Em debate, os desafios do mercado de crédito em expansão

Transcrição

Em debate, os desafios do mercado de crédito em expansão
Financeiro
A revista do crédito
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES
©iStockPhoto.com/Brandon Laufenberg
ano 5 nº 47 ago-set/2007
Em debate, os desafios
do mercado de crédito
em expansão
Política monetária
Financeiras
Juros em queda e
o crédito no Brasil
Dinheiro de plástico
como opção de fidelização
editorial
Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento
Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br
Crise de valores –
a nova crise
Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI
Presidente
Érico Sodré Quirino Ferreira
Vice-Presidentes
Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur
Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi,
Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola,
Paulo Henrique Pentagna Guimarães e Wilson Masao
Kuzuhara
Secretário
José Dante Zanaga Neto
Tesoureiros
Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella
Diretores Regionais
Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Dirceu da
Assumpção Variz (SP-Capital), Elcio Antônio de
Azevedo (MG), Felícitas Renner (RS), Félix Archanjo
Bordin (PR), Paulo R. Tabaquim (Montadoras) e
Tiziana Dadalto (ES)
Diretores
Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson
Espínola de Souza, Ivan Svitek, Marcos Antonio
Waideman, Rubens Bution e Sergio Antônio Cipovicci
Diretores Conselheiros
Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Luiz
Fonseca de Souza Meirelles Filho, Ricardo Annes
Guimarães e Rodrigo Bacellar
Conselho Consultivo
Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e
Manoel de Oliveira Franco. Membros: Alencar Burti
(ACSP), Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), João
Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio
da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira
(ANEFAC), Jackson Schneider (ANFAVEA), Sergio Reze
(FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP)
Conselho Fiscal
Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e
Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo
Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto
Presidente Honorário
João Uchôa Borges (In memoriam)
Diretor Superintendente
Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Conselheiro Econômico
Prof. Istvan Kasznar
A economia brasileira vive uma fase
excepcionalmente fértil; as reservas internacionais estão na ordem de R$ 156 bilhões. A última pesquisa publicada pelo
boletim Focus, do Banco Central, feita
entre os analistas de mercado, apontou
uma revisão para cima do Produto Interno
Bruto (PIB). A previsão é de que a soma
das riquezas produzidas pelo País em 2007
cresça 4,51%, contra os 3,72% apontados
na aferição anterior.
A captação da poupança, neste ano,
já acumula o maior volume da série histórica, iniciada em 1995. Em julho, a diferença entre o total depositado e as retiradas ficou positiva em R$ 12,81 bilhões.
O volume do crédito total no Brasil cresceu 75,1% no período de 2003 a 2006, e
a expectativa da Acrefi é de que cresça
mais de 25% em 2007. Embalada por
esse aumento, a indústria automobilística
bateu vários recordes de venda este ano.
O crédito para aquisição de carros novos
aumentou 24%.
Tudo isso mostra que estamos longe,
muito longe, de uma nova crise econômica. Atualmente, a crise que me preocupa é outra, é a crise de valores que me
parece institucionalizada.
Não se constrói um país apenas com
números, ainda que positivos. Bons indicadores não garantem respeitabilidade,
seriedade. E é disso que precisamos acima
de tudo: resgatar valores engavetados
como se fossem roupas em desuso.
4 Debate Acrefi
8 Ensaio
Governo grande e crescimento econômico
ISSN 1809-8843
Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira,
Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho)
e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer
Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável:
Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção
Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e
Impressão: Fabracor; Periodicidade: bimestral
Tiragem: 20.000 exemplares
As opiniões emitidas nos artigos assinados não
refletem necessariamente as posições da ACREFI e
são de exclusiva responsabilidade dos autores. A
reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação
depende de autorização por escrito.
O que vemos, hoje, são cidadãos
perplexos, uma sociedade amortecida.
Como se mover ou em que direção seguir
diante de uma “agenda” que, lamentavelmente, parece incorporada ao nosso
cotidiano? Parece natural comprar as
revistas no domingo e iniciar a semana
com mais uma denúncia não apurada
de irregularidades. Ou dividir com o
colega de empresa a indignação diante
da ausência de providências para problemas antigos, que já deveriam estar solucionados, mas que ainda geram prejuízos
irreparáveis, e ficar por aí mesmo. Gestos
inadequados, frases desastradas que, no
momento em que são proferidas, denotam descaso pelo cidadão, foram admitidos na rotina do brasileiro.
Talvez estejamos diante de uma das
mais graves crises vividas por nós nos últimos tempos, pois valores não se constroem ou se recuperam em apenas uma
geração. E aí fechamos o ciclo voltando
a uma questão sobre a qual não deixarei
nunca de mencionar: a falta de investimentos em educação. Repito: enquanto
nosso povo não tiver EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO com letras maiúsculas, não haverá a
necessária percepção quanto à perda dos
valores fundamentais para se criar uma
sociedade de Primeiro Mundo.
Nesta edição
Desafios do Crescimento do Mercado de Crédito
Financeiro
Andrea Felizolla
DIRETORIA
12 Artigo
Crédito e educação
14 Seguro de automóvel
Proteção adicional para a instituição financeira e
essencial para o financiado
15 Tecnologia
Inteligência competitiva e a web 3.0
16 Artigo
Prevenção de infrações à ordem econômica: um novo
capítulo no antitruste brasileiro
18 Política monetária
A dinâmica dos juros em queda e o mercado de crédito
24 Gestão de crédito
Como se preparar para agir racionalmente em
mudanças de cenário?
26 Artigo
A importância dos indicadores de desempenho na
performance das entidades sem fins lucrativos
28 Análise econômica
A inflação de serviços e a apreciação cambial
30 Gestão de negócios
Parcerias e alianças no setor financeiro
32 Inovação
Plástico rumo à fidelização e expansão com
as financeiras
34 Artigo
A estratégia de crescimento da Coréia: trabalhar mais
eficientemente e não mais arduamente
20 Artigo
37 Análise setorial
22 Tendência
38 Banco de dados
46 Variedades
Qualidade no desenvolvimento de software
O mercado de petróleo
O futuro do sistema bancário nacional
Tokay – o sonho dos deuses
debate Acrefi
Desafios do
Crescimento do
Mercado de Crédito
Especialistas apontam novos caminhos para o segmento
no atual cenário de índices positivos
Quais são os desafios em um mercado tão aquecido quanto o do crédito? Esse mercado vai crescer ainda
mais e, segundo especialistas, deverá
chegar a 60% do PIB brasileiro. Para
destrinchar esse emaranhado, a Associação Nacional das Instituições de
Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) convidou alguns desses
especialistas para explicar o comportamento do mercado no seminário
“Desafios do Crescimento do Mercado de Crédito”.
Para esclarecer, estiveram presentes Gunnar Murilo, diretor comercial do Banco GMAC, o braço fi nanceiro da montadora de veículos
GM; Alberto Borges Matias, presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad) e
professor titular da FEA-USP de Ribeirão Preto; Marcel Solimeo, superintendente do Instituto Gastão
Vidigal da Associação Comercial de
São Paulo; e Celso Cláudio Hildebrand e Grisi, diretor da Fractal, empresa de pesquisa de mercado, concentrada no sistema financeiro.
Mercado otimista
Para abrir os trabalhos e dar as
boas-vindas aos participantes, o presidente da Acrefi, Érico Sodré Quirino Ferreira, agradeceu por não ser
um dos palestrantes do dia, pois
acredita que é uma tarefa ingrata
falar de “desafios” em um mercado
tão otimista com todos os índices
que se apresentam no momento,
como controle da inflação, queda
do dólar e as notícias recentes de
ampliação nos prazos de financiamento, especialmente para veículos.
“Em especial, vejo nesta semana
a aprovação pela Câmara do Cadastro Positivo, que era um antigo pleito
nosso. Certo que ainda faltam algum
acerto e a aprovação final com a sanção, mas, em breve, teremos o tão
esperado Cadastro Positivo”, enaltece
Érico Ferreira.
Assim como acredita que o cadastro positivo vai alavancar ainda mais
o mercado de crédito no País, Ferreirta salienta o que o enorme crescimento de produção e vendas da indústria automotiva se deve à oferta
de crédito existente. Além disso, demonstrou aos participantes que, nos
balanços recentes de bancos, existe
um forte crescimento da carteira de
crédito que influenciou o aumento do
lucro das instituições.
Setor de veículos
Para falar de crédito ao mercado
de veículos, Gunnar Murilo iniciou
demonstrando com clareza que esse
mercado está em franco e constante
crescimento. Para este ano, a expectativa é de 2,4 milhões de veículos
vendidos, aumento de 25% com relação ao ano passado. Somente neste
ano, o Banco GMAC revisou esses
4
Érico Ferreira, presidente da Acrefi:
destaque para o Cadastro Positivo
números várias vezes, indo de uma
perspectiva de 2,1 milhões de veículos no começo de 2007 para o número atual em julho.
O executivo ressalta que a
grande disputa de mercado está
entre as três maiores montadoras
do País: Fiat, Volkswagen e GM,
vindo a Ford um pouco atrás, porém
todas concorrendo muito em preço.
Ele alerta que as concessionárias,
hoje, estão diminuindo suas margens e que, talvez, o financiamento seja a mais importante fonte de
receita dessas empresas.
“Nos últimos anos, as formas de
compra e venda de veículos foram
se alterando. Em 2000, o consórcio
tinha uma participação bastante
significativa, de 19% das vendas
de veículo, passando para 5% no
primeiro quadrimestre deste ano.
Hoje, o consumidor tem outras formas mais interessantes de fi nanciamento. O leasing, por exemplo,
teve participação pequena no início desta década (3% em 2001/02) e
FINANCEIRO
Alberto Borges Matias, presidente
do Inepad e professor titular da
FEA-USP de Ribeirão Preto
Gunnar Murilo,diretor comercial
do Banco GMAC
passa a ter uma importância enorme
hoje, com 21% de todas as compras
de carro. Somado ao CDC, vai para
64%”, esclarece Murilo.
Porém, um dos fatores que mais
contribuem para o crescimento
desse mercado é a queda nas taxas
de juros, sendo a mais baixa de
todos os financiamentos para aquisição de bens em todo o País, o que
também auxilia na troca de dívidas,
com juros mais altos.
Mas o executivo vê desafios, principalmente nos prazos, cada vez maiores (35% dos financiamentos já são
de 60 meses, contra 25% em 2006),
que estão sendo oferecidos. Quanto
maior o prazo, mais clientes se interessam em adquirir um veículo, porém,
como será o futuro desse negócio?
“Como vamos fazer esse cliente
trocar seu bem por um novo no prazo
histórico de três a quatro anos. Essa
ACREFI
tendência é uma das grandes preocupações do negócio de automóveis.
Existe a necessidade de quebrar algumas regras burocráticas, internas e de
legislação. Uma das idéias é oferecer
um produto com prazo curto e prestação baixa, resíduo e recompra, em
que o cliente quita o financiamento
anterior e inicia um novo. Esse é o
chamado círculo virtuoso da indústria
do crédito”, finaliza Gunnar Murilo.
Para dar um panorama geral da
economia, o professor Alberto Borges Matias iniciou falando que a
oferta de crédito no Brasil, hoje em
torno de 33% do PIB, vai dobrar em
um curto espaço de tempo, com uma
taxa de juros que tende a um terço
do que é hoje.
Para ele, hoje ainda existe um
fator que poderá elevar muito o volume de crédito, que é a troca de dívida, com os insolventes e inadimplen-
5
tes de outras operações se socorrendo
de créditos com taxas menores.
“O maior desafio é saber controlar esse movimento forte que vem
pela frente. O mercado vai crescer
muito. O volume de dinheiro disponível é enorme e poderá ser ainda
maior se e quando vier o investment
grade para a economia brasileira.
Hoje, as reservas do Brasil estão na
casa de US$ 160 bilhões e podem
dobrar”, esclarece Matias.
Para ele, assim como as taxas
caem, a tendência é que as tarifas
também caiam, pois será a forma
de concorrência entre as instituições para poder elevar a sua participação nesse enorme mercado.
Uma coisa que determina o mercado é o tamanho da prestação:
com taxas mais baixas, a tendência
é baixar a prestação.
O mercado de varejo cresceu na
base do crédito, quando temos, hoje,
cerca de 90% da vendas realizadas
por financiamento. Quando se fala
em média 100, nos anos 90, hoje
está se falando em 3 bilhões. Isso
se deve, também, pela recuperação
do emprego e na estabilização do
desemprego, mesmo regionalizado e
por categorias.
“As projeções são favoráveis, com
crescimento do PIB entre 4% e 4,5%
ao ano, nos próximos quatro anos,
“Como vamos fazer o
cliente trocar seu bem por
um novo no prazo histórico
de três a quatro anos.
Essa tendência é uma das
grandes preocupações do
negócio de automóveis”
(Gunnar Murilo)
“O maior desafio é saber
controlar o movimento forte
que vem pela frente. O
mercado vai crescer muito.
O volume de dinheiro
disponível é enorme e
poderá ser ainda maior”
(Alberto Borges Matias)
debate Acrefi
Celso Cláudio Hildebrandro e
Grisi, diretor da Fractal
Marcel Solimeo, superintendente do
Instituto Gastão Vidigal
com a queda da taxa Selic para cerca
de 8,4%, em 2011. Mas, se este país
crescer nessa taxa anual, poderá virar
um total desastre, principalmente e
em função da infra-estrutura. Então,
a situação pode se complicar no futuro”, alardeia o professor.
As perspectivas para o mercado
financeiro no País giram em torno de
redução do spread e, conseqüentemente, um aumento significativo no
volume; redução da Selic com redução dos ganhos de tesouraria; e o aumento dos ganhos em serviços, pois a
oferta ainda é baixa.
O superintendente do Instituto
Gastão Vidigal, Marcel Solimeo, traz
o dado de que o comércio deve
fechar o ano corrente com um crescimento entre 6% e 7%, taxa que é
maior do que a do crescimento do
PIB. Ele esclarece que esse desempenho não é uniforme, haja vista o
crescimento do mercado de veículos,
por exemplo.
“Dos fatores que permitem esse
movimento, podemos destacar as
taxas de juros em queda constante,
os prazos do crediário em elevação,
a melhora do emprego e da massa
salarial. Outro fator que interfere,
pode parecer estranho, é a importação, que favorece o comércio, pois
acaba contendo os preços de alguns
produtos e pressionando a indústria
nacional”, afirma.
Para o executivo, o próximo ano
será muito parecido com este, pois
os fatores que favorecem o comércio
têm tendência de permanência. A
massa salarial deverá crescer mais
pelo volume de pessoas empregadas
do que pelo volume de salário propriamente dito.
Os riscos e os alertas que o comércio
deverá levar em conta são a expansão
6
da oferta de crédito, que não deve ser
isolada, mas com um aumento geral
da economia, sobretudo emprego e
renda. “O que verificamos hoje, e pelas
tendências histórias, é que o crédito
deve crescer mais do que a massa salarial, o que deve acender uma luz amarela no comércio”, esclarece.
Solimeo explica que, com aumento contido da massa salarial, o comércio terá um teto com a capacidade
de endividamento do consumidor.
Aumento de crédito, mas não da capacidade de pagamento, acarreta um
limitador e um perigo para o crescimento da inadimplência.
Pelas pesquisas realizadas, o maior
motivo para a inadimplência é o
desemprego. Hoje, esse fator está
estabilizado, com uma forte tendência à leve queda, o que pode gerar
uma estabilidade nos índices de falta
de pagamento. “Mas o varejo não
pode deixar de estar atento a esses
dois fatores, crédito e massa salarial,
pois um antecipa a compra, mas é
com o outro que se mantém a capacidade de pagamento, que é limitada”,
lembra Marcel Solimeo.
Celso Grisi lembra, com base nas
pesquisas realizadas pela Fractal,
que o movimento de crescimento
do crédito começou há, aproximadamente, cinco anos, quando o País
não tinha nenhum histórico dessa
tendência. Uma das maiores e mais
importantes tendências que perce-
“O que verificamos hoje, e
pelas tendências históricas, é
que o crédito deve crescer
mais do que a massa salarial,
o que deve acender uma luz
amarela no comércio”
(Marcel Solimeo)
“As financeiras e as indústrias
perceberam a importância de
incorporar um público que
tinha muito pouco acesso ao
crédito e, conseqüentemente,
ao consumo de massa”
(Celso Cláudio Hildebrandro e Grisi)
FINANCEIRO
No auditório da Acrefi, convidados
assistiram às apresentações e
trocaram opiniões sobre as
questões levantadas
bem foi a inclusão da baixa renda
no mercado consumidor.
“Isso pode ser constatado nas pesquisas pelo posicionamento de produtos específicos para esse público.
Com estudos, as financeiras e a indústria em geral perceberam a importância de incorporar um público que,
até então, tinha muito pouco acesso
ao crédito e, conseqüentemente, ao
consumo de massa”, salienta Grisi.
As pesquisas começaram a ampliar seus escopos com a inclusão,
além dos bancos, das financeiras e
de outros players que passaram a
atuar fortemente no mercado, oferecendo produtos que só eram ofertados pelos bancos.
O executivo percebeu que, em
alguns estabelecimentos comerciais,
as ofertas eram melhores do que
em outras. Por exemplo, em lojas
de rua (contrapondo-se com as de
shoppings), as taxas eram melhores,
a oferta maior, limite era o que, de
fato, atraía o consumidor, e as condições de obter o financiamento eram
as mais simples do mercado. Essa
mudança de público-alvo se acentua
mais fortemente nos últimos dois
anos, atendendo um público que
nunca tinha tido qualquer condição
de comprar a crédito.
“Algumas incoerências são verificadas nas respostas dadas pelos entrevis-
ACREFI
tados. Quando pesquisamos as taxas
de juros, 74% das pessoas declaram
não conhecer a taxa de juros embutida nos financiamento que contrata e,
ao mesmo tempo, declara que certos
estabelecimentos apresentam taxa de
juros melhor que outros. O que realmente ocorre é que, para esse consumidor, o que importa é o valor que
cabe em seu orçamento”, explica Grisi.
A pesquisa da Fractal apontou,
ainda, que os produtos mais utilizados como forma de financiamento em
lojas de varejo são o cartão de financiamento para alimentos e vestiário
(59,5%), o CDC (50,1%) e o cartão de
7
crédito de financeira (9,5%). Em lojas
de rua, aparecem com maior vigor os
empréstimos pessoais (73,2%), o cartão de crédito (20,9%) e os empréstimos pessoais pré-aprovados (10,8%).
Os desafios para esse público, segundo o executivo, é o de produzir
ofertas específicas e ajustadas a esse
público, desenhando-as de maneira
a permitir e estimular o uso apropriado do crédito para que esse consumidor. “O potencial de crescimento desse mercado é enorme, resta
saber como atuar e aproveitar o excelente momento do mercado nacional”, finaliza ele.
ensaio
Governo grande e
crescimento econômico
Um resumo deste artigo foi lido na cerimônia de entrega do prêmio
“Economista do Ano” ao autor, pela Ordem dos Economistas do
Brasil, em 20 de agosto de 2007
CELSO L. MARTONE, PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
DA FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FEA/USP)
Both productive and unproductive labourers, and those who do not labour at all, are all equally maintained by the annual produce of the land
and labour of the country. This produce, how great so ever, can never be infinite, but must have some limits. According, therefore, as a smaller
or greater proportion of it is employed in maintaining unproductive hands, the more in the one case and the less in the other will remain for the
productive, and the next year’s produce will be greater or smaller, the whole annual produce being the effect of productive labour.
(Adam Smith. An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations. E. Cannan Edition, The Modern Library. New York, 1937, p. 315)
1. A não-convergência de três décadas
Nesta noite, quero fazer algumas
reflexões sobre o processo de desenvolvimento brasileiro e uma proposta para
assegurá-lo no futuro. Por três décadas, o Brasil tem sido um país retardatário no processo de desenvolvimento
mundial. Nesse longo período, crescemos a menos da metade da taxa média
de expansão dos países em desenvolvimento e a taxa ligeiramente inferior à
dos países avançados. Para se ter uma
idéia do que isso significa, basta dizer
que a renda per capita brasileira seria
hoje o dobro do que é se o País tivesse
crescido à taxa média de seus congêneres. Os economistas de minha geração iniciaram a carreira profissional
no final do “milagre econômico” da
primeira metade dos anos 70, mas
trabalharam quase toda sua vida nas
três “décadas perdidas”. Ao contrário
das gerações mais novas, chegamos a
viver num país dinâmico, de intensa
mobilidade social e confiante no futuro. Aqueles de nós que estudamos
no exterior nos espantávamos com a
aflição de muitos colegas estrangeiros, ao final do curso, para arrumar
um emprego e não voltar a seu país
de origem. Os estudantes brasileiros
ansiavam por voltar, porque no Brasil
as coisas aconteciam. Nas últimas três
Para compreender o fenômeno
do atraso relativo do Brasil,
é preciso recorrer ao conceito
de trajetória dependente, que
ajuda a analisar a evolução
econômica no longo prazo
décadas, infelizmente, elas pararam de
acontecer. Como dizia enfaticamente
meu professor Arnold Harberger, então
na Universidade de Chicago: “Vocês
tiveram o paraíso e o perderam!”
