neymara carvalho: surface: aconcágua
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neymara carvalho: surface: aconcágua
Edição #7 • março 2009 SURFACE: Momentos de emoção ACONCÁGUA: aventura e superação O: NEYMARA CARVALH Tetracampeã do BB EDITORIAL: Brigitte Mayer O ano voou... e já estamos na edição de aniversário da EHLAS! O primeiro de muitos aniversários! Coincidências à parte, ao embarcarmos nesse que seria o maior dos nossos desafios, observamos que o lançamento iria acontecer justamente na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher – nada melhor para uma revista dedicada a EHLAS. Pensando em todas que participaram e contribuíram de alguma forma para a valorização das mulheres, esta edição ressalta algumas características ditas como pertencentes à alma feminina. Emoção, determinação, superação, garra, sensibilidade, precaução, inocência, coração, beleza, sonhos e esperança. É só procurar as palavras nas matérias que a EHLAS trouxe neste mês para você. Boas ondas e divirtam-se sempre! AGRADECIMENTOS: • A todos que torceram e continuam a torcer pela EHLAS, a todos que nos incentivaram, elogiaram e, por que não, àqueles que nos criticaram: o nosso muito obrigada. • Aos nossos colaboradores, nenhuma palavra expressa a nossa gratidão. • Aos nossos parceiros e aos prováveis futuros anunciantes: continuem com a EHLAS. GalEHLAS (Monika, Roberta, Claudia, Rick, Luiz e Kiko): sem vocês, não teria graça e a EHLAS não estaria no ar. Obrigada por trazerem sempre um novo desafio! CAPA: Silvana em Rocky Rights, Hawaii. Mandando a manobra que mais gosta de fazer: o aéreo. Determinação e dedicação na busca da altura para voos mais altos. Foto: Aleko Stergiou/ Waves Uma homenagem a todas que, em algum momento, superaram as limitações que um dia lhe foram impostas. E como a EHLAS é a revista das mulheres de atitude, fica aqui uma homenagem em especial a todas aquelas que são alimentadas pelo constante espírito de aventura e que se deliciam com o gosto da adrenalina, mas sem nunca perder o sorriso, o charme e o jeito de ser da alma feminina. Foto:Monika Mayer ÍNDICE: Editorial Cartas Arte..................................................................................... Surface Salto alto .................................................... Silvana Lima Aventura ................................................ Aconcágua Surftrip .................................................................................. Tahiti Dias de folga, o que fazer? Kitesurf ...................................... Meninas que voam Saúde .................. Ombro: prevenindo lesões Bodyboard ............................... Neymara Carvalho Beleza ....................................... Cabelos hidratados Moda .............................................................. País tropical Futuro EHLAS ................... Rafaela Cavalheiro Ecologia LUIZ FLAVIO • TI Designer [email protected] BRIGITTE MAYER • Editora • [email protected] RICK WERNECK • Editor de fotografia • [email protected] ROBERTA BORGES • Editora e fotógrafa • [email protected] CLAUDIA GONÇALVES • Editora • [email protected] MONIKA MAYER • Designer • [email protected] RICARDO LARGMAN • Editor de textos [email protected] LIKA MAIA Fotógrafa [email protected] ALEKO STERGIOU Fotografo www.aleko.com.br [email protected] Desde a minha infância tinha um amor especial com as câmeras fotográficas mas não entendia muito do assunto, em 1999 iniciei minha vida profissional na fotografia. Parti para o meu sonho que era fotografar de dentro da água. Fui em busca de equipamentos específicos e me joguei para dentro do mar para buscar o surfista dentro do tubo. Tive a oportunidade de registrar lugares como o Tahiti, Hawaii, Indonésia, África do Sul, Peru, Chile, Panamá, Ilhas Maldivas, Fernando de Noronha e grande parte do litoral brasileiro, o que me proporcionou fazer fotos da natureza, costumes e ondas de vários lugares do mundo. SILVIA