Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente à Serviço da Vida

Transcrição

Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente à Serviço da Vida
Giselle Medeiros da Costa One
Helder Neves de Albuquerque
(Organizadores)
SIMPÓSIO PARAIBANO DE
SAÚDE:
Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente
à Serviço da Vida
João Pessoa-PB
2012
0
Giselle Medeiros da Costa One
Helder Neves de Albuquerque
(Organizadores)
SIMPÓSIO PARAIBANO DE
SAÚDE:
Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente
à Serviço da Vida
João Pessoa - PB
Impressos Adilson
2012
1
INSTITUTO BIOEDUCAÇÃO
Diretor Presidente
Helder Neves de Albuquerque
Coordenação do Evento
Giselle Medeiros da Costa One
Revisão Final
Giselle Medeiros da Costa One
Designer da Capa
José da Silva Barbosa
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFPB
S612
Simpósio paraibano de saúde: tecnologia, saúde e meio ambiente à
serviço da vida [recurso eletrônico] / Giselle Medeiros da Costa One
e Helder Neves de Albuquerque (Organizadores). - - João Pessoa:
Impressos Adilson, 2012.
217 p.
ISBN 978-85-60643-18-9
1. Ciências Médicas. 2. Saúde - Meio Ambiente. I. One, Giselle
Medeiros da Costa. II. Albuquerque, Helder Neves de.
UFPB/BC
CDU: 61
Esta obra tem o incentivo e apoio da Coordenação de Eventos do Instituto Bioeducação
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Impresso no Brasil / Printed in Brazil
2
COMISSÃO CIENTÍFICA
Alana Moura Quintans
Ednice Fidelles Cavalcante Anízio
Eduardo Porto dos Santos
Esther Pereira da Silva
Flávio William Brito
Geovanna Torres de Paiva Bandeira
Jéssica Bezerra dos Santos Rodrigues
Noádia Priscila Araújo Rodrigues
Maria Emília Evaristo
Raquel Patrícia Ataíde Lima
Ronilson José da Paz
Sócrates Pereira Ferreira
3
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Campina Grande - PB - Fone: (83) 3341-2500 endereço
Impresso no Brasil
2012
4
Aos participantes do
SIMPÓSIO PARAIBANO DE SAÚDE
pelos esforços e dedicação
na execução das atividades.
5
Os analfabetos desse século
não são aqueles que não sabem ler ou escrever,
mas aqueles que se recusam
a aprender, reaprender
e voltar a aprender.
Alvin Toffler
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LISTA DE PALESTRANTES
Sábado 08/12/12
“Dermatoses corriqueiras: diagnóstico e conduta”
Dr. João Luiz Costa Cardoso - Dermatologista / Médico do Instituto Butantan
Graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (1970), residência em Dermatologia
na mesma escola, Hansenologista, Sanitarista. Toxinologista clínico no Hospital Vital Brazil do
Instituto Butantan desde 1974 e dermatologista na Santa Casa de Ubatuba. Interesse em
Dermatologia Tropical, clínica dos envenenamentos por toxinas; Políticas de Saúde nestas
áreas. Médico assessor da Fundação de Medicina Tropicl do Amazonas (FMTAM) na área de
atendimento clinico ao Ofidismo (2010/2011). Tem participado de grupos de trabalho,
investigação clínica e capacitação de pessoal na área dos Acidentes por Animais
Peçonhentos. Assesor ad hoc do Ministério da Saúde na elaboraçao/atualização de normas
técnicas na sua área de competência Há cerca de 10 anos dedicando-se a estudos
atedimento dos casos de Leishmaniose Tegumantar Americana(LTA) no litoral norte de
SPaulo (Ubatuba). Desenvolve trabalhos de documentação e estudos dos aspectos
dermatológicos dos acidentes humanos por toxinas e outros produtos animais. Interesse em
História da Medicina no Brasil ; Numismática e Saúde.
“Saúde e Meio Ambiente”
Msc. Ronilson José da Paz - Biólogo, Mestre em Ciências Biológicas/IBAMA-PB
Possui graduação em Ciências Biológicas, nas habilitações Bacharelado e Licenciatura Plena,
pela Universidade Federal da Paraíba (ambas em 1989) e mestrado em Ciências Biológicas
(Zoologia), também pela Universidade Federal da Paraíba (1997). Atualmente, é Servidor
Público Federal, exercendo o cargo de Analista Ambiental e a função de Superintendente
Substituto, no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, lotado na Superintendência em João Pessoa (Paraíba), e Servidor Público Estadual,
exercendo o cargo de professor de ensino fundamental e médio, das disciplinas Ciências e
Biologia, lotado também em João Pessoa. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase
em Ecologia Aplicada (Limnologia), atuando principalmente nos seguintes campos de
pesquisa: ecologia de ecossistemas de água doce (limnologia), entomologia e malacologia de
parasitos e vetores, toxicologia aquática, ensino de Biologia, Educação Ambiental e ensino de
Ciências.
“Aplicações da Biotecnologia na Saúde”
Msc. Rodrigo Niskier Ferreira Barbosa – Biomédico/Mestre em Genética e
Biologia Molecular/Membro do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-FIP)
Possui graduação em Biomedicina pela Universidade Federal de Pernambuco (1999-2003),
especialização em Biologia Molecular pela Universidade de Pernambuco (2004-2006) e
Mestrado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (2005-2007). Atuou em pesquisas envolvendo polimorfismos genéticos, bioinformática,
biossegurança e genética de populações. Atua como docente nos cursos de Biomedicina e
Nutrição na instituição de ensino superior FIP (Faculdades Integradas de Patos, Patos-PB)
onde leciona as disciplinas de Biologia Molecular, Genética Médica, Biologia Celular e
Molecular e Instrumentação Biomédica. É membro do comitê de ética em pesquisa (CEP-FIP),
supervisor de estágio curricular e coordenador do núcleo de pesquisa experimental. Ministra
palestras nas áreas de biologia molecular, genética, genética forense, diagnóstico molecular,
biosseguranca, gestão e qualidade em saúde, nutrigenômica e outros relacionados. Orienta
alunos de graduação em temas diversos, principalmente nas áreas de genética e biologia
molecular. Em 2011 completou 4 anos e meio de experiência no ensino superior.
7
“Plantas medicinais em Odontologia”
PhD. Fabio Correia Sampaio – Professor de Odontologia da UFPB/Pesquisador
colaborador do Academic Centre for Dentistry
Possui graduação em Odontologia pela Universidade Federal da Paraíba (1986), mestrado
em Odontologia (Odontologia Social) pela Universidade Federal Fluminense (1992),
doutorado em Cariologia pela Universidade de Oslo, Noruega (2000) e pós-doutorado pela
Universidade de São Paulo (USP-Bauru) e Universidade Técnica da Dinamarca (Lyngby).
Atualmente é professor associado II da Universidade Federal da Paraíba. Pesquisador
colaborador do Academic Centre for Dentistry (Amsterdam, Holanda). Membro do Comitê de
Ética em Pesquisa da UFPB. Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em
Cariologia, Bioquímica e Microbiologia. Atua principalmente nos seguintes temas: flúor,
fluorose dentária, desfluoretação, cárie dentária, microbiologia (biofilmes, antimicrobianos e
atividade quorum sensing), fitoterapia e farmacognosia.
LISTA DE PALESTRANTES
Domingo 09/12/12
“Biossegurança Aplicada à Pesquisa Científica”
Dr. Jorge Luiz Silva Araújo Filho – Doutor em Ciências Biológicas/Consultor
Regional da ANBIO – Associação Nacional de Biossegurança
Doutor em Ciências Biológicas pela UFPE (2011) possui graduação em Bacharelado em
Ciências Biológicas (UFPE, 2003) e mestrado em Patologia (UFPE, 2006). Têm experiência
na área de Saúde, com ênfase na pesquisa em Biologia Celular, Histologia e Embriologia,
Alterações Patológicas em Células e Tecidos (grupo de pesquisa GP3), atuando como
professor e consultor em Biossegurança e com experiência docente nos seguintes temas:
Biossegurança, Histologia, Embriologia, Biologia Celular, Metodologia Científica e Saúde
Ambiental.
MESA REDONDA: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Coordenadora: Luciana Martinês Vaz
Educador Físico: Eduardo Porto dos Santos
Nutricionista esportista: Sebastião José Filho

Nutricionista: Luciana Martinês Vaz
Mestre em Ciências da Nutrição pela UFPB. Nutricionista do Hospital Universitário. Docente
da UNPBFPB e da FCMPB. Delegada do Conselho Regional de Nutricionistas da 6ª Região.

Educador Físico: Eduardo Porto dos Santos
Mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade Federal da Paraíba, onde investigou os
efeitos da suplementação de Ômega-3 no processo inflamatório e dano muscular induzido por
estresse físico. Tem atuado na pesquisa dos mecanismos envolvidos no exercício físico
induzindo dano muscular, processo inflamatório e Overtraining.
8

Nutricionista esportista: Sebastião José Filho
Possui graduação em Nutrição pela Universidade Federal da Paraíba (1983). Atualmente é
professor da Faculdade Maurício de Nassau. Tem experiência na área de Nutrição, com
ênfase em Nutrição, atuando principalmente nos seguintes temas: atividade física,
alimentação, hipertensão arterial, avaliação nutricional e massa muscular.
“O cuidar por você e pelo outro”
Msc. Edenice Fidelles Cavalcante Anízio
Enfermeira, psicopedagoga clínica e institucional. Mestre em Espiritualidade e Saúde – UFPB.
Doutoranda em Educação/Neurociência – FSCG. Docente da FACENE e IFPB. Pesquisadora
de grupos de estudos Hígea – UFPB.
9
SUMÁRIO
PREFÁCIO................................................................................................................................................12
CAPÍTULO I - BIOTECNOLOGIA E BIOLOGIA MOLECULAR TERAPIA GÊNICA
1. Nanotecnologia na alimentação.................................................................................................................................14
2. Terapia Gênica: Tratamento com introdução de material genético..........................................................20
3. Genética da intolerância à lactose...........................................................................................................................25
4. Vacinas Gênicas: artigo de revisão........................................................................................................................30
5. A biologia molecular favorecendo atletas............................................................................................................34
CAPÍTULO II - ONCOLOGIA
6. Uso de glutamina no tratamento do câncer...................................................................................40
7. Medidas de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero...........................................45
CAPÍTULO III - EPIDEMIOLOGIA
8. Epidemiologia e estratégias de controle de DST no Brasil............................................................50
CAPÍTULO IV – EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOLOGIA DO ESPORTE, TREINAMENTO
E ATUAÇÃO EM SAÚDE
9. Exercício físico e ingestão calórica..................................................................................................56
CAPÍTULO V – ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
10. Conhecimento e práticas quanto às opções do tratamento da hipertensão arterial no idoso .......................62
CAPÍTULO VI – SAÚDE E MEIO AMBIENTE
11. Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido
nordestino: sua relação com diarréias.................................................................................................68
12. O descarte de Resíduos da Construção e Demolição (RCD) no município de João Pessoa-PB:
implicações à saúde pública................................................................................................................74
13. Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão
paraibano..............................................................................................................................................80
CAPÍTULO VII – NUTRIÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR
14. A importância da alimentação no processo de cicatrização de feridas.....................................88
15. Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não Transmissíveis em
estudantes de uma faculdade particular de João Pessoa-PB...........................................................93
16. Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de
Cabedelo-PB...........................................................................................................................................100
17. Prevalência de anemia em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de
Cabedelo-PB.........................................................................................................................................106
18. Perfil nutricional de fumantes do projeto multidisciplinar do hospital Universitário de
Campina Grande-PB.............................................................................................................................112
CAPÍTULO VIII – SAÚDE DA MULHER
19. Câncer de mama e qualidade de vida: Artigo de revisão...........................................................118
10
CAPÍTULO IX-BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS
20. Conhecimento dos estudantes de nutrição acerca dos produtos diet e light...........................124
21. Panificação: uma visão bioquímica.............................................................................................129
22. Ácidos graxos trans: alerta na sua ingestão e de olho nas possíveis Consequências.............134
23. Estabilizantes alimentares: efeitos desejáveis nos alimentos..................................................139
24. Bebidas energéticas: benefício ou malefício?............................................................................144
25. Azeite e seus benefícios...............................................................................................................149
26. Glutamato monossódico..............................................................................................................153
27. Corantes alimentícios: naturais x artificiais..............................................................................158
28. Probióticos: a importância na ingestão diária e seus benefícios na atividade física.............163
29. A visão bioquímica do sorvete....................................................................................................167
CAPÍTULO X - GENÉTICA HUMANA
30. Síndrome de Rett: artigo de revisão....................................................................................................174
31. Síndrome de Williams-Beuren: artigo de revisão...............................................................................179
32. Síndrome do Miado do Gato: artigo de revisão....................................................................................182
33. Síndrome de Prader–Willi: artigo de revisão...............................................................................................188
34. Anemia Falciforme: artigo de revisão....................................................................................................192
CAPÍTULO XI – SAÚDE ANIMAL
35. Levantamento epidemiológico de enfermidades infecciosas de caráter urbano que
comprometem a saúde pública, no município de João Pessoa-PB...................................................199
36. Casos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) no município de João Pessoa-PB..................202
37. Casos de Raiva Animal no Estado da Paraíba.........................................................................................206
CAPÍTULO XII – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
38. Programa de Educação e Assistência Nutricional (PROANUTRI): uma vivência em extensão ....................... 211
11
PREFÁCIO
É com grande satisfação e orgulho que apresento a publicação dos Anais
do I SIMPÓSIO PARAIBANO DE SAÚDE (I SIMPS) intitulado “Tecnologia, Saúde
e Meio Ambiente à Serviço da Vida”. Satisfação de poder compartilhar com um
grupo de professores e pesquisadores competentes e que conduziu os trabalhos de
avaliação das propostas de forma cordial e eficiente e orgulho em ver a
consolidação crescente da pesquisa na área da saúde no nosso Estado.
O SIMPÓSIO PARAIBANO DE SAÚDE tem como público alvo estudantes e
profissionais da área saúde e áreas afins e tem como objetivo de proporcionar, por
meio de um conjunto de palestras, mesa redonda e apresentações de trabalhos,
subsídios para que os participantes tenham acesso às novas exigências do
mercado e da educação no contexto atual. E ao mesmo tempo, reiterar o intuito
Educacional, Biológico e Ambiental de inserir todos que formam a Comunidade
Acadêmica para uma Educação Sócio-Ambiental para a Vida.
Esse evento de natureza interdisciplinar e de múltiplos enfoques
promoveu discussões, por meio da ciência e da técnica, produzindo o saber
necessário para compreender e suprir as necessidades e/ou satisfazer os
interesses básicos das mais diversas espécies, neste sentido, os artigos nos anais
foram agrupados pelos eixos temáticos, a saber: Biotecnologia e Biologia
molecular, Genética, Bioquímica, Microbiologia, Anatomia e Fisiologia humana,
Nutrição, Saúde e Segurança Alimentar, Oncologia, Epidemiologia, Educação
física: Fisiologia do esporte, Treinamento, Administração em saúde, Fisioterapia,
Saúde mental e psicologia, Saúde e Meio Ambiente, Ecologia humana e saúde.
Assim, o presente volume não é apenas uma destacada contribuição aos
estudos, é um exemplo da expansão das temáticas e das instituições de estudos,
com enfoque específico para saúde.
Parabenizo a todos os autores pela escolha do evento como fórum de
publicação para seus trabalhos e a todos os participantes que promovem esta
Comunidade.
Também parabenizo a todas as instituições e organizações que apoiaram
a realização deste evento, tornando-o possível.
Finalmente, este simpósio não seria possível sem os esforços das várias
pessoas envolvidas em sua organização. Deste modo, parabenizo a todo o comitê
organizador do I SIMPS 2012 e a todas as pessoas que contribuíram para o
sucesso deste evento.
Luciana Maria Martinez Vaz
Nutricionista do HULW/UFPB/PB
Mestre em Ciências da Nutrição
Docente da UNPBFPB
Docente da FCMPB
Membro do CONSEA/PB
Delegada do CRN6/PB
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Capítulo I
BIOTECNOLOGIA E BIOLOGIA
MOLECULAR TERAPIA GÊNICA
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Nanotecnologia na Alimentação
NANOTECNOLOGIA NA ALIMENTAÇÃO
Mônica Henriques da SILVA
Charline SOUZA
Giselle Medeiros da Costa ONE
1.INTRODUÇÃO
A nanotecnologia tem atraído o interesse de inúmeros
grupos de pesquisa em todo o mundo, devida as inúmeras
vantagens nos diversos setores industriais. O Brasil tem realizado
várias pesquisas e desenvolvidos vários produtos expandindo suas
pesquisas se aliando aos Estados Unidos, Europa, China, América
Latina e Japão, fazendo parte da Rede de Nanotecnologia, a qual é
formada por três sub-redes: nano partículas para liberação
controlada de fármacos, materiais nano estruturados para sensores
e nano partículas magnéticas.
A promessa dessa área espantosa que é a nanotecnologia é
a capacidade para processar alimentos naturalmente perniciosos
para o organismo humano como: hambúrgueres, gelados,
chocolates, enfim tudo aquilo que consumido em excesso tem
efeitos negativos na nossa saúde e de tornar estes alimentos em
saudáveis sem afetar o seu sabor. Outros benefícios potenciais que
são proporcionados pela nanotecnologia são eles: sensor de
contaminação, melhoras no estoque de alimentos, potencialização
de nutrientes, embalagens ecológicas, textura, sabor e identificação
e eliminação de bactérias.
2. OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica acerca da nanotecnologia
dos alimentos.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Este trabalho tratou-se de uma revisão bibliográfica realizada
através de artigos científicos e livros.
4.RESULTADOS
O prefixo “nano” vem do grego e significa “anão”. Após toda
a ciência na escala “micro” (pequeno em grego) desenvolvida a
partir do século XVII, inaugura-se agora a era “nano”. Sai micro
partícula entra agora nano partícula que é igual a um milímetro
dividido por um milhão.
14
Nanotecnologia na Alimentação
Em 1986, o mundo da observação nano teve início,com o
advento do microscópio de força atômica:podia-se agora observar a
matéria no nível do átomo, nascia a nanociência. As vantagens
desse novo mundo minúsculo são várias, entre elas a facilidade
para a miniaturização.
O nanômetro (abreviado nm) é a bilionésima parte do metro,
ou seja: 10-9 do metro, ou seja:o número 1/1.000.000.000, ou,
ainda: 0, 000 000 001 m, ou ainda que o nanômetro é nove ordens
de grandeza menor que o metro. Para se ter uma idéia destas
grandezas, ou melhor – o senso da nanoescala –, vejamos alguns
exemplos um fio de cabelo humano tem cerca de 50.000
nanômetros; célula de uma bactéria tem cerca de algumas centenas
de nanômetros; 10 átomos de hidrogênio, alinhados, perfazem 1
nanômetro.
Vários estudos estão sendo realizados afim de desenvolver
bioprodutos nanoencapsulados com aplicabilidade em vários
setores. No setor da agropecuária, pesquisadores da EMBRAPA,
unidade São Carlos-SP, estudam o uso de películas invisíveis
comestíveis para a proteção de frutas e legumes (Figura 1). Peras,
maçãs, goiaba fatiada, alho descascado, nozes e macadâmias têm
tido resultados promissores. Com a película, as frutas demoram até
20 dias para começar a apodrecerem. A idéia principal é aumentar o
tempo de prateleira de produtos perecíveis em 100% em média
(DIÁRIO DA SAÚDE, 2010).
Figura 1: Representa as nanopartículas microscopicamente
Fonte: diariodasaude.com.br
Uma das grandes vantagens da utilização das películas
protetoras comestíveis é evitar o desperdício. Segundo dados do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil perde
cerca de 35% de todas as frutas e legumes que produz. Além disso,
a utilização dessa inovação pode agregar valor a frutas e hortaliças
brasileiras destinadas a exportação (DIÁRIO DA SAÚDE, 2010).
15
Nanotecnologia na Alimentação
Os alimentos são banhados em uma solução (Figura 2) e
depois secos naturalmente. Ao secar, um filme invisível se forma na
superfície, protegendo os alimentos (Figura 3). Isso só é possível
devido ao tamanho nanométrico das partículas que compõem as
películas. Após a imersão no líquido, elas ficam recobertas por um
filme fino, que funciona como uma barreira de proteção ao reduzir a
quantidade de oxigênio que entra e a de gás carbônico que sai,o
que evita a perda de água. Quando a fruta é lavada em água
corrente o biofilme é totalmente eliminado. (ERENO, 2004).
São dois tipos principais de filmes comestíveis: um a base de
proteínas do milho e outro à base de quitosana (polissacarídeo de
origem animal).Cada película é indicada a um tipo de alimento
(DIÁRIO DA SAÚDE, 2010).
Figura 2. Representação da fruta
recebendo o filme comestível.
Fonte: cnpdia.embrepa.br
Figura 3. Fruta parcialmente
protegida com o biofilme comestível.
Fonte: cnpdia.embrepa.br
Diversas outras pesquisas comprovam a importância da
nanotecnolgia para os alimentos, como a microencapsulação de
própolis, onde o mesmo foi processado até obter um pó que tornou
o produto isento de álcool e com gosto e aroma atenuados
(podendo ser introduzido no alimento (Figura 4). O pão TipTop
produzido na Austrália (Figura 5), onde foram incorporadas
nanocápsulas de Ômega 3 a fim de elevar a função de suplemento
alimentar (AGENDA SUSTENTÁVEL, 2007)
16
Nanotecnologia na Alimentação
Figuras 4 e 5 . Microencapsulação da Própolis e Pão com nanopartículas de
ômega 3.
Fonte: perfecta.com.br
Figuras 6 e 7: Embalagens plásticas inteligentes e Agrotóxicos com
nanopartículas
Fonte: comprar-vender.mfrural.com.br
Entre as muitas possíveis aplicações da nanotecnologia na
indústria da agroindústria, destacam-se as embalagens inteligentes
(Figura 6), estas podem alertar o consumidor quando o seu
conteúdo está vencido ou contaminado adaptando-se as mudanças
no ambiente, ou a sua própria deterioração, corrigindo aberturas ou
rasgos, além de serem antimicrobianas, e o uso de agrotóxicos
nanoencapsulados, que está sendo patenteado por BASF, Bayer,
Crop Science, Syngenta e Monsanto (Figura 7), que se dissolvem
na água com maior durabilidade,requerem menor quantidade de
produto ativo e têm maior poder letal,ou alcançam exclusivamente o
objetivo,sem maiores efeitos secundários anunciados (FOLADORI E
INVERNIZZI, 2007).
Estudos recentes que examinam a toxidade dos
nanomateriais produzidos nos cultivos de células e animais mostram
que o tamanho, a área de superfície,a química de superfície,a
solubilidade e possivelmente a forma, tudo isso desempenha um
papel na determinação do potencial prejudicial dos nanomateriais.
17
Nanotecnologia na Alimentação
Outras das dificuldades enfrentadas pelo regulamento é a
dedicação marginal de fundos à pesquisa de riscos.Estima-se que
do total do orçamento destinado à nanotecnologia no mundo,menos
de 4% está orientado para pesquisar riscos potenciais para
saúde,para
o
meio
ambiente
ou
suas
implicações
legais,éticas,sociais e econômicas (PROPHETARUM, 2008). No
entanto, os estudos de que se dispõem até o momento são ainda
limitados. A escassa informação sobre a caracterização,
bioacumulação, potenciais efeitos tóxicos após a ingestão e impacto
a longo prazo na Saúde Pública,dificulta a adequada avaliação dos
riscos,necessária para estabelecer uma legislação específica para
os produtos NT,que protejam os consumidores dos riscos de
exposição aos mesmos (FOLADORI E INVERNIZZI, 2007).
6. CONCLUSÃO
As Nanotecnologias se constituem na revolução tecnológica
em andamento. Apesar de estas tecnologias mostrarem o potencial
de propiciar alguns benefícios significativos aos consumidores é
extremamente importante fazer pesquisas detalhadas e completas
sobre as potenciais implicações de saúde e segurança a fim de
garantir que os possíveis riscos sejam identificados. A grande
promessa da nanotecnologia é permitir uma engenharia de
ingredientes de forma que os nutrientes atuem de forma mais eficaz
no corpo humano, enquanto que impedem a passagem de outros
elementos prejudiciais e menos desejáveis.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIÁRIO DA SAÚDE. Própolis com nanotecnologia melhora
conservação
de
alimentos.
15/12/2012.
Disponível
em:
http://www.diariodasaude.com.br . Acesso em:17/09/2012.
FOLADORI, G.; INVERNIZZI, N. Os trabalhadores da alimentação e da
agricultura questionam as nanotecnologias. IIEP – São Paulo – Brasil.
Junho de 2007. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br. Acesso em
12/11/2012.
AGENDA SUSTENTÁVEL. Nanotecnologia na alimentação. HSM Online.
08 de Julho de 2009. Disponível em:http://www.parceirosvoluntarios.org.br/
Acesso em 11/10/2012.
18
Nanotecnologia na Alimentação
PROPHETARUM, C. A nova ameaça dos ONM. 17/05/2008. Disponível em
http://movv.org Acesso em : 9/11/2012.
DURAN, N.; MORAIS, P. C. DE; MATTOSO, L. H. C. Nanotecnologia:
introdução, preparação e caracterização de nanomateriais e exemplos
de aplicação. São Paulo; Artliber, 2006. 208p.
OSWALDO, L. A. Nanotecnologia, nanociência e nanomateriais:
quando a distância entre presente e futuro não é apenas questão de
tempo. PARCERIAS E STRATÉGICA. No 18. Agos. 2004.
19
TERAPIA GÊNICA: tratamento com introdução de material genético
TERAPIA GÊNICA: Tratamento com introdução de material
genético
Priscila Elaine de Carvalho SANTOS
Juciara Viegas GALVÃO
Iranilde do Nascimento Silva ARAÚJO
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
Fundada pelo monge Johann Gregor Mendel no século XIX, a
genética obteve grande evolução, conquistando um lugar de
destaque entre as ciências. Recentemente, no ano de 2000, foi
completado o sequenciamento do genoma humano, um feito
grandioso que promete acelerar o progresso da biologia e da
medicina do século XXI.
A expectativa de curar doenças genéticas repousa sobre a
identificação de genes responsáveis por sua patogênese e sobre o
avanço das tecnologias de DNA recombinante, ou “engenharia
genética”, que permitem a manipulação do genoma de forma cada
vez mais eficiente e segura.
Terapia gênica é a introdução de genes nas células para o
tratamento de algumas doenças, especialmente as hereditárias. Ela
consiste em identificar pelas técnicas da biologia molecular, o gene
com a enfermidade e visa suplementar com alelos funcionais
aqueles que são defeituosos.
2. OBJETIVO
Objetivou-se aprofundar o conhecimento sobre terapia gênica e
sua utilização no tratamento de doenças.
3. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica com base em artigos
científicos e livros específicos da área.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As terapias gênicas são procedimentos novos que ainda se
encontram em fase experimental. O conhecimento básico vem
sendo adquirido em laboratórios de pesquisa fundamental por meio
de testes em modelos experimentais e ensaios pré-clínicos. Esses
estudos validam o potencial de eficácia de uma estratégia
terapêutica, bem como permitem detectar potenciais riscos a seres
20
TERAPIA GÊNICA: tratamento com introdução de material genético
humanos, antecipando modificações dos vetores e outros
componentes da estratégia terapêutica que aumentem a segurança
para uso humano. A pesquisa fundamental em terapia gênica é
intensa e crescente no mundo.
A realização de ensaios clínicos de terapia gênica depende
de aprovação prévia por comitês de ética locais e nacionais, como a
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) no Brasil ou a
Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos. No caso
de terapia gênica, no Brasil tem a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio) e nos Estados Unidos o National Institutes
of Health (NIH), chamado RAC (do inglês Recombinant DNA
Advisory Committee), que devem autorizar procedimentos
envolvendo DNA recombinante. No entanto, diferentemente dos
Estados Unidos, ainda não existe no Brasil regulamentação
específica sobre terapia gênica, a qual precisa, urgentemente, ser
elaborada tanto para evitar o uso inadequado das terapias quanto
para controlar a produção e importação de insumos do exterior. No
momento, resta às autoridades sanitárias aplicar normas
consagradas no exterior para examinar eventuais pedidos de licença
ou fiscalizar ensaios clínicos e eventuais produtos de terapia gênica
no país.
Em todo o mundo, até junho de 2010 haviam sido compilados
cerca de 1.650 ensaios clínicos em terapia gênica na base de dados
da revista Journal of Gene Medicine.
A partir de 2005, começou a ser organizada no Brasil uma
Rede de Terapia Gênica. Essa rede congregou inicialmente 14
grupos de pesquisa de três Estados (Rio de Janeiro, São Paulo e
Rio Grande do Sul), dedicados à pesquisa na área de terapia gênica
e vacinas de DNA. Os estudos envolvem desenvolvimento de
vetores virais, pesquisa básica e testes pré-clínicos nas áreas de
câncer, doenças genéticas, doenças neurodegenerativas e vacinas
de DNA para dengue, doença de Chagas, infecções por
estreptococos e câncer.
A primeira pesquisa com terapia genética foi autorizada em
Ashanti DeSilva, de 4 anos de idade. Nascida com uma rara doença
genética chamada Imunodeficiência Combinada Grave. Os médicos
recolheram glóbulos brancos do corpo da criança, e cultivaram as
células em laboratório. No segundo momento, inseriram o gene que
faltava nas células e reintroduziram os glóbulos brancos
geneticamente modificados na corrente sanguínea da paciente.
21
TERAPIA GÊNICA: tratamento com introdução de material genético
Exames de laboratório mostraram que a terapia fortaleceu o sistema
imunológico de Ashanti; ela parou de contrair resfriados recorrentes
e pôde voltar a frequentar a escola. Esse procedimento não a curou;
os leucócitos reintroduzidos só funcionaram por poucos meses, e o
processo teve de ser frequentemente repetido.
Um primeiro ensaio clínico de terapia gênica para
revascularização miocárdica com emprego de vetores plasmidiais
contendo o gene do VEGF (Vascular Endothelial Growth Factor),
promovido conjuntamente pelo Instituto de Cardiologia do Rio
Grande do Sul, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio
Grande do Sul e pela Rede de Terapia Gênica ocorreu em fevereiro
de 2009 em Porto Alegre.
Em relação à forma de transferência do DNA, podem ser
utilizados dois procedimentos distintos para realizar a terapia
gênica: in-vivo e ex-vivo.
Com os procedimentos da terapia gênica in-vivo, o DNA é
transferido diretamente para as células do paciente. Já nos
procedimentos ex-vivo, o DNA é transferido para células isoladas de
um organismo crescidas em laboratório, onde são modificadas e
introduzidas no paciente.
Existe uma variedade de métodos diferentes para substituir
ou reparar os genes focados na terapia genética. O mais comum
seria a inserção de um gene normal em um local não específico no
genoma, substituindo o problemático. Pode ser feito também a
recombinação por meio de troca de um gene defeituoso por outro
sadio.
A entrada do DNA puro através da membrana plasmática de
células eucariotes é rara, podendo ser utilizado para fazer a
inserção um carreador com vistas a facilitar a entrada do DNA nas
células vivas. Esse carreador é chamado de “vetor”. Os 3 principais
vetores existentes em desenvolvimento são: plasmídeos, os vetores
virais e os vetores nanoestruturados: os Plasmídeos, vetores
virais, vetores nanoestruturados.
Há ainda a vacina de DNA, onde o paciente recebe o gene
que codifica uma proteína típica do agente agressor, fazendo com
que o organismo do paciente fabrique permanentemente a proteína
exógena, estimulando seu próprio sistema imune. Essas vacinas
tem a finalidade preventiva ou curativa, levando o sistema imune a
atacar os agressores já instalados no organismo.
22
TERAPIA GÊNICA: tratamento com introdução de material genético
Dentre as centenas de ensaios clínicos de terapia gênica já
encerrados, a maioria destinou-se a testar a segurança do
procedimento. Dor ou inflamação leve no local da injeção, febre
baixa transitória, dor de cabeça passageira, sintomas semelhantes à
gripe e outros efeitos suaves são, em geral, toleráveis em vista do
potencial de tratamento de uma doença incurável.
Em 1999, um paciente morreu logo após a injeção de um
vetor viral durante um ensaio clínico de terapia gênica, vitimado por
uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica causada pelo vetor
adenoviral de primeira geração. Em ensaios clínicos mais recentes,
realizados na França e Inglaterra, de um total de 20 crianças abaixo
de um ano de idade submetidas à terapia gênica para síndrome de
imunodeficiência combinada severa ligada ao cromossomo X (SCIDXL), cinco desenvolveram leucemias. Dessas, uma foi a óbito e
quatro apresentaram remissão completa da leucemia após
quimioterapia. Exames feitos após o aparecimento das leucemias
revelaram que os vetores retrovirais utilizados em ambos os ensaios
produziram mutagênese insercional, ou seja, mutações produzidas
pela intromissão do vetor no DNA, rompendo a continuidade da
sequência genética.
Os casos citados constituem graves exemplos efetivamente
caracterizados como efeitos adversos diretos da terapia gênica,
tendo origem em características dos vetores virais utilizados. Porém,
a pesquisa fundamental, aliada à observação criteriosa dos eventos
associados ao tratamento e ao curso clínico dos efeitos colaterais,
contribuiu para avanços no desenho e produção de novos vetores,
destinados a evitar tais efeitos adversos.
No caso de vetores adenovirais, em contraposição à primeira
geração de vetores empregada no ensaio clínico que resultou no
caso fatal de 1999, já estão disponíveis vetores adenovirais de
terceira geração, construídos com deleção completa de genes virais
e capazes de transdução gênica muito mais segura em seres
humanos.
A Terapia Gênica ainda esta dando os primeiros passos de
uma longa caminhada. Riscos existem, especialmente no que diz
respeito aos efeitos adversos que podem ocorrer no paciente, mas
estudos e pesquisas têm avançado no sentido de aumentar a
segurança dos ensaios clínicos. É preciso também que os órgão
governamentais competentes definam regras e parâmetros aos
23
TERAPIA GÊNICA: tratamento com introdução de material genético
procedimentos, dando, assim, maior segurança para a prática da
terapia gênica
5. CONCLUSÃO
Depois de todas as pesquisas realizadas e o
aprofundamento da compreensão do tema, percebemos que a
terapia gênica poderá ter aplicações extremamente benéficas no
tratamento das mais variadas doenças. Existem grandes avanços
em relação ao tratamento de hemofilia, de alguns tipos de câncer e
de doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson por
exemplo.
6. REFERÊNCIAS
U. DANI, SERGIO. Terapia Gênica. Bio Tecnologia, Ciência &
Desenvolvimento.
Disponível
em:
<http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio12/terapia.pdf>. Acesso
em: 18/09/2012.
LINDEN, Rafael. Terapia Gênica: o que é, o que não é e o que será.
SciELO Brazil – Scientific Eletronic Library Online. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142010000300004>. Acesso em: 18/09/2012.
O que é Terapia Gênica?. Faculdade de Medicina da
Universidade
de
São
Paulo.
Disponível
em:
<http://med.fm.usp.br/dim/homepage/a106/oquee.htm>. Acesso em:
18/09/2012.
MENCK, CARLOS; VENTURA, ARMANDO. Manipulando genes em
busca de cura: o futuro da terapia gênica. Revista USP. Disponível
em:
<
http://www.usp.br/revistausp/75/05-carlos-armando.pdf>.
Acesso em: 07/10/2012.
24
Genética da intolerância à lactose
GENÉTICA DA INTOLERÂNCIA À LACTOSE
Charline Silva de SOUZA
Mônica Henriques da SILVA
Rowse Alencar Ramalho de FIGUEIRÊDO
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
Nos mamíferos ocorre uma gradativa a queda atividade da
enzima lactase na parede intestinal após o desmame,
caracterizando a hipolactasia primária que provoca sintomas de
intolerância à lactose. A má absorção da lactose se dá em
decorrência da diminuição da capacidade da enzima intestinal
hidrolisar este dissacarídeo.
Há um declínio natural da capacidade de absorção de
lactose após o desmame. A hipolactasia primária do tipo adulto ou
simplesmente intolerância a lactose, é a forma mais comum de
deficiência de dissacaridase determinada geneticamente.
O teste mais usado para identificação da intolerância à
lactose é o teste do hidrogênio expirado. A fermentação da lactose
não absorvida pela flora colônica resulta na produção de hidrogênio.
Parte desse gás será eliminada pelos pulmões, podendo ser
detectado no ar expirado.
O limiar de lactose capaz de produzir sintomas varia de
indivíduo para indivíduo, dependendo da dose de lactose ingerida, o
grau de deficiência de lactase e a forma de alimento consumido.
No geral, a prevalência da hipolactasia primária do adulto
varia no mundo, sendo em torno de 5% no nordeste da Europa
próximo ao Mar do Norte, com a menor de todas encontrada na
Dinamarca (4%), na Grã-Bretanha (5%), e na Suécia (1% a 7%). A
prevalência da hipolactasia vai aumentando na direção do centro-sul
da Europa para chegar próximo aos 100% na Ásia e Oriente Médio.
2. OBJETIVO
Realizar uma pesquisa bibliográfica acerca da genética da
intolerância a lactose, suas causas e conseqüências.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza
bibliográfica. Foi realizada através de pesquisas em artigos
científicos e livros.
25
Genética da intolerância à lactose
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A lactose é um glicídio proveniente do leite e dos seus
derivados. No processo de digestão a lactose é hidrolisada no
intestino delgado originando dois monossacarídeos: glicose e
galactose. A absorção se dá por meio transporte ativo dependente
de sódio. A enzima lactase hidrolisa a lactose em glicose e
galactose que são absorvidas pela mucosa intestinal. A glicose é
absorvida no intestino, e a galactose é metabolizada no fígado para
ser convertida em glicose principal para o metabolismo celular.
Os humanos são os únicos animais que na fase adulta são
capazes de absorver lactose, todavia, após o desmame ocorre um
declínio gradual da atividade da lactase. A incapacidade de
absorção da lactose é denominada de hipolactasia primária do tipo
adulto ou intolerância a lactose, sendo mais incidente em grupos
étnicos nativos das regiões da Austrália, Oceania, leste e sudeste
da Ásia, África Tropical e Américas.
Segundo os pesquisadores esse variante na forma originou do
gene que mutou para tolerar produtos lácteos de origem animal,
quando nossos primatas passaram a consumir leite não humano e
produtos lácteos sugerindo que todo mundo já foi originalmente
intolerante à lactose.
Uma única mutação gênica permite que as pessoas tolerem a
lactose. A descoberta veio de uma pequena mudança no código
genético onde os cientistas realizaram um teste simples, indolor,
não invasivos apropriado para estudos de larga escala deve se
fazer, preferencialmente, após 10 ou 12 anos de idade onde uma
criança pode possuir a variância genética. Associada com a
intolerância e ao mesmo tempo ter a lactase ativa e não possuir
sintomas.
A intolerância à lactose pode ser congênita, primária ou
genética e secundária ou adquirida, sendo bastante raro casos de
intolerância congênita. A deficiência de lactase primária é a
ausência de lactase, parcial ou total e é a causa mais comum de má
absorção de lactose e intolerância. A deficiência secundária de
lactase é resultado de lesões no intestino delgado ou por alguma
patologia.
A HPT caracteriza-se por carência ou deficiência na produção da
lactase, que é a enzima responsável por degradar a lactose
proveniente do leite e derivados durante a alimentação. Quando
ocorre a falta desta enzima, a lactose, que é uma boa fonte de
26
Genética da intolerância à lactose
energia para os microorganismos do cólon, é fermentada a ácido
láctico, metano (CH4) e gás hidrogênio (H2), o que resulta na
permanência de lactose no intestino delgado, provocando um fluxo
de água extracelular para o interior do duodeno e jejuno, bem como
para o estômago, em razão da diferença da pressão osmótica
(FIGURA 1), promovendo a formação de ácidos orgânicos, gases e
o aumento do peristaltismo dos músculos do intestino,
manifestações de flatulência, fluxo intestinal anormal, cólicas
abdominais e diarreias com fezes aquosas, esses sintomas podem
causar mal-estar ou até o bloqueio das atividades normais do
indivíduo.
Figura 1: Atividade normal e anormal da lactose ao passar no intestino.
Fonte: http://www.milkpoint.com.br/
27
Genética da intolerância à lactose
Dados epidemiológicos demonstram que populações
humanas que desde os primórdios faziam da pecuária, e por
decorrência consumiam leite e laticínios em geral, apresentam
menor prevalência de intolerância à lactose em relação àquelas que
dependeram mais da agricultura para sobreviver.
Métodos de avaliação da intolerância à lactose são eficazes,
porém podem causar feitos colaterais tais como:vômitos, distensão
abdominal,cólicas e diarréias.O testes diretos na mutação do gene
LPM,desde que validado,poderia substituir os outros métodos
(Figura 2).
Figura 2: Testes realizados para avaliação a Intolerância a Lactose.
Fonte: www.labluxor.com
28
Genética da intolerância à lactose
Nos pacientes com lactase não persistente, o tratamento é
considerado exclusivamente naqueles com sintomas de intolerância
à lactose. Inicialmente se recomenda evitar temporariamente leite e
produtos lácteos da dieta para se obter remissão dos sintomas. Tal
tarefa pode ser dificultada pela presença de alimentos com lactose
não identificada na sua composição.
5. CONCLUSÕES
A intolerância à lactose é a diminuição da capacidade da
enzima LPH. Provocada por mutação no gene CT 13910 e GA
22018 de digerir a lactose podendo provocar várias complicações a
quem possui essa deficiência, mas que com diagnostico e
alimentação adequada pode-se vive bem. Difere no sentido
prevalência diferentes grupos étnicos e regiões do mundo. Ainda se
desenvolveu a cura para esse distúrbio,mas evita os desconfortos
dos sintomas diminuindo ou a removendo os produtos lácteos da
Dieta melhoram os sintomas.Pessoas com baixos níveis de lactase
podem tolerar de 55 a 115 gramas de leite de uma sé vez sem ter
sintomas.Porções maiores de 225 gramas podem causar problemas
para pessoas com deficiência de lactase.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAMODARAN, S.; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O. R. QUIMICA DE
ALIMENTOS DE FENNMA. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
REIS J.C., MORAIS M.B, FAGUNDES-NETO U. Teste do hidrogênio no
ar expirado na avaliação de absorção de lactose e sobrecrescimento
bacteriano no intestino delgado de escolares. Arq Gastroenterol 1999;
36:169-76.
FIGUEIREDO R.C.P. Absorção e tolerância à lactose na população de
escolares do município de Rio Acima- MG [tese]. Belo Horizonte:
Universidade Federal de Minas Gerais; 2000.p.200.
MATTAR, R., MAZO, D. F.C. Intolerância à lactose: mudança de
paradigmas com a biologia molecular.Rev. Assoc. Med. Bras., São
Paulo,
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01
Dec.
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http://dx.doi.org/10.1590/S010442302010000200025.
MORETTO, E.; FEET, R.; GONZAGA, L. V.; KUSKOSHI, E. M. Introdução
a ciência de alimentos. 2ed. Florianólopes: Ed da UFSC. 2008.
29
Vacinas Gênicas: artigo de revisão
VACINAS GÊNICAS: ARTIGO DE REVISÃO
Iranilde do Nascimento Silva ARAÚJO
Juciara Viegas GALVÃO
Priscila Elaine de Carvalho SANTOS
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
As vacinas gênicas são caracterizadas por vacinas feitas a
partir de um gene ou fragmentos, do agente causador da doença,
onde codificam antígenos potencialmente imunizantes, os genes
isolados são ligados a outros fragmentos de DNA denominados
plasmídeos, que permitem a replicação do gene em bactérias ou
células eucarióticas.
A primeira demonstração de que a injeção intramuscular de
um gene poderia ser empregada como vacina gênica foi feita em
1993, por pesquisadores da indústria farmacêutica Merck. Desde
então foram desenvolvidas vacinas gênicas contra uma série de
agentes patogênicos. Nas vacinas gênicas, a síntese dos antígenos
endógenos ocorre com características estruturais muito
semelhantes à molécula nativa sintetizada pelo patógeno, criando
epitopos conformacionais necessários para introdução de uma
resposta imune mais efetiva.