O que aconteceu? Como explicar
um descaminho de três décadas? Contabilmente, a constatação é simples:
a partir da segunda metade dos anos
70 até o início dos anos 90, ocorreu
uma queda persistente da produtividade total da economia e, já nos anos 80,
uma não menos dramática queda da
taxa de acumulação de capital. Associado a isso, houve um aumento contínuo do preço relativo dos bens de capital, o que significa menor acumulação
de capital para o mesmo esforço de
poupança. Como economistas, sabemos que uma queda da taxa de investimento dessa magnitude decorre de
uma configuração perversa de incentivos em escala macroeconômica. Sabemos ainda que a queda da produtividade total de fatores reflete, de um lado,
uma alocação ineficiente de recursos e,
de outro lado, o fracasso do sistema
educacional em gerar o capital humano
necessário para o desenvolvimento e o
avanço tecnológico1.
Entretanto, estas são constatações,
não explicações. Para compreender o
fenômeno do atraso relativo do Brasil,
é preciso recorrer ao conceito de trajetória dependente, que ajuda a analisar
a evolução econômica no longo prazo:
decisões cruciais, tomadas num ponto
do tempo, tendem a mudar a trajetória
da economia de maneira irreversível,
gerando uma dinâmica que tanto pode
ser um círculo virtuoso quanto um círculo vicioso. Se a decisão desencadear
forças inovadoras, que geram a expansão no longo prazo, a economia entrará
num círculo virtuoso; no caso contrário, um círculo vicioso resultará. Pelo
1
A este respeito, vejam-se E. L. Bacha e R. Bonelli, Accounting for Brazil’s Growth Experience:
1940-2002, Texto para Discussão 1018, IPEA. Rio de Janeiro, 2004; P. C. Ferreira, R. Ellery e V.
Gomes, Produtividade Agregada Brasileira (1970-2000): Declínio Robusto e Fraca Recuperação,
Ensaios Econômicos 594, EPGE/FGV. Rio de Janeiro, 2005; J. R. Souza Castro Jr., Produto Potencial no Brasil, Texto para Discussão 1130, IPEA. Rio de Janeiro, 2005.
8
FINANCEIRO
mundo afora, temos visto muitos exemplos de cada um dos dois casos. Nunca
é demais enfatizar que a probabilidade de que um círculo virtuoso se instale
depende da qualidade do processo de
tomada de decisões numa sociedade, o
que tem a ver com a qualidade de suas
instituições e organizações políticas. Se
as instituições não funcionam, é difícil a
uma sociedade manter-se no caminho
do desenvolvimento.
Quero sugerir que duas dessas decisões cruciais estão entre as causas
maiores das três décadas perdidas. A
primeira delas foi o protecionismo,
uma característica dominante da economia desde os anos 50. O Brasil abriu
tarde demais e apenas parcialmente
sua economia. Por mais de três décadas até os anos 90, vivemos numa
economia autárquica, protecionista e
hostil ao comércio internacional. Isso
cristalizou uma estrutura econômica
e uma configuração de uso de recursos ineficiente, em desacordo com o
processo de desenvolvimento mundial e afastado do padrão de vantagens comparativas do País. Mais ainda,
esclerosou a elite empresarial brasileira, que vivia à sombra da proteção
e cuja sobrevivência dependia mais
do governo do que do mercado. Ao
renunciar por várias décadas a participar da divisão internacional do trabalho, o Brasil não se beneficiou dos
ganhos da especialização e de uma
fonte de crescimento que tem sido responsável pelo sucesso econômico dos
países asiáticos e de vários outros, que
tomaram a decisão de integrar suas
economias ao comércio internacional.
A segunda decisão crucial foi a
expansão do Estado brasileiro, que se
iniciou nos anos 70 e, embora com características mutantes, prosseguiu vigorosamente até os dias atuais. A primeira fase de expansão foi a do estado
empresário, que buscava criar um tipo
de capitalismo dirigido e autárquico
no País nos anos 70 e 80. O esgotamento desse modelo levou à privatização
nos anos 90, mas a despeito do encolhimento de suas atividades empresariais, o setor público continuou aumentando. A segunda fase dessa expansão
ACREFI
Nós, economistas, estamos
vacinados contra a visão
simplista que vem sendo
defendida pelo governo
se inicia com a Constituição de 1988,
pelo aumento extravagante da federação, da burocracia e dos programas
de previdência e assistência social. Com
isso, o custeio e as transferências passam a ser os motores do crescimento do
governo, com a concomitante contração do investimento público. Até meados dos anos 70, o setor público representava menos de 25% do PIB; hoje,
representa 40%, um aumento de 15
pontos percentuais em 30 anos.
Que essas duas decisões foram cruciais pode ser comprovado pelos dois
principais pontos de divergência estrutural do Brasil em relação aos demais
países emergentes. De um lado, o grau
médio de abertura dos países emergentes é superior a 60% do PIB, enquanto
o do Brasil é, hoje, de 30%, evoluindo
dos 14% de apenas dez anos atrás. De
outro lado, o tamanho médio do setor
público, naqueles países, é de 25% do
PIB, enquanto no Brasil é de 40%. Ou
seja, a economia brasileira construiu
uma estrutura inadaptada para o crescimento e incapaz de competir na economia mundial. Na verdade, quando
vemos o problema sob essa ótica, fica
claro que fenômenos como a megainflação, as crises de dívida pública e
as crises de balanço de pagamentos,
que foram fenômenos recorrentes nas
três últimas décadas, são apenas causas
próximas ou manifestações dessa profunda inadaptação, resultante dos dois
erros estratégicos apontados acima.
Essa situação tem gerado um desenvolvimento anêmico da economia,
pela destruição dos incentivos individuais ao trabalho, à inovação e à acumulação de capital. Além disso, o sistema de transferências, que vem atingindo níveis alarmantes no atual governo federal, está criando profundas
divisões na sociedade brasileira, entre
2
aqueles que pagam cada vez mais
para sustentar o gasto público (o dito
setor privado “formal”), aqueles que
pouco pagam (o crescente setor privado “informal”), aqueles que simplesmente recebem (os beneficiários das
transferências governamentais de qualquer espécie) e aqueles que transferem
(a classe política e a enorme burocracia
estatal). Essas divisões sociais têm bloqueado soluções cooperativas para os
problemas nacionais, como se verifica
pela impossibilidade política de realizar
reformas e são perigosas para a democracia. Como diz North, é comum às
sociedades ficarem “entaladas” numa
matriz institucional perversa e incompatível com o desenvolvimento econômico, na medida em que interesses específicos ou corporativos adquirem a
capacidade de bloquear mudanças que
seriam benéficas à maioria2.
Como um parênteses, devo dizer
que nós, economistas, estamos vacinados contra a visão simplista que vem
sendo defendida pelo governo, de que
tudo isso pertence ao passado e que
o País, a partir de agora, entrou num
círculo virtuoso de crescimento sustentado. Fundamentos macroeconômicos sólidos, construídos penosamente
desde 1999, seriam o passaporte para
a expansão contínua e acelerada daqui
em diante. É preciso entender que o
ajuste macro apenas nos garante que a
grande volatilidade do PIB, que prevaleceu nas décadas passadas, foi diminuída, mas não garante um aumento permanente da taxa potencial de crescimento da economia. Na verdade, quero
sugerir que a expansão contínua do
setor público em relação ao PIB nos
coloca numa trajetória insustentável
que, mais cedo ou mais tarde, abortará
o atual ciclo de expansão.
Para conseguir um aumento permanente do potencial de crescimento, pelo
menos à taxa média dos emergentes, é
preciso caminhar em duas direções: aumentar o grau de abertura e reduzir o
tamanho do setor público. No caso da
abertura, o processo já está a meio caminho e medidas adicionais podem ser
Veja-se D. C. North, Economic Performance Through Time, Nobel Prize Lecture, 1993.
9
ensaio
adotadas gradativamente3. No caso do
setor público, é preciso reverter a variável de comportamento explosivo: o
gasto público e o peso de seu financiamento. No período 1994-2007, a carga
tributária saltou de 25% para 40% (37%
do PIB novo), mais de um ponto de percentagem do PIB ao ano. Tudo indica
que esse processo irá continuar nos próximos anos, a menos que uma mudança
de curso seja imposta ao governo.
2. A construção da ética tributária
A relação econômica fundamental
entre o indivíduo e o Estado é a tributação de um lado e o provimento
de bens públicos de outro lado. Da
ética dessa relação recíproca depende,
em grande parte, o funcionamento eficiente do sistema econômico. A seguir,
alguns princípios consagrados em finanças públicas, que constituem essa relação ética entre o indivíduo e o Estado,
são relembrados. Eles são importantes
para justificar a proposta exposta na
seção final do artigo.
Existe uma classe ampla de bens,
denominados “bens públicos”, que só
podem ser produzidos nas quantidades socialmente ótimas por meio do
governo. Esses bens se caracterizam
pela dificuldade de excluir consumidores que não contribuíram para sua
produção. O grau de excludibilidade
varia amplamente entre os bens públicos, desde aqueles para os quais é praticamente impossível selecionar ou bloquear consumidores (segurança nacional) até aqueles em que a exclusão
é simples (educação). Os bens públicos cuja excludibilidade é possível, mas
não é aplicada, são bens considerados
social ou economicamente desejáveis.
Geralmente, tais bens são definidos
em termos de requisitos mínimos (alfabetização universal, por exemplo) a
que todos os membros da comunidade têm direito, independentemente
de contribuição. A determinação desses requisitos mínimos é função das
preferências relevadas pela comunidade em relação a padrões desejáveis de
qualidade de vida de seus membros e
depende, principalmente, do nível de
bem-estar já alcançado.
Os tributos devem ser gerais,
transparentes, previsíveis e
criar o mínimo de distorções no
funcionamento dos mercados
A produção dos bens públicos pelo
Estado, por sua vez, deve obedecer a
critérios semelhantes aos que vigoram
na produção de bens privados. Isso significa que o Estado deve formar organizações transparentes, que possam ser
fiscalizadas, cobradas e responsabilizadas pelo cumprimento eficiente das
funções que lhes foram atribuídas.
Os bens públicos têm que ser financiados por contribuições compulsórias
(tributos) dos membros da comunidade
para evitar o fenômeno do “carona”.
Assim, como enfatiza Hayek, os tributos podem ser vistos como uma espécie de troca, pela qual todos concordam em contribuir para um fundo
comum, segundo princípios uniformes,
na expectativa de que, no cômputo
geral, o conjunto dos bens públicos
fornecidos por meio do Estado valha
pelo menos tanto quanto as contribuições exigidas dos cidadãos4. É a realização prática desse princípio geral que
garante o que denominei de ética tributária e que permite que soluções
cooperativas se tornem viáveis para os
problemas da vida em sociedade.
Os tributos devem ser gerais, transparentes, previsíveis e criar o mínimo
de distorções no funcionamento dos
mercados. O tributo é geral quando
a base teórica de incidência coincide
com a base efetiva, ou seja, não existe
evasão (legal ou ilegal). É transparente quando sua alíquota, base de
incidência e valor podem ser facilmente percebidos pelo contribuinte. É
previsível quando as regras que o definem são estáveis no tempo, permitindo o cálculo econômico e o planejamento dos agentes no longo prazo.
O tributo produz o mínimo de distorções alocativas quando as decisões dos
agentes econômicos são pouco afetadas pela sua incidência5.
A dívida pública é o diferimento
de impostos e se justifica em dois
casos: (a) para “alisar” a carga tributária (em última instância, o consumo) no tempo, em situações imprevistas, que requerem aumento excepcional do gasto governamental; (b)
para o financiamento do investimento
público, cujos benefícios se distribuem
no futuro. Em qualquer caso, vale
o princípio geral de que, na média
de vários períodos, o orçamento seja
equilibrado, o que implica uma dívida
pública estacionária no longo prazo6.
Ao compararmos esses princípios
gerais de finanças públicas com a realidade brasileira, ficam evidentes as
graves distorções que foram se cristalizando ao longo dos anos na relação entre o indivíduo e o Estado, seja
do ponto de vista do provimento dos
bens públicos, seja do ponto de vista
de seu financiamento. Não é necessário descrever aqui as falhas institucionais ou organizacionais do setor
público brasileiro: impunidade, corrupção, arbitrariedade, insegurança,
desperdício, empreguismo, clientelismo, nepotismo, ineficácia, incapacidade decisória e tantos outros problemas com que qualquer cidadão convive diariamente. Em face dessa realidade, meu argumento central é que
o primeiro passo na direção do desenvolvimento econômico e social no
Brasil consiste em reduzir o tamanho
do Estado para, em seguida, construir
3
Nos últimos anos, a política comercial brasileira não tem sido favorável à continuidade da abertura.
O argumento da reciprocidade (ampliação do acesso aos mercados dos países avançados) é usado
para justificar uma atitude hostil a iniciativas como a Alca e a própria Rodada Doha da OMC.
4
F. A. Hayek, Direito, Legislação e Liberdade, vol.III, A Ordem Política de um Povo Livre. Visão
Editora, São Paulo, 1985, p.49.
5
As exceções a esses princípios gerais decorrem principalmente de externalidades, ou seja, de situações em que existe divergência entre o custo e/ou benefício percebido pelos agentes e o verdadeiro custo e/ou benefício para a comunidade como um todo.
6
Este é o princípio que Buchanan e Wagner chamaram de “a velha religião fiscal”. Veja-se J. A.
Buchanan e R. E. Wagner, Democracy in Deficit, The Political Legacy of Lord Keynes. Orlando, Academic Press, 1977.
10
FINANCEIRO
uma relação ética entre o indivíduo
e o Estado. A proposta delineada a
seguir estabelece este primeiro passo.
3. Estratégias de ajuste do setor público
Na situação atual, o ajuste fiscal
deve ser visto como um processo ao
longo do tempo em que o tamanho do
setor público é reduzido a um nível
que permita a construção de um sistema tributário eficiente e, portanto,
restabeleça os incentivos ao trabalho,
à inovação e à acumulação de capital.
Como importante efeito colateral, leve
à redução dessa praga brasileira que é
a informalidade. Esse é único critério
consistente com o crescimento econômico sustentado.
A estratégia de ajuste adotada no
Brasil desde 1999 consiste em fixar
metas para o resultado orçamentário
do setor público. A meta de superávit
primário (receita menos despesas nãofinanceiras) limita o crescimento da dívida pública, reduzindo o risco de insolvência, que é o critério preferido dos
credores do governo. Mais recentemente, na mesma linha, surgiu a proposta do déficit nominal zero, pela qual
a dívida pública nominal ficaria constante no tempo. Trata-se do mesmo
remédio, só que em dose maior.
O problema com as estratégias baseadas no resultado orçamentário é que
não atendem ao critério de ajuste aqui
definido. O controle do resultado fiscal
não coloca qualquer restrição ao crescimento do tamanho do setor público,
via aumento da despesa pública e da
carga tributária. Ou seja, as metas de
resultado supõem implicitamente que
o tamanho do Estado é neutro em relação ao crescimento econômico: o tamanho do governo, por maior que seja, é
irrelevante, desde que ele esteja equilibrado. Há evidências cabais em todo o
mundo que isso é falso7.
O segundo critério de ajuste das
contas públicas, ainda não usado entre
nós, mas proposto com freqüência, é
a fixação de limites de despesa. No
caso do Brasil, dada a rigidez das despesas de custeio e de transferências,
a tentativa de controle da despesa
redunda simplesmente em corte de
ACREFI
Uma proposta moderada
consiste em manter constante a
carga tributária real e a dívida
pública real até que a primeira
seja reduzida para 27% do PIB
investimento. Mais do que isso, os
interesses corporativos de nossos sistemas político e judiciário leva inexoravelmente a aumentos contínuos
de despesa e de tributação. Portanto,
medidas legislativas de redução de
despesa não teriam credibilidade. Está
aí a Lei de Responsabilidade Fiscal para
provar esse ponto. Por essas razões,
não considero viável essa alternativa.
A terceira alternativa para o controle do governo e aquela que é consistente com o crescimento, porque
atende ao critério para o ajuste fiscal
de longo prazo, consiste na redução
programada da carga tributária, ano
a ano, até que ela atinja o nível desejado, digamos de 27% do PIB (uma
redução de 10 pontos percentuais em
relação ao nível atual). Ao longo desse
processo, é também necessário controlar a expansão da dívida pública,
ou seja, é preciso controlar a carga tributária presente e a futura 8.
Uma proposta moderada consiste
em manter constante a carga tributária
real e a dívida pública real até que a
primeira seja reduzida para 27% do PIB.
O Congresso Nacional deveria estabelecer, em nível constitucional, um programa de desoneração tributária em
que, a cada ano, as alíquotas dos impostos mais deletérios seriam reduzidas
o suficiente para gerar a mesma receita
em termos reais. Os candidatos mais
óbvios à redução de alíquotas são as
“contribuições sociais” (CPMF, Cofins,
PIS e CSLL), que hoje representam
cerca de 10% do PIB. Ao final do
processo, esses impostos desapareceriam, abrindo espaço para uma reforma
7
capaz de construir um sistema tributário ético e previsível no País. Nesse caso,
o ajuste levaria aproximadamente oito
anos, ao final dos quais a carga tributária voltaria a 27% e a dívida pública
convergiria para um nível confortável.
Uma alternativa mais rápida consiste
em manter a carga tributária nominal
constante, caso em que o período de
ajuste cairia para apenas quatro anos.
Dado o fato de que o Brasil apresenta
um retardamento de três décadas, a
segunda opção é a melhor.
Estou convencido de que, no caso
do Brasil, o controle constitucional das
fontes de financiamento público (impostos e endividamento) é a única alternativa consistente com o crescimento
econômico e, mais do que isso, com o
aperfeiçoamento da democracia. É preciso inverter a equação da política fiscal: em vez de primeiro definir as necessidades, para depois capturar os recursos, o critério aqui proposto primeiro
define os recursos, deixando ao governo a tarefa de alocação da despesa
possível entre usos alternativos, segundo uma escala de prioridades politicamente estabelecida. Essa é a única
alternativa que elimina o que se chama
de restrição orçamentária frouxa (soft
budget constraint), substituindo-a por
uma restrição orçamentária rígida. Se
insistirmos em controlar o governo pelo
resultado orçamentário, temo que, ao
final do atual governo, estaremos ainda
discutindo o ajuste fiscal de longo
prazo, só que com uma carga tributária vários pontos percentuais acima da
atual e uma taxa de crescimento vários
pontos percentuais mais baixa.
Uma ruptura dessa magnitude com
o status quo, entretanto, exigirá um
alto grau de consciência e mobilização
da sociedade em torno de uma proposta concreta de redução da carga
tributária. Espero que este artigo contribua para que essa conscientização
avance e se amplie.
Veja-se R. J. Barro, Determinants of Economic Growth: A Cross-Country Empirical Study, The
MIT Press. Cambridge, 1998.
8
Esta política de ajuste fiscal foi batizada pela administração Reagan, nos Estados Unidos nos
anos 80, de starving the beast e partia da proposição, a meu ver correta, de que a única forma
de controlar o governo é pelo controle de suas fontes de receita e financiamento. Veja-se C. L.
Martone, Starving the Beast, Revista do SFI. São Paulo, 2006.
11
artigo
Andrea Felizolla
Crédito e educação
Um banco, uma financeira ou
um varejista que financia um
cliente está dando a ele um voto
de confiança e, quanto melhor o
conhecer, mais crédito
poderá lhe dar
ÁLVARO MUSA, SÓCIO-DIRETOR DA PARTNER CONHECIMENTO
Crédito vem de credere: crer, acreditar, confiar. É claro que eu acredito
mais, confio mais, nas coisas que
eu conheço. Quanto melhor conheço
algo, ou alguém, mais consigo confiar. Quanto mais estável e previsível
é algo, ou alguém, mais confiável é.
Educar vem de educere: extrair (o
que de melhor existe em alguém).
Quanto mais “educada”, mais uma
pessoa é capaz de dar o que de
melhor ela tem.
Se quisermos que o crédito, elemento propulsor e alavancador de
qualquer empreendimento humano,
continue crescendo no Brasil de
maneira saudável e sustentável e
possa contribuir para o desenvolvimento social e econômico, é preciso
que aumentemos significativamente
o grau de confiança e previsibilidade
prevalecente na atividade econômica,
na atividade financeira em particular. É preciso também que as pessoas
sejam “educadas” para o bom uso
desse crédito; não só as pessoas-consumidores, mas também os bancários
e varejistas, que concedem o crédito.
