Mario Francisco Muñoz Mera
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Mario Francisco Muñoz Mera
0 Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas MARIO FRANCISCO MUÑOZ MERA AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DA REMODELAÇÃO ÓSSEA PERIIMPLANTAR ENTRE OS SISTEMAS DE CONE MORSE E HEXÁGONO INTERNO EM PRÓTESE TOTAL FIXA MANDIBULAR IMPLANTOSSUPORTADA. ESTUDO EM HUMANOS BARRETOS 2011 1 Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas MARIO FRANCISCO MUÑOZ MERA AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DA REMODELAÇÃO ÓSSEA PERIIMPLANTAR ENTRE OS SISTEMAS DE CONE MORSE E HEXÁGONO INTERNO EM PRÓTESE TOTAL FIXA MANDIBULAR IMPLANTOSSUPORTADA. ESTUDO EM HUMANOS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos, para obtenção do título de Mestre em Implantodontia. Orientador: Prof. Dr. Celso Eduardo Sakakura Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Emília Farias Pontes BARRETOS 2011 2 Mera, Mario Francisco Muñoz. Avaliaçao radiográfica da remodelação óssea peri-implantar entre os sistemas de cone Morse e hexágono interno em prótese total fixa mandibular implantossuportada. Estudo em humanos / Mario Francisco Muñoz Mera. Barretos : [s.n.], 2011. 43 f.; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos, Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas Orientador: Prof. Dr. Celso Eduardo Sakakura Co-orientadora: Prof. Dra. Ana Emília Farias Pontes 1. Implantes unitários 2. Prótese dentária fixada por implante 3. Avaliação radiográfica 4. Estudo Clínico Randomizado Controlado. 3 MARIO FRANCISCO MUÑOZ MERA Nascimento 20.11.1967 – QUITO, EQUADOR Filiação MARIO AUGUSTO MUÑOZ GALÁRRAGA CELIA MIREYA MERA MARÍN 1985/1990 Curso de Odontologia Faculdade de Odontologia Universidade Central do Equador 1992/1995 Curso de Especialização em Implantodontia Escuela de Graduados Faculdade de Odontologia Universidade de Chile 2009/2011 Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas Fundação Educacional de Barretos 4 DEDICATÓRIA À Deus, Pela presença constante, pelas oportunidades, e por sempre ter me dado a vida e força de vontade para superar os obstáculos que surgem durante o caminho. À minha esposa Adela, Minha companheira, minha amiga, meu amor. Obrigado pela compreensão, paciência, incentivo e por viver ao meu lado, dividindo comigo os momentos felizes e as horas difíceis. Sem você esse trabalho não teria se realizado. À meus pais, Pelo amor, carinho e por terem sempre me incentivado nas minhas decisões e conquistas. Obrigado por sempre estarem presentes em minha vida, me estimularem, me incentivarem e acreditarem em mim. Tudo que sou é fruto do que fizeram por mim. 5 AGRADECIMENTOS A meu orientador Professor Dr. Celso Eduardo Sakakura, pela guia e auxílio fornecida na preparação deste projeto. A meu co-orientadora, Professora Dra. Ana Emilia Farias Pontes, pela sua ajuda altruísta e guia permanente durante todo o curso. A todos os professores, pela sua amizade, suportam e conhecimento que nos deu, de uma forma sincera. Especialmente para professores, Letícia Theodoro, Fernando Salimon Ribeiro e Rogério Margonar, para todo o seu apoio, ajuda e o desejo de ensinar. A Titanium Fix® (São José dos Campos, Brasil), por prover os implantes dentários e demais componentes utilizados neste estudo. A todos os coordenadores e funcionários da UNIFEB que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse atingir mais uma meta na minha vida. 6 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................ 7 Palavras-chave ................................................................................................. 7 ABSTRACT ........................................................................................................ 8 Keywords......................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 OBJETIVO ........................................................................................................ 12 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 13 Seleção de Pacientes.......................................................................................13 Critérios de inclusão....................................................................................... 13 Critérios de exclusão......................................................................................14 Desenho do estudo ......................................................................................... 14 Execução da cirurgia ...................................................................................... 15 Instalação dos componentes protéticos e moldagem ....................................... 