1 – INTRODUÇÃO
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1 – INTRODUÇÃO
A MÍDIA IMPRESSA NA EAD Emmanuele Maria Correia Costa(UFAL) [email protected] João Aureliano(CESMAC) [email protected] Deise Juliana Francisco(UFAL) [email protected] RESUMO: Este artigo descreve a importância do material didático impresso na EAD, apresentando sua evolução suas várias gerações, até chegar aos dias atuais, dando ênfase na sua concepção e produção aos avanços tecnológicos, bem como a interatividade. O presente trabalho tem como objetivo perceber a importância do material impresso nos cursos na modalidade à distância, sendo analisadas sua produção e utilização efetiva pelos discentes visto que, tem como proposta um estudo autônomo e auto-didática. Este por sua vez, teve como proposta uma pesquisa de caráter bibliográfico, bem como a análise comparativa dos diversos tipos de materiais impressos que foram desenvolvidos ao longo do tempo em suas várias perspectivas. Neste sentido, perceber as mudanças ocorridas pela popularização do computador desde o final do século XX, no entanto percebendo-se ainda que, o uso do papel, tem sua importância na EAD, ocasionando assim a necessidade do material impresso, independente de seus formatos: livro-texto guia de estudo, livro de exercícios, estudo de caso e outros; afinal o mesmo tem sua função-chave no processo de ensino e aprendizagem, o qual serve de apoio para as demais mídias. Palavras chave: material impresso, EAD, interatividade 2 1 – INTRODUÇÃO Atualmente percebe-se uma crescente expansão da Educação à Distância (EAD). Esse fenômeno pode ser explicado devido à intenção na sua capacidade de cumprir metas de instrução com um baixo custo / benefício e largo alcance territorial; uma vez que, o avanço no campo das tecnologias informação e comunicação (TIC’s), iniciado na segunda metade do século passado têm impulsionado o desenvolvimento acelerado de novos instrumentos e recursos da informática, que tem causado grande impacto em todos os âmbitos da atividade humana, passando pela cultura, economia, meios de comunicação, gestão da empresa, direção dos serviços públicos e no funcionamento do sistema político. A reflexão do uso dessas tecnológicas, nos diversos âmbitos e as transformações que elas produzem é a chave para compreender as características marcantes da sociedade atual e para desenvolver e adaptar, de forma competente, qualquer atividade profissional. Esses acontecimentos também são reflexos no campo da Educação, que também tem sua conexão promovida por essas tecnologias, que impulsiona a superar as barreiras disciplinares tradicionais, integrando diversas perspectivas teóricas, ferramentas metodológicas e experiências profissionais. A EAD é conhecida hoje como educação onde pessoas envolvidas no contexto educacional não estão juntas, num mesmo espaço e tempo, mas realizam ações didáticopedagógicas mediadas por algum recurso tecnológico. Essa modalidade de educação de grande dimensão amplia a possibilidade de ensino formal para um número significativo de alunos que não possuem acesso por vários motivos a educação presencial. Entretanto, pode ocorrer a perda de qualidade do processo de ensino aprendizagem através da baixa qualidade do material didático utilizado. 3 Buscando cada vez mais a melhoria na qualidade do ensino na EAD, onde requer também aperfeiçoamentos dos profissionais da educação, o qual assume uma importante função docente que é a elaboração de materiais didáticos. Atualmente existem discussões a cerca da produção do material didático para EAD, sendo assim foco de inúmeras pesquisas, pois “entre os diversos problemas que se identificam no desenvolvimento de programas de EAD, um dos mais importantes é o que diz respeito ao material didático” (BELISÁRIO, 2003, p. 137). Essa discussão ocorre devido à fragilidade destes materiais, necessariamente o impresso, pois “não se trata de um material qualquer, mas de um recurso pedagógico, ou seja, um material impresso que tem características didáticas ou, pelo menos, que tem condições de ser usado com finalidade didática”, segundo Fernandez (2009, p.395). Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação a Distancia ABRAEAD1, o material didático impresso destaca-se em todas as regiões brasileiras, principalmente no norte-nordeste, ficando com aproximadamente 80% de freqüência de uso no ranking perante as demais mídias; ocasionando assim sua aceitação perante os profissionais da educação e principalmente os alunos da EAD. Sabendo da importância e aceitação do material impresso pelos alunos, surge a necessidade dos professores buscarem corrigir essa lacuna, focalizando assim na produção de materiais didáticos que tenha como eixo principal a interatividade e autonomia. Tudo isso gera a necessidade de uma analise comparativa desses materiais para EAD, desde a primeira geração através do estudo por de correspondência, até os dias atuais, com vistas a perceber os avanços destas produções ao longo do tempo. A elaboração do material didático impresso para EAD assume como atividade central e preponderante para o sucesso do ensino e aprendizagem, onde necessita aplicar um planejamento sério e cuidadoso do processo pedagógico a ser desenvolvido, 1 http://www.abraead.com.br/default.asp 4 devendo-se levar em considerações a caracterização do contexto, o perfil dos alunos e os objetivos do curso. O material didático impresso requer formas específicas, que neste caso adota como critérios para sua elaboração: utilizar o papel como comunicação; focar o desenvolvimento da aprendizagem e buscar em suas formas e conteúdos ajustar às concepções pedagógicas de acordo com o projeto político pedagógico do curso (FERNANDEZ, 2009). Justifica-se assim a necessidade desse trabalho, pois se busca contribuir para o desenvolvimento da EAD e para a melhoria na qualidade da produção dos materiais didáticos impressos, mostrando que o mesmo é peça fundamental para gerar ensino e aprendizagem de qualidade, no qual o professor deve ter consciência do seu papel na produção desses materiais de forma que o educando compreenda bem os conteúdos. Baseado em Fernandez (2009) para gerar direção e sentido na preparação do material didático impresso para EAD faz-se necessário que o modelo de linguagem textual adotado esteja relacionado com concepção de aprendizagem e de ensino; com isso, gera-se uma reflexão sobre o modelo de linguagem textual adotada, de acordo com a vivência e experiência do educando. Segundo Nunes (2009) a EAD está direcionada para o público adulto, pois a maioria faz parte do mundo corporativo, e assim, sentem necessidades de complementar a formação profissional, de acordo com seu tempo disponível. Esse público tem mais familiarização com o material didático impresso, em termos de formato, manuseio e consulta. 2 – MATERIAL IMPRESSO: CONTEXTO HISTÓRICO 5 O período em que foi possível resgatar a origem da produção dos materiais didáticos impressos foi nas décadas de 80 e 90, do século XIX, momento este em que o ensino primário começou a ser ampliado por questões políticas e sociais. Para conduzir todos os alunos ao sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita, a escola se aparelha de um fundamento metodológico que orienta uma série de estratégias de ensino, utilizando como recurso de base e suporte o material impresso, cuja origem está ligada aos silabários do século XIX: a cartilha de alfabetização (BARBOSA, 1991, p.54) Com o passar do tempo, as cartilhas foram se multiplicando e difundindo o modelo de leitura idealizado pelas metodologias. Antes do surgimento das cartilhas de alfabetização, havia a ausência dos livros didáticos, onde dificultava o trabalho de ensinar, pois os materiais didáticos impressos existentes eram raros de encontrar, o que impulsionou o país o cuidado de produzir materiais didáticos impressos direcionados para educação. Com a popularização do computador nos dias atuais, ainda não se dispensa o uso do papel, o que faz que as novas tecnologias empregadas na EAD também não dispensem a utilização de material didático impresso. Em seus variados formatos: manual, livro-texto, guia de estudo, texto auto-instrucional, publicações técnicas (FERNADEZ, 2009); ele continua a ter função-chave no processo de ensino e aprendizagem, quer seja a única mídia utilizada ou conjugada com outras mídias (TV, rádio, computador, entre outros),mantendo-se, na maioria das vezes, como meio mestre (FERNANDEZ, 2009). O material impresso representa a primeira tecnologia de comunicação usada no âmbito da EAD e é a partir dele que se desenvolveu