WINIK Fotógrafa [email protected] LAILA WERNECK Produtora e ecologista [email protected] COLABORADORES DE TEXTO: Camila Pellicciotte Claudio Miguel Hair Design www.claudiomiguel.com.br Comecei a fotografar o surf em 1999 quando morei em San Clemente na Califórnia. Hoje aos 29 anos e quase 11 de fotografia, eu abri mão do mundo para ir de encontro com a minha alma, tenho uma vida bem centrada em Deus. Vivo no North Shore Oahu, uma vida completamente diferente da que eu tinha antes, não fico mais viajando pra lá e pra cá. Hoje não fico o tempo inteiro só na areia, morando na beira da praia não tem como não perder o medo das temidas ondas do Hawaii. Tenho aprendido que os havaianos são muito parecido com os brasileiros e tem um garnde coração. Fui abençoada por Deus com uma vida linda e saudável e "tenho visto a vida de um angulo mais aberto e mais focado". • PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: Emilia Takahashi Cleusa de Oliveira • SORAIA ROCHA, ROBERTA MILAZZO E RENATA CAVALLEIRO Bodyboarders www.garotasbodyboarders.com.br COLABORADORES DE FOTOGRAFIA: Pedro Campos Mario Nakamura LIANE GUIMARÃES Fisioterapeuta lianeguimarã[email protected] Um gostinho d'EHLAS no papel. Agora vocês podem ter um pouco da EHLAS impressa dentro da revista SUL SPORTS. Leia as cartas no acesso online Surfaces Aos 13 anos de idade, surfei minha primeira onda – e nunca mais fui a mesma. Aquele momento mudaria toda minha vida. No início, parecia só uma brincadeira de verão, mas logo passou a fazer parte de mim. Era algo que eu não conseguia explicar, mas que tinha tudo a ver com meu jeito de ser, e que ainda alimentava minha alma. A paixão pelo surfe me levou a fotografar. Sentia necessidade de fazer parte daquela natureza e, ao mesmo tempo, queria compartilhar com os outros os belos momentos que testemunhava. Foi esta vibração que também percebi estampada no rosto das meninas que tenho fotografado nos últimos cinco anos. São momentos de alegria, satisfação e muita descontração que elas expressam sempre, antes ou depois de surfar. No ensaio SURFACES, revelo um pouco destes momentos. Roberta Borges Fotos: Roberta Borges Sabrina Munhoz Suelen Naraisa Layne Beachley Larissa Barbieri Foto e vídeo: Jesus "Zorro" Fotos: Roberta Borges Fotos: Roberta Borges Gabriela Teixeira Diana Cristina Fotos: Roberta Borges Karina “Brigadeiro” Barbosa Keala Kennely Fotos: Roberta Borges Andrea Lopes Maya Gabeira Fotos: Roberta Borges Jacqueline Silva Silvana Lima Fotos: Roberta Borges Claudia Gonçalves Katarina Petroni Foto: Arquivo pessoal Tivemos que repetir a foto da capa! Agora com o ângulo aberto. Alguém arrisca dizer a altura correta desse aéreo? S A LT O A LT O SILVANA LIMA e seu voo mais alto etapa do arra em uma No Píer da B o de sua obras, começ Circuito Petr fissional o surfista pro m co ra ei rr ca N ão consigo precisar exatamente em que ano foi: eu ainda competia como amadora e, no Ceará, rolava uma etapa do Circuito Brasileiro. O que me lembro com exatidão é de uma menina, que devia ter no máximo dez anos, mostrando um surfe de respeito e que, nos intervalos das baterias, arrebentava no futebol. Em meio a muita diversão, a sua determinação foi o que mais me chamou atenção. O surfe feminino se profissionalizou e, anos depois, essa mesma determinação invadiu o Circuito Profissional de Surfe Feminino: aparecia, para o Brasil, Silvana Lima. O futebol agora é só diversão; as ondas são a sua profissão. Sua determinação havia duplicado. Quando nos demos conta, ali estava ela, assombrando a todos, com um surfe veloz e de manobras supermodernas – que naquela época já incluía os aéreos. No primeiro ano, sagrouse campeã do Circuito Petrobras, mas isso não era o suficiente. Na sequência, ambientada com o glamour e as possibilidades que o surfe poderia oferecer, em seu ano de estréia no Supersurf foi vice-campeã e, logo depois, carimbou por duas vezes consecutivas o título de campeã brasileira. Naquela