18 Preparo da prótese .......................................................................................... 19 Instalação da prótese ...................................................................................... 19 Cronologia de Avaliação................................................................................20 Avaliação Radiográfica....................................................................................21 Medidas Lineares Radiográficas........................................................................22 Análise estatística........................................................................................... 23 RESULTADOS.................................................................................................24 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 27 CONCLUSÃO...................................................................................................33 BIBLIOGRAFIA................................................................................................34 7 RESUMO MERA, MFM. Estudo comparativo da remodelação óssea peri-implantar de implantes com conexões cone Morse e Hexágono Interno: Estudo clínico prospectivo controlado. [Dissertação de Mestrado]. Barretos: Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas do UNIFEB; 2011. Quatro implantes foram instalados na mandíbula de dez (10) pacientes com edentulismo total, sendo dois com conexão cone Morse (grupo CM) e dois com Hexágono Interno (grupo HI). Os componentes protéticos foram instalados e moldados, e uma prótese provisória foi confeccionada e instalada 72 horas após a implantação. Os pacientes foram orientados com relação à higiene bucal conforme suas necessidades individuais. Radiografias digitais padronizadas com registros de mordida individualizados foram obtidas no dia da instalação da prótese e após três meses. Medidas lineares foram realizadas em todas as tomadas radiográficas de forma independente, mensurándose, (1) Perda Óssea Vertical (POV), e (2) Perda Óssea Lateral (POL). Diferenças estatisticamente significantes não foram observadas entre os tipos de implantes, contudo, observou-se uma tendência de menores valores do POV e de POL nos sítios do grupo CM. Desta forma, implantes do sistema Cone Morse e Hexágono Interno podem ser utilizados com sucesso, principalmente em combinação com protocolo de carregamento imediato. Estudos adicionais são sugeridos para avaliar o significado clínico destes resultados em longo prazo. Palavras-chave: Implantes dentários; Radiografia dentária; Crista alveolar. Prótese dentária; Ensaio clínico; 8 ABSTRACT MERA, MFM. Comparative study of peri-implant bone remodeling in implants with cone Morse and Internal Hexagon connections: controlled prospective clinical study. [Dissertação de Mestrado]. Barretos: Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas do UNIFEB; 2011. Four implants were installed in the mandible of ten totally edentulous patients: two with Morse taper (MT group) and two with Internal Hexagon (IH group). Prosthetic components were installed and molded, and a provisional prosthesis was prepared and installed 72 hours after implantation. Patients were instructed concerning oral hygiene according to the individual needs. Digital standardized radiographies were taken using individual byte blocks in the day of prosthesis installation and 3 months later. Linear measures were independently made on all taken radiographic, measuring (1) Vertical Bone Loss (VBL), and (2) Lateral Bone Loss (LBL).Statistically significant differences were not observed among the types of implants, however, noted a trend towards lower values of VBL and LBL on the sites of MT group. This way, Morse taper and Internal Hexagon system implants can be used with success, especially in combination with immediate loading protocol. Additional studies are suggested to assess the clinical significance of these results in long-term Keywords: Dental implantation; Dental prosthesis; Clinical trial; Dental radiography; Alveolar process. 