive chain management,
starting by a more efficient control in cattle breeding and agriculture production and
culminating in more integrated actions with other agents in the productive chain, following
the example of other congeners’ chains, as poultry and swine.
Key Words: ovine production, marketing, strategies, chain analysis
1. INTRODUÇÃO
A ovinocultura é uma das atividades mais antigas praticadas no Rio Grande do Sul,
sobretudo na região do Pampa (região de campos e coxilhas). Fortemente dedicada à
produção de lã, proveniente da criação de raças laníferas, o estado, pouco a pouco, observou o
declínio desta importante atividade econômica, na medida em que materiais sintéticos
passaram a compor boa parte das necessidades da indústria têxtil internacional, oferecendo
matéria-prima mais barata e de fácil adaptação às exigências do mercado.
De acordo com Batalha (1997) e Zylbersztajn e Neves (2000), o conceito de
agribusiness provém de duas abordagens teóricas, Commodity System Approach (CSA),
proveniente da escola americana e de analyse du filières, de origem da escola industrial
francesa. Para este estudo, adota-se o conceito de agronegócio como sendo uma sucessão de
atividades produtivas, interligadas entre si, desde a produção de insumos, setor agropecuário,
beneficiamento e distribuição de alimentos e biomassa, visando atender as necessidades
reveladas pelos consumidores finais.
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Este trabalho tem como finalidade demonstrar como se apresenta a ovinocultura
remanescente no Rio Grande do Sul, orientada pelas novas demandas do mercado,
destacando-se, mais recentemente, uma forte vocação para a produção de carne.
A produção de carne ovina no país e em particular, na região sul é bastante favorável,
devido às condições climáticas e de solo, entre outros fatores. Entretanto, a atividade necessita
de uma organização que possibilite aumentar sua competitividade, uma vez que a produção
atual não supre a demanda, tendo havido importações de outros países; inclusive da longínqua
Nova Zelândia. Desta forma, a lã ainda mantém boa parte do setor, tornando esse mercado
irregular e com pouca disponibilidade ao longo do ano. A carne ovina possui problemas de
sazonalidade e baixa qualidade, devido à genética de seus rebanhos produtores (ROCHA et
al., 2004).
O país tem pouca competitividade no mercado internacional, além de apresentar
dificuldades para suprir a atual demanda interna sem recorrer a contínuas importações. Esta
situação é evidenciada pela baixa qualidade da carne produzida, pelos altos custos e pela
baixa escala de produção, pela assistência técnica e gerencial deficientes, elevados custos de
transporte, regulamentação excessiva e obsoleta, assim como pelas altas taxas de juros
(NOGUEIRA FILHO et al., 2004).
Tem que se quebrar paradigmas e mitos referentes à criação de ovinos, os produtores
ainda acham que a criação de ovinos não lhes confere status, sendo relegada a uma atividade
de menor importância. Apesar do consumo de carne nos grandes centros urbanos ainda ser
muito baixo, a carne ovina possui crescente aceitação. O consumidor atual é muito exigente
quando se fala em qualidade e preço, fazendo que a cadeia produtiva necessite de sintonia de
mercado e, sobretudo competitividade (PILAR et. al,2004).
O objetivo dessa pesquisa foi verificar como é o perfil do produtor ovino no estado e
sua interface junto à indústria de beneficiamento da lã, como para a industrialização da carne.
Desta forma, procura-se caracterizar o mercado e a comercialização do setor de ovinocultura
do Rio Grande do Sul; avaliar quais as estratégias comerciais estão sendo adotadas; e
descrever a forma de relacionamento entre produtores e os demais agentes desta cadeia
produtiva.
2. A CADEIA DE PRODUÇÃO DE OVINOS
A carne ovina no mundo assume uma função social relevante, pois é fonte de proteína
de origem animal para diversas regiões do globo. A raça de ovinos de corte inserida em
regiões produtora de grãos, de frutas e de erva-mate tende a diminuir os custos da produção,
pois os ovinos reciclam os nutrientes através dos seus dejetos e transformam os resíduos da
lavoura em carne (ROCHA et. al., 2004).
De uma forma geral, a criação de ovinos se desenvolve de forma extensiva, com
baixos níveis de tecnologia, produtividade e rentabilidade. Para competir no mercado mundial
à atividade produtiva necessita de padrão racial, difusão tecnológica, assistência técnica e
gerencial, estudos de mercados, capacitação dos produtores e sua articulação com os demais
atores da cadeia produtiva. O alto custo do material genético, abates clandestinos, carência de
laboratórios especializados e a baixa qualidade das peles fazem com que os produtores
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releguem a criação de ovinos a um segundo plano, pois os resultados são de difícil obtenção.
(PILAR et. al, 2004)
A produção de carne ovina apresenta como maiores produtores mundiais: China, no
entanto seu volume de consumo interno absorve toda a oferta abatida; seguida da Austrália e
Nova Zelândia, que representam juntas 74% das exportações mundiais. Logo após encontramse a Turquia, Irã e Reino Unido. Vale observar que a França e o Reino Unido importam um
quarto do total da produção de ovinos no mundo. Observando-se a atividade de produção de
lã, verifica-se que a mesma está distribuída em cinco grandes grupos: o primeiro formado pela
China (20% de toda a produção ovina); o segundo, formado pela Austrália e Nova Zelândia
(8%); o terceiro composto por Irã (4,5%), Reino Unido (3,9%), Turquia (3,7%) e Espanha
(3%); em quarto lugar, África do Sul, França, Estados Unidos, Mongólia e Grécia (acima de
1%); e o último grupo é formado pelo Brasil, Itália e Irlanda (com menos de 1%) (ROCHA et.
al., 2004).
Outro aspecto importante a destacar refere-se ao fato de que todos os produtos
derivados de lã, de excelente qualidade no mundo, devem possuir um selo de garantia de
qualidade da Woolmark Company. Esta marca está registrada em mais de 140 países, sendo
que a mesma encontra-se licenciada em 65 países produtores. O símbolo chama-se Woolmark
sendo um selo de garantia de qualidade atribuído a todos os produtos que são feitos
exclusivamente com lã nova e estão em conformidade com as rígidas normas de qualidade
estabelecidas pela empresa. Os tecidos e confecções só poderão ostentar o selo de qualidade
após passar por testes realizados pelo Secretariado Internacional da Lã. Tendo passado pelos
mais rigorosos testes e adquirido o selo, os clientes podem ter a segurança de que estão
levando um produto da mais alta qualidade (WOOLMARK COMPANY, 2005).
