o bairro de vila mariana - Museu da Cidade de São Paulo
Transcrição
o bairro de vila mariana - Museu da Cidade de São Paulo
historia dos bairros de sao paulo o bairro de vila mariana pedro domingos masarolo prefeitura municipal . sccrctaria de educacao e cultura departamento de cultura ,h ped o ;tl ll;t) - Parte da IMi:md.l da ..h ..nid, . Pall li~l a . o BAIRRO DE VILA MARIANA Pedro Domingos Masarolo escreveu stoRIE HIST 6RIA DOS BAIRROS DE SAO PAULO - VIII LBN 1155 260 981. <iJ-l M 3 '3<l b ..Jl.-·3 Seg undo pr em io do III Concurs o Municipal de Hlst6r ia dos Bair ros de Sao Pa ulo, pr omovido pelo De part ame nto de Cultura da Secreta ria de Edu c a ~a o e Cultura da Prefeitura do Municipio de Sao Pa ulo, e outorg ado pe la Comis sao Julgadora assim constituida : Dr. Ped ro de Oliveir a Ribei· ro Neto, Dr. Pedro Bra sil Bandecchi e Dr . J ose Ped ro Leite Cordeir o. INDICE 11 13 1770 A Estrada ,10 15 ~ IM 177 1- 11'120 . 18·10 18 . . 19 21 HI7H - 22 A ColOni a A Estrada C,lrri l (l,' F"TTO tit' Sa il Paulo 11 San to Amaro 26 o 34 Hall('O Uni,in O s Bonnnl . as o . 37 Ilalislllu do Hairro Casamento o ,0 En t(~rro 39 Xlatadonro 41 . Impor ta m-ia do Hairro em 1888 45 A Ind ustria Pionoiru do Bair m 4S Os T r ipettos . Atas <In Camara Municipal de Sao Puulo lflR7- 1HS8 ~ Iais Imtgrantcs A Familia Nose . . . . . . . . . . . .. . . . . . 49 54 ,,6 57 Como.'·rd n e lJi slnu;o..,s da Vila Luiz Perini 62 o Camin ho para u Crdudc ., 63 o Cartono d,' Paz . "" In stitute D. Ana Hnsu A Linha de Bondes Vila Xlariuna a Pinheircs "7 Carlos Petit 69 " Dona o, ~ l ar i(lllinll a" 70 71 l'or tllgu('ses Ann de WOO 73 ~ho n lJu 75 o da Es trada 7" Parquc Ibirapucra Xotas suhre um Batrrn de San Paulo . 80 o , Alelllaes Alas da Cdmaru :\Iunieipal o 77 WOO ( ' 11\ C 1903 82 85 Pumiso Atuais Nomes d e Antig,ls Huns 87 o " Bns'lilc da Srnide" 80 As Escolus Italianas H)OO . 94 Aspctos Gera is em 19 18 Os N"OSSllS o 102 T ipos Pftorcscos Netas de 1924 Kosso F armaceutico 91 . 104 107 Xotas d e 1930-19-10 108 Condusiio 109 AG RA DEC IMENTOS , Aos bons velhinhos do balrr o qu e possibilitaram a feit ura destc trabal ho. A minha filha Irene que cooperou oeste livre . As funclon arias do A rquivo Histor ico Municipal qu e fr anqucaram a Hiblioteca da Reparticao. Ao fotografo T eixeira, aqu i do bairro, qu e batcu as vistas atuals. A Secretaria de C ulture . Espo nc s c Tunsmo, que forncceu as fotog raCias antigas que ilustram este t rabalho. A I'RESEN T A I;A O No primeiro r segundo concursos de "H istoria dos Boirros" patrocinudu " d o Departamento de Cultura cia Prei euura MUll id lmJ de Suo Paulo niio COllcorrell a ites trabalno sob re () bu'rro de Vila Mariana. Natura/mente /1(10 poderia ficar animo Alguem uria qUi' apresentar 'ambh" a sua hisuiria. Poderia tentar /0:;-10. Tinha essa obrigariio mm qua/quer [ilho do boirro. Niio coniund ir t".utJ minha amizude para com 0 lugar em que " asci com bairrismo. Eu aqui fUUCi, vi i azer 0 11/ell bair ro. Cada li ma de SIlas ruas ; lima tembranca, cada praca 0 11 recanto uma saudade de minita ill/ancia e iuve mude. £ ste trabalho Il Cio e lima per u literdria e " em uma obra de hisuuia, porem e ieita de pesq uisus honestas e faboriosas. Ttlli'e: mio tenha iicado como ell quisera qu e iicasse, niio obstante um documenuirio para a posteridade e uma homenagem ClO bairro em que nasci, e Peco aos entendidos benevottncta c (lOS Ieigos que ° lerem, compreensao. Nascido t' criado em Vi/a Mariana, tendo ucompa nhado a sua evoluciio " estes tdtirnos cinqiienta (mos, procure; tamb rm desvendar-the a vida anterior e, iuntando as duas rpocas, realizor um estudo para que lIIe /l .\ ccm- o B:\IRRO D E ' ·I L :\. M .\R I .\ ~ :\ II temporaneos l' o.~ iovcns pudessetn iicar (I par de CO/l/O nosceu e como viveu ale agora 0 bairro de Vi/a Mariana. Qu anto ii primeira parte deste lraba/ho muitas CO Il suhas faram ieuas no Bibfioteca e A rquivo M unicipat, porem, com poucos resultados. 0 I IO.H O toirro e hislbricamente fa/ando 1lI} l'(J l' fJOUCO dele consta nesses arquivos. Uma au (m ira Doariio de Datas de Tetras, porem sem locafizare1o ceria ou deilnida; todos dda COII/O divisas IlOme,\' de pessoas anteriormente aq uinhoadas, sem citar ponto de referenda. Outras fa/am de Datos iazendo divisas com 0 "Camintio cia Carro" para Santa Amaro, porem tamb em mia duo (/ altura do mesmo, e esse "Caminho do Carro" era tiio comprido . . . Reieri ncias do nosso bairro em A tas do Camara Municipal de Stio Paulo, ,W) depots de i 887 e que comecam a aparecer com grande pobrera de detolhes e assim me.l'mo tendo como onietivo 0 Matadouro Municipal ali instaiada l'm /886 . Recorrendo cntiia a outras iontes, no testem unho lie veihos moradores ainda ~'i~'os, os IiI limos imigrantes italiunos, id quase no fim da villa, e que ioi possivet reconstruir grande parte da historia antiga de Vila Mariana. Fclitmente ainda se chegou a temp o de ouvi-tos porque, mais para diante nada mais se poderia iazer e entao a vida anterior (10 bairra [icaria para sempre, qtmse toda, no escuridiio. A ssim e que de 1875 a 1915 tem-se dodos mois 0 11 mellos scguros da sua [onnaciio e evoiucoo. Qu aruo a parte que se reiere ao per/ado de / 9/ 8 ale 1970 e 0 relalo aprosimado tanto quanta possivet, do que vi e conheci desde a minha infdllcia ale os dias tn esentes. o 12 o AU TOR HAlRRO D E VI LA :\IAR IA:"IA 17 70 1770 - Brasil-Colonia c ja a Vila de Piratinlnga, Oli nda jovcm, rcunia ao seu redor ou tras Vilas e Fregucvias, uma s ma is pcrto, outras mais longc, algumas com relative c primitive progrcsso, cnqua mo outras apc nas con tando as anus q ue passavam . Hevia Plnh ciros de s Sardlnh as, 0 Embu dos Lem cs, Osasco e Carapicuiba de s Ra poso Tavares, a Frcguesia do 0 de Manuel Prete , a Pcnha de Fr anca e Sao Miguel do s Jesuttas. Sant o Amaro dos Bclchior de Pont es c Borba Gala C ou tras mais csquccidas. Eram essas as Vilas mais con hecidas e j a povoa das pelas gen tes de Pirannin ga ou de Sao Vicente ou mesmo da antiga San to And re da Borda do Ca mpo c tambem com mu itos escravo s ind ios. Estava rn no Cadastre da Ca- mara de Sao Paulo c para etas cram nomeados capitac-s que respondiarn pelas mesmas. comunicando e asscr uando os fat es acontecido s, scndo suas paroq uias providas de padr es. Dclas sc possucm cscritas ja daq uclcs tempos, podcndo-sc reconstruir-sc as suas historias mcsmo Ieitas em trcchos espa rsos. No enta nto comprovan tes do qu e foi 0 bairro de Vila Mariana naqucl es tempos nao existe, porqu e ali poucos moradorcs havia. o BAIRRO DE VIL\ ~H RI :\S :\ 13 Era a pcnas con hccidn como 0 " Meio Caminho do Ca rro" c, Iii pclo a no de 1850 era dcsignada por "C ruz das A lma!'>" . o "Caminho do Ca rro" jii existia nos anos de 17701800 . Muilas Datas de Terra de sscs anos falam de sitios fuzcndo divisa s com 0 "Ca minho do Ca rro" pa ra Santo Ama ro. Uma dclas, de nome csquisito, Iazla divisa justamente com 0 Morr o Vermelho. "Carnin ho do Ca rro", C6 r~ rcgo do Ipira nga e Cbaca ra da Glo ria, tend o sua scdc ondc hcjc se localiza a T ents C1ube, antiga chacara do olralmclogista Pinhatari. "A li os cscravos cram cspanca dos ate ficarem dcscadcirados. Scnbo rcs de ncgros para lri mandavam os seus escravos "vadlos" pa ra terem corrctivo. pagando para isso uma taxa ao do no dessc sftic." ( 1) Ccmccav a esse "Caminho do Ca rro" no la rgo da Polvora. Libcrdadc, c dcpois de tcr subido a at ual Ru a Vergueiro beirando 0 Mor ro Ve rmclho e passa ndo pelo alto das riba ncciras das vcrtcntcs do An hangabau, no Vale Itororo, chcgava no asscnto da Ru a Parafsc . Dali pa ra frc ntc pcrcorria entao a Ru a Dom ingos de Morais ute a R ua Lu is G 6is, ondc dobrando dircita ent-rava no bairro de Miran dopolls. La na baixada havia urn pequeno co rrego e uma velha casa ondc carre iros c tropciros desca nsava m os ani mais e fazia m pouso qua ndo o sol ja dcclinava. Esse local c atualmente 0 fim da R ua Urutuba, no subdistrito do Bosque da Saude. A inda hoje lui ncssc loca l vestigios da A ntiga "Estrada do Ca rro". o cor rcgo foi canalizado e a vclha casa demolid a, porcm ainda existe urn peq ueno trec ho desse camin ho que atravcssando a Alameda dos Gnatas para logo adia ntc. a (1) Sao Paul o Ant igo (Bibliutcca Mun icipal ). 14 Antonio Egid io Marttus, 19 11· 1912. 0 e.uuno D E VIL.A ~ IA IU:\ :'OA Essa pcqu cna rua tcm 0 nome de "Rua da Divlsa". Essa designac nc e dcvida a tcr esse caminho scrvldo 3:C dive rsos an os atras de d ivisa entre os municf pio s de Sao Paulo e Santo A maro, como alias todo esse "Cami nhc do Ca rro" era cons iderado a divisa entre as dais municlpios desdc aq uelas epocas longinquas. Seguindo para a Irent c ia depois sc junta r com outro caminho hi no Pinhaiba (J abaqu ara ), atravessando os Ca mpos de Congonhas ate a Vila de Santo Ama ro . o cami nho que se juntava a ele no Jabaquara vinha de Sao Bern ardo, passando po r Piraporinha ( PUAPUR INHO) e Curral G rande (V ila Conccicao, dcpois Diadcrna ) c Tab uilc.Z ] "A EST RA DA DO MAR" Out ro carninhc de carros tambcm era usado pclos tropciros c carros para chcgar ao caminho do lite ral de s J esuita s c tarnbem para nting ir 0 C urrul G rande, Tabufio. San to A maro c Sao Bernardo. Safa ele tambem da " Estrada de Carros" de San to Amara, na altura da atu a l Rua Co rreia Dias. Seguindo pa r clc ia-se ate Sao Joao Climaco, c dali para 0 mar. t '' ) Porern, ant es cncon trava-se a estrada do Ca pitao Cursino e scgulndo por esse caminho e atravessando 0 at ual Jardim da Saudc e 0 bai rra de Vila Morais era atlngido o Ar raial do Curra l Gr and e, de cndc saiam cntfio caminhos para Santo A maro e Sao Bernardo . Esses caminhos, sc assim podcriam chamar , cram vcrcdas ladeadas de campo s e nos lugarcs de terr a melhor, ccrradocs e arvorcs grandes. A designacao era "c aminhos" . porcrn nao pas savam de picadas feitas no mcio de matas e f1 orestas. Eram trilhas de carros c de bcstas, anttga s pas(2) I'lanta tin ~ltlll ki pi o de Sil" Paulo, 19nJ [scm autor). (Arqutvo Mnntcipal ). (3) " I'I.A;-':" - IIlstliria - Ci(\a(k de S. Paulo pOl Afonso A. de Freitas. (Arquivo ;<,Illnid pal ). o IU IHn o D E \'I1.A ;<'IARIAX..\ l R()()-1874 , 15 a sagens feitas pclos homcns que tinham ido procura de ouro e do bu gre par a esc rav izar. Com 3 ou 4 metros de lar gura , a conscrvacao deles era fcita pclos sulcos des rodeiros do car ro e pelas pat as des bo is, qu e por ali passavarn de vez em quand o. Slnuosos, po rem era precise dcsvla r de arvores gran des, pantano s e aguas. Nfio cxistiam pontes, os corregos cram tra nspostos a va u, nas suas cabccctras de meno s agua e rios gra ndee cra m co ntor nados e acompan hedos no sc u curso. Camlnhos infind os. scgutndc scmpre a frcntc pur subidas e dcscidas, ma ts a u menos num mesrno rumo. "Urn desscs cam inhos foi par mim percur· rido a cavalo q uand o mcni no, hi pelo a no de 1919 , do Ja baq uar a a te a Vila Con ccicao. Ja ncsse tempo nfio era mais usado pclos car ros de bois, porcm , por carrcc as de ca rvociros, estava m melhorados. Gastamos um dla inteiro para ida e volta.t'(" ) ln d icios que ja cxlstiarn moradorcs po r aqueles Iados dao-nos noticias as csc rlturas lavradas ncssa epoca por Francisco Ra poso - prero Iorro - a Inacio Fer reira de Oliveira, conforme assento na Paroquia de Santo Am aro. A node 1771. Ditas tetr as cra m 0 sftio Othos-d' Agua, localizada s dentro da F azcnda "Ressaca" no hoje ba irro da Ag ua Funda, nas mar gens do s ribcirces Ipiran ga e T apcr a.t") Logicamentc e de presumlr-sc qu e as caminhos da dita fazcnda cra m dois : Urn, indo para Santo Amaro, passando pclo Ta buao c out ro pa ra a cid ade, sublndo ate a estrada do Cu rsino pa ra ali encontrar a Estr ada do Mar. Nfio cons ta que naqucles tempos cram usad os outros. 0 vale do Ribciriio do l pira nga era ala gadico c na cpoca das eguas lmpr an cavel ; quant o aos ca mlnhos pelo espigao do Ja baquara, s6 multo dc pois seriam abc rtos. E ssas mesma tcrr as da Fa zcnda "Rcssaca'' mais ta rde passa ram as maos de urn ta l Lazaro Piques, qu e tambem 16 o 1J..\. IRItO DE VI r.A ~ IAR IA~.\ as vendeu. Co nsta qu e Laza ro Piq ues era leiloeiro de escravos no Largo da Memoria c morador do largo qu e ado to u 0 nome e que hojc e a Praca das Bandeiras. o qu e acima se procura csclarcccr c que a sitic onde hoje se localiza 0 balrro de Vila Mari ana ja naqucla e poca era conhecido. Por ali passavam pela velha estrada nao so viajantcs que demand avam ao liter al, como tambern ja possufa moradorcs vizinhos qu e mais tarde viriam a se asscntar ali. De faro, os primeiros moradores do bair ro consta que vieram do Ta buao, rnais ou menos em 1820, e se csta bcleccra m num campo junto a estrada . hoje totalm cntc ocupado pcla caixa de agua do bairro , segundo 0 tcstcmunho de imigrnntcs europc us aqu i chcgados em 187 8. Co nta m elcs que encontraram no largo diversas casas c moradores antigcs, mnitos dos qu ais mcsticc s, ali nasc tdos c criados. Dizia-sc naquele tempo que a s restos de umas casas de taipas e urn p<X;0 em r uinas pcrtenccra a familias vinda s do T abuiio h:i rnais de cinqucnta anos. Segundo as mesmas na rratives 0 loca l era co nhccid o como " Rancho dos Tropeiros" e ali era parada de trop es de burros e cargueiros vindos de Soroca ba, Parnaiba e Itu , que pcrnoitavam , pa ra no dia seguinte rumar pa ra Sao Bernardo e Santos. 0 local era urn grande campo com ccrcado de paus para prendcr os anima is. Goiabciras e pitangueiras tam bern havia mu itas, alcm de out ras grandcs arv orcs qu e faziam sc mbra aos viajantes c an imais. A inda hojc Ja cstd uma dessas arvores, no fundo de uma escola [aponesa - deveria scr tombada pela Prefeitura - ; e urn marco, c foi justa mentc ao redor dela que teve infcio urn dos grandee bairros da Ca pital, que is Vila Ma riana. Dizia-sc tumbem que du rante a Guerra do Paraguai o local servia de descanso as tropas vindas do inte rior e que se dirigiam a San tos, dcpol s de ter subido de Pinhciros e cncuna do a viagcm cvit ando a volta pela cldade . Tam bem fala va-sc qu e tinha sido pousc de posnl hoes q ue faziam a corrcio pa ra Santos, tend o um deles morado o HAIR RO DE VILA ;\IAIU A:\'A 17 em sitio vizinho, ali pclos lados do hojc Largo An a Ras a. Loglcamente, vrajantcs vindos do litoral teriam que forcosam ente passar po r aquelc sitio para se dirigirem as zonas de Soroca ba. pois dali romavam 0 caminho de Pinheiros e assim encun ava a viagem. Os qu e tam bCm vinham da cidade, depo is de palmilharem a velha Estrada do Mar, chcgavam com mais ou meno s uma legua. descan sand o no "Pou so", para dcpois ..eguir viagcm . Tod as as viagc n.. naqucles tem pos cram feitas du rante 0 dia . Ninguem sc avcn tu rava por aqueles ermos dcpois de cscurece r. 0 " Ra ncho" acolhia a todos. 177 1- 1820 Os anos q ue mcdcia rn entre as duas datas ..Iio muitos. A primcira data e 0 marco asslnala ndo habit ame s por aq uelas par agcns. A scgunda e 0 testemunho de qu e mais ou menos nessa epoca cxlstiam mo radores rcsidcntcs ali no largo da C atxa de A gua. que e 0 centro do bairro c que 0 local j a era con hecido por muitos. Con sidcrando o padr ao de vida naquelcs tempos. a nenhum a cullura dos hab itan tes, scm recursos de cspecie algurna. pobres. eonheeendo ape na s 0 CSp31;O em qu e viviam. e Iacil compreender a sua indole e os scus costumes. 0 povo qu e rnorava na vila era pouco, c mu ito poucos cram tam bem os qu e se aventur avam a vivcr fora de burgos habitados levando sua familia, sujcitando-se a doencas - as mais comuns cram suficien tcs pa ra liqdida-los - 30 sacr jflclo naqueles crmos, scm rccursos c scm scgura nca rncsmc de suas vidas. Os po ueos q ue hi moravam pla ntavam peq ucnas roca s para scu magro gusto. Cacando a modu dos bugrcs, vcstin do c calcandc q ualqu cr coisa nfio scntiam 0 tempo (4) II t' 1I 1 i n i S('t~lId as d n ,Iutur - 19HJ . (5) A~'au de Q Ilt·sto...~ de k lTas e m litl;;io . . . :-' Iaria no Faguntlt·s e ~l i f,'11 ..1 Estl-fa nu - 19:29. " o ~'nt rc Alltonio 8 .\ IRRO Ut: \'I L.\ \HR I"':-\ :\ passer. Em lugares etas tados 0 brancc e 0 indio vrvram junt os e muitos brancos tomavam mulhcr ind ia para companheira. Brancas cra m raras fora das vilas. Ainda naquela epoca muitos homens moradorcs de Piratininga se aventuravam pclos mates longinquos em busca de ou ro. A Iavoura nao os at rata. preferindo afunda r-se naqu eles fins de mundo. a proc ura de riqueza. Isso contri buia para 0 atraso da s vilas c suas rcdo ndezas. 0 marasma e a cstagnacao do minavam os sjtlos. 0 tempo passava. n50 se contavam as dias ou semanas naquel as epocas. scmcntc as cstacocs do ana , SO imcrcssava o tempo da s aguas para as pcqu cnas c raras plantacoes qu e muitos P<)U CO S faziam . a s suios a u vilas naqu cles tempos Iicavam unos c anas scm mudar de aspccto a u aurnenta r 0 povo. Seus moradores morriarn cedo. 1840 Nessa epoca, ja no segundo imperio e qu e comeca a viver a Provincia de Sao Pa ulo e suas vilas. Tcrminada s as revoltas surgidas nas divcrsas Provincias do Pais durante a regencia, os governa ntes podem ent ao pcnsa r em melhorar a vida do povo e da nacao. Services publicos surgem e novas estradas sao feitas. T ambem procura-se me1horar e cons erva r as j d existentes . As vilas se a proximam da cidadc c se ligam umas as outras. Mais viajantes e mais comercio e com eles 0 interesse se acen tua. A miseria e a igno rancia vao se afastando do povo e des lugares. A nossa vclha Estrada do Mar tern agora mu ito mais importancia, trilham por cia carros de bois com seus alegres e pccu liares chiados c tropas de carguclros por cia transitam . a s snios ficam rna is conhecldos, e mals rnoradcrcs sc estabclcccm. Li c fucil sc chcgar ao " Rancho des Tr opetros" . Saindo da Libcrdade, dcpois passando pelo Morr o Vcrmclho c seguindo pclo espigao da at ual Domingos de o B:\ IR RO D E " IL:\ ~ I :\IU .\:\' A 19 Morais se alcanca 0 campo das Pita ngueiras, como tambern era conhecido 0 " Pouso", e dali para diantc, ja refeiros, seguiam em dcmanda do litoral. T ambem de Osasco c Pinhciros, depois de passar pelo sitio do Bibia no ( 8 lB I ), depois da encr uzilhada de San to A maro c da Capellnha, margeando 0 campo do Barreto (I bir apu era) e subindo o cam inho ( hoje Rua Franca Pinto ) tambe m podia-sc chega r ao " Ra ncho" pa ra pemoitar. Passa va m por ali nao sO viaja ntes c ca rguciros, tambem negros vindos do lito ral e dcstinados lavoura do Interior. 0 cscravo indio nao dcra ccrto. t ic Oli o se acostumava ao trab alho. Prcferia 0 mat o, a caca, a pcsca. Ja havia nesse tempo muita lavoura no Interi or e c ram ncccssdrios braces par a 0 cultivc e 0 negro era ncssa epoca 0 n.-curso . a que recorriam os fazendeiros e sitiantes. 0 nOSMl futuro bairro cada vez mais progride, naturalmente. devagar, de aco rdo com a epoca. Comecam a se form a r ac seu rcdc r familia s grandes. Sitlos se abrem com algumas culturas e ca minhos de scrvidao tambcm. Sao as futuras ruas do que urn dia sera 0 bairro. 0 cspigno do Ja baqua ra tam bern comcca a ser hab itado e divcrsas familias jii se instala ram naqu clas paragens. Na A gua Funda ja estao abe nas muitas trilhas em direcao a cidade passa ndo pelo Jabaqua ra e tambem novos cam inhos pa ra Santo Ama ro, Pira porinha e Sao Berna rdo . H nao e aqu elc malo Iechado sO com trilhas de b ichos de cinqUenta anos atraas. Ali se instalaram os Maria-ios. Seus parentes, os Fa gundes, moram no Ja baquara. No Bosque da Saude e Vila G umcrci ndo ta mbcm os Fagund es e os Resendes. Os Vaz, ali pelos laGOS da hoje Avenlda Estela e ba ixada da Rubem Berta e Vila Clemen tine. Estes bairros nao existiam ainda naq uela epoca e sao cltados a pcnas para dar uma ldeia mals ou menus dos loca is. Eram as famil ias mais conhecidas ou com maior nu mer o de mcmbros. Havia mui tas outras q ue po r serem menos falad as ou po r nile se tercm Iixado no lugar, com o tempo tivera m os seus nomes esquecidos. a 20 o BAllt KO DE \'1 1.'\ ~I AR I.4.:'\ .4. Ao findar a guerra 0 Irnpcrado r faz doacoes de sulos aos scldados que voltava m do Paraguai {Voluntaries da Pritria ) ou as famflias dos que I:i ficar arn. Muitos outros tambern foram aquinhoados cntao com terras nacionais naq uclas paragcnsIMIGRA NT ES 1870 - A Europa esta vn supcrlotado c pobr e. Muitos palscs cram obrigados a dlspersar scus filhos por outras terras, procurand o assim aliviar os q ue la ficaram. Os mais cora josos e afcitos ao trabalho agricola, se lancavam pclo mundo. procur ando quase todos eles os paises da America, na esperance de urn dia podcr alcancar 0 que em sua Patrla nunca podcriam couscguir. Ouviram sempre d izcr que as novas tcrrus cram muito boas, extcnsas e que os que vicram antes deles ja estavam ricos. Geralmente os estrangeiros que aqui habitavam quando escreviam a seus parcntes longlnquos contavam suas esperancas c seu ottmismo, nunca esqucccndo de alard ea r, como c natural, muito mats do q ue a realidadc . Vinham antes os homcns deixando hi a mulhcr, filhos au pais para depois ruand alos buscar. Os que conscgulam ajuda dos govemos traziam toda a familia e iam diretamente para as fazendas do interior , geralmenrc cuidar do cultivo do cafe, 0 trabalho nas fazendas era feitc pelo cscravo negro, porem a campanha para a sua libcrta(ao ja ncssc tempo era grande, ,' A Lei do Ventre Livre" ja vingara. Os fazcndeiros viam, prcocupados, 0 lim proximo da escravidao . A lalta do brace negro na lavoura serla a ruina de suas fazendas. 