SOBRE A HISTÓRIA 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA Ao

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SOBRE A HISTÓRIA 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA Ao
História
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SUMÁRIO
DO
VOLUME
HISTÓRIA
SOBRE A HISTÓRIA
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1. Introdução ao estudo da História
1.1 A História e seus métodos de estudo
1.2 Como se divide a História
1.3 A evolução da historiografia
1.4 A Pré-História
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ANTIGUIDADE ORIENTAL
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2. A Antiguidade Oriental
2.1 A civilização egípcia
2.2 As civilizações mesopotâmicas
2.3 Demais civilizações
2.4 As civilizações indiana, chinesa e japonesa
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ANTIGUIDADE CLÁSSICA
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3. O Mundo Grego
3.1 O Período Pré-Homérico ou Creto Micênico (Século XX-XII a.C.)
3.2 Período Homérico (Século XII – VIII a. C.)
3.3 Período Arcaico (Século VIII – VI a.C)
3.4 O período Clássico (Século V – IV a.C.)
3.5 A cultura grega
4. Roma
4.1 A Monarquia (753 a.C. – 509 a.C.)
4.2 A República (509 A.C. – 27 A.C.)
4.3 A expansão romana e o fim da República
4.4 O Império Romano
4.5 O Baixo Império
4.6 A cultura romana
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História
SUMÁRIO COMPLETO
VOLUME 1
UNIDADE: SOBRE A HISTÓRIA
1. Introdução ao estudo de História
UNIDADE: ANTIGUIDADE ORIENTAL
2. A Antiguidade Oriental
UNIDADE: ANTIGUIDADE CLÁSSICA
3.O mundo grego
4. Roma
VOLUME 2
UNIDADE: IDADE MÉDIA
5. A Alta Idade Média
6. Feudalismo
7. A crise do Sistema Feudal: o fim da Idade Média e o Renascimento comercial e urbano
VOLUME 3
UNIDADE: A MODERNIDADE
8. A formação do Estado Nacional e a expansão marítima europeia
9. Renascimento, Reforma e a Contrarreforma
UNIDADE: AMÉRICA NATIVA
10. As civilizações pré-colombianas
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História
História
Introdução ao estudo da História
SOBRE A HISTÓRIA
1. INTRODUÇÃO
AO ESTUDO DA
HISTÓRIA
Ao ler jornais, revistas, assistir a noticiários, ou mesmo a um filme, seja ele de ficção ou não, é
necessário um arcabouço de conhecimentos para que se possa ter compreensão daquilo com que se
está tendo contato. Muitas vezes, os meios de comunicação abordam a condição de países, de conflitos,
ou os costumes e as culturas diferentes e ocorre alguma dificuldade de acompanhar as discussões. É
nesse momento que se percebe a importância do estudo de História, pois o conhecimento acerca do
passado colabora decisivamente para que sejam compreendidas as questões dos dias atuais.
A sociedade atual é fruto de milhares de anos de História, em que mudanças profundas
ocorreram. Houve, também, muitas permanências. É o conhecimento desse processo que colabora
para a compreensão do mundo que nos cerca. Somente compreendendo-o é que se pode interagir
com ele, promovendo alterações benéficas à sociedade e, consequentemente, ao próprio indivíduo.
1.1 A História e seus métodos de estudo
Normalmente, afirma-se que o estudo da História consiste em compreender como as sociedades surgiram
e se transformaram ao longo do tempo e em diferentes espaços. Mas é preciso esclarecer que a História é
fruto do presente, pois se volta para o passado a partir das inquietações e problemáticas que são vivenciadas
no presente. Ou seja, com o passar do tempo, diferentes gerações de historiadores se dedicam ao estudo
de uma mesma temática, e cada um deles analisa essa temática a partir de uma ótica diferente, a qual está
alinhada com as indagações de seu tempo.
Segundo o historiador e jornalista inglês Edward Hallet Carr, “... o historiador, antes de começar a
escrever História, é o produto da História. O ponto de vista que determinou a abordagem do historiador
está enraizado no background social e histórico do pesquisador.” Assim, entende-se que a História está
continuamente em processo de construção devido às transformações que ocorrem no meio em que vivem
aqueles que se dedicam ao seu estudo.
Outro fator que possibilita um contínuo repensar da História é o desenvolvimento tecnológico, que
atualmente permite muitas descobertas sobre as gerações passadas.
O historiador procura investigar e analisar ações humanas que foram responsáveis por mudanças
ou permanências na sociedade. Além disso, procura entender como essas rupturas ou continuidades se
relacionam com a atualidade.
Para tal, o pesquisador utiliza as chamadas fontes históricas. São consideradas como fontes históricas
os registros, os vestígios e as marcas deixadas pelo homem ao longo do tempo, os quais possibilitam
entender como viveram os antepassados.
Existe uma variedade muito grande de fontes, pois tudo tem um valor histórico. Existem as fontes
escritas, que englobam todos os tipos de registros produzidos pelo ser humano em forma de inscrições,
cartas, letras de canções, livros, jornais, panfletos, revistas, documentos públicos, testamentos, etc.