A exportação de lã pode ser realizada de duas formas: estado bruto ou produtos
manufaturados (tops, fios e tecidos); abastecendo indústrias da Inglaterra, Alemanha e Itália
principalmente, gerando uma média de US$ 80 milhões por ano e uma produção de 35
milhões de quilos. No entanto esta demanda não vem crescendo, pois com a expansão das
fibras sintéticas ocorreu uma retração do consumo mundial de lã, pois se formaram amplos
excedentes da fibra o que fez com que houvesse queda dos preços e drástica redução do
efetivo ovino mundial (COIMBRA FILHO, 2005).
No caso específico brasileiro, no entanto, percebe-se que vem ocorrendo uma
evolução na produção, abate e peso das carcaças (o país é considerado o 15º produtor
mundial). Os responsáveis por esse crescimento destacam-se entre outros, a melhoria de
pastagens, a alimentação e os investimentos na genética dos rebanhos. Todavia ainda há
alguns limitantes para a ampliação produtiva deste setor, destacando-se à dificuldade em
aquisição de crédito e o custo financeiro dos financiamentos.
No que tange a distribuição geográfica de ovinos no Brasil constata-se que, no ano de
2002, o nordeste é região maior produtora, com uma média de 48,14% da produção nacional;
seguida, pela região sul com 41,98%. As regiões sudeste, norte e centro oeste possuem
respectivamente 3,10%, 2,31% e 4,44% (EMBRAPA, 2002).
A ovinocultura de corte do Brasil ainda é pouco desenvolvida devido a sua exploração
extensiva no qual são utilizadas raças não especializadas; a dependência da vegetação nativa;
práticas ainda rudimentares de manejo; pouca assistência técnica, gestão e organização da
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unidade produtiva. O mercado tradicionalmente tem sido abastecido com animais de peso
vivo entre 28 e 30 kg aos 150 e 180 dias de idade (VERISSIMO, 2005).
O consumo do povo brasileiro ainda encontra restrições devido a sazonalidade do
produto (concentrando a safra de cordeiros ao final do ano) e a baixa qualidade do produto,
pois são abatidos rebanhos produtores de lã ou lã/carne. O Brasil é um dos importadores de
cordeiro (carne) do Uruguai, podendo comprometer o emergente mercado de carne ovina
brasileiro. O consumo per capita de carne de ovinos no Brasil gira em torno de 0,7kg, na
Argentina em torno de 1,7kg e no Uruguai 12kg. Vale lembrar que no Rio Grande do Sul
consome-se aproximadamente 2,5kg, porém, em Uruguaiana, Livramento e Alegrete passa de
31kg, enquanto que na Patagônia (Argentina) outra zona produtora, o consumo fica em torno
de 11kg (ROCHA et. al., 2004).
Outro ponto importante seria a variação dos sistemas de produção viável para cada
tipo de região, clima e solo brasileiro. Os rebanhos ovinos do Brasil representam apenas 1,7%
do efetivo mundial. Levando-se em conta a extensão territorial brasileira, bem como as
condições edafoclimáticas adequadas ao desenvolvimento da ovinocaprinocultura, os
rebanhos são numericamente inexpressivos, especialmente quando relacionados com a criação
de bovinos, cujo efetivo nacional é da ordem de 160 milhões de cabeças (NOGUEIRA
FILHO et. al., 2004).
Apesar disso, para que o desenvolvimento ocorra com maior brevidade, ações
conjuntas envolvendo o poder público, a iniciativa privada e os demais parceiros devem ser
implementadas buscando a integração de todos os segmentos da cadeia produtiva. Para que se
consiga imperar neste mercado globalizado, necessita-se desenvolver projetos cooperativos
(NOGUEIRA FILHO et. al., 2004). Logo, as disputas entre produtores e abatedouros não
podem chegar a ponto de gerar desabastecimento dos pontos de venda ou descuido na
qualidade, sob pena de o consumidor desistir de adquirir este produto e procurar um produto
alternativo (carne de frango, por exemplo).
Na última década, a indústria de carne de ovinos deixou de se caracterizar como
mercado de subsistência e passou, em âmbito nacional, a ser considerado mercado de carnes
exóticas, tendo como clientes em potenciais: grandes redes de supermercados, restaurantes e
hotéis, lojas de conveniências, etc. A questão promocional assume grande importância, o
marketing inicialmente deve se concentrar conforme as classes sociais (CARVALHO, 2004).
A maciez, suculência e o sabor determinam a qualidade da carne. Estas
características estão relacionadas com o diâmetro médio das fibras musculares.
Diâmetros elevados indicam maior proporção de massa muscular branda e relação
ao tecido conjuntivo (ROCHA et. al., 2004, pg.10).
Particularmente no Rio Grande do Sul, de acordo com Coimbra Filho (2005), devido a
crescente demanda por produtos ovinos, o número de empresários dispostos a investir na
ovinocultura vem aumentando novamente. Esta atividade apresenta uma larga história no
estado. No início do século 20 a ovinocultura era inexpressiva, desprotegida, incipiente e
desorganizada, sendo sua carne utilizada para consumo das próprias estâncias e os pelegos
como arreios, cama e cobertor. Com a 1ª Guerra Mundial, houve aumento do preço da carne e
lã devido os conflitos que os países estavam passando. A partir de 1915, houve melhoria da
qualidade dos ovinos e sua exploração tornou-se mais lucrativa e apreciável. Neste mesmo
ano, surgiram as “Barracas” que nada mais eram do que locais depósitos e transação de lã. A
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disseminação no Rio Grande do Sul da ovinocultura foi realizada pelos barraqueiros.
(BOFILL, 1996)
Após as três ultimas décadas: anos 70, 80 e 90; em que a ovinocultura teve
respectivamente sua glória/ascensão, torna-se necessário pensar a respeito de mudar o foco no
intuito de recuperar sua importância no cenário econômico regional. Para ser economicamente
sustentável a ovinocultura necessita gerar excedente de produção. Aspectos antes pouco
valorizados, como; segurança, higiene, qualidade e confiabilidade, especialmente no setor de
alimentos, são cada vez mais importantes na decisão de compra. Sendo assim, deve-se
identificar melhor o perfil do potencial consumidor.O conceito de competitividade em cadeias
produtivas agropecuárias deve considerar o conceito estabelecido por Porter (1990), no qual
compete-se por diferenciação, baixo custo e/ou foco. Para produtos com maior valor
agregado, a competitividade é estabelecida a partir da crença em relação a sua diferenciação.
