breves considerações sobre o contato entre os ceramistas do litoral
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breves considerações sobre o contato entre os ceramistas do litoral
Cuadernos del Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano - Series Especiales Nº1 (2). AÑO 2013 ISSN 2362-1958 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS CERAMISTAS DO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Marcus Antonio Schifino Wittmann1 ABSTRACT This article pretends to make some considerations about the analysis of the phenomena of contact and the ethnicity of two indigenous groups, the Guarani and the Kaingang, of the north coast of Rio Grande do Sul, Brazil. In order to do that archaeological, anthropological and historical informations about those ethnic groups will be considered. RESUMEN En este artículo se pretende hacer algunas consideraciones sobre el análisis de los fenómenos de contacto y la etnicidad de dos grupos indígenas, los Guaraní y los Kaingang, de la costa norte de Río Grande do Sul, Brasil. Para hacerlo consideraremos informaciones arqueológicas, antropológicas e históricas acerca de estos grupos étnicos. INTRODUÇÃO O padre Jerônimo Rodrigues, quando passou dois anos entre os Guarani na dita Missão dos Carijós, definiu o mais famoso dos indígenas da região como um “grande ladrão, salteador de brancos, e grande vendedor de seus parentes (...)” (Rodrigues 1940: 222). É a partir de relatos como esse que o presente artigo pretende fazer breves considerações sobre a análise e sobre as fontes que nos informam a respeito dos fenômenos de contato decorrente do encontro entre grupos indígenas, sendo estes os Guarani e os Kaingang, no litoral norte do estado do Rio Grande do Sul. Porém, nesse trabalho o foco principal se dará à cultura Guarani, por ser mais detalhada, homogênea e numerosa em termos de fontes. O escopo da pesquisa é a análise do sistema de trocas e da etnicidade entre grupos indígenas e entres estes e os europeus, já que todos os relatos de cronistas foram escritos por estes últimos, através das informações sobre esses fatores no registro acerca dos guarani. Para isso foram selecionados dados de diferentes fontes, tanto de relatos de missionários e viajantes, quanto arqueológicas e antropológicas, além do uso de teorias referentes, principalmente, às duas últimas. Devemos ressaltar que diferentes campos discursivos denominam de formas variadas o grupo indígena comumente conhecido como Guarani. E é neste ponto que reside nosso grande problema: De qual forma estudar o contato do “Guarani” com o “outro”, se a definição do primeiro não é clara? Para isso, determinamos arbitrariamente o objeto/ sujeito da pesquisa como “os Guarani”, sendo eles tanto a tradição arqueológica Tupiguarani quanto as parcialidades etnografadas do tronco-lingüístico Tupi-Guarani que habitam ou habitavam a área de estudo, os Carijós e os Arachãs. Quando possível, ou seja, quando é descrito nas fontes, usamos essa denominação mais precisa, quando não o é, o termo genérico “Guarani” foi utilizado. HISTÓRICO DAS TEORIAS Um breve histórico de algumas teorias referentes ao estudo dos fenômenos de contato e etnicidade na antropologia e na arqueologia se faz necessário para criarmos um panorama de como esses fenômenos foram pensados e, Acadêmico do curso de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, bolsista CNPq/PIBIC (orientador: Prof. Dr. Klaus Hilbert). Correio eletrônico: [email protected] 1 120 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS... principalmente, interpretados nos diferentes registros, especialmente na arqueologia brasileira. A partir disso definimos o nosso entendimento desses fenômenos dentro dos diferentes registros propostos à análise. Assim escolhemos dois conceitos principais o de etnicidade, para entendermos como um grupo étnico se identifica e como seria sua relação com outros grupos, e o de reciprocidade, abrangendo o escopo da