13. havia nessa epoca muita cultura de cafe no Vale do Paraiba e em outras zonas da Provincia, principalmente nas chamada s tcrras " roxas". B nessa altura q ue 0 Senado r verguelro, urn dos maiores Iazendciros c tambern politico influente junto ao Imperador, lorna as primciras medidas para a vinda eo Brasil de Imigrantcs da lt alia, da Alemanha e ourros paises europe us por conta do governo brasileiro. Ja habitavam em Sao Paulo muitos estrangeiros, 21 vindos as suas cx pcnsas. No Bras. na Mecca baixa, no Bo rn Retir e , no Bcxiga. geralm enrc estavam Instalados mui tos italianos. Em Sa nto Am a ro. a lcmaes. Tambem no Bras muitos espanhcis . Em outros bai rros. po rem, em menor mimcro. ta mbe m hav ia imigrantes. lX78 - A "CO LO:" IA" Dcsra part e em di ant e da nossa hlstoria sobre 0 ba irro de Vila Ma riana 0 qu e vai aqui cser ito poueo esta docu mcntado em a rq uivos, e ta mbe m poueo e co nhccido por historiador cs. A s nossa.s dcsc rlcccs agora vao scguir acorn pa nhan do 0 testcmu nho vivo do s antlgos moradores locals, vctblnho s sim ples c stnccros, aindn com boa memori a, que conta m coisas c Iatos at e com entuslasmo c alcgrla, sabcndo que algu ern csta intercssado em o uvlr-lhcs os casas de sua [uventudc . Con tam 0 q ue viram e 0 q ue passara m. Co nram . tambcm , 0 qu e ouv iram , quando mocos, d DS mais velbos. o prim eiro nucleo de estrangeiros a se Iixarem em Vila Mariana foi de itahanos do nort e ( Ma nt ua ) em 18 78. Por conccssao do impe ra dor, urn grupo de umas 20 farnilias vicra m a sc cstabel ecer ondc hojc e 0 J ardim da Glori a. naquelc tempo chamado Chdcara da Gloria . Essa vila ficavu na s ma rgcns do Ribcinio lpiranga, entre o atua l ba irro do Ipira nga e 0 cspigao da ho je A ven jda Lins de Vascon celos, ao lado dircito do cmao !tit io do Francisco Possjdonio. esse bern pro ximo a hojc Igrc]a Margarida Ma ria. Foi dad o a cada familia urn lote de terra o ndc a mcsma pudc sse eo nst ituir a sua morad a e cultivar urn pcqu cno troche , para assim podc r abasteccr os morador es da s rcdondczas c ta mbcm a cid adc, co m legumes c fru tas. Fato intere ssante : nesse tem po j a se pcnsava em eriar "cint urfio verde" q ue mais ta rde pod cria a bastcccr a cldad c. Essas famflia s vi...das de sua pa tria co m pcqucnjssjmas eeonom ias co nscg uira m. aiudando-se uma s as outra s. formar suas chacaras e pom ares. e mcsmo 22 o 8 .4. 11\1\0 D1~ \' 1I ~4. ' I.4.R I.4.:".4. •s ~ ~ 1 ~ 1= -e 0 • algoma roca. 0 terr ene do vale era acide ntado, porem a terra era regularmenre boa e possu ia boas aguas. Posslvclmente lenha sido fcito ali 0 primeiro pla ntio de uva no bairro. T inham elcs pcqucnas criacocs c algum animal de tiro, com os q uais transpo rtavam os seus prod utos pa ra lugares mais dls ta ntcs. Era essa genre afeita ao tr abalho da terra. romando parte no labo r diane nao sO 0 hom em, mas tembem muIheres e cria ncas, indo 0 rude Irabalho de sol a sol. A esse peq ueno po vo cab cria logo mais lomar parte impo rtant c no povoam cnto do bairro qu e iria nasccr na s proximidades. Por mcio delcs qu e vicr am mais imigrantes para a Iutura Vila Mariana. Muiros tinham la na terra distan te pais, irmaos, pa rentes c ernigos aos qu ais mandavam as suas cart as - todos elcs se corrcspondiam com os pa rcntes lo nginquos. Para aquelcs qu e niio sabiam escrever, sempre havia urn patricio cscnv ao . Co ntavam etcs das suas lutas, porcm tambem dlziam de suas cspcrancas. da terra, e da gente boa qu e aqui cncon traram. 0 nome de algumas dcssas familias de pionclros ficaria da li para diante fazendo parte da comun idade do novo baiera . Havia entre eles os Verdi, os Morcti. os Paulcti. os Modesto, os Cusin, os Noce, os G rand i, os Cerotas, os Stopa, os Botccchia, os T alacolo c muitos outros. Desscs antigos imigrant es que aqui vicram mocos ncnhum deles mais exisle, porem os scus nomes constam nos ant igos tumulos do Ccmitcrio de Vila Marian a, e seus desccndentcs, ainda mu itos deles habitam a nosso bairro. De pois q ue esses colonos aq ui se estabelcceram ficou o nosso ba irro ja con hccido em Sao Pa ulo com a nome de "Colonia" . Niio mais seria conhecidc como antigamcmc de "C ruz dns Almas" . Seria a " Colonia" ai nda por mu itos anos rnesmo depois do bai rro ter tornado 0 nome de " Vila Mariana" . "A dcsignacao dc " Cruz da s Almas" , como cram co nhccidos estes sitios, segundo narr am os c r nais antigos. orlginou-sc do faro de duas cr uzcs plantad as nas proximid ades da Rua Afonso Cclso, num atalho de carros. que dcssa rua ia dar na Ru a San ta C ruz. Nequelc local. dizia-se, foram assasslnados dais Irmaos tropeiros. Bssc crime fora atribuido a quilom bolas ou assalta ntcs de cstrada ja M dczcnas de anos passados. E interessante notar tambem que a Rua Af onso Celso antes tin ha 0 nome de Santa Cruz c a atu a! Rua Santa Cr uz era charnada Bela Vista. Naturalmcn:e, lssc sc rclacio na com a locallzacno daq uclas cruzes na cstrnda . Quando mcnino muitas vezcs passel pe r cssas cruzcs. a local era urn an tigo trecho do caminho de carro s rodcadc de mala. porcm as cruzcs cstavam scmpre no limpo e. pcrto dclas. qu adr os e Iiguras de santos. Muita genre ali accndia vclas. Hoje clas nao rna is exisrcm. Em seu redor foram edific ados predl os de residencies e, sc nao me cngano. nesse local foi edificado 0 G rupo Escolar Klabin Segal".(1) A EST RA DA CA RRI L DE FERRO D E SAO PA ULO A SA;-';TO A MARO Em 1886 urn fato auspicioso vern dar mais vida e impo rtancia ao nosso ba irro. I:: a estrada de ferr o q ue, saindo da Libcrdade vai ate Santo Amaro. passando pete centro do bai rro de Vila Mariana. De S50 Pa ulo a Santos ja trafegava a cstrada agora de uma companhia ingtesa por em construfda pclo brasllciro Barno de Malia. Era esse na epoca 0 tr unspor tc mais rapidc c mais cuno d o que surg ira. 0 Rio de Janeiro ta m bern possuia a cstrada Rio-c- Pctro polis e em outras pro- en 2. II t'lll i l1 i '('t~ nd :ls ti n autor - 19 19. o 8 ..\lRnO D E ' ·I L -\. \ 1..\81 ,. \\, ,-\ vincias sc cogitava ou sc construfa outras tambern. Estavamos na era da locomot ive au "trcm de ferro", como nossa gente a chamava. A vida de Santo Amaro esta va nessc tempo em franco progresso. Havia ali multa cultura c muita crincao. Era 0 trabal ho dos colonos alemacs, ajududes por nossos caboclos que a pa recia . T amb em 0 treeho que a estrada ia percorrer possufa ja muhos moradorcs garantindo assim passageiros e cargas. A lenha, 0 combustivcl usado na epoca, viria a ser transpo rtada por cia, pols a zona de Santo Ama ro era a maior fornecedo ra da cidadc, tra nsportc esse que era feito ate ali por carro de ho i. feito 0 aterro do v erguciro, onde hoje estii 0 parcdao com grades de ferro. No Morro Vermc1ho, ali no San to Agostinho, sao feitos maio rcs cortes e assentados os tr iIhos, saindo 0 trem da cstaceo inicial, q ue era em frente a Rua Sao Joaq uim, ondc hoje e uma estacao de fo r~ a da Light e, subindo a atual Rua Vergueiro , chegava ate a Rua Paratso. Dali seguia em linha quase reta numa paralela a Estrada do Vergueiro, porcm ap roveitan do 0 terrene rnais alto daqueles sftios, la pela hoje Ru a Domingos de Morais ate 0 largo que mats tarde teve 0 nome do bai rro. No largo de Vila Mariana, prcclsamentc ondc hojc csta situada a velha estacao de s bcn dcs, constru iu a E strada as suas oficinas de rcparos de maquinas e vagoes. Desse largo cntiio sara urn ramal pa ra 0 bairro do Ca m bucl. Esse ramal cntrava na hoje Rua Ncto d.e Araujo, seguia dcpois pela a tua l Avenida Lins de Vasconcelos, que tambern tevc qu e sec aterrada para proporcionar leito plano e dali ia em dirccao ao largo principal dessc ba irro. Nao parava pcrem ali 0 trecho. Seguindo , 0 teem la cntao pcla ba ixada do Gllcerio ate 0 Mercado Mun icipal na Rua 25 de Marco. De Vila Mariana continuava 0 tronco para diante e na altura da atual Rua Scna Madu reira sa ia out ro ram al. Esse era 0 trccho que, da pa rad a dcnomin ada "Chave", seguin ate 0 Matadouro Muni cipal qu e cstava scndo conslruido. -a 28 o BAIRHO DE VII .A ~ IAH IANA ,, " < ~ -e" "~ 5 ~ 0 ." 2 0 '" ~ • ~ 0 e, 0 -e " " c, en i-" " ", 0 0 " • ~ 'E o" '"0 s ~ ;E ," "1 -e 0 '0 " s "00 8 < ~ , 0 -c " ec " '"e ~ ; " 5 ~ , '"g -e " e "v '~ 0 "e z0 . i ,," .s" s Id a tumbcm a cstra da de ferro transporter a ca rne verde do novo Mata douro para 0 tenda l do Largo Sao Paulo . Pa r curiosidadc: esse tcndal foi dcpois demolido c em seu lugar construfdo 0 Teatro Sao Paulo. Agora esse tambem foi dcmolido para dar lugar a urn viaduto que ira ligar duas partes da cidade. Voltando ao nosso trem, esre depois de dcixur a parad e "Chavc" fazia outra parada logo ad ianle. Era a parade da Capcla da Saridc. naquclc tempo uma pequcna capcla com q uarro parcdes. simples e pobre, onde 0 povo ia rczar aos dom ingos quando vinha a paroco da cidadc ou de Santo Amaro oficiar a missa. Nao estava propriamcntc no lugar de hojc, porem urn poueo mais perto da Rua Santa Cruz. A purada scguintc era a Parada Bosque, na atual Praca dol Arvorc. Out ra parad e era a Estacao Nova, no antigo Parq ue Imperial, ondc hojc a Light possui uma estacao de alta tensdo. Dcpois, vinha uma cstacao de ccrta impo rtancia - era a do Encontro. Ali havia um chcfe que rnanobrava 0 tra fego das composicoes que vinham de Santo Amaro c tambern da va a linha para os trcns procedentes da cidadc, ea rn rclcfone ligado as cstacocs de Vila Mariana e de Volta Rcdonda. A linha da Ferrocarril era slngcla e nao possuia 0 sistema moderno de "Estate", que ainda nessc tempo niio era usado no Brasil, scndo 0 service de seguranca fcito imicamcntc pclo telcfonc particular das estradas de ferro. Bssa estacao sc localizava no fim da Avenida Jabaquara, proximo ao atual Aero porto de Congonhas. Ao partir dali , a trcm chcgava emao a proxima parada que era Elias Chaves, atr avcssando a tual pista do Acroporto que naquele tempo era 0 suio da familia Elias Chaves. Adian te er uac era a parad a do Buraco do Pcixc - atual bairro do Aeroporto - local onde havia uma agua que muitas vezes, quando a composicao q ue vinha de Santo Amaro com muita earga, gastando rnuito vapor au por motivo de algum vazamcnto na calde ira , sc abastecia ali de agua para poder seguir viagem. Essa agua era tirade aos baldes c posta no rcscrva torto da maquin a pclos pro:JO o RA IR BO D E \'11.:\ ~ t A IHA ~ A pries Iogutstas c maqulnlstas ou mcsmo pclos passagciros. A seguinte nne era uma parada. E ra outra cstacao tambern com chcfe e tclefone: a Volta Redonda . Dcpols vinha a parada Cordeiro, e a seguintc a pa rad a Galinh eiro a tual Vila Helena (esse nome fo i dado pclo motivo de ali existir uma granja) . Ma is duas parada s : a do Alt o da Boa Vista, onde hojc c a C t nicara Flor a, e Sao lose, r -crto do Co nvento do mesmo nome que la csta ate hoje, antes de chegar a estacac term inal que era Santo A maro . O local era ondc at ualmc ntc csta localizado uma casu de fcrca da Light, 0 G rupo Escolar "Li nen Prestcs" e 0 Co rpo de Bombciros de Santo A ma ro. Ocup ava a estacao, armazern c patio toda a quadra. Havia 0 depo sito de lcnba. a caixa de agua, manguciras para ca rregamcnto de animais, pat io pa ra a carga c descarga de carros de bois, e oficina r nccdnic a para conserto de mdquinas e vagocs. Essa Hnha de ferro tinha bit ola de trilhos de 60 em entre elcs. As composicoes geralmente cram Iormadas de quatro a seis vagocs c eorria na vcloclda dc de mais ou rncnos 40 quilcmctros horririos. Os vagocs de passagciros normal mente cram dois, os outros de carga. o engcnheiro residcntc era a Dr. Albino Borba. Os chcfcs de trcrn cram os Srs. Pamplona c Gomes. Na Esta~ao de Enco ntro era chcfe a Sr." Mari a Bonani c na de Santo Amaro 0 Sr. Henrique Polidoro Borba. T ranscrcvcmos aqui urn trecho do livre de A ntonio Egidio Mart ins, Sao Paulo Antigo, sobre cssa estrada de ferro. "E m meados de 1883 dcu-sc 0 princip ia a construcao da linha da Compa nhia Ca rris de Ferro da Ca pital a Santo A ma ro, da q ual era supcrintendcntc a Engenhciro Alberto Kullman e que ficou concluida em 1886, rcalizando-sc, com a asslstencla do Senado r Alfr edo Correia de Oliveira, Prcsidcnte da Provincia, a inauguracao oficial da linha no dia 14 de marco do mesmo ana e a do ramal do Matad ou ro, dcpois :1:2 o RAmBO DE VILA ' IARIA~A de concluld as as ob ra x de constr ucno da mcsma. foi pelo Presidcnrc da Provincia autonzada. a 23 de scrcmbro de 1887 . sua abe rtura ao trafego, sendo que, atualmcnt c. rodas as rcscs a bat ide s naquclc Matadouro sao trazida s em carros cspcciais pa ra 0 te nda l situado no La rgo dos Ingleses, hoje Sao Paulo .t't ") " 0 BA NCO UN l AO" Mais ou mcnos em 1884 , uma compa nbia. conctiluida por nacionais c esrrangciros . da qu al fazia parte ta mhem a fam ilia Ktabin como maior acionista , foi funda da com a denominacao de Banco U niao. Dcstinava-se cia a fazer melhoramentos na cidade qu e ia surgindo. J:i estava a vista, para os qu e tinham clar cza de visao , a grande metr6 pole do futuro. 0 govem o im perial cornccara a const rucao de uma univcrsidadc para Sao Pa ulo. la pelos lades do at ual ba irro do Ipir a nga. Fazla-se a espla nada par a 0 asse nto do predlo, com muito movimemo de terra e gra nde mimcro de opcrarios e carrocas. Moradorcs vizinhos, dentes das lm cncocs do Gover no. agora davam muito valor as sues rcrras. pois iriam Iicar mu ito proximos a nova parte da cidadc de Sao Pa ulo que segundo cre nca gcral, serla nas imedlacoes da un iversidadc. A companhia Uniiic ta mhem prctendcndo tamar pa rte na valorlzacao do bai rro propOe a compra de tcr ras a muit os habitan tes locals. Co nscguc cia assim, entre outras. tod as as terras da antiga Colonia des Italiunos. Est es, na tu ralmenrc com ho ns Iucros. pois nunca tinham visto tanto dinheiro, dci xum os scus sftios e quasc na sua totali dade constrocm novas rncradas no nasccntc ba irro de Vila Ma ria na. que tam bem ja progredia. Muitos delcs VSj Sao Paul o Ant igo - An tonio Egidi o (l\ ibliolt-(:a ~[ LLni t"i p;ll ) . o ~ 1<Lrtins - 191 1· 19 12. 8 :\ I "RO D E \'I Ll, \1 :\"1 .4.;\.-\ sc csta bclcccm com casas come rcia ts e outros sc tra nsforma m em opcra rlcs na cstrada de ferro em construcno. Porem, q uasc na conclusao do predio da nova univcrsidade ha uma reviravolta. o arquitcto construtor da cscola, por sinal um italiano, pa recc csqucccr a que sc dcstina va 0 predio . As salas fieam escuras e as outra s par tes do rncsmo nao se adaptavam ao fim destinado. Dcra mai s importancla pa rte des Iachada s e vista s. 0 interior e acanhado, scm luz c com pou eo a r. Surge 0 impasse. Agora nao se pod cria instalar ali 0 que fora planejado, e como Sao Pa ulo ainda nao tinha urn Museu e aproveitando 0 mot ive de tcr sldo ali 0 local do at o historico da lndepc ndencia da Nac;ao, e 0 predio transformado em urn museu. T inha 0 Banco Unlao comprado ja muitas rcrras no local. Ouase todo 0 vale do Ipiranga, dcsde as prox imida dcs do Museu ate a atual Rua Luis Gois em V ila Mariana. Dcpois do vale tambem comprara ou tra s alcm da s vertentcs do mcsmo. Co m a brusea m udanca da sit uacao a com panbia nfio pede prosscguir e cnccr ra as suas ativida dcs. 0 prejuizo e quasc tota l. A familia Klabin cntao fica com 0 accr vo e to rna-se prop rictaria daquelas tetr as. Por muit os anos fieam cssas areas dcsc rtas. O s Kla bin sao muito ricos c nao precisa m dispor da s mcsm as. Espera m q ue 0 progrcsso de a cla s valor pa ra assim poder rcssarcir-sc dos preju izos. Ate hoje a grande maioria dessa area continua scm construcocs. Foi nclas que sc insta lou a F avela do Vcr guciro. Agora, ja livre dcssa fa vela, continua no cnta nto a ar ea ainda descrt a entre os bairros de Vila Ma riana e Ipi ra nga. a "O S BONANl" Par a os lados do a tual bairro do Jahaqu ara, qu e naqu clc tempo fazia pa rte de V ila Ma riana , rnorava uma familia tambcm vinda do norte de Iralia . Eram os Bonani . () u.unno DE VILA ~ I A HI A:\'A 3.'5 Francisco Bonani, casado com Dona Paulina Bonanl. aq ui chegou em 1887. I::le era 0 unico cstrangeiro por aq ueles sitios e se estabelccera com urn pequeno ncgoclo em frente a Estacao do Encontro. 0 Jabaquara possuia bern poueo s habitantes. 0 lugar era ainda bruto. A venda aba stecia alguns poueos caboclo s da redond eza e passantcs da Agua Funda e de Santo Amaro. A casa dos Bonan i tambern era pouso de trcpciros que vindos dos lados de Sorocaba tra z'am carga de fumo c tropas de burro s para vender em Sant os. Depots de urn ou da is dias de descanso scguiam .rumo ao Taboiio e Pirapor inha, fazendo 0 seguinte pouso no Rio Grande, para depois, descendo a Serra. chegar ao lite ral. Fni cssa familia a que constr uiu a primeira olaria naqu elas paragens e tambe m uma scrrarla nas margens do corrcgo Olhos-d'Agua. Segundo 0 relata do Sr. Emilio. filho do falecido Fr ancisco Bonani, a ola rta fabricava os melhores tijolos das redondezas e fomcccu esse mat erial a muitas construcoes de Vila Mar iana. Qua nto a serruria. csta nne possuia maqu tnas. n trabalho era feito a brace de homcm pete antigo sistema do scrrotao a dua s pessoas. Depois de a lora ester apoiada num cavaletc, urn homem ficava em cima e outro embaixo para puxar 0 dito scrrotao. A propria mac do Sr. Emilio ajudava a scrrar cssas toras c tambern a derrub ar as rnadeiras no mato junto com 0 filho. Dona Paulina Bonani viveu ate a ldade de 102 an os. As matas do Jabaquara ainda sertao possuiam muita madeira de lei. ate cedro e tambem toras com 1 metro de circunferencia . Essa serrarta, com quatro ou cinco cmpregados, produzia material para construcocs q ue era cnviado a urn deposito no Paraiso e tamb em Iomecia dorrnentcs para a Estrada de Ferro. Dcpois, com a chegada da Forca Eletrica foram mon tad as maq uinas e cssa scrraria funcionou ate termina r toda a madeira exlstcnte nequclas ma tes. Damos aq ui, a titulo de curiosidadc e tambem para que rique registrado, urn fato incdito c interessante para aquelcs tempos: o HAIRRO D E VI LA :\IA IH Al'"A a Sr." Ma ria Bonani, filha do Sr. Francisco Bonani, era o chcte da Estacjo do Encontro. Era ela que dirigia a Bstacao e que or lcntava 0 movimcnto des trens naque le trccho da cstrada . Com muita razao podc-sc dizcr q ue essa familia de trabal hadorcs podena tcr side a propricni ria de qu asc toda s as terras dessc ba irro c nao 0 foi pe r ter seguido scmpre a linha da rctidac e honestidade, q uand o outros ja naquelc tempo grilavam tcrras, ccrca ndo e sc apropriando do que nao era seu. Cabe pois a essa familia de pioneiros e quasc desbravadorcs daqucle s sitios 0 direito de screm rcconhecidos como os t undadorcs do grand e bair ro q ue hojc e 0 Jabaquara. o at ual chcfe dcssa familia, Sr . Emilio Bonani, agora com 75 enos de idad c, com a saudc urn tanto abalada, porem com lucldez, ai nda orie nta e ajuda os filhos em scus negocios. Tambem a atua l Cidade Vargas muito dcvc a esse cidadiio. Foi elc quem derr ubou as mata s ainda vlrgens daqu elc local c ergueu a maioria da s casas do novo bairro . o BAT/ SMO DO BA IRRO 1885 - Por esse tempo a Vila ja regularmente movimentada possufa algumas casas de ncgocio . Erarn poucas e mal sortida s. Os moradorcs abastcciam -sc Iii pcla Libcrdadc ou mcsmo no Mercado Municipal onde iam mais ou menos uma vcz po r mes de ca rroca ou de trem. o bai rru era ainda conhecido como a Colonia dos Itallanos. A nossa Vila, ncssa epoca , nfio passava de uma pequ cna area em form a de triangulo com inkio no Mar co de Meia Legua , pertencente a Ircgucsla da Sc, cncravada entre os bairr os do Ipiranga, Camb ucl e as Vilas de Santo Ama ro e Sao Bernardo. 0 scu pon to extremo era na Pinhaiba ( Jabaqu ara ) e Curral G rande- (M unicipio- de o HAIRRO D E VILA ~IARIA:"l"A 37 Diadcmu, antiga Vila Concclcao) . So dali a dcz a nos viria a ter 0 scu ca rtori o de paz e fica riam dcllncadas as sua s d jvisas e marcados os sells lirnites. No entanto 0 La rgo da Estacf io e suas imcdia coes er a ja na epoca 0 local mu's importantc daqucla zona, ond c havia 0 malo r numcro de moradorcs. na sua maioria italianos que , com a cultu ra e expene ncia tra zidas de suas patrias, tra n-Ior mavam rapid a ment c aquel es crmos em locai s civilizadas e habitaveis. Moradores da Chacara da Gloria, Dcodoro, Matado uro, Ibir a puera, J abaqu ara, Agua Funda , Tabufi o, Vila de Nossa Scnhora da Saud e, Vila Con ccicao. Multos de outros ba irros como Ca mb ucl, Ipir an ga, Sa nto Ama ro, Sao Be rna rdo e mesmo do Paralso vinbam ali rcalizar ncgocics e visita r scus patrlclos. E dcssa-dat a 0 primciro totcamcnto do balrro feito pclo enlao Banco Comcrcial. Sao Iotcadas ar eas ali no fut uro La rgo de V ila Ma riana, surgindo cntao 0 Lar go TeoJ oro de Ca rval ho, ru as do Progrcsso, Dona lnacla , Dona Brigida , Dona JUlia c cutras.I'') Foi ncssc a no qu e chegou Vila urn cidadiio chamado Ca rlos Eduardo de Paula Petit. Era filho de boa Iarnilia radicada no bai rro da Consolacao. 