Para cadeias baseadas em commodities, a competitividade é estabelecida principalmente por
baixos custos, permitindo lucro mesmo com preços baixos (CASTRO, 2000).
Para se estudar as cadeias produtivas, necessita-se de compreensão do todo, seguindo
um enfoque sistêmico, os quais participam todos os segmentos da cadeia formando elos desse
processo. A seguir apresenta-se o fluxograma da cadeia produtiva de ovinos, que será
utilizado para ilustrar os resultados alcançados durante a pesquisa. (ver figura 1)
Figura 1: Cadeia Produtiva de Ovinocultura de Lã e Carne
Fonte: Nogueira Filho et. al. (2004), adaptado.
3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório descritivo, Malhotra
(2001) e (GIL, 1999), uma vez que se propõe a compreender o posicionamento da população
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investigada a partir da visão dos principais agentes do setor de ovinocultura do Rio Grande do
Sul (pecuaristas, técnicos da área, representantes de indústrias processadoras de carne e de lã
e representantes do governo). O estudo foi dividido em duas etapas, em primeiro lugar,
procurou-se, através de pesquisa bibliográfica (Lakatos e Marconi,1990), coletar dados
referentes à estrutura produtiva, situação geográfica e econômica, principais mudanças que
vêm ocorrendo, tanto no aspecto de inovações tecnológicas, como na situação social, e de
perspectivas futuras, junto ao setor de ovinocultura.
Em um segundo momento, procurou-se entrevistar os agentes representativos do setor,
segundo definição de uma amostra não probabilística, por tipicidade, de acordo como que
descreve ROESCH, (1999) e (LAKATOS; MARCONI, 1990). A amostra escolhida para a
pesquisa caracterizou-se por produtores e beneficiadores da cadeia produtiva da ovinocultura
de lã e carne do Rio Grande do Sul, conforme quadro 1 a seguir.
PRODUTORES
FEDERAÇÕES
Lã
Carne
Lã
Carne
ASSOCIAÇÕES
Lã
Carne
ARCO
INDÚSTRIA
DE LÃ
CADEIA PRODUTIVA ENTREVISTADA
José Luis Pons
Davi Fontoura Martins
FECOLÃ ( Federação das Cooperativas de Lã)
Presidente – Álvaro Lima da Silva
Gerente geral – Cláudio Haussen de Souza
FEBROCARNE (Federação Brasileira de Criadores de Ovinos de Carne)
Diretor Técnico – Eduardo Amato Bernhard
Associação Brasileira de Criadores da Raça Ideal
Presidente – Mário Soares Piegas
Associação Brasileira de Ovinos Hamshire Down
Diretor Técnico – Wilson Belloc Barbosa
Associação Brasileira de Criadores de Ovinos
Técnico zootecnista – Claiton de Almeida Severo
Vice-Presidente da ARCO e 1º vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de
Corriedale – Carlos Alberto Teixeira
Paramount Têxteis
Diretor da Divisão de Tops – Cláudio Bortolini
Ateliê Têxtil em Dom Pedrito
Coordenador – Pedro Gonçalves Filho
Quadro 1: Cadeia produtiva selecionada para entrevista
Fonte: Elaborado pelos autores
Nesta etapa, a técnica utilizada para a coleta de dados consistiu em entrevistas semiestruturadas, realizadas por abordagem direta (MALHOTRA, 2001). A coleta de dados foi
realizada durante a Expointer (Feira Internacional de Agropecuária de Esteio/RS), no período
de 28/08/2005 à 04/09/2005. Foram feitas entrevistas com 11 representantes da cadeia
produtiva, representantes da ovinocultura de carne e lã. As entrevistas foram feitas dentro dos
estandes de cada associação, federação e indústria e todos elas gravadas para posteriormente
realizar suas transcrições.
A análise do estudo foi realizada através da análise de conteúdo (ROESCH, 1999).
Segundo Tavares dos Santos (2004), para facilitar a análise dos dados utilizou-se do software
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QSR NUDIST Vivo 2.0, no qual consiste em um sistema de indexação e teorização sobre
informações qualitativas de última geração. Para Dwyer (2001), o Nvivo permite a
catalogação automatizada de palavras em linguagem natural, imagens, conceitos e
codificações desenvolvidas pelo pesquisador. Desta forma, a análise foi feita da seguinte
forma: 1º passo – fez-se a transcrição de todas as entrevistas em formato “rtf”; 2º passo – para
melhor identificar o que era pergunta e resposta separou-se em duas cores, vermelha para as
respostas e azul para perguntas; 3º passo – foi criado um projeto no Nvivo e inserida cada
entrevista na pasta documentos; 4º passo – dividiu-se a análise por objetivos; 5º passo – fez-se
um a busca geral em todos os documentos de texto com uma determinada seqüência de
caracteres (palavras e frases) que corresponderam a cada questionamento do referencial
teórico. E outra, em cada categoria previamente codificada por entrevistado (lã e carne); 6º
passo –todas as busca foram distribuídas por objetivo que correspondiam; e 7º passo – a
partir daí, uniu-se cada “nós” da árvore com a fundamentação teórica para realizar a
análise dos resultados. A seguir, as figuras 2, 3 e 4 apresentam os modelos de cada análise.