9 INTRODUÇÃO Os implantes osseointegráveis transformaram positivamente o planejamento e tratamento de pacientes desdentados parciais e totais. Quando o conceito de osseointegração foi introduzido por Branemark et al. (1977) foi possível alcançar um alto índice de sucesso nessa modalidade de tratamento, e diversos estudos (ADELL et al., 1990; JEMT et al., 1989; BLOCK & KENT, 1994; LAZZARA et al., 1996) demonstraram excelente prognóstico em longo prazo. Inicialmente, os implantes foram indicados para reabilitações totais (ADELL et al., 1990), posteriormente foram utilizados com sucesso na reabilitação de desdentados parciais (ZARB & SCHIMITT, 1993). Gradativamente, as suas indicações foram ampliadas e hoje a restauração unitária com implantes é uma modalidade estabelecida de tratamento com grande fundamentação científica (ZARB & SCHIMITT, 1993). O protocolo original proposto por Branemark et al. (1977) recomendava que os implantes instalados permanecessem sem carregamento por um período que variava de 4 a 8 meses, gerando um desagradável período de espera para o paciente. Posteriormente, alguns estudos demonstraram a possibilidade do carregamento imediato dos implantes em overdentures (LEFKOVE & BEALS, 1990; CHIAPASCO et al., 1997) e próteses totais fixas (TARNOW et al., 1997). 10 Apesar do aparente sucesso clínico dessa modalidade de tratamento, poucos são os estudos em humanos, principalmente sobre o comportamento do tecido ósseo peri-implantar durante o processo de cicatrização ao redor do implante com carga imediata. A dificuldade de se realizar biópsias em humanos para tal fim limita a compreensão das mudanças dinâmicas do tecido ósseo. Neste sentido, a utilização de medidas radiográficas como instrumento de avaliação de alterações no tecido ósseo tem sido preconizada como método nãoinvasivo de avaliação do tecido ósseo alveolar. A perda óssea vertical na região cervical do implante é reportada em diversos estudos (GLAUSER et al., 2006; DE KOK et al., 2006; DE ROUK et al., 2008; PROSPER et al., 2009) e tem sido usado como parâmetro para mensurar a perda óssea marginal. Entretanto, são poucos os estudos que apresentam reprodutibilidade no posicionamento geométrico do conjunto implante, filme/sensor radiográfico e aparelho de raios-X, podendo provocar erros de posicionamento e conseqüentemente medidas não fidedignas. Tal remodelamento é caracterizado por uma reabsorção óssea em forma de cálice ao redor da região cervical do implante que geralmente engloba a primeira rosca do implante (GLAUSER et al., 2006). Além de estudos prévios (PONTES, 2007; PONTES et al. 2008; KOK et al., 2006; ROUCK et al., 2008) demonstram que essa perda varia de 0,4 a 1,8 mm e que a extensão de perda parece depender de uma série de fatores, dentro os quais destacam-se: a espessura da mucosa sobre o implante, a forma geométrica do implante, a carga oclusal e do tipo de conexão implante/pilar. Ainda, alguns trabalhos demonstram que a 11 utilização de conexões do tipo Cone Morse (KOK et al., 2006) e implantes que apresentam plataforma reduzida (PROSPER et al., 2009) (redução da plataforma do pilar em relação ao implante) podem diminuir ou até eliminar a perda óssea peri-implantar do implante. Vale enfatizar que o defeito ósseo pode levar a uma migração apical dos tecidos marginais, o que clinicamente representa uma recessão tecidual, que compromete a estética final do caso. 12 OBJETIVO O objetivo desse estudo consistiu em avaliar por meio de radiografias digitais padronizadas a remodelação óssea peri-implantar cervical em implantes do tipo cone Morse e hexágono interno submetidos à prótese total fixa mandibular com carga imediata. 13 MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade San Francisco de Quito, Equador, e os pacientes incluídos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para inclusão ou exclusão no estudo, foram coletadas informações por meio de anamnese, exame clínico, e radiográfico. Critérios de inclusão Foram selecionados 10 pacientes com edentulismo total e que já estivessem nessa situação há pelo menos 12 meses. As mandíbulas deveriam apresentar uma altura mínima que suportasse implantes de 13 mm de comprimento por 4 mm de diâmetro. Todos os pacientes deveriam apresentar um estado de saúde geral satisfatório que não comprometesse os resultados clínicos. Todos deveriam estar fisicamente e psicologicamente aptos para tolerar e serem submetidos ao procedimento cirúrgico ambulatorial convencional, assim como aos procedimentos restauradores e protéticos. (fig 1) Figura 1 – Aspecto inicial dos pacientes (a) sem a prótese, e (b) com a prótese provisória superior e o guia multifuncional inferior instalados. 