0 pai era frances e a mac de or igem portu guesa : Don a Ana, T inha ele passado a sua [uv entudc naqu cle bair ro e feito divc rsos cstudos inclusive 0 de scmina rlsta, tendo aba ndonado esse curso lis vespcras de pOr batl na . Ca sou ncssc mesmo ano com a profcssera D. Mar ia, "Mariq uinha", como er a chamada na intim idadc , c que lecionava na Vila de Santo A maro. Homem de boa cultura e m uitos con hccimcnto s, logo conseguiu a locatlza cao de uma escola publ ica no bai rro , ondc sua cspos a, agora ccnhccld a como " Dona Mariqu inba" Petit, passou a ensinar as primeiras let ras as poueas criancas dali. a (9) ~ I <lpa do Lotc anu-nto de Vila Xlatiana, fctt o pe!o Banco COIll('r{'i" I, ('Ill lf1SH, jArfluivo ~ I u nici pal ). o B:\lHnO DE VIL:\ \lAIUA:'<\.-'\ Na Rua Verguciro 0 casa l construiu sua rcsidencia. que flcava em Ircnte ao antigo cam po das Pitanguciras, ondc hoje esta localizad a a Caixa de Agua. Tratou ele em scguid a de dar uma dcnom inacao ao hair ro, q ue ai nda nao tinha nome, 0 qu al r6sse cfcnvamente conhccido, e q ucrendo tambem preslar homenagem a sua mae e a sua esposa, juntou 0 nome da s duas, Maria e Ana. form ando urn so, reccbendo assim a Vila a designacao de " Vila Mariana", com dois " I" c dois " 0 ", como sc usava cntao, e ate agora 0 bairro conserve esse nome, porern simplificado na nova ortografla. Dessc hcm cm, que foi urn bencmer uo do nosso bairTO, c de Dona " Mariquinha" , que foi a nossa primcira pro tessora, Ialarcmos mals ndiantc. CASAMENTO E ENTE RRO Os casamentos cram Ieitos no Carton o da Libcrdade. Os noivos e comitiva, qu ando se tratava de Iamilias mais ou menos abonadas. freravam um trem com alguns vagocs para ida e volta a cidade. Os mais pob rcs. po rem, tomavam 0 trem no hcrario comum, e depois da cerlmonia espcrava m as vezcs ate algumas horas , qu ando entao 0 trcm de Sao Joaquim vinha para leva-los de volta a Vila. o casa mento rcligloso era Ieito na Paroq uia de Santo Amaro, ou na cidadc. por em na epoca po uca gcntc usava esse cos tume. Achavam que tendo casado no ca rtorio ja era suficientc. Nao havla "l ua-de-mcl", pois no d iu scgulntc ao casamcntc cad a urn ocupa va-se de scus alazercs normals, e a vida contin uava .. . Tam bcm nao possuia aind a a nossa Vila ccmitcrio. Os cnterros cra m Icitos no Cemlterlo da Co nsolacno. 0 dcfunto era lcvado a brnco. Niio existiam carros tunebrcs e. a nao scr em casos cspcciais q uando 0 mo rto era mu ito pesado, entao era tran sportado numa car roca com o " .\tRltO DE \'11 ..\ ~1.\1lI ." ~ ." 3. J J) 1~ I acompa nhamcnto a pe. Os caixocs cram comprados na Casa Rod ovalho, na Rua da Mecca. ou cram fcitos pa r carplnt ciros da Vila . Gcratmcntc 0 caixjio era t ransportado por qu atro pcssoas. passando-sc dois paus po r ba ixo do mesmo, um na frcn:c c ou tre at ras, scndo as pontes desscs p ;LU S apoiade s nos om bras de quatro horncns. Durante 0 trajcto se revesavam. pois 0 car ninho era longo e indo dcvagar como e natural gastavam-sc rnuitas horas. Era seguida a Rua Dom ingos de Morais, Rua Paraiso c Avenida PauHsta que, naq uela epoc a. nao passava de uma cstrada abcrta hii pouco no mcio do mato. Depois, hi na encruzilhada do caminho que vinha da Vila Plnhciros, desciam e chcgav a rn ao ccmiterto. Essa obngacao. como era considerada naq uclc tempo, oeupava dia intciro dos aeompanhantes. Muitos delcs j a lcva vam a respective matu la (saco de pane com alimenres ) , pois nfio encontrariam pelo caminho ondc comer. Em Irentc ao ccmitedo havia urn botcqulrn com "pinga boa", ondc a comitivn "m atava 0 bicho" dcpois do enterramento c emao muito s "sobrava m", ehegando de volta a Vila a noite ou mcsmo de madrugada . ° o M A TAlJOURO 1887 Ncssc ano comccou a funcionar 0 novo n:ata dou ro municipal do nosso bai rro . A mata nca dos bois era antes Icita no antigo mutadou ro, localizado na Rua Humaita, no ba irro da Liberdudc. As manguclras para gua rda das reses era no Vale do H OfO n ) , ali pclos lades do antigo Moringuinho. 0 cor rcgo que cntao ali corria serv ia de bcbcdouro aos animais c tam bem com a rncsma agua eram Javadas dia riamcnte as lnstalacoes. Estava elc muito pcrto da cidade e tambern agora jn obsoleto nilo atendia rnais as ncccssidadcs da pop ulacao. As rcscs, dcpois de abatidas c llmpas, cram transportada s cm o UAIR HO DE VILA MAn IA,," A ca rrocas para 0 tcndal do Largo Sao Pa ulo, ondc o s acaugues sc abasteciarn. novo metadouro localizou -se ond c hoje 0 bairro de Vila Clem entino. Agora essa antiga construcao e utilizada pcla prefcitura como deposito de mat erials. Chegava-sc a elc pete antigo caminho do matadouro ( hoje Rua Franca Pinto ) e pela esrrada da linha do trent ( ho]c Sena Madurcira ). As boia da s para 0 corte vinham uma s do lplra nga e outr as da Lapa . As qu e vinham do lpiranga cram dcscarregada s nessa cstaca o e de pois pcla Estrada do v crgueiro, ruas Co nde Inaja e Domingos de Morais, cnrra vam pela Scna Mad urcira. at e as rnangucira s qu e Iicavam pro xtmas do matadouro. ali aguardundo 0 d ia do sacnf fcio. A passagcm das boia das pclo bairro era scrnpre urn a co ntccimcnt o. Os bois, j a cansado s pcla viagcm de trcm, vinham pela cstrada cspnvorldos como uma avalanche. 0 povo. ao grito: "a boiada". coma e sc escondia atnl s do primciro ccrcadc que cncontrassc a frentc ou cntrava na primclra po rta quc achassc ebcrta. No mclc da bo iada cram comuns bois bravos e muitos Ca SOS houve de acidcntes com popul ares. Vinham elcs num tropcl e em meio a poeir a c s boiadciros a cavalo de urn para outro lad o csporeando os animals, gritando e bramindo os cbicotcs. £SIc cspctdculo dav e a impr cssao de uma lcgiao de dcmonlcs saldos do inferno. Os bois qu e vinham da Lapa tambe m eram trazidos da mesma forma. Ao descmbarcar na esta c;ao eram entdo tr azidos para os Jados do ccmiter io (A La pa da C ity n50 cxlsiia ainda) e dal i seguindo a Estrada das Corujas e os campos do Pedro Cnste. dcpois de atravcssarcm a Rua Teodoro Sampaio cntravam na est rada do Bibi e dcpois pclo Ibira puera chegava m as mangueiras. 0 predio do matado uro era uma boa construcno para aq uelcs tem pos. Paredes com tijclos a vista, bern asscntados e ate com artc, davarn born aspccto. As part es intcma s cram amplas c as lnstalacoes de mata nca mats modcmas que as do antigo. Dcpois do abate a carne verde era tambern tr anspc n ada pa ra 0 mesmo tcndal do Largo Sao Pa ulo. Ago ra esse tr ans- o c o B:\IRRO DI': " ILA U"RI.\:"ri:\ porte era feito de trcm ate a estacao de Sao Joaquim c dali entao, em carrococs apropriudos . ate 0 tcndat. Ao lade do maradouro, pouco tempo dcpols foi constr ufdo ta mbc m o cu rtume. de ondc saia urn corrcgo de agua scmpre tinta de sanguc (0 Corrcgo do Sapa teiro ) . Nas imcdia coes e sobrc 0 prcdio do matadouro scm pre havia muitos urubus . Co mo se pode imaglnar, em toda aqucla area scntia-sc 0 mau cheiro provcnie ntc do mat adouro e do curt umc. ( No local do cortumc foi constr ufdo agora uma cscola do SENA I. ) o largo em frent e ao matadouro ( hoje Largo Senador Raul Cardoso ) era bcm gran de. No meio dele uma paineira c em um dos lade s urn bambual. Alguns bote quin s c ambulan tcs faziam scu comcrcio -. Ali se rcunlam openlrl os do matadou ro e do curtume com suas roupas com marcas de sangue, facas de trabalho na cintura. Nao cra m figuras agra davels a vista . Marchantcs, tripci ros, earroceiros c mesmo mulhcres c criancas. Cachorros entao , havia ali ba ndos deles. Os bois cram sacr tftcados a golpc s de lance na nuca, por urn magarcfe que ficava no alto de uma plataforma sabre a cor redor para ondc os bois eram tangidos. Ali a animal dcrrcava ja sobrc urn carro que entdo era t ran sporta do para 0 salao dc ca mcio . 0 lugar da matanca era publ ico, qualqu er pcssoa pod ia assistir . Multa gente vinha da cidad c beber sanguc q uente de bot, puis acrcditava-se entao q ue pcssoas anemicas au fracas tcriam com aquela pr atica grandcs mclhoras ou podcriam ate obtcr a cura de vcz. 0 deposito da s rcscs vinda s do interio r Iica va na Rua das Manguclras. ao lado dir eito do matado uro . 0 local era justa mente em frentc a uma pcque na pra <;a que hojc 1:\ cxistc, no meio do qua l crguc-sc uma hi pidc em homenagem ao soldad o cxpcdlcio nario brasileiro da ultima guerra europeia. Tambem na csquina dcssa praca ai nda existc uma vclha casa, propricdadc da Prcfcnura. que data des primeiros tempos do Matadou ro. o RAmBO DE VILA ~ IA R IA ;';A 43 Tran screvercmos a A ta Ina ugural desse Matadou ro : "A ta de ina uguracao do Ma tado urc Publico desta Capital recentementc concluldo na varzea de San to Amaro. An o do Na sciment o de N. S. Jesus Cristo de mil oi tocentos e oitcnta e sctc. scxagesimo sexro da Indepcndencia e do Imperio. Aos cinco dia s do mel de Janeiro do dito ano, nesta imperial cidade de S. Pa ulo, no lugar ondc sc acha a edificic do novo Matadouro as duas e meia da tarde. ahi reunidos as Exmos. Presidcnre da Provincia, Bani a de Pa rnahiba , a Ca mara Municipal compo sta do sr. Prcsidentc, Dr . A ntonio Dutra Rodri gues e lias srs. v creadorcs Rafael A rguiar de Bar ros, Manocl Lopes de Oliveira , A ntonio da Costa Moreira, Aquilino Leite do A ma ral Coutinho, Luiz Rodr igues Ferreira. Co rncndador Joaquim Fernandes Cou linho Sobrinho, Antonio Paes de Bar ros, Comendado r Ant onio Ga briel e Francisco Nicolau Barnil, aut oridad es civis e militar es, foi inaugurado 0 Matadouro Publico. para 0 fim de que sc destine na for ma do respective regulam ent o, abrind o Sua Exa. 0 sr. Presidcnte da Provincia os portocs do csrabelccimcnto . E neste ato 0 Presidente da Cam ara Municipal resolvido dotar estc Municipio como urn mat adouro q ue contivessc toda s as condicoes cxlgidas e achando-se findo 0 seu quatncnlo resolve inaug urar hojc 0 service de mara nca, embor a nfio estivesse e tc intcgr almcntc concluido. Concluida a cerlmonia de Inauguracao se lavrou a prcscme ata qu e Ioi assinada pclo sr. Presldente da Provincia't.tt" ) (10) "Alas da Camara da Ci<!'ule til'S. l' ll"l " _ H187" - I"i~ , 7 (. ~. ( Ar< Jllivo .\l llnidpaL) o an t) de HAIRRO DE \'I L.\ .\URI.-\:'oi'.\ Transcrcvemos aqui tambem outre trecho do livro Sao Paulo Antigo de Antonio Egidio Martins a respclro do Matado uro. "As aguas do tanq ue do Matadouro Publico que corriam no Anhan gabau, que cntao atra vessava 0 largo do Bcxiga, na ponte do Luccna ( Piques) c proximo ao mcrcado de S. Joao c na ponte do Miguel Carlos, na rua Florenc!o dc Abreu, exalavam, em ccrtas hora s do dia, cheiro Insuportavel, sendo estc urn dos motivos que fez com que a Ca mara resolvcssc mudar 0 Mala douro da rua Humaita, para 0 que mandou construir outro na Vila Mariana, e que a 3 de janeiro de 1887 foi inaugurado, sendo que a planta do mcsrno foi confcccionada pelo cngcnheiro Alberto Kullman. A Camara Municipal, autorizada pela lei n.v 6 1, de 4 de maio de 1879 mando u vender em hasta publica, os pcquenos predios que possuia na ladelra do Carmo, aplicando 0 produto liquido des mesmos na construcao do novo Matadou ro de Vila Mariana" .( 11) IMPORTANCIA DO BA IRR O EM 1888 o bairro ncssc tempo ja havia progredido bastante. As oficinas da Ferro Carri l Sao Paulo a Santo Amaro, Escola Publica do Estado na Rua Verguciro, ondc era professora "Dona Mariquin ha". Dutra cscola italiana, a do Vilafra nca, porto da Rua da Saudade. Delegaeia de Policia na Rua Vergueiro. Fabrica de f6sforos na Rua Domingos de Morais. 0 Hotel " Roma Inatingibili" e 0 Parque de Vila Mariana. l I] Sao Pnulo Antigo [Biblioteca o Antonio (0: . xt arnns - 1911-1912. ~ l u n ici p. . tl .) BAIR RO DE VILA MAIHAIX A 45 Os costumes do s moradores do ba irro porcm continuavam os mesn:os. A noire. em dia s da scmana, todos do nn iam Cl.-UO pa ra economize r queroscne . A malorl a do povo fazia as suas compras pa ra 0 mes inteiro, no mercad o municipal na cidadc , onde os gencros cram mais baratos. T omavam 0 rrem cedo com sacolas e cestas c volt ayam no Irem da tarde. 4 trens po r dia circulavam do Largo da Estacao a cstacao da Rua Sao l oaquim. 0 trajete do mercado, que ficava ria R ua Vint e e Cin co de Marco, ate ali era Ieito a pe. com a mercadoria as costas. Pelo Cam buci tumbem podia-so ir ao mercado, embarcando ali no Lar go da Estacao no rama l que ia ate 0 Lar go do Ca mbuci e rJepo is dali 0 tr em scgula para a Rua Vinic e Cinco de Marco, onde havia a cstacflo terminal. A cc ncepcao do pc vo naquclc tempo era que se mentc Iazcndo muita eco nomic podia-so ficar rico. Econ omlzavam em roupas. passcios e mcsmo na propria afimcntacao. Q uase todos elcs imlgran tcs, vindos de suas pat rias pobrcs c supc rpovoadas. tendo la passado muitas privacoes, almejava m aqui juntar dinhcirc para depois voltar, em visita aos sees parcnres c tcrras longfnquas. o Largo da Estacao, ja agora dcnomin ado Lar go de Vila Mariana, era 0 cent ro das atividades do ba irro. Ali, nas oflci nas da Fcrrocarr il trab alhavam dcz ou doze ope rarios entre mccantcos. fcrr eiros, carpl ntciros c bracais. Era conium ver-se dlanamcrue no la rgo carros de bois carrcgados em dcmanda a cidadc, ou vazios, ja de volta. Os carrciros, alguns deles com a" culcas arr cgacadas ate 0 joclho c canusas multo remcndadas, toma vam nos botequins ca fe com pflo. rctr esco de ca pite ou lamar indo. Dificilmcntc cachacu. O uase todos r nagros, cum a pa rencia de csta rem mal alimentados. Er a genre simples c boa, 0 tipo de s nossos o B:\.IRRO D E VI L:\. ~U.RJ..\.:'\:\ antigo, cai piras. As vezcs vinha m com suas Ie mllias, m uthcrcs c c rlancas, todos com scus peculia res costu mes e vcstua rlos. Passagciros dos trcns tambern paravam no lar go para fazcr batdeacao, cspera dos trens para 0 des tine . Pa ra Santo A ma ro havia dols trens que Iaziam viagem de ida e VOIt 'l diariamcntc. Para 0 Mat adou ro havia mais: Ires que iam c Ires que volt a vam. No ra ma l do Cam buci so havia dois , ida c volta . Proccdcntc da cldade, chegavam q uatro trens por dia . No lar go se reunia genic do bairro pa ra scus ncgocios e comp ras. Ncsse tem po os opcra nos cspccializados. cspccialmcntc em ccn stru ccc s, vinham da cld ade. a largo era de terr a bat lda. em alguns luga res havia dcpressocs do terrene , que em tempo de c huvas tra nsfermavam-se em lagoas. As casas, com pintura simples, caiadas. As pones e junclas cram pimadas com oleo de pcixe com cc rantes. Dcmoravam mu ito pa ra sccar c dcpois de urn mes ainda mal se tolerava 0 seu odo r. Tinra boa era a estra ngeira. porem custava multo caro. a s Iclhados das casas cra m Ieitos gcralmentc com madeira qu ase em bruto e cascas de eoq uciros. As tclh as cram tipo Italia no, qu e semp re corriam e da vam goteiras. A tclha tipo Irancesa vinha de Marselha e pouca geme pod ia compra-la. A lgumas dcssas casa s ainda existcm no local, mcsmo ali no Largo, porem rcpar adas. outras. na Ru a v erguciro. esrdo agora scndo demolidas. Bern no meio do La rgo de V ila Mariana localiza va-se o quiosque. Era de meu avo. Ali traba lhavam meu t io e minha mac, cntao com quatorze anos de idad e. Era uma construcao circula r de madeira, cobcrta com telhas de zinco. Possuta tres janelas que se a br ia m pa ra baixo e scrvia m de balcao . Scrvia-se cerveja , rcfres- a cas e bebidas e tambem prates sortidos. o HA IH HO J)l.; VlI.:\ ~ H IH :\ ~ ;\ Ali Iaziam suas refcicocs viajantcs, vcndcdorcs da cidadc. emprega dos da Ferro Carril c artesfios vindos de fora. Abria as cinco hora s da manhn e Iechava rnais a u menos as nove horas da noire. o largo a nc ite era iluminado por lampiocs de querosenc au azeite de peixe pcndurado s em postes nas csquinas. A Estacao e os ncgocios usavarn 0 mcsrno sistema. As ruas vizinhas ao largo cram tod as csburacada s. Em tempo de chuva as pessoas tinha m de andar cncostada s as cercas. agarrando-sc nelas para niio cair nos charcos formado s nos leitos das ruas . As carrocas e carros de bois, quando encalhavam, delxavam dcpois buracos t50 grandcs que qua se caberia um a pessoa d cn tro detcs. A IND OST RIA PI O NEI RA DO BA IRRO 18 88 - Ncsse ano foi constru ida a Fab rica de F{lSIorcs que Iuncic nariu 32 ancs em nossc hairro. Era a unica industria exlstentc alcrn da Fsibrica de Ccrvc]a la no Largo Guanaba ra. Ocupava cia uma (rente na Rua Domingos de Morais. entre a , Ru as Fran ca Pinto e atual Joaq uim Ta ve ra. Em profundidad c tinha mais au menus 150 metros. Nela trabalhavam umas 50 pe......oas, entre homens. mulhcres c crlancas. o forte mesmo era m os meninos de to anos para cima e mulheres, sotteiras e casadas. Na epoca era essa mao-dc-obra muito mais bara ta do que a dos homens. Os meninos ganha vam 300 reis por dia. 0 periodo de trabalho era das 6 da manha as 17 da tarde. A companhia era cstrangclra, tendo como dlrctor 0 Engenhciro Elsemba k. Trabalhou essa fabrica ale 0 ano de 1920, sendo posteriormente dcmolida e em seu luger foram feilas casas de comcrcio e na csq uina da Rua Joaquim T avera urn cinema : 0 Tcat ro Penix. Ha tempos tam bem 0 cine48 o BAIIUlO D E VI LA MAH IA l'O A rna foi demolido c essa area csta vaga, naturalm ente a espera de predio de apnrtamcntos. Ou ase todos os antigos moradores do bairro trabaIharam ncssa fabrica duran te a sua mocidade. Naqucles tempo s nne havia cscolha. 0 bai rro era pob re e muito pouco traba lho ha via em outros setores, onde se pudcssc ganhar algum dinheiro. " OS TR IPEIRO S" Com a mudanca do Matadou ro Mun icipal para a Vila Mariana, vieram tambem numerosos ltalianos do SuI da Peninsula que faziam 0 comercio de miudos de bol por meio de carrocinbas ap ropriadas. leves, puxadas por urn s6 animal e que an teriormente rcsldlam no bairrc do Bcxiga, nas imediacoes do antigo Matadouro. Faziam eles esse comerclo em quase todos os bai rros da capita l daquele tempo . T inham 0 seu codigc de hon ra , cada urn tinha sua zona certa, onde outro tripeiro nao pod ia entrar. Era cssa mercador ia mais barata que a carne-verde e fam ilias de poueos rccursos cra m os seus fregueses ma is asslduos. Agora a matadouro, com mais capaclda de de matan ca. com maior producao de miudos, animou as "t rlpeiros" aq ui estabelccidos a chama rem mais pat rfcios da longingua terra para tambern virem aqu i dedicarem-se no mesrno ramo de comercio que, diga-sc de passagem, era bern lucra tive. Assim, nos anos que se seguiram muito aumentou 0 numcro desses italianos rcsidentes no entiic bairro do Matado uro. Sabre a modo de vida c costumes dessa populacao com a qua l pouco convlvl, njio me scria possfvcl cscrevcr sobrc eles sem 0 concurso de algucm que as conhcccssc a fundo, e que posslvelmentc tam bem tlvesse relacocs de parcntcsco. Ninguem melhor do que 0 mcu am igo Nuncio Nastari, antigo e qucr ido cidadfio dessc lado do bairro de o BAIRRO DE VILA ~I A R I AN A 49 Vila Mariana, de familia tradicional c co nhecida, foi por mim convidado para fala r sobre esses elementos tambem plonelros c for madores do nosso bai rro . T ran scrcvcrnos aqui a sua dcscr tcao : "Niio tcnho a cxatu nocao de quand o 0 Mat adouro M unicipal sc Ira nsfer iu da antiga Rua Humaita, na Bela Vista, para a Vila Mariana, mais precisamente pa ra a Vila Clem entine. no La rgo do Matadouro, hoje La rgo Senador Raul Cardoso. Deve tcr sido em fins do seculo passad o cu no inicio do seculo atual. Os italianos que se instalaram em Vila Mariana e cspccialm cntc nas atua is ruas Rio Gr ande, Franca Pinto. H umbcrto I, Joaquim T dvora. Alvaro Alvim c adjacencies, cram quasc todos oriund os da Provincia de Salerno e mais cspccdic amente daquel a parte montanh osa conhccida por Cilento. E verdade que hav ia as excecocs. como calabreses, erc., mas dc lima form a gcral cram salemitanos c a grande maio ria era de Casteflabate. terr a que de u os natais ao grande pionclro da industr ia nacion al, 0 Conde Francisco Matarazzo . Todos ou quasc rodos sc ent rcgaram de cor po e alma. seja como don os ou como empregados, ao comcrcio de mlud os c passa ram a consrituir a classe dos "tnpeiros". Se exa minarmos mais minuclosamentc. chegariamos a conclusao de que esse nuclco de imigrantes era form ado, por assim dizcr, de uma s6 familia, pois os qu e nfio cram parcntcs entre si cram ligados pclo parcntcsco cspirltual por melo do compad rado. Entre essas familias citam-sc os Monzillo. os Nastari, as de Pa ula, os de Ma uro, os Matarazzo (nao cram parcntcs do Co nde Matarazzo, pols cram de Pcrdifumo ) , os G allucci, os Mar tuscclti, os Razzo. os Maland rino, os Pugliese, os Signor elli, Gr eco, De Clra. Nigro, Palmigianl, Com enale, Pascale, Acqu aviva, Passaro, A bate, os Loschiavo, os Trotta, os Pad ula, os Ianni, os Conte, os Rossi. os T orres, os Gua riglia, os Ciardi. os Malzone, os Salzan o, 50 o 8 :\lRRO DE \"I I...\. ~ I .\.R I :\S .