Existem doenças que não possuem vacinas contra elas
desenvolvidas. Em grande parte isto se deve à falta de
conhecimento do mecanismo de ação destes agentes patogênicos e
do funcionamento do sistema imune humano.
O custo de produção das vacinas gênicas é mais acessível
do que a produção das vacinas recombinantes, peptídeos sintéticos
e outras. A vantagem é que ela pode ser estocada em sedimento
seco e temperatura ambiente, e no momento da utilização
adicionado uma pequena quantidade de água.
2. OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica sobre a Vacina gênica.
3. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica e foi realizada através de
revisão bibliográfica em livros e artigos científicos.
30
Vacinas Gênicas: artigo de revisão
4. RESULTADOS E DISCUSÃO
A vacinação começou a ser utilizada após o sucesso de
Pasteur e Jenner, dois dos primeiros cientistas que obtiveram
sucesso no controle de doenças por meio de vacinas, sendo que um
grande triunfo aconteceu na década de 70, quando uma campanha
mundial de vacinação praticamente erradicou a varíola - doença que
atingia de 10 a 15 milhões de pessoas. Apesar destes grandes
benefícios existem ainda muitas doenças que não possuem vacinas
contra elas desenvolvidas. A imunidade depende de vários fatores
como a seleção do gene alvo, construção do vetor de expressão,
freqüência e via de administração da vacina. Mas graças aos
grandes avanços obtidos recentemente nestas áreas novos
enfoques de confecção de vacinas estão ficando acessíveis.
A vacina de DNA é considerada mais eficaz e segura que a
vacina convencional, normalmente preparada a partir de uma parte
atenuada do agente causador da doença. Em ambos os casos, o
objetivo é induzir o sistema imunológico humano a produzir defesas.
Os cientistas retiram do agente causador da doença. Que
pode ser um vírus, bactéria, fungo ou parasita, um fragmento da
molécula de DNA.
Quando introduzido nos animais ou em humanos, este
fragmento de DNA codifica uma proteína imunogênica, que tem a
potencialidade de induzir o sistema imunológico a produzir
anticorpos ou estimular a imunidade mediada por células,
principalmente linfócitos T auxiliares ou citotóxicos (uma das
principais células de defesa de nosso organismo), protegendo
contra a infecção causada pelo agente patogénico de onde se
originou o DNA.
A via de administração mais comumente utilizada é a injeção
intramuscular direta do DNA de interesse, diluído em solução salina.
Atualmente, um sistema de transferência de vacinas de DNA para
células hospedeiras de mamíferos é o uso de bactérias carreadoras.
Já foi relatada a O uso das vacinas de DNA oferece uma série de
vantagens econômicas, pois é possível produzi-la em grande
escala, mantendo o controle de qualidade facilmente.
A comercialização não necessita a uma rede de refrigeração,
pois estas vacinas são estáveis a temperatura ambiente. No entanto
estes fatores, facilitam assim ao transporte e distribuição, desta
31
Vacinas Gênicas: artigo de revisão
nova tecnologia para outros países. Além disso, as técnicas de
biologia molecular possibilitam a modificação de seqüências e
adição de epitopos a uma proteína antigênica, usando-se somente
manipulações simples feitas diretamente no plasmídeo, que é o
componente das vacinas gênicas
A vacina de DNA é produzida em laboratório básico de
biologia molecular, onde é desenvolvida em cultura de bactérias,
são vacinas menos complexas em termos estruturais.
Algumas das principais vacinas gênicas produzidas no Brasil:
• Vacina Gênica contra Herpes
• Vacina Gênica contra Diarréia
• Vacina Gênica contra Tuberculose
Figura 1: demonstração da vacina de DNA intramuscular.
5. CONCLUSÕES
As vacinas têm como objetivo fundamental a imunização
prévia do indivíduo, de modo que ele passe a responder rápida e
eficientemente quando em contato com o agente infeccioso,
evitando assim a ocorrência ou desenvolvimento da doença.
A eficácia dessa vacina varia de zero a 70% entre as diferentes
populações do mundo submetidas ao teste. Assim, o alto índice de
mortalidade dessa doença e a baixa eficiência da vacina BCG
justificam o desenvolvimento de uma nova vacina.
As vacinas de DNA foram criadas com o intuito de ajudar a
exterminar as varias enfermidades existentes em todo o mundo,
apresentando algumas vantagens que assim fazem com que elas
32
Vacinas Gênicas: artigo de revisão
superem as vacinas comuns. Porém por mais avançada que seja as
tecnologias elaboradas hoje nenhuma doença poderá ser combatida
pois é preciso combater em primeiro lugar a miséria que populações
inteiras vivem, propiciando assim ao surgimento de novas doenças.
6. Referências
Vacina de DNA: uma nova geração de imunobiológico, artigo de Eloi
S. Garcia JC e-mail 2808, de 11 de Julho de 2005:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=29694
VACINAS
DE
DNA
Disponível
em:
http://www.icb.ufmg.br/big/vacinas/Vacinas%20de%20DNA.htm
VACINAS DE DNA: aspectos gerais e sua aplicação na medicina
humana
e
veterinária:http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/articl
e/view/2925
33
A Biologia Molecular favorecendo a atletas
A BIOLOGIA MOLECULAR FAVORECENDO ATLETAS
Camila Alves CARVALHO
Cássia Priscilla Santos DUARTE
Andréia Silva BATISTA
Giselle Medeiros da Costa ONE
1.
INTRODUÇÃO
Na medicina esportiva (principalmente relacionadas às
melhorias do desempenho no esporte de alto rendimento). Entrando
em um contexto esportivo, estas descobertas cientificas tem sido
utilizadas também como um recurso ergogênico farmacológico por
parte de atletas de diversos segmentos esportivos, sendo
caracterizado como doping genético. A definição exata dada ao
termo Doping Genético seria: "O uso não terapêutico de genes,
elementos gênicos e/ou células que tem a capacidade de aumentar
a performance atlética”.
O Comitê Olímpico Internacional incluiu o doping genético na
sua lista de métodos e substâncias proibidas a partir de 2003, tendo
a WADA, a partir de 2004, tomado a responsabilidade de incluí-lo
em sua lista, atualizando-a anualmente com uma nova lista de
genes passíveis à modulação e consequente melhora no
desempenho esportivo. Além disso, novos métodos de detecção
estão sendo desenvolvidos para preservar a real proposta da prática
esportiva, seja ela competitiva ou não, embora a tecnologia atual
não possua um meio eficaz para isso até então.
2. OBJETIVO
Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as proteínas
utilizadas na Terapia gênica visando a melhoria no desempenho
físico.
3. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica realizada através de
revisão em artigos científicos e livros.
4. RESULTADOS E DISCUSÃO
Algumas proteínas utilizadas na Terapia gênica visando a
melhoria no desempenho físico:
 ERITROPOETINA: É uma proteína produzida nos rins cujo
principal efeito é o estímulo da hematopoese. Logo, uma cópia
34
A Biologia Molecular favorecendo a atletas
adicional do gene que codifica a eritropoetina resulta no aumento da
produção de hemácias. De modo que a capacidade de transporte de
O2 para os tecidos é aumentada. Sabe-se que a
performanceaeróbia é melhorada quando usados mecanismos que
otimizam o transporte e distribuição de oxigênio pelos tecidos e
músculos periféricos. É uma das formas de aumentar o transporte
de oxigênio e, consequentemente, o desempenho esportivo em
modalidades de longa duração. Muitos estudos já existem visando
a utilização do gene EPO, porém, estes não são ainda confiáveis o
suficiente para garantir a segurança e eficácia no tratamento de
anemias agudas e crônicas e, principalmente, no uso de tal método
visando o rendimento esportivo. Já que da mesma forma que a
transferência gênica com EPO se mostra eficiente, alguns estudos
mostram que esse mesmo tratamento pode causar aumento
excessivo de EPO (75%), levando a concentração de hemácias
incompatível com a vida, tornando-se claros os cuidados a serem
tomados em sua manipulação.
 IGF-1E GH (FATOR DE CRESCIMENTO 1 SEMELHANTE À
INSULINA): Dependendo da modalidade esportiva, até 55% das
lesões ocorridas estão ligadas ao tecido muscular, estando essas
relacionadas a uma variedade de causas diretas (contusões) ou
indiretas (isquemia ou disfunção neurológica). Muitos estudos têm
mostrado que os chamados “Fatores de Crescimento” possuem uma
variedade de funções durante o processo de regeneração muscular.
Técnicas de manipulação genética vêm sendo desenvolvidas
visando inicialmente à recuperação de tecidos lesionados e mais
recentemente surgiu à possibilidade de seu uso para fins de
performance esportiva e ganho de massa muscular. O IGF-1 é uma
cadeia polipeptídica formada por 70 aminoácidos que além de
possuir uma estrutura tridimensional semelhante à insulina, permite
a ação do hormônio do crescimento (GH), por ser mediador de
quase todos os efeitos desse hormônio. O doping genético com GH
levaria a efeitos bastante semelhantes aos produzidos por IGF-1,
haja vista que a ação do GH é mediada pelo próprio IGF-1.
Portanto, pode-se esperar que o doping genético com GH produza
ganhos de força e hipertrofia muscular. O principal local de
produção do IGF-1 é o fígado, embora outros tecidos o sintetizem e
são sensíveis ao seu efeito. O aumento na concentração de IGF-1
pode promover a hipertrofia pelo aumento da síntese de proteínas,
35
A Biologia Molecular favorecendo a atletas
bem como pela proliferação das chamadas “células satélites”. Tais
células são importantes para o processo de regeneração muscular,
pois quando o músculo sofre um traumatismo ou lesão, ou ainda
quando se treina vigorosamente, tais células são acionadas. A partir
disso as mesmas se proliferam através do processo de mitose
celular (divisão celular que pode causar a hiperplasia) e originam
células mioblásticas (células musculares imaturas). Estas células se
fundem com as células pré-existentes levando há fenômenos
hipertróficos ou mesmo entre si, levando à formação de novas fibras
(hiperplasia). Embora apresentem certa eficácia, mais estudos com
humanos são necessários, já que uma possível modulação em tais
genes poderia induzir à possíveis efeitos colaterais.
 VEGF 8 (FATOR DE CRESCIMENTO DO ENDOTÉLIO
VASCULAR): A terapia gênica com VEGF é uma das poucas já
utilizadas em seres humanos. A introdução do gene que codifica a
VEGF. Principalmente para idosos que possuem fluxo inadequado
de oxigênio, e em pacientes com disfunção endotelial responsável
por quadros de doença arterial coronariana e doença arterial
periférica.Tem produzido bons resultados, com formação de novos
ramos vasculares. Em atletas, a inserção vetorial do VEGF poderia
produzir vasculogênese. Dessa maneira, o fluxo sanguíneo para
todos os tecidos seria aumentado, assim como sua oxigenação e
nutrição. Considerando que isso ocorra em tecidos como a
musculatura esquelética e a cardíaca, pode-se esperar aumento da
produção energética, diminuição da produção de metabólitos e o
retardo da fadiga. Atletas de endurance seriam, teoricamente, os
mais interessados na terapia gênica com inserção do VEGF.
 BLOQUEADORES DE MIOSTATINA: A miostatina é uma
proteína expressa na musculatura esquelética tanto no período
embrionário quanto na idade adulta. Sua ação consiste em regular a
proliferação dos mioblastos durante o período embrionário e a
síntese proteica na musculatura esquelética durante e após o
período embrionário. Em algumas raças de bois, observa-se
crescimento incomum da musculatura de alguns animais (fenômeno
conhecido por doublemuscling). Há poucos anos foi verificado que
esses animais apresentavam mutações no gene da miostatina, de
modo que se formava uma proteína não funcional, o que
demonstrou que a miostatina inibia o crescimento da musculatura
36
A Biologia Molecular favorecendo a atletas
esquelética. Além destes fenótipos (características observáveis de
um organismo) relacionados à mutação no gene da Miostatina
observados em animais, sendo o bloqueio da sinalização da
miostatina seja um dos candidatos de maior potencial de abuso no
esporte, já que o ganho de massa muscular pode ser decisivo em
diversas modalidades esportivas.
 PPARs: As proteínas da família dos PPARs atuam como fatores
de transcrição de genes envolvidos no metabolismo de carboidratos
e lipídeos. Primeiramente elas foram descobertas desempenhando
papel na síntese de peroxissomos, e por esse motivo foram
denominadas de peroxissome proliferator-active receptors. Existem
diversas proteínas PPAR, mas a que apresenta, pelo menos do
ponto de vista teórico, maior potencial para abuso em doping
genético é a PPAR-d. A PPAR-d é uma proteína reguladora-chave
do processo de oxidação de lipídeos. Atuando no fígado e no
músculo esquelético, ela estimula a transcrição de diversas
enzimas. A PPAR-d também está relacionada com a dissipação de
energia na mitocôndria que ocorre por meio das proteínas
desacopladoras, de modo que sua ação leva à diminuição da
produção de energia. Como resultado, a PPAR-d diminui a
quantidade de tecido adiposo, reduz o peso corporal e aumenta a
termogênese. Essa é, portanto, uma das justificativas para o
possível interesse de atletas em usar doping genético com PPAR-d.
A melhora na oxidação lipídica, além de reduzir a adiposidade
(efeito que despertaria o interesse de atletas de quase todas as
modalidades esportivas), preservaria os estoques de glicogênio,
aumentando o tempo de tolerância ao esforço e provavelmente o
desempenho em provas de resistência. Portanto, atletas cujas
modalidades não dependem da força, mas exigem que eles se
mantenham com baixo peso e baixo percentual de gordura (como
maratonistas, ginastas, patinadores e outros) seriam potencialmente
os mais interessados na transferência do gene PPAR-d.
 LEPTINA: A leptina, hormônio peptídico produzido principalmente
no tecido adiposo cuja principal ação está relacionada ao controle
da sensação de fome e saciedade, redução do consumo alimentar e
consequente perda de peso, também é um candidato para
abusocomo doping genético. Em 1997 um estudo demonstrou que a
introdução do gene leptinapor vetor viral produzia significativa perda
37
A Biologia Molecular favorecendo a atletas
de peso em ratos. Em contrapartida, talvez o mesmo fenômeno não
seja observado em humanos, já que indivíduos obesos, os quais
apresentam elevada concentração plasmática de leptina, não têm
apetite reduzido. Essa resistência à ação da leptina pode
representar importante obstáculo para a terapia gênica com esse
hormônio. Além disso, diferentemente dos modelos animais, o
comportamento alimentar humano depende também de outros
fatores (nutricionais, psicológicos, sociais e culturais).
 ENDORFINA E ENCEFALINA: As endorfinas e encefalinas são
peptídeos endógenos de atividade analgésica. O uso da terapia
gênica com os genes da endorfina e encefalina poderiam, portanto,
melhorar o desempenho esportivo pela diminuição da sensação de
dor associada a algum tipo de lesão, fadiga ou excesso de
treinamento. Isso, teoricamente, permitiria que atletas treinassem
mais, ou evitaria seu afastamento temporário de treinos e
competições por pequenas lesões.
5. CONCLUSÕES
A biologia molecular é utilizada, através das proteínas, de
forma legal na pré-seleção e seleção de talentos esportivos e na
prescrição do treinamento físico. A falta de casos comprovados de
atletas geneticamente modificados não exclui a possibilidade de que
estes atletas já estejam sendo "produzidos" em laboratório, uma vez
que a WADA não implementou, até o momento, testes para o
antidoping genético.
6. REFERÊNCIAS
BUENO, C. R. J.. Biologia Molecular como ferramenta no esporte de
alto
rendimento.
Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010132892010000300016&script=sci_arttext#fig01. Acesso: 04 de Set. de 2012.
CUNHA, E. K.; PADILHA, M. de S. R. Miostatina: da terapia gênica ao
dóping
genético.
Disponível
em:
http://www.efdeportes.com/efd150/miostatina-da-terapia-genica-ao-dopinggenetico.htmAcesso: 05 de Set. de 2012
Baoutina, A.. Developing strategies for detection of gene doping.
Disponível em: www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18081214. Acesso: 06 de
Set. 2012.
38
Capítulo II
ONCOLOGIA
39
Uso de glutamina no tratamento do câncer
USO DE GLUTAMINA NO TRATAMENTO DO CÂNCER
Wanessa Belarmino de MORAIS
Alane RIBEIRO
Lavoisiana Mateus de LACERDA
1. INTRODUÇÃO
O câncer é caracterizado por proliferação anormal de
determinado tecido que escapam parcial ou totalmente da regulação
dos processos homeostático: divisão celular, replicação do DNA e
apoptose. A anormalidade das células cancerígenas é fenotípica
sendo decorrente de mutação genética, adquirida ao longo do ciclo
de vida da célula ou transmitida pela célula- mãe (MANN, 2011).
Nas últimas décadas, o câncer ganhou uma dimensão maior,
transformando-se em um importante problema de saúde pública
mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no
ano 2030 existirão 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17
milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com
câncer. No Brasil, as estimativas para o ano de 2012 serão válidas
também para o ano de 2013 e apontam a ocorrência de
aproximadamente 518.510 casos novos de câncer. Os tipos mais
incidentes serão os cânceres de pele não melanoma, próstata,
pulmão, cólon e reto e estômago para o sexo masculino e os
cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto
e glândula tireóide para o sexo feminino (INCA 2011).
Sabe-se que o câncer é considerado uma patologia
multifatorial onde a associação de fatores ambientais e intrínsecos
são determinantes para o desenvolvimento de suas formas mais
comuns. Estudos apontam que a alimentação tem uma função
importante nos estágios de iniciação, promoção e propagação do
câncer, destacando-se entre outros fatores de risco. Entre as mortes
por câncer atribuídas a fatores extrínsecos, a dieta contribui com
cerca de 35%, seguida pelo tabagismo responsável por 30% dos
casos e outras, tais como econômicas e ocupacionais, alcoolismo,
poluição e aditivos alimentares contribuem com menos do que 5%.
Segundo estudos estima-se que uma alimentação adequada seria
capaz de prevenir milhões de novos casos de câncer anualmente
(GARÓFOLO, 2004).
Segundo Krause (2011) as implicações nutricionais do
câncer estão relacionadas principalmente aos efeitos do tratamento,
assim como o estado físico e psicológico do paciente. Dentre os
40
Uso de glutamina no tratamento do câncer
efeitos adversos principais estão a diminuição dos estoques de
nutrientes, levando a desnutrição energético-proteica, anorexia,
imunossupressão, fraqueza. Há também diminuição da taxa
metabólica basal.
De acordo com Silva (2006) o metabolismo energético do
indivíduo com câncer apresenta alterações, pois a célula cancerosa
usa primordialmente glicose como substrato energético, chegando a
aumentar em até 50 vezes o consumo, comparado a células
normais. Para manter os níveis plasmáticos de glicose há uma
elevação na gliconeogênese hepática, onde são utilizados
aminoácidos musculares o lactato.
Considerada o mais abundante aminoácido do organismo a
glutamina é sintetizada por inúmeros tecidos, sendo encontrado em
maiores quantidades no sangue e músculo esquelético. É definida
com um aminoácido condicionalmente essencial, pois organismo
consegue sintetizar na quantidade ideal em condições normais,
mas, situações de hipercatabolismo como infecções graves e
câncer, onde existe o balanço nitrogenado negativo e elevação das
taxas de degradação muscular, ocorrer o aumento da demanda de
glutamina nos tecidos, resultando na redução significativa dos seus
níveis plasmáticos. (ALBERTINI; RUIZ, 2001).
A glutamina corresponde a um substrato celular importante,
pois é fonte de energia e é utilizada para sintetizar outras
substâncias como biossíntese dos ácidos nucléicos. Dentre as
fontes alimentares da glutamina disponíveis estão as carnes, ovos e
derivados do leite e soja. (FONTANA, 2003)
A deficiência de glutamina sob condições metabólicas de
catabolismo intenso pode ocorrer a atrofia intestinal progressiva,
podendo levar ao desenvolvimento de síndromes sépticas e a
falência de múltiplos órgãos (FRENHANI, 2006).Alguns estudos
clínicos mostram que o uso da glutamina pode levar a redução do
tempo de hospitalização e da taxa de infecção, retardando a
resposta inflamatória de citorredução, ativando os linfócitos T de
pacientes oncológicos. Além disso, pode diminuir os efeitos tóxicos
ocorridos na radioterapia e quimioterapia melhorando a qualidade
de vida do paciente neoplásico. (BOLIGON, 2010)
Portanto, o presente estudo tem como objetivo apresentar
uma revisão da literatura sobre o efeito do aminoácido glutamina no
tratamento de pacientes acometidos com o câncer.
41
Uso de glutamina no tratamento do câncer
2. MATERIAL e MÉTODOS
Este trabalho foi realizado a partir de uma revisão literária
nos principais bancos de dados, tais como livros especializados e
artigos em revistas científicas coletados no Scielo, PubMed, NCBI,
Web of Science entre outros. Também foram consultadas teses e
dissertações relacionadas ao tema. Para acesso a estes sítios
utilizou-se as palavras chaves: Glutamina e câncer.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se na análise dos 13 artigos que o número de
publicações aumentou nos últimos anos, demonstrando grande
interesse em pesquisas sobre a ação da glutamina na melhoria do
tratamento do paciente oncológico.
A analise qualitativa dos conteúdos abordados nos artigos
será apresentada em dois subitens: ação imunomoduladora da
glutamina e a utilização da glutamina no tratamento do câncer.
3.1- Ação imunomoduladora da glutamina
Tem-se demonstrado que a glutamina influencia nas funções
e vias de sinalização celular. A modulação da expressão de gene
está relacionado com a síntese e a degradação das proteínas. A
proliferação celular e a ativação das vias envolvidas de apoptose
celular é um dos papéis exercidos na glutamina. (CRUZAT, 2009)
A glutamina, por constituir um nutriente imunomodulador,
também é substrato fundamental para as células do sistema
imunológico, estimulando a multiplicação de linfócitos, a
diferenciação das células B, a produção de interleucina 1 e a
fagocitose dos macrófagos. As células NK, um tipo de linfócito
importante no combate de células tumorais e infecções virais, são
dependentes de estoques adequados de glutamina para sua
proliferação.
A
glutamina
também
exerce
um
efeito
imunoestimulante local, aumentando as células T intestinais,
causando, assim, um estímulo da função imunológica geral do
organismo (FRENHANI, 2006).
42
Uso de glutamina no tratamento do câncer
3.2- Utilização da glutamina no tratamento do câncer
Alguns estudos examinaram os efeitos protetores da
suplementação parenteral da glicil-L-glutamina em pacientes com
carcinoma colorretal metastático tratados com quimioterapia. Os
resultados demonstram que a glutamina atua na proteção da
mucosa gastrintestinal, além de estimular o crescimento da mucosa
intestinal, reduzindo as alterações na absorção e permeabilidade
intestinais. (SANTOS, 2011)
Estudos sugerem que a suplementação de glutamina possa
ajudar na prevenção dos efeitos tóxicos do tratamento antitumoral,
pois evitam a depleção dos estoques, além de produzir subprodutos
protetores às células normais. (SAVARESE,2003)
Boligon (2011) verificou menor prevalência e severidade da
mucosite em pacientes com câncer de cabeça e pescoço durante o
tratamento radioterápico e/ou quimioterápico que utilizaram
glutamina, quando comparados ao grupo controle (sem ingestão de
glutamina). Além disso, o Índice de Risco Nutricional aumentou nos
pacientes sem glutamina.
A glutationa (GSH), subproduto do metabolismo da
glutamina, protege as células normais contra a injúria oxidativa, ou
seja, faz parte do sistema antioxidante natural. Foi observado que a
toxicidade da QT e RT são maximizadas quando os níveis de GSH
intracelular encontram-se baixos. Por outro lado, as células tumorais
possuem menor quantidade de glutationa intracelular, permitindo
maior ação do tratamento oncológico nessas células.
(PACCAGNELLA,2011)
5. CONCLUSÕES
O estudo dos imunomoduladores como a glutamina é de
grande relevância para criação de condutas dietoterápicas. Os
resultados demonstram que o uso da glutamina pode trazer
possíveis benefícios na prevenção e tratamento do câncer,
possibilitando uma maior sobrevida ao paciente acometido, ou pelo
menos melhorar sua qualidade de vida.
43
Uso de glutamina no tratamento do câncer
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTINI, S.M.; RUIZ, M.A. O papel da glutamina na terapia nutricional
do transplante de medula óssea. Revista Brasileira de Hematologia. São
José do Rio Preto, v. 23, n. 1, p. 41-47. 2001.
BOLIGON C.S.; HUTH, A. O impacto do uso de glutamina em pacientes
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quimioterápico. Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(1): 31-38.
CRUZAT, V.F; PETRY, E.R; TIRAPEGUI, J. Glutamina: Aspectos
Bioquímicos, Metabólicos, moleculares e suplementação. Revista
Brasileira Medicina do Esporte. v.15, n. 5- set/out, 2009.
Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil/ Instituto Nacional de
câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Ações
Estratégicas, Coordenação de Promoção e Vigilância. Rio de Janeiro: Inca,
2011.
FONTANA, K. E; VALDES, H. VALDISSERA, V. Glutamina como
suplemento ergogênico. Revista Brasileira Ciência e Movimento. 2003;
11(3):91-96.
FRENHANI, P.B. Terapia Nutricional em estados hipermetabolicos.
Revista Nutrição em Pauta. São Paulo: maio/junho, n.60, p.40-46, 2006.
GARÓFOLO, A. Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico. Revista de
Nutrição. Campinas, v.17 n.4, out./dez., 2004.
KRAUSE. Alimentos, nutrição & dietoterapia. 12ª ed. Rio de Janeiro.
Elsevier, 2011.
MANN, Jim; TRUSWELL, A. Stewart. Nutrição Humana. 3ª ed. Rio de
Janeiro. Guanabara Koogan, 2011.
PACCAGNELLA, A., MORASSUTTI, I, ROSTI, G. Nutricional intervention
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SANTOS, A.L. B; NOVAES, M.R.C.G. Qualidade de vida de pacientes com
câncer colorretal em uso de glutamina. Revista Brasileira de
Cancerologia 2011; 57(4): 541-546.
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SILVA. M.N.P. Síndrome da anorexia-caquexia em portadores de câncer.
Revista brasileira de cancerologia 2006; 52(1): 59-77.
44
Medidas de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero
MEDIDAS DE PREVENÇÃO E RASTREAMENTO DO
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO
Chisleide Costa LIMA
Ana Flávia Carlos de MELO
Scarlett Felipe da SILVA
1. INTRODUÇÃO
Apesar de ter sido um dos primeiros países a utilizar o
exame Papanicolaou para detecção do câncer cérvico-uterino, os
dados estatísticos mostram que esse tipo de câncer continua sendo
um caso de saúde pública no Brasil (NOBRE; LOPES NETO, 2009).
O câncer do colo do útero é um câncer com mortalidade
elevada, que, mesmo com as campanhas e programas
governamentais de prevenção, ainda continua sendo um problema
de Saúde Pública no Brasil, embora já apresente conhecimentos
técnicos de prevenção suficientes para fornecer um dos mais altos
potenciais de cura (CRUZ; LOUREIRO, 2008).
Os fatores de risco para seu desenvolvimento são: a idade
precoce na primeira relação sexual; multiplicidade de parceiros;
baixa condição sócio-econômica; história de infecções sexualmente
transmitidas (da mulher e de seu parceiro). Atualmente, considerase que a persistência da infecção pelo Vírus do Papiloma Humano
(HPV) represente o principal fator de risco; multiparidade;
tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigarros
fumados; alimentação pobre em alguns micronutrientes,
principalmente vitamina C, beta caroteno e folato, e o uso
prolongado de anticoncepcionais (BRASIL, 2006; SMELTZER;
BARE, 2002).
É preciso atentar para os motivos que podem interferir na
decisão da mulher em realizar ou não realizar a prevenção do
câncer do colo do útero. Motivos esses que em alguns casos estão
ligados a tabus, valores culturais e sua própria sexualidade
(OLIVEIRA; PINTO, 2007).
De acordo com Otto (2002), as recomendações do agente
comunitário de saúde para o rastreamento do câncer do colo do
útero em mulheres assintomáticas incluem um Papapanicolaou e
um exame pélvico que deve ser feito anualmente em todas as
mulheres que são ou foram ativas sexualmente ou que apresentam
menos de 18 anos de idade.
45
Medidas de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero
2. OBJETIVO
Abordar as principais estratégias de prevenção e rastreamento
do câncer do colo do útero por meio da revisão sistemática da
literatura científica.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que se desenvolve por
meio de materiais já publicados, constituídos principalmente de
artigos científicos ou livros.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O carcinoma do colo é o câncer que é predominante de
células escamosas. Nos últimos 20 anos, a incidência do câncer do
colo invasivo diminuiu de 14,2 casos por 100.000 mulheres para 78
casos por 100.000 mulheres. Ele é menos comum que outrora por
causa da detecção precoce das alterações celulares. Na maioria
dos casos, a evolução do câncer do colo do útero é lenta, passando
por fases pré-clínicas detectáveis e curáveis (BRASIL, 2002).
A detecção precoce do câncer do colo do útero em mulheres
assintomáticas por meio do exame citopatológico (Papanicolaou),
permite a detecção das lesões precursoras e da doença em
estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas
(BRASIL, 2002). O exame para o rastreamento do câncer é
amplamente propagado, não apresenta custos ao paciente e é
facilmente colhido e executado, mesmo assim o câncer ainda
representa a terceira maior estimativa de incidência de neoplasia
maligna na população feminina brasileira (COSTA et al., 2007).
O exame recebe o nome de Papanicolaou, pois George N.
Papanicolaou, nos anos 30 do século passado, estudando as
manifestações hormonais nas células escamosas das paredes
vaginais, detectou, em alguns casos, em colos uterinos
absolutamente normais, células com alterações semelhantes
àquelas
encontradas
nos
processos
neoplásicos.
No
aprofundamento dos seus estudos, passou a colher rotineiramente
secreções cervicais em mulheres aparentemente hígidas e, com
isso, concluiu pela eficácia do método de diagnóstico precoce da
neoplasia (FOCCHI; ROBERTO NETTO, 2006).
Para realização do exame preventivo do câncer do colo do
útero a mulher não deve usar duchas, e não deve ter realizado
exames intravaginais, como a ultrassonografia nas 48 horas antes
46
Medidas de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero
da coleta, evitar relações sexuais 2 dias antes da coleta, evitar os
anticoncepcionais locais, espermicidas 2 dias até a realização do
exame, o exame não deve ser feito no período da menstruação, pois
o sangue dificulta o diagnóstico (SOUZA et al., 2008).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), após um
resultado negativo, a realização trienal do exame é tão eficiente
quanto a anual, no que diz respeito à redução das taxas de
incidência por esse câncer. Além disso, a recomendação de que a
periodicidade seja trienal, somente após dois resultados
consecutivos, obtidos em exames realizados com intervalo anual,
permite identificar os casos nos quais possa ter ocorrido um
resultado falso-negativo (BRASIL, 2002).
O resultado encontrado no exame citopatológico apresenta a
Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) I, NIC II e NIC III. NIC I é a
alteração celular que acomete as camadas mais basais do epitélio
estratificado do colo do útero. Cerca de 80% das mulheres com
esse tipo de lesão apresentarão regressão espontânea. NIC II é a
existência de desarranjo celular em até três quartos da espessura
do epitélio, preservando as camadas mais superficiais NIC III é a
observação do desarranjo em todas as camadas do epitélio
(displasia acentuada e carcinoma in situ), sem invasão do tecido
conjuntivo subjacente (BRASIL, 2002).
Alguns fatores podem ajudar na prevenção de várias
doenças, inclusive do câncer, tais como: alimentação saudável
(comer mais frutas, legumes, verduras, cereais e menos alimentos
gordurosos, salgados e enlatados) – a dieta deve conter pelo menos
cinco porções de frutas, verduras e legumes; dar preferência às
gorduras de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja
e de girassol e evitar gorduras de origem animal, como leite e
derivados, carne de porco, carne vermelha, pele de frango e
algumas gorduras vegetais, como margarinas e gordura vegetal
hidrogenada (BRASIL, 2006).
Ainda, de acordo com o Ministério da Saúde (2006), outras
medidas preventivas para o câncer é a realização de atividade física
regular, evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas e parar de
fumar.
5. CONCLUSÕES
Com este estudo fica bastante claro que a prevenção do
câncer do colo uterino é feita por meio do exame citopatológico
47
Medidas de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero
também chamado de Papanicolaou, que é um exame de fácil
acesso a população, muito fácil de ser realizado e que apresenta
muita eficácia para o diagnostico de lesões pelo HPV, que é a
principal causa que leva ao câncer e é de extrema importância para
diminuição dos índices crescentes de câncer do colo do útero, que
ainda se constitui um importante problema de saúde pública.
6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Câncer do colo do útero, 2002: Disponível
em:
<http://bvms.saúde.gov.br/bvs//publicaçoes/inca/manualprofissionaisdesaú
de.pdf>. Acesso em: 02 out. 2012, 18:10.
______. Secretaria de Atenção a Saúde. Controle dos cânceres do colo
do útero e de mama. Departamento de atenção básica, n.13. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006.
COSTA, M. A et al. Palestra sobre HPV e Câncer de colo de útero em
escolas de ensino médio do município de Cascável-PR. In:
CONGRESSO DE FARMÁCIA DE MARINGÁ, I, 2006, Maringá. Resumos.
Disponível em: <http://www.pec.uem.br/>. Acesso em: 07 nov. 2012.
CRUZ, L. M. B; LOUREIRO, R. P. A comunicação na abordagem
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FOCCHI, J; ROBERTO NETTO, A. Câncer do colo do útero, dez. 2006.
Disponível em:http://www.rksoul.net/edv64 >. Acesso em: 15 out. 2012.
NOBRE, J. C. A. de A.; LOPES NETO, D. Avaliação de Indicadores de
Rastreamento do Câncer do Colo do Útero no Amazonas, Norte do Brasil,
de 2001 a 2005. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 55, n. 3, p. 213220, 2009.
OLIVEIRA, M. M.; PINTO, I. C. Percepção das usuárias sobre as ações de
Prevenção do Câncer do Colo do Útero na Estratégia Saúde da Família
em uma Distrital de Saúde do município de Ribeirão Preto, São Paulo,
Brasil. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v.7, n.1,
jan./mar. 2007.
OTTO, S. E. Oncologia. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores,
2002.
SMELTZER, S. C; BARE, B. G. Tratado de enfermagem médicocirúrgica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
SOUZA, A. S. R et al. Prevenção e Controle do Câncer de colo do
útero. Protocolos de Atenção à Saúde da Mulher. Prefeitura Municipal de
Belo Horizonte, 2008. 24p.
48
Capítulo III
EPIDEMIOLOGIA
49
Epidemiologia e estratégias de controle de DST no Brasil
EPIDEMIOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE DST
NO BRASIL
Adriana dos Santos ALVES
Edith de Carcia Pontes A. de AZEVEDO
Manuela Barbosa GALVÃO
Rowse Alencar Ramalho de FIGUEIRÊDO
1. INTRODUÇÃO
Doenças sexualmente transmissíveis (DST) são processos
infecciosos
causados
por
um
grupo
heterogêneo
de
microorganismos, com grande potencial epidemiológico. Atualmente
as DST são tratadas como pandemias cuja transmissão se dá por
meio do contato sexual sem uso de preservativo (camisinha),
embora este não seja necessariamente o único meio de
transmissão.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se
que no Brasil 10 a 12 mil pessoas são portadoras de DST curáveis
(gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase), sendo 25% dos
portadores tratam-se de jovens com idade inferior a 25 anos. Dentre
as DST incuráveis, somente a síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS), sífilis congênita e hepatite B (HBV) fazem parte da
lista nacional de doenças de notificação compulsória. Dados de
incidência das demais DST no Brasil são ausentes ou insuficientes.
A incidência de DST em mulheres teve um aumento
progressivo. A razão de infecção por HIV passou de 15,4 homens /1
mulher em 1986, para 1,5 homens /1 mulher em 2005. A mulher
portadora sífilis, a hepatite B e a AIDS, pode transmitir sua doença
de forma vertical para o feto durante a gravidez ou no momento do
parto devido ao contato do feto com o seu sangue contaminado.
DST não tratada em gestantes são as maiores causas de abortos
espontâneos, natimortos, baixo peso ao nascer e infecção congênita
e perinatal.
Após a epidemia de AIDS no Brasil em 1983, o governo
adotou medidas de contenção de HIV/DST. Em 80, a maior
incidência de AIDS estava entre homossexuais masculinos das
classes média e média alta e usuários de drogas injetáveis e
hemofílicos, principalmente nos grandes centros urbanos do
Sudeste. Nos anos 90 ocorreu uma mudança no perfil
epidemiológico da doença que sofreu um processo de
50
pauperização, interiorização, juvenilização e feminilização, ou seja,
afetando mais as mulheres, indivíduos em relações heterossexuais,
jovens residentes de pequenos centros urbanos e camadas mais
pobres da sociedade.
O aumento do número de DST no país, juntamente com a
heterogeneidade do perfil dos seus portadores, forçam o governo a
produzir estratégias de prevenção mais eficientes, tanto de caráter
primário (uso do preservativo, informação) quanto secundário
(diagnóstico e tratamento) podem permitir o controle das DST e
suas consequências.
2. OBJETIVO
O trabalho teve como objetivo de verificar o grau de
informações acerca do tema, com bases em dados epidemiológicos
da incidência de DST na população brasileira, observado como se
dá sua evolução e distribuição, analisando as estratégias que são
adotadas para sua contenção e tratamento.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Tratou-se de uma pesquisa exploratória de natureza
bibliográfica, espera-se lançar mão de conhecimentos acerca da
incidência de DST na população brasileira, por meio de uma revisão
de artigos relacionados ao tema em questão.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
O aumento gradativo de pessoas infectadas por DST no
Brasil é algo preocupante. Apesar dos programas informativos e
distribuição gratuita de preservativos por parte do governo para a
população, os índices de aquisição desse tipo de doença ainda é
elevado. Em ambos os sexos, essa doença causa vulnerabilidade
do organismo a outras doenças, inclusive a AIDS, além de terem
relação com a mortalidade materna e infantil, abortos, e esterilidade.
A duração da doença costuma variar em relação ao tipo ou
disponibilidade de tratamento devido à existência ou não dos
serviços de atendimento, acessibilidade, a disponibilidade a
tratamentos efetivos, o controle dos parceiros para evitar novas
infecções. O Ministério da Saúde estima que por volta de 10,3
milhões de brasileiros já tiveram algum sinal ou sintoma de uma
doença transmitida pelo sexo, porém somente 18% dos homens e
11,4% das mulheres não buscaram atendimento médico. A
51
Epidemiologia e estratégias de controle de DST no Brasil
estimativa de infecções de transmissão sexual na população
sexualmente ativa, a cada ano é praticamente alta, como
percebemos na Tabela 1.
Tabela 1: Estimativa do número de indivíduos portadores de DST
em 2011
DST
Quantidade
de
portadores
Sífilis
937.000
Gonorreia
1.541.800
Clamídia
1.967.200
Herpes genital
640.900
HPV
685.400
AIDS
14.528
Fonte: Ministério da Saúde: http://www.aids.gov.br
Portadores de DST constituem um grupo heterogêneo de
indivíduos do ponto de vista epidemiológico, pois sua constituição
abrange ambos os sexos, diferentes faixas etárias sociais e
econômicas, sendo independente o grau de escolaridade e
orientações sexual do portador.
Apesar da heterogeneidade da população portadora de
algum tipo de doença transmitida pelo sexo, alguns perfis se
apresentam mais vulneráveis à aquisição dessas enfermidades. A
taxa de prevalências de HIV entre usuários de drogas ilícitas é de
5,9 %, 10,5% entre homens que fazem sexo com homens e de 4,9%
entre mulheres profissionais do sexo. A taxa de prevalência da
infecção pelo HIV, na população de 15 a 49 anos, estima-se estável
em 0,6% desde 2004, sendo 0,4% entre as mulheres e 0,8% entre
os homens. Em 2010 a incidência da doença nos jovens na faixa
etária de 15 a 24 representava 9,5/100.000 habitantes.
A carência de tratamento das DST pode acarretar em danos
maiores e irreversíveis. O HPV ser o principal fator da incidência do
câncer de pênis no homem e câncer de colo de útero na mulher.
Algumas uretrites mais graves podem levar a uma este no se da
uretra, sífilis pode originar consequências neurológicas graves,
assim como promover o aparecimento de lesões genitais, que
podem levar a cicatrizes e deformidades no corpo do pênis.
52
Epidemiologia e estratégias de controle de DST no Brasil
O atendimento imediato de uma DST não é apenas uma
ação curativa, ela deve ter de caráter preventivo /informativo
objetivando barrar a transmissão e surgimento de outras
complicações. Para controle eficiente das doenças transmitidas pelo
sexo deve haver detecção dos casos, tratamento imediato,
aconselhamento para os parceiros de indivíduos portadores; uso de
aconselhamentos específicos como forma de prevenção de novas
ocorrências. As orientações devem ser discutidas conjuntamente,
favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições
médicas deve ser respeitado, assim como a adoção de práticas
sexuais mais seguras.
O governo brasileiro desenvolve e aperfeiçoa medidas de
contenção da disseminação de DST, através da distribuição gratuita
de preservativos, campanhas publicitárias, implementação do
ensino de educação sexual, distribuição de medicamentos
antirretrovirais durante a gestação para portadoras de HIV, junto
com acompanhamento completo do recém-nascido, manipulando a
substituição do aleitamento materno por fórmula infantil (leite em pó)
e uso de antirretrovirais. O governo ainda disponibiliza centros de
aconselhamento e testagem para portadores, onde são prestados
serviços de saúde que realizam ações de diagnóstico e prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis. Nesses serviços, é
possível realizar testes para HIV, sífilis e hepatites B e C
gratuitamente.
5. CONCLUSÕES
No Brasil o índice de incidência de pessoas com DST ainda
é preocupante. Apesar da modernização dos tratamentos, aumento
do grau de informação acerca do assunto, distribuição de
preservativos e fornecimento gratuito de remédios, a população
ainda pratica sexo de forma insegura. Apesar do caráter heterogênio
dos portadores, os jovens, usuários de drogas ilícitas e profissionais
do sexo fazem parte da camada mais vulnerável a aquisição desse
tipo de doença. Métodos de informação, controle e tratamento da
doença são otimizados pelo Ministério da Saúde Brasileiro, ano
após ano, esses métodos refletem na diminuição e estabilização da
doença como também a cura ou o aumento da expectativa de vida
para os portadores.
53
Epidemiologia e estratégias de controle de DST no Brasil
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONSECA MGP, TRAVASSOS C, BASTOS FI, SILVA NV,
SZWARCWALD CL. Distribuição social da AIDS no Brasil, segundo
participação no mercado de trabalho, ocupação e status
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2005.
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REIS, A.C., SANTOS, E.M., CRUZ, M.M. A mortalidade por AIDS
no Brasil: um estudo exploratório de sua evolução temporal.
Boletim de Epidemiologia. v.16 n.3 Brasília set. 2007.
54
Capítulo IV
EDUCAÇÃO FÍSICA: fisiologia
do esporte, treinamento e
atuação em saúde
55
Exercício físico e ingestão calórica
EXERCÍCIO FÍSICO E INGESTÃO CALÓRICA
Lys MATOS
1. INTRODUÇÃO
As tendências de transição nutricional ocorrida neste século
convergem para uma dieta mais rica em gorduras, particularmente
as de origem animal, açúcares e alimentos refinados, e reduzida
quantidade de carboidratos complexos e fibras. (MONTEIRO et al.,
1995). Além desse fator, os indivíduos diminuíram progressivamente
a atividade física, sofreram alterações concomitantes na
composição corporal, principalmente o aumento da gordura.
No caso do Brasil, estudos comprovam que essa transição
nos
padrões
nutricionais,
relacionados
com
mudanças
demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas ao longo do
tempo, está refletindo na diminuição progressiva da desnutrição e
no aumento da obesidade (MONTEIRO et al., 1995).
A inatividade física está entre um dos principais fatores de
risco que contribuem para o aumento da prevalência da obesidade.