As fontes não escritas englobam todos os tipos de registros produzidos pela atividade humana que
utilizam linguagens diferentes da escrita, como por exemplo, pinturas, esculturas, vestimentas, armas,
músicas, discos fonográficos, filmes, fotografias, utensílios.
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História
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Introdução ao estudo da História
Disponível em: <www.creafrance.org/fr/poi/14390/grotte-de-niaux>. Acesso em:
10 out. 2012.
Durante um longo período da história, o homem não dominava
a escrita, e uma das formas de registro desses homens era a
pintura nas cavernas. Através do uso de pigmentos naturais,
eles registravam seu cotidiano. Na imagem, pintura rupestre
encontrada na caverna de Niaux na França. Atualmente essas
pinturas são fontes de estudo do modo de vida do homem na
Pré-História.
Disponível em: <http://gigawallpapers.com>. Acesso em: 10 out. 2012.
Essa imagem é um registro do ataque ao World Trade
Center, em Nova Iorque, EUA. A partir desse documento
histórico, pode-se desenvolver uma ampla pesquisa, pois
é importante analisar o contexto histórico em que o fato
ocorreu e suas consequências. Enfim, é necessário avaliar
quais suas repercussões, dentre outras discussões.
Outro exemplo de fonte histórica não escrita é o depoimento de pessoas (idosos, moços, gente
famosa e gente comum) sobre inúmeros aspectos da vida social e individual. Esses depoimentos podem
ser colhidos a partir de entrevistas gravadas pelo próprio historiador. Servem para registrar a memória
(pessoal e coletiva) e ampliar a compreensão da história que está sendo feita hoje, ou a de um passado
recente. É a chamada de História Oral.
Além de consultar e analisar essas variadas fontes, o historiador conta com o auxílio de outras ciências,
como, por exemplo, a Geografia, a Sociologia, a Filosofia, a Antropologia, a Economia, a Arqueologia, a
Paleografia, a Numismática, dentre outras.
Compreendendo os
sentidos do texto
A atividade seguinte fez parte da Olimpíada Brasileira de História do Brasil promovida pela UNICAMP
(Universidade Estadual de Campinas). A questão promove uma reflexão acerca do papel dos museus. Para
resolvê-la, leia os trechos seguintes:
O BOM MUSEU
artigo de jornal
“Conhecemos instituições de internamento: o asilo, o hospital, a prisão, a escola, o quartel. Ora, o museu
as reúne todas: de fato, parece uma escola, por sua vontade didática e suas peocupações historicistas; evoca
a prisão, com suas vigilâncias, barreiras, proibições, sem contar o silêncio e os longos corredores; assemelhase ao hospital ou ao asilo, porque recolhe restos mais ou menos deteriorados, salvos do desastre ou do tempo
e, aliás, tratados em consequência (múltiplos cuidados: desinfecção, próteses e restaurações consolidantes):
é uma escola, uma prisão, um hospital”.
Esse é um trecho de “Le Musée sans Fin” (O Museu sem Fim, ed. Champ Vallon, 1982), escrito por
François Dagognet, ele próprio bom leitor de Michel Foucault. Local disciplinar e repressivo, em que as
obras são confinadas e os espectadores adestrados segundo normas rígidas de comportamento, o museu
também é um lugar de crença e de espetáculo. A crença no valor espiritual das artes faz dele uma solene
catedral laica. Os limites da visibilidade, dispostos pelos curadores e diretores, transforma-o num cenário. As
decisões, o domínio e a manipulação situam-se nas coxias. Sobre o público, massa passiva e menosprezada,
derramam-se escolhas misteriosas, indiscutíveis.
El supremo
A velha ideia do intelectual diante da vanguarda das massas nasceu no Iluminismo e reforçou-se com
certas concepções marxistas. Tem hoje seu refúgio no diretor ou no conservador de museus. É ele quem
História
Introdução ao estudo da História
decreta quais obras que o público deve ver, quais vão para as reservas. Esse poder chega às raias da
paranoia. Os grandes museus internacionais permitem, pelo menos aos estudiosos, acesso fácil ao acervo
conservado em reserva. Mas, em outros, o pesquisador encontra tropeços e portas fechadas. É então a
via-crúcis dos pedidos negados, das cartas não respondidas, dos arbitrários: “ Esta não”, “aquele não pode”.
É o gostinho prazeroso do mando: todas as razões se resumem a “porque eu não quero”.
Libertação
Em 1937, Le Corbusier propôs o projeto de um museu de arte moderna em que as reservas seriam
abertas ao público. [A arquiteta] Andrée Putman criou, para o museu de Rouen, na França, uma formidável
apresentação, incluindo as reservas no percurso do espectador. São poucos os exemplos de soluções assim
democráticas. Ocorreu no Museu D. João 6o, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma renovação
espantosa, coordenada pela professora Sonia Gomes. Sua coleção preciosa, admirável, vinculada à Escola
Nacional de Belas Artes desde seus antigos primórdios, está exposta em totalidade, afora as obras mais
frágeis, como os papéis.