época, eu sempre comentava que o lugar dessa cearense era o Circuito Mundial... Não demorou muito. Após a carreira meteórica nas ondas do Brasil, ela conseguiu os Foto: Rick Werneck Por Brigitte Mayer Fotos: Rick Werneck patrocinadores que a possibilitaram a se dedicar às etapas do WQS. Silvana, ruma ao mundo, com a mesma determinação – e em pouco tempo assombrou as gringas, e também as ondas perfeitas que faziam parte dos seus sonhos. Ela não escondia que estava ali com um único propósito. Muito pelo contrário, falava em alto e bom tom: o objetivo era estar entre as melhores do mundo. E o seu surfe falava por si só. Em uma oportunidade, quando ainda não era surfista do WCT, foi convidada a participar da etapa de Honolua Bay, em Maui. Sua estréia não poderia ser mais impactante: na primeira onda, deixou todos de queixo caído e arrancou dos juízes uma nota 10. Unânime. Seu recado estava dado: “Cheguei!” Após ter corrido integralmente o circuito WQS, a tão sonhada vaga foi conquistada. Atualmente, ela está em sua quarta temporada como surfista da elite mundial, e seus Surfe ou futebol? Surfe! Escolha correta, atitude nas ondas do AlfaBarrels no extinto Píer da Barra resultados no ranking WCT são impressionantes: nono em 2006 (nesse mesmo ano, foi “Rookie of the Year”), terceiro lugar em 2007 e vice-campeã em 2008. Uma das suas muitas vitórias no Circuito Brasileiro Profissional Alguém duvida que a cearense que voar muito mais alto? Fotos: Brigitte Mayer Apesar de ainda não ter vencido nenhuma etapa do WCT, bateu na trave por diversas vezes. está sedenta de vitória. E, pelo visto, parece que isso é o alimento da sua determinação. Mas ao ser perguntada se era a determinação ou a dedicação a palavra que a definia, ela responde rapidamente: dedicação. Diante de tal resposta, uma vitória no WCT – e, consequentemente, o primeiro titulo mundial de um surfista brasileiro no Tour Mundial – parece muito mais perto do que imaginamos. Afinal, no caso da Silvana, a combinação de determinação e dedicação, aliados ao talento, é nada menos que explosiva. E essa combinação faz uma campeã. is de Silvana, Um dos muitos visua s de tererê nos cabelo Foto: Rick Werneck Aéreos como esse impulsionaram o surfe feminino. Silvana elevou o patamar do surfe feminino brasileiro, que teve que se adequar a uma nova era Fotos: Arquivo pessoal aixão uma p s i a ira, m Capoe Atitude nas maiores. Cavada rumo ao lip em Rocky Rights, Oahu / Hawaii QUIZ: Manobras como essa a levaram ao topo do ranking mundial. Silvana era só sorriso na festa de premiação do WCT aqui com o seu troféu de vice-campeã de 2008 Coleção de notas 10 ou uma vitória no WCT? Uma vitória no WCT. Um aéreo nas alturas ou uma semana relax sem ondas em Maraú? Um aéreo nas alturas. Determinação ou dedicação? Dedicação. Fotos: Arquivo pessoal WCT é um sonho realizado ou um sonho ainda a ser vivido? Um sonho ainda a ser vivido. ssoal ivo pe u q r A : Fotos Batida reta: Onde vai parar Silvana Lima? Onde Deus permitir. (risos) k ernec ick W R : o t Fo O WCT era tudo isso que você imaginava? Sim, imaginei dessa mesma forma que é (risos), e que não é fácil! (mais risos) soal o pes Arquiv : o t o F O que falta para a vitória de número 1 no WCT? Me pergunto isso todos os dias. Ainda não consigo entender! Foto: Rick Werneck Qual era o sonho da menina Silvana aos dez anos? Ser quem eu sou hoje. Fotos: Arquivo pessoal Outro momento no Hawaii, indo vertical rumo ao lip. Quando está flat o lance é relaxar no Standup surf, de férias na península de Maraú Foto: Arquivo pessoal Mesmo de férias, Silvana estende seus limites. Invertendo tudo em Itacaré, 2009 Foto: Cleusa de Oliveira , Aconcagua AVENTURA ACONCÁGUA, a outra face Por Emilia Takahashi Fotos: Cleusa de Oliveira e Emilia Takahashi inalmente o dia havia chegado. Depois de muito treino, preparação, planejamento e ansiedade, estávamos em Mendoza no dia 12 de dezembro. Éramos seis: eu, Cleusa e