o ensino por correspondência. Neste, os materiais de estudo – impressos ou manuscritos – eram enviados aos alunos e deles voltavam para o professor por meio do correio postal. (FERNANEZ, 2009, p. 395) 6 A primeira geração da EAD consistiu no ensino por correspondência, em que textos escritos para o ensino presencial eram enviados aos alunos por meio do correio postal. Segundo Otto (2004) este é de longe o modelo mais antigo, onde apresenta textos didáticos escritos e impressos, Moore (2007) no qual os educadores utilizavam essa tecnologia para a educação chegar até aqueles que de outro modo não poderiam se beneficiar dela. Nas primeiras décadas do século XX a elaboração dos textos dos materiais didáticos impressos busca atender as teorias de aprendizagem, tomando características especificamente onde transmita para o aluno o conteúdo que desperte o interesse para leitura, buscando assim, o incentivo pela EAD. Para Franco (2007, p. 22) o material didático impresso para EAD tem a preocupação com a estrutura: Deve refletir a organização da apresentação dos conteúdos. Tradicionalmente, costuma adotar uma organização que implica a seguinte seqüência: módulo, unidade e seções. Isso significa que o módulo pode conter diferentes unidades que representam capítulos ou estruturas temáticas. Essas unidades podem conter diferentes seções que organizam o conteúdo abordado de forma objetiva e sistemática.(FRANCO,2007,p.22) Caracterizando-se por ser um material didático impresso que oferece ao aluno alternativa de aprendizagem para atingir determinados objetivos, que por sua vez devem ser redigidos de forma específica, explicitando claramente o comportamento a ser desempenhado pelo aluno ao final do processo. O material didático impresso é a tecnologia que os alunos estão mais familiarizados com a linguagem, formato e manuseio. É onde são mais independentes, não precisam de suporte, equipamento nem assistência para utilizar. Pode ser lido em qualquer lugar e acessado a qualquer momento. 3 – O PROFESSOR COMO CONTEUDISTA DO TEXTO 7 A organização da proposta pedagógica da escola pauta-se pela escolha de metodologias, conteúdos e recursos que apoiarão a transposição didática desses conteúdos. Após período da tradição oral, em que nas instituições de ensino o livro texto era restrito aos professores devido à dificuldade de produção em grande escala, a possibilidade de imprimir via prensa móvel maior quantidade de material democratizou o acesso à tecnologia escrita. Com isso, já é possível que os materiais impressos sejam organizados a partir dos interesses comuns das instituições de ensino, fazendo com que os professores sejam autores da produção desses materiais, principalmente na EAD. É muito comum encontrarmos opiniões de que um bom texto é aquele “texto difícil”, que lemos repetidamente e, ainda assim, não compreendemos o que o autor quis dizer. Esse estilo de texto é utilizado como forma de gerar aprendizagem nos alunos. O que evidentemente, por trás desse posicionamento pode estar escondida uma produção textual pouca clara nos seus objetivos e finalidades ou até mesmo incoerente. Pois, um bom texto tem que provocar uma interlocução prazerosa com seu leitor e, entre outras qualidades, é fundamental uma exposição clara e coerente. Essa é uma característica clara que busca ser aplicada a qualquer modalidade de texto; na qual inclui também no material didático impresso para EAD. Pressupõe-se nessa um forte diálogo com o aluno, uma vez que o aluno deve ser visto como sujeito ativo da aprendizagem e não um mero receptor de conteúdo. Assim, o texto deve ser essencialmente didático e dialógico, “onde seja dada a importância da interação entre os educadores e educandos” (FERNANDEZ, 2009, p. 395). Geralmente, os livros textos e manuais são tradicionalmente produzidos numa perspectiva unidirecional (FRANCO, 2007). Isso significa que não estão preocupados em estabelecer um diálogo com o leitor. Diferentemente desse modelo presencial, na EAD os textos do material didático impresso devem priorizar uma relação mais próxima e dialógica com o aluno. Deve haver interação entre o texto produzido e o leitor. Nesse 8 sentido, o aluno será ativamente envolvido no processo de aprendizagem (FRANCO, 2007). Sendo assim, o professor conteudista dos materiais impressos em EAD, no que diz respeito à forma textual, tem um trabalho bastante diferente daquele que escreve artigos para periódicos, capítulos de livros ou montam apostilas. Para que o material seja bem elaborado e contemple os itens abordados, é de fundamental importância que se compreenda o que seja texto. Segundo Franco (2007, p. 29): “texto é uma unidade de sentido sociocomunicativa, isso significa que o texto, para se configurar como tal, deve ser significativo, ter sentido”. 