Empresários querem investir €7 m il milhões

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Empresários querem investir €7 m il milhões
20
Expresso, 22 de janeiro de 2016
ECONOMIA
20+20
Fundos Projetos da indústria transformadora e na região Norte lideram corrida aos novos incentivos europeus do Portugal 2020.
Empresários querem investir €7 m
Texto Joana Nunes Mateus
Foto Marcos Borga
V
ontade de investir é
o que não falta nos
concursos que dão
acesso aos novos
fundos europeus do
Portugal 2020.
Desde que a corrida aos novos sistemas de incentivos
empresariais começou nos últimos
dias de 2014 já se registaram mais de
12 mil candidaturas que se propõem a
investir €7,1 mil milhões na economia
portuguesa com o apoio deste dinheiro de Bruxelas.
Em cada dez propostas de investimento, cinco vêm de microempresas,
três de pequenas empresas e uma de
empresas de média dimensão. Quanto
ao bolo do investimento, as fatias são
praticamente iguais: as médias empresas estão prestes a atingir €1,6 mil
milhões de intenções de investimento
enquanto as micro, as pequenas e as
grandes empresas já ultrapassaram
a barreira dos €1,7 mil milhões em
candidaturas às dezenas de concursos que entretanto abriram durante
o ano 2015.
No final de 2015, €700 milhões de
incentivos europeus já tinham sido
aprovados a mais de 3200 projetos
de investimento. Em número de projetos, os investimentos na qualificação ou internacionalização de micro,
pequenas e médias empresas (PME)
dominam com dois terços dos projetos aprovados. Em valor, os projetos
de inovação produtiva respondem
por mais de metade dos incentivos
aprovados.
Indústria lidera
A indústria transformadora lidera a
corrida aos novos fundos europeus
e está a captar 75% dos incentivos
já aprovados, com destaque para as
fileiras metálica, do têxtil, do vestuário e do calçado, da borracha e
plásticos, da mecânica e eletrónica e
do papel e publicações. Os projetos
de investimento incidem sobretudo
em bens intermédios e de processamento regional e de média e baixa
intensidade tecnológica. Até ao final
de 2015, o comércio captara 4% dos
incentivos já aprovados e o turismo
também, respondendo os restantes
serviços por 8% deste bolo de fundos
europeus.
Segundo o Compete 2020, já há
grandes projetos que, pela maior dimensão do investimento, não cabem
nos normais concursos mas implicam
negociações mais exigentes com a AICEP, ao abrigo do regime contratual
de investimento. É o caso da Embraer
Estruturas Metálicas, a Embraer Estruturas em Compósitos, a Altran, a
Faurécia, a Mecachrome Aeronáuti-
ca, a Renova, a Continental Mabor, a
Renault Cacia e a Tec Pellets.
Norte à frente
Os novos sistemas de incentivos do
Portugal 2020 têm o sotaque do Norte. A região está a captar 47% dos incentivos já aprovados ao investimento
empresarial neste novo quadro para
2014/2020, seguida da região Centro
com 33%, do Alentejo com 7% e do
Algarve com 1%. Até ao final de 2015,
13% dos incentivos destinaram-se a
projetos “multirregiões”.
Um zoom ao mapa de Portugal revela
que um em cada cinco euros dos incentivos já aprovados teve como destino a
Área Metropolitana do Porto. Segue-se o Ave com 10%, Aveiro com 9%,
o Cávado com 8% e Leiria com 7%.
Estas são as regiões mais vibrantes
dos sistemas de incentivos do Portugal
2020. Juntas, respondem por mais de
metade dos incentivos e das candidaturas, seja em número seja em propostas
de investimento, tendo já captado mais
de €380 milhões dos novos fundos
europeus para as empresas.
Mais concursos em 2016
Os sistemas de incentivos do Portugal 2020 têm perto de €4 mil
milhões para apoiar o investimento
empresarial e a nova ronda de con-
cursos começa dentro de momentos.
Nas próximas semanas, deverão
abrir candidaturas a novos fundos
europeus para empresas interessadas
em investir nos domínios do empreendedorismo, da inovação produtiva, da
internacionalização e da qualificação
das PME ou da investigação e desenvolvimento tecnológico (I&DT), sejam
projetos individuais, núcleos de I&DT
ou programas mobilizadores.