Cadastro positivo
Vamos por partes. O grau de confiança será significativamente aumentado quando o sistema financeiro
puder conhecer melhor o comportamento de seu cliente potencial,
quando houver total transparência
das informações sobre o comporta-
12
mento financeiro dos candidatos a
tomar crédito.
Ou seja, quando tivermos um birô
positivo bem regulamentado, que a
um só tempo proteja a privacidade
de quem assim o deseje e, simultaneamente, proteja o direito à transparência das informações. Em outras
palavras, nenhum consumidor deveria ser obrigado a ter seus comportamentos de crédito, bons ou ruins, tornados disponíveis para outras instituições que não aquela com quem ele
decidiu ter um relacionamento. Ao
mesmo tempo, nenhum banco deveria poder guardar somente para si a
boa informação sobre um cliente, se
este assim o desejar. Afinal de contas, para muitos consumidores, particularmente os de baixa renda, esse é
o único patrimônio que podem exibir
na próxima vez em que forem solicitar um empréstimo.
Um banco, uma financeira ou um
varejista que financia (dá crédito) um
cliente está dando a ele um voto de
confiança e, quanto melhor o conhecer, mais crédito poderá lhe dar. O cadastro positivo, ou birô positivo de
crédito, é isso: uma maneira de o
cliente se dar a conhecer em tudo
aquilo que tem de positivo, uma coleção de informações que lhe permite
dizer, com orgulho, “Sou uma pessoa
de confiança!”
As instituições de proteção aos
direitos do consumidor são, em sua
FINANCEIRO
esmagadora maioria, bem intencionadas. Mas tendem a ver somente o
primeiro lado da equação: a proteção da privacidade. Espero que possam rapidamente enxergar o outro
lado: o valor individual e social de
se compartilhar as informações. Eu
gostaria de ver um intenso movimento das associações de proteção
ao consumidor exigindo que os Birôs
Positivos sejam rapidamente regulamentados para o bem da democratização do crédito. Os estudos
do Banco Mundial mostram exaustivamente que os países onde existe
compartilhamento se benefi ciam,
com maior disponibilidade de crédito a todos os segmentos, e com
taxas de juros gerais mais baixas (e
não só para os privilegiados, como
diz um mito do mercado).
Os consumidores têm, no Brasil,
uma das mais avançadas legislações
de proteção de seus direitos. Seria um
grande avanço adicional se acrescentássemos o direito de exibir todo o
seu histórico de crédito...
Do ponto de vista dos bancos,
financeiras e demais operadores de
crédito, é muito melhor que haja
compartilhamento total das informações. Parece-me uma visão distorcida a que leva ao raciocínio
de alguns bancos: “já tenho um
grande número de clientes cujo
comportamento conheço, portanto
não quero compartilhar isso com
quem ainda não alcançou o meu
tamanho”. Os estudos que fizemos
no G5, grupo de financeiras que
desenvolveu um birô positivo com
a Serasa, mostram claramente que
sempre há outras informações, outros
compromissos assumidos pelos nossos clientes com outras instituições e
que enriqueceriam o nosso processo
de decisão de crédito.
Novamente, os estudos do Banco
Mundial: é bom para os bancos e para
a sociedade como um todo que haja
compartilhamento amplo das informações. Nos países onde isso acontece,
os volumes de crédito são maiores, a
inadimplência é menor. Portanto, o
resultado financeiro é melhor.
ACREFI
Educação do consumidor
Durante muitos anos, o crédito
no Brasil fi cou jogado às traças.
As instituições financeiras renunciaram ao seu papel precípuo de intermediação financeira para exercer o
papel de agentes do governo para
enxugar o mercado. Os empresários
não podiam nem pensar em tomar
crédito bancário, pois não há negócio legal no mundo que dê rendimentos maiores do que 20% ou 30%
ao ano; com isso, o capital próprio,
que deveria ser o funding mais caro
para o negócio, tornou-se a única
fonte de recursos viável. Os consumidores, então, não tinham sequer
produtos de crédito à disposição.
Era impossível tomar um empréstimo a mais de três meses de prazo,
pois não sabíamos quanto sobraria
de nosso salário no final do mês para
pagar uma prestação, ou o rotativo
de um cartão de crédito. Com isso,
todos desaprendemos a usar e conceder crédito.
É preciso reaprender. Não falo,
aqui, somente de ensinar o consumidor a fazer um orçamento doméstico antes de tomar um empréstimo para comprar uma geladeira
nova. Essa é a parte fácil. Falo de
torná-los conscientes de seus deveres, além de seus direitos, entre
os quais o dever de pagar o que
tomou emprestado, pois o dinheiro
não pertence ao banco ou à financeira, mas sim às pessoas que depositaram nesse banco. Falo de conscientizá-los de que nem sempre vale
a pena, mesmo que possa pagar,
tomar um financiamento agora se
pode esperar mais um pouco para
trocar o carro ou comprar novas
roupas. O crédito é uma ferramenta
poderosa, mas que não pode, impunemente, ser usado sem treinamento. A falta de treinamento tem custado um bocado de fortes emoções
no gerenciamento da inadimplência de crescentes carteiras de crédito nos últimos dez anos... A montanha-russa das ondas de inadimplência, provocadas por overdose de
crédito, seguidas de repagamento
13
O crédito é uma ferramenta
poderosa, mas que não pode,
impunemente, ser usado sem
treinamento. A falta de
treinamento tem custado um
bocado de fortes emoções no
gerenciamento da inadimplência
de dívidas e, logo após de outra
onda, é perfeitamente evitável. O
crédito ao consumo cresceu 670%
nos últimos 12 anos, com sucessivas ondas de inadimplência. Com
um pouquinho de cautela mútua,
e um bom birô positivo, teríamos
um crescimento igual ou maior, sem
tantos percalços.
Educação do operador de crédito
No que toca a educação do consumidor, temos, no Brasil, uma atitude provavelmente pioneira no que
toca as iniciativas dos bancos para
isso: bancos como Itaú, Real ABNAMRO, VR, Ibi; bandeiras como Visa
e Mastercard; e empresas como a
Serasa, patrocinam iniciativas próprias ou por ONGs como o Instituto
Akatu. Sugiro que essas empresas,
aliadas à Acrefi , Febraban, ACSP,
Fecomércio e outras, promovam
agora uma ampla discussão do papel
das instituições financeiras na sociedade e iniciativas para conscientização dos operadores de carteiras de
crédito para que possam melhor ajudar nesse processo mútuo de educação para o uso dessa ferramenta
poderosa chamada crédito.
Claro que nada disso adianta se
continuarmos “neste país” com o
“apagão educacional” que nos rodeia
e que Érico Ferreira, presidente da
Acrefi, sempre aponta em suas palestras. Que faz com que o consumidor, antes de aprender a usar crédito, aprenda que ser corrupto não
leva à punição alguma. Que faz com
que alunos de faculdade mal saibam
se expressar por escrito (ou verbalmente, também). Mas isso é assunto
para outro dia...
seguro de automóvel
Arquivo ACREFI
Proteção adicional para a
instituição financeira e
essencial para o financiado
Ao risco do financiamento
deveriam somar-se os riscos
que podem envolver o
veículo financiado, que
podem ser mitigados pelo
seguro compreensivo
de automóveis
HORACIO L. N. CATA PRETA, DIRETOR DE PROJETOS E SERVIÇOS DA FENASEG
Estão registrados, na base nacional
de gravames, cerca 14 milhões veículos
com gravames, dos quais, se retirarmos
as motos e os gravames anteriores à implantação dos Detrans, muitos dos quais
com os contratos totalmente quitados,
que foram roubados ou foram objeto de
abandono por seus proprietários, teremos um saldo líquido ao redor de 12
milhões de gravames ativos, que representam os automóveis, veículos de transporte leve e outros. As motos, pelo
alto índice de risco, raramente contratam seguros de colisão ou roubo e furto,
embora devessem contratar o seguro de
responsabilidade civil nos casos de acidentes envolvendo terceiros.
As seguradoras têm, em suas carteiras de seguros de automóveis, cerca
de 10,5 milhões de apólices, o que
indica que há aproximadamente 1,5
milhão de veículos sem seguro, o que
deixa vulnerável, simultaneamente, a
instituição financeira e o financiado,
em caso de sinistro de roubo /furto
ou de colisão com danos de grande
monta, isso sem levar em conta os
danos materiais e pessoais que podem
atingir terceiros, sejam eles outros veículos, seus condutores e passageiros
ou pedestres.
O financiamento do veículo, sem o
correspondente seguro compreensivo
de automóvel, que cobre os riscos de
colisão, incêndio, roubo, furto e responsabilidade civil em relação a terceiros (danos materiais e pessoais), é um
risco adicional para a instituição finan-
14
ciadora que deve ser evitado para que
não seja necessário aumentar o spread
do empréstimo pelo risco de inadimplência, em caso de perda total ou
roubo e furto do carro.
A celebração simultânea do financiamento e do seguro de automóvel poderia se constituir numa prática salutar
para a melhoria dos riscos do negócio,
seja em prol da entidade financiadora,
seja em benefício do financiado, uma
vez que ambos estarão adequadamente
protegidos e tranqüilos.
Cabe mencionar que, em 2006, foram
roubados ou furtados 383.554 veículos,
conforme dados do Denatran (BIN –
Roubo, Furto e Recuperações), dos quais
176.067 foram recuperados, cujo líquido
(207.487) representou quase 18% da
produção anual da indústria automobilística nacional de 2006.
A realização de financiamento de
determinados veículos em determinadas cidades, tais como São Paulo, Rio
de Janeiro, Distrito Federal, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba, representa um risco potencial, caso o financiado não possua seguro, o que, teoricamente, exigiria a cobrança de uma taxa
de risco adicional, à semelhança do que
é praticado no seguro.
Assim, ao risco do financiamento
deveriam somar-se os riscos que podem
envolver o veículo financiado (colisão,
incêndio, roubo, furto e acidentes com
terceiros), que podem ser mitigados pelo
seguro compreensivo de automóveis.
([email protected])
FINANCEIRO
tecnologia
Divulgação
Inteligência competitiva e a
web 3.0
Dos bilhões de documentos que
formam a internet e os hyperlinks
que os entrelaçam, cientistas da computação e uma crescente quantidade
de empresas startups estão tentando
encontrar novas formas de minerar a
inteligência humana.
Primeiro a web 1.0, que era basicamente estática, nela nós entrávamos
num site atualizado periodicamente,
baixávamos textos e imagens, consumindo-as e ponto. Depois a internet
foi se tornando mais dinâmica, com
mais e mais artifícios de interação.
Na web 2.0, existem os blogs, os
sites de relacionamento e wikis. Uma
explosão de conteúdo urge por metadados e organização. Finalmente, especulações começam a ocorrer para o
próximo movimento da internet.
Agora, estamos adentrando na
chamada web 3.0, definida como
a web semântica, que passa a dar
sentido aos dados, não só apresentando-o como, principalmente,
contextualizando-os.
“Perfis detalhados de empresas
e competidores, fornecedores, clientes, parceiros, informações externas
sendo monitoradas full time, interagindo e consolidando-as em plataforma própria por meio de um portal customizado de inteligência competitiva” irão dar corpo a essa nova
maneira de tratamento dos dados.
ACREFI
ANTONIO TADEU LUQUEZE, DIRETOR DA ATL CONSULTORES ASSOCIADOS
A novidade está por conta de
uma tecnologia que permite captar e
associar informações customizadas de
diversas fontes previamente determinadas, isoladas ou não, com o objetivo
de gerar informações de elevado conteúdo estratégico, auxiliando, assim,
no processo de tomada de decisão.
Na indústria financeira, a utilização dessa tecnologia para dar tratamento ao database interno também possui valor estratégico, uma
vez que informações disponíveis de
clientes, devidamente correlacionadas, poderão auxiliar significativamente na identificação de oportunidades até então não identificadas.
Essa tecnologia é a de Text
Mining, que se diferencia do Data
Mining, uma vez que o segundo
não considera intrinsecamente o
“processo de seleção” dos dados;
estes já são previamente selecionados por categorias.
No caso do Text Mining, há um
sistema de pesquisa bem mais poderoso que não busca somente a palavra-chave; além de obter os dados
e as informações por meio de tecnologia de monitoramento própria
e específica, adicionam-se camadas
de informação na internet cuja função seria não gerar catálogos, mas
sim guias, provendo aplicações que
possam “raciocinar de forma mais
15
humana”. Surge, aqui, um dos pilares
do início da web 3.0.
Imaginemos uma situação na qual
na internet, um ambiente de pesquisas necessite responder a seguinte
questão: qual o melhor financiamento para a compra de um carro?
Os motores de busca que conhecemos atualmente, apesar de utilizarem várias técnicas para apresentar e
hierarquizar resultados de uma pesquisa, ainda não são capazes de interpretar frases ou perguntas introduzidas pelo usuário.
Para responder a essa pergunta,
os mecanismos de busca teriam que
“entender” o produto oferecido
pelos players do mercado e não os
selecionar unicamente pela variável
chave “taxa”.
É nesse ambiente que o Text
Mining atua, captando dados e informações-chave e interagindo-as e,
com a “inteligência artificial”, poder
informar ao usuário a melhor das
opções apresentadas.
Em suma: sistemas mais inteligentes e dados que descrevem dados,
essa é a web 3.0, que vai instantaneamente se tornar mais valiosa
comercialmente do que os motores
de busca atuais, os quais retornam
centenas ou mesmo milhões de documentos que, via de regra, não respondem às questões diretamente.
artigo
Prevenção de infrações à ordem
econômica: um novo capítulo no
antitruste brasileiro
LEOPOLDO UBIRATAN CARREIRO PAGOTTO, ADVOGADO DE XAVIER, BERNARDES,
BRAGANÇA, SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Imagine-se o seguinte cenário:
vendedores de uma empresa de um
determinado setor se reúnem informalmente com vendedores de outra
empresa para conversar sobre o mercado e, no fim, acertam dividir certos clientes entre si, de modo que
não precisem mais abaixar o preço.
Todos saem ganhando: as empresas
vão lucrar mais e os vendedores vão
ganhar maiores comissões.
Na realidade, não é bem assim.
Pelo menos, os clientes perdem ao
pagar mais caro e comprar menos
produtos. Além disso, a legislação
de defesa da concorrência (Lei nº
8.884/94) pune severamente práticas semelhantes à descrita: a multa
pode variar de 1% a 30% do faturamento bruto da empresa no ano
anterior ao da infração. Mais do
que isso, os participantes dessa reunião se sujeitam à pena privativa
Mudanças nos órgãos de
defesa da concorrência no
Brasil possibilitaram que a
repressão a infrações à
ordem econômica se
tornasse mais efetiva
de liberdade, que pode atingir até
cinco anos de prisão.
Situações como essa são constantes no meio empresarial em
todo o mundo, mas, no Brasil, elas
apresentam incidência particularmente elevada em virtude do fato
16
de a economia ter permanecido
muito fechada até início dos anos
1990. O Sindipedras e a Abifarma,
duas conhecidas associações de
produtores, e alguns de seus associados foram punidos recentemente pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
em razão de conluios semelhantes
ao descrito acima.
Embora infrações semelhantes
sejam punidas por lei desde 1962,
a ausência de efetiva repressão a
tais práticas fez com que a defesa
da concorrência se tornasse uma
daquelas leis que não pegaram.
Todavia, recentemente, importantes mudanças nos órgãos de defesa
da concorrência no Brasil (novos dispositivos legais e mais recursos) possibilitaram que a repressão a infrações à ordem econômica se tornasse
mais efetiva: os casos analisados se
FINANCEIRO
referem cada vez mais a empresas
de médio e grande porte de importantes setores da economia –
aço, gases industriais, serviços de
segurança, tabaco, combustíveis,
produtos farmacêuticos, cimento
e comunicações são exemplos de
alguns setores sob a investigação
das autoridades, mas não se descarta que outros também estejam
correndo sigilosamente. Para se ter
uma idéia, já há relatos de reuniões, tais como as descritas acima,
que foram interrompidas por ação
da Polícia Federal, a qual monitorava remotamente as discussões à
espera de provas de atos contrários
à concorrência. Escutas telefônicas e
buscas e apreensões de documentos em empresas também têm ocorrido com freqüência cada vez maior.
Resultado: um número crescente de
empresários tem sido preso, funcionários são demitidos e multas milionárias são aplicadas.
Nesse novo contexto, as empresas
podem adotar procedimentos éticos
com vistas a evitar tais práticas. Muitas vezes, certas políticas comerciais
adotadas, reuniões com concorrentes
ou encontros em associações de produtores podem redundar em infrações à ordem econômica, mesmo que
não haja essa intenção. Como diminuir essas incertezas?
Nos Estados Unidos e na Europa,
onde a longa tradição de repressão de infrações à ordem econômica está fortemente enraizada,
as empresas desenvolveram programas internos (compliance program-
ACREFI
mes), a fim de orientar diretores e
empregados sobre o que não é permitido pela legislação. Como visto
acima, muitas vezes a desinformação sobre a legislação é uma inimiga das empresas que sempre
atuaram de uma dada maneira e
jamais foram importunadas. Algumas empresas estrangeiras “importaram” esses programas para o Brasil, mas, com freqüência, eles não
estão adaptados aos critérios da
legislação nacional, fato este que
diminui a sua eficácia.
Inspirada na noção de que é
melhor prevenir do que remediar, a
Secretaria de Direito Econômico do
Ministério da Justiça (SDE-MJ) tem
buscado fomentar práticas semelhantes nas empresas. Por meio da
Portaria nº 14/2004, foi instituído
o Programa de Prevenção das Infrações à Ordem Econômica (PPI), que
visa aumentar a consciência, no
meio empresarial, da necessidade
de se respeitar a livre iniciativa e a
livre concorrência.
O PPI funciona à semelhança de
uma certificação ISO. A empresa
ou associação de produtores que
se propõe a obter o certificado
deve estabelecer métodos e procedimentos a serem obedecidos,
de modo a aumentar o grau de
observância às normas de defesa
da concorrência. Outra vantagem
do programa é que ele pode ser
adaptado a empresas e associações
conforme o porte e tipo de organização. Se atendidos os critérios
expostos na Portaria nº 14 /2004, a
17
Há relatos de reuniões que
foram interrompidas por
ação da Polícia Federal, a
qual monitorava
remotamente as discussões à
espera de provas de atos
contrários à concorrência
SDE/ MJ emitirá um certificado que
será válido por dois anos e beneficiará o seu possuidor, caso este
venha a praticar alguma infração
– a SDE/ MJ recomendará ao Cade
a aplicação de multa mínima. Com
o certificado, a imagem institucional da empresa ou associação
perante a sociedade e as autoridades melhorará, refletindo o
ambiente interno da organização.
A maior vantagem para a empresa ou associação não se encontra nessa relação. O objetivo do
programa é evitar que tais circunstâncias desagradáveis surjam. Por
isso, o programa de compliance em
defesa da concorrência não precisa,
necessariamente, ser registrado na
SDE/MJ: a empresa ou associação
de produtores pode simplesmente
implementar o programa e, assim,
reduzir drasticamente o risco de
infração à ordem econômica.
política monetária
Para fazer crescer e desenvolver a
sua economia, o Brasil precisa manter um forte vigor de teor ortodoxo
em sua política fiscal, promover o
comércio com o exterior e controlar
a inflação sem gerar maiores emissões monetárias.
Contudo, sua dívida em títulos
públicos ultrapassa o trilhão de reais
e implica o giro contínuo de papéis
que impedem uma redução maior
nas taxas de juros.
Nesse quadro, a população vem
assistindo à queda contínua das taxas
de juros básicas do Selic, que foram
de 19,75% em agosto de 2005 e chegaram a 11,50% em julho de 2007,
com alguma incredulidade e bastante
desconfiança. Afinal de contas, como
explicar e comprovar essa queda se
a taxa anual média do cheque especial para a pessoa física alcançou a
taxa de 139,70% em junho e o spread
diminuiu de fato, mas continua alto,
caindo de 42,96% em agosto de 2005
para 36,95% em julho de 2007?
De fato, o que moveu para baixo as
taxas de juros foi a impetuosa e corajosa política monetária contencionista
dos anos 2003, 2004 e 2005. Por causa
do rigor monetário, a inflação cedeu e
foi caindo de 25,31% em 2002, medidos pelo IGP-M da Fundação Getulio
Vargas, para 8,71% em 2003, 1,21%
em 2005 e 3,83% em 2006.
Em 2007, a trajetória inflacionária mantinha-se estável e em junho
a variação em 12 meses do IGP-M
PROF. ISTVAN KASZNAR, Ph.D., CONSELHEIRO ECONÔMICO DA ACREFI
O que moveu para baixo
as taxas de juros foi
a impetuosa e corajosa
política monetária
contencionista dos anos
2003, 2004 e 2005
alcançava os 3,89%.
Dessa forma, a redução da inflação
se fez notar nas taxas de juros, especialmente na Selic. Essa taxa básica,
que é uma referência para as demais,
caiu 35,21% desde agosto de 2005, de
tal forma que, em 26 de julho, estava
em 11,5% ao ano.