4 – DESENVOLVER COM ESTILO E LINGUAGEM Na produção dos materiais didáticos impressos, deve-se lembrar sempre que é necessário incorporar aspectos que remetam à relação de proximidade professor com o aluno. Para Fernandez (2009, p. 400): Adotar uma linguagem direta, clara, expressiva e dialogada é a opção para que o educando se sinta como interlocutor do professor ao estudar. Isso é conseguindo quando, ao ser produzido o texto, o autor do material considerar o fato de que o aluno estará sozinho no momento de estudar. Para isso, é preciso que o texto tenha características que privilegiam o aspecto interativo, privilegiando a comunicação dialógica entre educando, educador e o texto (FERNANDEZ, 2009, p. 396). No estilo conversacional onde objetive envolver o aluno em um diálogo com o autor do material didático impresso, proporcionando assim dialogo com o aluno, solicitando assim que realize determinadas ações e atividades (FRANCO, 2007, p. 30). Estimule-os a procurar novas informações, a pesquisar conceitos, a relacionar os conteúdos com o seu cotidiano. Quanto à relação estilo e conteúdo, o professor deve 9 adequá-los conforme as possibilidades que o tema apresenta. De acordo com o tema, inclua tabelas, figuras, charges, entre outras, que tornem o texto mais leve e com uma “interação individual e privada, permitindo que os alunos estudem de acordo com seu próprio ritmo e no horário que determinarem” (MOORE, 2007, p.78). Em relação à linguagem, deve-se lembrar que o aluno não está na presença do docente. Sendo assim, o texto deve ter linguagem de fácil compreensão, ser autoexplicativa e adequada às habilidades de leitura. Segundo Franco (2007, p. 30) é importante observar os alguns aspectos para uma linguagem mais clara e objetiva: Parágrafos devem traduzir de forma clara as idéias nele contidas; Usar frases curtas; Evitar negações por excesso numa mesma frase, como também o uso da voz passiva, usando verbos ativos e diretos; Evitar usar em excesso palavras impessoais como: isto, aquele, esse, este... Procurar usar palavras concretas e significativas, que sejam mais familiares ao aluno; Explicar e exemplificar os termos técnicos, principalmente aqueles que não são comuns ou de uso cotidiano; Adequar o texto que está escrevendo ao público que o lerá. 5 – A BUSCA PELO ENSINO E APRENDIZAGEM DO ALUNO. Tudo que acontece na educação, precisamente os objetivos e conteúdos que são selecionados, as forma de ensinar e aprender que são escolhidas, as relações que se estabelecem entre professores, alunos, direção, entre outros, está relacionado à determinada maneira de pensar. O mundo da educação não é como antigamente, um espaço autárquico e independente, desligado de outros mundos (do trabalho, da política, da economia, outros). No contrário, a educação está inserida em um conjunto social mais amplo, 10 ligando uma rede de relações complexas e nem sempre expressas. As concepções pedagógicas que interpõem o trabalho educacional estão sempre ligadas há um tempo, a uma sociedade, e estas sujeitam as suas práticas. Tentar-se-á esclarecer o entendimento relativo a concepções, perspectivas e tendências que influenciaram no desenvolvimento e na construção da educação brasileira. Influencias no modo de ensinar, no modo de repassar conteúdo e até mesmo no modo de avaliar. O professor precisa se esforçar para produzir materiais didáticos impressos que atendam às necessidades e demandas de ensino e aprendizagem dos alunos. Esses materiais didáticos impressos devem ser motivadores, fazendo que com que a aprendizagem de fato aconteça. Para isso, deve encorajar e se aproximar dos alunos. Segundo Fernandez (2009, p. 396): A preparação de materiais impressos para EAD pode ser realizada de diferentes modos que se caracterizam pelo modelo de comunicação