Berlim 1936 UEF

Transcrição

Berlim 1936 UEF
XI JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA: BERLIM 1936
Nações Participantes
49
Atletas
4066
Eventos
129 em 19 esportes
Cerimônia de Abertura
1 de agosto
Cerimônia de Encerramento 16 de agosto
Abertura oficial
Adolf Hitler
Juramento do Atleta
Rudolph Ismayr
Entrada da Tocha Olímpica
Fritz Schilgen
Local
Estádio Olímpico
A grande favorita para sediar os Jogos era Barcelona, mas duas semanas antes do
Congresso de escolha houve uma importante mudança política na Espanha com a 2ª
República e a escolha foi adiada. Temendo a insegurança política espanhola,
acabaram optando, em 13/05/31, por Berlim. Em 1933, quando Hitler ascendeu ao
poder, houve uma campanha para mudar a sede dos Jogos, mas o COI,
argumentando que o olimpismo não deveria sofrer interferência política, manteve
Berlim como sede.
Diversos países ameaçaram boicotar, mas o COI fez um grande trabalho para impedilos. Participaram 49 países com 4.066 atletas (sendo 328 mulheres) em 19 esportes.
Construiu-se um monumental estádio para 110.000 pessoas no mesmo local onde
seria o estádio para os Jogos de 1916, que foram cancelados em função da 1ª Guerra.
Instalaram no estádio um sino de 15 toneladas com um profundo toque sonoro e com
objetivo de convocar a juventude do mundo. Seis nações estrearam-se nestes Jogos:
Afeganistão, Bermuda, Bolívia, Costa Rica, Liechtenstein e Peru.
Entrada do Estádio Olímpico de Berlim, 1936
foto: Josef Jindřich Šechtl
Estes foram os primeiros Jogos com imagem gravada, havendo inclusive um filme
"Olimpíada" que é um clássico do cinema esportivo. Além da melhor tecnologia e
conforto existentes na época, providenciados pelo governo nazista de maneira a
demonstrar a superioridade da eficiência germânica, um fato que marcaria as
comunicações do século XX aconteceu pela primeira vez em Berlim: espalhadas por
cinemas e teatros da cidade e com imagens projetadas por circuito interno em
enormes panos brancos retangulares pendurados, espectadores privilegiados
assistiram à transmissão da abertura e de algumas provas dos Jogos através da
recém inventada televisão.
O presidente do COI, o belga Henri de Baillet-Latour, solicitou a Hitler que incluísse
judeus na delegação alemã. E Hitler teria respondido: "Quando você é convidado à
casa de um amigo não deve dizer como ele deve agir". Imediatamente o presidente do
COI teria finalizado: "Desculpe-me, mas quando os cinco aros olímpicos estão no
estádio, não estamos na Alemanha e sim nos Jogos Olímpicos e aqui nós
comandamos".
Em Berlim foi introduzido o revezamento que transportou a Chama Olímpica de
Olímpia na Grécia até o estádio olímpíco de Berlim, na sede dos Jogos, por mais de
três mil atletas através da Europa. A idéia foi do escritor Carl Dien, secretário do COI.
E esta prática e ritual foram adotados definitivamente à partir de 1936.
No futebol, em partida das oitavas-de-final, o Peru estava vencendo a Áustria por 3 a 2
quando torcedores peruanos invadiram o campo para abraçar os jogadores (depois o
Peru ainda fez o quarto gol). A Áustria reclamou e conseguiu que anulassem o jogo.
Na data marcada para a nova partida, o Peru, sob protesto, não compareceu. A
Áustria foi vice-campeã perdendo para a Itália, na prorrogação.
O grande destaque foi o americano Jesse Owens, de 22 anos, conhecido como a
"flecha negra", que venceu os 100m, 200m, salto em distância e o revezamento 4 x
100. No dia 25/5/1935, Owens havia superado seis recordes mundiais num intervalo
de 75 minutos. Nas eliminatórias do salto em distância, Owens queimou os dois
primeiros saltos (em decisão discutível da arbitragem alemã). Na última tentativa,
Owens recuou cerca de meio metro e saltou bem antes da tábua conseguindo a
classificação para a final. Nesta, no último salto, obteve a marca de 8,06 metros,
vencendo com novo recorde mundial.
