Cupins Subterrâneos

Transcrição

Cupins Subterrâneos
Cupins Subterrâneos: Métodos de Controle
Introdução
As principais estratégias de controle de cupins serão apresentadas a seguir. É interessante frisar, neste
momento, que os dados apresentados a seguir visam orientar o consumidor para que possa estar ciente
do problema que está enfrentando. O uso de alguns produtos para o controle de cupins é restrito a
entidades especializadas e, mesmo produtos de venda livre devem ser manipulados com segurança por
profissionais que conheçam o seu ofício. Recomendamos que, após compreendido o tipo de tratamento
que será necessário fazer, seja solicitado um orçamento para controle de uma empresa especializada no
controle de pragas urbanas. O ponto mais importante na contratação de uma empresa profissional é a
certeza de estarem utilizando as ferramentas corretas para fazer o controle, com toda a segurança para
os moradores ou frequentadores da estrutura tratada e os termos de garantia de controle.
CONTROLE DE CUPINS SUBTERRÂNEOS
Como vimos anteriormente, cupins subterrâneos necessitam de umidade para sobreviver e por causa
disto colônias são geralmente encontradas no solo. Os operários deixam a colônia em busca de
alimentos retornando à colônia para alimentar outras castas (soldados, reprodutores alados, rei e rainha)
e em busca de umidade. A necessidade de umidade é uma característica que pode, assim, ser utilizada
para ajudar no controle destes insetos.
Por outro lado, locais onde pisos de madeira ou outras estruturas de madeira encontram-se em contato
constante com o solo úmido, provêem fácil acesso entre o local da colônia e a fonte de alimento.
Alterações mecânicas, incluindo eliminação de pontos de contato da madeira com o solo, substituição de
madeira ou objetos atacados, remoção de restos de celulose e redução do excesso de umidade na
estrutura podem também ajudar no controle de infestações de cupins.
Quatro estratégias básicas devem ser consideradas para se controlar cupins subterrâneos:
a. Alteração mecânica
b. Tratamento de Solo
c. Tratamento da Madeira
d. Uso de Iscas
Alterações Mecânicas
Chamamos de alterações mecânicas qualquer medida que faça com que a estrutura fique menos
susceptível ao ataque de cupins. Estas medidas podem incluir:
a. Alterações estruturais feitas com o objetivo de se evitar o acesso de cupins ao
alimento ou à umidade. Neste caso, assumimos que a estrutura já esteja construída, não
restando outra alternativa senão corrigir situações que levem à proliferação da população
de cupins, como corrigir pontos de umidade, vãos estruturais, etc.
b. Instalação de barreiras mecânicas (como chapas metálicas), para impedir a entrada
de cupins.
c. Remoção de entulhos de celulose ou excesso de umidade do ambiente, corrigindo-se
canos com problemas de vazamento, paredes com problema de impermeabilização,
pontos de drenagem no terreno, etc.
d. Criação de mecanismos que facilitem a inspeção de áreas críticas ou vulneráveis da
estrutura. Como por exemplo, portas de acesso a caixões perdidos em edifícios, porões
ou telhados de casas.
Tratamento de Solo ou Barreira Química
A seta branca acima mostra onde são feitos os furos para o tratamento do solo, para o controle de cupins subterrâneos, de maneira a formar
uma barreira química contra a entrada destes insetos. Em cinza é mostrado o piso e em marrom, a parede da estrutura
No caso de cupins de madeira seca, sugerimos o tratamento direto da madeira atacada, procurando
injetar o cupinicida nas galerias que formam o ninho do cupim que, como vimos encontra-se restrito à
peça atacada. O tratamento, neste caso, é efetivo para o controle da infestação.
No caso de cupins subterrâneos, a colônia encontra-se fora do local de ataque. Desta maneira o
tratamento da peça atacada não é suficiente para controlar a infestação, pois os cupins simplesmente
podem passar a atacar outro local ainda não tratado.
Desta maneira, duas alternativas podem ser adotadas: o uso de uma barreira química ao redor da
estrutura e o uso de iscas colocadas no solo.
A barreira química nada mais é do que o tratamento do solo imediatamente adjacente à estrutura com o
objetivo de evitar com que o cupim encontre frestas de acesso à mesma, havendo necessidade de ser
tratar tanto o solo abaixo da estrutura (interior) quanto ao solo ao seu redor (exterior), próximos à
fundação da estrutura.
As intervenções necessárias para se fazer este tratamento em estruturas envolvem um trabalho
intensivo, apresentando muitas vezes necessidade de se furarem pisos e paredes. Desta maneira, as
melhores oportunidades para se tratar cupins aparecem durante as reformas de imóveis, quando têm-se
maior liberdade para realizarem-se as intervenções necessárias. Outra oportunidade a ser considerada é
tratar o solo antes do imóvel ser construído, prevenindo-se assim futuros ataques.
Aplicações no Exterior da Estrutura
Quando o acesso ao solo é fácil, pode se fazer uma trincheira para o tratamento do exterior da estrutura.
Este método envolve cavar uma trincheira ao longo do perímetro externo da fundação e então colocar a
solução com o cupinicida na dose 5 litros por metro linear para cada 30 centímetros de profundidade da
sapata. O solo é recolocado na trincheira a medida que é colocado o cupinicida, de modo a ser
igualmente tratado. A trincheira deve ser cavada em um ângulo tal que forme uma cunha contra a
fundação. Desta maneira, a solução cupinicida tenderá a se depositar próximo à estrutura e não longe
dela. A largura da trincheira deve ser de cerca de 15 centímetros enquanto que a profundidade irá
depender da profundidade da sapata. Uma trincheira deve ser cavada tão profundamente o possível para
atingir o topo da sapata. Em alguns casos, pode ser interessante que a trincheira seja preenchida com