14 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Todos os pacientes apresentaram um estado de saúde geral satisfatório que não comprometeram os resultados clínicos. Todos deveriam estar fisicamente e psicologicamente aptos para tolerar e serem submetidos ao procedimento cirúrgico ambulatorial convencional, assim como aos procedimentos restauradores e protéticos. Foram excluídos do estudo pacientes portadores de parafunção, assim como os portadores de hábitos perniciosos e vícios, tais como usuários de drogas, álcool e fumantes. Pacientes que apresentaram alterações sistêmicas (diabetes, pacientes transplantados) ou fizeram uso de medicamentos que alteram o metabolismo ósseo (corticóides, ciclosporina A, radioterapia, bisfosfonatos). Foram excluídos das avaliações implantes com valor do torque de inserção inferior a 40 N As informações foram obtidas por meio de ficha de anamnese e cuidadoso exame clínico. A opção de inclusão na pesquisa foi feita por meio de termo de livre consentimento apresentado ao paciente. DESENHO DO ESTUDO Quatro implantes foram instalados na mandíbula na região entre os forames mentuais (Fig. 2). As mandíbulas apresentaram uma altura mínima que suporte implantes de 13 mm de comprimento por 4.0 mm de diâmetro. Foram utilizados 2 tipos de implantes cilíndricos com ápice cônico1 que apresentaram diferentes tipos de conexão protética. A) Cone Morse (b-fix Linha Black Fix); B) hexágono interno (i-fix linha Hexágono Interno), que foram distribuídos ora na direita ora na esquerda sempre definido por sorteio (figura 2). 1 Titanium Fix, São Jose dos Campos - Brasil 15 Forame mentual Forame mentual Figura 2 – Esquema dos locais de instalação dos implantes entre os dois forames mentuais. Dois implantes do mesmo grupo foram inseridos em cada hemi-arco EXECUÇÃO DA CIRURGIA Os pacientes foram submetidos à medicação pré-operatória com amoxicilina 1 g administrada 1 hora antes do procedimento e mais 1 g cada 12 horas durante 7 dias. E dexametasona 4 mg 1 hora antes da cirurgia. A assepsia extrabucal foi realizada com iodopovidona e a intrabucal com clorexidina a 0,12 %. Os pacientes foram anestesiados por meio de bloqueio do nervo bucal, lingual e alveolar inferior utilizando mepivacaìna a 2% e epinefrina 1:100.000. Uma incisão foi realizada no centro da crista alveolar (figura 3), mantendo uma faixa eqüidistante de mucosa inserida por vestibular e lingual. 16 Figura 3 - Após anestesia, uma incisão foi realizada no centro do rebordo, mantendo faixa de mucosa inserida em ambos os lados. Após elevação do retalho total e identificação dos forames mentuais de ambos lados (figura 4), uma osteotomia foi realizada para retificar o rebordo, e assim possibilitar a instalação dos implantes ao mesmo nível (figura 5). Figura 4 - Um retalho de espessura total foi elevado 17 Figura 5 - O rebordo foi aplainado com fresas. Os implantes foram distribuídos de forma a obter um polígono mais amplo possível, sendo que os implantes próximos ao forame mentual foram localizados a 3mm para mesial com o objetivo de evitar qualquer acidente às estruturas nervosas e vasculares do alveolar inferior. Os implantes foram posicionados no sentido vestíbulo lingual de acordo com o guia cirúrgico e de tal maneira que os parafusos de acesso da futura prótese se localizassem na região de cíngulo dos incisivos e caninos ou na oclusal dos pré-molares. A seqüência progressiva de fresas obedeceu as instruções do fabricante de acordo com o tipo de implante empregado (Titanium Fix, São Jose dos Campos, Brasil). Os implantes foram instalados ao nível da crista óssea e seu torque máximo de inserção registrado (figura 6). 18 Figura 6 – Cirurgia de instalação dos implantes. (a) Paralelômetros em posição. (b) Implantes instalados. (c) Abutments instalados. (d) Protetores de pilares instalados INSTALAÇÃO DOS COMPONENTES PROTÉTICOS E MOLDAGEM Os pilares micro-units de cinta de 3 mm (Titanium Fix), foram instalados com torque de 20Ncm (figura 6c). Após esse procedimento os retalhos foram suturados com fio não reabsorvível 4-0 (Ethilon. Nylon Suture. Ethicon, Inc.) Os respectivos transferentes de moldeira aberta dos pilares foram parafusados e unidos com resina (Pattern Resin, GC, Tókio, Japão). Esse conjunto de transferentes foi unido ao guia cirúrgico com resina de tal forma que permitiu obter o registro intermaxilar, dimensão vertical de oclusão, juntamente com posicionamento dos implantes. Para cópia dos tecidos moles foi injetado silicone de condensação leve nos transferentes. Esse conjunto guia cirúrgico e 19 transferentes foi removido da boca e os respectivos análogos de pilares parafusados. A partir desse ponto o molde foi vazado com gesso tipo IV, montado no articulador semi-ajustável e encaminhado ao laboratório de prótese para confecção da barra metálica e montagem de dentes. PREPARO DA PRÓTESE Após a fundição da barra metálica, esta foi provada na boca e assentada nos pilares de forma passiva sem nenhum tipo de retenção e desadaptação. Caso isso não houvesse ocorrido, ajustes e