capítulo um - Editora Pandorga

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capítulo um - Editora Pandorga
CAPÍTULO UM
Emma Harrison deu um passo atrás para admirar seu trabalho
árduo. Um leve sorriso de satisfação iluminou seu rosto. De alguma
forma, ela havia conseguido executar uma tarefa quase milagrosa ao
transformar a sala de conferência deprimente do quarto andar em um
maravilhoso sonho cor-de-rosa. Ela estava especialmente orgulhosa de si
mesma pelo fato de decoração e planejamento de festas não serem bem
o seu forte. Claro que quando se trata de vender a imagem do que qualquer futura mãe gostaria de ter em um chá de bebê, sua experiência em
uma das melhores agências de publicidade de Atlanta ajudava bastante.
Erguendo a cabeça, percebeu que a faixa É Menina pendia um pouco
para a esquerda. Depois de ajustá-la, alisou com as pontas dos dedos a
toalha de mesa cor-de-rosa claro, enfeitada com refrescos e presentes em
embrulhos coloridos para a próxima chegada.
Emma arrumou uma mecha de seu cabelo ruivo que caía pelo rosto
e tentou alisá-la para trás, junto ao coque na base do pescoço. “Sim, é
exatamente o que eu gostaria para o meu chá de bebê... Se algum dia
tiver um.” Sentiu uma pontada no coração que se expandiu por seu
peito. Era um sentimento que estava se tornando muito familiar com
a proximidade da chegada de seu aniversário de trinta anos, pairando
sobre ela como uma nuvem negra, enquanto a maternidade, junto com
o “Sr. Ideal”, ainda a evitavam. Não ter marido nem filhos era ainda
mais doloroso após a morte de seus pais. Depois de perder a mãe há
dois anos, ela havia jurado que substituiria esse amor encontrando um
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marido e tendo um filho. Infelizmente, nada em sua vida parecia funcionar tão bem quanto ela planejara.
Lutando contra seus pensamentos, sacudiu o relógio, que pertencera à sua mãe, para ver a hora. Só mais quinze minutos e os convidados,
principalmente seus colegas de trabalho, começariam a chegar. “Tudo
bem, Em. O espetáculo vai começar. A anfitriã do chá de bebê não pode
deixar o monstro dos olhos verdes da inveja consumi-la e fazer com que
perca o controle, se balançando sobre as mesas e lançando presentes
como o Incrível Hulk! Controle-se!”
O discurso íntimo fez pouco efeito para acalmar o turbilhão de
emoções que se abatiam sobre ela. Ela agarrou a mesa até seus dedos ficarem brancos. Lágrimas silenciosas rolaram pelo rosto, mas ela as limpou
depressa. Erguendo os olhos verdes para o teto, ela pensou: “Por favor,
me ajude a enfrentar isso”.
– Você sabe, eu tenho uma lixa de unha na gaveta da minha mesa
se você quiser cortar os pulsos. Seria muito mais rápido do que o que
você está fazendo agora!
Emma deu um pulo e apertou o peito. Ela se virou e viu sua melhor
amiga, Casey, sorrindo maliciosamente para ela. E limpou freneticamente as lágrimas que restaram em seus olhos com o dorso da mão.
– Nossa, Case, você quase me matou de susto!
– Desculpa. Acho que você estava tão arrasada e odiando a si própria que não me escutou chamar o seu nome.
Abaixando a cabeça, Emma respondeu:
– Não sei do que você está falando. Eu só estava verificando se tudo
estava perfeito antes de todos chegarem.
Casey revirou os olhos.
– Em, no que você estava pensando quando aceitou isso? É um
lento suicídio emocional.
– Como eu poderia não aceitar? Foi a Therese que conseguiu esse
emprego para mim. Ela me ensinou tudo o que eu sei. Ela passou por
três tentativas de fertilização in vitro. Se alguém merece um chá de bebê,
é ela.
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– É, mas você não precisava ser a organizadora. Quer dizer, ela teria
entendido perfeitamente, principalmente com tudo o que aconteceu
ultimamente com Connor.
O telefone da Emma tocou sobre a mesa. Ela olhou o identificador
de chamadas e fez uma careta.
– Falando no diabo.
– Ele ainda está telefonando e mandando mensagens sem parar? –
perguntou a Casey.
– Está. Sorte a minha.