Na população urbana brasileira, o sedentarismo tem sua prevalência
de até 56% em mulheres e 37% entre os homens, justificando,
assim, o comportamento crescente de indivíduos com esse
diagnóstico (FUCHS, MOREIRA e RIBEIRO apud MONTEIRO e
SOBRAL FILHO, 2004; Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005).
2. OBJETIVOS
Objetivou-se fazer uma revisão sobre os aspectos gerais da
importância que o exercício físico associada a uma ingestão calórica
ideal terá na redução da gordura corporal e conseqüentemente em
uma melhor qualidade de vida, prevenindo a obesidade.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza bibliográfica.
Foi realizada através de pesquisas em artigos científicos e livros.
4. RESULTADOS E DISCUSÃO
4.1 Exercício Físico
Quanto à prática de exercício físico, já é consenso que,
quanto mais à sociedade se desenvolve e se mecaniza, a demanda
por atividade física diminui, reduzindo o gasto energético diário
(GRUNGY, 1998).
56
Exercício físico e ingestão calórica
É sabido que existem prováveis mecanismos através dos
quais o exercício pode auxiliar na perda e manutenção do peso.
Alguns deles seriam o aumento do gasto diário de energia, a
redução do apetite, o aumento da taxa metabólica de repouso, o
aumento da massa muscular, o aumento do efeito térmico de uma
refeição, a elevação do consumo de oxigênio, a otimização dos
índices de mobilização e utilização de gordura, bem como uma
sensação de auto-suficiência e bem-estar (BALLOR et al., 1996;
WEINSIER et al., 1996).
Corroborando com o citado acima, um estudo de Wirth apud
Bronstein, 1996, demonstrou que, após a atividade física, a
incorporação de ácidos graxos no tecido adiposo e sua
estratificação para triacilglicerol diminuem, pois ocorre um aumento
na concentração plasmática de ácidos graxos livres, aumentando,
portanto, a sua oxidação.
O exercício físico também é importante para promover um
adequado balanço energético, pois a energia gasta durante a
atividade física é importante para que ocorra um efeito positivo
sobre a taxa metabólica de repouso e melhora da composição
corporal, o que pode manter ou até mesmo preservar a massa
muscular durante a perda de peso. De acordo com Rippe JM &
Hess S. (1998), para que a atividade física possa manter essa perda
de peso, é necessário que ocorra um gasto de 1.500 a 2.000 Kcal
por semana, porem não existe um consenso literário quanto a esse
valor.
De acordo com um estudo de Hunter et al. (2000) realizado
com mulheres idosas de 60 a 77 anos de idade, durante 16
semanas, observou um aumento de quase 100% na oxidação de
lipídios após um programa de treinamento com pesos. Esses dados
foram analisados através da medição da taxa metabólica pós-treino,
avaliada entre 22 e 44 horas após o término do exercício. Isso
sugere que o treinamento com pesos tem um papel importante no
aumento do gasto de energia em repouso, parecendo, assim,
melhorar o perfil metabólico desses indivíduos.
Portanto, de acordo com o American College of Sports
Medicine (ACSM), recomenda-se que toda a população se engaje
em uma rotina regular de exercícios que englobe 20 a 60 minutos de
exercícios aeróbios, realizados de 3 a 5 dias por semana,
juntamente com um treinamento de resistência e treinamento de
flexibilidade com frequência de 2 a 3 vezes por semana
57
Exercício físico e ingestão calórica
(ANDERSEN, 1999), pois, mesmo não ocorrendo redução de peso,
haverá benefícios para a saúde.
4.2. Ingestão Calórica
Um dos princípios fundamentais da termodinâmica é a “lei da
conservação de energia”, ou seja, a energia não “desaparece”, e
sim é convertida de uma forma para outra. (MELBY E HICKEY,
1999).
A energia absorvida em excesso segundo AMORIM (2003),
que “exceder às necessidades do organismo, será armazenada nos
tecidos sob as formas de proteína, gorduras ou carboidratos”.
O gasto energético diário é resultado do metabolismo basal,
da atividade física (AF) diária e do efeito térmico dos alimentos
(HANSEN et al. 2007). Assim, para se obter o emagrecimento é
necessário promover um equilíbrio energético negativo com o
organismo despendendo mais energia do que ele recebe.
Nesse sentido, várias técnicas podem ser utilizadas desde
que o resultado seja o de equilíbrio energético negativo. Das várias
possibilidades existentes, a mais recomendada pela literatura
científica é a da restrição calórica, por meio de dieta,
concomitantemente com o aumento dos níveis de atividade física
(AMORIM, 2003).
Já Kleiner (2009) afirma que pessoas ativas precisam se
alimentar durante todo o dia, com pequenas refeições a cada duas
ou três horas, de preferência intercaladas com seu horário de
treinamento. Segundo este autor, o hábito de realizar várias
refeições mantém constantes os níveis de açúcar no sangue, de
modo a evitar picos e baixas durante o dia, que acarretaria no
armazenamento de gordura.
A inclusão de pequenas quantidades de proteína nas
refeições e nos lanches permite controlar o apetite, alimentar os
músculos de modo mais eficiente e conservá-los quando se quer
perder gordura. (DI PASQUALE, 2005)
Já Kleiner (2009) explica que a queima de gordura também
será favorecida na realização de várias pequenas refeições ao dia
que contenham proteína, porque “a proteína aumenta a termo
gênese, processo pelo qual o organismo converte as calorias
ingeridas e a gordura armazenada em calor. Então, é possível
queimar mais calorias se houver mais proteína na dieta (DI
PASQUALE, 2005).
58
Exercício físico e ingestão calórica
As necessidades individuais de proteína variam de acordo
com o objetivo do indivíduo. E Kleiner (2009) afirma que “a
recomendação de ingestão diária de proteína é 0,8g/kg de peso/dia
(recommended dietary allowances – RDA) para quem não pratica
exercício”. Sendo assim, praticar treinamento de força exigiria uma
quantidade adicional para atender ao crescimento muscular e ao
aumento de certas substâncias no sangue.
Ainda de acordo com Kleiner (2009), com fundamentos nas
últimas pesquisas com praticante de treinamento de força com
objetivo de desenvolver os músculos e perder gordura, é
recomendável ingerir 2g diárias de proteína/kg de peso.
Portanto cabe ao indivíduo preservar sua saúde, praticando
atividade física regular (AMORIM, 2003) integrada à prática de
ingerir pequenas refeições e freqüentes durante o dia (KLEINER,
2009) porque com isso estará utilizando as melhores táticas para
uma vida mais saudável, e ainda, queimar gordura e formar
músculos (KLEINER, 2009).
5. CONCLUSÃO
A partir das informações apresentadas neste estudo de
revisão, observou-se que o exercício físico possui influência positiva
na saúde e associado a uma alimentação saudável influenciará no
controle da obesidade. Os exercícios com pesos parecem
proporcionar um aumento significativo na demanda energética pósexercício, mantendo-a acima dos valores de repouso oferecendo
estratégias para o controle do peso corporal através do aumento do
gasto calórico, aumento da massa muscular e da taxa metabólica de
repouso e também pelo chamado EPOC. Como conseqüência
ocorre diminuição no percentual de gordura corporal, favorecendo
um emagrecimento seguro e saudável.
6.
REFERÊNCIAS
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de Janeiro: Shape, 2003.
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Physician and Sports Medicine. 1999; 27(10) 32-41.
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Exercício físico e ingestão calórica
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da Atividade Física e Controle Nutricional. Rev Bras Nutr Clin
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60
Capítulo V
ANATOMIA E FISIOLOGIA
61
Conhecimento e Práticas quanto às opções do tratamento da hipertensão arterial no idoso
CONHECIMENTO E PRÁTICAS QUANTO ÀS OPÇÕES DO
TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NO IDOSO
Scarlett Felipe da SILVA
Ana Flávia Carlos de MELO
Maíra Bonfim BARBOSA
1. INTRODUÇÃO
Ao logo dos últimos anos, tornou-se evidente o aumento da
expectativa de vida em todo o mundo observou-se uma maior
incidência e prevalência de certas doenças, particularmente as
doenças cardiovasculares. No Brasil, as doenças cardiovasculares
são responsáveis por mais de 250.000 mortes por ano, a
hipertensão arterial sistêmica (HAS) participa de quase metade
delas (MIRANDA et al, 2002). Hipertensão Arterial Sistêmica pode
ser de dois tipos: pressão arterial sistólica maior ou igual a 140
mmHg e pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em
indivíduos que não fazem o uso de medicação anti-hipertensiva
(MS, 2006).
Oficialmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
considera idoso o individuo com idade igual ou superior a 65 anos
residentes em países desenvolvidos e com 60 anos ou mais para
países em desenvolvimento, contexto em que se insere o nosso
País (MAZO, LOPES e BENEDITTI, 2001) Segundo Mion Jr (2007)
a prevalência da hipertensão aumenta com a idade e isso depende
de vários fatores: idade, sexo, fatores genéticos, etnia, tabagismo,
alcoolismo, obesidade, sedentarismo, fatores dietéticos. Para
complicar ainda mais a situação, é importante lembrar que, além da
hipertensão esses pacientes também são portadoras de outros
problemas como diabetes, dislipidemia e obesidade.
2. OBJETIVOS
O objetivo desse estudo foi conhecer as causas que
determinam a hipertensão no idoso, no Município de Ferreiros- PE,
a fim de identificar os fatores de riscos, buscando descrever o
tratamento indicado para hipertensos e apontando sugestões para
controle da doença.
62
Conhecimento e Práticas quanto às opções do tratamento da hipertensão arterial no idoso
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa tratou de uma abordagem qualitativa através de
observações in situ durante o mês de novembro de 2012, de base
populacional que incluiu idosos com sessenta anos e mais,
residentes na área urbana do Município de Ferreiros - PE. As
informações foram obtidas por meio de questionários aplicados
diretamente ao idoso selecionado que sofrem de hipertensão
arterial.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A hipertensão arterial (HA) é uma doença de alta
prevalência nacional e mundial, acompanhada de elevado risco de
mortalidade que se constitui em um grave problema de saúde
pública. Além disso, sua evolução é lenta e silenciosa, o que
dificulta a percepção dos indivíduos portadores da doença. Pressão
alta é uma doença crônica e mais comum entre os idosos. Essa
doença é a principal causa de morte no país, ela pode causar
infartos fulminantes e acidentes cardiovasculares, quase 300 mil
óbitos por ano.
Dos idosos entrevistados portadores da hipertensão,
observou-se que (60%) não fuma e nem nunca fumou, porém só
(20%) fazem caminhada regularmente. Entretanto, constatou que a
prevalência da hipertensão arterial estava presente em todos: os
nãos fumantes, fumantes, ex-fumantes. Em sua pesquisa Gus M. et
al (1998), ressalta que a HA possui natureza multicausal e seus
principais fatores de risco são classificados como modificáveis
(estilo de vida, tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada e
outros), entre eles se evidencia a associação direta com a
obesidade e com o excesso de peso.
Quanto questionados sobre a ingestão de bebida
alcoólica, verificou-se que todos tem total convicção de que não
devem ingerir da mesma, alegaram que tomaram conhecimento
dessa informação através do aconselhamento médico, nas
consultas realizadas.
Para SBH; SBC; SBN (1998), hábitos como fumo e
ingestão de bebida alcoólica merecem atenção na caracterização de
uma população de hipertensos pela sua correlação com os níveis
tensionais e, consequentemente, devendo ser afastados. Evitar
fumo e bebida alcoólica juntamente com a atividade física regular
constituem-se em elementos integrantes do tratamento não
63
Conhecimento e Práticas quanto às opções do tratamento da hipertensão arterial no idoso
farmacológico. Segundo Soares [sd], a ocorrência da hipertensão no
idoso, esta claramente relacionada com a idade. Aos 20 anos, 20%
dos indivíduos têm pressão alta; aos 30 anos, 30% e, aos 80 anos,
80% têm hipertensão. Existem outras causas que explicam a
hipertensão no idoso, de acordo com o autor supracitado são:
“Especialmente nos estados pré-diabéticos, os idosos
podem ter descarga maior da insulina que o próprio
organismo produz. Essa hiperinsulemia libera
substâncias que agem no cérebro e aumenta a
absorção de sal pelos rins, o que acaba acarretando
hipertensão. Lesões no endotélio (camada interna que
reveste os vasos) provocadas por diabetes,
menopausa, alcoolismo também predispõem à
hipertensão e são prevalentes na população mais
idosa”.
Identificou-se que a maioria dos idosos hipertensos (70%)
visitavam regularmente o médico por conta da hipertensão arterial,
sendo que todos os entrevistados (100%) faziam o uso de
medicamentos hipertensivos.
Para a aderência ao tratamento anti-hipertensivo no idoso:
Constitui um problema frequente também nesta faixa
etária e provavelmente é o maior desafio que
enfrentamos hoje para o controle adequado, em larga
escala, da hipertensão. A hipertensão arterial sistêmica
é uma doença crônica, com longo curso assintomático,
sem consequência imediata da suspensão do
tratamento, que exige mudanças no estilo de vida e
uso diário de medicamentos. Somam-se a isso a alta
frequência de co-morbidades, a consequente poli farmácia
e
o
maior
risco
de
interações
medicamentosas e efeitos adversos na população
geriátrica. Dessa forma, os pacientes devem ser
educados em relação à doença durante as consultas
médicas e, sempre que possível, em grupos com
assistência multiprofissional. No início do tratamento e
nos ajustes de dose pode-se conseguir melhor controle
e aderência com a realização de retornos ambulatoriais
frequentes a cada 3 a 4 semanas. A escolha do antihipertensivo deve ser cuidadosa, atentando-se para o
número de tomadas diárias, interação medicamentosa
e especialmente para os outros problemas de saúde do
idoso, como cardiopatias, incontinência urinária e
hipotensão ortostática (MIRANDA et al, 2002).
64
Conhecimento e Práticas quanto às opções do tratamento da hipertensão arterial no idoso
Os resultados dos estudos mostraram que os idosos
hipertensos, tem o conhecimento do que deve ser feito para o
controle da pressão arterial, como as práticas da dieta sem sal,
regime para perde/manter o peso, utilização de medicamentos e
atividade física. Porém, na prática, a maioria só fazia o uso da dieta
sem sal (90%) e da medicação ante- hipertensiva (10%), por
alegarem que, se não fizessem o controle e o uso respectivamente
dos itens citados, sofriam de reações como: tontura, mal-estar e a
própria elevação da pressão. Entendendo que relacionados a estilo
de vida e ao uso de medicamentos, todos fazem alguma coisa para
o controle e tratamento da hipertensão, mas o regime para
perde/manter o peso e a prática de se fazer exercícios físicos, são
pela maioria (70%), deixados de lado, visto que não conhecem a
gravidade da doença.
5. CONCLUSÕES
Com o crescimento da população idosa no mundo, há a
necessidade de se ter maior atenção com essa parte da população.
Apesar dos pacientes hipertensos saber do que se deve fazer no
tratamento da hipertensão, em parte, não exercem o mesmo, visto
que desconhecem as reais consequências caso haja complicações.
Sugere-se que tenha uma equipe preparada, que trabalhem em
grupos, mobilizando todos os idosos incluindo os que não sofrem de
hipertensão, abordando temas educativos relacionado a doença,
suas complicações, necessidade na mudança nos hábitos de vida,
adesão ao tratamento medicamentoso e a dieta, assim como a
prática da atividade física diária.
6. REFERÊNCIAS
MIRANDA, R. D. et al. Hipertensão Arterial no Idoso: Peculiaridades na
Fisiopatologia, no Diagnóstico e no Tratamento. Rev Bras Hipertens, v
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66
Capítulo VI
SAÚDE E MEIO AMBIENTE
67
Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido nordestino: sua relação
com diarréias
CONSERVAÇÃO E MANEJO DE SISTEMAS DE
CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM CISTERNAS DO
SEMIÁRIDO NORDESTINO: sua relação com diarréias
Bruno Freire ARAÚJO
Monalisa dos Santos OLÍMPIO
Cidoval Morais de SOUSA
Beatriz Suzana O. de CEBALLOS
1. INTRODUÇÃO
Em 2010 a Assembléia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU) declarou o acesso à água potável e ao saneamento
básico um direito humano essencial. Reconhecer o direito (embora
tardiamente) é o primeiro passo, deve-se torná-lo efetivo para mais
de um bilhão de pessoas ao redor do mundo que não possuem
saneamento básico, incluindo a água potável. Os mais pobres são
os mais atingidos.
No nordeste semiárido do Brasil moram 20 milhões de
pessoas, 12% da população do país e mais de 84% (9 milhões) não
têm acesso à água de boa qualidade. Entretanto, é o semiárido mais
chuvoso do planeta, com medias de 800 mm e máximas de ate
1.500 mm. O viver (ou conviver) no semiárido brasileiro passa pela
estocagem de água no período chuvoso (concentrado em 2 a 5
meses do ano) e seu uso na estiagem. A qualidade dessa água, seu
melhoramento e preservação são pontos críticos para a diminuição
das doenças de veiculação hídrica ou associadas com a água. Na
região a diarréia causada por águas contaminadas é ainda a
principal causa de morbidade e morte em menores de 5 anos.
No Nordeste a taxa de mortalidade infantil é de 35‰ (35
crianças por mil nascidos vivos), ali incluído o estado da Paraíba, no
Vale do Jequitinhonha (MG) essa taxa varia entre 36,9 a 49,2‰
(SILVA, 2007) e a média nacional é de 22‰ (Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS, 2006).
A qualidade da água de beber deve atender a critérios de
potabilidade para que sua utilização diária ao longo da vida não
cause danos à saúde. Guias internacionais como as da Organização
Mundial da Saúde (WHO, 2011), recomendam os parâmetros e seus
limites para o controle da qualidade. No Brasil, a Portaria no
2.914/2011 do Ministério da Saúde “Dispõe sobre os procedimentos
de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade”.
68
Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido nordestino: sua relação
com diarréias
Para solução há alternativa individual como as cisternas
unifamiliares, a portaria não considera necessário um responsável
para controle da qualidade, mas estabelece que esta sujeita à
vigilância da qualidade da água.
No aspeto microbiológico água de beber não deve conter
bactérias coliformes nem E. coli, esta ultima indicadora de
contaminação fecal. Em relação à quantidade, a OMS (WHO, 2003)
considera no limiar de pobreza um gasto de água inferior a
50L/pessoa ao dia e 20L/dia como o mínimo para manutenção do
bem estar físico e da dignidade inerente à higiene pessoal. Ainda a
distancia entre a fonte de água e a residência deve ser no máximo
de 1.000 metros e o tempo entre coleta e viagem ida e volta deve
demorar de 5 a 30 minutos.
Nesta pesquisa se estudaram as condições sócio
econômicas de famílias da zona rural do semiárido da Paraíba sem
disponibilidade de água potável, suas práticas de higiene, sua
relação com as formas de manejo e conservação da água das
cisternas e a associação de esse entorno com casos de diarréias.
2. OBJETIVOS
- Avaliar a situação social e econômica de famílias rurais dispersas
de comunidades do médio Sertão paraibano.
- Conhecer in loco as práticas de higiene dessas famílias, as
condições de manutenção e manejo dos sistemas de captação de
água de chuva já instalados e destinados para consumo humano.
- Avaliar relações aparentes entre práticas de higiene, condições de
manutenção e manejo dos sistemas de captação e armazenamento
de água de chuva, os benefícios citados pelos usuários trazidos por
essas tecnologias e as doenças diarreicas nessas comunidades.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Questionários semiestruturados foram aplicados aos chefes
de famílias dos dois municípios. Em Patos foram visitadas 7
residências da Comunidade Mucambo de Baixo e em São José de
Espinharas, 4 da Comunidade Cajazeiras, 5 no Assentamento Maria
Paz e 4 no Assentamento Santana, somando 20 pessoas/famílias
com cisternas. Nas microrregiões de Patos e São José de
Espinharas, mesorregião do Sertão Paraibano, distante 310 km de
João Pessoa-PB, a precipitação pluviométrica media é de 432 mm
69
Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido nordestino: sua relação
com diarréias
(mínimas de 280 mm e máximas de 500 mm). A temperatura
ambiente atinge 38oC.
Na sistemática do trabalho houve uma primeira fase de
aproximação da equipe de pesquisa, observações do exterior das
residências, cisternas e pomares e conversas informais com as
famílias. Numa segunda fase se aplicaram os questionários aos
chefes de família nas suas residências com observação dos
ambientes, das condições de preservação e uso da água e dos
cuidados higiênicos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria das entrevistas foi respondida por mulheres chefes
de família (65%). Destes 30% são analfabetos, 44% cursaram
fundamental incompleto e 9% concluíram-no, 12% tem ensino médio
completo; 1% tem curso técnico. Das 77 pessoas nas 20 famílias,
13 (17%) eram crianças e apenas 4 menores de 5 anos (31%). A
maioria das famílias (80%) tem menos de 5 membros e se chover
150 mm e o telhado tiver entre 60 e 80 m2, todas as telhas e os
dutos bem instalados se pode acumular 16.000L de água na
cisterna que abasteceriam com pelo menos 9 L por dia a cada um
dos habitantes de uma casa durante 8 meses. Das famílias 75%
vive com menos de 4 salários mínimos.
As casas têm banheiros (90% - 95% internos), com
esgotamento sanitário para o ambiente (60%) e para a fossa séptica
(40%). Mesmo destino tem os esgotos da cozinha (80% para o
ambiente e 20% à fossa). A fossa esta presente em 85% das casas,
foram construídas há 10 anos (50%) ou menos (<2 anos 38%, 6
anos 12 %). São limpas por 12 % dos beneficiados e 82 % destas
estão bem conservadas. A maioria (41%) se localiza em nível
inferior ao da cisterna, 29 % no mesmo nível e 12 % em nível
superior. Estes dois últimos níveis representam risco de
contaminação do solo e da água acumulada se houver rachaduras
nas cisternas. Os resíduos líquidos da fossa são depositados no
solo (74%) e parte armazenada na própria fossa (24%). O lixo sólido
produzido é queimado.
Os entrevistados declararam limpar os telhados antes das
chuvas (85%), lavar os dutos e calhas (70%), colocar telas nas
bocas dos tubos para evitar sujeiras e insetos (90%), descartar as
primeiras águas das chuvas (85%). Mas não possuem desvios
automáticos e 65% tem calhas fixas. A água de beber é das
70
Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido nordestino: sua relação
com diarréias
cisternas e quando falta de açudes (34%), de rios (30%) e de poços
(34). Responderam colocar água de carro pipa na cisterna 30%,
com frequência semanal (16 %), quinzenal (17 %), mensal (17 %) e
anual (50 %). Houve contradições nas respostas das duas questões
anteriores, assim como sobre o desvio das primeiras águas de
chuva, e que se repetiram com outros assuntos. Percebem-se
respostas formais ao questionário e distantes da prática cotidiana.
Responde se o que deve ser dito, seguindo um roteiro traçado nas
reuniões de gestão dos recursos hídricos, cuja participação é
exigida pela ASA antes de entregar as cisternas, mas as condutas
não condizem com os discursos.
A água é retirada da cisterna com balde (100%) e
transportada para as casas onde é armazenada em potes de barro
(54%), filtros cerâmicos (31%), garrafões plástico (7%). Alguns (8%)
retiram da cisterna segundo as necessidades. Disseram tratar a
água antes de beber 85% das famílias, 65% com hipoclorito e as
restantes por fervura ou nos filtros de cerâmica. O hipoclorito é
adicionado no filtro (30%), potes de barro (30%) e garrafões nas
doses de 1 a 2 gotas/L de água. Na cisterna, 25% dos usuários
aplicam cloração adicionando 1 frasco (25%), 2 (50%) e ate 4
(25%). Medidas apropriadas de hipoclorito em geral estão indicadas
na etiqueta do frasco. A desinfecção na cisterna não é apropriada
(embora a ASA recomendou esse procedimento no inicio do projeto)
porque o cloro livre (ativo) se volatiliza rapidamente.
Casos de diarréia ocorreram em 8 famílias (40%) com
freqüência semestral e alguns episódios semanais ou mensais. Os
adultos foram mais afetados. Os Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) realizam visitam mensais (53%) ou quinzenais (47%) às
famílias para acompanhar o estado de saúde, encaminhar doentes
para hospitais ou serviços específicos, pesar as crianças, distribuir
medicamentos e hipoclorito de sódio para desinfetar a água de
beber. Para 96% das famílias a ação desses agentes é satisfatória.
Entretanto, os ACS não enfatizam a importância da qualidade da
água, uso apropriado do hipoclorito, cuidados com a cisterna,
telhados e o descarte das primeiras águas de chuva. Essa função
fica restrita aos Agentes de Vigilância Ambiental AVAs, que
controlam a qualidade da água encanada na sedes dos municípios e
tem menor ingerência nas famílias. Mais de 90% das famílias
confirmaram melhorias das condições de vida depois de instaladas
71
Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido nordestino: sua relação
com diarréias
as cisternas e 65% citaram menos doenças, entre elas as diarréias
(85%).
Avaliações da qualidade das águas de cisternas em vários
estados e países mostraram positividade para coliformes
termotolerantes e/ou Escherichia coli: 70 a 100% das amostras de
cisternas de Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba e Nova Zelândia
(AMORIM E PORTO, 2001; BRITO et al, 2005a;2005b; SILVA,
2006;TAVARES, 2009; SIMMONS et al, 2001).
Em 2007 Marcynuk realizou em PE a primeira avaliação
brasileira sobre riscos de diarréia pelo consumo de água de chuva.
A prevalência da morbidade foi de 11% nas famílias com cisternas e
de 18,3% nas famílias sem cisternas; para crianças foram 16% com
cisterna e 25,7% para as que bebiam águas de fontes duvidosas.
Luna (2011) confirma a ação protetora das cisternas contra diarréias
por reduzir a prevalência, o número de episódios e sua duração.
Pesquisadores consideram que doenças de veiculação
hídrica ou relacionadas com a água, por ser parte do ciclo de vida
do vetor, persistem pelo descuido ou negligencia da população rural
nas condições de captação, preservação e uso da água. Mas
também é possível que essa conduta se deva às intervenções, além
da ASA, de pesquisadores e ONGs e AVAs que buscam transferir
formas de manejo e higiene para os sistemas de captação e
armazenamento de água de chuva, mas que não foram
incorporadas ou apropriadas pelos usuários, seja por conflitar com
hábitos
e
saberes
ancestrais,
seja
por
não
ter
compreendido/apreendido a importância da relação entre manejo
correto e manutenção higiênica do sistema com a saúde.
5. CONCLUSÕES
As cisternas melhoram a qualidade da água e de vida das
famílias, diminuem casos de diarréias em número e tempo de
duração. Podem conter água de melhor qualidade se medidas
higiênicas (barreiras sanitárias) fossem aplicadas, e em
consequência, melhores seriam as condições de saúde da
população abastecida. Maiores êxitos, maiores investimentos
governamentais.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
72
Conservação e manejo de sistemas de captação de água de chuva em cisternas do semiárido nordestino: sua relação
com diarréias
AMARAL, L. A.; FILHO, N. A.; JUNIOR O. D. R.; FERREIRA, F. L. A.;
BARROS, L. S. S. Água de consumo humano como fator de risco à saúde
em propriedades rurais. Rev. Saúde Pública, v. 37, n. 4, p. 10-514. 2003
o
BRASIL, 2011. Ministério da Saúde. Portaria n 2.914, de 12 de dezembro
de 2011.
BRITO, L. T.; PORTO, E. R.; SILVA, A. S.; SILVA, M. S. L.; HERMES, L.
C.; MARTINS, S. S. Avaliação das características físico-químicas e
bacteriológicas das águas das cisternas da
comunidade de Atalho, Petrolina, PE. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
CAPTAÇÃO E MANEJO DE ÁGUA DE CHUVA. CAPTAÇÃO E MANEJO
DE ÁGUA DE CHUVA, 5., 2005. Teresina, PI: ABCMAC. Resumos...
Teresina, PI: ABCMAC, 2005a.
BRITO, L. T. L.; ANJOS, J. B.; PORTO, E. R.; SILVA; A. S.; SOUZA, M. A.;
XENOFONTE, G. H. S. Qualidade físico-química e bacteriológica das
águas de cisternas no município de Ouricuri, PE. In: SIMPÓSIO
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CAPTAÇÃO E MANEJO DE ÁGUA DE CHUVA, 5., 2005. Teresina, PI:
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LUNA, C. F. Avaliação do impacto do Programa Um Milhão de Cisternas
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saúde: ocorrência de diarréia no Agreste Central de Pernambuco. 2011.
207 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Centro de Pesquisas Aggeu
Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Pernambuco, 2011.
MARCYNUK, P. et al. Preliminary summary: prevalence of diarrhoea
among cistern and non cistern users in Northeast Brazil and further risk
factors and prevention strategies. In: Simpósio Brasileiro de Captação de
Água de Chuva no Semiárido, 7, 2009. Caruaru-PE, 2007 (anais
eletrônicos).
MALVEZZI, R. Finalmente água é um direito humano. Disponível
em:<http://racismoambiental.net.br/2010/08/finalmente-agua-e-direitohumano-artigo-de-roberto-malvezzi-gogo/> Acesso em: 10/10/2010
MIRANDA, P C.; XAVIER, R. P. SILVA, A.F.; CEBALLOS, BS.O. Avaliação
da qualidade da água de chuva armazenada em cisternas e no ponto de
consumo em comunidades rurais do semi-árido paraibano. X Simpósio de
Recursos Hídricos do Nordeste. Fortaleza-CE, 2010 Anais... Fortaleza:
ABRH,2010.
TAVARES, A. C.. Aspetos físicos, químicos e microbiológicos da água
armazenada em cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano.
2009. Dissertação (Mestrado PRODEMA) UFPB
SIMMONS, G.; HOPE, V.; LEWIS, G.; WHITMORE, J.; GAO, W.
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Zealand. Water Research, v. 35, n. 6, p. 1518-1524, abr. 2001.
73
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
O DESCARTE DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO (RCD) NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB:
Implicações à saúde pública
Marília Carolina Pereira da PAZ
Arinalda Cordeiro de ALMEIDA
Ronilson José da PAZ
1. INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos são resultantes das atividades diárias
humanas da sociedade. O conceito de “lixo” é puramente humano,
pois em processos naturais não há sobras, tudo se transforma de
modo sustentável.
O desenvolvimento sustentável é dividido em três partes, a
sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica e a
sustentabilidade sociopolítica. O Relatório de Bruntland
(COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO, 1987) fala que o desenvolvimento
sustentável é o que procura satisfazer as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar
que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de
desenvolvimento social e econômico e de realização humana e
cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos
da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
Portanto, o correto descarte dos resíduos sólidos é uma ação
necessária a manutenção do meio ambiente ecologicamente
equilibrado, favorecendo, inclusive, a manutenção da saúde da
população, considerando que, mal gerido, estes resíduos pode
abrigar agentes etiológicos de diversas doenças.
Existem soluções com as quais podemos reduzir os impactos
dos nossos rejeitos na Natureza, pois estes resíduos podem ser
reciclados, compostados ou reutilizados.
A preservação ambiental é hoje em dia preocupação e dever
mundial, porém as atividades dos seres humanos apresentam
relação direta com a geração de algum impacto ambiental, por
menor que seja, que acaba comprometendo o equilíbrio e a
qualidade de ecossistemas através de intervenções humanas.
Com o grande desenvolvimento das cidades, nota-se que um
grande fator para o surgimento de novos problemas de cunho social
74
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
e ambiental é o setor da construção civil, e, sendo o Município de
João Pessoa uma cidade em desenvolvimento constante não se
deve, portanto, dar menor importância aos resíduos que são
gerados a partir desse desenvolvimento e as degradações
ambientais que ele causa ao meio ambiente. De acordo com
PASCHOALIN FILHO & GRAUDENZ (2012) os resíduos de
construção e demolição constituem grande parte do volume de
resíduos sólidos urbanos gerados diariamente, atingindo valores de
até 70%.
Esses resíduos comprometem a paisagem urbana, invadem
pistas, dificultam o tráfego de pedestres e de veículos, como
também a drenagem urbana; além de propiciar a atração de
resíduos não inertes, com multiplicação de vetores de doenças e
degradação de áreas urbanas, o que afeta a qualidade de vida da
sociedade como um todo (KARPINSK et al., 2009).
Em decorrência do grave problema ambiental decorrente da
irregular destinação dos resíduos de construção civil e demolição, o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), editou a
Resolução CONAMA nº 307/2002, que estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção
civil (BRASIL, 2002), que obriga os geradores a reduzir, reutilizar e
reciclar, tratar e dispor os resíduos de construção e demolição
(KARPINSK et al., 2009).
2. OBJETIVOS
Esta pesquisa tem como meta a análise do problema de
geração e destinação final dos resíduos de construção e demolição
(RCD) e seus impactos na saúde no Município de João Pessoa,
através da avaliação do manejo e da destinação dos resíduos
sólidos de construção e demolição feitos pelos órgãos públicos no
Município de João Pessoa-PB.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O projeto foi realizado no Núcleo de Educação Ambiental
(NEA), da Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Renováveis da Paraíba (IBAMA/PB), em outubro de
2010, tendo como base a Resolução CONAMA nº 307/2002, que
75
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
trata dos resíduos sólidos oriundos da construção civil, acerca de
sua disposição e manejo.
Foi elaborado um questionário, que foi aplicado em
empresas públicas relacionadas ao meio ambiente e à construção
civil do Município de João Pessoa-PB.
As empresas escolhidas foram a Secretaria do Meio
Ambiente do Município de João Pessoa (SEMAM), a Secretaria de
Planejamento do Município de João Pessoa (SEPLAN), a
Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado
da Paraíba (SUPLAN), a Superintendência de Administração do
Meio Ambiente (SUDEMA), a Secretaria de Infraestrutura do
Município de João Pessoa (SEINFRA), o Sindicato da Indústria da
Construção Civil de João Pessoa (SINDUSCON), a Autarquia
Municipal Especial de Limpeza Urbana (EMLUR) e a Usina de
Beneficiamento de Resíduos Sólidos da Construção e Demolição
(USIBEN).
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 AS ENTREVISTAS
A primeira visita foi realizada na SEMAM, onde um
engenheiro nos auxiliou respondendo coerentemente ao
questionário, bem como aconteceu, posteriormente, na EMLUR. A
partir daí começaram a surgir algumas dificuldades em se tratando
da acessibilidade aos órgãos e no que concerne à veracidade das
respostas obtidas com o questionário.
Na SINDUSCON, SUDEMA e SUPLAN não foi possível a
conclusão na aplicação dos questionários.
Na SEINFRA uma engenheira informou que tal repartição
não poderia nos informar sobre a gestão dos resíduos sólidos,
sendo a sua função apenas a de utilizar os materiais reciclados da
USIBEN para a pavimentação das ruas.
Posteriormente, foi-se à SEPLAN, onde o engenheiro
responsável expôs que órgão tem se esmerado no cumprimento da
Resolução CONAMA nº 307/2002.
Na SUPLAN obtivemos sucesso na aplicação do
questionário, porém, a pessoa que respondeu alegou não ter
certeza da maioria de suas respostas.
76
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
Na SUDEMA e SINDUSCON houve dificuldade quanto à
acessibilidade aos engenheiros indicados e aos horários, deixando
transparecer que não estavam interessados em responder o
questionário.
Por fim, o questionário foi aplicado na USIBEN, onde o
funcionário responsável apresentou o relatório de entrada de
entulho do mês de setembro/2010.
Também na USIBEN, foi relatado que algumas empresas
não enviam apenas os resíduos de classe A, como pede a
Resolução CONAMA nº 307/2002, mas encaminhou outros
materiais sem triagem e que não poderia ser reciclado ou
reutilizado.
Outro funcionário nos apresentou à usina, aonde vimos todo
o processo de transformação dos resíduos em materiais reciclados,
como a brita 19, o cascalhinho, o pó de brita e a macadâmia.
4.2 DO DESTINO DADO AO RCD
Das sete empresas visitadas, apenas quatro responderam ao
questionário satisfatoriamente.
As pesquisas realizadas na Secretaria de Meio Ambiente do
Município de João Pessoa (SEMAM), na Autarquia Municipal
Especial de Limpeza Urbana (EMLUR) e USIBEN, demonstraram
que existente uma preocupação da municipalidade com a
destinação correta de resíduos da construção e demolição.
Estes demonstraram que os resíduos sólidos de construção
civil são levados à USIBEN por grande parte das empresas
construtoras, bem como e principalmente a SEMAM.
Os materiais mais desperdiçados nas construções são
argamassa, concreto e cerâmica, e algumas empresas que não
fazem triagem depositam parte desses resíduos em terrenos
baldios. Os materiais das obras que são reciclados são os de classe
A. Poucas construtoras utilizam algum tipo de projeto voltado para a
educação ambiental com seus trabalhadores, no que se refere às
exigências legais da correta destinação desses resíduos.
As empresas construtoras têm pouco conhecimento sobre a
Resolução CONAMA nº 307/2002 e a legislação que diz respeito
aos resíduos sólidos provenientes da construção civil e que é de sua
responsabilidade a sua destinação final.
77
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
Grande parte das construtoras terceiriza os serviços de
coleta desses resíduos, que são encaminhados para a USIBEN, a
quantidade de resíduos encaminhados, entre os anos 2008/2009 foi
de 550.000 toneladas coletados, sendo apenas 10% desse valor
beneficiado, porém, esse resultado é muito dinâmico, podendo
variar de ano a ano.
Quando a USIBEN foi questionada sobre quanto de resíduo
é produzido e quanto é coletado, foi respondido que, no mês de
setembro/2010, foram coletados 2.711 m³ de resíduos.
4.3 RCD E SAÚDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE JOÃO
PESSOA
Embora tenha sido observado um esforço concentrado pelos
órgãos municpais para a correta destinação dos RCD em João
Pessoa, foram detectadas várias situações que podem comprometer
a saúde publica.
As principais situações de risco à saúde pública e à saúde
ambiental observadas quanto ao descarte não apropriado dos RCDs
no Município de João Pessoa foram a presença de resíduos
orgânicos na nos detritos (restos de alimentos que atraíam a
presença de insetos); presença de resíduos perigosos (lâmpadas
fluorescentes inteiras e quebradas, bateria de veículo automotor);
presença de animais (gato, pombo, cão); presença de embalagens
vazias (garrafas plásticas, latas, galões, embalagens de isopor),
objetos
vazados
(louça
sanitária,
pneus)
e
nichos
impermeabilizados, que retêm líquidos no seu interior, formando
poças de água da chuva, que constituem ambientes favoráveis à
proliferação de mosquitos, inclusive o da dengue, bem como outros
vetores de doenças; presença de cacos de vidro no passeio público
e água empoçada na sarjeta; presença de pessoas manuseando os
resíduos sólidos descartados (Figura 1).
78
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
Figura 1. Descarte de RCD no Município de João não apropriado,
favorecendo infestação de animais sinantrópicos, vetores de doenças.
Foto: Marília Paz.
5. CONCLUSÕES
A pesquisa realizada mostra que a reciclagem e a
reutilização dos materiais que são frequentemente desperdiçados
nas obras, que podem ser realizadas através da USIBEN, são ainda
as melhores alternativas para os resíduos sólidos provenientes de
construção civil e demolição, sendo essas oportunidades de
geração de renda e qualidade de vida, de acordo com os princípios
do desenvolvimento sustentável.
Tendo como grandes aliados os programas de educação
ambiental, que podem servir de auxílio às alternativas encontradas
para os problemas causados pelos resíduos de construção e
demolição, uma vez que tais programas ajam diretamente com a
sociedade, tornando-a consciente, pois esses resíduos afetam
diretamente a ela, que sem programas que viabilizem uma
conscientização ambiental para que esteja a par da legislação
vigente e das demais condutas a serem tomadas como meio de
evitar os problemas socioambientais causados pela deficiência no
manejo e gestão dos resíduos sólidos da construção civil.
79
O descarte de resíduos da construção e demolição (RCD) no Município de João Pessoa-PB: Implicações à saúde pública
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, Maria Eugênia. Jogos de Papeis (RPG) em Projetos de
Educação Ambiental: Algumas Possibilidades. In: PAZ, Ronilson José da.
Fundamentos, Reflexões e Experiências em Educação Ambiental.
João Pessoa: Ed. Universitária/UFPB, 2006. p. 59-76.
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DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum. 2 ed. Rio de Janeiro:
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307, de 5 de julho de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 JUL
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GABIALTI, Adriana Farina. O Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos e a Reciclagem. Minas Gerais, jun. 2005. Disponível em:
<http://www.redeaguape.org.br/desc_artigo.php?cod=92>. Acesso em:
10/02/2010.
JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cad.
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KARPINSK, Luisete Andreis et al. Gestão Diferenciada de Resíduos da
Construção Civil: Uma Abordagem Ambiental. Porto Alegre: Edipucrs,
2009. 163 p.
MORAIS JÚNIOR, Joácio de Araújo. A Gestão dos Resíduos da
Construção e Demoliçãop (RCD) no Município de João Pessoa. In: PAZ,
Ronilson José da; LUNA, Rômulo Gil de; FARIAS, Talden. Gestão
Ambiental: O Caminho para a Sustentabilidade. João Pessoa: Ed.
Universitária/UFPB, 2010. p. 85-104.
PASCHOALIN FILHO, João Alexandre; GRAUDENZ, Gustavo Silveira.
Destinação irregular de resíduos de construção e demolição (RCD) e seus
impactos na saúde coletiva. Revista de Gestão Social e Ambiental RGSA, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 127-142, 2012.
80
Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão paraibano
ÁGUA ARMAZENADA EM CISTERNAS E SEU IMPACTO
NA SAÚDE DE POPULAÇÕES RURAIS DO MÉDIO
SERTÃO PARAÍBANO
Tamires L. LUNA
Albertina F. SILVA
Jessica N. BARROS
Beatriz Suzana O. de CEBALLOS
1. INTRODUÇÃO
O acelerado crescimento populacional e o conseqüente
aumento das atividades produtivas são causas de demandas
crescente de água de boa qualidade que somados à degradação
dos recursos hídricos geram cenários de escassez em diversas
regiões do planeta (TUNDISI, 2003). Nos países em
desenvolvimento as condições precárias de saneamento básico são
a principal causa de surtos e epidemias de doenças de veiculação
hídrica. Doenças transmitidas pela água causam mais de 50% das
internações hospitalares no Brasil e a metade das mortes de
crianças de até um ano, muitas delas concentradas a na região
nordeste (ZANCUL, 2006).
O Semiárido nordestino (SAB) dispõe de 3% das águas
doces do País e abriga uma população de 20.858.264 pessoas,
quase 12% da população nacional. A captação de água de chuva é
uma pratica popular desenvolvida com técnicas simples por
diferentes povos ao redor do mundo há milhares de anos,
especialmente em regiões áridas e semiáridas, que abrangem
aproximadamente 30% da superfície da terra. Nestas regiões as
chuvas ocorrem durante poucos meses do ano e com bastante
variabilidade em quantidade e distribuição entre os anos
(GNADLINGER, 2011).
No SAB o sistema de captação e armazenamento de água
de chuva em cisterna foi estimulado por organizações da sociedade
civil desde 2002, como política publica com destaque do Programa
“Um Milhão de Cisternas Rurais –PIMC”,sendo uma solução
alternativa de abastecimento (ASA, 2009). É uma técnica simples e
viável economicamente de obter água usada pelos habitantes da
região que permite, mesmo com baixo índice pluviométrico (150 –
200 mm), acumular 16.000 L de água, quantidade suficiente para
suprir aproximadamente com 9 L por pessoa por dia as
necessidades de beber, cozinhar e de higiene pessoal de uma
81
Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão paraibano
família com até 5 membros, durante ate 8 meses de escassez
(GNADLINGER, 2011).
Toda nova tecnologia ou nova prática deve ser apresentada
às comunidades beneficiadas por intermédio de multiplicadores da
própria comunidade, em geral líderes comunitários, professores,
agentes comunitários de saúde (ACS), agentes da vigilância
ambiental em saúde (AVAS), entre outros (BETER, 2006). AVAS
desenvolvem um conjunto de ações e serviços prestados por órgãos
públicos relativos à Vigilância Ambiental em Saúde, visando
conhecer, detectar e prevenir qualquer mudança nos determinantes
e condicionantes do ambiente que interferem na saúde humana e
engloba a vigilância da qualidade da água para consumo humano
(BARRETO, 2003).