\ os Amato, os Florio, os Villano, os Perone, os Siciliano, os Ferruzzi, os A nnun ziata c mu itos outros cujos nam es nao me ocorrcm e pccc descul pas pcla involuntaria omi ssfio. a ccmercio dos miud os tomou-sc urn neg6eio lucrativc c se todos os "trlpciros" tivcsscm observado urn regime de eeonomia, nao vai nenhum cxagero ao afirmar-se que tcd os seriam riq ufssimcs. a s "tripeiros" cilent anos tro uxeram de suas aldeias e cidadcs todos as costumes e todas as usancas, c a "canzone cilcnta na" era 0 prato prcferido em tod as as reunifies fcstivas como casa rncmo s, batizados. anlversarios, Icstas religiosas, ete. a s versos, as palavras que compunham as ce uczes cilentana s. cnccr ram em sl a mais profund a filosofia da vida. a jogo do "cncio cavallo'' era uma cspcclc de disputa entre dols ou mais adversar ies e sc consistia no grupo ou no individuo que rnais longc at irava urn queijo, impo rta do da Italia , que tinha forma oval, com uma pcqucna cabc ca, que era segura pcla mao do atira do r. a vcnccdor era a pessoa ou 0 grupo que c hcgava primeiro, ou melhor, qu e alcancassc primciro uma dctcrminada distancia . E 0 camaval cntao , com suas pitorcscas figuras, eada qual rcprcscnrando sua par te, como sc Iossc em urn palco de teat ro. T udo era tao pu ro, tao esponta nco, que dava gosto a quem escrcvc estas linhas, ja septuage nario, lemb rar com req uintcs de sa uda dcs aq uelcs tempos que nee voltam jama is, mas scmpre vivos c prcscntcs na sua memoria. Como dlsse, as costumes do Cilento foram tra nspla ntados em Vila Mari ana, e nao somc ntc as costumes, tambern as mentalidades nao mudaram, e, como no C ilento , asslm em Vila Mariana vicejou a invcja, 0 odic e 0 odic gerou 0 crime. Nao e minha intencao citar nomes e fates. que requerem uma concatenacao de da tes e cpisodios, mas nao o IHIHHO DE VILA ~ IA IUA :\'A 51 posse dcix ar de externas toda a minha repulse aos cri mes, os mais ter nficantes, que fizera m mergulhar no luto e na dor divcrsas Iamilia s. E 0 que C mais lerrificante ainda e que esscs crimes nao foram praticados para lavar a honra manchada , que de cert o modo cncontrariam justificat iva. Crimes, scm razao de scrcm, prarlcado s par uma pala vra. urn mal-cntendldo enfim. Cita-se urn fato : urn "tripciro" ficou de moita varies noites seguldas, armad a de cspingar da. calibre 16 (essa era a ar ma usada por qu asc todos ) , em frcnt e a casa de seu desafeto, pa ra assim que safsse a por ta a rnat ar. E por que? Pasmcm! Porquc, no Matadou ro Muni cipal, 0 co itado, ja sentenciado a mot te, sc havia an tecipado no carregamento de visceras de hoi. E 0 crime tcria sido comerldo. sc os par entes do vlsado, sa bcdc rcs do fato, nao Ihe tlvessem avlsado que sc vinga ria m. Foram todos pratl cad os a tratcao c em cmboscadas, scm a minima possibilidadc de dcfesa da vltima, c ficaram todos impuncs, pois os qu e sa blam de algo nao sc ar riscavam a de luta r, pois tc rmarn a vinganca. Mas dcixemos csta cronic a negra , pa is dcla nao nos podfamos a usentar, e sc ass lm 0 flzcsscmos nao csta rfamos scndo perfeitos em no ssa historia. Volta mos aos primc rdio s de Vila Mariana. a Ialecido Dr. Morais Dantas, cujo primeiro nom e nao recordo, possufa urn terrene na Rua H umberto I , que media 50 ( ctnqu cnta ) metros de Irente por 100 (cern ) metros da frente aos fundos, mostr ou-se um dia t ragm ento da histcria de Vila Mariana : Dois irmaos ponu guescs, os Vaz Por te , possulam uma grande area de te rreno, denominada Chacara da Boa Vista , que sc Inlciava na at ual Rua Jose A nton io Coelho e tcrminava pelos lados da tua l lgreja N. S." da Saude. Os Vaz Porto, des quai s urn era casado e outro vivia mar italm cme com uma mulher, vendcr am a citada C hacara da Boa Vista ao Sf. Jose An tonio Coelho , qu e a lotcou, e surgiram cntao as Ruas Central, G aribaldi, dos 52 o BAJnRO D E VIL A MARIANA Italia nos, ctc., hoje Ru as H umbcrto I, Rio G ra nde e A lvaro Alv im, que antes sc cham ou Ru a do Matadouro . o Sr. Jose An tonio Coelho, depois de rcr tornado posse da a rea, tevc qu e pagar rnais uma quarta pa rte do valor da com pra, pais a mulher que vivia maritalment e com urn de s vaz Por to, depois da mor tc destc, rcivindicou seus direitos de mulher legitime ( nao sa bernos como conseguiu prova r) e a Sr. Jose A nton io Coelho achou de born alvit re a tender a essa rclvindicacao, a fim de evita r complicacccs, pais boa pa rte do terreno j:l havia side vend ida. Os lotes padrces medlam 12 (doze metros de frcntc, por 100 (cern) metros da fre nte aos fundos e cram vcndidos em lcilao aos dom ingos c fcri ados e a cada lat e vcndidc uma bandinha de cinco ou seis figuras toeava urn dobrado, anuneiando a cfetiv acao da venda e em segu ida era peste em lciliio urn novo lat e. A cada venda 0 Sr. Jose An ton io Coelho fomecia no comprado r uma escrltura de mao e, ao falceer nosso progenitor , em 1936 , entre as documentos que fora m ap resentados par a inventano e respect iva partil ha, havia a compra de um tercena de doze par cern, adquirido de urn tal Bara ldi, 0 qua l, por sua vez, 0 ha via adq ulr ido em lcilfio e aprescntava uma cscritura de mao, dada-lhc pelo Sf. Jose Antonio Coel ho. o a mbic ntc colonial dcssa pa rte do nosso bairro ja desap areccu ha tempos , e hojc vanes racas fazem pa rte des moradorcs. No que conceme aos desce ndcntcs dos cllcntancs, ja em sua tcrcelra gcracao , ccnstit uc m em grande pa rte de cida daos pcrtence ntes a tcdas as classes sociais. Nas profissocs liberals, no comercio, oa indu stria, cnfim, em rodos os ramos da atividade human a dcstacamse estes scus herdeiros, nao nos costumes retrograde s, mas na intcligencla e no trabalho proficuo des antcpa ssado s.t «) (*l o Escrita pelo Sr. xtun cto x.et.m RAIR BO DE VILA :\IAIUA:"i' A em 14 de abr tl de 1970. 53 ATA S DA CA MARA M UNICIPA L DE SAO PA ULO 1887- 1888 19 de ahril de / 887. Na Scssao da Cama ra Mun icipal de Sao Paulo e lida uma indicacao citando pcla prim eira vez 0 nome do bairro de Vila Mari ana. £ verdade que essa indicacao nao diz dire tamcnre whee os intcr esses do ba irr o, mas tao-somente sab re a co nstrucao de urn buclro no aterro da rua qu e val de Vila Mari ana ao Mat adouro Municipal, po rcm tem-sc a ccrtcza que agora 0 nome do R OSSO baiera ficara registrado nos Anais da Ca mara de Sao Pa ulo c daqui par a a frente sera mais vezcs citado naq ucla casa de gcvemo : " Indico que se race per adminlstracao a constru cao do boe iro do aterrado da rua que vac da Vila Mariana ao novo Maladouro, fica ndo 0 Dr . Bngen hciro da Camara cncarrcgndo dcssc scrvtco, aprcsentan do prlrncirumente 0 orcamc nro da obra . - Sao Paul o, 19 de A bril de 1887 - Vitori no Gon calves Ca rmilo" . ( 12) Des sa da ta em diante outra s indicacoes sao Ieitas, porem nao corn rcferencia direta ao bai rro. ma s sim no Ma taduro Mu nicipal . prop rio da C ama ra Municipal , ondc cia tinh n Interesse, dir ctos c tambcm porq uc a li ago ra j.! trabalhavam muitos Iuncionan os scus, era urn cstabcl ecimen to q ue dizia rcspcito aos inreresses da pop ulacao do M unicipio, rcsponsavel pelo ab astccimenro da came-verde aos seus habitant es. Aqui vai ta rubern tra nscr ito ou tra indiea, ao da Cflmara . " Indico qu e csta Cam ara repr escnte ao Ministcrio da A gricult ura por intcrm edio do Mi(12) At a~ da camara Municipa l - ano de l88i - pa~. 122. (ArtIUh"o ~ llIn id pal. ) o R..\ IItR O O F. \ 'I I.A \I ARI A:'\ A nisrer ic do Imperio que nao convem a contlnua cao da vcnd a de terras da "Varzea de Santo Amaro (bairro do Matadourc) por con stituirem tais terr as a urn campo des moradorcs do municipio e apascentacao do gada, de corte dia ne - Sessao de 29 de Novem bro de 1887 Vicente Ferna ndo Silva" . ( U ) a Esta Indicacao refere-se ao atual Parq ue lblr apuc ra. proprio nacional, ondc cram postas as boladas cxccdcnt es a mag ras vindas do interior pa ra refazer-sc c assim tambern para ter 0 Mat adouro Mu nicipa l urn estoq uc de reses de corte, pa ra sc suprir na falta Oll dc mora de remcssas vinda s do interior. A seguir da mos aqui a cop ia de outro rcq ucrimcnto qu e tambem diz respcito ao nosso ba irro do uno de 1888 . " Rcqucrimcnto de Ant onio Augusto Redond o em que pede 0 pegamcnto da caucao q ue dcixara nos cotres municipals para gara ntia do nivelam cnto executado pelo mcsmo em a ru a Nova do Maradouro. Despocho : I:: esta Ca mara de pa recer que seja pa ga ao rcferido empreiteiro a quantia de 4205000 ( quatroccntos e vinic mil rels ) , de con form idade com a informacao do Dr. Engcnb ciro da Cont ad ori a. Sala de s Scssoes, 18 de Dczembro de 1888 - Jose Mendes da Silva" . (It ) A r ua rcfcrida e a at ual Franca Pinto. 0 service Icito foi um nivela mcnto, isto e, abe ulamcnto da pa rte (13) Alas da c"nwrtl Municipal de Sao 1':11110 - ano 1887 (Ar,!uivo ~ h m i('ip<\l. ) (14) Atas da Ca mar a ~ I u n idpal lie Sao Paulo - ano l RRS p<\.~. 373 - (Ar'luivo \l unk ip.11.) p<ig. 339. o B:\IRRO DE VILA \ 1.-\RI :\ :"<i:\ 55 carroc avcl da mcsma rua c dctincamcnto das sarjetas para cscoamcnto de aguas plu viais . Simples service de movimenlo de terra, com homens c cacan.bas na rua que ate entao era lim simples caminho. MA IS IMI G RA NT ES Nessc mcsmo ano, 0 da Lei Aurea. mais imigrantes chcgam ao Brasil. De agora em diante 0 afluxo de trabalhadorcs estrangciros para 0 cultivo de nossa terra, uns por conta do governo C outros a sua prop ria custa, scria enorrnc. Os cscravos ncgros aba ndona m quasc todas as fazcndas. Depcis de tantos anos de escravideo, dcsde scus pais c avos, tratudos como bestas, proprlcdade de outros homens, nfio podendo dispor do seu proprio corpo, renasccram com 0 fim de sua cscravidao . Livrcs como os outros homens, podendo andar a vontadc cornu a s passaros c os bichos da f1o resta, scm prestar cen tas aos brancos c sem correntes e cadeados. nao mais se sujeitaram a labuta da terra untie tanto pcnaram sob 0 chicote do feitor. A nacao sofrc quase urn colapso . As lavouras e as colhcitas das fazendas parcialmente perdidas, leva multo fazendciro it ruina, porcm. 0 trabalho ard uo c conscicnte dos cmigrantes j a aqui estabclccidos e des que logo viriam conscgue eq uilibrar c contc rnar a sltuacno na Provincia de S. Paulo. Para 0 nosso bairro tambem muita gcnte nova chcga. Sao outros italianos, parcntcs ou conterrancos dos que aqui cstao. Sao os Parola, os Pavan, os Zaneti, as Piovcrsan, os Vigna, os Ruge, os Orio, os Perini, os Galdier i, cs Tramboni, os Olivieri, os Mani, os Olivan, os Zucari, os Ca lgaro, os Vazoni, c muitos outros, dczcnas de families, que agora, depols de tantos anos, e dificil lcmbrar os scus nomes. Sc Iossemos registra r aqu i tcdos etcs, seria preciso muitas paginas, porque dcveriamos tambem, eorn justice, fazer a biografia de cada uma dessas Iamilias de 56 o BAIRRO DE VILA MAIHA XA tr abalhadores honcstos e ord ciros qu e aq ui vieram pa ra progred ir e assim engrandecer a nossa Pat ria. A esses todos e nos qu e aqui nao constam, as nossas bcmcnagens c grati dao, pclo q ue fizcra m e pclo qu e aqui criaram. Essas novas lcvas de itatianos qu e agora chcgavam, juntando-se aos outros ja radicados vao coope rar para 0 progresso de nosso bairro e dar a ele 0 cu nho nlndamente italiano que rcve nos primcrdios de sua Iundacao. A FA MILIA NOSE a casa l Luiz Nose e Joseflna Padovani Nose, naturais de Vero na, norte da Italia , chcgar am ao Brasil em 1887. Ele, opcrdrio espccializado c cia partcira diplomada em sua terra natal. Com eles tarnbem vcio urn Iilho, Pedro Nose, cntao com 10 anos de idad e. Radic ados em nosso bal rro, D. Joscfina logo inicia a sua nobre profissno, atendendo os rnorado res de Vila Mariana. lugarcs proximos e tambem a Vila de Sant o Amaro. Ant es aq ui so havia mulh eres pratlcas ncsse mister que. naturalmente, muitas vezes punham em risco a vida das pacicntcs e das criancas que iam nascer. At endendo em qu alqu er dia e a qu alqu er hora da noite, com qualq uer tempo, naqucla epoca de conducao dificil e em viagens pcn gosas, nunca deixou de socorrer quem prccisasse de scus services e de sua capacidad c profissional, mesmo aquelcs qu e nada podium pagar . Mui ta genic de hoje ndo sabc qu e esta mulhcr prestativa e compctcntc Ioi a primeira part elra do nosso bairro, ao qual scrviu ate 0 ana de sua rnortc - 19 11. a marido, Lulz Nose, logo q ue aqui chegou dedicou-se ao ramo de cla ria. Fazia tijolos la pclos lade s do Maladouro, rnais propr larncntc no bair ro do Sapo, nas margens do c6rrego do Sapateiro. Esse homcm tambem pode-s e conside rar ler sido urn bcne merito do bairro . Era o 8 ."I RRO DE \'IL." ~ I :\RHX :\ 57 elc quem conscrtava as nossas esbura cadas ruas com suas cacam bes da olarla, sem nunca ter receb ido des pod ercs publicos ou de particulares rcmun eracao alguma. Fazia lsso de livre vontadc. pete prazcr de fazer 0 bern a coletividade . Depois da morte de D. Josefina, toma seu lugar a filhu, Dona Romilda Nose, que tambern tendo se Iormado na mcsma profissao da sua mac, com dcdicacao scrviu o nosso bairro ate 0 ano de 196 1. Passamos agora a falar tambem do Sr. Pedro Nose. Ao chegar, ainda menino cmprcga-sc na Iabrica de fosforos aq ui do bair ro. Qua ndo ja moco, dcdica-se a diversas profissocs e par fim it prcfissao de sapateiro . Bsse cidadfio, ainda vivo, com saude e lucidcz C, pode-sc dizcr, agor a, 0 mais vclho morado r de Vila Ma· riana . Esta atualmente com a idade de 94 ano s. B solteiro, vlvendo em comp anhia de seus sobrinhos. Nunca se afasrou destc bair ro, complctando, asstm, 84 anos de tlnmicilio em Vila Mariana. Elc viu nasccr 0 bal rro, viu os seus progressos e acompanhou a sua vida, duran te quase urn seculo, tendo sua boa memoria nos esclarecido em muitos pont os destc nosso tra balho. ~Ie viu 0 nosso carro de boi, 0 ncsso trenzinho, os nossos bondes, os nossos 6nibus, e n6s, sc pudesscmos, pararfamos a tempo para que esse born velhinho vissc tambern 0 nosso mcd cm o Metro, COMf; RC IO E D1 ST RAl;:AO DA VILA Com a chcgada de rnais imigrantcs do norte c do suI da Italia, muito aumc ntou 0 movimento do nosso bai rro. Viera m eles com suas familias numcrosas habitar as ruas ja exlstentes e ab rir outra s. Assim ficaram rnais povoad as as ruas Domingos de Morais. Est rada Vcrgueiro. Dona Inacia, do Progrcsso, 58 o HAIRIU) D E VII ,A ~ 1.4, HIA NA Donn Lucia ~ l as;lI".l IIJ, umu das ma is unugns morudoras do nos su bntrro, mae (10 autor de.' lc trabalho, Sao Pedro, Dona J ulia, da Saudadc, Carlos Pet it, Central, Giuseppe Garibald i, Santa Cr uz, do Matadouro, Fo ntes Ju nior, Machado de Assis, Ja baquara, do C ur tum e, Jose A ntonio Coelho e muitas outras. e sse grande afluxo de imlgran tcs pa ra 0 Estado de S. Pau lo e naturalmente tumlnim par a 0 1I0 SS0 bai rro S(l pararla agora Ii pclos alios de 190 0-1 905. A ccramica do Pongil upi. na anriga Colonia . a bcira do Cc rrego do Ipiranga, Irabalhava naqu clc tempo. A inda pod c-sc ve-la hojc jn. em rulnas. no rneio de uma rnoit a de cucalip ros. Funcionou ela dur ante muitos alios tamb cm dcpois Iabricando telha s francesas sob a dirccdo de ou lros propr lcrari os. O utras ccramica s jn. esravam trabalhando. A do Roberto Parola, na Rua Machado de Assls; a do Luiz Nose, no Maladou ro e tambem a do Bonani, 1:1 no Jabaquara. No setor comcrcial havla 0 ar mazem do Cesare Brinati, na csqulna da Rua Vergueiro, e pcrt o da loja de fazcndas de O restes Brinati; 0 acouguc do Felipe Bern i, no largo; a padaria de Dona Dora na Rua Vergueiro ; a Parque de Vila Mariana tam bem no largo ; a Floricultura de s Flora, na Rua Domingos de Mo rais, a quitanda dos Costab ile Gald icr i e 0 quio squc do Longucto no rneio do largo ond c era scrvido cafe, bebidas e lanchcs. O utrcs ncgocios eslavam localizados nas pro ximidadcs da estacao da Ferro Caml c do largo de Vila Mariana. Adiante, scguindo a Domingos de Morais, em direciio a cidadc havia 0 hotel, grande para aquelc s tempos que hospcdava viaja ntcs chegados do interior da Europa, que iriam sc esta bclecer ali. T ambem perto havia uma bospcda nn qu e a brigava famflias recem-chcgadas q ue aguardavant moradias. A igreja do bai rro ficava afastada do centro. Localizada alcm da Cha ve. rama l da Estra da de Ferro q ue ia para 0 Matad our o, a capcla de Nossa Senho ra da Saud e era peq uena e de dificil accsso. Vez ou outra havia reza e todos os domingos uma so missa. 60 o namno DE VIL A ~ I A R l AN :\ Igrejas de outras rcligiocs nfio havia, mesmo porquc, naq uelc tempo , a maior ia do po vo do bairro era Italian o ; profcssavam todos a rcligiao catolica . Esportes rambem nao era m prati cados , salvo um ou outro campo de "bochas". De futcbol nem sc fala va. Todos os jovens, mocos c mecas, Ircq ttcntavam os saloes de bailes cxistentcs q ue eram 0 unico divertimento naqu e1es anos . Esses salocs , na epoca, eram a pro ximad amente quatro . Havia 0 baile do Pa rqu e da Vila Marian a, 0 do Hotel Roma Inat ingibiti, 0 do Far a bulini, 0 da Socieda de Fila rmonic a Giu scpc Ga ribald i, c ma is outro salilo na Rua Fra nca Pinto, esquina da Ru a H umbcrto I, 0 do Loschiavo ou Fa rina. Aos domingos, vcz ou outra, havia cspetaculos de mar lonete s no Parque de Vila Mariana ( ho]e ali esta instalada a Pani flcadora A . B . C . ) . De tempos em tem pos havia grandee festas, reunioes da ncantcs, no salfio do Parque. V inh a gcntc do Ca mbud, do Ma tadou ro, do Jabaquara e redo ndczas. 0 bailc comecava a tardinha e ia ate as 10 hor as da noite, qua ndo cntao 0 povo se recolhia para suas casas, indo em grandcs gr upos confor me a zona que morava m, can ta ndo e brinca ndo pelas cstra das. Bsses dias era m a nsiosamcnte espcrados pcla mccada e tambem pelos ncgoclant cs. Tod o mu ndo bebia e cornia nos negocios do largo . Alguns ncgociantes ehegava m a fazer fcrias de cern mil-reis. Naq uele tem po a cervcja G ua nabara custava trezentos reis . 0 copo de pinga cheio duz entos reis, 0 capile, ta rnari nho ( hoje groselha) cern reis, 0 siffio ( agua gaseificada) , para rebater as libacocs, custava duzcnros reis. Refrigerant es engarrafados nao existia m. O s Irequ cntadores desscs bailes que nfio tinham bons dentes ou tinham ma u halite, usavam "sensen" ( pas tilhas para pcrfumar a boca) . D cntistas no bair ro nao havia na epoc a. Poucos usava m ro upa de casemira; calcava m sa patos o BAJRRO DF: VIL A ~ IAR IA~ A "' ord ina rius. alguns at e de couro cru. Urn a u ou tre usava camisa bra nca, a maior ia de pane ba ruto . Aq uelcs cram tempos de poueu din hclro, pcuco trabalho c mal remu nerado ; nao havia na Vila gente rica, so pob res ou remediados. Circulava a mocda de urn vintem, isto e, cinco vintcns para formar urn tostao . Urn prato sor tido custava trezentos reis. A passagem de trem ate a cidade ou ao Cambu ci custava 400 reis. LU IZ PE RINI Quem fossc do largo de Vila Marian a para 0 Jabaquara em 1887, cncontra na. urn poueo alem da C have do Matadou ro c logo dc pois da parad a do trem da igrcjinha de N. S.a da Saud e, na altura da atual Rua Luis Goes, a venda do Luiz Perini. Locallzada na cncr uzilhada das cstra das, uma que ia a Sant o Am aro. outra que ia ao Ja baq uara c a out ra , a da Ressaea, que comccava naquclc ponto c ia para 0 Ta buao. Pira por inha c Silo Bernardo, era parad a qua sc forca da de passa ntcs. tropciros e carreiros que ali descansava m e faziam as suas pareas rcfclcoes. T inha ele vindo co m sua familia do norte da Italla em 1886, e depo is de rcsidir algum tempo em Vila Ma rian a loealizara-sc ali com um pequcnc ncgocio, sendo naq uela epoca 0 unico morador da cstrada da Saude. Horncm honra do e de bo ns p rinclplos, era respe itado e bcnquisro pclos pou ccs mora dorcs da redondcza e tambern pelos seus pat rlclos da Vila que aos do mingos lam em gr upos de cacado rcs vasculhar as matas vizinhus. Logo ali adian tc, nas baix ada s da Rua Luis Gels, em grctoes que la existiam era morada de caca grossa. Ao lade da venda tam bern tinha ele urn depo sito de carvao q ue supria 0 povo da Vila. Esse carvao era tra aldo pcla estrada da Rcssaca. hi das banda s do Tabuao e Pirapon nha. em lombo de burro. (;2 o IUIlHlO DE VIL A \ IARIA:\''\ A cstrada da Ressaca que passava na parte baixa do Bosqu e da Sande nao tinh a condtcocs para carros e era usada tao-somentc pa r tropciros. SO burro grande supo rtava par aqu elcs camin hos a carga de q uarro sacos de carva o. Essa vendi nha cxisnu no local ate 0 ana de 1930, epcc a em que foi rcformada, retirando-sc da li os antigos mo rador es. Hoje em seu lugar csni 0 mesmo predio, porem complctamcnt c d iferente e scus atuais prop nct ario s cxploram o ramo de padaria. o CA MINHO PARA A C IDA DE Saindo do Largo da Esta cao pela Rua Domingos de Morais, ladcando as oflcinas da Fcrrocarr il enco ntrava-sc o negocio do Longucto. 