troca de bens dentro de um mesmo grupo e intergrupal. No último ano da década de 1960, Fredrik Barth publica uma obra que mudaria os rumos não apenas dos estudos sobre etnicidade, mas também os de antropologia e arqueologia. No livro Grupos Étnicos e suas Fronteiras “(...) o ponto central da pesquisa torna-se a fronteira étnica que define o grupo e não a matéria cultural que ela abrange” (Barth 1998: 195). Logo a definição de grupo étnico depende não apenas das diferenças culturais ou de um sentimento de pertença, mas do próprio grupo étnico. Ou seja, os integrantes do grupo definem-se, através de traços (como vestuário, língua, habitação) e valores fundamentais (padrões de moralidade e de julgamento), os quais eles mesmos decidem como relevantes ou não. Porém é apenas na década de 1990 que Sîan Jones procura interligar o conceito de etnicidade, como proposto por Fredrik Barth, com a arqueologia. Na tentativa de responder como se pode relacionar entidades culturais do passado, as culturas arqueológicas, com grupos étnicos e povos do passado e da atualidade (Jones 1997: 106). O método proposto pressupõe um novo entendimento sobre grupo étnico e etnicidade, os quais são caracterizados não apenas por uma identificação mas, também, pela diferença cultural, a qual pode ser reconhecida na cultura material, assim o uso tanto de fontes históricas quanto arqueológicas é defendido pela autora. Uma tentativa de assimilação desse entendimento mais amplo de etnicidade na arqueologia brasileira foi analisada na obra de André Soares (1997), onde critica a forma “pronapiana”2 de correlacionar cultura material da tradição Tupiguarani em sítios Referente ao Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas, o PRONAPA. 2 com ocupação do grupo étnico guarani. O que levaria a um não entendimento do ñande reko (o modo de ser guarani), o qual pregava um sistema de cacicado e cunadazgo a partir da troca de mulheres e a relação, hostil ou não, com outros grupos, o que poderia levar a “culturas guaranizadas”. Em 2008, Diana DiPaolo Loren lança um trabalho sobre as relações de contato entre os indígenas norte-americanos, a cultura africana e os povos europeus nos séculos XVI e XVII (Loren 2008). Apropriando-se de teorias da antropologia, da arqueologia e da semiótica mostra que a relação entre identidade e cultura material é complexa e ambígua, não podendo ser diminuída para um termo como aculturação, por exemplo, afinal o uso e a funcionalidade de objetos, não dependendo de seu material, expressa identidade social em práticas diárias. O significado dado por um indígena para uma roupa européia ou um machado de pedra é diferente daquele dado por um europeu para os mesmo artefatos em um mesmo contexto histórico. O outro conceito chave para a pesquisa é o de reciprocidade. Proporcionando assim uma análise social do papel da troca nas sociedades indígenas e não apenas econômica. Em 1924 Marcel Mauss elabora o conceito de reciprocidade, nas obras Esboço de uma teoria geral da Magia e Ensaio sobre a Dádiva (Mauss 2003). Para melhor entendimento do mesmo é de vital importância outro conceito, o de fato social total: entendendo que todo e qualquer fato tem ligações com todos os fatores da sociedade, seja econômico, político, ritualístico e social, o fato social total possui um caráter tridimensional, sendo as três dimensões: a “sociológica, com seus múltiplos aspectos sincrônicos; a dimensão histórica ou diacrônica; e enfim, a dimensão fisio-psicológica” (LéviStrauss 2003: 24). E como esse caráter só ocorre em indivíduos, Mauss propõe não o estudo da dádiva ou da magia, mas dos indivíduos que a efetuam, através da análise de sua sociedade, de seu contexto histórico e de suas características culturais. O conceito de reciprocidade, segundo Mauss é um atributo essencial para as relações 121 CUADERNOS - SERIES ESPECIALES 1 (2) humanas nas sociedades não capitalistas3, onde o “dar” transforma o “receber” num “retribuir”. Transcendendo