intercâmbio entre brasil / namíbia / angola
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intercâmbio entre brasil / namíbia / angola
Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br INTERCÂMBIO ENTRE BRASIL / NAMÍBIA / ANGOLA Integrantes do Brasil Eli Sandra Santana Santos Santana João Donizetti da Cunha Sandra Simões de Abreu Lessi Integrantes de Angola David (CARE) Afonso Delfina Fabricio (DW – Action) Alfeu Integrantes da Namíbia Ana Muller Edith SDI Stefano Marmorato Dia 14.06.08 – Evento Cerimonial Fomos direto do aeroporto para uma cerimônia de inauguração de casas na qual estavam presentes várias autoridades: Embaixada do Brasil (já haviam ido embora) Prefeito e Conselheiros da cidade ? Estavam presentes ainda Joel, Stefano e Representantes das duas ONG’s que atuam em Angola: Care - Daniel, representantes da comunidade Delfina, Afonso, DW Action – Fabricio e representante da comunidade, Orfeu. 1 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Após o almoço, dividiram-se os grupos, entre comunidade e ONG’s. Na conversa com as ONG’s, Joel e Anna ressaltaram a importância da autonomia das comunidades, bem como enfatizaram um diálogo sobre a Federação; David disse que para mudar o estágio dos grupos de poupança em Angola é necessário algum projeto que mostre resultados, Fabricio questionou muito a proposta da Federação, neste momento apresentei a situação do Brasil e o momento dos grupos de cada região. Dia 15.06.08 - Encontros nas Comunidades, Dois grupos de poupança estavam presentes. Apresentaram a forma como realizam o « Controle » das poupanças do próprio grupo. Decidiram que os poupadores ficariam com uma folha – espelho do quadro semana (ou seja, o valor poupado de cada membro) e a caderneta do poupador ficaria com o tesoureiro, pois, segundo haviam muita rasura e problemas na conferência. Algumas mulheres estavam passando os valores dos quadros para as cadernetas. 2 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br No período da tarde fomos a um encontro regional de grupos de poupança no qual estavam presentes aproximadamente 60 pessoas, e eles conferiram grupos opostos, não ficou claro o que estava acontecendo. A sensação que tivemos é que eles haviam deixado de marcar os valores nas cadernetas e estavam atualizando. Após este controle, houve informes gerais, sendo : Encontro dos grupos; Continuidade do Diagnóstico (perfil) dos assentamentos irregulares; Preparar discussão sobre saneamento e posse da terra; Cadastro Nacional; Windhoek previsto terminar em julho. Iniciaram então a discussão sobre a pauta entregue (ver anexo) para próxima etapa. Por conta da necessidade em concluir o perfil (diagnóstico) das áreas e de alguns dados que são levantados discutiu-se: 1. Tempo de ocupação, sendo a mais antiga -1997; 2. A quem pertence, existe algum documento? Conhece o proprietário? Há dialogo com o proprietário? 3. Diagnóstico das casas: Material utilizado (aproximadamente 3.800 casas); 4. Infra-estrutura (seis banheiros coletivos, não há água ou energia elétrica). 3 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br À noite, após o encontro com os grupos de poupança fomos para a Associação de Moradores onde houve uma avaliação e encaminhamentos de propostas para os grupos da Namíbia na área rural. Entre os pontos discutidos avaliou-se: Troca de informações sobre conquista da terra; Muita luta para atingir os objetivos; Experiência sobre o « controle » dos grupos, valores poupados e número de poupadores; Como deve ser a continuidade depois que a pessoa recebe sua casa? Zona Rural – OK sete grupos; Zona Urbana – não há grupos (meta); Conhecimento da metodologia por novos grupos; Comunidade da área rural – agricultura de subsistência e sistema de troca. Entre as discussões a representante Ana questionou: Quantos poupadores em cada grupo; Quanto se poupa; Como usam o dinheiro. Refletiu-se, no entanto que após iniciarem a participação nos grupos de poupança, puderam: “Conhecer questões financeiras, acesso aos bancos, acesso a tecnologias (principalmente construção de blocos)” Dia 16/06.08 - Encontro na Prefeitura de Windhoek Presentes: Eli, Geraldine e David. (prefeitura) Delegação integrante do intercâambio Apresentaram programa municipal, que é desenvolvido em 6 etapas: 0. Novo assentamento, nível emergencial, torneira, banheiro público e acesso; 1. Banheiro comunitário e torneira a 200 metros da casa no máximo; 2. Grupos de 30 famílias mais ou menos – banheiro, torneira comunitária, constituem-se como associação, objetivo de comprar a terra, mapeamento da área 4 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br 3. 