RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
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RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
PROJECTO DE CENTRAL FLUTUANTE DE ENERGIA EM NACALA-PORTO, PROVÍNCIA DE NAMPULA RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - RASCUNHO Setembro 2016 INDÍCE INDÍCE.................................................................................................................................................... I LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................... IV LISTA DE CAIXAS .............................................................................................................................. VI LISTA DE UNIDADES E DEFINIÇÕES ............................................................................................. IX 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1 2. O PROPONENTE ......................................................................................................................... 2 3. O CONSULTOR AMBIENTAL ..................................................................................................... 3 4. DESCRIÇÃO DO PROJECTO..................................................................................................... 4 4.1. Visão Geral do Projecto ........................................................................................................ 4 4.1.1. Operador do Projecto .................................................................................................... 5 4.1.2. Justificação do Projecto ................................................................................................ 5 4.2. Processo de Construção da Central Flutuante de Produção de Energia no Estaleiro Naval ................................................................................................................................................ 6 4.3. Localização do Projecto e Traçado da Atracação .............................................................. 6 4.4. Processo de Geração de Energia Eléctrica ........................................................................ 8 4.5. Preparação do Local ............................................................................................................. 8 4.5.1. Cronograma e Força de Trabalho ................................................................................ 8 4.5.2. Actividades de Preparação na Zona Principal do Projecto ........................................ 9 4.5.3. Tipo de Equipamento e Ferramentas de Pesquisa .................................................... 9 4.5.4. Matéria-prima Consumida durante a Fase de Preparação do Local ...................... 10 4.5.5. Resíduos e Emissão de Efluentes gerados durante a Fase de Preparação do local ....................................................................................................................................... 10 4.5.6. Tráfego ......................................................................................................................... 10 4.6. Actividade Operacional ....................................................................................................... 10 4.6.1. Especificações da Central Flutuante de Produção de Energia ............................... 10 4.6.2. Cronograma e Força de Trabalho .............................................................................. 11 4.6.3. Fornecimento de Água ................................................................................................ 11 4.6.4. Altura Máxima de Carga ............................................................................................. 11 4.6.5. Ruído ............................................................................................................................ 11 4.6.6. Gestão de Águas Residuais ....................................................................................... 11 4.6.7. Gestão de Resíduos Sólidos ...................................................................................... 11 4.6.8. Plano de Manutenção da Central Flutuante de Produção de Energia.................... 12 4.6.9. Plano de Gestão de Derrame de Hidrocarbonetos................................................... 12 I 4.7. 5. QUADRO LEGAL E REGULATÓRIO ....................................................................................... 13 5.1. Introdução ............................................................................................................................ 13 5.2. Autoridades Institucionais Moçambicanas e Respectivas Responsabilidades.............. 13 5.3. Quadro Legal e Regulatório de Moçambique ................................................................... 18 5.3.1. Quadro Legal Geral ..................................................................................................... 18 5.3.2. Quadro Legal Sectorial................................................................................................ 25 5.4. 6. Desmobilização ................................................................................................................... 12 Convenções Ractificadas por Moçambique...................................................................... 26 ABORDAGEM METODOLÓGICA ............................................................................................. 30 6.1. Avaliação da Qualidade do Ar ............................................................................................ 30 6.1.1. Avaliação de Impactos na Qualidade do Ar .............................................................. 31 6.1.2. Emissões ...................................................................................................................... 31 6.1.3. 6.2. Modelação De Dispersão................................................................................................ 32 Avaliação do Ruído ............................................................................................................. 36 6.2.1. Procedimento de Monitorização do Ruído ................................................................ 36 6.2.2. Locais de Monitorização do Ruído ............................................................................. 38 6.3. Caracterização do Meio Biótico Marinho e Socioeconómico .......................................... 40 6.3.1. Recolha de Informação ............................................................................................... 40 6.3.2. Relatório de Estudo Especialista................................................................................ 45 6.4. Avaliação de Impactos ........................................................................................................ 45 7. ÁREAS DE INFLUÊNCIA ........................................................................................................... 47 8. ANÁLISE DE ALTERNATIVAS .................................................................................................. 47 9. 8.1. Alternativa Zero ................................................................................................................... 48 8.2. Alternativas do Projecto ...................................................................................................... 48 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA ........................................................ 49 9.1. Meio Biofísico ...................................................................................................................... 49 9.1.1. Clima ............................................................................................................................. 49 9.1.2. Características Costeiras (Norte de Moçambique) ................................................... 52 9.1.3. Geologia e Geomorfologia .......................................................................................... 52 9.1.4. Solos ............................................................................................................................. 52 9.1.5. Hidrologia ..................................................................................................................... 53 9.1.6. Oceanografia Física .................................................................................................... 53 9.1.7. Qualidade do Ar ........................................................................................................... 58 9.1.8. Ambiente Sonoro ......................................................................................................... 62 9.1.9. Flora e Fauna Terrestres ............................................................................................ 66 II 9.1.10. Ambiente Marinho .................................................................................................... 66 9.1.11. Fauna Marinha ......................................................................................................... 76 9.1.12. Áreas Protegidas ..................................................................................................... 90 9.2. 10. Meio Socioeconómico ......................................................................................................... 90 9.2.1. Localização do Projecto .............................................................................................. 90 9.2.2. Divisão Administrativa e Estrutura de Governação .................................................. 92 9.2.3. Perfil Demográfico ....................................................................................................... 94 9.2.4. Infra-estruturas e Serviços .......................................................................................... 94 9.2.5. Acessibilidade e Transporte ..................................................................................... 105 9.2.6. Actividades Económicas ........................................................................................... 110 9.2.7. Percepções e Expectativas em Relação ao Projecto ............................................. 135 AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS............................................ 136 10.1. Potenciais Impactos Positivos ...................................................................................... 136 10.1.1. Melhoria no Fornecimento de Energia a nível local e regional .......................... 136 10.1.2. Incremento da Economia Local e Regional ......................................................... 137 10.1.3. Criação de Postos de Trabalho Temporários para População Local................ 138 10.1.4. Potencial melhoria na qualidade de vida das comunidades .............................. 139 10.2. Potenciais Impactos Negativos - Ambiente Biofísica ................................................ 139 10.2.1. Impactos na Qualidade do Ar ............................................................................... 139 10.2.2. Impactos na Qualidade da Água .......................................................................... 147 10.2.3. Impactos na Ecologia Marinha ............................................................................. 152 10.3. Potencias Impactos Negativos – Ambiente Socioeconómico ................................ 157 10.4. Impactos Associados a Eventos Não Rotineiros (Fugas e Derrames de hidrocarbonetos e Incêndios e Explosões) ............................................................................. 164 11. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 169 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 171 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Número de Trabalhadores para Obras de Construção ............................................... 9 Tabela 2. Principais funçoes e responsabilidades das instituições moçambicana relevantes para o projecto ..................................................................................................................................14 Tabela 4: Emissões de poluentes e de Gases de Efeito de Estufa (toneladas por ano) a partir da Central flutuante ...................................................................................................................32 III Tabela 5: Estimativa de emissões de poluentes e GEE (toneladas por ano) a partir do barco de abastecimento de combustível ..................................................................................................32 Tabela 6: Parametrização de variáveis-chave para CALMET ...................................................35 Tabela 7: Parametrização de variáveis-chave para CALPUFF..................................................35 Tabela 8: Os CCPs abrangidos pelo estudo e o número de participantes dos encontros..........41 Tabela 9: Operadores turísticos envolvidos no estudo. .............................................................43 Tabela 11: Fontes de poluição do ar em Nacala e os possíveis poluentes (adaptado de uMoyaNILU, 2011) ..............................................................................................................................61 Tabela 12: Tabela de medição para Ponto de Medição MP1 ....................................................64 Tabela 13: Tabela de medição para o Ponto de Medição MP2 .................................................65 Tabela 14: Géneros de corais identificados por Telford et al. (1999) nos recifes da Baía de Fernão Veloso, recifes de Fernão Veloso, Mulala e Naeli. ........................................................68 Tabela 15: Espécies de Tartaruga que ocorrem no Norte de Moçambique, seus nomes comuns estado de conservação. ............................................................................................................79 Tabela 16: Composição da icitiofauna na Baía de Nacala (fontes: Rio Doce Moçambique, 2006; Impacto, 2012; Telford et al., 1999; lista de peixes de coral da reserva de recife de coral da Libelula (Ltd.) – gentilmente fornecida por Ian Kingsley) ...........................................................83 Tabela 17: Divisão Administrativa do Município de Nacala – Porto ...........................................92 Tabela 18: Número de escolas por nível de ensino em Nacala-Porto .......................................95 Tabela 19: Unidades Sanitárias em Nacala-Porto .....................................................................97 Tabela 20: Fontes de abastecimento de água no Distrito de Nacala-Porto .............................101 Tabela 21: Número de Pescadores para Nacala-Porto e Nacala-à-Velha segundo o Recenseamento de 2007 ........................................................................................................116 Tabela 22: Número de Embarcações e Artes de Pesca por Centro de Pesca .........................117 Tabela 23: Principais artes de pesca usadas em Nacala-Porto e Nacala-à-Velha ..................118 Tabela 24: Emissões anuais (t/a) da Central flutuante e navio de abastecimento em equivalentes de CO2...............................................................................................................146 Tabela 25: Quantidade média de resíduos sólidos produzidos por mês (em m3) ....................148 Tabela 26: Quantidade de lama oleosa produzida a bordo na Central Flutuante no período de Março a Agosto de 2016 .........................................................................................................149 Tabela 27: Classificação dos derrames ..................................................................................166 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Central Flutuante de Energia Eléctrica ........................................................................ 4 Figura 2: Localização do Projecto .............................................................................................. 7 Figura 3: Diagrama de Fluxos para Geração de Energia Eléctrica ............................................. 8 Figura 4: Domínios de modelação, maior para TAPM e menor para CALPUFF centrados no local da Central Flutuante .........................................................................................................34 Figura 5: Central Flutuante, infra-estrutura em terra e locais de medição de ruído ...................39 Figura 6: Grupo focal com CCP e pescadores dos centros de pesca de Nacala Porto .............42 Figura 7: Grupo focal com diversos intervenientes da pesca em Nacala-à-Velha .....................42 IV Figura 8: Localização dos CCPs e Operadores Turísticos, Trajecto e Pontos de Observação da Visita de Barco (Pontos 1, 2 e 3) ...............................................................................................44 Figura 9: Pluviosidade media mensal e o número de dias de chuva por mês no Lumbo, de 1976 a 2010 (dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia)...........................................49 Figura 10: Temperatura média, mínima e máxima mensal e humidade média mensal no Lumbo, de 1976 a 2010 (dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia). ............................50 Figura 11: Velocidade média mensal do vento no Lumbo (em m/s) e a rajada mais forte registada em cada mês no período de 1988 a 2008 (http://www.myweather2.com/CityTown/Mozambique/Nacala/climate-profile.aspx). ......................................................................50 Figura 12: Frequência de Ciclones por Distrito..........................................................................51 Figura 13: Sinais de erosão nas proximidades do Porto de Nacala...........................................53 Figura 14: Batimetria da Baía de Nacala (em m).......................................................................54 Figura 15: Padrão de Circulação na Baía de Nacala antes da expansão do Porto: enchente (à esquerda) e vazante (à direita) (a escala na barra representa o nível de maré) ........................56 Figura 16: Correntes residuais induzidas pela rectificação da batimetria e pelo padrão dos ventos na Baía de Nacala antes da expansão do Porto (a escala na barra representa o nível de maré). .......................................................................................................................................56 Figura 17: Marés observadas no Porto de Nacala. ...................................................................57 Figura 18: Rosa-dos-ventos anual para Nacala ........................................................................59 Figura 19: Ponto de medição MP1 na área industrial do Porto na principal via de acesso .......62 Figura 20: Rota prevista da nova Estrada de acesso (à esquerda) e vista norte ao longo da antiga estrada de acesso ao Porto (à direita) ............................................................................63 Figura 21: Vista Oeste para a área dos Escritórios Mogás (à esquerda) e Vista Sul a área residencial à esquerda da Mogás (à direita)..............................................................................63 Figura 22: Ponto de medição MP2, na área industrial do porto na principal via de acesso .......65 Figura 23: Vista Noroeste em direcção ao Porto de Nacala (à esquerda) e Vista para o Sudoeste (à direita) ...................................................................................................................65 Figura 24: Localização dos Recifes de Coral, mangais e salinas na Baía de Nacala. ...............71 Figura 25: Evidências de modificações de mangal (em cima), salinas na área próximo ao ponto de observação 1 (à esquerda) e terminal de carvão (à direita), e áreas com mangal mais desenvolvido (em baixo), mangal a sul da Baía (à esquerda) e mangal próximo ao ponto de observação 2 (á direita). ...........................................................................................................73 Figura 26: Colecta de invertebrados na zona entre-marés em Nacala-à-Velha (em cima) e ilustração de praias (em baixo), praia rochosa em frente ao Líbelua lodge (à esquerda) e praia arenosa na Baía de Muananculo (à direita)...............................................................................75 Figura 27: Carapaças de tartaruga bico-de-falcão (à direita) e de tartaruga verde (à esquerda) usadas como candeeiros num dos estabelecimentos turísticos de Fernão Veloso. ..................79 Figura 28: Flamingo comum e Garça-real na área de salina a 2 km a sul da área do Projecto. 81 Figura 29: Localização do Projecto e Visualização do Distrito e Município de Nacala-Porto .....91 Figura 30: Divisão do Município por Bairros. .............................................................................93 Figura 31: Algumas das unidades Sanitárias no Distrito de Nacala-Porto .................................98 Figura 32: Casas mistas misturadas com casas convencionais em Nacala-Porto.....................99 Figura 33: Parte da Cidade de Nacala que concentra casas convencionais e flats/apartamentos ...............................................................................................................................................100 Figura 34: Central Temoeléctrica Flutuante de Nacala............................................................102 Figura 35: Primeira torre de recepção/distribuição de energia da Central ...............................103 Figura 36: Segunda torre de recepção/distribuição de energia dentro da Subestação de Nacala ...............................................................................................................................................103 Figura 37: Transmissão de Energia a base da Central............................................................104 Figura 38: Aeroporto de Nacala – à esquerda vista frontal e à direita vista da pista de aterragem ...............................................................................................................................................106 V Figura 39: Transporte Marítimo dentro da Baía de Nacala ......................................................106 Figura 40: Rede de Estradas em Nacala Porto .......................................................................107 Figura 41: Porto de Nacala .....................................................................................................108 Figura 42: Sistema ferroviário que liga Nacala ........................................................................110 Figura 43: Centro de Pesca de Mucuaiba à direita e centro de pesca de Muzuane à esquerda. ...............................................................................................................................................112 Figura 44: Centro de Pesca de Naxiropa em Nacala-à-Velha .................................................113 Figura 45: Localização dos Centros de Pesca de Nacala-Porto e das Baías de integram a Baía de Nacala................................................................................................................................115 Figura 46: Algumas embarcações mais usadas na Baía de Nacala ........................................117 Figura 47: Pescadores com rede de arrasto à esquerda e pescadores com linha de mão à direita ......................................................................................................................................120 Figura 48: Mulheres com quinia à esquerda e recolectores à direita .......................................120 Figura 49: Pescadores muito próximos CENTRAL..................................................................121 Figura 50: Pescadores muito próximos do ponte-cais .............................................................122 Figura 51: Áreas de Pesca por arte de pesca em Nacala-Porto ..............................................124 Figura 52: Áreas de pesca por arte de pesca em Nacala-á-Velha...........................................125 Figura 53: Cimentos de Nacala à esquerda e Cimentos de Moçambique S.A.R.L à direita .....127 Figura 54: Fábrica de Moagem de Cereais no Bairro Triângulo ..............................................128 Figura 55: Algumas instalações industriais e indústrias salineiras em Nacala-Porto ...............129 Figura 56: Vista nocturna da CTFN a partir do Nacala Plaza ..................................................130 Figura 57: Alguns operadores turísticos em Nacala-Porto ......................................................131 Figura 58: Pelago Adventures Activities (Kwalala Lodge) à esquerda e Libélula Lodge à direita ...............................................................................................................................................132 Figura 59: Moz Avdentures, Lda. ............................................................................................132 Figura 60: Áreas de Actividades de Lazer e Reservas Comunitárias ......................................134 Figura 61: Previsão das concentrações anuais de SO2 ambiente (à esquerda) e concentrações de SO2 previstas para 24 horas (meio) e 1 hora (à direita)......................................................140 Figura 62: Concentrações previstas de NO2 – anuais (à esquerda) para 24-horas (meio) e 1hora (à direita).........................................................................................................................141 Figura 63: Previsão das concentrações de CO (à esquerda) para 8 horas e 1 hora (à direita)142 Figura 64: Previsão das concentrações anuais (à esquerda) e para 24 horas (à direita) de PM10 ...............................................................................................................................................143 Figura 65: Previsão das concentrações de PM2.5 anuais (à esquerda) e 24 horas (à direita)...144 Figura 66: Embarcações de pesca nas proximidades da Central ............................................161 LISTA DE CAIXAS Caixa 2: Contactos dos Escritórios da EDM em Maputo e Nampula............................................... 2 Caixa 3: Notas sobre Metodologia do Ruído ................................................................................... 39 Caixa 5: Localização georreferenciada do Ponto de Medição MP2 .............................................. 64 Caixa 6: Zona Económica Especial de Nacala .............................................................................. 111 Caixa 7: Baía de Nacala .................................................................................................................. 113 Caixa 8: Associações de Pesca em Nacala-Porto e Nacala-à-Velha .......................................... 114 Caixa 9: Áreas potenciais para aquacultura .................................................................................. 126 VI LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS ADM E.P. Aeroportos de Moçambique ADPP Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo AFs Agregados familiares AIA Avaliação de Impacto Ambiental AID Área de Influência Directa AII Área de Influência Indirecta ASSOPENA Associação de Pescadores de Nacala CCP Conselho Comunitário de Pesca CDN Corredor de Desenvolvimento de Nacala CFM Caminhos de Ferro de Moçambique CLN Corredor Logístico Integrado de Nacala CP Centro de Pesca CRA Conselho de Regulação de Águas CS Centro de Saúde CTFN Central Termoeléctrica Flutuante de Nacala DINOTER Direcção Nacional de Ordenamento Territorial e Reassentamento DPTADER Direcção Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural EDC DAAC Data Centre Distributed Active Archive Centre EDM Electricidade de Moçambique, E.P. EIA Estudo de Impacto Ambiental EP1 Escola Primária do 1o Grau (Classe 1-5) EP2 Escola Primária do 2o Grau (Classe 6 + 7) EPDA Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito EROS Earth Resources Observation System ESG1 Ensino Secundário Geral do 1o Grau (Classe 8-10) ESG2 Ensino Secundário Geral do 2o Grau (Classe 11 + 12) ETP B Ensino Técnico Profissional Básico ETP M Ensino Técnico Profissional Médio FIDA Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura FIPAG Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água GCBT Grandes Consumidores De Baixa Tensão VII GEE Gases de Efeito de Estufa GWP Potencial de Aquecimento Global – Global Warming Potential HIV/SIDA Vírus de Imunodeficiência Humana / Síndroma de Imunodeficiência Adquirida IDPPE Instituto Nacional De Desenvolvimento Da Pesca De Pequena Escala IFP/E.P.F. Instituto de Formação de Professores/ Ensino de Professores do Futuro IIP Instituto de Investigação Pesqueira IMPACTO Impacto Projectos e Estudos Ambientais Limitada INAMAR Instituto Nacional da Marinha INAQUA Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca e Aquacultura INE Instituto Nacional de Estatística INEFP Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional ISPUNA Instituto Superior Politécnico de Nacala ITS Infecções de Transmissão Sexual MAE Ministério da Administração Estatal MCA Millennium Challenge Account MICOA Ministério para Coordenação da Acção Ambiental MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural MT Média Tensão MTC Ministério dos Transportes e Comunicação OLE Órgãos Locais do Estado OMS Organização Mundial de Saúde PA Posto Administrativo PGA Plano de Gestão Ambiental PGDO Plano de Gestão de Derrame de Óleo PI&As Partes Interessadas e Afectadas PPP Processo de Participação Pública PS Posto de Saúde PSAA Pequena Sistema de Abastecimento de Água PT Posto de Transformação REIA Relatório do Estudo de Impacto Ambiental VIII SANS Padrões Nacionais Sul-africanos – South African National Standard. SCR Redução Catalítica Selectiva SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas SDEJT Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas SDSMAS Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social SNS Sistema Nacional de Saúde TAPM Modelo de Poluição de Ar TdR Termos de Referência UNF CCC Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ZEE Zona Económica Especial Zesco Empresa Nacional de Electricidade da Zâmbia ZFI Zonas Francas Industriais LISTA DE UNIDADES E DEFINIÇÕES dB(A): Unidade de nível de som. O nível de pressão sonora ponderado pelo uso da uma unidade de medição A característica e ponderação especificados na norma ANSI Especificações para Sonómetro. decibel (dB) Uma medida de som. É igual a 10 vezes o logaritmo (base 10) da proporção de uma determinada pressão de som a uma pressão de som de referência. A pressão sonora de referência utilizada é 20 micropascal, que é o menor som audível. CH4 Metano CO2 Dióxido de Carbono ha Hectare hab/km² Habitante por quilómetro quadrado km² Quilómetro quadrado kV Quilovolt kW Quilowatt LAeq Nível sonoro ponderado A em decibéis, de som constante contínuo, que dentro de um intervalo especificado tem a mesma pressão de som que um som que varia com o tempo. Este é um nível de som médio que iria produzir a mesma equivalência de energia que o nível do som flutuante que de facto ocorre. LA90 O nível de ruído excedeu 90% do período de medição com frequência IX A de ponderação calculada por análise estatística. Dá uma indicação do nível de ruído subjacente, ou o nível que quase sempre existe entre eventos ruidosos intermitentes. É geralmente utilizado para a determinação do ruído de fundo, isto é, os níveis de ruído sem a influência das principais fontes Leq Nível de pressão sonora contínuo equivalente de um som em estado estacionário, que tem a mesma energia sonora que a contida no som variável no tempo real que está sendo medido, ao longo de um período de tempo específico, re 2 * 10-5 Pa. LpA Nível de pressão sonora em dB (A), re 2 * 10-5 N/m². Nível máximo de pressão sonora em dB (A) (re 2 * 10-5 N / m²), medido a 1 m de distância das instalações ao ar livre, e seus dispositivos de atenuação, respectivamente, e a uma altura de 1,5 m acima do nível do chão. LpA max MW Megawatt Nº Número NOx Ácido de Nitrogénio PM10 Partículas inaláveis, de diâmetro inferior a 10 micrómetros (µm), e constitui um elemento de poluição atmosférica. PM2.5 Partículas inaláveis de diâmetro inferior a 2.5 micrómetros (µm), e constitui um elemento de poluição atmosférica. SO2 Dióxido de Enxofre % Percentagem (por cento) X Relatório de EIA - Rascunho 1. INTRODUÇÃO O presente relatório insere-se no âmbito do projecto de instalação e operação de uma Central Flutuante de Produção de Energia que se encontra actualmente ancorada na Baía da Nacala e uma linha de transmissão de energia de cerca de 1 km que liga a Central à uma subestação em Nacala-Porto, na província de Nampula. A Central Termoeléctrica Flutuante de Nacala1 (CTFN) apresenta uma capacidade instalada de 100±10%MW que utiliza Heavy Fuel Oil a combustão nos motores. A energia eléctrica produzida pela central é fornecida, pela rede de transporte da EDM não só a Zâmbia mas também a região Norte de Moçambique, aumentando a disponibilidade e qualidade de fornecimento de energia eléctrica as áreas beneficiadas. O processo de Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) da Central iniciou em Dezembro de 2015, com a submissão da Instrução do Processo (IP) à Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER) de Nampula que classificou a actividade como sendo de “Categoria B” (ver carta de categorização no Anexo I), estando deste modo sujeita a um Estudo Ambiental Simplificado (EAS) sendo por isso que a IMPACTO – Projectos e Estudos Ambientais foi adjudicada como consultor ambiental responsável pela realização do processo de AIA. Dadas as especificações legais, técnicas e potenciais impactos ambientais do Projecto em questão, em Fevereiro de 2016, o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) reclassificou o Projecto para “Categoria A” (ver carta de re-categorização no Anexo II) sendo que este passaria a requerer um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Na sequência da categorização do Projecto e pelas determinações da legislação ambiental de Moçambique, um Projecto de Categoria A requer a elaboração de um Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) de modo a determinar a existência ou não de questões fatais relativas à implementação da actividade e determinar o âmbito do EIA e consequentemente o desenho dos Termos de Referência (TdR) para elaboração dos estudos de situação de referência e a análise dos impactos tanto da componente biofísica como da socioeconómica na realidade na qual se insere a actividade. Sendo assim, o EPDA e TdRs foram elaborados em total cumprimento dos artigos 10 e 11 do Decreto 45/2004 de 29 de Setembro, tendo sido submetidos em 4 de Março de 2016 e aprovados em Março de 2016 pelo MITADER, conforme carta de aprovação no Anexo III. De referir que, após a aprovação do EPDA, o Governo de Moçambique procedeu a inauguração da Central, tendo a mesma, iniciado com a produção e fornecimento de energia para o Distrito de Nacala, em Março de 2016, sem que fossem finalizadas as etapas determinadas pelo Decreto 45/2004. Sendo assim, o presente EIA enquadra-se numa situação atípica às determinações da legislação ambiental em Moçambique em que a actividade já se encontra em fase de operação. 1 Terminologia oficialmente usada pela Electricidade de Moçambique (EDM). 1 Relatório de EIA - Rascunho Deste modo, o EIA centrar-se-á no seguinte: i) Descrição do projecto contemplando suas especificações técnicas de localização, equipamento, preparação e operação da actividade; ii) Descrição da situação de referência do meio biofísico e socioeconómico no qual se insere a actividade, assim como a avaliação do impacto do ruído e da qualidade do ar; iii) Avaliação de impactos já decorrentes da operação da Central e de potenciais impactos da actividade assim como medidas de mitigação propostas para minimizar os impactos negativos e de potenciação para maximizar os impactos positivos. 2. O PROPONENTE O Proponente do Projecto é a EDM na qualidade de consignatária de um acordo tripartido com a Zesco da Zâmbia e a Karpower International DMCC, esta última, membro da Karadeniz Holding Companies daTurquia (Operador do Projecto). Os contactos dos escritórios da EDM e o representante da EDM em Maputo são os seguintes: Caixa 1: Contactos dos Escritórios da EDM Escritórios de Maputo: EDM Av. Zedequias Manganhela 267 Prédio JAT IV Maputo Moçambique Tel: 21 32 82 71 Fax: 21 43 10 29 Caixa 2: Contactos do Representante da EDM Nome: Belarmina Mirasse Posição: Chefe de Departamento Ambiental e Social da EDM Cel: +258 84 9553229 Email: [email protected] Informação adicional do proponente encontra-se disponível na página da Internet da EDM: www.edm.co.mz. 2 Relatório de EIA - Rascunho 3. O CONSULTOR AMBIENTAL A Impacto é uma empresa inteiramente composta por capital moçambicano com sede em Maputo, na Av. Mártires da Machava nº 968. A Impacto foi oficialmente registada a 14 de Agosto de 1996 e possui actualmente uma equipa multidisciplinar de consultores com bastante experiência e conhecimento em questões ambientais e sociais, adquirida ao longo de vários anos de trabalho em vários estudos levados a cabo em todo o país. A Impacto está registada pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) para realizar EIAs em Moçambique (ver Anexo IV) e tem uma vasta experiência na realização destes estudos. A equipa envolvida no presente estudo é multi-disciplinar contando com especialistas experientes a nível de Moçambique e na área do projecto, nomeadamente: Especialidade Técnico Gestor(a) do Projecto e especialista de AIA John Hatton Especialista em Socioeconomia e Pescas Yarina Martins Pereira Especialista em Ecologia Marinha Eduardo Videira Especialista em GIS Lourenço Covane Especialista em Qualidade do Ar Mark Zunkel Especialista em Poluição Sonora John Hassal 3 Relatório de EIA - Rascunho 4. DESCRIÇÃO DO PROJECTO 4.1. Visão Geral do Projecto Este projecto é um empreendimento de larga escala com componentes em mar (uma Central Flutuante de Produção de Energia) com componentes em terra, nomeadamente, duas torres de transmissão, linhas de transmissão de energia (ETL) e uma subestação em Nacala-Porto, na província de Nampula, em Moçambique. O combustível para o Projecto da Central está a ser fornecido de fora do País, por fornecedores de combustível de boa reputação. A Central, designada Karadeniz Powership Irem Sultan, possui capacidade instalada de 100±10%MW utilizando óleo combustível com enxofre baixo (<%1), está actualmente ancorada na costa de Nacala. A operação de mobilização da Central e a construção das estruturas em terra foi completada em 2 meses. A Central está operacional desde 12 de Março de 2016 e irá operar durante pelo menos 2 anos. Figura 1: Central Flutuante de Energia Eléctrica De acordo com o Contrato Tripartido de Compra de Energia assinado a 26 de Novembro de 2015 entre a Zesco Limited, EDM e Karpower International DMCC e a fim de cumprir os requisitos legais que regem o sector da electricidade em Moçambique, a Karpower e a EDM assinaram um Contrato de Fretamento a 01 de Dezembro de 2015 e a capacidade de geração de energia eléctrica da Central que está a ser injectada na rede da EDM é de 85 MW. 4 Relatório de EIA - Rascunho 4.1.1. Operador do Projecto A Empresa Karpowership Mozambique Company Limitada, uma empresa do Grupo Karadeniz Holding Companies da Turquia (o “Operador do Projecto”) é aquela que está a fazer a operação e manutenção da barcaça geradora ao abrigo dum Acordo de Assistência e Manutenção que foi assinado entre a Karpowership Mozambique Company Limitada e a Karpower International MCC. Foram elaborados TdR (Termos de Referência) com base no projecto desenvolvido pelo Operador do Projecto. Caso haja qualquer alteração no desenho final do projecto e/ou nos métodos de construção relativamente à planta inicial utilizada para esta avaliação será imediatamente entregue uma informação actualizada às autoridades locais. O Operador do Projecto está totalmente empenhado em fazer cumprir todas as directrizes da legislação local na realização deste projecto. Neste contexto, as referidas normas e directrizes estão novamente observadas tanto na fase de desenvolvimento do Projecto, como na fase de implementação, e os requisitos pertinentes estão reflectidos em toda a documentação do Projecto. 4.1.2. Justificação do Projecto A Zâmbia enfrenta actualmente um défice significativo de energia, principalmente devido a níveis extremamente baixos de água no lago Kariba tornando-se assim necessário encontrar soluções de emergência para o contínuo fornecimento de energia. Como a Zâmbia é um país sem litoral, o Governo da Zâmbia abordou o Governo de Moçambique (através do Ministério dos Recursos Minerais e Energia - MIREME) para o ajudar, a suprir o défice, permitindo que a Central fosse ancorada em Moçambique, com a visão de que a energia produzida por esta seja exportada para a Zâmbia através de rede de transporte da EDM. Adicionalmente à ajuda prestada a um país vizinho da SADC, o Projecto oferece benefícios significativos para Moçambique em termos de fornecimento de energia e benefícios económicos. O sistema de transmissão da EDM no Norte de Moçambique apresenta graves constrangimentos estando a operar no seu limite de capacidade, resultando na limitação de carga para Nacala e outras partes do Norte do País. A Central Flutuante de Nacala irá aliviar os actuais constrangimentos no fornecimento de energia ao Norte do País, e a EDM beneficiará igualmente de receitas comerciais através da exportação de energia para a Zâmbia. O fornecimento consistente de electricidade irá facilitar o desenvolvimento económico e o investimento e, consequentemente, aumentar o emprego. De igual modo, este fornecimento de energia a escolas e hospitais resultará na melhoria dos benefícios socioeconómicos. 