Considerando o P1MC como uma política pública massiva
(um milhão de cisternas, 5 milhões de pessoas a serem
beneficiadas com água) e seu potencial impacto na qualidade de
vida da população, o propósito deste trabalho é conhecer a relação
entre as práticas de manejo dos sistemas de captação e de
armazenamento das águas chuva em cisternas em comunidades
rurais do sertão paraibano e a saúde dos consumidores. Leva-se em
consideração que embora construídas com a finalidade de captar e
armazenar água de chuva, nas estiagens prolongadas as cisternas
tendem ser abastecidas com água de outras fontes como as
transportadas por carros-pipas. No primeiro caso (água de chuva), a
qualidade pode ser afetada pelo manejo inadequado do sistema de
captação e armazenamento, e no segundo, pela origem da água,
não sempre satisfatória para consumo.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar a relação entre as práticas de manejo da água armazenada
em cisterna e sua relação com a saúde das pessoas beneficiárias.
2.2 Objetivos específicos
- Acompanhar e conhecer as formas de manejo da água das
cisternas pelas famílias do sertão paraibano
- Conhecer a origem da água armazenada nas cisternas
- Analisar a relação entre manejo e origem da água armazenada e
sua influencia na saúde das famílias beneficiadas com cisternas
82
Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão paraibano
3. MATERIAL e MÉTODOS
Foram entrevistadas famílias de comunidades rurais
dispersas sem água encanada do Município de Quixaba,
distribuídas numa área de 157 km² com 1.700 habitantes (1066 na
zona rural e 633 na zona urbana). O município, situado no bioma
caatinga do semiárido do sertão paraibano na microrregião de
Patos, possui pluviometria média anual de 431,8mm. Em Quixaba
foram construídas 158 cisternas entregues a 158 famílias, que são
as únicas fontes de água. Para este trabalho foram selecionadas 10
famílias (6,5%) que possuem cisternas do PIMC distribuídas em 4
comunidades (Motorista, Aroeiras, Serrota Vermelha e Cacimba de
Areia). Os critérios de escolha foram tempo de construção das
cisternas, programa (P1MC, FUNASA, outros) e órgão financiador.
Em uma primeira fase de aproximação se realizaram visitas
aleatórias a 30 famílias para estabelecer contato e outra de
observação e aplicação de questionários semi estruturados aos
chefes de família, que fazem a gestão das águas nas residências.
Também foram contatadas a secretaria de saúde, AVAS (Agentes
de Vigilância Ambiental em Saúde) que fazem parte do programa de
controle da qualidade dessa água do Ministério da Saúde/SUS e
que coletam amostras de água potável da rede de distribuição na
sede do município. Foram também contatados os ACS (Agentes
Comunitários de Saúde) que atendem à população com visitas
mensais às famílias.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas comunidades rurais dispersas de Quixaba, 80% das
famílias utilizam água armazenada em cisterna para consumo
humano. Considerando a importância das cisternas na gestão da
água domiciliar nestas comunidades e após um surto diarréico, a
secretaria de saúde iniciou com os AVAs o monitoramento
sistemático da qualidade da água de 4 delas com um sistema
rotativo de amostragem. A atitude evidenciou inquietude pela
qualidade das águas das cisternas e a saúde da população sendo o
único município do estado da Paraíba que monitora
sistematicamente essa águas, visto que não há ainda um programa
governamental de controle da qualidade das águas de cisternas.
83
Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão paraibano
Todas as famílias coletam água de chuva, mas afirmaram
abastecer as cisternas com água de carro da operação pipa do
exercito ou da prefeitura com frequência quinzenal (30% das
famílias) ou mensal (50%). A água transportada pelos caminhões
sob controle do exercito é parte de uma política pública para o
abastecimento humano nos períodos de escassez (Operação Pipa)
ou de calamidade pública e é água tratada pela CAGEPA,
entretanto alguns “piperos” independentes captam de açudes
próximos águas de qualidade duvidosa.
As análises microbiológicas das amostras de água das
cisternas ao longo de 2010 e 2011 mostraram contaminação
elevada por coliformes totais e E. coli em todas as águas, associada
com a origem destas e às práticas de manejo do sistema de
captação e armazenamento.
Um dos objetivos do P1MC é abastecer as cisternas com
água de chuva de boa qualidade para diminuir doenças de
veiculação hídrica e preservar ou melhorar essa qualidade através
da conservação e do manejo higiênico do sistema, para o qual se
adotam barreiras sanitárias que minimizam o risco de contaminação.
Essas barreiras são: limpeza dos telhados (área de captação), dos
dutos e das cisternas antes das chuvas, desvio das primeiras águas
de cada evento chuvoso que lavam as telhas e arrastam sujeiras
que não devem atingir a cisterna, uso de bomba (manual) para
retirar água da cisterna, cuidados higiênicos com a água dentro da
casa e com seu armazenamento, desinfecção no ponto final de uso
(residências) antes do consumo (ANDRADE NETO, 2004).
Embora originalmente para águas de chuva, nos momentos
de escassez (estiagens prolongados) que justificam a acumulação
de água de carro pipa nas cisternas as barreiras sanitárias devem
ser mais cuidadosamente aplicadas.
Todos os entrevistados disseram fazer a limpeza do telhado
uma vez por ano e usarem filtros nos ductos para impedir a entrada
de sujeira, asseguraram eliminar as primeiras águas de chuvas.
Entretanto todas retiram água da cisterna com baldes ao invés da
bomba e embora afirmarem que é usado somente para este fim, é
um veículo de contaminação porque fica apoiada no chão, a corda
não é lavada e às vezes é utilizada na amarração de animais.
A maioria não desinfeta a água antes de beber. Estas
barreiras são eficientes para as águas de chuvas e para as águas
84
Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão paraibano
de outras fontes, pois nas secas 100% das cisternas recebem águas
de carro-pipa, em geral com água de qualidade duvidosa.
Em 60% das famílias houve casos de diarréia em adultos e
crianças com frequências semanal, mensal ou semestral. Pode ser
devido ao uso de água não apropriada, falta de higiene e manejo
inadequado das cisternas e da água que afeta à saúde, mas
também se continua usando águas dos açudes, barreiros ou
cacimbas para lavar roupa, banho prolongado, dessedentação
animal.
Os ACS realizam visitas mensais e fazem a distribuição de
hipoclorito de sódio para desinfetar a água antes de beber, porém
poucas famílias o usam e aquelas que o aplicam não o fazem de
maneira incorreta (doses muito baixas ou muito altas). Muitas
famílias não cloram a água porque acham gosto ruim, ou porque
consideram que água distribuída pelo caminhão pipa já esta tratada.
A falta de conhecimento e de apropriação dos conceitos de barreiras
sanitárias, usos higiênicos da água e da associação entre água boa/
higiene/ melhorias na saúde, revela maior necessidade de educação
para a saúde a ser transferida pelos AVAS e ACS, como também
necessário maior capacitação desses profissionais com a
reciclagem continua.
5. CONCLUSÕES
As cisternas que armazenam água de chuva causam
impactos positivos na saúde dos habitantes do SAB ao diminuir a
vulnerabilidade hídrica e garantir perto da residência água de boa
qualidade que, se usada como cuidado (9 L.pessoa-1.dia-1) pode
satisfazer as necessidades básicas de beber e cozinhar para 5
membros durante 8 – 12 meses. O PIMC busca satisfazer
necessidades hídricas básicas com água de qualidade adequada
para beber e seu uso continuo deveria diminuir a incidência de
doenças de veiculação hídrica.
O manejo higiênico e controlado da água de chuva
armazenada na cisterna e a higiene da família são fundamentais
para garantir ausência de contaminação da água, entretanto nas
comunidades estudadas não são aplicadas as barreiras sanitárias
corretamente.
Entretanto, o pequeno volume disponibilizado (OMS
recomenda um mínimo 20L. pessoa-1.dia-1) obriga às famílias a
continuar recorrendo às fontes tradicionais para os demais usos (“o
85
Água armazenada em cisternas e seu impacto na saúde de populações rurais do médio sertão paraibano
gasto”). Por sua vez a estiagem prolongada determina o uso de
água de carro pipa, mas também a certeza da assistência por esse
tipo de abastecimento gerou o habito de usar água de chuva da
cisterna para qualquer uso, transformando-a em um tanque no
quintal para encher com qualquer tipo de água, ao invés de
armazenar água de chuva boa para beber e cozinhar durante todo o
ano.
Os resultados ressaltam a necessidade da vigilância da
qualidade da água dos sistemas de abastecimento alternativos,
tanto das águas das cisternas como dos carros pipa, pelos órgãos
competentes de saúde, como também ações que viabilizem a
garantia de abastecimento de água potável consumo humano em
comunidades rurais que sofrem com a falta de acesso a água de
boa qualidade em quantidade apropriada. Essas ações devem ser
acompanhado de educação continuada às famílias pelos Agentes
Comunitários de Saúde (ACS) e pelos Agentes de Vigilância
Ambiental em Saúde (AVAS), que devem estar capacitados para
serem multiplicadores das boas práticas.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE NETO, C.O. Proteção sanitária das cisternas rurais. In:
Anais do Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e
Ambiental,
11.,
2004,
Natal-RN.
Anais...
Natal:
ABES/APESB/APRH, 2004.
GNADLINGER, J. Recursos Hídricos em Regiões Áridas e
Semiáridas. Campina Grande: Instituto Nacional do Semiárido, 2011
TUNDISI, J.G. Água no século XXI: Enfrentando a escassez. São
Carlos: RiMa, IIE, 2003, 246p.
ZANCUL, M.S. Água e saúde. Revista Eletrônica de ciências, nº 32,
São Carlos, abril 2006
BARRETO, R. L. Estruturação da vigilância ambiental no estado da
Bahia. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Saúde
Coletiva) - núcleo de Estudos em Saúde coletiva. Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2003.
86
Capítulo VII
NUTRIÇÃO, SAÚDE E
SEGURANÇA ALIMENTAR
87
A importância da alimentação no processo de cicatrização de feridas
A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO PROCESSO DE
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS
Ana Claúdia Santos SILVA
Claudia Saturnino ALVES
Jessica Estela da Silva ANDRADE
1. INTRODUÇÃO
A alimentação é fundamental para a saúde e o bem estar,
sendo também importante no processo de cicatrização de feridas. A
ingestão adequada de macro e micronutrientes, bem como a
hidratação apropriada, são necessárias para que a cicatrização
ocorra À nutrição é um aspecto importante relacionado tanto com o
desenvolvimento das feridas (P.E. úlceras de pressão), como com a
sua cicatrização desempenhando um papel fundamental na
melhoria da qualidade de vida, na diminuição do tempo de
internamento, da mobilidade e da mortalidade. Existem fatores
locais e sistêmicos que podem influenciar prejudicialmente o
processo cicatricial. Do ponto de vista nutricional, destacar - se
apenas fatores sistêmicos como, por exemplo, a desnutrição,
deficiência de vitaminas A, C ou K, assim como a deficiência
protéica e a do micronutriente zinco.
As necessidades nutricionais apresentam-se acrescidas num
doente com feridas, pois o organismo após a lesão desenvolve uma
resposta catabólica proporcional à severidade da mesma.
Relativamente à suplementação nutricional (SN), inúmeros produtos
disponíveis alegam promover a cicatrização e muitas investigações
tentam estabelecer uma ligação entre a cicatrização e a
suplementação de determinados compostos nutricionais. Mas será
que a SN se A relação entre nutrição e cicatrização de feridas é
reconhecida há muito tempo. As necessidades nutricionais
apresentam-se acrescidas num doente com feridas, pois o
organismo após a lesão desenvolve uma resposta catabólica
proporcional à severidade da mesma.
Relativamente à suplementação nutricional (SN), inúmeros
produtos disponíveis alegam promover a cicatrização e muitas
investigações tentam estabelecer uma ligação entre a cicatrização e
a suplementação de determinados compostos nutricionais.
88
A importância da alimentação no processo de cicatrização de feridas
2. OBJETIVOS
Objetivou-se obter mais conhecimentos sobre a importância
da alimentação no processo de cicatrização.
3. MATERIAL e MÉTODOS
A pesquisa do tipo bibliográfica obteve informações mediante
revisão de artigos apresentados na base de dados Scielo e livros.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ferida é uma lesão causada por um traumatismo externo,
onde há interrupção na continuidade dos tecidos, com ou sem perda
de substância, ou seja, é uma área do corpo cuja integridade normal
se encontra comprometida.
Para tratar adequadamente as feridas é preciso antes
compreender a função da pele. Este tecido serve para impedir a
perda de líquidos pelo organismo e como instrumento de
sensibilidade à dor, cuja função é informar o cérebro das agressões
externas, explica. Assim, toda vez que se corta parte desse
revestimento, abre-se uma porta sem que se tenha qualquer tipo de
defesa natural como as existentes em outras entradas do corpo
nariz, ouvidos, olhos, etc. Por isso, cada vez que se abre uma
entrada não natural, precisar - se adotar certos cuidados.
Para que esse processo migratório ocorra satisfatoriamente,
é preciso que o leito (parte da pele onde houve a lesão) da ferida
esteja úmido. Esse é o primeiro cuidado. Nunca se pode deixar a
ferida secar, alerta a enfermeira. Portanto, a crendice popular de
que é bom deixar as feridas abertas para secarem e formarem uma
casquinha é totalmente errada e prejudicial à cicatrização.
Essas crostas, inclusive, retardam a cicatrização. Cada vez
que esse corpo é retirado, causa uma nova lesão que demandará
em mais um processo de recuperação para o organismo
administrar, reforça. Na eventualidade das incômodas casquinhas
surgirem, devem ser retiradas por profissionais e jamais arrancadas.
Para isso, existem produtos específicos como os hidrogéis ou
coberturas de absorção que não causam traumas.
Retardar a cicatrização significa prejudicar e muito a nova
pele. Se uma ferida era para cicatrizar em 10 dias, por exemplo,
mas demora 20, isso significa que essa pele terá 30% menos
elasticidade de tensão. Caso esse processo hipotético demore mais
89
A importância da alimentação no processo de cicatrização de feridas
de dez dias, o novo tecido terá somente a metade da qualidade que
teria originalmente.
São vários os fatores propostos que podem influenciar o
processo de cicatrização da ferida. Dos vários fatores não
nutricionais que influenciam a cicatrização salientam-se: idade,
tabagismo, Diabetes melittus, infecção, perfusão tecidular, técnica
cirúrgica, quimioterapia, radioterapia e corticosteróides. E os
nutricionais dependem da necessidade do organismo, como segue
abaixo:
 Formação tecidular, síntese do colágeno, remodelação da
ferida, suporte imunitário: Proteínas no geral, alimentos de
origem animal como carnes, aves, peixes, ovos, leite e
derivados; e os de origem vegetal como feijão, lentilha, soja
e ervilha;
 Fonte de energia: Carboidratos no geral, cereais como milho,
trigo e aveia; farinhas de milho e trigo; pães de trigo, integral
e de centeio; macarrão, arroz e batata;
 Coagulando o sangue e fechando os ferimentos: Lipídios no
geral, soja, gergelim, linhaça, milho, canola, laticínios e
carnes.
 Síntese de colágeno, epitelização, suporte imunitário:
Vitamina A, fígado, gema de ovo, verduras verde-escuro
como brócolis e espinafre, cenoura;
 Síntese de colágeno, suporte imunitário, antioxidante,
integridade capilar: Vitamina C, frutas como morango,
abacaxi, acerola, laranja, goiaba, melão e kiwi;
 Aumento da cicatrização, aumento da imunidade: Vitamina
K, fígado, óleos vegetais, vegetais de folha verde-escuro
como couve e espinafre; minerais; Ferro: fígado, carne
vermelha, aves, peixes, gema de ovos, ostras e marisco.
 Síntese de colágeno e síntese protéica: Mineral Zinco, carne
vermelha, peixes, aves, fígado, leite e derivados, cereais
integrais.
 Formações de tecidos conjuntivos: Mineral Cobre Aves,
fígado, frutas secas.
Existem três fases no processo de cicatrização que exigem
nutrientes específicos e um bom estado nutricional geral do
indivíduo. A fase inicial é chamada de inflamatória e caracteriza-se
pela homeostase, coagulação, ativação da resposta imune local,
90
A importância da alimentação no processo de cicatrização de feridas
fagocitose e a migração celular. A vitamina K, as proteínas e os
aminoácidos são fundamentais neste momento. A fase de
proliferação é marcada pelo intenso desenvolvimento de células
epiteliais e fibroblastos, responsáveis pela produção do colágeno.
Esta fase também requer proteínas e aminoácidos, além de vitamina
C, ferro, zinco e oxigênio disponíveis. A terceira fase é a de
remodelação, quando ocorre o processo de maturação e
estabilização da síntese e degradação do colágeno, conferindo força
tênsil à cicatrização.
Uma boa alimentação auxilia muito no processo de
cicatrização, como mostra a figura 1 abaixo e o nutricionista tem um
papel primordial nesse processo, uma vez que a nutrição é tida
como um fator preponderante em todo o processo de cicatrização
de feridas. Muitos nutrientes estão envolvidos na formação de novos
tecidos, na supressão da oxidação e na melhoria da cicatrização. A
nutrição pode influenciar qualquer das fases do processo de
cicatrização, sendo que a terapia nutricional adequada auxilia
também na imunocompetência diminuindo o risco de infecção.
Figura 1. Representa cicatrização antes e depois do apoio nutricional.
Fonte. http://patomulher.blogspot.com.br/2010/06/cicatrizacao.html
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que a alimentação é um dos fatores mais
importantes para o sucesso no processo da cicatrização, pois com
uma alimentação adequada é possível obter um resultado mais
91
A importância da alimentação no processo de cicatrização de feridas
rápido e satisfatório. A regeneração do tecido depende do estado
nutricional do paciente. Os pacientes acompanhados pelos
profissionais da área de nutrição tem uma resposta eficaz ao
tratamento no processo de cicatrização.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DIAS, C. A. M. S. Nutrition and Wounds Healing ± Nutritional
Supplementation?. Monografia. Porto. FCNAP. 2009. 50f.
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Hospital das
Clínicas. Grupo de Estudos de Feridas. Manual de tratamento de
feridas. Campinas:UNICAMP, 1999. Acesso e 19/Nov/2012.
POTTER, P A.; PERRY, AG. Fundamentos de enfermagem:
conceitos, processo e prática. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999
SOUZA TT. Importância da terapia nutricional especializada na
cicatrização de úlceras de decúbito. Nutrição em Pauta [revista on
line].
Disponível
htpp://www.nutricaoempauta.com.Br/novo/47/entparent.html[2003
Mar 24]. Acesso e 19/Nov/2012.
SAUDE E VIDA. .Conduntas simples que ajudam na boa
cicatrização da pele lesionada. Redação Paraná on-line. Paraná,
Out
2003.
http://www.parana-online.com.br/canal/vida-esaude/news/56555/ AZEVEDO. Acesso e 19/Nov/2012.
92
Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em estudantes de uma faculdade
particular de João Pessoa-PB
CONSUMO ALIMENTAR E FATORES DE RISCO PARA
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM
ESTUDANTES DE UMA FACULDADE PARTICULAR DE
JOÃO PESSOA-PB
Wanessa Belarmino de MORAIS
Lenilda RIBEIRO
Olivete Pereira da SILVA
Pamela R. Martins LINS
1. INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
correspondem as principais causas de mortalidade no mundo, com
aproximadamente 80% das mortes presentes em países de média e
baixa renda, sendo que um terço dessas ocorre com pessoas com
idade inferior a 60 anos (SCHMIDT, 2011).
Segundo Silva-Junior (2009) no Brasil as DCNT estão entre
as principais preocupações na área da saúde. Em 2007 o número
de óbitos por doenças crônicas, chegou a 72%, atingindo
principalmente a população de baixa renda. Já em 1930 as doenças
infecciosas correspondiam a 46% do número de mortes nas capitais
do Brasil. Essa mudança ocorreu devido à transformação no padrão
de desenvolvimento econômico e social no Brasil, havendo
melhorias nas condições econômicas da população, na
industrialização, urbanização, no acesso a alimentos principalmente
os industrializados.
As quatro doenças crônicas de grande impacto mundial são
as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças
respiratórias crônicas. Os principais fatores de risco dessas
patologias são modificáveis destacando-se o tabagismo, a
inatividade física, alimentação não saudável e etilismo. Além disso,
são ainda considerados determinantes sociais para essas doenças
as desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e aos
serviços, a baixa escolaridade, renda e as desigualdades no acesso
à informação (WHO, 2009).
Entre os fatores passíveis de modificação, a dieta pode ser
considerada um dos mais importantes para combater DCNT, isso
porque, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam
que cerca de 80% das doenças coronarianas, 90% de diabetes (tipo
2) e 30% de câncer poderiam ser evitadas por meio de práticas
93
Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em estudantes de uma faculdade
particular de João Pessoa-PB
alimentares saudáveis, maior atividade física e menor utilização do
tabaco e seus derivados. Estudos recentes têm investigado a
influência dos determinantes sociais sobre as práticas alimentares e
o consumo alimentar (CNDSS, 2008).
Grande parte dos estudantes de faculdade do turno noturno
trabalha no período diurno, o que resulta em alterações no estilo de
vida. Podem ocorrer omissões de refeição, consumo de lanches
nutricionalmente inadequados, podendo assim desencadear o
desenvolvimento de DCNT (COTA, 2006).
Tendo em vista a preocupação do alto índice de
complicações e mortalidade causados pelas DCNT’s, sentiu-se a
necessidade de pesquisar sobre os fatores de risco em estudantes
universitários, analisando a frequência do consumo de alimentos
industrializados e sua relação com as DCNT’s.
2. MATERIAL e MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal é de caráter descritivo
com estudantes do curso de nutrição do turno da noite de uma
faculdade particular localizada no bairro dos Estados no município
de João Pessoa-PB. Foram avaliados através de questionário
biossocial e questionário de frequência alimentar.
As variáveis biossociais avaliadas foram sexo, idade e
estado civil. Foram também coletados os dados sobre estilo de vida
(tabagismo, etilismo e sedentarismo) e história familiar para DCNT.
O consumo de alimentos industrializados foi verificado através de
um questionário de frequência alimentar, listando-se alguns
alimentos e a frequência que o mesmo é consumido : um dia por
semana , dois dias por semana, três dias por semana , diariamente,
raramente ou nunca.
Os dados foram digitados no software Microsoft Excel,
sendo realizada uma análise descritiva, apresentada em média,
valor absoluto e valor relativo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 92 alunos, destes 87% eram
mulheres com média de idade de 25 anos. O estado civil dos
participantes é na maioria solteiro (78%) (Tabela 1).
Em relação às variáveis de estilo de vida 99% dos
estudantes declararam não fumar, e 74% não consumir bebidas
94
Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em estudantes de uma faculdade
particular de João Pessoa-PB
alcoólicas. Um pouco mais da metade dos participantes (53%)
referiram não realizar atividades físicas (Tabela 1).
No que se refere aos hábitos alimentares, 39% realizam
controle alimentar e 46% realizam de 4 a 5 refeições diárias. Dos
estudantes consultados, 57% apresentaram antecedentes familiares
das DCNT hipertensão e diabetes (Tabela 1).
Tabela 1. Características biossociais, estilo de vida e historia familiar para
Doenças Crônicas Não Transmissíveis de estudantes de faculdade
particular. João Pessoa, 2012
VARIÁVEIS
n (92)
%
Sexo
Feminino
80
87%
Masculino
12
13%
Tabagismo
Sim
1
1%
Não
89
99%
Consumo de Álcool
Sim
23
26%
Não
67
74%
Atividade física
Sim
43
47%
Não
49
53%
Controle alimentar (dieta)
Sim
Não
31
49
39%
61%
Quantidade de refeições
diárias
Até 3
De 4 a 5
6
Mais de 6
18
42
27
5
20%
46%
29%
5%
Antecedentes familiares
de Hipertensão /diabetes
Sim
Não
52
40
57%
43%
95
Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em estudantes de uma faculdade
particular de João Pessoa-PB
Como se verifica na maioria dos cursos da área de saúde,
em especial do curso de Nutrição, boa parte dos estudantes são do
sexo feminino, como foi observado no estudo de Petribú et al
(2009), realizado com estudantes universitários de uma
universidade pública do Recife, onde 61,6% dos estudantes
participantes eram mulheres.
Neste estudo foi encontrado um grande percentual de
indivíduos solteiros, corroborando com os achados de Junior e
Schimiguel (2010), avaliando o perfil econômico e social de
estudantes de faculdade particulares, cuja frequência evidenciada
foi de 81% de estudantes solteiros.
Em relação aos fatores de risco relacionados às DCNT’s
pode-se observar uma baixa frequência de tabagismo, o que
constata Malta e cols (2006) onde a proporção de fumantes é maior
entre os grupos com menor escolaridade (ensino fundamental
incompleto), em todas as capitais. Por outro lado, a frequência do
consumo de álcool foi inferior ao verificado por Silva (2008), com
resultados evidenciando o etilismo em 84,7% dos estudantes
universitários da área de ciências biológicas.
Outro importante achado deste estudo foi um elevado nível
de sedentarismo. Esse alto sedentarismo também foi encontrado em
um estudo de Marcondelli et al (2008) , no qual foi analisado o nível
de atividade física e hábitos alimentares de universitários do 3º ao 5º
semestres da área da saúde, concluíndo-se que 65,5% deles eram
inativos, indicando que um estilo de vida sedentário caracteriza uma
proporção substancial de jovens adultos no campus universitário.
Dos estudantes avaliados 27% afirmaram realizar seis
refeições ao dia e 42% apenas 4 a 5, verificando-se inadequação
entre o número de refeições diárias consumidas e o preconizado
pelo Ministério da Saúde que afirma que o ideal é consumir seis
refeições diárias, incluindo lanches saudáveis (BRASIL, 2005).
No que se refere aos antecedentes familiares de hipertensão
e diabetes observou-se alta prevalência desse fator de risco (57%).
Essa elevada prevalência também foi observada na pesquisa de
Moraes et al (2000), onde foi verificada os fatores de risco para
doenças crônicas não transmissíveis, entre alunos de enfermagem,
tendo como resultado 65,6% de indivíduos com dois ou mais
antecedentes familiares. Isso reflete a importância do planejamento
de ações que busquem diminuir a prevalência de fatores
comportamentais, prevenindo a prevalência das DCNT no futuro.
96
Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em estudantes de uma faculdade
particular de João Pessoa-PB
Na figura 1 lista-se a frequência do consumo de alguns
alimentos industrializados. Os resultados mostram que a frequência
predominante do consumo foi raramente correspondendo a 47%,
enquanto os que consumiam diariamente foi de apenas 7%. Sendo
então o consumo de acordo com recomendações da OMS, cujo
objetivo é reduzir a ingestão de alimentos industrializados de alta
densidade calórica que promovem ganho de peso. Esses alimentos,
ricos em gorduras, carboidratos simples ou amido, são, em geral,
altamente processados e pobres em micronutrientes (BARRETO,
2005).
Figura 1. Frequência da ingestão de alguns alimentos industrializados
pelos estudantes do curso de Nutrição de uma faculdade particular do
município de João Pessoa, 2012.
Na figura 2 apresenta-se a frequência da ingestão de frutas,
verduras, legumes, raízes e tubérculos e cereal integral pelos
estudantes. Observando-se grande variedade na frequência
alimentar, destacando o consumo diário de frutas, verduras e
legumes de 53%, e consumo raro de raízes e tubérculos (68%). A
base principal para recomendar o aumento do consumo de frutas,
verduras, legumes, cereais integrais está na possibilidade de esses
alimentos substituírem outros de alto índice glicêmico e baixo valor
nutricional, como cereais e grãos processados, utilizados na
preparação de alimentos industrializados. Além de sua possível
contribuição no balanço energético, eles podem introduzir nutrientes
97
Consumo alimentar e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em estudantes de uma faculdade
particular de João Pessoa-PB
com efeitos significativos na saúde geral da população, assim como
na prevenção de DCNT como obesidade, hipertensão, diabetes tipo
2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer (OMS,2003).
Figura 2. Frequência da ingestão de frutas, verduras, legumes, raízes e
tubérculos e cereal integral pelos estudantes do curso de Nutrição de uma
faculdade particular do município de João Pessoa, 2012.
4. CONCLUSÕES
A alta frequência de fatores de risco para DCNT representa
uma advertência para juventude. Pesquisas como esta são
necessárias ao direcionamento de estratégias para a promoção da
saúde e para a prevenção de DCNT, associando o incentivo de
estilo de vida saudável incluindo a prática regular de exercício físico
e mudança nos hábitos alimentares.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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99
Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
CONSUMO ALIMENTAR DE GESTANTES ATENDIDAS NAS
UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE
CABEDELO-PB
Alana Moura QUINTANS
Patrícia Vasconcelos Leitão MOREIRA
1. INTRODUÇÃO
A nutrição desempenha um importante papel na gestação,
caracterizada pelo aumento da demanda de energia e de nutrientes
necessários para que ocorra o desenvolvimento e crescimento do
feto. Neste período, os níveis de nutrientes nos tecidos e líquidos
disponíveis para sua manutenção estão modificados por adaptações
químicas e fisiológicas, marcadas por um intenso e peculiar
processo de formação de tecidos e grandes transformações
orgânicas durante um curto espaço de tempo (NASCIMENTO;
SOUZA, 2002; BERTIN, 2006).
O período de crescimento e desenvolvimento intrauterino é o
mais vulnerável do ciclo de vida (FURUMOTO; LUCYK, 2008).
Dessa forma, é indispensável que haja um acompanhamento
nutricional da mulher durante a assistência pré-natal, não só para
estabelecer o estado nutricional, como também para identificar
fatores de risco, possibilitar interferências terapêuticas e profiláticas
no sentido de corrigir distorções e planejar a educação nutricional,
garantindo-se, assim, a saúde da mulher durante a gravidez, a
saúde do concepto, o bem-estar materno para possibilitar a nutrição
do recém-nascido e a proteção contra o desenvolvimento de
doenças crônicas durante a vida adulta (AZEVEDO; SAMPAIO,
2003).
Se a ingestão dietética for insuficiente e se os estoques de
nutrientes da gestante estiverem baixos, o feto recorrerá às reservas
pré-concepcionais para se suprir, ocasionando comprometimento
materno-fetal, tendo como resultado crianças pequenas, porém com
crescimento proporcional; se ocorrer em etapas avançadas, terá
efeito no crescimento fetal, nas proporções corporais e sobre o peso
ao nascer (BARKER, 2003).
2. OBJETIVOS
Avaliar o consumo alimentar das gestantes atendidas nas
Unidades Básicas de Saúde do Município de Cabedelo-PB.
100
Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
3. MATERIAL e MÉTODOS
Foi realizada uma pesquisa transversal e observacional no
município de Cabedelo-PB, localizado no estado da Paraíba. A
população do estudo envolveu as usuárias das áreas de
abrangência das dezenove Unidades Básicas de Saúde do
município, em acompanhamento pré-natal.
O instrumento utilizado para verificar o consumo alimentar foi
um inquérito, o Questionário de Frequência Alimentar, adaptado de
Ribeiro e Cardoso (2002), contendo questões de múltipla escolha
que permitem identificar a quantidade e o consumo habitual dos
alimentos em um período amplo de tempo (dia, semana, mês e
ano). Para uma melhor visualização das porções por parte das
entrevistadas e redução do viés de memória, acompanhado ao
instrumento, havia um álbum de fotos complementar, contendo as
porções padronizadas, onde foram identificadas as quantidades
consumidas.
Através desse inquérito obteve-se uma visão mais detalhada
da ingestão de energia, macronutrientes, vitaminas (C e A) e
minerais (ferro e cálcio).
Após a avaliação do consumo, foi calculado o valor
energético total (VET) para cada gestante e analisado o consumo de
carboidratos, lipídios e proteínas, onde de acordo com a sua
adequação foi realizada a classificação em três categorias:
insuficiente (< 95%), adequado (entre 95% e 100%) ou excessivo
(>100%).
A análise do consumo de vitamina C, vitamina A, ferro e
cálcio foi realizada de acordo com as recomendações da Dietary
Reference Intake/DRI (PADOVANI, 2006). Para os três primeiros,
foram considerados os parâmetros da Necessidade Média Estimada
(EAR), correspondentes à faixa etária e ao estágio de vida das
mulheres (70mg, 550µg e 22mg, respectivamente). Como o mineral
cálcio não possui EAR foi utilizado o valor de 1000mg, que
corresponde à referência de Ingestão Adequada (AI).
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 analisa a adequação de cada um dos macro e
micronutrientes.
101
Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
Tabela 1: Distribuição das gestantes analisadas
macronutrientes e micronutrientes. Cabedelo-PB, 2011.
Variável
segundo
os
Insuficiente
N
%(1)
Adequado
N
%
Excessivo
N
%
Macronutrientes
Calorias
Carboidrato
Proteína
Lipídio
107
27
1
2
82,3
20,8
0,8
1,5
9
101
128
089
6,9
77,7
98,5
68,5
14
2
1
39
Micronutrientes
Ferro
Cálcio
Vitamina C
Vitamina A
121
102
27
9
93,1
78,5
20,8
6,9
9
28
103
121
6,9
21,5
79,2
93,1
-
10,8
1,5
0,8
30
-
(1): Os percentuais foram obtidos do número total de 130 pesquisadas.
Os resultados foram satisfatórios quanto à adequação dos
macronutrientes, mas destaca-se um percentual de 30% com
excesso de lipídios na dieta (Gráfico 1). Esse valor pode ser
justificado pelo consumo de massas, frituras e guloseimas em geral.
Gráfico 1 – Adequação dos macronutrientes e calorias totais consumidos
pelas gestantes. Cabedelo, PB, 2011.
O consumo excessivo de proteínas é algo comum na
população em geral, porém foi verificado que a maioria das dietas
estavam adequadas quanto a esse nutriente, em concordância com
um estudo realizado por Azevedo (2003), em Fortaleza, CE, que
102
Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
encontrou um consumo de proteínas adequado, excessivo em
lipídios e inadequado em carboidratos.
Gráfico 2 – Adequação dos micronutrientes das dietas das gestantes.
Cabedelo, PB, 2011.
Apesar dos macronutrientes estarem em sua maioria
adequados, as calorias totais foram consumidas de forma
insatisfatória, assim como ocorreu em outros estudos, como o de
Giddens et al. (2000), onde gestantes apresentaram ingestão abaixo
do recomendado e o estudo de Brognoli, Neme e Passoni (2010), que
encontrou uma alimentação abaixo dos valores energéticos
recomendados para gestantes.
O consumo de vitamina A e C apresentou-se adequado. Este
fato é importante, pois ambas as vitaminas possuem importante
papel na gestação: a primeira por ter ação na manutenção da visão
normal e é essencial à diferenciação e proliferação celular; e a
segunda, por ter a função essencial para síntese de colágeno,
hormônios adrenais e aumento de absorção e utilização de ferro.
Semelhante a esses resultados, Petrakos et al. (2005),
avaliando gestantes gregas, observaram um elevado percentual de
adequação para vitamina A e C, porém constataram um consumo
insuficiente de ferro e cálcio. Também o estudo de SATO et al
(2010) demonstrou inadequação do consumo desses dois
nutrientes.
103
Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
5. CONCLUSÕES
Analisar o consumo alimentar diário é uma tarefa
imprescindível, pois ajuda a identificar erros alimentares e garantir
um desenvolvimento saudável durante e após a gravidez,
propiciando o desenvolvimento e desfecho gestacional com sucesso
para o binômio materno-fetal e evitando o surgimento de carências
nutricionais.
Nesse contexto, ressalta-se a necessidade de ações
educativas na área de alimentação e nutrição que estimulem o
acompanhamento nutricional durante a assistência pré-natal e que
auxiliem as gestantes a realizarem escolhas alimentares corretas.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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104
Consumo alimentar de gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
PADOVANI, R. M.; A. F., JAIME; COLUGNATI, F. A. B.; DOMENE, S. M.
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105
Prevalência de anemia em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
PREVALÊNCIA DE ANEMIA EM GESTANTES ATENDIDAS
NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE
CABEDELO-PB
Alana Moura QUINTANS
Patrícia Vasconcelos Leitão MOREIRA
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a World Health Organization (WHO), a
anemia é definida como: “a condição em que a hemoglobina do
sangue está abaixo do nível normal, como resultado da deficiência
de um ou mais nutrientes essenciais, independente da causa de tal
deficiência”(WHO,1992). Entre os segmentos biológicos mais
vulneráveis ao problema encontram-se as mulheres no período
reprodutivo, particularmente durante a gestação, e as crianças nos
primeiros anos de vida (SOUZA, BATISTA FILHO, 2003).
Entre as principais causas da anemia em gestantes se
destacam o baixo nível socioeconômico, maior número de partos,
baixo nível educacional, idade gestacional mais avançada, reservas
inadequadas de ferro, ausência de suplementação de ferro e dietas
deficientes em quantidade e qualidade de ferro (FUJIMORI et al,
2000).
A anemia está associada ao retardo no desenvolvimento
neuropsicomotor, comprometimento da imunidade, diminuição da
capacidade intelectual, como também ao comprometimento do
crescimento e desenvolvimento do concepto, risco de
desenvolvimento de infecção puerperal, aumento do risco de
mortalidade materna (FERREIRA; MOURA; JÚNIOR, 2008).
2. OBJETIVOS
Determinar a prevalência de anemia em gestantes atendidas
nas Unidades Básicas de Saúde do município de Cabedelo, bem
como relacionar a prevalência de anemia com a idade gestacional,
condições socioeconômicas e o estado nutricional das gestantes.
3. MATERIAL e MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo observacional, transversal, descritiva
de abordagem quantitativa, envolvendo uma amostra de 130
gestantes em acompanhamento pré-natal. A coleta de dados foi
realizada nas Unidades Básicas de Saúde de todo o município de
106
Prevalência de anemia em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
Cabedelo. Após a aplicação do questionário socioeconômico e
consulta ao cartão da gestante, as gestantes eram submetidas à
avaliação nutricional, onde foram aferidos peso e altura em
duplicata, para obtenção da média. O critério adotado para avaliar o
estado nutricional da gestante foi a curva de IMC para a idade
gestacional (ATALAH et al, 1997).
Os valores de hemoglobina e hematócrito foram coletados
dos prontuários das gestantes não devendo ultrapassar três meses
da data do exame bioquímico, o qual foi realizado em laboratório
conveniado com a rede de saúde do município. Para o diagnóstico
da anemia, foi adotado o ponto de corte recomendado pela WHO:
nível de hemoglobina abaixo de 11g/dl (MCLEAN et al, 2008).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A prevalência de anemia nas 130 gestantes avaliadas foi de
17,7%, com uma média de hemoglobina de 12,28 g/dl (DP= 1,56) e
hematócrito de 37,96% (DP=5). A representação se encontra no
gráfico:
Com anemia
ferropriva
17,7%
Sem anemia
ferropriva
82,3%
Gráfico 1 – Distribuição das pesquisadas segundo a ocorrência da anemia.
Cabedelo, PB, 2011.
A prevalência de anemia não foi considerada alarmante,
segundo os parâmetros da OMS (VITOLO, 2006). A anemia por
deficiência de ferro é uma das carências nutricionais de grande
impacto na Saúde Pública. Considerando os efeitos deletérios da
anemia ferropriva na gestação e sua influencia na saúde materna e
da criança (SATO et al., 2008).
107
Prevalência de anemia em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
Um estudo, realizado no Peru, observou que o baixo nível
econômico estava relacionado a uma maior frequência de anemia,
já que a renda influencia a aquisição de alimentos fontes de ferro
que possuem um maior custo (BECERRA, et al, 1998). A Tabela 1
demonstra a associação de alguns dos fatores socioeconômicos e a
anemia.
Tabela 1 - Distribuição da anemia em gestantes, segundo variáveis
socioeconômicas. Cabedelo-PB, 2011
Anemia
Variável
Sim
Não
n
Grupo Total
23
%
n
17,7
107
%
N
82,3
TOTAL
%
Valor de p
130
 Escolaridade
Até ens ino fundamental
15
22,7
51
77,3
66
50,76
8
12,5
56
87,5
64
49,23
Até 1 salário mínimo
15
19,2
63
80,8
78
60
>1 salário mínimo
8
15,4
44
84,6
52
40
Médio/Superior
(1)
p
=0,127
 Renda
p(2 ) =0,572
 Benefício de algum programa
do governo
Sim
8
20
32
80
50
30,77
Não
15
16,7
75
83,3
80
69,23
p(2 ) =0,646
(1): Através do teste Exato de Fisher
(2): Através do teste Qui-quadrado de Pearson
Um maior percentual de gestantes avaliadas encontravam-se em
estado nutricional adequado como pode ser observado na Tabela 2.
108
Prevalência de anemia em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
Tabela 2 – Distribuição da anemia em gestantes, segundo o estado
nutricional. Cabedelo-PB, 2011.
Anemia
Variável
Sim
n
%
Não
n
%
23
17,7
107
82,3
Baixo Peso
4
23,5
13
76,5
17
Adequado
16
21,6
58
78,4
74
Sobrepeso
1
5,6
17
94,4
18
Obesidade
12
9,5
19
90,5
21
Baixo Peso/ Adequado
19
22,1
67
77,9
86
Sobrepeso/ Obesidade
4
9,1
40
90,9
44
Grupo Total
TOTAL
N
%
Valor de p
130
 Estado nutricional
pré-gestacional
p(1) = 0,288
 Estado nutricional atual
p(1) = 0,066
(1): Através do teste Exato de Fisher.
O percentual de pesquisadas com anemia ferrropriva foi mais
elevado entre as que receberam do que entre as que não
receberam suplementação de ferro (22,2% x 7,5%) e entre as que
receberam do que entre as que não receberam suplementação de
ácido fólico (21,0% x 12,2%). O que provavelmente pode estar
relacionado é o tempo do diagnóstico, ou seja, a maior adesão à
suplementação se deu naquelas gestantes que apresentaram
diagnóstico recente de anemia (Tabela 3).
109
Prevalência de anemia em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do município de Cabedelo-PB
Tabela 3: Distribuição da anemia em gestantes, segundo a suplementação
de ferro e ácido fólico. Cabedelo-PB, 2011.
Anemia
Variável
Sim
n
%
n
23
17,7
107
82,3
130
Sim
20
22,2
70
77,8
90
Não
3
7,5
37
92,5
40
Sim
17
21,0
64
79,0
81
Não
6
12,2
43
87,8
49
Grupo Total
Não
%
TOTAL
N
Valor de p
 Suplementação de ferro
p(1) = 0,042*
 Suplementação de ácido fólico
p(1) = 0,206
(*): Diferença significativa ao nível de 5,0%.
(1): Através do teste Qui-quadrado de Pearson.
Um estudo realizado em São Paulo mostrou que nas gestantes
que receberam orientação nutricional, a adesão à suplementação
chegou a quase 90%, ou seja, a orientação eficaz intensifica essa
ação (VITOLO, 2006).
5. CONCLUSÕES
A prevalência de anemia em gestantes no município de
Cabedelo – PB foi considerada leve e as condições
socioeconômicas e o estado nutricional não se associaram à
ocorrência da patologia. Considerando as consequências que a
anemia pode acarretar para a gestação, faz-se necessário
intensificar as ações junto as gestantes, informando-as sobre os
sintomas e cuidados essenciais para desfrutar de uma gravidez
saudável, como também enfatizar ações de educação nutricional.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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110
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Perfil nutricional de fumantes do projeto multidisciplinar do hospital universitário de Campina Grande - PB
PERFIL NUTRICIONAL DE FUMANTES DO PROJETO
MULTIDISCIPLINAR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
CAMPINA GRANDE-PB
Rebecca Hadassah Rocha NASCIMENTO
Camilla Silveira COSTA
Mayra da Silva CAVALCANTI
1. INTRODUÇÃO
O tabagismo é a maior causa de mortalidade em todo o
mundo e estima-se que poderá levar a óbito 450 milhões de
pessoas nas próximas cinco décadas. Pois, o tabaco está associado
a uma multiplicidade de patologias, como: as cardiovasculares,
respiratórias e úlceras gástricas, podendo de tal modo antecipar a
menopausa(MASEEH, 2005). Neste sentido, sabendo do
reconhecimento dos efeitos negativos do tabaco na saúde,
desenvolveram-se campanhas de sensibilização para a cessação
tabágica (Guerra, 2004), por que deixar de fumar, seja em que idade
for, traduz-se numa diminuição de risco e aumenta a esperança de
uma melhor qualidade de vida (MASEEH, 2005).