4. 5. 6. aceito pelo governo, negocia-se a terra (Obs.: do governante se for da Federação melhor uma vez que já estão organizados); Atendimento individual, igual ao coletivo, entre os níveis 0 a 3 eletricidade não esta incluída, entre 30 famílias negocia-se de acordo com a capacidade de pagamento da família para ter água individual e propriedade; Até o 6 em áreas formais, planta de loteamento e custo aprovado; Execução do nível 4; Ruas asfaltadas, instalação de iluminação pública e possibilidade de instalar luz para as famílias que podem pagar. O objetivo do programa é oferecer infra-estrutura nas terras destinadas à construção de baixa renda. Hoje há um processo de migração intenso; Existem regiões da cidade com total infra-estrutura e outras totalmente sem infra-estrutura. Entre as responsabilidades de recuperação de custos, é um objetivo: As famílias pagarem pelos serviços, embora muito caro, devem devolver aos poucos a infra-estrutura negociada; Habitação problema nacional agravado pela crise do petróleo; 335 mil habitantes, 40% pagam impostos, por água, eletricidade etc.; Subsídios cruzados ricos pagam mais, pobres pagam menos; Entendem que a cidade faz um empréstimo ao morador quando levam a infra, há um agente intermediário do governo federal. 5 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Histórico: Em 2006 houve uma epidemia de poliomielite, isto fez com que o governo refletisse sobre o saneamento básico, estão desenvolvendo dois projetos pilotos, baseados na OMS: a) Onde começou o surto de poliomielite está sendo previsto 01 banheiro para cada 20 pessoas, ou seja, 04 famílias. Não há rede de esgoto, urinas e fezes são utilizadas para agricultura, sendo este procedimento aprovado pela OMS; b) Avaliação da capacidade de pagamento – critérios: 1. 25% renda: Individual renda de 500 dólares namibianos; 2. Grupos – casas padronizadas, independente da renda – construídas em blocos de 10 – pagam diretamente ao vendedor ou ao agente financeiro; 3. Grupos organizados pela federação; 4. Federação constrói antecipadamente e município repassa o dinheiro. c) Taxa de juros de 4% ano até 3.000 dólares namibianos renda mensal, 12% ano até 40.000 dólares namibianos renda mensal. Água e energia elétrica são fornecidos por empresa estatal, são serviços caros, uma vez que importam água e energia. As pessoas fazem pagamento antecipado, compram cartão com crédito. Preço gradual de acordo com o consumo: 7 dólares namibianos 10 dólares namibianos 15 dólares namibianos . 16.06.08 - Ministério da Habitação. Presentes: Sra Kamboua, diretora do ministério de habitação e desenvolvimento rural; Vários funcionários e integrantes da delegação Sra. Kamboua apresenta histórico: Em 1990 governo define prioridades: 1. Saúde 2. Educação 6 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br 3. Água 4. Habitação. Habitação classe média e alta diretamente pelos bancos. A partir de 1992, o governo começa a atender baixa e baixíssima renda; UN Habitat – estratégia de programa de Habitação; Critérios: a) Renda menor que N$ 3.000; b) Idade entre 18 a 50 anos; c) Rural e urbano d) Empréstimos individuais pagos em 20 anos a taxa de 4 a 7 % anual. e) Habitação social/reforma; f) Urbanização; g) Casa não pode ser construída antes da infra-estrutura, ficam nos barracos. Governo Central – define políticas públicas; Agencia nacional de habitação – Fundo com os valores dos pagamentos; NHGA e demais ONGs são parceiros. Municipalidade “cuidar dos munícipes”. Na Namíbia, casa não é direito, mas responsabilidade do morador. Descentralização – governo local em