soldas foram empregadas para obtenção de um assentamento passivo. Também nessa sessão foi provado juntamente com a barra a montagem de dentes em cera. Esta devia estabelecer os contatos oclusais adequados, estar na dimensão vertical correta e apresentar os parâmetros estéticos escolhidos para cada caso (figura 7). INSTALAÇÃO DA PRÓTESE A prótese total tipo protocolo foi instalada com parafusos de microunit de 10 Ncm. Os acessos dos parafusos foram fechados com guta percha e resina acrílica. A prótese recebeu ajuste oclusal de maneira a deixar os incisivos sem contato oclusal com os dentes antagonistas, com função e grupo na lateralidade e guia incisiva no movimento de protrusão. Todo esse processo foi completado no máximo em 72 horas após a instalação dos implantes. 20 Figura 7 – Preparo da prótese. (a) Prova da barra de fundição. (b) Guia multifuncional instalado. (c) Prótese instalada. (d) Aspecto clínico final, 3 meses após instalação dos implantes. CRONOLOGIA DE AVALIAÇÃO A radiografia inicial mostrou a situação óssea no momento da instalação da prótese e foi a base de comparação para avaliação das mudanças que o tecido ósseo peri-implantar sofreu. A radiografia de 3 meses mostrou a remodelação do tecido ósseo durante o período de osseointegração e o inicio do estabelecimento das distâncias biológicas. Assim, se pode comparar em um mesmo paciente como se comporta a remodelação peri-implantar e o processo de osseointegração frente aos diferentes tipos de conexões dos implantes. 21 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA. Radiografias periapicais foram realizadas na região de interesse pela técnica do paralelismo, utilizando o sensor radiográfico digital (Visualix, Gendex Dental Systems, KaVo Dental Corporation, Lake Zurich, IL, EUA) Na aquisição de imagem não foi aplicada nenhum tipo de filtro ou manipulação de imagem. A padronização das radiografias foi obtida pela utilização do mesmo tempo de exposição, aparelho de raios-X, e posição geométrica. Em relação à padronização da tomada radiográfica, esta foi feita por meio da estabilização do conjunto tubo paciente, onde o posicionador radiográfico foi estabilizado na boca do paciente por meio da aplicação de polímero de moldagem termoplástico (Luxaform DMG Chemisch- Pharmazeutische Fabrik GmbH, Hamburg, Germany) que moldou as próteses, permitindo a reprodutibilidade das tomadas radiográficas (figura 8) . Portanto, foi utilizado uma aleta de polímero de moldagem termoplástico para cada paciente. (Ainamo, 1975; Muhlemann, 1971; McGuire,2007). Figura 8. Posicionador radiográfico estabilizado em boca do paciente por meio da aplicação de polímero de moldagem termoplástico (Luxaform DMG ChemischPharmazeutische Fabrik GmbH, Hamburg, Germany). 22 MEDIDAS LINEARES RADIOGRÁFICAS Medidas lineares foram realizadas em todas as tomadas radiográficas de forma independente, por meio de um programa de computador (Image J 1.44p, National Institutes of Health, EUA, HTTP://imagej.nih.bov/ij), com o objetivo de avaliar a reabsorção e/ou formação óssea linear na região cervical do implante. As seguintes medidas foram feitas na mesial e distal de cada sítio, sendo considerada a média destes valores como representativa do paciente (figura 9). (1) Perda Óssea Vertical (POV), medida vertical da junção entre implante e componente protético (JIC) ao primeiro contato ossoimplante; e (2) Perda Óssea Lateral (POL), medida horizontal do rebordo ao corpo do implante. POV POL Figura 9 - Parâmetros considerados na análise radiográfica. POV = perda óssea vertical; POL = perda óssea lateral. 23 ANÁLISE ESTATÍSTICA Todas as medidas radiográficas foram realizadas pelo mesmo examinador (AEFP), treinado, com confiabilidade intra-examinador avaliada pelo cálculo do erro-padrão (0,03 pixels) e coeficiente de correlação de Pearson (0,98, considerada muito forte), usando um programa específico (BioEstat 5.0, Sociedade Civil Mamirauá / MCT – CNPq, Belém, Brasil), e considerando um nível de significância de 5%. 24 RESULTADOS.A variação da perda óssea vertical do grupo HI foi de 0,7 ± 0,4 mm e perda óssea lateral foi de 0,4 ± 0,5 mm. Por sua vez, no grupo CM, a variação da perda óssea vertical foi de 0,5 ± 0,2 mm, e a perda óssea lateral foi de 0,2 ± 0,3 mm. Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos (teste t, p>0,05). Os valores são apresentados na Tabela 1, e os gráficos representativos são apresentados nas Figuras 10 e 11. Tabela 1 – Valores (em milímetros) com a variação da perda óssea vertical e lateral nos grupos experimentais, do início aos 3 meses de acompanhamento. Paciente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média Desvio padrão Perda Óssea Vertical CM HI (n=10) (n=10) -0,01 0,29 0,78 0,18 0,75 0,73 1,08 0,13 1,27 0,81 0,58 0,55 0,34 0,38 0,98 0,52 0,87 0,62 -0,04 0,56 0,7 0,5 0,4 0,2 Perda Óssea Horizontal CM HI (n=10) (n=10) 0,00 0,00 0,72 0,23 0,21 0,00 1,23 0,14 0,92 0,50 0,88 0,22 0,00 0,00 0,00 0,34 0,24 0,75 0,00 -0,25 0,4 0,2 0,5 0,3 25 Figura 10 – Gráfico do tipo Box-Plot (média, desvio-padrão, valores mínimo e máximo) dos grupos experimentais, com a variação da perda óssea vertical do início aos 3 meses de acompanhamento. 26 Figura 11 - Gráfico do tipo Box-Plot (média, desvio-padrão, valores mínimo e máximo) dos grupos experimentais, com a variação da perda óssea vertical do início aos 3 meses de acompanhamento. 27 DISCUSSÃO.Os novos implantes surgiram com o apelo de solucionar problemas encontrados no hexágono externo, como a presença de um espaço entre o intermediário e o implante (gap), favorecendo a micro-infiltração; o afrouxamento do parafuso, aumentando esse espaço ainda mais e possibilitando uma maior e mais constante penetração de bactérias no interior dos implantes. O sistema de hexágono interno surge como alternativa para próteses unitárias. O fato de o hexágono estar localizado dentro do corpo do implante, com uma altura do antirrotacional superior a do hexágono externo, possibilita uma melhor estabilidade, principalmente quando submetidos a forças laterais decorrentes da mastigação. Outro sistema que surgiu com boas propriedades mecânicas foi o sistema cone Morse. A conexão do tipo cone Morse provê uma melhor distribuição de forças ao longo do implante quando comparado com o hexágono externo, sejam essas forças laterais ou não. Quando se compara o sistema cone Morse com o sistema hexágono interno, observa-se que o sistema cone Morse promove uma menor tenşao no osso peri-implantar. Esse fato pode ser devido ao desenho do intermediário protético que dissipa, de maneira mais efetiva, as forças geradas na prótese. A perda óssea marginal peri-implantar e um fenômeno conhecido e descrito por décadas. Este é um tipo de fenômeno que ocorre independente do protocolo cirúrgico adotado ou do tipo de prótese utilizado. É sabido que a perda óssea peri-implantar sempre ocorrerá, porem ela pode variar de uma pequena perda incipiente ate a falha do implante, levando ao insucesso do tratamento. Existem diferentes teorias que procuram explicar este fenômeno, dentre as quais estão: a teoria do deslocamento do periósteo; a teoria da osteotomia para instalação do implante; a teoria da resposta auto-imune do hospedeiro; a teoria do espaço biológico; a teoria dos fatores de tensão; e a teoria do espaço existente entre a plataforma do implante e o pilar protético (MISCH, 2006). 28 A teoria de formação do espaço biológico peri-implantar, considerada uma das mais aceitas na literatura, pode estar relacionada à presença de espaço entre a plataforma do implante e o pilar protético. Portanto, o sistema de retenção da prótese sobre o implante pode influenciar esta perda óssea. e em perdas de um único elemento. Albrektsson et al. (1986) propuseram alguns critérios de sucesso para a reabilitação com implantes osseointegrados. O sucesso da osseointegraçao esta baseado em alguns fatores que devem ser considerados como: a biocompatibilidade do material; a natureza macroscópica e microscópica da superfície do implante; as condições do leito receptor em relação à saúde (não infectado) e a morfologia (qualidade óssea); técnica cirúrgica apurada; período de regeneração e considerações a respeito do projeto e características de prótese sobre função (materiais usados, número e distribuição dos implantes, carga antecipada) e considerações cosméticas e de higiene. Baseados nestes fatores, os seguintes critérios de sucesso foram propostos: a) os implantes devem estar imóveis quando testados clinicamente; b) exames radiográficos não demonstram evidências de radiolucidez em torno dos implantes; c) perda óssea vertical de 1mm no primeiro ano em função, e posteriormente, uma perda óssea menor que 0,2mm anuamente; d) ausência de dor, infecções, neuropatias, parestesias ou violação do canal mandibular; e) nos contextos citados acima, uma taxa de sucesso de 85% deve ser alcançada apos cinco anos e de 80% apos 10 anos de acompanhamento. Dentre os critérios de sucesso citados, destaca-se a perda óssea marginal peri-implantar. Segundo Albrektsson et al. (1986), esta perda óssea deve ser de 1,5mm apos o primeiro ano em função e não deve ultrapassar 0,2mm anualmente. A perda óssea marginal parece ser um fenômeno inerente a técnica. Ela ocorre independente do protocolo cirúrgico adotado e pode variar de uma simples perda do osso marginal ate a uma falha total do implante. Esta perda pode variar em quantidade e ocorre em forma de U ou V. Ela e denominada por alguns autores como “saucerizaçao”. 