E isso significa que os juros pagos
pelo setor público no giro da dívida
caíram tanto na taxa quanto no valor,
dando mais espaço aos gastos de
custeio e de investimento do setor
público, no último triênio.
Aproveitando regras que dirigem e
forçam a poupança privada a mover-se
à aplicação em fundos de renda fixa,
em que a estrela maior é o título
do governo, este sorveu o recurso da
população e das empresas para girar a
dívida a custo menor.
Contudo, se o governo conseguiu
essa vantagem e fez bom uso dela
para si e para a estruturação de dívidas em títulos públicos, é bem verdade que não criou ainda mecanismos definitivos que reduzam de fato
18
as taxas de juros ao tomador final.
Esse tomador, que é composto sobretudo pelas empresas do setor privado e pelas pessoas físicas, ainda está
por ver as taxas caírem de verdade,
para valer e de forma indiscutível.
Há várias razões para que esse
fenômeno de engessamento da taxa
de juros com sensação de custo alto
para o tomador aconteça, merecendo destaque entre outros os
seguintes motivos:
a) A taxa que incide sobre as
reservas compulsórias que se calculam
sobre os depósitos à vista do sistema
bancário é de 53%. Logo, as reservas
livres, que estão de fato disponíveis
para emprestar e gerar crédito, são
menos da metade da massa monetária (M1) registrada contabilmente,
até porque uma fração pequena que
seja também se guarda nos bancos
para operações de compensação e há
as também mínimas, mas necessárias,
reservas voluntárias depositadas no
Banco Central, para acertarem-se as
compensações interbancárias e entre
tesourarias do sistema financeiro;
b) A carga tributária é ascendente
e excessivamente elevada. A taxa de
juros inclui, quando denominada taxa
bruta, a taxa real líquida, a taxa de inflação e a carga fiscal. No Brasil, esta
foi de 39,6% sobre o Produto Interno
Bruto (PIB) em 2006 e possui tendência ascensionista inequívoca. Logo, o
custo do capital financeiro sobe na
razão direta em que o governo aprova
EDF
Renato Fogal
A dinâmica dos juros
em queda e o mercado
de crédito
FINANCEIRO
crescentes alíquotas fiscais sobre os
lucros das empresas, financeiras e bancos, a circulação de moeda e afins;
c) A queda da taxa de inflação
aumentou o poder aquisitivo da
moeda e da população em geral. Em
especial, a classe de renda mais baixa
foi positivamente beneficiada e passou a ter renda, logo capacidade de
pagar no presente e no futuro, para
tomar créditos junto às financeiras e
aos bancos. Nessa nova situação, entre
2004 e 2007, aportaram, pela primeira
vez no mercado de crédito, 6,3 milhões
de novos tomadores. Dessa forma, as
instituições financeiras aumentaram,
e muito, a sua carteira de crédito,
lidando com clientes sem histórico,
sem referenciais de crédito anterior e,
logo, que correspondiam a um novo e
ainda elevado risco;
d) Em função do item anterior, as financeiras e os bancos se desdobraram
em atender uma onda maciça de novos
clientes que se inseriram na economia
brasileira, vendo-se, contudo, obrigados a fazer provisionamentos por conta
de quebras, inadimplências e calotes
de toda sorte. Isso implicou criar uma
“taxa de gordura” no spread para evitarem-se perdas financeiras. Merece atenção que, em junho de 2007, a inadimplência respondia por 17,2% do spread
bancário; a carga tributária, por 36,5%;
e os custos administrativos, por 6,52%
aproximadamente.
Dessa forma, é o comportamento integrado e combinado desses
fatores, sobretudo, que explica e
influencia as taxas cobradas da pessoa física no varejo.
De fato, de 2004 em diante, o
Brasil passou a incrementar o mercado de crédito com a inserção da
população de renda verdadeiramente
baixa, aquela que aufere entre dois e
seis salários-mínimos mensais. Com as
prestações permitindo o alongamento
de dívidas para prazos de 12, 24, 36
meses e bem mais, tout en dépendant
do tipo de crédito negociado, o que,
no passado, representava um fardo e
um empecilho para a tomada de crédito, subitamente sumiu, e apareceram condições dignificantes para via-
ACREFI
bilizar o crédito de varejo miúdo, que
faz o bem-estar e a felicidade sincera
dos brasileiros pobres.
O sistema bancário assumiu e bancou literalmente os riscos de passagem de um sistema mais elitizado,
vigente até meados de 2005, para
um sistema mais democrático, que
incluiu, no processo de crédito, brasileiros que nunca antes sequer sonhavam com a possibilidade de comprar
a prazo o que quer que fosse.
E o risco empresarial é menor
do que o risco gerado pela pessoa
física. Logo, cobra-se dos indivíduos
um prêmio maior do que aquele que
é cobrado das organizações que possuem movimento financeiro maior e
transparência contábil mais ajustada
aos padrões analíticos bancários.
Isso explica por que, em meados
de julho de 2007, o spread (diferencial
entre as taxas de aplicação e de captação) no sistema bancário e financeiro era de 12,6% para as empresas e de
37,7% para as pessoas físicas.
Nesse caminho bancário, no qual
rege uma nova curva de contrato
social, as perspectivas do setor financeiro são ótimas.
Três fatores justificam bem esse
otimismo moderado, a saber:
1º) O volume de crédito no Brasil foi
de R$ 799,24 bilhões, que correspondem a 32,31% do PIB nacional, um valor
baixo quando comparado a países cuja
economia é estável, como a cada dia
tende a ser cada vez mais a brasileira.
Isso significa que, na faixa do crédito
livre, há espaço para crescer ainda próximo dos 12,69% do PIB, até surgir um
movimento de acomodação;
2º) As modalidades de financiamento por meio dos mercados de
capitais e do crédito concedido por financeiras e bancos são complementares. Assim, as empresas podem ascender às bolsas e lançar ações, com o
que, ao diversificar a sua carteira de
títulos e passivos, aumentam a concorrência entre os bancos, qualificam
o mercado com papéis mais diversos
e abrem caminho à demanda promovida pelas pessoas físicas, dado o
efeito de substituição entre papéis,
19
que fazem com seu conhecimento e
poder de barganha; e
3º) Existem evidências de que o
grau de inadimplência da pessoa física
se estabilizou de meados de 2006 em
diante, de tal forma que o mercado
tem bem desenvolvida e domina a
contento a tecnologia de recuperação
de créditos antigos e possui conhecimento de como gerir melhor as novas
concessões que liberará nos próximos
anos. O conhecimento do perfil do
novo cliente está se tornando uma
realidade, e isso fornece maior estabilidade ao sistema de crédito.
Dessa forma, certamente que o
mercado de crédito está apto a contribuir a favor do desenvolvimento
nacional. E logo se perceberá que,
quanto mais rápida e claramente caírem as taxas de juros para um patamar
ao redor do corredor de 9% a 10%
anuais, tanto mais cedo será comprovado que não são as taxas de juros as
que estrangulam e proíbem o País de
crescer de modo sadio e maciço.
É a burocracia do Estado, a indecisão das autoridades, a má alocação
de recursos públicos, a impunidade e
a estrutura inadequada para balancear corretamente a produção da iniciativa privada com a do setor público
que entre outros engargalam e fazem
fenecer o desenvolvimento.
As forças políticas necessitarão estimular reformas para executar uma série
de novos procedimentos estruturais e
operacionais, com vistas a obter-se a
efetiva macroestabilidade econômica,
social e de geração de renda a favor
de toda a população brasileira. É necessário e primordial que se incentivem
e fomentem ciclos de transformação
e produção empresarial que sejam virtuosos, nos quais aumente deveras a
participação popular, valorizando-se e
conhecendo-se os verdadeiros estágios
e momentos pelos quais passam as pessoas individualmente, as comunidades
às quais elas pertencem, os Estados
federativos em que se encontram e o
país que tripulam, para alcançar o desenvolvimento realmente sólido.
(istvan@acrefi.org.br)
artigo
Divulgação
Qualidade no desenvolvimento
de software
Qualidade e produtividade! Cada
dia mais, o equilíbrio perfeito desses dois relevantes aspectos tem
sido almejado por organizações dos
mais diversos segmentos de negócio, devido às arrojadas exigências
do mercado. Por um lado, clientes
que apresentam expectativas cada
vez mais sofisticadas, demandando
produtos de alto valor agregado
a custos baixos e com entrega em
prazos curtos. Por outro lado, fornecedores que buscam estratégias
milagrosas para garantir um lugar
de destaque nesse mercado altamente competitivo. Muito se ouve
e se lê sobre qualidade. Fornecedores querem garantir qualidade
de processo, qualidade de serviços.
Consumidores, por sua vez, exigem
qualidade nos produtos adquiridos. É fato que “qualidade” é um
dos conceitos mais comentados no
setor produtivo. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que define normas brasileiras sobre o assunto, qualidade
pode ser entendida como a totalidade das características de uma
entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer às necessidades
explícitas e implícitas. Em linguagem simples e direta, a qualidade
de um produto está diretamente
ligada ao grau de atendimento aos
TERESA MARIA DE MEDEIROS MACIEL, ASSESSORA EXECUTIVA DE QUALIDADE
NO CESAR E NA PITANG S/A
Os meios de obter altos
graus de qualidade em
seus produtos têm
representado uma fonte
de estresse dos
produtores
seus requisitos. Se o entendimento
do termo “qualidade” pode ser
facilmente assimilado, os meios de
se obter altos graus de qualidade
em seus produtos, no entanto, têm
representado uma fonte de estresse
dos produtores. Um ponto fundamental no cenário atual das empresas de tecnologia da informação é
que, para se vencer no mercado,
a presença da qualidade no produto não é o bastante. A velocidade da entrega, o custo operacional e o atendimento a prazos são
fatores extremamente críticos para
qualquer fornecedor.
Particularmente, no setor de software, esse cenário tem demandado
nas organizações um forte e crescente interesse em tecnologias, modelos, metodologias e outras abordagens propostas, no intuito de obterem retornos de investimentos muitas vezes milagrosos. Qualidade no
processo garante a qualidade no
20
produto? Apesar do crescente investimento em documentação e melhoria de processos, esta não é uma
pergunta trivial. A resposta talvez
esteja no fato de que muitas são
as variáveis que interferem na qualidade do produto, incluindo as expectativas de prazo e custo que se relacionam a este. Um processo adequado deve promover a qualidade, no
sentido de prevenir alguns problemas que possam surgir, mas representa apenas uma das variáveis ao
lado de outros fortes parceiros, como
a infra-estrutura tecnológica e, especialmente, a qualificação do capital
humano envolvido. Nesse contexto,
atividades relacionadas à garantia
da qualidade ou ao controle da qualidade, como muitos autores categorizam, podem e devem ser adotadas conjuntamente. O contexto da
garantia da qualidade está relacionado, em geral, a atividades de prevenção de problemas e defeitos, incluindo a definição de processos,
padrões, treinamento e outras estratégias para reduzir riscos ao longo
do desenvolvimento do produto. As
atividades de controle da qualidade,
por outro lado, preocupam-se em
detectar defeitos ou falhas em produtos antes de estes serem entregues
ao cliente final, incluindo atividades
de teste, inspeção e outras verifica-
FINANCEIRO
ções. O uso integrado e equilibrado
dessas duas abordagens pode trazer
benefícios substanciais em termos de
qualidade e de produtividade.
Adicionalmente, as exigências
do mercado consumidor demandam
também a necessidade de não apenas se garantir a qualidade do software produzido, mas de se ter a
qualidade reconhecida pelo mercado. Nesse contexto, se inserem
as certifi cações internacionais. A
busca crescente pela implementação de modelos e normas como
meio de promover a competitividade da organização tem sido substancial. A aderência a modelos e normas como CMMI, ISO9001, MPS BR
entre outros tem sido alvo de muitas organizações de software. Essa
aderência pode trazer, em alguns
casos, grandes benefícios à organização e, em outros, motivar substanciais quedas de produtividade
e conseqüente aumento do custo
operacional. Essas gritantes diferenças em termos de resultados estão
relacionadas, em geral, às estratégias de seleção, customização e institucionalização desses modelos. A
busca unicamente pela certifi cação
em si muitas vezes “atropela” análises críticas e customizações cuidadosas e efetivas que representam o fator crítico de sucesso em
um programa desse tipo. Modelos e
normas internacionais são definidos
em linguagem abstrata, de forma a
poderem ser aplicados a uma fatia
muito abrangente de empresas, incluindo grandes e pequenas orga-
ACREFI
Uma certeza deve-se ter
em mente: vontade e
determinação para a
melhoria é essencial,
não apenas para
sobreviver no mercado,
mas para vencê-lo
nizações, de diversos segmentos de
negócios e cultura organizacional
divergente. A inefi ciência em lidar
com esse cenário tem promovido o
interesse por abordagens ágeis de
desenvolvimento, as quais vêm ganhando força a cada dia. Agilidade
não é um conceito usado unicamente no desenvolvimento de software. Possivelmente, ele surgiu na
literatura de negócio em 1991,
quando um grupo de pesquisadores do Iacocca Institute, na Universidade de Lehigh, introduziu o termo
agile manufacturing. No contexto
do desenvolvimento de software,
as abordagens ágeis foram formalmente introduzidas pela formação
da Agile Alliance em 2001 e a publicação do Agile Manifesto, intensifi cando o surgimento de propostas como XP, SCRUM, CRYSTAL entre
outras. Enquanto as metodologias
ágeis prometem alto grau de satisfação do cliente, baixas taxas de
defeitos e rápido desenvolvimento,
as abordagens chamadas plan-driven (como métodos baseados em
CMM) prometem estabilidade e alta
21
segurança. Em meio a esse impasse,
o grande desafio para as organizações de software resume-se em contar com processos produtivos que
promovam soluções ágeis e flexíveis
e alinhadas a padrões mundiais
de qualidade. Identifi car e implementar soluções que atendam a
esses objetivos, no entanto, não
representa uma tarefa trivial. Certamente requer conhecimento, tempo
e esforço, fatores quase sempre não
disponíveis nas organizações.
É importante se ter o entendimento de que, independentemente da estratégia adotada, a
qualidade é um aspecto dependente de diversos fatores. Processos adequados, atividades de
garantia e controle da qualidade,
tecnologia e, especialmente, competências. Nenhum modelo ou tecnologia, por si só, poderá trazer
resultados em termos de qualidade
e produtividade sem a participação efetiva de pessoas habilitadas
e motivadas. Uma premissa para se
garantir o comprometimento é a
existência do entendimento pleno
dos benefícios que a qualidade
pode trazer para a organização e
para o próprio profissional. E uma
certeza deve-se ter em mente:
vontade e determinação para a
melhoria é essencial, não apenas
para sobreviver no mercado, mas
para vencê-lo. E a estratégia a ser
seguida, fundamentada em qualidade tecnológica e humana, pode
impor o diferencial de uma organização no mercado global.
tendência
Flávio Roberto Guarnieri
O mercado de petróleo
TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS
A discussão ambiental, principalmente em relação à ampliação
de emissão de gases poluentes,
somada ao caráter finito do petróleo, tem aumentado a preocupação
com o fornecimento dessa matériaprima e induzido o aumento dos
investimentos na busca de energias
alternativas renováveis. Permanece
válida, ainda assim, a avaliação de
que o petróleo continuará sendo
a fonte de energia dominante no
mundo até pelo menos 20251 de
acordo com avaliações das agências
de energia e de analistas independentes do setor.
As expectativas em relação ao
equilíbrio entre oferta e demanda
nos próximos anos seguem, portanto, comandando a formação de
preço dessa commodity, cuja tendência é alavancada pela atuação
dos fundos de investimentos, normalmente em momentos nos quais
os fundamentos sugerem mudanças importantes de preço.
Nesse sentido, desde o início do
ano já havia indicações de que o
preço do petróleo deveria fi car, em
média, próximo a US$ 60/barril e
não abaixo desse patamar, como
sugeriam alguns analistas. O cenário de crescimento econômico mundial apontava para o aumento do
consumo em um momento em que
as regiões produtoras atravessavam
O Brasil se destaca com
uma estimativa de ampliar
a produção de 1,9 milhão
de barris em 2007 para 2,15
milhões de barris diários já
no próximo ano
problemas políticos que poderiam
afetar o abastecimento, sinalizando
preços pressionados 2 . Além disso, a
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) seguiu ajustando sua produção, com uma meta
de 25,8 milhões de barris/dia3 , estabelecida em fevereiro de 2006 pelo
grupo Opep-10. Pequenos aumentos de produção de países como
Angola, Irã, Nigéria e Emirados Árabes Unidos estavam sendo compensados pela diminuição na produção
do Iraque, da Indonésia e da Venezuela. Para completar o quadro de
incertezas, a redução do refino no
mercado norte-americano e o balanço de estoques de petróleo bruto
e gasolina influenciaram em vários
momentos o preço desse produto,
além da indicação de investimentos
insufi cientes em prospecção, extração e refino que já apontava para a
redução das margens excedentes a
22
patamares muito baixos 4 , gerando
dúvidas em relação ao equilíbrio
entre oferta e demanda, dúvidas
estas que se projetam para os próximos anos, principalmente se o
mundo continuar crescendo na velocidade atual.
Finalmente, a divulgação do
Relatório da Agência Internacional
de Energia (AIE), no mês de julho,
apontando para uma redução das
projeções de oferta de petróleo
para os próximos anos, ajudou no
forte aumento de preços que ocorreu a partir de então, ampliado
pelo movimento de compra dos
fundos de investimentos.
Segundo a AIE, a redução, a
níveis mínimos, da capacidade de
produção não utilizada da Opep
pelo aumento da demanda global
entre 2007 e 20125 deixará o mercado de petróleo tenso depois de
2010. Segundo cálculos da agência, a Opep terá que produzir 36,18
milhões de barris /dia em 2012 (a
produção do mês de junho de 2007
foi de 30,22 milhões) para atender
à demanda global, porque a produção dos países que não pertencem à Opep vai crescer apenas 1%
ao ano 6 , no mesmo período, ao
mesmo tempo em que Irã, Iraque
e Venezuela não terão uma expansão líquida de capacidade. A maior
contribuição do aumento de pro-
FINANCEIRO
Gráfico 1
Evolução do preço do petróleo Brent (Spot) - US$/barril
26/07/07
75,8
85
80
75
Os recentes acontecimentos
no mercado subprime
americano precipitou a
queda dos preços alavancada
pela diminuição das carteiras
dos fundos
70
65
60
55
26/07/2007
26/06/2007
26/05/2007
26/04/2007
26/03/2007
26/02/2007
26/01/2007
26/12/2006
26/11/2006
26/10/2006
26/09/2006
26/08/2006
26/07/2006
26/06/2006
26/05/2006
26/04/2006
26/03/2006
26/02/2006
26/12/2005
26/01/2006
26/11/2005
26/09/2005
26/10/2005
26/08/2005
26/07/2005
50
Fonte: Bloomberg. Elaboração: MB Associados.
Gráfico 2
Evolução dos estoques de petróleo nos EUA (em milhões de barris)
(MMbbl)
370
350
330
310
290
270
250
20-jul
1996
20-jul
1997
20-jul
1998
20-jul
1999
19-jul
2000
19-jul
2001
19-jul
2002
19-jul
2003
18-jul
2004
18-jul
2005
18-jul
2006
18-jul
2007
Fonte: EIA. Elaboração: MB Associados. Até 20/07/07.
* Strategic Petroleum Reserve.
dução da Opep (70%) virá da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes
Unidos e da Angola. Mesmo prevendo o aumento na produção de
biocombustíveis e a entrada em
operação de vários projetos novos
de exploração nos próximos anos,
a capacidade ociosa deve permanecer em níveis baixos.
Para a AIE, os países não membros da Opep que irão apresentar
o maior crescimento de produção
nos próximos cinco anos serão Brasil, Rússia, Canadá, Cazaquistão e
ACREFI
Azerbajão. O Brasil se destaca com
uma estimativa de ampliar a produção de 1,9 milhão de barris em
2007 para 2,15 milhões de barris
diários já no próximo ano.
1. Com esse quadro, o preço do
petróleo apresentou forte aumento nos mercados, causando preocupações em relação a possíveis
impactos inflacionários nas várias
economias e a volatilidade se espalhou para mercados de outros ativos. Na direção de pressão altista
de preço, o vencimento do con-
23
trato futuro do petróleo tipo Brent,
negociado em Londres, obrigou a
compras técnicas no mercado e ajudou a alavancar o movimento de
alta, trazendo os preços para próximo do recorde de agosto de 2006
de US$ 78,65 o barril, no dia 13/7
(gráfico 1).
Não acreditamos que esse patamar de preço se sustente. A avaliação divulgada pela AIE aponta para
um espaço estreito entre oferta
e demanda (já esperado anteriormente), que, porém, sugere mais
a manutenção do preço em um
patamar próximo aos US$ 60 /barril,
em média, do que uma elevação
para os níveis de US$ 80 /barril.