o caráter puramente econômico os bens recebidos e retribuídos não são apenas objetos físicos, mas também imateriais, como prestígio e cargos, sendo o papel sociológico o mesmo que o dos bens materiais (Lévi-Strauss 2003: 34). Com a definição de reciprocidade outros pensadores contribuíram para estender seu alcance. Em 1949 Lévi-Strauss lança As Estruturas Elementares do Parentesco (Lévi-Strauss 1976), onde aborda o conceito de reciprocidade de Marcel Mauss através do estudo do tabu do incesto nas comunidades indígenas da América do Sul. Assim, trabalha com “ciclos de reciprocidade”, no qual a troca de mulheres em um sistema de parentesco teria uma funcionalidade, assim como a troca de bens materiais ou imateriais, e a troca de palavras. Englobando, assim, o social, o econômico, o ideológico e o comunicacional, constituindo-se assim num fato social total. No início da década de 1970 Marshall Sahlins retoma a discussão proposta por Mauss e Lévi-Strauss sobre reciprocidade, analisando-o dentro do sistema social de uma sociedade tribal. Adiciona assim os conceitos de reciprocidade generalizada, reciprocidade equilibrada e reciprocidade negativa (Sahlins 1974). O primeiro seria como uma “doação”, onde a retribuição não é obrigatória, podendo ser feita a médio ou longo prazo. Como uma relação mãe-filho, dentro de um grupo familiar. Já a reciprocidade equilibrada se dá dentro da estrutura do grupo, onde o ato de retribuir deve ser com um bem igual ou superior ao dado. E a reciprocidade negativa, no âmbito inter-grupal, pressupõe uma retribuição a baixo do “valor” dado, ou um roubo, um saque ou até uma subjugação econômica, política ou cultural. No campo arqueológico brasileiro podemos citar as teorias e metodologias da arqueologia histórico-cultural e da escola Americana como pontos chave para o entendimento da interpretação da cultura material dada pelo Nas sociedades capitalistas ocorrem trocas, vínculos temporários, diferentemente da reciprocidade que é um vínculo contínuo. 3 Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas. Essas teorias defendiam o fator cultural como passível de evolução ao longo do tempo em um certo espaço definido, evolução essa caracterizada pela mudança na cultura material, através de implementos tecnológicos trazidos pela difusão ou devido ao ambiente ecológico ao qual os grupos humanos deveriam se adaptar. Betty Meggers e Clifford Evans, coordenadores do PRONAPA, entre outros arqueólogos brasileiros, organizaram o registro arqueológico através do método Ford de seriação, adequando-o ao cenário sul-americano (Meggers e Evans 1970), no qual encontrariam mudanças tipológicas nos artefatos de tradições e fases arqueológicas4 através do tempo, criando assim um panorama cronológico e de dispersão dessas tradições arqueológicas no território brasileiro. No que se refere ao contato entre tradições esse era analisado, e ainda o é em algumas pesquisas, através dos artefatos guias de cada uma, principalmente cerâmica, ou seja, sítios com cerâmicas de diferentes tradições são considerados sítios de contato. É através das teorias de etnicidade e reciprocidade que pretendemos perceber o problema do contato entre os ceramistas no litoral norte do Rio Grande do Sul. Procurando tanto nas fontes arqueológicas quanto nas históricas dados relativos à etnicidade desses grupos (na cultura material, principalmente cerâmica, áreas de ocupação, habitação, caça, coleta, etc.) e à troca e relações de contato entre eles (troca de mulheres, de mercadorias, valores dados aos bens, etc.). Entendemos que cada cultura, cada indivíduo e determinados artefatos inseridos em cada contexto possuem suas especificidades dentro do campo social, cultural, econômico, político e ideológico. E que a troca e/ou as relações desses com outras culturas e outros indivíduos geram mudanças ou Tradições Arqueológicas eram definidas por meio de características tipológicas da cultura material encontrada em certo território e dentro de certo período cronológico. Essas tradições eram divididas em Fases Arqueológicas, as quais possuíam modificações tecnológicas e abrangiam um período cronológico menor. 