Ideia perfeita: salas de exposição concebidas como reservas. Que não se imagine, no entanto, a assepsia
sem graça comum nesses lugares. A museografia de Marize Malta, sensível, pensou as cores com cuidado,
dispôs obras nas paredes e nos painéis que o visitante deve, ele próprio, manipular para trazê-las à exposição.
Não é um recinto técnico: é um lugar lindo e de prazer. O visitante não o percorre apenas: fica e não tem mais
vontade de ir embora.
Inédito
Todos os diretores de museus brasileiros deveriam fazer uma peregrinação ao D. João 6o. Para
inspirarem-se em suas soluções e, sobretudo, em seu espírito. Muitos decerto invocariam razões práticas
para continuarem autoritários. Os obstáculos são, porém, mentais, e não concretos. Outros aproveitariam.
Fica longe, no Fundão, prédio da Reitoria. Mas quem não foi, faça um esforço e vá, para se regalar.
Glossário
Curador (CURADORIA): designação genérica do processo de concepção, organização e montagem da
exposição pública. Inclui todos os passos necessários à exposição de um acervo, quais sejam conceitução,
documentação e seleção de acervo, produção de textos, publicações e planejamento da disposição física dos
objetos. Refere-se também ao cargo ou função exercida por aquele que é responsável por zelar pelo acervo
de um museu.
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A partir da leitura do texto anterior, assinale a alternativa mais pertinente.
a) As reservas fazem parte do acervo de um museu, ainda que não sejam expostas ao público e tenham
seu aceso restrito.
b) O museu é um lugar de disputas, no qual a curadoria cria seu próprio discurso cultural ao selecionar
as obras de arte que serão expostas.
c) O museu é apresentado pelo artigo como um lugar de prazer, em que a arte e os documentos perdem
seu valor por conta de seus manuseios pelo público visitante.
d) O texto defende uma ideia inovadora de museu que, diferente de um espaço disciplinador, deveria
interagir com o seu público visitante e proporcionar a ele uma atividade de lazer.
1.2 Como se divide a História
U
m aspecto importante no estudo da História é a contagem de tempo. Existem diversas formas de se
medir o tempo, pois muitos sistemas de contagem foram criados por povos de culturas diferenciadas
e em épocas diferentes. Na maioria das vezes, os sistemas de contagem de tempo surgiram a partir da
observação dos fenômenos da natureza, principalmente da movimentação dos astros como o Sol e a Lua.
Através da observação da movimentação desses astros, surgiu, por exemplo, a definição do dia e da noite,
da contagem dos meses, etc. Essas são medidas cronológicas, ou seja, que medem o tempo físico.
A História utiliza-se do tempo cronológico para facilitar seu estudo, mas o tempo histórico é bastante
diferente. Tempo histórico são os períodos em que os homens vivenciaram realidades mais ou menos
semelhantes, ou seja, compartilharam da mesma maneira de compreender a realidade, os problemas
semelhantes, as ideias, os conceitos, entre outras questões.
Muitos historiadores, como, por exemplo, Eric Hobsbawn, afirmam que o século XX está compreendido
entre o ano de 1914 (início da Primeira Guerra Mundial) e o ano de 1989 (queda do Muro de Berlim),
período marcado pelas atrocidades das duas guerras mundiais e pela disputa ideológica entre Capitalismo
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História
Introdução ao estudo da História
e Socialismo. É bom ressaltar que o fato de a queda do Muro de Berlim ser considerada o marco do fim
do século XX não quer dizer que a mentalidade das pessoas tenha mudado radicalmente. A mudança na
forma de compreender a realidade nos sistemas econômicos e nas relações sociais ocorre lentamente, é um
processo de longa duração. Ao contrário, eleições de presidentes, golpes de Estado, revoltas sociais são
processos de curta duração.
É bom ressaltar que, ao se criarem divisões cronológicas
ou históricas em relação ao passado, age-se de maneira
arbitrária, pois essas divisões existem a partir da ótica daqueles
que as criaram, excluindo o modo de outros indivíduos ou de
outras sociedades compreenderem a realidade.
Analisando dessa forma, é compreensível a existência e a
adoção de diferentes calendários por diferentes sociedades.
Na maioria das sociedades ocidentais, é adotado o
calendário cristão. Esse calendário tem como marco inicial
o nascimento de Jesus Cristo. Dessa maneira, o ano 1 é o ano
em que Jesus Cristo nasceu. As datas antes de Cristo devem
ser identificadas com a.C., e as datas depois de Cristo podem
ser identificadas com d.C. ou sem nenhuma identificação.
O calendário cristão agrupa o tempo em dias, meses e
anos. Os períodos maiores são agrupados em décadas (10
Disponível em: <http://fr.wikipedia.org>. Acesso em: 10 out.
de 2012.
anos), séculos (100 anos) e milênios (1 000 anos). Os séculos Mosaico representando o ciclo dos meses
do
calendário hebraico.
são indicados por algarismos romanos.
Exemplos:
Século I – do ano 1 até o ano 100.
II – do ano 101 até o ano 200.