Os recentes acontecimentos no
mercado subprime americano, que
colocaram dúvidas sobre a manutenção do crescimento mundial,
precipitou a queda dos preços alavancada pela diminuição das carteiras dos fundos.
1
Segundo a Agência Internacional de Energia
(AIE), o petróleo reduzirá sua participação de
40% para 38% do total de energia utilizada no
mundo em 2025.
2
Problemas de produção na Nigéria, ameaça do Irã
em relação ao Programa Nuclear etc.
3
Os países da Opep estão ajustando sua produção
aos estoques, buscando o equilíbrio de preço.
Quando aparece algum desequilíbrio, a volatilidade aparece com força.
4
Essas margens são inferiores a 2 milhões de barris/
dia, ou seja, 2,5% da produção mundial.
5
Segundo a AIE, o crescimento da demanda de produtos petrolíferos será de 2,2% ao ano entre 2007
e 2012, impulsionado pela demanda de países da
Ásia e do Oriente Médio, levando o consumo para
o patamar de 95,8 milhões de barris/dia ante os
86,1 milhões esperados para este ano. Essa previsão
está baseada no crescimento econômico mundial de
3,2% ao ano entre os anos de 2008-2012.
6
Na realidade, a produção vai cair na Noruega e
na Inglaterra.
gestão de crédito
Divulgação
Como se preparar para agir
racionalmente em
mudanças de cenário?
A busca de inteligência em gestão de risco massifi cado (GRM) é um
dos pontos emergentes do mercado
financeiro atualmente. Com o crescimento de crédito anual próximo
de 20% e novos produtos entrando
em pauta, as empresas se encontram em um momento único de
profi ssionalização de sua atividade.
Apesar de precisarmos buscar números do mercado, eles ainda são
escassos e genéricos, e percebemos
que o que realmente precisamos é
nos estruturar para melhorar a qualidade de nossas decisões cotidianas. Para isso, é imperioso buscar
conhecer mais o assunto e o negócio de risco massivo, fi cando evidente a importância de o mercado
financeiro e varejista melhorar seus
processos e inteligências em gerenciamento do risco dos produtos de
crédito e cobrança.
Em função dessa necessidade,
existe hoje uma grande oferta de informações e serviços nesse mercado.
São incontáveis seminários, encontros, publicações, matérias, publicidades e filmes a respeito da “coqueluche” do momento: crédito no consumo, um grande propulsor de receitas para as empresas. Ao mesmo
tempo, a gestão da inadimplência
associada a esse negócio é chave,
bem como a produtividade e efi ciência operacional. Mas, quando
chegamos “em casa” e tentamos
FERNANDO MANFIO, SÓCIO-FUNDADOR DA WITRISK
Modelos apenas classificam,
não decidem. Quem decide é
o gestor, em suas análises
periódicas, testadas na prática,
e medidos os seus resultados
organizar nossas prioridades e investimentos, podemos nos deparar
com a falta de um planejamento
adequado ou mesmo de uma estratégia clara e objetiva para a gestão
de nossos produtos de risco.
Pode ser que tenhamos sido alertados sobre uma mudança da tendência de mercado, o risco do aumento da inadimplência ou mesmo
uma oportunidade apresentada por
algum efeito econômico. É quando
nos perguntamos: como agir rapidamente? Como me “proteger”
desse risco ou “aproveitar” essa
oportunidade?
Voltamos para o nosso mundo
com perguntas sem respostas, principalmente porque, muitas vezes, os
alertas são genéricos e não específicos quanto aos nossos produtos e
mercado. Podemos até agir meio sem
24
saber qual a intensidade ou mesmo
o segmento exato, e ficar com uma
sensação de incerteza e dúvida a respeito do que fazer e do efeito dessas
ações. Como planejar esses momentos para que não nos sintamos frustrados e impotentes? Uma coisa é
certa: a velocidade desse mercado e
a volatilidade das nossas estratégias
serão uma constante!
Buscar conhecer as ferramentas
e tecnologias disponíveis para esse
mercado é fundamental. Aprender
com experiências de quem já experimentou é um meio de projetarmos
nosso futuro e buscar um plano de
ação rumo a esse nosso estágio em
gestão de riscos já assumidos ou
a assumir. O ponto de partida é:
qual o nosso estágio atual? Quais
as nossas forças e fraquezas? O que
realmente importa e traz resultados para o nosso negócio? Como
aproveitar todo esse conhecimento
geral e aplicá-lo à nossa situação
de forma que nos permita buscar as
melhores soluções para cada caso?
Vale a pena, então, olhar para
dentro, entender nossos produtos,
processos, sistema, informações e
ferramentas de decisão. Onde estamos e aonde queremos chegar?
Quais as possibilidades de ação em
cada estágio? O que fazer com as
ferramentas que estão hoje disponíveis? O que esperar dessas possibilidades a cada estágio evolutivo
FINANCEIRO
da “capacidade de gestão dos riscos
do negócio”? Não podemos esperar para decidir só quando estivermos prontos e preocupados nem
nos permitir continuar agindo somente a curto prazo, sem as ferramentas adequadas!
As ações em gestão de risco
começam na concessão, passam pela
manutenção e terminam na cobrança. O risco de um cliente/conta
é influenciado pelas ações nesses
três momentos. Agir de forma integrada em todas as etapas do ciclo
de crédito representado pela figura
abaixo, inserida dentro do ciclo do
negócio, é a chave para a proatividade na gestão de pessoas.
cionais. Se eles não nos permitem
agir, a estratégia será somente um
sonho ou desejo frustrado.
Por fim, se sabemos onde e
como agir, o que vai ser feito
dependerá de nossa inteligência
no processo decisório, ou seja, de
saber interpretar situações e medidas adequadas a testar ou tomar
o que, por sua vez, vai depender
muito da qualidade e proficiência
de quem toma as decisões! Para lhes
dar suporte, ferramentas /modelos
de decisão tornam-se cada vez mais
importantes e as maiores alavancas para o crescimento controlado
e estruturado do negócio por meio
de prognósticos e direcionamen-
+3
Uma visão geral e integrada das funções
Perdas de
Crédito
Cobrança
Planejamento
do Produto
M.I.S.
Gerenciamento
do Risco
-3
ACREFI
Iniciação
ao Crédito
Manutenção
de Contas
O centro de tudo é o sistema de
informações que nos alerta para a
ação! Com um adequado sistema de
MIS (sistema de informações gerenciais), um painel de controle, podemos direcionar e decidir a intensidade das ações: quanto maiores a
profundidade e a segmentação do
sistema de informações, maior nossa
lente de aumento. Quando sabemos
para onde ir, o que fazer vai depender dos processos e sistemas operacionais disponíveis. Na prática, o que
transforma uma estratégia em ação
são os processos e sistemas opera-
Os Behaviour Scores são modelos
estatísticos baseados em dados
comportamentais
dos
clientes
(internos e externos), utilizados
predominantemente nas decisões
relacionadas à manutenção ou
renovação de linhas e produtos
para já clientes. Os Collection Scores, por sua vez, são modelos estatísticos baseados em dados comportamentais de clientes inadimplentes – em cobrança (incluindo
resultados de ações de cobrança),
utilizados predominantemente nas
decisões relacionadas a estratégias
de cobrança.
Hoje, aprofunda-se um movimento no Brasil de olhar a cobrança
como um negócio, e os modelos de
Collection Score ganham espaço em
seminários e discussões de cobrança. A integração dessas ferramentas
no negócio de cobrança é inevitável, como foi a integração dos Credit e Behavior Scores na gestão do
crédito. A sincronização dessas ferramentas no workflow de cobrança
pode trazer resultados avassaladores, seja em termos de produtividade operacional (custos), seja na
efi ciência (porcentual de recuperação), hoje ainda mais poderosos
quando combinados com os modelos de birô de mercado.
Vale lembrar, porém, que modelos apenas classifi cam, não decidem.
Quem decide é o gestor, em suas
análises periódicas, testadas na prática, e medidos os seus resultados.
Não existe mágica: não bastam os
remédios, embora eles sejam vitais,
sempre precisaremos dos médicos!
A interpretação dos sinais/
indicadores dos resultados e a avaliação clínica dos gestores vão direcionar as ações a serem tomadas ou
mesmo o encaminhamento da questão a um especialista no assunto.
A evolução nesse caminho de
profi ssionalização da gestão de riscos é o que nos permitirá agir com
maior rapidez e precisão no dia-adia do nosso negócio!
tos cada dia mais precisos. O maior
exemplo dessas ferramentas são
os modelos de decisão /scoring.
Trata-se de modelos estatísticos
para previsão de resultados que
possibilitam às empresas a segmentação de suas estratégias de crédito
e /ou cobrança, otimizando a gestão de risco. Os Credit Scores são
modelos estatísticos baseados em
dados cadastrais dos clientes (ou
da operação, conforme o produto),
utilizados predominantemente nas
decisões relacionadas à aceitação
de novos proponentes ao crédito.
25
fernandomanfi [email protected]
artigo
Divulgação
A importância dos
indicadores de desempenho
na performance das
entidades sem fins lucrativos
Normalmente, os indicadores de
desempenho em atividades empresariais que objetivam apuração e distribuição de lucros – conhecidas como
o segundo setor – são facilmente
encontrados em diversas literaturas
específicas, que discorrem sobre as
várias formas e métodos de se apurar indicadores de desempenho no
âmbito dessas organizações.
Esses indicadores fornecem informações importantes, que possibilitam aos gestores identificar as causas
que impactam a sua gestão, permitindo, quando necessário, tomar decisões em tempo hábil.
Temos, portanto, como ponto de
partida para a preparação e apresentação desses indicadores, as demonstrações contábeis, que traduzem a atual posição patrimonial e fi nanceira de uma entidade, por meio
da leitura minuciosa dos valores contidos no balanço patrimonial. Já as
operações de um período passado
estão na composição dos valores
apresentados na demonstração do
resultado – entidades do terceiro
setor apresentam demonstração do
déficit ou superávit do exercício.
Cabe salientar que a análise das demonstrações contábeis é útil e ajuda
a antecipar condições futuras. E o
mais importante é que serve como
um ponto de partida para planejar a
tomada de medidas que estão sendo
ELÓI DE SIQUEIRA, DIRETOR DE BOUCINHAS & CAMPOS + SOTECONTI –
AUDITORES INDEPENDENTES
indicadas nos resultados apurados nos
cálculos dos índices de desempenho.
Todavia, é difícil concluir se determinado índice é bom ou ruim. Por
exemplo, um alto índice de liquidez
corrente representa que a saúde financeira da entidade é muito boa.
No entanto, quando olhamos isoladamente para as disponibilidades,
podemos verificar que o saldo é
muito alto, o que é ruim, pois recursos parados não geram receitas. Por
isso, deve-se ter muito cuidado com
as interpretações precipitadas dos
indicadores apurados. No entanto,
quando são analisados com cuidado e
no conjunto com outros indicadores,
os de desempenho proporcionam informações importantes, ajudando os
administradores a corrigir eventuais
desvios nos rumos da gestão.
Para que os indicadores de desempenho tenham consistências e sejam
confiáveis, se faz necessário que os
registros contábeis sejam preparados
com lisura, sem vícios e, na medida do
possível, as contas devem ser auditadas,
pois esse processo dá mais credibilidade
e consistência aos números apresentados nos demonstrativos financeiros.
Outro ponto importante a destacar refere-se à “análise das tendências”. Essa análise nos indica a postura
da situação, ou seja, ela pode melhorar ou piorar. Isso posto, para obter a
curva da tendência, basta calcular os
26
índices apurados ao longo do tempo,
baseados em séries históricas, e projetá-los para os próximos anos. Essas
projeções servem como medida de
cautela para a tomada de decisão.
Voltando para o ponto do questionamento principal, que é a discussão
sobre a importância da apuração de
indicadores de desempenho em atividades não-lucrativas, entendemos
que os mesmos cuidados que foram
comentados anteriormente devem ser
seguidos pelos gestores das entidades
em questão, principalmente para justificar onde e como os recursos estão
sendo aplicados e se estão bem geridos, conforme planejado.
Portanto, para enriquecer o
debate proposto, apresentamos um
estudo preparado em 2003 pelo Conselho Federal de Contabilidade, em
que foram sugeridos alguns indicadores de avaliação de desempenho para
entidades do terceiro setor. Como
forma de contribuição, indicamos no
mesmo quadro nossas sugestões de
apuração de alguns indicadores.
Esse material tem o propósito de
apresentar aos gestores e usuários
em geral a importância da preparação de relatórios gerenciais, por meio
de apuração de indicadores de desempenho, possibilitando avaliar a
performance da gestão e procurar
corrigir, em tempo hábil, eventuais
erros na estratégia da entidade.
FINANCEIRO
Indicadores econômicos e financeiros
Fórmula
Finalidade
Objetivos
AC/PC
Liquidez corrente
Ativos circulantes disponíveis
para liquidar passivos circulantes de curto prazo
Disponível/Saldo de Projetos
Liquidez específica
Representa o montante de
cumprir as atividades do projeto
Patrimônio Social/Imobilizado x 100
Grau de imobilização do
patrimônio social
Representa o percentual
de imobilização do patrimônio social
Patrimônio Social/Ativo total
Equilíbrio patrimonial
Representa o percentual do ativo total
do patrimônio social
Despesa Realizada/
Receita Recebida x 100
Relação das despesas
dos projetos e receitas recebidas
Representa o percentual das despesas efetivamente
realizadas em relação às receitas recebidas no período
Gratuidade/Despesa total x 100
Relação de gratuidade e
despesas totais
Representa o percentual de gratuidades concedidas
no período em relação às despesas totais
Gratuidade/Receita total x 100
Relação de gratuidade e
receitas totais
Representa o percentual de gratuidades
recebidas no período em relação às receitas totais
Despesas por Atividades/Despesa total x 100
Participação de cada
atividade nas despesas totais
Representa o nível de cada atividade
nas despesas totais
Receita por Atividade/Receita Total x 100
Participação de cada
atividade nas receitas totais
Representa o nível das receitas auferidas
em relação à receita total
Receitas Próprias/Receitas Total x 100
Esforço de captação
própria
Representa a capacidade de gerar
renda própria em receitas totais
Fórmula
Finalidade
Objetivos
Despesas realizadas/nº de beneficiários
Eficiência na aplicação
de recursos
Avaliar o valor unitário gasto
por beneficiário
Despesas realizadas/Área demarcada
Eficiência na aplicação
dos recursos
Avaliar o valor unitário gasto por
área demarcada*
Custo orçado/Custo realizado x 100
Eficiência no controle
dos recursos
Avaliar a capacidade de previsão
e planejamento, por projeto
Área construída em m2/beneficiários
Eficiência da estrutura
física
Avaliar a acomodação dos beneficiários
por metro quadrado
Ativos/Beneficiários
Eficiência na distribuição
de ativos diversos
Avaliar os resultados alcançados na
aplicação de ativos: medicamentos
vacinas, cestas básicas, materiais etc.
Quantidades de funcionários/
Quantidades de beneficiários
Eficiência no atendimento
aos beneficiários
Avaliar a capacidade de atendimento
da entidade
Desempenho operacional
*desenvolvido para projetos específi cos quando existe área
demarcada, por exemplo, “projeto indígena”.
ACREFI
27
análise econômica
Arquivo Acrefi
A inflação de serviços e a
apreciação cambial
É provável que o Banco Central
tenha como hipótese básica
um novo regime de inflação
para alcançar o nível de
equilíbrio de longo prazo
CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, ECONOMISTA CHEFE DA CNC E
EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL
A inflação no Brasil encontra-se
em um nível muito próximo do
verificado nos países de Primeiro
Mundo. A apreciação cambial exerceu um papel importante em reduzir os preços dos bens (especialmente os comercializáveis). Essa redução no preço dos bens foi observada em diversos países, uma vez
que a desvalorização do dólar é
uma tendência global. Além disso,
somam-se os efeitos deflacionários
das importações da China, país com
menor custo de produção unitário.
Desde a implementação do regime de metas no Brasil, a inflação
vem convergindo apesar de toda
oscilação de curto prazo. O grande
mérito do regime de metas é o ganho de credibilidade refletido na
redução da volatilidade da inflação
na presença de choques de oferta.
O conceito, por trás do conservado-
28
rismo do Banco Central, presente
nos últimos anos nas decisões de
política monetária, é que uma convergência rápida é menos dolorosa
do que uma trajetória gradualista.
Uma abordagem superficial no
comportamento da inflação brasileira dos últimos anos nos tornaria
céticos em relação à consistência de
uma redução permanente do nível
de preços – dependente demasiadamente da taxa de câmbio e das oscilações das cotações de commodities. É provável que o Banco Central tenha como hipótese básica um
novo regime de inflação para alcançar o nível de equilíbrio de longo
prazo. Esse argumento é uma alternativa a fim de tornar válido o forte
aperto monetário presenciado ao
longo dos últimos anos.
Contudo, se a inflação alcançar
seu valor de longo prazo, mas ainda
FINANCEIRO
exibir as características de sua série
histórica, esse nível provavelmente
não se sustentará. O principal argumento, nesse caso, é a comparação, com outros países, dos principais indicadores determinantes ou
dos que têm elevada influência sobre a inflação.
Alimentos e transportes, mais
sensíveis a choques de oferta, têm
um peso maior no Brasil (41,3%
no IPCA) do que nos demais países
(com exceção do Peru, com 60%).
A evidência empírica em diversos
países demonstra que à medida
que a economia cresce cai a participação de alimentos na cesta de
bens representativa, que é utilizada na ponderação da inflação
ao consumidor (México tinha 42%
em 1963, contra 23,2% registrado
em 2000). Essa redução, em conjunto com outros fatores, permite
um menor repasse do câmbio para
a inflação ao consumidor.
No geral, a queda do consumo
de alimentos costuma ser substituída por um aumento na participação de serviços. Esse setor tem
maior rigidez, exibe maior grau de
inércia e apresenta maior dificuldade de mensuração.
De modo geral, acredita-se que
a apreciação cambial tende, em um
primeiro momento, a reduzir a inflação geral tanto de bens transacionáveis quanto dos não-transacionáveis. Esta última se desacelera devido a um nível geral menor
de preços (além da maior influên-
ACREFI
cia do IGP nos administrados). No
entanto, numa segunda etapa, os
bens não-transacionáveis tendem a
subir devido ao aumento do seu
custo relativo.
A apreciação cambial na economia brasileira impactou, num primeiro momento, o nível de preços
como um todo (mesmo que com
maior intensidade o setor de bens
comercializáveis) – o IPCA foi reduzido até o patamar de 3% acumulado em 12 meses no início de 2007.
Entretanto, devido ao maior crescimento interno (impulsionando a
massa de salários) e a uma possível
recomposição de margens do setor
de serviços (para cobrir maiores custos relativos), pode estar ocorrendo
uma mudança na tendência. A inflação de serviços está acelerando e,
ao mesmo tempo, os preços de bens
são menos influenciados pela taxa de
câmbio (na margem). Vale mencionar
que os preços das commodities internacionais mantêm a trajetória de
alta, e isso termina por reduzir os
efeitos da apreciação cambial.
As duas últimas atas do Banco
Central se referem ao aumento das
importações como uma oportunidade de flexibilizar com maior intensidade a política monetária. Na prática, o Banco Central entendeu que
o movimento de apreciação cambial tem um elevado componente
permanente e, portanto, a queda
de preços dos bens transacionáveis
permite que a inflação permaneça
na meta mesmo com um estímulo
29
Acredita-se que a apreciação
cambial tende, em um primeiro
momento, a reduzir a inflação
geral tanto de bens
transacionáveis quanto dos
não-transacionáveis
maior à atividade econômica.
Uma das conclusões é que o Banco
Central não deve contar indiscriminadamente com a apreciação cambial como
amortecedor inflacionário.
(i) O repasse tem sido decrescente
nos últimos anos (21% em 2004; 16%
em 2005; e 6% em 2006 – vide Desagregação da Inflação nos relatórios
trimestrais do Banco Central.
(ii) Os preços das commodities internacionais sobem a uma taxa maior do
que a apreciação nominal do câmbio.
(iii) Há um esgotamento da influência positiva do câmbio sobre
os preços dos serviços. A inflação
desse setor deverá começar a acelerar pela questão dos custos relativos
e o crescimento da massa salarial.
gestão de negócios
Parcerias e alianças no
setor financeiro
ROSILÉIA MILAGRES, PROFESSORA E PESQUISADORA DO NÚCLEO SERASA DE
INOVAÇÃO EM SERVIÇOS E PROFESSORA DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL
HÉRICA MORAIS RIGHI, PESQUISADORA DO NÚCLEO SERASA DE INOVAÇÃO EM
SERVIÇOS DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL
Notícias sobre parcerias e alianças entre empresas do setor bancário são cada vez mais freqüentes nos
principais jornais do País. Esses acordos vêm se revelando uma importante ferramenta na gestão de negócios. Recente pesquisa sobre tendências no setor financeiro mundial
feita pela IBM Consulting Service
revelou que os bancos alcançam
melhor desempenho quando administram internamente apenas o mais
estratégico para seus negócios centrais e formam parcerias nas atividades cuja gestão direta não representa uma vantagem competitiva.