Noventa por cento dos fumantes ficam dependentes da
nicotina entre os 5 e os 19 anos de idade. Atualmente, existem no
Brasil 2,8 milhões de fumantes, nessa faixa etária.Os principais
fatores de risco, encontrados na literatura, que levam ao hábito de
fumar, são: sexo, idade, nível sócio-econômico, tabagismo de
familiares de primeiro grau e dos amigos, rendimento escolar,
separação dos pais e trabalho (MALCON, 2003).
A preocupação com o ganho de peso pode inibir tentativas
de parar de fumar, principalmente entre as mulheres. Alguns
estudos têm demonstrado que uma das razões pelas quais meninas
começam a fumar é o medo aliado à crença de que fumar emagrece
(INCA, 2004). A maioria dos estudos relacionados ao abandono do
tabaco e ganho de peso indica que ocorre um aumento da ingestão
de alimentos doces, após a interrupção, como um mecanismo
compensatório (ROSEMBERG, 2004).
Akbartabartoori et al. (2005)encontraram menor IMC em
fumantes atuais e ex-fumantes quando comparados aos nãofumantes Enquanto que, John et al. (2005)apontaram que os
homens que fumavam 30 cigarros por dia tiveram 5 vezes mais
112
Perfil nutricional de fumantes do projeto multidisciplinar do hospital universitário de Campina Grande - PB
chances de serem obesos quando comparados com os homens que
nunca fumaram.
Jonh et al.(2005), revela que há um aumento de peso
corporal após o ato de parar de fumar, verificando-se que o receio
de aumentar de peso é uma das principais barreiras para se
conseguir parar de fumar. Se por um lado, o aumento da ingestão
energética, a diminuição do metabolismo e da atividade física,
poderá estar na origem do ganho de peso (FERRARA, 2001; CAN,
2007). Por outro lado, as alterações do equilíbrio energético poderão
explicar a redução de peso nos fumantes. Assim, sendo, os
fumantes terão os seus gastos energéticos aumentados ou terão a
sua ingesta energética diminuída (PERKINS, 1992).
Fatores como o estilo de vida sedentário e a elevada
ingestão de gordura saturada poderão contribuir para o aumento do
IMC após a pessoa para de fumar. Estudos realizados por Guerra et
al.(2004) e Jonh et al.(2005), indicam que os fumantes têm uma
dieta menos saudável que os não fumantes (DYER, 2003;
PADRAO, 2007).
2. OBJETIVOS
Este estudo buscou traçar um perfil nutricional dos fumantes
que participam de um projeto multidisciplinar no hospital
universitário do município de Campina Grande (PB), com intuito de
melhor os impactos gerados após a interrupção do hábito de fumar.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Visando um novo estilo de vida procuramos inserir na realidade dos
pacientes a importância de certos alimentos, tais como a água e
hortaliças, nos quais eles têm em sua maioria rejeição.
Com aplicação de questionários específicos de hábitos
alimentares e imagem corporal identificamos a presença de
comportamentos mal adaptados de intensidades variadas no grupo.
Fizemos um traçado do cotidiano e da vida dos estudados
antes e depois do uso do tabaco. Foram estudados 54 pacientes,
sendo 44 mulheres e 10 homens. Trabalhamos com base no peso
teórico e no tratamento de patologias associadas ou não ao fumo,
dando assim maiores resultados.
A avaliação nutricional é feita com pesagem do paciente e
aferição da altura, foi aplicado também um recordatório de 24 horas
113
Perfil nutricional de fumantes do projeto multidisciplinar do hospital universitário de Campina Grande - PB
ajudando a entender os hábitos alimentares, preferências e
aversões.
Além disso, fizemos entrevistas seguindo um protocolo
padrão de questionário, para entender o período de uso do tabaco e
presença de comorbidades.
A coleta de dados foi realizada no Hospital Universitário por
estudantes de nutrição. Foi realizada a aplicação de questionário
auto administrado com 24 questões abertas referentes a anamnese
nutricional. As informações obtidas foram armazenadas em um
banco de dados elaborado especialmente para este fim, em um
microcomputador com o auxilio do aplicativo Excel, e as análises
dos dados foram efetuadas no mesmo programa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os 54 pacientes estudados, sendo 44 mulheres e 10
homens, foram analisados por 8 estudantes de nutrição e uma
nutricionista especialista em nutrição clinica. Ao serem questionados
sobre a importância nutricional, a grande maioria (92%) respondeu
que achava de suma importância, mas que não sabia ao certo como
pôr em prática. Apenas quatro pacientes afirmaram ter consciência
da importância da nutrição e já haviam passado por um nutricionista.
Na aplicação do questionário pudemos analisar que em duas
questões há uma associação direta entre o tempo de fumo, as
patologias encontradas no paciente e o histórico patológico familiar,
ressaltando cada vez mais que quanto maior o tempo de fumo,
maior a diversidade patológica.
Os pacientes também foram questionados sobre a idade em
que iniciaram a atividade do fumo, e como dado alarmante pudemos
observar que o hábito se torna comum cada vez mais cedo, devido
a influencias da mídia, familiares, e própria pré-disposição devido a
diversos fatores nos quais podem variar de paciente para paciente
(Figura 1).
114
Perfil nutricional de fumantes do projeto multidisciplinar do hospital universitário de Campina Grande - PB
Figura 1 – Resposta da questão aberta: Iniciou o fumo com quantos anos?
(Números absolutos)
Outro dado de grande importância é a prevalência do sexo
feminino entre os estudados, totalizando (80%) e do sexo
totalizando (20%). A inserção das mulheres na sociedade dos
fumantes veio após a revolução feminina, fazendo com que as
mulheres adentrassem em hábitos masculno tais como o fumo
(Sá,2007). Resultado este que podemos analisar perfeitamente em
nossos estudos.
5. CONCLUSÕES
Com base nas informações coletadas no presente trabalho,
pode-se afirmar que os pacientes do hospital universitário do Projeto
Multidisciplinar contra o tabagismo apresentam patologias tais
como: hipertensão, diabetes, colesterol alto, triglicerídeos alto,
úlceras, câncer, depressão e transtornos bipolares. Contudo, o
aumento da ansiedade gerada pela abstinência do cigarro e a
vontade de comer, por causa da mesma, podem causar o aumento
de peso ou até mesmo sua diminuição (que prevalece em minoria).
Em relação aos dados obtidos observamos a grande
incidência de obesos, o que pode ser explicado pelo aumento da
ansiedade que o fumo causa na maioria dos pacientes, sendo
descontados quase sempre em alimentos ricos em gorduras e
carboidratos, provocando obesidade e taxas alteradas. O que
demonstra a importância do acompanhamento nutricional neste
115
Perfil nutricional de fumantes do projeto multidisciplinar do hospital universitário de Campina Grande - PB
grupo específico como peça chave para a finalização de um
tratamento com um resultado positivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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CAN, G., OZTUNA, F. TOPBAS, M. Complaints related to smoking
cessation. Tuberktoraks. 2007; 55(4):364-9
DYER, A. R.; ELLIOT, P.; STAMLER, J.; CHAN, Q.; UEDHIMA, H. ZHOU,
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FERRARA, C.. M.; KUMAR, M.; NICKLAS, B. MCCRONE, S.; GOLBERG,
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GUERRA, M. P. A Abstenção Tabágica: Reflexões Sobre a Recaída.
Análise Psicológica. 2004; 2 (XXII): 507-18
JONH, U.; HANKE, M.; RUMPF, H.J.; THYRIAN. J. R. Smoking status,
cigarettes per day, and their relationship to overweight and obesity among
former and current smokers in a national adult general population sample.
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MASEEH
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PADRAO, P.; LUNET, M.; SANTOS, A.C.; BARROS, H. Smoking, alcohol,
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PERKINS, K. A. Effests of tobacco smoking on caloric intake. Br J Addict.
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ROSEMBERG, J; ROSEMBERG, A.M.A.; MORAES, M.A. Nicotina: droga
universal. São Paulo: SES/CVE; 2004.
SÁ, N. N. B.; MOURA, E. C. Associação entre excesso de peso e hábito de
fumar. Santarém, PA, 2007.
116
Capítulo VIII
SAÚDE DA MULHER
117
Câncer de mama e qualidade de vida: artigo de revisão
CÂNCER DE MAMA E QUALIDADE DE VIDA: Artigo de
revisão
Manuella Barbosa GALVÃO
Edith de Carcia Pontes A. de AZEVEDO
Adriana dos Santos ALVES
Rowse Alencar Ramalho de FIGUEIRÊDO
1. INTRODUÇÃO
O câncer é uma doença sistemática caracterizada pelo
desequilíbrio e proliferação celular. O câncer de mama (CM) é o
segundo tipo de câncer de maior incidência mundial e o mais
comum entre as mulheres. Dos casos de câncer feminino
diagnosticado, 22% correspondem a CM. O número de casos novos
de câncer de mama no Brasil corresponde em média a 49 casos a
cada 100 mil mulheres. O CM pode ocorrer devido a causas
externas ou internas ao organismo, porém os casos mais comuns
estão relacionados à origem genética, tendo menor frequência em
mulheres com idade inferior a 35 anos.
Esta se dá geralmente pela deficiência de cromossomos, tem
como Genes supressores dos tumores o BRCA1 e o BRCA2 e de
eventos citogenéticos que resultam na rapidez da produção de
células cancerígenas, ocasionando tumores de alta complexidade. A
contribuição hereditária para o desenvolvimento do câncer de
mama, é também um fator muito frequente para o
desencadeamento da doença. Os novos fatores de risco surgem
cada vez mais agressivos e presentes nos novos casos da doença.
Nos últimos anos a tecnologia tem trazido maiores
possibilidades de tratamentos para pacientes portadoras do câncer
de mama. Porém, a cura da doença só pode ser possível com um
diagnóstico precoce, que inclui o autoexame e mamografia de
prevenção, que detectam com precisão e rapidez a presença dos
tumores, aumentando as chances do paciente de viver uma vida
normal e confortável mesmo com a presença da doença.
O CM já se trata de um grave problema saúde pública, sendo
esta neoplasia maligna a segunda causa de óbito entre mulheres na
Europa e na America do Norte. No Brasil, é o principal tipo de
câncer que ocasiona o óbito feminino.
118
Câncer de mama e qualidade de vida: artigo de revisão
Devido a grande porcentagem de mulheres acometidas por
CM, o número elevado de óbitos e danos negativos a autoimagem,
esta neoplasia maligna representa para mulheres algo destrutivo,
ameaçador, depressivo e mortal. A aquisição de CM pode
influenciar negativamente a qualidade de vida de suas portadoras,
ocasionando além dos danos físicos um desgaste na saúde
psicológica e até mesmo afetar a percepção de sexualidade e da
própria imagem pessoal.
Qualidade de vida (QV) é conceito subjetivo, pode indicar a
satisfação pessoal do indivíduo com a vida ou até mesmo a
percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos
seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
Tratamentos clínicos associados a terapias e grupos de
ajuda para as pacientes portadoras de CM pode proporcionar uma
melhoria da QV durante o período de tratamento. Diante o impacto
do tratamento, as mulheres necessitam de informação sobre as
consequências dos tratamentos, orientação sobre a sua nova
condição e de suporte psicológico.
2. OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica sobre o câncer de mama.
3. MATERIAL e MÉTODOS
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória de
natureza bibliográfica.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
O surgimento do câncer se dá quando as células perdem a
capacidade de limitar e comandar seu próprio crescimento
passando, então, a se dividir e se multiplicar muito rapidamente e de
maneira aleatória, resultando num processo de multiplicação e
crescimento desordenado das células e consequentemente um
desequilíbrio na formação dos tecidos do corpo (Figura 1).
Segundos dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) em
2012, que o CM no Brasil pode atingir 52.680 de número de casos,
sendo estimado o risco de 52 casos a cada 100 mil mulheres. É o
tipo de câncer mais frequente nas mulheres das regiões Sudeste
(69/100 mil), Sul (65/100 mil), Centro-Oeste (48/100 mil) e Nordeste
119
Câncer de mama e qualidade de vida: artigo de revisão
(32/100 mil). Na região Norte é o segundo tumor mais incidente
(19/100 mil).
Figura 1: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100
mil mulheres, estimadas para o ano de 2012, segundo Unidade da
Federação (neoplasia maligna da mama feminina).
Fonte: http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/estimativa20122111.pdf
Dados indicam que a incidência de CM é muito baixa em
mulheres com idade inferior a 25 anos (1%), sofrendo um aumento
da incidência em mulheres com idade superior e/ou igual a 30 anos,
apresentando um pico entre mulheres de idade entre 45 e 50 anos.
Isso mostra que a idade continua sendo um importante fator de risco
de aquisição da doença, a incidência de casos aumentam
rapidamente até os 50 anos, e posteriormente, esse aumento ocorre
de forma mais lenta, possivelmente devido a menopausa. O Instituto
Nacional do Câncer (INCA), afirma que o CM é a primeira causa de
mortes em mulheres no Brasil. Na maioria das vezes, o diagnóstico
é estabelecido em uma fase tardia da doença.
O Ministério da Saúde usa a classifica os tumores de mama
como do tipo invasivos e não invasivos, sendo os CM hereditários,
na sua grande maioria sua maioria, tumores invasivos,
predominando o tipo ductal infiltrante, responsável por 65 a 80% dos
casos. As mulheres com história de CM na família possuem
aproximadamente 60 a 80% de chance de desenvolver CM.
120
Câncer de mama e qualidade de vida: artigo de revisão
O CM causa um grande impacto seus portadores,
possivelmente devido ao seu tratamento contínuo, e a possível
perda da mama afetada pelo câncer. Essa ideia de mutilação faz
que as mulheres desenvolvam uma ideia de autoimagem negativa
podendo acarretar em alterações psicológicas, emocionais e sociais,
ou seja, uma queda de qualidade de vida. Não só o paciente sofre
danos emocionais, mas também seus familiares e amigos, pois
esses compartilham o medo da morte, sofrimento da mutilação,
receio do surgimento do linfedema e, até mesmo, sentimentos de
desvalorização social.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de
vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no
contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
A qualidade de vida vem sendo o alvo de grande preocupação para
o ser humano, conceituar e mensurar qualidade de vida é algo
difícil, devido à subjetividade atribuída a esse assunto. Na tentativa
de mensurar o grau de qualidade de vida, profissionais lançam mão
de técnicas que podem ser: uso de questionários, entrevistas com
as pacientes, exames psicológicos e etc. A partir dos resultados
obtidos por meio dessas técnicas é possível ter uma compreensão
do estado psicológico das pacientes e a partir daí delinear de
programas adequados de intervenção, possibilitando modificar
variáveis que possam interferir de forma negativa no
acompanhamento multidisciplinar do paciente ontológico.
A estabilidade mental do paciente ontológico é tão
importante quando sua estabilidade física. A compreensão do seu
estado emocional é o primeiro passo para desenvolver métodos
eficazes de melhora de sua autoestima, e no modo que enfrenta o
tratamento contra o câncer.
O acompanhamento psicológico e o uso de terapias afeta
positivamente o tratamento de mulheres portadoras de CM,
proporcionando mais segurança e até podemos dizer, esperança de
cura e aceitação pessoal. Pacientes mais estabilizadas
emocionalmente respondem de maneira positiva ao tratamento, isso
garante uma possibilidade que melhor qualidade de vida durante e
após o tratamento.
121
Câncer de mama e qualidade de vida: artigo de revisão
5. CONCLUSÕES
O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente entre
as mulheres no Brasil, é provocado por uma alteração de genes
supressores de tumor (BRCA1, BRCA2).
Tem grandes possibilidades de cura se tratado inicialmente,
porém seu tratamento cansativo e a possibilidade de uma possível
mutilação na mama faz com que as mulheres vitimadas por esse
tipo de câncer sofram uma queda de qualidade de vida.
Programas de aconselhamento e tratamento psicológico
essas mulheres, assim como seus familiares é uma boa alternativa
para melhor enfrentamento da doença e maior qualidade de vida
durante e após o tratamento.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.M. Vivendo com a incerteza da doença: a experiência de
mulheres com câncer de mama [Tese de Doutorado em Enfermagem].
Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São
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CHAPADEIRO,
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47(3):263-72.
HADDAD N, DA SILVA MB. Mortalidade por neoplasmas em mulheres
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Acesso em: 02/10/2012.
122
Capítulo IX
BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS
123
Conhecimento dos estudantes de nutrição acerca dos produtos diet e light
CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO
ACERCA DOS PRODUTOS DIET E LIGHT
José Donivaldo da Silva NETO
Francisco Gilvandro L. do NASCIMENTO
Noádia Priscila A. RODRIGUES
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado em todo o mundo do consumo de
alimentos processados é uma das causas importantes da maior
incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como
obesidade, diabetes, dislipidemias, doenças coronarianas, etc.
Esses alimentos tendem a apresentar concentrações de gordura,
açúcar e sal excessivas e prejudiciais à saúde (WHO, 2003).
Diante do panorama epidemiológico exposto, centenas de
produtos diet e light tem surgido no mercado, como alternativa
saudável e sensorialmente atrativa, e o seu consumo é amparado
pelo forte apelo e sofisticadas estratégias de marketing
desenvolvidas pelas indústrias multinacionais que controlam o setor
(VILELA, 2000).
Produtos diet são especialmente formulados para grupos da
população que apresentam condições fisiológicas específicas.
Como, por exemplo, alimentos para dietas com restrição de açúcar.
São feitas modificações no conteúdo de nutrientes, adequando-os a
dietas de indivíduos que pertençam a esses grupos da população.
Apresentam na sua composição quantidades insignificantes ou são
totalmente isentos de algum nutriente, tais como açúcar, sal, glúten,
etc.
Já os produtos light são aqueles que apresentam a quantidade
de algum nutriente ou valor energético reduzido quando comparado
a um alimento convencional. São definidos os teores de cada
nutriente e ou valor energético para que o alimento seja considerado
light. Tanto alimentos diet quanto light não têm necessariamente o
conteúdo de açúcares ou energia reduzido. Podem ser alteradas as
quantidades de gorduras, proteínas, sódio, entre outros; por isso a
importância da leitura dos rótulos (ANVISA, 2005).
Tendo em vista a potencial inconsciência quanto à diferenciação
entre os produtos diet e light pelos consumidores em geral
(CHOUCINO et al., 2012), e, sabendo-se que o profissional de
nutrição é o responsável por promover educação nutricional,
124
Conhecimento dos estudantes de nutrição acerca dos produtos diet e light
incluindo o consumo responsável deste grupo de alimentos
(MORESCO, et al., 2012). É que o presente estudo teve como
objetivo investigar o conhecimento de estudantes do curso de
nutrição acerca de alimentos diet e light.
2. OBJETIVO
Identificar o conhecimento dos alunos do curso de nutrição de
uma Faculdade Particular de João Pessoa a respeito de produtos
diet e light.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se pesquisa do tipo quali-quantitativa com a
participação de quarenta estudantes do curso graduação em
nutrição de uma faculdade da cidade de João Pessoa-PB, de ambos
os sexos, e que cursavam entre o primeiro e terceiro período do
curso de bacharelado citado. Foi aplicado um questionário contendo
dez perguntas sobre o tema proposto. Formuladas no seguinte
esquema: nove questões eram objetivas e uma questão subjetiva,
na qual os entrevistados descreveram as diferenças entre produtos
diet e light.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os participantes da pesquisa sobre conhecimentos
sobre diet e light abordando estudantes do 1° ao 3°período do curso
de nutrição de uma Faculdade particular de João Pessoa, sendo 14
entrevistados do primeiro e terceiro período e 12 do segundo
período. Quando questionados sobre conhecer produtos diet e light,
100% dos alunos do 1° período afirmou conhecer tais produtos, já
dos alunos do 2° período 11 entrevistados (92%) afirmaram que sim,
conhecem os produtos, quanto aos alunos do 3° período 100%
afirmou conhecer produtos light e enquanto 13 estudantes (93%)
afirmou conhecer produtos diet (Figura 1).
125
Conhecimento dos estudantes de nutrição acerca dos produtos diet e light
Figura 1. População de estudantes do curso de Nutrição que afirma
conhecer alimentos diet e light.
Quando questionados sobre o conhecimento das diferenças
entre os produtos abordados na pesquisa, a maioria dos alunos
afirmaram ter tal conhecimento, sendo 86% dos alunos do
1°período, 50% do 2° período e 71% do 3° período (Figura 2)
Figura 2. População de estudantes do curso de Nutrição que afirma saber
diferenciar alimentos diet e light
Quanto a definição de produtos diet e light, 71,43% dos alunos
do 1º período, 75% do 2º período e 85% do 3º período responderam
corretamente a definição de diet. Já sobre light, apenas 28,57% do
1º período, 58,33% do 2º período e 13 92.86% do 3º período
souberam a definição correta.
Estes produtos foram criados para atender pessoas que
tenham restrição a algum tipo de substância, como por exemplo, os
diabéticos que não podem comer açúcares, os hipertensos que não
devem ingerir nada com alto teor de sódio. De acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) o termo diet
pode ser usado em dois tipos de alimentos: a) Nos alimentos para
dietas com restrição de nutrientes (carboidratos, gorduras,
proteínas, sódio); b) Nos alimentos para dietas com ingestão
126
Conhecimento dos estudantes de nutrição acerca dos produtos diet e light
controlada de alimentos (para controle de peso ou de açúcares)
(CHOUCINO et al., 2012).
Para o autor supra citado, Light são aqueles alimentos que
devem ter, no mínimo, 25% menos de algum componente calórico,
seja açúcar, gordura, sal, entre outros. São aqueles que apresentam
a redução de qualquer um de seus componentes (açúcar, gordura,
proteína) tendo como referência o produto do mesmo tipo, e não
tem fim especifico como os produtos diet.
Estes resultados corroboram com as pesquisas quanto ao
conhecimento e identificação de produtos diet e light por parte dos
consumidores em geral. (CHOUCINO et al., 2012; MORESCO et al.,
2012; VILELLA, 2000)
Quanto em relação a definição de forma aberta para avaliar o
conhecimento de forma subjetiva e por extenso das diferenças entre
diet e light, percebeu-se que o nível de conhecimento é gradativo de
acordo com o avanço no curso de nutrição período à período
através da quantidade de respostas acertadas sobre a questão,
diferente do que foi mostrado quando a alternativa se limitava a
marcara de forma objetiva se os participantes sabiam diferenciar os
produtos, onde a maioria assinalou saber tais diferenças.
Fazendo um comparativo dos resultados do questionário
abordado, percebeu-se que a população questionada, em sua
maioria afirma conhecer os produtos mencionados na pesquisa e
suas diferenças, porém ao serem submetidos a definir tais
situações, a maioria dos participantes não souberam definir de
forma correta.
Produtos diet e light tornaram-se valiosas ferramentas para a
obtenção de resultados positivos nas diversas e possíveis
aplicações desses produtos, para isso é importante que se tenha o
conhecimento necessário para tirar proveito das vantagens
oferecidas por esses produtos.
5.
CONCLUSÕES
Através dos resultados obtidos na pesquisa, pode-se concluir
que há deficiências quanto ao entendimento do real conceito de
produtos light e diet. Pois, mesmo afirmando conhecer estes tipos
de alimentos, menor parcela dos entrevistados realmente sabe
definir o conceito correto das terminologias alimentares.
127
Conhecimento dos estudantes de nutrição acerca dos produtos diet e light
Pode-se concluir este resultado também pelas respostas
subjetivas, onde se percebeu dificuldade em definir os conceitos
corretos para estes alimentos. Os estudantes ainda apresentam
dificuldades em definir, diferenciar e obter informações sobre
produtos denominados diet e light, entretanto percebeu-se que, de
acordo com a progressão e aprofundamento em relação aos
conhecimentos no curso de nutrição, houve maior entendimento em
relação ao assunto abordado.
Por fim, conclui-se através do presente estudo que há uma
necessidade de melhor informar e de se buscar atualização quanto
a este tipo nicho de mercado que são os alimentos diet e light por
parte dos estudantes de nutrição. E que sejam realizadas outras
pesquisas em relação ao tema.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Orientação
aos Consumidores - Educação para o Consumo Saudável. Brasília:
Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Universidade
de Brasília, 2008. 17p.
CHOUCINO, C. C.; SAITO, L. H.; SANTOS, C. R.; RIBEIRO, J. Análise dos
consumidores e de seu conhecimento sobre a diferença entre os produtos
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2012.
MATTA, I. E. A. Da; H, P.; SILVA, Y. Adequação à legislação vigente, da
rotulagem de alimentos diet e light comercializados no Rio de Janeiro, RJ.
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MORESCO, G. P.; BARCELOS, A. L. V.; PIETZSCH, E. L. C.; BAMPI, G.
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VILELA, E. R. Alimentos dietéticos e alternativos. Textos Acadêmicos.
Lavras: UFLA, 2000.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diet, nutrition and the prevention of
chronic diseases. Report of a Joint WHO/FAO Expert Consultation.
Geneva: WHO, 2003.
128
Panificação: uma visão bioquímica
PANIFICAÇÃO: UMA VISÃO BIOQUÍMICA
Cássia Priscilla Santos DUARTE
Camila Alves CARVALHO
Andréia Silva BATISTA
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
O pão é o alimento é um dos alimentos mais comuns e
baratos de todo o mundo e é considerado como importante fonte de
nutrientes. Acredita-se que o pão tenha-se originado há milhares de
anos antes de Cristo (9).
Na panificação a farinha mais apropriada é a farinha de trigo
que contém a presença de uma proteína chamada glúten, que
quando em contato com água forma uma massa elástica que retém
os gases da fermentação (3). Essa proteína possui uma capacidade
elástica que permite o pão ficar fofinho e gostoso, por não deixar
arrebentar aqueles buraquinhos que se formam na massa quando
ela cresce, ou seja, fermenta. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) exige que seja informado, no rótulo, que o
alimento contém glúten, porque algumas pessoas têm alergia a essa
proteína, uma moléstia chamada de doença celíaca.
Além do trigo, a massa mais básica utilizada para a fabricação
de um produto de panificação deve ter água, fermento e sal, porém
para se produzir um produto de alta qualidade adiciona-se a esses
produtos ingredientes extras para intensificar o desenvolvimento da
massa durante o processo, melhorando também a qualidade do
pão. Atualmente existe a presença dos melhoradores da massa que
são um grupo de pequenos ingredientes, aditivos e auxiliares de
processamento adicionados à massa, atuando principalmente como
agentes
estruturadores,
amaciadores,
umidificadores
e
aromatizantes (4,9).
2. OBJETIVOS
Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a bioquímica da
panificação.
129
Panificação: uma visão bioquímica
3. MATERIAL E METODO
O estudo foi realizado no período de setembro e outubro de
2012, e o levantamento de dados deu-se por meio de pesquisa
bibliográfica através de livros e artigos científicos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A qualidade e quantidade dos ingredientes da formulação,
como a forma de processamento, podem produzir diminuição no
volume e perda das características externas e internas do pão (7).
A farinha de trigo é o ingrediente mais utilizado na receita do
pão e a qualidade desta farinha está relacionada com fatores como
clima, solo, o uso de novas variedades e leis mais rígidas com
relação ao uso de fertilizantes, isso faz com que a utilização de
aditivos em farinha de trigo aumente de forma expressiva (3).
Para panificação uma farinha de boa qualidade é aquela que
possui alta capacidade de absorção de água, tolerância ao
amassamento e alta porcentagem de proteína. O amido é o principal
constituinte da farinha de trigo, sendo seus maiores componentes os
polímeros de glicose: amilose (23%) e amilopectina (77%) (9).
Contribui para a formação da estrutura, consistência e textura da
massa, é fonte de açúcares para as leveduras, favorecendo a
coloração do miolo e da casca do pão, como também, favorece o
volume do produto final devido à produção de gás carbônico (5).
Quanto às proteínas, da quantidade total presente no trigo,
15% corresponde às proteínas não formadoras do glúten, ou seja,
globulinas e albuminas e as 85% restantes correspondem às
proteínas formadoras do glúten, sendo elas a gliadina e a glutenina
(9).
Para a formação do glúten é necessário a hidratação das
proteínas gliadina e glutenina, por isso a água é o segundo
ingrediente de maior quantidade utilizado na receita de pão.
Recomenda se o uso de 60% de água em relação à farinha de trigo,
sendo quase impossível encontrar uma farinha com este poder de
absorção no mercado, encontra-se farinha com uma variação de 55
a 58% de absorção. (1)
Os grãos de trigo com elevados teores de glúten úmido
tendem a produzir as farinhas denominadas fortes (strong),
enquanto que os grãos de trigo com baixos teores de glúten úmido
proporcionam a obtenção de farinhas denominadas fracas (weak),
as quais apresentam baixa elasticidade e baixo teor de proteínas,
130
Panificação: uma visão bioquímica
sendo utilizadas principalmente na elaboração de bolachas e doces
(6).
O sal e o açúcar influenciam na atividade do fermento. O grau
pelo qual as mudanças na pressão osmótica, provocadas pelo
aumento do nível do sal, influenciando a atividade do fermento. O
sal causa um efeito muito mais expressivo sobre o fermento do que
o açúcar. Além disso, as quantidades de sal e açúcar são ajustadas
na panificação por motivos de sabor, textura e vida de prateleira do
produto (4).
A gordura atua principalmente como lubrificante do glúten,
contribuindo para melhorar as propriedades de expansão da massa,
gerando pães com volumes maiores. Auxilia ainda na obtenção de
pães com miolos de textura mais suaves e sedosos, diminui a taxa
de retrogradação por formar um complexo com o amido, além de
auxiliar na retenção de gases da massa, produzindo pães de crosta
mais fina e macia (9).
O fermento biológico é obtido a partir de culturas puras de
leveduras, através de processos tecnológicos adequados, é
empregado para dar sabor próprio e aumentar o volume e a
porosidade dos produtos forneados. .A levedura que atua no
processo de fermentação é a Sacharomyces cerevisae (9). O
mercado para fermentos cresceu devido à maior demanda de
produtos fermentados, e em consequência do desenvolvimento de
processos automatizados de panificação. Sua condição física pode
ser líquida, seca ou prensada (4).
A legislação brasileira define aditivos alimentares como:
“substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos com o
objetivo de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades,
desde que não prejudiquem seu valor nutritivo”, ressaltando a
prevenção da deterioração ou decomposição dos mesmos. Os
principais aditivos utilizados na panificação, e que também podem
ser chamados de melhoradores, são os emulsificantes, as enzimas,
os agentes oxidantes e os reforçadores de glúten (2).
O melhorador tem a capacidade de se ligar à água e a outras
gorduras ao mesmo tempo. Atuam, preferencialmente, na
conservação dos produtos acabados, melhoram a lubrificação do
glúten nas massas, facilitam e reduzem o tempo da mistura,
beneficiam o volume dos produtos, facilitam o manuseio da massa e
melhoram o sabor dos produtos (2).
131
Panificação: uma visão bioquímica
Dentre os melhoradores de farinha, os agentes oxidantes
são os produtos de maior importância na tecnologia de panificação.
Atuam diretamente sobre a estrutura das proteínas do glúten,
reforçando a rede de glúten através da formação de ligações
dissulfídicas. Como consequência direta da ação reforçadora dos
oxidantes sobre o glúten, a capacidade de retenção de gases é
aumentada, o que resulta em pães com maior volume. Os principais
agentes oxidantes utilizados são o bromato de potássio (proibido no
Brasil), azodicarbonamida (liberada apenas para uso em moinhos) e
ácido ascórbico (3).
Os emulsificantes atuam diminuindo a taxa de retrogradação
do amido, aumentando assim a vida de prateira do produto;
reforçam o glúten proporcionando pães de maior volume e estrutura;
e influenciam ainda de maneira benéfica sobre a crocância e crosta
dos pães (9).
O aumento na concentração da enzima provoca redução na
absorção de água, melhora a tolerância ao processo mecânico e
aumenta a extensialidade da massa. Melhora o volume, o sabor, o
aroma, a estrutura da casca e do miolo, a maciez e aumentam a
vida útil do produto (5).
A farinha de trigo contém enzimas (principalmente amilases e
proteases) em pequenas quantidades não ideais para princípios de
panificação. Entre estas enzimas, encontram-se as a-amilases,
xilases e pentonases, lípases, oxidades, lipoxogenases e proteases
(8).
5. CONCLUSÃO
O processo de panificação vem ganhando complexidades
cada vez maiores se observados pela sua biotecnologia. A utilização
dos aditivos como potenciadores na qualidade e duração de pães,
exige maior conhecimento de como utilizá-los, para que não haja
uso excessivo impedindo a perda dos valores nutricionais desses
produtos. Houve uma diminuição desses aditivos no processo de
panificação, mas ainda se faz preciso a utilização de aditivos
naturais na panificação como questão de segurança sobre o
emprego de substâncias químicas nos alimentos.
132
Panificação: uma visão bioquímica
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SILVA, JOÃO CARLOS B. Melhoria do processo produtivo:
um estudo de caso Padaria Salute. Nova Venécia: XX, 2005
2. PEREIRA, JOELMA ET AL. Composição centesimal da
mucilagem do Inhame (Dioscorea SSP.) Liofilizado comparado
a de um melhorador comercial utilizado na panificação e
avaliação sensorial de pães de forma. Ciênc. Agrotec., vol.
33, Edição Especial, p. 1813-1818, 2009
3. JUNIOR, J. E. P. J. e SARAIVA, F. Z.. Estudo comparativo de
diferentes aditivos com função oxidativa sobre a farinha de
trigo. Cultivando o Saber, Cascavel, vol 2, p. 143-150, 2009.
4. CAUVAIN, STANLEY P. E YOUNG, LINDA S. Tecnologia da
Panificação. 2ª Ed. São Paulo: Editora Manole. 2009. 418 p.
5. QUEIJI, M. F. D. et al. Propriedades reológicas da massa de
farinha de trigo de alfa-amilase. Publ. UEPG Ci. Exatas
Terra, Ci. Agr. Eng., Ponta Grossa, vol. 12, n. 2, p.21-29,
2006
6. COSTA, MARIA DAS GRAÇAS DA et al. Qualidade
tecnológica de grãos e farinhas de trigo nacionais e
importadas. Ciênc. Tecnol. Aliment. Campinas, vol. 28, n. 1,
p. 220-225, 2008
7. FERREIRA, SILA MARY RODRIGUES et al. Parâmetros de
qualidade do pão francês. B. CEPPA, Curitiba, vol. 19, n. 2,
2001
8. CARVALHO, WALTER et al. Aditivos alimentares produzidos
por via fermentativa parte 3: polissacarídeo e enzimas.
Revista Analytica, Lorena n. 20, p. 32-40, 2005/2006
9. TREIB, E. Avaliação tecnológica de farinha mista de Trigo,
Babaçu e Banana Verde e sua utilização na elaboração de
pães tipo francês. 2012. 155f. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Positivo, Curitiba. 2012.
133
Ácidos graxos trans: alerta na sua ingestão e de olho nas possíveis consequências
ÁCIDOS GRAXOS TRANS: ALERTA NA SUA INGESTÃO E
DE OLHO NAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS
Francyalle Rayanne de Araújo BARBOSA
Jéssica Fernanda Silva do NASCIMENTO
Giselle Medeiros da Costa ONE
1- INTRODUÇÃO
Os ácidos graxos trans apresentam uma ou mais duplas
ligações, podendo formar isômeros geométricos, quando os
hidrogênios ligados ao carbono da insaturação estão do mesmo
lado o ácido graxo é denominado cis, quando estão em lados
opostos é denominado trans. O consumo de ácidos graxos trans
pela população vem aumentando desde 1920, quando teve início a
produção industrial de gorduras vegetais. A média de consumo
estimada de ácidos graxos trans em países desenvolvidos é de 7-8
g/dia por pessoa.
Através de estudos ficou evidenciado que as doenças mais
associadas ao consumo de ácidos graxos trans são de caráter
cardiovascular e as crônicas degenerativas; além de que seu
consumo influencia no crescimento intrauterino, a obesidade e a
doenças com tendências inflamatórias.
Diante dessa realidade, como resultado do aumento da
disponibilização dos ácidos graxos trans e dos estudos que os
associam às consequências negativas para a saúde, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) lançou, em 2004, a Estratégia Global para
Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde,
estabelecendo a eliminação do consumo dos ácidos graxos trans
como meta
Uma das medidas que pode auxiliar a população a realizar
escolhas alimentares mais saudáveis em relação aos ácidos graxos
trans é a rotulagem de alimentos. No Brasil, de acordo com a
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 360, de 23 de dezembro
de 2003, é determinado que fossem declarados nos rótulos dos
alimentos industrializados a quantidade de gorduras trans presente
nos alimentos. Desde o dia 1 de agosto de 2006, as empresas
devem obrigatoriamente especificar esta informação na embalagem
de seus produtos, inclusive se o teor for considerado menor ou igual
a 0,2g/porção, ele deve divulgar na embalagem, o termo “zero
trans”.
134
Ácidos graxos trans: alerta na sua ingestão e de olho nas possíveis consequências
No presente estudo serão abordados diversos temas
objetivando o consumo dos ácidos graxos trans, relacionando às
possíveis consequências, tanto benéficas, quanto maléficas para
com o indivíduo, além de especificar seus interesses e modos
diferentes e conscientes de seu consumo.
2- OBJETIVOS
Apresentar uma revisão bibliográfica sobre os ácidos graxos
trans de origem, tanto industrial, quanto natural, seu consumo,
consequências para a saúde e as possibilidades de controle da
ingestão, discutindo também fatores de caráter de rotulação
nutricional de acordo com a Legislação Brasileira.
3- MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa do tipo bibliográfica obteve informações mediante
revisão de artigos apresentados na base de dados SciELO e livros.
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1- Efeitos na Saúde
As gorduras trans podem desempenhar importante efeito
deletério na saúde humana. Embora existam diversas
recomendações do seu consumo, a ausência de informações em
tabelas de composição química de alimentos e rótulos dos produtos
consumidos no país prejudica essa ação. Os alimentos contendo
gordura parcialmente hidrogenada contribuem com cerca de 80% a
90% na ingestão diária de AGT. Os óleos refinados apresentam
níveis razoavelmente pequenos, mas a reutilização, principalmente
no preparo de alimentos fritos, pode tornar significativa a sua
contribuição nessa ingestão diária, que, recomenda-se, que seja de
2% a 5%. Um aumento de 2% nessa ingestão diária de AGT pode
ser responsável pela ascensão de 23% na incidência das doenças
coronarianas em adultos saudáveis. As doenças mais associadas
ao consumo desse ácido graxo são as doenças cardiovasculares e
as crônicas degenerativas.
O consumo de isômeros trans altera as concentrações
séricas de lipídeos, aumentando a lipoproteína de baixa densidade
(LDL colesterol) e diminuindo a lipoproteína de alta densidade (HDL
135
Ácidos graxos trans: alerta na sua ingestão e de olho nas possíveis consequências
colesterol), sendo, por estes motivos, associado ao aumento no
risco da doença arterial coronariana (DAC). Além disso, o aumento
dos níveis de lipoproteína e de triglicerídeos séricos, efeitos
adversos no metabolismo de ácidos graxos essenciais e no balanço
das prostaglandinas, podendo levar à trombogênese (elevação de
marcadores de inflamação e disfunção endotelial, favorecendo a
formação de placas ateroscleróticas). A morte súbita e a resistência
à insulina são outras consequências possíveis.
A eliminação de ácidos graxos trans da dieta da população é
essencial. Trata-se, contudo, de uma medida importante,
considerando-se que o resultado desse controle será a melhoria da
saúde da população, com conseqüente redução de gastos com a
saúde. Porém, pode-se inferir que ainda é um desafio para indústria
de alimentos e para as redes de fast-food; sendo assim, o seu
consumo ainda é uma realidade, especialmente para as pessoas
que costumam consumir alimentos industrializados e/ou
provenientes dessas redes.
4.2-Ácidos graxos trans e a saúde materno-infantil
Entre as pesquisas voltadas para a relação entre o consumo
de ácidos graxos trans e a saúde materno-infantil, relatam-se que os
ácidos graxos trans são transferidos de mãe para filho por meio do
leite e da placenta.
O elevado consumo de ácidos graxos trans durante a
gestação e lactação, pode além das implicações nutricionais, ter
como consequência direta a redução de ingestão de ácidos graxos
essenciais. Os AGT monoinsaturados e poliinsaturados podem inibir
as enzimas β6 e β5 dessaturase, bloqueando o metabolismo dos
ácidos graxos essenciais, alterando o desenvolvimento intra-uterino
pela inibição da síntese dos ácidos araquidônico e
docosahexaenóico, favorecendo o desenvolvimento de síndromes
relacionadas a deficiência destes ácidos graxos e podendo afetar
também o processo de desenvolvimento da criança.
Esse consumo pode modificar tanto o perfil lipídico
plasmático quanto alterar a expressão de adipocinas envolvidas
com a resistência insulínica. O teor do AGT do leite materno
apresenta alta correlação com a quantidade ingerida, seja referente
ao consumo atual ou de longo prazo. Outro efeito verificado entre os
ácidos graxos trans e a gestação refere-se ao aumento de risco de
pré-eclampsia. O risco de pré-eclampsia eleva-se de forma linear
136
Ácidos graxos trans: alerta na sua ingestão e de olho nas possíveis consequências
com o aumento dos níveis de trans. A hipótese metabólica para
explicar esse processo ainda está sob investigação em estudo de
caráter longitudinal.
O equilíbrio entre o consumo de ácido graxo linoléico e trans
na gestação é indispensável, além da garantia de suprimento
adequado de todos os ácidos graxos essenciais na dieta. O
consumo de trans seria de 10% no máximo, em relação a energia
total da dieta diária materna.
5- CONCLUSÕES
Foi perceptível que o consumo de ácidos graxos trans pela
população cresceu paralelamente ao aumento do seu uso pelas
indústrias de alimentos. Ë de suma importância a rotulagem dos
alimentos, onde, dá ênfase às maneiras como estão disponibilizadas
as informações nutricionais e a lista de ingredientes Em relação à
trabalhos educativos, seria necessário a realização de
conscientização da população sobre os agravos trazidos pela
ingestão de alimentos que contenham ácidos graxos, utilizando
como mediador, tanto o corpo a corpo, como também o rádio e a
TV.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIARA, Vera Lúcia. Ácidos graxos trans: doenças cardiovasculares e
saúde
materno-infantil.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciartext&pid=5141552732002000300010&ing=pt&nrm=iso7tlng=pt> Acesso em: 07 de
nov.2012.
SCHER, C.; PINTO, J.. O que o cardiologista precisa saber sobre gorduras
Trans.Disponível
em
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/20831/000718358.pdf?s
equence=1>Acesso em 09 de nov. 2012
MARQUES, A.; CASTRO, V.; TESSA, B.; SEVERO, R. C. Formação de
toxinas durante o processamento de alimentos e as possíveis
consequências
para
o
organismo
humano.
Disponível
em<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141552732009000200010> Acesso em 10 de nov.2012
HENRIQUE, T., PORTE, A.. A influência dos ácidos graxos trans nas
doenças cardiovasculares. Disponível em
<http://www.unisuam.edu.br/augustus/pdf/ed24/rev_augustus_TC_ed_24_0
2.pdf> Acesso em 12 de nov.2012
137
Ácidos graxos trans: alerta na sua ingestão e de olho nas possíveis consequências
HISSANAGA, V. M., PROENÇA, R. P. da C., BLOCK,J. M.. Ácidos graxos
trans em produtos alimentícios brasileiros: uma revisão sobre aspectos
relacionados à saúde e à rotulagem nutricional. Disponível
em<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141552732012000400009&script=sci_arttext> Acesso em 12 de nov. de 2012.
138
Estabilizantes alimentares: efeitos desejáveis nos alimentos
ESTABILIZANTES ALIMENTARES: Efeitos desejáveis nos
alimentos
Larissa Isley de Araújo SOUTO
Joseli Fernandes SILVA
Rowse Alencar Ramalho de FIGUEIRÊDO
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
Por volta da metade do século XX ocorreu um aumento do
consumo de alimentos industriais, consequentemente a
modernização indústria para conseguir atender maiores demandas
da população. Um dos maiores problemas enfrentados pela
indústria de alimentos era o de manter a integridade dos seus
produtos por períodos mais longos, e assegurar que estas
permanecessem frescos e atrativos para o consumo. Nesse cenário,
substâncias capazes de assegurar as características físicas desses
alimentos são adotadas de maneira mais intensa.