– Deixa que eu respondo. Vou dizer a esse idiota que você vai obter
uma ordem de restrição ou algo assim.
– Ele é inofensivo, Case.
– Você só precisa dizer a ele para crescer, tomar uma atitude e dar
um pouco de esperma para você.
Uma risadinha escapou dos lábios da Emma.
– Tentador quanto parece, prefiro recusar. A questão do esperma/
bebê foi que começou toda essa confusão, para início de conversa.
Casey deu um grunhido frustrado.
– Só o fato de você estar pensando em receber uma doação de
esperma já é ridículo. – Ela colocou as mãos nos ombros de Emma. –
Você é muito bonita, doce e maravilhosa para desistir de namorar e ter
uma criança.
– Uma ótima combinação de elogios. Você já pensou em trabalhar
com propaganda? – disse Emma.
– Ha, ha, espertinha. Eu não estava tentando vender nada para
você. Essa é a mais pura verdade. Eu não sei quando você vai finalmente
acreditar. Principalmente, quero saber quando os homens dessa cidade
vão tirar as mãos das próprias bundas e enxergar isso também!
Emma jogou as mãos para cima com irritação.
– Case, considerando que meu relógio biológico está tinindo
em vez de fazer tique-taque, acho que é um pouco tarde para
tudo isso.
– Mas você ainda nem tem trinta anos – protestou Casey.
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– Eu sei, mas quis ter um bebê desde que eu fiz vinte anos. Eu
quero, não, eu preciso, ter uma família outra vez. Perder os meus pais e
não ter irmãos... – A voz dela estava sufocada com a emoção.
Casey acariciou o braço da Emma com compaixão.
– Você ainda tem muito tempo para ter bebês. E um marido também poderia vir junto.
Revirando os olhos, Emma disse:
– Devo lembrá-la de todos os idiotas com os quais tive o azar de sair
durante os últimos seis meses?
– Ah, espera aí, eles nem eram tão ruins assim.
– Estamos fazendo a classificação em uma curva extrema ou algo
assim? Primeiro, foi o Andy, o contador – ela fez sinal de aspas com
os dedos – praticamente separado, cuja esposa nos descobriu em nosso
encontro e fez um escândalo com ele no meio da Cheesecake Factory.
– Droga, eu me lembro dele agora. Alguém chamou a polícia?
– Ah, sim. Eu tive que chamar Connor para me buscar porque os
dois foram presos por perturbar a ordem!
– Então houve uma laranja podre no cesto – insistiu Casey.
– Depois teve o agente funerário que me presenteou durante o jantar com todos os detalhes sobre o processo de embalsamar, sem falar
que eu acho que ele tinha uma conexão bem pouco saudável com seus
queridos clientes já falecidos.
Casey fez uma careta.
– Tudo bem, eu admito que a necrofilia possa impedir alguém de
namorar por certo tempo.
– Por certo tempo? Que tal por toda uma vida, Case? – Emma deu
de ombros. – Graças a Deus que foi um encontro e ele nunca me tocou.
– Então, dois ovos podres. Ainda há uma cidade inteira com
homens por aí, Em.
Emma passou as mãos sobre os lábios.
– E acho que você está tendo amnésia seletiva sobre o Barry, o
dentista?
Casey franziu o rosto como se estivesse com dor.
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– Ele ainda está preso por voyeurismo?
Emma sacudiu a cabeça.
– Felizmente, a lei é bem rigorosa com idiotas que colocam câmeras
escondidas no vestiário masculino da academia de ginástica!
– Bem, esses foram os casos extremos.
– Francamente, outras meninas do nosso departamento acham que
eu preciso escrever um livro sobre experiências ruins de namoro.
– Agora, espera um pouco. Você saiu com alguns caras decentes,
também.
Emma suspirou.
– E no momento em que perceberam que eu não iria para a cama
com eles antes de chegar o aperitivo, corriam pela porta. Se nós realmente conseguíamos terminar o jantar, qualquer sinal do meu desespero
para casar e ter um bebê os afugentava.
Casey fez uma careta.
– Vejo que você não está fazendo a coisa certa. Você precisa aceitar
a ideia de lançar as precauções ao vento e fazer sexo desprotegido para
engravidar.
– Eu não acho. – Emma balançou a cabeça. – Só porque Connor
sugeriu a ideia da doação de esperma, não quer dizer que vou me render.
De alguma forma, de algum jeito, vou ter uma criança para amar.
