A condição crônica tem sido um tema de relevância para a reflexão
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A condição crônica tem sido um tema de relevância para a reflexão
1 A Resiliência e o processo de viver humano associado a doença crónica Um foco na criança, adolescente e família ANA ALBUQUERQUE QUEIROZ 1 1- Conceito de doença crónica 2- Conceito de resiliência 3- Vulnerabilidade e resiliência familiar 4- Factores de risco e processos de resiliência ou factores de protecção: 4.1. Promoção de um funcionamento familiar equilibrado; 4.2. Suporte de fronteiras familiares claras; 4.3.Desenvolvimento de competências de comunicação; 4.4. Reforço da atribuição de significados positivos; 4.5. Promoção da flexibilidade familiar; 4.6. Promoção da coesão familiar; 4.7. Suporte aos esforços activos de coping; 4.8. Manutenção da integração social; 4.9. Desenvolvendo relações de colaboração entre crianças/adolescentes, famílias e profissionais. 1- Conceito de doença crónica A doença crónica é definida por Jessup e Stein, referidos por Ludder-Jackson e Vessey, (1996, p. 3)2 como uma doença que se prolonga no tempo e que, ou não é curável, ou deixa efeitos residuais que resultam em limitações na vida diária requerendo uma assistência especial ou adaptação nas funções próprias do ser humano. Os autores acrescentam que um ou mais dos seguintes aspectos estão presentes na altura do diagnóstico ou durante a trajectória da 1 Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Membro da Unidade Científico-Pedagógica de Enfermagem de Saúde Mental, da Família e da [email protected] 2 Ludder-Jackson, P., & Vessey, J. (1996). Primary care of the child with a chronic condition. St Louis: Mosby. 2 doença: a) limitação da função, b) desfiguramento, c) dependência de medicação, d) dieta especial e/ou tecnologia médica, e) tratamentos continuados em casa ou na escola, e f) necessidades de cuidados médicos acima do normal para a continuidade na manutenção da saúde (LudderJackson ; Vessey, 1996, p. 3). Knafl e Gillis (2002)3, definem condição crónica na infância como aquela que interfere no funcionamento do corpo da criança/adolescente a longo prazo, requer assistência e seguimento por profissionais de saúde, limita as actividades diárias, causa repercussões no seu processo de crescimento e desenvolvimento, afectando o quotidiano de todos os membros da família. Neste sentido, WHALEY & WONG (1989)4 afirmam que: "Ante o diagnóstico de um problema excepcional, independentemente da natureza da condição patológica, a família passa por uma sequência de estádios razoavelmente previsíveis. As reacções da família incluem (1) choque, (2) ajustamento, (3) reintegração e aceitação e, em algumas circunstâncias, (4) colocação da criança em ambiente que não o seu lar. Nem todas as famílias vivenciam os dois últimos estados, e nos membros destas há ampla variação quanto ao tempo que necessitam para progredir nesse processo”. A família tende a passar ainda por flutuações de resposta, em conformidade com os eventos que se sucedem, trazendo ainda os reflexos de uma interacção terapêutica positiva ou não. Há que se compreender que esta situação se configura num desafio extremamente solitário para a mãe, visto que em comparação com outros familiares, esta tem menos probabilidades de receber feedback positivo nas interacções com o seu filho. Por isto, ser mãe (pai) de um filho portador de uma doença crónica pode constituir uma série de experiências que não obtêm recompensas, no entanto, os pais devem ser esclarecidos e estimulados para que não venham a se sentir incapazes ou inadequados no tocante aos cuidados com a criança/adolescente. 3 Knafl KA, Gillis CL. Families and chronic illness: a synthesis of current research. Jour. Family Nursing. 2002 Ago; 8 (3): 178-98. 4 Whaley, L F.; Wong, D L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989. p.388-398. 3 A presença de uma condição crónica ou uma incapacidade, afecta a criança /adolescente, e também os outros membros da família. As características da condição crónica (por exemplo o tipo de limitação ou de tratamento requerido) coloca exigências particulares nas crianças e suas famílias, (Rolland, 1984)5. A acrescentar a este facto, sabe-se que as respostas das crianças/adolescentes à sua condição, influenciam o modo como cada membro da família, individualmente, e a família como um todo, funciona. De igual modo, as respostas dos membros da família à condição crónica podem afectar a criança ou adolescente na sua saúde física e no seu ajustamento à situação (Patterson e Garwick, 1994a)6. 2- Conceito de resiliência No entanto um dos mistérios com que se confrontam os que trabalham com famílias e crianças, é o porquê de algumas famílias responderem positivamente a tão sérios desafios e ameaças ao seu bem estar, enquanto que outras em similares circunstâncias não são capazes de lidar bem com as situações. O conceito de resiliência foi originalmente desenvolvido por investigadores que estudaram a adaptação positiva de crianças em circunstâncias adversas. Mais recentemente a sua aplicação estendeu-se ao estudo das famílias. A resiliência tem sido definida como um processo dinâmico que se associa a uma adaptação positiva no contexto de uma adversidade significativa, Isto implica não apenas que as famílias estiveram expostas à adversidade, mas também que elas demonstraram competência face a ela. Uma componente chave deste conceito é a noção de que a resiliência é um processo dinâmico, em vez de um traço estático. Resiliência refere-se ao fenómeno caracterizado por resultados positivos na presença de sérias ameaças à adaptação ou ao 5 Rolland, J. (1984). Toward a psychosocial typology of chronic and life-threatening illness. Family Systems Medicine, 2(3):245-263. 