Terra Nostra - Pedra de Toque
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Terra Nostra - Pedra de Toque
Artigos de Opinião Terra Nostra Alexandre Pascoal / O esforço de promoção dos Açores é algo que não se faz de um dia para o outro. Na última década foram tomadas inúmeras decisões que posicionaram o Turismo como um dos pilares económicos do arquipélago. O problema, nesta como noutras áreas da nossa sociedade, tem que ver com o patamar, relativamente baixo com que começamos. E aqui estamos a falar da preparação dos recursos humanos para os desafios e para as respostas necessárias para reagir com eficácia às exigências do sector turístico, tal como hoje o conhecemos. Assim, como do conjunto de infraestruturas e sectores complementares de apoio - e aqui coloco os serviços e as acessibilidades necessários e fundamentais ao posicionamento nacional e internacional da Região. Apesar do caminho já percorrido, ninguém duvida que ainda existirão muitas lacunas por preencher. O tempo e a experiência adquirida até este momento demonstraram por um lado as nossas potencialidade, mas expuseram, sobremaneira, as fragilidades do sector, desde as políticas públicas ao grau de desempenho e resposta dos empresários. A nossa escala e descontinuidade definem, per si, aquilo que não somos - um destino de massas. Nem temos o sol que o caracteriza, por exemplo. Temos sol, é certo, mas esta não é a nossa praia. Somos um destino sensorial, de experiências e, sobretudo, de natureza. A este propósito gostaria de dar um exemplo daquilo que preconizo ser a direcção que devíamos percorrer - o hotel Terra Nostra. Trata-se de um espaço ímpar no arquipélago, no país e no mundo. E não estou a exagerar: a envolvência natural do parque e a sua luxuriante riqueza botânica são factores que o distinguem e fazem dele um local emblemático. O Terra Nostra reabriu em Junho deste ano após um intenso trabalho de modernização. O projecto de reabilitação respeitou a matriz Art Deco conferindo-lhe outra dimensão e funcionalidade. Aperfeiçoou-o e modernizou-o, sem que para isso tenha sacrificado a identidade que o caracteriza. A personalização operada revela o nível de atenção ao detalhe, algo que neste caso foi conseguido de forma exemplar em pormenores como o tipo de letra utilizado na sinalética, no logótipo e até nas ementas. De igual modo, não posso deixar aqui de elogiar as alterações introduzidas no restaurante: do conforto do espaço, ao mobiliário e à iluminação. Aliado ao espaço sente-se, obviamente, o entusiasmo da equipa através de um serviço ainda mais cuidado e atencioso, sem descurar uma renovada carta que celebra os sabores tradicionais, alguns deles cultivados no próprio espaço do jardim, aliando-os, de forma equilibrada, à inovação gastronómica. A provar o que aqui digo está a recente distinção do restaurante do Terra Nostra Garden Hotel como um dos 52 finalistas do concurso “Melhor Carta de Vinhos 2013”, um certame nacional promovido pela Revista de Vinhos. Este hotel é o exemplo realizado daquilo que devia constituir uma parte significativa da nossa oferta turística, um produto personalizado e diferenciado, moderno mas com raízes na tradição do local que o abraça. Quem vem aos Açores procura algo que já não encontra noutras paragens: uma fuga da agitação e do quotidiano das grandes cidades, associada ao exotismo e beleza da paisagem, o equilíbrio ambiental, a história, a segurança e a simpatia que, por regra, nos caracteriza. Isto não se faz por decreto, constrói-se. Para isso são necessárias pessoas com formação, com mundividência, com experiência e com paixão por aquilo que fazem. Sou pouco adepto dos aspectos quantitativos, valorizo, por defeito, o lado qualitativo. Julgo que os Açores deviam trabalhar no sentido de rentabilizar o seu produto no sentido daquilo que nos distingue dos demais destinos, abandonando a ideia de massificação (banalização) e a eterna obsessão com os números. O Terra Nostra é uma ilha na freguesia que o acolhe, na ilha e no arquipélago. Sempre foi assim, dizem-me. Numa região onde a cópia é sempre melhor que o original, devíamos aprender com os bons exemplos e deixar de replicar (negativamente) o que noutras paragens há muito foi abandonado.