Chen, de São Paulo, Wally, William e Rosiane, do Rio. Na cidade, adquirimos o “Permiso de Ascenso” obrigatório e contratamos o serviço de mulas. Uma van nos transportou para Penitentes, uma das “vilas” de porta de entrada do parque. Altitude: 2.800 m.s.n.m. (metros acima do nível do mar). No dia seguinte, já na entrada do parque, no Posto de Guarda Parque de Horcones, recebemos orientação e um saco plástico para o lixo, numerado para cada “permiso”, e demos início a nossa grande jornada. No dia seguinte, fizemos uma caminhada a Plaza Francia, onde conhecemos a parede sul do Aconcágua. Uma parede imensa composta por rocha e geleiras com quase 3.000 metros de F A caminhada começa tranqüila. O ar é muito seco, a terra fina, mas a falta de oxigênio começou a fazer efeito. Chegamos cansados no primeiro acampamento de Confluência. O processo de aclimatação do nosso corpo às altas altitudes exige paciência; passamos as três primeiras noites a 3.300 metros de altitude. Jantamos e dormimos sob o céu repleto de estrelas! Primeiro contato com o Aconcágua: só alegria! Começamos a caminhar umas quatro horas da tarde. O sol é bem forte e faz calor em Horcones. A caminhada de Horcones para Confluência é prevista para quatro a cinco horas altura. Avalanches são constantes, impondo respeito e admiração: lá se encontram a alma de vários montanhistas que resolveram desafiá-la. A caminhada para o próximo acampamento é longa, entre vales lindíssimos. A vegetação se encerra por completo. Chegamos no Refugio de Plaza de Mulas, a 4.300 metros, após 12 horas de caminhada. Chen apresentava sinais acentuados de fraqueza. Ele passou mal a noite inteira. No dia seguinte os médicos deram o laudo: Chen estava com edema pulmonar, com excesso de líquido no pulmão direito e na parte inferior do pulmão esquerdo, e teria que descer imediatamente. Foi carregado pelos “guardaparques” para o helicóptero, enquanto ainda assimilávamos o que estava acontecendo. Era o nosso amigo indo embora da montanha. É intrigante como cada pessoa reage de uma forma à altitude. De acordo com o médico, são muitos fatores que podem influenciar: alimentação, velocidade de subida. Esse é um dos vales a atravessar... lindo e interminável! Emilia e Cleusa Chen Emilia e a Parede Sul Emilia e Wally Continuando a caminhada... Vale das montanhas gigantes e as formigas de gente. As fotos valem para ter uma noção de tamanho entre as pessoas e a altura das montanhas. A Parede Sul está ficando grande! Até genética. Ezio, o senhor que conhecemos no Refugio, falou também da influência do tipo de sangue. São tantos fatores que não há como prever. Passamos os próximos dias caminhando pelos arredores; Cleusa teve dificuldades em se adaptar às botas plásticas que teríamos que usar a partir de lá. Wally a orientava na pisada: as botas plásticas são rígidas, não dobram, e com isso modifica o jeito de caminhar. Penitentes, formações bem curiosas Plaza de Mulas Em Plaza de Mulas, uma cidade de barracas e toldos, encontramos com Miriam e Naka, de São José dos Campos, com quem havia trocado alguns e-mails no Brasil. Conhecemos Marcio, de Valinhos. Miriam contou que subiu para Plaza Canadá, sentiu fortes dores de cabeça e desceu. Voltaria para Mendoza no dia seguinte. A aclimatação de Wally também não estava tão boa quanto das outras vezes que esteve lá. Essa era a quarta vez que estava na montanha. Após uma reflexão, Wally resolveu descer. A altitude amplifica o desgaste físico e psicológico nas pessoas. Ele e Miriam seriam os próximos a deixar a montanha... Fizemos um porteio para Plaza Canadá. Levamos parte dos equipamentos a 4.800 metros para, no dia seguinte, retornar com menos peso. Mesmo assim, as nossas mochilas ainda pesavam mais de 20 kg. Encontramos com Naka e Marcio, que tinham feito o porteio para De Canada a Nido de Condores Nido de Condores naquele dia. Era o próximo acampamento. Cleusa chegara com muita dor de cabeça nos acampamentos. Peguei