6 Patterson, J. e Garwick, A. (1994a). The impact of chronic illness on families: A family systems perspective. Annals of Behavioral Medicine, 16(2):131-142. 4 desenvolvimento da pessoa (Masten, 2001)7. Na visão de Masten, a resiliência parece ser um fenómeno simples e comum, que resulta, em muitos casos, da operação de sistemas básicos de adaptação humana. Se estes sistemas estão protegidos e em bom funcionamento conjunto, o desenvolvimento é positivo, mesmo na presença de adversidade. Por outro lado, se estes sistemas são prejudicados em decorrência da exposição a um factor de risco, ou mesmo anteriormente à presença dele, o potencial para desenvolver problemas no desenvolvimento posterior é maior. Neste sentido, a autora afirma que a grande surpresa nas pesquisas sobre resiliência é “a simplicidade do fenómeno” (p. 227). 3- Vulnerabilidade e resiliência familiar A resiliência tem sido diversamente utilizada na literatura sobre família. Ela é definida de maneira similar à encontrada na literatura em que o foco é a pessoa, baseando-se em critérios como adaptação, risco e protecção. No entanto, o seu nível de análise é diferente, uma vez que a resiliência em famílias envolve a habilidade do sistema familiar como um todo. Neste sentido, o conceito de adaptação neste nível refere-se à habilidade da família para enfrentar as transições normativas e não-normativas do seu ciclo de vida, produzindo processos proximais entre os seus membros, que gerem competência, e não disfunção. Entre estes processos que geram competência, pode-se citar a utilização de indução de disciplina durante a socialização dos filhos. Entre os processos que geram disfunção, pode-se mencionar a presença de abuso e maus-tratos na relação entre pais e filhos. Deste modo, a partir dos efeitos que os processos proximais produzem nos membros da família pode-se fazer inferências sobre a adaptação deste sistema. Para Walsh (1996)8, a pesquisa em resiliência na família deve procurar identificar e implementar os processos-chave que habilitam as famílias não só a lidarem eficientemente com situações de crise ou stress permanente, como a saírem delas fortalecidas, não importando se a fonte de stress é interna ou 7 Masten, A. S. (2001). Ordinary magic: Resilience processes in development. American Psychologist, 56, 227-238. 8 Walsh, F. (1996). The concept of family resilience: Crisis and challenge. Family Process, 35, 261-281. 5 externa à família. Uma vez que a família esteja fortalecida como unidade funcional, ela contribui para a resiliência de todos os seus membros. Esta autora enfatiza que o sistema familiar deve ser analisado em interacção com o contexto no qual está inserido, relacionando-o com os seus recursos e problemas a serem enfrentados. Os desafios podem variar desde as transições normativas do ciclo de vida até as não-normativas. A maneira como a família interage com as adversidades é fundamental para a adaptação de cada membro e do sistema como um todo. Neste sentido, Walsh (1996) define a resiliência familiar como uma “resiliência relacional” (p. 262). Vários factores contribuem para a resiliência dentro das famílias. A coesão familiar, a qualidade do relacionamento entre pais e filhos, o envolvimento paterno na educação da criança e práticas educativas envolvendo afecto, reciprocidade e equilíbrio de poder favorecem o desenvolvimento de crianças e adolescentes (Bronfenbrenner, 1996; Hawley e DeHaan, 1996)9. Além disso, o estabelecimento de uma rede de apoio social efectiva auxilia os pais durante o processo de socialização da criança, servindo como um recurso ao qual eles podem recorrer em momentos de stress (Bronfenbrenner, 1986; Simons e Johnson, 1996)10. O apoio conjugal é destacado pela literatura como uma poderosa fonte de apoio social, produzindo efeitos mais significativos do que o apoio proveniente de outras pessoas da rede (Belsky, 1984; Simons e Johnson, 1996)11. Na figura seguinte ilustra-se a abordam ecológica e de sistemas familiares. 9 Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos naturais e planejados (M. A. V. Veronese, Trad.) Porto Alegre: Artes Médicas. Hawley, D. e DeHaan, L. (1996). Toward a definition of family resilience: Integrating life span and family perspectives. Family Process, 35, 283-298. 10 Bronfenbrenner, U. (1986). Ecology of the family as a context for human development: Research perspectives. Developmental Psychology, 22, 723-742. Simons, R. L. e Johnson, C. (1996). The impact of marital and social network support on quality of parenting. Em G. R. Pierce, B. R. Sarason e I. G. Sarason (Orgs.), Handbook of social support and the family (pp. 269-287). New York, NY: Plenum. 