5 Relatório de EIA - Rascunho A Central não é um elemento permanente e não está ligado à terra e, será desconectada e retirado de Nacala, no fim do período contratual acordado para funcionamento. De modo a cumprir com requisitos legais que regem o sector de energia em Moçambique, a Karpower fretou a Central à EDM que fornece a capacidade eléctrica a Zesco e a rede da EDM ao abrigo do Contrato Tripartido de Compra de Energia. No entanto, devido a urgência no fornecimento de energia para a Zesco, a Central foi ancorada, conectada, autorizada e estabelecida a data de operação comercial a 11 de Março de 2016 (ver carta em Anexo V). A Central encontra-se localizada na Baía de Nacala nas proximidades a já existente subestação da EDM, conforme ilustra a Figura 2 abaixo. 4.2. Processo de Construção da Central Flutuante de Produção de Energia no Estaleiro Naval O Operador do Projecto tem um acordo de subcontratação com o maior estaleiro naval da Turquia, localizado no Distrito de Tuzla, na Província de Istambul. Neste estaleiro estão a ser construídos navios graneleiros e Centrais Flutuantes de Produção de Energia para a Operador do Projecto, da mesma forma que está a ser feita a manutenção e a reparação de navios. O estaleiro é composto principalmente por uma oficina de produção de aço, linhas de produção de painéis, hangares de pintura e decapagem de blocos, doca seca, rampa de lançamento semi-húmida e cais. A capacidade de reparação do estaleiro é de 2.000.000 toneladas/ano. Este projecto ímpar do Operador do Projecto de converter navios graneleiros em Centrais Flutuantes de Produção de Energia, visa a construção de uma central de produção de energia num navio graneleiro já existente, capaz de navegar em alto-mar e de fornecer energia eléctrica onde houver demanda para tal. A capacidade de geração de energia eléctrica destas centrais flutuantes (Powerships) varia entre 80 MW e 500 MW. O estaleiro tem os certificados de ISO 9001:2008 - Sistemas de Gestão da Qualidade, ISO 14001:2004 - Sistemas de Gestão Ambiental e ISO 18001:2007 - Sistemas de Saúde e Segurança no Trabalho. Além disso, todos os requisitos relacionados com a legislação nas áreas de saúde nacional, segurança e ambiental são cumpridos nas actividades do estaleiro. 4.3. Localização do Projecto e Traçado da Atracação O Projecto está localizado em Nacala-Porto, em Moçambique. O mapa de localização do projecto está apresentado na Figura 2 abaixo. 6 Relatório de EIA - Rascunho Figura 2: Localização do Projecto 7 Relatório de EIA - Rascunho 4.4. Processo de Geração de Energia Eléctrica O combustível necessário para a combustão nos motores na Central é armazenado em reservatórios de armazenamento de Heavy Fuel Oil a bordo. O combustível armazenado passa primeiro por uma unidade de decantação e separação do combustível, e só depois é canalizado para os motores. Os motores fazem girar o eixo do gerador, o que gera energia eléctrica. O diagrama de fluxos que mostra estas duas etapas básicas de geração de energia eléctrica está apresentado na Figura 3. Actualmente o HFO a ser usado Tanques de Armazenamento de Combustível Combustível Sedimentação e Separação de Combustível Combustível limpo Caso o gás natural seja usado Fornecimento de Gás Natural Gerador a diesel Gases de Escape Gases de Escape para Funil Cabines de MT Electricidade Transformador de potência Electricidade Linha de alimentação Para a Subestação Figura 3: Diagrama de Fluxos para Geração de Energia Eléctrica 4.5. Preparação do Local A Central Flutuante de Produção de Energia está ancorada a cerca de 600m da costa. Embora não tenham sido executadas obras de dragagem, de acordo com uma avaliação técnica efectuada pelo Operador do Projecto, foi realizado um levantamento batimétrico no local proposto para a Central Flutuante de Produção de Energia, que confirmou que a profundidade é de cerca de 6-7 metros, o suficiente para uma atracação segura. 4.5.1. Cronograma e Força de Trabalho 8 Relatório de EIA - Rascunho A construção da infra-estrutura em terra levou 2 meses. O número estimado de trabalhadores para as obras de construção é apresentado na tabela que se segue. Tabela 1: Número de Trabalhadores para Obras de Construção Descrição Gestão e supervisão das obras Trabalho de demolição Arruamento no local Trabalhos de construção civil Edificação da torre Construção do alimentador Comissionamento Total Expatriados 5 0 0 2 15 6 6 34 Locais 0 12 10 15 5 20 4 66 Total 5 12 10 17 20 26 10 100 Todas as obras de construção civil, construção de estradas e obras de demolição foram subcontratadas a empreiteiros locais. O pessoal responsável pela gestão do projecto durante a fase de construção foi funcionário do Operador do Projecto. 4.5.2. Actividades de Preparação na Zona Principal do Projecto As actividades de preparação que o Operador do Projecto realizou na zona principal antes da mobilização da Central foram: • Demolição de uma secção de um armazém existente da EDM; • Construção de uma linha de transmissão de energia, com 2 torres, até à Subestação de Nacala; e, • Construção de um compartimento para um alimentador de linha na subestação. Uma linha de transmissão de energia com um comprimento de cerca de 1.200 m e 2 torres foram construídas entre a Central e a subestação. 4.5.3. Tipo de Equipamento e Ferramentas de Pesquisa A lista das máquinas utilizadas durante a construção da linha de transmissão de energia é a seguinte: • Máquina escavadora para escavação das fundações da torre; • Camião para transporte do solo escavado e de material; • Batedor de estacas para as fundações da torre; • Betoneira para injecção de betão nas fundações; • Guindaste para instalação da torre; e, 9 Relatório de EIA - Rascunho • Máquina para encordoamento de condutores da linha de transmissão. 4.5.4. Matéria-prima Consumida durante a Fase de Preparação do Local Durante os trabalhos de preparação do local, não houve necessidade de uso de pedreira para obras de enchimento. 4.5.5. Resíduos e Emissão de Efluentes gerados durante a Fase de Preparação do local Durante a fase de construção houve solos escavados e foram gerados resíduos sólidos. Águas residuais domésticas foram geradas pela equipa de construção. Uma vez que Moçambique tem um clima tropical, ou seja, temperatura mínima acima de 20° C, não houve necessidade de instalar um sistema de aquecimento para os escritórios. Houve uma emissão insignificante de poeiras durante a escavação das fundações da torre ao longo do percurso da ETL. Para cada uma das fundações da torre, foram removidas cerca de 300-400 m³ de terras. 4.5.6. Tráfego Já existe uma rede de estradas que dão acesso ao local. 4.6. Actividade Operacional 4.6.1. Especificações da Central Flutuante de Produção de Energia O comprimento e a largura da Central Flutuante de Produção de Energia são de 140,83 m e 37,00 m, respectivamente. Esta Central inclui um número de 6 motores a gasóleo com duplo combustível, com o número de modelo 18V51/60 produzido pela MAN. A capacidade instalada de cada motor é de 17,21 MWe. Além dos motores, existe outro tipo de equipamentos na Central que inclui bombas, compressores, refrigeradores e condensadores. A Central Flutuante de Produção de Energia tem uma capacidade de armazenamento de Heavy Fuel Oil (HFO) a bordo para cerca de 5 ou 6 dias de consumo de combustível em plena capacidade de produção. A capacidade total do reservatório de armazenamento de combustível a bordo é de 4813 m³. A central flutuante é abastecida de combustível por um petroleiro, o qual é transferido de um tanque de armazenamento de combustível para a Central que se encontra ancorada ao lado desta. 10 Relatório de EIA - Rascunho 4.6.2. Cronograma e Força de Trabalho O Projecto possui cerca de 63 trabalhadores a bordo que possuem “seaman book”. Estes encontram-se acomodados na Central. Existem 3 turnos, cada um de 8 horas por dia. Existem 6 trabalhadores locais para operações diárias e trabalhos de manutenção a bordo entre as 8:00 e 17:00 horas. Constitui intenção do Projecto a de maximizar o número de trabalhadores locais na Central. 4.6.3. Fornecimento de Água A água potável é fornecida por fornecedores locais. A água para o uso doméstico é retirada do mar. A água a ser utilizada para as limpezas e para o banho é produzida por uma unidade de tratamento de água a bordo. A água de refrigeração também é retirada do mar. 4.6.4. Altura Máxima de Carga A altura máxima de carga é de 50,5 m acima do nível do mar, com um diâmetro de 1,8 m. 4.6.5. Ruído De acordo com as especificações dos motores e da casa de isolamento das máquinas, o nível sonoro sé de cerca de 50 dBA a uma distância de 100 metros da Central 4.6.6. Gestão de Águas Residuais São produzidas na Central e no navio-tanque de armazenamento de combustível águas residuais domésticas, de lastro, de porão, e águas residuais contendo substâncias perigosas, tais como resíduos de óleo. Em conformidade com a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL 73/78 ou “Convenção MARPOL”) (Anexos I, II e IV), a descarga no mar de óleos, substâncias líquidas nocivas, e esgoto dos navios é proibida. Portanto, as águas residuais perigosas produzidas na Central, no navio de apoio e no navio-tanque de armazenamento de combustível deverão ser descartadas através de uma empresa registada de eliminação de resíduos. Desde o início de Agosto de 2016, o Operador do Projecto transfere as águas residuais para uma embarcação auxiliar para armazenamento temporário e será mantida a deposição numa refinaria licenciada. 4.6.7. Gestão de Resíduos Sólidos O pessoal que trabalha na Central Flutuante de Produção de Energia e no navio-tanque de armazenamento de combustível produz resíduos sólidos domésticos. Para além disso, há 11 Relatório de EIA - Rascunho resíduos perigosos provenientes das actividades de manutenção. Os anexos III e V da Convenção MARPOL proíbem a poluição do ambiente marinho através da eliminação de substâncias nocivas e resíduos sólidos domésticos, pelo que qualquer tipo de resíduos sólidos e perigosos gerados na Central e no navio-tanque de armazenamento de combustível deverão ser descartados por uma empresa de eliminação registada. Os resíduos sólidos estão a ser transferidos através de um navio de serviço de uma terceira parte subcontratada pelas autoridades do Porto de Nacala. 4.6.8. Plano de Manutenção da Central Flutuante de Produção de Energia Foi elaborado um plano de manutenção para a Central acordo com as directrizes de MAN. Paralelamente, a manutenção é realizada em períodos mensais e anuais. 4.6.9. Plano de Gestão de Derrame de Hidrocarbonetos O Operador do Projecto desenvolveu um Plano de Resposta a Emergências (ERP) para ser implementado em todas as Centrais Flutuantes de Produção de Energia. Este plano define as responsabilidades e o Centro de Resposta a Emergências estabelecido. Define, também, as situações de emergência e apresenta acções de emergência em diferentes cenários. O Operador do Projecto também desenvolveu um Plano de Gestão de Derrame de Hidrocarbonetos (OSMP). O OSMP é um documento abrangente que inclui os procedimentos necessários de resposta juntamente com a organização de resposta (ou seja, funções e responsabilidades). As actividades de resposta e recuperação aparecem detalhadas neste plano. Também determina os procedimentos de gestão de resíduos que devem ser seguidos. 4.7. Desmobilização A Central Flutuante de Produção de Energia só irá partir depois de satisfeitos os requisitos de segurança e de ter sito dada autorização por parte das autoridades locais. A linha de transmissão será desconectada. Todas as estruturas fixas em terra que serão construídas para o Projecto, serão deixadas para o governo. A fase de desmobilização irá levar cerca de 1-2 meses. 12 Relatório de EIA - Rascunho 5. QUADRO LEGAL E REGULATÓRIO 5.1. Introdução O presente EIA foi realizado nos termos da Lei do Ambiente (Lei n.º 20/97 de 1 de Outubro), a qual se aplica a qualquer actividade que possa ter um impacto directo ou indirecto sobre o meio ambiente. O Projecto deverá estar em conformidade com os seguintes instrumentos: • Leis, normas, regulamentos e padrões moçambicanos aplicáveis, descritos na Secção 5.2. • Convenções ou tratados internacionais dos quais Moçambique é signatário descritos na Secção 5.4. Estes incluem vários tratados internacionais, convenções e protocolos relativos a questões como a biodiversidade e alterações climáticas. De salientar que o presente EIA está em conformidade com os Regulamentos de Avaliação de Impacto Ambiental n.º 45/2004 de 29 de Setembro e n.º 42/2008 de 4 de Novembro sendo que estes é que suportam a categorização do Projecto feita em Dezembro de 2015, antes da entrada em vigor do novo regulamento de avaliação de impacto ambiental, o Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro. 5.2. Autoridades Institucionais Moçambicanas e Respectivas Responsabilidades Todo o processo legislativo e regulatório em Moçambique encontra-se sob a responsabilidade de uma autoridade institucional quer seja de execução, de implementação, de fiscalização ou monitoria. Em termos de responsabilidades institucionais, houve alterações consideráveis, decorrentes das mudanças em 2015 no Governo da República de Moçambique. RASCUN HO A tabela abaixo apresenta o conjunto de instituições moçambicanas e suas respectivas responsabilidades relevantes para este projecto. 13 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 2. Principais funçoes e responsabilidades das instituições moçambicana relevantes para o projecto INSTITUIÇÃO Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural - MITADER FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES O Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) já não é um Ministério de Coordenação da Acção Ambiental e, no actual Governo, é responsável pelas áreas de administração e gestão de terra e geomática, florestas e fauna bravia, ambiente, áreas de conservação e desenvolvimento rural (anteriormente sob responsabilidade dos Ministérios da Agricultura e do Turismo). O MITADER tem agora as seguintes atribuições: • Planeamento e ordenamento territorial para o desenvolvimento sustentável do País; • Formulação de propostas de políticas e estratégias de desenvolvimento integrado da terra, ambiente, áreas de conservação, florestas, fauna bravia e desenvolvimento rural; • Administração e gestão da terra; • Administração, gestão e uso sustentável das florestas e da fauna bravia; • Administração e gestão da rede nacional das áreas de conservação; • Planeamento, promoção e coordenação do desenvolvimento rural integrado e sustentável; • Promoção do desenvolvimento do conhecimento no domínio da terra, ambiente, florestas, fauna bravia e desenvolvimento rural; • Garantia, manutenção e desenvolvimento de cooperação na área da terra, ambiente, fauna bravia, florestas e desenvolvimento rural; • Definição e implementação de estratégias de educação, consciencialização e divulgação; • Coordenação intersectorial e uso sustentável dos recursos disponíveis em prol do desenvolvimento sustentável. RASCUN HO A entidade responsável pela Avaliação de Impacto Ambiental e Social no MITADER é a Direcção Nacional do Ambiente (DNAB) que é responsável por propor a legislação adequada para implementação directa e gestão ambiental, licenciamento ambiental, por gerir e coordenar o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIA), rever os 14 Relatório de EIA - Rascunho INSTITUIÇÃO FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES Relatórios de Estudos de Impacto Ambiental (REIA), promover a monitorização dos impactos ambientais e realizar auditorias e a avaliação ambiental estratégica de políticas, planos e programas. Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA) é a autoridade ambiental responsável pela gestão ambiental, monitorização e auditoria. A DINOTER é a Direcção Nacional de Ordenamento Territorial e Reassentamento no MITADER que é responsável, entre outros, por identificar a melhor localização de empreendimentos e projectos de desenvolvimento de grande vulto; assessorar os órgãos locais na elaboração, implementação, controlo e gestão do uso e aproveitamento da terra; emitir pareceres técnicos sobre os instrumentos de gestão territorial a nível nacional, provincial, distrital e das autarquias locais, bem como sobre os processos de atribuição do direito de uso e aproveitamento de terra para as zonas rurais, povoações, vilas e cidades onde não haja instrumentos de gestão territorial aprovados. Ministério dos É o órgão do Estado que de acordo com os princípios, objectivos e tarefas definidas pelo Governo dirige e assegura a Recursos Minerais e execução da política do Governo na investigação geológica, exploração dos recursos minerais e energéticos, e no Energia (MIREME) desenvolvimento e expansão das infra-estruturas de fornecimento de energia eléctrica, gás natural e produtos petrolíferos. 15 Relatório de EIA - Rascunho INSTITUIÇÃO FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES Os principais objectivos do Ministério da Saúde são: Ministério da Saúde (MISAU) • Promover e incentivar a resolução de problemas de saúde; • Projectar e desenvolver programas de promoção e protecção da saúde e de prevenção e combate à doença; • Prestar cuidados de saúde à população através do sector da saúde pública; • Promover e apoiar o sector privado e sem fins lucrativos; • Promover, supervisionar e apoiar um sistema comunitário para a prestação de cuidados de saúde; e • Estabelecer uma política de formulação farmacêutica e orientação para a sua implementação. O MISAU está representado a nível nacional pela Direcção Nacional de Saúde, a nível provincial pela Direcção Provincial da Saúde e ao nível distrital pela Direcção Distrital de Saúde. Ministério Transportes Comunicações (MTC) dos Em relação ao transporte, os principais objectivos do MTC são de providenciar os sistemas e redes de transporte, o e transporte de pessoas e bens, e a segurança do tráfego. Electricidade de Empresa tutelado pelo Ministério dos Recursos Minerais e Energia, transformada numa Empresa Pública, através de Moçambique (EDM- Decreto 28/95 de 17 de Julho em 1995. A "nova EDM" (EDM-E.P.) passou a orientar e desenvolver a sua actividade E.P.) considerando a melhoria da qualidade dos serviços ao cliente e a eficiente utilização de energia. Para além destes, salientam-se, entre outros, os seguintes objectivos estratégicos da empresa: • Expansão da rede eléctrica doméstica e regional; • Desenvolvimento institucional da EDM; • A participação na exploração do potencial hídrico do País. 16 Relatório de EIA - Rascunho INSTITUIÇÃO FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES Para a satisfação desses objectivos foram criadas Direcções Regionais e Áreas Operacionais de modo a tornar mais eficientes as funções e responsabilidades, delegando maior autonomia de decisão. Instituto Nacional da Instituição pública dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira responsável pelo Marinha (INAMAR) licenciamento do exercício das actividades nos portos comerciais nacionais. Encontra-se subordinada ao Ministério dos Transportes e Comunicações. O INAMAR tem como atribuições: • O exercício da autoridade marítima nas áreas de jurisdição marítima, lacustre e fluvial e no domínio público marítimo; • A promoção do estabelecimento e manutenção das condições de segurança marítima para a realização das actividades marítimas; • A promoção e incentivo da eficiência e competição através da regulamentação económica e específica no interesse dos utilizadores e prestadores de serviços. Portos e Caminhos- A Empresa Portos e Caminhos-de-ferro de Moçambique, E.P – CFM constitui pessoa colectiva de direito público, que de-ferro de detém a capacidade de exploração no domínio da indústria do transporte ferroviário e portuário, satisfazendo as Moçambique, E.P necessidades de mobilidade e deslocação das populações. As principais atribuições da empresa são: (CFM) • Promover e desenvolver as infra-estruturas ferro-portuárias; • Operar o sistema ferro-portuário, promovendo actividade logística de bens, mercadorias, transporte de passageiros; e, • Maximizar a racionalização do uso dos activos incrementando a sua rentabilidade Instituto Nacional de O INAHINA foi criado pelo Decreto n.º 40/89, de 5 de Dezembro de 1989 e passou a ser subordinado ao Ministério dos Hidrografia e Transportes e Comunicações pelo Decreto n.º 27/2004 de 20 de Agosto. Suas atribuições, competências e estrutura Navegação orgânica foram definidas com vista a responder da melhor forma aos crescentes avanços e exigências do (INAHINA) desenvolvimento da hidrografia, oceanografia e segurança à navegação marítima no país. 17 Relatório de EIA - Rascunho 5.3. Quadro Legal e Regulatório de Moçambique O quadro regulatório moçambicano contém requisitos e normas definidos para a implementação e gestão ambiental e social de projectos de desenvolvimento. As funções de protecção ambiental são desempenhadas por diferentes autoridades, tanto a nível nacional como regional. Esta secção descreve o actual quadro legislativo em Moçambique referente ao Projecto e destaca as áreas específicas de legislação moçambicana que se aplicam ao mesmo, ou que poderão potencialmente influenciar o Projecto durante a sua fase de operação. As descrições fornecidas não devem ser vistas como uma revisão abrangente da legislação ambiental em Moçambique, mas como um resumo das "forças" reguladoras para o Projecto. 5.3.1. Quadro Legal Geral Esta secção descreve os requisitos legais gerais que poderão abranger o projecto proposto e o EIA associado. i) Constituição da República de Moçambique, 16 de Novembro de 2004 A Constituição da República de Moçambique define o direito de todos os cidadãos a viver num ambiente natural equilibrado, e a sua obrigação de protegê-lo (Art. 90). A constituição estabelece ainda que "O Estado e as autoridades locais, em cooperação com as organizações de protecção ambiental, vai adoptar políticas para proteger o meio ambiente e assegurar o uso racional dos recursos naturais". Defende ainda: • O artigo 98.1 indica que os recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva são propriedade exclusiva do Estado. • O artigo 102 autoriza o Estado a promover o conhecimento, a inventariação e a valorização dos recursos naturais e determinar as condições do seu uso e aproveitamento com salvaguarda dos interesses do país. • O artigo 117 estabelece a obrigação geral do Estado moçambicano na protecção do ambiente. ii) Lei do Ambiente (Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro) A Lei do Ambiente tem como objectivo definir a base jurídica para a boa utilização e gestão do ambiente e seus componentes com a finalidade de garantir o desenvolvimento sustentável em Moçambique. Esta Lei aplica-se a todas as actividades públicas ou privadas que possam directa ou indirectamente influenciar o ambiente. 18 Relatório de EIA - Rascunho A lei requer que todas as actividades, que pela sua natureza, localização ou dimensão, sejam susceptíveis de causar impactos ambientais significativos sejam licenciadas pelo MICOA (actual MITADER), com base nos resultados de um processo de AIA. Alguns dos princípios fundamentais para a gestão ambiental contidos na Lei do Ambiente e aplicáveis a este projecto são: • A gestão racional e a utilização de componentes ambientais que visam a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e a protecção da biodiversidade e dos ecossistemas; • O reconhecimento e valorização das tradições e dos conhecimentos das comunidades locais; • A prioridade para o estabelecimento de sistemas para evitar acções prejudiciais ao meio ambiente; • Uma perspectiva holística e integrada do meio ambiente; • A importância da participação pública; • O princípio do poluidor-pagador; e • A importância da cooperação internacional. iii) Politica Nacional do Ambiente (Resolução n.º 5/1995, de 3 de Agosto) Estabelece as bases para o desenvolvimento sustentável de Moçambique, através de um compromisso aceitável e realista entre o desenvolvimento socioeconómico e a protecção do ambiente. Destina-se a assegurar a gestão dos recursos naturais e do ambiente em geral, de modo que mantenham a sua capacidade funcional e produtiva para as gerações presentes e futuras. A Política nacional do Ambiente assim como a Lei do Ambiente incluem princípios gerais (acima mencionados) que orientam o processo de gestão ambiental a todos os níveis. iv) Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto no 45/2004 de 29 de Setembro e Decreto no 42/2008, de 4 de Novembro, que revoga alguns artigos do Decreto no 45/2004) Nos termos do Artigo 3 da Lei do Ambiente2, o Artigo 2 do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto no 45/2004) confirma a aplicação deste regulamento a todas as actividades públicas ou privadas que directa ou indirectamente possam influir no ambiente: Todas as actividades públicas ou privadas que directa ou indirectamente possam influir nos componentes ambientais, devem estar devidamente autorizadas para o exercício da 2 O Decreto no 45/2004, de 29 de Setembro, foi publicado no Boletim da República no 39, 1a Série, Suplemento, de 29 de Setembro de 2004. 19 Relatório de EIA - Rascunho actividade pretendida, e munidas do certificado comprovativo da viabilidade da mesma, ou seja, da licença ambiental emitida pelo Ministério da Acção Ambiental. Para a definição da avaliação do impacto ambiental a ser feita, o regulamento sobre o processo de avaliação do impacto ambiental categoriza as actividades em três grupos: • Categoria A: as que devem se sujeitar a um estudo de impacto ambiental; • Categoria B: as que estão sujeitas a um estudo ambiental simplificado; • Categoria C: são as que estão sujeitas à observância de normas constantes de directivas específicas de boa gestão ambiental. v) Regulamento de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro) O Regulamento de AIA (Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro)3 é um novo decreto que revoga os Decretos n.º 45/2004 e 42/2008. Este novo regulamento para avaliação de impacto ambiental tornou-se operacional a 1 de Abril de 2016 estabelecendo quatro categorias para avaliação de impacto ambiental, nomeadamente: • Categoria A+: está sujeita a elaboração de um Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) e Termos de Referência (TdRs) para o estudo de impacto ambiental e, subsequentemente, a um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Nesta categoria, todos os estudos devem ser revistos e supervisionados por especialistas independentes com experiência relevante comprovada. • Categoria A: sujeita a elaboração de um EPDA e TdR para um EIA e, subsequentemente, a um EIA. • Categoria B: sujeita a elaboração de TdR para um Estudo Ambiental Simplificado (EAS) e, subsequentemente, a um EAS. • Categoria C: sujeita a elaboração de melhores práticas de gestão ambiental. vi) Regulamento de Auditoria Ambiental (Decreto n.º 25/2011 de 15 de Junho) Define a auditoria ambiental como um instrumento de gestão de avaliação sistemática, documentada e objectiva do funcionamento e organização do sistema de gestão e dos processos de controlo e protecção do ambiente. O Regulamento aplica-se às actividades públicas e privadas, que durante a fase da sua implementação, desactivação e restauração, directa ou indirectamente, possam influir nas componentes ambientais. O Regulamento define ainda que a auditoria ambiental pode ser pública ou privada, sendo: 3 De notar que o presente EIA está em conformidade com os antigos regulamentos de AIA (Decretos 45/2004 e 42/2008) uma vez que a categorização do Projecto foi feita antes do novo decreto entrar em vigor. 20 Relatório de EIA - Rascunho • Pública, quando é realizada pelo Ministério que superintende o sector do Ambiente; • Privada, quando é realizada e determinada pelas próprias entidades cuja actividade seja potencialmente causadora da degradação do ambiente. vii) Regulamento sobre a Inspecção Ambiental - Decreto n.º 11/2006 de 15 de Junho O Regulamento tem por objecto regular a actividade de supervisão, controlo e fiscalização do cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional. No seu artigo 3 indica que a competência em matéria de inspecção ambiental compete ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, através da: • Realização de actividades inspectivas nos termos do Regulamento e demais legislação aplicável; • Verificação do cumprimento das leis, normas e Regulamentos relativos ao ambiente em todo o território nacional; • Levantar os autos necessários para o sancionamento dos transgressores das normas vigentes sobre questões ambientais; • Accionamento dos mecanismos legais para, em coordenação com as entidades competentes, embargar, mandar destruir obras ou cancelar actividades que degradem a qualidade do ambiente; • Participar ao Ministério Público todas as infracções que atentem contra os valores ambientais protegidos por lei e passíveis de procedimento criminal. viii) Directiva Geral para a Participação Pública no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 130/2006, de 19 de Julho) Esta Directiva define e harmoniza o processo de participação pública, considerado como parte integrante do processo de avaliação de impacto ambiental para as actividades classificadas como sendo de Categoria A, estipulando a responsabilidade do Proponente em assegurar o exercício de Participação Pública durante todas as fases do Projecto. ix) Lei de Terras n.º 19/97, de 1 de Outubro) e Regulamento da Lei de Terras (Decreto n.º 66/1998, de 8 de Dezembro) Esta lei estabelece zonas de protecção total e parcial. As Zonas de protecção total incluem áreas destinadas à conservação da natureza e protecção das suas actividades e de defesa e segurança do Estado. Estabelece como princípio fundamenta o uso sustentável dos recursos naturais de forma a garantir a qualidade de vida para as gerações presentes e futuras, assegurando que as zonas de protecção total e parcial mantenham a qualidade ambiental e os fins especiais para que foram constituídas 21 Relatório de EIA - Rascunho x) Regulamento sobre a Gestão das Substâncias que Destroem a Camada de Ozono (Resolução n.º 78/2009, de 22 de Dezembro) Este regulamento proíbe a importação, exportação, produção, venda e trânsito de substâncias que destroem a camada de Ozono, incluindo as seguintes: • Clorofluorcarbonetos (CFCs); • Substâncias halogenadas (Halon-1211, Halon-1301 e Halon-2402); • Tetracloreto de Carbono (CCL4); e • Outras substâncias definidas nos termos do Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozono, ratificado pela Resolução nº. 8/93 de 8 de Dezembro). xi) Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (Decreto 18/2004, de 2 de Junho) Este regulamento foi aprovado pelo Conselho de Ministros em Maio de 2004 (Decreto 18/2004), e providencia ao MITADER um meio de controlo efectivo das emissões e qualidade ambiental. O regulamento define parâmetros para a avaliação da qualidade do ar, água e solos, assim como limites para as emissões de ruído. Tem por objecto o estabelecimento dos padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes, visando o controlo e manutenção dos níveis admissíveis de concentração de poluentes nos componentes ambientais. O Artigo 9.1 do regulamento proíbe a libertação de substâncias poluentes ou tóxicas na atmosfera, para além dos limites legalmente estabelecidos. O mesmo define os parâmetros associados com diversos poluentes. O Artigo 22 contém contudo provisões para a emissão extraordinária de poluentes em resultado de falhas de sistema ou qualquer circunstância de carácter imprevisível, mas requer uma autorização especial a ser emitida pelo MITADER, assim como o pagamento de uma taxa determinada de acordo com as circunstancias detalhadas no Artigo 23. xii) Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro (alterações ao Anexo V do Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho) Altera, entre outros, as Normas dos Organismos de Recepção (mar/oceano), contendo agora contém a Tabela 1 relativa às substâncias químicas potencialmente perigosas e a Tabela 1A, relativa às substâncias químicas (pesticidas) potencialmente prejudiciais. 22 Relatório de EIA - Rascunho xiii) Lei de Águas (Lei nº16/91 de 3 de Agosto) O Artigo 53 desta lei proíbe a acumulação de resíduos sólidos ou qualquer substância que contamine ou possa contaminar os recursos hídricos. Esta provisão é relevante para o armazenamento e disposição de resíduos sólidos pelo projecto. xiv) Regulamento sobre Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Decreto n.º 94/2014, de 31 de Dezembro) Revoga o Regulamento de Gestão de Resíduos (Decreto n.º 13/2006). Tem como objectivo o estabelecimento de regras de gestão dos resíduos sólidos no território nacional. Aplica-se a todas as pessoas singulares e colectivas, públicas e privadas envolvidas na produção e gestão de resíduos sólidos urbanos e na produção e gestão de resíduos industriais e hospitalares equiparados aos urbanos. xv) Regulamento sobre Gestão de Resíduos Perigosos (Decreto n.º 83/2014, de 31 de Dezembro) Este regulamento tem como objectivo o estabelecimento de regras para a produção e gestão dos resíduos perigosos no território nacional. Aplica-se a todas as pessoas singulares e colectivas, públicas e privadas envolvidas na gestão de resíduos perigosos. Aplica-se ainda a todas as pessoas singulares e colectivas, públicas e privadas, envolvidas na importação, distribuição e comercialização de pneus usados e pneus novos fora do prazo. xvi) Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro (Decreto n.º 45/2006, de 30 de Novembro) Tem por objectivo prevenir e limitar a poluição derivada das descargas ilegais efectuadas por navios, plataformas ou por fontes baseadas em terra, ao largo da costa moçambicana, bem como estabelecer as bases legais para a protecção e conservação das áreas que constituem domínio público marítimo, lacustre e fluvial, das praias e dos ecossistemas frágeis. As principais disposições deste Regulamento incluem: Proibição de lançamento de qualquer substância passível de poluir as águas e as praias, incluindo a poluição por hidrocarbonetos. • Exigência de determinação de medidas apropriadas para evitar e limitar a poluição resultante de descargas ilegais levadas a cabo por embarcações, plataformas ou fontes terrestres. • Exigência de estabelecimento de bases legais para a protecção e conservação das áreas marítimas, lacustres e fluviais de domínio público, praias e ecossistemas frágeis. 23 Relatório de EIA - Rascunho • É aplicável às descargas de substâncias perigosas ou prejudiciais por embarcações em portos, instalações portuárias, instalações emissoras ao longo da costa, plataformas ou outras fontes terrestres, incluindo vias aquáticas interiores; as águas territoriais de Moçambique; o Canal de Moçambique; a ZEE e as águas internacionais. Aplica-se a todas as embarcações nacionais e estrangeiras que navegam nas águas jurisdicionais da República de Moçambique assim como a instalações situadas ao largo da costa moçambicana. • Resíduos: Exige que todos os portos, instalações portuárias, instalações emissoras ao longo da costa possuam instalações ou meios adequados para a recolha e tratamento dos vários tipos de resíduos. Os proprietários destas instalações devem ter procedimentos de gestão de resíduos aprovados pela autoridade reguladora, assim como planos de contingência para combater a poluição por hidrocarbonetos e outras substâncias perigosas, e devem ter um livro de registo de resíduos. • Descarga de hidrocarbonetos: cobre todos os aspectos relacionados com as descargas de hidrocarbonetos e substâncias perigosas, proibindo a sua ocorrência em águas de jurisdição nacional, e define as excepções e as obrigações em relação à comunicação de incidentes. O Regulamento faz referência aos padrões da MARPOL em relação a hidrocarbonetos e líquidos perigosos. • Descargas de resíduos de perfuração: refere a preparação de regulamentos específicos para este assunto mas estes ainda não foram elaborados pelo MITADER. • Casos de poluição: define o papel e as opções da autoridade marítima para evitar poluição e cobre incidentes e aspectos de compensação. xvii) Regulamento do Transporte Marítimo Comercial (Decreto Nº 35/2007 de 14 de Agosto) Trata de aspectos práticos e operacionais de natureza jurídica para a navegação comercial, incluindo o seu licenciamento, nas águas sob a jurisdição de Moçambique. xviii) Lei de Pescas (Lei n.º 3/90, de 26 de Setembro) Define o quadro jurídico relativo ao planeamento e à gestão pesqueira, à implementação do regime de licenças, à adopção de medidas de conservação dos recursos, à fiscalização da qualidade dos produtos de pesca destinados à exportação e ao domínio da fiscalização das actividades da pesca xix) Lei do Mar (Lei n.º 4/1996, de 4 de Janeiro) Define o quadro legal dos direitos de jurisdição sobre a faixa do mar ao longo da costa moçambicana e dispõe sobre as bases normativas para a regulamentação da administração e das actividades marítimas no país. Estabelece os direitos de soberania do Estado para efeitos de exploração e aproveitamento dos seus recursos naturais. 24 Relatório de EIA - Rascunho xx) Regulamento Geral de Pesca Marítima (Decreto n.º 43/2003, de 10 de Dezembro) Tem como objectivo regulamentar as disposições da Lei n.º 3/90, de 26 de Setembro, relativas às actividades de pesca marítima. Aplica-se a todas as pessoas singulares e colectivas, nacionais ou estrangeiras, que exerçam a pesca em águas marítimas da República de Moçambique e as pessoas singulares ou colectivas nacionais que exerçam a pesca no alto mar. xxi) Regulamento de Pesca Recreativa e Desportiva (Decreto n.º 51/99, de 31 de Agosto) Inclui uma lista das espécies marinhas protegidas – e.g. dugongos, baleias e golfinhos, tartarugas marinhas e algumas espécies de peixe, bivalves e gastrópodes xxii) Lei do Trabalho (Lei no 23/2007, de 1 de Agosto) Define os princípios gerais e estabelece o regime jurídico aplicável às relações individuais e colectivas de trabalho subordinado, prestado por conta de outrem e mediante remuneração. Define os aspectos relacionados com contratação de trabalhadores, direitos e responsabilidades dos trabalhadores, incluindo higiene, saúde e segurança. Esta lei também aborda as relações laborais entre entidades patronais e trabalhadores e as leis relacionadas com trabalhadores nacionais e estrangeiros. xxiii) Regulamento Geral de Higiene e Segurança do Trabalho nos Estabelecimentos Industriais (Diploma Legislativo n.º 48/73, de 5 de Junho) Este regulamento especifica as normas de higiene e segurança necessárias no trabalho. 5.3.2. Quadro Legal Sectorial Esta secção apresenta a legislação relevante para o Projecto ligada ao sector da energia, no âmbito do qual este projecto se insere. i) Lei de Energia (Lei n.º 21/97, de 1 de Outubro) Legislação aplicada a produção, transporte, distribuição e comercialização da energia eléctrica no território da República de Moçambique, bem como a sua importância e exportação para ou do território nacional. Preconiza ainda o uso e aproveitamento de fontes energéticas para fins diferentes. 25 Relatório de EIA - Rascunho Tem como objectivo o de definir a política geral da organização do sector e gestão do fornecimento de energia eléctrica assim como o de definir o regime jurídico das actividades de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica em território nacional e sua importação e exportação para ou do País e o regime de concessão de tais actividades. ii) Estatuto orgânico da DNE (Diploma ministerial nº. 20/97 de 16 de Abril) Define o estatuto orgânico da Direcção Nacional de Energia (DNE) e as suas atribuições. iii) Política Energética Nacional (PEN - Resolução n.º 5/98, de 3 de Março) Preconiza a promoção de programas de investimento economicamente viáveis, com vista ao desenvolvimento dos recursos energéticos do país. iv) Regulamento que estabelece normas referentes à rede nacional de energia eléctrica (Decreto nº. 42/2005 de 29 de Novembro) Estabelece as normas referentes à planificação, financiamento, construção, posse, manutenção e operação de instalações de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica, bem como as normas e os procedimentos relativos à gestão, operação e desenvolvimento da rede nacional de transporte de energia eléctrica. v) Estratégia de Energia (Resolução n.º 10/2009, de 4 de Junho) Define as linhas de orientação política e medidas para criar condições para aumentar o acesso a formas de energia diversificadas, de modo sustentável, contribuindo para o bem-estar da população e o desenvolvimento socioeconómico do País 5.4. Convenções Ractificadas por Moçambique Este capítulo cinge-se na identificação e descrição dos normativos legais internacionais dos quais Moçambique é signatário que incluem tratados internacionais, convenções e protocolos relativos a questões como a biodiversidade e alterações climáticas. A tabela abaixo o quadro legal a que se refere este capítulo. 26 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 3: Convenções Internacionais das quais Moçambique é Signatário ANO DE RATIFICAÇÃO CONVENÇÃO Energia 1998 Protocolo de Cooperação no Domínio da Energia da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, de 1997 Qualidade do Ar 1985 Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono 1987 Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozono (incluindo as alterações de 1990 e 1999) 1994 Convenção-Quadro (UNFCCC) de 1992 2004 Protocolo de Quioto de 1997 das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas Mar 1954 Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição do Mar por Óleo (OILPOL) Convenção Internacional sobre a Prevenção da Poluição Marinha pelo Descarga de Resíduos e Outras Matérias (Convenção de Londres) de 1972 e Protocolo de 1996 1972 e 1996 A Convenção de Londres (em vigor desde 1975) foi uma das primeiras para proteger o meio ambiente marinho dos efeitos nocivos decorrentes da actividade humana. O seu objectivo é de promover o controlo efectivo de todas as fontes de poluição marinha e de tomar todas as medidas praticáveis para prevenir a poluição do mar pela descarga de lixo e outras substâncias. O " Protocolo de Londres " de 1996 reforça e actualiza a Convenção de Londres de 1975, e proíbe a descarga de lixo para o mar, com excepção de lixos possivelmente aceitáveis na chamada "lista negativa". O Protocolo entrou em vigor no dia 24 de Março de 2006 Convenção Internacional sobre a Prevenção, Actuação e Cooperação no Combate à Poluição por Hidrocarbonetos (OPRC), 1995 A OPRC exige o estabelecimento de programas nacionais para dar resposta a incidentes de poluição por hidrocarbonetos, enquanto os operadores de unidades offshore deverão possuir planos de emergência em vigor para poluição por hidrocarbonetos, os quais devem ser coordenados com o programa nacional de resposta a hidrocarbonetos e aprovados em conformidade com os procedimentos estabelecidos pela autoridade nacional competente. A Convenção contem disposições relacionadas com o equipamento de combate à poluição por hidrocarbonetos, comunicação, formação, resgate e cooperação internacional sobre a poluição por hidrocarbonetos e a sua prevenção. 