29 A perda inicial ocorre na região da crista óssea. Estudos têm demonstrado que a qualidade óssea, a quantidade de gengiva inserida, a sobrecarga oclusal, a resposta ao trauma cirúrgico, a presença de microgap na interface implanteabutment, a contaminação bacteriana, a exposição precoce do implante ao meio bucal antes da cirurgia de segundo estágio, o restabelecimento do espaço biológico e o módulo da crista do implante são possíveis fatores que influenciam nessa perda óssea inicial. (TOLJANIC et al. ,1999; OH et al., 2002; CHUNG et al., 2007; TAWIL, 2008; BOURI et al., 2008). O espaço formado entre a plataforma do implante é o pilar protético e um nicho de microinfiltracao bacteriana, que desencadeia um processo inflamatório local, fazendo com que o tecido mucoso peri-implantar se adapte mais apicalmente a esse espaço na intenção de preservar o tecido ósseo. Isto leva a uma remodelação deste tecido, causando uma perda óssea que pode ser observada ao redor dos implantes. Esta perda e maior no primeiro ano (1,5mm), e menor nos anos subseqüentes (0,2mm) (MISCH, 2006). Alguns autores (ABRAHAMSSON et al., 1996; BERGLUNDH; LINDHE, 1996) alertaram para a importância da espessura da mucosa periimplantar para a manutenção dos níveis da crista óssea peri-implantar. Nestes estudos, foi observado que uma mínima espessura da mucosa e necessária, pois os resultados demonstram que em regiões onde a mucosa e menos espessa, ocorre uma maior perda óssea marginal comparada ao lado onde a mucosa e mais espessa. Na tentativa da formação do espaço biológico, o organismo promove uma remodelação óssea levando a perda óssea. GROSS et al. (1999) avaliaram o grau da microinfiltracao bacteriana que ocorre nesta interface, em cinco tipos de sistema de implante. Os sistemas de implante foram testados com variadas aplicações de torque. Foi observado que variados graus de microinfiltracao ocorreram de acordo com os sistemas de implante e de acordo com os torques aplicados, porem a medida que um torque mais elevado era aplicado, a microinfiltracao bacteriana diminuía. Foi constatado que fluidos e pequenas moléculas, assim como bactérias, podem accesar o interior da conexão por esta desadaptaçao, desencadeando problemas como mau odor, 30 perda óssea e ate perimplantite. STEINEBRUNNER et al. (2005) afirmam que independente do sistema utilizado e do torque aplicado, a interface entre implante/pilar e uma região onde ocorre uma micro infiltração bacteriana e que esta micro infiltração pode levar a perda óssea. A diferença entre os graus de micro infiltração podem ser explicadas por condições multifatoriais como a precisão do encaixe entre o implante e o pilar, o grau de micro movimentação entre o implante e o pilar e a força do torque aplicado para conectar o pilar a plataforma do implante. LAZARA e PORTER (2006) sugeriram que a proximidade do infiltrado inflamatório do pilar com a crista óssea pode explicar, em parte, as observações biológicas e radiográficas de perda óssea ao redor de implantes de duas peças expostos e restaurados. Esses autores sugeriram que a mudança de plataforma afasta o infiltrado inflamatório da crista óssea, fazendo com que ocorra pouca ou nenhuma remodelação óssea peri-implantar. Esta hipótese é baseada em pesquisas que demonstram que a contaminação bacteriana na interface bacteriana parece provocar uma resposta inflamatória e conseqüente perda óssea (ERICSSON et al. 1995; PERSSON et al., 1996). A emergência do componente protético no centro do implante proporciona uma situação favorável para a manutenção da crista óssea peri-implantar e de tecidos moles com uma melhor qualidade, devido a uma maior faixa de tecido conjuntivo sobre a plataforma do implante (LAZARRA e PORTER, 2006). Os benefícios desta solução são funcionais, na medida em que mantém o nível ósseo, mas também estéticos, devido à manutenção dos tecidos moles periimplantares (GARDNER, 2005). O menor diâmetro do componente protético permite um aumento do volume tecidos moles peri-implantares, constituindo uma barreira eficaz contra a penetração bacteriana e migração apical do epitélio do sulco, que conduziriam a uma reabsorção óssea (BELCASTRO et al, 2008). As principais indicações do implante de plataforma modificada são: em locais em que seja possível colocar um implante largo, mas o espaço protético é limitado; em áreas estéticas onde a preservação da crista óssea é essencial e em locais onde implantes curtos serão utilizados (BAUMGARTEN et al. 2005). 