XV – do ano 1401 até o ano 1500.
XX – do ano 1901 até o ano 2000.
Muitas pessoas comemoraram a chegada do século XXI no início do ano 2000, mas, na realidade, o
século XXI teve início em 2001.
Para calcular os séculos, existem duas regras que facilitam a compreensão:
• Se o ano termina com dois zeros, tira-se os dois zeros e tem-se o século.
500 → 50 0 = século V
1900 → 190 0 = século XIX
• Para outras datas, excluem-se os dois últimos algarismos e soma-se 1 ao número, obtendo-se o século.
484 → 48 4 → 4 + 1 = século V
2013 →201 3 → 20 + 1 = século XXI
Essas regras são válidas, também, para as datas anteriores ao nascimento de Cristo.
Para facilitar e organizar mais ainda o estudo da História, os historiadores dividem o tempo em períodos
históricos. Para dividir o tempo histórico em períodos, são utilizados critérios, como a economia, a política,
a organização social e os conhecimentos tecnológicos, buscando formar períodos com características
semelhantes. O início e o fim dos períodos são marcados por acontecimentos históricos que foram relevantes
no momento em que a sociedade passava por um processo de transformação.
Nesse sentido, a História está dividida em cinco grandes períodos:
Pré-História: abrange toda a experiência humana anterior ao surgimento da escrita, ocorrida há
aproximadamente 4000 a.C.. Contudo, essa visão de Pré-História é criticada atualmente, pois a História
tem início a partir do momento em que o homem produz cultura, diferenciando-se do restante dos animais.
Idade Antiga: marca o início da História, vai da invenção da escrita até a queda do Império Romano do
Ocidente em 476 d.C..
História
Introdução ao estudo da História
Idade Média: inicia-se com a queda do Império Romano do Ocidente e termina com a invasão da cidade
de Constantinopla (atual Istambul), pelos turcos, em 1453.
Idade Moderna: inicia-se em 1453 e finda com a Revolução Francesa ocorrida em 1789.
Idade Contemporânea: inicia-se com a Revolução Francesa e continua transcorrendo até os dias atuais.
PERIODIZAÇÃO CLÁSSICA DA HISTÓRIA
Atualmente, a divisão da História nos cinco grandes períodos citados anteriormente tem sido bastante
criticada, pois refere-se a acontecimentos ocorridos na Europa. Ela torna-se eurocêntrica, ou seja, tem
como centro de referência a Europa. Dessa maneira, excluem-se as experiências vivenciadas por outros
povos, como os chineses, os africanos e os árabes, como se essas tivessem menor importância.
1.3 A evolução da historiografia
A historiografia é o estudo da escrita da História, ou seja, de como ao longo do tempo o homem modificou
a sua forma de compreender o passado.
A maioria dos estudiosos concorda que a origem da História se encontra entre os gregos da
Antiguidade Clássica. O grego Heródoto, considerado o “Pai da História”, seria o responsável pelo
desenvolvimento dessa ciência. Nesse período, os historiadores se dedicavam principalmente ao estudo
de grandes feitos heroicos e à narrativa de guerras.
Assim, a História era basicamente descritiva, narrativa, um verdadeiro amontoado de datas e fatos.
Alguns pensadores como Tucídides e Políbio contribuíram através da busca pela causalidade, ou seja,
eles buscavam encontrar as causas, os motivos dos acontecimentos históricos.
Os romanos destacaram-se pelo uso que fizeram da história, tentando utilizá-la como um agente
dispersor de um sentimento nacionalista.
Durante a Idade Média, período marcado pela forte influência da religiosidade, a História
acompanhou as tendências da sociedade. A História da humanidade era explicada através dos dogmas
cristãos. Era comum, também, ressaltar o passado da nobreza, classe social privilegiada naquela época.
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História
Introdução ao estudo da História
A Revolução Francesa foi um fato histórico
que repercutiu na maneira de escrever a História,
pois despertou nos estudiosos a necessidade de
se compreenderem as sociedades, ao invés de se
dedicarem, unicamente, às consideradas grandes
personalidades.
Com o desenvolvimento do Capitalismo,
os historiadores passaram a analisar as sociedades
precedentes a partir dos aspectos econômicos e
sociais, mas de maneira compartimentada e, na
maioria das vezes, priorizando o econômico,
como se esse aspecto da sociedade a direcionasse
totalmente.
No século XIX, com a difusão do
Positivismo de Augusto Comte, a função do
historiador passou a ser a de encontrar fatores
determinantes da verdade histórica. Na visão
Obra retratando a Tomada da Bastilha, fato ocorrido em 14 de
dos positivistas, era possível detectar a verdade
julho de 1789 e que se tornou símbolo da Revolução Francesa.
histórica através da análise de documentos
oficiais, governamentais, os quais jamais seriam errôneos, omissos ou deturpados. Na denominada
história positivista, é perceptível a valorização dos trabalhos sobre o militarismo e a política, sendo a
última compreendida como a descrição de fatos ligados a governantes. Para os positivistas, a história era
construída a partir da pesquisa dos fatos em documentos oficiais, da organização e da exposição desses
fatos de maneira impessoal, ou seja, uma narrativa imparcial do passado. É importante ressaltar que os
positivistas deixaram uma grande contribuição quanto ao domínio das técnicas de investigação, coleta e
utilização de fontes.