27 Relatório de EIA - Rascunho ANO DE RATIFICAÇÃO CONVENÇÃO Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios, 1973, modificada pelo Protocolo de 1978 (MARPOL 73/78) relacionada com a alteração do Anexo I, Prevenção da Poluição por Petróleo. MARPOL inclui os requisitos para os Certificados de Internacionais de Prevenção de Poluição A MARPOL fornece regulamentos cobrindo as várias fontes de poluição por navios, incluindo regulamentos para a prevenção de poluição por hidrocarbonetos, águas residuais, lixo (lixo da cozinha e lixo sólido) e emissões atmosféricas. (Moçambique assinou mas não ratificou a Prevenção de Poluição Atmosférica por Navios). A MARPOL especifica os seguintes padrões aplicáveis às actividades de operação de uma Central Flutuante de Produção de Energia: • Água de drenagem e água de lastro: a libertação de água oleosa dentro de 12 milhas marítimas da terra ou numa área especial é proibida. Fora das 12 milhas marítimas, o teor em hidrocarbonetos do efluente deve ser inferior a 100 partes por milhão. Os navios são obrigados a ter a bordo um sistema de monitoramento e controlo de descargas de hidrocarbonetos e equipamento de separação de hidrocarbonetos e água. • Substâncias nocivas: Especifica os critérios de descarga e medidas de controlo de substâncias nocivas. É proibida a sua descarga a menos de 12 milhas marítimas da terra mais próxima. • Águas residuais: especifica a maceração de resíduos (p. ex. lixo da cozinha e das águas residuais) a <25mm, e permite a descarga de lixo desinfectado a mais de 3 milhas marítimas e de lixo não desinfectado a mais de 12 milhas marítimas da linha de costa mais próxima. • Lixo sólido: proíbe a descarga para o mar de todos os tipos de plástico, bem como latas, vidro, embalagens, etc. • Gases de escape: Define os limites do teor de enxofre em óleos pesados a um máximo de 4,5%m/m4 no geral ou emissões de SOx a um máximo de 6g/kWh medido como SO2. Os limites para as emissões de NOx são estabelecidos entre 9,8 e 17 g/kWh dependendo da velocidade máxima de operação do navio. O uso de halogénios e clorofluorocarbonetos (CFCs) é proibido em navios novos e depois de 1 de Janeiro de 2020 também nas instalações existentes. 2003 1974 4 Convenção para a Prevenção da Poluição Marinha de Origem Telúrica (Convenção de Paris) 4,5%m/m significa que a massa das substâncias é 4,5% da massa total da solução ou mistura 28 Relatório de EIA - Rascunho ANO DE RATIFICAÇÃO 1996 CONVENÇÃO Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), de 1982 Convenção para a Protecção, Gestão e Desenvolvimento do Ambiente Marinho e Costeiro da Região da África Oriental, Nairobi 1985 e respectivos Protocolos: Protocolo para Áreas Protegidas, Fauna Bravia e Flora na Região da África Oriental e Protocolo sobre Cooperação no Combate à Poluição Marinha em casos de Emergência na região da África Oriental 1985 Esta Convenção trata da implementação de medidas adequadas para manter os processos ecológicos essenciais e sistemas de suporte de vida, preservar a diversidade genética, e assegurar a utilização sustentável dos recursos naturais colhidos sob sua jurisdição, e a prevenir, reduzir e combater a poluição originada por descargas de navios, a deposição de resíduos e outro material no mar, assentamentos costeiros, rios e estuários, exploração do leito do mar e do seu subsolo e descargas na atmosfera. As Partes Contratantes obrigam-se ainda a dar especial atenção a áreas com ecossistemas raros ou frágeis, assim como de espécies de flora e fauna bravia raras, ameaçadas ou em perigo de extinção e seus habitats. Também trata da cooperação no combate à poluição marinha em casos de emergência na região da África Oriental, e da comunicação de incidentes de poluição marinha. Habitats e da Diversidade Biológica 1968 Convenção Africana para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais 1985 Protocolo para as Áreas Protegidas, Fauna e Flora; e o Protocolo de Cooperação no Combate à Poluição em Situações de Emergência. 1979 Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens, 1979, e consequentes alterações. 1975 Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional especialmente como Habitat de Aves Aquáticas (Convenção de Ramsar). 1992 Convenção sobre a Diversidade Biológica (CBD) 1996 Convenção para a Protecção, Gestão e Desenvolvimento do Ambiente Marinho e Costeiro da região oriental de África de 1985. 1998 Convenção de Roterdão relativa ao Procedimento de Consentimento Informado Prévio para Determinados Agrotóxicos e Substâncias Químicas Perigosas Objecto de Comércio Internacional. 2002 Protocolo sobre as Pescas da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral celebrado em Agosto de 2001. 2003 Convenção Africana para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. Versão Revista. 29 Relatório de EIA - Rascunho ANO DE RATIFICAÇÃO CONVENÇÃO 2008 Acordo relacionado com a aplicação das Disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar em relação à Conservação e Gestão das Populações de Peixes Altamente Migratórias. Resíduos Perigosos 1991 Convenção sobre a Proibição da Importação para a África e Controlo dos Movimentos Transfronteiriços e Gestão de Resíduos Perigosos em África, Bamako 1996 Convenção de Basileia sobre o controlo dos movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e a sua eliminação de 1989 Outros 2002 Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, adoptada em Estocolmo 6. ABORDAGEM METODOLÓGICA A elaboração do presente relatório agrega um conjunto de metodologias de recolha e análise de informação que compõem as descrições da situação de referência para o ambiente no qual se insere a Central. Cada uma das componentes obedeceu a uma metodologia específica de modo a seleccionar, enquadrar e analisar o conjunto de informação necessária para a descrição da situação de referência. Para além desta descrição, foi também feita uma avaliação dos impactos do projecto, potenciais e já decorrentes, que se refere à identificação do impacto, sua avaliação e definição de medidas de mitigação. 6.1. Avaliação da Qualidade do Ar O âmbito da avaliação da qualidade do ar para o Projecto da Central Flutuante e a metodologia incluem: i. ii. iii. iv. A avaliação dos dados e informações disponíveis para descrever o estado actual do ambiente atmosférico receptor em Nacala, e na área em torno do local da Central Flutuante. Os dados climáticos serão acessados por meio da Internet e serão usados também estudos anteriores no Porto de Nacala (por exemplo UMoya-NILU de 2011); A revisão dos requisitos legais em termos de legislação ambiental de Moçambique inclui as normas de Moçambique para qualidade do ar ambiente (Decreto 18/2004) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para qualidade do ar ambiente. O Banco Mundial também fornece directrizes de qualidade do ar ambiente para estes poluentes; Estabelecimento de um inventário de emissões atmosféricas resultantes da Central Flutuante durante o arranque e as operações normais, incluindo o armazenamento de combustível, o processo de geração de energia e motores de navios, utilizando informações fornecidas pela KARPOWER; Modelação da dispersão para prever as concentrações ambientais dos poluentes resultantes das emissões provenientes das diferentes fontes e do Projecto da Central 30 Relatório de EIA - Rascunho v. vi. vii. Flutuante como um todo. O modelo CALPUFF de dispersão aprovado pela US-EPA será usado, com três anos de dados meteorológicos que serão derivadas do modelo de diagnóstico TAPM. A avaliação dos impactos ambientais na qualidade do ar e as implicações para a saúde humana através da avaliação das concentrações previstas de poluentes atmosféricos com as directrizes de qualidade do ar de Moçambique e da Organização Mundial de Saúde; Preparação e apresentação de um draft de relatório de Avaliação do Impacto na Qualidade do Ar para revisão pela KARPOWER; e Finalização do relatório de avaliação do impacto na qualidade do ar na sequência de comentários advindos da revisão. 6.1.1. Avaliação de Impactos na Qualidade do Ar A avaliação dos impactos associados à construção das instalações em terra é feita de forma qualitativa. A avaliação dos impactos associados com SO2, NOx, CO e partículas associadas às operações é feita quantitativamente através do estabelecimento de um inventário de emissões e uso de modelação de dispersão para estimar as concentrações ambientais prováveis dos poluentes resultantes das emissões. Estas são então comparadas com os padrões e directrizes para avaliar a significância do impacto no ambiente. O impacto associado com os GEE (CO2 e CH4) é qualitativo e compara as emissões de GEE decorrentes da operação com os limites de emissão nacionais. Os impactos previstos relativos à qualidade do ar são descritos de acordo com características relevantes, ou seja, tipo de impacto, escala do impacto, duração do impacto, frequência de ocorrência e extensão do impacto, tal como indicado na Secção 10 do presente relatório. 6.1.2. Emissões i) Geração de energia Os motores de duo-combustível MAN 18V51 / 60 DF são motores auxiliares típicos de navio. As emissões da geração de energia a partir destes motores são estimadas usando metodologias da US EPA (2009a) - Current Methodologies for Preparing Mobile Source PortRelated Emission Inventories – para inventários de emissões de fontes móveis relacionados com Portos em modo estacionário usando a seguinte equação: Emissões = P x LF x A x EF As emissões estimadas de GEE e poluentes por cada motor e para a Central Flutuante como um todo, são apresentadas na tabela que se segue, onde: • • • • P é a potência máxima contínua de 8 775 kW; (Http://powerplants.man.eu/docs/librariesprovider7/brochures/51-60df.pdf?sfvrsn=10) LF é o Factor de carga média, assumido como sendo 65% com base num requisito operacional entre 30% e 100%; A é a actividade e assume a operação contínua durante 8 760 horas por ano; EF são os factores de emissão US-EPA para motores auxiliares em g/kWh para HFO com um teor de enxofre de 1% (US EPA, 2009b). 31 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 4: Emissões de poluentes e de Gases de Efeito de Estufa (toneladas por ano) a partir da Central flutuante SO2 NOx CO PM10 PM2.5 VOC CO2 CH4 Por motor 153 507 42 18 17 25 24 832 19 Central Flutuante 916 3044 254 108 99 150 148 991 115 ii) Barco de abastecimento de combustível A estimativa das emissões de Gases de Efeito de Estufa e poluentes atmosféricos a partir do barco de abastecimento de combustível atracado ao lado da Central Flutuante são estimadas usando a mesma equação e estão apresentadas na Tabela 2, onde: • • • • P é a classificação máxima contínua e é assumida como sendo 8 483 kW para embarcação de tamanho médio; (Http://powerplants.man.eu/docs/librariesprovider7/brochures/51-60df.pdf?sfvrsn=10) LF é o factor de utilização médio, assumido como sendo 10%, uma vez que o navio estará a trabalhar essencialmente em modo estacionário; A é a actividade e assume uma operação contínua por 1 080 por ano, ou seja, 90 visitas e assumindo um período de transferência de 12 horas; EF são os factores de emissão US-EPA para motores auxiliares em g/kWh para HFO com um teor de enxofre de 1% (US EPA, 2009b). Tabela 5: Estimativa de emissões de poluentes e GEE (toneladas por ano) a partir do barco de abastecimento de combustível Composto SO2 NOx CO PM10 PM2.5 VOC CO2 Emissão 3.6 12.1 1.0 0.4 0.4 0.6 592.0 CH4 0.5 6.1.3. Modelação De Dispersão i) Modelos utilizados Os tipos de modelos CALPUFF (http://www.src.com/calpuff/calpuff1.htm) são utilizados nesta avaliação. CALPUFF é um modelo de multi-camada, multi-espécies não-estático de dispersão de sopro que simula os efeitos de condições meteorológicas variáveis no tempo e no espaço, sobre o transporte, transformação e remoção da poluição. CALPUFF pode ser aplicado em escalas de dezenas a centenas de quilómetros. Este inclui algoritmos para efeitos de escala sub-malha (tais como intrusão no terreno), assim como os efeitos de longo alcance (tais como 32 Relatório de EIA - Rascunho remoção de poluentes devido ao revolvimento da terra húmida e deposição seca, transformação química e efeitos de visibilidade das concentrações de partículas). O Modelo de Poluição do Ar (TAPM) (Hurley, 2000; Hurley et al, 2001; Hurley et al, 2002) é utilizado para modelar os dados de meteorologia do ar superior e superficial para o domínio de estudo. O TAPM utiliza dados meteorológicos de escala sinóptica em grades globais com dados de superfície observados, para simular a meteorologia de superfície e do ar superior em determinados locais no domínio, tendo a topografia subjacente e cobertura da terra em conta. Os conjuntos de dados globais que são usados são desenvolvidos a partir da superfície e os dados de ar superior que são submetidos rotineiramente por todas as estações de observação meteorológicas, para o Sistema de Telecomunicações Globais da Organização Meteorológica Mundial. O TAPM tem sido utilizado com sucesso na Austrália, onde foi desenvolvido (Hurley, 2000; Hurley et al, 2001; Hurley et al., 2002), e na África do Sul (Raghunandan et al., 2007). Considera-se ser uma ferramenta ideal para aplicações de modelação onde os dados meteorológicos não cumprem adequadamente os requisitos para modelação de dispersão. Os dados de saída modelados pelo TAPM são, portanto, usados para aumentar os dados meteorológicos de superfície específicos do local, para entrada no CALPUFF. i) Parametrização do Modelo O modelo TAPM é preparado com uma configuração agrupada de três domínios, centrada no Porto de Nacala. O domínio externo é de 480 km por 480 km, com uma resolução de base de 24 km, o domínio do meio é de 240 km por 240 km, com uma resolução de base de 12 km e o domínio interno é de 60 km por 60 km com uma resolução de base de 3 km (Figura 9 -1). A configuração de agrupamento assegura que os efeitos topográficos na meteorologia são capturados e esta é bem resolvida e caracterizada através dos limites do domínio interno. Vinte e sete níveis verticais são modelados em cada agrupamento através da camada limite de 10 m a 5 000 m, com uma resolução mais fina nos 1 000 m mais baixos. O resultado meteorológico tridimensional do TAPM da grelha interior inclui a velocidade horária e direcção do vento, temperatura, humidade relativa, radiação solar total, radiação “líquida”, fluxo de calor sensível, fluxo de calor por evaporação, escala de velocidade convectiva, precipitação, altura de mistura, velocidade de fricção e comprimento Obukhov. A superfície TAPM espacial e temporalmente resolvida e os dados meteorológicos do ar superior são usados como entrada para o pré-processador (CALMET) meteorológico do CALPUFF. Os dados topográficos e uso da terra para os respectivos domínios de modelação são obtidos a partir do conjunto de dados que acompanha o pacote de modelação TAPM da CSIRO. Este conjunto de dados inclui dados globais de classificação da elevação de terreno e de uso da 33 Relatório de EIA - Rascunho terra numa grade de latitude / longitude de 30 segundos de espaçamento de malha do US Geological Survey, Earth Resources Observation Systems (EROS) Data Centre Distributed Active Archive Centre (EDC DAAC). Um domínio de modelação CALPUFF de 900 km2 - de 30 km (oeste-este) por 30 km (norte-sul) - está centrado no Porto de Nacala (Figura 1). Este consiste em uma malha receptora de espaçamento uniforme, equivalente a 0,25 km, resultando em 14 400 células de malha (células de 120 X 120). A parametrização de variáveis-chave que são aplicadas no CALMET e CALPUFF está indicada nas tabelas abaixo, respectivamente. Figura 4: Domínios de modelação, maior para TAPM e menor para CALPUFF centrados no local da Central Flutuante 34 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 6: Parametrização de variáveis-chave para CALMET Parâmetro 12 alturas verticais da face das células (m) Parâmetro de Coriolis (por segundo) Valor do Modelo 0, 20, 40, 80, 160, 320, 640, 1000, 1500, 2000, 2500, 3000, 4000 0.0001 Constantes empíricas para a equação da altura de mistura Neutro, mecânico: 1.41 Convectivo: 0.15 Estável: 2400 Sobre a água, mecânico: 0.12 0.001 Taxa potencial de lapso da temperatura mínima (K/m) Profundidade da camada acima da camada de mistura convectiva pela qual a taxa de lapso é computada (m) Modelo de campo de vento 200 Módulo de diagnóstico de vento Extrapolação do vento superficial Restrições à extrapolação de dados de superfície Raio de influência de características de terreno (km) Raio de influência de estações à superfície (km) Teoria da similaridade Sem extrapolação uma vez que são aplicados os dados da modelação da camada superior 5 Não utilizado, uma vez que são aplicados os dados do campo de superfície contínua Tabela 7: Parametrização de variáveis-chave para CALPUFF Parâmetro Transformação química Perfil da velocidade do vento Wind speed profile Condições de calmaria Elevação da pluma Dispersão Opção de Dispersão Método de ajuste de relevo Valor do Modelo Aplicado o factor default de conversão de NO2 de 0.8 (DEA, 2014) Rural Velocidade do vento < 0.5 m/s Elevação transitória da pluma, descida pelo extremo da chaminé, e modelação parcial da penetração da pluma CALPUFF usado em modo PUFF Os coeficientes de dispersão usam a turbulência calculada a partir da micrometeorologia Ajustamento parcial da rota da pluma ii) Precisão do Modelo Os modelos de qualidade do ar tentam prever as concentrações ambiente com base em parâmetros "conhecidos" ou medidos, como sendo a velocidade do vento, perfis de temperatura, radiação solar e emissões. Existem, no entanto, variações nos parâmetros que não são medidas, os chamados parâmetros "desconhecidos", bem como detalhes não resolvidos do fluxo turbulento atmosférico. As variações nestes parâmetros "desconhecidos" 35 Relatório de EIA - Rascunho podem resultar em desvios das concentrações previstas do mesmo evento, embora os parâmetros "conhecidos" sejam fixos. Existem também incertezas "redutíveis" que resultam de imprecisões no modelo, erros de valores de entrada e erros nas concentrações medidas. Estes podem incluir dados de má qualidade não representativos, meteorológicos, geofísicos e de fonte de emissão, erros nas concentrações medidas que são utilizados para comparar com as previsões do modelo, e física e formulação inadequadas do modelo utilizado para prever as concentrações. As incertezas "redutíveis" podem ser controladas ou minimizadas. Isto é conseguido através da utilização de dados de entrada mais apropriados, preparando a entrada de ficheiros correctamente, verificando e reverificando erros, corrigindo o comportamento estranho do modelo, garantindo que os erros nos dados medidos são minimizados e aplicando a física apropriada para o modelo. Foram avaliados modelos aprovados pela US-EPA usando uma variedade de kits de teste modelação (http://www.epa.gov./scram001). Portanto, não é necessário efectuar avaliações modelação. A precisão da modelação nesta avaliação é reforçada efectuando todos esforços para minimizar as incertezas "redutíveis" em dados de entrada e modelo parametrização. de de os de Para a avaliação da Central Flutuante de Nacala a incerteza redutível nos modelos CALMET e CALPUFF é minimizada através de: • Dados horários meteorológicos representativos de qualidade controlada para ajustar o processador meteorológico aos valores reais; • Usar 3 anos campos de dados meteorológicos de camada de ar superficial e superior espacialmente e temporalmente contínuos para o domínio de modelação; • Parametrização adequada de ambos os modelos (Tabelas 9-1 e 9-2); • Usando dados de emissão representativos; • Aplicar concentrações de fundo representativas para incluir a contribuição de outras fontes; e, • Usando uma equipa de modelação competente com considerável experiência na utilização do modelo CALPUFF. 6.2. Avaliação do Ruído 6.2.1. Procedimento de Monitorização do Ruído Os níveis de ruído ambiente nas áreas afectadas foram determinados para um estudo anterior de ruído via medições de ruído, de acordo com as normas Sul-africanas e ISO para: i) A medição e avaliação do ruído ambiente: 36 Relatório de EIA - Rascunho • • • • PADRÃO NACIONAL SUL-AFRICANO - Código de Boas Práticas, SANS 10103: 2008, "A medição e classificação do ruído ambiental, no que diz respeito ao uso da terra, saúde, perturbação e comunicação oral." ISO 1996-1: 2003 "Acústica - Descrição, avaliação e medição do ruído ambiente Parte 1: Quantidades básicas e procedimentos de avaliação" ISO 1996-2: 2007 "Acústica - Descrição, medição e avaliação do ruído ambiente Parte 2: A determinação dos níveis de ruído ambiental" ISO 1996-3: 2003. "Acústica - Descrição e medição do ruído ambiente - Parte 3: Aplicação de limites de ruído." ii) Especificações de sonómetros Tipo 1: • • • IEC 61672 (Norma para sonómetros, substituindo as normas IEC 60651 e IEC 60804) IEC 61260 (Norma para Filtros de banda de uma oitava e 1/3 de oitava) IEC 60651 (Norma para sonómetros) O seguinte procedimento foi seguido para todas as medições de ruído: • Antes da recolha de dados inicial e no final do dia de medição, o sistema de instrumentação acústica foi calibrado. Com a utilização do calibrador, a sensibilidade acústica do sonómetro foi verificada imediatamente antes e depois de cada série de medições de som, e os resultados foram rejeitados nos casos em que os dois níveis não coincidiam com a precisão de 1,0 dB. • As condições meteorológicas, tais como velocidade e direcção do vento, temperatura, humidade e pressão barométrica, foram documentadas no início de cada período de medição e em cada local. • Os níveis de ruído ambiente, com a opção de integração de impulso SLM accionada, foram medidos amostrando o nível de som em cada ponto por um mínimo de 10 minutos por ponto e sub-período. As medições não foram realizadas caso estivesse a chover, ou quando a velocidade do vento constante era superior a 5 ms-1, ou com rajadas de vento superiores a 10 ms-1, conforme estipulado nas normas SANS e ISSO. • Todos os factores externos que poderiam influenciar a medição foram anotados e excluídos das medições. • Sempre que possível e, dependendo do isolamento do local, as medições de ruído foram realizadas de forma intermitente ao longo de um período de 24 horas e categorizadas em diurnas (06:00 – 22:00) e nocturnas (22:00 – 06:00), a fim de gerar resultados adequados para comparação com as directrizes internacionais. 37 Relatório de EIA - Rascunho Além do Leq, e L90, a ocorrência de níveis máximos (Lmax) e níveis mínimos (Lmin) durante o período de medição também foi registada. Estas medições são apropriadas para a determinação de: • • • Os níveis de ruído com as operações existentes e futuras em andamento. O ruído de fundo, ou seja, quando há actividades a contribuir para os níveis de ruído ambiente. A natureza e a extensão do ruído. O seguinte sonómetro e calibrador de campo foram utilizados para as medições: • • 01dB Tipo SdB01 + Sonómetro de Integração de Precisão, número de série 10167, equipado com Microfone Tipo MCE210 de 01dB, número de série 001194 e ecrã. Calibração de campo usando Calibrador de Nível Sonoro Bruel e Kjaer Tipo 4230, número de série 522.170. De salientar que, o equipamento acima mencionado tem certificados de calibração válidos da De Beers Calibration Services na África do Sul. Ainda, para a identificação das coordenadas de cada ponto de controlo, foi utilizado um Garmin iQue 3600 e para os parâmetros localizados de tempo foi utilizado um indicador de velocidade do vento e um termo-higrómetro. 6.2.2. Locais de Monitorização do Ruído Dois locais de monitorização, mais próximos do local da Central flutuante foram seleccionados com base no estudo anterior de ruído de referência mais abrangente. As medições foram realizadas conforme descrito em cada posição de medição de ruído relatada abaixo. Estas posições foram escolhidas por uma ou mais das seguintes razões: i) Facilmente definível e com fácil futuro acesso em caso de necessidade de medições comparativas após a conclusão do Projecto. ii) O mais provável é que continue a existir após o desenvolvimento do local. iii) Representante dos regimes importantes de ruído de fundo. iv) Receptores sensíveis perto, susceptíveis de serem afectados pelo ruído futuro. Os locais de amostragem MP1 e MP2 estão indicados na figura que se segue. 38 Relatório de EIA - Rascunho Figura 5: Central Flutuante, infra-estrutura em terra e locais de medição de ruído Caixa 3: Notas sobre Metodologia do Ruído Nota 1: Todos os níveis de ruído neste relatório são os níveis de ruído A-ponderados, expressos em dB (A). Nota 2: LAeq, I é o nível sonoro equivalente ponderado A, utilizando o 'I' (Impulso) característico de resposta dinâmica como recomendado no SANS 10103: 2008. Nota 3: O nível de ruído A-ponderado registado em 90% do tempo durante o período de medição (L90) é tomado como uma expressão do ruído de fundo na ausência de eventos ruidosos intrusivos, principalmente de trânsito rodoviário e eventos de ruído aleatório como os pedestres, animais, pássaros, e uma estrada local ou tráfego aéreo. Nota 4: Na coluna de Comentários das tabelas de ruído, C - Carro, Minibus ou LDV, HGV Camião ou autocarro, A/c - Avião de passageiros comercial, La/c - aviões ligeiros, HHelicóptero, CN - nível de ruído calculado a partir de contagem de tráfego, para o período de medição, geralmente (pelo menos) 10 minutos. 39 Relatório de EIA - Rascunho 6.3. Caracterização do Meio Biótico Marinho e Socioeconómico 6.3.1. Recolha de Informação A recolha de informação a para a caracterização da situação e referência biofísica e socioeconómica passou por duas fases distintas, porém complementares, nomeadamente, a revisão bibliográfica e a colecta de dados em campo. i) Revisão bibliográfica A revisão bibliográfica é o método com o qual se recolhe dados através da revisão de fontes secundárias, tais como documentos, estudos e estatísticas existentes, bem como relatórios e outros materiais referenciais. Este passo é particularmente importante para a recolha de informações sobre os antecedentes do projecto e da sua área de inserção, para desenvolver instrumentos para a recolha de dados primários e para ser capaz a responder a questões básicas que são o foco principal de relatórios de base. Com essa finalidade, foram analisados EIAs anteriores de projectos realizados na Baía de Nacala (e arredores), estudos científicos e documentos técnicos (todos devidamente citados ao longo do texto). Documentação legal nacional e municipal relevante foi analisada e as especificações técnicas da Central a fim de contextualizar o projecto. ii) Visita de Campo A colecta de dados em campo decorreu entre 14 e 17 de Junho de 2016 ao Distrito e Município de Nacala – Porto, Distrito de Nacala-à-Velha e à Baía de Nacala e foi realizada com o propósito de (1 – a nível biofísico) recolher informação sobre a biodiversidade marinha e costeira existente na Baía de Nacala e (2 – a nível socioeconómico) obter um perfil e elementos individuais descritivos da actividade pesqueira e turística na Baía de Nacala, uma caracterização socioeconómica pormenorizada das comunidades próximas a área em que foi implementado o projecto e um levantamento sobre impactos que advieram da implementação da Central na Baía de Nacala. A colecta de dados em campo baseou-se numa abordagem qualitativa que implicou: i) Entrevistas semi-estruturadas com entidades ligadas a actividade pesqueira e alguns operadores turísticos que desenvolvem actividades de lazer na Baía de Nacala; ii) Grupos focais de discussão com membros do CCP, pescadores e demais intervenientes da actividade pesqueira nos Distritos de Nacala e Nacala-à-Velha; iii) Levantamento fotográfico e georreferenciado das infra-estruturas socioeconómicas, actividades turísticas, centros pesqueiros e dos impactos mais significativos dentro da área do Projecto; 40 Relatório de EIA - Rascunho iv) Mapeamento participativo de centros e áreas de pesca através dos grupos focais realizados e áreas de desenvolvimento de actividades turísticas de lazer através das entrevistas semi-estruturadas com os operadores turísticos; A visita de campo serviu para recolher informação relevante junto aos representantes da Delegação do Instituto de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala (IDPPE) e a Estação Pesqueira de Nacala-Porto. Com o apoio destas instituições, foi possível realizar encontros com pescadores artesanais na vila de Nacala-à-velha e Município de Nacala-Porto (ver figuras abaixo), abrangendo os Comités Comunitários de Pesca (CCP) de Naherenque e Nacala-àvelha (respectivamente), representados por vários membros das mais diversas artes de pesca usadas na Baía de Nacala, conforme descreve a tabela que se segue. Tabela 8: Os CCPs abrangidos pelo estudo e o número de participantes dos encontros. CCP Naherenque Nacala-àvelha Area coberta pelo CCP Centros de pesca de Namusso, Mucuaipa, Muzuane, Naherenque, Mutiva, Muandame e Chivato. Actividades representadas Cerco aberto e fechado; Emalhe de profundidade; Pesca à linha; Arrasto para praia e para bordo; Gaiolas; Quinia; Caça submarina; Apanhadores de caranguejo e amêijoa. Centros de pesca de Cerco; Emalhe de profundidade; Salinas, Napela, Pesca à linha; Arrasto para Ponte, Napazo, praia e para bordo; Quinia; Namuache e Caxixa Caça submarina; Apanhadores de caranguejo e amêijoa. TOTAL Número de participantes 19 22 41 41 Relatório de EIA - Rascunho Figura 6: Grupo focal com CCP e pescadores dos centros de pesca de Nacala Porto Figura 7: Grupo focal com diversos intervenientes da pesca em Nacala-à-Velha Informação relativa a actividade turística foi recolhida durante encontros com três representantes de operadores turísticos com experiência no trabalho no mar. Os operadores abrangidos foram Moz Adventures – Activities Camp, Kwalala Lodge/Pelago Adventures e Libélula Lodge. Os serviços fornecidos por cada um destes operadores turísticos, assim como as pessoas de contacto, estão descritos na tabela abaixo. 42 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 9: Operadores turísticos envolvidos no estudo. Operador Turístico Actividades Moz Adventures – Aluguer de kayak e barcos; Pesca; Activities camp Mergulho; Observação de baleias. Kwalala Lodge / Alojamento; Pesca; Mergulho; Caça Pelago Adventures submarina; Observação de baleias; e Restaurante Libélula Lodge Acomodação: Mergulho; Passeios de barco (incluindo observação de baleias); Aluguer de kayak; e Restaurante. Pessoas contactadas Radja Neves Marinheiro Mike Donald – Proprietário / Instrutor de mergulho Ian Kingsley Proprietário Os encontros feitos com pescadores e operadores turísticos centraram-se nas seguintes questões principais: • • • • Principais animais marinhos e habitats observados na baía e características relevantes (ex. abundância, distribuição, sazonalidade, hotspots, histórico, áreas de nidificação/reprodução, usos e ameaças, etc.); Identificação de espécies importantes (mamíferos marinhos, tartarugas marinhas e aves marinhas), com base em observação de imagens; Principais recursos pesqueiros comuns na baía e características relevantes (ex. abundância, distribuição, sazonalidade, usos após pesca, etc); e, Áreas de pesca para cada tipo de arte de pesca através do mapeamento participativo baseado em mapas impressos da Baía de Nacala. Adicionalmente, no dia 16 de Junho, efectuou-se uma visita de barco pela Baía de Nacala com uma duração de cerca de 2 horas e 3 minutos, o que permitiu: • A análise do estado de conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos que compõem a Baía, com especial atenção aos mangais; • A avaliação das proximidades da Central e do percurso marinho das linhas de transmissão; • A observação da actividade pesqueira ao longo da Baía (artes, embarcações, tipo de pescadores, concentração e zonas de pesca); • A visualização, marcação e registo fotográfico de alguns centros de pesca da Baía em ambas margens, de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha; A figura que se segue ilustra o trajecto percorrido durante a visita de barco a Baía de Nacala assim como os principais pontos de observação. Todos os documentos de recolha de dados que suportaram a abordagem qualitativa, assim como a matriz de respostas elaborada para os dois grupos focais realizados encontram-se nos anexos dos Estudos Especialistas do Meio Biótico Marinho e de Socioeconomia e Pescas. 43 Relatório de EIA - Rascunho Figura 8: Localização dos CCPs e Operadores Turísticos, Trajecto e Pontos de Observação da Visita de Barco (Pontos 1, 2 e 3) 44 Relatório de EIA - Rascunho 6.3.2. Relatório de Estudo Especialista Com a informação obtida na revisão bibliográfica e na colecta de dados em campo, foi compilado pelos especialistas envolvidos na equipa técnica os relatórios de caracterização do meio biótico marinho e do meio socioeconómico e de pescas que deram suporte ao presente EIA. Com isto, foi possível descrever o ambiente biótico na Baía de Nacala e envolvente e o ambiente socioeconómico e as especificidades da actividade pesqueira e turística, relevantes para a análise dos impactos da Central já em funcionamento. 6.4. Avaliação de Impactos A identificação e avaliação dos potenciais impactos foram realizadas considerando a interacção das actividades do projecto com as características e a dinâmica actualmente estabelecida na área do Projecto e no conjunto de actividades que nela se desenvolvem. Visto que as actividades do Projecto já estão a decorrer, nomeadamente, produção de energia eléctrica, movimentação de barcos de suporte a Central, movimentação de tripulação para dentro e fora da central, abastecimento de combustível da Central, entre outros, a avaliação de impacto é direccionada não só para potenciais impactos do Projecto mas também, e principalmente, para impactos que já estejam a decorrer desde Março de 2016, início da produção de energia eléctrica pela Central. Os critérios utilizados para avaliar os impactos estão especificados na tabela abaixo: Tabela 10: Critérios adoptados para a avaliação de potenciais impactos ambientais. CRITÉRIO DESCRIÇÃO Estatuto Natureza do impacto Positivo Mudança ambiental benéfica Negativo Mudança ambiental adversa Probabilidade Grau de possibilidade de ocorrência do impacto Pouco Provável A possibilidade de ocorrência é baixa Provável Existe uma possibilidade distinta de ocorrência do impacto Altamente Provável Quando existe uma possibilidade muito alta de ocorrência do impacto Definitivo Quando há certeza que o impacto irá ocorrer 45 Relatório de EIA - Rascunho CRITÉRIO DESCRIÇÃO Extensão A área geográfica que poderá ser afectada pelo impacto Local Apenas no local, onde ocorrem as actividades relacionadas com a exploração das áreas de empréstimo Regional Região do projecto, especialmente as áreas administrativas potencialmente afectadas pelo projecto (i.e. Município de Nacala Porto Nacional Em Moçambique Duração directamente Período durante o qual se espera a ocorrência do impacto De curto prazo Entre 1 a 12 meses após entrada em operação do Projecto Vida do Projecto Entrada em operação até dois (2) anos de operação (o tempo de vida do Projecto) Permanente O impacto permanece mesmo após o término da actividade, independentemente da implementação ou não de medidas de mitigação Intensidade Intensidade do impacto no local, tendo em conta o efeito sobre os processos ambientais e sociais Baixa O funcionamento dos processos naturais, culturais ou sociais não é afectado Moderada O funcionamento dos processos naturais, culturais ou sociais é moderadamente afectado Alta O funcionamento dos processos naturais, culturais ou sociais é gravemente afectado Significância O nível de importância do impacto – resulta da síntese dos aspectos anteriores (probabilidade, extensão, duração e intensidade) Negligenciável Impacto quase nulo, não tem significância. Não necessita medidas de mitigação ou gestão. Baixa Não exige mais investigação; Não necessita de mitigação ou gestão Moderada A minimização do impacto (se negativo) requer mitigação e gestão Alta Se não puder ser mitigado ou gerido deverá influenciar uma decisão sobre aspectos específicos relacionados com o projecto proposto Para cada impacto avaliado, serão identificadas medidas de mitigação adequadas e práticas, as quais deverão ser implementadas no âmbito do Plano de Gestão Ambiental (PGA), parte integrante do presente documento. 46 Relatório de EIA - Rascunho 7. ÁREAS DE INFLUÊNCIA A Área de Influência em geral inclui todas as áreas que poderão ser afectadas, directa ou indirectamente, pelas actividades associadas ao Projecto, incluindo águas marinhas nas quais se localiza a Central Flutuante, zona costeira onde passam as linhas de transmissão), o ambiente atmosférico circundante rotas migratórias e áreas de reprodução ou alimentação de fauna marinha e áreas usadas para actividades de subsistência, como a pesca artesanal. A área de influência divide-se em Área de Influência Directa (AID) que é a área sujeita aos impactos directos da construção e operação do projecto, e Área de Influência Indirecta (AII) que é a área potencialmente afectada pelos impactos indirectos resultantes da operação do projecto, abrangendo o ambiente biofísico e socioeconómico. A delimitação da Área de Influência Directa (AID) foi efectuada em função das características sociais, económicas, físicas e biológicas dos sistemas a serem estudados e das particularidades do projecto, compreendendo o local da Central Flutuante e das estruturas associadas (embarcações auxiliares de transporte de combustível e passageiros para a Central Flutuante e linha de transmissão) e uma zona tampão de 50 metros em redor da Central Flutuante, e da linha de transmissão (25 metros para cada lado do eixo central). Por sua vez, a Área de Influência Indirecta (AII) foi definido com sendo Cidade de Nacala-Porto e a Baía da Nacala uma vez que a AII corresponde a uma área mais abrangente onde os impactos da actividade proposta não são sentidos de forma directa mas sim por via dos possíveis efeitos secundários resultantes das várias actividades associadas ao projecto. RASCUN HO 8. ANÁLISE DE ALTERNATIVAS O projecto consiste na instalação e operação de uma Central Flutuante de Produção de Energia que se encontra actualmente ancorada na Baía da Nacala e uma linha de transmissão de energia de cerca de 2 km que liga a Central Flutuante a uma subestação em Nacala-Porto. De acordo com o Regulamento de AIA (Decreto Lei nº 54/2015 que revoga o Decreto Lei 45/2004) deve ser considerada a análise das alternativas ao Projecto. Sendo assim, foram consideradas as seguintes alternativas: • Alternativa Zero “ nenhuma acção” ou No Go. • Alternativas do Projecto: alternativas relativamente à localização da Central Flutuante de Produção de Energia e à tecnologia usada. 47 Relatório de EIA - Rascunho 8.1. Alternativa Zero O fornecimento de energia eléctrica através da Central Flutuante é considerado como um Projecto que irá contribuir para o desenvolvimento socioeconómico a nível nacional e regional. A Alternativa zero, a de não avançar com o Projecto, irá restringir esse potencial crescimento económico da região, e resultar em perdas financeiras para a EDM. Ao mesmo tempo, a não implementação do Projecto acarretará dificuldades para a EDM na produção e fornecimento de energia eléctrica à Zâmbia através da rede de transporte de alta tensão de Moçambique, detida e explorada pela empresa pública pelo Contrato Tripartido de Compra de Energia assinado a 19 de Novembro de 2015 entre a Zesco Limited, a EDM e a Karpower International DMCC. Considerando o facto de não terem sido identificadas questões fatais ou impactos de elevada significância sobre o meio ambiente biológico e socioeconómico que poderiam impedir a implementação do Projecto, a Alternativa Zero foi descartada. 8.2. Alternativas do Projecto Como alternativas do projecto foram consideradas as alternativas à localização da Central Flutuante e à tecnologia usada. No que concerne à localização da Central Flutuante, é de referir que a actual localização da mesma é considerada a boa devido ao menor número e baixa gravidade de impactos ambientais que acarreta. De um modo geral, a localização das instalações do Projecto na área do Porto mostra-se adequada pelas seguintes razões: RASCUN HO • • • • Compatibilidade da actividade do Projecto com a utilidade para qual o Porto de Nacala foi estabelecido; Alteração de longa data (a décadas passadas) do meio ambiente pela construção de infra-estruturas dentro do Perímetro do Porto de Nacala. Não ocorrência de habitats sensíveis na área em que a Central Flutuante se encontra instalada; Localização da Central Flutuante em águas marinhas de 6 m de profundidade e próximo da subestação de energia em terra. A linha de transmissão aérea atravessa uma curta distância e a área de implementação é pequena, resultando em impactos ambientais pouco significativos; Relativamente à tecnologia usada para a produção de energia pela Central Flutuante, é de salientar que esta é considerada como sendo a mais moderna disponível e produz níveis muito baixos de emissões atmosféricas e sonoras, como foi comprovado pelos estudos de especialistas levados a cabo. A tecnologia usada a bordo da Central Flutuante é, portanto, considerada como adequada do ponto de vista ambiental. 