Os estabilizantes mantêm as propriedades físicas dos
alimentos, mantendo a homogeneidade dos produtos e impedindo a
separação dos diferentes ingredientes que compõem sua fórmula.
Seu uso abrange desde lacticínios, doces, sobremesas,
sopas, panificação, massas, caldos concentrados, alimentos a itens
processados, biscoitos, sorvetes, achocolatados e sucos, garantindo
não somente suas propriedades físicas como também sua
homogeneidade, facilitando sua dissolução, aumentando a
viscosidade, evitando a cristalização, podendo ainda promover a
formação e estabilização de espuma, em vários produtos, também é
um efeito deste aditivo.
Os estabilizantes são geralmente carboidratos grandes,que
possibilita a junção de substâncias menores nos alimentos,
formando um produto mais estável. Este é o maior grupo de
aditivos, muitos dos quais são substâncias naturais. Eles alteram ou
controlam a consistência de um produto durante o resfriamento ou
aquecimento, ou no armazenamento.
Segundo a legislação brasileira, portaria Nº 540 de 27 de
outubro de 1997, do Ministério da Saúde, estabilizante é a
substância que torna possível a manutenção de uma dispersão
uniforme de duas ou mais substâncias imiscíveis em um alimento.
Os estabilizantes devem ser usados preferivelmente como meio
139
Estabilizantes alimentares: efeitos desejáveis nos alimentos
suplementar no processo industrial do alimento e deve não
ocasionar risco á saúde do indivíduo que se nutrir desse alimento.
2. OBJETIVOS
Conceituar estabilizantes, averiguar sua importância na
indústria de alimentos, qual a origem desses produtos e quais são
mais utilizados atualmente.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza
bibliográfica, onde por meio de artigos científicos tentaremos
explicar e exemplificar os estabilizantes e sua importância na
conservação de alimentos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ação de conservar alimentos é um ato comum aos
humanos desde épocas remotas. Com o advento de novas
tecnologias ocorreu uma aumento na capacidade de
armazenamento de alimentos por longos períodos sem
comprometimento de sua integridade física. Mesmo tendo sofrido
modificações, os princípios básicos da tecnologia aplicada na
conservação dos alimentos continuam sendo aplicados nas
modernas fábricas de processamento e conservação dede itens
alimentícios, como a secagem, a defumação, a salga, a
fermentação, o congelamento, etc.
O aumento na demanda de alimento cresce junto do
aumento da população mundial, em consequência, o aumento da
produção agropecuária. Como os produtos agropecuários são
perecíveis e sazonais, se torna necessário o uso de métodos de
processamentos específicos para conservação desses produtos,
para que esses possam ser transportados e consumidos durante um
maior espaço de tempo.
Os estabilizantes são misturas ou substâncias que facilitam a
dissolução, aumentam a viscosidade dos ingredientes, ajudam a
evitar a formação de cristais que afetariam a textura e promovem
uma integração homogênea de ingredientes como óleo e água, por
exemplo, que normalmente se separariam e ainda evita que os
ingredientes se separem com o tempo.
As funções dos estabilizadores variam dependendo da substancia
usada (TABELA 1) e o tipo de alimento a qual vai ser adicionada. Na
140
Estabilizantes alimentares: efeitos desejáveis nos alimentos
indústria os principais estabilizadores são: as gomas carboidratos
complexos de origem vegetal com propriedades espessantes e gelificantes;
Alginatos, polissácarídios provenientes da parede celular de algas
Phaeophytas com propriedades gelificantes; fumarato de sódio e glutamato
de sódio substâncias que ressaltam ou realçam o sabor e aroma dos
alimentos; Polisorbato 80, 65, 60, 40 e 20 (Associados a Mono e
diglicerídeos) que age como estabilizantes, emulsificante, aumentando a
umidade de produtos secos, aumentar a maleabilidade em gomas de
mascar, manter o frescor e o sabor agradável de certos alimentos,
modificante no processo de cristalização de gorduras. A carragena é um
hidrocolóide extraído de algas marinhas das espécies Gigartina, Hypnea,
Eucheuma, Clondrus e Iridaea, sua aplicação abrange a ação de
espessante, gelificante, agente de suspensão e estabilizador.
Na água e no leite a carragena age de maneiras diferentes,
enquanto na água possui propriedades espessantes e gelificantes, no leite,
possui a propriedade de reagir com as proteínas e prover funções
estabilizantes. A carragena pode assumir diferentes texturas: em
temperatura ambiente forma gel firme ou elástico; transparente ou turvo;
forte ou débil; termo-reversível ou estável ao calor; alta ou baixa
temperatura de fusão/gelificação.
A indústria dos sorvestes é muito beneficiada pelo uso de
estabilizadores. Desde a fabricação até o consumo, os sorvetes sofrem
grandes alterações de temperatura e sua integridade fica comprometida. O
estabilizante evita a formação de cristais, mantém a textura cremosa do
sorvete e ainda proporciona resistência a seu derretimento.
Algumas substâncias estabilizadoras usadas na indústria e suas
funções:
 Carragenina (extraída do musgo-da-Irlanda, um tipo de alga marinha)
usada em pudins, milk shakes e sorvetes. A carragenina, geralmente, é
utilizada associada a um agente gelificante;
 Alginatos – (fonte: alga-marinha) utilizados em massas de pastéis,
geléias, sorvetes, queijos, doces de frutas, iogurtes, enlatados congelados,
cremes chantilly e cerveja; Caseína – (fonte: leite) utilizada em confeitos;
 Goma Guar (retirada do endosperma do feijão de tipo Guar) utilizada
em queijos, sorvetes, sopas, geléias, conservas e sobremesas);
 Goma Jataí (obtida do feijão de alfarroba) utilizada em bolos, biscoitos,
molhos para saladas, na melhoria das características de congelamento e
de fusão de sorvetes, na melhoria da palatabilidade dos géis de carragena
(diminui a dureza);
 Goma Xantana (é um heteropolissacarídeo produzido pela
Xanthomonas campestris) utilizada molhos diversos, sopas, maioneses,
geléias, embutidos, iogurtes e cremes. A goma xantana apresenta
excelente estabilidade em valores do pH extremos, na faixa de 2 a 11,
além de poder ser dissolvida a quente ou a frio.
141
Estabilizantes alimentares: efeitos desejáveis nos alimentos
 Carboximetil Celulose Sódica (CMC) (produzida a partir de celulose e
monocloroacetato de sódio) além de ser aquasolúvel, suas soluções
apresentam viscosidade em elevadas faixas de valor de pH. Funcionam em
grande escala, como estabilizantes em sorvetes proporcionando boa
textura e corpo com boas propriedades de fusão.
Os aditivos autorizados como BPF encontram-se no “Regulamento
técnico sobre aditivos utilizados segundo as boas práticas de fabricação e
suas funções” contido na Resolução nº 386 - ANVS/ MS, de 5 de agosto de
1999, alguns serão demonstrados na Figura 1.
Figura 1:
Estabilizantes alimentares: efeitos desejáveis nos alimentos
5. CONCLUSÕES
Os estabilizantes têm muitas funções nos alimentos.e
principalmente na indústria,de uso, preferencialmente industrial.
142
Suas propriedades garantem a integridade de muitos produtos de
nosso consumo diário, facilitam a dissolução, aumentam a
viscosidade dos ingredientes, ajudam a evitar a formação de cristais
que afetariam a textura (melhorando a mesma) e mantêm a
aparência homogênea do produto. A grande maioria é formada por
polissacarídeos ou ainda por proteínas. A formação e estabilização
de espuma, em vários produtos, também é um efeito deste aditivo.
Os aditivos autorizados como BPF encontram-se no “Regulamento
técnico sobre aditivos utilizados segundo as boas práticas de
fabricação e suas funções”.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EVANGELISTA, J. Tecnologia de Alimento. São Paulo:Editora
Atheneu, 2001. 652p. 4155p.
Estabilizantes, Food Ingredients Brasil Nº 14 – 2010.
FREITAS, A.L, FIGUEIREDO,P.Conservação de alimentos. Livro
de apoio a disciplina Concervação de alimentos.Lisboa, 2000.
GAVA, A.J. Princípios de Tecnologia de Alimentos. São
Paulo:Nobel, 2002. 284p
POLÔNIO, M.L.T, PIRES,F. Consumo de aditivos alimentares e
efeitos à saúde: desafi os para a saúde pública brasileira.
Caderno de. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(8):1653-1666, ago,
2009.
143
Bebidas energéticas: benefício ou malefício?
BEBIDAS ENERGÉTICAS: benefício ou malefício?
Pâmela FERREIRA
Irisnay CORREIRA
Giselle Medeiros da Costa ONE
1.INTRODUÇÃO
As bebidas energéticas são bebidas não alcoólicas,
gaseificadas, normalmente composto basicamente por cafeína e
carboidratos (açúcares), além de aminoácidos, vitaminas, minerais,
extratos de plantas, e a eles são acrescidos aditivos acidulantes,
agentes conservantes, aromatizantes e corantes. Quando
consumida, independentemente da sua propriedade ou misturados
com outras drogas legais ou ilegais, acabam por ter efeito muito
insalubre. Eles podem causar insónia, nervosismo e ansiedade. Mas
também, quando combinado com álcool, mascarando a sensação
de embriaguez. Vale ressaltar que as bebidas energéticas são
diferentes das esportivas. A maioria dos energéticos simplesmente
provê muito açúcar e/ou cafeína. Já as bebidas esportivas têm o
objetivo de reabastecer eletrólitos, açúcar, água e outros nutrientes,
sendo geralmente isotônicos (contém as mesmas proporções
achadas no corpo humano).
Eles são projetados para fornecer um benefício específico,
para se enquadrarem na categoria de alimentos funcionais.
Inicialmente, eles foram criados para "aumentar a resistência física,
proporcionar respostas mais rápidas e maior concentração,
aumentar a agilidade mental (evitar dormir), proporcionam uma
sensação de bem-estar, estimular o metabolismo e ajudar a eliminar
substâncias prejudiciais para o organismo”. Como resultado de
estimulação que produz, cria um estado de permitindo euforia
hiperativo mantida durante várias horas.
Devido o aumento do consumo desse tipo de bebida, e a
falta de informação ou as informações erradas que os consumidores
tem, esse trabalho tem o objetivo de informar sobre o real poder das
bebidas energéticas. Essa bebida tem se tornado cada vez mais
presente na vida dos jovens, seja na balada, na hora de estudar ou
ate mesmo no treino, por esse motivo é importe que informa-los
sobre as consequências do uso e abuso dessas bebidas.
144
Bebidas energéticas: benefício ou malefício?
2. OBJETIVOS
Objetivou-se realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as
bebidas energéticas
3. MATERIAL e MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica e foi realizada através de
artigos científicos e livros.
4.RESULTADOS E DISCUSSÃO
As bebidas energéticas apresentam em sua composição
cafeína, taurina, e vitaminas, hidrato de carbono e outras
substâncias e seu consumo objetiva-se uma melhoria psicológica
ou física (SafeFood, 2002).
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) define
uma bebida energética como um composto líquido pronto para o
consumo que contém inositol, glucoronolactona, taurina ou cafeína,
sozinho ou combinado, e com ou sem vitaminas e / ou minerais até
100% da ingestão diária recomendada (DRI) (AGÊNCIA, 2005).
A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
publicou, no Diário Oficial da União de 5 de novembro de 1998, a
Portaria no 868, regulamentando a produção e a venda de bebidas
energéticas, identificando-as como compostos líquidos prontos para
o consumo. Analisando a composição dessas bebidas, observa-se
que a grande maioria consiste numa mistura de carboidratos (cerca
de 11g/dl), taurina (cerca de 400mg/dl), cafeína (cerca de 32mg/dl),
glucoronolactona (cerca de 240mg/dl), inositol (cerca de 20mg/dl) e
vitaminas do complexo B (40% a 100% das necessidades diárias)
(CARVALHO et al, 2006).
A quantidade máxima de cafeína permitido para bebidas
energéticas é de 35mg.100 mL-1 (AGÊNCIA, 2005) e não existe
regulamentação quanto ao mínimo valor aceite, prevalecendo o que
esta no rótulo, e de acordo com a regulamentação da ANVISA
(confirmado no protocolo 2010391275, datado de 06 de dezembro
de 2010):
"A quantidade de cafeína presente em alimentos para o
consumo deve corresponder ao informado no rótulo do
produto. Não há nenhum regulamento que define uma
margem de erro para o valor de cafeína informado pela
empresa na etiqueta do produto em relação ao seu
conteúdo real." (AGÊNCIA, 2005).
145
Bebidas energéticas: benefício ou malefício?
Os seus ingredientes principais são os seguintes:
 Carboidratos - A maioria destas bebidas contêm cerca de 20 a 30
gramas de hidratos de carbono, mas alguns deles podem exceder
60 gramas na forma de monossacarídeos e dissacarídeos, tais
como frutose, a sacarose, dextrose, glicose e maltodextrina.
 Glucoronolactona - É um hidrato de carbono derivado de glucose,
é um intermediário no metabolismo no homem. De acordo com os
fabricantes, na atividade física age como um desintoxicante,
diminuindo a fadiga e melhorando a performance.
 Taurina - Este é o aminoácido mais comum encontrado nessas
bebidas. Ele funciona como um transmissor metabólico,
desintoxicante e acelera a contratilidade cardíaca. Outra das suas
funções antioxidantes é como auxiliares de regeneração das
membranas celulares, de modo como a diminuição da secreção do
ácido láctico nos músculos, o que reduz o cansado, às vezes o
desgaste físico.
 Piruvato - Quando fornecidos em grandes quantidades causam
perturbações gastrointestinais, mas tem melhorado o desempenho
do exercício em estudo (STANKO et al, 1990), mas nas doses
presentes nos benefícios BE não verificadas no desempenho.
 Cafeína - Cafeína provoca um estímulo para o cérebro, reduzindo
a ação da adenosina, um transmissor nervoso que produz calma
Em seguida, gera uma sensação de vitalidade e força par algumas
horas. Este estado de alerta aumenta a concentração e a
resistência à maiores esforços físicos e mentais..
A cafeína é a substância mais utilizado em todo o mundo
psicoativas sendo que sua ingestão de altas doses (10 a 15 mg.kg -1
de peso corporal) pode causar sintomas indesejáveis, tais como
tremores, taquicardia, insônia, irritabilidade, ansiedade, náuseas e
desconforto gastrointestinal (Stephenson, 1977 apud CARVALHO et
al , 2006).
Carvalho et al (2006) afirmam que devido ao crescimento do
mercado de bebidas energéticas, é extremamente importante para
desenvolver métodos rápidos, confiáveis e de baixo custo para o
controle de qualidade do produto final e determinar o cumprimento
de níveis de cafeína com os máximos admissíveis regulamentos
limite brasileiros. Além disso, uma vez que a adição de cafeína é
desejável neste tipo de produto, é importante verificar se o teor de
cafeína é adicionado de acordo com o conteúdo declarado na
146
Bebidas energéticas: benefício ou malefício?
informação etiquetas produto nutricional para obter as propriedades
estimulantes.
Produtos nesta categoria incluem a Red Bull, Redline, Monster,
Full Throttle, assim como muitos outros (Quadro 1).
Quadro 1. Comparação das bebidas energéticas mais populares. * As
quantidades desconhecidas de cafeína, parte de uma fórmula. Fl oz oz =
fluido é equivalente a 28.413 ml.
Fonte: Bebidas Energizantes: Un Artículo de Revisión
Problemas que as bebidas energéticas podem causar:
 Consumo abusivo: Atualmente percebe-se, que o consumo
abusivo de bebidas energéticas podem causar quadros de
ansiedade, fadiga, nervosismo, insônia, taquicardia, tremores,
inquietação motora, aumentar pressão arterial e criar vício. Cada
latinha de energético equivale a cerca de três xícaras de café,
bebida que também é rica em cafeína. Por isso, o ideal é que a
pessoa consuma, no máximo, uma lata e meia por dia, porque
cafeína em excesso pode intoxicar o organismo, levando a náuseas,
taquicardia, tremores, insônia, irritabilidade e zumbidos.
 Misturado com álcool: Ao ingerir a bebida, você perde a
noção exata de autocontrole, podendo ficar mais bêbado do que
imagina estar. Isso porque essa mistura bloqueia a defesa do
organismo que lhe diz que você não deve tomar mais álcool.
 Utilizado durante o exercício: Considerando seu alto teor de
carboidratos não é recomendada ingerir antes ou durante o
147
Bebidas energéticas: benefício ou malefício?
exercício, porque retardar o esvaziamento
intestinal. Além disso a cafeína causa
desidratação devido ao seu efeito diurético.
importância significativa na realização de
duração num ambiente quente.
gástrico e absorção
um certo grau de
Isto poderá ter uma
exercícios de longa
5. CONCLUSÕES
A partir da pesquisa realizada, ficou evidente que este tipo
de bebida é mais utilizada pelos jovens no desempenho Atlético,
para estudar ou para se divertir nas festas. Infelizmente, muitos
jovens têm encontrado uma maneira de "estender" a noite de festa
misturando álcool nessas bebidas. É igualmente preocupante que
alguns estudantes buscam refúgio nessas bebidas quando enfrenta
períodos de exames intensos. É necessário informar os nossos
jovens sobre as consequências do uso e abuso dessas bebidas.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Resolução
RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Aprova o Regulamento Técnico
sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados que obriga a
declaração do valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais,
gorduras saturadas, gorduras trans e sódio no rótulo do produto. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 dez. 2003.
BALLUS, C.A et al. A fast and efficient method for the study of caffeine
levels in energy drinks using micellar electrokinetic chromatography
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CARVALHO, J. M. et al. Perfil dos principais componentes em bebidas
energéticas: cafeína, taurina, guaraná e glucoronolactona. Revista do
Instituto Adolfo Lutz, v. 65, n. 2, p. 78-85, 2006.
CASTELLANOS, R.A, ROSSANA, M.R, FRAZER, G.G. Efeitos fisiológicos
de bebidas energéticas . - REV. FAC. CIENC. MED 2006 - 65.182.2.242
MELGAREJO, M. El verdadero poder de las bebidas energéticas. Food
Revista Foco. 2004. Disponível em:<http: oxygensportclub.com>. Acesso
em 10/11/2012.
REISSIG, C. J.; STRAIN, E. C.; GRIFFITHS, R. R. Caffeinated energy
drinks - A growing problem. Drug and Alcohol Dependence, v. 99, p. 1-10,
2009. Disponível em: .http://dx.doi.org/10.1016/j.drugalcdep.2008.08.001.
Acesso em 12/11/2012
148
Azeite e seus benefícios
AZEITE E SEUS BENEFÍCIOS
Mariana Augusta Moura de LIMA
Robson Queiroz da SILVA
Alana Ferreira SÁTIRO
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
Dentre os óleos vegetais comestíveis comercializados
mundialmente o azeite de oliva (Olea europaea salitava L.),
produzido mediante processos de extração, depuração, a partir da
prensagem de azeitonas é um dos mais importantes e antigos do
mundo. É considerado o principal ingrediente representante, e ainda
empresta aos alimentos seu aroma e sabor inconfundível.
Existem vários tipos de azeites de oliva, cada qual com sua
características, que varia de acordo com país produtor, tipo de
colheita, seleção e modo de produção. Alguns são feitos com
azeitonas ainda verde, o que lhes atribui um sabor mais ácido,
outros produzidos com olivas maduras e possuem um sabor mais
doce, macio ou frutado.
O azeite é um lipídeo líquido à temperatura ambiente,
pertencendo, portanto, à categoria dos óleos. É constituído por uma
mistura de, praticamente, três ácidos gordos, nos seguintes teores
médios: um ácido gordo saturado, com uma cadeia carbonada de 16
C - ácido palmítico (12,3%); um ácido gordo mono-insaturado, de
18º C - ácido oléico (85,4%); um ácido gordo poli-insaturado, de 18º
C - ácido linoléico (2,2%).
Assim como o azeite, são óleos extraídos a frio – e, portanto
mais saudáveis e nutritivos do que os óleos refinados em larga
escala na culinária brasileira .É , alem disso, a única gordura vegetal
que pode ser consumida diretamente, virgem e crua. O azeite de
oliva corresponde por 3% do consumo mundial de óleos vegetais e
é um alimento considerado rico em polifenóis, que reduzem a
formação de radicais livre.
2. OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica sobre os benefícios do
azeite.
149
Azeite e seus benefícios
3. MATERIAL e MÉTODOS
Este trabalho tratou-se de uma revisão bibliográfica realizada
através de artigos científicos e livros.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O azeite de oliva pode ser classificado em dois tipos de
azeites: virgem e extra-virgem e a diferença entre eles esta no teor
de acidez, o que também acidez, maior a pureza do produto.
Peixoto et al., (2009) mencionaram que os valores distintos de
ácidos são estabelecidos para os diferentes tipos de azeite de
Olivia. Classificados pelos modos de obtenção (extração mecânica
ou extração por solvente) e pelo fato de sofrerem refinação e
mistura.
Muitos são os fatores que influenciam na determinação das
características químicas e organolépticas: a variedade da planta, o
clima, o solo, o método de colheita, o transporte das azeitonas do
campo até o largar ou a técnica de prensagem. Os principais
parâmetros químicos úteis que devem ser observados para
determinar o nível qualitativo de um azeite virgem de oliva são a
acidez, que está relacionada a quantidade de acidos graxos livres
(uma grande quantidade de ácidos graxos livres indica que o
produto está em acelerado grau de deterioração); a oxidação, onde
o número de peróxido indica o grau de oxidação do óleo e a sua
tendência de se tornar rançoso, sendo sinônimo de degradação e
envelhecimento; a quantidade de Polifenois, pois determinam as
características de amargo e picante, quanto em relação à saúde
uma vez que são antioxidantes naturais.
Bioquimicamente, a diferença entre eles esta no teor de
acidez, onde o azeite virgem tem acidez menor ou igual a 2 gramas.
Já a acidez do extra-virgem é menor e é o tipo mais puro (AFRED
HALPEM; 2012). O extra-virgem e puro e não pode ser misturado a
nenhum outro tipo de óleo e deve ter acidez máxima de 0,8%. Já no
virgem ser resultado de “blend” entre dois bons azeites e deve ter
acidez máxima de 2%. A acidez indica a qualidade da azeitonas
usadas na fabricação do azeite (ADMIM, 2011).
O mais importante é saber o que diferencia a um tipo de
azeite do outro e como escolher o mais adequado para cada
ocasião de uso ou de ocasião de uso preferência particular de
paladar (AFRED HALPEM, 2012).
150
Azeite e seus benefícios
O extra virgem é recomendado para consumo cru, como por
exemplo, em saladas, por causa do sabor. O virgem, apesar de ter
os mesmos benefícios, tem o sabor menos apurado e pode ser
usado para cozinhar, além de ser mais barato. Apesar de fazer bem
para a saúde, o azeite não apresenta quantidades importantes de
ômega-3, como o óleo de canola e de soja que possuem teores
mais elevados. A gordura do azeite suporta temperatura muito alta,
mas suas propriedades benéficas são preservadas apenas até 180
graus. Pode ser usado para refogar, assar, cozinhar, mas não para
fritar alimentos (AFRED HALPEM, 2012).
Na cozinha se submetidos a muito calor por período
prolongo, como frituras e cozimentos, eles perdem os antioxidantes
e aromas diferenciados. Em uma única colher de sopa, conta-se em
media, 120 calorias (PEIXOTO, 1998).
O azeite é um alimento que apresenta vários benefícios para
a saúde. É rico em antioxidantes, ingrediente pode funcionar como
anti-rugas, hidratante e calmante; é fonte de vitaminas E, A e K,
ferro cálcio, magnésio, potássio e aminoácido beneficiando a pele
olhos, ossos, saúde células e função imunológica, além de O azeite
de oliva é altamente digestivo e é considerada a gordura melhor
tolerada pelo nosso organismo; regula a função intestinal; protege a
mucosa do estômago; produz um efeito de regeneração da pele;
estimula o crescimento e favorece a absorção de cálcio, ajudando a
evitar a osteoporose; contribui para prevenção e/ou redução dos
sintomas da artrite e do reumatismo; ajuda na prevenção de
doenças cardiovasculares; fortalece o sistema imunológico; permite
elevada absorção de vitamina, particularmente da vitamina E;
proporciona um envelhecimento saudável e protege contra o
declínio de funções cognitivas relativas à idade e a doença de
Alzheimer (LEITE, 2011).
Na primeira infância, a criança, ao passar da alimentação
exclusivamente láctea para a alimentação diversificada, necessita
de uma adequada absorção de ácidos gordos essenciais, para que
não ocorram carências que determinariam atraso no crescimento e
outras alterações. O azeite proporciona uma quantidade de ácidos
gordos semelhante à parte gorda do leite materno e, por meio do
seu principal constituinte - ácido oléico - exerce uma ação benéfica
no crescimento, na calcificação e no desenvolvimento dos ossos
(MARCH, 1994).
151
Azeite e seus benefícios
Uma pesquisa da Universidade de Bordeaux, na França
comprovou: usar regularmente o azeite no cardápio reduz em 41% o
risco de derrames, controla o colesterol, ajuda a aumentar HDL, a
baixar LDL, a manter a pressão e evitar problemas cardiovasculares
e diabetes.O ideal é usar, no máximo, duas colheres de sopa por dia
- cada uma tem 90 calorias (LEITE, 2011) .
5. CONCLUSÕES
O azeite é uma das gorduras mais saudáveis e nutritiva,
ajudando ao ser humano a manter uma alimentação saudável e
aumentar o HDL e a diminuir o LDL. Registros comprovam que o
uso diário do azeite beneficia o coração, pele, unhas e cabelo.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFRED HALPEM; A. P. Variar os tipos de óleos usados nas refeições
faz bem para a saúde. G1, São Paulo, Jun. 2012, Disponível em:
<http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/06/variar-os-tipos-deoleos-usados-nas-refeicoes-faz-bem-para-saude.html> Acesso em:
02 nov, 2012.
ADMIM, Você sabe como escolher um bom azeite?. REVISTA
AGROPECARIA,
set.
2011,
Disponível
em:
<
http://www.revistaagropecuaria.com.br/2011/09/13/voce-sabe-comoescolher-um-bom-azeite/> Acesso em: 02 nov. 2012.
LEITE, C. Conheça os benefícios do azeite. JORNAL HOJE, Belo
Horizonte, Jul. 2011, Disponível em:<http://g1.globo.com/jornalhoje/noticia/2011/07/conheca-os-beneficios-do-azeite.html> Acesso
em: 03 nov. 2012.
MARCH, L. O Azeite na Cozinha Mediterrânica. Lisboa: Centro de
Informação do Azeite.
PEIXOTO, E. R. M., SANTANA, D. M.N. e ABRANTES, S. Avaliação
dos índices de identidade e qualidade do azeite de oliva - proposta
sta para atualização da legislação brasileira. Ciênc. Tecnol.
Aliment., Out 1998, vol.18, no.4, p.444-452. Disponível:
<http://br.ask.com/web?l=dis&o=15381cr&qsrc=2869&q=://w.scielo.
br/scielo.php?pid=S0101-20611998000400017&script=sci_arttext >
Acesso em: 27 out. 2012.
152
Glutamato monossódico
GLUTAMATO MONOSSÓDICO
Paloma A. Cupini NERY
Márcia R. ASSIS
Millena NEVES
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
O Glutamato Monossódico (MSG) é o sal sódico do ácido
glutâmico, que é um aminoácido presente em todas as proteínas
animais e vegetais. É composto por a proximamente 78% de ácido
glutâmico livre, 21% de sódio, e até 1% composto de
contaminantes. Foi em 1907 que o Professor Ikeda iniciou seus
experimentos para identificar qual era a origem deste sabor distinto.
Ele sabia que estava presente no "caldo" feito a partir de kombu (um
tipo de alga marinha) encontrado na tradicional culinária japonesa. A
partir de uma grande quantidade de caldo de kombu, ele conseguiu
extrair cristais de ácido glutâmico (ou glutamato), que por sua vez, é
um é um aminoácido e uma das unidades constituintes das
proteínas. O Professor Ikeda verificou que o glutamato tem um
sabor distinto, diferente do doce, azedo, amargo e salgado, e
denominou este sabor de "umami". É um condimento muito utilizado
na indústria alimentícia principalmente para realçar o sabor. Que já
foi e ainda é motivo de discussões e estudos por suspeitas sobre
possíveis malefícios a saúde. Em média uma pessoa consome
diariamente entre 10 a 20 gramas de glutamato. A quantidade média
aceitável de glutamato ingerido representa apenas 0,5 a 1,5 gramas
por dia.
2. OBJETIVOS
Objetivou-se obter mais conhecimentos sobre o glutamato
monossódico,
3. MATERIAL e MÉTODOS
A pesquisa do tipo bibliográfica obteve informações mediante
revisão de artigos apresentados na base de dados SCIELO e livros.
153
Glutamato monossódico
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Glutamato Monossódico (GMS) recebe a nomeclatura de
acordo com a IUPAC sodiun-2-amino-5-hydroxy-5-oxo-pentanoate,
apresenta fórmula molecular C5H8NNaO4 (Figura 1) massa molar
169.111 e é muito solúvel em água (WELLS, 1984). Este realçador
de sabor também é reconhecido como INS-621, código que
corresponde à identificação no Sistema Numérico Internacional de
Aditivos Alimentares elaborado pelo Comitê do Codex Numérico
Internacional de Aditivos Alimentares elaborado pelo Comitê do
Codex Alimentarius (BRASIL, 2010)
É produzido através de fermentação, um processo usado
para a produção de cerveja, vinagre, molho de soja e iogurte. O
processo inicia com produtos naturais como o melaço da cana de
açúcar ou do açúcar de beterraba, e amido obtido da tapioca ou de
cereais.
Figura 1. Fórmula estrutural Glutamato monossódico
Fonte: triskle-terapianatural.blogspot.com
Postula-se que o aditivo realça o sabor dos alimentos
característico conhecido por “umami” seria um quinto gosto básico
(KAWAMURA et al., 1991). O gosto umami permite que o GMS seja
utilizado como substituinte do cloreto de sódio, reduzindo seu uso
entre 30 e 40% nos alimentos (YAMAGUCHI et AL., 2000). É
vendido sob a forma comercial usado em sopas enlatadas,
biscoitos, carnes, saladas e refeições congeladas. de Aji-no-moto,
caldo Maggi, caldo Knorr e molho Shoyu, Em média uma pessoa
consome diariamente entre 10 a 20 gramas de glutamato. A
quantidade média de glutamato ingerido a partir do GMS representa
apenas 0,5 a 1,5 gramas por dia.
Pelo fato do Molho Shoyu conter em sua composição GMS e
ser bastante utilizado na culinária oriental, alguns autores
consideram os sintomas por ele provocado como a "síndrome do
restaurante chinês", cujos sintomas são: uma sensação de aperto e
154
Glutamato monossódico
queimação no peito, dores na cabeça, enxaqueca, pescoço e ao
redor dos olhos; sudorese, ondas de calor, e alterações do humor
(BAAD-HANSEN ET AL. 2009). Nos indivíduos sensíveis, os
sintomas começam 20 minutos após a ingestão do glutamato
monossódico. (HE et al., 2008, ERB, 2006) SE evitados esses
produtos, os sintomas serão reduzidos, e da prioridade para o shoyu
com fermentação natural e SEM glutamato monossódico.
Mas há uma controvérsia quanto aos problemas causados
pelo GMS. Enquanto alguns pesquisadores relatam seus efeitos
maléficos, pesquisas na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia
mostram claramente que o GMS usado no preparo de alimentos ou
como um condimento é inócuo para o ser humano de qualquer
idade. Para Parello (2008) associar a “Síndrome do Restaurante
Chinês” ao consumo de alimentos contendo MSG é considerado
incorreto e ultrapassado. PRAWIROHARDJONO et al., (2000)
realizaram uma pesquisa para verificar uma possível relação entre o
consumo de GMS e a síndrome do restaurante chinês foi
desenvolvido na Indonésia, com a participação de 52 voluntários
saudáveis. Por um período de 3 dias, previamente ao almoço, estes
voluntários ingeriram cápsulas contendo de 1,5 a 3,0g de GMS ou
ainda um placebo contendo apenas lactose. Posteriormente, os
participantes deveriam relatar a ocorrência de sintomas, como dor
de cabeça e náuseas. Os resultados não apresentaram diferenças
significativas demonstrando que o consumo de GMS não promoveu
os indesejáveis sintomas relatados na síndrome do restaurante
chinês.
A possível associação entre o consumo deste aditivo com o
desenvolvimento ou agravamento da asma, foi descartada conforme
estudo realizado em ratos induzidos à asma. A administração por
via oral de GMS, não exerceu nenhum efeito sobre a situação
induzida, seja no desenvolvimento ou na ocorrência de uma
resposta aguda (YONEDA et al., 2011).
Nos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration),
órgão responsável pela regulamentação de alimentos naquele país,
classifica o MSG como um ingrediente de alimentos seguro, de
forma semelhante ao sal, o açúcar, o fermento e o vinagre. Ou seja,
considera o MSG como uma substância de uso seguro em
alimentos (REAL NEWS, 2010).
O Codex Alimentarius, organização internacional que tem por
objetivo proteger a saúde dos consumidores e assegurar a
155
Glutamato monossódico
aplicação de práticas eqüitativas no comércio de alimentos, e o
JECFA (Comitê Conjunto FAO/OMS de Peritos em Aditivos
Alimentares e Contaminantes), reconhecem que o MSG, como
aditivo alimentar, é de uso seguro em alimentos (op cit.).
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão
do Ministério da Saúde responsável pela regulamentação,
fiscalização e controle de aditivos e alimentos no país, através da
Resolução ANVS / MS n° 386, de 5 de Agosto de 1999, publicada
na Seção I do Diário Oficial da União do dia 9 de Agosto de 1999,
classifica o realçador de sabor glutamato monossódico como um
produto BPF (quantum satis), ou seja, com limite máximo de uso
baseado na quantidade suficiente para se obter o efeito desejado no
alimento, o que é estabelecido unicamente para aditivos alimentares
considerados de uso seguro (BRASIL, 2010).
5. CONCLUSÕES
O emprego de processos fermentativos otimizou sua
produção e assegurou o suprimento da crescente demanda
promovida pela indústria alimentícia e seu uso é regulamentado
pelas principais agências reguladoras. Não existem comprovações
suficientes de que o glutamato de monossodico seja prejudicial a
saúde e nem tem tais efeitos nocivos levantado por alguns
pesquisadores, é um aditivo amplamente utilizado como realçador
de sabor em alimentos
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAAD-HANSEN, L.; CAIRNS, BE; ERNBERG, M; SVENSSON, P. Effect of
systemic monosodium glutamate (MSG) on headache and pericranial
muscle sensitivity. Cephalalgia. 28 APR 2009. Disponível em :
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1468-2982.2009.01881.x/pdf.
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Glutamato monossódico
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157
Corantes alimentícios: naturais x artificiais
CORANTES ALIMENTÍCIOS: Naturais x artificiais
Joseli Fernandes SILVA
Larissa Isley de Araujo SOUTO
Bruno Silva de ANDRADE
Rowse Alencar Ramalho de FIGUEIRÊDO
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
A visão é o meio sensorial que possibilita a detecção e
interpretação da luz e imagem. As cores presentes nos alimentos
podem servir de interpretação para suas propriedades nutricionais.
Na alimentação humana a percepção das cores nos alimentos está
intimamente ligada à interpretação do seu sabor. Desta forma, a
aparência do alimento age de forma estimulante ou inibidora do
apetite. A indústria de alimentos sempre se preocupou com a
qualidade sensorial de seus produtos, usando métodos que tornem
seus alimentos cada vez mais atrativos para o consumo.
O primeiro corante sintetizado foi o de malveína em 1856,
William Henry Perkin. A partir do século XX com o desenvolvimento
da indústria alimentar, os aditivos artificiais passaram a ser
produzidos em longa escala, e com isso, implicações para o uso
destes.
Corantes são tipos de aditivos alimentares que possuem
capacidade de conferir, intensificar ou restaurar a cor de um
alimento. A legislação Brasileira permite o uso de três tipos de
corantes: Os Naturais, extraídos de uma substância vegetal ou
animal; corantes caramelo, obtidos a partir do açúcar exposto a
temperaturas superiores ao seu ponto de fusão; e por fim os
corantes artificiais, sintetizados por processos químicos.
Várias polêmicas são atribuídas ao uso industrial de corantes
sintéticos nos alimentos, já que a justificativa para seu emprego é
somente a melhoria da aparência para maior aceitabilidade do
alimento.
Estudos vêm sendo realizados para verificar os efeitos que
os aditivos sintéticos podem causar ao homem se ingeridos na
alimentação. O número de corantes permitidos em cada país varia
substancialmente. Em virtude do aumento no número de compostos
com poder corante e de seu uso estendido aos alimentos e bebidas,
158
Corantes alimentícios: naturais x artificiais
tornou-se necessário o controle de suas aplicações e surgiu uma
maior preocupação com possíveis efeitos à saúde humana.
Os corantes sintéticos são mais vantajosos do que os
naturais do ponto de vista de produção e armazenamentos de
alimentos em longa escala, pois corantes naturais são mais
sensíveis a incidência de luz, temperatura e ação de bactérias.
Porém, suspeitas de efeito cancerígeno nos corantes se torna algo
preocupante.
2. OBJETIVO
Objetivou-se relacionar as diferenças entre corantes naturais
e sintéticos destacando seu emprego na indústria e suas
implicações na produção de alimentos, assim como seus possíveis
riscos a saúde humana.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Trabalho de origem bibliográfica, com uso de artigos,
complementado por pesquisas de conteúdo em revistas de nutrição.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os corantes são compostos químicos naturais ou artificiais
que tem capacidade de modificar a cor ao ser adicionado em uma
mistura. A vontade de ingerir algum alimento pode ser de alguma
forma influenciado ou inibida pela cor que o alimento apresenta, ou
seja , existe uma relação numa relação quase direta entre coloração
e a vontade de consumo.
Desde que Sir William Henry Perkin sintetizou o primeiro
corante, outros países nvestiram em estudos que resultaram na
fabricação de centenas de corantes. No inicio do século XX já
existiam por volta de oitenta corantes sintéticos disponíveis para
alimentos, entretanto não existiam quaisquer regulamentações de
seus usos ou graus de pureza.
Pela legislação atual, através das Resoluções n° 382 a 388,
de 9 de agosto de 1999, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), são permitidos no Brasil para alimentos e bebidas o uso
de apenas onze corantes artificiais sendo eles: Azul de Indigotina,
Azul Brilhante, Azorrubina, Amaranto, Verde Rápido e Azul Patente
V, Vermelho de Eritrosina, Vermelho 40, Ponceau 4R, Amarelo
Crepúsculo, Amarelo Tartrazina. Ainda, nos rótulos dos produtos
159
Corantes alimentícios: naturais x artificiais
deve ser indicado que o produto é colorido artificialmente.
Figura 1 os principais corantes utilizados na indústria mundial.
Na
Figura 1: Principais corantes naturais e artificiais
Fonte: WWW.foodsingredientsBrasil.com
A resolução n° 44/77 da Comissão Nacional de Normas e
Padrões para Alimentos (CNNPA), em 2002 diz que os corantes
permitidos para uso em alimentos e bebidas devem ser classificados
da seguinte forma: orgânico natural, de origem animal ou vegetal;
orgânico artificial, adquirido por síntese orgânica; sintético idêntico
natural: É o corante cuja estrutura química é semelhante a do
principio isolado do corante orgânico natural; corante inorgânico ou
pigmento, obtido a partir de substancias minerais e submetido a
processos de elaboração e purificação adequados ao seu emprego
em alimentos.
Atualmente ocorre uma preferência do consumidor por
produtos mais saudáveis e naturais, o uso de corantes naturais
160
Corantes alimentícios: naturais x artificiais
apesar de mais saudável é mais financeiramente custosa. Corantes
naturais são mais sensíveis a se degradar por ação de temperatura,
luz, bactérias dentre outros. Os corantes artificiais acabam se
tornando uma alternativa mais eficiente e barata na produção dos
alimentos, pois é uma classe de aditivos sem valor nutritivo,
introduzidos nos alimentos e bebidas com o único objetivo de
conferir cor, tornando-os mais atrativos. Na Figura 2 podemos
perceber a distribuição dos corantes no processo industrial mundial.
Figura 2: Porcentagem do uso de corantes pela indústria de alimentos
Fonte: Alimentos nutrição: Corantes artificiais em alimentos
Quando se refere à saúde, os corantes artificiais em geral
não são recomendados, justificando seu uso, quase que
exclusivamente, do ponto de vista comercial e tecnológico.
Raramente a utilização de corante artificial é substituída pelo
natural por haver dificuldade em preparar fórmulas que o torne mais
estável e sem sabor, quando o objetivo é apenas "colorir" o alimento
e não alterar sua condição durável.
Os estudos sobre os efeitos nocivos causados pelos
corantes artificiais à saúde são insuficientes e bastante
contraditórios. Os corantes podem causar desde simples urticárias,
passando por asmas e reações imunológicas, chegando até ao
câncer em animais de laboratórios. Pesquisas demonstraram que os
corantes azóicos, derivados do trifenilmetano e as ftaleínas,
induziram câncer em animais de laboratório. Porém dados
relevantes acerca do potencial cancerígenos desses aditivos ainda
são insuficientes.
161
Corantes alimentícios: naturais x artificiais
Resta aos consumidores não exagerarem no consumo de produtos
artificiais e ter uma dieta mais equilibrada e saudável para evitar
futuros danos à saúde.
5. CONCLUSÕES
Constatou-se uma supremacia do uso de corantes sintéticos
na indústria de alimentos. Corantes naturais por sua natureza
efêmera são descartados para produção de alimentos em longa
escala. Estudos sobre possíveis riscos á saúde humana decorrentes
do consumo de alimentos coloridos artificialmente ganham grande
destaque, porém resultados sobre o efeito nocivo do consumo
desses corantes ainda é insuficiente.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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162
Probióticos: A importância na ingestão diária e seus benefícios na atividade física
PROBIÓTICOS: A importância na ingestão diária e seus
benefícios na atividade física
Robson Queiroz da SILVA
Alana Ferreira SÁTIRO
Mariana Augusta Moura de LIMA
Giselle Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
Com o aumento da expectativa de vida da população e
crescimento dos custos médicos e hospitalares, a sociedade tem
buscado desenvolver novos conhecimentos científicos e
tecnológicos, principalmente no campo da Nutrição, visando
modificações importantes no estilo de vida dos indivíduos. Neste
contexto, surgem os alimentos funcionais. Devido à importância dos
alimentos funcionais para a saúde do homem, têm-se destacados os
suplementos alimentares, que podem exercer efeitos benéficos
sobre a microbiota intestinal. Como principais suplementos
alimentares, têm-se os probióticos.
Estes
são
micro-organismos
vivos
que,
quando
administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à
saúde do indivíduo.
A influência dos probióticos sobre a microbiota intestinal
humana envolve fatores como a competição exclusiva contra
patógenos e microrganismos indesejáveis, efeitos antagônicos e
imunológicos, resultando no aumento da resistência corporal. Desta
forma, as culturas bacterianas probióticas estimulam a multiplicação
de bactérias benéficas, dificultando a proliferação de bactérias
prejudiciais.
2. OBJETIVOS
Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre os probióticos
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica e foi realizada através de
revisão bibliográfica em livros e artigos científicos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os probióticos (Figura 1) são suplementos alimentares
adicionados aos alimentos em quantidades adequadas
influenciando seu valor nutritivo e terapêutico (Figura 2). São
163
Probióticos: A importância na ingestão diária e seus benefícios na atividade física
representados pelas culturas de microrganismos vivos (bactérias
benéficas e leveduras) que contribuem melhorando o sabor do
produto final além de produzirem substâncias antimicrobianas.
Atualmente, os probióticos são utilizados em medicina
humana visando prevenção e tratamento de doenças, regulação da
microbiota intestinal, inibição da carcinogênese e em distúrbios do
metabolismo gastrintestinal. Em um indivíduo saudável, são
encontradas inúmeras espécies de bactérias ao longo de todo o
trato intestinal, sendo estas, em sua maioria, anaeróbias estritas.