adotado, pela concepção de aprendizagem e de ensino que lhe dá direção e sentido, pela forma de estruturá-la e de avaliar seus resultados, bem como pelas escolhas feitas em termos de sua identidade visual, sua apresentação física e sua formatação. A forma mais adequada de elaborar o material didático impresso para atingir o ensino e a aprendizagem do aluno é buscar interagir com ele, procurando expor claramente os objetivos da unidade da disciplina. Para isso é necessário elaborar sumário bem detalhado sobre o conteúdo do texto. Além disso, deve-se colocar, ao longo do texto, organizadores que indicarão os diversos procedimentos a serem adotados pelo aluno. Esses organizadores são marcadores e indicadores que comporão o texto. São elementos que indicarão retorno ao item anterior, indicarão leituras complementares, o que vem a seguir, farão links com outros gêneros textuais, conduzirão o leitor a tópicos relacionados ao tema abordado, contribuirão para a relação entre conteúdo e cotidiano do aluno, etc (FRANCO, 2007). 11 Assim, o material didático impresso propicia ao aluno a oportunidade de fazer uma auto-análise de sua metodologia de sala de aula e lhe proporciona acesso a conhecimentos teóricos que poderão desencadear mudanças comportamentais. Tal procedimento confirma o esforço dos professores autores em promover a interação prevista pela concepção sóciointeracionista de linguagem (FERNANDEZ, 2009), oportunizando o processo de reflexão-ação-reflexão por parte dos alunos. Para FRANCO (2007, p. 31), deve lembra-se de que tudo deve ser realizado paulatinamente, passo a passo, onde é necessário: Auxiliar os alunos levando-os a utilizar as informações abordadas no texto; Estabelecer o diálogo com os alunos; Estimular e encorajar os estudantes ao desenvolvimento contínuo dos seus estudos (o que fazer e como fazer); Capacitar aos alunos a fazer intervalos de reflexão e de notação de conceitos e informações importantes; Organizar o texto conforme a aprendizagem dos alunos, bem como o desenvolvimento de competências ou de capacidades. O material didático impresso é parte importante da EAD, o cuidado e adequação na sua utilização podem fazer um diferencial positivo tanto no ensino e aprendizado dos alunos quanto na motivação e desempenho no curso. 6. METODOLOGIA Este artigo tem como proposta analisar, resumir e discutir informações já publicadas. Sendo resultado de uma pesquisa bibliográfica. Que do ponto de vista dos procedimentos técnicos (Gil, 1991), pode ser: Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada 12 a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. 7- RESULTADOS E DISCUSSÃO Sabe-se da popularização do computador desde o final do século XX, o qual se percebe bem presente também, o uso do papel, ocorrendo dessa forma a sua importância em ser empregado na EAD, ocasionando assim o material impresso, independente de seus formatos tem função-chave no processo de ensino e aprendizagem, o qual serve de apoio para as demais mídias. Acompanhando a evolução tecnologia utilizados na EAD os materiais didáticos impressos também modificaram. O que antes era uma forma de comunicação direta e básica com os alunos, com ausência total de interação. Como pode-se perceber nos materiais didáticos impressos produzidos na geração de décadas anteriores da EAD: apostila do Instituto Universal Brasileiro (IUB) e Telecurso 2º Grau. O IUB, fundado pelos irmãos Jacob Warghaftig e Michael Warghaftig, também pioneiro na modalidade educação a distância por correspondência, como acontece até hoje. No IUB, foram oferecidos cursos de rádio e TV tais como: corte e costura, desenho artístico, mecânico de automóveis, auxiliar de escritório e contabilidade. Cursos esses que visam sempre atender às diferentes áreas do mercado de trabalho. Para tanto o material didático impresso serve de apoio, sendo uma ferramenta para melhorar o aprendizado na prática e fixar melhor o conteúdo do curso. O Telecurso 2º grau, atualmente intitulado de Tele Curso 2000, foi implantado em 1995, em convênio com a Fundação Roberto Marinho e Sistema FIESP, com o objetivo de oferecer alternativas de escolarização para jovens e adultos com defasagem educacional, decorrente do abandono precoce da escola por circunstâncias e problemas sócio-econômicos diversos. A