[email protected]
20 empresas que já ganharam fundos
Conheça sete do
lote de uma
vintena de PME
que captaram
financiamento
europeu. Leia a
história completa
destas empresas a
partir de segundafeira e até 26 de
fevereiro no
Expresso Diário
texto miguel a. pinto
MICROLIME
A empresa de produtos de cal e
variados tem em curso um
investimento no valor global de
€12,5 milhões de euros que se
destina à construção de uma
nova unidade fabril em Ourém.
Aí, foram adquiridos uma
pedreira e 18 hectares de
terrenos para o projeto. Entre
os aspetos tidos em conta
destacam-se o enquadramento
paisagístico, os acessos e a
utilização da mais moderna
tecnologia.
NUNEX
Estão sediados em Viana do
Castelo e dedicam-se ao
fabrico de fraldas descartáveis
para crianças e adultos e
outros produtos de higiene
pessoal. Neste momento, a
Nunex tem um programa de
investimentos superior a €17
milhões de euros, onde se
inclui novas máquinas, tendo
como principal foco o reforço
da internacionalização da
empresa.
SEA4US
Encontrou no mar o ambiente
ideal para o desenvolvimento
de novos fármacos. O Sea4us
tem como produto líder um
analgésico para a dor crónica
moderada ou severa. A
empresa trabalha com
produtos compostos de origem
marinha e que podem ser
determinantes no
estabelecimento de novas
terapias. Mais eficazes e para
diferentes patologias humanas.
AQUATLANTIS
Fabrica aquários, terrários e
móveis adaptados a estes
equipamentos. A empresa foi
pioneira na disponibilização de
LED nos sistemas de
iluminação integrados dos seus
produtos. Nos próximos dois
anos a Aquatlantis prevê um
investimento de
aproximadamente €2,8
milhões na ampliação das
instalações e aquisição de
novos equipamentos.
BENEFICIÁRIOS DO ROXO
A Associação de Beneficiários do
Roxo distribui água para
agricultura, populações e
indústrias, proveniente do
Aproveitamento Hidroagrícola
do Roxo. A gestão e conservação
das infraestruturas e pessoal, a
promoção do regadio e
atividades agrorrurais estão
entre os desígnios que os
próximos investimentos
potenciarão em Aljustrel,
Ferreira do Alentejo e Santiago
do Cacém.
Expresso, 22 de janeiro de 2016
ECONOMIA
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UM PROJETO
. Aprovados €700 milhões em 2015
il milhões
Guia de
candidatura
Painel 2+2
Dois convidados, duas
perguntas. No painel
desta semana, Luís
Florido alerta para o
erro de candidaturas
desligadas da realidade,
José Carlos Caldeira
aconselha a usar
os apoios de
forma integrada
1 QUE ERROS AS EMPRESAS
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Brito Fernandes,
administrador da
Microlime, conseguiu
fundos europeus.
Investimento global da
empresa de cal e
derivados: €12, 5 milhões
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Mais Portugal 2020
A importância que a atribuição
dos fundos comunitários terá no
tecido empresarial nos
próximos anos é por demais
evidente. É por isso que, na
sequência do projeto Portugal
2020 — em que são feitas
atualizações mensais e precisas
do programa —, o Expresso e o
BCP Capital entenderam lançar,
ao mesmo tempo, o 20+20. Veja
nos próximos meses, tanto no
semanário como no Expresso
Diário, outras novidades sobre o
tema, mais opinião e cinco guias
caso pretenda candidatar-se.
VALE DA ROSA
É atualmente o maior produtor
nacional de uva de mesa, com
uma área de produção de 250
hectares e 12 variedades de uva
de reconhecida qualidade. Os
métodos de produção da
Herdade Vale da Rosa baseiamse no sistema pérgola,
constituído por vinhas altas,
em latada, que promovem um
microambiente favorável que
permite antecipar a época de
produção e proteger a vinha
das adversidades climáticas.