Buscando entender melhor a
dinâmica interna do setor financeiro brasileiro, o Núcleo Serasa de
Inovação em Serviços, da Fundação
Dom Cabral, desenvolveu uma pesquisa sobre os acordos de cooperação realizados no setor. Três aspectos se destacaram nas entrevistas
feitas com executivos do setor: busca
da complementaridade; importância da confiança e reputação dos
parceiros; e gestão das redes.
Busca de complementaridade
As parcerias e alianças acontecem, sobretudo, para complementar
as competências exigidas nos processos de gestão e inovação. Nesse
contexto, elas tornam-se importan-
O sucesso da gestão da
parceria depende de fatores
como definição de objetivos
comuns, transparência e
desprendimento
tes na transferência de conhecimento, aprendizado e, conseqüentemente, promovem o dinamismo
no setor. Como as empresas possuem competências distintas, não
são boas em fazer tudo, a interação
e troca entre elas são indispensáveis na busca de vantagens competitivas. Por isso, as estratégias cooperativas se tornam mais atraentes.
Portanto, competências distintas de
atores diversos, como empresas concorrentes e/ou fornecedores, representam um dos critérios para a decisão de parcerias e alianças.
Confiança e reputação dos
parceiros
Confiança e reputação das empresas envolvidas foram elementos
citados como pré-condição para
a formação de parcerias. Acordos
cooperativos são processos que envolvem riscos elevados, devido às
incertezas do ambiente de negócios
30
Rosiléia Milagres e Hérica Morais Righi
e do comportamento dos parceiros,
que podem agir de maneira oportunista, limitar propositalmente suas
contribuições ou apresentar baixo
nível de competência no exercício
da cooperação.
As informações sobre os parceiros podem diminuir custos e minimizar riscos. As organizações firmam acordos de parceria com base
em laços de confiança e um fluxo
consistente de troca de informações. Acredita-se que as relações estabelecidas em parcerias e alianças
anteriores criam condições para o
fortalecimento da confiança entre
os parceiros, reduzindo posturas
indesejáveis no futuro.
Confiança, aqui, pode ser entendida como uma perspectiva que
diminui o medo de o parceiro ser
oportunista.
Gestão das redes
Os executivos do setor apontaram a importância da gestão para
a continuidade das parcerias. A gestão é fator crítico tanto na etapa
inicial quanto no desenvolvimento
FINANCEIRO
Divulgação
da parceria, devido ao dinamismo
do processo. O sucesso da gestão da
parceria depende de fatores como
definição de objetivos comuns;
transparência, desprendimento e capacidade de se relacionar, aprender
e transmitir conhecimento. O domínio dessas condições por parte dos
bancos resulta em alguns benefícios, como redução dos problemas
e custos, melhoria do processo de
troca e do fluxo do conhecimento.
Nesse sentido, é preciso desenvolver know-how de colaboração, o
que só acontece a partir das experiências. As empresas adquirem habilidade na escolha dos parceiros, no
processo de negociação, na transferência de conhecimento, na gestão, no acompanhamento dos acordos cooperativos e até na forma de
encerrar a parceria.
As experiências colaborativas envolvem, ainda, aspectos como freqüência, intensidade, longevidade
e tipos de colaboração e capacidade de transformá-las em vantagem
competitiva estrutural, por meio da
absorção das lições apreendidas ao
longo do processo.
O sucesso das parcerias depende
do entendimento, por parte de seus
gestores, dos objetivos estratégicos. É fundamental que os gerentes
desenvolvam estruturas de gestão
separadas, pois a necessidade de
aprender com o parceiro pode tornar inadequadas as estruturas tradicionais da empresa. Além disso,
precisam analisar valores, comprometimento e capacidade dos
potenciais parceiros, entendendo
os riscos envolvidos. Na verdade, a
gestão da parceria envolve aprendizado, pois a capacidade organizacional é desenvolvida com base
em um novo conhecimento ou na
sua recombinação e /ou integração.
As parcerias evoluem e emergem a
partir de um processo de aprendizado interativo e dinâmico, se configurando em um ativo difícil de
ser copiado, uma vez que possui
trajetórias diferenciadas.
As parcerias evoluem e
emergem a partir de um
processo de aprendizado
interativo e dinâmico, se
configurando em um ativo
difícil de ser copiado, uma
vez que possui trajetórias
diferenciadas
Assessoria financeira, assessoria jurídica e cobranças administrativas
• Cobranças amigáveis (CDC, Leasing e cartões)
• Jurídico (Banco autor e Banco réu)
• Reintegração de posse
• Busca e apreensão
Atuação em São Paulo, Grande São Paulo e filiais em Santos (cobrindo todo o litoral),
Bauru e Sorocaba.
www.sotopietra.com.br
ACREFI
31- CEP: 01013-000 - São Paulo - SP - Tel: 11 2101-2500
Rua 15 de Novembro 184, 14º Andar
inovação
Plástico rumo à fidelização e
expansão com as financeiras
WANDERVAL ALENCAR, DIRETOR EXECUTIVO DA CSU CARDSYSTEM S.A.
Estudo elaborado recentemente
pela TNS Interscience revela que os
clientes brasileiros são os menos fiéis
aos bancos em comparação a outros
povos. Segundo apontou a pesquisa,
em média 63% apresentam perfil
comprometido com as instituições fi nanceiras, enquanto 78% do público
europeu se destaca pela fidelidade.
O relatório revela ainda que, entre
os comprometidos com as entidades,
22% são descritos como apreciadores dos bancos, enquanto 41% são
vistos como envolvidos, 27% estão
parcialmente comprometidos e 10%
apresentam riscos consideráveis de
troca de instituição. Já de acordo
com relatório elaborado pela Gallup
Organization em abril deste ano,
83% dos brasileiros “bancarizados”
mostram-se propensos a migrar para
outra instituição caso recebam proposta mais atraente.
Mais do que apenas uma ferramenta prática e segura para a realização de transações no varejo, o
cartão de crédito se apresenta às
instituições financeiras como uma
opção viável de fidelização, oferecendo aos emissores a possibilidade de proporcionar, a seus clientes, oportunidades que vão além
da compra de bens de consumo
e linhas de empréstimos. Diferentemente do cartão convencional,
no qual a fidelidade por parte
do consumidor/portador do plástico está atrelada diretamente ao
lojista, a emissão de cartões por
parte das instituições financeiras
estreita sua relação com o consumidor, complementando, dessa forma,
o ciclo de fidelidade, ao agregar
valor ao negócio do cartão.
O Banco Itaú analisou os hábitos de quem utiliza cartão de cré-
32
dito e revelou, em pesquisa realizada este ano, que a indústria emissora de cartões ampliou em cerca
de 30 milhões de pessoas o públicoalvo para a venda de seus produtos
e serviços. O relatório apontou que
as companhias buscam atrair pessoas com renda mensal a partir de
R$ 151, bem como os idosos, com
idade entre 57 e 75 anos. Até então,
o limite de renda era de R$ 300
mensais e, para a idade, 57 anos.
Com a ampliação, o segmento,
que até então calculava 65% da
população – ou 120 milhões de
habitantes – como potenciais clientes, destaca que o índice subiu para
80%, ou 150 milhões de brasileiros.
O dado é uma afirmação inequívoca
da tendência atual de oferecer aos
portadores de cartões muito mais
do que facilidades na hora de efetuar compras. E, em contrapartida,
FINANCEIRO
o plástico surge como oportunidade eficaz na ampliação dos negócios e fidelização. Esse é o mercado
em que as financeiras podem entrar
sem concorrer ou descontinuar os
produtos típicos das financeiras, ou
seja, CDC, crédito pessoal ou financiamento de bens e serviços.
Por meio da emissão de cartão,
as financeiras estão diante da oportunidade de colocar no mercado
modelo de produtos via cartão de
crédito, possível de ser oferecido
apenas pelo setor financeiro. O plástico pode fornecer transferências de
linhas de financiamento entre cartão de crédito e financiamento. Tal
serviço não encontra parâmetro em
serviços adicionais disponibilizados
pelas operadoras de cartão de crédito. Produtos como linha rápida de
empréstimo ao cliente e transferência de financiamento de fatura de
cartão para crédito parcelado também estão à disposição para serem
ACREFI
ofertados. E, ao tornar viável o cartão híbrido – que une a funcionalidade do crédito ao private label
– atende a uma demanda latente
do setor varejista, que busca incessantemente instrumentos de fidelização de clientes e ampliação da
receita. Nesse caso, as financeiras
podem incrementar o relacionamento já existente com o varejista.
No leque de possibilidades que
se abre aos emissores de cartão no
trabalho de apresentar diferenciais
a seus correntistas e, por conseqüência, incrementar rendimento,
estão a incorporação de serviços,
como seguros massificados. Distribuídos a preços competitivos, coberturas como proteção financeira,
seguro contra acidentes pessoais e
tantos outros atuam como variável
segura de rentabilidade. O plástico
dá ainda à financeira a possibilidade de fortalecimento da imagem,
ao estar conectada a instituições
33
Por meio da emissão de cartão,
as financeiras estão diante da
oportunidade de colocar no
mercado modelo de produtos
via cartão de crédito, possível
de ser oferecido apenas pelo
setor financeiro
como Visa e Mastercard, ampliando visibilidade e penetração junto
ao segmento varejista e ao público
consumidor. A carteira de financiamento da instituição está à disposição da financeira; ela tem a primazia de apresentar o plástico a
seus clientes, com todas as ferramentas para torná-lo estreitamente
comprometido com a instituição,
gerando, simultaneamente, modalidades diferenciadas de expansão
na rentabilidade do negócio.
artigo
A estratégia de crescimento da Coréia: trabalhar
mais eficientemente e não mais arduamente
Este artigo é publicado com autorização do autor e foi traduzido da edição de 13 de julho de 2007 do jornal The Korea Herald.
Uma visão da Coréia
Este ano marca o 20º aniversário do levante civil de 10 de junho de 1987 e o 10º aniversário da crise financeira asiática
de 1997. Preparamos uma série de contribuições de proeminentes estudiosos internacionais para analisar as mudanças
significativas que a Coréia sofreu nas duas últimas décadas. Esperamos que nossos leitores possam formar uma visão
do futuro do País a partir desses artigos.
Por David C. Kang, professor de governo no Dartmouth College e professor adjunto de administração de empresas na Tuck School
of Business; autor de China Rising: Peace, Power and Order in East Asia (A Emergência da China: Paz, Poder e Ordem na Ásia
Oriental, Columbia University Press, 2007), Crony Capitalism: Corruption and Development in South Korea and the Philippines
( Capitalismo Amigo: Corrupção e Desenvolvimento na Coréia do Sul e nas Filipinas , Cambridge University Press, 2002) e Nuclear
North Korea: A Debate on Engagement Strategies, escrito juntamente com Victor Cha (A Coréia do Norte Nuclear: Um Debate
sobre Estratégias de Engajamento, Columbia University Press, 2003). Publicou diversos artigos em jornais especializados, como
International Organization e International Security, bem como textos de opinião no New York Times, The Financial Times, The
Washington Post , Los Angeles Times e em vários jornais chineses e coreanos.
E-mail: [email protected].
A economia da Coréia: acumulação, não
produtividade
Depois da crise do FMI, um empresário coreano me disse, em 1998,
“estouramos o champanhe muito
cedo – achamos que tínhamos alcançado os países desenvolvidos, mas
a realidade é que ainda temos um
longo caminho pela frente”. Dez anos
mais tarde, a Coréia deu grandes passos como resposta à crise e reestruturou sua economia em áreas como governo corporativo dos maiores conglomerados familiares, política macroeconômica e reduziu a corrupção.
De fato, os dias sombrios da era FMI
são agora parte da história, e a tarefa
da Coréia no futuro é decidir como
assegurar o desenvolvimento econômico sustentável no longo prazo.
Primeiro, as boas novas: o PIB coreano de 2006 de US$ 1,1 trilhão
coloca o país entre as 12 maiores economias do mundo, semelhante ao da
França (US$ 1,8 trilhão) e da Espanha
(US$ 1,1 trilhão). A renda per capita em
termos de paridade de poder de compra de USD 24.500 é semelhante à da
Apesar de as taxas de
crescimento da Coréia terem
declinado, elas ainda são
maiores do que as de muitos
países desenvolvidos
Itália (USD 30.200) e muito maior do
que a da Rússia (USD 12.200) e a do
México (USD 10.700). Durante os oito
anos anteriores à crise do FMI, a taxa de
crescimento real anual da Coréia foi de
7,4% e, mesmo nos oito anos seguintes
à crise, o país teve uma média real de
crescimento anual de 5,4%. E apesar
de as taxas de crescimento da Coréia
terem declinado, elas ainda são maiores do que as de muitos países desenvolvidos (por exemplo, a média de crescimento dos EUA tem sido 3,3% desde
1997). A Coréia também tem uma taxa
maior de assinantes de banda larga do
que os EUA, a Alemanha ou o Japão, e
o investimento com relação ao PIB continua maior do que nos outros países
da Ásia Oriental, com uma média de
34
30% na Coréia contra 22% nos outros
países da região, nos últimos oito anos.
Agora, as más notícias. A maior
parte do sucesso econômico da Coréia
foi resultado de trabalho árduo, em vez
de trabalho eficiente e inovador.
A Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OECD,
sigla em inglês) estima que o resultado por hora trabalhada na Coréia
foi de 41% comparado ao dos Estados Unidos, o que coloca a Coréia
no nível de eficiência da República
Checa (45%), da Polônia (37%) e da
Turquia (28%). Os trabalhadores japoneses são 71% eficientes em relação
aos Estados Unidos; a Alemanha, 91%;
e o Reino Unido, 83% com relação aos
Estados Unidos. Em resumo, para cada
hora trabalhada, a Coréia apresenta
um resultado de menos da metade do
que os países desenvolvidos.
Entretanto, os trabalhadores coreanos produzem 52% em relação aos trabalhadores americanos.
Como isso é possível? Os trabalhadores coreanos adicionam quase 15
semanas extras de trabalho, compara-
FINANCEIRO
dos com os EUA. Assim, em 2005, os
coreanos trabalharam 2.300 horas por
ano, contra 1.700 horas nos Estados
Unidos e no Japão. Falando claramente,
a riqueza e a prosperidade coreanas
resultam de muito suor.
Então, como interpretar esses números? Há tanto lições positivas como
negativas. A lição positiva é que a capacidade coreana para o trabalho árduo é
fenomenal, além de ser um dos principais recursos de sua economia. Apenas
em uma economia de grande oportunidade, em que os trabalhadores podem
perceber que seus esforços resultarão
em maior pagamento e melhores perspectivas, eles irão trabalhar de maneira
realmente árdua. Devemos tomar cuidado para não pôr de lado levianamente essa capacidade de trabalho
duro, pois é um testamento das oportunidades e transformações da Coréia
nos últimos 50 anos.
As lições negativas, infelizmente,
são igualmente profundas. Primeira
e mais importante, o trabalho duro
por si só pode levar o país até onde
já levou. Claramente, para a Coréia
fazer genuinamente parte do escalão das economias mais avançadas do
mundo, o próximo passo é começar
a combinar essa capacidade de trabalho duro com instituições, leis e
empresas que tornem o trabalho eficiente – isto é, produtivo – possível.
Isso porque o crescimento econômico
pode vir apenas de duas fontes: aumento do input (aumentando o número de trabalhadores ou de máquinas, ou – no caso da Coréia – trabalhando-se mais horas) e aumento
da “produtividade” (cada trabalhador
produzindo mais resultado por meio
de inovações ou de conhecimento).
A economia coreana é baseada principalmente em inputs que a fazem
crescer por meio de acúmulo e trabalho e não a faz crescer em termos
de produtividade e eficiência.
Reformas
Como a Coréia está atrás dos
outros países industrializados, o que
deve ser feito?
As melhorias na produtividade
ACREFI
A Coréia terá de ir além da
simples acumulação de ativos
e focar mais em criar as
condições que permitam a
melhoria da produtividade em
todos os setores da economia
advêm tanto do aumento do capital
físico como de investimentos “intangíveis” – inovação e conhecimento sobre
o trabalho, avanços na ciência e na tecnologia, e melhoria na qualidade da
força de trabalho. A Coréia terá de ir
além da simples acumulação de ativos
e focar mais em criar as condições que
permitam a melhoria da produtividade
em todos os setores da economia.
Na “ponta de frente” da economia
coreana, algumas empresas do país
são internacionalmente competitivas
– tornaram-se inovadoras – e os centros de pesquisa e universidades coreanos são cada vez mais referências
de padrões mundiais. Um indicativo é
que, em 2003, a Coréia do Sul passou
à frente da França e do Reino Unido
e se tornou o quarto país que mais
recebeu patentes americanas. Assim,
uns poucos conglomerados familiares
foram além da imitação ou da adaptação e já são produtivos, estando à
frente em termos tecnológicos.
No entanto, apesar de os principais
conglomerados coreanos serem inovadores em nível mundial, os verdadeiros
ganhos de produtividade na economia coreana como um todo não virão
apenas dessas poucas empresas, mas
resultarão de reformas no resto da
economia. Ou seja, o resto da economia coreana está precisando demais
de maior eficiência, e o aumento de
produtividade no setor de serviços (serviços financeiros, varejo e imóveis, por
exemplo) e nos setores mais tradicionais, como agricultura, construção e
processamento de alimentos, implicará
melhores resultados para a economia
coreana como um todo. Isso acontece
porque a grande maioria da força
de trabalho coreana e sua economia
não estão empregadas na produção
35
de semicondutores e de telas planas
para computadores, mas sim nos setores mais tradicionais. Esses outros setores estão prontos para uma reforma,
e reformas prudentes liberariam capital e trabalho para serem empregados
de maneira mais produtiva e em indústrias de maior valor agregado. Como
um exemplo dos rumos que a Coréia
deve tomar, o país continua a ser esmagadoramente uma economia manufatureira tradicional: 40% do PIB da
Coréia vem de manufatura, enquanto
os serviços compreendem pouco mais
de 56% de sua economia. Isso contrasta com o Japão e os Estados Unidos, onde 75% da sua economia são
gerados pelo setor de serviços.
Com o objetivo de transformar o
crescimento da Coréia, há três áreas
principais nas quais o país pode trabalhar a fim de aumentar sua produtividade: finanças, trabalhista e
pequenas empresas.
Primeiro, o setor financeiro ainda
precisa de maior liberalização para ser
combinado com maior institucionalização. A simples liberação de mercados
não tende a gerar ganhos de produtividade – o que se faz necessário é
uma estrutura política e legal clara para
a atividade empresarial, como investimento estrangeiro, contabilidade, mercado de ações e até mesmo falência. O
recente Ato de Consolidação do Mercado de Capitais é um passo bem-vindo
na direção certa. A nova lei irá consolidar e simplificar os regulamentos que
governam seguranças, gerenciamento
de ativos e setores de seguros, que permitirá mais fusões e aquisições. A redução de regulamentações e a criação de
produtos financeiros mais sofisticados
e diversificados como derivativos irão
expandir as oportunidades dos investidores domésticos. Quanto mais eficiente o setor financeiro, mais capital
pode ser destinado às empresas e setores em que se faz mais necessário. Para
esse fim, o governo deve expedir a
privatização de instituições financeiras
que são atualmente controladas pelo
governo, de forma a nivelar o campo
onde o jogo se realiza para todos os
participantes da indústria financeira.
artigo
Segundo, a reforma trabalhista continuada ainda se faz necessária, o que
significa tanto reforma trabalhista com
reforma da previdência social. São duas
metades de um mesmo todo. O objetivo é conseguir tanto flexibilidade no
mercado de trabalho de maneira que
os trabalhadores possam ser utilizados
no seu melhor potencial como possam
ser redirecionados (isto é, despedidos)
das áreas nas quais não são produtivos. A chave será encontrar o equilíbrio
entre uma grande rede de benefícios e
uma pequena rede de segurança. Uma
rede previdenciária com proteção aos
empregados grande demais, segurodesemprego e benefícios irão reduzir
os incentivos para os trabalhadores se
tornarem produtivos e dificultará às
indústrias improdutivas que despeçam
empregados, enquanto uma rede de
proteção pequena demais aumentará o
conflito e reduzirá a flexibilidade, uma
vez que conexões políticas e corrupção serão usadas para proteger a empresa, não importa o quanto ela seja
ineficiente. Por exemplo, os empregados das grandes empresas familiares
que pertencem a grandes sindicatos
são extremamente bem protegidos –
e como resultado, muitas empresas
empregam trabalhadores temporários
ou por meio período, os quais não
têm proteção quase alguma. Assim,
pouco mais de 20% dos trabalhadores desempregados recebem auxíliodesemprego. Estender esses benefícios aos desempregados ajudaria a tornar o trabalho mais móvel e permitiria
à economia como um todo recolocar
trabalhadores nos setores mais eficientes das indústrias em crescimento.