48 Relatório de EIA - Rascunho 9. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA 9.1. Meio Biofísico 9.1.1. Clima i) Temperatura e Pluviosidade Não existe uma previsão do clima a longo prazo para a Cidade de Nacala Porto. A mais próxima estação climatológica está no Lumbo, 50 km a Sul de Nacala na costa. A condição climática do Lumbo, pela proximidade, será similar à condição climática de Nacala. O clima de Nacala é caracterizado por verões quentes e húmidos e Invernos frescos e secos. Em média a precipitação anual em Nacala é de 999 mm, com cerca de 735 mm de precipitação no período entre Dezembro e Março (Figura 29). Setembro é o mês mais seco com uma média inferior a 10 mm. A temperatura média anual é de 25.5 ºC, com temperaturas médias diárias acima de 27 ºC no período de Novembro a Fevereiro (Figura 30). Em média a temperatura baixa até cerca de 22 ºC no Inverno, de Junho a Agosto, enquanto as temperaturas máximas excedem regularmente os 30 ºC de Setembro a Maio do ano seguinte. A humidade encontra-se consistentemente acima de 75%. Pelo que Nacala é quente e húmido durante praticamente todo o ano. RASCUN HO Figura 9: Pluviosidade media mensal e o número de dias de chuva por mês no Lumbo, de 1976 a 2010 (dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia) 49 Relatório de EIA - Rascunho Figura 10: Temperatura média, mínima e máxima mensal e humidade média mensal no Lumbo, de 1976 a 2010 (dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia). ii) Ventos Os ventos são geralmente muito moderados na costa norte de Moçambique devido à localização tropical e ao efeito de abrigo causado por Madagáscar no Oceano Índico. A velocidade média dos ventos é inferior a 5 m/s, mas rajadas até 20 m/s ocorrem em todos os meses (Figura 31). De Setembro a Março os ventos são quase exclusivamente provenientes de nordeste e leste, e no Inverno tornam-se quase exclusivamente de sul, no período de Abril a Agosto. RASCUN HO Figura 11: Velocidade média mensal do vento no Lumbo (em m/s) e a rajada mais forte registada em cada mês no período de 1988 a 2008 (http://www.myweather2.com/CityTown/Mozambique/Nacala/climate-profile.aspx). 50 Relatório de EIA - Rascunho iii) Fenómenos Extremos Historicamente e de acordo com as estatísticas a Cidade de Nacala Porto está localizada numa zona considerada de alto risco em termos de probabilidade de ser fustigada por ciclones (Figura 6). Durante os últimos 40 anos, esta faixa costeira foi fustigada pelos seguintes ciclones: Gladys em 1976, Nádia em 1994, Jokwe em 2008 e Funso em 2012. RASCUN HO Figura 12: Frequência de Ciclones por Distrito 51 Relatório de EIA - Rascunho 9.1.2. Características Costeiras (Norte de Moçambique) A costa do norte de Moçambique, entre a fronteira da Tanzânia (à norte) e a Cidade de Mossuril (40 km à sul de Nacala) é muito recuada e protegida por numerosas ilhas, associadas com formações de corais bem desenvolvidas. Nacala é a maior baía nesta faixa de costa. A Baía de Nacala é constituída por pequenas sub-baías, como Fernão Veloso (á entrada da Baía), Namelala, Muananculo e a Baía de Bengo. 9.1.3. Geologia e Geomorfologia O litoral da Baía de Nacala é caracterizado por uma sequência de praias predominantemente rochosas e arenosas. Duas principais e diferentes formações geológicas ocorrem em torno da Baía de Nacala. As áreas costeiras a leste da baía são compostas principalmente de materiais sedimentares, incluindo corais de calcário e arenito calcário da formação de Pemba. Este sobrepõe-se por solos líticos e arenosos. A oeste da Baía de Nacala encontra-se o granito de Nampula com o Grupo Super Nampula a dominar o relevo. RASCUN HO A Baía de Nacala comunica com o oceano através de um canal estreito de profundidade consideravelmente alta. A Península Fernão Veloso delimita a margem leste desta baía. A constituição da baía é bastante assimétrica. A margem leste é quase recta enquanto a margem ocidental possui contornos acentuados, delimitando baías secundárias separadas por Pontas alongadas. Estas baías comunicam com numerosos "lânguas" e pântanos inundados pelas marés. As encostas das margens são igualmente diferentes. A margem oriental tem uma inclinação bastante acentuada e brusca. A margem ocidental tem um declive suave e progressivo. Esses declives suportam diferentes tipos de drenagem superficial. Do lado ocidental da baía a drenagem é extensa, mas sem presença de cursos de água permanentes. Pelo contrário, a drenagem é efectuada por linhas de drenagem que se desenvolveram em uma forma dendrítica. Na margem oriental a drenagem para a baía é efectuada por linhas não ramificadas e quase paralelas entre si. 9.1.4. Solos A margem oriental da Baía Nacala compreende um mosaico de solos líticos (Eutric Letosols) e solos de textura média (Arenosols Háplicos) associados aos arenitos calcários da formação de Pemba. Ambos os tipos são solos propensos à erosão na época chuvosa. 52 Relatório de EIA - Rascunho A erosão na cidade de Nacala é um factor muito sério, pois afecta não só o desenvolvimento urbano e a baixa da cidade, masa também a zona costeira onde se localiza o Porto. Nas áreas onde os solos erodiram sobressaem formações rochosas de arenito. As chuvas torrenciais podem causar assoreamentos na zona baixa (área do Porto) por deposição de areias de encostas circundantes, destruição de estradas pavimentadas e formação de ravinas extensas. RASCUN HO Figura 13: Sinais de erosão nas proximidades do Porto de Nacala. 9.1.5. Hidrologia Não existem rios a desaguar na Baía de Nacala. A oeste da Baía numerosas linhas proporcionam a drenagem de águas do ponto mais alto até a baía. Na costa leste da Baía também ocorrem linhas de drenagem, embora estas sejam menos numerosas em comparação com o lado oeste. Uma linha de drenagem importante ocorre a 400 m ao sul do Porto de Nacala. Esta linha e outras que ocorrem na faixa leste da baía descarregam na Baía águas pluviais urbanas da Cidade de Nacala Porto durante o período chuvoso. 9.1.6. Oceanografia Física i) Batimetria A Baía de Nacala com aproximadamente 18 km de comprimento (norte-sul) possui 4 km de largura e 20 m de profundidade média (Figura 8). O volume médio de água sobre a baía é de cerca de 1,5 km3, com uma área de superfície total de 70 km2. A maior parte da baía (cerca de 80%) é funda, sendo a profundidade superior a 20 m. A profundidade no canal de entrada para a Baía é superior a 60 m. A distância entre o Porto e alto mar é de cerca de 13 km. De acordo com o levantamento batimétrico, no local do projecto, a profundidade da água é superior a 6 m. 53 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 14: Batimetria da Baía de Nacala (em m). 54 Relatório de EIA - Rascunho ii) Correntes A velocidade média das correntes na Baía durante a maré enchente é cerca de 30 cm/s, enquanto a velocidade na maré vazante é 10 cm/s. A velocidade das correntes é bastante reduzida porque a profundidade na boca da baía é de 50 a 70 m. Na Baía de Nacala as correntes foram simuladas antes da expansão do Porto recorrendo ao modelo numérico. Simularam-se as correntes forçadas pelas marés e ventos locais, e os resultados das correntes são ilustrados na Figura 9 a) e b), para a enchente e vazante, respectivamente. A velocidade da corrente situou-se na ordem de 30 cm/s e as marés na zona sul da Baía, onde se localiza o Porto, estão atrasadas em relação as marés na zona oceânica adjacente, de tal forma que quando se regista a enchente na zona oceânica, na zona sul da Baía regista-se a vazante, e vice-versa. A Figura abaixo apresenta, por sua vez, as correntes residuais, importantes no transporte e dispersão de materiais com maior tempo de residência, na Baía de Nacala antes da expansão do Porto. As correntes residuais junto ao Porto de Nacala exibem um valor máximo de aproximadamente 0.1 cm/s, o que corresponde a um deslocamento máximo diário de aproximadamente 85 m. O padrão da circulação residual demonstra que na zona do Porto de Nacala, ao fim de cada ciclo de maré, há um transporte para fora do Porto, em direcção ao Norte da Baía, e um deslocamento diário na mesma direcção na ordem de 10 m. Este padrão favorece uma maior renovação da água e consequente retirada de sedimentos e eventuais poluentes passivos (conservativos, ou seja, com deposição ou degradação lenta em função do tempo), depositados na zona do Porto, para a zona oceânica adjacente onde seriam consideravelmente diluídos e dispersos. A aproximadamente 4 km a norte do Porto as correntes residuais parecem ser fracas comparativamente às correntes na zona do Porto. A existência de correntes fracas a norte do Porto pode estar relacionada com o facto de esta zona possuir tamanho e volume de água relativamente grandes. As fracas correntes residuais reduzem a dispersão de materiais pela Baía o que pode ter um impacto reduzido no caso de existência de contaminantes na água. RASCUN HO 55 Relatório de EIA - Rascunho Figura 15: Padrão de Circulação na Baía de Nacala antes da expansão do Porto: enchente (à esquerda) e vazante (à direita) (a escala na barra representa o nível de maré) RASCUN HO Figura 16: Correntes residuais induzidas pela rectificação da batimetria e pelo padrão dos ventos na Baía de Nacala antes da expansão do Porto (a escala na barra representa o nível de maré). 56 Relatório de EIA - Rascunho iii) Ondas e Marés A altura das marés varia de 0,5 a 3 m entre a maré alta e maré baixa, respectivamente (Figura 11). O prisma de maré na Baía de Nacala varia de cerca de 0,06 km3 (durante marés mortas) a 0,2 km3 (durante as marés vivas). É durante as marés vivas que a maior parte das águas da Baía é renovada. O mar é calmo na maioria das vezes, mas as ondas podem atingir 2 metros de altura durante os furacões fortes. Por exemplo, quando foi do ciclone Nádia (considerado o maior ciclone que atingiu Nacala nos últimos 60 anos) a altura máxima das ondas foi de cerca de 2,35 m durante marés vivas. A renovação da água é feita pelas marés, e a maior parte da água é renovada em 2 dias durante as marés vivas. RASCUN HO Figura 17: Marés observadas no Porto de Nacala. iv) Qualidade da Água As águas marinhas são, em geral, águas não turvas e dada a sua transparência pode-se ver o fundo do mar. A Baía de Nacala apresenta baixos teores de sedimentos em suspensão uma vez que não há rios a drenar para a baía. A concentração de sedimentos em suspensão na Baía de Nacala 57 Relatório de EIA - Rascunho varia de 8 a 22 mg/l, e no local do Porto a concentração média de sedimentos suspensos é cerca de 14 mg/l. As taxas de sedimentação são inferiores a 3 cm por ano. Segundo o estudo de JICA (2011) os parâmetros de qualidade de água na Baía apresentam as seguintes características: • A temperatura da água varia entre 25-26° C, e tend e a subir em águas menos profundas; • A salinidade varia, em geral, entre 34-35 PSU, e tende a subir ligeiramente na camada superficial; • O pH varia, em geral, entre 7,3-8,2; • A concentração de oxigénio dissolvido (OD) varia de aproximadamente 5,7-6,1 mg/l; • A concentração de Nitrogénio Total (NT) e o Fósforo Total (TP), indicador de riqueza de nutrientes, foi altamente variável para NT entre os locais e as camadas e particularmente alta na camada inferior (0,96 mg/l) enquanto TP variou entre <0,020,04 mg/l e foi menos variável entre os locais e as camadas. • A concentração total de hidrocarbonetos (THC), indicador de poluição de óleo, medida onde foram observadas manchas de óleo (perto da costa sul do Porto) no geral, era abaixo de, ou seja estava próximo do limite da quantificação (0,2 mg / l). RASCUN HO Os valores mais altos de E. coli na camada superficial foram registados próximo a um período de muita chuva. No entanto, mesmo assim, estes estavam abaixo (246 ufc/100 ml) do padrão Europeu de qualidade água (Directiva 2006/7/CE) para "excelente qualidade", que é de 250 ufc/100ml. 9.1.7. Qualidade do Ar Dados sobre a precipitação média mensal e a temperatura média mensal, temperatura média mensal máxima e mínima da estação meteorológica mais próxima são apresentados na Secção 9.1.1. acima. Os ventos sopram do norte e nordeste de Setembro a Março, e tornam-se quase exclusivamente de sul a sul-sudeste nos meses de inverno, de Abril a Agosto. As velocidades médias do vento são de menos de 5 m/s, mas ocorrem rajadas de sul de velocidade superior a 10,8 m/s (ver figura que se segue). 58 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 18: Rosa-dos-ventos anual para Nacala (https://www.meteoblue.com/en/weather/forecast/modelclimate/nacala_mozambique_1035025) A meteorologia de Nacala tem uma série de implicações para a dispersão de poluentes atmosféricos. Em primeiro lugar, a atmosfera convectiva instável no verão garante que há uma boa mistura e diluição dos poluentes que são libertados na atmosfera. Associado a isso, as condições quentes garantem que a condição de inversão estável que prende os poluentes perto do nível do solo ocorre raramente ou nunca. Em segundo lugar, a frequência relativamente elevada de precipitação no verão irá assegurar que os poluentes não se acumulam e são lavados para fora da atmosfera rotineiramente. Em terceiro lugar, contraditoriamente, a alta frequência de ventos fracos não é propícia para uma dispersão eficaz de poluentes atmosféricos. À noite, quando geralmente é relativamente mais frio e calmo, especialmente no inverno, alguma acumulação de poluentes pode ocorrer perto de fontes de emissão. A indústria em Nacala inclui a produção de cimento a partir de clínquer, fabricação de sabonetes e cosméticos, refinaria de óleo de palma, moagem de trigo e processamento de sementes (ver tabela abaixo). O poluente comum associado a essas indústrias consiste em partículas ou poeira. A produção de cimento a partir de clínquer é, essencialmente, um processo de moagem que resulta na emissão de poeiras. Da mesma forma, a moagem de trigo pode também resultar em emissões de poeiras. O fabrico de sabão e produção de óleo de 59 Relatório de EIA - Rascunho palma envolve cozinhar, o que implica a geração de calor e combustão de combustível em caldeiras. As emissões normalmente incluem SO2, NOx e partículas. Estas fontes são isoladas e a emissão faz-se através de chaminés relativamente altas. Embora estas fontes tenham um impacto negativo sobre a qualidade do ar, é altamente improvável que estas resultem em excessos relativamente às normas de qualidade do ar ambiente, individualmente ou colectivamente. O manuseio e armazenamento de petroquímicos é uma fonte de VOC em Nacala (Tabela x). Os combustíveis líquidos (gasolina, combustível de aviação e diesel) são importados através do terminal de combustível em Nacala Porto, de onde são canalizados para os terminais de combustível a granel da Petromoc e BP em Nacala. Em ambas as áreas, os tanques de armazenagem são tanques de cúpula fixos no telhado. A perda por evaporação a partir desses tanques, e as emissões de VOC são geralmente muito baixas, porém podem ocorrer perdas do produto através de selagens velhas, bombas e flanges. O combustível é carregado em camiões-cisterna através de um pórtico suspenso para distribuição. As perdas por evaporação podem ocorrer no enchimento dos camiões-cisterna e por derrames, bem como a libertação de vapores dos camiões-cisterna vazios à medida que são cheios, se a recuperação de vapor não for utilizada. Estas emissões de VOC são provavelmente baixas e o efeito sobre o ambiente envolvente é provavelmente localizado. As fontes de poluição do ar no porto de Nacala incluem as emissões dos navios à medida que estes entram e acostam no cais, bem como de locomotivas a diesel, guindastes para contentores e tráfego de camiões (ver tabela abaixo). Estas emissões incluem SO2, NOx, CO, COV e partículas. A descarga de clínquer por navios e o subsequente manuseamento e carregamento em camiões são uma fonte de partículas. Aproximadamente 300 embarcações visitam Nacala Porto anualmente (Impacto, 2011), ou seja, aproximadamente cinco por semana. Os 1,2 milhões de toneladas de carga recebidas anualmente (Impacto, 2011) são movimentados a partir do porto através de camiões e vagões, e o combustível líquido e óleo de palma por oleoduto. RASCUN HO Assumindo que 70% da carga é movida por camiões, cada um com 15 toneladas, implica que cerca de 150 camiões entram e saem do porto, numa base diária. Embora o volume de tráfego de navios seja relativamente baixo em comparação com os principais portos, durante os períodos de alta actividade as diferentes fontes de poluição do ar irão, no seu conjunto, ter um impacto negativo sobre a qualidade do ar ambiente. É possível que as normas ambientais possam ser excedidas, por vezes, no porto ou seja, perto das actividades e fontes de emissão. Veículos automotores, camiões e motorizadas também são uma fonte de poluentes em Nacala, nomeadamente de emissões de escapes e arraste de poeiras nas estradas não pavimentadas. Os volumes de tráfego são, porém, relativamente baixos e o impacto na qualidade do ar deverá ser limitado a horários de pico e as áreas imediatamente adjacentes às principais estradas. A queima acidental de resíduos em Nacala é também uma fonte de poluição do ar. Estes incêndios são geralmente de curta duração e os efeitos são localizadas. A maioria das casas na cidade de Nacala é electrificada e usa-se muito pouco a lenha para cozinhar. O impacto da queima doméstica sobre a qualidade do ar é, portanto, limitado. 60 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 10: Fontes de poluição do ar em Nacala e os possíveis poluentes (adaptado de uMoyaNILU, 2011) Sector Manufacturação Processamento Agrícola Petroquímico Navegação Fonte Possíveis poluentes CINAC S.A. Particulados SANAL SACARIA LDA Particulados Sociedade G.S Holding Lda Particulados, SO2, NOx Sociedade Saboeira de Nacala Lda Particulados, SO2, NOx Royal plastics Particulados, SO2, NOx Cimentos de Moçambique Particulados Grupo Maiaia Particulados Companhia Industrial de Nacala Particulados IPAN Particulados FARINAL Particulados OLAM Particulados APEL Particulados Petromoc VOC BP VOC Manobras e no cais RASCUN HO Particulados, SO2, NOx Equipamento portuário Manuseamento de carga Particulados, SO2, NOx Carga a granel Descarga de navios e carga de camiões Particulados Vagões e camiões Movimento de entrada e saída do porto Particulados, SO2, NOx Escape de veículos Camiões, carros, motorizadas Particulados, SO2, NOx Arrastamento de poeiras de estradas não pavimentadas Particulados Queima de resíduos Particulados Queima doméstica de lenha Particulados Fogos Existem somente algumas fontes industriais que emitem poluentes atmosféricos, os volumes de tráfego são relativamente baixos, e há muito pouco uso da lenha para fins domésticos. Além disso, prevê-se que a dispersão atmosférica seja boa a maior parte do tempo, apesar de uma elevada ocorrência de ventos fracos. Embora não existam medições da qualidade do ar ambiente em Nacala, assume-se que a qualidade do ar é geralmente boa. É altamente improvável que os padrões de qualidade do ar sejam excedidos para qualquer poluente. No entanto, durante o pico de actividade em Nacala Porto a qualidade do ar será negativamente afectada pela emissão de uma variedade de diferentes actividades associadas a operações portuárias sendo então possível, que as normas ambientais possam excedidas no porto. 61 Relatório de EIA - Rascunho 9.1.8. Ambiente Sonoro A finalidade das medições é caracterizar o ambiente de referência das comunidades locais potencialmente afectadas. Estas medidas constituem a base contra a qual os níveis de ruído a partir da Central Flutuante são comparados, a fim de avaliar o impacto do ruído. Os pontos de medição do ruído em relação a Central Flutuante estão indicados na Figura 5 acima (ver Secção 6.2.). i) Posição de Medição MP1 A posição de medição MP1 encontra-se na estrada principal a sul do Porto de Nacala, na fronteira com a propriedade Mogás, a 10m do eixo central da estrada que passa no limite da área industrial e na área residencial, como ilustrado nas fotografias abaixo. A Central flutuante encontra-se a 1000m a partir desta posição de medição e escondida da zona residencial pelos edifícios industriais. Caixa 4: Localização georreferenciada do Ponto de Medição MP1 Coordenadas de GPS da posição são as seguintes: 14 ° 33,031'S 40 ° 40.459'E RASCUN HO 14m de altura (± 4m) Figura 19: Ponto de medição MP1 na área industrial do Porto na principal via de acesso 62 Relatório de EIA - Rascunho Figura 20: Rota prevista da nova Estrada de acesso (à esquerda) e vista norte ao longo da antiga estrada de acesso ao Porto (à direita) RASCUN HO Figura 21: Vista Oeste para a área dos Escritórios Mogás (à esquerda) e Vista Sul a área residencial à esquerda da Mogás (à direita) 63 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 11: Tabela de medição para Ponto de Medição MP1 Dia/Data Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Quinta 16/02/12 Quinta 16/02/12 Quinta 16/02/12 Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Sex 17/02/12 Quinta 16/02/12 Quinta 16/02/12 Hora TC 08:59-09:09 09:10-09:20 09:21-09:31 12:45-12:55 12:56-13:06 13:08-13:18 13:44-13:54 13:55-14:05 14:06-14:16 15:58-16:09 16:10-16:20 16:21-16:31 18:20-18:30 18:31-18:41 28.0 28.2 28.2 34.6 34.6 34.6 35.8 35.8 35.8 32.1 31.0 29.6 27.8 27.8 RH % 71 71 71 55 55 55 47 47 47 48 48 53 83 85 Vento m/s 1.4 1.4 2.2 2.8 2.8 2.8 1.6 1.6 1.6 3.8 2.9 3.2 2.1 2.1 Leq L90 Comentários 70.4 66.6 63.2 65.0 65.2 64.9 62.6 63.8 66.2 67.0 67.8 63.9 66.8 66.7 54 55 54 52 53 52 51 53 51 55 55 52 55 55 C=37, H=5 C=34, H=2 C=38, H=4 C=34, H=4 C=14, H=8 C=26, H=6 Sem contagem C=37, H=4 Sem contagem C=53, H=17 C=33, H=14 C=42, H=10 C=16, H=6 C=10, H=6 Relativamente as medições apresentadas na tabela acima, referir que estes valores são típicos de uma área industrial, com o ambiente sonoro, Leq, dominado pela actividade industrial em fábricas adjacentes e oficinas e tráfego rodoviário pesado na estrada principal de acesso ao Porto. Deve-se notar que existe uma área residencial para leste da via de acesso, que já está exposta a um nível de ruído de 65 dB (A), bem acima dos critérios de dia para uma área suburbana, que correspondem a 50 dB (A). RASCUN HO ii) Ponto de medição MP2 O segundo ponto de medição localiza-se na Cidade de Nacala, dentro da comunidade local. Este ponto de medição localiza-se no lado Oeste da Cidade de Nacala, a sul do Ponto de Medição MP1. O ponto estava numa posição elevada e tinha uma linha de visão directa para o porto existente, a localização da Central Flutuante, bem como a costa de Nacala-à-Velha e o Município. Caixa 5: Localização georreferenciada do Ponto de Medição MP2 Coordenadas de GPS da posição são as seguintes: 14º 33 '20,3"S 40º 40' 34,8"E 64 Relatório de EIA - Rascunho Figura 22: Ponto de medição MP2, na área industrial do porto na principal via de acesso RASCUN HO Figura 23: Vista Noroeste em direcção ao Porto de Nacala (à esquerda) e Vista para o Sudoeste (à direita) Tabela 12: Tabela de medição para o Ponto de Medição MP2 Dia / Data Hora Sab 10/07/10 Dom 11/07/10 Dom 11/07/10 Dom 11/07/10 11:03-11:13 12:46-12:56 12:57-13:07 13:08-13:18 TC - RH % - Vento m/s 1.5 1.2 1.2 1.2 Leq L90 48.6 51.8 48.4 52.5 32.0 41.7 43.1 42.9 Comentários A área é típica de uma zona residencial suburbana, com um nível diurno e nocturno medido de 51 dB (A) e 43 dB (A), respectivamente, o que é ligeiramente maior do que os valores de referência de 50 dB (A) e 40 dB (A) para tais áreas. Isto deveu-se, fundamentalmente, à 65 Relatório de EIA - Rascunho principal estrada de acesso ao Porto de Nacala e outras operações industriais que ocorrem ao longo da costa, bem como as actividades humanas quotidianas dentro da comunidade, tais como as pessoas a conversar, música e crianças a brincar. 9.1.9. Flora e Fauna Terrestres O Projecto abrange a construção de uma linha transmissão com aproximadamente 500 m, que irá atravessar parte da costa a sul da área portuária. Nos arredores da área de implantação da linha de transmissão, a norte e este, é evidente a influência do desenvolvimento urbano, industrial (indústrias e salinas) e portuário (terminais de combustível e armazéns). A área do projecto faz parte da região pertencente à unidade de vegetação denominada “matagal litoral e floresta de dunas recentes”, de acordo com a classificação de Wild e Barbosa (1967). No entanto, como foi referido acima, a área está muito modificada e possui pouca vegetação natural, apresentando espaços abertos com árvores dispersas e algumas manchas pequenas com remanescentes de vegetação nativa maioritariamente arbustiva. No que concerne à fauna, da escassez de habitats resultará uma baixa diversidade e muito baixa abundância de fauna, em especial em termos de vertebrados. Os vertebrados que potencialmente ocorrem na área são pequenos mamíferos, aves e répteis, na sua maioria espécies “habituadas” à presença humana (animais sinantrópicos). RASCUN HO Esta área encontra-se, predominantemente, livre de habitats terrestres de flora e fauna de interesse particular em termos de conservação. No entanto, deve-se considerar especial atenção à jibóia (Python natalensis) por esta ser uma espécie protegida por lei em Moçambique. 9.1.10. Ambiente Marinho i) Recifes de Coral Em Moçambique os recifes de coral são de grande importância, pois constituem um grande atractivo para o turismo (mergulho e pesca recreativa) e são fonte de rendimento e alimento para grande parte da população que vive ao longo da costa do país (Scheleyer et al., 1999). O litoral da Província de Nampula é parte dos cerca de 770 km de costa moçambicana, que se estende entre a fronteira com a Tanzânia e o Arquipélago das Primeiras e Segundas, que é classificada de costa coralífera (MICOA, 2009). Os recifes de coral ao longo desta costa formam um recife em franja quase contínuo ao longo da costa este das ilhas e nas áreas expostas da costa continental (Scheleyer et al., 1999). Esta área é também parte da costa Norte do Canal de Moçambique, que foi recentemente identificada como uma área de extrema importância em termos de corais, pois aqui encontram-se os recifes com mais alta diversidade, produtividade e são os mais saudáveis da região Ocidental do Oceano Indico (Obura, 2012). 66 Relatório de EIA - Rascunho Na área de estudo, os recifes de coral são melhor desenvolvidos na Baía de Fernão Veloso, na entrada da Baía de Nacala. Dentro da Baía ocorrem algumas manchas de coral pequenas e dispersas, como é o caso dos recifes localizados em frente a área onde está o Libélula Lodge e o Kwalala Lodge. A Figura 24 apresenta a localização dos recifes de coral da Baía de Nacala. Os recifes de Nacala são muito pouco estudados, no entanto (Telford et al., 1999) descreveram algumas características dos recifes da Baía de Fernão Veloso, os recifes de Fernão Veloso, Mulala e Naeli (Figura 24). De acordo com esse estudo os recifes de Fernão Veloso apresentam as seguintes características: • O recife de Fernão Veloso é constituído por substrato rochoso e areia com uma cobertura dominada por corais duros (75-100%), maioritariamente compostos por corais ramificados e massivos. Corais moles foram observados frequentemente. De acordo com Impacto (2012), os operadores turísticos da área reportaram que neste recife já foram observadas cerca de 150 espécies de peixes e várias espécies de moluscos, crustáceos e outros invertebrados. Foram observadas algumas partes com coral ramificado partido, possivelmente derivado do ancoramento de barcos, redes de pesca e pisoteio. • O recife de Mulala está localizado numa zona pouco profunda, praticamente sem declive, e é composto por cabeços de coral alternados com areia e cascalho. Este também é dominado por corais duros, maioritariamente compostos por corais ramificados e massivos. Ouriços-do-mar (Diadema sp.) e pequenos peixes de recife são abundantes e ocorrem também corais moles e esponjas. Foram observadas áreas com coral ramificado (Acropora sp.) partido. RASCUN HO • O Recife de Naeli é bem desenvolvido e pode ser subdividido em duas áreas: o Uma área menos profunda e mais protegida na zona intertidal, onde o recife é composto por uma grande diversidade de corais, em forma de cabeços pequenos e médios e com substrato rochoso e areia e com um declive mínimo. Este apresenta uma dominância de corais duros, de variadas formas, mas com áreas dominadas por corais massivos e ramificados. Corais moles e esponjas são comuns e peixes de coral são abundantes. Algumas áreas de coral estavam danificadas. o Uma área onde o recife é constituído por uma parede rochosa praticamente vertical que inicia na zona dos 15 m e cai até próximo dos 70 m. Este é composto principalmente por rocha, areia e cascalho com corais até pelo menos aos 30 m de profundidade. Aqui há uma dominância de corais duros, de variadas formas, mas os corais palmados (com formato de mesa) e incrustantes são abundantes. Neste ocorrem também corais moles e macro-esponjas. Este recife apresentava-se menos danificado, apesar de terem sido observadas quatro coroas-de-espinhos Acanthaster planci (estrelas-do-mar comedoras de coral). 67 Relatório de EIA - Rascunho Os principais géneros de coral registados por Telford et al. (1999) nos recifes da Baía de Fernão Veloso estão apresentados na tabela que se segue. Os Recifes de Fernão Veloso estão susceptíveis aos eventos de branqueamento de coral, como o que foi registado em 1998 como resultado da oscilação sul-El Niño (ENSO) que causou temperaturas elevadas da água do mar, que causou o branqueamento de cerca de 30% dos corais no recife de Fernão Veloso (Scheleyer et al., 1999). Tabela 13: Géneros de corais identificados por Telford et al. (1999) nos recifes da Baía de Fernão Veloso, recifes de Fernão Veloso, Mulala e Naeli. Géneros Fernão Veloso Mulala Naeli Corais duros (Scleractinia) Acanthastrea X Acropora X X X Alveopora X X X Astreopora X X X Favia X X X Favites X X X Fungia RASCUN HO X X Herpolitha X Hydnophora X Galaxea X X X Goniopora X X X Leptoria X X Lobophyllia X X Montipora X Mycedium X X Oulophyllia X X Pachyseris X X Platygyra X 68 X X X X Relatório de EIA - Rascunho Géneros Fernão Veloso Mulala Plerogyra Naeli X Pocillopora X X X Porites X X X Psammocora X Seriatopora X Stylophora X X X X X Turbinaria X Corais moles (Alcyonacea) Anthelia X Dendronephthya X X Lobophytum X X Nephtea X X Sinularia X X X X X X RASCUN HO Sarcophytum Tubipora X Coral-de-fogo (Milleporina) Millepora X TOTAL 23 16 33 Nos encontros com os CCPs, os pescadores demonstraram pouco conhecimento sobre a existência de áreas com recifes de coral, ao longo da costa da área de estudo. No entanto, mencionaram que fora da Baía de Nacala, entre Naherenque e Chivato, é onde se encontram as principais formações de coral. Os pescadores de Naherenque e o representante da Estação Pesqueira de Nacala-Porto fizeram referência aos corais das “reservas do Kwalala Lodge e do Libélula Lodge”. Nos encontros com os operadores turísticos recolhemos mais detalhes sobre estas áreas: • Área de coral em frente ao Kwalala Lodge: Possui uma espécie de parede com coral em bom estado e áreas com cabeços de coral. O Lodge fez um acordo com a Associação de Pesca de Nacala (Assopena) em 2006, em que os pescadores se comprometem a não pescar na área delimitada em frente ao Lodge, conhecida por Reserva Bonita (ver Figura 24). Os membros da Assopena (pescadores) fazem o controlo e o Lodge canaliza parte do valor pago pelos turistas à Associação e providencia um guarda também. 69 Relatório de EIA - Rascunho • Área de coral em frente ao Libélula Lodge: O coral torna-se mais evidente a partir dos 20 m de profundidade, constituído principalmente por cabeços de coral colonizados por outros corais, nas zonas menos profundas é constituído praticamente por cascalho (pedaços de coral morto e rocha). O Lodge fez um acordo com a Associação de Pesca de Nacala (Assopena) em 2007/2008, em que os pescadores se comprometem a não pescar na área delimitada em frente ao Lodge, conhecida por Reserva Marinha do Libélula (ver Figura 24). O acordo é similar ao do Kwalala Lodge, mas nos últimos anos não tem resultado muito bem e têm registado algumas violações à Reserva. A Reserva tem cerca de 350 m de comprimento (linha de costa) e 150 m de largura. Cerca de 150 espécies de peixes foram já identificados associadas a esta reserva. Esta grande diversidade deve-se à interdição de pesca (Ian Kingsley, Pers. Com.). No Bairro de Chivato há uma outra reserva (Figura 24) estabelecida em acordo entre o CCP local e o Complexo turístico O Simba (José Naite, Pers. Com.). Para além das duas áreas referidas acima, os operadores turísticos indicaram também os dois lados da entrada para a Baía de Nacala, a este a zona entre Naherenque e Chivato e a oeste por exemplo a zona de Naeli, e também o Baixo Pinda em Memba, uma zona mais a norte, como sendo as principais áreas de coral, onde levam os turistas a mergulhar e pescar. Estes mencionaram que ocorrem áreas de coral em bom estado, principalmente nas zonas mais profundas (não afectadas pela actividade de pesca) e nas paredes localizadas mais para este (Mutiva e Chivato). De acordo com Ian Kingsley, nestas paredes, em áreas profundas (40 m), ocorrem jardins de gorgónias (Família Gorgonnidae). A Central Flutuante está localizada, mais para o interior da Baía de Nacala, numa área onde não ocorrem recifes de coral. No entanto, o Projecto poderá afectar os recifes de coral que ocorrem na costa de Muzuane e Naherenque (interior da Baía), ou até os recifes localizados na entrada para a Baía, caso ocorra a poluição da água do mar. A poluição poderá ser causada por fuga de óleos e/ou combustíveis, por descargas de efluentes/águas não tratadas ou, em casos de eventos não rotineiros, por grandes derrames de combustível. RASCUN HO Os recifes de coral devem merecer especial atenção pelo estatuto de protecção que lhes é conferido pelo Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro (Decreto 45/2006 de 30 de Novembro). Este Regulamento refere que são proibidas quaisquer actividades que danifiquem o coral e actividades de pesca num raio inferior a 100 m dos corais ou recifes. Adicionalmente, nestes recifes poderão ocorrer espécies de coral, assim como outros animais (ex. tartarugas marinhas e algumas espécies de peixes) que estão classificadas pela IUCN como estando em perigo de extinção. 70 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 24: Localização dos Recifes de Coral, mangais e salinas na Baía de Nacala. 71 Relatório de EIA - Rascunho i) Mangais As florestas de mangal, que geralmente ocorrem em baías rasas entre marés e estuários com planícies lodosas, são ecossistemas altamente produtivos e são especialmente importantes pela diversidade faunística que suportam. Os mangais aprisionam e estabilizam sedimentos consolidando dessa forma a linha de costa e protegem-nas de inundações e erosão causada por ondas. Os mangais são também reconhecidos pela sua importância no ciclo de carbono Global pois, são consideradas das florestas da zona tropical mais ricas em carbono, principalmente pelo carbono que é armazenado no seu solo (Donato et al., 2011; Stringer et al., 2014). As áreas com mangal, na área de estudo, foram mapeadas com base nas imagens do Google Earth (de Setembro de 2015) e estão representadas na Figura 25. Os mangais ocorrem principalmente dentro da Baía de Nacala, nas pequenas baías no interior e na costa oeste da Baía. Pequenas manchas de mangal ou árvores isoladas podem ser vistas na costa este da Baía. Os pescadores e os operadores turísticos indicaram as baías do lado oeste como as áreas onde ocorrem as principais manchas de mangal, com especial referência para as baías de Namelala e Muananculo. As manchas localizadas próximo ao local onde se encontra a Central Flutuante, como a área referida por Impacto (2015) a cerca de 2 km a sul desta e a área referida por JICA (2011) a norte do Porto de Nacala, apesar de largamente modificadas, apresentam árvores de Avicenia marina, Bruguiera gymnorrhiza, Ceriops tagal e Rhizophora mucronata. RASCUN HO Durante a visita de campo efectuou-se a observação de praticamente toda a costa da Baía de Nacala, com especial foco nas áreas de mangal. A Baía não apresenta extensas áreas de mangal, sendo particularmente composta por franjas estreitas de mangal (cerca de 700 m de largura no máximo) onde, em algumas áreas da costa oeste e sul, o mangal encontra-se bem desenvolvido. Adicionalmente, vêm-se algumas manchas ou árvores isoladas ao longo de toda a costa. No geral, o mangal da baía encontra-se modificado por diferentes razões, tais como a construção de portos (Porto de Nacala e Terminal de carvão de Nacala-à-velha), construção de salinas e corte de árvores para construção (Figura 25). 72 Relatório de EIA - Rascunho Figura 25: Evidências de modificações de mangal (em cima), salinas na área próximo ao ponto de observação 1 (à esquerda) e terminal de carvão (à direita), e áreas com mangal mais desenvolvido (em baixo), mangal a sul da Baía (à esquerda) e mangal próximo ao ponto de observação 2 (á direita). RASCUN HO Nas áreas com mangal mais desenvolvido, este é ligeiramente serrado e de copa não muito alta. As árvores mais altas, que são principalmente das espécies Avicennia marina ou Rhizophora mucronata, possuem no máximo 6 m de altura (Figura XX). Para além destas duas espécies, Ceriops tagal e Sonneratia alba são também comuns nesta área. Em adição a estas espécies, viram-se evidências da ocorrência de Xylocarpus granatum (árvores mortas). Portanto, seis das oito espécies de mangal que ocorrem no país (Lugendo, 2015), ocorrem na Baía de Nacala. Nos mangais da Baía encontra-se a fauna típica destes habitats como caranguejos violinistas (Uca sp.), caranguejo de garra vermelha (Neosarmatium africanum), cracas (Balanus amphitrite), ostras (Saccostrea cucullata), búzios do magal (Cerithidea decollata), peixes saltadores do lodo (Periophtalmus sp.) e aves (Egretta garzetta). No entanto, estes mangais não aparentam ter grande diversidade e abundância faunística. É pouco provável que o Projecto possa afectar os mangais que ocorrem no interior da Baía de Nacala. No entanto, em caso de eventos não rotineiros, como derrames de grandes quantidades de combustível, as áreas de mangal que forem atingidas pelo combustível derramado, poderão ser severamente danificadas. 73 Relatório de EIA - Rascunho ii) Ervas Marinhas Os tapetes de ervas marinhas são sistemas altamente produtivos de águas rasas que desempenham um importante papel como áreas de reprodução/nidificação/viveiros e como refúgio para peixes, e são uma das principais fontes de alimento e abrigo para outros animais tais como a tartaruga verde, assim como também suportam uma rica fauna marinha de equinodermes, crustáceos, moluscos e celenterados. Ocorrem em áreas com sedimentos que variam de areia a lodo e possuem tipicamente taxas baixas de deposição de sedimentos e correntes fracas. Na área costeira que se prolonga de Nacala à Ilha de Moçambique, Massingue e Bandeira (2005) registaram 12 espécies de ervas marinhas (Cymodocea rotundata; C. serrulata; Enhalus acoroides; Halophila minor; Halophila ovalis; H. stipulacea; Halodule wrigthii; H. uninervis; Nonazostera capensis; Syringodium isoetifolium; Thalassia hemprichii e Thalassodendron ciliatum), das quais 10 foram identificadas na baía de Fernão Veloso, à entrada da Baía de Nacala (Halophila stipulacea e Nonazostera capensis não foram observadas). Em Fernão Veloso as ervas estão associadas ao substrato arenos, lodoso e rochoso (Massingue e Bandeira, 2005). Até a altura desse estudo, apenas se conheciam 11 espécies em todo o país. As comunidades de ervas marinhas de Fernão Veloso são consideradas das mais importantes do país, apresentando uma área de cobertura de cerca 75 km2 (MICOA, 2009). Tapetes de Thalassodendron ciliatum, Thalassia hemprichii e Syringodium isoetifolium foram observados e identificados dentro da Baía de Nacala perto de Nacala-à-Velha (Rio Doce Moçambique, 2006). Manchas com ervas marinhas com composição de espécies e cobertura diferentes estendem-se desde a zona norte do Porto de Nacala, algumas com grandes evidências de estar sob pressão de sedimentação elevada (JICA, 2011). É na área de ervas marinhas onde normalmente se faz a colecta de invertebrados (geralmente realizada por mulheres). RASCUN HO Nos encontros realizados com os CCPs, os pescadores demonstraram conhecer as ervas marinhas, mas segundo eles não há zonas de grande importância no interior da Baía de Nacala. Por outro lado, os operadores turísticos referiram que manchas de ervas são observadas em áreas menos profundas (ex. 4-6 m), geralmente entre a costa e os corais, como é o caso nas reservas Bonita e Libélula e em Fernão Veloso. Em alguns locais, estas ficam expostas nas marés vazias, como na Baía de Namelala (Radja Neves, Pers. Com.). O Projecto poderá afectar as ervas marinhas que ocorrem no interior da Baía, ou até as que ocorrem na entrada para a Baía (ex. Fernão Veloso), caso ocorra a poluição da água do mar. A poluição poderá ser causada por fuga de óleos e/ou combustíveis, por descargas de efluentes/águas não tratadas ou, em casos de eventos não rotineiros, por grandes derrames de combustível. iii) Bancos Entre-marés e Praias Arenosas ou Rochosas A Baía de Nacala possui algumas áreas com extensos bancos entre-marés compostos por sedimentos arenosos e lodosos. Estes suportam uma variedade de invertebrados, 74 Relatório de EIA - Rascunho principalmente moluscos e crustáceos. Estas áreas são usadas pela população local para a colecta desses invertebrados (Figura 26). Esta Baía possui também praias arenosas e rochosas intercaladas com as manchas de mangal (Figura 26). Estas praias proporcionam habitat para várias espécies de invertebrados bentónicos (como crustáceos, moluscos e poliquetos) e são áreas de alimentação de aves, que procuram estes invertebrados ou peixes pequenos. As praias de areia podem ser importantes áreas de nidificação de tartarugas. No entanto, de acordo com os relatos dos pescadores e dos operadores turísticos, na Baía de Nacala é muito pouco provável que ocorra a nidificação de tartarugas. Mas, as pessoas mais velhas lembram-se de terem visto ovos em praias da Baía, há algumas décadas atrás. Por outro lado, é bem provável que ainda ocorra a nidificação em praias nos arredores desta Baía, nas praias da baía de Fernão Veloso, Chivato e Memba. Algumas destas praias são importantes áreas turísticas, como é o caso das praias do bairro de Naherenque (principal zona turística de Nacala-Porto), no interior da Baía de Nacala e na Baía de Fernão Veloso. As praias servem também como local de desembarque para os barcos de transporte e de pesca. É pouco provável que o Projecto possa afectar as praias que ocorrem no interior da Baía, no entanto, em caso de eventos não rotineiros, como derrames de grandes quantidades de combustível, as praias que sejam atingidas pelo combustível derramado, poderão ser danificadas e até perder o seu potencial turístico. RASCUN HO Figura 26: Colecta de invertebrados na zona entre-marés em Nacala-à-Velha (em cima) e ilustração de praias (em baixo), praia rochosa em frente ao Líbelua lodge (à esquerda) e praia arenosa na Baía de Muananculo (à direita). 