No final da década de 1920, na França, um grupo de estudiosos, dentre os quais se destacaram Marc
Bloch e Lucien Febvre, criaram uma revista que mudou os rumos dos estudos da História. A revista
Annales d’histoire économique et sociale possibilitou o surgimento de uma abordagem questionadora da
História. Sua principal contribuição foi em relação às fontes históricas: a arquitetura, os objetos de arte, os
utensílios domésticos, as vestimentas, as músicas, as iconografias, as cartas, os panfletos, ou seja, tudo que
é revelador do passado é também fonte histórica. Além disso, a Escola dos Annales rompeu com uma visão
histórica pautada no campo político ou da história individual, desenvolvida, principalmente, através do
pensamento positivista.
A partir dos Annales, houve uma ampliação das fontes históricas tornando possível que objetos antes desprezados se
tornassem colaboradores na pesquisa sobre o passado. Nas imagens: documento que libertou os escravos no Brasil; trajes de
oficiais na Guerra dos Sete Anos; capa do disco do grupo Secos e Molhados; escultura de Michelangelo representando Jesus
Cristo e Maria.
História
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Introdução ao estudo da História
Nessa época, destacava-se a corrente de pensamento que havia se disseminado a partir do final do
século XIX: o Marxismo. Os historiadores marxistas adaptaram os escritos de Karl Marx e de Friedrich
Engels, e surgiu, assim, uma nova forma de compreender a História. Dentre as obras desse período, tiveram
destaque: O capital, escrito em 1867 por Marx, e o Manifesto Comunista, escrito em 1848 por Marx e
Engels. Para os marxistas, a história é movida pela luta de classes, ou seja, desde os tempos mais remotos,
os homens vivenciam os conflitos entre dominados e dominadores. Para eles, haveria um momento em
que as classes menos privilegiadas, através de sua conscientização, promoveriam uma revolução, dando
início à criação de uma sociedade justa. É a crença numa história linear, progressista e revolucionária.
Quando surgiu a Escola dos Annales, muitos marxistas criticaram-na porque ela não priorizava o
econômico, e sim buscava compreender a sociedade em sua totalidade e, principalmente, porque ela não
apresentava um modelo explicativo que pudesse ser aplicado aos diversos períodos históricos. Assim, com
o passar das décadas, surge a Nova História, responsável por tirar essa ciência do isolamento e relacioná-la
com conhecimentos de outras áreas.
Ao longo da segunda metade do século XX, novas abordagens foram surgindo. Hoje, muitos
historiadores buscam especializar-se no estudo de certas áreas, como a história das mentalidades, do
cotidiano, do gênero, regional, oral, etc.
O importante é compreender que, atualmente, os historiadores buscam conhecer o passado em suas
múltiplas representações, sem privilegiar essa ou aquela classe social, e que, principalmente, buscam um
diálogo a partir do presente.
Saiba mais
2
Leia, atentamente, os trechos a seguir:
(...)
Num artigo do professor de sociologia da USP, Emir Sader, publicado em O Globo (10/05/97), ele cita
o provérbio africano que diz “até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caça
continuarão glorificando o caçador”.
(...)
Segundo o historiador Júlio José Chiavenato, “uma das características básicas da historiografia oficial é
negar ao povo qualquer participação profunda nas mudanças da sociedade”. A partir daí, são construídas as
supostas ideias dos grandes heróis nacionais e dos baderneiros, dos defensores dos interesses do Brasil e
dos que querem destruí-lo, dos mantenedores da ordem, da paz e da família e dos que querem vendê-lo ao
terrorismo internacional. Apoiadas na mídia – entendida desde a carta de Caminha até os modernos jornais
de hoje – as elites conseguem escrever sua própria história. (...)
Disponível em: <www.latinoamericano.jor.br>. Acesso em: 08 ago. 2009.
Os trechos anteriores criticam o uso da História como forma de legitimar um grupo social no poder. Discuta
com seu professor a respeito da historiografia brasileira, priorizando uma análise do tratamento dado à
construção da narrativa histórica no período do Regime Militar (1964/85) no Brasil.
1.4 A Pré-História
Na segunda metade do século XIX, as publicações de Charles
Darwin, com destaque para a obra A origem das espécies por
meio da seleção natural, causaram enorme rebuliço. A visão
perpetuada por séculos através da religião de que o Homem
havia sido criado por Deus foi abalada pelos estudos do
naturalista britânico, que defendia, a partir de suas pesquisas,
a ideia de que a maioria das espécies evolui ao longo do
tempo. Segundo Darwin, em meio a cada espécie existe uma
permanente concorrência entre seus membros e somente os
mais aptos conseguem sobreviver. Desse modo, a própria
natureza faz a sua seleção. Darwin observou que, dentro
de uma mesma espécie, os seres apresentam variações. Ao
Disponível em:<www.piclib.nhm.ac.uk>.