Mercado e a Comercialização 1
Identificação dos Entrevistado 1.1
Rio Grande do Sul 1.5
Car ne 1.2.1
Visão do Cenário 1.2
O v inos 1.2.5
Comercialização 1.4
M er cado N acional e Int er nacional 1.2.4
Lã 1.2.2
Comentários Extras 1.3
M er cado E st adual 1.2.3
Figura 2: Análise do Objetivo: Mercado e Comercialização
Fonte: Elaborado pelos autores
Análise Sw ot 2.1
Estartégias Comerciais 2
Marketing 2.10
Ameaças 2.1.1
O por t unidades 2.1.4
Consumidor Final 2.9
Pont os Fort es 2.1.2
Posicionamento 2.3
Comentários Extras 2.8
Comercialização 2.5
Pont os Fracos 2.1.3
Valor 2.3.2
Pr eço 2.3.1
Imagem 2.7
N ichos e segmentação 2.3.3
Estartégias 2.2
Compet ição 2.2.1
M udanças 2.2.2
comercialização 2.5.1
Satisfação do cliente e Valor 2.6
Vantágens Competitivas Sustentáve 2.4
Figura 3: Análise do Objetivo: Estratégias Comerciais
Fonte: Elaborado pelos autores
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Exploração Ovina e Cadeia produtiva 3
Exploração Ovina 3.3
Cadeia Produtiva 3.1
N ichos e S egment ação 3.1.5
Carne 3.3.2
Lã 3.3.1
Relacionamento 3.1.4
Cadeia P rodutiva 3.1.1
E xplor ação O vina 3.1.3
Comentários Extras 3.2
Consumidor Final 3.1.2
Figura 4: Análise do Objetivo: Cadeia produtiva e Exploração Ovina
Fonte: Elaborado pelos autores
Técnicas de coleta de dados qualitativas não permitem que sejam feitas generalizações
para a população-alvo a partir dos resultados encontrados na amostra (MALHOTRA, 2001),
todos os dados encontrados nas entrevistas representam a visão da ovinocultura da cadeia
produtiva entrevistada. Esta perspectiva não pode ser generalizada para os demais agentes e
elos.
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados obtidos, a partir das entrevistas e do tratamento dos dados, são
apresentados em três grandes blocos de questões, a começar pela percepção de mercado,
seguido das estratégias adotadas e finalmente pela forma de governança atual da cadeia
produtiva.
4.1 Percepção de mercado
4.1.1 Mercado Internacional
Nas entrevistas obtidas confirmou-se que o mercado e comercialização de ovinos de
carne e lã têm como maiores produtores e ofertantes, a Austrália, Nova Zelândia e África do
Sul. Porém, países como a Rússia e a China, também são grandes produtores, mas seu
mercado interno tem uma demanda muito grande, fazendo que estes importem.
Cláudio Haussen de Souza, gerente geral da FECOLÃ, afirma:
“É a situação atual do mercado internacional pelo menos no que tange no aspecto lã
nós temos uma demanda superior do que a oferta, nós temos uma oferta reduzida em
função da diminuição dos rebanhos no mundo inteiro, pelo desestímulo que houve
em termos de preço os produtores acabaram [...]. No cenário nacional eu te diria que
tem basicamente duas situações, a ovinocultura do Nordeste do Brasil voltada
exclusivamente à produção de carne e peles para a indústria de couro através de
raças de ovinos deslanados. Diferente da segunda situação, a ovinocultura do Sul do
Brasil e pelo Sul se compreende São Paulo para baixo [...]. A situação regional
exclusiva do Rio Grande de Sul é a seguinte nós temos tido nos últimos tempos uma
redução gradual do rebanho por desestimulo dos produtores em função dos baixos
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preços que tem sido praticado nos últimos anos. Então aconteceu parecido com o
fenômeno que houve também na Austrália que acabaram migrando para outras
atividades como a produção de arroz”, carne bovina, alguns até para a produção de
uvas/vinhedos, [...]. Estão se tentando através de várias políticas, vários programas
de incentivo tentar fomentar um pouco mais esse aumento, essa volta ao rebanho
ovino; que as pessoas voltem a criar mais ovelha. Mas se tem a consciência que se
perdeu muito nesse meio tempo, tanto em material humano quanto em material
genético dos animais. As instalações também foram um pouco prejudicadas, as
pessoas não fizeram manutenções nas suas instalações, fazendo com que então
ficassem desatualizadas e muitas delas até nem existem mais, [...].”
A demanda de carne ovina, principalmente por países da Europa e árabes, é muito
grande, sendo que alguns países da América do Sul como, Argentina e Uruguai (grandes
exportadores de carne) não conseguem abastecer os mesmos.
Coimbra Filho (2005) revela que a lã pode ser exportada de duas formas: estado bruto
ou manufaturado, somente a Paramount exporta manufaturado, mas mesmo assim, mais em
forma de tops do que em tecidos. Ou seja, tecidos muito finos ela importa a lã fina produzindo
o tecido para depois revender. Segundo Ucha (2005), houve um aumento do preço da carne
ovina colocando-a na lista de carnes exóticas. Porém, a falta de oferta de ovinos foi
ocasionada pela diminuição dos rebanhos e à crise internacional da lã.
Para José Luis Pons, produtor de lã entrevistado:
“Historicamente sempre teremos ciclos tanto na ovinocultura como na grande
maioria dos produtos agropecuários, ou seja, quando os preços melhoram, a
produção é automaticamente incrementada o que resulta numa maior oferta e
concomitantemente baixam os preços. Essa oscilação de preço e produção chama-se
de preços cíclicos”.
4.1.2 Mercado Nacional
Carvalho (2004) relata que o produto nacional só poderá atingir o mercado
internacional se atender exigências de qualidade, quantidade de oferta, padronização do
produto. As associações relataram que as produções ovinas, principalmente de carne, estão
em franca expansão em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Espírito
Santo e, nem tanto, no estado do Rio Grande do Sul. O estado se encontra no quinto ou sexto
lugar da federação em número de ovinos e precisa, pelo menos, triplicar a produção nos
próximos 10 anos para atender somente o mercado interno e mais de 10 anos para exportar. O
Brasil importa 90% do que consome de carne de cordeiro. No mercado interno, consegue-se o
preço do quilo/carcaça de cordeiro em torno de U$ 1,00 e U$ 1,20. Isto ainda é pouco, ao
verificar que em países como Japão e o mercado americano, atendidos pela Austrália e Nova
Zelândia, o preço do cordeiro chega até U$ 2,20 e U$ 2,50 do quilo vivo.
Já a respeito da produção de lã o Brasil produz 1% da produção mundial, sendo o Rio
Grande do Sul produtor de 90% da lã, pois. Outros estados, como Bahia, São Paulo e Minas
Gerais produzem ovinos deslanados. O consumo interno de lã no país gira aproximadamente
20%. Os restantes 80% da lã vai para a Europa no qual sempre vem o preço regulado pelo
mercado internacional.