Hitler tentou fazer uso da propaganda política durante os Jogos e a demonstrar a
superioridade da raça ariana. O fanatismo alemão levou aos locais de competição um
número sem precedentes de público. No primeiro dia, no atletismo, vibrou junto com
70.000 alemães presentes com a vitória do alemão Hans Woellke no arremesso do
peso. Logo após aceitou muito bem a vitória de um loiro finlandês nos 5.000m. Na
terceira prova do dia, o salto em altura, os dois primeiros colocados foram dois
americanos negros e Hitler retirou-se do estádio antes do final, quando não havia mais
alemães na disputa. Dizia-se que se retirara para não cumprimentar um vencedor da
raça negra. Hitler se retiraria posteriormente nas vitórias de Jesse Owens nos 100m e
no salto em distância. O presidente do COI, o belga Baillet Latour, pediu que Hitler ou
cumprimentasse a todos os vencedores ou nenhum. Hitler optou pela segunda
alternativa, se bem que recebia os vencedores alemães em cerimônias privadas.
Jesse Owens nos Jogos de Berlim 1936
Em mais uma faceta da falência das idéias do nazismo, Long, alemão, branco, loiro e
de olhos azuis e Owens, negro norte-americano e descendente de escravos,
tornaram-se bons amigos e conversavam durante todas as provas nas barbas das
autoridades nazistas; Long chegou a orientar e encorajar Owens, quando este quase
falhou na tentativa de se classificar nas eliminatórias do salto em distância. O alemão
morreu em combate lutando com as tropas da Wehrmacht na Sicília, em 1943, e por
seu espírito esportivo foi condecorado postumamente pelo COI com a medalha Pierre
de Coubertin.
Os jornais nazistas da Alemanha, controlados por Joseph Goebbels, ministro da
propaganda de Hitler, omitiram completamente todas as notícias referentes às vitórias
dos negros americanos no Atletismo.
Hitler provocou uma gafe na cerimônia de premiação do halterofilismo, pois quando já
estavam preparados para premiar um egípcio, e desejando, por razões políticas,
entregar a medalha a um francês, vencedor de outra categoria, pediu para inverter a
ordem da premiação. O cerimonial não foi avisado a tempo e após o recebimento da
medalha de ouro pelo francês, o hino executado assim como a bandeira no topo do
mastro eram egípcios e não franceses.
Na natação o destaque foi Hendrika Mastenbroeck, da Holanda, que venceu os l00m e
400m livres além do revezamento 4 x 100 e da medalha de prata nos 100m costas.
Nos 100m livres a medalha de prata ficou com a argentina Jeanette Campbell.
Nos 100 km de estrada de ciclismo, o final foi muito disputado entre o suíço Nievergelt
e os franceses Laperbie e Charpentier. Faltando 50 metros, o francês Laperbie passou
os concorrentes e sentiu algo puxando-o e acabou perdendo para o compatriota. Ao
chegar, protestou contra o suíço por tê-lo segurado pela camiseta, impedindo-o de
vencer, chegando a agredi-lo. No dia seguinte as imagens gravadas mostraram que
havia sido o campeão da prova que o havia segurado e não o suíço.
Na estréia oficial do basquete, a vitória foi dos EUA que derrotou o Canadá na final por
19 a 8.
Os alemães dominaram os arremessos e lançamentos: Hans Woelke bateu o recorde
olímpico em arremesso de peso com 16,20m. No lançamento de martelo ganhou Karl
Hein, e no dardo o primeiro lugar ficou para Gerhard Stock. Na ginástica com
aparelhos, a equipe alemã obteve o ouro. Ressalta-se que a Alemanha não ganhou
uma prova sequer nos jogos anteriores. Os triunfos foram justificados pelos nazistas
como um atestado do progresso esportivo da juventude, parte do programa de Hitler
para o novo Reich.