4 122 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS... manutenções nesses campos, através da inserção de sujeitos, objetos e palavras diferentes, advindas de cada contexto. DADOS ARQUEOLÓGICOS O discurso arqueológico utilizado no Brasil, proveniente do PRONAPA, utiliza a nomenclatura de tradições e fases, as quais são diferenciações dentro de um grande corpo tecnotipológico, regional e cronológico. Uma delas é a tradição arqueológica Tupiguarani, a qual podemos caracterizar no Rio Grande do Sul geralmente pela presença de cerâmica roletada5 com decoração pintada policrômica (vermelho, preto e/ou branco) ou decoração plástica corrugada6 (para outros tipos de decoração ver Brochado e La Salvia 1989). Outra tradição arqueológica importante em nosso trabalho é a tradição Taquara, pois há diversos sítios Tupiguarani com presença desse tipo de cerâmica. Podemos caracterizá-la pela cerâmica sem roletes com decoração plástica com marca de cestaria7, impressão de corda ou ungulada8. Informação importante para nosso trabalho é a de que os portadores da tradição arqueológica Taquara possuem uma continuidade étnica com as populações indígenas conhecidas como Guaianá ou Kaingang e os Xokleng (Rogge 2005: 15-16; Rosa 2007: 48), ou seja, pertencentes à família lingüística Jê. Outra diferença substancial entre as duas tradições sãos suas áreas geográficas de ocorrência. A cerâmica Guarani é produzida através da técnica de roletes sobrepostos, a qual pode ser facilmente reconhecida em fragmentos encontrados nos sítios arqueológicos. 6 Para usar a definição de Brochado e La Salvia (1989): “Corrugado, tem como expressão decorativa a DOBRA – é a ação lateral do dedo sobre a superfície cerâmica, pressionando uma parte da argila, por arraste, e formando uma crista de forma semilunar como resultado do acúmulo da argila arrastada” (Brochado e La Salvia 1989: 35 [grifo dos autores]) 7 A massa de argila era moldada nas cestas de fibra vegetal, deixando uma decoração característica deste método. 8 “(...) tem como expressão decorativa a UNGULAÇÃO – é a ação frontal da unha, na forma de um arco, com sentido e formato de quem aplica” (Brochado e La Salvia 1989: 35 [grifo dos autores]. 5 A tradição arqueológica Tupiguarani encontra-se desde o Mato Grosso até as imediações do Rio da Prata, seguindo sempre um padrão de instalação amazônico, ou seja, vales quentes e úmidos, perto de florestas tropicais e subtropicais, e encostas de planaltos, nunca aparecendo nas serras acima de 700m (Kern 1994: 104-106). Já a tradição arqueológica Taquara encontra-se nas áreas mais altas do planalto, nas florestas de araucária e nos vales de rios, tendo sazonais presenças nas áreas litorâneas9 (Kern 1994: 86). A área de pesquisa abrange uma zona de fronteira geográfica entre o cordão costeiro e a encosta da Serra Geral e também uma zona de fronteira étnica pré-colonial entre o sistema social ocupacional Guarani e o Kaingang, atestado pelo registro arqueológico. O de fala Tupi-guarani ocupando as partes mais baixas das encostas e os vales dos rios, procurando climas quentes e úmidos, e os de fala Jê em altitudes maiores, em zonas de florestas de araucária e em climas mais frios. Para angariar informações sobre sítios arqueológicos e a cultura material dos mesmos na área de estudo os trabalhos utilizados foram o de Wagner (2004), compilando informações sobre sítios arqueológicos escavados desde a década de 1960, e o de Rogge (2005) e Rogge e Schmitz (2010), com dados de escavações mais recentes. Temos, assim, um panorama do que foi feito na arqueologia sul-rio-grandense sobre essas duas tradições, contendo a descrição da cultura material, dos sítios arqueológicos e algumas datações. A cultura material cerâmica encontrada nesses sítios pode ser da tradição Tupiguarani e da tradição Taquara. Porém há um outro tipo, a cerâmica euro-indígena10 (Tochetto 1991). Esta é descrita como cerâmica Tupiguarani com implementos da cultura européia, geralmente asas e alças. Todavia, não há relatos para o litoral de uma cerâmica híbrida entre os dois grupos indígenas11, 9 Para uma visualização da localização de alguns sítios dessas tradições no estado do Grande do Sul ver o mapa confeccionado por Rogge (2005, p. 125). 