parceria com ONGs; Parceria com Federação, doação de N$1.000.000,00 – devem comprovar os gastos; Intercâmbios subsidiados pelo governo – convidam membros da federação para intercâmbios; O governo subsidia ainda supervisão, formação, workshop anual para avaliar, busca de material alternativo, habitação social para morador de rua, deficientes, idosos (baixo preço – aluguel). A cada 10 casas construídas 5 vão para o mercado e 5 para o aluguel social, depois de 7 anos podem comprar a moradia. As casas eram alugadas antes da aprovação /regularização resultando em “vandalismo”, por conta disto, estão pensando em individualizar o serviço. Favelas de homens – grande precariedade – resultado do apharteid Regularização fundiária Hoje estão em processo de avaliação. Fundo Nacional: 1 – Orçamento do governo; 2 – Retorno de pagamentos. 7 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Taxa de adimplência de 65% (média nacional), índice varia de 100% a 45%. Custos adicionais: Seguro de vida Seguro da terra Estão elaborando perfil/diagnóstico das áreas para facilitar o planejamento, itens levantados: Renda, necessidades, exceções Este perfil esta sendo elaborado pela federação, a proposta é apresentada nas áreas pelos membros da federação, “Fórum para o Habitat” todos são chamados à participar; Intercâmbios com o Brasil; CEF e Reciclagem de lixo; Anna faz histórico da Federação: 1987 – Namíbia tem estrutura de cooperativa de crédito junto as Igrejas, o trabalho é feito por técnicos com poucos resultados; 1992 – Os grupos se unem e formam uma associação de associações e decidem contratar ONG’s para dar suporte técnico e definem que a Federação é independente da ONG. Papel da ONG Apoio e fortalecimento em programas de aprendizagem; Censo; Contribuir para abrir as portas de diálogo com o governo; Relatórios; Projetos, etc. Hoje na Federação da Namíbia existem 20 mil famílias, no país são 2 milhões de pessoas. Na ONG existe três pessoas que apóiam tecnicamente. Conquistaram 3.500 lotes, Devolução das terras rurais, Problemas urbanos não são prioridades. 8 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br ANGOLA 18.06.08 Manhã Iniciamos a visita na comunidade de Palanga Kilamba Kiaxi bairro do Viana 9 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Grupo Nova Esperança Antonia (Care), Afonso (líder comunitário), Manoel (presidente da associação e liderança) Sara (tesoureira) do grupo Bom Samaritano, João Elias (Líder comunitário) Afonso, Filomena Cristina, Ana Moraes (membros da comunidade poupador) Malezaiel, Geremias (fiscal) Manoel (conselheiro) Pedro (fiscal) Gaspar, Bensita (ODA) Francisco. Depois da apresentação geral, (as mulheres tem muita vergonha em falar o nome) iniciam os relatos sobre os grupos de poupança: Esperança II – Afonso Poupam quinzenalmente. Objetivo – construção de escolas e centro de alfabetização; Projeto de fontenário – 300 dólares quinzenalmente Iniciaram a legalização do terreno para o fontenário (Local com torneiras onde as pessoas buscam a água em tambores, são filas imensas). Bom Samaritano - João Elias 7 membros, poupam quinzenalmente 500 kuanzas Iniciaram em abril de 2008 Objetivo: Combater a pobreza (geração de renda) Construção de casas de alvenaria, aproximadamente 10% são de chapa de zinco (2) Diferente da Namíbia e mais próximo de Brasil, as pessoas constroem suas casas de alvenaria, somente as famílias muito pobres mantém com chapa de zinco, não sabiam relatar muito sobre questões como regularização, mas existem pessoas dentro dos 10 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br muzeques (favelas) que já tem o terreno legalizado, tive a impressão que se apossam e solicitam regularização individual. Esperança I – Manoel Iniciaram em 2003 com 18 membros, hoje são 12 membros, 4 desistiram e 2 morreram, utilizaram o dinheiro poupado para o funeral. Continuaram a poupança e conseguiram a primeira creche (em parceria com a Care e Ceck ); ONGs financiaram a creche; Grupo comprou alimentação, localizou o terreno, construíram a creche, compraram também TV e estofados. Hoje a creche atende 41 crianças (pagam) Trabalham na creche 7 pessoas, 1 homem (supervisor) e 6 mulheres Governo não contribui por ser um serviço privado. As pessoas recebem de 11.000 a 5.000 kuanzas e 800 kuanzas são descontados como poupança. Supervisor 11.000, ajudante 8.000, cozinheira 7.000 e monitor 5.000 por 2 hs Compraram novo terreno por 2.500 dólares americanos Boa Nova – Nestor Alves 13 pessoas – poupança semanal Mensal 1.000 kuanzas Objetivo: Terreno e escola Namíbia – Edith Grupo com 45 membros, não tem valor fixo, quando iniciaram havia um valor fixo, mas isso afastou as pessoas mais pobres. Afirmou que a federação é uma rede de grupos de poupança onde as mulheres mais pobres podem participar e serem ativistas. 70% das pessoas tem trabalho informal, vendem algo nas estradas. Quando a pessoa mais pobre vem pedir ajuda, eles ajudam a montar um pequeno negócio. Objetivo do grupo: segurança na posse, aquisição do terreno e saneamento. Construção das casas – ritual: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Recolher informação (censo) Cerimônia para entrega (ao governo) Protótipo de uma casa (convida o governo a conhecer) Antecipam a proposta ao governo Negociam execução com o governo Iniciam a negociação com o governo 11 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Em um outro momento a Elisandra de Vila Real (Brasil) falou sobre a poupança em seu bairro, bem como sobre a forma e objetivos. Mostrou o mapa da Vila Real e também da importância em estar juntos, “nosso governo é aberto ao dialogo, há reuniões para discutir o orçamento municipal, mas havia resistência entre as pessoas da cidade que moram em casa legalizadas, elas achavam que não deveria gastar dinheiro público na Vila Real. Quando nós começamos o censo e reunirmos em grupos, fomos mais ouvidos e respeitados”. “Com o censo, pudemos conhecer cada pedaço da minha comunidade, saber qual problema era mais grave, onde há problemas de casas caindo e onde há problemas de enchente. Lá quando chove a água desce pelas ruas e fica impossível andar. No grupo de poupança não ha valor estabelecido, qualquer valor é importante. O tesoureiro coleta uma vez no mês, mas se a pessoa vai comprar pão e sobra uma moeda e ela quer poupar, passa na casa do tesoureiro e poupa. Somos mais fortes agora”. O outro representante do Brasil Sr. João se apresenta como membro de uma cooperativa de reciclagem, tesoureiro do grupo de poupança, e relata que um dia da coleta é destinado a poupança com o objetivo de comprarem máquinas necessárias para o funcionamento da cooperativa, disse também que participa como poupador na Vila Real. Edith retoma a palavra e fala da importância da distribuição de tarefas nos grupos, de “abrir” as contas a cada membros e organizar-se através das mulheres. Pastor Manoel – todos tem que entrar no grupo (devem poder). Abriu-se para dúvidas e a primeira pergunta foi sobre quando o grupo já esta formado, como faz com o novo membro, deve dar o valor que cada pessoa tem poupado? 12 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Foi explicado que cada membro tem sua caderneta, para saber quanto tem poupado, não importa quanto o outro tem cada um sabe o quanto poupou e sabe quanto o grupo tem. Relatam que quando uma pessoa não pode poupar o valor estabelecido ficam « devendo » ao grupo. Stefano fala que isso desestimula a participação, se naquele mês ela pode poupar menos, deve-se aceitar sem ficar com dívida. Manoel fala que estamos todos unidos porque temos a mesma idéia Angola /Brasil/Namíbia. Palanca – novos grupos Grupo Estrela Iniciando nesse momento. Antonia relata que a Care dá um treinamento quando o grupo vai iniciar, são 5 encontros com os membros e a ONG, (Objetivo do grupo, regras do grupo, controle das contas, indicação dos tesoureiros, esclarecimento de dúvidas) Poupança semanal – 200 kuanzas 12 membros – 8 mulheres e 4 homens Objetivo do grupo: construção de creche 13 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Florinda, Josefina (líder), Eva David (tesoureira), Lurdes (tesoureira) Inês Diwasingani, Mussanfa, Geremias Grupo Sonho Iniciando nesse momento Cinco pessoas: duas mulheres e três homens Objetivo moagem para geração de renda Por estarem se constituindo agora, tem muitas dúvidas: P. Se quiserem poupar mais, pode? R. Sim, a decisão deve ser do grupo P. Dinheiro de quem morre? R. Pode ser devolvida a família ou ela continua a poupar P. Empréstimo de que valor? R. Na Namíbia empresta o valor poupado, mas a decisão é do grupo, pode emprestar valor maior desde que decidido pelo grupo. 