Lei 9394/96, ao estabelecer diretrizes e bases da 13 educação nacional, reforça as normas constitucionais para a Educação de Jovens e Adultos, possibilitando que os sistemas de ensino possam oferecer alternativas diferenciadas e adequadas às condições dessa clientela, incluindo a valorização da experiência extra-escolar e o vínculo entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Este curso por sua vez apresenta os conteúdos de cada disciplina organizados sob a forma de programas de vídeo (transmitido pela TV e atualmente em DVD), também tem como apoio-base o material didático impresso. Analisando o material da IUB e Telecurso percebe-se a ausência de provocar no aluno uma forte intenção de ampliar sua reflexão e de construir significados, o que é possível quando exige dele um elevado nível de atividade significativa (Fernandez, 2009), algo necessário e fundamental para a didática pedagógica dos dias de hoje. Atualmente detecta que os materiais didáticos produzidos estão com nova roupagem gerando assim mais interação entre o texto e o aluno. Pelo exposto, observase que a elaboração de material didático impresso é um procedimento ainda complexo, de abrangência interdisciplinar e historicamente ligado a EAD. Com a evolução das mídias eletrônicas, ocorreu a necessidade de aumentar a qualidade dos materiais impressos, como também a integração deles com outras mídias. Neste sentido vale salientar que um texto tem a função de descrever idéias, de forma que sejam absorvidas pelos alunos facilitando assim a aprendizagem. Para isso é preciso levar em consideração aspectos importantes tais como: para quem, o que, onde, quando e por que produzir material impresso. Dependendo da forma que é produzido o material impresso para cursos a distância, este precisa ser motivador, interativo, cooperativo e dialógico, para que os educandos possam a partir disto aprofundar seus conhecimentos e aprender a aprender. 14 Ao ser elaborado de forma simples e interativa simulando um dialogo entre aluno e material, permite que os alunos superem a presença física do professor a partir de pesquisas, leituras e reflexões de forma autônoma. Pois, apesar de tantas interfeces on line disponíveis o material didático impresso ainda é uma peça fundamental no processo de aprendizagem, já que é uma mídia familiarizada pela maioria dos alunos, de fácil manuseio, pode ser lida a qualquer momento. Este por sua vez deve fazer uma constante relação entre teoria e prática combinado a um bom nível de motivação para os alunos. Utilizando uma abordagem educacional centrada na aprendizagem do aluno, estes se tornarão mais participativos e ativos na medida em que se sentem seguros daquilo que estão aprendendo. 8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebe-se que os pressupostos pedagógicos para a concepção e a produção do material impresso pra a EAD, deve, sobretudo, está embasado em um modelo específico para o contexto da modalidade à distância. Para que esta produção seja produtiva se faz necessário constante reflexão que tipo de sujeito queremos formar? Bem como que tipo de sociedade queremos construir? Assim esta produção precisa está vinculada a uma visão de educação, um projeto político pedagógico bem delimitado dentro de uma perspectiva sócio – construtivista. Percebe-se, contudo, que pensar a EAD dentro desta proposta necessita-se mudar uma série de questões, sobretudo no que se refere à interação, ou seja, precisa-se ainda encontrar materiais que possibilitem a interação. 15 No entanto, estabelecer um padrão de qualidade do material didático na EAD se faz um desafio, já que se trata de inúmeras realidades, a qual atende uma clientela heterogênea, onde ainda há muita dificuldade de acesso a internet. Assim devem-se analisar como cada material é formado e como ele funciona mantendo o foco na aprendizagem do aluno. 9 – REFERENCIAS: ALVES, L. NOVA, C. (org). Educação a distancia: uma nova concepção de aprendizagem e interatividade. São Paulo: Futura, 2003. ALMEIDA, M. E. B. As teorias principais da andragogia e heutagogia. In: Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Ed. Pearson Education do Brasil, 2009. BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1991. BELISÁRIO, A. 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