o saco de nylon e fui trabalhar, e a essa altitude tudo cansa: picotar o gelo, colocar o gelo no saco, carregar... Pois é, acabou a moleza de ter água prontinha. Tínhamos que ter muita paciência para derreter gelo para o nosso consumo, de 5 a 6 litros diários. Vista de Nido de Condores, a 5.400 metros Acordar com dor de cabeça, tomar água, café da manhã, arrumar a barraca e a mochila: esta seria a nossa nova rotina. De acordo com a previsão meteorológica, havia uma janela de tempo bom e pouco vento no Natal, dia 25. Resolvemos tentar. Com economia, conseguimos empacotar tudo na mochila, que estava pesada – mas não teríamos que voltar. A vista de Nido é muito bonita, a 5.400 metros. Já estávamos mais alto que muitos picos nevados ao redor. O pôr-do-sol, então, é fantástico: as rochas ficam vermelhas, o céu, uma mistura de rosa e lilás. Comemos a comida liofilizada com muita má vontade: a altitude estava afetando nosso apetite e o gosto também não ajudava. Naka não conseguiu comer. Estava com oxímetro baixo, não dormiu a noite inteira e resolveu descer no dia seguinte. Até acordar, arrumar as coisas, sempre levava um tempo, e quanto maior a altitude, maior esse tempo. Passo a passo, fomos ganhando altitude até Berlim, o último acampamento. O ruim era comer alguma coisa no meio do caminho: as barrinhas congelavam, o tubo de água Por do sol em Nido... que cores! Todos saem das barracas para ver o pôr-do-sol. Pura poesia... em forma de imagem. Cleusa, subindo de Independencia, e as nuvens se aproximando Natal 2008: dia do ataque ao cume também; tirar a luva, nem pensar. A 5.800 metros de altitude, ficamos dentro da barraca preparando água e a mochila para o dia seguinte. Foi a noite mais mal dormida de todas. Saímos às 06:30 para o ataque ao cume, e fazia muito frio. Os dedos dos pés estavam congelados. Botas plásticas, casaco de pluma, “mitones”, “balaclava”, “googles”, capuz: parecíamos astronautas caminhando. Lentamente, seguíamos os passos dos grupos a nossa frente. Em Independência, o último refúgio, a 6.500 metros, fizemos uma grande pausa; comemos algo e bebemos água quente. Logo acima, o gelo predominava. Era hora de colocar os “crampons” nas botas. Cleusa começou a dar sinais de cansaço. Eu insistia para que continuasse, mas ela resolveu voltar. Olhei no relógio: eram 13:00. Tinha que chegar na canaleta até às 14:00 e, no cume, até às 17:00. Eram meus horários limites. Cleusa me disse: “Juízo, hein?” Apertei o passo e cheguei aos pés da canaleta no limite do horário. Mandei o último saquinho de carboidrato goela abaixo, mas o tempo começou a fechar. No meio da canaleta, o desespero começou a bater. O sofrimento tomou conta dos pensamentos. Sentia vontade de chorar. Cruzei com o Marcio, que voltava do cume. Aí soltei as primeiras lágrimas. Ele me deu um abraço e falou: “Mais uma hora e você está lá. Virando aquelas pedras, tem só uma subidinha para se emocionar, como eu me emocionei”. Chorando e andando, já não sabia quem eu era mais, nem o que pensar. Olhava para a direção e só sabia que tinha de continuar. Passei pelas rochas finais fazendo uma curva para dentro da montanha e logo avistei a cruz do cume! Sentei e comecei a chorar muito, de alívio. O sofrimento havia acabado. Não teria mais que subir. Acabou. O cume é um platô considerável, mas eu não saí do lado da cruz. Depois de me recompor, tirei algumas fotos e comecei a outra parte: a descida. Estava muito cansada, exausta, tropeçando, “... logo avistei a cruz do cume! Sentei e comecei a chorar muito, de alívio. O sofrimento havia acabado. Não teria mais que subir. Acabou.” escorregando, me arrastando caminho abaixo. Conforme descia, a sensação ruim ia melhorando. Cheguei no escuro, entrei na barraca e deviam ser umas 22:00. Ainda troquei umas palavras com Cleusa e Marcio, e mal conseguia tirar as botas. Capotei. com as pessoas subindo, ansiosas por qualquer informação. É engraçado ver depois a ansiedade nas