Para Carvalho (2004), as áreas populacionais habitadas por maior poder aquisitivo
vêm apresentando uma crescente demanda por carne ovina, com cortes padronizados e
comercializados de forma congelada e resfriada. Através da análise pode-se perceber que: os
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consumidores das grandes capitais já sabem o animal que querem e também recorrem a suas
marcas prediletas; há mais aceitação nos restaurantes, bons hotéis e festas das grandes capitais
pelo seu uma carne de sabor diferenciado; de natureza exótica, tem larga aceitação em
momentos diferenciados, assim sendo, ela tornou-se mais cara. Porém, ainda encontra-se uma
certa resistência pelo desconhecimento quanto ao preparo, haja vista, que tradicionalmente
este tipo de carne se utiliza na forma de churrasco.
De acordo com Pilar et. al. (2004), a ovinocultura só será economicamente sustentável
se gerar excedente de produção, processamento e distribuição. Pode-se constatar que a cadeia
produtiva esta desorganizada, falta fomento aos agropecuaristas que produzem cordeiros para
abate, assim eles aumentam a produção, a qualificam com cruzamentos e reduzem o tempo do
animal nas fazendas.Em contrapartida, há excelente genética, bom padrão dos animais, boa
qualidade e animais produtivos.
Rocha et. al. (2004) diz que o consumo brasileiro encontra restrições devido a
sazonalidade do produto e a baixa qualidade, pois são rebanhos de lã ou carne/lã. A
Associação de Criadores de Ideal está fazendo uma pesquisa juntamente com a Universidade
de Santa Maria, para provar a qualidade da carne de seus animais (raças de duplo propósito).
4.1.3 Mercado Estadual
De acordo com Coimbra Filho (2005), a expansão das fibras sintéticas acarretou numa
retração do consumo mundial de lã. Foi relatado, que há uma retomada na venda de lãs
através da forma de artesanato; sendo que, para o mercado nacional e estadual são feitos os
mesmos tipos de produtos, diferenciando apenas o público e no mercado internacional. No
ano de 2006, na Expointer, foi montado um espaço próprio para o artesanato de lã, para
incentivar mais a produção de produtos oriundos da lã. Existe o problema do aparecimento
das fibras sintéticas e artificiais e a resistência que o Brasil tem a respeito da lã, pois devido
ao clima do norte, nordeste e centro este as pessoas associam a lã ao clima frio. Todavia hoje
são feitos lãs chamadas frias, ou seja, são produzidas em lanificações objetivando uma
diminuição das finuras das fibras, que se fazem com que tecidos leves, tipo tropical possuam
micronagem muito finas. São usados nos ternos de muito boa qualidade e produzidos pela
Parmount, que importa da Austrália, pois o Brasil ainda não produz esse tipo de lã.
Todos os entrevistados, abordaram sobre a falta qualificação da mão-de-obra para
trabalhar com os ovinos, uma vez que, tem-se pouco cuidado no manejo com os animais e no
processo de esquila e na mistura (se junta partes medulosas com as partes tiradas dos lugares
nobres). Conforme Bofill (1996), há falta de comprometimento do produtor ovino, com a
esquila e a mistura de lãs.
4.2 Percepção das estratégias comerciais
Após análise de todas as entrevistas, constatou-se que quem mais utiliza estratégias
dentro da cadeia produtiva de ovinocultura são as indústrias como política geral acompanhar
as tendências mundiais, de fazer produtos de alta qualidade, permanecendo nos mercados
através da mesma e a formação e manutenção de parcerias. Para o restante da cadeia fala-se
apenas em qualificação da produção e qualidade do produto e buscar o que o consumidor
efetivamente quer.
Para Montgomery (1998), conceitua estratégia como sendo a busca de um plano de
ação para que a vantagem competitiva de uma empresa se desenvolva e se ajuste. Hamel e
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Prahalad (1995) abordaram sobre o problema da transformação organizacional na qual as
mudanças de topografia de alguns setores mudaram mais rápido do que a capacidade da alta
gerência de reformular suas crenças e premissas básicas sobre que mercados atingir. Após a
crise da lã e o surgimento da ovinocultura de carne, a cadeia produtiva brasileira percebeu que
suas técnicas já estavam ultrapassadas. Já no cenário internacional, os grandes produtores
conseguem tornar a atividade mais profissionalizante, elaborar estratégias; e talvez, por isso,
sejam melhores produtores e exportadores.
Estados como a Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe e Espírito Santo estão
mais bem organizados e evoluídos em genética, exposições, feiras, do que o próprio Rio
Grande do Sul, pois o enfoque destes estados é em apenas uma criação (raças deslanadas). O
Rio Grande do Sul deveria priorizar a produção de lã pelo fato de ser historicamente produtor
de raças com a aptidão para tal.
Segundo Montgomery (1998), a competição é chave motivadora da estratégia,
alavanca pessoas, grupos, organizações ou empresas para vencer. Constatou-se que outras
atividades de criação pecuária e plantas de lavouras, qualidade do produto oferecido por
outros estados e países, cuidado na produção e armazenagem, manter e qualificar o material
genético são as formas de competição enfrentadas pelo setor.
4.2.1 Posicionamento
Para Porter (1990), quando uma empresa posiciona-se bem é capaz de obter altas taxas
de retornos, mesmo que a rentabilidade média da organização seja modesta e sua estrutura
desfavorável. Para Kotler e Armstrong (1999) e Pipkin (2002), o posicionamento de um
produto refere-se a um conjunto de percepções, impressões e sentimentos que derivam alto
desempenho financeiro e sustentável ao longo do tempo. O posicionamento da cadeia de
ovinos tem como foco, a qualidade para o consumidor final, ficando as federações como
gestores e promotores comerciais, a indústria estabelece parcerias e as associações promovem
as raças dominantes.
4.2.2 Vantagem Competitiva
Segundo Porter (1990), a vantagem competitividade é fundamentalmente para o
desempenho acima da média no longo prazo. Para se compreender a mesma deve-se observar
à origem das inúmeras atividades distintas que uma empresa executa. Montgomery (1998)
define que para manter a vantagem sustentável é preciso dividí-la nas seguintes categorias:
porte do mercado-alvo com economia de escala, efeitos de experiência, economias de escopo,
acesso superior a recursos ou clientes, vantagem imposta em longo prazo, know-how, entre
outros.