Esta microbiota exerce influência sobre uma série de reações
bioquímicas no indivíduo e quando em equilíbrio impede a
proliferação e a atuação de microrganismos potencialmente
patogênicos e suas toxinas promovendo o bem-estar e ausência de
doenças. Um desequilíbrio nessa flora intestinal pode resultar no
aumento do número e proliferação dos patógenos.
Figura 1: Probióticos
Fonte: http://revistarx.com.br/?attachment
Figura
2.
Alimentos
enriquecidos com probióticos
Fonte: blogfiladelfia.com
As principais bactérias empregadas como suplementos em
alimentos funcionais probióticos são as pertencentes aos gêneros
Lactobacilluse Bifidobacterium.
A influência dos probióticos sobre a microbiota intestinal
humana envolve fatores como a competição exclusiva contra
patógenos e microrganismos indesejáveis, efeitos antagônicos e
164
Probióticos: A importância na ingestão diária e seus benefícios na atividade física
imunológicos, resultando no aumento da resistência corporal. Desta
forma, as culturas bacterianas probióticas estimulam a multiplicação
de bactérias benéficas, dificultando a proliferação de bactérias
prejudiciais.
Os probióticos são capazes de atuar de formas diferentes:
 supressão do número de células viáveis ao produzir
compostos com atividade antimicrobiana pela competição
por nutrientes e por sítios de adesão;
 alteração do metabolismo microbiano (aumentando ou
diminuindo a atividade enzimática);
 estimulação da imunidade do hospedeiro, aumentando a
produção de anticorpos e a atividade dos macrófagos,
conferindo ao indivíduo efeitos de ordem antimicrobiana,
nutricional e fisiológica.
 Para serem de importância fisiológica ao hospedeiro, os
probióticos devem apresentar populações em concentrações
de 106 – 107 UFC/g ou ml de produto e permanecerem
viáveis no alimento para garantir sua ação terapêutica.
Práticas alimentares que promovam a boa saúde e o
desempenho ideal são de interesse dos atletas, técnicos, médicos e
nutricionistas.
Diversos atletas de alto nível, principalmente aqueles não
profissionais, podem apresentar a flora do intestino alterada.
Inúmeros estudos mostram a interação dos probióticos com a
barreira intestinal.
A prática de exercícios físicos exige bastante do organismo
em termos de nutrientes, sendo que, se o atleta tiver uma alteração
da flora intestinal, podem resultar no aumento das bactérias
patogênicas e consequentemente na destruição de vitaminas,
inativação de enzimas, produção de toxinas cancerígenas e
destruição da mucosa intestinal, levando a uma menor síntese e
absorção de nutrientes. Esta situação pode ser regularizada com o
uso de elementos probióticos que visam adequar a microbiota
intestinal, garantindo uma ótima absorção dos nutrientes e com isso
a melhoria da performance física do atleta.
Exercícios extenuantes podem inclusive inibir a imunidade inata
pela redução da proteção da mucosa do trato gastrointestinal, mas
alguns estudos concluíram que a administração de probióticos
incrementa o sistema imune da mucosa em atletas de elite
submetidos a treino exaustivos. Ainda, estudos sugerem que os
165
Probióticos: A importância na ingestão diária e seus benefícios na atividade física
probióticos teriam a capacidade de modular o impacto na função
imune que ocorre logo após o exercício físico.
5. CONCLUSÃO
Os alimentos funcionais, em particular os probióticos, vêm
contribuir para a saúde do consumidor prevenindo morbidades
crônico-degenerativas uma vez que garantem uma microbiota
intestinal equilibrada e saudável. Para garantir um efeito benéfico e
contínuo, os alimentos funcionais devem ser consumidos
diariamente, sendo que sua ingestão precisa estar associada a uma
dieta variada, equilibrada e à prática diária de atividade física. É
importante evidenciar a necessidade de novos estudos para avaliar
a possibilidade de efeitos colaterais atribuídos ao uso dos
probióticos, além da determinação as doses máximas
recomendadas para o consumo, de maneira a beneficiar a saúde
dos indivíduos.
6.
REFERÊNCIAS
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167
A visão bioquímica do sorvete
A VISÃO BIOQUÍMICA DO SORVETE
Wélida Magalhães da SILVA
Leila Raiane da SILVA
Alana Lima da SILVA
Gisele Medeiros da Costa ONE
1. INTRODUÇÃO
Muitos autores citam vários mitos sobre a história do sorvete
relacionados a bebidas congeladas e gelo, que foram populares na
Europa durante tempos medievais. Não existe uma descrição
precisa, exceto que neve e gelo eram usados para resfriar e
possibilitar congelamento de sobremesas.
Sorvetes ou gelados comestíveis são produtos alimentícios
obtidos a partir de uma emulsão de gorduras, proteínas,com ou sem
adição de outros ingredientes e substâncias que tenham sido
submetidas ao congelamento. È uma mistura congelada contendo
emulsificantes e aromatizantes. Outros ingredientes,como
ovos,corantes e amidos,também podem ser utilizados.
2.OBJETIVOS
Descrever a bioquímica do sorvete,composição ,estrutura e
ingredientes.
3.MATERIAL e MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica realizada através de revisão
de trabalhos pré-existentes sobre a composição do sorvete.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O sorvete é um alimento nutritivo, fonte de proteína,
carboidrato e lipídeo. Em sua composição podemos encontrar
também o mineral cálcio, devido a presença do leite. O cálcio é
importante na formação e manutenção de ossos e dentes e
apresenta demais funções em nosso organismo. Também podemos
citar a presença de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K e algumas do
complexo B.
Apesar dos benefícios, o sorvete é rico em gordura, é ela
que dá ao sorvete a textura macia. Dependendo do tipo de
fabricação, encontramos a gordura trans (gordura obtida através do
processo de hidrogenação). Esta gordura em excesso é prejudicial à
168
A visão bioquímica do sorvete
saúde, pois além de diminuir o colesterol bom (HDL), aumenta o
colesterol ruim (LDL),que colabora com o aumento de doenças
cardiovasculares
A estrutura do sorvete, em seus principais aspectos, é
semelhante à do creme chantilly e à do creme na fase intermediária
de sua conversão em manteiga. A desestabilização do glóbulo de
gordura, durante a batedura do preparado, no congelador, é vital
para que este adquira uma boa estrutura. É um produto complexo,
que contém muitos ingredientes em distintos estados. A gordura
apresenta-se na forma de emulsão; proteína, estabilizantes e
açúcares insolúveis apresentam-se na forma de suspensão coloidal,
e a lactose e sais em forma de dissolução verdadeira. A água se
encontra no estado líquido como solvente de sais e açúcares, e na
forma sólida como cristais de gelo.
A composição do sorvete é bastante variada, normalmente
apresentando de 8 a 20% de gordura, 8 a 15% de sólidos não
gordurosos do leite, 13 a 20% de açúcar e 0 a 0,7% de emulsificante
-estabilizante, porém pode haver variabilidade de acordo com a
região e em diferentes mercados.
As proteínas contribuem para o desenvolvimento da
estrutura do sorvete, inclusive para emulsificação, aeração,
desenvolvimento de corpo, além de apresentar propriedades
funcionais tais como a interação com outros estabilizantes,
estabilização da uma emulsão depois da homogeneização,
contribuição para a formação da estrutura do gelado e capacidade
de retenção de água.As proteínas também podem contribuir para o
aumento do tempo de derretimento do sorvete e para redução de
formação de gelo.
A presença de gordura no sorvete contribui para o
desenvolvimento de uma textura suave e melhora o corpo do
produto. A gordura láctea é o ingrediente de maior importância no
sorvete e pode variar de 0 a 24%, dependendo de fatores como
padrões legais, qualidade e preço. Este ingrediente fornece energia,
ácidos graxos essenciais, esteróis e interage com outros
ingredientes desenvolvendo o sabor (transporta os sabores solúveis
em gorduras, lubrifica a boca, confere cremosidade) e a estrutura.
A melhor fonte de gordura láctea é o creme de leite fresco,
mas também podem ser outras fontes o creme de leite congelado, a
manteiga, a gordura láctea anidra, a gordura láctea fracionada e
misturas de leite concentrado. O tipo de gordura, sua composição e
169
A visão bioquímica do sorvete
ponto de fusão têm influência decisiva sobre as características
organolépticas e estabilidade do sorvete durante sua conservação.
A principal gordura utilizada na fabricação do sorvete em adição ou
substituição da gordura láctea é a gordura vegetal hidrogenada,
devido aos baixos teores de colesterol, plasticidade e bom preço.
Outros tipos utilizados para fabricação do sorvete são a gordura de
coco, de palma, de cacau, de algodão e de colza.
A diferença mais facilmente observada entre o sorvete de
baixa ou elevada quantidade de gordura é a sensação de frio. Os
sorvetes com baixos teores de gordura parecem mais frios ao
degustá-los, enquanto que os com altos teores de gordura reduzem
a sensação bucal de frio, possuem alta sensação lubrificante na
boca e são macios e cremosos. Estudos mostram que glóbulos de
gordura concentrados na superfície das células de ar durante o
congelamento do sorvete, principalmente de fonte láctea, melhoram
o sabor.
Os carboidratos, ao formarem solução com a água
contribuem para a redução do ponto de congelamento da mistura.
Sua presença contribui para o aumento da viscosidade, do tempo de
batimento da mistura e da suavidade de textura, e tendem a
aumentar a taxa de derretimento, além de influenciar no tamanho do
cristal de lactose no produto.
Os sais minerais, além dos inerentes aos ingredientes
utilizados na formulação do sorvete, são geralmente utilizados em
quantidades limitadas (aproximadamente 0,1%). Este incremento
visa alterar as propriedades de manipulação e aparência do
produto.São usados há muito tempo como neutralizantes da acidez.
Certos sais são utilizados para ajudar a controlar a separação da
gordura na calda durante o processo de congelamento.
A seleção de bons ingredientes e a manipulação adequada
são fatores de suma importância no processamento bem sucedido
de qualquer alimento, garantindo-lhe sabor limpo,fresco e
palatabilidade adequada. Os diferentes componentes utilizados na
elaboração dos sorvetes - produtos lácteos, açúcar, estabilizante,
emulsificante, gordura vegetal hidrogenada, aromatizante, e corante
– exercem funções relativas à qualidade do produto, como corpo,
textura, cremosidade, cor, aroma e sabor. Entre os produtos lácteos
utilizados, destacam-se creme de leite, manteiga, leite, soro de leite,
caseína e caseinato.Os produtos não lácteos mais utilizados são
carboidratos, estabilizantes, emulsificantes, essências e corantes,
170
A visão bioquímica do sorvete
entretanto, outros ingredientes, amidos, ovos ou derivados, por
exemplo, também podem ser adicionados. A água, a fase contínua,
está presente como um líquido, um sólido e uma mistura dos dois
estados físicos. O ar encontra-se disperso através da emulsão
gordura-matriz.
Os estabilizantes, também chamados de espessantes,
aglutinantes e hidrocolóides, são compostos macromoleculares que
se hidratam intensamente com água e formam soluções coloidais,
controlando, assim, a movimentação da água por causa da
formação de pontes de hidrogênio e da formação de uma rede
tridimensional que impede a mobilidade da água. São usados em
pequenas quantidades (0,1-0,5%) na mistura de sorvete,sua
utilização no sorvete tem por objetivo evitar o crescimento de cristais
de gelo e de lactose, e a recristalização, causada pelas flutuações
de temperatura durante sua conservação,assim proporcionando
maciez e uniformidade ao corpo do produto.
Os tipos de estabilizantes mais utilizados pelas indústrias de
gelados são: goma guar, alginato de sódio, carragena e
carboximetilcelulose. O comportamento dos estabilizantes é função
da temperatura, pH e concentração de cada estabilizante.
Os emulsificantes são substâncias químicas com uma parte
da molécula hidrofóbica e outra hidrofílica, que possibilitam a
formação de uma emulsão reduzindo a tensão superficial. No
sorvete existem dois tipos de emulsão: emulsão gordura em água e
emulsão ar em calda, parcialmente congelada.
No sorvete, são usados para promover a uniformidade
durante o batimento, reduzir o tempo de batimento da calda,
controlar a aglomeração e o reagrupamento da gordura durante a
etapa de congelamento (estabiliza a emulsão de gordura) e facilitar
a distribuição das bolhas de ar, produzindo um sorvete com corpo e
textura cremosa típica. Também reduzem os efeitos negativos
causados pela flutuação da temperatura e aumentam a resistência
ao derretimento. Isto tudo é conseqüência do aumento da rigidez da
membrana que rodeia os glóbulos de gordura e da formação de uma
rede mais sólida ao redor das bolhas de ar.
Os corantes e aromatizantes são colocados para intensificar
as propriedades de cor, aroma e sabor do alimento. Estas
substâncias podem ser naturais ou artificiais. As essências têm duas
características importantes: tipo e intensidade. Geralmente,as
171
A visão bioquímica do sorvete
essências de sabores pouco intensos são mais facilmente
misturadas e tendem a não ser rejeitadas em altas concentrações.
.
5. CONCLUSÃO
De acordo com os estudos feitos podemos concluir que o
sorvete é um alimento que além das proteínas e dos carboidratos
,apresenta um alto o teor de gordura, o que torna o sorvete rico em
calorias ,gorduras saturadas e colesterol, o que devem ser evitados,
já que, em excesso, estas substâncias podem prejudicar a sua
saúde e provocar doenças.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Química
–
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172
Capítulo X
GENÉTICA HUMANA
173
Síndrome de Rett: Artigo de revisão
SINDROME DE RETT: Artigo de revisão
Gerley Ramalho SILVA
Rowse Alencar Ramalho de FIGUEIRÊDO
1. INTRODUÇÃO
A síndrome de Rett (SR) foi diagnosticada pela primeira por
Andreas Rett, que identificou condições de deterioração neurológica
e hiperamonemia em crianças do sexo feminino. Essas condições
foram melhores explicadas a partir do trabalho do médico sueco Dr.
Bengt Hagberg, que publicou um estudo que descreveu sintomas
dessa síndrome em 35 meninas de diferentes nacionalidades, e
nomeou essa doença como – Síndrome de Rett. No Brasil, a SR foi
inicialmente identificada por Rosemberg et al. (1987).
A SR é uma progressão necrológica e motora quase
exclusiva em crianças do sexo feminino crianças do sexo feminino,
caracterizando-se por evolução de quadros de demência, ataxia e
autismo e surgimento de movimentos estereotipados extremamente
característicos, praticamente patognomônicos, das mãos.
Antecedentes familiares e pessoais são comumente sem
particularidades, evoluem de maneira absolutamente normal até os
primeiros 6 a 18 meses de vida, porém nesse período pode ocorrer
um leve retardo no crescimento muscular e em consequência no
desenvolvimento motor. Após esse período, a doença evolui com
fases distintas. Os portadores de SR adquirem rapidamente,
modificações no social, com alheiamento progressivo do meio
(autismo), a linguagem eventualmente adquirida é rapidamente
perdida, hipotonia, dificuldades da marcha, ataxia do tronco fazem
sua aparição e aparecimento de movimentos estereotipados,
praticamente incessantes, perpétuos, das mãos.
A desordem neuromotora se apresenta em crianças
previamente normais, e a perda das capacidades cognitivas e
motoras previamente adquiridas é acompanhada por uma
estabilização da síndrome, após esse período novos sintomas
surgem e outros são potencializados. A sobrevida em geral é longa
e em algumas crianças há morte inesperada sem a possibilidade de
detectar uma causa aparente.
174
Síndrome de Rett: Artigo de revisão
2. OBJETIVOS
Objetivou-se caracterizar a síndrome de Rett, procurando
informações recentes da sobre os seus aspectos genéticos e
etiológicos, juntamente com identificação e evolução clínica.
3. MATERIAL e MÉTODOS
A pesquisa foi do tipo bibliográfica realizada através de
revisão de trabalhos pré-existentes relacionados a Síndrome de
Rett, lançando mão de informações de livros e artigos científicos
relacionados ao assunto.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A SR é desordem neurológica progressiva, proveniente de
mutações no gene MECP2 que faz ligação com dinucleotídeos CpG
inibindo a transcrição de genes inativação do cromossomo X , que
pode ser proveniente tanto de origem paterna como materna. Nas
mulheres esse fenótipo é dependente dessas duas premissas. A
SR apresenta a tríade demência-ataxia-autismo, associada a
movimentos
estereotipados
extremamente
característicos,
praticamente patognomônicos, das mãos.
O mecanismo de ação desse gene MECP2 alterado
possivelmente determina o fenótipo do portador de SR. O quadro
ainda não está completamente compreendido. Observações em
animais demonstra que ocorre um aumento da acetilação de um
grupo de histonas, que modifica a distribuição e forma da cromatina
em determinadas regiões cerebrais, principalmente do córtex e do
cerebelo. Consequência desse processo poderia ser uma maior
acessibilidade do DNA por diferentes fatores transcricionais, o que
implicaria na interferência da expressão de diversos genes.
Essa neuropatologia se caracteriza pela presença de quatro
etapas, que foram nomeadas por Hagberg & Witt-Engerström. Na
primeira etapa é conhecida como estagnação precoce do
desenvolvimento, que se inicia entre os primeiros 6 a 18 meses de
vida. Nessa fase é comum a desaceleração do crescimento do
perímetro cefálico e isolamento social do paciente. A segunda etapa
surge entre o 1° e 3° ano de vida. Ocorre uma rápida regressão
psicomotora, irritabilidade, deficiência fonaudilógica, movimentos
estereotipados das mãos, e comportamento autista. A próxima
etapa caracteriza-se como pseudoestacionária, surgindo entre os 2
a 10 anos de idade. Nessa fase ocorre uma melhora do ponto de
175
Síndrome de Rett: Artigo de revisão
vista de interação social do doente. Ocorre a potencializarão de
desordens motoras, além de ataxia e apraxia, espasticidade,
escoliose e bruxismo estão presentes. Na ultima etapa é chamado
de deterioração motora tardia, que dá seus primeiros sinais por volta
da idade de 10 anos, onde há lenta progressão de prejuízos
motores, pela ocorrência de escoliose e desvio cognitivo grave.
Aparentemente,
as
meninas
com
SR
possuem
desenvolvimento normal até os seis ou dezoito meses de idade,
porém em grande parte dos casos, há na verdade um atraso no
desenvolvimento motor com hipotonia muscular e prejuízo no
engatinhar, que são os sinais iniciais (Figura 1).
Figura 1. Crianças portadoras de Síndrome de Rett.
Fonte: http://pequelia.es/24328/sindrome-de-rett/
Apesar da SR se apresentar predominantemente no sexo
feminino, há relatos de mutações ou multiplicações do gene MECP2
no sexo masculino.
A sobrevida na SR pode ser limitada. As principais causas de
óbito são associadas a um quadro infeccioso ou durante o sono
(morte súbita), problemas respiratórios crônicos decorrentes de
problemas secundários à escoliose, que pode chegar a
comprometer seriamente a expansão pulmonar.
Para o diagnóstico clínico utilizado segue o modelo de Rett
Syndrome Diagnostic Criteria Work Group em 1988 ou os modelos
propostos pelo DSM-IV-R9 2002 (TABELA 1). O diagnóstico da SR,
predominantemente clínico, existindo ainda critérios para o
diagnóstico de quadros atípicos da SR que somente devem ser
firmados após os 10 anos de idade.
176
Síndrome de Rett: Artigo de revisão
Tabela 1: Critérios diagnósticos para Transtorno de Rett
Todos os quesitos abaixo
Desenvolvimento pré-natal e perinatal aparentemente normal
Desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os
primeiros cinco meses de vida
Perímetro cefálico normal ao nascer
Início de todas as seguintes características após o período
normal de desenvolvimento:
Desaceleração do crescimento cefálico entre a idade de 5 a 48
meses
Perda de habilidades manuais voluntárias anteriormente adquiridas
entre a idade de cinco e 30 meses, com o
desenvolvimento
subsequente de movimentos estereotipados das mãos (p. ex.,
gestos como torcer ou lavar as mãos)
Perda do envolvimento social no início do transtorno (embora em
geral a interação se desenvolva posteriormente)
Incoordenação da marcha ou dos movimentos do tronco
Desenvolvimento das linguagens expressiva ou receptiva
severamente comprometido, com severo retardo psicomotor
Fonte: Schwartzman (2003).
A síndrome de Rett pode ser considerada o processo
neurodegenerativo mais comum doenças na infância, causando
quase que exclusivamente deficiência múltipla severa no sexo
feminino. Essa síndrome deve receber maior atenção e ser alvo de
um estudo mais profundo para maior entendimento de suas causas
e elaboração de tratamentos mais eficazes.
5. CONCLUSÕES
A síndrome de Rett é uma neuropatologia severa,
responsável pela maior parte dos casos de deficiência múltipla
severa no sexo feminino. Apesar de atingir predominantemente o
gênero feminino, relatos da aparição de SR em homens se tornam
mais frequentes. A origem genética da patologia vem sendo
estudada, e muitos pontos já existe esclarecimento sobre seu
desenvolvimento e origem. A sobrevida na SR pode ser limitada, e
sua progressão bastante rígida. Este quadro deve causar extremo
177
Síndrome de Rett: Artigo de revisão
interesse todos os profissionais da área da saúde, especialmente
pediatras, para o encaminhamento e diagnóstico precoce, e
especialistas
que
atendam
pessoas
com
distúrbios
neuropsiquiátricos mais acentuados.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA,R.C.,
GIACHETI,
M.C.
Síndrome
de
Rett:
Considerações gerais, genética, gênese etiológica e tratamento.
Revista Centro de Ciências da Saúde, vol. 14, pag 36-43 Fortaleza –
CE, dez. 2001.
JORDE, L. B. et al. Genética Médica. 2ª ed. Rio de tyJaneiro:
Guanabara Koogan, 2004.
MOTULSKY, A. G.; VOGEL, F. Genética humana: problemas e
abordagens. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
ROSEMBERG, S., ARITA,F., CAMPOS,C., COIMBRA, R.,
POSADAS,R., ELLOVITCH, S., GERES,S. Síndrome de Rett:
Análise de cinco casos no Brasil. Arquivo de Neuropsiquiatria,
vol. 45, n 2, São Paulo – SP, Jun 1987.
ROCCA. Dicionário da Terapia Ocupacional. São Paulo, 2006.
DORNELLES, C. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
mentais. 4ª Ed, Artmed: Porto Alegre, 2002.
SCHWARTZMAN J.S., BERNARDINO A., NISHIMURA A., GOMES
R.R., ZATZ M. Rett syndrome in a boy with a 47,XXY karyotype
confirmed by a rare mutation in the MECP2 gene.
Neuropediatrics, vol 32, pag.162-4. 2001.
SCHWARTZMAN J.S. Síndrome de Rett. Revista Brasileira de
Psiquiatria; vol. 25(2) pag.110-3. 2003.
178
Síndrome de Williams-Beuren: artigo de revisão
SINDROME DE WILLIAMS-BEUREN: artigo de revisão
Jéssica Suênia da NÓBREGA
Lucyclenia de Santana SILVA
Sandra Jaqueline dos SANTOS.
1. INTRODUÇÃO
A Síndrome de Williams-Beuren (SWB)(Williams, s.d.) foi
descrita por Williams et al. (1961) que observaram a presença de
características faciais típicas associadas à estenose supravalvular
da aorta, hipercalcemia infantil e deficiência mental em pacientes
não aparentados. Geneticamente, é uma desordem no cromossomo
7 que atinge crianças de ambos os sexos.
Desde o primeiro ano de vida, essas crianças costumam
irritar-se com facilidade - boa parte tem hipersensibilidade auditiva e demonstram dificuldades para se alimentar. Problemas motores e
falta de equilíbrio também são comuns - demora para começar a
andar, incapacidade para cortar papel, amarrar os sapatos ou andar
de bicicleta, por exemplo. Por outro lado, há um grande interesse
por música, boa memória auditiva e muita facilidade na
comunicação. Pessoas com essa síndrome sorriem com frequência,
utilizam gestos e mantêm o contato visual para comunicar-se.
Problemas cardíacos, renais e otites frequentes costumam
acometer crianças com essa síndrome. Por isso, é importante
manter um acompanhamento clínico para evitar o agravamento de
doenças decorrentes. Na adolescência, escolioses também podem
aparecer. O diagnóstico clínico desta síndrome baseia-se mais além
das caracteristicas faciais, alterações cardíacas e um conjunto de
características cognitivas e de linguagem que resultam em
comportamentos comunicativos e sociais bastante peculiares a esta
síndrome genética.
Essa síndrome ocorrer em qualquer grupo étnico e em
qualquer parte do globo. Não é transmitida geneticamente, bem
como tampouco tem causas ambientais, médicas ou quaisquer
influências de fatores psicossociais. Os portadores tem aptdão e
mostram interesse pela música.
2. OBJETIVOS
Realizar uma pesquisa bibliográfica acerca da Sindrome de
Williams-Beuren e levantar estudos mostrando o desenvolvimento
musical e social dos portadores.
179
Síndrome de Williams-Beuren: artigo de revisão
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado no período de outubro e novembro de
2012, na disciplina de Genética. O levantamento de dados deu-se
através de pesquisa bibliográfica, e artigos científicos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Síndrome de Willians é causada pela perda de um ou mais
genes do braço longo do cromossomo 7, ao que se dá o nome de
síndrome dos genes contíguos (Figura 1). Nessa região existem
dois genes importantes para o aparecimento dos achados listados
pelos médicos pioneiros no relato da síndrome: o da elastina (ELN)
— aparentemente responsável pelos defeitos cardíacos — e o
L1Mquinase, que está associado à noção de visão espacial.
Figura 1.: Cromossomos alterado no braço 7.
A maioria das crianças portadoras tem dificuldades de
alimentação no primeiro ano de vida (incluindo vômitos e recusa de
alimentação), podendo mostrar grande irritação e chorar
excessivamente. Elas costumam apresentar uma face que lembra a
de um duende, o que as tornam bastante identificáveis - nariz
pequeno e arrebitado; cabelo encaracolado; lábios cheios; aumento
do volume da região das pálpebras; íris com padrão de estrela —,
além de possuírem uma voz geralmente rouca. Os problemas
médicos mais comumente enfrentados pelos portadores da
síndrome são os cardíacos, os renais e os odontológicos. As
crianças com SW costumam sofrer de um estreitamento da artéria
principal imediatamente ao sair do coração (estenose aórtica
supravalvula).
180
Síndrome de Williams-Beuren: artigo de revisão
Precisam urinar com grande frequência e têm problemas
correntes de controle do esfíncter. Costumam apresentar níveis de
cálcio elevados no sangue (hipercalcemia) e, além disso, falta de
alguns dentes, bem como dentes curiosamente pequenos — às
vezes acompanhados de um mau fechamento da arcada. Em geral
têm problemas de coordenação, equilíbrio e dificuldades quanto ao
sono. São frequentemente menores quando comparadas às alturas
de seus pais; no entanto, costumam se encontrar dentro do intervalo
normal para a altura de sua idade.
As crianças com SW geralmente apresentam um atraso
psicomotor, mas as suas dificuldades de aprendizagem podem
variar entre ―handicap‖ mental ligeiro e severo. Pode-se verificar
nestes indivíduos um padrão distinto de competências e
características comportamentais e de personalidades bastante
particulares.
De uma maneira geral, as crianças são muito sociáveis e
comunicativas desde a infância, embora de uma maneira não
verbal: utilizam as expressões faciais, o contato visual e,
eventualmente, gestos para comunicar. Começam a falar mais tarde
do que o esperado e mostram uma grande variedade no
desenvolvimento da linguagem. Começam a utilizar palavras
simples e algumas frases, geralmente, por volta dos 18 meses.
Mostram grandes facilidades em aprender canções e rimas infantis,
revelando uma boa memória auditiva e sensibilidade musical.
No que diz respeito ao desenvolvimento motor, as crianças
começam a andar geralmente mais tarde do que o esperado e têm
dificuldades motoras (motricidade grosseira e fina) e da
coordenação óculo-manual. Assim, podem levar mais tempo para
aprender a sentar e a andar e mostram dificuldades em tarefas
como andar de bicicletas, abotoar, utilizar tesouras e segurar o lápis.
Têm dificuldade na orientação espaço temporal, na avaliação de
distâncias e direções e em tarefas que incluem processamento
visual. E essas dificuldades eventualmente perduram na idade
adulta, muito embora grandes sucessos possam ser obtidos, ainda
sob o jugo desses vários obstáculos a serem enfrentados pelo
portador e por aqueles que com ele convivem.
A grande maioria dos adultos com SW domina habilidades
de cuidar de si e completa a escolaridade acadêmica e/ou
vocacional. São empregados numa variedade de postos (que vão de
trabalhos supervisionados a trabalhos independentes). Muitos
181
Síndrome de Williams-Beuren: artigo de revisão
adultos com SW moram com seus pais; outros moram em
apartamentos monitorados, e alguns são capazes de viver por si só.
O fenótipo dos pacientes com Síndrome de Williams inclui
características como: aparência facial dismórfica, anormalidades
cardiovasculares, destacando-se estenose aórtica supravalvular
(EASV), perfil cognitivo e de personalidade ímpar, baixa estatura,
retardo mental, anormalidades do tecido conjuntivo, hipercalcemia
idiopática, baixo peso ao nascer, puberdade antecipada (mas não
precoce) e anormalidades dentárias. O diagnóstico da SW é
realizado através do quadro clínico e confirmado pelo teste de FISH
(Fluorescence in situ Hibridization).
5. CONCLUSÃO
Os portadores deve ser realizado um aconselhamento
genético e observar perspectivas de intervenção junto as
manifestações clínicas, incluindo aspectos comunicativos. Quanto
mais precocemente for diagnosticada melhor será o desempenho
neuropsicomotor da criança. Esses achados poderão ainda auxiliar
na compreensão de mecanismos relacionados à personalidade,
cognição e linguagem sob uma perspectiva genética, não somente
de sujeitos com a SWB, mas da humanidade de uma forma geral.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLUGI, U.; KORENBERG, J. E.; KLIMA, E. S. Williams syndrome: an
exploration of neurocognitive and genetic features. Clin. Neur. Res.,
California, v. 1, n. 3, p. 217-229, may 2001.
CHAUFFAILLE, M. L. Dignóstico da Síndrome de Williams. Website Oficial
da Associação Brasileira da Síndrome de Williams. 2000. Disponível em:
http://www.swbrasil.org.br/sw/caracteristicas. Acesso em: 16 de Setembro
de 2010.
JORDE, L. B. et al. Genética Médica. 2ª ed. Rio de tyJaneiro: Guanabara
Koogan, 2004.
MOTULSKY, A. G.; VOGEL, F. Genética humana: problemas e
abordagens. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
SUGAYAMA, M. M. Genética. Síndrome de Williams – Beuren. Website
Oficial da Associação Brasileira da Síndrome de Williams. 2000. Disponível
em:http://www.swbrasil.org.br/sw/genetica. Acesso em 16 de Setembro de
2010.
182
Síndrome do Miado do Gato: artigo de revisão
SÍNDROME DO MIADO DO GATO: Artigo de revisão
Sandra Jaqueline dos SANTOS
Jéssica Suênia NOBREGA
Luciclenia Santana SILVA
1. INTRODUÇÃO
Foi descoberta em 1963, na França a Síndrome Cri du Chat
pelo geneticista francês Dr. Jerone Lejeune. A síndrome na época
foi baseada em três casos, e ficou conhecida como síndrome 5p(menos), síndrome de Lejeune ou Síndrome do Miado do Gato,
devido ao choro característico que os bebês ou crianças
apresentam serem parecidos a um pequeno gato em sofrimento.
As pesquisas de fenótipos têm garantido grande ajuda
quanto à posição que a desordens genéticas afetam vários aspectos
do comportamento, que vai de cognição e linguagem até
comportamentos mal adaptados e adaptados. Uma das síndromes
que tem tido menos linha de pesquisa comportamental associada a
ela, porém muito promissora para estudos de fenótipos, é a
Síndrome 5p-. O choro tipo miado de gato está associado há uma
malformação da laringe, em 1977 Turleau e Grouchy observaram
que os sinais acústicos que as crianças apresentavam eram
semelhantes aos traçados sonoros de um gato. Esse choro torna-se
menos característico com o aumento da idade, de acordo com o
crescimento da criança, dificultando assim, os diagnósticos em
pacientes maiores
Anomalia cromossômica rara se caracteriza pela delação
(quebra) do braço curto de um dos pares do cromossomo 5. Essa
perda de material genético pode ser parcial, apenas um pequeno
fragmento ou total, com perda de todo braço curto do cromossomo
5. .Crianças afetadas apresentam microcefalia, ampla ponte nasal,
epicanto, micrognatia, problemas psicomotores e retardo mental.
2. OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica acerca desta síndrome,
enfatizando as causas e conseqüências da Síndrome, bem como a
importância de manter os portadores em uma vida sociável.
183
Síndrome do Miado do Gato: artigo de revisão
3. MATERIAL e MÉTODOS
Este trabalho tratou-se de uma revisão biliografica realizado
através de artigos científicos e livros.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em 1963 foi descoberta na França a Síndrome Cri Du Chat
pelo geneticista francês Dr. Jérôme Lejeune que descobriu uma
nova síndrome que popularmente conhecida como o “miado de um
gato”, por causa do choro do bebê, que se assemelha ao de um
gato em sofrimento. O choro é causado pelo desenvolvimento
anormal da laringe, um dos muitos sintomas associados com esta
desordem.
O choro tipo miado de gato está associado há uma
malformação da laringe, em 1977 Turleau e Grouchy observaram
que os sinais acústicos que as crianças apresentavam eram
semelhantes aos traçados sonoros de um gato. Esse choro torna-se
menos característico com o aumento da idade e com o crescimento
da criança, dificultando assim o diagnostico em pacientes maiores.
A síndrome do Cri Du Chat (CDC) refere-se a uma combinação
única de física característica mentais associados, por uma perda do
material genético sobre o distal braço curto do cromossomo quinto,
ou também chamada de síndrome 5p-, 5p monossomia, que afeta
aproximadamente 1 em 37,000,000 nascidos vivos.
A causa é apresentada como: esporádica, cerca de 85% dos
casos definidos como acidente biológico, já os 25% restantes
originam-se secundariamente a uma separação desigual de uma
translocação parental , portanto, seria então uma herança genética,
causada por uma translocação equilibrada nos cromossomos de um
dos pais, não havendo, portanto, perda de material genético. Neste
caso um dos pais é apenas portador de translocação equilibrada e
perfeitamente normais, que geram uma criança afetada com CDC
na família.
A razão do sexo exata não é conhecida, embora os relatórios
indiquem que as mulheres superam os homens por 2 a 1. A
síndrome conhecida como perda do braço do cromossomo 5, e
representa uma supressão de síndromes mais comuns em seres
humanos. Geralmente, a perda do braço curto do cromossomo 5
é puramente acidental e, portanto o risco de recorrência é muito
184
Síndrome do Miado do Gato: artigo de revisão
pequena, não maior do que o risco inicial de 1 em 37,000,000. Em
80-95% dos casos, o material genético está perdido desde o final do
cromossomo 5 (eliminação terminal) (Figura 1). No entanto, em 1015% dos casos, o cromossoma suprimido é herdado do pai. Quando
isso ocorre o risco de ter outra criança afetada é muito maior do que
quando os resultados de uma síndrome de supressão esporádica
Essa eliminação é causada por uma quebra da molécula de DNA
que constitui um cromossomo.
Figura 1. Deleção do cromossomo:-5p
Fonte: sobiologia.com.br
Na maioria dos casos, a quebra cromossômica ocorre
quando os espermatozoides ou óvulos (gameta masculino ou
feminino) estão a desenvolver. Quando esse gameta é fecundado, a
criança irá desenvolver síndrome de Cri Du Chat, apresentando
assim grande comprometimento físico e mental do desenvolvimento.
Algumas características estão presentes em quase todos os
casos, o grito de gato, o baixo crescimento (altura e peso corporal,
principalmente abaixo da média), microcefalia e retardo mental. O
peso ao nascimento de crianças é geralmente inferior, mesmo se o
tamanho da criança é quase normal (média de 2.600g). A mãe
apresenta uma gravidez normal. Impressionante é o dismorfismo
craniofacial com as mudanças de cabeça e no rosto, onde quase
todas as crianças têm a cabeça anormalmente pequena, com uma
forma alongada em geral. As crianças muitas vezes tem o rosto
redondo com os olhos muito espaçados, e um alargado e achatado
ponte nasal. O tônus muscular hipotônico é predominante. Muitos
bebês têm problemas com o coração e a respiração. As infecções
ocorrem frequentemente. Há problemas nutricionais: sucção,
mastigação, problemas digestivos, como cuspir, a constipação é
comum. Há um atraso profundo na fala, sendo que muitas crianças
185
Síndrome do Miado do Gato: artigo de revisão
possui problemas de visão, anomalias de posição dos dentes, palato
alto, profundo, orelhas malformadas, queixo estreito. As mãos
frequentemente apresentam prega palmar.
Não há tratamento para pessoas com Cri Du Chat, os
sintomas individuais são tratados terapeuticamente, com terapias
ocupacionais,
fisioterapia,
fonodiologas,
psicólogas,
psicopedagogas e um tratamento preventivo odontológico são de
grande importância. Crianças com (CDC) (Figura 2) são crianças
que apresentam algum grau de déficit cognitivo, variando de
moderado a severo. Isso afeta em muito sua vida porque levarão
muito mais tempo para aprender. Associando a isto eles têm tônus
muscular fraco, e algumas coisas se tornam muito difíceis. Porém,
eles vão aprender ao longo da vida. A aquisição da fala é grande
problema. A fala é atrasada, e para muitas crianças dependendo da
dificuldade, poderão nunca falar. Entretanto, compreendem o que
falam, e se comunicam muito bem, da sua maneira (usando seus
próprios signos de linguagem) ou usam sinais, placas, cartazes,
fotos etc. Demoram a aprender a andar. As crianças CDC
frequentemente têm um caminhar desajeitado e parecem inábeis.
Figura 2: Crianças com Cri-du-Chat
Fonte: saude.culturamix.com
5. CONCLUSÕES
Concluiu-se que a Síndrome de Cri Du Chat quanto mais
precocemente for diagnosticada melhor será o desempenho
neuropsicomotor da criança, portanto, faz-se necessário o
conhecimento dessas características principais pelos profissionais
da saúde para que possam ser encaminhadas para tratamentos
específicos o mais precocemente possível. Sugere-se mais
pesquisas sobre a síndrome quanto ao processo de reabilitação,
uma vez que agora as características mais comuns foram
apresentadas, a identificação das complicações e dificuldades
podem ser associadas à um tratamento específico quanto as
186
Síndrome do Miado do Gato: artigo de revisão
habilidades e inabilidades do portador de Síndrome de Cri-du-Chat e
também quanto as orientações aos pais e profissionais, visando
melhor qualidade de vida aos pacientes e seus familiares.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
CARAKUSHANKY,GERSON, Doenças Genéticas em pediatria.
Editora Guanabara Koogan. São Paulo. 2001.
JORDE, L. B. et al. Genética Médica. 2ª ed. Rio de tyJaneiro:
Guanabara Koogan, 2004.
MOTULSKY, A. G.; VOGEL, F. Genética humana: problemas e
abordagens. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
NASSBAUM, R. L.; Thompson & Thompson. Genética médica. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
STRACHAN, T; READ, A.P. Genética molecular humana. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
187
Síndrome de Prader-Willi: artigo de revisão
SÍNDROME DE PRADER–WILLI: Artigo de revisão
Lucyclenia de Santana SILVA
Sandra Jaqueline dos SANTOS
Jéssica Suênia da NOBREGA
1. INTRODUÇÃO
A síndrome de Prader-Willi (SPW) é uma doença genética
cuja causa decorre da falta de expressão de sete genes da região
cromossômica 15q11-q13 paterna, que sofrem o fenômeno de
imprinting genômico. Genes desta região têm expressão diferencial
de acordo com a origem parental, de modo que as cópias paterna e
materna devem estar presentes para a expressão gênica normal. Os
critérios para diagnóstico da SPW estão bem definidos e o
diagnóstico laboratorial é estabelecido em 95% dos casos: em 70%
dos pacientes há a presença da deleção de 15q11-q13 paterna e
25% têm dissomia uniparental (os dois cromossomos 15 são de
origem materna e nenhum de origem paterna). A incidência da
doença é 1:10.000 a 15.000 nascimentos (CASSIDY; DRISCOLL,
2009).
A SPW caracteriza-se por duas fases clínicas. Na primeira,
os sintomas cardinais são: hipotonia neonatal, dificuldade de
alimentação, letargia, choro fraco e hiporreflexia. A segunda, a partir
dos seis meses, apresenta melhora gradual da hipotonia, ganho de
peso e desenvolvimento progressivo da hiperfagia e obesidade.
Alterações genitais como criptorquidismo, micropênis e bolsa
escrotal hipoplásica são encontradas em crianças do sexo
masculino e, hipoplasia dos genitais externos, no sexo feminino.
Crianças com obesidade de outras causas não apresentam
complicações respiratórias significativas, já indivíduos com SPW
podem ter problemas ventilatórios fatais.
Diversas alterações de comportamento na infância,
adolescência e vida adulta ocorrem: comportamentos do espectro
obsessivo-compulsivo, crises de raiva e violência, tendência à
rigidez, condutas de oposicionismo, comportamentos de mentir e
furtar, deficiência mental leve a moderada, alterações
neuropsicológicas associadas com a atividade do lobo frontal no que
concerne à atenção, habilidades executivas e organização
visoespacial.
188
Síndrome de Prader-Willi: artigo de revisão
Doenças psiquiátricas, como transtorno do humor,
transtornos psicóticos, alterações em habilidades de competência
social, problemas somáticos e de hiperatividade, com déficit de
atenção, foram relatados em crianças com SPW.
2. OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica sobre o Síndrome de
Prader-Willi (SPW).
3. MATERIAL e MÉTODOS
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória de
natureza bibliográfica.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A síndrome pode ser definida por apresentar duas fases de
evolução distintas. A primeira caracteriza-se por diferentes graus de
hipotonia durante o período neonatal e a primeira infância (94%). A
hipotonia não é progressiva e começa a melhorar, em média, entre
8 e 11 meses. Caracteriza-se também por hipotermia ou hipertermia
sem causa aparente, hipogenitalismo (95%), dificuldade de sucção
(93%), mãos e pés pequenos e pequenas anomalias faciais.
Observa-se também que essas crianças raramente vomitam.
Na época em que a hipotonia melhora, e a criança começa a
ficar mais alerta, ocorre aumento de apetite e ganho de peso. O
início da obesidade pode ocorrer entre 1 e 6 anos de idade, com
uma média de 2 anos, podendo serum marco para o
reconhecimento do início da segunda fase. Esta é caracterizada por
atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM) (98%), em
que a criança apresenta atraso para sentar e andar e também na
aquisição da fala. Outras características presentes nesta fase são a
hiperfagia acompanhada de obesidade (94%), baixa estatura (76%),
mãos e pés pequenos (83%), diminuição da atividade física,
diminuição da sensibilidade à dor, hipopigmentação de cabelo, pele
e retina, problemas de aprendizagem e algumas características
faciais como fronte estreita (75%), olhos amendoados (75%) e
estrabismo (52%) (Figura 1). Algumas crianças entre 3 e 5 anos de
idade podem desenvolver problemas de personalidade como
depressão, irritação, episódios de violência, mudanças repentinas
189
Síndrome de Prader-Willi: artigo de revisão
de humor, pouca interação com outras pessoas, imaturidade e
comportamento social inapropriado.
Figura 1. Portadores da Sinfrome de Prader- Willi
Fonte: http://genoma.ib.usp.br
O cariótipo raramente define o diagnóstico de PWS e,
atualmente, o modo mais eficiente de diagnosticar essa doença é
por meio de um mesmo teste molecular, que determina o padrão de
metilação, que é progenitor-específico, dentro da região PWS,
utilizando-se Southern blot e hibridação com sondas sensíveis à
metilação dos locos SNRPN e PW71. Nos pacientes com suspeita
diagnóstica de PWS, o achado do padrão normal de metilaçãoafasta
o diagnóstico com 95% de certeza.