***
Aidan Fitzgerald esfregou os olhos azuis embaçados. E espiou
pelos dedos o relógio na tela do computador. Droga, já passava das
sete. Mesmo que ele quisesse terminar o projeto, o cérebro já estava
frito. Ele mal conseguia entender as palavras à sua frente. Desligou o
computador, seguro de que a recente promoção a Vice-Presidente de
Marketing significava que ele podia esperar até amanhã sem ter alguém
para pressioná-lo.
Com um gemido, Aidan se levantou da cadeira e esticou os braços
sobre a cabeça. Pegou a pasta e saiu pela porta. Ao desligar as luzes do
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escritório, seu estômago roncou. Provavelmente, não havia nada em casa
para comer, então por certo ele precisava pegar alguma coisa pelo caminho. Por um instante, ele quis ter uma mulher esperando por ele com
uma comida caseira. Ele rapidamente afastou esse pensamento. Várias
refeições não valiam o desgaste dos relacionamentos de longo prazo. No
final das contas, ele estava bem mais feliz implorando jantares para uma
de suas irmãs casadas. Pelo menos até inventarem que ele não poderia
continuar solteiro pelo resto da vida e que, aos trinta e dois anos, estava
na hora de se estabelecer e ter uma família.
– Besteira – ele sussurrou com aquele pensamento. A moça atraente
da limpeza que estava no corredor ergueu a cabeça.
Então, ela sorriu para ele de maneira encantadora.
– Boa noite, Sr. Fitzgerald.
– Boa noite, Paula – respondeu ele. E apertou o botão do elevador,
lutando contra o desejo de diminuir a distância entre eles e iniciar uma
conversa. Ele passou a mão pelos cabelos louros e balançou a cabeça.
Conversar com a Paula provavelmente os conduziria a um encontro no
armário da despensa, e por mais que ele fosse gostar, estava ficando um
pouco velho para esse tipo de relacionamento.
O elevador o levou ao primeiro andar. Vozes acaloradas alcançaram
Aidan no momento em que ele saiu, fazendo com que desse um grunhido de frustração. Droga, a última coisa de que ele precisava depois
de trabalhar até tarde era ser importunado pelo pessoal da limpeza com
alguma briga doméstica. E pelo tom de voz do homem e da mulher, era
exatamente isso o que estava acontecendo.
– Connor, eu não acredito que você me encurralou aqui no trabalho! – exclamou uma mulher.
– O que eu deveria fazer? Você não responde os meus telefonemas
nem os meus e-mails. Eu precisava ver se você estava bem.
– Eu disse para você me deixar em paz, e é isso mesmo o que eu
quero!
– Mas eu amo você, Em. Não quero perdê-la.
Ao som de uma briga, a voz da mulher se elevou.
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– Para! Não ouse me tocar!
O lado protetor do Aidan ficou mexido com o tom da mulher,
fazendo com que virasse a esquina.
– Ei! Tira as suas mãos dela – gritou ele.
O casal se assustou ao vê-lo. As lágrimas da mulher rolavam por seu
rosto vermelho e ela abaixou a cabeça para evitar o olhar intenso de Aidan.
Imediatamente, ele a reconheceu – Emma Harrison, da agência de propaganda do quarto andar, a mulher que ele tentou levar para casa sem sucesso
na festa de Natal da empresa. Pela maneira como ela se recusou a olhar nos
olhos dele, ele sabia que ela também o tinha reconhecido.
Aidan voltou a atenção para o homem, Connor, cujos olhos estavam arregalados de medo. Ele tirou rapidamente as mãos dos ombros de
Emma e deu vários passos para trás. Connor parecia estar pronto para
fugir pela saída mais próxima. Aidan então percebeu o quanto devia
ter sido intimidador com os punhos fechados e os dentes cerrados. Ele
tentou relaxar a postura, mas o sangue bombeava tão rápido em suas
orelhas que ele não conseguiu.
Connor ergueu as mãos como se estivesse se rendendo.
– Não sei o que você pensa que está acontecendo, mas só estávamos
conversando.
Aidan apertou os olhos.
– Eu acho, pela forma como ela estava chorando e implorando para
você parar de tocar nela, que era muito mais do que uma conversa. – Ele
começou a perguntar a Emma se ela estava bem, mas ela passou por ele
e escapou para o banheiro. Ele encarou o Connor.