NORAS PERFORMANCE
É responsável pelo
desenvolvimento de um projeto
inovador a nível mundial e que
pode fazer a diferença. Trata-se
de um boia telecomandada que
evita que o nadador-salvador
tenha de se lançar à agua em
situações de maior risco. A
produção da Noras
Performance será numa fábrica
em construção em Torres
Vedras. Um projeto global que
representa um investimento a
rondar os €11 milhões.
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2 COMO TIRAR PARTIDO DOS
FUNDOS PARA CRIAR MAIS
RIQUEZA E EMPREGO?
Luís Florindo, diretor
executivo da EY
José Carlos Caldeira,
presidente da ANI
1 Um erro comum é
preparar candidaturas
desligadas da realidade do
negócio e da empresa. Os
projetos de investimento
devem enquadrar-se
na estratégia, ter uma
dimensão financiável
e gerar um retorno
adequado face aos riscos
que comportam. Quando
o projeto é preparado
sem adesão à realidade,
a sua execução vai ter
desvios e, muitas vezes,
resultar na devolução dos
apoios e em dificuldades
para a empresa. Outro
erro frequente é a
displicência perante o
processo de candidatura.
Simplificação de
procedimentos não se
traduz na elegibilidade de
todos os projetos. Antes
de avançar com uma
candidatura, a empresa
e/ou os seus consultores
devem avaliar com
cuidado o potencial de
sucesso da mesma. Os
sistemas de incentivos são
seletivos e as empresas
devem ter cuidado com
quem lhes prometa
facilidades ou certezas.
1 Para os projetos
de Investigação e
Desenvolvimento
Tecnológico, tanto o
Portugal 2020 como
o Horizonte 2020 têm
novos instrumentos e
novas exigências. Importa
ter em consideração
na fase de preparação
e submissão dos
projetos o seguinte:
apresentar um projeto
com ambição, tendo
em conta a dimensão
internacional, onde o grau
de avanço relativamente
ao estado da arte esteja
devidamente justificado.
Constituir um consórcio
completo e sólido,
reunindo as capacidades
e competências
necessárias às atividades
de I&D mas também à
valorização e exploração
comercial dos respetivos
resultados, com impacto
na competitividade
das empresas e da
economia. Justificar
o enquadramento
nas prioridades
das estratégias de
especialização inteligente
relevantes e/ou nas
prioridades definidas nas
políticas europeias.
2 Em primeiro lugar,
devem definir com rigor
quais são os seus objetivos
de crescimento, qual a
estratégia que vão usar
para os alcançar e quais
são os investimentos
necessários para serem
bem-sucedidas. De
seguida, devem mapear
esses investimentos com
os sistemas de incentivos
disponíveis. Sendo
poucas as empresas
com uma equipa interna
especializada em
incentivos, o recurso
a consultores é uma
opção, sendo normal
que a avaliação inicial da
elegibilidade de projetos
não acarrete custos.
Deste exercício deve
resultar a identificação
dos projetos em
que a estimativa de
custos e benefícios
justifique avançar com
candidaturas. Quando se
recorre a apoio externo,
qualquer insistência em
acrescentar investimentos
não prioritários ou em
não acautelar os riscos
de insucesso devem ser
acompanhadas com
especial atenção.
2 As empresas
devem aproveitar as
oportunidades de apoio
ou financiamento
disponíveis, assegurando
os recursos necessários
para cobrir todo o ciclo
de inovação e algum
do risco associado às
atividades de I&D, pois
só assim os investimentos
realizados a montante
poderão gerar impacto
económico e social.
As empresas devem
estar atentas aos vários
instrumentos de apoio ao
IDI existentes e utilizálos de forma integrada e
complementar. A Agência
Nacional de Inovação
(ANI) aposta nesta nova
abordagem, promovendo
os vários programas de
apoio ao IDI, financeiros
ou fiscais, nacionais
ou internacionais,
nomeadamente o PT
2020, o Horizonte
2020 e o SIFIDE,
capacitando as empresas
com informação e
ajudando-as a utilizá-los
de forma sinergética,
no desenvolvimento de
novos produtos, serviços
ou processos inovadores.

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