0 Hotel "Roma Inatingibili" , a hospedaria do Fa rab ulini e dcpois a R ua do Matadouro. A scgulr vinha a fab rica de fosforos ondc era gerente urn italiano. O restes Accrbi, c no lado conmirio apenas urn boteq uim ja na esquina da Rua Fontes Junior. Mais tard e esse mesmo botcq uim tran stormou-sc em rcstau rante, do q ual era proprieta no tam bern um picneiro do bai rro, 0 Sr. R uge Arleodoro. Seguindo a linha do trem pela mesma Domingos de Morais, q ue com a paralela a Estrada vergueiro, encontrava-sc dcpois, no lade direito , alguns mo radorcs c no lado esqucrdo a chiicara de s padre s. Estes morador es tnham suas casas sepa radas uma da s ourras pa r grandes claros com terrenos vazios cercados com fios de aram e. Vivia numa dclas 0 Carlos Binat i, carrocciro que fazia q uase tedas as mudan cas do povo da Vila, e tam bern Sr. Francisco Nose, que cxercia a mcsma profissao. A proxima rua, scguindo em Irente, era a Rua J abaqu ara. Essa rua, saindo da Domingos de Mor ais so ia ate a Rua Central, porque logo abaixo, alem dessa rua, cncontr ava-se urn corrego, tr ibutaric do Cor rego do Sapatcl ro, ° {} BAIHRO D E VIL A ~ IA IHAl'\ A que nasccndo na chacara dos Padres dcpois de passar pclo sitio de D. Virginia ia dcsaguar no segundo , la nos campos do Iblrapncra. Nessc mcsmo ponte , voltando-se a Rua Domingos tie Morais cxisna um campo com vegctacao rasteira que ia ate a Estrada do Verguelro. Ali na baixada era 0 deposito de Iixo da Vila, trazido em dias altcmados pa r urn carrocc iro que cobrava des rnc radorcs uma pequcna taxa pa r esse service . Er a aquelc local 0 at ual Lar go A na Rosa. 0 lixo era depo sitado na margem da Rua Vergueiro ondc havia uns grotocs com grandes arvorcs, local esse que dcsdc ha muitos anos tinha a dcnomi nacso " Malo Gr osso" c fazia par te de urn sitio que tinha comeco no Morro V ermetho. Dali para frentc, seguindo sempre a R ua Domingos de Morais, cram as tcrras de Jose A ntonio Coelho, isto e, do lado csqucrdo do "Caminho do Carro", G randes areas vaz ias ate encontra r a Rua Jose A ntonio Coelho ha pou cos anos aberta e que dava safda pa ra a Estra da do Ca ngUl;u, e para a Vila dos Pinheiros. justarnente na cncr uziIhada ondc cxistia uma ca pelinha c de onde saiam os caminhos para Pinhciros c Santo A maro, Fo i nessa Rua Jose Antonio Coe lho que se localiza ram os primeiros alcmacs vindos no nosso bairro c que Iala rcmos delcs num capitulo a parte, Scguindo pclo cspiga o rur no (I cldade , depois dcssa rua encontrava-sc a chaca ra de " 0 , Marian ne" , da familia do Engenheiro Alfredo Kuhlman, Ha uma versao que foi dessa chacara " Marianne" que sc originou 0 no me de nosso bairro, porem suponho que nisso hri cngano.t !- ) Na Irentc dcssa chacara a Rua Domingos de Morais sc juntav a il Rua v erguciro. Iorma ndo urn largo comprido que logo adia nte sc alarg ava tomando a dcnominacdo de Largo G uanaba ra. nome esse q ue Ihe vcic da Cc rvcjada G uana bara des Irmaos Fausto c Carlos Sehimt que fun(14) Xotu {lll Autor. o nA Hmo DE VI L A ~ tA ln A N A clonava no local. Dcpois dessc largo encontrava-sc a Rua Paraiso que de u nome a esse bai rro. Er a ali 0 anti go sitio do Co nego F idelis. e as nasccn tes do cortege An hanga bau nos anos de IlU)()"187 4 .e ~) Depois, dcsccndc pete Rua v crgociro, co lado do Morro Vermclbo. ad iantc encomrave- sc 0 aterro do Verguciro, ja divisa da Liberdad e c a cidade. " 0 CA RTO RIO DE PA Z" 1896 - l! ncssc ano reconhecid o oficialrncntc 0 distrite de Vila Mariana. Prcclsamente a 8 de janeiro c eriado o Car tono e Registro C ivil de nosso ba irro. Scu primciro un cial foi Jc ao N cpom uccno de Sousa, vclhc morador e de or igem da antiga familia dos Nepomuccno, sitia ntcs das baixadas do Morro Ver mclho . Multo relacionado c eonhccldo, era de prortssao barbciro. Esse pnmclro cartorio comeco u a Iunclonar na Rua Vergueiro. proximo ao local onde hoje e 0 Hospital do SAMDU, ant es do pareda o da Vcrgueiro. As divisa s de ju r isdi ~ao desse Cartorio possivelme nte trnham side dclineadas na epoca, porem. apc sa r das pesq uisas Ieita s. nadu ncssc scnt ido se enco ntrou . o at ua l oficial do registro tambem nunca soube qu ais cram c nao possu i documcntacao quc cscla rcca . Qu and o lhe pcrgunramos sc por acaso tinha uma ideia sobrc 0 assunto. elc nos rcspo ndeu : "Crelo que afora 0 Ipiranga, Ca mbuc l, SC e Santo A maro , 0 resto tude pcrtc ncla a este "car tc rio". Supocm-sc q ue esse cartorio sc localizava [ustamente na divisa norte. e ao sui ia alem do utuul bairr o do Jabaqua ra. Por curiosidadc anota mos os scus dois primciros asscntamentos. 0 primeiro, de Ialccimc nto: A ngela Stopa, (13) I ) L\ ~ - lI i, ti,r ia - Citl.I.I.· .1,· S. 1';11l10, pur .1" Fr eitas , 11# 10 - 18 74. [Arquivo ~ Iun id p,al. ) o 8.-\IR RO m : VI L A ~I.\n l.\~:\ ,\ f"",,, ~I. 65 obito em 11·1· 1896 ; e 0 pr imciro nasdmcmo : Faus:o T romboni : em 14·1 ·1 896. Passou esse cart ono po r diversas mudan cas de loca l c hojc funciona na Run Domingos de Mora is, scndo scu atual ofkin I a Sr. A nto nio Paulo Antunes. " I:\ ST ITUTO DO ~A A NA ROSA" 1896 - No at ual Lar go Don a Ana Rosa situava-se o "Institute Dona A na Rosa" , lnstnuicao bcnementa, destinada a am parar, dar lnstrucao clcmcnta r c profissio nnl a mcninos orfgo s. Entravam elcs aind a pcq uenos para 0 mesmc c salam com a idade de dczoito anos aptos para enfrcnrar a vida e com qu alidadcs de cidad aos . Era uma institukao partic ular e ainda hoje funciona no bairro de Vila SOnia com os mcsrncs princf pios as cxpcn sas de dcsccnd cntcs do Barn o de Sousa Ou circs. T ranscrcvo aqui uma cronica nessc scntido do cscrltor Antonio Egidio Martins sobrc esse educanda rio em 1911 : "0 Comendador Jose Manuel de Fr anca . que foi sepu ltado na Igreja do Rccolhirnento da LUl, era nat ura l de G uaratln gueta c irm jio do Ca pitao Manuel Jose de Franca. Ialecido em 2 de ab ril de 1865. e dcixcu, como seu irmao, cc nside nive l fort una, havendo 0 seu resta menteiro. com a coadj uvacdo de outras pes· sons de sua con f ianca, levado q uatr o dias a conta r a grand e quantidede de di nheiro que 0 capitao Franca dcixou. D. Ana Rosa de Ar a ujo, falecida a 9 de junho de 1872 , na idadc de 86 ano s, era cunhada daquelc s cupitalistas. lcgando a mesma scnhora uma avultada qu ant ia pa ra scr aplicada na Iundacao. ncsta Capital. de urn estabelecimente de cnsiuc pa ra os pobres. 0 qual. sob 0 66 o MIRRO DE ' ·ILA ~ 1 .. \RI.";Ii .-\ T itulo de " lnstituto D. Ana Rosa" foi. a 8 c:: ab ril de 1875, fundado por scu tcsta mcntciro, Scnador Barile de Sousa Oueiros, havc ndo 0 mesrno Instituto f uncionado. nos primeiros tempos de sua cxlstencla, no grande predio da Ru a Scnador Ouciros, depois no Convcnto do Ca rma. ccdido pclo scu respective prior, Frei A ntonio da Virgcm Maria Luis Barreto. o mesmo Institute D. A na Rosa csta funcion ando hojc em bo nito e gra nde edi fieio cc nstrufdc ha poueos unos, em Vila Maria na, e c xereendo com muita dedlcacao c zelo 0 ca rgo cargo de diretor do referido csta belcciment o 0 cid adao Dionisio Caio da Fon seca qu e, em 1881, POSSUIa e di rigia na cid adc de Rio Claro urn importantc colcgio de tnstrucao pr imaria c sccunda ria." (HI) Esse cstabclccimcnto ocupava toda a frente do Largo Dona A na Rosa oa Rua Ver gueiro c seu terr eno ia ate as baixadas da Actimacao. Foi dcmo lido rnais ou menos em 1940. Em seu lu gar ergucm-se predios comcrciais e de apartamcntos e tam bem ali foram ab erta s ruas que ligam V ila Mariana ao ba irro da Aclimacao. A Ll NHA DE BONDES DE v. MARIANA A PINH EIR O S De Vila Ma riana para outros bai rros 0 tra nsporte pub lico de passagciros era feito, em 1890, sc mente pcla Fcr rocar ril, que servia os balr ros do Jabaq ua ra, Ca mbuci, Matadouro e Vila de San to A maro. porem co m a recente abe rtu ra da Rua l ose Antonio Coel ho, qu e ene urtava 0 eaminho pa ra 0 bairro de Pinhclros, urn grupo de capita(16) "Silo Paulo Antigo" vol ume 1911 - 19 12 - Hto. o DAlRn O D~ VILA ~IAH IA :'IJA Antonio EgiJ io ~ lart i n s - II llstas, com 0 lim talvez de valorizar terras de sua propriedade, propoem a Camara a instalacao de uma linha de bondcs a burro ou a vapor de Vila Mariana a Vila de Pinheiros, atravcssando as baixadas da Avenida Paulista e Varzea de Santo Amaro. As companhias de bondes do Born Retire c Bela Vista, c a Companhia Carris de Ferro Sao Paulo a Santo Amaro se opoem a esse projeto, tachando-o de prejudicial aos seus intcresses e ncsse sentido of id am a Camara, conscguindo tomar scm efcito 0 projeto dcssa nova linha de transportee coletlvos. Aqui dames, a titulo de curtosldade, os despachos da Camara: "A Comissao de Justice, cxaminando a pcttcao da Companhia do Born Retiro e Bela Vista, chama a atencao da lntendencia para 0 contrato celcbrado entre ela e 0 Govemo para a constituicao de linhas de bondes, alegando que a pcticao de Abilio Soares, Jorge Eisemback e Jose Antonio Coelho de uma linha de bondcs pa ra a Vila dos Pinhciros e na rua Angelo de Abreu, na Vita Mariana, ofende 0 direito da pcticionaria, porque cssa Iinha ira passar poc algumas ruas que seriio servida s pela pcticionaria e outras do scu contrato. A comissao e de parecer, a vista da clausula 23 do contrato da Companhia de Bondes do Born Retire c Bela Vista, que nada ha a opor". Hipolito da Silva - Manuel Lopes de Oliveira" (17 ) A seguinte ea pcticao da Ferrocarril: "A Comissao de Justica, cxaminando a peticao da Companhia Carris de Ferro Sao (17) (I 8) niei pal.) Alas &1. Camara Ata s da Cdmaru 1890. 1890 - (Ar'l " IVO ~ lll n lcipal.) pllg. 184. (Arquivo o BAilmO D E VILA ~ 1 1l - ~ IA lU A:'IIA Paulo a Santo Am aro , e de parccer qu e a Hnha de bo ndes pcdida po r Jorge Eisemback, Jose A nton io Coelh o e A bilio Soares vern lesar d ireiros, porq uanto seu co ntrato diz, no art igo 12 que "du rante 0 prazo, de prlvilegio nao se con cede d a outra s Iinhas para as baixadas do Matadouro". Paco Mu nicipal, 1890".( '" ) 1.0 de Agosto de E assim fica scm cfciro esse mclhoramento qu e, mcsmo que Iossc fcito com ob jctivo de intcresscs pcssoais. viria ad iantar 0 progresso dos atuais bairros do lbira puera, Jardim A merica, Jardim Pa ulista e Pinh ciros. CA R LOS PETIT Era a Iigura mals lm port ante do bair ro . De boas. manciras, fala man sa e cduc ado, con hecedor de leis c de politicos, era relacionado com muitos horncns do govemo . Estatu ra regular, trajando s.empre de casimira, gravata, sa patos cngraxad os, rcquin tcs esses que dificilmcnte eram usados por cidad aos de Vila Mari ana naqu cles tempos. Con bccla todo mundo, gra ndes e pcqu cnos. Tod os a ele rccorriam pa ra resolver seus casos pa rticula res ou ncgocios da Vila, A todos elc atendia com bcnevolencia e intcressc e gcralmentc rcsotvia sanstatoriamente. Por sua ir nerfcrencia era dcvida a instalacao da (mica indus tria no baiero, a Iab rica de f6sforos. Honesto, sa bia fazcr amigo s e atra ir slmpatlas. Era ele praticamente 0 delcga do, juiz de paz, foi vcreador em du as legislaturas, possuia pate ntc de tcncntc-coroncl da Guarda Nac ional e po r ultimo ocupou 0 cargo de adminis trador do cemlte rio de Vila Mariana . Duran te trin ta anos trabalhou pclo bair ro, sem visar scus intcresses part tcularcs. Ainda a elc em vida foi dad o o 8 :\IRHO DE \ 'IL.\. ~HR HS .\. 69 o seu nome a uma rua do bai rro proxima a sua rcsidencia em 1903 . A atual Rua Carlos Petit dcnominava-se ate esse ano Ru a Hu mberto I. Nesse ano porem passou a dcnomina r-se Car los Petit, e 0 nome de Humberto 1 foi transferldo a antiga Rua Cent ral do bairro dos "t ripciros". Sempre morou no scu sobradao da Rua Vcrguciro em frente a caixa de agua. prcdio esse agora demolido para da r passagcm ao metro. La era ta mbem a antiga Delcgacia de Polfcia c a escola publica mista de "Dona Mariquinha". Falcc cu esse cmerito cidadao em 1922, com 58 anos de ldadc, dcixando divcrsos Iilhos, entre elcs 0 Sr. Nillon Petit, que tam bern muit os services prestou ao bairro c aq ui ainda reside, na rua que leva 0 nome de scu progenitor. " DONA MARIQU I NHA" Maria Bittencourt Paula Petit. csposa do Sr. Carlos Petit, era a profcssora da Vila, formada pela Eseola Norma l do Estado, j5. tendo lcclonado tarnbcm na Vila de Santo Amaro . De porte alto, rnagra. cnergica. porcm boa, fazia questao que as suas crtancas aprendcsscm a lcr c cscrcvcr. A escola era mista, mcninos c mcninas. no r ncu tempo em 19 18, uns trinta. nurn so pcrfodo. Muitos moradorcs da vila nao mandavarn scus filhos a escola. poueos davam valor a instrucao naqueles tempos. Tambem muitos poueos detcs tinha m instrucao, q uasc todos s6 sabiam assinar com diflculdade 0 nome e alguns delcs ncm isso. Faziam questao, isso stm, saber contar dinhciro. A cseola era Ircq uenrada por aluncs de divcrses idadcs, sendo os mcno res gcralmcntc com 10 ano s. Havia rapazinhos j a com buco eursando 0 2.° c 3.° elementar. As meninas, porem cram pequenas, as maiores com uns 12 anos. Unltorm es nao havia. Cada urn ia com a roupa que tinha. A lguns iam calcados, outros dcscalcos. A maior ia era gentc pobre e muitos mo ravam rclativamcntc lcngc. Familias r nais abo nadas, mandavam seus filhos cstuda r na 70 o R \ IIIT10 D E VI L. \ ~IAHlAl'\A cldadc. A sala de aula era na parte superior do sobradao e de l:i en xergava-sc 0 quintal com a criacao e 0 pomar da profcssora , tudo cuidado por cia mesma. Ao terminar 0 ano lctivo dava cia presentee aos alunos, frutas do seu quintal e doce caseiro por cla Icito. Por volta do ana de 1920, co nstruido 0 at ual Grupe Escolar " Marechal Floriano", na Rua Domingos de Mora is, esqu ina da Rua Dona Julia e, a nossa cscolinha j:i extinta, passa "D ona Mariqu inha" a fazer parte do co rpo doccntc dessc estabclc cimento. Lccionou a boa mestra durante 40 anos, e ate hojc, multos de seus alunos, jn. agora entrados em anos como cu, lembram, com saudadcs, da sua escolinha e da nob rc pro fessora. OS PORTUGUESES T ambem cstabclcccram-sc no nosso bair ro port ugucscs por volta do ano de 1900. Muitos deles vieram de outras zonas onde cram ma is numerosos como Pinhciros e Pa nic Gra nde, locals de cxtracao de ar eia, mister cxercldo naqucle tempo quase exclusivamente pa r homens dcssa nacio nalidadc . Alguns poueos linham vindo da terra natal. Form aram elcs 0 seu nuclco pr incipal pclos lade s do antigo "Tanq ue Sant'Ana (dcpols dcno minado "Pe de Boi") e atua lmcntc Vila Gumcrcindo. Esse local ficava na baixada na Rua Santa C ruz, nas rnargens do Ribcirao Ipiranga. Ali dedicavam-se ao cult ivo da terra , plan tando verduras c florcs. Possulam elcs tambem vacas lcitciras, aprovcita ndo as cncostas do vale que cram rices em pastagcns. Dcnomlnavam-sc aquelas paragens "Tanque Sant'A na" pelo motivo de que ha anus passados tcr side ali a dgua do Ribciriio Iplranga represada par an tigos rnoradorcs com 0 fim de formar aguada para a crlacnc . Formara-se urn grande lago com rnuita vcgctacao aquatica q ue cobna quase totalmcnte a superficie das aguas o H!\mHO DE V I L A ~ I A ln A ~A 71 por uma grande cxtcnsao. niio so do lago como de grande parte do prop rio ribcirfio. Moradores da Vila e das rcdondezas iam ali pcscar e banhar-sc; porem, devido aos acidentes aeonteeidos, ondc muitos dcixaram a vida, com 0 tempo fieou 0 local cvitado c q uasc esquecido des moradores da Vila. Era comum vcrcm-sc esscs verdurerios e leitciros durante a parte da manha pcreorrcrem as ruas da Vila. as primciros com carrinhos puxados por urn animal. carregados com verduras de diversas qualidadcs e, as scgundos, as lciteiros, com latocs de folha-de-flandrcs as costas c a tiracolo numcrosas canccas de tamanhos varlados. Eram essas as medidas aferidas pela Prefcitura, para mcdir certo a quan tidadc de leite pcdida pclos fregueses. Entre esscs vcndcdorcs de leire havia ta rnbem os desoncstos que adicionavam agua ao lcite ou alteravam as mcdidas, e, vez por outra, quando os fiscais do Municipio faziam dihgencias de Iiscnlizacao para conferir 0 tcor do lcitc au a capacidadc das medidas esses maus comcrcianles cntao fugiam, delxando no local scus latccs e mcd idas qlle eram rccolhidos ao deposito da Prcfcitura. Tinham esscs portugueses a seu proprio modo de vida. a parte dos rnoradores da Vila, porq ue os costumes e lingua difcrentcs dos ltaflanos eram urn impccilho, naqueles tempos de pouea instrucao e quase nenhum convivio social. Cuidavam elcs das suas chricaras c criacocs, tra balhando durante a semana tcda nessa lida pesada e bruta. de manhii a noite, uns como patrocs, outros como emprcgados, procurando amcalha r urn dinheiro para urn dia ir a terrinha matar saudades, au prcparando urn futuro melhor para si e sua familia, nao sc envolvendo em assuntos que nao f6ssem de scus patrfcios. Aos domingos, as mais mocos juntavam-sc em urn salfic de baile na Estrada Vcrguciro, 0 "H crois do Mar" (l 9) (19) g sse nome Ioi dado no salao pd o fato de estar ~lc locali zado na an tiga Estrada do ~ I a r, ],ojc Estrad a d o VC'rgul'iro. 72 o UAIBHO DE VIL .\ ~ I A HI:\X ." cali se divcrtiam ate a tardinha. Havia tambem a s que nem esse baile freqUentavam, prcfcrindo ficar descansando da labuta da semana. Era muito eomum ouvlr-sc tcda a tarde des domingos, vindas das chacaras, a s acordcs da.. musicas desscs portugueses. dando vaza a sua nostalgia em guitarras ou sanfonas de oito baixos. Com 0 andar des anos foram elcs se cspalhando por tod o 0 vale do l piranga c, depois, aos poueos essas chaceras foram cxtinguindo para dar lugar as habitacocs que iam surgindo. corn a aumcnto do povo naquclc bairro. Ainda hoje algumas chacaras de vcrduras la cxistcm, nas baixadas da Estrad a do Vcrguclro. Seus dcsccndcntcs. ja com mais Instrucao, nao quizcram seguir 0 duro traba lho de scus pais, prcferiram 0 comcrcio, 0 traba lho de artifices ou profissao liberals e sc intcgrando com os outros habitantcs do bairro, tambem multo coopcraram para 0 dcscnvolvimcnto de Vila Mariana. ANQ DE 1900 Esta data marca diversas modiftcacoes imponantcs para 0 nosso bairro. Muitas de suas ruas, as princlpais e o largo tinham sido scrvidas por Iluminacao publica com lamplocs de gas e a luz eletrica domiciliar tambem ja ehegando. Construla-se uma rica residencia na Rua Domingos de Morais, logo adiantc da Chacara Flora. Tinha ela side uma especie dc casa de campo, com crlacao de galinhas e agora, depots de grandcs reformas torna ra-se a mais bonita casa do bairro e era propriedadc do Conde Oueirolo, gerentc ou socio do Banco Joao Brfcola. . Tambcm na parte comcrclal ja esrava 0 bairro bern dcscnvolvido. Muitas lojas novas, inclusive uma Iarmacia tinha side montada . Ja nao era preciso os morado res man- o saliio era urn ha rracao de madeira pcgado oo predio de uma vcnda, no local node dcpo is se formou a Favela do Vcrgtwiro. o saldn j{\ nao exist!', porem 0 prCdio da vcnda, qu ase em min as, ntnda Li esta. [Nota do nntor). o DAIR nO DE VILA ~ IAR IA NA 73 dar avia r rcccitas ou eomp rar scus remedies na cidade, na Iarrnacia Cri stini la na Rua Alva res Pcnteado. med ico, Dr. A lfio Martclcti. tumbem dava suas co nsultas em dla s attcm ados ali no la rgo, csq uina da Rua vergucirc pcgad o venda do Cczarc Br inatl . A oficina de carp tntana do Chlnagfia. na Rua Do m ingos de Mo ra is, fabricava movcis c a oficina mccanica do ldoschcro, na Rua Vcrguciro. fa bricava peens c mater ials de ferro para co nstrucocs. Havia tambcrn 0 mcrcado de burr os na Rua F ra nca Pint o, esq uina da Humberto L Divcrsocs no balr ro po rem conti nuavam as mcsmas. J ogos de bochas e de cartes pa ra os velhos e os bailcs frcqilenta dos pcla gente mais mcca. No Parqu c de Vila Ma riana da ncava -se todos os do mingos. co m o saljio abcrto c publico. Os eav alhe iros pagavam uma tax a, isto e, ao cntrarcm co mpravam urna senha qu e custava qui nhc ntos reis c dava d jrcito aos bailcs daq uele dia, das 16 as 22 hora s. Duas o u Ires vezcs d urante cssa rcuniiio dancan:c as con tradancas para va m na mctad c e cram vcrl fica das a s scnhas qu em nao a ti nha e ra ob rigado a eo m pra r uma au o a dcixar a sauo. A s dam as nao podiam da r " tabua'', isto e, nao pod ia rccusa r 0 pcdldo dos cavalheiros pa ra dancer. Se recusassc era convidada a dclxa r 0 satao de baile . As vezes, po r esse mot ive . ou q ue di vcrsos ca valh ciros descjasscm da ncar co m a r nesma dama dava altc rca cao no salao. porem scm graves conscq uenclas. Nin guem po rtava arrnas, cra m todos genre sim ples e conhccida, q ua ndo mu ito, a caso era resolvido com alguns sopa pos . O s o utros baite s. 0 da F ilarmonica Giuseppe Gari baldi. 0 do Loschia vo, 0 do Far ina C 0 do Farabuli ni, tambem fazia m as suas reunioes. porem nao rodos as do min gos. Porem estc a no maroa urn fato pa r si so mu ito importa nte. t a ter mlno da Co mpanhia Ferro Carril Sao Pau lo a Santo Ama ro. Essa cstrada q ue, pod c-sc dizer, foi a propul so ra do hai rro de Vila Mar ia na, agora ia dcixar 74 o namnn D E V I L A \ I AIU A:'oI A de tr afegar. A Companhia, em dificutdades flnanc elr as. c arrema tada pcla Light. Isso nao era de estranhar por quanto cssa est rada nunca dera luero ao scu proprietario, A lfredo Kuhlma nn. que no comeco tinha-sc associado a Eu sebio da Camara Lea l c este pouco dcpois deixo u a socicdadc, na tu ralmen te tend o pcrcebido pouc o futuro na mesrr.a. A pcrtinacia de Kuhlma nn po rem con scguira Iazela Iuncionar dura nte esscs qu inze a nos. Assim 0 trcc bo para a cidade e pa ra 0 Mata douro iria m scr logo servidas por bondcs cletncos a cargo da companhia canadense. Qu anto ao ramal do Ca mbuci M tempos ja tinha sido intcrr om pido. o Irem continuaria porcm ale 0 ana de 1913 a scrvir a trccho de Vila Mariana a Santo Santo A maro, sob a dl recao da Ligh t. Essa demora pa ra tam bcm scrvlr a Vila de Sant e Am aro com bondes eletr lcos prcndia -sc ao Iato de agora aqucla linha m udar 0 trajcto. Em luger de seguir pclo J nbaqu a ra. iria pcla varzea de Sarno Am aro. c rnuitos cortes, aterrcs e pontes deveriam scr Icitos ncss c tem po em qu e nao havia maqu inari a; so braces de bomens e tra nspor tcs com anim als. E justo aqui Icmbrar mos ta mbcm os homens que du ra nte esses qu inzc anos. jun to com 0 Engcnhciro Kulhma nn, coo peraram e deram 0 melhor de si ncssa pequ ena estrada de ferro de sa udosa lcmbra nca . Alem dos che fes de trc ns e chefes de estacao ja citados em outre ca pit ulo, 0 Sr. Gus tavo Ravacbc. chefe das oficinas. e os maq ulnistas Joao Mazinl. Moren , Trombon i e Pauleto. NIION IIO DA ESTRADA Era esse 0 nome por que era conhccidc 0 morador d~ urn sitio situadc ent re as ruas da Saudadc e Sena MOl· durci ra, na bcira da " Estrada do Ca rro" que ia par a Santo A ma ro . Na tura l dcssa Vila. era solteiro e vivia em compa nhia de sua vclha mac. D. Mariqutnha, cuidando de pcquena roca e de algumas vacas de leite que possufa. o 8:\IRRO D E YI Lt.. :\1.