– Olha, cara, você entendeu tudo errado. Eu…
– O que eu não entendi? Você obviamente não consegue deixar
a sua ex-namorada ou ex-mulher ou o que quer que ela seja, mesmo
sabendo que ela não quer que você a toque!
Connor soltou uma risada nervosa. E ficou em silêncio assim que o
Aidan ergueu as sobrancelhas e deu um passo à frente.
– Acredita em mim, você está muito, muito errado. Emma não é
minha ex.
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– Então o que houve?
Connor limpou a garganta.
– Tudo bem, você quer saber a verdade? Está certo. Eu sou gay e a
Emma é a minha melhor amiga desde o Ensino Médio.
Aidan ficou boquiaberto.
– Sério?
– É.
– Hum… então eu estava errado. Desculpa.
Connor deu de ombros.
– Tudo bem. Eu provavelmente teria feito o mesmo se pensasse que
algum idiota estava brigando com uma mulher. Bem, eu provavelmente
não teria feito nada se ele tivesse o dobro do meu tamanho como você.
– Ele olhou por cima do ombro do Aidan para o banheiro e fez uma
careta. – Droga, eu odeio quando ela fica brava comigo. Eu nem acho
que ela tenha ficado tão irritada nem tão magoada. Só não sei como
fazer a coisa certa, sabe?
Aidan se virou ao sentir que a conversa seguia por um território
emocional, que ele tentava evitar a todo custo. Ele ergueu uma das mãos.
– Ei, cara, não é mesmo da minha conta. – Mas no instante em
que as palavras saíram de seus lábios, ele teve a certeza de que caíram
em orelhas surdas. A expressão angustiada no rosto de Connor lhe dizia
que ele não escaparia sem ouvir toda a história dramática, a menos que
literalmente tentasse sair correndo.
Com um suspiro, Connor passou a mão pelos cabelos pretos. Em
voz baixa, disse:
– Ela é louca por crianças, e seu relógio biológico está em pane há
dois anos para ter um bebê. Amando a Emma como eu amo, prometi
que seria o pai e doador.
Tudo bem, talvez não fosse a história que o Aidan esperava.
– Não diga. Você deu o fora quando chegou a hora de agir?
Connor fez uma careta para ele.
– Ha, ha, idiota, que engraçado. Para sua informação, seria feito
em uma clínica.
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– Onde está a graça? – disse Aidan, com um sorriso astuto.
– Cara, eu sou gay, lembra?
– Desculpa. – Por motivos que possivelmente não conseguia compreender, Aidan estava tão intrigado com a história que sentiu a necessidade de incentivar Connor a continuar. – Então, o que aconteceu?
– Meu parceiro não está pronto para ter filhos. Eu prometi a ele
que a Emma não queria necessariamente que eu me envolvesse, mas ele
não aceita. Tem sido um inferno escolher entre o homem que eu amo e
a minha melhor amiga.
– Por que ela não pode simplesmente ir a um banco de esperma ou
algo assim?
Connor riu.
– Emma tem em mente que haverá uma confusão terrível se a amostra
de um doador principal for trocada pela de um assassino em série.
Aidan fez uma careta.
– Acho que entendo o que ela pensa.
O telefone tocou no bolso do Connor. Ele o pegou e olhou o identificador de chamadas.
– Droga, é o Jeff. Ele vai me matar por ter vindo aqui tentar conversar com a Emma. Eu tenho mesmo que ir. – Ele olhou outra vez para
o banheiro. – Odeio deixá-la aqui, mas...
– Pode ir. Vou ver se ela está bem e a acompanho até o carro dela.
– Mesmo? Seria incrível. – Ele estendeu a mão. – Prazer em conhecê-lo...
– Aidan. Aidan Fitzgerald.
– Connor Montgomery. – Depois de apertarem as mãos, Connor
sorriu. – Obrigado pela ajuda e por interpretar mal toda a situação.
Aidan sorriu.
– Foi um prazer quase chutar o seu traseiro.
– Ei, agora – respondeu Connor. Quando o telefone tocou, ele
estremeceu e se balançou antes de levá-lo à orelha. – Querido, sim, desculpa por não ter visto as suas mensagens. Estou indo para casa agora.
– Ele passou pela porta de vidro e desapareceu pela noite.