Embora não se conheça a prevalência da PWS nas crianças
com hipotonia, o teste de metilação deve ser considerado para o
diagnóstico diferencial, principalmente entre os lactentes com
hipotonia grave de causa desconhecida. Gillessen-Kaesbach et al.
(1995) testaram 65 crianças de 0 a 12 meses com hipotonia de
causa desconhecida e detectaram 29 com PWS (45%). Os autores
salientam que, apesar dessa alta frequência estar superestimada,
provavelmente devido a um viés de averiguação, o teste de
metilação deve ser realizado nesse grupo de pacientes, pois não é
invasivo e é extremamente eficaz para diagnóstico da PWS.
O diagnóstico precoce da PWS é importante na medida em
que dá aos pais a oportunidade de administrar dietas apropriadas e
desde logo estimular hábitos de alimentação e de atividade física
adequados, a fim de diminuir os problemas relacionados com a
obesidade, como diabetes, hipertensão e problemas respiratórios,
que são as principais causas de morte desses indivíduos na
adolescência. O diagnóstico pré-natal pelo estudo do padrão de
metilação pode ser oferecido em situações de famílias com
190
Síndrome de Prader-Willi: artigo de revisão
portadores de rearranjos envolvendo o cromossomo 15, de
mulheres ansiosas por já terem tido uma criança com a síndrome e
de casos em que se detectam três cromossomos 15 no cariótipo do
vilo coriônico e contagem normal de cromossomos em
amniocentese, pois sabe-se que a idade materna avançada está
associada a casos de UPD15 devido à associação com erros
meióticos. Também na nossa amostra observa-se idade materna
aumentada nos casos com UPD. O diagnóstico diferencial da
hipotonia em lactentes inclui doenças neuromusculares como
amiotrofia espinal infantil e miopatias congênitas. Para o diagnóstico
dessas doenças é indicada a realização de eletroneuromiografia e
biópsia muscular. Esses exames são invasivos e algumas vezes de
execução e interpretação difícil, podendo levar a diagnósticos
errôneos. Na PWS, a biópsia muscular pode mostrar atrofia de
fibras tipo II, mas este achado não é específico
A pesquisa do mecanismo genético que originou a PWS é
importante para o aconselhamento genético dos pais e familiares,
sendo o risco para os casos de deleção e dissomia baixo, cerca de
1%; só há risco alto (50%) quando associado aos raros casos de
mutações no mecanismo de imprinting e translocações;
Na adolescência o cuidado com a alimentação pode fugir ao
controle dos pais e da família, pois os adolescentes parecem usar
sua inteligência e perspicácia para conseguir comida, tornando-se
agressivos quando o alimento é negado. Esses indivíduos podem
ingerir restos de alimentos, comida de animais domésticos e alguns
chegam, até, a comer terra; algumas crianças podem desenvolver
comportamentos “psicóticos”. A experiência mostra que o suporte
psicológico ao paciente, pais e irmãos deveria começar na infância e
continuar até a vida adulta, momento no qual o maior problema é o
controle de peso e de comportamento, com ocorrência de períodos
de irritabilidade e até surtos psicóticos.
Uma vez que em nosso meio o diagnóstico de PWS é em
geral estabelecido após o início da obesidade, sugerimos que o
teste genético para esta doença seja requisitado em neonatos e
lactentes com hipotonia e dificuldade de sucção e algumas das
características fenotípicas da síndrome (mãos e pés pequenos,
sinais de hipogonadismo, hipopigmentação em relação aos
familiares, olhos amendoados e fronte estreita). Isso poderá
contribuir para o diagnóstico precoce, diminuindo a utilização de
191
Síndrome de Prader-Willi: artigo de revisão
recursos diagnósticos mais invasivos e às vezes de difícil
interpretação, como a eletroneuromiografia e a biópsia muscular.
5. CONCLUSÕES
Crianças e adolescentes com PWS apresentam atraso de
desenvolvimento em diversas áreas e o diagnóstico precoce alerta
os pais para a procura de ajuda profissional (professores,
pedagogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos). Odiagnóstico precoce
da SPW e o aconselhamento genético podem ser de fundamental
importância, pois os pais terão a oportunidade de administrar dietas
apropriadas e estimular hábitos de alimentação e atividade física
adequados, a fim de diminuir a obesidade e problemas de saúde,
favorecendo assim uma maior expectativa de vida e melhor bemestar da criança. Além disso,
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JORDE, L. B. et al. Genética Médica. 2ª ed. Rio de tyJaneiro:
Guanabara Koogan, 2004.
MOTULSKY, A. G.; VOGEL, F. Genética humana: problemas e
abordagens. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
192
Anemia Falciforme: artigo de revisão
ANEMIA FALCIFORME: artigo de revisão
Alana de Lima SILVA
Leila Raiane da SILVA
Wélida Magalhães da SILVA
Maíra Bonfim BARBOSA
1. INTRODUÇÃO
As hemoglobinopatias são anomalias genéticas da anemia
falciforme (também denominada doença falciforme) é uma doença
caracterizada por um problema no sangue causada pela alteração
de um único nucleotídeo (mutação pontual) no gene da cadeia de βglobina. São representadas pelas talassemias e pelas síndromes
falciformes,é uma doença hereditária do sangue mais comum nos
Estados Unidos, afetando cerca de 80.000 norte-americanos.
Ocorre principalmente na população afro-americana, afetando um
em cada 500 recém-nascidos afro-americanos nos Estados Unidos.
A anemia falciforme é uma doença Homozigota recessiva do gene
da hemoglobina S(HbSS), que expressa um quadro de anemia
hemolítica crônica.
A anemia falciforme caracteriza-se por episódios dolorosos
(crises) que ocorrem durante toda a vida pelo aumento da
suscetibilidade a infecções, que começam em geral no início da
infância. Outros sintomas incluem síndromes aguda do peito,
acidentes vasculares cerebrais (AVC), disfunção esplênica e renal e
alterações ósseas devido a hiperplasia medular.
2. OBJETIVOS
Explicar a anemia falciforme desde as suas causas até o seu
devido tratamento.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Os materiais utilizados nessa pesquisa foram livros e sites
como principal meio de análise.
4. RESULTADOS E DISCUSSâO
A anemia falciforme foi descrita em 1910 pelo medico James
Herrick, também conhecida por anemia deprenocítica, é uma
anemia crônica de transmissão hereditária, causada por uma
mutação de uma parte de um gene. O portador dessa doença
193
Anemia Falciforme: artigo de revisão
possui a hemoglobina com formato anormal de foice, facilitando a
quebra da célula (Figura 1). A hemoglobina, que transporta o
oxigênio e da à cor aos glóbulos vermelho, é essencial para a saúde
de todos os órgãos do corpo. No Brasil a doença é mais comum,
representam cerca de 8% em pessoas negras, podendo atingir seus
descendentes e também em pessoas brancas. A anemia falciforme
não é contagiosa, mas hereditária.
A doença não se manifesta no bebê até que uma quantidade
suficiente da Hemoglobina Hb F seja substituída pela Hb S, quando
os eritrócitos começam a assumir a morfologia falciforme.Os
heterozigotos, representando um em cada doze afro-americanos,
possuem um gene normal e um gene falciforme, os eritrócitos
desses heterozigotos contêm tanto Hb S como Hb A. Esses
indivíduos possuem o traço falciforme. Em geral, eles não
apresentam sintomas clínicos e podem ter uma expectativa de vida
normal.
Figura 1: Comparação de uma hemácia normal com a de um portador de
anemia falciforme.
A eletroforese de hemoglobina é o exame laboratorial
específico para o diagnóstico da anemia falciforme, mas a presença
da hemoglobina S pode ser detectada pelo teste do pezinho quando
a criança nasce.
A detecção efetiva das diversas formas de Doenças
Falciformes requer diagnóstico preciso, baseado principalmente em
técnicas eletroforéticas, hemograma e dosagens da hemoglobina
Fetal. O diagnóstico só é possível por técnicas de genética
molecular como reação em cadeia pela polimerase (PCR) e
Southern blotting. O VCM e HCM podem estar reduzidos.
Programas preventivos para hemoglobinopatias, principalmente
para Doenças Falciformes.
Para o diagnóstico neonatal utiliza-se geralmente o sangue
de cordão umbilical, e nesta fase devemos nos lembrar dos
194
Anemia Falciforme: artigo de revisão
componentes hemoglobínicos do neonato, onde predominam as
produções de cadeias α e y, e ao nascimento encontramos as
seguintes hemoglobinas em uma criança com hemoglobinas
normais Hb Fetal (α2y2) 90 a 100%; Hb A (α2β2) 0 a 10% e Hb A2
(α2δ2) 0 a 1%. Após o nascimento e até aproximadamente seis
meses de vida haverá a inversão na produção das cadeis y e β,
podendo ser observados, após este período, os valores definitivos
do indivíduo adulto: Hb A (α2β2) 96-98%; Hb A2 (α2δ2) 2,5 a 3,4%;
Hb F (α2y2) 0-2%. Em estudos com neonatos, principalmente para
as alterações de hemoglobina que envolva a cadeia beta, como é o
caso das falcemias, só encontraremos traços das hemoglobinas
anormais e os traçados eletroforéticos característicos após o sexto
mês de vida.
Devem levar em consideração a população analisada, a
melhor forma de coleta das amostras e da resposta ao programa,
visando reduzir a mortalidade dos doentes com Doenças
Falciformes. Além disso, o correto aconselhamento genético e
educacional, e o acompanhamento dos casos diagnosticados,
poderão auxiliar sobremaneira a diminuição da morbidade e
mortalidade. Para tanto é fundamental o auxílio dos órgãos oficiais
de saúde, treinamento de pessoal capacitado para diagnóstico e
aconselhamento genético/ educacional dos portadores e casais de
risco.
A anemia falciforme pode se manifestar de forma diferente
em cada indivíduo. Uns têm apenas alguns sintomas leves, outros
apresentam um ou mais sinais. Os sintomas geralmente aparecem
na segunda metade do primeiro ano de vida da criança e são eles:
 Crise de dor: é o sintoma mais frequente da doença
falciforme causado pela obstrução de pequenos vasos
sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. A
dor é mais frequente nos ossos e nas articulações, podendo,
porém atingir qualquer parte do corpo. Essas crises têm
duração variável e podem ocorrer várias vezes ao ano.
Geralmente são associadas ao tempo frio, infecções, período
pré-menstrual, problemas emocionais, gravidez ou
desidratação;
 Icterícia (cor amarela nos olhos e pele): é o sinal mais
frequente da doença. O quadro não é contagioso e não deve
ser confundido com hepatite. Quando o glóbulo vermelho se
rompe, aparece um pigmento amarelo no sangue que se
195
Anemia Falciforme: artigo de revisão
chama bilirrubina, fazendo com que o branco dos olhos e a
pele fiquem amarelos;
 Síndrome mão-pé: nas crianças pequenas as crises de dor
podem ocorrer nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e
dos pés, causando inchaço, dor e vermelhidão no local;
 Infecções: as pessoas com doença falciforme têm maior
propensão a infecção e, principalmente as crianças podem
ter mais pneumonias e meningites. Por isso elas devem
receber vacinas especiais para prevenir estas complicações.
Ao primeiro sinal de febre deve-se procurar o hospital onde é
feito o acompanhamento da doença. Isto certamente fará
com que a infecção seja controlada com mais facilidade;
 Úlcera (ferida) de Perna: ocorre mais frequentemente
próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. As úlceras
podem levar anos para a cicatrização completa, se não
forem bem cuidadas no início do seu aparecimento. Para
prevenir o aparecimento das úlceras, os pacientes devem
usar meias grossas e sapatos;
 Sequestro do Sangue no Baço: o baço é o órgão que filtra
o sangue. Em crianças com anemia falciforme, o baço pode
aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso
pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os
outros órgãos, como o cérebro e o coração. Quando
descoberta a doença, o bebê deve ter acompanhamento
médico adequado baseado num programa de atenção
integral.
Transfusões intermitentes com concentrados de eritrócitos
reduzem o risco de AVCs, mas os benefícios devem ser bem
avaliados devidos ás complicações que podem ocorrer, as quais
incluem sobrecarga nológicas. A hidroxiuréia, uma droga
antitumoral, é terapeuticamente útil, pois aumenta os níveis
circulatórios de Hb F, o que diminui a indução de células falciforme.
Isto leva a uma diminuição das crises de dor e reduz a mortalidade.
5. CONCLUSÕES
Anemia Falciforme também é chamada de anemia
depranocítica. O portador dessa doença possui a hemoglobina com
formato anormal, como o de foice, facilitando a quebra da célula,
originando a anemia. No Brasil a doença é mais comum em pessoas
negras, podendo atingir seus descendentes e também pessoas
196
Anemia Falciforme: artigo de revisão
brancas. A anemia falciforme não é contagiosa, mas hereditária. É
uma doença que não tem cura, porém pode ser controlada. Os
sintomas são: cansaço fácil, palidez, dor nos ossos, músculos,
articulações, além de inchaço nas mãos e pés. Os pacientes devem
ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários
profissionais treinados no tratamento da anemia falciforme para
orientar a família e o doente a descobrir rapidamente os sinais de
gravidade da doença, o tratamento envolve adequada hidratação,
analgésicos, terapia antibiótica agressiva em caso de infecção e
transfusões em pacientes que apresentam alto risco de oclusão fatal
de vasos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Anemia Falciforme. Biblioteca Virtual em
Saúde.
Disponível
em:
HTTP://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/127anemiafalci.html Acesso em:
03/10/2012.
CAMPBELL, Mary K. Bioquímica. 3.ed . Porto Alegre: Artmed, 2000. 752p.
FONTES, Hélio Augusto Ferreira. Anemia falciforme - O que é, causas e
cura.
Saúde
Esportiva.
Disponível
em:
HTTP://www.copacabanarunners.net/anemia-falciforme-causas.html
Acesso em: 03/10/2012.
MASSARO, Karin Schmidt Rodrigues. Anemia Falciforme. Disponível em:
HTTP://www.saude.com.br/site/materia.asp?cod.materia=119 Acesso em:
30/09/2012.
197
Capítulo XI
SAÚDE ANIMAL
198
Levantamento epidemiológico de enfermidades infecciosas de caráter urbano que comprometem a saúde pública no
município de João Pessoa-PB
LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE ENFERMIDADES
INFECCIOSAS DE CARÁTER URBANO QUE
COMPROMETEM A SAÚDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE
JOÃO PESSOA-PB
Marcos Antônio Jerônimo COSTA
Felipe Eduardo da Silva SOBRAL
Maria Railma Vieira de FREITAS
1. INTRODUÇÃO
Os problemas relacionados à saúde da população vêm se
tornando mais graves devido à crescente ocupação desordenada e
o aumento do contingente nos centros urbanos. Essas dificuldades
em viver em um ambiente saudável trazem prejuízos para a saúde
humana e também aos animais domésticos, pois são abrigados sem
preceitos de higiene e correto manejo sanitário no interior das
casas. Esse estreito convívio com humanos sem os cuidados
necessários pode oferecer riscos para a saúde publica, prejudicando
o bem estar dos homens e dos animais como no caso do
aparecimento de zoonoses (ZETUN, 2009).
Doenças
como
a
esquistossomose,
leptospirose,
leishmanioses e dengue constitui apenas parte de um leque de
enfermidades presentes nas áreas urbanas. A dengue, por exemplo,
é atualmente, considerada a principal doença emergente no mundo
e um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil.
O conjunto de doenças infecciosas é muito heterogêneo, sendo
essas constituídas por agravos que têm em comum apenas o fato
de serem ocasionados por parasitas, agentes etiológicos vivos,
adquiridos em algum momento pelos hospedeiros a partir do meio
ambiente externo (PIGNATTI, 2004).
2. OBJETIVOS
Fazer um levantamento epidemiológico de algumas
enfermidades infecciosas encontradas no município de João
Pessoa.
199
Levantamento epidemiológico de enfermidades infecciosas de caráter urbano que comprometem a saúde pública no
município de João Pessoa-PB
3. MATERIAL e MÉTODOS
Para a compilação dos dados foi realizada uma pesquisa
epidemiológica no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação - Ministério da Saúde, disponível no site
(http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/) - de casos notificados para
dengue, esquistossomose, leptospirose, leishmaniose visceral e
tegumentar no período de 2000 a 2010 no município de João
Pessoa - PB. Após a coleta de dados no site do SINAM, foi
efetuada a soma e a média anual de cada doença em questão, para
verificar a frequência de ocorrência das mesmas no município de
João Pessoa.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período analisado, à dengue foi à doença que
apresentou a maior média anual de 856,8 casos, seguida pela
leishmaniose visceral (11,6), leptospirose (10,4), esquistossomose
(2) e a leishmaniose tegumentar (4,1). Segundo dados do Ministério
da Saúde (2011), em 2010, foram notificados no estado da Paraíba
6.667 casos prováveis de dengue, um aumento de 601,1% em
comparação com 2009 (951 notificações). Com relação à
leishmaniose visceral foram registrados 16 casos no estado da
Paraíba sendo que Joao Pessoa corresponde a 31,2% do total de
casos.
Esses dados evidenciam que mesmo com os esforços do
governo e da sociedade organizada, doenças emergentes como a
dengue permanecem vitimando e uma parcela substancial da
população. Isso gera grandes transtornos não somente para a
saúde pública, mas também para a economia uma vez que afasta
temporariamente o trabalhador de seu emprego. Esses resultados
ainda podem estar longe do real cenário epidemiológico uma vez
que nem todos os casos são notificados.
No Brasil, evidencia-se uma variedade considerável de
ecossistemas, com gigantesca diversidade, tanto no tocante a fauna
quanto à flora apresentada. Estes ecossistemas encontram-se cada
vez mais sujeitos à degradação. O avanço da agricultura e da
pecuária nas áreas naturais vem proporcionando contato entre as
populações humanas e seus animais domésticos com as
populações de animais silvestres no seu habitat. Este contato
200
Levantamento epidemiológico de enfermidades infecciosas de caráter urbano que comprometem a saúde pública no
município de João Pessoa-PB
facilitou a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para
novos hospedeiros e ambientes podem propiciar o aparecimento de
diversas zoonoses (CARVALHO et al., 2009).
5. CONCLUSÕES
Embora existam esforços para o controle e minimização
destas doenças, a falta de infra-estrutura no município, somada a
uma deficiente educação da população, que muitas vezes se nega a
adotar ou desconhece regras básicas de higienização, não permite
que redução dos casos de enfermidades de caráter emergentes
e/ou zoonóticas.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Sistema nacional de vigilância em saúde: relatório de situação:
Paraíba / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. –
5. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011.
CARVALHO, J. A., TEIXEIRA, S. R. F., CARVALHO, M. P., et al.
Doenças Emergentes: uma Análise Sobre a Relação do Homem
com o seu Ambiente. REVISTA PRÁXIS
v.1, n. 1, 2009.
PIGNATTI, M. G. SAÚDE E AMBIENTE: AS DOENÇAS
EMERGENTES NO BRASIL. Ambiente & Sociedade, v. 7, n. 1,
2004.
ZETUN, C. B. Análise quali-quantitativa sobre a pecepção da
transmissão de zoonoses em Vargem Grande, São Paulo (SP): a
importância dos animais de companhia, da alimentação e do meio
ambiente. 2009. 120f. Dissertação. Faculdade de Medicina
Veterinária Zootecnia da Universidade de São Paulo.
201
Casos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) no município de João Pessoa-PB
CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA (LVC) NO
MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB
Maria Railma Vieira de FREITAS
Felipe Eduardo da Silva SOBRAL
Marcos Antônio Jerônimo COSTA
1. INTRODUÇÃO
As leishmanioses são infecções parasitárias que acometem
animais domésticos, silvestres e o homem (BARCELOS, 2009). Tal
enfermidade é ocasionada por protozoários pertencentes ao gênero
Leishmania, que podem comprometer a pele, as mucosas e as
vísceras (REY, 1991). Nas Américas, a espécie responsável por
essa doença é a Leishmania (Leishmania) chagasi (NEVES et al.,
2005; BRASIL, 2006; TASCA et al., 2009). Os cães são os principais
reservatórios urbanos, sendo considerado um importante elo na
cadeia de transmissão da Leishmaniose Visceral (LV), e a
Lutzomyia longipalpis a espécie responsável pela transmissão do
parasito para os hospedeiros vertebrados. (GONTIJO & MELO,
2004; AZEVEDO, et al., 2008; SANTOS, 2008).
A LV é cosmopolita e endêmica em 62 países, sendo a
maioria destes classificados como em desenvolvimento. (GONTIJO
& MELO, 2004; NEVES et al., 2005). Somente na America Latina, a
doença já foi descrita em pelo menos 12 países (BRASIL, 2006).
2. OBJETIVOS
Efetuar um estudo epidemiológico, com intuito de verificar a
expansão da leishmaniose visceral canina (LVC) no município de
João Pessoa – PB, nos últimos anos.
3. MATERIAL e MÉTODOS
Os dados epidemiológicos que compreendem o período
entre 2005 e 2011 foram fornecidos pelo Centro de Vigilância
Ambiental e Zoonoses (CVAZ) do município de João Pessoa – PB.
Para avaliar os dados foram realizadas analises estatísticas
por meio dos testes ANOVA e Friedman test, através do programa
Instat 3.0 com a finalidade de verificar diferenças significativas entre
os diferentes anos e em intervalos trimestrais de cada um.
202
Casos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) no município de João Pessoa-PB
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1, estão apresentadas as médias de caninos
reagentes para LVC no período de 2005 a 2011. Observou-se
diferença estatística significativa (P<0,001) entre o ano de 2008
quando comparado com os demais anos estudados.
Tabela 1. Médias de caninos reagentes para LVC no período de
2011.
Anos
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
57
144
232
1118
249
160
a
a
a
b
a
a
Média
4,8
12,0
19,3
93,2
20,8
13,3
DP
5,5
9,5
12,0
58,2
13,5
6,9
2005 a
2011
134
a
11,2
5,8
Médias seguidas de letras distintas diferem (P<0,001) significativamente pelo teste
de Friedman e ANOVA.
Posteriormente, foram realizados testes trimestrais de cada
ano, os quais também foram comparados com os demais anos. Na
tabela 2, estão apresentados os intervalos trimestrais que
apresentaram diferenças estatísticas significativas.
Tabela 2. Médias de caninos reagentes para LVC no período trimestral de
2005 a 2011.
Anos
Jan-Mar
Média
2005
15
a
5,0
2006
53
a
17,7
2007
77
25,7
2008
402
b
134,0
2009
38
a
12,7
2010
37
a
12,3
2011
38
12,7
Abr-Jun
Média
0
A
0,0
22
A
7,3
45
A
15,0
338
B
112,7
34
A
11,3
30
A
10,0
33
A
11,0
Jul-Set
Média
12
c
4,0
18
c
6,0
67
22,3
107
d
35,7
90
e
30,0
55
18,3
42
14,0
Out-Dez
30
51
43
271
87
38
21
C
C
C
D
C
C
C
Média
10,0
17,0
14,3
90,3
29,0
12,7
7,0
a, b
Médias seguidas de letras distintas diferem (P<0,05) significativamente pelo
teste de Friedman e ANOVA;
A, B
Médias seguidas de letras distintas diferem (P<0,001) significativamente pelo
teste de Friedman e ANOVA;
c, d, e
Médias seguidas de letras distintas diferem (P<0,01 e P<0,05)
significativamente pelo teste de Friedman e ANOVA;
C, D
Médias seguidas de letras distintas diferem (P<0,001 e P<0,01)
significativamente pelo teste de Friedman e ANOVA;
203
Casos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) no município de João Pessoa-PB
De acordo com os resultados é possível verificar que o ano
de 2008 foi um ano atípico, quando testado com os demais.
Segundo o CVAZ, os bairros que apresentaram maior frequência de
casos no referido ano foram: Mangabeira VIII, Bancários e Valentina
I, com 37, 34 e 28 cães positivos, respectivamente. O Bairro de
Mangabeira VIII apresentou um aumento de aproximadamente
183%, Bancários 70% e Valentina I 22% com relação ao ano 2007.
Furlan (2010) em seu estudo no município de Campo Grande
relata que foi registrado 568 casos confirmados de LV humana no
período de 2002 a 2006. Dantas - Torres e Bandão – Filho (2006)
em uma pesquisa epidemiológica no estado de Pernambuco
verificaram a notificação de 1.737 casos de LV entre 1990 e 2001.
De acordo com Azevedo et al (2008) a LV humana nem
sempre obedece a uma distribuição espacial paralela a do calazar
canino, pois as infecções caninas são mais frequentes que as
humanas, porém normalmente as precedem
Diante disso, percebe-se que o Brasil vem sofrendo uma
expansão e uma urbanização da Leishmaniose nas diferentes
regiões do país e atualmente é responsável por 90% dos casos de
leishmaniose visceral nas Américas (GONTIJO & MELO, 2004;
BRASIL, 2006; ALBULQUERQUE et al., 2007; AZEVEDO et al.,
2008).
5. CONCLUSÕES
Diante dos resultados é possível considerar que a LVC ainda
se encontra muito presente no ambiente urbano do Município de
João Pessoa. Medidas mitigatórias precisam ser mais intensificadas
para se alcançar o controle dessa zoonose.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, A.R; ARAGÃO, F.R; FAUSTINO, M.A.G. et al. Aspectos
clínicos de cães naturalmente infectados por Leishmania (Leishmania)
chagasi na região metropolitana do Recife. Revista Clínica Veterinária, v.
12, n. 71, p. 78-80, 2007.
AZEVEDO, E. M. R.; LINHARES, G. F.C.; DUARTE, S. C. et al.
Leishmaniose visceral canina em cão de Caldas Novas, Goiás. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, 17, Supl. 1, p. 339-341, 2008.
204
Casos de Leishmaniose Visceral Canina (LVC) no município de João Pessoa-PB
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA EM SAÚDE, Manual de Vigilância e Controle da
Leishmaniose Visceral. Brasília: Ed. MS, 2006.
Dantas-Torres, F. e Brandão-Filho, S. P. Expansão geográfica da
leishmaniose visceral no Estado de Pernambuco. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, v. 39, n.4, pag. 352-356, 2006.
Furlan, Mara Beatriz Grotta. Epidemia de leishmaniose visceral no
Município de Campo Grande-MS, 2002 a 2006. Epidemiol. Serv. Saúde,
Brasília, v. 19, n.1, pag.15-24, 2010.
GONTIJO, C.M.F.; MELO, M.N. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro
atual, desafios e perspectivas. Revista brasileira de epidemiologia, v.7, n.3,
p. 338-349, 2004.
NEVES, P. D.; MELO, A. L.;VITOR, R. W. A. Parasitologia humana. 11 ed.
São Paulo: Atheneu, 2005.
REY, L. Parasitologia. 2 ª ed. , Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
SANTOS, S. O. Padronização De Métodos Para Análise Da Resposta
Imune Órgão Específica Do Baço De Cães: Uma Contribuição Ao Estudo
Da Leishmaniose Visceral Canina. 2008.101f. Dissertação (Mestrado em
Medicina Veterinária). Universidade Federal Da Bahia. Salvador, Bahia.
TASCA, K.I.; BUZETTI, W. A. S.; TENÓRIO, M. S. et al. Exames
parasitológicos, imunoistoquímicos e histopatológicos para detecção de
Leishmania chagasi em tecidos esplênicos de cães com leishmaniose
visceral. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 18,
n. 1, p. 27-33, 2009.
205
Casos de Raiva Animal no Estado da Paraíba
CASOS DE RAIVA ANIMAL NO ESTADO DA PARAÍBA
Felipe Eduardo da Silva SOBRAL
Maria Railma Vieira de FREITAS
Marcos Antônio Jerônimo COSTA
1. INTRODUÇÃO
A raiva é uma zoonose ocasionada por vírus de alta
patogenicidade pertencentes ao gênero Lyssavirus, família
Rhabdoviridae, que acomete animais e humanos (Sato, 2006;
Carnieli 2009; Queiroz, 2009).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1998), cerca de
55.000 casos de raiva ao ano é transmitido somente por cães,
principalmente nos continentes asiático e africano. Alguns países
conseguiram abolir essa doença, como por exemplo a Inglaterra e a
Austrália. Outros mantêm o ciclo urbano da raiva sobre controle,
ocorrendo apenas casos esporádicos transmitidos por animais
selvagens, como é o caso dos Estados Unidos e alguns países da
Europa (Schneider et. al., 1996).
Conforme a Organização Panamericana de Saúde (1993),
vários países da América Latina ainda não conseguiram controlar o
ciclo urbano da raiva, entre esses se encontra o Brasil, apesar dos
grandes avanços voltados para o controle dessa enfermidade em
boa parte do país.
Segundo Schneider et al., (2005) no período 1990 a 2003 os
cães foram responsáveis pela transmissão da raiva humana em
65% dos casos registrados nas Américas. No ano de 2004, alterouse este perfil, sendo a maioria dos casos humanos transmitida por
animais silvestres.
2. OBJETIVOS
Realizar um levantamento epidemiológico dos casos de raiva
animal ocorridos no estado da Paraíba.
3. MATERIAL e MÉTODOS
A compilação dos dados foi realizada no Centro de Vigilância
Ambiental e Zoonoses (CVAZ) localizado no município de João
206
Casos de raiva Animal no Estado da Paraíba
Pessoa - PB. Os dados analisados pertencem aos anos de 2007 a
2011, tanto do município de João Pessoa, quanto do interior da
Paraíba.
Durante o intervalo de 2007 a 2011, foram extraídas
amostras de 576 animais, dessas 448 pertenciam a caninos, 93 a
felinos e 35 a outros animais. Das 576 amostras 443 foram
coletadas em animais do município de João Pessoa e 133 do
interior do Estado. Inicialmente, os cães e os gatos oriundos de
João Pessoa passaram por um período de observação, em canis e
gatis do CVAZ por um prazo máximo de 10 dias. Com a verificação
dos óbitos ou a efetuação da eutanásia, se fazia então, a retirada do
encéfalo. As amostras dos animais provenientes do interior do
estado chegavam a CVAZ acondicionadas em recipientes térmicos
como caixas de isopores. Todas as amostras eram identificadas,
congeladas e encaminhadas à análise laboratorial no LACEN-BA,
onde foram processadas pela técnica padrão de imunofluorescência
direta (IFD) para detecção do antígeno rábico padronizada com
conjugado anti-rábico e conjugado comercial antinucleocapsídeo
Bio-Rad® juntamente com a prova biológica (inoculação
intracerebral em camundongos) segundo método preconizado por
Koprowski (1996).
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 576 amostras analisadas, 15 apresentaram
resultado positivo e 561 resultado negativo. Dos 15 positivos, 4
eram caninos, 1 era felino e 10 outros animais, sendo, 9 ruminantes
e 1 quiróptero. Desses, apenas 2 pertenciam ao município de João
Pessoa, sendo 1 caso canino, ocorrido no ano de 2007 e 1 um
quiróptero, ocorrido em 2011. Os 13 restantes sobrevinham do
interior do estado e acometeu 3 caninos, 1 felino e 9 de outros
animais. Esses casos ocorreram entre os anos de 2007 a 2010.
De acordo com CVAZ, os casos positivos encontrados em
João Pessoa, um, o canino, pertencia ao bairro Ernesto Geisel e o
outro, quiróptero não hematófago, ao bairro do Bessa.
De acordo com os resultados é possível verificar que outros
hospedeiros além dos cães e gatos, que são os mais comuns na
zona urbana, têm sido acometidos pela raiva, pois o maior número
de casos positivos foi apresentado por outros animais. Este
207
Casos de raiva Animal no Estado da Paraíba
resultado se atribui a realização de campanhas vacinais nas cidades
e a não vacinação nas fazendas e demais propriedades.
Contudo, mesmo havendo uma tendência para o controle da
raiva canina, o risco de contrair a doença por outras espécies
animais continua existindo. Países de dimensões continentais como
o Brasil, com uma fauna nativa rica, precisam estar atentos, pois
novos casos de raiva canina podem surgir a partir da reintrodução
do vírus por animais selvagens, quando esses mordem o homem ou
animais domésticos (Brasil, 1995).
O conhecimento do tamanho e estrutura das populações de
animais reservatórios de infecções tal como a raiva, é fundamental
no planejamento de ações de controle da saúde das populações
(Andrade et al., 2009).
5. CONCLUSÕES
Apesar da presença de casos positivos é possível perceber
que medidas estão sendo adotadas para o combate da raiva animal
e os órgãos competentes vêm efetuando sua vigilância em todo
estado da Paraíba.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, A.M.; QUEIROZ, L.H.; PERRI, S.H.V.; et al. Estudo
descritivo da estrutura populacional canina da área urbana de
Araçatuba, São Paulo, Brasil, no período de 1994 a 2004. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 4. p. 927-932, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional da Saúde. Centro
Nacional de Epidemiologia. Coordenação de Controle de Zoonose e
Animais Peçonhentos. Programa Nacional de Profilaxia de Raiva.
Norma Técnica de Tratamento Profilático Anti-Rábico Humano. 2ª
edição – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 1995.
Carnieli, P.; Castilho, J. G.; Timenetsky, M.C. S. T. Genetic
characterization of Rabies virus isolated from cattle between 1997
and 2002 in an epizootic area in the state of Sao Paulo, Brazil, Virus
Res 144(1-2):0 (2009).
ORGANIZACION PAMAMERICANA DE LA SALUD. Vigilancia
epidemiologica de la rabia en las Américas. Buenos Aires, INPAZ,
1993.
208
Casos de raiva Animal no Estado da Paraíba
Pinto, C. L.; Alleoni, E. S. Aspertos da vigilância epidemiológica da
raiva em sub-regiões administrativas do estado de São Paulo,
Brasil, 1982-1983. Ver. Saúde públ., S.Paulo, v. 20, p. 288-292,
1986.
Koprowiski H. The mouse inoculation test. In: Meslin F-X, Kaplan,
MM, Koprowiski H (eds) Laboratory techniques in rabies. 4th edition,
World Health Organization, Geneva, p.88-96, 1996.
Queiroz, L. H.; Carvalho, C.; Buso, D. S.; et al. Perfil epidemiológico
da raiva na região Noroeste do Estado de São Paulo no período de
1993 a 2007. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,
v.42, n. 1, p. 9-14, 2009.
Sato, G.; Kobayashi,Y.; Shoji,Y.; et al. Molecular epidemiology of
rabies from Maranhao and surrounding states in the northeastern
region of Brazil. Arch. Virol. v. 151, p. 2243–2251, 2006.
Schneider, M.C.; Almeida, G.A.; Souza, L. M., et al. Controle da
raiva no Brasil de 1980 a 1990. Rev. Saúde Pública, v. 30, p. 196203, 1996.
Schneider, M.C.; Belotto, A.;
Adé, M. P.; et al. Situación
epidemiológica de la rabia humana en América Latina en 2004.
Boletim Epidemiológico/ Organização Panamericana da Saúde v.
26, p. 2-4, 2005.
World Health Organization. Field application of oral vaccines for
dogs. 1998. Acesso em 01 de Janeiro de 2009. Disponível em:
</www.who.int/entity/rabies/en/Field_application_for_oral_rabies_va
ccines_for_dogs.pdf.>
209
Capítulo XII
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
210
Programa de Educação e Assistência Nutricional (PROANUTRI): uma vivência em extensão
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA
NUTRICIONAL (PROANUTRI): UMA VIVÊNCIA EM
EXTENSÃO
Niedja Karla Silva de SOUSA
Denis Rafael Correia SANTOS
Luciana Maria Martinez VAZ
1. INTRODUÇÃO
O Programa de Assistência Nutricional (Proanutri) foi
cadastrado junto a CAPEX da Faculdade Unida da Paraíba
(UNPBFPB), Instituição filiada à Rede Laureate International
Universities, em julho de 2012, para a seleção dos educandos foi
realizado uma entrevista, avaliação teórica e o CRE, atualmente o
Proanutri é composto por 11 integrantes, sendo: 01 Professora
Coordenadora, 09 extensionistas, 01 colaborador. O Proanutri
propõe-se a refletir e elucidar a importância das práticas educativas
em Nutrição, a assistência nutricional e o cuidado humanizado em
saúde.
Dado o início do Projeto, começamos a vivenciar o cotidiano
da unidade de saúde e percebemos a necessidade de práticas e
intervenções para a promoção e recuperação de saúde,
contribuindo para o fortalecimento das políticas públicas.
A Política Nacional de Promoção da Saúde do Ministério da
Saúde, criada com o objetivo de promover a qualidade de vida e
reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus
determinantes e condicionantes (modos de viver, condições de
trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a
bens e serviços), tem como um dos seus eixos estratégicos, a
promoção da alimentação saudável (BRASIL, 2006).
De acordo com o Ministério da Saúde (2008), como forma de
promoção à saúde temos uma Política de Humanização que é o
aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e
de sujeitos. Diante do exposto, percebe-se a grande relevância
social e acadêmica de um projeto de extensão como este. A Política
Nacional de Humanização (PNH) preconiza a necessidade de
promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no
Brasil; aprimorar as relações profissionais e usuário, dos
profissionais entre si; fortalecer e articular as iniciativas de
humanização na rede pública; conceber e implantar novas iniciativas
211
Programa de Educação e Assistência Nutricional (PROANUTRI): uma vivência em extensão
que venham beneficiar os usuários, os profissionais de saúde, e
nesse projeto especificamente, os graduandos; desenvolver
habilidades e atitudes baseados em competências, com incentivo ao
serviço de saúde humanizado.
Portanto, o Proanutri além incentivar e propor ações em
Saúde e Nutrição, diagnosticar situações de risco nutricional e
elaborar intervenções para controle e prevenção de doenças
associadas à Nutrição, ocorrendo de maneira humanizada. Para que
esse trabalho seja realizado dessa forma é preciso antes entender a
concepção do ser e o meio em que vivem e observar o homem em
sua forma física, biológica e social.
2. OBJETIVOS
Incentivar e propor ações de práticas educativas em nutrição
para a promoção de saúde na comunidade, buscar a integração
profissional-comunidade, diagnosticar situações de risco nutricional
e elaborar intervenções para controle e prevenção de doenças
associadas à Nutrição.
3. MATERIAL E MÉTODOS
As ações do Proanutri são realizadas com material de apoio,
de caráter informativo e educativo, como: folder de alimentação
saudável, orientação nutricional de acordo com as patologias
apresentadas pelos assistidos. Os instrumentos utilizados para
avaliação nutricional antropométrica são a balança portátil, fita
inelástica, adipômetro científico e estadiômetro, todos da marca
SANNY.
São desenvolvidas atividades como assistência ambulatorial
com atendimentos individualizados às crianças, adolescentes,
adultos, gestantes e idosos; Visitas domiciliares aos indivíduos
impossibilitados de deslocar-se ao Laboratório de Assistência
Nutricional da Faculdade Unida da Paraíba (UNPBFPB); além de
Oficinas de Alimentação e Nutrição com ciclos de palestras na UBS
e escolas apoiando o Programa Saúde na Escola (PSE).
A utilização de Oficinas de Alimentação e Nutrição,
elaboração e distribuição de material educativo e ciclo de palestras
são “ferramentas” indispensáveis na busca da conscientização da
população para o consumo da alimentação adequada e saudável,
212
Programa de Educação e Assistência Nutricional (PROANUTRI): uma vivência em extensão
mudanças nos hábitos de vida, como o abandono ao sedentarismo
e adesão à prática de atividade física.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por ser recente a atuação do Projeto na comunidade, o
levantamento das necessidades de saúde do território está sendo
mapeada. Porém, diversas ações educativas e humanizadas
voltadas para a promoção da saúde e prevenção de doenças
tenham sido desenvolvidas para a comunidade universitária e
entornos do bairro Tambiá, além de participação em eventos no
município de João Pessoa-PB.
De acordo com Vasconcelos et. al (2006), é fundamental a
criação e o fortalecimento de espaços de ensino, pesquisa ou
extensão que oportunizem a aprendizagem pautada em uma prática
humanizada, que contemple os anseios e inquietações do
indivíduo/família/comunidade e reconheça a saúde como um
processo produzido socialmente.
A construção do vínculo e a contribuição positiva dos
colaboradores do Proanutri é uma estratégia utilizada pela equipe, a
fim de estabelecer um potencial elo entre a Instituição e à
comunidade a qual está inserida, proporcionando à comunidade um
acompanhamento diferenciado e/ou personalizado; e aos
extensionistas, a oportunidade de tornarem-se profissionais com
competências, habilidades e atitudes capazes de prestar um
cuidado nutricional de qualidade.
213
Programa de Educação e Assistência Nutricional (PROANUTRI): uma vivência em extensão
5. CONCLUSÕES
Considerando que a oferta do cuidado em saúde de maneira
humanizada necessita ser urgente e propícia à população assistida,
o Proanutri revela-se de grande relevância acadêmica e social, tanto
para os extensionistas com a interação do conhecimento científico
com a vivência popular através do diálogo, criando oportunidades de
aprendizado dinâmico, quanto para a comunidade com propostas de
contribuição significativa para a melhoria da saúde da comunidade.
214
Programa de Educação e Assistência Nutricional (PROANUTRI): uma vivência em extensão
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da
Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60 p. (Série B. Textos
Básicos de Saúde).
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza
SUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS.
4ª edição, Editora do Ministério da Saúde, Brasília, 2008.
VASCONCELOS, Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto de; PEREIRA,
Ingrid D’Avilla Freire; CRUZ, Pedro José Santos Carneiro. Práticas
Educativas em Nutrição na Atenção Básica em Saúde:
Reflexões a partir de uma Experiência de Extensão Popular em
João Pessoa-Paraíba. Revista de APS. 2008, Vol. 11, Nº 3.
Disponível
em:
<http://www.aps.ufjf.br/index.php/aps/
article/viewArticle/347> Acessado em Dez. 2012.
215
Este livro foi publicado em 2012
Rua João Alves de Oliveira, 28 - Centro - CEP 58100-250
Campina Grande - PB - Fone: (83) 3341-2500
216
SIMPÓSIO PARAIBANO DE SAÚDE:
Tecnologia, Saúde e Meio Ambiente à Serviço da Vida
O SIMPÓSIO PARAIBANO DE SAÚDE está destinado a estudantes e
profissionais da área saúde (nutrição, farmácia, enfermagem, fisioterapia,
educação física) e áreas afins e tem como objetivo de proporcionar, por meio
de um conjunto de palestras, mesa redonda e apresentações de trabalhos,
subsídios para que os participantes tenham acesso às novas exigências do
mercado e da educação no contexto atual. E ao mesmo tempo, reiterar o intuito
Educacional, Biológico e Ambiental de inserir todos que formam a Comunidade
Acadêmica para uma Educação sócio-ambiental para a Vida.
Foram abordados diversos temas durante o evento, como Dermatoses
corriqueiras: diagnóstico e conduta, Saúde e Meio Ambiente, Aplicações da
Biotecnologia na Saúde, Plantas medicinais em Odontologia, Biossegurança
Aplicada a Pesquisa Científica, Avaliação física nutricional, O cuidar por você e
pelo outro.
Diante da grandiosa contribuição dos artigos aprovados, este livro
contribuirá para o conhecimento dos alunos da área de Saúde, envolvendo
Genética e Biologia Molecular; Genética Humana; Saúde e Meio Ambiente;
Nutrição, Saúde e Segurança alimentar; Bioquímica dos alimentos e
Epidemiologia.
NOTA SOBRE OS ORGANIZADORES
GISELLE MEDEIROS DA COSTA ONE: Possui graduação em
Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade
Estadual da Paraíba (2002), mestrado em Fitotecnia pela Universidade
Federal Rural do Semiárido (2006), Doutoranda em Biotecnologia pelo
RENORBIO. Professora efetiva da Faculdade Maurício de Nassau de
Genética, Bioquímica dos alimentos e Metodologia da Ciência.
Experiência na área de Educação (com ênfase em educação
ambiental), Microbiologia, Bioquímica dos alimentos e Genética.
HELDER NEVES DE ALBUQUERQUE: Possui graduação em
Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual
da Paraíba (1999), Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
pela Universidade Federal da Paraíba (2002) e Doutorando em
Ecologia Vegetal e Meio Ambiente pela Universidade Federal da
Paraíba (2009). Biólogo da FURNE, com experiência docente no
Ensino Fundamental, Médio, Graduação e Pós-Gradação. É o atual
Diretor Presidente do Instituto Bioeducação.
217

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