75 Relatório de EIA - Rascunho 9.1.11. Fauna Marinha i) Mamíferos Marinhos Na costa Este de África ocorrem 33 espécies de mamíferos marinhos (baleias, golfinhos e o dugongo). Nesta região as grandes baleias são normalmente observadas durante o período de Junho a Outubro. Porque elas migram anualmente, percorrendo longas distâncias (em alguns casos mais de 8.000 km em cada direcção) entre as áreas de alimentação no verão (latitudes altas perto da Antártica) e as áreas de reprodução no inverno (latitudes baixas perto do Equador; Berggren e Coles, 2009). De acordo com o MICOA (2009) no litoral da Província de Nampula podem ocorrer oito espécies de mamíferos marinhos: • Golfinho corcunda-do- Indico (Sousa plumbea) – Quase ameaçada (mas, vulnerável se considerarmos apenas a sua população, em separado do S. chinensis; IUCN, 2016). • Golfinho rotador (Stenella longirostris) – Insuficiência de dados (IUCN, 2016). • Golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) - Pouco Preocupante (IUCN, 2016). • Golfinho de Risso (Grampus griseus) - Pouco Preocupante (IUCN, 2016). • Golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra) - Pouco Preocupante (IUCN, 2016). • Baleia-piloto de peitorais curtos (Globicephala macrorhynchus) – Insuficiência de dados (IUCN, 2016). • Cachalote (Physeter macrocephalus) – Vulnerável (IUCN, 2016). • Baleia Jubarte ou de Bossa (Megaptera novaeangliae) - Pouco Preocupante (IUCN, 2016). RASCUN HO Os golfinhos rotador e nariz-de-garrafa e a baleia jubarte foram reportados anteriormente como ocorrendo na Baía de Nacala (Boane, 2003; citado por Rio Doce Moçambique, 2006) e na Baía de Fernão Veloso, à entrada da Baía de Nacala (Olsen et al., 2009), respectivamente. O mesmo foi confirmado nos encontros realizados com os pescadores e operadores turísticos, onde ficou evidente que os golfinhos (conhecidos localmente por suki) e baleias são comumente observados no interior da Baía de Nacala (incluindo na zona do Porto de Nacala) e arredores. Contudo, esperávamos poder ver golfinhos durante a visita de barco, visto que esta aconteceu fora da época de ocorrência baleias, mas tal não aconteceu. Nessas áreas, os golfinhos são vistos em grupos, compostos por adultos e crias, de tamanhos variados desde algumas unidades até dezenas de golfinhos (alguns pescadores referiram que os grupos podem até chegar às centenas). Estes podem ser vistos próximo a costa e são também vistos a perseguir cardumes de peixe pequeno (anchovetas). Apesar de serem vistos ao longo de todo ano, alguns pescadores (de Nacala-à-Velha) referiram que eles são mais comumente observados na Baía, entre Agosto e Dezembro. Os pescadores de Naherenque e o 76 Relatório de EIA - Rascunho representante do Kwalala Lodge referiram que naquela área ocorre mais de uma espécie de golfinhos. As seguintes espécies foram reportadas por Mike Donald (Kwalala Lodge): Golfinhonariz-de-garrafa (na entrada da Baía); Golfinho corcunda-do-Indico (nos estuários e baías dentro da Baía); Golfinho rotador (mais para fora da Baía); e o Golfinho de Risso (na entrada da Baía durante a época das baleias). Já houve alguns casos de golfinhos que foram capturados nas redes de pesca, mas são muito raros. De acordo com os operadores turísticos, as baleias entram na Baía de Nacala no período que vai de Julho/Agosto até Outubro/Novembro (a época das baleias). Estas seguem o canal (até profundidades de cerca de 50 m e até 100 m da costa) até ao Porto de Nacala e já foram vistas a perseguir cardumes de peixe. Os operadores acreditam que elas vêm ter as crias ou trazemnas ainda bebés, porque a Baía é calma e protegida, pois crias pequenas são comuns nos grupos observados na Baía. Os grupos são normalmente compostos por duas a sete baleias. Só uma espécie de baleia é observada na Baía, a Baleia Jubarte, podendo ocorrer outras no mar alto, fora da Baía. Nos últimos anos os operadores notaram uma redução na quantidade de baleias que visitam a Baía, mas não sabem, ao certo, o que a possa ter causado (mas sugerem que poderá estar ligado aos projectos implementados nos últimos anos na Baía). Com base no trabalho efectuado durante a visita acredita-se que, para além de golfinhos e baleias, mais nenhum mamífero marinho ocorre na Baía de Nacala. Em Moçambique, as baleias e golfinhos são protegidos pelo Regulamento de Pesca Recreativa e Desportiva (Decreto No. 51/99). Das espécies descritas acima com potencial para ocorrer na Baía de Nacala deve-se prestar especial atenção, por estar em perigo de extinção (IUCN, 2016), ao Golfinho corcunda-do- Indico (classificado como vulnerável). RASCUN HO ii) Tartarugas Marinhas Nas águas moçambicanas, ocorrem cinco das sete espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no mundo (Costa et al., 2007; Videira et al., 2008), nomeadamente: verde (Chelonia mydas), cabeçuda (Caretta caretta), olivácea (Lepidochelys olivacea), coriácea (Dermochelys coriacea) e bico-de-falcão (Eretmochelys imbricata). Estas são as mesmas cinco espécies que ocorrem em toda região ocidental do Oceano Indico (Richmond, 2015). Na região norte do país é comum a observação de tartarugas marinhas nos recifes e tapetes de ervas marinhas, visto que estes são locais importantes de alimentação e de abrigo para algumas espécies como a tartaruga cabeçuda, a tartaruga verde e a tartaruga bico-de-falcão. Para além destas, as outras duas espécies podem também ser avistadas ao largo desta costa, quando de passagem entre as suas áreas de alimentação (zonas oceânicas) e as praias de nidificação. A costa norte de Moçambique foi recentemente identificada como um dos mais importantes corredores costeiros de migração de tartarugas marinhas da região ocidental do Oceano Indico (Bourjea e Dalleau, 2015). As tartarugas marinhas também frequentam as águas da Baía de Nacala. Estas não são muito comuns, mas vêm-se por toda a Baía, e de acordo com os pescadores e operadores turísticos, são normalmente pequenas. Os mesmos afirmaram também que fora da Baía, nos recifes da 77 Relatório de EIA - Rascunho Baía de Fernão Veloso, vêm-se muito mais tartarugas. No entanto, notam uma redução da quantidade de tartarugas na região, possivelmente associada a pesca/caça destas, que ainda é praticada e a carne é consumida (no encontro em Nacala-à-velha informaram-nos que alguns dias antes circulou carne de tartaruga pela vila). Pelas indicações dadas, durante os encontros, naquela região ocorrem duas ou três espécies de tartarugas. Provavelmente as tartarugas verde e bico-de-falcão sejam as mais comuns, sendo que ocasionalmente é também observada a tartaruga coriácea. Esta ultima é conhecida por dar azar, e os pescadores disseram que costumavam ver tartarugas desta espécie a “brincar” na Baía, e que “elas espreitavam para gritar e depois voltavam a mergulhar”. Sabe-se pouco sobre as tartarugas marinhas na Província de Nampula, mas sabe-se que estas nidificam em praias de areia ao longo da sua costa continental e nas ilhas. As tartarugas verde, bico-de-falcão e olivácea são as que deverão nidificar nesta região (Costa et al, 2007). No entanto, como foi referido acima, de acordo com os relatos dos pescadores e dos operadores turísticos, é muito pouco provável que haja nidificação de tartarugas nas praias da Baía de Nacala. Mas, poderá ter havido no passado (relato dos pescadores mais velhos), mas provavelmente devido ao consumo excessivo dos ovos e matança das fêmeas que aqui vinham desovar, extinguiu-se com a população nidificante. Por outro lado, é bem provável que ainda ocorra a nidificação em praias nos arredores desta Baía, como é o caso da baía de Fernão Veloso, Chivato e Memba. Extensas praias de areia ocorrem ao longo da costa da Baía de Fernão Veloso e os pescadores referiram que ainda se encontram ovos nessas regiões. No Arquipélago das Primeiras e Segundas (cuja uma parte abrange a Província de Nampula), a nidificação de tartarugas verde tem o seu pico entre Agosto e Outubro de cada ano (Costa et al., 2007; Videira et al., 2008). Portanto, o pico de nidificação na região da Baía de Nacala deverá ocorrer neste mesmo período. RASCUN HO A comercialização e uso (para decoração) das carapaças é algo que ainda hoje é comum em Nacala, em especial nos mercados e estabelecimentos turísticos da praia de Fernão Veloso. As carapaças observadas são principalmente de tartarugas verde e bico-de-falcão (Figura 27). Nos encontros, os pescadores e operadores turísticos, disseram que uma parte das carapaças comercializadas em Nacala é apanhada na pesca praticada em toda Baía de Fernão Veloso (á entrada da Baía de Nacala), mas que outra parte é proveniente de outras regiões do país (ex. Cabo Delgado e Ilha de Moçambique). 78 Relatório de EIA - Rascunho Figura 27: Carapaças de tartaruga bico-de-falcão (à direita) e de tartaruga verde (à esquerda) usadas como candeeiros num dos estabelecimentos turísticos de Fernão Veloso. As tartarugas marinhas devem merecer especial atenção, pois são totalmente protegidas em Moçambique pelo Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Decreto No. 12/2002) e também gozam de protecção pelo Regulamento de Pesca Recreativa e Desportiva (Decreto No. 51/99) e a sua caça e apanha dos seus ovos nas praias de nidificação são também proibidos pelo Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro (Decreto No. 45/2006). Adicionalmente, o novo Código Penal (Lei 35/2014, de 31 de Dezembro) estipula uma pena de oito a doze anos de prisão para quem matar uma espécie protegida, como é o caso das cinco espécies de tartarugas marinhas. Para além de protegidas, as cinco espécies de tartarugas marinhas encontram-se ameaçadas de extinção (Tabela 15). RASCUN HO Tabela 14: Espécies de Tartaruga que ocorrem no Norte de Moçambique, seus nomes comuns estado de conservação. 79 Relatório de EIA - Rascunho Nome Específico Caretta caretta Dermochelys coriácea Chelonia mydas Eretmochelys imbricata Lepidochelys olivacea Nome Comum Distribuição Moçambique em Estado de conservação (IUCN, 2016) Tartaruga Comum; Nidificação Vulnerável (Global) e cabeçuda no sul (a partir de Quase ameaçada Bazaruto) (subpopulação do sudoeste do Oceano Indico) Tartaruga de couro Comum; Nidificação Vulnerável (Global) e no sul (a partir de Criticamente Bazaruto) ameaçada (subpopulação do sudoeste do Oceano Indico) Tartaruga verde Comum; Nidificação Ameaçada (Global) no norte (a partir de Bazaruto/Vilanculos) Tartaruga bico-de- Comum; Nidificação Criticamente falcão no norte (a partir de ameaçada (Global) Bazaruto) Tartaruga olivácea Rara; Nidificação Vulnerável (Global) provável no norte (a partir do Bazaruto) As tartarugas marinhas poderão também ser afectadas por ruído subaquático, no entanto não se espera que este seja um factor de grande significância, considerando que as tartarugas não são muito comuns no Interior da Baía. Por outro lado, o projecto poderá afectar indirectamente as tartarugas, caso os seus habitats de forragimento (especialmente corais e ervas marinhas) sejam afectados. RASCUN HO iii) Avifauna Dez famílias de aves costeiras e marinhas foram registadas em zonas costeiras e de mar aberto do norte de Moçambique. A maior parte usa a plataforma continental e habitats costeiros adjacentes a esta (garças e gaivinas) mas, outras usam habitats oceânicos (albatrozes, petréis e pardelas, gansos e rabos-de-palha) (Impacto, 2011). A área de estudo não é uma área reconhecida pela grande importância para aves. Das 16 Áreas de Importância para Aves e Biodiversidade (IBAs) existentes no país a que está mais próxima desta área, a IBA de Netia (IBA MZ014), localiza-se no interior da província de Nampula (Parker, 2001), portanto é pouco provável que haja similaridades, entre as duas, no que concerne a avifauna. Mas, considerando que a Baía de Nacala apresenta habitats de grande importância para aves costeiras e marinhas, como os mangais, salinas, bancos entremarés, praias e o mar com águas cristalinas (importante para as aves piscívoras), acreditamos que esta poderá ter uma certa importância para aves costeiras e marinhas. 80 Relatório de EIA - Rascunho Anteriormente, observaram-se nos arredores da área do projecto, nas salinas/mangal que se encontra a cerca de 2 km a sul, algumas aves migratórias costeiras, como flamingos (ex. Phoenicopterus roseus), garças (Egretta garzetta e Ardea cinerea), perna-verdes (Tringa stagnatilis) e gaivinas. Figura 28: Flamingo comum e Garça-real na área de salina a 2 km a sul da área do Projecto. RASCUN HO Nos encontros, apenas os operadores mencionaram algumas espécies de aves, como os flamingos, garças e gaivotas. Um operador referiu que já viu grous (possivelmente Burgeranus carunculatus) na Baía de Namelala, em grupos de 5 ou 6 animais. No entanto esta informação carece de confirmação. Durante a visita de campo , apenas viu-se a garça-pequena-branca (Egretta garzetta). No entanto, a visita foi em Junho, fora da principal época (Novembro – Janeiro) de observação de aves migratórias costeiras e marinhas nesta região. As garças e as andorinhas-do-mar ou gaivinas são protegidas pelo Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Decreto No. 12/2002) e pelo novo Código Penal (Lei 35/2014, de 31 de Dezembro), que estipula uma pena de oito a doze anos de prisão para quem matar uma espécie protegida. Portanto, todas as espécies pertencentes a estes grupos devem merecer especial atenção. Para além destas, entre as espécies que poderão ocorrer na Baía de Nacala (segundo IUCN, 2016), são também importantes as seguintes espécies por estarem em risco de extinção ou quase ameaçadas: • Garça-caranguejeira de Madagascar (Ardeola idae) - em perigo; • Alcatraz do cabo (Morus capensis) - vulnerável; • Perdiz-do-mar-malgaxe (Glareola ocularis) – vulnerável; • Maçarico-real (Numenius arquata) - quase ameaçada; 81 Relatório de EIA - Rascunho • Bico-de-tesoura-africano (Rynchops flavirostrisII) - quase ameaçada; • Pilrito-de-bico-comprido (Calidris ferrugínea) - quase ameaçada); • Fuselo (Limosa lapónica) - quase ameaçada; • Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa) - quase ameaçada; • Ostraceiro-europeu (Haematopus ostralegus) - quase ameaçada. As aves costeiras e marinhas poderão ser afectadas pela iluminação e ruído, no entanto não se espera que este seja um factor de grande significância, considerando que a Central Flutuante localiza-se numa zona portuária e próximo a uma área urbana, onde estes factores já estavam presentes. Por outro lado, o projecto poderá afectar indirectamente as aves, caso os seus habitats (mangais, salinas, praias e zonas entre-marés) sejam afectados. iv) Peixes Moçambique possui uma diversidade de peixes que ronda os dois milhares de espécies. Dada a diversidade de habitats existentes na Baía de Nacala (mangais, ervas marinhas, recifes de coral, praias arenosas e rochosas e zonas entre-marés), descritos na secção acima (Ecossistemas Sensíveis), esta área reúne boas condições para acomodar uma grande abundância e diversidade de peixes. Estes habitats são considerados viveiros e locais de ocorrência e agregação de populações de muitas espécies de peixes. RASCUN HO Pelo menos 52 espécies (29 famílias) foram identificadas nas capturas da pesca artesanal de arrasto (Tabela 16), na Baia de Nacala (Rio Doce Moçambique, 2006). De acordo com composição das capturas da pesca artesanal, que constituem um bom indicador da abundância de espécies e famílias, as principais famílias de peixes presentes na Baía de Nacala são as famílias Scombridae (composta pelos serras, cavalas e atuns), Carangidae (carapaus, xaréus, machopes, etc.) e Lutjanidae (pargos), sendo que as espécies mais abundantes são: o bonito (Auxis thazard), o peixe-voador (Cheilopogon cyanopterus) e a preguiçosa cinzenta (Kyphosus bigibbus) (Impacto, 2012). Durante a maré cheia, os peixes visitam as áreas de mangal, a procura de alimento ou protecção. Nove espécies, conforme a tabela abaixo, foram registadas nos mangais da Baía de Nacala (Rio Doce Moçambique, 2006). Entre estas, a espécie mais abundante (mais de 80% das capturas) nos mangais é a prata-comum (Gerres oyena). Telford et al. (1999) preparou uma lista de peixes associados aos corais de Nacala e Mossuril foi compilada com base nas capturas dos pescadores e na observação de espécies presentes no mercado de Nacala-à-Velha. Para além desta, Ian Kingsley (o proprietário do Libélula Lodge) compilou também uma lista de peixes observados na Reserva Libélula. No total, 126 espécies (33 famílias) de peixes associados aos recifes de coral foram registados nestes dois inventários, conforme a tabela que se segue. 82 Relatório de EIA - Rascunho A Tabela 16 abaixo lista todas as espécies de peixes registadas para a Baía de Nacala. Esta lista de pelo menos 176 espécies de peixes pertencentes a 56 famílias dá uma boa indicação da grande diversidade de peixes que ocorrem na Baía de Nacala. Tabela 15: Composição da icitiofauna na Baía de Nacala (fontes: Rio Doce Moçambique, 2006; Impacto, 2012; Telford et al., 1999; lista de peixes de coral da reserva de recife de coral da Libelula (Ltd.) – gentilmente fornecida por Ian Kingsley) Famílias Acanthuridae Ambassidae Anguilidae Apogonidae Balistidae Belonidae Espécies Acanthurus dussumieri Acanthurus leucosteron Acanthurus lineatus Acanthurus nigrofuscus Acanthurus mata Ctenochaetus binotatus Ctenochaetus strigosus Zebrasona veliferium Ambassis natalensis Ambassis gymnocephalus Anguilla sp. Apogon aureus Archamia fucata Balistoides conspicillum Melichthys indicus RASCUN HO Odonus niger Sufflamen bursa Sufflamen chysopterus Sufflamen fraenatus Rhinecanthus aculeatus Strongylura leura Local de ocorrência/arte de pesca aonde foi registada Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Áreas de mangal Áreas de mangal Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto / Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Tylosurus crocodilus Pesca de arrasto crocodilus sulfureus Tylosurus Pesca de arrasto Blenniidae Bregmacerotidae Caesionidae Carangidae Istiblennis dussumieri Bregmacero sp. Caesio varilineata Pterocaesio tile Caesio caerulaureus Alectis sp. 83 Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Relatório de EIA - Rascunho Famílias Espécies Caranx sexfasciatus Caranx sp Centriscidae Chaetodonthidae Decapterus macarellus Scomberoides tol Caranx heberi Caranx melampygus Aeoliscus stignatus Chaetodon auriga Chaetodon dolosus Chaetodon bennetti Chaetodon blackburnii Chaetodon falcula Chaetodon guttatissimus Chaetodon kleinii Chaetodon lúnula Chaetodon madagascariensis Chaetodon meyeri Chaetodon melannotus Chaetodon unimaculatus Chaetodon marleyi Chaetodon trifasciatus Chaetodon vagabundus Chaetodon xanthocephalus Chaetodon zanzibariensis Heniochus monóceros Heniochus acuminatus Chanos sp. Amblygaster sirm Mulloides flavolineatus Mulloides sp. Sardinella albella Spratelloides delicatus Himantura gerrardi Diodon liturosus Diodon hystrix Stolephorus commersonii RASCUN HO Chanidae Clupeidae Dasyatidae Diodontidae Engraulidae 84 Local de ocorrência/arte de pesca aonde foi registada Pesca de arrasto / recife de coral Pesca de arrasto / áreas de mangal Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Relatório de EIA - Rascunho Famílias Espécies Echeneidae Ephippidae Gerreidae Stolephorus holodon Echeneis naucrates Platax orbicularis Gerres oyena Gobidae Haemulidae Hemiramphidae Holocentridae Istiophoridae Kyphosidae Labridae Yongeichthys nebulosus Plectorhinchus gaterinus Hyporhamphus affinis Neoniphon samara Sargocentron spiniferum Istiophorus platypterus Kyphosus bigibbus Bodianus axillaris Bodianus bilunulatus Cheilopogon cyanopterus Coris aygula Labroides demidiatus Novaculichthys leucozonus Thalassoma hebraicum Leiognathus berbis Leiognathus elongatus Gnathodentex sp. Lethrinus harak Lethrinus crocineus Lethrinus lentjan Gnathodentex aureolineatus Loligo forbesi Lutjanus sp Lutjanus chrenbergi Lutjanus fulviflamma Lutjanus gibbus Lutjanus kasmira Megalops sp. Paramonacanthus cingalensis Cantherhines pardalis Aluterus sriptos Upeneus sulfureus RASCUN HO Leognathidae Lethrinidae Loliginidae Lutjanidae Megalopidae Monacanthidae Mullidae 85 Local de ocorrência/arte de pesca aonde foi registada Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto / áreas de mangal Áreas de mangal Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Áreas de mangal Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Relatório de EIA - Rascunho Famílias Ostraciidae Pempheridae Plotosidae Pomacanthidae Espécies Upeneus taemopterus Upeneus vittallus Parupenaeus indicus Parupenaeus bifasciatus Mulloides vanicolensis Ostracion meeagris Ostracion cubicus Lactoria fornasini Parapriacanthus ransonneti Plotosus lineatus Pomacanthus imperator Pomacanthus semicirculatus Pomacanthus rhomphoides Apolemichthys kingi Apolemichthys trimaculatus Pygoplites diacanthus Centropyge acanthops Centropyge multispinis Centropyge bispinosus Abudefduf natalensis Abudefduf notatus Abudefduf sordidus Abudefduf vagiensis Anphiprion akallopisos Anphiprion allardi Chromis dasygenys Chromis viridis Chromis dimiata Chromis weberi Chromis negrura Chromis ternatensis Dascyllus trimaculatus Dascyllus aruanus Dascyllus melanurus Dascyllus carneus Plectroglyphidodon leucozonus Pomadasys kaakan Priacanthus hamrur RASCUN HO Pomacentridae Pomadasyidae Priacanthidae 86 Local de ocorrência/arte de pesca aonde foi registada Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Recife de coral Relatório de EIA - Rascunho Famílias Espécies Psettodidae Scaridae Scombridae Siganidae Psettodes erumei Scarus atrilunula Auxis thazard Rastrelliger kanagurta Scomberomorus commerson Thunnus albacores Pteroris miles Pterois radiata Synanceia verrucosa Inimicus filamentosus Scorpaenopsis diabolus Siganus sutor Sillaginidae Sillago sihama Pesca de arrasto / Áreas de mangal Syngnathidae Synodontidae Hippocampus borboniensis Synodus dermatogenys Synodus variegates Aethaloperca rogaa Cephalopholis nigripinnis Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto / Áreas de mangal Cephalopholis argus Cephalopholis miniata Recife de coral Pesca de arrasto / Áreas de mangal Epinephelus flavocaeruleus Epinephelus macrospilos Epinephelus fasciatus Epinephelus spilotoceps Sphyraena jello Pelates quadrimaculatrus Terapon puta Plectorhinchus sp. Arpthron meleagris Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Scorpaeonidae RASCUN HO Serranidae Sphyraenidae Teraponidae Tetraodontidae 87 Local de ocorrência/arte de pesca aonde foi registada Pesca de arrasto Recife de coral Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Pesca de arrasto Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Pesca de arrasto / Áreas de mangal Relatório de EIA - Rascunho Famílias Espécies Tropedinidae Arpthron nigropunctatus Arpthron stellatus Arpthron hispidus* Canthigaster amoinensis Canthigaster smithae Canthigaster vaentini Torpedo sinuspersici Local de ocorrência/arte de pesca aonde foi registada Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Recife de coral Os operadores turísticos listaram algumas espécies de tubarões e raias que afirmam já terem visto na Baía de Nacala. Um exemplar de tubarão-branco (Carcharodon carcharias) e outro de tubarão-zambeze (Carcharhinus leucas) foram apanhados por pescadores dentro da Baía. Para além destes também já foram vistos tubarões-tigre (Galeocerdo cuvier) mortos. O tubarão marracho (Triaenodon obesus) e o tubarão-de-pontas-negras (Carcharhinus melanopterus) são comuns nas áreas de recife, principalmente fora da Baía. O tubarão-baleia (Rhincodon typus) é visto, principalmente indivíduos pequenos e fora da Baía, durante o verão (entre Outubro e Dezembro), mas um foi pescado há cerca de 10 anos próximo ao porto de Nacala (Mike Donald, Pers. Com.). As jamantas (Manta sp.) são muito raras, mas já foi pescada, pelo menos uma, próximo a reserva Bonita, dentro da Baía. O Sr. Radja Neves (Moz Adventures) referiu que as jamantas as vezes aparecem em grupos e que uma vez um pescador apanhou seis dentro da Baía, à noite. No entanto, pode haver alguma confusão com outras espécies de raias., como raiasdiabo (Mobula sp.) e raias-águia, que foram indicadas como ocorrendo na Baía, apesar de raras. Os pescadores confirmaram que vêm e pescam tubarões e raias, mas não conseguiram indicar, com certeza, quais são as espécies. O Sr. Mike Donald referiu que são apanhados esporadicamente marlins (possivelmente Istiompax indica), albacoras (Thunnus albacares) e dourados (Coryphaena hippurus) no interior da Baía. RASCUN HO Entre as espécies de peixe referidas acima, deverá prestar-se especial atenção ao tubarãobaleia que foi muito recentemente classificado como estando em perigo e as mantas, tubarãobranco e a raia Himantura gerrardi que estão classificados como vulneráveis (IUCN, 2016). Os peixes poderão também ser afectados directamente pelo ruído subaquático ou por poluição da água do mar. A poluição poderá ser causada por fuga de óleos e/ou combustíveis, por descargas de efluentes/águas não tratadas ou, em casos de eventos não rotineiros, por grandes derrames de combustível. Por outro lado, estes poderão ser afectados indirectamente, caso os seus habitats (mangais, salinas, praias e zonas entre-marés) sejam afectados. v) Macroinvertebrados Os invertebrados são muito pouco estudados em Moçambique, e o mesmo aplica-se a área de estudo. No entanto acredita-se que a Baía de Nacala apresente uma diversidade de 88 Relatório de EIA - Rascunho invertebrados marinhos, distribuídos pelos diferentes habitats. Segundo Boane (2003) citado por Rio Doce Moçambique (2006), em termos de abundância os ouriços Echinometra mathaei e Heterocentrotus mamillatui são extremamente representativos. Segundo o mesmo autor, várias espécies de moluscos (ex. o polvo Octopus vulgaris, a lebre-do-mar Dolabella sp., o mexilhão Atrina pectinata e a ostra Pinctada capensis), crustáceos (e.x os caranguejos Portunus pelagicus e Ocypode ceratophthalmus e a craca Cthalamathus mayensis) e equinodermos (ex. o ouriço Tripneustes gratilla e a holotúria Synapta maculata) também abundam na área entre marés desta região, juntamente com várias espécies de poliquetos. A colecta de invertebrados na área entre-marés é uma actividade importante para a subsistência das populações locais, de grande importância para a alimentação e com elevado valor comercial. Alguns dos invertebrados mais colectados são os bivalves Pinna muricata e Actrina pectinata, o ouriço Tripneustes gratilla, o camarão Penaeus latisulcatus e cefalópodes (ex. polvo). Há uma certa preocupação que esta actividade possa ter efeitos negativos sobre as populações de invertebrados, devido às pisadelas durante a colecta e à colecta intensiva de alguns invertebrados, como a holotúria Holothuria scabra, que é apenas usada para a venda, e tem-se notado um declínio desta espécie nos últimos anos. Encontraram-se em alguns estudos referência a invertebrados marinhos encontrados na região da Baía de Nacala, os quais enriquecem o nosso conhecimento sobre a diversidade de invertebrados que ocorrem nesta região. Tais estudos fazem referência aos seguintes grupos de macroinvertebrados: RASCUN HO • Gastrópodes: Darioconus pennaceus (colectado em Fernão Veloso; Tucker et al., 2011), Phanerophthalmus smaragdinus, Bulla ampull (Praia de Relanzapo – Nacala; Tibiriçá e Malaquias, 2016), Clanculus flosculus, Trochus (Clanculus) tonnerrei (Baía de Nacala; Herbert, 1991; 1994) e Cerithidea decollata (Nacala-à-velha; Madeira et al., 2012); • Bivalves (família Pectinidae): Bractechlamys nodulifera (Fernão veloso), Decatopecten amiculum, Decatopecten amiculum e Mimachlamys sanguinea (Baía de Nacala; Dijkstra e Kilburn, 2001); e • Crustáceos (família Mysidae): Anisomysis (Paranisomysis) marisrubri, Siriella brevicaudata, Dioptromysis próxima e Idiomysis mozambicus (Wooldridge & Mees 2003). Não há espécies de macroinvertebrados marinhos que gozem de protecção legal no país. No entanto, entre as espécies que poderão ocorrer na Baía de Nacala (segundo IUCN, 2016), as seguintes espécies de holotúrias são de especial importância, por estarem em risco de extinção: Holothuria lessoni, Holothuria nobilis, Holothuria scabra e Thelenota ananas que estão em perigo e Holothuria fuscogilva e Stichopus herrmanni que estão vulneráveis (IUCN, 2016). Por outro lado, os caranguejos, os camarões, bivalves e gastrópodes, que são colectados, merecem uma atenção especial por serem muito importantes em termos socioeconómicos, visto que para além de servirem de alimento para as comunidades da área são também uma fonte importante de rendimento. Os macroinvertebrados poderão ser afectados, caso os seus habitats (mangais, salinas, praias e zonas entre-marés) sejam afectados pelo Projecto. 89 Relatório de EIA - Rascunho 9.1.12. Áreas Protegidas Não há áreas protegidas, formalmente declaradas, dentro da área da baía de Nacala. No entanto como já foi referido, ocorrem algumas reservas estabelecidas em parceria entre operadores privados e os pescadores da região, tais como a Reserva Bonita e a Reserva Libélua (Figura 24). Estas áreas estão interditas à pesca, de modo a proteger e permitir a recuperação dos recifes de coral que ali se encontram. Estes recifes são, no entanto, usados para desenvolver actividades recreativas não extractivas, como o mergulho. 9.2. Meio Socioeconómico 9.2.1. Localização do Projecto O Projecto localiza-se no Município e Distrito de Nacala-Porto, na Província de Nampula. No processo de descentralização em Moçambique foi criado um sistema bifurcado dos governos locais de Moçambique, dentro do qual foram criadas, por um lado, com base na Lei 3/94, as autarquias e, por outro lado, na base da Emenda Constitucional (Lei 9/96) e da Lei 5/2003, a partir de 2003, os chamados Órgãos Locais do Estado (OLE) em que os distritos coexistem com as autarquias, que formam um tipo de espaço autónomo, extraterritorial dentro da área do distrito. RASCUN HO Para o caso de Nacala-Porto, o distrito e município não ocupam uma área idêntica, sendo área do Município é ligeiramente maior que a do Distrito. Contudo, muitos dos dados socioeconómicos referem-se apenas a área do Distrito de Nacala-Porto, sendo por esta razão que o presente relatório tem como base os dados estatísticos para a área geográfica ocupada pelo distrito. Quando disponíveis, serão abordados aspectos socioeconómicos referentes ao Município. 90 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 29: Localização do Projecto e Visualização do Distrito e Município de Nacala-Porto 91 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.2. Divisão Administrativa e Estrutura de Governação 9.2.2.1. Divisão Administrativa Administrativamente, existem dois Postos Administrativos (PA) municipais nomeadamente, Mutiva e Muanona, que por sua vez subdividem-se num total de 19 bairros (Tabela 17 e Figura 30). O Projecto está actualmente instalado dentro da área portuária de Nacala-Porto, que se localiza no PA Mutiva, estendendo-se do Bairro Triângulo ao Bairro Maiaia. O Bairro Triângulo é o mais próximo da área onde se encontra instalada a Central. Nas proximidades da área encontra-se também o Bairro Matola abaixo da área do projecto e o Bairro Maiaia acima. Tabela 16: Divisão Administrativa do Município de Nacala – Porto Postos Administrativos Bairros Muzuane, Naherengue, Bloco 1, Maiaia, Mathapué, Mocone, Nauaia, Chivato, Omtupaia, Mutiva, Mpango, Ribawé, Triangulo e Quissimangulo Matola, Mupete, Muanaona, Murrupelene, Nacurula. PA de Mutiva PA de Muanona RASCUN HO 9.2.2.2. Estrutura de Governação O Município de Nacala – Porto é um dos municípios da província de Nampula cujo órgão executivo é o Conselho Municipal que é constituído por um presidente e 7 vereadores de diferentes áreas de actuação. Esta estrutura de governação é apoiada pela Assembleia Municipal que é constituída por um presidente e comissões responsáveis pelas áreas social, económica, política, financeira, jurídica e cultural. Nos bairros municipais, a liderança é encabeçada por um Secretário do Bairro que tem como função estabelecer a ligação entre a comunidade e as estruturas de governação do Município. Abaixo do Secretário do Bairro encontram-se os secretários dos círculos (liderança partidária), os chefes de quarteirão, os secretários das células dos partidos e os chefes de 10 casas. Por sua vez, a nível do Distrito de Nacala-Porto, o órgão de tutela é a Administração do Distrito representado pela figura do Administrador do Distrito que é proposto pelo governador provincial e nomeado pelo Ministro da Administração Estatal (MAE). Este administrador é quem dirige o governo distrital apoiado por um Secretário Permanente e por diferentes directores dos serviços distritais, nomeadamente, dos Serviços de Actividades Económicas (SDAE), Planeamento e Infra-estruturas (SDPI), de Saúde, Mulher e Acção Social (SDSMAS) e de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT). Estes serviços distritais que fazem parte dos OLE representam a nível distrital, as unidades centrais de planificação e de implementação do desenvolvimento no País. 92 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 30: Divisão do Município por Bairros. 93 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.3. Perfil Demográfico Segundo dados do INE (2013) e do Governo do Distrito de Nacala (2015a), o Distrito de Nacala-Porto estende-se por uma área de 360 km2 sobre a qual distribuem-se 231,336 habitantes, perfazendo uma densidade populacional de aproximadamente 713 hab/km2. O Município por sua vez ocupa uma área de 400 km². Previsões do INE (2007), estimam para 2015 um aumento para 241,066 no número de habitantes para o distrito, aumentando igualmente a sua densidade populacional5 Maior parte da população de Nacala-Porto é feminina (50.8%) e na faixa etária dos 15 aos 64 anos (53.9%), ou seja, Nacala-Porto apresenta um considerável percentual de população economicamente activa (INE, 2013). Ao mesmo tempo, sendo Nacala-Porto o segundo maior centro urbano da Província de Nampula, com 18.5% da população urbana da província. Como referido anteriormente, a Central encontra-se localizada na zona portuária de NacalaPorto que, por sua vez, encontra nas proximidades os Bairros de Maiaia, Triângulo e Matola. Até 2010, o Bairro Matola era o mais populoso de Nacala, representando 20% do total da população do Distrito, com 45,094 habitantes. Os Bairros Triângulo e Maiaia encontram-se entre os mais populosos do Distrito de Nacala, 30,690 e 17,732 habitantes, respectivamente (CMC Nacala, 2010; Impacto, 2012). Não existe, no então, dados actualizados de população por bairros. RASCUN HO Sendo Nacala-Porto considerado como um pólo de desenvolvimento na região, este constitui uma forte atracção a imigrantes provenientes de outros distritos vizinhos como Memba, Nacalaà-Velha, Monapo e Mossuril e de outras províncias do país à procura de oportunidades de emprego formal, principalmente nas áreas mais desenvolvidas de Nacala-Porto, nomeadamente, ferro-portuária e industrial. Dados do INE (2012; 2013) apontam para NacalaPorto como o distrito da Província de Nampula com o maior saldo migratório positivo da província (5.3%) derivado de uma taxa de imigração6 registada entre 2002 e 2007 de 5.5% que corresponde ao dobro da registada a nível provincial para o mesmo período (2.5%). O Bairro Triângulo, que faz limite como Bairro Matola (perto da área de implementação do Projecto), é apontada como a área onde existe maior fixação de imigrantes. 9.2.4. Infra-estruturas e Serviços 9.2.4.1. Educação Dados do SDEJT indicam para o ano de 2015 um total de 57 escolas (ver tabela abaixo), representando um crescimento de 1.8% na área da educação em Nacala-Porto (Governo do 5 Densidade populacional calculada para 2015 com base em projecção da população feitas pelo INE corresponde a 744 habitantes/km². 6 A taxa de imigração corresponde ao número médio de imigrantes permanentes. 94 Relatório de EIA - Rascunho Distrito de Nacala, 2015b). De salientar que, acompanhando a tendência de todo país, o número de escolas que leccionam o nível primário é consideravelmente maior que o nível secundário. Tabela 17: Número de escolas por nível de ensino em Nacala-Porto Nível de Ensino EP17 EP28 ESG19 ESG210 ETP B11 ETP M12 IFP/ E.P.F. Escola Portuguesa TOTAL Número de estabelecimentos 7 33 5 6 1 3 1 1 57 Fonte: Governo do Distrito de Nacala, 2015b De referir que o Ensino de Professores do Futuro (E.P.F.) é uma iniciativa da ADPP Moçambique (Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo). A ADPP tem também, em Nacala, o Centro de Formação Agro-Pecuária situado na zona de Mpaco e o Colégio Politécnico de nível básico. O nível técnico conta ainda com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFP) localizado no Bairro Maiaia e com a Escola Secundária Técnico-Profissional Comercial e Feminina de Nacala que lecciona cursos de contabilidade e auditoria. RASCUN HO Para além destes níveis, Nacala-Porto conta ainda com instituições de ensino superior tais como o Instituto Superior Politécnico de Nacala (ISPUNA) pertencente a Universidade Politécnica e localizado no Bairro Ontupaia, a Universidade Pedagógica localizada Cidade Alta. Juntamente com a Cidade de Nampula (25.3%), Nacala-Porto é o distrito da Província de Nampula com menos de metade da população analfabeta (47.6%). Entretanto, seguindo a tendência de todo país, esta taxa apresenta maior incidência na população feminina (63.9% da população que não sabe ler e escrever são mulheres) (INE, 2012). As elevadas taxas de analfabetismo feminino podem estar associados ao papel atribuído a mulher na sociedade, 7 Escola Primária do 1º Grau que lecciona da 1ª a 5ª classe. 8 Escola Primária do 2º Grau que lecciona a 6ª e 7ª classes. 9 Ensino Secundário Geral do 1º Grau que lecciona da 8ª a 10ª classe. 10 Ensino Secundário Geral do 2º Grau que lecciona a 11ª e 12ª classes. 11 Ensino Técnico Profissional Básico. 12 Ensino Técnico Profissional Médio 95 Relatório de EIA - Rascunho sendo esta responsabilizada pela manutenção da economia doméstica, casamentos prematuros e gravidezes precoces em detrimento da sua educação. Contudo, dados do Governo do Distrito de Nacala (2015b) revelam uma maior aderência feminina nos níveis de ensino primário, secundário e técnico-profissional13, com taxas de crescimento acima dos 10% para cada nível de ensino, podendo significar uma possível reversão da situação da mulher relativamente ao acesso e permanência no ensino assim como exposição ao mercado de trabalho. 9.2.4.2. Saúde A rede sanitária de Nacala-Porto é constituída por 14 unidades sanitárias, maior parte delas correspondendo a instituições do Sistema Nacional de Saúde (SNS) do nível primário14 (centros e postos e saúde) e do nível secundário (hospitais distritais). Deste modo, NacalaPorto conta com 1 Hospital Distrital, 9 Centros de Saúde e 4 Postos de Saúde, conforme descritos na tabela que se segue (ver também a Figura 31 abaixo). Para além destas unidades, a rede sanitária é complementada com algumas clínicas privadas, nomeadamente, Nacala Healthcentre localizado no Bairro Maiaia, Clínica Capricórnio localizada na zona de Tielela, Consultório Sorridente situado na Cidade Alta. As principais doenças incluem a malária, a diarreia, a disenteria, a cólera e as Infecções de Transmissão Sexual (ITS). Dados do Governo do Distrito de Nacala (2015a) revelam uma redução no número de casos e óbitos de malária, diarreia e disenteria derivado de distribuição de redes mosquiteiras a mulheres grávidas, tratamento intermitente presuntivo às mulheres grávidas, coloração da água nos poços protegidos, promoção do uso de certeza, educação e campanhas de consciencialização nas unidades sanitárias e nas comunidades. RASCUN HO No que concerne ao HIV/SIDA, a mesma fonte registou para o ano de 2015 uma taxa de positividade de cerca de 19% dos mais de 6 mil pacientes testados nas unidades sanitárias. Ao mesmo tempo, cresce o número de pessoas que se mantém no tratamento anti-retroviral (13.3% comparado de 2014 para 2015) embora a taxa de desistência tenha aumentado no mesmo período de tempo (46.5%). Todas as acções de intervenção contra o HIV/SIDA estão 13 De 2014 para 2015 as taxas de efectivo de alunos do sexo feminino aumentaram (em percentagens agregadas) em 13.3% para o Ensino Primário, 14.5% para o Ensino Secundário e 19.6% para o Ensino Técnico-Profissional (Governo do Distrito de Nacala, 2015b). 