18.06.08 – Tarde Reunião no escritório da Care Presentes: Daniel, Ilda e Antonia Stefano Anna, Edith, Sandra, Eli e João Stefano inicia com um resumo sobre a manhã, a reunião foi realizada em inglês com traduções em resumos. Care irá implementar um grande projeto/programa com os grupos de poupança. Anna e Stefano questionam o que se fará com os atuais grupos e o objetivo do projeto. Antonia fala que esta implementado para formar a rede social dentro de uma comunidade e também formar uma federação e associarem-se a rede internacional, somente com as comunidade fortalecidas, sendo que com estas podem advogar com o governo. Daniel fez uma análise sobre Angola, houve e há muita oferta de micro-crédito e as comunidades ficam esperando ajuda, assistencialismo prejudicando a mobilização. A instituição mede os resultados em números, diferente dos trabalhadores da instituição que entendem os grupos como um meio. Entendem que mesmo os grupos pequenos podem levar a uma transformação o projeto se chama: AGORA SOMOS /ESTAMOS PODEROSAS. 14 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br A coordenação da Care aprovou o projeto e quer implementá-lo, a fim de: 1. Promover a poupança através da Care, pois dá credibilidade (várias pessoas perderam dinheiro com a « pirâmide ») 2. Outros programas de infra-estrutura 3. Integrar os grupos de poupança em outros projetos da Care 4. Em Angola tem que haver associações formalizadas para poder dialogar com o governo. Anna questionou como a Care pensa em realizar o trabalho para que os grupos se apropriem do processo? Daniel concorda com a avaliação e a dificuldade da Care em implementar os grupos de poupança, principalmente devido este não ser o principal projeto da instituição. Ele, Antonia e Ilda foram os pioneiros no trabalho. Neste momento, apresentou outros programas: ODA - China – construção de 150 fontes ODA – Registro de Crianças – apoiado pela UNICEF e Ministério da Justiça ODA – Organização Desenvolvimentos das Áreas Comissão de moradores (indicado pelo governo) Este projeto foi inicialmente desenvolvido pela CARE, hoje estão caminhando sozinhos. Edith pergunta como estão as pessoas que participaram do último intercâmbio. Antonia responde que estão bem, mas não incentivaram trocas locais. Edith reforça que o objetivo principal é o de inclusão de mulheres muito pobres, mas que se transformem em mulheres fortalecidas. Daniel diz que a proposta do SDI – « caótica », poder errar, fazer bobagens etc., é um risco que eles não estão dispostos a correr. Anna propõe uma forma de controle entre os grupos, como presenciado no domingo. Daniel acrescenta que no sul de Angola a situação está melhor, há confiança. Proposta de intercâmbios entre Luanda e o Sul de Angola. 15 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br 19.06.08 - Kapalanga – Delfina Presentes: 35 pessoas, 4 homens, as demais são mulheres e são poupadoras, algumas participam de um grupo chamado OMA. Estão presentes representantes de 8 setores da comunidade. Francisco foi eleito representante da área do Kapalanga, chefes de setores são mulheres. Relatam que em Kapalanga há quinze fontenário, cada um tem cinco torneiras. Primeiro projeto desenvolvido com o apoio do FAS – Fundo de apoio Social e a DW Action – Micro-crédito. Grupos de Micro-credito 14 pessoas, crédito coletivo, no inicio pode-se emprestar entre 250 dólares e 1000 dólares. OMA – Organização de Mulheres Angolanas Uma mulher presente questiona porque a visita esta sendo nesta comunidade quando tem outras também que deveriam ser visitadas. Antonia fala com bastante dificuldade que as reuniões são marcadas dependendo do tempo dos visitantes. Delfina relata sua viagem a Namíbia, relata que viu grupos de mulheres pobres poupando para terem suas casas, que assistiu a inauguração de 50 casas. A chave são as mulheres unidas. Relatou também que as mulheres vieram de vários lugares para participar da inauguração, que traziam seus colchões e ficavam juntas. 