10 Também conhecida como Neo-brasileira. 11 Pedro Mentz Ribeiro, em sua tese de Doutorado, analisando os registros arqueológicos do vale do Rio Pardo, nomeia um tipo de cerâmica como “aculturada”, 123 CUADERNOS - SERIES ESPECIALES 1 (2) o que nos leva a pensar qual era a relação entre os portadores dessas duas tradições arqueológicas. Rogge (2005: 67), ao analisar os sítios do balneário Quintão, no litoral central do Estado, mostra-nos que as cerâmicas das duas tradições geralmente estão presentes e associadas12 em sítios densos, com espessas lentes de conchas associadas a fogueiras. Para ele isso poderia ser explicado através do comércio dos vasilhames cerâmicos e/ou através da troca de mulheres, gerando uma integração econômica e cultural (Rogge 2005: 73, 86). Mulheres estas que produziriam, em menor escala, os seus próprios estilos cerâmicos. Porém, no que tange as informações sobre os sítios e suas estruturas notamos que há poucas informações a respeito disso, devido ao método de escavação, geralmente em pequenas áreas através de níveis artificiais de 10cm, mas também pelo solo arenoso e a ação do vento na região. Assim os sítios arqueológicos são entendidos apenas pela seriação da cultura material, deixando de lado sua dispersão no espaço e estruturas de casas, de queima, etc. Logo, esses sítios são denominados através da tradição correspondente a cultura material encontrada, assim os sítios de contato são aqueles com artefatos de mais de uma tradição arqueológica. Uma das únicas exceções à nomenclatura é a usada por Rogge (2005: 67) para denominar sítios, geralmente concheiros, no litoral, como “acampamentos de pesca sazonais”, que seriam produtos de ocupações pouco intensas e apenas em períodos específicos, geralmente para a pesca e coleta de moluscos. Assim dificilmente conseguimos inserir as informações arqueológicas desses sítios dentro de modelos teóricos de uma organização social Guarani, como já propostos por diferentes autores (Souza 1987, Noelli 1993, sendo esta uma mistura entre as tradições arqueológicas Tupiguarani e Taquara (Ribeiro 1991: 319-320). Porém, se baseia apenas no material usado como antiplástico, nos parecendo assim um argumento fraco para evidenciar um hibridismo étnico na cultura material. 12 Soares (1997, p. 172) nos adverte que esses elementos da cultura material encontrados associados em diversos sítios podem tanto ser resultado do contato interétnico, mas também de limitações metodológicas das coletas e escavações. Soares 1997). Em relação à cronologia da ocupação ceramista na área de estudo foram localizadas seis datações radiocarbônicas, todas para sítios Tupiguarani, sendo quatro delas na região de Osório. O marco temporal se estende de 1016±110 C14 AP (SI-413; Brochado et al. 1969 apud Rogge 2005) à 481±200 C14 AP (SI-410; Brochado 1973 apud. Rogge 2005). Como se vê a cronologia para a região ainda é limitada, sendo pouco numerosa e com uma variação nas datações muito grande. FONTES HISTÓRICAS Antes de tratarmos propriamente das fontes históricas escolhidas para a análise devese fazer considerações sobre o método utilizado para a apreciação das mesmas, já que estas são documentos históricos passíveis de críticas. Para isso foi selecionado o método proposto por Florestan Fernandes (1975) ao analisar os relatos sobre a guerra na sociedade Tupinambá. Essa obra é a que traz uma descrição mais sistemática de como proceder com as fontes históricas, embora possamos citar obras como a de Heléne