Foi notado, ao longo da análise, que o setor ovino possui como vantagem competitiva
sustentável, a polivalência dos seus sub-produtos, a própria rentabilidade dos mesmos, a
liquidez, a facilidade de criação e a associação a outros produtos agropecuários. Além disso,
observa-se que o seu preço oscila menos que outros produtos agropecuários. Por outro lado,
apresenta as seguintes desvantagens, quando comparadas a outras fibras e carnes que venham
a substituí-las, ou seja, o problema da sazonalidade, a carência do manejo do rebanho, a
competição forte do mercado uruguaio e o problema da escala de produção.
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4.2.3 Satisfação do Cliente e Valor
Keegan e Green (2000) ponderam que criar valor e atingir vantagem competitiva são
metas que devem ser cumpridas e estar na mente da organização em todas as atividades da
empresa. Kotler e Armstrong (1999), afirmam que a satisfação do cliente advém do produto
corresponder às expectativas de desempenho esperado pelo consumidor e está diretamente
ligada a qualidade total. Assim, a qualidade tem início com as necessidades do comprador e
termina com o seu grau de satisfação.
A cadeia produtiva de lã, para satisfazer o cliente e criar valor, faz controle de
qualidade, convencionados internacionalmente pela Woolmark. Neste caso, a qualidade é
fruto do manejo, da esquila e do armazenamento dos sacos de ráfia plástica. O mesmo vale
para os produtos especializados em carne, através do manejo, abate e alimentação. Para as
associações e federações, o cliente final é quem manda, então, eles procuram ficar atentos à
demanda de mercado, repassar as informações corretas para os produtores, investir em
pesquisa e desenvolvimento (P&D), entre outros.
4.2.4 Imagem
Para Kotler e Armstrong (1999), é importante que a empresa estabeleça uma imagem
diferente perante seus concorrentes. Como também, segundo Gracioso (1995), a imagem
institucional não é imposta e sim conquistada.
A cadeia produtiva está tentando mudar alguns estigmas criados nos produtos oriundos
de carne e lã ovina, dentre eles, o que a lã só pode ser usada no inverno e o problema de que,
estimulando o consumo da carne ovina, não se conseguirá suprir a demanda com qualidade e,
conseqüentemente, a imagem do setor acabaria sendo abalada. No entanto, há programas para
promover a qualidade da carne e lã, relacionando a carne à culinária e divulgando as
utilidades e vantagens da lã.
4.2.5 Análise SWOT
Os pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades encontradas na cadeia
produtiva foram conforme a Matriz SWOT do Quatro 2 a seguir.
FORÇAS
Muita rentabilidade
Excelente liquidez
Boa qualidade do produto
Boa diversificação da espécie
Excelente genética
Topografia variada do RS
Rápido retorno do capital investido
Boa adaptação a climas de solos
Longa tradição
Possibilidade de integração com outras culturas
animais e vegetais
FRAQUEZAS
OPORTUNIDADES
Crescente consumo de carne ovina e lã
Boa diversificação da propriedade rural
Excelente demanda doméstica de carne
Bastantes tecnologias a disposição
Procura por fibras naturais
Retomada dos preços da lã no mercado internacional
Grande escassez de produtos de lã e carne no mercado
Tendência ao consumo de carnes exóticas
Aparecimento da lã na moda
Câmbio saudável
Aumento das preferências por moda casual e de
qualidade
Programas de P&D com as universidades do estado.
AMEAÇAS
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Instalações insuficientes
Capacidade de produção baixa
Pouca disponibilidade do produto
Pouca Qualificação da mão-de-obra
Pouca participação no mercado de lã
Pouca participação no mercado de carne
Pouca inter-relação da cadeia produtiva
Trabalhar no mercado informal
Pouca Escala de produção
Produção sazonal
Acondicionamento da lã deficiente
Falta de informação entre os elos da cadeia produtiva
de ovinocultura
Abjeato
Abate Clandestino
Muitos problemas sanitários
Perda da importância econômica do setor
Grande avanço da agricultura
Pouco estímulo Econômico
Poucas políticas de crédito
Poucas políticas de incentivo a fertilização
Pouco uso das tecnologias a disposição
Baixa da renda
Muitas barreiras sanitárias
Muitas barreiras burocráticas
Dificuldade de exportar e importar
Pouca assistência técnica
Quadro 2: A Matriz SWOT
Fonte: Elaborado pelos autores, de acordo com a pesquisa de campo.
Apesar da ovinocultura do Rio Grande do Sul possuir pouca escala de produção, a
produção sazonal é compensada por uma excelente liquidez, boa qualidade do produto,
relativa rentabilidade e pela excelente genética. As instalações insuficientes, bem como a
baixa capacidade de produção e a pouca disponibilidade do produto poderão ser sanadas pela
possibilidade de integração com outras culturas animais e vegetais.
A procura por fibras sintéticas, a retomada dos preços da lã no mercado internacional,
a tendência ao consumo de carnes exóticas, o câmbio saudável e o aparecimento da lã na
moda deverão ser tomados como fortes estímulos para reverter as poucas políticas de crédito.
A falta de estímulo econômico, a baixa renda, as dificuldades burocráticas e sanitárias de se
exportar são outros desafios citados pelos entrevistados.
O abjeato (roubo de animais no campo) e o abate clandestino podem ser compensados
por mecanismos que agreguem valores à produção, quais sejam; a integração com vegetais ou
outras espécies animais; as melhorias de pastagens e as técnicas reprodutivas e sem dispensar
as políticas de segurança promovida pelo estado na área rural.
4.2.6 Marketing, como esforço de vendas
Segundo Kotler e Armstrong (1999), marketing é um método gerencial em que os
indivíduos e grupos criam e trocam valores uns com os outros para obter aquilo que desejam e
necessitam. Kotabe e Helsen (2000), afirmam que o marketing, num ambiente competitivo,
envolve a orientação de toda a empresa para satisfação dos consumidores, antecipando e
criando necessidades futuras com determinado lucro e sendo mais amplo do que a simples
operação de venda. Através das entrevistas, ficou evidente que não há investimentos
significativos em marketing neste setor. De fato, não é dada muita importância nessa área
ainda, uma vez que a cadeia produtiva confunde marketing com propaganda, praticamente
não havendo profissionais especializados em marketing para a ovinocultura de carne e lã do
estado e no Brasil.