Terceiro, a maior parte dos ganhos
de eficiência são sentidos no nível da
indústria, e não no nível da economia
nacional. As empresas médias e pequenas coreanas respondem por quase
85% dos empregos e 50% da produção
manufatureira. Elas também estão mais
endividadas do que os grandes conglomerados familiares e são menos lucrativas. Essas são as empresas que devem,
uma de cada vez, produzir pequenos
e crescentes ganhos de produtividade
por meio de inovações, desenvolvi-
As empresas médias e pequenas
coreanas respondem por quase
85% dos empregos e 50% da
produção manufatureira. Elas
estão mais endividadas do que
os grandes conglomerados
familiares e são menos lucrativas
mento de produto, melhor uso do trabalho e redirecionamento do seu capital. No momento, muitas dessas empresas menos eficientes e menos lucrativas continuam seu negócio por meio
de crédito subsidiado, que as ajuda a
sobreviver, mas que reduz a competitividade do mercado como um todo.
Encontrar maneiras para reestruturar as
pequenas e médias empresas aumentará a produtividade e a competitividade. Entretanto, as pequenas e médias
empresas também são firmas que estão
entrando no mercado, e a entrada de
empresas no mercado, bem como a
saída das firmas ineficientes, é necessária. Da mesma forma como as empresas
ineficientes são selecionadas para sair
do mercado, a fácil entrada no mercado
de novas empresas aumenta a concorrência e a produtividade. Dessa forma,
o investimento de capital e outros
capitais privados devem estar disponíveis com maior prontidão aos empreendedores que têm boas idéias para
transformar o mundo. Muitas empresas pequenas usam, atualmente, os negócios imobiliários como forma de conseguir fundos necessários para alavancar seus negócios. Se as firmas novatas
pudessem emprestar capital baseado
em tecnologia com mais facilidade, ou
aguardar o fluxo de caixa futuro, esse
setor como um todo se tornaria mais
competitivo e eficiente. No momento,
o sistema de falência da Coréia torna
difícil para as empresas jovens arriscarem, pois as leis de falência tendem a
“criminalizá-las”. Hoje, há quase cem
cláusulas que discriminam pessoas falidas. A tarefa, uma vez mais, é encontrar um equilíbrio entre promover o
empreendedor e os riscos assumidos,
36
ao mesmo tempo em que se protegem
os investidores e se permite que as firmas ineficientes fracassem.
A política da reforma econômica
Um reforma econômica é, em última
instância, um ato político, e garantir o
crescimento futuro da Coréia irá requerer vontade política de todos os lados
do espectro político. Embora os ganhos
de produtividade beneficiem a todos os
coreanos, o processo real de implementar muitas dessas reformas irá criar vencedores e perdedores no curto prazo, e
isso irá criar conflito político.
Isso acontece porque uma economia mais eficiente e produtiva também é uma economia mais competitiva: empresas emergirão e cairão, e
os trabalhadores ganharão e perderão empregos, dependendo de seus
talentos no mercado. Dessa maneira,
os coreanos deverão decidir que tipo
de custo-benefício (tradeoff ) desejam, o quanto a mais querem pagar
de impostos por um seguro social;
quanta flexibilidade e oportunidade
almejam e quanta imprevisibilidade
nos seus empregos e salários aceitarão. Quanta inovação e risco irão
tolerar? Quanta possibilidade financeira? Ao longo das décadas, os americanos forjaram um consenso pelo
maior crescimento e menor proteção
social, enquanto o consenso europeu
geral tem sido pelo crescimento um
pouco mais lento e maior proteção
social. Os coreanos terão de decidir
por si mesmos quanto risco irão tolerar e o quão competitivos querem que
suas empresas e empregados sejam.
O fracasso em chegar a termos com
essas mudanças e reformas necessárias para se lidar com elas implicará
a Coréia continuar um país de renda
média, rico o bastante para ter conforto, mas sempre seguindo os líderes
globais. Alternativamente, se reformas
que aumentem a produtividade puderem ser implementadas e combinadas
com a capacidade coreana de trabalho
árduo, podemos esperar que a economia da Coréia se torne globalmente
competitiva e que o país venha a ter
um futuro brilhante.
FINANCEIRO
ACREFI
PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, PRESIDENTE DO INEPAD –
INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
Outro fator que explica o aumento do volume de crédito é a redução
da margem das instituições financeiras. O spread financeiro do setor
bancário mostrou redução de 7% nos
últimos 12 meses, o que junto com a
redução do custo de captação potencializa a redução das taxas ao consumidor final. Por sua vez, a queda nas
taxas dos empréstimos e financiamentos colabora para elevar a base
potencial de clientes, uma vez que
reduz o custo do crédito. É relevante salientar que a redução do spread
acontece apesar do processo de concentração do setor financeiro, efeito
contrário ao que se esperava. Portanto, caso o custo de captação continue caindo é de se esperar que a
margem também caia.
O movimento de redução da taxa
básica de juros fez com que os bancos nacionais deixassem a segurança
dos títulos públicos e passassem a
A queda das taxas dos
empréstimos e financiamentos
colabora para elevar a base
potencial de clientes, uma vez
que reduz o custo do crédito
trabalhar para expandir suas carteiras de crédito. Dessa forma, as
instituições financeiras precisarão
aprimorar sua gestão de risco para
elevar o volume das operações de
concessão de crédito, mantendo os
níveis de inadimplência e insolvência
controlados. Para favorecer a expansão do crédito, os bancos iniciaram,
ainda que timidamente, uma redução no spread financeiro visando
elevar a demanda e ganhar com a
escala de operações.
Colaborou o analista financeiro Vinicius
Martins Castilho
Modalidades de Crédito
Inepad & BC
80.000.000
60.000.000
40.000.000
20.000.000
0
ai
01
Se
t0
1
Ja
n
02
M
ai
02
Se
t0
2
Ja
n
03
M
ai
03
Se
t0
3
Ja
n
04
M
ai
04
Se
t0
4
Ja
n
05
M
ai
05
Se
t0
5
Ja
n
06
M
ai
06
Se
t0
6
Ja
n
07
M
ai
07
A
forte evolução na oferta de
crédito no mercado nacional
é decorrente de dois fatores:
a redução da taxa Selic e a estabilidade inflacionária. A primeira possibilita
empréstimos a taxas mais adequadas
à realidade nacional, uma vez que
reduz o custo de captação dos bancos. A segunda reduz o risco intrínseco das operações à taxa variável e
possibilita empréstimos com prazos
maiores. Essa conjuntura sustentou
o crescimento até aqui e possivelmente, a julgar pela baixa relação
crédito/PIB, sustentará o crescimento
por mais tempo.
Como conseqüência, várias linhas
de crédito tornaram-se mais atrativas
ao consumidor. No mercado de pessoas jurídicas, as instituições financeiras têm aumentado seus esforços para
aumentar sua carteira de crédito na
modalidade Capital de Giro, sendo que
esta cresceu mais de 85% nos últimos
três anos. Em relação à pessoa física,
foram três as principais modalidades
que aumentaram o volume em carteira: o crédito consignado, que, em
três anos e meio de existência, cresceu
mais de 500%; o crédito habitacional,
que apresenta uma ótima perspectiva
de crescimento, visto que o Brasil tem
um alto déficit habitacional; e o crédito para aquisição de veículos, uma
modalidade que tem contribuído significativamente ao aumento das vendas de automóveis em 2007.
O futuro do sistema
bancário nacional
M
Mario Miranda/Agência Foto
análise setorial
Capital de giro
37
Veículos
Consignado
Habitacional
banco de dados por INEPAD
TAXAS MÉDIAS
GERAL
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
42,2
41,9
41,5
41,4
41,0
39,8
39,9
39,3
38,5
38,1
37,4
36,7
35,9
-1,0
-0,3
-0,4
-0,1
-0,4
-1,2
0,1
-0,6
-0,8
-0,4
-0,7
-0,7
-0,8
14,7
14,4
13,7
13,4
13,1
12,6
12,5
12,1
12,0
11,7
11,2
10,9
10,8
-0,5
-0,3
-0,7
-0,3
-0,3
-0,5
-0,1
-0,4
-0,1
-0,3
-0,5
-0,3
-0,1
27,5
27,5
27,8
28,0
27,9
27,2
27,4
27,2
26,5
26,4
26,2
25,8
25,1
-0,5
0,0
0,3
0,2
-0,1
-0,7
0,2
-0,2
-0,7
-0,1
-0,2
-0,4
-0,7
Variação jul-jul
-6,3
-3,9
-2,4
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA FÍSICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
54,3
53,9
53,8
53,5
53,6
52,1
52,3
50,8
49,9
49,1
48,6
47,8
47,0
-1,5
-0,4
-0,1
-0,3
0,1
-1,5
0,2
-1,5
-0,9
-0,8
-0,5
-0,8
-0,8
14,6
14,3
13,7
13,2
12,9
12,5
12,3
12,1
11,9
11,5
10,9
10,7
10,7
-0,6
-0,3
-0,6
-0,5
-0,3
-0,4
-0,2
-0,2
-0,2
-0,4
-0,6
-0,2
0,0
39,7
39,6
40,1
40,3
40,7
39,6
40,0
38,7
38,0
37,6
37,7
37,1
36,3
-0,9
-0,1
0,5
0,2
0,4
-1,1
0,4
-1,3
-0,7
-0,4
0,1
-0,6
-0,8
Variação jul-jul
-7,3
-3,9
-3,4
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA JURÍDICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
28,3
27,9
27,3
27,4
26,6
26,2
26,2
26,0
25,4
25,3
24,3
23,7
23,0
-0,5
-0,4
-0,6
0,1
-0,8
-0,4
0,0
-0,2
-0,6
-0,1
-1,0
-0,6
-0,7
14,9
14,5
13,8
13,6
13,2
12,8
12,6
12,2
12,0
12,0
11,5
11,1
10,9
-0,4
-0,4
-0,7
-0,2
-0,4
-0,4
-0,2
-0,4
-0,2
0,0
-0,5
-0,4
-0,2
13,4
13,4
13,5
13,8
13,4
13,4
13,6
13,8
13,4
13,3
12,8
12,6
12,1
-0,1
0,0
0,1
0,3
-0,4
0,0
0,2
0,2
-0,4
-0,1
-0,5
-0,2
-0,5
Variação jul-jul
-5,3
-4,0
-1,3
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
38
FINANCEIRO
SPREAD FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
Volum e
R$ Milhões
Taxa de
Juros
45,0
95.000
80,00
40,0
90.000
75,00
35,0
85.000
30,0
SPREAD
FINANCEIRO
70,00
80.000
65,00
25,0
75.000
20,0
60,00
70.000
15,0
55,00
65.000
Aplicação
60.000
jul/07
jun/07
mai/07
abr/07
mar/07
fev/07
jan/07
dez/06
nov/06
out/06
set/06
ago/06
jul/06
10,0
50,00
jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul
06 06 06 06 06 06 07 07 07 07 07 07 07
Captação
Volume
Taxa de Juros
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados - Recursos Livres (R$ milhões)
MÊS / ANO
CHEQUE
ESPECIAL
VARIAÇÃO
EM %
CRÉDITO
PESSOAL
VARIAÇÃO
EM %
FINANCIAMENTO
IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO
EM %
CARTÃO DE
CRÉDITO
VARIAÇÃO
EM %
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
12.908
13.080
12.768
13.348
13.194
11.738
13.287
13.794
13.771
14.218
14.195
13.906
14.155
-2,2%
1,3%
-2,4%
4,5%
-1,2%
-11,0%
13,2%
3,8%
-0,2%
3,3%
-0,2%
-2,0%
1,8%
73.979
75.432
76.513
77.693
79.148
78.950
80.464
82.408
84.783
86.625
89.398
90.516
93.095
2,3%
2,0%
1,4%
1,5%
1,9%
-0,3%
1,9%
2,4%
2,9%
2,2%
3,2%
1,3%
2,8%
214
219
221
227
233
236
237
244
223
39
262
277
260
3,8%
2,2%
0,9%
3,0%
2,3%
1,3%
0,6%
3,2%
-8,7%
-82,6%
576,9%
5,5%
-5,9%
12.839
13.274
13.293
13.511
13.838
13.418
14.135
14.973
14.974
15.627
15.677
15.873
16.140
-1,9%
3,4%
0,1%
1,6%
2,4%
-3,0%
5,3%
5,9%
0,0%
4,4%
0,3%
1,2%
1,7%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação Recursos Livres (R$ milhões)
AQUISIÇÃO
MÊS / ANO
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
VEÍCULOS
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
58.975
60.241
61.384
61.519
62.726
63.472
64.463
65.291
66.977
68.283
69.853
71.052
72.195
2,9%
2,1%
1,9%
0,2%
2,0%
1,2%
1,6%
1,3%
2,6%
2,0%
2,3%
1,7%
1,6%
10.115
10.089
9.956
10.133
10.231
10.752
10.864
10.705
10.648
10.620
10.934
10.994
11.373
0,4%
-0,3%
-1,3%
1,8%
1,0%
5,1%
1,0%
-1,5%
-0,5%
-0,3%
3,0%
0,6%
3,4%
69.090
70.331
71.340
71.652
72.957
74.225
75.327
75.996
77.624
78.903
80.786
82.045
83.569
2,5%
1,8%
1,4%
0,4%
1,8%
1,7%
1,5%
0,9%
2,1%
1,6%
2,4%
1,6%
1,9%
8.887
9.261
9.813
9.766
9.624
9.646
9.835
9.931
9.893
10.432
11.113
11.121
11.456
3,0%
4,2%
6,0%
-0,5%
-1,4%
0,2%
2,0%
1,0%
-0,4%
5,4%
6,5%
0,1%
3,0%
177.919
181.597
183.947
186.197
188.993
188.213
193.285
197.346
201.269
205.844
211.432
213.737
218.675
1,8%
2,1%
1,3%
1,2%
1,5%
-0,4%
2,7%
2,1%
2,0%
2,3%
2,7%
1,1%
2,3%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
39
banco de dados por INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO
MÊS / ANO
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
Var. jul-jul
CRÉDITO
PESSOAL*
82.700
84.247
85.446
86.707
88.383
88.709
90.417
92.665
95.204
97.339
100.829
101.876
104.268
25,78%
CONSIGNADO
Públicos
Privados
Total
Amostra**
36.834
38.103
39.119
40.304
41.406
42.069
43.595
44.923
46.206
47.625
49.274
49.970
51.258
5.192
5.355
5.542
5.730
5.889
6.016
5.982
6.283
6.638
6.869
7.145
7.331
7.453
42.026
43.458
44.660
46.034
47.295
48.086
49.578
51.206
52.845
54.494
56.419
57.301
58.712
42,89%
28.501
29.671
30.442
31.171
31.727
32.318
33.216
34.106
35.186
36.316
37.495
38.248
39.482
38,73%
% Consignado***
(R$ milhões)
Concentração
Taxa de Juros %aa
do Consignado
Estimativa INEPAD Consignado
Pessoal
Diferença
50,8%
51,6%
52,3%
53,1%
53,5%
54,2%
54,8%
55,3%
55,5%
56,0%
56,0%
56,2%
56,3%
67,8%
68,3%
68,2%
67,7%
67,1%
67,2%
67,0%
66,6%
66,6%
66,6%
66,5%
66,7%
67,2%
-2,91%
35,1%
34,9%
34,7%
34,4%
33,5%
33,3%
33,0%
32,4%
32,3%
32,2%
32,1%
31,5%
31,0%
59,8%
59,1%
58,9%
58,6%
58,6%
57,2%
74,5%
70,7%
68,1%
67,5%
65,2%
64,7%
65,1%
24,7%
24,2%
24,2%
24,2%
25,1%
23,9%
41,6%
38,4%
35,8%
35,3%
33,1%
33,1%
34,1%
FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)
Mês/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
65.812.042
67.054.399
68.197.101
69.000.361
70.336.983
70.448.643
71.854.490
73.570.737
75.724.397
77.477.719
80.753.893
81.617.798
83.998.607
1.688.134
1.648.722
1.728.112
1.905.877
1.880.683
1.555.472
1.924.553
1.947.444
1.965.245
2.104.310
1.799.396
1.753.380
2.069.028
2,28%
2,19%
2,26%
2,45%
2,38%
1,97%
2,39%
2,36%
2,32%
2,43%
2,01%
1,94%
2,22%
1.902.490
2.036.725
1.854.593
2.074.095
2.105.536
1.997.449
2.025.346
2.178.932
2.224.387
2.349.275
2.057.019
2.134.484
2.088.671
2,57%
2,70%
2,42%
2,67%
2,66%
2,53%
2,52%
2,64%
2,62%
2,71%
2,30%
2,36%
2,24%
4.576.685
4.692.313
4.732.732
4.712.214
4.824.837
4.948.546
4.659.338
4.711.130
4.869.072
4.693.467
4.787.649
5.009.886
4.938.496
6,19%
6,22%
6,19%
6,07%
6,10%
6,27%
5,79%
5,72%
5,74%
5,42%
5,36%
5,53%
5,30%
73.979.351
75.432.159
76.512.538
77.692.547
79.148.039
78.950.110
80.463.727
82.408.243
84.783.100
86.624.771
89.397.957
90.515.548
93.094.802
2,30%
1,96%
1,43%
1,54%
1,87%
-0,25%
1,92%
2,42%
2,88%
2,17%
3,20%
1,25%
2,85%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)
Mês/Ano
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
52.249.884
53.553.141
54.649.627
54.889.283
56.153.133
57.051.982
57.821.270
58.321.834
59.775.228
60.950.697
62.462.921
63.765.089
64.702.492
2.231.678
2.248.030
2.127.183
2.187.755
2.084.382
2.083.888
2.155.433
2.186.406
2.411.754
2.297.945
2.389.587
2.283.022
2.467.511
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
3,78%
3,73%
3,47%
3,56%
3,32%
3,28%
3,34%
3,35%
3,60%
3,37%
3,42%
3,21%
3,42%
2.440.866
2.387.357
2.468.754
2.413.166
2.436.630
2.257.921
2.397.753
2.638.787
2.586.281
2.818.775
2.680.328
2.705.644
2.701.213
4,14%
3,96%
4,02%
3,92%
3,88%
3,56%
3,72%
4,04%
3,86%
4,13%
3,84%
3,81%
3,74%
2.052.774
2.052.942
2.138.638
2.029.110
2.051.880
2.078.322
2.088.318
2.143.955
2.203.488
2.215.581
2.319.711
2.297.783
2.324.273
3,48%
3,41%
3,48%
3,30%
3,27%
3,27%
3,24%
3,28%
3,29%
3,24%
3,32%
3,23%
3,22%
58.975.202
60.241.470
61.384.202
61.519.314
62.726.025
63.472.113
64.462.774
65.290.982
66.976.751
68.282.998
69.852.547
71.051.538
72.195.489
2,90%
2,15%
1,90%
0,22%
1,96%
1,19%
1,56%
1,28%
2,58%
1,95%
2,30%
1,72%
1,61%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
40
FINANCEIRO
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
8.012.491
8.003.197
7.951.506
8.026.888
8.059.766
8.687.035
8.694.031
8.397.077
8.235.034
8.143.789
8.460.771
8.507.756
8.783.362
442.746
429.802
393.093
433.439
439.183
403.893
489.754
510.540
548.495
529.358
511.452
501.282
520.217
4,38%
4,26%
3,95%
4,28%
4,29%
3,76%
4,51%
4,77%
5,15%
4,98%
4,68%
4,56%
4,57%
481.681
460.141
435.990
465.070
485.090
447.832
480.312
606.859
665.478
663.180
604.950
603.150
602.139
4,76%
4,56%
4,38%
4,59%
4,74%
4,16%
4,42%
5,67%
6,25%
6,24%
5,53%
5,49%
5,29%
1.178.248
1.196.300
1.175.506
1.207.138
1.246.811
1.213.636
1.199.728
1.190.552
1.198.493
1.284.037
1.356.536
1.381.682
1.467.298
11,65%
11,86%
11,81%
11,91%
12,19%
11,29%
11,04%
11,12%
11,26%
12,09%
12,41%
12,57%
12,90%
10.115.166
10.089.440
9.956.095
10.132.535
10.230.850
10.752.396
10.863.825
10.705.028
10.647.500
10.620.364
10.933.709
10.993.870
11.373.016
0,38%
-0,25%
-1,32%
1,77%
0,97%
5,10%
1,04%
-1,46%
-0,54%
-0,25%
2,95%
0,55%
3,45%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO
Julho/2007 (em R$ mil)
23%
Atraso de mais
de 90 dias
4.938.496
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO
Julho/2007 (em R$ mil)
Atraso de
15 a 30 dias
2.069.028
Atraso de
31 a 90 dias
2.701.213
54%
23%
Atraso de
31 a 90 dias
2.088.671
20%
57%
23%
31%
33%
Atraso de
15 a 30 dias
2.467.511
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO
Julho/2007 (em R$ mil)
Atraso de
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO
Julho/2007 (em R$ mil)
Atraso de mais
de 90 dias
1.467.298
36%
Atraso de mais
de 90 dias
2.324.273
15 a 30 dias
437.103
Atraso de
15 a 30 dias
520.217
14%
Atraso de mais
de 90 dias
1.817.103
60%
26%
Atraso de
31 a 90 dias
602.139
Atraso de
31 a 90 dias
778.089
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
6.414.071
6.601.054
6.802.995
6.870.515
6.709.696
6.942.319
7.011.923
7.056.329
7.295.110
7.623.602
8.067.248
8.246.036
8.423.342
366.966
402.593
408.868
436.865
336.144
343.725
413.678
389.162
393.142
403.470
420.605
428.272
437.103
4,13%
4,35%
4,17%
4,47%
3,49%
3,56%
4,21%
3,92%
3,97%
3,87%
3,78%
3,85%
3,82%
689.085
674.757
761.583
737.893
727.844
719.019
687.315
698.976
743.079
750.283
740.604
773.675
778.089
7,75%
7,29%
7,76%
7,56%
7,56%
7,45%
6,99%
7,04%
7,51%
7,19%
6,66%
6,96%
6,79%
1.416.895
1.582.312
1.839.889
1.720.506
1.850.678
1.640.746
1.722.427
1.786.746
1.462.019
1.654.375
1.884.705
1.672.696
1.817.103
15,94%
17,09%
18,75%
17,62%
19,23%
17,01%
17,51%
17,99%
14,78%
15,86%
16,96%
15,04%
15,86%
8.887.017
9.260.716
9.813.335
9.765.779
9.624.362
9.645.809
9.835.343
9.931.213
9.893.350
10.431.730
11.113.162
11.120.679
11.455.638
2,97%
4,20%
5,97%
-0,48%
-1,45%
0,22%
1,96%
0,97%
-0,38%
5,44%
6,53%
0,07%
3,01%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
41
banco de dados por INEPAD
DESEMPREGO
TAXA DE DESEMPREGO (%)
DATA
Brasil
Var. p.p.