Clastres (2007), sobre o profetismo Tupiguarani, Carlos Fausto (1992), sobre as características sociais dos Tupinambá, Meliá et al. (1987) e Meliá (1988), expondo críticas à alguns relatos sobre a cultura Guarani, também como parâmetro para análise. Fernandes (1975) propõe um método que abrange dois tipos de análise: a quantitativa e a qualitativa. Na primeira, através da estatística, procura-se a freqüência e a extensão da variedade de informações, dentro de uma mesma obra e em comparação a outras. Logo, pode se notar os principais interesses dos autores ao escrever o relato, e procurar fontes que se contradizem ou se negam. Já na segunda a apreciação se faz dos conhecimentos etnológicos propriamente ditos. Analisando a autoridade dos escritores, sabendo quem eles são, de onde vem, qual o objetivo do relato, a quem se dirige, onde e em qual situação estão escrevendo, sobre quem e quando o estão. A junção dessas duas análises nos propicia uma visão abrangente dessas fontes, podendo assim retirar as informações delas com um senso crítico mais apurado. 124 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS... As fontes históricas para o litoral norte do Rio Grande do Sul são escassas. Assim as fontes aqui analisadas consistirão de dois cronistas: Álvar Nuñez Cabeza de Vaca (1999) e o Pe. Jerônimo Rodrigues (1940). Devemos nos atentar a alguns fatos referentes aos escritos: a localidade da qual escrevem é diferente, ambos estão no litoral de Santa Catarina, porém Cabeza de Vaca rumará para o Paraguai e Rodrigues para a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul; do primeiro para o segundo relato se passam 62 anos, Cabeza de Vaca escreve de 1542 a 1543 e Pe. Jerônimo Rodrigues de 1605 a 1607; o primeiro é mandado para a região a fim de resgatar tropas no Rio da Prata, logo seu contato com as populações autóctones resumese a conseguir mantimentos e conhecer rotas e caminhos; já o segundo procura evidenciar ou não a possibilidade de ser criada uma missão jesuítica na área, atentando-se a comida proveniente da região e à hospitalidade e religiosidade dos Carijós. O livro “Comentários”, que narra o trajeto a pé das tropas do adelantado Alvar Nuñez Cabeza de Vaca da ilha de Santa Catarina até a cidade de Assunção, foi escrito pelo escrivão Pero Hernandez, o qual narra os acontecimentos de forma factual. Durante o caminho pelo peabirú13 que ligava o litoral de Santa Catarina com os Andes, o qual as tropas de Cabeza de Vaca usaram para chegar ao Paraguai, entram em contato com diversos grupos de Guaranis, os quais sempre os recebem com hospitalidade, levando mantimentos e recebendo em troca presentes, principalmente roupas. Uma das principais reivindicações de Alvar Nuñez é que apenas os mais experientes deveriam entrar em contato com os indígenas especialmente com os chefes, os quais recebem a maioria dos presentes, mantendo assim uma boa relação recíproca entre eles. Pero Hernandez escreve que a “notícia sobre esse tratamento corria por toda a parte, de modo que os índios vinham trazer o que possuíam e eram pagos por isso” (Cabeza de Vaca 1999: 119), ou seja, à época parece já haver um sistema social Guarani na região, pois a comunicação se estende por diversas aldeias, formando assim um tekoá, e não há relatos sobre outros grupos étnicos na 13 Caminhos que ligavam as costas atlânticas e pacíficas. região, o que parece mostrar um domínio político, econômico e até bélico dos guarani no peabiru que ligava o litoral de Santa Catarina até o Paraguai. Já os Guarani, ou Carijós na nomenclatura usada pelo Pe. Jerônimo Rodrigues, observados à época deste já haviam sofrido diversas ações dos brancos em busca de mão de obra indígena e se mantêm em contato com, no mínimo, dois diferentes grupos étnicos indígenas: os Arachãs, que são da família lingüística Tupi-guarani e que Rodrigues define como parentes dos Carijós; e os Tapuia, nomenclatura usada tanto pelos Guarani quanto pelos Tupinambá