Nos 800 metros um americano de 21 anos, de família humilde , John Woodruff venceu
com 1:52.9 enquanto nos 1.500 John Lovelock da Nova Zelândia ganhou e em recorde
mundial com 3:47.8. Nos 3000 com obstáculos vitória da Finlândia com Volmari Isso
Hollo com 9:03.8, novo recorde mundial e conquistando desta forma o bi campeonato
olímpico, mas desta vez em 3000 metros pois em Los Angeles a prova por erro da
arbitragem teve 3.400 metros. O medalha de prata foi o também finlandês Kaarlo
Tuominen
Nos 5000 metros nova dobradinha dos finlandeses voadores com Gunnar Hocket em
14:22.2 deixando seu compatriota Laurri Lethinen em 2 com 14:25.8, em prova que
quase deu uma trinca pois o campeão dos 10.000 Ilmari Salminen tropeçou em seu
compatriota Lethine e foi ao chão e acabou terminando em 6º
Nos 10.000 metros só deu Finlândia no pódio com Ilmari Salminen com o ouro em
30:15.4 , deixando Arvo Askola com a prata em 30:15.5 e Isso Hollo ( campeão dos
3000 com obstáculos) com o bronze em 30:20.2
Berlim assistiu à última apresentação pública de um dos maiores heróis olímpicos , o
grego Spiridon Louis, campeão da maratona nos I Jogos, em Atenas, quarenta anos
antes. Já velho e alquebrado, Louis entregou em cerimônia a Adolf Hitler um ramo de
oliveiras colhidas nas montanhas sagradas de Olímpia, ingenuamente, em nome da
paz entre os povos.
Apesar de ao fim dos Jogos liderarem o quadro de medalhas com 33 de ouro, pouco
acima dos Estados Unidos e bem abaixo de suas expectativas, os alemães ainda
tiveram que engolir algumas derrotas nos esportes coletivos para os quais haviam se
preparado por anos para vencer. A Índia tornou-se tricampeã do Hóquei sobre a
Grama, a Itália ganhou o torneio de futebol e a Hungria sagrou-se bicampeã no pólo
aquático. Todavia, o maior constrangimento e humilhação sofridos pelo governo
hitlerista aconteceu quando a imprensa internacional escolheu como musa dos Jogos
a linda judia holandesa Hendrika Mastenbroek, dezessete anos, campeã olímpica da
natação nos 100m, 400m e revezamento 4x100. Anos depois, Rea, o apelido pelo qual
era conhecida, integraria a resistência subterrânea neerlandesa contra a ocupação
nazista de seu país.
O governo nazista não poupou recursos para produzir o mais impressionante
documentário já realizado sobre as Olimpíadas, Os Deuses dos Estádios (Olympia) ,
dirigido pela cineasta Leni Riefenstahl, famosa no cinema alemão daqueles idos e
protegida do ditador, e feito mais para valorizar as idéias nazistas do que a competição
esportiva em si, que mostra num preto e branco contrastado, ao gosto de Hitler, a
eficiência e o rigor estético da suntuosidade fria e apavorante do que poderia ser a
sociedade de hoje caso o nazismo tivesse vencido.
A canoagem e o handebol fizeram sua primeira aparição nos Jogos Olímpicos e o Pólo
se despediu deles.
O basquetebol também estreou oficialmente como modalidade olímpica durante os
Jogos Olímpicos de Verão de 1936 realizados Berlim, Alemanha. O esporte já havia
figurado nos Jogos de 1904 em Saint Louis, mas apenas como demonstração e sem
contar para o quadro de medalhas. O torneio foi disputado entre 7 e 14 de agosto de
1936 com 23 equipes de início, a maior competição entre equipes desses Jogos. A
Federação Internacional de Basquetebol, entidade máxima da modalidade, usou o
torneio de 1936 para o experimento do basquete ao ar livre (outdoor), sendo as
partidas realizadas em quadras de tênis improvisadas. A adversidade do campo
causou muitos problemas as equipes, principalmente na final do torneio.
A cerimônia de entrega das medalhas foi liderada por James Naismith, inventor do
basquete, sendo que seus compatriotas estadunidenses levaram a medalha de ouro.
A prata ficou com a equipe do Canadá e o bronze com o México, completando o pódio
totalmente norte-americano.
Na maratona como não haviam concorrentes de peso alemães a torcida optou pelo
argentino Zabala, campeão em 1932 e que chegou à Alemanha com alguns meses de
antecedência mas apesar de ter liderado não resistiu aos ataques dos adversários no
km 28 e acabou desistindo. Venceu o coreano Sohn Kee-chung correndo com as
cores japonesas e sob o nome de Kitei Son, por estar seu país ocupado pelo Japão,
um dos aliados da Alemanha nazista, desde 1910. Ídolo em sua Coréia natal e
fervoroso nacionalista, Sohn, obrigado a competir pelos dominadores, passou o tempo
todo dos Jogos explicando pacientemente aos jornalistas que seu país era uma nação
independente ocupada pelo Japão, sem medo de represálias, pois os japoneses
estavam mais interessados na sua vitória do que na diplomacia.