um pouco mais de terra tratada de maneira a evitar que aja acúmulo de água próximo ao perímetro
externo da estrutura.
Exemplo de uma trincheira feita com o objetivo de se formar uma barreira química ao redor da estrutura.
O uso de trincheiras é limitado a sapatas com uma profundidade de no máximo 45 centímetros. Sapatas
mais profundas exigem que se injete o produto no solo para que ele possa penetrar em todo o perfil a ser
tratado. Esta técnica envolve a colocação do produto, sob pressão, através da superfície do solo, com
um equipamento injetor direcionado ao topo da sapata. Sempre quando possível, a trincheira deve ser
usado em conjunto com a injeção de solo. A trincheira ajuda a prevenir que a calda aplicada saia da área
tratada. O injetor deve ser inserido cerca de 15 centímetros de distância da estrutura, formando um
pequeno ângulo com o solo de modo a se aproximar da sapata. Este procedimento, assim como no
ângulo da trincheira, ajuda para que o produto se mantenha próximo à estrutura da casa. O injetor deve
ser inserido a intervalos regulares de 30 centímetros no solo e a solução cupinicida deve ser aplicada a
razão de 5 litros por metro linear para cada 30 centímetros de profundidade. Como no método da
trincheira, o solo retirado do local deve ser tratado com a solução cupinicida quando é colocado de volta.
Aplicações no Interior da Estrutura
Para se atingir o outro lado da fundação, é necessário tratar o solo abaixo da estrutura, injetando-se o
produto através do piso de cimento, no interior da estrutura. O tratamento de solo no interior da estrutura
só é possível com o estabelecimento de furos verticais através do cimento próximo às paredes
estruturais.
O tratamento apropriado de estruturas de cimento envolvem a aplicação da solução cupinicida em áreas
onde os cupins podem entrar na estrutura através do cimento, através de juntas de expansão, falhas no
cimento e aberturas através de encanamentos de água ou elétricos.
Quando um piso de cimento impede o acesso ao solo para o estabalecimento de uma barreira química ao redor, ou dentro de uma estrutura,
é necessário furá-lo para a posterior injeção do produto através dos furos.
Nestes casos, a solução cupinicida é também aplicada na dose de 5 litros de calda por metro linear de
perímetro, para cada 30 centímetros de profundidade da sapata. As perfurações são usualmente feitas
de 30 a 45 centímetros de distância uma das outras, dependendo do tipo de solo e grau de compactação
e a cerca de 7 centímetros das paredes estruturais.
O tratamento do interior de construções com estrutura de cimento envolve riscos específicos por causa
da presença de encanamentos que podem atravessar o piso, tanto de gás, quanto de água ou até
mesmo tubulações elétricas. Estas tubulações podem ser danificadas por ocasião da perfuração do piso
para a aplicação do produto.
Por causa dos riscos inerentes ao tratamento, como mencionamos acima, o controle de cupins
subterrâneos requer obrigatoriamente a contratação de uma empresa especializada para a realização do
serviço. Não obstante, todos os cupinicidas registrados para este fim são de uso profissional, podendo
apenas serem manipulados por empresas especializadas.
A necessidade de furos em toda a estrutura é um trabalho intensivo e muitas vezes de difícil
orçamentação o que faz com que, muitas vezes, a empresa responsável não o considere como parte do
tratamento de cupins subterrâneos. Este procedimento pode levar a um tratamento incompleto e
posterior reincidência do ataque de cupins naquela estrutura. Assegurar-se que a empresa fará um
tratamento correto da estrutura é imprescindível para o efetivo controle deste cupim, assim como
selecionar uma empresa devidamente capacitada para a realização deste serviço.
Iscas
A tecnologia de iscagem para o controle de cupins subterrâneos está sendo comercializada nos Estados Unidos da América desde 1995. No
Brasil ainda não temos uma isca registrada pelo Ministério da Saúde. A foto acima ilustra dois passos de uso do Sistema Sentricon*, da Dow
AgroSciences: a isca, à esquerda e a estação de solo, à direita. Este é um dos sistemas registrados nos Estados Unidos.
O uso de iscas para cupins subterrâneos é comum nos Estados Unidos, onde foram lançadas há mais de
3 anos. No Brasil ainda não existem iscas registradas para o controle de cupins. Por este sistema, os
cupins operários se alimentam em um material celulósico que contém o ingrediente ativo tóxico e, sem
perceberem, distribuem o produto por toda a colônia ao alimentarem outros indivíduos.
Tratamento de Madeira
O tratamento das madeiras infestadas, conforme mencionamos acima, é apenas de carácter paliativo
quando se trata de cupins subterrâneos. No entanto, quando a infestação é aparente e deseja-se
eliminar os cupins que circulam pelas madeiras, o tratamento através da injeção de produtos, conforme
mencionamos para cupins de madeira seca, pode ser utilizado. No entanto, deve-se ter em mente que o
tratamento da madeira já colocada na estrutura é sempre limitado, deixando-se sempre pontos sem
tratamento que poderão ser infestados pelo cupim posteriormente.
No caso de cupins subterrâneos, o uso de madeiras já tratadas durante a construção ou reforma de uma
determinada estrutura, seja ela para fins residenciais ou comerciais, deve ser priorizado como uma
estratégia de prevenção dos ataques futuros. Isto não impedirá o cupim de entrar na estrutura, como já
vimos. Mas com certeza diminuirá os danos que ele possa causar, evitando com que consuma a madeira
tratada.
O estabelecimento de uma barreira contínua ao redor da estrutura definitivamente impede a entrada
destes cupins por um certo período de tempo.
_____
Texto publicado com autorização do Eng.Agr. Marcos Potenza, Pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo.

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