para definirem outros grupos, geralmente inimigos. Os primeiros, segundo Rodrigues, habitavam a região conhecida hoje como litoral central e sul e tinham muito mais contato “antigamente” com os Carijós do litoral, relação essa diminuída pela ação predatória dos brancos e dos irmãos Tubarão (“Feiticeiros” carijós com estreitas ligações comerciais com os europeus), mesmo que este ainda tragam para o litoral algodão, redes, fios, arcos, flechas e tipóias (Rodrigues 1940: 229-230). O padre não define que tipo de relação há entre eles, se essa ação dos Arachãs de levar esse material para o litoral é uma doação, já que afirma que a população litorânea é “muito pobre”, ou uma troca, embora, pela continuidade do relato pareça ser uma relação recíproca, pois cita “contas” (conchas) que eles buscam ao longo da costa e que seriam muito valiosas para os Arachãs, e com as quais os Carijós conseguem o que querem destes. Já os Tapuias ficam de 9 a 10 léguas de distância da localidade dos Carijós, não especificando a direção. Com estes há um confronto em parte de “saltos” mensais, nos quais há a troca de bens, e em parte belicosos, para matarem e capturarem este para os rituais antropofágicos (Rodrigues 1940:236). Os Tapuia não entram na troca de parentes e pessoas feitas com os brancos, preferindo os Carijós os sacrificarem a os usarem no câmbio nos navios europeus. É a partir dessas informações e as relações de trocas descritas que podemos inferir sobre o contato entre grupos indígenas no litoral norte do Rio Grande do Sul, por exemplo: no relato da missão dos Carijós o Padre Jerônimo Rodrigues 125 CUADERNOS - SERIES ESPECIALES 1 (2) escreve sobre o feiticeiro de nome Tubarão: “Este índio é o afamado Tubarão, o qual não é principal, nem tem gente, mas tem grande fama entres estes [os Carijós] por ser feiticeiro e ter três ou quatro irmãos, todos feiticeiros, e todos eles são grandíssimos tiranos e vendedores, e de quem os brancos fazem muito caso, porque estes lhe enchem os navios de peças (...)” (Rodrigues 1940: 222). O prestígio dele pode ser visto através dos objetos que possuía. Segundo Rodrigues, as trocas de parentes ou pessoas que fazia com os brancos rendiam “roupetas e calções de damasco, raxetas, meias de agulha, camisas, chapéus forrados, anéis, cadeias de tiracolo de alquimia e todo gênero de ferramentas, contarias e resgates” (Rodrigues 1940: 243). A maioria desses bens eram peças de vestimentas, as quais esse indígena usava, e com as quais angariava prestígio frente aos colonizadores. O uso de roupas ocidentais pelos indígenas não é necessariamente um traço de aculturação, mas sim de transformar o não-familiar em familiar (Loren 2008), transformando assim seu significado e até seu uso. Segundo Egon Schaden: Para él [o Guarani] las ropas de tipo europeo se hicieron tan necesarias como lo son para nosotros. No tanto por serviles de protección contra el frío y la lluvia, pues el rigor de la temperatura no les preocupa de forma tan manifiesta, sino porque sus relaciones con gente extraña exigen que el indio se presente vestido (…) Vistiéndose a la europea, el Guaraní tiene la aparencia de civilizado; evita así críticas y burlas, y más fácil es conservar valores culturales a las que de manera alguna quiere renunciar (Schaden 1998: 47). Os relatos etnográficos mais atuais trazem algumas informações sobre relações culturais entre os dois troncos lingüísticos, a saber: Nimuendaju (1987: 28) relata a tolerância religiosa14 Guarani frente ao sistema de crenças Kaingang. Wagley e Galvão (1946) ao analisarem o parentesco Tupiguarani em diversos grupos, afirmam que nos Tapirapé do Brasil central há influência de grupos Jê ou Bororo. Salzano et al (1997) através de análise genética entre os Guarani e os Kaingang atuais de seis localidades no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina afirma que a distância genética entre eles é muito grande. Seriam prezadas relações intra-populacional e não