Constrangido, Sohn recebeu sua medalha de ouro no pódio olímpico ouvindo o hino
nacional japonês sob o hasteamento da bandeira do sol nascente, olhando para o
chão. Nos anos 80, o COI reconheceu oficialmente sua nacionalidade e cassou a
medalha referendada ao Japão. Em 1988, aos 75 anos, cabelos brancos e avô, Sohn
Kee-chung, o Kitei Son de Berlim em 1936, um dos maiores heróis esportivos da
história, entrava no estádio olímpico de Seul carregando a tocha olímpica, debaixo do
choro do locutor oficial e da ovação emocionada de seu verdadeiro povo, anfitrião
daqueles Jogos. O tempo foi de 2:29.19.2 novo recorde olímpico e Sohn com 2:26.42
era o recordista mundial da prova . Outro coreano Seung Yong Nam, tambérm pelo
Japão conquistou o bronze com 2;31.42 enquanto o britânico Ernest Haper foi prata
com 2:31.23.2.
Modalidades disputadas
Atletismo
Hóquei sobre a grama
Basquetebol
Natação
Boxe
Pentatlo moderno
Canoagem
Pólo
Ciclismo
Pólo aquático
Esgrima
Remo
Futebol
Saltos ornamentais
Ginástica
Tiro
Halterofilismo
Vela
Handebol
Wrestling
Hipismo
Inge Sorensen, competidora dinamarquesa, ganhou uma medalha de bronze na prova
dos 200m nado peito, quando tinha apenas 12 anos, sendo a pessoa mais jovem na
história moderna dos jogos a ganhar uma medalha. Em outro episódio importante, o
membro da equipe húngara de pólo aquático, Olivier Halassy, conseguiu sua terceira
medalha olímpica; além disso, Halassy só tinha uma perna, pois a outra havia sido
amputada após um acidente automobilístico.
O remador Jack Beresford, representante de Grã-Bretanha, agregou mais uma
medalha de ouro à sua coleção; esta olimpíada foi a quinta consecutiva obtendo ao
menos uma medalha. Por último, Kristjan Palusalu, da Estônia, venceu os dois estilos
de luta: greco-romana e livre, na categoria dos pesos-pesados.
Participação Brasileira:
O Brasil competiu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim, na Alemanha
com 94 atletas, sendo 88 homens e 6 mulheres, em 10 esportes: atletismo, basquete,
boxe, ciclismo, esgrima, esportes aquáticos - natação -, pentatlo moderno, remo, tiro
esportivo e vela.
O basquete brasileiro foi eliminado tendo vencido o Canadá e China, mas perdido para
Chile e Polônia. Os destaques foram Sylvio de Magalhães Padilha, depois presidente
do COB, com a quinta colocação na final dos 400 metros s/ barreiras e a nadadora
Piedade Coutinho com o quinto lugar na natação, nos 400 metros livres.
O Brasil não conquistou nenhuma medalha nesta edição das Olimpíadas, e desde
então, esta foi a última edição em que isto aconteceu.
Quadro de medalhas
Quadro de Medalhas / Berlim 1936
Posição
País
Ouro Prata Bronze Total
1
Alemanha
33
26
30
89
2
Estados Unidos
24
20
12
56
3
Hungria
10
1
5
16
4
Itália
8
9
5
22
Finlândia
7
6
6
19
França
7
6
6
19
7
Suécia
6
5
9
20
8
Japão[1]
6
4
8
18
9
Países Baixos
6
4
7
17
5
10
Grã-Bretanha
4
7
3
14
11
Áustria
4
6
3
13
12
Checoslováquia
3
5
Argentina
2
2
3
7
Estónia
2
2
3
7
15
Egipto (Egito)
2
1
2
5
16
Suíça
1
9
5
15
17
Canadá
1
3
5
9
18
Noruega
1
3
2
6
19
Turquia
1
1
2
Índia
1
1
Nova Zelândia
1
1
8
13
20
22
Polónia
3
3
6
23
Dinamarca
2
3
5
24
Letónia
1
1
2
25
África do Sul
1
1
Jugoslávia (Iugoslávia)
1
1
Roménia
1
1
28
México
3
3
29
Bélgica
2
2
Austrália
1
1
Filipinas
1
1
Portugal
1
1
30
Nota: Medalhas de atletas da anteriormente independente Coreia foram
incluídas na contagem da equipa do Japão.

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