4.3 Forma de governança atual da cadeia produtiva.
Para Fleury e Fleury e Moreira ([s.d]), o desenvolvimento de cadeias produtivas, na
organização ocidental, é um acontecimento mais contemporâneo e tem sido abordado a partir
de inúmeros pontos de vistas conceituais; entre eles, destaca-se a vertente em função das
análises de caráter microeconômico (relacionamento entre os participantes da cadeia de
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produção com relações de confiança mútua). Batalha (1997) defende o contexto sistêmico de
cadeia produtiva em que as análises das atividades agrícolas saem de uma visão isolada.
Através das entrevistas, pode-se perceber que a cadeia produtiva de ovinos de lã
encontra-se bastante desorganizada, não havendo a menor idéia da dimensão do rebanho
ovino; da capacidade de produção. Além disso, os níveis de produtividade estão muito baixos,
sendo que o principal problema está na inter-relação entre os agentes da cadeia produtiva.
4.3.1 Consumidor Final
Segundo Castro (2000), a forte influência do mercado consumidor deve-se ao fato, de
que as cadeias produtivas necessitam suprir o consumidor final de produtos, em qualidade e
quantidade ajustadas. Foi percebida uma organização entre os elos da cadeia produtiva. O
produtor, cada vez mais, tem que se adequar ao mercado, produzindo com alta qualidade e
grandes quantidades porque os consumidores intermediários e finais estão cada vez mais
exigentes e em maior número. Outro fator preocupante na exploração ovina reside na
produção uniforme, uma vez que o ciclo do ovino é sazonal.
4.3.2 Relacionamento
De acordo com Castro (2000), a forte influência no desempenho do agribusiness é
devida a um conglomerado de instituições de apoio, composto de crédito, pesquisa,
assistência técnica e com aparato legal e normativo. Para Breda; Santos ([s.d]), todos os
agentes da cadeia produtivas deveriam entender de si próprios e de suas relações com os
demais, sabendo assim, as suas carências e suas atuações, procurando resolvê-las em
conjunto, para maximizar dividendos econômicos, sociais e ambientais.
Cada elo da cadeia produtiva está cada vez mais unido, com a finalidade de trocar
idéias, juntar forças com vistas a conseguir políticas de crédito, garantias de qualidade de
produtos. Para tanto, os produtores tem buscado um maior relacionamento com os demais
agentes da cadeia produtiva, estabelecendo parcerias, investindo em projeto de melhoria
genética e outros. A Expointer está, a cada ano, sendo um excelente meio de propagar as
idéias e reivindicar por melhoras no setor. Nota-se, também, que o setor vem ganhando maior
espaço de exposição nos estandes. Porém, para os entrevistados, o trabalho em conjunto e
interdisciplinar entre os elos da cadeia ainda está em fase inicial e lenta. Cada associação,
cooperativa e/ou federação, buscam interagir mais com seus associados e trazer novos,
principalmente, pequenos produtore,s para tornar a atividade de ovinocultura mais
profissionalizada.
4.4 Resumo da análise de resultados
Para melhor ilustrar todas as informações coletadas no estudo, o quadro 3 a seguir
procura resumir toda a análise de resultados advinda da pesquisa.
ASSUNTO
Mercado Internacional
LÃ
Grandes Produtores: Austrália, Nova
Zelândia, China;
Brasil produtor marginal, trabalha
com 1% do mercado;
China importa, agrega valor e
exporta;
Demanda superior;
Produção de tecidos super 120 e 150
CARNE
Grandes produtores: China, Austrália,
Nova Zelândia, África do Sul,
Argentina e Uruguai;
Brasil, Itália e Irlanda participam com
menos de 1% do mercado;
Europa e Japão grandes importadores
de carne;
Argentina e Uruguai não conseguem
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(micragens), principalmente na
Austrália;
Classificação internacional.
Mercado Nacional
Mercado Estadual
Estratégias
Posicionamento
90% da lã do Brasil é produzida no
Rio Grande do Sul;
O mercado brasileiro consome 20%
e o restante vai para a Europa;
Preço regulado pelo mercado
internacional.
Brasil exporta mais a lã no estado
bruto;
Estados como Bahia, São Paulo e
Minas Gerais produzem ovinos
deslanados.
Ovinos criados com bovinos;
Produz 90% da lã brasileira em torno
de 10 milhões de quilos;
Ressurgimento do artesanato
Excelente topografia;
Problemas acusados pelo
desaparecimento das cooperativas;
Retomada da produção de lã no
estado.
Estratégia mais utilizada é a
qualidade;
Indústria se utiliza mais de
estratégias;
Calcada ainda na etapa da
agricultura;
Tradição e tecnologias disponíveis;
Uma média de 10 anos para
melhorar seu desempenho no
mercado nacional;
Estudos para melhorar a finura da lã
e produzir lãs frias;
Competição das fibras sintéticas e
algodão.
Indústria estabelece parcerias com
fornecedores e clientes;
As federações realizam gestões com
os órgãos competentes e promover o
consumo;
As associações promovem a raça;
Posicionamento da cadeia com foco
de qualidade para o consumidor
final.
abastecer os mercados.
Brasil importa 90% da carne;
Preço interno na base de U$1,00 e U$
1,20;
Mercados atendidos pela Austrália,
Oceania e Nova Zelândia o preço do
cordeiro chega até U$ 2,20 e U$ 2,50;
Excelente topografia;
Produtores de carne ainda não
conseguem atender a demanda;
Demanda de carne grande no Brasil e
no mundo;
Alta tecnologia para produção, mas
dificuldade de empregá-las;
Consumidores dos grandes centros
urbanos já sabem qual o tipo de carne
que atende suas necessidades.
Estratégia mais utilizada é a qualidade;
Indústria se utiliza mais de estratégias;
Calcada ainda na etapa da agricultura;
Tradição e tecnologias disponíveis;
Uma média de 10 anos para melhorar
seu desempenho no mercado nacional e
exportar;
Pouca competição, devido à alta
demanda de carne.
As federações realizam gestões com os
órgãos competentes e promover o
consumo;
As associações promovem a raça;
Posicionamento da cadeia com foco de
qualidade para o consumidor final.
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Polivalência;
Rentabilidade;
Liquidez
Problemas com a sazonalidade;
Agregação de valor;
Possibilidades de criar com outros
plantéis;
Falta de qualificação da mão-deobra.