16 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Delfina inicia dizendo como resolveu participar da luta por melhores condições de vida, contando que sua casa fica em frente a uma auto-estrada e o fontenário do bairro era do outro lado. Um dia viu uma mãe com dois filhos pequenos (um nas costas, o outro segurando pela mão e ainda carregando água), parou para arrumar o bebê nas costas e a filha maior, mas muito pequena entrou na estrada e foi atropelada. Desde então, iniciou sua luta para ter também um fontenário deste lado da estrada. Delfina faz um relato sobre a situação dos angolanos: Que tiveram de deixar suas propriedades durante a Guerra e hoje não tem nada, Idéia da poupança é boa, mas o micro-crédito é melhor, as mulheres querem crédito para gerar renda. Percebe-se que as pessoas presentes esperam receber alguma « doação »ou investimento pelo SDI, então Stefano fala que o SDI não faz doações. Delfina, então chama uma mulher presente na reunião para dar um depoimento, a mulher que segura seu bebê nos braços se apresenta como viúva, que mora na casa que o marido trabalhava e que o dono da casa quer colocá-la na rua, ela disse ainda que não têm trabalho. Em seguida, chama outra mulher grávida que fala de sua situação de não ter casa ou trabalho, que fica nas comunidades que a ajudam. Delfina então fala o que se pode fazer por estas mulheres. Stefano passa a palavra para Eli, não sei o sentimento de Eli, mas era uma situação bastante difícil, mas Eli começou falando do grupo de poupança, de como a comunidade se organiza para melhorar as condições de vida. Fala que não é somente o dinheiro que é importante, mas a chance das pessoas ficarem juntas. João fala da cooperativa, que também fazem artesanato para gerar renda, que em Angola há muito material reciclável jogado na rua, que se ele morasse em Angola ficaria rico, que as pessoas podem pensar nisso. Edith o saúda como na Namíbia VIVA! Ela inicia falando que todos os dias se orgulha de ser membro de um grupo de poupança, chama as mulheres que deram o depoimento e fala que vai contar a sua história. Neste momento ela revela que era muito pobre, com 7 filhos, marido desempregado, pagando aluguel de uma casa de um cômodo de 50 dólares namibianos. Seu salário como empregada doméstica era de 20 dólares namibianos, então chegava em casa e continuava a trabalhar, quase não dormia ou descansava, começou a participar dos grupos de poupança, e hoje a sua situação mudou, tem uma casa com um quarto para ela e seu marido. De modo enfático diz: 17 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br « A solução começa por você », você deve mudar a sua vida. Somos pobres, mas somos ricos em idéias e pensamentos, somente precisamos de um suporte técnico. Mas somos nós que devemos ser forte. Eu me orgulho das mulheres. Depois da fala de Edith, algumas mulheres perguntam sobre o grupo, neste momento não pude perceber muito interesse na proposta. Como forma de despertar o interesse Eli mostra o mapa da Vila Real, fala da importância em se conhecer a sua área e ter informações para conversar com o governo. 19.06.08 - Workshop Angola Ilda coordenadora, mais quatro pessoas da Care, 18 membros de grupos de poupança e seis pessoas que participaram de intercâmbios anteriores. A apresentação é muito formal, as pessoas em Angola demonstram orgulho por títulos (coordenadora, líder, etc.) Estavam presentes representantes dos grupos de poupança que visitamos, e representantes de outros grupos de poupança e micro-crédito. Iniciou-se a reunião com o relato de Cecília, que participou anteriormente de intercambio na Namíbia (totalizando sete intercâmbios). Os relatos são positivos ao intercâmbio, todos dizem ser uma ótima experiência, porém poucos conseguiram implementar a proposta dos grupos de poupança. 