Acesso em: 04 jul. 2012.
Ilustração feita pr Darwin.
História
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Introdução ao estudo da História
estudar, por exemplo, um grupo de pássaros, Darwin percebeu que os de bico mais afiado sobreviviam e
se reproduziam mais do que os outros. Assim, suas características seriam transmitidas a um número cada
vez maior de descendentes. Após muitas gerações, isso levaria ao predomínio de pássaros com bico afiado.
Observações como essa constituíram a base do Darwinismo.
Na obra citada, Darwin afirmou que o homem deveria evoluir tal como
outros organismos. Essa afirmação bastou para que críticos apontassem
para uma discussão que não estava expressa no texto do pesquisador: a
ideia de que o ser humano teria evoluído do macaco.
No início, quando lançou sua teoria, Darwin foi motivo de piadas
e chacotas. Contudo, mesmo recebendo muitas críticas, alguns cientistas
buscaram compreender e defender a teoria de Darwin. Atualmente, a ideia
foi comprovada e aperfeiçoada por pesquisadores e estudiosos do assunto,
os quais concluíram que o ser humano não evoluiu propriamente do
macaco, mas sim que seres humanos e macacos podem descender de uma
mesma espécie.
Esses estudos contrariavam a visão religiosa, ou seja, o Criacionismo.
Os defensores dessa teoria acreditam que o mundo e o homem foram criados
por Deus. E, ainda, que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança,
como relata a Bíblia no livro de Gênesis. Essa linha de pensamento
de Darwin ridicularizado
fundamenta a crença de cristãos e de judeus e deve ser respeitada para que Caricatura
na figura de um macaco. A
diferentes culturas possam conviver em harmonia.
imagem foi publicada na revista
Segundo a teoria evolucionista os seres vivos se adaptam ao meio francesa La Lune.
ambiente para garantir a sobrevivência. Nessa ótica, sabe-se que os primeiros
hominídeos, chamados de Australopithecus, também tiveram de se adaptar ao meio em que viviam. Ao
longo da História, os primeiros espécimes do gênero humano desenvolveram o raciocínio e foram capazes
de produzir recursos que garantiram a sua supremacia e a sua sobrevivência em um ambiente hostil. Podese afirmar que, ao estabelecer formas de interação com a natureza garantindo a sobrevivência humana, os
homens da época criaram as primeiras formas de trabalho, as quais posteriormente se transformaram de
acordo com o contexto socioeconômico. É necessário ressaltar que, no estudo de História, a análise das
relações de trabalho é uma abordagem necessária, pois contribui decididamente para o entendimento de
diferentes tempos e culturas.
Atualmente é sabido que as descobertas e as conquistas realizadas pelo homem foram lentas. Como os
homens pré-históricos eram ágrafos, a pesquisa a respeito desse período ficou restrita à análise de objetos
encontrados, de pinturas rupestres, de sepulturas, entre outros.
Por ser o período mais longo da História, os historiadores dividiram a Pré- História em três períodos:
Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Cada um desses períodos foi marcado por determinadas
descobertas e conquistas. Mas isso não quer dizer que todos os grupos humanos apresentaram o mesmo
nível de desenvolvimento. Cada grupo se desenvolveu em um ritmo próprio.
Leia as informações seguintes a respeito dos períodos citados.
Imagem representando o cotidiano na Pré-História.
Disponível em: <www.emmanuelle-etienne.
com>. Acesso em:10 out. 2012.
Paleolítico (Pedra Lascada)
• Iniciou-se há 2 milhões de anos e terminou,
aproximadamente, há 10 000 anos a.C..
• O homem de Neandertal demonstrava os
primeiros sinais de uma linguagem articulada.
• A grande descoberta desse período foi o
domínio do fogo.
História
Introdução ao estudo da História
• Por volta de 40 000 e 18 000 anos atrás, o homem atingiu grande desenvolvimento cultural. Nesse
período, o homem de Cro-Magnon era diferente do homem de Neandertal e produzia instrumentos com
sílex.
• Representação de cenas de caça nas paredes de cavernas. As pinturas rupestres tinham uma função
mágica de garantir, na prática, o sucesso das caçadas tal como foram representadas.
• Era o homem nômade e geralmente abrigava-se em cavernas ou em lugares mais altos para fugir dos
predadores.
• Por um curto período, o homem de Neanderthal passou a conviver com outra espécie de hominídeo: o
homo sapiens, que surgiu na África e se espalhou pelo mundo chegando até a América.
• Os pesquisadores desconhecem os motivos que levaram o homem de Neandertal a desaparecer.
Neolítico (Pedra Polida)
• Entre o Paleolítico e o Neolítico, houve um período
intermediário, o Mesolítico.
• A passagem do Paleolítico para o Neolítico deu-se entre
15 000 e 10 000 anos. Nesse período, a Terra adquiriu suas
características atuais, pois ocorreu o fim da Era Glacial.
• Surgiram florestas em regiões temperadas da Europa.
No norte da África, surgiram vales, que permitiram a
sedentarização.