-\RL\ :'Ii.-\ 75 Vendia lenha e tam bem leite ao s morado rcs do bairro. Homem simples e dado e ra a migo de tod o mundo das redondezas. Seus co nterra ncos. quando de passagcm po r ali viajando pa ra a cidadc com carros de bo is. paravam pa ra desca nsar ou mesmo pa ra pern oitar. Agora esse propricdadc cstava rcduzi da . Fora muito maior em tempos ides e dela Jazia parte a atual Rua Fran cisco Cr uz, qu e era urn atal ho de tropas vindas das bandas de Pinheiros e que ali tin ham urn rancho de pouso a ntes de cntrar na Estra da do Mar. T amb em ncssc sitio existira a velha "Capclinha das A lmas", na Estrada do vc rguciro, ent re as ruas Fr ancisco Cruz c Inaja. Agora com a cstrada de ferr o d ividindo cssa propri edade ao mcio, torna uquelc trccho do "Cumlnho do Ca rro" cm scrvidilo publica. ligando a Rua Domingos de Morais a Estrada da Saude. Aos poucos c aos pcda cos vai sendo vend ida cssa parte a esqucrda da " Estrada do Ca rro", fica ndo 0 prop rlcta rlo somcmc com 0 lado direito ainda po r m uitos anos mais, ate que 0 progresso ta mbem nao mais permitiu gra ndee a reas vazias e aos poucos vaose ali construlndo rc....idencia s. o PA RQ UE IBl RAPUE RA Na zona do lbir apucra. a gra nde a rea que scrvira de paste as bo iadas vinda s do Interior c destinadas ao Matedouro Mun icipal era agora urn ca mpo descrto. uma planieie que sc cnxergava de longc, scm urn a nimal au mesmo um morador . T er rene plano. cnxameado de monticulos de cupins, com urn ca pim bern rate, sem uma moila a u touccir a, era retrat o fiel de cam pina. De quando em qua ndo nas par tes mais umldas pequ enos lagos rasos. feiros aln da naquelcs antigos tem pos. pa ra matar sedc do gado , pareciam como pontes pratc ado s qucb ra ndo a monotonia da vlsao . 76 o B.-\IRRO Il l': \"11...\ \t\lH"~ ." Para q uem olhasse pa ra aquele s lad es da antiga Rua do Cur tume, dati de pcr to do atual Institute Biologtco, vcria hi no lim , encos tado no Corrcgo do Sapateir o, uma fileira de pcquenos cucaliptos que delimita vam aquel c imenso terren o. At ras dessas arvores havia moradas de chacareiros e cnacao de gado leitciro. Pelo outro lado, ao nort e, faziam cssas ter ras divisa com outras tambe m do Bstado, separadas por urn pequ eno corrego trlbut ano do Sap ateiro denom inad as Invernada dos Bombeiros, c com a rua Abilio Soa res qu e dcscmbocava na A venida Brigadeiro Lui s An tonio, um po ueo acima da encr uzilhada da Capelinha , dconde safam os cami nbos de Pinheiros e Sant o Am aro. Pclo lado sui ter minava esse grande campo na antiga Rua Fr an ca Pinto, que ncssc treeho era desabitada . Algumas dezcnas de anos arras urn grupo de par t tculares quis se apo ssar dessas terras fazcndo uso de cscrit uras falsas. em prejuizo do Estado e do povo . porem na o tiveram exito. Aqu elc pedido da Cama ra de Sao Paulo em 1887 fazendo apelo ao Ml nister io do I mperio "q ue f6ssem suspensas as vendas de tcrras na varzca de Santo A maro po r se dcsti nar 0 local a apascentar 0 gado e urn campo para a povo", cstava ccrto ; 0 Ibirapuera tornou-se de fato urn "campo para 0 povo". ~st e e 0 antigo retrato do nosso atua l Pa rque Ibirapuera, tambem denomi nado "Campo do Barreto" , hoi clnqu cnra anos habitado so por coruj as e bern-te-vis. As co rujas, por serem aves ariscas qu e nao gostam de genre, nne mais existem ali, foram embora, porem os bera- te-vis, que siio mais "se m-vergonha'', ainda hi cstao contentcs da vida, a bcira do lago. NOTA S SOBRE UM BA IRRO DE SAO PA ULO Na scido no bairr o de Vila Marian a, na Rua Dona J ulia, em 190 8, fui com minha fam ilia de r nudanca para Plnhciros em 19 14, resldlnd o ali ate 0 ano de 1918. o 8AIRRO DE YIL.o\ ~IA IH A ~' A " Sao vagas minims lcmb ra nca s da quclc tem po, porcm tendo volt ado aquelc ba irro dep ots. por diver sa.. vezcs, fixei aspectos e luga rcs que me facilita m cscrever sa bre o assunto . Mo ra va mos no fim da Rua Fcm ao Dlas. pcn o da a ntiga Estrada das Ccrujas. Meu pai, tendo tide rcvezes em negoclos trabalhava nessc tempo com trans portc de arcia e pcd regulho q uc retirava do porto des Vaz. Possuta ele tres ca rrocas e era auxiliado pa r ca rnara das. Minha mae, pa ra mclhorar as condicocs da fami lia mon ta ra uma peque na venda na mcsma casa ondc moravam os. Os tempos era m de pcnuria. Nao ha via tra balho e nem di nhciro. Ali os moradores era m todos po brcs e ignorantcs. Havia Iii muitos caboclos, alguns parentcs des anti gcs Lcmcs, que tocavam pcqucnas rocas c vend-am icnha aos moradores do balr ro. As ruas nac eram calca das c ncm rncsmo arr uadas. S6 te rra preta c muitos pantanos. Havia a chamada Rua de Baixo, a Rua do Sumid ouro, a Ru a des Padres e outras de na mes esquisitos qu e nao me vern it mente. o lar go, tam bcm scm calc arncnto, em tem po de chuva transform ava- se num barreiro. onde a bondc fazia a ba tao de volta it cidadc. Ha via alguns poucos ncgccios c a igrcja onde e u fui batlzado. T am bem logo alc m do la rgo, perto da Rua Area Verde, que no tempo era a miis irnpo rtantc, ja exisna 0 "mer cado de s caipl ras" , onde era m vendidas aves, palmitos e alguns cereals que sitla nles traziam do Morurnb i, do Embu e de Itapccerica. As vezcs, aos domingos, urn desses ncgocios dave espct ac ulo de Ma rionctcs com 0 "J oao Mi nhoca". De tempos ern tempos a par ecia por la urn circo. Era uma testa para a molccadu c urn aco ntecimcn to pa ra a bairro . 0 palh aco percorria as ruas enqu a nto 0 circo pob re estava scndo montadc , c com toda a cnancada ucompa nhando ia ele canta ndo : - " 0 palhaco 0 que e?" E nos respo ndlamos: o BA IRRO DE VlL ,\ :'< I.\JU ..\I"i"A "J:; Iadrao de mulh cr". E asslm po r dian tc, por quase toda aqu ela redon deza, Iazcndo com seus diros a propaganda do scu circo e do cspetaculo. Na nossa rua , a Fcrn fio Dtas, ha via ao todo uns qulnze morador es. Logo no comeco dcla, uma pequcna pout c de madeira, m uito tosca . sa bre urn cc rrego; logo depois, um grupo de q ual ro casas vclhus, em scg uida a igreja do s protesta ntes c alem desta uma casa gra nde dentrc de urn ample cercado de a ra me farp ado ; a seguir. na primeira esquina. a capclln ha rcplcta de imagens de sa ntos e locos de vclas. Depo's de r nais dua s casas a nossu, com duas portas c urr. a junela na Irentc. Mais d uas casa s velhas c a l terminava a rua pa ra com ccar a Estrada des Co ruja s, que ia em dlrccao a Lar a. Entre as mo radas aqu i descritas sempre havia gra ndes espa<;os vaz tos com brcjos c capociras. A nossa casa, de tiiolos, possufa tam bcm urn quintal gra nde que ia. nos fund os. ate a out ra rua, a Rua de Baixo, que era 0 co meco da ant iga va rzea do Rio Pinhciros, com mcitas de ca pim c brejos. Desscs brejos por algumas vezcs vicram cob ras vcncnosa s. tendo lima dclas pcnetra do ate uma dcpcndencia da casa. scndo por Providencia Divine pcrccbida a tempo c mor ta a tiros. o ncgocio que minha n:ac dlrigia muito po ueo rcndia . O s moradores das rcdondczas nile tinham condicocs de fazer despcsas. O ucroscne, sal, acucar, sa bno e plnga era o for te do ncgc cio . Ba ns fregueses gas tavam 30 a 40 mil-reis por meso As crlancas Ircqucntavam 0 grupo cscola r da Ru a Butanta c duas cscolas mistas que q uase nunca funcio navam por falta de professors . Nos, os molcqucs, qua sc nfio Iamos it a ula. Cabulavamos 0 r ues intciro. indo nad ar na varzca ou cacar passa rinh os nos campos do Pedro C rtsti ou no sitio de N h6 Paulino, urn hom caipiru, dono do "S nlo do Buraco". Esse N h6 Paulino tinha laces de pa rcntcsco com os Sardin has . No fim dessc 1918, esuiva mos de volta a o HAIKRO D E VILA MAR lASA ,. Vila Mariana. As tres carrocas carrcgadas com a mudanca vieram pela antiga Estrada do Bibi, naquela e poca epoca eheia de buraeos, onde as pcq uenos corrcgos eram passado s a va u c as grandes ar vorcs q ue ladcavam a cstrada cobria m-na inteira mentc com suas ramagens. NOTA: Esta pcqucna dcscrlcao do bairro de Pinhciros e feita sc mcn tc para dar uma idcia do que cra m os bal rros de Sao Paulo . O uase todos eles pobres, estava rn nas mesmas condicocs no rim da Primeira Gr ande G uerra. Hojc 0 bairro de Pin heiros e urn dos mals lmportantes da Ca pital, assim como outros qu e ha cinqucma anos Oli o passavarn, pode-sc dizer, de nucleos a u vilas scm cxprcssao. as A LEM AES Nus terras do Sr. Jose A ntonio Coelho. que antes tinham pertencido aos lrmaos Vaz, esse cidudao ahriu di vcrsas ruas e tambem uma que levava . a scu nome. Nao foi possivel deseobrir a proccdencia anterior aos Vaz. Consultando Datas de Tcr ras no Arquivo Municipal dcsdc 0 ano de 1850 em diantc, nada a par eeeu ; porcm em mapa de 1897.e ' ) podc-sc ver uma lagoa nos fundo s da R ua Pclotas, que atualm entc naomais cxlste, c voz popular diz que ali era 0 sitio de " Dona Virginia" . Essa area ta mbem fez parte das terras do Sr. Jose An tonio Coelho. Provavclmcntc esse sitio era anterio r aos Vaz. Par elc passava 0 corrego que na scendo na C luicara des Padres ri a Rua Domingos de Morais alim cnta va esse lago, e dcpois, atrav essando a Ru a do C urt ume, ia sc junta r ao Cc rrcgo do Sapat ciro hi nos campos do l blra puera. Ncssc suio de " Dona Virgfnia" havia multa culture de cana e ccrcais tocado por escravos. (20) ~ Iapn Geral dil C,ll, it,ll de S. Paulo - Orl-\aniz,Hlu sub a (J in'~'ii<l do Dr. G"TlWS Card im - 1897 . (Anl" ivo ~ Iun id pal. ) 80 0 8.\11\1\0 D E VILA ~ I A RI A;\' A Possufa mo njolo. anlmais e casas de taipa. A ntlgos morad ores da Rua Pelotas contam que no fundo de urn J esses lotes qu e fazia divisa com esse c6rrego, adquirido do Sr. Jose A. Coelho, foi cncontrado urn local co m muilas ossad as humanas a pouca profundida de, conclut ndo-sc qu e ali fora 0 cemirerlo de s morad ores dessc sitio e de scus inumeros cscravos. A Rua Jose A. Coelho e suas imediacocs j a em 1903 cra basrantc habit ada por cidad aos alemiies. Os prime iros qu e ali vicram proccdiam de Santa Ca tarina, sendo picneiro 0 Sr. Vicente Somm er que, vindo de sua pdtria cornu imigra nte dcstinado aquclc Estad o e nao tendo cncontrado ali condicocs, sc tra nsferiu pa ra Sao Paulo com sua familia , csrabclcc endo-sc na Rua Jose An tonio Coelho. Depo is dele outros tambern de San ta Catari na vicram asslm como imlgrantes qu e nao sc Iixaram na Vila de Sa n to Amaro, chegaram para aumcnrar aq uele nucleo e, mals tarde, novas cidad iios alemiies da cidadc e mesmo da sua terr a natal ali sc csta bclcciam . Possufam elcs sociedades rccrcativas e seus clubcs de jogos, onde era mu ito comum a prat ica do "bo liche". Em 1903 c fundada e instalad a na R ua Jose A. Coelho a cscola alcma, pcla cntao Sociedade Escotar , cntidade essa fundada por T heod or Henn ies. 0 prirnciro professor dessa escola e durante 27 anos. foi Johan cs Keller. Em 1940 passa estc csta bclccimcnto. i:i agora com curse ginasia l c corncrclal , a denominar-sc "Colegio Benjamirn Co nsta nt", com nova sedc 11 Rua Eca de Oucir6s .( ~ I) Dcdicavam-sc esscs alcmacs ao trato da terra em diversas chacaras e como opcnirics na cidnde, nas rcdondezas e na Cervejaria G uanabara . Em 19 16 e ali instalada a fubricn de chocolate "Lacta" c po r volta de 19 19 a estamparia Caravelas, esla agora ampliada, de propr iedade do Sr. Joao M iiller Caravclas. Q uanta a Iabrica de cho colate agora so [a cxistc 0 predio, tendo a mesma se mu(21) :'\nta s do Instituto Historicc H ans Stade». o H:\mH O D E V I LA :\1.4. IU ..\ ~ :\ 81 da do para a balrro do Booklyn Paulista , depo is de tcr sido adquirlda pclo Sr. Adcma r de Barros, Atualmcntc poueos dcsccndcntcs daq uclcs vclhos mora dor es esta o esrabelccld os no local. O uase todos mudaram-se a u tra nsferiram-se para ou tros balr ros. AT AS DA CA MA R A EM 1900 E 1903 E em data de 1.0 de fevercl ro de 1900 qu e pela primeira vez a C amara de Sao Pau lo tra ta de ass untos direramente ligado s a Vila Ma ria na, desde que 0 nosso hairro passou a Distr ito de Paz em 1896. An tes dcssa da ta tarnbern nao exlste arc algum com rcte rencia ao nosso balr ro. a nao ser com refer enda ao Matadouro Municipal. Dem os abaixo Ires desscs atos: "O ficio da Prcfcituru comunicando haver prov idenciado a ca pinac ao das ruas de Vila Ma ria na e conscnos nas ruas que sc d irigem ao l piranga c do Ver guciro, pcdld os pclos mora- dores" (22) , Ou tra ata tra ta da cria ciio de d uas cadci ras de clas - se e1ementar : "I ndicac ao n.? 19 1" T endo as mo radorcs da Vila Mariana me pcdido pa ra solic itar dessa Camara a crlacao de dues cadei ras de curse primano , uma do sexo masculin e e outra do scxo feminine, para a que nos enviar a m 0 abaix o ass inado que tcnho a hon ra de submeter a dccisao de me us ilustrcs colcgas, e me pa rccendo de toda a J ustica a justa aspir ace o daq uclcs moradores, (22) Atas da Camara ~ Iuuil'ip'l l de S. Paulo - ano de 1900 . (p{lg, 36), 82 0 HAIR RO D E VILA MARIA~A cu cnvio a mesa 0 mcncionado ab aixo assinado c PC\;O ao sr. Prcstdcntc da Ca mara para submeter a ldela ao estudo de uma comissao para 0 etelto de scr formu lado urn projctc criando aquelas cadelras. S. Pa ulo - 1.° de Ieverelro de 1900 Scrafim Lcmc" (2:1) . Para rne1horar 0 ca minho da cidad c a Vila Mariana onde no aterro do Vergueiro cram inume ros os desastres com ca rros c ca rrocas q ue por ali transitavam e a presentada uma mocao para qu e Iossem Icltos 0 ::; necessaries mclhoramentos. "Parecer n.O 59" A Comissao de O bras Municipais, cxam inando os pa peis rcterentes a melhc ramentos na rua v erguclro e contin uacao ale a rua Paraizo nao ped e deixar de aplaudir a rculizacao dessc melhoramento como sendc urn des que mais sc recomenda pela sua utilidadc c urgencia. Trata-sc de da r ccmuncecso a par te import antissima da cidadc c que muito sc resscnte dcssa ncccssidadc, c de garan tlr a vida dos que po r ali transitam contra os co ntinuos dcsastres q ue sc tern dado no aterro da rua v crguciro. A parte mais dlspcndio sa consta no mcio do mcsmo aterro. orcada em 136 .995S45, ob ra esta capital nos mclhoramen los de q ue necessita essa parte da cidad e. Sao Paulo, 17 de J unho de 1900 Ola vo Egidio rafim Lcm e". e ~ ) ( pa ~. J050 Pcntcado - Sc- (23) A la~ Ita Camara d a Ci l!;Uk' d. , Sao 1' :11110 - ann 1900 36). (.2: -1) .\ I;lS da C amara de S. 1"1lI10 - allll m oo ((1Iig. 226). o IH .llm o DE VI L A ~ IA IUA jU Sendo 0 bairr o ainda em 1903 desprovido de cemiterio, 0 Banco Uniao faz a doacao a Cama ra Municipal de urn terrene necessario a esse fim: " Parecer 190 3". n." 8, de 5 de dezembro de A Com issao de Higiene, tomando em considcracao a necessidadc de se fazer no bairro de Vila Marian a urn cemiteno Municipal e a doacao Icita pclo Banco Uniao de Sao Paulo de urn tercena que sc presta a esse fim, e de parccer que seja aprovado 0 ato da Prefeitura a que se refercrn os papcis junto. Nessc scutido e cntiio baixado pcla Camara 0 decreta que cri a 0 atua l ccmiteric situado na Avenida Lin s de Vasconcelos. "A rt. 1. 0 - £ aprovado 0 Ate do PreIeito pclc qua l adq ulre, por doacao feita pelo Banco Unlao de Sao Paulo, urn terrene na Vila Dcodoro com uma area de 14.290m:! para 0 fim de ser construldo urn cermreno que sirva para os bairros de Vila Mar iana, Cambuci, Ipiranga e Vila Dcodorc, podcndo dispcnder ate a quantia de quarenta comes de reis com 0 (echo do terr en e, e mais ob ras que forem necessaries. Art. 2.° Rcvogam-sc as d ispo sicoc s em contra rio. S50 Pau lo, 5 de dczembro de 1903 Fr ancisco A. da C. Horta J unior" - (:!~ ) Qu anta ao orcamcnto fixad o pcla Camara Mun icipal para melhoria c services a serem feitos nos hairros da Capital, contando cia para isso com uma verba de 1. 000 (25) (ra g. 435). Alas da Camara ~ hm icip;\1 de S. Paulo - auo de 1903 centes de reis. assim distn bufa ncssc ana nat uralmente de acordo com 0 mimerc de cada bairro. A Vila Maria na, qu e contava com 6 .000 habitantes, coube a 30 .000$000. ~ QUAD RO I'AKA F rt' gut"sia B,~ Consolucao Sta. Efig:enia Sui d a Se :\"llrte da S{O Santana \'. ~ Ia riana DI~IRIBUl C;AO Popul~io DE a im portancia, de habitan tes naqucla epoca impo rta ncia de ~ I ELI IORA~ IEl\'TOSw 7 . ()(x1 300 .000 2.30.000 200 . ()(MI 150. (MX) 3.'i . OOU 35 .000 6 .000 JO. (MMl 60 . 000 SO. OUO 40 .000 30 . 0UO 7 .0UU Propo~io Q uo ta 1 . 000. (MM j" 30% 25% 20% 15% 3,1% 3, 1% 3. 2% (~ U) No mcsmo ano, ccntava tambem Vila Mariana com 334 elcltores divididos em 2 seccocs (21) . o " PA RA ISO " A parte de Vila Ma ria na, dcsde a Rua Jose Antonio Coel ho at e a Avenida Paulista. assim como as baixadas da Rua Paraiso ate 0 Jardim da Aclimacao e a parte opus ta do Espigao ate a Ibirapuera, de nominavam-se "Parafso" ja em 1900. o Largo Guanabara ainda nao era catcado e tam bem nao tinha igreja . somc nte urn campo de terr a ondc a molecad a jogava bola. A Iabri ca de ccrvcja em frente e, ao redor, diversas casas de mo rada. A Rua Par afso era bern habnada c a Aven ida Pau lista, ainda em chao, porem. apcdregulhada c arborlzada, contava j a com dlversas casas boas. Quanto as partes que dcsciam para a Varzca do l birapue ra cstavam as ruas scndo abcrtas c alguns mora dores (26) Atas d a Camara de Sao Paulo - ano de 1900 (p:tg. 326). (27) Atas da Cdmnra de Sao Paul o - ana de 1900 (pag. 24). csparsos ja ali residiam em pequ cnas chacaras. algumas delas antig as, com velhos morad orcs, pionciros daqu clas paragen s. Do lado da baixada da Rua Parafso. csra tcrmi nava na Rua A penlnos com regular num ero de habltan tes. italia nos imigrant es, qu e ali form avam 0 ba irro do Mor ro Vcrmelho. Alem dessa rua, dcscend o. sO pirambciras e a scde de urn antigo sitio, de nome csquisito, depois matas e co rregos ate 0 qu e seria 0 Jardim da Aclimacao. • Hem 1916. 0 Largo Gu anabara. cspcrandc ainda calcamento, possul uma igrcja: Santa G cncr osa. A Ccrvcjur ia G uanabara tinha side ampliada e trabaIhava com muit os empregados , quase todos nlcmiics, moradorcs na R ua Jose Antonio Coel ho , A chacura de Don a " Marianne" t inha dcsuparecido e em sell lugar surgira a Colegio A nglo-B rasllclro. Ncssc largo ja havia cntao muitos moradorcs c casas ccm erciais. Entrando na primcira rua qu e pa rtia desse loca l, a Rua Tom as Ca rvalhal, e. depois de tcr a rravessado as ruas Cu bant o c Oscar Porto. csta ladeada de cbdcaras de verduras. logo adiantc topava-sc entao com 0 campo de futebo l do G uanaba ra. a agremia1;3.0 mais for te daqu ela zona. Depots dessc campo lerminava a rua c pa ra alem so capoci ras. Essa rva ja era muito habitada como tambem a Rua Cubatao qu e, saindo da Avemd a Brigadeiro Luis A ntonio ia tcrmlnar na Rua Jose Antonio Coel ho . As rua s do Bugre, do Bispo e Bernardino de Cam pos possuiam nessc tempo jli alguma s casas ricas, prcnu nciando que aq uelc scna urn bairrc residencial pa r excclencia. A rua scguintc qu e partindo da Rua Para ISO ia uo campo do Ibira pucra era a Abilio Scares. Nessa rua, na csquina da C ubatao , localizava-se a Metal urgica " La Fon te' e na csquina de baixo, Rua Oscar Porto, 0 Colcgio Anglo-Dule y, logo a frente a Iabrica de slnos c mals alem a fubrica de borracha "Fanubor ". Dali paradian tc p. era cstrada com cscassos moador es c mates dos dois lades, ate cncontrar-sc com a Ru a Jose Ant onio Coelho, 1<1 no fim. formando com csta uma so para dcsembocar na Avcnida Brigadeiro Lu is Antonio, contomando a Invernada do s Bombciros. A Rua C ubatno, ja calcada em parte, dava safda na baixada da Avcnida Pa ulista c r nuitas novas runs. A pri ncipal do bairro, porem. era a Avenida Pa ulista . J {i calcade, com bondcs cor rcndo par cla desde 190 1 ou 1902, possufa cntao m uitas casas de gentc rica, dcstlnandosc a scr a pr incipal avenida rcsidc ncia l da capital pau lista . J5. ncla tin ham side const rufdos 0 Grupe Escolar Rod rigues Alves , 0 Hospital San ta Ca ta rina c 0 Institute Pasteur. Em cpocas de carnaval ali se fazia 0 cors o de ca rros alegoricos. Ouanto ao lado de baixo da Rua Par aiso esrava a R ua Apenlnos, qua se to talm cntc construfda . Mais aba ixo as mcsmas pirambclras, matas e corrcgos de cinqtlcnta anos atras, tet ras cssas que tin ha m sido na quclcs longlnquos tempos lavrada s pclo escravo preto, e 1<1 no fundo. as ruas Nilo c Chul c a chacara do oftalmologista Pinhata ri, antiga sedc do sitio de nome csqulslto ondc surrava m ate dcsca deirar os cscra vos negros a mando e a pagamento de ourros donos de sfrios das rcdondezas. Ma s abaixo no vale , 0 Jard im da Aclimacno, antiga scdc da Soclcdadc Hipiea Pauli sta. Ncssc charna do ba irro do " Parafso", dcsdc 0 seu comeco , vicram para ali numcrosos habhantcs sfrlos e Iibanescs, e com 0 tempo mals chcgaram, forma ndo ali hoje urn regular nucleo de cidadaos dcssa nacionalidade, tendo tamhem at ualmente construfdo a sua igrcja . ATUA IS NO MES DE ANTIGAS RUAS Damas aqui agora alguns dos antigos nam es pclos qua is cra m con hecldos at e os a nos de 1900- 191 0 dlvcrsas ruas do nosso bair ro. o HAlIlHO DE " 1l.A ~ I A n I A!'