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Balançando a cabeça, Aidan passou pela recepção em direção ao
banheiro e bateu na porta. Com uma voz estridente, Emma gritou:
– Vai embora, Connor! Não tenho mais nada para dizer a você!
Sem falar que você acabou de me fazer passar vergonha na frente de um
dos maiores imbecis da empresa!
– Um dos maiores imbecis, hein? – sussurrou ele. Não era exatamente um título do qual ele se orgulhava, principalmente vindo de uma
mulher. Ele estava acostumado a escutar muito mais descrições lisonjeiras da parte delas. Bem, pelo menos no início antes de saírem com ele.
Depois disso, as coisas geralmente ficam mais sórdidas.
– Não vou sair deste banheiro até saber que você foi embora!
Aidan suspirou. Ela estava decidida, para não dizer que era teimosa
como uma porta. Sua mente se voltou para o quanto ela estava bonita
e sensual na festa de Natal – como o vestido verde e leve que ela usava
fluía por suas curvas e a tornava irresistível. Quando ele a viu no salão
com algumas amigas, estava decidido a passar a noite com ela. Os sorrisos tímidos dela e os olhares lançados através dos cílios o fizeram querer
estreitar o espaço entre eles. Claro que quando ele chegou ao lado dela,
as amigas fofoqueiras já tinham informado sobre a reputação duvidosa
dele como conquistador e mulherengo.
– Mulheres – ele sussurrou ao atravessar a porta do banheiro. Emma
estava em pé sobre o tapete, com uma toalha de papel molhada sobre os
olhos. De um lado, a saia dela estava presa para cima do quadril, permitindo uma visão fabulosa de suas pernas e coxas. Ao som dos passos, ela
deu um gemido frustrado e ergueu o dedo indicador.
– Eu juro que se você não me deixar em paz, vou chutar com tanta
força as suas bolas que você não vai mais ter dúvida sobre poder ser o pai
dos meus filhos!
Aidan riu. Os cabelos ruivos dela avisavam sobre sua personalidade agitada – que ela havia mostrado a ele na festa de Natal. Toda
a timidez tinha desaparecido quando ela disse a ele, sem nenhuma
dúvida, que não queria ser uma das suas conquistas ou um caso de
uma noite.
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– Na verdade, não é o Connor.
Ao som da voz de um estranho, Emma arrancou a toalha dos olhos.
Ela ficou apavorada ao ver que Aidan estava à sua frente. Rapidamente,
abaixou a saia e passou as mãos pelos cabelos despenteados.
– Eu não esperava vê-lo, Sr. Fitzgerald – disse ela, de forma doce.
Ele deu um leve sorriso.
– Não, imagino que você esperava poder castrar o Connor.
As bochechas e o pescoço de Emma estavam da cor de seus cabelos.
– Desculpe pelo senhor ter escutado aquilo e sinto muito por ter
ficado no meio da nossa briga. Por mais vergonhoso que tenha sido, que
seja, agradeço pelo que tentou fazer.
Ele deu de ombros.
– Fiquei feliz por ter ajudado.
– Bem, eu agradeço. E me desculpe por ter estragado a sua noite.
Nunca se pode perder uma oportunidade. Aidan sorriu.
– Você não estragou a minha noite. Na verdade, a noite ainda é
uma criança, então por que não me deixa oferecer um drinque a você?
Ela torceu a toalha de papel nas mãos antes de jogá-la na lixeira.
– Bem, obrigada por oferecer, mas foi um longo dia. Eu devo ir
para casa.
– Podemos atravessar a rua até o O’Malley’s. – Como ela continuou hesitante, ele sorriu. – Prometo que não é uma oferta para tentar
embriagar você em seu estado emocional enfraquecido e conseguir que
você vá para casa comigo. – Secretamente, ele esperava que um drinque
ou dois pudesse descongelar seu ar gelado e lhe dar uma chance de seguir
seu objetivo.
Ele não ficou tão surpreso quando o rosto da Emma parecia em
choque.
– Mesmo?
Ele cruzou os dedos sobre o coração.
– Promessa de escoteiro – mentiu.
Os cantos dos lábios dela se ergueram como se estivesse lutando
contra um sorriso.
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– Tudo bem, então. Depois do dia que eu tive, posso aproveitar um
pouco. – Ela olhou outra vez para o espelho. – Oh, estou horrível. Você
poderia me dar alguns minutos para lavar o rosto?
– Claro. Estarei ali fora.
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