• Nas regiões da Mesopotâmia (entre os rios Tigre e
Eufrates), da Índia e da China também ocorreu a formação
de vales, gerando a grande revolução da Pré-História:
Disponível em: <www.routard.com>. Acesso em: 10 out. 2012.
Revolução Agrícola ou Revolução Neolítica.
domesticação de animais e a invenção da
• O homem começou a cultivar cereais, a domesticar animais Aagricultura
geraram novas fontes de alimentos.
e a utilizá-los como força de tração, fonte de alimento e
vestuário, abandonando, gradativamente, o nomadismo.
• O homem começou a dominar a natureza e a se organizar em sociedades, nas quais a terra, o rebanho
e os instrumentos de trabalho eram de propriedade de toda a comunidade. Não havia divisão social,
somente divisão sexual do trabalho, sendo a principal atividade o cultivo da terra.
• Uma das grandes invenções desse período foi a cerâmica. Com os potes de cerâmica, tornou-se possível
armazenar os alimentos.
• Surgiram os primeiros traços de religiosidade: acreditavam, entre outros, na deusa da fertilidade,
relacionada à fertilidade da terra.
• As comunidades eram constituídas por famílias clânicas ou clãs, surgindo, posteriormente, o patriarca,
líder religioso e político.
• A invenção da roda revolucionou os transportes, com veículos puxados por animais. Com o passar do
tempo sua aplicação se generalizou em diversos mecanismos.
• No final desse período, os instrumentos de defesa e de trabalho feitos de pedra, de ossos e de madeira
foram substituídos pelos de metais. Era o início de um novo período, a Idade dos Metais.
Idade dos Metais
• Transição entre Pré-História e história, em que coexistiram elementos de ambos os períodos.
• Há, aproximadamente, 3 300 anos a.C., os homens passaram a fabricar instrumentos metálicos. Os
primeiros metais utilizados foram o cobre, o estanho e o bronze.
• Os grupos que possuíam armas em metal venciam facilmente os grupos rivais. Os conflitos, geralmente,
ocorriam devido à disputa por fontes de água, terras férteis, entre outras.
• O aumento populacional foi, gradativamente, tornando as sociedades mais complexas. Foram surgindo
trabalhadores especializados: pedreiros, marceneiros, artesãos em geral.
13
História
14
Introdução ao estudo da História
• Muitos trabalhadores abandonaram a atividade agrícola e passaram a tirar seu sustento do artesanato.
• Com o surgimento das primeiras cidades, ocorreu a intensificação do comércio, e surgiu a estratificação
social. Essas mudanças são denominadas de Revolução Urbana.
• Para administrar essa sociedade mais complexa, tornou-se necessária a criação de uma estrutura política
que fosse aceita pela maioria da população. Daí o surgimento do Estado.
• O surgimento do Estado não ocorreu de forma simultânea nas diferentes regiões do globo, pois os
grupos humanos seguiram ritmos diferentes de desenvolvimento.
Trabalhando com Pesquisa
A PRÉ-HISTÓRIA NA AMÉRICA
Em 1975, foi encontrado em Lagoa Santa (MG) o fóssil humano mais antigo das Américas, de 11 500 anos.
Era uma mulher, denominada de Luzia pelo pesquisador que a encontrou. Os estudos realizados após essa
descoberta revelaram que as características de Luzia eram mais próximas dos habitantes de algumas regiões
da África e da Oceania do que dos atuais índios do Brasil.
Assim como ocorreu na Europa e no Crescente
Fértil, a população da América não se desenvolveu
da mesma forma. Dentre os povos com maior
complexidade, destacaram-se os astecas, os
maias e os incas. Essas civilizações possuíam
uma organização social complexa e hierarquizada,
desenvolveram técnicas agrícolas, e o seu artesanato
era muito rico, com destaque para a confecção de
tecidos, objetos de ouro e de prata.
Utilizando metais preciosos, os povos précolombianos fabricavam brincos, enfeites para o
nariz, placas peitorais e outros objetos ornamentais.
Os primeiros indícios da ourivesaria na América datam
de aproximadamente 1200 a.C.. Essas civilizações,
principalmente os maias, utilizaram o ouro misturado
com outros metais no fabrico de estatuetas, joias,
ornamentação de paredes, de templos e de palácios.
Disponível em: <www.meusestudos.com/artesplasticas>.
As peças recebiam um belo acabamento e polimento,
Acesso em: 12 set. 2012.
comprovando a existência de técnicas avançadas.
Através de peças arqueológicas, observou-se que o
artesanato inca era semelhante ao dos chimus (civilização pré-colombiana que se desenvolveu na costa do
atual Peru), pois era comum artistas chimus serem levados para realizar trabalhos para o imperador inca. As
facas de sacrifício eram as peças mais apreciadas da ourivesaria chimu.
Muitas peças encontradas nas escavações estão perfeitas e encontram-se em exposição em vários
museus da América e da Europa.