14 Segundo o Diploma Ministerial 127/2002 de 31 de Julho, as diversas instituições do Sistema Nacional de Saúde passam por uma caracterização técnica que define unidades sanitárias de nível primário (centros de saúde), secundário (hospitais distritais, rurais e gerais) e terciário (hospitais provinciais e centrais). As instituições do SNS do nível primário são aquelas que tem a função de dispensar Cuidados de Saúde primários (CSP) e constituem o local ideal para o primeiro contacto das populações com os Serviços de Saúde. Dentro desta categoria existem os Centros de Saúde Urbanos do Tipo A, B e C e os Centros de Saúde Rurais do Tipo I e II. Estes centros de saúde têm a responsabilidade de assegurar a cobertura sanitária de uma população dentro de uma área geográfica bem definida, denominada pelo SNS como área de saúde. As instituições do SNS do nível secundário são aquelas que têm como função dispensar Cuidados de Saúde Secundários, constituindo o primeiro nível de referência para os doentes que não encontram solução para os seus problemas de saúde nos centros de saúde (nível primário) e que não precisem de ser solucionados em Hospitais do nível terciário ou quaternário. 96 Relatório de EIA - Rascunho centralizadas nas unidades sanitárias onde é feito o aconselhamento, testagem e acompanhamento dos casos. Tabela 18: Unidades Sanitárias em Nacala-Porto Unidade Sanitária Hospital Distrital de Nacala-Porto 15 Classificação Nível Secundário Centro de Saúde Urbano Tipo A Centro de Saúde Murrupelane Tipo II Centro de Saúde Mahelene Tipo II Centro de Saúde Ontupaia Tipo B Centro de Saúde Muzuane Tipo B Centro de Saúde Naherenque Tipo II Centro de Saúde Quissimajulo Tipo II Centro de Saúde Mathápuè Tipo B Centro de Saúde Akumi Tipo B Posto de Saúde de CAMINA Tipo C Posto de Saúde CFM Posto de Saúde Posto de Saúde CIFE Posto de Saúde Posto de Saúde Cimentos de Moçambique RASCUN HO Total de Unidades Sanitárias Posto de Saúde 14 Fonte: Governo do Distrito de Nacala, 2015c 15 A classificações da Tabela 3, de acordo com o Diploma Ministerial 127/2002 correspondem a: a) Centro de Saúde do tipo A – destina-se a servir população num raio de 1 a 4 km entre 40,000 a 100,000 habitantes localizando-se nas cidades ou bairros destas. Realiza as mesmas tarefas que um centro de saúde do tipo B porém atende maior número de população e dispõe de mais pessoal e melhor qualificado. b) Centro de Saúde do tipo B – destina-se a servir população num raio de 2 a 4 km entre 18,000 a 48,000 habitantes localizando-se nas vilas de grande densidade populacional ou bairros mais populosos. Realiza as mesmas tarefas que um centro de saúde rural do tipo I com a excepção da assistência ao parto para centros de saúde do tipo B que tiverem maternidade anexa. c) Centro de Saúde do tipo C – destina-se a servir população num raio de 4 km entre 10,000 a 25,000 habitantes localizando-se na Vilas e bairros menos populosos. Realiza as mesmas tarefas que um centro de saúde rural do tipo II com a excepção da assistência ao parto para centros de saúde do tipo C que tiverem maternidade anexa. d) Centros de Saúde dos tipos I e II – considerados centros de saúde rurais, localizados em zona rural e que servem essencialmente a população rural. O centro de saúde do tipo II corresponde a uma unidade sanitária menor em dimensões que a do tipo I, nomeadamente, infra-estrutura física, organização, equipamento, dotação de pessoal e zona de influência directa (entre 7,500 a 20,000 habitantes para Tipo II e 16,000 a 35,000 habitantes para Tipo I). e) Postos de Saúde – unidades que se destinam a servir, em zona rural, menos que 7,500 habitantes e em zona urbana, menos que 10,000 habitantes. 97 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 31: Algumas das unidades Sanitárias no Distrito de Nacala-Porto 98 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.4.3. Habitação Segundo INE (2012), Nacala-Porto conta com uma variada tipologia de habitações, nomeadamente, habitações de material local, convencional e misto. O principal tipo de habitação é a palhota (71.4% dos agregados familiares possuem paçhotas) contruídas com materiais locais. A casa mista é o segundo tipo de habitação mais visível em Nacala-Porto (15.2%) que corresponde a uma habitação construída com materiais duráveis (tais como, bloco de cimento, tijolo, chapa de zinco/lusalite, telha/laje de betão) misturado com materiais de origem vegetal tais como capim, palha, palmeira, colmo, bambu, caniço, adobe, paus maticados, entre outros. Apenas 3.8% dos agregados familiares (AFs) possuem uma casa convencional16 ou flats/apartamentos17, sendo que, maior parte destes encontram-se concentrados nos Bairros de Maiaia e Mocone e na denominada Cidade Alta. As casas convencionais encontram-se misturadas pelo Distrito com as restantes tipologias pelos restantes bairros de Nacala-Porto. RASCUN HO Figura 32: Casas mistas misturadas com casas convencionais em Nacala-Porto 16 O INE (2012) define casa convencional como sendo é uma unidade habitacional unifamiliar que tenha quarto (s), casa de banho, cozinha dentro de casa e construída com materiais duráveis (bloco de cimento, tijolo, chapa de zinco/lusalite, telha/laje de betão). Pode ser de rés-do-chão, mais 1 ou 2 pisos. 17 Entende-se por Flat/Apartamento uma unidade habitacional que tenha quarto (s), casa de banho e cozinha, pertencente a uma unidade habitacional multifamiliar com 1 ou mais pisos, podendo ser um bloco ou conjunto de blocos (INE, 2012). 99 Relatório de EIA - Rascunho Figura 33: Parte da Cidade de Nacala que concentra casas convencionais e flats/apartamentos De reparar que a medida que cresce a Cidade de Nacala-Porto assim como o desenvolvimento das actividades ferro-portuárias, industrial e comercial, associada a imigração contínua impulsionada pela busca de melhores condições de emprego, a tendência de aparecimento de casas convencionais e/ou melhorias de palhotas e casas mistas vai aumentando, fazendo com que o percentual de casas convencionais e flats/apartamentos possa igualmente aumentar. RASCUN HO 9.2.4.4. Abastecimento de Agua Nacala-Porto é abastecida pela albufeira da Barragem de Nacala, um empreendimento sob a alçada do Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG). Em 2007, apenas 48.9% dos AFs de Nacala-Porto se beneficiavam de água canalizada na rede (ver tabela abaixo), taxa que ainda assim superava a percentagem a nível provincial (6.9%). No mesmo ano, 17.8% dos AFs recorriam a fontenários públicos para o acesso ao recurso. No entanto, em 2012, o abastecimento água registou uma melhoria, aumentando para 54% a sua taxa de cobertura do serviço com a passagem da gestão dos sistemas de abastecimento de água dos Municípios para o FIPAG e com o aumento de ligações domésticas e fontenários públicos provedores de água salubre (CRA, 2013). Não satisfazendo a demanda de água para o Distrito e Município, a Barragem de Nacala foi reabilitada entre 2013 e 2014, numa obra financiada pelo Millennium Challenge Account (MCA), de modo a incrementar a capacidade da albufeira, aumentar a disponibilidade do recurso para Nacala-Porto e garantir a segurança da infraestrutura. 100 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 19: Fontes de abastecimento de água no Distrito de Nacala-Porto Fonte de água Água canalizada dentro de casa Água canalizada fora de casa Fontenário Poço/furo protegido Poço sem bomba (a céu aberto) Rio/ Lago /Lagoa Água da Chuva Água mineral Outros TOTAL % de AFs 2.6 46.3 17.8 4.9 26.2 1.6 0.3 0 0.3 100 Fonte: INE, 2013 Em 2007, cerca de 28% dos AFs do Distrito de Nacala-Porto recorriam a fontes de água pouco seguras tais como poços a céu aberto e fontes de água naturais (ver tabela acima). Contudo, estima-se que esse número possa ter diminuído com a abertura de novas fontes de água em Chivato e Mutuzi, a reabilitação do pequeno sistema de abastecimento de água (PSAA) de Murrupelane e com a construção do PSAA de Mahelene (Governo do Distrito de Nacala, 2015a). RASCUN HO Nacala-Porto conta actualmente com um total de 58 fontes de água dos quais 30 furos (20 dos quais operacionais), 22 poços (com apenas 8 operacionais) e 6 nascentes (4 das quais operacionais). Existem ainda, para além do sistema de Murrupelane reabilitado e o construído em Mahelene, mais 2 PSAA em M´pago e Mutuzi (Governo do Distrito de Nacala, 2015d). 9.2.4.5. Fornecimento de Energia Eléctrica Nacala-Porto beneficia de energia eléctrica da rede nacional sendo abastecida por Cahora Bassa, através de uma linha de transporte de 110 KV, que passa ao longo da linha férrea do Corredor do Nacala. A energia é transportada por esta rede para as instalações de transformação da EDM e daí é distribuída por linhas de 33 KW. Dados da EDM (2013) revelam a existência de duas subestações de energia eléctrica que facilitam o fornecimento de energia a Nacala, ambas em funcionamento desde 1981, nomeadamente, a Subestação de Nacala com capacidade instalada de 72 MW e a Subestação de Monapo com capacidade instalada de 20.8 MW. A rede de distribuição de energia eléctrica de Nacala conta ainda com 714 km de linhas de distribuição e 314 postos de transformação (PT) de energia. 101 Relatório de EIA - Rascunho Dados do INE (2013) indicam um total de 24.8% de AFs que se beneficiavam de energia eléctrica em 2007com maior parte da população a recorrer a outras fontes de energia como o petróleo e a parafina (72%). No entanto, dados da EDM (2013) mostram que o número de consumidores de energia eléctrica da rede nacional vem aumentou, pelo menos até ao ano de 2013, pelas novas ligações estabelecidas pela EDM (7,434 em 2012 e 6,240 em 2013) que implica, para 2013, um total de 61,709 consumidores18 pressupondo um aumento para 26.3%19 de população que se beneficia de energia eléctrica. Pelo aumento do número de consumidores (domésticos, comerciais, agrícolas, G.C.B.T e MT), Nacala-Porto veio a registar um défice de capacidade de fornecimento de energia eléctrica, sendo por isso que, no primeiro trimestre de 2016, como medida temporária, entrou em funcionamento a Central (Figura 34), ancorada na área portuária da Baía de Nacala com o objectivo de estabilizar o fornecimento de energia a região Norte do País, operando com uma capacidade de produção de 18 MW. RASCUN HO Figura 34: Central Temoeléctrica Flutuante de Nacala A energia eléctrica produzida pela Central é transmitida por cabos eléctricos para torres de energia com 65 a 85 m de altura. A primeira torre de energia encontra-se situada a beira-mar (Figura 35) e depois a energia passa para uma segunda torre localizada dentro da subestação de Nacala (Figura 36), a partir da qual é distribuída para o Distrito de Nacala-Porto e outras áreas (ver também Figura 37 abaixo). 18 Do total de 61,709 consumidores de energia eléctrica para 2013: 57,296 são de consumo doméstico; 4,189 comercial; 18 agrícola e 56 GCBT (grandes consumidores de baixa tensão) e 150 MT (média tensão). 19 Percentagem calculada a base do total de população estimada para 2013 no Distrito de Nacala-Porto e do total de consumidores de energia eléctrica para o mesmo ano (INE, 2013; EDM, 2013). 102 Relatório de EIA - Rascunho Figura 35: Primeira torre de recepção/distribuição de energia da Central RASCUN HO Figura 36: Segunda torre de recepção/distribuição de energia dentro da Subestação de Nacala Relatos de grupos focais e entrevistas realizadas durante a recolha de dados em campo revelam uma disparidade no fornecimento de energia, sendo que esta é considerada como melhor distribuída na área da Cidade de Nacala (ver Figura 30 acima) do que nos bairros periféricos à Cidade onde é qualificada como muito fraca o que traz problemas a consumidores domésticos e operadores comerciais. 103 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 37: Transmissão de Energia a base da Central 104 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.4.6. Saneamento Nacala-Porto não beneficia de uma rede de esgotos domésticos. Apenas 3.9% dos AFs do Distrito possuem retrete ligada à fossa séptica, estando estes a residir nas zonas urbanizadas da Cidade de Nacala. Grande parte dos AFs usa latrinas tradicionais, quer estas sejam melhoradas ou não (47.4%) e 12.5% usam latrinas melhoradas. Ainda assim, o fecalismo a céu aberto ainda é um fenómeno observado em Nacala, sendo que 36.1% dos AFs não possuem qualquer tipo de serviço sanitário. Mesmo com esta prática presente, juntamente com a Cidade de Nampula, Nacala-Porto apresenta os menores índices de fecalismo a céu aberto na Província de Nampula que, como um todo, apresenta uma percentagem de 68.3 (INE, 2013). No que concerne à gestão de resíduos sólidos, Nacala-Porto é servida pelo Conselho Municipal que apresenta-se como responsável pela recolha e deposição de resíduos. Os resíduos recolhidos são depositados e queimados em duas lixeiras municipais que distam a 7km e 15km, respectivamente, do centro da cidade. 9.2.5. Acessibilidade e Transporte 9.2.5.1. Rede de Estradas e Transporte Rodoviário A rede de estradas em Nacala-Porto é composta pela Estrada Nacional N12 que liga a Cidade de Nacala à Cidade de Nampula via Namialo (primeiro o troço Nampula Namialo é pela via de N1 e depois de Namialo para Nacala pela N12), pela R702 que liga a Cidade de Nacala e o Distrito de Nacala-à-Velha e a R1169 em direcção a Matibane (Distrito de Mossuril), conforme ilustra a Figura 40. RASCUN HO Dentro da Cidade de Nacala, as estradas que fazem ligação aos bairros que a compõem são pavimentadas e em boas condições. As estradas que fazem a ligação a outros bairros a periferia da Cidade são de terra batida, algumas das quais de difícil acesso, principalmente em época chuvosa. Em termos de transporte rodoviário, Nacala-Porto conta com um conjunto de transportes semi-colectivos para transporte de passageiros e carga dentro do distrito e para outros distritos da Província. 9.2.5.2. Aeroporto e Transporte Aéreo Nacala-Porto conta com um aeroporto, classificado como Aeroporto Internacional de Nacala e considerado o segundo maior aeroporto de Moçambique. Num projecto aproximado de 200 milhões de dólares (USD) e co-financiado pelos governos de Moçambique e do Brasil e pela empresa Aeroportos de Moçambique (ADM E.P.), este aeroporto foi inaugurado em Dezembro de 2014 com o objectivo de tornar Nacala num ponto de distribuição de tráfego nacional e internacional. 105 Relatório de EIA - Rascunho O aeroporto, localizado no Bairro Naherenque (ver Figura 38), tem capacidade anual para quinhentos mil passageiros transportados por diversos tipos de aparelhos desde avionetas até aeronaves de grande porte. A infra-estrutura conta ainda com quatro placas de estacionamento, duas das quais com 3,100 m de comprimento com capacidade para receber aeronaves dos tipos Boing 757 e 767 (de grande porte) e as restantes duas com capacidade para aeronaves de médio porte. Figura 38: Aeroporto de Nacala – à esquerda vista frontal e à direita vista da pista de aterragem 9.2.5.3. Transporte Marítimo Nacala-Porto é também acessível via barco, existindo para o efeito, embarcações que efectuam o transporte pela Baía, de passageiros (assim como cargas) que queiram se deslocar de outros distritos (Nacala-à-Velha e Memba) e de Naherenque para a cidade portuária. Tratase de embarcações pequenas, de madeira e com motor que viajam, maior parte das vezes, sobrelotada de passageiros e cargas para a travessia ao outro lado da Baía. De salientar que essas embarcações utilizam o mesmo espaço e rotas que as demais embarcações que também fazem uso da baía para diversas actividades económicas (barcos de pescadores e navios que atracam no porto ou na ponte-cais da Empresa Vale). RASCUN HO Figura 39: Transporte Marítimo dentro da Baía de Nacala 106 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 40: Rede de Estradas em Nacala Porto 107 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.5.4. Porto de Nacala Nacala-Porto possui um porto, classificado como internacional e localizado a sul da Baía de Benga considerado como o terceiro maior porto de águas profundas na costa oriental de África. Este porto possui condições excepcionais de navegabilidade e entrada/saída de navios sem limitação durante todo o dia sem necessitar de dragagem uma vez que a baía na qual se enquadra é vasta e abrigada com 60m de profundidade e 800m de largura à entrada. Pela sua posição, condições naturais excepcionais à navegabilidade e a existência do Corredor de Nacala que liga o Porto de Nacala à República do Malawi, a Cidade de Nacala é considerada com pólo de desenvolvimento no País e na Região Austral de África. RASCUN HO Figura 41: Porto de Nacala O Porto é constituído por três terminais, nomeadamente, para Granéis Líquidos, de Carga Geral e de Contentores. O terminal de granéis líquidos encontra-se sob gestão dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e estende-se por 9.7 m estando ligada aos depósitos de combustíveis através de um pipeline de 3.5kms e aos depósitos de óleos vegetais com uma capacidade de 2,400 ton. O terminal de carga geral, concessionado ao Corredor de Desenvolvimento de Nacala (CDN) tem com 631 m de comprimento, calado de 9,7 m com capacidade para manuseio anual de 2,400,000 ton e 8 armazéns com capacidade para 50,000 ton. Por fim, o terminal de contentores, também concessionado à CDN, apresenta 372 m de comprimento com um calado de 14 m e capacidade de manuseio anual de 75,000 ton. Possui ainda capacidade de parqueamento de 4,982 contentores e 21 pontos de energia para contentores frigoríficos (www.cfm.co.mz). Actualmente, a Central encontra-se atracada dentro da área portuária de Nacala auxiliada por outras embarcações menores para transporte de trabalhadores para dentro e fora da Central e abastecimento de combustível. 108 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.5.5. Linha Férrea Nacala beneficia-se de um sistema ferroviário que corresponde a uma forte componente do Corredor de Nacala e que estabelece a ligação à Cidade de Lichinga na Província de Niassa e da região Leste do País ao Malawi. Esta última ligação foi criada com o objectivo de facultar a este país vizinho um acesso mais fiável e rápido ao mar como alternativas às rotas existentes através da Tanzânia e da África do Sul. Actualmente, a linha ferroviária de Nacala encontra-se subutilizada. Acredita-se, contudo, que através do melhoramento da infra-estrutura associado ao estabelecimento de reformas administrativas e de gestão e à implementação de projectos de desenvolvimento na área do Corredor, esta rota possa ser revitalizada de modo a ganhar uma considerável porção de tráfego. A linha férrea existente no Porto de Nacala conta com uma extensão de 919km e está dividida entre as linhas Nacala – Lichinga de 800 km, o ramal de Lumbo com 42km e a linha Cuamba – Entre Lagos com 77 km de extensão. Esta linha vai de Nacala, até Cuamba, cerca de 533 km. Em Cuamba linha contínua pelo noroeste, até Lichinga (262) e ainda em Cuamba faz um ramal a sudoeste que vai até Entre-Lagos (77 km). A linha férrea Nacala – Cuamba (533 km) foi totalmente reabilitada em período de guerra com financiamento proveniente da França, Portugal e União Europeia e em moeda nacional através do orçamento Geral do Estado, do Banco de Moçambique e do CFM. De concepção moderna, esta linha encontra-se em bom estado de conservação. A Linha Cuamba – Lichinga (262 km), considerada fundamental para o desenvolvimento da Província do Niassa, encontra-se actualmente em processo de reabilitação e permite a circulação de comboios de trabsporte de passageiros e mercadorias (dois comboios por semana). A linha Cuamba – Entre Lagos (77 km) beneficia de trabalhos de manutenção e vigilância permanente por parte do CFM-Norte de modo a evitar descarrilamentos e melhorar a segurança das circulações. Para aumentar o nível de eficácia na circulação de comboios, estão em curso trabalhos de modernização da via (www.cfm.co.mz). RASCUN HO De referir que, no âmbito do projecto Corredor Logístico Integrado do Norte (CLN) foram reabilitados e construídos novos trechos de linha férrea entre a Mina de Carvão em Moatize (Província de Tete) e o novo Porto de Nacala (Nacala Velha), como parte integrante do Corredor Nacala, atravessando Moçambique (nas extremidades) e Malawi (na zona central), numa extensão total aproximada de 912 km. A figura abaixo ilustra o Corredor de Nacala e as diferentes linhas que o compõem com a inclusão da Linha de Moatize. 109 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 42: Sistema ferroviário que liga Nacala 9.2.6. Actividades Económicas Nacala-Porto, o segundo maior centro urbano da Província de Nampula, tem as suas actividades maioritariamente viradas para o sector secundário e terciário, nomeadamente, comércio, indústria e serviços do Porto e ferrovia. A nível familiar, as actividades mais desenvolvidas são a pesca, agricultura, o comércio formal e informal e o emprego no sector formal, principalmente no Porto e caminhos-de-ferro de Nacala. Considerado como um dos pólos de desenvolvimento da região Norte do País, Nacala encontra-se enquadrado na Zona Económica Especial de Nacala (ZEE Nacala) que engloba também o distrito de Nacala-à-Velha e constitui um ponto central de desenvolvimento económico e social da região Norte do País com taxas favoráveis e incentivos aduaneiros de modo a fortalecer as actividades económicas da região e atrair investimento doméstico e estrangeiro (www.gazeda.gov.mz)20. 20 Informação retirada do folheto informativo do GAZEDA sobre a Zona Económica Especial de Nacala, disponível em www.gazeda.gov.mz. 110 Relatório de EIA - Rascunho Caixa 6: Zona Económica Especial de Nacala A Zona Económica Especial de Nacala (ZEE Nacala), uma das primeiras a ser estabelecida no País, foi criada em 2007 com o objectivo de servir o território dos Distritos de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha, impulsionando o desenvolvimento não só dos distritos e províncias circunvizinhas, mas também regional e particularmente dos países que beneficiam do Corredor de Nacala, nomeadamente, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e Tanzânia. Fonte: Sal&Caldeira & MBConsulting, 2014 9.2.6.1. Agricultura A agricultura em Nacala-Porto é praticada em moldes artesanais, virando fundamentalmente para a subsistência das famílias e obtenção de renda familiar em casos de excedentes de produção. Esta actividade é praticada nos bairros periféricos da Cidade de Nacala, nas zonas peri-urbanas, onde as terras altas são as mais valorizadas pela população por garantirem a produção de culturas consideradas de resistência e que constituem base de sustento das famílias, tais como, os cereais (milho e mapira) e os tubérculos (mandioca). As principais culturas produzidas em Nacala-Porto são o milho, a mapira, a mexoeira, o arroz, alguns tipos de feijão (como o nhemba e o bóer), o amendoim, a mandioca e algumas hortícolas. A principal cultura de rendimento é o gergelim (Governo do Distrito de Nacala, 2015a). RASCUN HO Dados do Governo do Distrito de Nacala (2015a), referem que cada família possui entre 2 a 3 machambas com um tamanho variável entre 0.5 a 1 ha. Segundo a mesma fonte, a última campanha agrícola do Distrito foi considerada como favorável devido regularidade de chuvas contribuindo para o desenvolvimento vegetativo das culturas e para que a segurança alimentar fosse garantida. O incremento da agricultura nos últimos dois anos colocou Nacala no mapa dos grandes produtos de hortícolas de Nampula, de modo a que o distrito não precisa de recorrer a outros distritos vizinhos para a aquisição de algumas culturas como mandioca e hortícolas. A comercialização dos produtos agrícolas é feita nos mercados locais. As diversas associações agrícolas existentes no distrito contribuem para tal21. De salientar que dentro da área do projecto e nas proximidades da Central não existe actividade agrícola a ser desenvolvida. 21 Uma das associações é a Niphupulo, associação de camponeses do Bairro M´pago que é conhecido como uma das áreas de Nacala com melhor produção de hortícolas. 111 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.6.2. Pesca A pesca artesanal caracteriza-se por ser uma pesca de abrangência essencialmente costeira, à base de meios de pesca artesanais, com recurso ou não a embarcações de pesca de pequeno porte com até 10 m de comprimento, cuja autonomia em mar é geralmente inferior a 24 horas, e artes de pesca operadas manualmente. Neste tipo de pescaria, a grande maioria das embarcações são desprovidas de meios mecânicos de propulsão. A pesca artesanal inclui também a designada pesca de subsistência que, constituindo uma actividade secundária para os seus praticantes, é praticada, com ou sem embarcação, com meios artesanais elementares. Esta é uma actividade que garante a subsistência pessoal e familiar e não produz excedentes significativos comercializáveis (Lei das Pescas, Lei Nº. 22/2013 de 1 de Novembro). Nas estatísticas de pesca nacionais, são considerados pescadores de subsistência os recolectores e os pescadores sem embarcação que fazem uso de artes de pesca não convencionais tais como a quinia. I. Centros de Pesca Nacala-Porto conta, com um total de 9 centros de pesca (CP), nomeadamente, Namusso, Sousa, Mucuaiba, Muzuane, Naherenque, Mutiva, Muandama, Chivato e Quissimajulo22. Isto significa, segundo o IDPPE (2013), 4.6% dos CPs da Província de Nampula. Todos estes CPs encontram-se abrangidos por um único Conselho Comunitário de Pesca23 (CCP), designado por CCP de Naherenque. A distribuição dos centros de pesca acima referidos é ilustrada na Figura 45. RASCUN HO Figura 43: Centro de Pesca de Mucuaiba à direita e centro de pesca de Muzuane à esquerda. 22 Informação recolhida com o CCP de Naherenque durante o Grupo de Foco com Pescadores de Nacala-Porto. 23 Segundo o IDPPE (2013), o CCP constitui uma organização comunitária sem fins lucrativos e estruturada para o controle e gestão de pescarias em coordenação com as instituições governamentais de administração e gestão pesqueira e/ou marítima. 112 Relatório de EIA - Rascunho De referir que a Baía de Nacala é partilhada pelos CPs e pescadores de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha, sendo que Nacala-à-Velha possui 7 CPs pertencentes do CCP de Nacala-àVelha, nomeadamente, Salinas, Napela, Ponte, Napazo, Namuache, Naxiropa e Caxixa. Caixa 7: Baía de Nacala A denominada Baía de Nacala integrada na ZEE Nacala, engloba quatro baías no seu interior, conforme ilustra a Figura 45 abaixo. São estas: • • • • A Baía de Fernão Veloso que corresponde à área depois da boca de entrada da Baía de Nacala, na área de Naherenque e se entendendo até Chivato; A Baía de Namalala localizada na área do Distrito de Nacala-àVelha; A Baía de Muananculo igualmente localizada nas proximidades de Nacala-à-Velha; e, A Baía de Benga licalizada na área das Salinas, na fronteira entre Nacala-Porto e Nacala-à-Velha. RASCUN HO Figura 44: Centro de Pesca de Naxiropa em Nacala-à-Velha Os CPs de Nacala-à-Velha encontram-se na outra margem do Porto de Nacala, sendo por isso que não possuem impactos directos de implantação da Central. Os impactos sonoros e visuais são quase inexistentes para estes centros de pesca. O maior impacto a estes CPs são produzidos pela ponte-cais da empresa Vale24. 24 Segundo informações colhidas no grupo focal de pescadores e comerciantes de Nacala-á-Velha. 113 Relatório de EIA - Rascunho Nas imediações da área do Projecto encontram-se os centros de Sousa e Mucuaiba, a Norte da área da Central e o CP de Namusso a Sul. No entanto, dos centros localizados nas imediações da área do Projecto, o de Namusso é o que menos impacto sonoro e visual sofre, devido a sua localização geográfica. O Centro de Sousa é actualmente um dos principais centros de desembarque usados pelos pescadores e o de Namusso o principal centro de desembarque usado para arrasto. Os centros de Muzuane, Naherenque, Mutiva, Chivato e Quissimajulo encontram-se muito afastados da área onde se encontra instalada a CTFN sendo que não existe nenhum impacto visual ou sonoro para estas áreas. De salientar desde 2012 que a disposição e denominação de alguns CPs foram alteradas, sendo que, para o caso de Nacala-Porto, o CP de Fernão Veloso é denominado actualmente de Naherenque, os CP de Madalena e de Namusso são actualmente identificados apenas como CP de Namusso e o CP de Relanzapo denomina-se de Quissimajulo. Para o caso de Nacala-à-Velha, registou-se, durante o grupo focal realizado com pescadores e comerciantes de Nacala-à-Velha, maior número de CPs do que os identificados pelo IDPPE em 2012. Caixa 8: Associações de Pesca em Nacala-Porto e Nacala-à-Velha As associações de pesca destes dois distritos têm como principal objectivo a dinamização das actividades de pesca artesanal. Nacala-Porto • ASSOPENA – Associação de Pescadores Artesanais de Nacala RASCUN HO Nacala-à-Velha • Nroene Nimananihe (Vamos tentar) – Associação de Pescadores de Nacala-à-Velha: ainda em processo de legalização desde Maio de 2016. 114 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 45: Localização dos Centros de Pesca de Nacala-Porto e das Baías de integram a Baía de Nacala 115 Relatório de EIA - Rascunho II. Pescadores, Embarcações e Artes de Pesca Dados do recenseamento realizado em 2007 identificaram um total de 61,590 pescadores para a Província de Nampula que se distribuem por pescadores com embarcações, pescadores sem embarcações (mergulhadores, pescadores de linha a mão e arpão) e pescadores sem embarcações mas que usam artes não convencionais (gamboas, quinias, tarrafa, chicocotas, entre outras), conforme ilustra a tabela abaixo (IDPPE, 2008a; 2008b & 2008c). Tabela 20: Número de Pescadores para Nacala-Porto e Nacala-à-Velha segundo o Recenseamento de 2007 Pescadores Pescadores com sem embarcações embarcações Nacala-Porto Nacala-á-Velha Província Nampula de Pescadores sem embarcação e com artes não convencionais Totais 2,448 1,483 1,650 5,581 995 365 854 2,214 37,185 13,846 10,559 61,590 Fonte: IDPPE 2008a, 2008b e 2008c Dos pescadores indicados na tabela acima, em 2007, 9.1% dos pescadores de Nampula eram do Distrito de Nacala-Porto e 3.6% de Nacala-à-Velha. No entanto, dados do Governo do Distrito de Nacala (2015a) sugerem um aumento no número de pescadores registados pelo CCP, uma vez que apresenta-se cada vez maior o número de pescadores que pagam as suas taxas e verificou-se um incremento no número de centros de pesca em algumas áreas durante o censo de 2012. O censo realizado pelo IDPPE em 2012 (IDPPE, 2013) já havia registado um total de 31,580 pescadores sem embarcações e artes não convencionais para a Província de Nampula, excluindo os pescadores com embarcações que se assume terem igualmente aumentado. RASCUN HO Para além dos indicados na tabela acima, foi registado no ano de 2007, um total de 6,652 recolectores para Nacala-Porto e Nacala-à-Velha, dos quais 4,157 de Nacala-Porto e 2,495 de Nacala-à-Velha. De referir que, em ambos distritos, mais de 85% das recoletores correspondiam a mulheres (IDPPE, 2008d). No que concerne as embarcações, as principais usadas a nível dos pescadores dos dois distritos que usufruem da Baía de Nacala são a canoa de tronco cavado e os barcos a vela, sendo que alguns pescadores possuem embarcações com motor. As duas primeiras embarcações permitem que a pesca seja praticada apenas no interior da Baía de Nacala, sendo que para alcançar a área de Baixo Pinda (Distrito de Memba) são necessárias embarcações a motor. 116 Relatório de EIA - Rascunho Figura 46: Algumas embarcações mais usadas na Baía de Nacala O censo de pescadores realizado em 2012 identificou um total de 536 embarcações em todos os centros de pesca de Nacala-Porto, o que simbolizava aproximadamente 6% do total de embarcações a nível da Província e cerca de 125 embarcações para Nacala-à-Velha (1.4%). Estas encontram-se distribuídas conforme a tabela abaixo. Tabela 21: Número de Embarcações e Artes de Pesca por Centro de Pesca Centro de Pesca* Nº de Embarcações Nacala-Porto Fernão Veloso 130 Madalena 26 Mahelene 108 Mucuaiba 54 Mutiva 21 Muzuane 88 Namusso 27 Relanzapo 82 Total para Nacala-Porto 536 Nacala-à-Velha Nachiropa 42 Napazo 43 Napela 9 Ponte 31 Total para Nacala-à-Velha 125 Total para Província de Nampula 9,003 Nº de Artes de Pesca RASCUN HO 150 32 131 57 33 92 31 91 617 58 53 9 44 164 10,966 * Ver alterações mencionadas acima relativamente a designação dos centros de pesca para Nacal-Porto e Nacala-àVelha. Fonte: IDPPE, 2013 117 Relatório de EIA - Rascunho Relativamente às artes de pesca usadas dentro da Baía de Nacala, a Tabela 23 acima identifica um total de 617 artes para Nacala-Porto e 164 para Nacala-à-Velha, simbolizando 5.6% e 1.5%, respectivamente, das artes de pesca da Província. Informações recolhidas nos grupos focais realizados com pescadores de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha revelam que as artes de pesca usadas nos dois distritos são as mesmas, com a excepção das gaiolas e cestos que são usadas somente por pescadores de Nacala-Porto. A tabela abaixo descreve as principais artes de pesca usadas na Baía de Nacala. Tabela 22: Principais artes de pesca usadas em Nacala-Porto e Nacala-à-Velha RASCUN HO 118 Relatório de EIA - Rascunho Artes de Pesca Redes de cerco retinida/lampara sem Rede de arrasto para praia e para bordo Rede de emalhe de fundo Gaiolas e Cestos Linha a mão Quinia Arpão/caça submarina Apanha ou colecta invertebrados de Redes de cerco sem retinida/lampara Rede de arrasto para praia Nome local Observações e Áreas de Uso Nacala-Porto Malhação Recentemente introduzida na área. É utilizada durante o dia com o auxílio de um mergulhador. Também usada para pesca luminosa. Ambas usadas em Nacala-Porto, dependendo do pescador e da zona de pesca. Emina Usada na area de Naherenque até Chivato Lema Usada de Mucuaiba até Chivato Usada por toda baía. Usada de Namusso até Chivato pelas mulheres enconstadas a margem. Nloto Usada dentro do canal de Namusso até Chivato. Feita somente em Quissimajulo nas zonas de mangal conhecidas como Ecava. Nacala-á-Velha Malhação Usada na zona de Naxiropa. - Usada desde as Salinas até Naxiropa, mais perto da margem Usado por poucas embarcações, principalmente pelas que possuem motor. No CP Ponte é usada apenas na época de anchovetas. Usada na zona das Salinas. Arte mais usada pelos pescadores; usada em canoas de tronco cavado por toda baía. Feita na margem por mulheres para colecta de larvas antes da subida da maré. Feita no canal por toda zona do centro de Naxiropa. Feito por mulheres e crianças na margem na altura da maré baixa. RASCUN HO Rede de arrasto para bordo Rede de emalhe de fundo Linha a mão - Xarifa - Quinia - Arpão/caça submarina - Apanha ou colecta invertebrados de - Fonte: Grupo focal de pescadores de Nacala-Porto & Grupo focal de pescadores e comerciantes de Nacala-à-Velha 119 Relatório de EIA - Rascunho Figura 47: Pescadores com rede de arrasto à esquerda e pescadores com linha de mão à direita RASCUN HO Figura 48: Mulheres com quinia à esquerda e recolectores à direita III. Áreas de Pesca As zonas de pesca ou pesqueiros constituem locais onde se encontram os recursos alvo e, portanto, onde é praticada a pesca. Estes são locais conhecidos pelos pescadores e cujo uso, na maioria dos casos, tem uma longa tradição. Vários factores determinam a definição e localização das zonas de pesca, nomeadamente a produtividade do local, o acesso, o tipo de fundo marinho, a qualidade das embarcações e o grau de segurança e autonomia que estas podem garantir, os meios de propulsão disponíveis e a facilidade de efectuar a operação de pesca. A baía toda, para além de ser usada pelos navios que carregam e descarregam no Porto de Nacala, pelos navios que carregam no ponte-cais da Vale, pelas embarcações de apoio a Central e pelas embarcações privadas de transporte de passageiros e cargas, é também usada pelos pescadores de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha. As áreas de pesca mais usadas são determinadas para cada um dos distritos conforme ilustram as Figuras 51 e 52 abaixo, sendo que, para pescadores de ambos os distritos a pesca 120 Relatório de EIA - Rascunho a linha é feita por todo o canal de Nacala e a colecta de invertebrados, quinia e rede de arrasto a praia são feitas mais próximas às margens de cada lado do Distrito. O arrasto para a praia é desenvolvido em Nacala-Porto também por pescadores de Nacala-à-Velha, principalmente na zona do CP de Namusso a Sul da Centrral e na zona dos CPs de Sousa, Mucuaiba e Muzuane a Norte da Central. Em Nacala-Porto, as artes de pesca que são desenvolvidas junto a margem estendem-se por toda a linha costeira do distrito, com a excepção da área reservada ao Porto de Nacala. A área na qual foi implantada a Central era uma área usada pelos pescadores para desempenho das suas actividades. Embora informações recolhidas durante o grupo focal de pescadores de Nacala-Porto sugiram que não existe actividade pesqueira nas proximidades da área da Central, a observação de campo ilustrou o contrário, revelando conjunto de pescadores com linhas e redes de arrasto para bordo a exercerem a sua actividade junto a Central, conforme ilustra a Figura 49. Estes pescadores são provenientes de Nacala-Porto, dos variados centros de pesca que se localiza nas proximidades da Central. RASCUN HO Figura 49: Pescadores muito próximos CENTRAL A inexistência de uma barreira física ao desempenho da actividade pesqueira e a falta de fiscais de controlo de embarcações em torno da Central faz com que seja difícil implementar a proibição da pesca nas proximidades da Central de forma prática. Existem em torno da Central algumas bóias de sinalização dos limites de passagem que, ao que parece, não são respeitadas. A mesma situação é observada em relação ao ponte-cais da Vale, onde observase diariamente pescadores, a exercerem a sua actividade, próximos à infraestrutura (Figura 50). 121 Relatório de EIA - Rascunho Figura 50: Pescadores muito próximos do ponte-cais IV. Recursos e Produtos Pesqueiros RASCUN HO As capturas da pesca artesanal são, na sua maioria, compostas por diferentes espécies de pequenos peixes pelágicos e demersais de fundos macios e, em menor percentagem, alguns crustáceos e moluscos, variando esta composição consoante a arte de pesca e a selectividade que lhe é inerente. Informações recolhidas nos grupos focais realizados em Nacala-Porto e Nacala-à-Velha indicam como principais produtos pesqueiros o carapau, tarla, atum, garopa, xeréu, peixe papagaio, peixe-serra, merlin, peixe-dourado, peixe pedra, salmonete, anchoveta, sardinha e peixe-agulha. Outros produtos pesqueiros são também o polvo e as lulas. A produção pesqueira é mais satisfatória na época chuvosa que dura de Novembro a Abril, sendo nesta época em que os pescadores conseguem maior número de capturas pela abundância de recursos pesqueiros, principalmente de Janeiro a Abril. A época seca que se estende de Maio a Outubro é considerada como a época de capturas menos boas, sendo os meses de Junho e Julho os considerados críticos para a produção pesqueira uma vez que os recursos migram para áreas de mar aberto. Uma vez que maior parte dos pescadores de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha não possuem embarcações que lhes permitam pescar nessas áreas, o acesso aos recursos pesqueiros é bastante limitado. Nestas épocas baixas para a pesca, grande parte dos pescadores dedicam-se a outras actividades económicas para garantir o sustento de suas famílias e aquisição de renda familiar como é o caso da agricultura. 122 Relatório de EIA - Rascunho Informações recolhidas durante os grupos focais revelam uma diminuição nas capturas. Para tal, pescadores locais apontam como causas o mau uso dos recursos pesqueiros por parte das comunidades locais, o uso de artes de pesca inapropriadas e a implantação do ponte-cais da Empresa Vale. Não existe, contudo, dados estatísticos que confirmem essa diminuição, uma vez que dados do Governo do Distrito de Nacala (2015a), indicam um aumento de 21.1% no total de toneladas para a produção pesqueira entre o ano de 2013 e 2014 (de 148 para 179.3 ton, respectivamente). V. Processamento e Comercialização de Pescado Na cadeia de valores da produção pesqueira artesanal encontram-se também envolvidos processadores, comerciantes de pescado, comerciantes de insumos de pesca, carpinteiros navais e redeiros. Dados recolhidos nas entrevistas realizadas a técnicos da unidade de coordenação da Estação Pesqueira (actuais instalações do IDPPE em Nacala-Porto) revelam um total de 86 processadores de pescado que usam gelo ou congelação em câmaras de frio e congeladores. Embora não existam dados segregados por CPs em Nacala-Porto, realça-se o facto de que grande parte destes referiu uma melhoria no processamento do pescado com o incremento da energia eléctrica. Entretanto, esta melhoria é apenas visível nos bairros e centros mais próximos da Central e da Cidade de Nacala onde a energia é referida como mais estável. O produto pesqueiro para além de servir de base da dieta alimentar dos agregados familiares de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha, também constitui uma fonte de rendimento familiar. Os rendimentos da pesca artesanal estão obviamente associados a uma série de variáveis que incluem desde o custo de aquisição de apetrechos e equipamento de pesca, o nível de investimento feito pelo pescador, custos correntes de captura, aspectos do destino e comercialização do pescado e a dinâmica das condições ambientais que determinam o esforço de pesca, entre outras. Operando a baixos níveis de rentabilidade, a pesca artesanal gera lucros suficientes para reinvestir em novas artes de pesca quando as antigas estão desgastadas, e a maioria dos investimentos são gastos no concerto das mesmas. RASCUN HO Para obtenção de algum rendimento, o pescado é comercializado nos mercados locais e nas estâncias turísticas existentes em Nacala-à-Velha e Nacala-Porto. Todos os comerciantes são identificados como locais, sendo que alguns efectuam a compra do pescado quando os pescadores ainda se encontram nos barcos a praticar a actividade. 