inter-tribais nesses grupos, porém, em trabalho posterior (Salzano 2009) afirma que o grupo Tupi-Guarani Aché, do Paraguai, possui entre 35%-40% de herança gênica Jê. Valéria Assis (2006) demonstra que o aprendizado da técnica do trançado Mbýa pelos Kaingang não consiste em uma mera cópia, porém que pequenas diferenças no estilo tecnológico permitem distinguir etnicamente os grupos; além disso, relata a disputa entre eles pelo espaço para venda de artesanatos no Brique da Redenção de Porto Alegre. Maria Cristina dos Santos (2009), em trabalho sobre uma reserva indígena onde os Guarani e Kaingang residem, afirma que há uma relação de respeito pelas tradições e costumes de cada grupo, mas também um sentimento de desprezo e desconsideração de um para com o outro. CONCLUSÃO A análise das formas e técnicas na manufatura de peças cerâmicas poderia evidenciar algum tipo de contato e troca de modo de fazer (Monticelli 2007: 113), assim como o estudo dos diferentes anti-plásticos para cada função e forma cerâmica produzida pelos Guarani (Neumann 2008) além disso a maior recorrência da decoração pintada se dá quando há necessidade de afirmar fronteiras territoriais e culturais, como é o caso do sul do Brasil (Prous 2011: 54). Infelizmente, não há um estudo aprofundado sobre as coleções cerâmicas do litoral norte do Rio Grande do Sul. Os sítios aqui registrados por meio dos trabalhos de Wagner (2004), Rogge (2005) e Rogge e Schmitz (2010) possuem pouco além da quantificação dos fragmentos cerâmicos, a reconstituição de alguns vasilhames e as dimensões dos sítios. Porém, a falta de uma cerâmica híbrida15 entre as tradições 14 “(...) a estória deve ter seu fundamento” teria dito um pajé sobre a mitologia Kaingang (NIMUENDAJU, 1987, p. 28). 15 Esse conceito é um tanto quanto problemático. As características que poderiam evidenciar mistura de 126 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTATO ENTRE OS... arqueológicas Tupiguarani e Taquara (Rogge 2005, p. 36) na região poderia ser interpretada como um tipo de resistência étnica, afinal maior recorrência de decoração pintada nos vasilhames se dá quando há necessidade de afirmar fronteiras territoriais e culturais, como é o caso do sul do Brasil (Prous 2011: 54). Trocas recíprocas e relações de parentesco entre esses grupos não gerou uma modificação no modo de representar esteticamente as vasilhas cerâmicas. Embora as técnicas usadas pelas oleiras Guarani sejam bastante estudadas, o mesmo não ocorre no referente às oleiras Kaingang. Talvez um estudo relacionando as decorações plásticas e a cosmologia desse povo pudesse trazer novas evidências que corroborassem a análise. As relações de contato inter-étnico, principalmente no período pré-colonial, são de difícil interpretação, seja pelas fontes arqueológicas ou históricas. Porém pode-se deduzir algumas informações através da crítica a ambos os registros, e utilizando métodos alternativos aos utilizados anteriormente. Levando em conta os processos deposicionais e pós-deposicionais que podem ocorrer nos sítios arqueológicos, além de uma análise mais intensa da dispersão da cultura material e de estruturas de atividade, o que demanda escavações em áreas maiores; análise da cultura material através de análises químicas determinando sua procedência; da disseminação destes sítios na região, além de um maior número de datações, poderíamos entender o papel desses sítios em um sistema social Guarani, seja baseado no campo da ecologia ou do político-econômico. Tal empreitada fica como objetivo para pesquisas futuras dentro dessa problemática. Grande do Sul, Porto Alegre. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERNANDES, F. ASSIS, V. S. de. 1975. A Investigação Etnológica no Brasil. Vozes, Petrópolis. 2006. Dádiva, Mercadoria e Pessoa: as trocas na constituição do mundo Mbyá-Guarani. Porto Alegre: UFRGS. Tese de Doutorado em Antropologia Social. 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