Controle de qualidade: manejo,
esquila e armazenamento;
Industria: estratégia objetiva para
satisfazer o cliente, este vem em 1º
lugar;
Federações e associações ficam
atentas às demandas de mercado para
repassar ao produtor.
Para a cadeia produtiva o
consumidor final é quem manda.
Para a cadeia produtiva o consumidor
final é quem manda.
Marketing
Poucos investimentos nessa área;
Pouca importância ainda é dada;
Carência.
Poucos investimentos nessa área;
Pouca importância ainda é dada;
Carência.
Imagem
Paradigma de que a lã só pode ser
usada no inverno;
Programas para promover as
utilidades da lã e suas vantagens.
Cadeia Produtiva
Desorganizada;
Problemas de inter-relação;
Pouca mão-de-obra qualificada;
Expointer tem ajudado a estabelecer
contatos entre a cadeia, trocas de
idéias;
Indústria está mais próxima dos
demais agentes da cadeia.
Medo da cadeia em promover o
consumo de carne e não conseguir
atender a demanda;
Programas para promover a qualidade
da carne, suas propriedade (sabor),
relacionar com a boa culinária.
Desorganizada;
Problemas de inter-relação;
Pouca mão-de-obra qualificada;
Expointer tem ajudado a estabelecer
contatos entre a cadeia, trocas de
idéias;
Os frigoríficos são mais problemáticos
de se trabalhar.
Vantagens
Competitivas
Satisfação do Cliente e
Criar Valor
Consumidor Final
Polivalência;
Rentabilidade;
Problemas com a sazonalidade;
Agregação de valor;
Liquidez;
Possibilidades de criar com outros
plantéis;
Falta de qualificação da mão-de-obra.
Controle de qualidade: manejo, abate e
alimentação;
Federações e associações ficam atentas
às demandas de mercado para repassar
ao produtor.
Quadro 3: Resumo da Análise de Resultados
Fonte: Elaborado pelos autores, de acordo com a pesquisa de campo.
5. COMENTÁRIOS FINAIS
A ovinocultura é uma atividade de forte tradição gaúcha, principalmente àquela
dedicada à produção de lã. Mesmo assim, ela vem se destacando na última década no contexto
do agribusiness brasileiro. Apesar disso, a cadeia apresenta uma situação difícil, no que tange
a organização da cadeia produtiva, mão-de-obra qualificada, capacidade de suas instalações,
envolvimento do produtor com atividade ovina, manejo preventivo, entre outros. Porém, o
estado e a nação dispõem de tecnologia, de genética para atender esta crescente demanda de
carne e lã ovina, mundialmente.
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A produção e a comercialização mundial de lã e carne ovina estão concentradas nos
seguintes países: a Austrália, a Nova Zelândia, a China, a África do Sul, o Uruguai e a
Argentina. O Brasil representa apenas 1% da fatia mundial do mercado ovino de lã e carne. O
país importa 90% do seu consumo de carne e tem 80% da sua produção de lã fornecida pelo
estado do Rio Grande do Sul. O mercado brasileiro consome aproximadamente 20% da lã
produzida no país e exporta os 80% restantes, principalmente para a Europa. E é o mercado
internacional que regulamenta as regras, o preço e a classificação do mercado ovino de lã e
carne.
O aparecimento das fibras sintéticas e artificiais e a resistência do povo brasileiro a
respeito da utilização da lã em todas as estações do ano, são considerados grandes empecilhos
para o desenvolvimento dessa atividade. Com relação à carne ovina, de boa aceitação nos
grandes centros urbanos, tem seu consumo reprimido pela sazonalidade da produção; pela
baixa produção; pelo alto custo de venda do produto e pela restrição e desconhecimento no
preparo de pratos da culinária ovina.
A respeito das estratégias comerciais utilizadas na ovinocultura, foi constatado que a
indústria de lã é o elo produtivo que mais adota estratégias, sejam elas: a qualidade na
produção e nos processos, o acompanhamento das tendências mundiais e a formação e
manutenção de parcerias com os demais integrantes desta cadeia. Em dicotomia, os outros
participantes da cadeia produtiva de carne e lã do Rio Grande do Sul, ou seja, produtores e
federações e associações encontram-se calcados na primeira etapa das organizações humanas,
a chamada agricultura (princípios e conceitos – improvisação, ausência de método,
desperdício e despreparo).
Historicamente, a tradição em ovinocultura sempre foi gaúcha. Mas com o advento de
novas técnicas, sejam elas, no campo da genética, na área de reprodução e nas melhorias no
ambiente produtivo, fizeram com que outros estados da federação, dentre eles: Bahia,
Pernambuco, Sergipe e Minas Gerais ultrapassassem o Rio Grande do Sul no que compreende
a ovinocultura de carne. Para o Estado alcançar novamente a hegemonia nessa atividade
pecuária deveria eleger um produto derivado do ovino; a fim de facilitar o melhor
entendimento e aplicabilidade de suas estratégias comerciais, técnicas e administrativa.
Outro entrave percebido, não só na ovinocultura; mas também, em outras atividades
agropecuárias reside na falta de valor agregado ao produto. Como exemplo, tem-se a
exportação de lã apenas nas formas penteada e bruta.
Foi observado que o desestímulo da produção de ovinos ocorreu por diversos fatores,
dentre eles: o abjeato (roubo de animais no campo); o grande avanço da agricultura, que
ocupou terras utilizadas para esse fim; as barreiras sanitárias e burocráticas, dificultando as
importações e as exportações; a baixa renda do produtor e as políticas de crédito, ocasionando
uma baixa qualidade e quantidade na população ovina e; a falta de mão-de-obra técnica e
científica especializada.
A ovinocultura do estado precisa deixar de ficar restrita as áreas de produção e
integrar-se com os demais segmentos da cadeia produtiva. O ambiente organizacional
apresenta alguns desafios importantes, tais como: o de fomentar mais as pesquisas, de
promover trocas de experiências e de facilitar o fluxo de informações em toda a cadeia
produtiva. Em suma, a ovinocultura do Rio Grande do Sul necessita urgentemente de uma
retomada no sistema de gestão da produção e da governança de toda o segmento produtivo
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para que a mesma volte a desempenhar o que historicamente já fora, ou seja, gerar emprego,
renda e fixar melhor o homem no campo.
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