18 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Sr. Afonso também faz seu relato: “Vi que a poupança é feita entre os mais pobres, que os grupos conseguem manter um diálogo com o governo, há preocupação com as diversas poupanças e que o trabalho é em colaboração com a ONG”. Sentiu-se esclarecido quanto a proposta e acredita ser possível implementar a poupança diária, propõe também discutirem habitação como objetivo dos grupos. Delfina apresenta sua avaliação (já relatada anteriormente). Propôs trocar experiências entre os grupos já existentes. Percebemos que há um debate de idéias sobre as propostas apresentadas, são várias opiniões e diferentes visões. Conclusões do debate: Precisam conquistar espaços; Precisam convidar os chefes de associações para participarem dos debates; Ana provoca a discussão sobre o papel da CARE, iniciam falando que a instituição é o carro chefe, a que conduz e que leva o programa. Felix é tesoureiro de um grupo de poupança e micro-crédito fala da importância de ter a Care à frente. Edith relata sua experiência. “Em 1987 iniciam os grupos de poupança na Namíbia, através da igreja, eram uma espécie de cooperativa, os funcionários eram responsáveis por formar novos grupos, o processo era muito lento e os grupos não tinham autonomia. Em 1992 separam-se da instituição e contratam uma ONG para dar assessoria técnica, como elaborar projetos, informações técnicas. Começamos a formar novos grupos de poupança e a dialogar com o governo”. Perguntam como a federação é estruturada, Ana faz um organograma da federação: Desenho de uma rede de poupadores – uma área/comunidade 19 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Todos os grupos de uma rede se encontram-se uma vez ao mês ou bimensalmente. O encontro da rede realiza-se por meio de representantes. Quanto aos encontros nacionais, acontecem anualmente. Stefano reforça que o representante « trabalha » para os grupos de poupança. Eli também fala da importância da troca, que ajuda a esclarecer e fortalecer, propõe que as ODAS e grupos de poupança trabalhem juntos. Neste momento fiz um paralelo entre Brasil e Angola, a dificuldade dos grupos perceberem o papel da ONG, a importância da autonomia e da minha expectativa para que Eli e João colaborem no retorno do intercâmbio nesta discussão. Ana reforça que os grupos devem ser fortes, devendo iniciar um diálogo com o governo e que a CARE pode facilitar, abrir portas. Em seguida, Felix pede a palavra, declara a importância de serem fortes mas que talvez seja necessário um tempo ainda de discusão sobre a proposta, que hoje as ODAS tem autonomia. Um dos presentes propõe de se reunirem e discutirem o papel da CARE e a continuidade dos grupos de poupança. Como encaminhamento a CARE promoverá o encontro entre os 200 grupos existentes. 20.06.08 - Retorno a Namíbia, Eli e João ficam mais um dia em Angola. 21.06.08 - Ondagwa/Eenhana Evento oficial para o início da construção de 21 casas. Estavam presentes prefeito, além de diversos conselheiros/vereadores e parceiros. Houve muito discurso, distribuição de camisetas por parceiros, doação de valores pela TV local à federação. Algumas pessoas receberam o « termo de quitação » por terem pago suas casas. Depois dos discursos, iniciaram a construção cavando as fundações e fazendo blocos. Devido o terreno ser totalmente arenoso, no final do dia as valas para fundações estavam prontas e vários blocos também, mas deveriam esperar sete dias para « apurar ». Almoço com as autoridades. Fomos também ao almoço com a comunidade. 20 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br 22.06.08 - Anna retorna de avião e eu retorno de carro. São 700 kilometros. Segunda, terça e quarta-feira fico no escritório iniciando a digitação do relatório e participando de algumas conversas informais. Wilma chega na terça-feira à tarde, ela e Anna trabalham em relatórios de prestação de contas. 