11 Belsky, J. (1993). Etiology of child maltreatment: A developmental-ecological analysis. Psychological Bulletin, 114, 413-434. 6 Por outro lado, alguns factores tendem a desencadear vulnerabilidade nas famílias. Vulnerabilidade refere-se a uma predisposição individual para apresentar resultados negativos no desenvolvimento (Masten e Garmezy, 1985)12. Zimmerman e Arunkumar (1994)13 argumentam que a resiliência não pode ser vista como uma característica fixa, que, uma vez desenvolvida, não se altera mais. De acordo com estes autores, resiliência e invulnerabilidade não são termos equivalentes: resiliência está relacionada com a capacidade para superar as adversidades, não significando que a pessoa saia da crise ilesa, conforme sugere a invulnerabilidade. Neste sentido, o termo resiliência parece ser mais adequado para referir-se à adaptação em situações de stress. 12 Masten, A. e Garmezy, N. (1985). Risk, vulnerability and protective factors in Developmental Psychopathology. Em B. B. Lahey & A. E. Kazdin (Orgs.), Advances in clinical child psychology (pp. 1-52). New York: Plenum. 13 Zimmerman, M. A. e Arunkumar, R. (1994). Resiliency research: Implications for schools and policy. Social Policy Report, 8, 1-18. 7 De acordo com Masten e Garmezy (1985)14, a resiliência pode ser tanto ameaçada pelos eventos de vida stressantes como reforçada por eles. As circunstâncias mais favoráveis para promover resiliência não estão relacionadas com a ausência de stress, mas com desafios graduais que reforçam as habilidades pessoais, as estratégias de coping e as características pessoais. Para estes autores, o sucesso durante a negociação com os eventos de vida stressantes parece desempenhar um efeito potenciador, reforçando a resistência ao stress. Rutter (1993)15 ressalta a importância de se dar atenção a aspectos que, apesar de não estarem directamente relacionados com resultados positivos, contribuem para o incremento da resiliência, reforçando a capacidade individual para lidar com as adversidades. Estes aspectos são denominados como factores de protecção. Factores de protecção são características que diminuem a probabilidade de um resultado negativo ou indesejado acontecer na presença de um factor de risco, reduzindo a sua incidência e a sua severidade (Cowan e cols., 1996)16. Eles são considerados como a contraparte positiva na interacção com o risco, pois estão relacionados com características individuais ou ambientais que desempenham uma função de protecção (Masten e Garmezy, 1985)17. Tais factores possuem um efeito catalítico, na medida em que modificam os efeitos do risco através da sua interacção com ele (Rutter, 1993)18. Garmezy e Masten (1994)19, revendo uma extensa literatura sobre desenvolvimento infantil, identificaram três grupos de factores de protecção: (1) características individuais, como auto-estima, inteligência, capacidade para resolver problemas e competência social; (2) coesão familiar e apoio afectivo transmitido pelas pessoas da família, através de um vínculo positivo com os 14 15 Ib. Rutter, M. (1993). Resilience: Some conceptual considerations. Journal of Adolescent Health, 14, 626-631. 16 Cowan, P. A., Cowan, C. P. e Schulz, M. S. (1996). Thinking about risk and resilience in families. Em E. M. Hetherington & E. A. Blechman (Orgs.), Stress, coping and resiliency in children and families (pp. 1-38). New Jersey: Lawrence Erlbaum. 17 Ib. 18 Ib. 19 Garmezy, N. e Masten, A. (1994). Chronic Adversities. Em M. Rutter, E. Taylor & L. Herson (Orgs.), Child and adolescent psychiatry (pp. 191-207). Oxford: Blackwell Scientific Publication. 8 cuidadores; e, (3) apoio social externo, provido por outras pessoas significativas, como escola, igreja e grupos de ajuda. O conjunto destes factores, em situações de stress, serve como um recurso que auxilia a pessoa a interagir com os eventos de vida e a conseguir bons resultados, evitando consequências negativas (Garmezy e Masten, 1994)20. Na figura seguinte ilustra-se a ideia de equilíbrio (ou não) associada a dificuldades emocionais e comportamentais e os factores de risco e os de protecção. Dificuldades emocionais e comportamentais Factores de risco Biológicos Psicológicos sociais Comportamento problemático Factores de protecção Resultado positivo 4- Factores de risco e processos de resiliência ou factores de protecção Em vários estudos, o inadequado funcionamento familiar tem sido associado a resultados fracos a nível de saúde física e psicológica, em crianças e adolescentes portadores de situações crónicas. O funcionamento familiar débil diminui as habilidades da família para se comprometer com os regimes de tratamento em casa, o que, por sua vez, leva a mais pobres resultados na 20 Ib. 9 saúde. As famílias que funcionam bem nos anos iniciais, ao estabelecerem padrões de comunicação claros e directos, estão em melhor posição para trabalhar com os desafios, do que as famílias que têm uma história de conflitos disfuncionais e pobres competências comunicacionais. Famílias em risco incluem: 1. Pais que têm dificuldade em cuidar de si mesmos e dos outros membros da família para além da criança/adolescente com a situação crónica; 2. Famílias que se focaliza em um ou mais membros, excluindo outros; 3. Famílias que reagem à mudança com respostas caóticas ou rígidas; 4. Famílias com inadequadas redes de suporte; 5. Famílias em os seus membros, não são capazes de falar abertamente, uns com os outros, sobre os seus sentimentos; 6. Famílias cujos membros, estão sobre-envolvidos emocionalmente ou desligados uns dos outros; 7. Famílias que lidam com a situação sem atenderem às necessidades de desenvolvimento da própria família; 8. Famílias que têm dificuldades em lidar e ajustar-se à condição crónica ou à incapacidade e fazerem planos realistas para o futuro. Na seguinte figura esquematiza-se a relação entre factores inerentes à criança e os que podem existir em sistemas envolventes. 