SP
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
10,70
10,60
10,00
9,80
9,50
8,40
9,30
9,90
10,10
10,10
10,10
9,70
9,50
0,30
-0,10
-0,60
-0,20
-0,30
-1,10
0,90
0,60
0,20
0,00
0,00
-0,40
-0,20
11,30
11,60
11,10
10,50
10,30
9,00
10,10
10,60
11,50
11,60
11,20
10,20
10,30
TAXA DE DESEMPREGO
Taxa (%)
Var. p.p.
Variação (p.p.)
1
12,0
0,40
0,30
-0,50
-0,60
-0,20
-1,30
1,10
0,50
0,90
0,10
-0,40
-1,00
0,10
11,5
0,5
11,0
10,5
0
10,0
9,5
-0,5
9,0
8,5
-1
8,0
-1,5
7,5
jul
06
ago
06
set
06
out
06
Brasil
nov
06
dez
06
jan
07
SP
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
jun
07
jul
07
Var. p.p. mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
RENDIMENTO MÉDIO REAL
HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
DATA
Brasil
Var. %
SP
Var. %
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
1.081,42
1.069,76
1.078,90
1.068,45
1.087,35
1.089,21
1.100,66
1.088,95
1.109,87
1.109,50
1.117,01
1.121,72
1.108,30
0,7%
-1,1%
0,9%
-1,0%
1,8%
0,2%
1,1%
-1,1%
1,9%
0,0%
0,7%
0,4%
-1,2%
1.247,52
1.215,59
1.220,63
1.194,96
1.212,65
1.239,04
1.254,79
1.227,97
1.280,30
1.262,20
1.260,47
1.246,15
1.218,70
0,7%
-2,6%
0,4%
-2,1%
1,5%
2,2%
1,3%
-2,1%
4,3%
-1,4%
-0,1%
-1,1%
-2,2%
Fonte: IBGE/INEPAD
2,5%
1.350
1.300
1.250
1.200
1.150
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800
750
700
2,0%
1,5%
1,0%
0,5%
0,0%
-0,5%
-1,0%
-1,5%
jun
06
jul
06
ago
06
set
06
Brasil
out
06
nov
06
dez
06
SP
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
jun
07
Var. % mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
COMÉRCIO VAREJISTA
VOLUME DE VENDAS
VOLUME DE VENDAS
Data
Hipermercados e
Veículos,Motos,
Índice
Var. %
Var. %
Var. %
Geral
Supermercados
Partes e Peças
180,00
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
Variação
jun-jun
114,49
117,19
120,91
120,20
123,48
125,29
171,78
121,49
112,29
127,93
124,62
133,33
128,02
11,8%
-5,1%
2,4%
3,2%
-0,6%
2,7%
1,5%
37,1%
-29,3%
-7,6%
13,9%
-2,6%
7,0%
-4,0%
112,33
116,42
117,07
118,79
120,22
119,69
154,43
115,91
112,46
127,14
125,21
122,27
122,07
8,7%
-0,3%
3,6%
0,6%
1,5%
1,2%
-0,4%
29,0%
-24,9%
-3,0%
13,1%
-1,5%
-2,3%
-0,2%
112,83
130,53
141,61
130,76
141,17
145,42
149,82
135,15
119,95
153,96
144,42
156,83
148,71
-13,4%
15,7%
8,5%
-7,7%
8,0%
3,0%
3,0%
-9,8%
-11,2%
28,4%
-6,2%
8,6%
-5,2%
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
jun
06
jul
06
ago
06
Índice Geral
31,8%
set
06
out nov dez
06 06 06
jan
07
Hipermercados e
Supermercados
fev mar abr mai
07
07
07
07
jun
07
Veículos, Motos,
Partes e Peças
Fonte: IBGE/INEPAD
42
FINANCEIRO
PREVISÕES ECONÔMICAS
Ano de 2007
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
3,44
4,56
4,72
4,73
3,52
4,70
4,79
4,86
4,09
4,32
4,50
4,48
3,09
4,29
4,39
4,42
4,18
4,75
5,11
5,09
Selic
Taxa anual
IGP-DI
% a.a.
IPCA
% a.a.
Taxa de Câmbio
R$/US$
Saldo Comercial
US$ bilhões
11,72
11,82
11,87
11,87
4,18
3,56
4,13
4,81
4,02
3,74
3,92
4,03
2,23
1,98
1,97
1,97
38,16
43,55
42,70
42,65
Previsão 02/01/2007
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 07/09/2007
Ano de 2007
Previsão 13/01/2006
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 07/09/2007
Fonte: BC-Focus/INEPAD
ATIVIDADE ECONÔMICA
DATA
Taxa da Utilização da
Capacidade Instalada
Var. p.p.
DATA
Índice de Produção Física
Média Móvel Trimestral
Var. %
jun/06
82,41
-0,38
jun/06
114,34
-0,15%
jul/06
81,85
-0,56
jul/06
114,64
0,26%
ago/06
82,88
1,03
ago/06
114,77
0,11%
set/06
82,55
-0,33
set/06
115,27
0,44%
out/06
82,75
0,20
out/06
115,51
0,21%
nov/06
82,68
-0,07
nov/06
115,77
0,23%
dez/06
80,08
-2,60
dez/06
116,46
0,60%
jan/07
79,90
-0,18
jan/07
116,86
0,34%
0,32%
fev/07
80,30
0,40
fev/07
117,23
mar/07
82,30
2,00
mar/07
118,02
0,67%
abr/07
81,60
-0,70
abr/07
118,79
0,65%
mai/07
83,3
1,70
mai/07
119,79
0,84%
jun/07
82,50
-0,80
jun/07
120,75
0,80%
Variação jun-jun
0,11%
Variação jun-jun
Fonte: CNI/INEPAD
5,61%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
Capacidade (%)
Produção - Índice
84,0
83,5
83,0
122
82,5
118
120
82,0
81,5
81,0
80,5
116
80,0
112
79,5
79,0
110
Fonte: INEPAD
ACREFI
Taxa da Utilização
da Capacidade Instalada
jun/07
mai/07
abr/07
mar/07
fev/07
jan/07
dez/06
nov/06
out/06
set/06
ago/06
jul/06
jun/06
114
Índice de Produção Física
Média Móvel Trim estral
43
banco de dados por INEPAD
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
(em unidades)
Data
Produção
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
243.737
204.104
227.351
222.001
185.330
203.703
203.450
246.475
223.304
258.911
246.404
266.044
279.730
Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)
230.512
223.589
225.064
217.819
211.561
203.678
197.494
217.876
224.410
242.897
242.873
257.120
264.059
20.812
-39.633
23.247
-5.350
-36.671
18.373
-253
43.025
-23.171
35.607
-12.507
19.640
13.686
Variação ago-06/ago-07
9,3%
-16,3%
11,4%
-2,4%
-16,5%
9,9%
-0,1%
21,1%
-9,4%
15,9%
-4,8%
8,0%
5,1%
(em unidades)
300.000
280.000
260.000
240.000
220.000
200.000
180.000
ago
06
set
06
out
06
nov
06
dez
06
jan
07
Produção
14,8%
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
jun
07
jul
07
ago
07
mai
07
jun
07
jul
07
jun
07
jul
07
ago
07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
(em unidades)
Data
Vendas
Média Trim.
Variação
Variação(%)
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
161.206
175.060
163.449
170.911
180.800
176.202
149.348
150.636
200.475
186.647
208.663
202.288
214.303
161.181
163.853
166.572
169.807
171.720
175.971
168.783
158.729
166.820
179.253
198.595
199.199
208.418
5.912
13.854
-11.611
7.462
9.889
-4.598
-26.854
1.288
49.839
-13.828
22.016
-6.375
12.015
3,8%
8,6%
-6,6%
4,6%
5,8%
-2,5%
-15,2%
0,9%
33,1%
-6,9%
11,8%
-3,1%
5,9%
Variação ago-06/ago-07
(em unidades)
225.000
215.000
205.000
195.000
185.000
175.000
165.000
155.000
145.000
jul
06
ago
06
set
06
out
06
nov
06
dez
06
Vendas
32,9%
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO TOTAL
EXPORTAÇÃO TOTAL
(em unidades)
(em unidades)
Data
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
Exportações Média Trim.
73.134
71.929
72.497
61.294
66.159
47.751
64.233
68.239
59.128
70.979
63.740
83.161
67.980
74.247
74.416
72.520
68.573
66.650
58.401
59.381
60.074
63.867
66.115
64.616
72.627
71.627
Variação ago-06/ago-07
Variação
Variação(%)
-5.050
-1.205
568
-11.203
4.865
-18.408
16.482
4.006
-9.111
11.851
-7.239
19.421
-15.181
-6,5%
-1,6%
0,8%
-15,5%
7,9%
-27,8%
34,5%
6,2%
-13,4%
20,0%
-10,2%
30,5%
-18,3%
85.000
80.000
75.000
70.000
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
ago
06
set
06
out
06
nov
06
Exportações
-7,0%
dez
06
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
44
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades)
Data
Vendas
1000cc
% no Total
1000cc a 2000cc
% no total
>2000cc
% no total
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
144.167
128.637
141.497
148.613
168.431
123.269
118.693
155.536
143.987
171.096
161.076
175.349
187.803
81.785
74.003
79.788
82.096
92.838
70.208
66.981
86.989
80.228
95.241
88.985
98.055
102.133
56,7%
57,5%
56,4%
55,2%
55,1%
57,0%
56,4%
55,9%
55,7%
55,7%
55,2%
55,9%
54,4%
60.018
53.061
59.849
64.341
73.335
51.103
50.145
66.340
61.459
73.373
69.776
75.162
83.617
41,6%
41,2%
42,3%
43,3%
43,5%
41,5%
42,2%
42,7%
42,7%
42,9%
43,3%
42,9%
44,5%
2.364
1.573
1.860
2.176
2.258
1.958
1.567
2.207
2.300
2.482
2.315
2.132
2.053
1,6%
1,2%
1,3%
1,5%
1,3%
1,6%
1,3%
1,4%
1,6%
1,5%
1,4%
1,2%
1,1%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS
90.000
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
ago
06
set
06
out
06
nov
06
dez
06
jan
07
fev
07
1000 cc
mar
07
SALDO TOTAL
TAXAS DE JUROS
SALDO TOTAL
73.979
75.432
76.513
77.693
79.148
78.950
80.464
82.408
84.783
86.625
89.398
90.516
93.095
3,98
3,95
3,93
3,92
3,92
3,84
4,75
4,56
4,42
4,39
4,27
4,24
4,27
-0,13
-0,04
-0,01
-0,02
0,00
-0,08
0,91
-0,19
-0,14
-0,03
-0,12
-0,03
0,02
59,80
59,10
58,90
58,60
58,60
57,20
74,54
70,75
68,06
67,53
65,20
64,66
65,11
-2,40
-0,70
-0,20
-0,30
0,00
-1,40
17,34
-3,79
-2,69
-0,53
-2,33
-0,54
0,45
R$ milhões
58.975
60.241
61.384
61.519
62.726
63.472
64.463
65.291
66.977
68.283
69.853
71.052
72.195
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
2,38
2,40
2,40
2,40
2,41
2,36
2,39
2,34
2,29
2,24
2,20
2,17
2,12
-0,04
0,02
0,01
0,00
0,01
-0,05
0,03
-0,05
-0,05
-0,05
-0,05
-0,03
-0,05
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
jun
07
jul
07
ago
07
(R$ milhões)
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
% Variação % Variação
MÊS/ANO R$ milhões
a.m.
p.p
a.a.
p.p
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
mai
07
1000 cc a 2000 cc
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
abr
07
45
SALDO TOTAL
% Variação
a.a.
p.p
32,60
32,90
33,00
33,00
33,10
32,30
32,70
32,00
31,20
30,50
29,80
29,40
28,70
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
-0,70
0,30
0,10
0,00
0,10
-0,80
0,40
-0,70
-0,80
-0,70
-0,70
-0,40
-0,70
R$ milhões
10.115
10.089
9.956
10.133
10.231
10.752
10.864
10.705
10.648
10.620
10.934
10.994
11.373
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
3,97
3,96
4,05
3,94
3,94
4,05
3,96
3,88
3,74
3,76
3,76
3,74
3,70
0,11
-0,01
0,09
-0,11
0,00
0,11
-0,09
-0,07
-0,14
0,02
-0,01
-0,02
-0,03
%
a.a.
Variação
p.p
59,60
59,40
61,00
59,00
59,00
61,00
59,30
57,94
55,40
55,80
55,64
55,30
54,70
2,10
-0,20
1,60
-2,00
0,00
2,00
-1,70
-1,36
-2,54
0,40
-0,16
-0,34
-0,60
variedades
Tokay
o sonho dos deuses
OPIMIANO – PhD – PROMOTOR DE HOMÉRICAS DEGUSTAÇÕES
Na França, famosa por seus vinhos,
o Rei Sol, Luis XIV, gostava de declarar alto e bom som: “O Tokay da Hungria é o vinho dos reis e o rei dos
vinhos.” Refestelado sobre um longo
divã, o rei passava horas degustando
seus mais preciosos Tokays e escolhia
a dedo os comensais que seriam honrados com tão consagrado néctar.
Pedro O Grande, corajoso conquistador de terras turcas e organizador da Rússia, modernizando-a,
dizia em suas festas: “Para me dar
felicidade, ponham mais Tokay no
meu copo e encham meus porões do
vinho divino.” Ele mantinha um comprador e provador nas planícies de
Tokay, para definir a data de remessa
dos vinhos por meio de charretes
movidas a boi, escoltadas por granadeiros armados até os dentes para
assegurarem a chegada do bendito
vinho a São Petersburgo.
Os poloneses contavam e numeravam os Tokays que compravam
para festas oficiais, tal e qual fossem jóias da coroa, orgulhando-se,
em 1938, de disporem “nas adegas
do Estado 328 garrafas de aszú, de
1.656 e 7.486 Tokays mais recentes”.
E pretendem, mediante um provérbio que “poloneses e magyars são
irmãos, pela espada e pelo copo”.
Mas, como explicar essa devoção
pelo Tokay? O que faz dele um vinho
tão especial? É aromático e saboroso,
puxa para o damasco, pêssego, framboesa, chocolate e baunilha. É denso,
mais espesso, possui corpo. Sente-se
nele história. É legendário.
Produzido na Hungria, um pequeno país da Europa Central, cuja fala
magyar é complicada e não possui
raízes européias, mas sim urálicas, é
feito com esmero e paciência.
De fato, ele é delicioso, superior,
único, raro e difícil de produzir e
obter. Isso lhe fornece uma aura particular, que se consolidou com o passar dos séculos. É inimitável.
Em 1650, a guerra acampava na
Hungria. O intendente Sepsi mandou
atrasar a vindima em 50 dias numa
das colinas de Tokay. Os camponeses
chiaram, mas obedeceram, achando
que perderiam 100% da colheita, mas
salvariam suas vidas. O que sobrou
parecia passa mole, e eles decidiram
espremer no meio do inverno gélido
e nevado. O que emergiu foi mistu-
46
rado às uvas mais frescas do EperjesTokaj-Hegyaljai, ou o pé da montanha. O resultado apareceu em 1654
e deixou todos maravilhados. Rolou
pauleira por um copo.
Há vários tipos de Tokay, sendo o
eszencia o mais venerado. Ele provém
da fermentação de um mosto grosso,
gerado gota a gota, sob o peso das
uvas. Contém uma proporção de açúcar elevadíssima, de 40% a 60%, e sua
fermentação dura anos, para gerar
um grau alcoólico de 7% a 8%.
Sim, é isso mesmo: a fermentação é de anos e não de uma ou
duas semanas, como acontece com os
vinhos normais e comuns. O vinho se
forma de uma massa de uvas espremidas que contém o fungo botritis, e é
tanto melhor quanto maior é o número de puttonyos (baldes de madeira
de 25 litros) d’aszú (bagas secas de
uva) colocado em cada göncz, que
possuem de 120 a 160 litros.
Os vinhos Tokays melhoram em
contato com o ar. Uma vez engarrafados, podem ser conservados por
séculos. Apenas troca-se a rolha, de
dez em dez anos ou algo parecido.
O mais comum dos Tokays é o szamarodni. Ele advém da mistura de
uvas aszú, com bagas sem botritis.
Chega a ter 13º de álcool.
Assim, uma boa escolha é imprescindível. E não faltarão candidatos a
especialista para darem uma dica, em
troca de uns traguinhos.
Se dê de presente um Tokay, você
merece e sentirá a diferença. E, como
se diz na Hungria, “egészségedre,
kedves barátom!” – à sua saúde, meu
caro amigo!
Os vinhos Tokays melhoram em
contato com o ar. Uma vez
engarrafados, podem ser
conservados por séculos
FINANCEIRO
Aumente a eficácia da gestão da sua carteira.
Gerencie o perfil de risco dos seus clientes após a concessão de crédito.
Tomada de ações preventivas
contra inadimplências
Aviso automático
sobre alterações
Relatório completo dos consumidores
gerenciados, sem custos adicionais
Acompanhamento do risco
global da carteira
Identificação das
concentrações
Evolução da carteira nos
últimos 13 meses
Exposição gráfica da
composição da carteira
O Gerencie Carteira Pessoa Física é um
instrumento preventivo estratégico. Permite
vigilância permanente da carteira por meio
do monitoramento diário das alterações nas
ocorrências de inadimplência, nas operações de
crédito, nas transações com cheques e, ainda,
das alterações em endereços e telefones, e no
scoring de crédito. Tudo isso, antes mesmo da
configuração da inadimplência.
Com o Gerencie Carteira sua empresa conta
com um processo de gerenciamento de crédito
completo, administra melhor os créditos
problemáticos de consumidores e pode, inclusive,
monitorar empresas.
Ligue agora.
E comece já a
administrar melhor
a sua carteira.
A Serviço do Desenvolvimento do Brasil
serasa.com.br
Seu evento
no coração de São Paulo
Lgo São Bento
Vi
ad
o
le
Va
do
Ch
á
a
Ru
o
er
íL b
ão
Jo
ão
ó
ar
d
Ba
Pça Antonio Prado
Rua B o a V
ut
do
ú
ba
a
g
an
h
An
Av
.S
ista
Pça do Patriarca
Recepção
Auditório para 90 pessoas
Lounge
Salão Coffee Break/Refeições
• Conference Room • Sistema audiovisual completo • Plasma TV
Informações e reservas – Tel.: (11) 3107-7177
Centro de
Eventos
ACREFI
No coração de São Paulo

Documentos relacionados