26.06.08 - Reunião com o comite de habitação da municipalidade. Anna, Marta (Federação), eu. Estão presentes funcionários do governo, há um relatório com sugestões de encaminhamentos sobre a implantação do programa de habitação. Há momentos em que fica visível o questionamento à federação, um dois funcionários presentes fala em política de gabinite, que o resultado apresentado pela federação é questionável que eles estão enfrentando um grande problema. Um dos funcionários traz como exemplo de modelo de cidade ideal, Brasilia uma vez que não há favelas na cidade. Está em discussão um « upgrade » no projeto, questionam a forma como a federação reproduz o mesmo modelo de casas, também questionam que constroem em locais sem infra-estrutura. No final da reunião Anna esclarece que eles são contra a proposta de terrenos de 300m², uma vez que a terra é muito cara, eles querem propor lotes menores. Ao sair, Anna esclarece que a federação faz com o presidente da Namíbia e não com os técnicos e que os técnicos não conseguem falar com o presidente. 21 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br 27.06.08 – Reunião com representante da companhia de Energia Elétrica Participamos do inicío de uma reunião onde a empresa de energia elétrica apresentou a proposta para expansão da energia elétrica. Anna questiona muito o proposto, porém saimos antes do final da reunião. Marta continua na reunião representando a federação. Considerações finais: Este intercâmbio possibilitou o acompanhamento de várias atividades, desde a inauguração de casas, reuniões com grupos e encontros com os grupos de poupança. Foi bastante positiva a presença de Angola, há também na Namíbia vários integrantes dos grupos que falam portugues, o que facilitou bastante a integração e a interação de Eli, João e minha também. Foi interessante observar como são as discussões de propostas e encaminhamentos. Na reunião que ocorreu com o governo, a federação não estava presente (enquanto Eli e João participaram) o que levantou alguns questionamentos por parte deles. Destaco como ponto positivo do intercambio com a Namíbia : Conhecer novas realidades; Ver o trabalho autônomo; Ver a atuação da ONG como suporte e assessoria. O intercâmbio com Angola também foi bastante positivo, existem conflitos e situações bastante próximas da realidade brasileira, tal qual a forte atividade política partidária existente em Angola. O fato dos grupos estarem se estabelecendo também foi importante pois pudemos comparar as diferenças de uma estrutura de organização mais madura e uma que está se estruturando, também iniciando através de uma ONG, a dependência e a dificuldade em buscar autonomia. Destaco como ponto positivo em Angola Eli e João participarem da avaliação feita com a CARE sobre a condução dos trabalho, embora no primeiro momento Eli expressou seu constrangimento pela crítica e cobrança, mas possibilitou nas nossas conversas estabelecer um parametro sobre a autonomia dos grupos no Brasil e o que representa a proposta de uma federação. Como proposta para os futuros intercâmbios, sugiro ter um pequeno histórico sobre o país visitado para possibilitar uma melhor compreensão das políticas públicas. 22 Rua Marquês de Itu, 58 Cj. 908 B Vila Buarque – São Paulo SP CEP 01223 – 905 Fone: 11 3159 -2621 E-Mail: [email protected] site: www.redeinteracao.org.br Variáveis Moradia Namíbia Responsabilidade individual Água Iniciativa privada – pagamento antecipado ao consumo - se há poder aquisitivo é possível ter ligação individual na favela Luz Iniciativa privada – pagamento antecipado, não há alternativa para quem não tem poder aquisitivo para « adiquirir » o serviço Terra Urbano – Rural – Terras Responsabilidade do Estado individual desapropriação para o reassentamento das famílias Angola Responsabilidade individual Iniciativa privada – até mesmo as terras que serão construídos os fontenários devem ser pagas Iniciativa privada Brasil Direito garantido pela Constituição Responsabilidade do loteador ou do Estado – pagá-se depois do consumo Terras do Estado – nas favelas é possível ter a posse reconhecida Propriedade privada; Posse e programas de regularização fundiária Iniciativa privada, porém com medidas de proteção ao consumidor e programas estatais. Apesar de precário há « tarifa social » subsido para quem consome até 80 KWh 23