10 Alguns factores de risco…. Genes Aspectos biológicos Temperamento Criança In utero Ajustamento entre a criança E os Pais Experiências prévias ou a falta delas Psicopatologia Parental Modo de educar e criar a criança Grupo social e factores culturais Relações e funcionamento familiar Os profissionais que trabalham com as famílias, podem ter um papel muito importante, ao promoverem o funcionamento saudável através dos reforços para a construção dos pontos fortes da família, e da redução dos factores de risco que contribuirão para a menor saúde. Vários investigadores identificaram factores individuais, familiares e comunitários que promovem a resiliência nas crianças, adolescentes e suas famílias (Hauser, Vieyra, Jacobson, e Wertlieb, 1985;Garmezy, 1991; Resnick e Hutton, 1987; Werner,1989)21. Baseada numa revisão extensa de literatura Joän Patterson (1991)22 identificou nove aspectos do processo de resiliência familiar que são próprios de famílias com crianças e jovens com situações de doença crónica ou com incapacidades. Estes aspectos incluem: 1. Equilibrar a doença com outras necessidades da família; 21 Hauser, S.T., Vieyra, M., Jacobson A., e Wertlieb D. (1985). Vulnerability and resiliency in adolescence: Views from the family. Journal of Early Adolescence, 5, 81100. Garmezy, N. (1991). Resilience in children’s adaptation to negative life events and stressed environments. Pediatric Annals, 20(9):456-459. Resnick, M.D. e Hutton, L. (1987). Resiliency among physically disabled adolescents. Psychiatric Annals, 17:796-800. Werner, E.E. (1989). High-risk children in young adulthood: A longitudinal study from birth to 32 years. American Journal of Orthopsychiatry, 52:72-81. 22 Patterson, J. (1991). Family resilience to the challenge of a child’s disability. Pediatric Annals, 20(8):491-499. 11 2. Manutenção de fronteiras claras na família; 3. Desenvolver competências comunicacionais; 4. Atribuição positiva de significados à situação; 5. Manutenção da flexibilidade familiar; 6. Manutenção de um compromisso entre a família como um todo; 7. Envolvimento em esforços activos de coping / adaptação; 8. Manutenção da integração social; 9.Desenvolvimento de relações de colaboração com profissionais. 4.1.Promoção de um funcionamento familiar equilibrado A gestão e enfrentamento da doença crónica ou da incapacidade ocorre no contexto da vida diária da família. Acrescentam-se aos factores de stress próprias da vida de família, aqueles que surgem associados ao desafio imposto pela condição crónica. As famílias resilientes são capazes de equilibrar as exigências da situação crónica comas necessidades de cada membro da família individualmente. As transições desenvolvimentais muitas vezes criam esse balanço nas famílias, até que novos papeis e rotinas são negociados. No adolescente a tarefa desenvolvimental principal é a de estabelecer a sua independência dos pais e outros adultos. As limitações impostas por uma condição crónica e pelo seu enfrentamento, pode complicar os esforços do adolescente para alcançar a sua autonomia. Os adolescentes precisam de conhecer o modo como podem lidar com a sua condição ao mesmo tempo que lidam com as suas exigências e interesses. Entretanto, os cuidadores da família, necessitam de informação específica sobre as capacidade e limitações particulares do adolescente, para que possam providenciar a necessária supervisão. A acrescentar às competências de vida diária independente, os jovens com incapacidades necessitam de aprender competências interdependentes, isto é, como lidarem com os elementos da sua família e outros cuidadores. O objectivo é o de promover a maior independência possível ao adolescente, tendo em conta as suas limitações particulares. As necessidades do adolescente com uma situação crónica têm de ser equilibradas com as necessidades dos outros membros da família. Os 12 profissionais podem ajudar as famílias para se tornarem organizadas tendo em conta a doença ou incapacidade, através de: 1. Identificando e atendendo às necessidades desenvolvimentais do adolescente e dos outros membros da família; 2. Encorajando a criança e adolescente a descobrir os seus próprios hobies e interesses; 3. Encorajando os pais a tirarem um tempo para si próprios e para as suas relações sociais; 4. Planeando regimes terapêuticos com os membros da família, para que se adeqúem às suas rotinas e rituais; 5. Promovendo serviços que se centrem nas competências e não nos deficits. As situações crónicas podem facilmente afectar os recursos da família e tornálos desadequados, o que fará com que a família tenha mais dificuldade em satisfazer as suas necessidades devido à doença e as inerentes à família em si mesma. As crianças, adolescentes e famílias necessitam de informação sobre os recursos disponíveis e o modo de a eles acederem. Os profissionais podem desempenhar um papel chave na ajuda às famílias para equilibrarem as necessidades relacionadas com a doença e as próprias da família, através da identificação e do encaminhamento para os recursos de saúde, educacionais e comunitários apropriados. Porque as necessidades da criança e adolescentes se alteram ao longo do tempo, a adequação e relevância dos recursos tem de ser reavaliada periodicamente. 