123 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Fonte: Mapeamento participativo durante o grupo focal com pescadores de Nacala-Porto Figura 51: Áreas de Pesca por arte de pesca em Nacala-Porto 124 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Fonte: Mapeamento participativo durante o grupo focal com pescadores de Nacala-Porto Figura 52: Áreas de pesca por arte de pesca em Nacala-á-Velha 125 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.6.3. Aquacultura Nacala-Porto e Nacala-à-Velha apresentam algumas áreas potenciais para o desenvolvimento de aquacultura para algas marinhas e em gaiolas (Impacto, 2012). Estas áreas encontram-se descritas na tabela abaixo. Caixa 9: Áreas potenciais para aquacultura • Zona de Quissimajulo, no Posto Administrativo de Mutiva em Nacala Porto, é potencial para o cultivo de algas; • Zona de Mahelene, Posto Administrativo de Muanona, é um potencial manancial de mexilhão de rocha; e, • Zona de Racine, na Baía de Namalala, no litoral de Nacala-a-Velha é um potencial para aquacultura em gaiolas e algas marinhas. Fonte: INAQUA, 2011 Dados do INAQUA (2011) apontam em Nacala-Porto, cerca de 547 ha de área com potencial para aquacultura de algas marinhas e em Nacala-à-Velha, 464 ha de área com potencial para aquacultura em gaiolas e 192 ha para aquacultura de algas marinhas. RASCUN HO Nacala-Porto conta actualmente com um empreendimento de aquacultura, a Aquapesca Lda, uma empresa franco-moçambicana especializada na produção, engorda e processamento de mariscos em cativeiro, localizada no Bairro de Naherenque. Dedicando-se à cultura de camarão, a empresa abriu em 2014 uma linha de criação de amêijoa e outra de ostras cujo processo de engorda se pretende ser feito com pescadores de Quissimajulo. A produção desta empresa é comercializada para mercados nacionais e internacionais sendo o camarão e as ostras destinados a Europa e a amêijoa para o Japão e o peixe tilápia para o mercado interno. I. Projectos de Desenvolvimento das Pescas e Aquacultura Está actualmente a ser implementado, por toda costa do País, um programa de Mmelhoramento de infra-estruturas de pesca denominado de Projecto de Promoção da Pesca Artesanal (ProPescas) que visa abranger 26 pólos de desenvolvimento de pescas. Este programa, implementado pelo IDPPE é financiado pelo governo moçambicano, em parceria com a União Europeia e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA) e visa contrariar o actual quadro de redução dos resultados da pesca e minimizar os impactos do uso de técnicas nocivas. Passa pela facilitação de acesso a motores, promoção de construção de embarcações de maiores dimensões, reabilitação de vias de acesso que ligam os centros de pesca às estradas principais, construção de mercados de primeira venda, electrificação, meios de conservação de pescado e de produção de gelo, entre outros. 126 Relatório de EIA - Rascunho Nacala-Porto é considerado como dos pólos de desenvolvimento da região Norte tido como bem estabelecido e importante para a pesca e para as operações de comercialização do pescado, para além de apresentar potencial recursos pesqueiros, concentração de actividade pesqueira e de comunidades pesqueiras, acessos, mercado significativo para o pescado, acesso a electricidade, disponibilidade de gelo, disponibilidade de insumos de pesca, telecomunicações, entre outros (IFAD, 2010). De salientar que, para o caso específico de Nacala-Porto, a melhoria no fornecimento de energia eléctrica para este município, através da Central, poderá ser considerado como uma alavanca para o desenvolvimento deste projecto, incrementado o potencial de processamento de pescado, meios de produção e conservação de pescado, oferta de melhores produtos nos mercados locais, entre outros. 9.2.6.4. Indústria Existem duas áreas projectadas para implantação de Zonas Francas Industriais (ZFI) com um total de 500 ha, uma das quais, localizada nas proximidades do Porto de Nacala e a outra nas proximidades do Aeroporto de Nacala. Estas zonas estão fundamentalmente viradas para o incremento da actividade industrial onde se encontram parceladas com condições para instalação de unidades industriais para várias áreas, nomeadamente, têxteis e confecções, couro e curtume, construção civil, produção de material de construção assim como cimento e ferro, cerâmica e montagem de maquinaria diversa e linhas de produção (montagem de viaturas, locomotivas, embarcações, entre outros) (www.gazeda.gov.mz). RASCUN HO A rede industrial de Nacala-Porto é caracterizada por indústrias de produção de cimento, de corte e processamento de madeira, de processamento de cereais, refinarias de óleo, indústrias de pequena escala de processamento de caju, entre outros. Algumas das indústrias estão ilustradas nas figuras que abaixo se apresentam e na Figura 53. Figura 53: Cimentos de Nacala à esquerda e Cimentos de Moçambique S.A.R.L à direita 127 Relatório de EIA - Rascunho Figura 54: Fábrica de Moagem de Cereais no Bairro Triângulo RASCUN HO Existe ainda uma considerável exploração salineira em Nacala-Porto. Algumas das salinas nas proximidades da área onde foi implantada a Central estão ilustradas na figura abaixo. A maior delas encontra-se na área que faz a ligação entre o Bairro de Muanona, no PA de Muanona e o Distrito de Nacala-à-Velha. Dados do Governo do Distrito de Nacala (2015a) revelam um aumento no volume de investimentos e receitas a arrecadar no sector industrial (9.2% de incremento para ambas), embora o número de projectos tenha diminuído quando comparado ao ano de 2013. No entanto, há que considerar que os números possam vir a aumentar uma vez que a actividade industrial é uma das actividades que depende grandemente da energia eléctrica. Sendo assim, a melhoria do serviço de fornecimento de energia eléctrica a Nacala-Porto poderá significar um incremento na produção industrial e, por conseguinte, um motivador para a implementação de mais projectos industriais nas ZFI´s do distrito. A existência de infraestruturas portuárias constitui também um factor impulsionador da actividade industrial pela facilidade de escoamento dos produtos industriais para outros pontos do País e do mundo. 128 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 55: Algumas instalações industriais e indústrias salineiras em Nacala-Porto 129 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.6.5. Turismo O potencial turístico de Nacala é caracterizado por praia e por um conjunto de infra-estruturas turísticas construídas ao longo da praia e algumas no centro da Cidade, principalmente no Bairro Maiaia, nas proximidades do Porto de Nacala. Pelo pólo de desenvolvimento que constitui, o turismo em Nacala é maioritariamente classificado pelos diversos operadores turísticos como sendo virado para o negócio e não tanto para o lazer como seria de se esperar pelos seus atractivos naturais de lazer com grande potencial para turismo de praia. Dados do Governo do Distrito de Nacala (2015a) apontam para um total de 102 estâncias turísticas, algumas das quais identificadas na Figura 57 abaixo. Os operadores turísticos localizados no centro da Cidade, principalmente no Bairro Maiaia, como por exemplo, o Hotel Maiaia, o Hotel Afrin, o Nacala Plaza, o Nacala City e o Mozambique Gardens Lodge são estâncias fundamentalmente viradas para o negócio, sendo esta a maioria dos turistas que hospedam. Pela sua localização próxima ao Porto de Nacala, o impacto sonoro durante o dia é disfarçado pelos ruídos produzidos pelo Porto de Nacala nas diversas actividades que desenvolve. Por outro lado, o impacto visual é significativo principalmente durante o período nocturno (Figura 56). Uma vez que os turistas mais comuns nestas estâncias são de negócio, os impactos da Central não são considerados inibidores da actividade turística. RASCUN HO Figura 56: Vista nocturna da CTFN a partir do Nacala Plaza Para o ano de 2014, Nacala recebeu um total de 7,541 turistas dos quais 4,053 nacionais e 3,488 estrangeiros, sendo que na maioria em visita de negócios (Governo do Distrito de Nacala, 2015a). 130 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 57: Alguns operadores turísticos em Nacala-Porto 131 Relatório de EIA - Rascunho Das estâncias existentes, poucas oferecem actividades de lazer ligadas ao mar, tais como mergulho, passeios de barco e kayaks, snorkeling e pesca desportiva e recreativa, nomeadamente, o Kwalala Lodge (Bairro Naherenque), o Libélula Lodge (Bairro Muzuane) e o Moz Adventures (Bairro Naherenque). Todos estes empreendimentos encontram-se distantes da área portuária de Nacala e, por conseguinte, da Central, não sofrendo por isso nenhum impacto sonoro ou visual. O MozAdventures constitui um centro de actividades de lazer e o Kwalala Lodge possui o seu centro de actividades denominado de Pelago Adventures Avtivities, integrado na estância turística. Estes operadores possuem seu próprio equipamento, desde barcos, pranchas, kayaks, canas de pesca e equipamento diverso de mergulho. RASCUN HO Figura 58: Pelago Adventures Activities (Kwalala Lodge) à esquerda e Libélula Lodge à direita Figura 59: Moz Avdentures, Lda. Importa salientar que todas as actividades recreativas são desenvolvidas a Norte do Porto de Nacala, não abrangendo de modo algum a área da Central (Figura 60). Actividades como a 132 Relatório de EIA - Rascunho pesca desportiva e recreativa e o mergulho são desenvolvidas em alto mar na Baía de Fernão Veloso. Os passeios de barco e kayak são feitos na Baía de Namelala e na Baía de Muananculo. O snorkeling é feito mais encostado a margem principalmente nas áreas perto dos empreendimentos turísticos. Nacala-Porto conta com três reservas comunitárias25 que são áreas criadas com o intuito de preservar a vida marinha, nomeadamente, a Reserva Bonita, a Reserva Libélula e a Reserva Osimba (ver Figura 60 abaixo). Estas reservas foram todas criadas pelos operadores turísticos em parceria com a ASSOPENA, sendo a gestão partilhada com o CCP. I. Reserva Bonita A Reserva Bonita foi criada em 2006 pelo Kwalala Lodge em parceira com a ASSOPENA no Bairro de Naherenque. Possui cerca de 400 metros ao longo da costa e foi criada com o intuito de aumentar a consciencialização comunitária sobre a gestão dos recursos marinhos sendo por isso a proibição de pesca dentro da Reserva, que muitas vezes não é obedecida26. Para além do acordo de proibição de pesca dentro da Reserva, o Kwalala Lodge, responsável por esta, paga cotas a associação e a permanência de um guarda da Reserva. O objectivo da reserva é não só o de criar um ambiente favorável para as actividades de turismo como o snorkeling mas também de incentivar a criação de peixes e outros animais marinhos. RASCUN HO II. Reserva Libélula Criada entre 2007/2008 no Bairro de Muzuane, pelo primeiro proprietário do estabelecimento turístico Libélula Lodge, esta reserva possui 350 m de comprimento de costa e 150 m de comprimento para dentro do mar. Tal como a Reserva Bonita, está ligada a ASSOPENA. Esta reserva possui cerca de 150 espécies de peixes e ainda alguns corais segregados, espalhados pela reserva numa profundidade entre 5 e 20 m27. III. Reserva Osimba Esta reserva foi criada pelo Complexo Turístico O Simba, localizado no Bairro de Chivato e possui cerca de 100 a 200 m de comprimentos de costa e 20 a 50 m para dentro do mar. Encontra-se sob a responsabilidade do CCP em parceria com o operador turístico28. 25 A criação dessas reservas não está suportada por nenhum decreto ou diploma legislativo. Trata-se de uma iniciativa da associação de pescadores e dos CCP, juntamento com os operadores turísticos. Constituem, por isso, Reservas comunitárias. 26 Informações recolhidas durante a entrevista ao proprietário do Kwalala Lodge, Sr. Mike Donald. 27 Informações recolhidas durante a entrevista ao proprietário do Libélula Lodge, Sr. Ian Kingsley. 28 Informações recolhidas durante a entrevista ao Coordenador da Estação Pesqueiro, Sr. José Naite. 133 Relatório de EIA - Rascunho RASCUN HO Figura 60: Áreas de Actividades de Lazer e Reservas Comunitárias 134 Relatório de EIA - Rascunho 9.2.7. Percepções e Expectativas em Relação ao Projecto Das entrevistas e dos grupos focais realizados, a maior expectativa associada a Central está ligada ao fornecimento de energia eléctrica em si. Todos os entrevistados manifestaram satisfação pela implementação do projecto, tendo contudo a percepção de a energia encontrase concentrada à Cidade de Nacala, excluindo os bairros periféricos a esta. Os bairros periféricos à cidade onde se encontram os centros de pesca e as estâncias turísticas relatam problemas sérios de energia ligados a sua qualidade e a falhas constantes o que dificultam a operação das suas actividades económicas. A maior expectativa dos operadores turísticos do distrito está ligada ao aumento do fluxo de turistas, hóspedes e clientes para usufruírem dos variados serviços que eles oferecem. Esse aumento seria derivado de um incremento na actividade comercial e industrial em Nacala-porto motivado pelo melhor fornecimento de energia. Relativamente a pesca, a perda de um local de pesca não é considerado como um efeito negativo do projecto pelos pescadores uma vez que esta tem funcionado como local de aglomeração e refúgio de pescado que é capturado pelos pescadores na sua saída. No entanto, espera-se que a instalação da energia eléctrica possa melhorar a sua capacidade de conservação e processamento do pescado de modo a apresentar melhores produtos nos mercados. RASCUN HO De um modo geral, as percepções e expectativas ligadas a Central resumem-se a: • • • • • Necessidade de distribuição equitativa e de qualidade da energia eléctrica; Redução das falhas de energia; Aumento do fluxo de pessoas a requer os serviços dos operadores turísticos; Aumento de pescado em volta da Central como local de refúgio; Melhoria no processamento e conservação do pescado derivado da melhoria de energia eléctrica. 135 Relatório de EIA - Rascunho 10. AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS O presente capítulo apresenta a identificação e avaliação dos impactos do projecto e suas respectivas significâncias, bem como as medidas de mitigação, compensatórias, controlo e/ou monitoramento para os impactos classificados como negativos e significativos, e as medidas potencializadoras para os impactos classificados como positivos. Os potenciais impactos da operação da Central Flutuante foram definidos por meio de um exercício de identificação dos aspectos impactantes do projecto por tipo de actividade ou operações a serem realizadas durante a duração do Projecto. De referir que, uma vez que a Central Flutuante já se encontra em funcionamento desde Março de 2016, alguns dos impactos identificados referem-se a efeitos já produzidos pela Central Flutuante no decorrer do seu funcionamento. A classificação dos impactos foi efectuada segundo os critérios apresentados na Secção 6.4. 10.1. Potenciais Impactos Positivos 10.1.1. Melhoria no Fornecimento de Energia a nível local e regional A barcaça de produção e abastecimento de energia eléctrica, denominada pela EDM de Central Flutuante foi instalada na área portuária de Nacala com o objectivo de fornecer energia eléctrica a vizinha Zâmbia, para além de abastecer às regiões Centro e Norte de Moçambique, assegurando um fornecimento de energia com maior estabilidade do sistema eléctrico, dada a limitada capacidade da Linha Centro – Norte. A melhoria do fornecimento beneficia primeiramente os consumidores da Cidade de Nacala e Nampula, e depois a região Norte do País. Esta foi uma solução temporária que a EDM encontrou para a situação crítica da zona Norte, marcada pela acentuada falta de capacidade de geração de energia e infra-estruturas de transmissão e distribuição de energia eléctrica. RASCUN HO A melhoria no abastecimento de energia é assim o impacto imediato da operação da Central Flutuante a nível da Cidade de Nacala, principalmente para os bairros da cidade que se encontram nas proximidades das instalações portuárias. Avaliação do Impacto Estatuto Positivo Probabilidade Altamente Provável Extensão Regional Duração Vida do projecto Intensidade Moderada Significância Moderada 136 Relatório de EIA - Rascunho Não existem medidas de potenciação 10.1.2. Incremento da Economia Local e Regional Grande parte das actividades económicas desenvolvidas em Nacala-Porto depende da energia eléctrica. Por exemplo, as actividades industriais, necessitam de energia para funcionamento de diversas maquinarias, e as actividades pesqueiras necessitam desta para o processamento e conservação do produto. Sendo assim, a melhoria no fornecimento de energia eléctrica poderia ser considerada como um factor impulsionador dos níveis de produção das actuais indústrias existentes em Nacala-Porto. O desenvolvimento industrial local constitui igualmente um forte motivador para implementação de novos projectos que incrementem não só a economia local mas também a nível da Província de Nampula e para toda região Norte. Nacala é considerada um dos pólos de desenvolvimento da região Norte do País, integrada numa ZEE com ZFI estabelecidas e com capacidade para inserção de diversos tipos de indústrias. As conectividades de Nacala através das ferrovias de que se beneficia, e da infra-estrutura portuária actualmente existente em processo de reabilitação e expansão, constituem factores que, conjugados a um melhor fornecimento de energia eléctrica poderão alavancar a economia da região. No entanto, relatos revelam uma distribuição não equitativa de energia eléctrica por todos os bairros do Município de Nacala, sendo esta aparentemente concentrada na Cidade de Nacala, principalmente nos bairros mais próximos da área portuária da cidade. Visto que as ZFI´s indicadas para Nacala encontram-se em bairros localizados na periferia da Cidade, mostra-se crucial o fornecimento equilibrado de energia de modo a suprir as necessidades de todo tipo de actividades económicas em todos os bairros de Nacala. RASCUN HO Avaliação do impacto Estatuto Positivo Probabilidade Provável Extensão Local Duração Vida do Projecto Intensidade Média Significância Moderada Não existem medidas de potenciação 137 Relatório de EIA - Rascunho 10.1.3. Criação de Postos de Trabalho Temporários para População Local O número de trabalhadores estimados na Central Flutuante é de 52, sendo na sua maioria estrangeiros. Contudo, desde que começou a operar, o projecto ofereceu trabalho, directamente ou indirectamente, para 58 trabalhadores nacionais. Esta criação de emprego, embora de carácter temporário, vai contribuir para o melhoramento das condições de vida da população através do aumento da renda familiar. Há que salientar que este é um impacto que já está a decorrer. Avaliação do impacto Sem Potenciação Com Potenciação Estatuto Positivo Positivo Probabilidade Definitivo Definitivo Extensão Local Local Duração De médio prazo Vida do Projecto RASCUN HO Intensidade Moderada Moderada Significância Baixa Moderada Medidas de Potenciação • O Proponente deverá assegurar que os postos de emprego para mão-de-obra sem qualificação sejam atribuídos prioritariamente, por forma justa, à população local directamente afectada pelo Projecto, neste caso o Município de Nacala-Porto, evitando a contratação de pessoas estranhas a estas comunidades e que se tenham estabelecido na zona na perspectiva de serem absorvidas como mão-de-obra local, • Estabelecer formalmente requisitos de contratação claros, a serem cumpridos pela empresa contratante; • Para cada função, divulgar o número de postos de trabalho disponíveis e o período aplicável e indicadas as qualificações necessárias; • Comunicar claramente quando não for necessária qualificação prévia; • O Proponente deverá materializar programas de formação a pessoas locais para a execução de tarefas semi-especializadas, de modo a incrementar as oportunidades de trabalho para membros das comunidades directamente afectadas pelo projecto. 138 Relatório de EIA - Rascunho 10.1.4. Potencial melhoria na qualidade de vida das comunidades O fornecimento de energia eléctrica a todos os bairros do Município de Nacala, associado a uma melhoria na economia e a uma possibilidade de obtenção de renda familiar e aumento de poder aquisitivo contribuirá para que as famílias apresentem melhores condições de vida, derivado do usufruto de bens duráveis. No entanto, este é um impacto que se está ligado aos mencionados acima e que de momento já se faz sentir na Cidade de Nacala em áreas onde a energia eléctrica já se apresenta melhor relativamente a outros bairros. Avaliação do impacto Estatuto Positivo Probabilidade Provável Extensão Regional Duração Vida do Projecto Intensidade Moderada Significância Baixa Não existem medidas de potenciação RASCUN HO 10.2. Potenciais Impactos Negativos - Ambiente Biofísica 10.2.1. Impactos na Qualidade do Ar i) Impactos na qualidade de ar (partículas, NOx, SO2, CO) Concentrações Ambiente Previstas As concentrações ambientais previstas, resultantes de emissões da Central Flutuante e do navio de apoio são aqui apresentadas para SO2, NO2, CO, PM10 e PM2.5 como isopletas (linhas de concentração constante) num mapa de localização de Nacala. Para as parcelas de 24 horas e 1 hora, a concentração do percentil 99 prevista é apresentada em vez da máxima. Este processo é aceite e elimina valores que podem surgir devido à instabilidade da modelação. Concentrações de SO2 previstas As concentrações médias anuais previstas de SO2, resultantes das emissões da Central Flutuante seguem os ventos de sul prevalecentes e dispersam-se predominantemente para o nordeste, com alguma dispersão para o sudoeste com os ventos do norte (Figura 61). 139 Relatório de EIA - Rascunho A concentração média anual máxima é de 4,9 mg/m3 e está previsto que ocorra a cerca de 2 km a norte da Central Flutuante, perto do porto de Nacala. Esta está significativamente abaixo do padrão anual de qualidade do ar de Moçambique e Directriz para a qualidade anual do ar do Banco Mundial de 80 µg/m3 . Esta também está bem abaixo do valor de referência da qualidade do ar ambiente da OMS, de 20 µg/m3. O percentil 99º previsto, das concentrações de máximas de 24 horas para SO2, de 50,3 µg/m3 ocorre na cidade de Nacala, a nordeste do porto de Nacala (Figura 61). Esta está significativamente abaixo do valor normal de 24 horas da qualidade do ar para Moçambique, de 365 µg/m3. Está também bem abaixo do valor de referência da qualidade do ar ambiente da OMS de 150 µg/m3 e bem abaixo do valor de referência da qualidade do ar ambiente da OMS de 125 µg/m3. O percentil 99º previsto, das concentrações de máximas de 1hora para SO2, de 122,5 µg/m3 ocorre na cidade de Nacala, a nordeste do porto de Nacala (Figura 61). O padrão de dispersão é semelhante às previsões anuais e diárias e ocorre predominantemente a norte e sul da Central Flutuante. A concentração prevista do 99º percentil está significativamente abaixo do padrão de Moçambique para 1 hora, 800µg/m3 para a qualidade do ar. RASCUN HO Figura 61: Previsão das concentrações anuais de SO2 ambiente (à esquerda) e concentrações de SO2 previstas para 24 horas (meio) e 1 hora (à direita) Concentrações previstas de NO2 As concentrações médias anuais previstas para NO2, resultantes das emissões da Central Flutuante seguem os ventos de sul vigentes e dispersam-se predominantemente para nordeste, com alguma dispersão para sudoeste. A concentração média anual máxima é de 16,2 µg/m3 prevê-se que ocorra a cerca de 2 km a norte da Central Flutuante, perto do porto de Nacala. Esta está significativamente abaixo do padrão anual de qualidade do ar de Moçambique e a directriz do Banco Mundial de qualidade anual do ar de 100 µg/m3. Essa concentração também está bem abaixo do valor de referência da qualidade do ar ambiente da OMS, de 40 µg/m3. 140 Relatório de EIA - Rascunho O percentil 99º previsto, das concentrações máximas de NO2 para 24 horas, de 166,8 µg/m3 ocorre na cidade de Nacala, a nordeste do porto de Nacala (Figura 62). Esta está significativamente abaixo do valor normal de 24 horas da qualidade do ar para Moçambique e da OMS, de 200 µg/m3, mas no entanto, prevê-se que exceda a directriz de qualidade do ar do Banco Mundial para 24 horas, de 150 µg/m3, nesta área de Nacala em 11 dos 1 095 dias do período de modelação de 3-anos, isto é, cerca de 4 vezes por ano. O percentil 99º previsto, das concentrações máximas de 1 hora para NO2, 406,4 µg/m3 ocorre na cidade de Nacala, a nordeste do porto de Nacala. A concentração prevista excede o padrão de Moçambique de NO2 de 1 hora, de 400 µg/m3 µg/m3 nesta área de Nacala, em 18 das 26 280 horas do período de modelação de 3 anos, i.e. seis vezes por ano. RASCUN HO Figura 62: Concentrações previstas de NO2 – anuais (à esquerda) para 24-horas (meio) e 1-hora (à direita) Concentrações previstas de CO As concentrações ambiente previstas de CO, para 8 horas e 1 hora, resultantes das emissões da Central Flutuante estão apresentadas na Figura 63. A dispersão é predominantemente para nordeste e sudoeste. A concentração média máxima de 8 horas de 23,8 µg/m3 está significativamente abaixo do padrão de qualidade do ar ambiente de Moçambique e da qualidade e do valor de referência do Banco Mundial de 10 000 µg/m3 . O percentil 99º previsto para as concentrações máximas de 1 hora de 33.7 µg/m3, também está significativamente abaixo do padrão de qualidade do ar ambiente de Moçambique, de 40 000 µg/m3 e o valor de referência para qualidade do ar ambiente da OMS de 30 000 µg/m3. 141 Relatório de EIA - Rascunho Figura 63: Previsão das concentrações de CO (à esquerda) para 8 horas e 1 hora (à direita) Concentrações de PM10 Previstas As concentrações previstas de PM10 anuais e para 24 horas, resultantes das emissões da Central Flutuante são apresentadas na Figura 11. A dispersão é predominantemente para o nordeste e sudoeste. RASCUN HO A concentração média máxima anual de 0,6 µg/m3 é significativamente mais baixa que os valores de referência de qualidade do ar ambiente do Banco Mundial e da OMS de 50 µg/m3 e 20 µg/m3, respectivamente. Moçambique não tem padrões de qualidade do ar ambiente para PM10. O percentil 99º previsto da concentração máxima de 24 horas de 5,9 µg/m3, é também significativamente inferior às directrizes de qualidade do ar do Banco Mundial e da OMS para PM10 de 150 µg/m3 e 50 µg/m3, respectivamente 142 Relatório de EIA - Rascunho Figura 64: Previsão das concentrações anuais (à esquerda) e para 24 horas (à direita) de PM10 Concentrações Previstas para PM2,5 As concentrações anuais e de 24 horas previstas para PM2.5 resultantes das emissões da Central Flutuante são apresentadas na Figura 65. A dispersão é predominantemente para o nordeste e sudoeste. RASCUN HO A concentração média máxima anual para 24 horas de 0,5 µg/m3 é significativamente mais baixa que os valores de referência de qualidade do ar ambiente do Banco Mundial e da OMS de 10 µg/m3 . Moçambique não tem padrões de qualidade do ar ambiente para PM2.5. O percentil 99º previsto da concentração máxima de 24 horas de 5,6 µg/m3, é também significativamente inferior às directrizes de qualidade do ar do Banco Mundial e da OMS para PM2.5 de 25 µg/m3. 143 Relatório de EIA - Rascunho Figura 65: Previsão das concentrações de PM2.5 anuais (à esquerda) e 24 horas (à direita) A combustão de HFO nos motores da Central Flutuante, para gerar electricidade e a combustão de Diesel Naval (MDO) pela embarcação de transporte de combustível irão resultar em emissões de partículas, óxidos de nitrogénio (NOX) e dióxido de enxofre (SO2). As emissões irão resultar em um aumento nas concentrações destes poluentes no ambiente circundante da Central Flutuante. RASCUN HO A Central Flutuante irá gerar electricidade de forma contínua, o que implica que irá emitir partículas, NOx e SO2 continuamente, e durante o tempo de operação em Nacala. O aumento das concentrações ambiente é uma consequência directa das emissões da Central Flutuante, que durarão por toda a vida da operação. As concentrações ambiente modeladas de SO2, CO, PM10 e PM2.5 são muito baixas em relação aos padrões de qualidade do ar ambiente em Moçambique, bem como às directrizes de qualidade do ar ambiente da OMS e do Banco Mundial. Apesar disso, há uma possibilidade que ocorram impactos na forma de dispersão sobre partes de Nacala, mas a escala e frequência de qualquer impacto deve ser baixa porque não há nenhuma excedência prevista de qualquer um dos padrões ou directrizes. Portanto, prevê-se que a magnitude dos impactos associados com o aumento das concentrações de SO2, CO, PM 10 e PM2,5 seja baixa (veja a classificação em baixo). Prevê-se que as concentrações modeladas de NO2 ultrapassem o padrão ambiente de Moçambique para 1 hora em Nacala, por 18 vezes durante o período de modelação de 3 anos, ou seja, seis episódios de 1 hora, nos 3 anos. Está também previsto que excedam as Directrizes do Banco Mundial para 24 horas, em 11 dias durante o período de modelação de 3-anos, isto é, menos do que 4 dias por ano. 144 Relatório de EIA - Rascunho Existe, portanto, uma possibilidade de ocorrência de impactos em resultado do aumento das concentrações de NO2 ambiente. Prevê-se que a frequência do impacto seja média. Uma vez que as excedências ocorrem sobre Nacala prevê-se que a escala do impacto seja alta. A significância dos impactos associados com o aumento das concentrações de NO2 ambiente será assim moderada. Classificação dos impactos associados com o aumento das concentrações de SO2, CO, PM e PM2,5: Avaliação do impacto Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância 10 Negativo Pouco Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Classificação do impacto associado com o aumento das concentrações de NO2: Avaliação do impacto Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância RASCUN HO Negativo Provável Local Vida do Projecto Média Moderada Medidas de Mitigação As emissões de SO2 dos motores são um resultado direto do enxofre contido no combustível. Os impactos previstos associados com SO2 são baixos. Para garantir que estes permanecem baixos deve haver um compromisso de usar somente HFO com um baixo teor de enxofre durante o ciclo de vida das operações da Central flutuante. A redução da temperatura pode ser feita modificando o queimador para criar uma chama maior (e portanto temperatura mais baixa), por injecção de água ou de vapor para dentro da chama, recirculando os gases de combustão, ou limitando o excesso de ar no processo de combustão. Queimadores de baixo NOx podem usar uma combinação dessas abordagens. A optimização e/ou modificação dos motores devem ser incluídas nas operações para reduzir as emissões de NOX e as concentrações ambientais resultantes 145 Relatório de EIA - Rascunho ii) Impactos das emissões de GEE A comunicação inicial de Moçambique com a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) reportou sobre os Gases de Efeito de Estufa (GEE) dos seguintes sectores: energia, emissões fugitivas, processos industriais e agricultura. Foram relatadas as emissões de CO2, CH4, CO, N2O, NOx e NMVOC. O GHG global foi de 4 274,6 Gg equivalentes de CO2, ou 4 274 600 toneladas de equivalentes de CO2. A emissão estimada de GEE em equivalente de CO2 resultante da Central Flutuante é de 153 467 toneladas ou 153,5 Gg. Esta constitui 3,6% da emissão de GEE actual de Moçambique reportada à UNFCCC. O potencial de aquecimento global (GWP) é uma medida relativa da quantidade de calor que um GEE prende na atmosfera. Este compara a quantidade de calor preso por uma determinada massa de gás em relação à quantidade de calor preso por uma massa semelhante de CO2, que tem um GWP de 1. Cada GEE tem um GWP diferente e a emissão é expressa em relação ao CO2 em toneladas e equivalentes de CO2. O CH4 tem um GWP de 25, ou seja, 1 kg de CH4 liberto na atmosfera é aproximadamente equivalente à libertação de 25 kg de CO2. O GWP dos gases emitidos a partir da Central Flutuante e do navio de abastecimento está apresentado na tabela abaixo, em equivalentes de CO2. RASCUN HO Tabela 23: Emissões anuais (t/a) da Central flutuante e navio de abastecimento em equivalentes de CO2 Emissão anual (t/a) CO2 Central Flutuante 148 991 Barco de Apoio 592 CH4 115 0.5 CO 254 VOC 150 GWP Emissão em toneladas de CO2 equiv por ano 1 Central Flutuante 148 991 Barco de Apoio 592 149 583 25 2 875 12.5 2 888 1.0 1.9 483 1.9 485 0.6 3.4 510 2.0 512 152 859 608 153 467 GWP total CO2 equivalente Total Os impactos associados às emissões de GEE manifestam-se como um aumento na quantidade de Gases de Efeito de Estufa na atmosfera à escala global, com impactos potencialmente indirectos através do aquecimento global. A probabilidade de isso acontecer é provável, durante a vida da operação da Central Flutuante e a extensão tem consequências internacionais. A duração do impacto é considerada permanente quanto o tempo de vida de GEE na atmosfera, que pode ser de décadas. A escala e frequência do impacto não são relevantes, uma vez que não existem normas ambientais ou orientações para GEE. Prevê-se que a intensidade do impacto seja baixa e a emissão de GEE tem um efeito incremental na emissão nacional, embora seja um pequeno aumento, e o efeito da emissão é assim diluído a uma escala global. 146 Relatório de EIA - Rascunho Avaliação do impacto Estatuto Negativo Probabilidade Provável Extensão Internacional (as emissões de GEE têm implicações globais) Duração Permanente Intensidade Baixa Significância Baixa Medidas de Mitigação Consideram-se para este impacto, as mesmas medidas aplicáveis ao impacto acima descrito. 10.2.2. Impactos na Qualidade da Água i) Redução na qualidade da água devido à descarga de resíduos sólidos As operações quotidianas da Central Flutuante geram resíduos que, se inadequadamente manuseados ou eliminados podem causar impactos nas zonas vizinhas da Central Flutuante. RASCUN HO Resíduos sólidos domésticos serão produzidos pelo pessoal da Central, navio de abastecimento e tanques de armazenamento. Adicionalmente, existirão resíduos perigosos das actividades de manutenção. Os Anexos III e V da Convenção da MARPOL proíbem a poluição do meio marinho pela disposição de substâncias perigosas e resíduos sólidos domésticos, consequentemente, todos os tipos de resíduos sólidos e perigosos a serem gerados pela Central Flutuante. O tanque de armazenamento de combustível deve ser disposto por uma companhia registada para disposição. O resíduo sólido está a ser transferido por um navio de um subcontratado e disposto pelas autoridades do Porto de Nacala. A quantidade média de resíduos sólidos produzidos mensalmente pela Central Flutuante é (em m3), sendo a sua constituição apresentada na tabela que se segue. 147 Relatório de EIA - Rascunho 3 Tabela 24: Quantidade média de resíduos sólidos produzidos por mês (em m ) Resíduos Não Perigosos Resíduos Perigosos Resíduos de Embalagens de (Papel, Cartão, Plástico, Metal) M³ Resíduos Sólidos Doméstico s (alimentos) M³ Resíduos de Embalagen s em (Madeira) M³ Trapos Oleosos M³ Lixo Hospitalar M³ Baterias e Outros M³ 20 18,5 2 14 0,1 0,1 Os impactos sem mitigação na qualidade da água, associados ao manuseio e eliminação de resíduos sólidos consideram-se como sendo de significância baixa ou moderada uma vez que o resíduo sólido está a ser transferido por um navio de um subcontratado e disposto pelas autoridades do Porto de Nacala. Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Moderada Moderada RASCUN HO Com Mitigação Negativo Pouco Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Medidas de Mitigação • Uma vez que a Central Flutuante se localiza dentro dos limites do Porto de Nacala, todos os resíduos sólidos devem ser dispostos em conformidade com os planos e procedimentos de gestão de resíduos do Porto. • Actualmente, os operadores do navio transferem todos os resíduos sólidos para o Porto de Nacala para subsequente deposição. O operador deve manter a bordo um manifesto de resíduos (registo) que identifique todos os tipos e quantidades de resíduos transferidos para o Porto de Nacala. Este manifesto deve ser assinado a bordo pelo responsável pela transferência de resíduos para o Porto, e pelo responsável pela recepção dos mesmos no Porto. O manifesto de resíduos deve ser devidamente arquivado ao longo da duração do projecto para fins de auditoria. • O manuseamento e eliminação de resíduos sólidos devem também obedecer ao Plano de Gestão de Resíduos do Operador do Projecto (Veja Anexos). • Em nenhuma circunstância quaisquer resíduos, perigosos ou não perigosos, poderão ser despejados no mar. 148 Relatório de EIA - Rascunho • Os resíduos perigosos e não perigosos devem ser devidamente embalados separadamente. • Os resíduos hospitalares devem ser embalados e etiquetados de acordo com as normas para este tipo de resíduos. • Os resíduos perigosos devem ser manuseados e armazenados de modo a evitar a libertação acidental para o ambiente. • Os resíduos perigosos devem ser impedidos de entrar em contacto com outros fluxos de resíduos. • Os resíduos perigosos devem ser sempre armazenados em recipientes fechados e mantidos longe da luz directa do sol, vento e chuva. • Todos os recipientes de resíduos perigosos e áreas de armazenamento devem estar claramente identificados ou demarcadas e acesso às áreas ou recipientes, restrito a pessoal que tenha recebido formação adequada. ii) Redução na qualidade da água devido à derrames acidentais de lamas oleosas O principal tipo de resíduo líquido perigoso que será produzido durante as operações rotineiras é a lama oleosa. Esta será produzida durante a queima de heavy fuel para operar os geradores. Uma média de 112m3 de lama oleosa é produzidoa por mês. A quantidade de lama oleosa produzida por mês, entre Março e Julho de 2016 é apresentada na tabela que se segue. Tabela 25: Quantidade de lama oleosa produzida a bordo na Central Flutuante no período de Março a Agosto de 2016 RASCUN HO Lama Oleosa Fevereiro Março - 70m 3 Abril 100m Maio 3 110m 3 Junho 150m 3 Julho 150m 3 Agosto 140m 3 A lama oleosa é altamente tóxica e, se inadequadamente armazenada e deposta, derrames acidentais podem poluir o ambiente marinho com efeitos negativos sobre a fauna marinha e a pesca artesanal. O Operador do Projecto desenvolveu um Plano de Resposta a Emergência e um Plano de Gestão de Derrame de Hidrocarbonetos a ser implementado pelas centrais flutuantes, incluindo a Central Flutuante actualmente ancorada na Baía de Nacala que correspondem a documentos abrangentes que cobrem as medidas e procedimentos necessários assim como respostas organizacionais. Além disso, nos termos da Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL 73/78 ou Convenção da MARPOL) (Anexos I, II e IV), descargas de óleo, substâncias líquidas nocivas e esgoto dos navios para o mbiente marinho é proibido. Por isso, resíduos líquidos perigosos produzidos para a água na Central, no navio de abastecimento e no tanque de armazenamento de combustível devem ser dispostos por uma empresa registada. Actualmente, a lama e outros resíduos líquidos são temporariamente armazenados no tanque de armazenamento de combustível. Quando o tanque enche, os resíduos são transferidos para uma instalação licenciada para eliminação. 149 Relatório de EIA - Rascunho Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Moderada Alta Com Mitigação Negativo Pouco Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Medidas de Mitigação • Uma vez que a Central Flutuante se localiza dentro dos limites do Porto de Nacala, todos os resíduos devem ser dispostos em conformidade com os planos e procedimentos de gestão de resíduos do Porto. • Actualmente, o operador do navio transfere toda a lama oleosa para o tanque de armazenamento de combustível para subsequente deposição. O operador deve manter a bordo um manifesto de resíduos (registo) que regista as quantidades de lama oleosa transferidas para o navio auxiliar de combustível. Este manifesto deve ser assinado a bordo pelo responsável pela transferência de lamas oleosas para o tanque de armazenamento de combustível e pelo responsável pela recepção. Adicionalmente, o manifesto deve ser assinado por uma terceira parte internacional independente como testemunha/inspector. O manifesto de resíduos deve ser devidamente arquivado ao longo da duração do projecto, para fins de auditoria. RASCUN HO • A lama oleosa deve depois ser transferida para uma companhia creditada para tratamento de lama oleosa para tratamento final e disposição. Isto pode ser feito quer por uma empresa internacional ou por uma companhia licenciada para tratamento deste tipo de resíduos em Moçambique. Além disso, são aconselhadas as seguintes medidas: • As tripulações devem ser treinadas na resposta a emergências relacionadas com as operações que realizam. • Garantir que todas as tubulações e mangueiras são devidamente ligadas, fechadas e em boas condições, durante a transferência das lamas oleosas • As operações de transferência meteorológicas boas (calmas); • O Operador do Projecto desenvolveu um Plano de Resposta a Emergência a ser implementado pelas Centrais. Este determina as responsabilidades e estabelece o Centro de Resposta a Emergências.define as situações de emergência e as acções a serem tomadas para diferentes cenários. O Operador do Projecto desenvolveu igualmente um Planod e Gestão de Derrame de Hidrocarbonetos. Este é um documento abrangente que cobre os procedimentos de resposta necessários assim como as respostas organizacionais (ou seja, papeis e responsabilidades). Actividades devem 150 ser realizadas durante condições Relatório de EIA - Rascunho de resposta e reposição foram detalhadas neste plano. Providencia também procedimentos de gestão a serem seguidos. Ambos planos estão a ser implementados pela Central Flutuante actualmente ancorada na Baía de Nacala. • Em caso de derrame de lama oleosa (ou qualquer tipo de derrame de hidrocarbonetos), as acções definidas no Procedimento de Gestão de Derrames de Petróleo e Plano de Resposta a Emergência do Operador do Projecto devem ser imediatamente implementadas (ver no Anexos). • A eliminação de resíduos deve também obedecer ao Plano de Gestão de Resíduos da Karpower (Veja Anexo). • Em nenhuma circunstância, lamas oleosas devem ser despejadas no mar. iii) Redução na qualidade da água devido à descarga da drenagem do convés, água do porão e esgotos As águas de drenagem do convés e dos porões pode conter pequenas quantidades de petróleos e solventes. Esgotos incluem águas negras e águas residuais de chuveiros e, casas de banho. A descarga de água de drenagem do convés, água dos porões e esgotos podem reduzir a qualidade da água do mar. De acordo com a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por navios (MARPOL 73/78, anexos I, II e IV), é proibida a descarga de óleo, de substâncias líquidas nocivas, de água de drenagem do convés, de água de esgoto e água de esgoto de vasos no ambiente marinho. Portanto, efluentes líquidos perigosos produzidos na central flutuante, navio de abastecimento e no tanque de armazenamento de combustível está sendo descartado por uma empresa de eliminação registada. Como desde o início de Setembro de 2016 o projecto operador transfere os resíduos líquidos para um tanque de armazenamento de combustível para armazenamento temporário e, posteriormente, a eliminação da refinaria licenciado. RASCUN HO Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Moderada Alta Com Mitigação Negativo Pouco Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Medidas de Mitigação • A eliminação de resíduos líquidos será levada a cabo de acordo com MARPOL 73/78 (Anexos 1-4): 151 Relatório de EIA - Rascunho • Formar os membros da equipe em relação aos riscos de contaminação da descarga da água do convés e à importância de limpar os derrames no convés assim que estes ocorram. • O óleo do separador de água/óleo deve ser armazenado em tanques a bordo e despejado num local acreditado para resíduos perigosos, de acordo com o Plano de Gestão de Resíduos. 