Revista Nossa História, Ano 02, Número 22. (Adaptado)
As informações contidas no texto anterior revelam que os povos podem se encontrar, dentro de um mesmo
período em estágios de desenvolvimento diferentes. Comparando os europeus com os diversos povos
americanos no momento da chegada de Colombo à América (1492), observam-se diferenças enormes entre
europeus e os ameríndios e entre os próprios nativos do continente. Numa visão europeia do século XIX,
essas diferenças eram explicadas pela teoria evolucionista.
No século XX, o antropólogo francês Levi Strauss, a partir da realização de pesquisas a respeito dos índios
americanos, propõe uma nova compreensão acerca das diversidades entre os grupos humanos.
3
Pesquise a respeito da teoria evolucionista desenvolvida no século XIX e das críticas promovidas pelo
antropólogo Levi Strauss a essa teoria.
História
Introdução ao estudo da História
e) as civilizações citadas no texto, embora
muito importantes, permanecem sem terem
sido alvos de pesquisas históricas.
Exercícios de sala
4
5
(UECE) Por muito tempo, os historiadores
acreditavam que deveriam e poderiam
reproduzir os fatos “tal como haviam ocorrido”.
Dentre as características do conhecimento
histórico que assim produziam, podemos
assinalar corretamente:
a) Ao privilegiarem a realidade dos fatos,
os historiadores esperavam produzir um
conhecimento científico, que analisasse os
processos e seus significados.
b) Era uma história linear, cronológica, de
nomes, fatos e datas, que pretendia uma
verdade absoluta, expressão da neutralidade
do historiador.
c) Como se percebeu ser impossível chegar à
verdadeira face do que “realmente aconteceu”,
todo o conhecimento histórico ficou marcado
pelo relativismo total.
d) Os fatos privilegiados seriam aqueles
poucos que eram amplamente documentados,
como as festas populares e a cultura das
pessoas comuns.
6
Para facilitar o estudo da História, os
historiadores utilizam-se do século. Cite os
séculos a que pertencem os seguintes anos e,
posteriormente, os anos que fazem parte dos
seguintes séculos:
a) 1125 =
f) XX =
b) 2013 =
g) I =
c) 439 =
h) XV =
d) 81 =
i) IV =
e) 1800 =
j) XVIII =
7
(FUVEST-SP) Há cerca de 2000 anos, os sítios
superficiais e sem cerâmica dos caçadores
antigos foram substituídos por conjuntos que
evidenciam uma forte mudança na tecnologia
e nos hábitos. Ao mesmo tempo que aparecem
a cerâmica chamada itararé (no Paraná) ou
taquara (no Rio Grande do Sul) e o consumo
de vegetais cultivados, encontram-se novas
estruturas de habitações.
André Prous. O Brasil antes dos brasileiros. A pré-história
do nosso país. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 49. Adaptado.
O texto associa o desenvolvimento da
agricultura com o da cerâmica entre os
habitantes do atual território do Brasil, há 2000
anos. Isso se deve ao fato de que a agricultura
a) favoreceu a ampliação das trocas comerciais
com povos andinos, que dominavam as técnicas
de produção de cerâmica e as transmitiram aos
povos guarani.
b) possibilitou que os povos que a praticavam se
tornassem sedentários e pudessem armazenar
alimentos, criando a necessidade de fabricação
de recipientes para guardá-los.
c) proliferou, sobretudo, entre os povos dos
sambaquis, que conciliaram a produção de
objetos de cerâmica com a utilização de
conchas e ossos na elaboração de armas e
ferramentas.
d) difundiu-se, originalmente, na ilha de
Fernando de Noronha, região de caça e coleta
restritas, o que forçava as populações locais a
desenvolver o cultivo de alimentos.
e) era praticada, prioritariamente, por grupos
que viviam nas áreas litorâneas e que estavam,
portanto, mais sujeitos a influências culturais de
povos residentes fora da América.
(ENEM) Leia atentamente o texto seguinte:
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída.
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os
construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que
a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível
em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
Partindo das reflexões de um trabalhador
que lê um livro de História, o autor censura
a memória construída sobre determinados
monumentos e acontecimentos históricos. A
crítica refere-se ao fato de que:
a) os agentes históricos de uma determinada
sociedade deveriam ser aqueles que realizaram
feitos heroicos ou grandiosos e, por isso,
ficaram na memória.
b) a História deveria se preocupar em
memorizar os nomes de reis ou dos governantes
das civilizações que se desenvolveram ao longo
do tempo.
c) os grandes monumentos históricos foram
construídos por trabalhadores, mas sua
memória está vinculada aos governantes das
sociedades que os construíram.
d) os trabalhadores consideram que a História
é uma ciência de difícil compreensão, pois trata
de sociedades antigas e distantes no tempo.
8
(FUVEST-SP) A passagem do modo de vida
caçador-coletor para um modo de vida mais
sedentário aconteceu há cerca de 12 mil anos e
foi causada pela domesticação de animais e de
plantas. Com base nessa informação, é correto
afirmar que
a) no início da domesticação, a espécie humana
descobriu como induzir mutações nas plantas para
obter sementes com características desejáveis.
15
Prezado leitor,
Agradecemos o interesse em nosso
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uma amostra gratuita.
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