4.2. Suporte ao estabelecimento de fronteiras claras na família Os profissionais de saúde, educação e de serviço social, necessitam de estar atentos às fronteiras da família e à sua importância para o funcionamento saudável das famílias. As fronteiras internas da família diferenciam os diversos sub sistemas, enquanto que as fronteiras externas colocam a família no seu lugar, no contexto da comunidade mais alargada, definindo quem é e quem não é da família. Famílias de crianças e jovens com doenças crónicas e incapacidades 13 estão em maior risco de violação das suas fronteiras por parte de instituições ou de profissionais porque elas necessitam de serviços de apoio e de cuidados de saúde. Os profissionais podem dar suporte ao funcionamento saudável das famílias ao respeitarem as suas fronteiras. Os profissionais em primeiro lugar precisam de conhecer quem faz parte da família e como a condição crónica afecta a família. A comunicação clara entre os profissionais e os membros da família ajuda a manter claras as fronteiras da família. Por exemplo, os profissionais necessitam de ser claros com os membros da família acerca dos seus papéis e trabalhar em conjunto com as famílias para planearem o que é minimamente disruptivo para os rituais e rotinas familiares. As crianças e jovens com situações crónicas e as suas famílias, muitas vezes trabalham com um número diversificado de profissionais de saúde, de educação, e de serviço social. A clara comunicação entre profissionais dos diversos sectores dá suporte às fronteiras saudáveis da família. As crianças e jovens e os elementos da família precisam de saber como podem contactar os vários profissionais, para as possíveis finalidades específicas e ajuda na resolução de problemas. As fronteiras internas da família mudam à medida que as crianças e adolescentes vão progredindo no seu desenvolvimento e condição d e jovens adultos assumindo situações de vida mais independentes. O planear de transições pode ajudar a família a antecipar as mudanças e a clarificar as fronteiras familiares quando o jovem adulto sair de casa. As fronteiras claras tornam mais fácil para os adolescentes e jovens adultos a tornarem-se independentes e aos pais a deixarem-nos adquirir essa independência e assim estabelecerem novas fronteiras internas. 4.3.Desenvolvimento de competências de comunicação Uma das tarefas desenvolvimentais para as crianças e adolescentes com condições crónicas é a de desenvolverem competências de comunicação acerca das suas próprias necessidades e sentimentos aos elementos da sua família, aos seus pares e cuidadores. As competências de comunicação, por sua vez, aumentam o sentido de autonomia e a habilidade para gerir as necessidades de saúde próprias. Para apoiar o desenvolvimento dessas competências, os cuidadores precisam de 14 mudar o foco do seu interesse e do fornecimento de informação dos pais para as crianças e adolescentes. Durante os anos da infância, os pais tipicamente assumem a principal responsabilidade por comunicarem com os profissionais de saúde e de educação. Durante a adolescência, os papéis mudam, à medida que a jovem pessoa tem um contacto mais directo com os profissionais e aprende a gerir a sua própria condição. Os elementos da família e os profissionais necessitam de aprender a trabalhar em conjunto para ajudarem o adolescente a ganhar competências para comunicarem com os profissionais de saúde, de educação e de serviço social. Por exemplo, os jovens necessitam de saber como podem ter acesso aos profissionais, como lhes comunicarem as suas necessidades, e planearem os seus cuidados em conjunto. Os jovens ganham as suas competências através de uma participação activa no planeamento dos seus próprios cuidados (isto é através do seu envolvimento em reuniões na escola, encontros de família, e encontros com os profissionais de saúde). Os profissionais precisam de assegurar-se que os adolescentes têm voz acerca do seu próprio plano de cuidados de saúde, em casa, na escola e no contexto das instituições promotoras de cuidados de saúde. 