10.2.3. Impactos na Ecologia Marinha i) Mudanças comportamentais ou afugentamento de cetáceos e tartarugas marinhas devido ao ruído subaquático da operação da Central Flutuante e do tráfego de embarcações de apoio Não se encontraram estudos sobre o impacto do ruído produzido por Centrais Flutuantes em operação na biodiversidade e habitats costeiros e marinhos. Isto porque este tipo de centrais começou a ser produzido muito recentemente (desde 2009). Mudanças comportamentais em resposta a estímulos acústicos podem significar mudanças subtis, evitar activamente ou até o abandono de habitats críticos. No entanto, é difícil avaliar-se este impacto, pois não há estudos que indiquem a abundância e distribuição de cetáceos e tartarugas marinhas e a localização de habitats de especial importância dentro da Baía e também não se conhece a intensidade, frequência e dispersão do ruído subaquático da Central Flutuante. De qualquer modo, usando o princípio da precaução, considerou-se que este impacto negativo é de extensão regional e de intensidade moderada RASCUN HO Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Altamente provável Regional* Vida do Projecto Moderada* Moderada* Com Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa * Avaliação precaucionária devido à ausência de estudos de base sobre a condição biológica, ecológica e de conservação de cetáceos e tartarugas marinhas na Baía de Nacala. 152 Relatório de EIA - Rascunho Medidas de Mitigação • O ruído subaquático da central flutuante deve ser mantido o mais baixo possível e deve evitar-se a produção de ruídos de alta intensidade. • Deverá usar-se os mais modernos equipamentos de contenção de ruído e efectuar a manutenção frequente dos geradores e toda maquinaria. • Deve garantir-se que as embarcações de apoio sejam modernas, e que possuam os mais modernos sistemas de redução de ruído produzido pela maquinaria e hélices. • As embarcações do Projecto deverão ser sujeitas a manutenções regulares e a equipa de manutenção deverá tomar atenção especial ao ruído produzido. • Devem realizar-se acções de consciencialização ambiental para todos os membros da tripulação sobre o estado de conservação de cetáceos e tartarugas e importância das medidas de mitigação. • As embarcações envolvidas no Projecto não devem dirigir-se ao encontro de cetáceos e tartarugas marinhas. Pelo contrário, estas deverão, sempre que possível, evitá-los e distanciarem-se destes animais. • Deve-se promover um sistema de monitorização, ao longo do tempo útil do projecto, de registos de mamíferos marinhos ou tartarugas marinhas que tenham vindo dar à costa mortos ou desorientados, ao longo da Baía de Nacala. Para tal, deve ser estabelecido um sistema de comunicação que permita às pessoas que ali vivem ou trabalham, comunicar este tipo de observações. • As autoridades competentes (incluindo o MITADER, IIP e Museu de História Natural) devem ser informadas sempre que houver registos de mamíferos marinhos ou tartarugas marinhas mortos ou desorientados e devem pedir-se indicações a estas autoridades sobre os procedimentos a seguir em cada caso. Deverá analisar-se, em conjunto com as instituições envolvidas nos estudos referidos nas medidas apresentadas acima, a potencial causa desses eventos e definir estratégias para impedir que estes casos voltem a acontecer. RASCUN HO iii) Mudanças comportamentais ou afugentamento de peixes, cefalópodes e outros invertebrados marinhos devido ao ruído subaquático da operação dos geradores da Central Flutuante O evitar ou abandono de habitats devido ao ruído subaquático foi já documentado em casos de para várias espécies de peixes, assim como outras mudanças comportamentais observadas em peixes e lulas. A área de influência do Projecto é composta por uma diversidade de peixes (pelo menos 176 espécies), cefalópodes e outros invertebrados (ex. camarão e caranguejo), com especial importância para a subsistência da população residente na Baía de Nacala. Sem mitigação, é provável que o ruído da Central Flutuante cause mudanças comportamentais ou afugentamento em peixes, cefalópodes e outros invertebrados marinhos porque, apesar de estar localizada numa zona portuária onde já haviam várias fontes de ruído, este é produzido constantemente. Portanto, este é classificado como sendo de significância Moderada. Por isso, o impacto negativo do ruído subaquático que resulte em mudanças comportamentais ou afugentamento destes animais dos seus habitats na Baía de Nacala é considerado de extensão 153 Relatório de EIA - Rascunho local de intensidade moderada sem mitigação. Este impacto perdurará durante o tempo de vida do projecto. Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Altamente provável Local Vida do Projecto Moderada Moderada Com Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Medidas de Mitigação • As medidas descritas para o impacto anterior, também são aplicáveis à mitigação deste impacto. • Devem realizar-se acções de consciencialização ambiental para todos os membros da tripulação sobre o estado de conservação de peixes e invertebrados marinhos e importância das medidas de mitigação. • As autoridades competentes (incluindo o MITADER, IIP e Museu de História Natural) devem ser informadas sempre que houver registos de espécies de peixes protegidas ou em perigo de extinção encontradas mortas ou desorientadas e devem pedir-se indicações a estas autoridades sobre os procedimentos a seguir em cada caso. Deverá analisar-se, em conjunto com as instituições envolvidas nos estudos referidos nas medidas apresentadas acima, a potencial causa desses eventos e definir estratégias para impedir que estes casos voltem a acontecer. RASCUN HO Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância iv. Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Com Mitigação Negativo Pouco Provável Local Vida do Projecto Muito Baixa Negligenciável Morte ou ferimento de cetáceos e tartarugas marinhas por colisão com embarcações de apoio Os organismos marinhos têm comportamentos diferentes em relação à presença de navios e outras embarcações. No entanto, em muitos casos os mamíferos marinhos e tartarugas marinhas deixam as embarcações chegar muito próximo a elas (antes de reagirem), principalmente quando estão a alimentar-se ou a socializar (Dolman et al., 2006). Isto, 154 Relatório de EIA - Rascunho adicionado ao facto de que estes animais têm que vir à superfície para respirar, torna-os mais susceptíveis a colisões com embarcações. Os cetáceos e tartarugas marinhas são animais de especial importância, por isso, o impacto negativo da morte ou de ferimentos graves nestes animais por colisão é considerado de extensão regional e de intensidade moderada. Como descrito acima, sem mitigação, é provável que o tráfego de embarcações do Projecto causem colisões com cetáceos ou tartarugas marinhas, portanto este é considerado de significância moderada. No entanto, após implementação das medidas de mitigação, indicadas abaixo, este impacto poderá ter significância baixa. Isto porque com implementação destas medidas poderá reduzir-se a probabilidade, extensão e a intensidade do impacto, tornando-se pouco provável que este impacto venha a acontecer. Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local De curto prazo Moderada Moderada RASCUN HO Com Mitigação Negativo Pouco provável Local De curto prazo Baixa Baixa Medidas de Mitigação • As medidas definidas para o primeiro impacto descrito acima, são também aplicáveis à mitigação deste impacto. • Sempre que possível deve restringir-se a velocidade das embarcações do Projecto a um máximo de 13 nós. • Deve evitar-se a circulação de embarcações à noite e durante os períodos de mau tempo. • Todos os membros da tripulação estão proibidos de matar ou causar ferimentos à fauna marinha. Qualquer membro da tripulação que deliberadamente mate ou cause algum dano à fauna marinha deverá ser demitido imediatamente, denunciado às autoridades competentes e enviado para terra. • Nas embarcações de apoio deverá haver alguém responsável por estar atento a possível ocorrência de cetáceos e tartarugas marinhas nas imediações dos barcos. Caso se verifique algum destes animais, a embarcação deve, sempre que possível, desviar a sua rota (mantendo-se afastado do animal). • Deve estabelecer-se um sistema de comunicação e monitorização de registos de mamíferos marinhos ou tartarugas marinhas mortos ou feridos por colisão com embarcações. • As autoridades competentes (MITADER, IIP e Museu de História Natural) devem ser informadas sempre que houver registos de mamíferos marinhos ou tartarugas 155 Relatório de EIA - Rascunho marinhas mortos ou feridos e devem aconselhar sobre os procedimentos a seguir em cada caso. Deverá analisar-se, em conjunto com as instituições académicas envolvidas na monitorização, a possibilidade destes casos estarem relacionados com embarcações do Projecto, identificar a potencial causa e definir estratégias para impedir que estes casos voltem a acontecer. v. Introdução e proliferação de espécies invasoras trazidas nas embarcações de apoio e águas de lastro provenientes de outras regiões As embarcações do Projecto, que forem provenientes de outras regiões do globo, podem ter organismos incrustados no casco ou na água de balastro dos navios (carregada para proporcionar estabilidade ao navio). A água de balastro, normalmente, provém de portos ou outras regiões costeiras e pode conter grandes quantidades de organismos planctónicos. Visto que estas águas podem ser despejadas nos portos, na costa ou em alto mar, são um vector importante de transferência de espécies em todo mundo. Organismos incrustantes, como cracas, mexilhões, esponjas e algas agarram-se ao casco dos navios (processo conhecido por bioincrustação). Estes organismos fixam-se quando entram em contacto com estruturas em novos portos ou libertam suas larvas, e quando as condições são favoráveis, podem estabelecer-se e espalhar-se pela região. Alguns organismos também podem ser transportados entre bioregiões agarrados a equipamentos marinhos. Desta forma, pode resultar na introdução de espécies não nativas (invasoras) que podem proliferar na área do Projecto. RASCUN HO Espécies invasoras podem causar danos ao nível dos ecossistemas com efeitos sobre a diversidade e abundância de organismos, e assim afectar os processos por alteração do balanço natural, diminuir a resiliência do ecossistema afectado e, consequentemente, reduzir a biodiversidade e transforma-lo num ecossistema não saudável. A Central Flutuante já está estabelecida na área do Projecto, portanto não circulará entre outras regiões e esta área, por isso não constituirá um risco para a introdução de espécies exóticas. No entanto as embarcações de apoio que são provenientes de outras regiões, como o navio de combustível, poderão constituir uma fonte de introdução destas espécies. Na Baia de Nacala ocorrem alguns habitats sensíveis (como por exemplo os mangais e os recifes de coral) e animais protegidos em Moçambique e/ou com importância global. Por isso, o impacto negativo da introdução e proliferação de espécies invasoras, que podem causar, entre outros, desequilíbrios ecológicos nos habitats e a perda de espécies “mais fracas”, é considerado de extensão regional e de intensidade moderada. O impacto poderá ser permanente caso este cause desequilíbrios ecológicos de vulto em habitats importantes. De acordo com as características do equipamento usado, mesmo sem mitigação, é pouco provável que as embarcações e o material usado para o Projecto introduzam espécies exóticas, portanto este é considerado de significância Baixa. Por conseguinte, após implementação das medidas de mitigação, indicadas abaixo, este impacto poderá ser negligenciável. Isto porque com implementação destas medidas poderá reduzir-se a extensão, duração e intensidade do impacto. 156 Relatório de EIA - Rascunho Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Pouco provável Regional Permanente Moderada Baixa Com Mitigação Negativo Pouco provável Local De curto prazo Baixa Negligenciável Medidas de Mitigação • Todas as embarcações que provenham de portos que não sejam do leste africano terão que ter o casco inspeccionado para ver se há espécies exóticas sésseis incrustadas como, por exemplo, cracas (barnáculos), mexilhões, esponjas, etc. Se estes forem encontrados então devem ser instituídos mecanismos de limpeza, antes de serem usados no Projecto, para reduzir os riscos associados a eventual introdução no ambiente marinho da área de estudo. • Devem incluir-se requisitos para a emissão de certificados de inspecção de casco antes da partida dos seus portos de carga. • Todos os navios que estejam ligados de alguma forma ao Projecto terão que respeitar os regulamentos actuais da Organização Marítima Internacional (OMI) relativamente à descarga e tratamento de água de lastro e deverão ser cumpridores das técnicas e processos ratificados pela OMI para reduzir ainda mais a viabilidade de introdução de organismos carregados pelas águas de lastro. RASCUN HO 10.3. Potencias Impactos Negativos – Ambiente Socioeconómico i. Impactos Resultantes do Ruído: Perturbação da população pelas emissões Usando a fonte de ponto e modelo de atenuação pela distância, os seguintes pressupostos foram considerados: • Condições do solo acusticamente duras. Isso pressupõe que não ocorre atenuação devido à absorção pelo ar ou na superfície do solo ou da água. Os efeitos da absorção atmosférica dependentes da frequência também foram ignorados. Ambas as hipóteses representam uma avaliação conservadora ou de "pior cenário" do potencial impacto do ruído. • Condições meteorológicas. Foram assumidas condições climáticas neutras, ou seja, condições sem vento e inversão e de temperatura e humidade padrão (20ºC e 50% HR), o que representa uma avaliação neutra do impacto do ruído. 157 Relatório de EIA - Rascunho • Medições de ruído representativas do funcionamento normal. Os níveis contínuos equivalentes de ruído ponderados – A, LAeq, declarados pelo fornecedor da Central Flutuante representam correctamente o ruído da operação. • Níveis de ruído ambiente. Os níveis medidos no local são considerados típicos do ambiente, o que representa uma avaliação neutra do impacto do ruído. • Assumida a tecnologia de controlo de ruído actual. Nenhuma provisão é feita nas previsões do nível de ruído, para o aperfeiçoamento das técnicas de controlo de ruído ou medidas de mitigação que possam ser incorporadas ao projecto proposto, o que representa uma avaliação conservadora do potencial impacto do ruído. As Operações da Central Flutuante assumem-se como um processo em estado estacionário, isto é, as actividades são exercidas continuamente. O nível de ruído gerado é de 50 dB (A) a 100m, conforme declarado pelo fornecedor. O nível de ruído calculado é de 32 dB (A) a 800m, o ponto da área residencial a leste mais próxima. Uma vez que este valor é inferior ao valor limite diurno (50dB (A)) e nocturno (40 dB (A)) de ruído, não é provável que o ruído emitido a partir da Central Flutuante tenha qualquer impacto significativo sobre o ambiente de ruído nas habitações mais próximas. O impacto diurno e nocturno será de Significância Baixa. Avaliação do impacto Estatuto RASCUN HO Negativo Probabilidade Pouco Provável Extensão Local Duração Vida do Projecto Intensidade Baixa Significância Baixa Medidas de Mitigação Não se consideram necessárias medidas de mitigação, contudo o Operador do Projecto deve fazer manutenção regular do equipamento e geradores de energia para minimizar o ruído durante a fase de operação. ii. Conflitos sociais devido à presença de trabalhadores estrangeiros A Central Flutuante possui um número estimado de mão-de-obra composta por 52 trabalhadores, sendo na sua maioria estrangeiro. Alguns destes trabalhadores dormem dentro da Central Flutuante que possui acomodações destinadas para tal, e outros estão alojados na Cidade de Nacala. Os trabalhadores têm o direito de gozo dos seus dias de descanso em terra firme. 158 Relatório de EIA - Rascunho A presença de trabalhadores estrangeiros com vivências culturais diferentes, falando uma língua diferente poderá levar a ocorrência de conflitos sociais entre a população local e os que vêm de fora. Qualquer motivo de mau relacionamento, desrespeito dos costumes e tradições locais por desconhecimento, comportamentos anti-sociais por parte dos trabalhadores estrangeiros da Central Flutuante (como por exemplo, linguagem desrespeitosa, agressões verbais ou físicas, consumo excessivo de álcool, envolvimento com mulheres locais e reacções socialmente inadequadas perante uma reclamação, entre outros) poderão resultar em conflitos sociais entre estes e a população local. Os conflitos poderão também ser gerados internamente entre trabalhadores locais e estrangeiros motivados, de igual modo, pelas diferenças culturais e linguísticas. Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Altamente Provável Local Longo-prazo Alta Moderada RASCUN HO Com Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Moderada Baixa Medidas de Mitigação Conflitos com a Comunidade Local: • • • • Elaboração e difusão entre os trabalhadores estrangeiros de um Código de Conduta Social de acordo com as características culturais da população residente, garantindo que os trabalhadores respeitem e sigam os referidos códigos e prever a aplicabilidade de sanções por incumprimento do mesmo; Organização de pequenos encontros de indução com os trabalhadores não locais, com o objectivo de dar informações básicas sobre os usos e costumes locais e definir formas correctas de comportamento e relacionamento que estes devem ter com a população local; Estabelecimento de um Plano de Comunicação e de Procedimentos de Reclamação que serão implementados por um Representante do Projecto que estabelecerá a ligação entre o Projecto, os trabalhadores estrangeiros e a população local. Este representante, para além de saber falar a língua local, deverá estar bem familiarizado com o Projecto e ter conhecimentos na área de relações públicas de modo a ser capaz de intervir nos casos de conflitos sociais ou de apresentação de reclamações, sabendo como encaminhar ou solucionar as questões. 159 Relatório de EIA - Rascunho Conflitos internos entre trabalhadores: • • • • • Elaboração e disseminação entre os todos os trabalhadores da Central Flutuante, estrangeiros e locais, de um Código de Conduta Interno que preconize um ambiente de trabalho saudável e de respeito mútuo; Organização de pequenos encontros de indução com ambas as tipologias de trabalhadores, para fornecimento de informações básicas sobre os usos e costumes não só dos trabalhadores locais, mas também estrangeiros; Realização de acções de consciencialização junto a todos os trabalhadores contratados para que mantenham atitudes e comportamentos de respeito no local de trabalho; Estabelecimento de um Plano de Comunicação e de Procedimentos de Reclamação Internos que serão implementados no local de trabalho por Representante de Recursos Humanos do Projecto que estabelecerá a ligação e comunicação entre os trabalhadores da Central Flutuante. Este representante, para além de saber falar a língua local e português, deverá igualmente saber comunicar-se em inglês para permitir a comunicação com todos trabalhadores da Central Flutuante. Deverá ter também conhecimentos na área de relações públicas de modo a ser capaz de intervir nos casos de conflitos sociais ou de apresentação de reclamações, sabendo como encaminhar ou solucionar as questões. iii. Potencial aumento de ITS e HIV/SIDA no seio das comunidades locais e trabalhadores estrangeiros A presença de um grupo de trabalhadores estrangeiros contratados, na maior parte dos casos do sexo masculino, não acompanhados pelas suas famílias, com períodos longos de trabalho na Central Flutuante e auferindo salários relativamente altos em relação às condições de vida local, cria condições para que estes procurem contactos sexuais ocasionais com mulheres locais. Comportamentos de risco ou conhecimento insuficiente sobre as formas de prevenção de ITS e HIV/SIDA por parte dos trabalhadores do projecto poderão concorrer para a disseminação destas doenças em Nacala. RASCUN HO Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local Vida do Projecto Moderada Moderada Com Mitigação Negativo Pouco Provável Local Vida do Projecto Baixa Baixa Medidas de Mitigação • Realização de palestras sobre o HIV/SIDA com os trabalhadores, para sensibilização dos mesmos sobre as formas de transmissão de ITS e HIV/SIDA, incluindo comportamentos de risco/prostituição; 160 Relatório de EIA - Rascunho • • • • Em estreita coordenação com as autoridades da saúde a nível dos Centros de Saúde próximos à área do Projecto, realizar, em toda a área de influência do projecto, campanhas periódicas de sensibilização sobre ITS e HIV/SIDA, tendo como grupo-alvo as comunidades locais, com especial atenção às mulheres de vários grupos de idade; Elaboração e difusão a todos os trabalhadores, de um Código de Conduta Social que reforce questões comportamentais e sensibilização à transmissão de ITS e HIV/SIDA; Criação de mecanismos internos para garantir que o trabalhador não se abstenha de procurar e beneficiar de cuidados de saúde. Garantia de distribuição gratuita de preservativos, em locais de fácil acesso para os trabalhadores. iv. Diminuição da área disponível para a pesca no local de implantação de Central Flutuante A área onde actualmente se encontra ancorada a Central Flutuante era anteriormente usada pelas comunidades locais para a pesca. Com a implantação do projecto, a área tornou-se interdita para o desempenho da actividade pesqueira. Contudo, as comunidades locais, não apontam este impacto como tendo importância uma vez que toda a Baía de Nacala contínua disponível para a actividade pesqueira e os processos culturais e sociais não são significativamente alterados. A observação de campo mostrou pescadores com linhas e redes de arrasto a exercerem a sua actividade junto a Central, conforme ilustra a Figura 66 em baixa. Estes pescadores são provenientes de Nacala-Porto, dos varios centros de pesca localizados nas proximidades da Central. Assim o mesmo é considerado negligenciável não necessitando de medidas de mitigação. RASCUN HO Figura 66: Embarcações de pesca nas proximidades da Central 161 Relatório de EIA - Rascunho Avaliação do Impacto Estatuto Negativo Probabilidade Altamente improvável Extensão Local Duração Vida do projecto Intensidade Muito Baixa Significância Negligenciável v. Possibilidade de ocorrência de acidentes, doenças e fatalidades Durante o período de operação da Central existe potencial para ocorrência de impactos associados à saúde e segurança ocupacional, nomeadamente ocorrência de acidentes, doenças ocupacionais e fatalidades. Estes impactos seriam resultantes de actividades da Central Flutuante tai como manutenção de maquinarias, carregamento e descarregamento de combustível, movimentação das embarcações de apoio à Central Flutuante, entre outros. Alguns exemplos dos impactos acima referidos potencialmente associados ao projecto incluem os seguintes: • Acidentes de trabalho: estes podem ser ligeiros ou mais graves, os últimos resultando ou não em fatalidades. De um modo geral, acidentes de trabalho são susceptíveis de ocorrer dentro do espaço marítimo em que se encontra a Central Flutuante ou mesmo dentro da própria Central Flutuante. Podem estes ser no ambiente marítimo, incluindo por exemplo, colisão de embarcações auxiliares à Central Flutuante com embarcações de pesca durante manobras ou deslocação das mesmas, colisão ou danificação de artes de pesca durante a movimentação de embarcações, entre outros; dentro da Central Flutuante os acidentes poderiam estar ligados a actividades desenvolvidas pelos trabalhadores tais como tarefas de manutenção de maquinarias pesadas, mau manuseamento de resíduos perigosos, quedas, entre outros. • Doenças ocupacionais: é comum estas relacionarem-se com factores tais como sobre esforço, ou doenças/outros problemas musculoesqueléticos (por exemplo: relacionados com movimentos repetitivos, trabalho manual requerendo altos níveis de esforço, entre outros). Podem incluir-se também no grupo dos factores causadores de doenças ocupacionais causas tais como a exposição excessiva a níveis elevados de ruído, substâncias tóxicas, fumos ou gases. RASCUN HO 162 Relatório de EIA - Rascunho Estatuto Probabilidade Extensão Duração Intensidade Significância Avaliação do impacto Sem Mitigação Negativo Provável Local Vida do projecto Moderada Moderada Com Mitigação Negativo Pouco Provável Local Vida do projecto Baixa Baxa Medidas de Mitigação Impactos relacionados a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais estão ligados a observância de regras básicas de higiene e segurança no trabalho. • • • • • Obrigatoriedade de uso de Equipamento de Protecção Individual (EPI) adequado às actividades a realizar assim como a observância de períodos de repouso especificados para a tarefa em questão; Cumprimento do Procedimento de Equipamento de Protecção Pessoal já estabelecido pelo Proponente; Cumprimento do Plano de HSSE já estabelecido pelo Proponente; Estabelecimento de Procedimentos de Prevenção e Combate a Incêndios; Cumprimento do Plano de Resposta a Emergência e do Procedimento de Comunicação de Perigos quando necessário, já estabelecido pelo Proponente; Isolamento, sinalização e vigilância de áreas operacionais de risco; Formação dos trabalhadores para cada tarefa específica a ser desempenhada na Central Flutuante; Treino de indução e consciencialização sobre os riscos associados às tarefas a executar e sobre as formas de prevenção dos mesmos; Existência de equipamentos de primeiros socorros, bem como a existência de, pelo menos, duas pessoas, bem treinadas na sua utilização; Manutenção periódica dos equipamentos usados na Central Flutuante e pelos trabalhadores no executar de suas tarefas quotidianas; Realização de palestras rotineiras com os trabalhadores sobre aspectos ligados à gestão ambiental e de saúde e segurança ocupacional. Estas poderão ser ministradas pelo Responsável do Projecto ou Responsáveis por cada área de actividade sendo que deverão ser realizadas em línguas que permitam o seu entendimento por todos os trabalhadores da Central Flutuante (por exemplo, Macua, Inglês, Português). Realização de controlos médicos preventivos (tais como, exames pré-admissão, exames periódicos, exames de retorno ao trabalho pós afastamento por doença ou acidente de trabalho) e encaminhamento a cuidados médicos em caso de acidente ou doença ocupacional. RASCUN HO • • • • • • • Para caso de acidentes com embarcações não relacionadas com a Central Flutuante: • Estabelecimento e fiscalização de uma Zona de Segurança em volta da Central Flutuante onde seja proibida a circulação de embarcações diversas e pesqueiras que não estejam associadas as actividades rotineiras do Projecto; 163 Relatório de EIA - Rascunho • • • • 10.4. Nomeação de Vigilantes na Central Flutuante e embarcações auxiliares, para garantir o respeito pela Zona de Segurança; Cumprimento do Plano de Resposta a Emergências e do Procedimento de Comunicação de Perigos quando necessário, já estabelecidos pelo Proponente; Trabalho em coordenação com as autoridades portuárias, marítimas e pesqueiras para controlo e monitoria da movimentação de embarcações que não pertençam à Central Flutuante dentro da área em que esta se encontra instalada; Sensibilização das comunidades pesqueiras em relação ao trabalho do projecto e sobre as medidas de segurança a serem observadas. Impactos Associados a Eventos Não Rotineiros (Fugas e Derrames de hidrocarbonetos e Incêndios e Explosões) Antecedentes Os potenciais eventos não rotineiros associados as operações da Central Flutuante compreendem: • Fugas e Derrames de hidrocarbonetos (principalmente Heavy Fuel); e, • Incêndios e explosões. Embora a ocorrência destes eventos seja extremamente improvável, um evento desta natureza poderia resultar em impactos negativos graves e extensos, caso os hidrocarbonetos libertados entrarem nas águas perto da costa e nos habitats costeiros. RASCUN HO Fugas e Derrames O tanque de armazenamento de combustível da Central possui capacidade total de 4813m3. Um acidente catastrófico na Central Flutuante (como uma explosão) poderia resultar, teoricamente, num derrame de grande dimensão de Heavy Fuel a serem espalhados no mar (na prática, a Central Flutuante não está a operar com o tanque cheio de modo a deixar uma margem de segurança). Contudo, a probabilidade de um evento catastrófico desta natureza é muito baixa. O cenário mais provável seria um pequeno derrame de heavy Fuel durante o reabastecimento da Central Flutuante pelo navio de abastecimento de combustível. Incêndios/explosões Um incêndio/explosão pode ocorrer na Central Flutuante quando envolve hidrocarbonetos que podem inflamar-se. Os impactos no meio ambiente relacionados com este tipo de incidente 164 Relatório de EIA - Rascunho são, na sua maioria relacionados a derrames de combustível mas também possuem um efeito na qualidade do ar. Apesar de extremamente improváveis, um incêndio ou explosão poderá acontecer na Central Flutuante envolvendo hidrocarbonetos que poderão funcionar como ignição para esse tipo de evento. Os impactos no meio ambiente relacionados com este tipo de incidente são relacionados com os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores e população humana, podendo ainda haver um impacto na qualidade do ar e na flora e fauna marinha. Efeitos nas Componentes Ambientais Os efeitos de eventos não rotineiros resultam em grande parte do derrame/libertação de hidrocarbonetos. De forma a avaliar os potenciais impactos nas componentes ambientais, é importante compreender o destino dos derrames de Heavy Fuel no ambiente marinho, que dependem de vários parâmetros-chave, incluindo: • As características do derrame (por exemplo, o volume e a velocidade de libertação); e, • As condições oceanográficas. RASCUN HO Em geral, os efeitos directos dum derrame de hidrocarbonetos incluem a sufocação dos bentos, recifes de corais e tapetes das ervas marinhas, toxicidade pela ingestão e/ou inalação e aumento do nível de hidrocarbonetos na água e no ar. Os impactos indirectos incluem efeitos adversos nos predadores sa e/ou a destruição de habitats. Um derrame de hidrocarbonetos afectaria a qualidade da água marinha pelo aumento da concentração de hidrocarbonetos, devido aos componentes dissolvidos e pequenas gotículas de Heavy Fuel Oil. A significância de um derrame de heavy fuel irá variar de baixa, para derrames pequenos29, a alta para derrames de grande dimensão30. De acordo com National Strike Force Gulf Strike Team: An FOSC’s Guide to Environmental Response dos Estados Unidos, os derrames podem classificar-se da seguinte forma: 29 Entende-se por derrame de baixa significãncia aquele que pode ser controlado localmente com todo o material derramado contido no local de derrame. 30 Entende-se por derrame de elevada significância aquele que não pode ser controlado no local escapando da contenção. 165 Relatório de EIA - Rascunho Tabela 26: Classificação dos derrames Pequeno Médio Grande Costeiro < 2.5m³ ≤ 2.5m³ e ≤ 25 m³ > 25 m³ Em terra < 2.5m³ ≥ 0.25 m³ e ≤ 2.5m³ > 2.5m³ Nota: 1 galão = ±4litros e 1000 litros = 1m³ Avaliação do impacto Estatuto Negativo Probabilidade Pouco Provável Extensão Local Duração Vida do Projecto Intensidade Baixa Significância Derrame Pequeno – Baixa Derrame Grande – Alta Medidas de Mitigação RASCUN HO Planeamento • O Operador do Projecto possui um Plano de Resposta a Emergências que tem sido implementado em todas as centrais de energia (ver Anexo). O plano define responsabilidades e linhas de comunicação, o Centro de Resposta a Emergências (ERP). Define, igualmente, as situações de emergência e respectivas acções, contemplando diferentes cenários. Este plano está a ser implementado pela Central Flutuante ancorada na Baía de Nacala. • O Operador do Projecto possui também um Plano de Gestão de Derrames de Hidrocarbonetos (OSMP) que deve ser seguido em caso de qualquer tipo de derrame (ver Anexo). Trata-se de um documento abrangente que cobre procedimentos de resposta necessários, juntamente a organização de respostas (ou seja, papéis e responsabilidades). Actividades de resposta e recuperação são detalhadas no plano. Este plano está a ser implementado pela Central Flutuante ancorada na Baía de Nacala. • No caso de libertação significativa de petróleo, uma estimativa exacta do volume de derrame assim como a localização e movimento é essencial para providenciar dados preliminares para o plano e para operações de limpeza. Gerar a estimativa o quanto antes possível auxiliará na determinação do equipamento e pessoal necessário; potencial ameaça sobre a linha costeira e/ou áreas sensíveis assim como impactos ecológicos e a necessidade de armazenamento e disposição dos materiais recuperados. 166 Relatório de EIA - Rascunho • Em caso de derrame de petróleo, o equipamento de resposta encontra-se disponível no navio para uso imediato de modo a conter e limpar o derrame. Diferentes técnicas de resposta são realizadas, cumulativa ou separadamente. O Plano de Gestão de Derrames reconhece a dependência das respostas às condições metereológicas existentes (principalmente ventos), sendo estas tomadas em consideração de modo a assegurar a eficácia de diferentes opções de limpeza caso ocorra um derrame. Prevenção Assegurar que a Central Flutuante obedeça ao seguinte: • Certificação internacional e aprovação das autoridades moçambicanas; • Boas condições operacionais e serviços de manutenção periódicos, de acordo com um plano de manutenção; • Dispor de um OSMP/ERP para (i) derrames de hidrocarbonetos e químicos; (ii) incêndios explosões; e (iii) derrames de diesel ou dos depósitos de combustíveis; • Dispor de pessoal treinado para resposta de emergência em função das operações que realizem; • Dispor de informação actualizada sobre o estado do tempo na área; • Manter os depósitos de combustíveis tapados, não muito cheios, devidamente rotulados, e válvulas fechadas entre os depósitos de combustíveis interligados; • Assegurar que os tubos e mangueiras estejam devidamente conectados, fechados e em boas condições, em conformidade com o Protocolo de Fornecimento e Manuseamento de Combustives já estabelecido pelo Operador do Projecto (Anexo); • Monitorizar os níveis dos tanques ao longo de todo a fase de operação o programa; • Disponibilizar “almofadas” absorventes perto da área onde derrames possam ocorrer; • Realizar operações de transferência apenas quando as condições meteorológicas forem boas; • Assegurar que as mangueiras de transferência de combustível do navio de abastecimento de combustível possuem as características necessárias para este tipo de operação (espessura, comprimento, etc) em conformidade com o Protocolo de Fornecimento e Manuseamento de Combustíveis do Operador do Projecto (Anexo); • Se possível, realizar operações de transferência de combustível apenas durante o dia; • Realizar transferência sob condições favoráveis de vento e de marés, que possam garantir que, caso ocorra um derrame, este seja dispersado para longe de habitats sensíveis; • Enviar sinais de advertência antes do início das operações de transferência; e, RASCUN HO 167 Relatório de EIA - Rascunho • Durante as operações de transferência, manter uma comunicação eficaz entre o navio de abastecimento e a Central Flutuante e monitorizar a transferência. Resposta • Informar imediatamente as autoridades portuárias em caso de incidente ou acidente que possa resultar em derrame; • Os procedimentos de resposta devem estar estabelecidos no Plano de Gestão de Derrames de Hidrocarbonetos e no Plano de Resposta a Emergências já estabelecidos pelo Operador do Projecto específicos para o local; • Limitar o derrame na fonte ao máximo possível, e guardar ou recuperar o material antes que este atinja recursos costeiros ou marinhos; • Reportar todos os derrames e perdas de acordo com o Plano de Gestão de Derrames de Óleo e o Plano de Resposta á Emergência já estabelecidos pela Operador do Projecto. • Deverão ser realizadas acções de limpeza caso os hidrocarbonetos atinjam a costa; RASCUN HO 168 Relatório de EIA - Rascunho 11. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A produção de electricidade pela Central Flutuante teve início em Março de 2016, antes da conclusão do processo de AIA, visando reagir ao défice significativo de fornecimento de energia eléctrica na Zâmbia e na região Centro – Norte do País. Os resultados do EPDA haviam já identificado a inexistência de quaisquer questões fatais e/ou impactos de significância suficientemente alta para resultar na inviabilização do projecto. O Projecto da Central Flutuante tem uma duração de somente 2 anos (a Central Flutuante encontra-se já ancorada e a operar na área portuária de Nacala) razão pela qual a duração de grande parte dos impactos identificados, é de carácter temporário (durante ociclo de duração do projecto que é de 2 anos). A significância de todos os potenciais impactos negativos identificados, após a aplicação das medidas de mitigação recomendadas, é baixa ou negligenciável. Os impactos mais significativos da Central Flutuante estão principalmente relacionados com o seguinte: • • • • • • • • • • • • Qualidade do ar e emissões de GEE; Redução na qualidade da água devido à descarga de resíduos sólidos Perturbação das populações por ruídos e luminosidade; Mudanças comportamentais ou afugentamento de cetáceos, tartarugas marinhas, peixes, cafalópedes e outros invertebrados marinhos devido ao ruído subaquático da operação da Central Flutuantee do tráfego de embarcações de apoio; Morte ou ferimento de cetáceos e tartarugas marinhas por colisão com embarcações de apoio; Introdução e proliferação de espécies invasoras trazidas nas embarcações de apoio e águas de lastro provenientes de outras regiões; Redução da qualidade da água do mar na Baía e desequilíbrios ecológicos causados pela adição de compostos orgânicos ou poluentes da descarga de águas de porão e esgotos sanitários; Degradação de habitats costeiros e marinhos e mortalidade de animais associados a estes, causados por derrames de combustível; Presença de trabalhadores de fora do local, com potencial para geração de conflitos sociais; Potencial proliferação de ITS e HIV/SIDA; Conflitos entre pescadores e operadores da Central; e, Potenciais risco de acidentes e doenças ocupacionais RASCUN HO Eventos não rotineiros associados com as operações da Central Flutuante tais como fugas e derrames, incêndios e explosões e colisões com outros navios são pouco prováveis. Contudo, este tipo de incidentes, caso ocorra, pode resultar em impactos negativos, ecológicos e socioeconómicos, mais significativos associados à contaminação por hidrocarbonetos libertados. Contudo, o Operador do Projecto possui uma série de planos e procedimentos, de acordo com legislação internacional aplicável que estão já a ser implementados. Estes incluem planos de 169 Relatório de EIA - Rascunho saúde, segurança e ambiente, planos de resposta a emergências, procedimentos para equipamentos de protecção pessoal, procedimentos de comunicação de perigos, planos de gestão de derrames de hidrocarbonetos e gestão de resíduos, entre outros.. De uma forma geral, os impactos positivos do projecto, principalmente associados ao melhoramento das condições de vida da população e ao crescimento económico, sobrepõemse aos impactos negativos, tornando este projecto viável em termos ambientais e socioeconómicos. Recomenda-se o seguinte: a. Implementação das medidas recomendadas no Plano de Gestão Ambiental b. Designação de um Responsável Ambiental e Social, que fale tanto o Português quanto a língua local, para supervisionar a implementação do PGA e estabelecer a ligação com as comunidades locais e pescadores c. Auditorias periódicas (semestrais no 1º ano de operação e no segundo ano 1 auditoria regular e uma auditoria de encerramento) para verificação da conformidade do operador, com as recomendações do PGA e procedimentos da legislação aplicável; RASCUN HO 170 Relatório de EIA - Rascunho 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ameer Abdulla, PhD, Olof Linden, PhD (editors). 2008. Maritime traffic effects on biodiversity in the Mediterranean Sea: Review of impacts, priority areas and mitigation measures. Malaga, Spain: IUCN Centre for Mediterranean Cooperation. 184 pp. Berggren, P. e P. Coles (2009). Whales and dolphins: a field guide to marine mammals of East Africa. 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