\A 87 Rua Vergueiro: - (Antiga Estrada do Carro ) Nicola u de Campos Verguciro, po rtugues, bacharel, fazendeiro. Reprcscntante de Sao Paulo nas Cortes Portuguesas em 1822. Scnado r por M inas em 1822. Ministro da F azcnda e da J ustica durante a Regencia, P rofessor da Escola de Dircit o de Sao Pa ulo de 1837 a 1842. Falecido em 18-9-1 859. Rua Domingos de Morais: - ( A ntlga Estrada do Carro ) - Domingos Correia de Morais, nascido em T iete - engcnhciro po r Jl HACA E . U . , da A merica do No rte. T cve atividadcs na Companhia Cantarcira de Esgotos - 1883. Prcsldcntc da Companhia de Bondcs de S. Pau lo, vcrcador. scnado r c Vice- Presidente do Estado. Falccido em 15-2-1 9 17. Estrada do V ergueiro: 1840 ) . A v. Estela : - (A ntiga Estrada do Mar (A ntiga rua " B" ). A v. Rodrigues A lves: - (Antiga Rua Jabaq uara, primeiro trccho - Rua do Curtu rnc, segundo trecho ) Francisco de Pa ula Rodrigues Alves, natural de Guaratlngucra bacharel, dcputado prov incial e presiderite do Bsta do 1887, 1888 e 1900-1 902 Presidente da Republica - 1902 - 1906 . Negoc iou 0 Tr atado de Pctr cp olis. Exterminou a febrc ama rela no Rio de Ja neiro, faleceu em 16-) - 19 18. Rua Joaquim Ti ivora: - (Antiga Rua Fon tes J unior ) Joao Tavera do Nasci mento Fe rnandes, general. Fez parte da Coluna Prcstcs em 1924. Tomou parte na revolucao de 19 30, Ministro da Agricultura. Nasccu no Ceara em 189 8. Rua Franca Pinto : - (Antigo camlnho do Matadouro) - Co ronel Franca Pinto. Rua Carlos Petit: - (Antiga Rua Humberto I) - Carlos Eduardo de Pa ula Petit. Vcreador, tenente-co- ss o B:UR HO D E VI LA \ IAHUi'oiA roncl da G uarda Nacional, Primeiro Ad ministra do r do Cemiterio de Vila Mariana. Rua Dr. Nero de A rmijo: - (Antiga Rua do Progrcsso ) - Dr. Neto de Araujo - Advogado, Presidcntc do Banco do Estado - 1892. Av. Lins de Vasconcelos ; - (Antiga Rua Sao Pedro ) ( trecbo ) - Luis de Oliveira Vasconcelos - na scido em Alagoas, bacharel. Presidcnte da Provincia do Maranh ao - 1878· 1880 . Rua Madre Cobrini: - ( An tiga R ua Dr. Pinto Fcrr az) . Rua Dr. Pinto Ferraz : - (An tiga R ua da Saudadc) . R ua Major M aragtlano : - R ua Ar/ur Alvim: - (Antiga Rua da Boiada} . ( A nt iga Rua do Matadouro). Rua A fonso Celso : - (Antiga R ua Sta. Cruz) - Afon so Cclso de Assi s Figueiredo, nascido em 1860. Bacha rcf cscr itor e pacta. Falcc ido em 1938. Rua San/a Cruz: Rua Tirso Martins: - (Antiga Rua Bela Vista) . (Antiga Rua da F lorcsta ) . Rua Dr. Diogo de Faria : Rua Humberto I : Rua Rio Grande: - (Antiga Rua Central ). (Antiga Rua G iuseppe Ga riba ldi ) . R ua Repllhlica de Israel: - R ua Tangara: _ (Antiga Rua do Gado) . ( Antiga Rua do T anqu e) . (Antiga Rua do Cu rtume) . A v. I obaquara : - (Antigo Ca minho do Ca rro e depois Av . da Sande) . Prar tl da Arvore. - ( An tigo Largo da \.8 SCCl;:1iO) . Av. Brig. Luis A ntonio : - ( A ntigo caminho de Santo Ama ro 1.0 trccho. Estrad a do Cagucu _ 2.0 trec ho) . o BAmRO D E VIL A :\IAIUANA 89 A ~' . R ep/iblica do Libono: ingto n Luis ) , a ( A r uiga A uto- Estrudn w ash- ""BOSOUE DA SA ODE"" Era ern 191 8-1920 0 passeio publico mu ito Irequ entado pelos pa ulista nos que poucos locais linham para passa r 0 dom ingo. Foi estabclccida pcla Light uma linha de bo ndes dir cta q ue pa rt indo do largo da Se de hora ern ho ra ia ate esse logradouro. Loc alizado e ntre as at uals avenldas Bosqu e da Sa ude c Agua Fundat v") era form ado de grande cxtcnsao de rnata com caminhos em todas as di rccocs dcnt ro dela . Velhas arvorcs com cipos penderide e parasites era 0 cnca nto do visitant c c tam bem urna fcsta pa ra as cria ncas que sc bala ncavnm nos cipos e trcpava m nas arvores menorcs. Nao havia guar das-Ilorestais como nos parques de hoje c isso contn buta para da r a imp rcssiio aos visitan tcs de csta r dcnt ro de uma mate virgcm. Nas c1a reiras e ncontravam-se ra nchos tosccs feitos com paus e cipcs, cobc rtos com fOlhas de coq uciro c nas baixad as encon travam-sc pcquenos corregos de dgua fresca . Na pa rada do bonde , com balao de volta dent ro do propri o bosque, ba r c cavalin hos de pau gira ndo dentro de urn grand e galp ao completavam a alcgria des visitantes. O rganizava m-sc gru po s de pcssoas e de familias para la Iazercm piqucnlqucs c tambcm escolas leva vam scus alunos para esse passeio. Dura nte uma dczcna de anos csteve ab erto ao pub lico c depo is, rctalhado em lotes, pa ra novas moradia s, s6 Iicou ali urn ba r c dancing notumo muito frcqiicnta do pa r alc mfic s. Ho]c cssa ar ea csta tod a cd ificuda . (28) 0 loc:a1 mu le l '<lj\~ se cncont ram 0 cm cma F.slrela e o dq xis ito da ('.omp ,mllia Ant,lrt ica sltunva-se dent ru desse bosque. !JO o B:\ IRRO DF. \'ILA ~U, R I." S ." AS ESCO LAS ITALI A NAS CO BA IRR O EM 1900 o Esta do n50 mais conscguia acompa nha r cntnc as ncccssidadc da ed ucacao , r nesmo etement a r, dos hab itan tcs da j{i gra nde cidadc de Sao Pa ulo em 1900. Necessa ria se tor nou aos imigran tcs aqui chcgados a te cssn data provcrem cscola s pa ra scus filhos c, naturalmcntc. recorrcndo aos profcssorcs de sua or igem que com etes tambcm vic ra m ha bita r as novas tenus, forma ra m as suus escolas. Assim, em q uasc todo s os balr ros se cria ra m cscolas estrangcir as que ensinam aos alunos a lingua de ongcm de scus pais. Em Vila Mariana fora m instala das duas, afo ra a ja cxlstcntc do vitafranca. Foram elas " Regina Mar ghcrita" c " Reg ina Elena" . A pri mcira er a regida pelo Pro fessor Fran cisco Spera e situada na Rua Major Maraglian o, csquina da Rua H umberto I. E ra auxiliado por sua csposa. a "maestr tna" . C0ll1 0 era chamada. A scgunda " Regina Elena" , tinha por pro fessor a Sr. Dom ingos Torre, e situava-sc na R ua Franca Pinto, num velho casa rao que foi dcmolido, tra nsfcr indo-sc cssa escola entao pa ra a mesma rua, pore m agora na esquina da Rua Major Maragliano. scndo a Professo r Dom ingos Torre a uxiliudo no seu trabalho pa r uma protcssc ra . Frcq ucntci eu tambcm a cscola do Professor Spera po r uns tempo s, em 19 19, a " Regina Marghcnta'' . Co m uma classc de cerca de 40 alunos do 1.° ao 4 .° ana, lccionava 4 horas pa r dia. 0 rnetod o era 0 antigo. A prendia-sc soletra r letra po r Ietr a, que 0 professor mostr ava na ca rtilha, usando pa ra isso sa bre 0 llvro urn pedaco de papclao grosse com urn quadradinho em que so ap arecia uma letra ou uma silaba . Aos alunos mais adlantados ma ndava cop iar trecho s de s livrcs enqua nto e nsinava os mais atr asados a sclc trar. S6 brc 0 movimcnto de imigrantcs italia nos cm nosso Estado tra nscrcvemos aqui um a rtlgo do jornalista Fran - () uamno OF. VILA ~ t A IU A X :\ cisco Petina ti, que da uma ideia clar a de com o con scguiram se instalar em noss a Ca pital, formand o em cada local o seu gr upo ou 0 scu nuclco. " Em 1886 Sao Pa ulo nao alcancava 100 Mas no reccn seamentc de 1901 alcancava alem de 300 mil. Em 15 a nos local iza ram- se em Sao Paul o 200 mil itallanos. Ha via nessa epoca qu atro jornais diaries dcssa lingua. Faniu ta, Tribuna ttatiaua. II Secolo, CAmilli; 6rgao socialis ta estc ult imo. e um numcro avultado de pcnodicos scmanais. entre etcs 0 Irrcvcr cntc Cora Dura, de Vila Mariana, bcrco do gra nde Voltolino. 0 muior carlcaruristn da epoca . A mcdid n que nos bai rros cxlstcntcs la m-sc csgota ndo a capacidadc dos alojamcntos, outros bairros floresciam em todos os lados da cidade. 0 surto do "B exiga" e pdgina digna de pesquisas pelos ca racterfsticos de Improvisacao e do incgavet scnso urban isrico de uma planjfl ca cao. Nos distritos da parte baixa. nas tra vessas e nos heros do velho Bras e do Par i. pro speraram 0 cortico, recurso providcncial do mil habit antes. balance opc rdrlo. Mas a to rren te huma na aum cnta va a olhos vistos. transbo rdava . atingia zonas distame s, ja rasgados pclcs trilhos da Light, forma ndo nova s aglomera cocs nas altu ras de Sa nta na. nas varzeas do Born Retire. nas colinas da Agua Branca c da La pa c tambcm em Vila Ma riana, num ritrno inccssa ntc e tcbrll . A vila sclsccnnsra des bandcir a ntcs, a mod csta Camara do Pr imciro Im peio, 0 irrcquieto mu ni- o B:\IRI\O D E \'I Lo\ )I :\ 8I :\ :'<l:\ .3 ClplO do Segundo Reinado, ava nca va para as posicecs de grande mctropol c.rt w) AS PECTOS GERA IS E M 191 8 /9/8 - Nessc ano. a gripe cspanhola qu e em outros bairros como 0 Bcxiga, 0 Bras. a Mecca, 0 Born Retire, fez muitas vmm as, no nosso quase nao delxou rastr o preto. A pouca densldad c da popul acao e a salubr ida de do loca l talvez tenham comribufdo par a q u~ tivesscmos pOUCO$ cbitos. As nossas ruas nao cram calcad as. islo C, era upc nas a Domingos de Morais al e 0 Lar go da Estncfio . Dali para urn pouco adlantc era upcdrcgulhadc urn pcqucno trccho e dcpois, terra bat ida po r carrocas e an imals ate 0 Ja ba quara. Oa auriga C have do Matad ouro ate a Rua LUIs Gois urn ou outro morador, inclusive uma vcndin ha na csquina dn Run Padre Machado. 0 maior movimcnto dcssa venda cram os passantes qu e ali cnrravam pa ra pedir agua. 0 propnetario. urn ponuguss . ja enfadado com isso, mandou colocar urn ca no co m saida para a rua e quem quisessc bebe r era so ba ter no d ito can e qu e ele 13. de dentro a bria a torn eira. fica ndo as-im os magros tr egucses fora da venda e nao tendo elc 0 trahalho de laver os copos_ Dali pa ra diant c, dcpois da venda do Luiz Perini. sO um morador proximo a Praca da A rvore. Para Irent c. na baixada da Rua G ravi. a bclra de um pcqucno cortege, alguma s casas de lavadciras. No at ual Largo C arn eiro da C unha uma s poucas casas. A segulr ale a venda do Bonani, no J ubaq uara. 56 campo de mato rastcir o e barba-dc-bodc. Pcla Avcnida Jahaquara circulava 0 bond c que ia do Largo da Se at e 0 Parq uc Jab aqu ara, fazendo ponte (29) Arti ~o d.. Fm nd s<:o Pctinatt, pllh lil'll(I.I n.. :\ ,-a" ' la, t'lll marco d~' ton . 9.. 0 tUlRlIO DE \'11..\ \BRHX:\ final em frcnt c a vcnda do Bon ani. Os tr ilhcs cstavarn asscmndos no mcio du avcnida . ncssc tempo ja largo c ao lado havia 0 eaminho de car roca s. Matos e touccira s de cap iru aeo mpa nhava m rode 0 tr ajcto at e 0 rim da linha c nao era raro ra mos bate rcm no rosto des passagcircs. Os bondcs que circulavam cram dols, urn qu e la e outre que voltava em Iinha singcla, er uzando em fren tc da Igrcja da Saude. A espe ra dos passagelros para tomar estes bo ndcs era de, rnais c u mcnos, uma hora , em siruacao normal. lsso no cn tanto nao aborreeia os poueos rnoradores da quelcs tempos, elcs poueo usavam esse tra nsporte porque diflcilmcntc iam it cidadc, c era normal viajarem ncsses colctivos somentc oito ou dcz pcssoa s. Para os lade s do Mat adouro a estra da saindo da "Chavc" era ta mbern de ter ra at e 0 Largo do Matadouro. Ncssc trccho cram cscassos os moradorcs, havendo divcrsas chacarus de vcrduras c frut as e alguma s casas antigas. 0 Largo do Matadouro, j a calcado ncssc tempo , contava com diversas casas de ncgocio. E ssa linha de bondc era ma is provida , eireulando dois , urn em eada sentido c a cspcra era de rnais ou menos meia hora. Sara elc do Largo Sao Francisco percorrendo a Av . Hrigadciro Luis A nto nio, Av. Paulista, Ruas Parafso. Domingos de Morais, Av. Rod rigues Alves, Rua do Curtumc e La rgo do Matadou ro, seguindo a Ircnte ate a "Chavc'' c dcpo,s volta ndo pclo mesmo caminho. Tambcm carregava este bo ndc geralment c urn reboquc, au "Care-dura", pagando-sc nelc a metade do prcco do bonde comum e pude nda viajar mcsmo dcscalco , que nos bond es comuns nao era permitido. Ncsscs pagava-sc duzcntos reis c n50 cram accito s passageiros dcscalcos : tolerav a-se , pc rcm, a de tamancos. Para 0 bai rro do Cambuci, quem n50 quisessc dar a volta pcla cldadc tcria que ir ape, nao ha vla mals 0 trenzinho e a Light nao cstcnde ra bo ndcs ncssc ram al. Entrando-sc pela Rua Sao Pedro encontrava-sc logo a venda da Fani O rio. dcpois de urn grupo de scis pequ e- ° o IM.m HO D E VIL A ~ I A H l.\:'\A !J5 nas casas lguais, a pada ria Brasil, a rnals antiga do bair ro, j a pc rto da Rua Vcrguciro . Atravessand o cssa rua , urn po ueo ruais adia nte, encontrav a-sc a R ua Dr. Neto de Araujo, rnai s uma casa velha isolada c er uao a es trad a q ue ia a o ccmlte rio. Desse ponto ale a nccrc pole, numa distancia de rnais au mono s urn q uil6metro, ncnhuma casa mais hav ia alent da casa do co veiro que fica va qu ase em frente do ce miter lo. Esse tr ccho era 0 an tigo caminho da estrada de ferro que ia ao Cambuci. Dali para diuntc, segulndo a ent no Lim de Vasconcelos pa r mais dai s quilcrnct ros, chegavasc ao largo principal J esse ba irro. Esse caminho era mu ito usado pelos rnoradores da Vila em Finados, quando iam visitar os seus monos. Essa estra da era 0 espigj o divisor do nosso bairro com 0 Ipiranga, de onde dcscla, do lado dircito 0 caminho para 0 Ribclrao do Ipiranga e do lado esq uerdo para as vcrtcn tes do C6rr cgo da Acli macae, no antigo sftio que tl nh a sc u com eco I<i pclos lad e s do Mo rro V crmclh o. Justifica-sc 0 fat o de nfio haver mo rador es naquelc Irecho da cstrada porque, hav cn do gra ndes areas va zias, os habitantcs preferia m mora r em lugarcs ondc nao vissc dia riam cnt e defuntos pa ssa ndo pela po rta de sua cas a. Os cnterros enteo cram feitos a pe, geralmcnte com muitos acompan hantes. No cemireno de Vila Mariana cram entcrrados tambem moradorcs do Cam buci e Ipiranga e os cam inhos vindos daquel cs lados cram dcsertos e scm ma rad ores tambem . A estrada era d e ter ra vcrm clha c par a aqnele local, mcsmo em Finados, nao havia co nduca o colctiva a nao ser uma ou out ra ca rroca emprc gad a no service de \cnha c nj olos q ue Iazia ncssc dia 0 transport c de pcssoas conhccid as ou de scus proprietaries. As vezcs viam-se ncssa estrad a anima is, burros e vacas, pcrt cncent es ao sitio do Chi co Possldonlo qu e possufa lcltena e tambcm olaria pclos lade s da Chacara da Gloria, sendo sua casa locali96 o BAIIIHO D E VILA MAIU ANA zada bern proximo onde hojc esta cng ida a Igreja de Santa Margarida Maria. Em tempo seco era Iacil a ida ao ccmiterio, porem, nas aguas. era dificilima. Em d ias de Finados, naquclcs tempos em que todos achavam que era obrigacao visitar lO cUS mono s, 0 povo do Cambuci, l piranga c Vila Mariana lotava completemente aqucla estrada e 0 cemirerlo. Novembro, porem, e 0 mes das chuva s: era quase ccrto nesse dia fazer mau tempo e entao aquelc s camln hos cscorregadios e com grandee charcos scm urn luger para abrigar-sc cram uma calamidade. * o largo da estacao tinha mclhorado multo ncsscs vinic anos, naquela epoca em que as mudancas de aspccto de urn lugar nao cram rapidas como agora. era seguindo o ritmo regular e demorado, de acordo com 0 aumcnro da populacao, q ue se fazia paulatlnamente, quando os habitnntes n50 mudavam de urn lugar para outre ra pldamente e tambcm com 0 pouco dinhciro circulantc naqucla epoca . com a Primeira Grande Guerra de pcrmeio que nao deixara de ter reflcxo em nosso Eslado. Asslm mesmo, por em, houve alguma tran storma cao, podia- se ja ver novos negocios funciona ndo e maior movimcnto de babitantes. A esracao des bondes construida em 1912, com scus carros e cmprcgados, tanto nas oticinas como nos transpc rtcs aumcntavam 0 movimcnto local. 0 parqu c de Vila Mariana, agora mc1horado e aumcnta do. 0 dcposlto de bebidas do Amcrico v azonl. mais dois armazens, o quiosque de meu avo. que nao cstava mais no meio do largo; agor a fOra tran sformado em bar em Ircntc a estat;;ao na Rua Domingos de Morais, salao de barbciro, outros dais bares, ja davam urn melhor aspccto ac luger. Seguindo em direcfio a cidade na Rua Domingos de Morais, a Dclegacia de Pollcia, no vclho sobradao do Pnngilupi, tambem servia de alojam ento as Iamflias do interior vindas a Capital para fazcr tratam cruo no Instituto Pasteur. o B:\IIH10 DE Y IL.... ~B R I:\~ .... Adiantc, Joja de faze ndas c a rmarinho, mais dois bares, e a fa rmacia. Dcpois a Joja de sapa tos do Zanett i, a fabrica de colcboes, a Iabrica de fosforos, 0 cinema do Vicente Avella, qu e passa va fitmes mudos de Tom Mix e Ca rlitos, a restaura nte do Ru gc Artcod oro e ta m bern 0 Campo do Sao Bento F . C . DaB pa ra di ante outro t recho com casas boas e dcpois o la rgo que ainda nao estava ajardinado c 0 l nstituto Ana Rosa. Nesse largo comecava a Avenida Rod rigues Alves na qual entravam os bon dcs para 0 Matad ouro e Santo Am aro. 0 bondc do Matadou ro era a comum como 0 usad o nas outras linhas, por em, 0 da Linha de Santo A maro era di fcrente. Muito maior do que os outros. fechado como urn vagao de estra da de ferro e uma por ta de ferro de ent rada e outra de salda, era pintad o de a mare lo e gcralmcnte tra zia urn reboqu c quase do seu taman ho. No comeco a po vo chamava-o de "Galola de T at u'', pa r scr todo elc fechado, so com ja nclas perto das asscntos c dcpois 0 denomi naram de " Perigo Am a rclo", devido a gra nde velo cldade que desenvolvia qu ando estava na sua linha , logo depols do Instituto Biol6gico. T rafega va ele ate Santo A maro fazendo poucas paradas c uma media de 80 quilometro s por hora. Tinha ta mbem esse bondc um modo pecul iar de ass inalar a sua aproximacao. Era urn apito grosso e soturno, parecendo trom pa de bo iadei ro. * o aba stecimento de agua no bairro comccou por vol- ta de 1915- 19 17. vinda da Ca nta rcira ou de Co tta para a calxa de agua da Rua Vcrguciro, ncssc tempo ja construida. As redcs cram distribu idas pelas ruas mais habitadas. A cob ranca da taxa de agua era a domicilio, pagand o de acc rdo com 0 tamanho do predio e sendo essa cobranca feita mcnsalmcnt e pa r funcion a nos da Repa t ricfio de o DAIHRO DE n L A ~l:\RIA NA 99 Aguas, que tinham uma porccn-agcm pclas cobrancas feitas. Na nossa zona havia tambem um manancial na Agua Funda que fornecia ha tempos agua para a Varzea do Gliceno e irncdiacocs do Mercado Municipal da Ruu 25 de Marco. Construfdo mals ou menos no ano de 189 8 pela Companhia Cantareira com a intcncao de rctorcar 0 abastecimento de agua da cidade, ap rovcitando as vcrtcntcs do C6rrego do Ipiranga nas suas cabccciras, pareee que niio deu resutrado, porque ali so foi feito um tanqu e relativamcntc pequeno e dele sara uma rede de 8 polcgadas. assentada na margem do C6rrego do Ipiranga e acornpanhando a scu cuso ate a Rua 25 de Marco. tendo no tanque como em scu trajcto bombas para 0 recalque. * As industries aqui estabelccidas nos anos de 19 181920 eram poueas, alern da Fabr tca de F6sforos, [a em fase de exnncso, a Fabrica de Chocolate e a Ccrveja ria. Exlstlam dois curtumes ali perto do Matadouro c tamhem a Itibrica de banha da Rua do Curturne, no fim da Rua Pelotas. A fabrica de salames do Bichoft. no fim tin Rua Pinto Ferraz. A fabrica de pasta para calcados "Duas Ancoras'', na Rua Franca Pinto. A Iabrica de Pianos Brasil, na Avcnida Estela. A Iabrica de sabao na Rua Franca Pinto. Algumas oficinas r nccanicas e carpintarias. Os nucleos rcsidenciais localizavam-se geralmente perto das ruas principals ondc trafcgavam as bondcs, unlco meio de locomocao e transporte, pois materiais pcsados para construcao como arcia, pedregulho, tclhas e tijolos, assim como cal que vinha do interior , e cimento em barricas que proeedia do esrrangciro, eram transportados por carre s de ca rga da Light que os descarregava junto aos scus trilhos. Dali para d iante, ate 0 local das cc nstrucoes. era transportado por carrocas com dais ou Ires animais. Esses vcfculos pouca carga pcgavam. por nao sercm carros rcforcados c tam bern as animais n50 suportavam grandcs 1011 () IIAlHnO D E VIL A :\IAIUA:"iA disrancla s pelas ruas sempre em mas condlcocs de conscrvacao pa r scrcm poueo usadas. Asslm depois de dois a u tres,quilometros das linhas do bairro poueo sc cc nstr ufa c mesmo q ue 0 Iosscm cra m construcoes pequ enas, ernpregan do poueo ma terial, nca ndo desse modo os lotes de ter rene mais afastado s tra nsformad os em chdcaras ou mcsmo dclxados na ca pocira au no mato. Nas proximid adcs das llnba s de bond c ja era gra nde o numero de casas, havendo algumas de born aspecro e comodas. J:. nessc a no que fica pronta tam bcm a mansao da fa milia Kla bin, na Ru a Afonso Celso. Para aq uele tempo creio que era a rnais mod crna resid encia do ba irro. Con str ufda em uma glcba da s rnuitas tet ras da quela fami Iia, era ccrcada por urn gra nde jard im, ocu pando a consrr ucao assobradada uma gra nde a rea . La pelos fundos possufa ainda c hrica ra e pomar rodcados de e ucaliptos c cip rcstes e faehada com mou rocs c cerca de a ramc far pado com vilas bern lar gos, cir cun dada por terras c matas dos rncsmos prop rietar ies. Pelos anos de 1924 a te 1928 essa chaca ra ja produzia multa Ir uta, lara njas. r nui'os abaca xis e uvas, que cram a Festa da crla ncada da rcdondeza daqueles tempo s. la m elcs ali furta r cssas frutas quasc diariam cn'c c ra rarne ntc cram apa nhados pclos cmpregadcs de s Klabin; quando isso acontccla. os homens faziam mui to cscfindale c davam consclhos e os mol equcs safam lampciros. sem ao meno s Ieva rcm urn puxao de orc lhas. Logicam entc, alguns dias dcpois voltavam a s meninos ( incl usive eu ) , mais conlia ntcs, a mcsma pratica. Esses