4.4. Reforço da atribuição de significados positivos Os adolescentes e as suas famílias muitas vezes procuram novos significados sobre a situação à medida que vão experienciando mudanças desenvolvimentais que lhes colocam novos desafios. Os adolescentes frequentemente fazem perguntas tais como, “porquê eu?” e “como é que esta incapacidade me irá afectar no meu futuro?” os cuidadores familiares, tipicamente centram-se no impacto que a condição terá no adolescente e na família no futuro. Um crescente corpo de estudo e investigação sobre a doença crónica e a incapacidade sugere que os significados que os elementos das famílias atribuem à condição influenciam o modo como se adaptam às situações 15 stressantes (Patterson e Garwick, 1994b)23.. As atribuições positivas, tais como as atitudes optimistas sobre a condição e as capacidades da criança, estão associadas com resultados mais saudáveis para a criança e família. Por exemplo Austin e McDermott (1988)24 verificaram que pais que tiveram uma atitude mais positiva em relação à epilepsia dos seus filhos foram capazes de lidar de forma mais eficaz com a sua situação. Para o adolescente com uma condição crónica, as atitudes positivas contribuem para reforçar a sua auto estima e sentido de domínio de si mesmos. Ao contrário, as atribuições negativas tais como o sentido de não terem ajuda tem sido associado com resultados negativos como depressão (Garber, Weiss, e Shanely, 1993; Kazdin, French, Unis, Esveldt-Dawson, e Sherick, 1983)25. Os profissionais podem ajudar os jovens e as famílias a desenvolverem atribuições positivas ao providenciarem oportunidades para eles falarem sobre o que a doença crónica significa para eles enquanto indivíduos e enquanto família. Porque os pares têm uma influência crescente durante a adolescência, os jovens podem beneficiar em falarem com outros que também são afectados pela doença crónica, em encontros pessoa a pessoa ou em situações de grupo. Porque os significados são influenciados por experiências passadas e contextos culturais, os profissionais de saúde precisam de apreciar as compreensões dos elementos da família sobre a condição crónica. Esta informação ajuda o profissional a planear o regime terapêutico por forma a encaixar no sistema familiar. Igualmente, as concepções erróneas sobre a situação ou o tratamento podem ser corrigidas e fornecida informação adequada. As atitudes dos profissionais influenciam o modo como os adolescentes e as famílias vêm a sua situação. Os profissionais de saúde podem promover atribuições positivas ao reforçarem os pontos fortes da criança e da família em vez de se focarem nos seus défices. 23 Patterson, J. e Garwick, A. (1994b). Levels of family meaning in family stress theory. Family Process, 33:287-304. 24 Austin, J.K. e McDermott N. (1988). Parental attitude and coping behavior in families of children with epilepsy. Journal of Neuroscience, 20:174-179. 25 Garber, J., Weiss, B., e Shanely, N. (1993). Cognitions, depressive symptoms, and development in adolescents. Journal of Abnormal Psychology, 102:47-57. Kazdin, A., French, N., Unis, A., Esveldt- Dawson, K., e Sherick, R. (1983). Hopelessness, depression, and suicidal intent among psychiatrically disturbed hospitalized children. Comprehensive Psychiatry, 32:330-337. 16 Durante a adolescência, os jovens e as famílias são envolvidos mais activamente nos planeamentos futuros relacionados com a vida independente, as escolhas educacionais e vocacionais, e a mudança de um contexto de cuidados de saúde pediátricos para um de cuidados a adultos. Os profissionais podem facilitar estas transições ao fornecerem oportunidades para os jovens e familiares falarem uns com os outros sobre estes planos para o futuro e ao associá-los com os recursos desenvolvimentais apropriados. As famílias também precisam de informação específica e actualizada acerca da doença crónica e sobre as capacidades e limitações do jovem em concreto para que possam fazer planos realistas para o futuro. 4.5. Promoção da flexibilidade familiar A habilidade para se adaptarem à mudança é uma marca significativa das famílias resilientes. Vários estudos indicam que os resultados positivos em crianças com incapacidades estão relacionados com famílias que são flexíveis a estabelecerem regras, a estabelecerem papeis, e a definirem expectativas. Em contraste, vários investigadores relatam que a rigidez tende a ser associada com a super protecção e a repressão emocional nas famílias de crianças com doenças crónicas (Patterson, 1991b)26. Durante a adolescência, os jovens tipicamente desafiam as regras da família à medida que assumem novos papeis e responsabilidades. Em reacção a estes desafios, os pais podem reagir com rigidez reforçando as regras antigas ou abandonando todas as regras da família de uma vez. Os jovens tipicamente reagem a estas estratégias através de mais e mais testes às regras. Contudo, os pais que reagem aos desafios às regras através da renegociação das regras para as enquadrar nas novas competências dos adolescentes ao mesmo tempo que providenciam uma estrutura segura que ajuda o adolescente a tornar-se mais independente. A flexibilidade familiar ao contrário da rigidez suporta o desenvolvimento da autonomia do adolescente. Os profissionais podem promover a flexibilidade familiar durante a adolescência ao fornecerem informação sobre o desenvolvimento normal do adolescente e 26 Patterson, J. (1991b). Family resilience to the challenge of a child’s disability. Pediatric Annals, 20(8):491-499. 