31 Para se conseguir este efeito, a colocação HÜRZELER et al. (2007), a través de um estudo prospectivo, observaram que implantes com abutment de diâmetro reduzido em relação à sua plataforma limitam a reabsorção da crista óssea e preservam o nível ósseo peri-implantar. Nesse estudo, mesmo 1 ano após a restauração final dos implantes, diferenças estatisticamente significantes na altura óssea peri-implantar eram observadas quando se comparou implantes com abutments de plataforma modificada e implantes reabilitados com componentes protéticos convencionais, ou seja, abutment com mesmo diâmetro da plataforma do implante. O microgap entre o implante e o componente protético exerce uma influência negativa sobre as condições dos tecido peri-implantares (QUIRYNEN, VAN STEENBERGHE, 1993; JANSEN, CONRADS, RICHTER, 1997; GUINDY et al., 1998; PIATTELLI et al., 2001). O menor diâmetro do componente protético permite um aumento do volume tecidos moles peri-implantares, constituindo uma barreira eficaz contra a penetração bacteriana e migração apical do epitélio do sulco, que conduziriam a uma reabsorção óssea (LAZARA e PORTER, 2006). Por outro lado, a interface protética cônica, que oferece excelente selamento marginal, ausência de micromovimentos, melhor padrão de transmissão de carga e emergência do componente protético no centro do implante proporciona uma situação totalmente favorável para a manutenção da crista óssea peri-implantar (WENG et al. 2004, 2005; DIBART et al., 2005 e ECCELLENTE et al., 2002). Com relação à POV, houve uma tendência a menores valores nos sítios com cone Morse. Pode-se sugerir que o período de acompanhamento do presente estudo não foi suficiente para rearranjar a anatomia dos tecidos peri-implantares, entretanto, de acordo com Hermann et al. (2001), a alteração da localização da crista ao redor de implantes de duas peças ocorre dentro das quatro primeiras semanas após a instalação do conector protético, mesmo para implantes inseridos 1 mm abaixo da crista óssea. Com relação aos resultados da POL, houve uma tendência a menores valores nos sítios com cone Morse. Pode-se sugerir que o período de acompanhamento do presente estudo não foi suficiente para rearranjar a anatomia 32 dos tecidos peri-implantares. Além disto, Pontes et al. (2008) sugerem que o protocolo de restauração exerce um efeito sobre este parâmetro, de tal forma que implantes submetidos à restauração imediata tiveram defeitos ósseos mais estreitos que os submetidos à restauração convencional, o que foi estatisticamente significante (p = 0,006). Este fato pode ser explicado pela estimulação causada pelo carregamento mecânico (FROST et al. 1992, DEGIDI et al. 2003, DEGIDI et al. 2005). A largura do defeito ósseo é um importante parâmetro a ser considerado durante a escolha do posicionamento tridimensional ideal de um implante. De acordo com TARNOW et al. (2000), em humanos, a POL é estimada em 1,34 a 1,40 mm. Então, entre implantes adjacentes, uma distância de 3 mm deve ser mantida, para prevenir a sobreposição de perdas ósseas laterais, que levam a reabsorção da crista óssea na região da papila interproximal, e a um aumento da distância entre a crista óssea e o ponto de contato das próteses, o que resultaria na migração apical da margem de tecido mole. No presente estudo optou-se por um modelo em que o conector protético é parafusado logo após a instalação do implante, de tal forma a evitar a troca de componentes protéticos. Assim pode ser evitada a ruptura do epitélio e tecido conjuntivo, que provocaria a migração apical do espaço biológico (ABRAHAMSSON et al., 1997). Ainda, o resultado de uma maior quantidade de indivíduos, com período de acompanhamento mais longo seria útil para suportar os achados apresentados, e avaliar sua significância clínica. 33 CONCLUSÃO Dentro dos limites do presente estudo, pode-se concluir que: · Implantes do sistema cone Morse e hexágono interno podem ser utilizados com sucesso, principalmente em combinação com protocolo de carregamento imediato. · Implantes com conexões cone Morse e hexágono interno apresentam comportamento semelhante em relação ao ganho e perda óssea na região cervical em um período de 3 meses de avaliação após carregamento imediato. · Estudos adicionais são sugeridos para avaliar o significado clínico destes resultados em longo prazo. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHAMSSON, I.; BERGLUNDH, T.; LINDHE. J. 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