cmprcgados cra m estrangclros. pouco falavam a nossa lfngua, po rem cra m pessoa s boas e hum ana s. A gora, dcpc is de 50 anos, est a sonde cssa munsfio demolida c no local sao construfdos prcdios de a par tamc ntos. a * No que sc rcferc parte religiose esta va 0 bairro com duas paroquias. Igrejas de outra rcligiao nao havia. o BAIIUlO DE YI LA ~IAIUA :oi'A 10 1 A paroquia de Nossa Scnhora da Saud e, auriga capelin ha agora tra nsfo rmada em lgrc]a, oeupava uma boa area de terrene , fazendo di vlsa com a Rua Santa C ruz; iam os seus fundos ate a Rua Afo nso Celso. J unto it igre]a as acomodac ocs do paroco enos fundo s chacara com vcrduras, havendo tambern urn pa tio onde cram realizada s as festas e qucrmcsscs. A outra era a paroqula de Santa Generosa . T erminada em 19 15, ficava no fundc do Largo Guanabara, da ndo a sua parte posterior para a Rua Bernardino de Campos, tambe m com moradia par a 0 paroco c rodcada de jardim. Essa igreja foi no ano passado dcmollda pcla Prefeitura paea dar passagem , em plano inferior, a Aven ida 23 de Maio, avenida cssa que sc dinge ao Ibirapucra e ao Aeroporto c tam be rn a outra s avenidas que liga m Vila Ma riana e Av . Pau lista, fieando esse anti go la rgo urn sislema de anel rodoviarlo. A outra casa religiose cxistcntc cntao nao era pa roquia e sim 0 convento da Or dcm da Visitacao de Santa Maria, co nstruida na Ru a Dona lnacia Vchoa, em 191 6, sob a dirccao da Madre Maria de Sales Dinis. Sup eriora da Ordcm, falcd da em 18 de outubro de 1943. Esse eonvento C 0 cla ustro da s Irmas da Vlsl tacao de Santa Ma ria e que csta subordinada it Paroqula de Santa Margari da Maria de Alaeoque . OS NOSSOS T IPO S P1TO RESCOS o bairro tarnbern possufa na e poca os seus tipo s pitorescos e peculiares como todas as Vilas de Sao Paulo. Aqui vai a dcscrlcao de alguns deles. dos quais ainda recordo e que ficara m gravados na minha memoria. o "Bcrsagliere" - Vend cdor de amc ndoim , moradcr no Ipiranga, po rern fazia 0 seu comercio em nosso bai rro. Napolitano, de port e alto e magro, cscuro como as homcns de sua raca, era emp regado bra cal da Light c aos 1 ~2 o RAm n o OE VILA :\IAIHANA domln gos vcndia a sua mcrcadora. carr cgando dos cestos, um em cada bra co, pcrcorrcndo quase todo 0 bai rro . Dizia elc, na sua lingua original, dif fcil de ent cnd cr c misturando palav ras cm pot ugues. que na mocidade tin ha fcito lti na Ita lia cam panhas com Gari baldi contra os austria cos. Aos do mingos c feriados era infalivel a sua presence no ba irro com a pon tualldadc de urn relogio; passava e xatame ntc ao mcio- dia na rua onde eu morava. De la nge ouvia -se a scu prcgao cstr ide nte c comprido: - " M endoim Tu rradu'' ... Dcsaparcccu esse vcndcdor de amcndoi m do ba irro por volta do ana de 1930. o "Periquito : - Filho do bair ro, era 0 operador do cinema A polo, do Vicente Ave lla. De cstatura pcq uena, era urn tipo quc nd o c conbccido de todos, grandes e pequenos, especialmentc as ultimos aos qua is scmpre ajeitava a entrada ao cspctaculo, mcsmo qu ando nao tinha m os quinhcntos reis pa ra pagar. Scmpre mo rou no bairro, e de familia muito conhec ida c cstimada e e provavelmcntc mais vclho do que cu. Dele conrou-me a T avares fato muito cngrac ado: tendo havido ha muitos anos uma competicao de atlctismo, "A corrida da Volta de Vila Mariana", a " Pcriquito" nela torno u parte. Ncsse tempo havla ainda 0 Matadc uro e as manguelras on de cram guardado s os bois, scndo comum urn au outre J esses animais fugircm e tica rem ali pelas redondczas. o nossc arlet a, cnvergando camisa vermelha, sai na corr ida junto aos outros, porc m nao lcva ndo mu ita vantagcm. Ao passa r, porem, pcrtc das rnangueir as, urn hoi cxtra viado, vcndo-o, pos-se a persegui-Io, e cnta o 0 nosso " her6i a f6n; a" vcncc a la i cc rrida. At uatmcnte creio q ue ainda tra balha num des cinemas do bai rro. scndo ae talvcz 0 mais velbo operad or de maquinas cincmatograflcas de Sao Pau lo. o "Pastelciro" - Mulato gordo e forte, vendia pasteis no bairro ja ha mulros anos. A sua mercadoria agradav a pa r ser bcm Icita e cascira . o IHIHBO In: VILA M A R I A ~ A 10:1 T odos com pravam dele. na rua, nas rcsld encias, e casas comerciais. Morave no " Ma kale", local esse situado no fim da Ru a Jorge T ibiri«a e assim denominado po r se r habitado quasc cxclusivamente po r genre de cor. Dcpois dessc ano tam bem nao foi mais visro. Dizia se que mud ar a pa ra 0 Interior do Estado. o "Pipeto" - Era outre tipc plto resco do bai rrc entre os anos de 19 15- 19 30. Era italia no do nort e c bcbia como urn gamba . Sempre com 0 cacblmbo no ca nto da boca, era 0 homcm "Iaz tude". Cava va pecos de ugua ou fossas-ncgras, Iazia capinacocs, plamacocs de vcrd uras ou de jar dim, limpcza de quintals ou casas. Numa ma nha dessc ano de 1930 fol cnco ntrado mort o em scu barraco , vitima de indlsgcstao. o "M ineiro" - Cabo clo abugrado, moru va hi pclos lados da Agua Funda. Era cacador profission al, trazia 13 de sua zona passuros c pcqu cnos pcqucnos animals sitvestres q ue apanhava nos seus tacos pa ra vende r no Largo da Estacao, nos anos de 19 10 a 19 18. Era am igo de todos os cacadorcs da Vila enos, mol cqu cs, viviam os ao redor de suas gaiolas e viveiros on dc exp unha os a nimal s it vcnda . Era elc 0 "cachorreiro" dos caca dores. isto e. tomava conta c treinava a s cac horros que cram deixados em sua casa par a amcstra-los nas cacadas. Morr eu no a na de 191 8. picado por cob ra vencnosa nas mates de Sao Bernar do, segundo diz iam os moradores da Vila. NOTAS DE 1924 A na da Rcvolucdc cnca becada pclo General Isidore Dias Lopes. Capitao Luis Ca rlos Prestos e Tc ncnte Cabanas . Nosso ba irro pou eo sofrcu com cia , hou vc alguns tirorelos espa rsos hi pclos lades da Acllmu cno. Lins de Vasconcelos c tumbcm Avenida Pa ulista. Tivcm os urn morto ent re os habir antcs. '04 o B:\I RRO D E \"IL-\ ~1 :\R I.-\.\' _-\ o gcrcnrc do rccem-Inaugurado cinema Penix, moradar na Rua Fon tes J unior, ao sair a porta de sua casa uma mann a e a ting ido pa r uma bela pcrdlda dispar ad a pclas armas dos soldados da poHcia mineira qu e er uao tinha ocupado 0 bairro na retirada das trop as rcvoltosas para Mato Grosso. Bern pouc os mora dore s sc co nscrvav am em suas casas naquelc fim de rcvol ucao . T odos elcs. tcmcndo as trope.. de ocupacao, especialmente famil ias onde havia mulbcrcs. tinha sc rctirado para lugarcs ondc os solda dos nao iriam, assl m como San to Am aro , Pinheiros. Emhu c outros. lugares esscs que nao rc prcscntavam ob jetivo militar. Afora fios clctricos par tides cspalhados pclas calcada s c alguma s pilhagcns Icitas pa r esse soldados outras conscquencias maiores nao hou ve. • I:: dcpois dcssa data que comcc am a apa reccr os tran spones coletivos pclo faro de os bond cs nao terem comece de a tr afegar logo dcpois de findo 0 movlmcnt o revolu cionario. Naturalm ente as insratacoes de Light tinham side a tlngidas par estc movimcnto c estava m em reparos. 0 primeiro colctlvo qu e con hccl foi lim automovcl grande ma rca Hudson, adaptado com alguns buncos de madeira no seu int erior e que fazia a transpor tc de passagclros, uns 8 ou 10, e ia da Praca da Arvore a'e 0 La rgo da Se. Ta mbem camin hoes de transportc com ccam a apa rcccr mais au rncnos ncssa cpoca. Logo a scguir ou trcs colctlvos vieram, mcsmo depoi s de normalizad os os tran sportes eletric os e seguida mcntc, cada vez n:ais mclhoraJos c com maio r cap acidade de tra nspcrte de pa ssagciro s, comecam a scrvir a populacao. Era a transformacflo do transpo rtc q ue sc iniciava. Comecada para atcndc r a uma sltuacao ano rmal, lornavase agora natural e necessaria ao dcsenvolviment o e ao progresso que iria dilatar a area habitada abr indo novos sitios para os moradorcs de S.io Pa ulo, que podiam agora fazer o HA IR I{O D E \'I l.A ~ IA IHAX :\ 105 suas moradas rresmo longc dos tr ilhos des bo ndcs contendo com os recursos dos ROVOS transpor tcs. A Rossa Vila jii contava ncssa epoca com muitas ruas calcadas de par alelepiped os. Uma casu de espctaculos. a Teatro Peni x, na Rua Domingos de Morais. esquin a da Rua Fontes Junior. onde a Fabrica de Fosforos ja demolida dcra lugar a esse cinema e a d ivcrsas casas co- merciais. Pclos lados da Avcnida Paullsta tambe m sc constru ira predios co m divcrsos andares , prenunciando ja cntac 0 que seria esse trccho do distrito em future proximo. La pclo Jubaq uara ab riam-sc lorcamcntos em dirccao a Indiancpolls e ourras zonas vizinhas. 0 que utrasa cssa pa rte do bai rro sfio os "grilciros", urn deles cst rangcirc muito conhccido. cujo nome aqu i nfio n-cncionumos para que ele rique csqu ccido de vez, tendo fcito grande fortuna para seus hcrdcir os. qu e atualmente sao pouco relcmbrados e que nada flzcrarn pclo bairro. • A Vila Clcmcntino tambcm er...-scc bastamc durante esse tempo. A parte proxima ao Matadouro e suas redon dezas estao bastante ampliadas. Ja nao sc Iala mals ali dos crimes qu e antigamcntc ocorriam naq uela zona . As areas que Iicaram ainda em campos sao tomadas por rebanhos de cameiros e as balxadas Irescas tr ansformadas em chacaras de verdure. A Rua Franca Pinto, principal ar teria qu e sc dirigia aquele local cstava toda calcada c grandcs carrococs fcchades , puxad os por quatro cavalos de grande por te, agor a transportavam a carne-ve rde dcstinadu aos acougucs da cidad c. 0 antigo Tcndal do Largo Sao Paulo ja nao exlstia, scndo agora no proprio Matadou ro d istnbuidn cssa mercadoria aos rnarcha mcs. Nessa rua os terrenos ainda nao construidos cram gcratmentc ocupados por chacaras de Ilores. Ouase no rim dcla. junto a nova Rua Aurea, Iicava 0 campo de futebol do bairro . 106 o B:\IRRO DE \'I L.... ~ I.-\ R I ..... x.... Era 0 campo do Humbcrto I, clubc esse que congrega va quase tod os os ha bitante s daquclas redondczas c tambem 0 da Vila. 0 Clube Sao Bento, na Rua Fontes J unior, jun to a Domingos de Morais, tinha hri muito desaparecido . Esse Humbcn o I, nascido na Rua Franca Pinto, e 0 atual Clu be Vila Mariana. com predio prop rio, atualmente sediado na Rua Domingos de Morais; e a mais importan te agremiacao do bairro . o I'O SSO FARMAC£UTICO o nome de urn ho mcm bcncmerito do bair ro c qu e n50 pode ser csquccido e 0 do que foi 0 nosso Iarmace utico, 0 "Chlquinh o". Francisco Tavares de Oliveira Filho, natura l de l taqucra. ondc nasceu em 1875, form ando-se pela Escola de Fa rmucia, Odont ologia c O bstetnca du Rua Tres Rios, em 191 8. Trabalhou dcpois de sua form atu ra no Interior, vindo pa ra Vila Mari ana em 192 0 . Como cmpregado ria Iarmacia do Or. G ama , qu e 0 cntao medico do bairro possuia na Rua Franca Pinto, tornou-sc co nhceido e algum tempo dcpois, it custa de sacriffcios e com euxffio de alguns amigos, conscguc torn ar5C prop rictano da mcsma. transfcrindo-a cmeo pa ra a Rua Domingos de Morais, perto da cstacao dos bondes da Light. Era esse Iarmaceutico 0 "med ico" dos pobres do ba irro ; alias muitos acredi tavam qu e ele fOsse formado em Medicina. Com grande pnitica, competencia c dcdic acao receitava e cuidava de doentes mesmo graves, at cndcndoos a qualquer hor a da noite c em qualquer dia. A sua cspcclalidadc era 0 trat a mento de criancas. De longe, de outros bairros, como do Cambuci, Ipiranga, l birapucra, Vila Clcmentino, Bosque de Saudc e outros vinham doentes para scrcm mcdicados, cmpcnhando- sc elc a curar esscs pacic ntcs. alguns mesrno pobres. sabcndo que nada the podcriarn pager. A qualquer hora do din pod ia-sc vcr em sua (ar mad a mulheres com criancas no colo espeo 8 :\lRRO DE \ ·IL -\. M.UH.\S..\ 107 rando a sua vez pa ra sercm atendida s, na ccrtcza de salrcm dal i com scus filhos bern rncdicados. Durante qua rcnta anos esse abn egado cida dao tra baIhou pclo povo do bairro qu e, rcconhecldo. scmpre 0 lembrarti. Agora cssa Iarmricia, no me-mo local, sob a dtrccao de seus filhos, continua a prcstar services a Vila Marian a. Falcccu esse nosso vclho farmaceutltco a 23 de julho de 196 1. NOTAS DE 1930-1940 Com eca out ra era para Vila Mariana. Poueas areas vazins e algumas runs surgindo com a ab crtura de lotcamento em terrenos grandes, os ultimo s cxistentcs na part e central, sao pron tamente construfdos. ficando depots disso a parte velha do bairro praticamcnte estagnada. Multos meios de transpo rtc c loccmocao para fora ds ssc centro levam a po pulacao para onde os lcte s de terra sao mais ba rato s, com facilidades de aquisicao e com arr uamentos modcmos. Os dcscendcn tcs dos vclhos mora dore s da Vila comeearn entao a formar nc vos bai rros, satelircs do an tigo. Surge 0 Bosqu e da Saudc. A Light cstend c as suas Iinhas ate alcm. para as terras de urn novo ba irro, 0 Jardim da Saudc. B rasgada a Av. Bosque da Saud e que atravessa a antigo "Bosque" c vai ate a Estrada do Cursino . E formada a Vila Mo rais. Pclos lados da s ruas Machado de Assis, no fim dcla. na baixada da Aclimacno. tambc m silo feitos loteamento s, c na antiga C hacara da Gloria surge 0 novo bairro Jardim da Gloria . 0 antigo T anq uc Santa na au Pe de Hoi e agora Vila G umercindo. Pelos lados do Jabaq uara j:i entram as onibus na antiga cstrada para Sao Bern ardo c revive a vclha Vila Concctc ao . Eldorado e Agua Funda. Sao esses lugares mais afnstados, porem, estao no alcance da balsa do opera rio e aquelcs lados comcca m a ter afluxo de mo rado rcs. Pclos lados das antigas ola rias do Bonani, local ondc se tizcra m as primeiras eor rida s de automovel em Sao Paulo, sao abertas ruas e se constrocm tarnbcm. I O~ o BAIIHlO DE VILA ' I A IU .~:'oi A No antigo campo de Co ngonha s sao iniciados trabalhos. ja bern ad iantados do futuro aeroporto de Sao Paulo. Na varzea de Santo Amaro. nos ca mpo s do Ibira pu cra. se formava 0 bairro com esse nome , scndo ali construfdo o Institute Biol6gico c a Casa de Recalque das aguas da Repr esa Guarapiranga. que abas tece gran de parte da cidadc de Sao Pa ulo. Tambem 0 Bstado da inicio ncsses ca mpo s as obras destin adas a forma r 0 Parq uc des Paulistanos. Para as lados do Paralso e A v. Pauflsta avulta 0 numero de grandcs predios cm dtrccao a cidade, parcccndo q uercr se junta r a csta. • JU tcrmlnara a sistema de ilumlnaciio publica a gas; I;im padas elet ncas pcndcnrcs de brace s flxados nus postcs substituiam os antigo s lampio es. Ouase tod as as runs agora sao provid es de rede de agua e algumas dclas j a tcm tam bern redc de csgotos. Vao ass tm scndo Iransformados os as pectos gerais de toda a regiao . Co m muita dificuldade sc conscgue acompan har seu ritmo dcscrcvendo essas modiflcacocs. Succdem-se melhoramentos e novas gra ndcs constr uccc s. Os individuos perdem-sc no ccnario e no turbilhac dcssas novas transformacoes materia is. rapidas e indifcrentes. Vila Marian a, a pcqucna Vila dos imigra ntcs italla nos. co m cercas de espinheiros plantadas pclo cscravo indio e valos divisorios de terr as cavados pelo escravo pret o j a nao C 0 bairro da s modcstas casas de 1900 ; e agora tran sferrnada em zona de hospitais, indu strias c la boratories de prod utos Iarmaceutlcos qu e em gra nde qua ntidadc cstiio se insta land o nele. As cdlficacoc s se sucedcm. Nao cxlstcm rnais claros. ~ 0 ba irro qu e sc junta It cidadc e que breve sera dilu ldo na grande metr 6pole. CO NC LUSAO Dividind o com a Liberdad c e Bela Vista ao Norte, Ind ian6polis e Bosque da Saudc ao Sui. Ipiranga c Aclima - o B:\IRRO DE Y1LA ~HHH:'\ :\ 109 Vista d a zona da Adima<;iio (' ~ I ad) ad() de Assis. Vist,1 da parte eentrul. o ~ ktn) vm COllSt llld i, u *•. I J I I I • I I I • • • • " I I I \ ' b la da zona do Ih impul'ra. J r;ao a Est c, e Jardim Paullsta a O este, a nosso bai rro tcm seus limites nos segutntes pon tos : Panindo da esquina da Rua Verguciro , subindo a Ru n Parafso, scguindo a Av. Pau lista at e a Av. Hrigadeiro Luis An tonio, por esta dcsccndo at e a Rua Repu blica do Lfbano, dela entrando na ar uiga do Fra nca Pinto e scgutndo par esta, dcpois de at ravessar a antiga linhn do bond e de Santo Ama ro c Av. Rubem Berta, scguindo cntao pela Rua Sena Mad ureira e por cssa ate a Rua Domingos de Morais, seguindo pcla mcsma em direcao a cidad e ate a Rua Santa Cr uz, cntrando ncla c atravcssando a Estrada do Vcrguei ro, da li dcscendo para 0 Jardim da G loria c scguindo em llnh a reta em dirccao Igreja de Santa Margarida Ma ria. dali seguindo depots as muros do ccmiterio de Vila Ma riana ate as divisas do Ja rdim da Aclim acao , conromando essas divisas ate 0 co rrc go que descc do Parafso e subindo par elc at e a Ru a Chui c depols subindo a Rua Paraiso ate a esqul na da Rua Vcrguciro, ponto de pa rtida dcssas divisas. Toda cssa area, dcntro da s divlsas citadas pcrtencem ao nosso ba irro qu e, dlga- sc, e bern grande. Cita r agora aqui, dcssa data em dia ntc, as cscola s. as igrcjas, a s estabe lccim ento s co mcrcials e de credit o, as repanlcocs do Estado, as Industrlas, as casas de sa udc, as hospitals, os gra ndcs prcdios, as mod cmas avcnidas qu e estao scndo construfda s, os cam inho s para 0 met ro que estao scndo feitos no nosso ba irro , os predios antigos que foram e a s qu e cstao scndo demolidos, tudo isso nao cabc riam nesse trab alho. Seri a nccessario fazer outro, talvez malor, para COO1portar esse mate rial. A parte nova do bai rrc , au melhor, a sua historic dcsta data em diante, c fticil de reconstituirsc a quatqucr tempo, csta anotada e registrada em estatfsticas, bibliotecas e repa rticoes do Estado. A nossa intcncao, fazendo esse peq uenc trabalho. foi trazer a lume a historia annga de Vila Mariana, a qu e era poueo conhccida , a qu e csta va dcsapa rcccndo de todo com 0 passar de s anos. a 112 o BAm RO DE Vt LA ~ I A IUA1'JA DADOS DE ANT ICOS ~ IOHADOHES AOS Q UAIS DEVE~IOS A HEALIZAQAO D£STE THABALHO Do na Lucia Mnsurolo : - Nas cida na Itali a. Veio ao Brasil de 1886 , com 14 an os de idad e, e e moradora no bairro desde essa cpoca. T e m atua lmc nte 88 anos, e resid e it Hua Borges Lagoa . Pedro Nose . - Nasci do nu It alia. Veio ao Bras il com 10 anos de idad e e e mor ad or no bairr o desd e 1886. Con ta agora com 84 anos de ida de . Filh o de Luis Nose e de dona [ osefina Nose, pr imeira part eira no Bairr o, joao Mazini: - Nascid o na It ali a. Veio ao Brasil com 11 anos de idade e reside no bairro desde 1888. Esta ago ra com 93 an os. Er a maquinista da antiga F erro Carril e atualm ente resid e a Rua Maj or Maragliano. NiIton Petit: - Nascid o no bairro . Filh o de Carlos Eduardo de Paul a Petit e de dona Maria Biten court de Paula Petit. Conta 86 anos de idade e c morador a Ru a Carlo s Petit. Nuncio Nastari: - Brasileiro , nas cido no bair ro. Cont a 68 anos de idadc e resid e a Hua I-Iumberto 1. Emilio Bonani: - Nasc ido no bairro , filh o de F ra ncisco Bonani, o prim eiro mo rador estr ange iro no Jab aqu ara. Es ta com 75 an os de idad c, e resid e a Av. Jab aqu ara . o BAIRRO DE VILA MARIANA 113 ~ I a ria Torn' : - Italian.., . ViI'IV:1 {lll profesmr Du mi ll).!;,)s Torre, 74 :m"" de idndc {' resid,' lin I", iuo (1" 'i(I" " uno d e 190Cl, Domicilia da atllalnw nt,' a Hila ~ hljor ~ l am ~li,mo. {~mt ;1 Sl"nhor e Sra-. Villan i, - Hl"~idl'lll t"1II nosso 1>;l irr u dcs dc mil;) {' dOlnidli ados utualnn-nn- ;! Iran 'ss;! Frunen Pint o. Dr, Vift'llll' SomnM'r: - :";lsc:idu lit) Bair ru, 6.':1 alltlS de iU.I,I" . Filhu (I" Vice nt e S..nnm-r (' rcsidcntc a Hila Pclot as. ~ lnr ill : Ir m as do Convento da \ 'hi tlll; iio de St a, 1111:1 Don a Inacla Uchoa {'Ill 19 1f!, - Conslru;.lu it I )( X:: U ~I E~T . \II IO : Qu {'sl il("< d e tcrrus entre An lo ni,. Estl'flll1<l - Bnx:hur a imp n .,.,'a ~I ,l r;an" l'1ll Fa~llnd., .. {' \ l i~u{'1 19".29, AI,ls da Cu.nna ru \ hm kipal dc Silo Paulo (Ar' l" ivo \ Iullidpal). Anas de 18.,)(I- H)(l5 - l'l.m'lI isloria" - Cid. ldt· de S;i n Paul o, po r Afull'i() :\. f' r.. ila-.. ISOO, 1874 (Ar< luivo \ Illllidpa ij. \ Iapa do Lotc unu-uto dr- Vila \ I,lri;lIla 1886 (Arq uiv,) ~ l ll nic:i pilll. Plunra do ~ hmkipio Banco C UIlll'rd 'll - de S;i o Paul o 19(13 (s{'m <I utu r) (Arq u i\'o \1,,- nici pal). Plallta da cidadl' de Sao Pa ulo - Fcita sob ori(·olal;;i.o dn Dr . GoTTK"S Cardrm 1896 (Ar' lui\'o \I unidpal l. "Sao Paulo AntiA" " - Aoton i.. Egid io cipal). 'I' ~ l artiTlS (Bihiintee'l ~ I un i o 8 .-\IHno D E nL.-\ ~l.-\ lU .-\X .-\ E sta tib ra foi l'OIllIX)!;la e tcrmincu- se sua impro:ssao no 1lH.':.s de marco de mil novet -eotos e sd c:n ta e m il nas Ofidnas de Ar _ u-s C rMicas Bis<ml i S. A.• sendc Prefejto do :\Iunid pio de Sao Paulo 0 Enf;.o J ""'-~ Carlo.' lie Fig'll'irt'{l" FI'mI1. I' S.'crl'l:·\r io de Educ :l\'ao e Culture 0 Prof. Xathun""1 P"r..ira de Sou za, Dini or do D epartauwute til' Cullura 0 D r. Ratmundo til' ~ lelll'ZI'S c Chd", . 10 ..\ rquivo IIi~tnrk'll 0 Prof. Edua rdo de J. ~1. do x ascimentc e eom ~,btcnda Ti"'C1lica do Sr. J~ dos Santo... Integra ela a serk de Illonografias innruladas lIistoria dos Bairrc s de Sao I'a ul" . oscolhtdus .'111 CO I1l'\1fSO pllhlk u e premiudas pelo I>lrmrtallll'nto de Cuhura dn St'l.'rdaria de t.d ucadio e Cultur a du Prcf enura do ~ l un idpio de Sao l' ,mlo. Edi..-ao do llt'r:utanlt'nto d e Cultura d a Secrct art a de Ed uca\-io e Cultura da Pref citura do ~lun id pio de Sao Paul o · 1971. LBN 1155260