17 também a forma de assumir as tarefas associadas ao lidar com a doença que são desenvolvimentalmente apropriadas para que o adolescente as atinja. Os conflitos familiares sobre a gestão da doença não são invulgares durante a adolescência, pois que os jovens forçam mais a independência e os pais adoptam novas regras e papeis. Os pais podem precisar de assistência ao colocarem limites desenvolvimentais apropriados e expectativas realistas para o crescimento do seu adolescente. Os clínicos podem adoptar flexibilidade nas suas interacções com os jovens e famílias. Por exemplo, o regime terapêutico pode ser necessário ser redefinido para encaixar nos horários dos adolescentes que flutua entre a casa, a escola, o trabalho e os contextos de recreação. Expectativas realistas por parte da equipa de saúde podem ajudar os adolescentes e as suas famílias a ajustaremse às mudanças nos tratamentos e também às mudanças nos papeis inerentes à adolescência. Os profissionais podem promover a flexibildade ao construírem escolhas no regime terapêutico sempre que possível. As famílias podem necessitar de informação sobre como adaptarem-se ao regime terapêutico por forma a que continuem as celebrações familiares e os rituais e rotinas que são importantes. Os profissionais podem também dar suporte à flexibilidade familiar encorajando os membros da família a terem tempo para si próprios e para os outros. Durante a adolescência, muitas vezes a adesão aos regimes terapêuticos diminui, à medida que os jovens assumem novas responsabilidades com o seu auto cuidado. Os jovens, em geral, ultrapassam as barreiras à independência impostas pela sua condição e podem resistir às recomendações por parte das figuras de autoridade tais como os pais e os profissionais de saúde. Os planos de tratamento que permitem a escolha e reforçam a autonomia do adolescente aumentam de forma significativa a forma como os adolescentes serão capazes de enquadrar o seu plano terapêutico nas suas rotinas diárias. Desde que a experimentação com os planos terapêuticos possa ser prevista, o jovem necessita de conhecer quais os aspectos do plano terapêutico que são negociáveis e quais as consequências terão as experiências nos vários aspectos do protocolo terapêutico. Os adolescentes devem ser activamente envolvidos no planeamento do seu próprio caso por forma a que aprendam a 18 assumir uma responsabilidade crescente com os seus próprios autocuidados. O objectivo é planear os cuidados com em vez de para os adolescentes. 4.6. Promoção da coesão familiar A coesão da família (a ligação emocional que liga uns aos outros os membros da família) é uma característica nuclear das famílias resilientes. Um conjunto de estudos sobre resiliência identificaram a coesão familiar como um factor de protecção para os adolescentes em geral (Garmezy, 1991)27. Em complemento, a coesão familiar tem sido associada com melhores resultados em jovens com doenças crónicas e as suas famílias (Patterson e Garwick, 1994a)28. As exigências de uma doença crónica podem tornar difícil para uma família manter as ligações e particularmente, a sua habilidade para fazerem em conjunto coisas que realmente gostam. As seguintes questões são úteis para se avaliar a perspective dos adolescentes sobre a coesão familiar: 1) “O que faz na sua família para se divertir?” e 2) “Quem sente pais próximo de si na sua família?” A ausência de elementos próximos na família ou a falta de celebrações familiares sugerem a necessidade de uma avaliação mais aprofundada e de intervenção. Por exemplo, o clínico precisa de determinar se o tratamento interfere com as celebrações familiares. Se sim, a família pode necessitar de informação sobre o modo de adaptar as suas rotinas e rituais. As famílias podem também precisar necessitar novos e adicionais recursos para ir de encontro às exigências da condição crónica, para que possam usufruir do tempo que passam juntos. Se o adolescente não tem um sentido de proximidade com nenhum dos elementos adultos da família, o profissional deve assegurar que o jovem tem uma relação próxima e de suporte com outro adulto, pois que a literatura sugere que uma relação estável e de suporte com uma adulto é um factor de protecção muito forte para os adolescentes. Em resumo, São necessárias intervenções para suportar e não para determinar a coesão familiar. 27 Garmezy, N. (1991). Resilience in children’s adaptation to negative life events and stressed environments. Pediatric Annals, 20(9):456-459. 28 Patterson, J. & Garwick, A. (1994a). The impact of chronic illness on families: A family systems perspective. Annals of Behavioral Medicine, 16(2):131-142. 19 4.7. Suporte aos esforços activos de coping; Os jovens com condições crónicas muitas vezes necessitam de novas competências de adaptação, enquanto aprendem a lidar e gerir a sua condição crónica de forma mais independente. Entretanto, os pais e outros cuidadores familiares necessitam de assumir um papel menos activo na gestão diária da condição crónica e aprender novas competências de supervisão. Os papéis entre os profissionais, os jovens, e os cuidadores familiares também mudam durante os anos da adolescência, pois que os profissionais trabalham mais directamente com os adolescentes e têm menos interacção com os cuidadores familiares. Os profissionais podem facilitar o desenvolvimento de novas competências de adaptação na família ao mudarem gradualmente a responsabilidade dos cuidados relacionados com a doença dos pais para a criança ao longo do tempo e à medida que é desenvolvimentalmente apropriado. Durante a adolescência, os jovens necessitam de aprender como tornarem-se defensores da sua própria saúde. Os profissionais podem ajudar os adolescentes a aprenderem os seus auto cuidados e os aspectos que os levam a defender a sua saúde, ao forneceremlhes informação sobre a sua condição e recursos para gerirem a sua condição de forma directa. Os adolescentes têm de ser envolvidos no planeamento dos seus cuidados com os profissionais. Por exemplo, as consultas e encontros com a equipa de saúde precisam de se centrar nas necessidades do adolescente. Os profissionais podem encorajar a participação activa dos adolescentes ao escutarem atentamente as suas preocupações e convidandoos a colocarem perguntas. Os esforços activos de adaptação contribuem para a saúde física dos adolescentes e também para o seu sentido de domínio de si próprios e de autonomia. 4.8. Manutenção da integração social A presença d uma doença crónica ou incapacidade coloca o adolescente em risco de isolamento social ao mesmo tempo que as relações entre pares são um factor crítico no desenvolvimento do adolescente. A condição e o seu tratamento podem limitar as oportunidades de socialização. 20 Por exemplo, um adolescente que necessita de uma cadeira de rodas podem achar que as barreiras no seu transporte e a falte de condições de acessibilidade reduzem as possibilidades de se encontrar com os amigos na comunidade. O estigma e as atitudes negativas acerca da incapacidade também interferem na integração social. AS relações de suporte fora da família são factores de protecção muito fortes que contribuem para a resiliência familiar. Numerosos estudos indicam que as famílias que são pró - activas na manutenção das suas redes sociais de suporte são mais capazes de se adaptarem a stressores relacionados com a doença crónica e a incapacidade. As redes de suporte diminuem o isolamento social e providenciam uma variedade de recursos emocionais, informativos e práticos para as famílias. Através das interacções com os outros que têm adolescentes em condições semelhantes, as famílias aprendem novas competências e descobrem recursos para gerirem as situações em diversos contextos. Os profissionais precisam de avaliar a adequação as redes de suporte formais e informais do adolescente e da família. Os profissionais podem reforçar a rede de suporte dos adolescentes ao reconhecerem a importância das amizades e encorajando os hobbies e os interesses extracurriculares. As barreiras que interferem com as relações sociais precisam de ser identificadas e de serem feitos os ajustamentos que se adaptem a necessidades especiais. Os jovens podem beneficiar de oportunidades para falarem em contextos individuais ou de grupo com outros jovens ou jovens adultos que enfrentaram desafios semelhantes. Os grupos de ajuda e suporte e as experiências de acampamentos também providenciam oportunidades para os adolescentes desenvolverem uma variedade de competências de adaptação e um sentido de confiança à medida que socializam com os seus pares. 4.9. Desenvolvendo relações de colaboração entre crianças/adolescentes, famílias e profissionais A facilitação da colaboração entre a família e os profissionais, a todos os níveis do hospital, do domicílio, e da comunidade é um elemento chave dos cuidados 21 centrados na família (Shelton e Stepanek, 1994)29. Parcerias efectivas requerem a participação active dos profissionais e também dos adolescentes e as suas famílias. Relações de colaboração e suporte ajudam os adolescentes a desenvolverem um sentido de competência à medida que eles assumem um incremento de responsabilidades pelos seus próprios cuidados. Da mesma forma, a colaboração efectiva entre profissionais e famílias ajudam os pais a estabelecerem novos padrões de comportamento e a deixarem para trás papeis desnecessários à medida que os adolescentes se aproximam da idade adulta. Os profissionais podem promover relações de colaboração saudáveis ao basearem as suas interacções de cuidados na: a) escuta e respeito, assegurando ao adolescente e a família a compreensão sobre a condição e o impacto na família; b) inclusão do adolescente e os cuidadores familiares no processo de decisão sobre a gestão da condição crónica; c) partilha de informação actualizada e relevante sobre a doença crónica ou a incapacidade com os adolescentes e cuidadores familiares; d) trabalho em conjunto para gerir em vez de controlar situações particulares e e) providenciar de informações desenvolvimentais apropriadas e de orientação. As transições do contexto de cuidados de saúde pediátricos para o de adultos colocam novos desafios e oportunidades para os jovens e as suas famílias. As relações de colaboração entre os profissionais da área pediátrica e de adultos não só facilitam a transferência dos cuidados mas também promovem o desenvolvimento de novas relações de colaboração entre o jovem adulto e os profissionais de saúde. 29 Shelton, T.L. & Stepanek J.S. (1994). Family centered care for children needing specialized health and developmental services, Association for the Care of Children’s Health, 7910 Woodmont Ave., Suite 300, Bethesda, MD 20814.