pessoas que estão chegando. Lembrei de quando entramos no parque com a mesma apreensão. Uma van nos levou até Mendoza. Agora, era só alegria com cume ou sem cume: estávamos voltando para casa. Chega de água, chega de comida liofilizada, chega de sacrifício. Arrumamos nossas coisas com uma felicidade sem igual. Deslizamos para baixo. Chegando no Refugio, recebemos abraços do pessoal: Eduardo, Lito, Rodrigo, Anita. Tomei um banho merecido, que deve ter demorado mais que os sete minutos permitidos. O retorno à civilização traz um conforto valorizado: mesa, cadeira, sopa, um bife argentino, salada, suco e sobremesa. Eduardo trouxe o champanhe para brindarmos. No dia seguinte, Wally e Chen bateram na nossa porta e nos deram um abraço. Estávamos juntos novamente. Lembro que, no cume, senti a falta de meus companheiros de viagem e lamentei que não estavam ali ao meu lado. Ter alcançado o cume foi uma grande satisfação, e o companheirismo entre aqueles que o demonstraram mostrou ser tão importante quanto. No último dia, caminhamos até a entrada do parque. O que levou 12 dias para subir, levou dois dias para descer. Cruzamos Wally, Chen, Miriam, Naka, Cleusa e Emilia Marcio e d r a h l u o o i o l g Pe r e t S o k e Al Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Assista ao vídeo no acesso online Foto: Aleko Stergiou/ Waves TAHITI Keala Kennely Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Claudia Gonçalves Assista ao vídeo no acesso online Claudia Gonçalves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Claudia Gonçalves Assista ao vídeo no acesso online Foto: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Fotos: Aleko Stergiou/ Waves Foto: Aleko Stergiou/ Waves Um dia de folga... Para um campeonato de surfe acontecer as ondas, devem ter no mínimo 50 cm. O show só começa quando a natureza, que tem seu próprio tempo, resolve se manifestar. E isso só acontece com a devida combinação de ondulação, vento e marés. É nessa hora que o balanço do mar faz a alegria dos surfistas, tornando os campeonatos um show à parte. E quando não rolam as baterias, o que a galera costuma fazer? Uns simplesmente descansam em seus quartos de hotel; outros, vão curtir uma praia; e alguns ficam com seus livros, computadores, ou curtem uma música. Mas tem aqueles que optam por conhecer o lugar em que estão e suas atrações. Em 2008 aconteceu na Praia do Forte, na Bahia, o WQS Billabong Eco Surf Festival. E quando Silvana Lima, Nathalie Martins, Renata Tambon e Chantalla Furnetto estavam de folga, não perderam a oportunidade e foram conhecer o Projeto Tamar. Lá, elas puderam acompanhar o trabalho que há anos vem sendo desenvolvido para a preservação das tartarugas marinhas. Os visitantes podem contemplar as tartarugas, tubarões, peixes nativos, entre outros, sempre com o acompanhamento dos biólogos, que passam todas as informações sobre o projeto. Se você algum dia você estiver por lá, não deixe de conhecer um pouco desse projeto que ajudou as tartarugas marinhas – que estavam prestes a entrar na lista de espécies ameaçadas de extinção – a reencontrar o seu caminho de volta ao litoral brasileiro. Por Brigitte Mayer Fotos: Brigitte Mayer Fotos: Brigitte Mayer Foto: Pedro Campos Silvana Lima Foto: Pedro Campos Renata Tambon Foto: Roberta Borges Nathalie Martins Foto: Rick Werneck Chantalla Furlanetto Kitesurf Foto: Rick Werneck Milla Ferreira • Marcela Witt Por Brigitte Mayer N ão se sabe precisamente quando e em que lugar o kite – como forma de locomoção – surgiu. Existem relatos que apontam a China, onde há mais de dois mil anos as pipas eram usadas para o transporte de materiais pesados de construção e também ajudavam na navegação de barcos. Daqueles tempos para cá, os objetivos se transformaram e as pipas agora tem um outro uso. Nos dias de hoje, as pipas, que já haviam contagiado os windsurfistas, invadiu de vez as praias do Brasil e o número de surfistas que praticam o kite aumenta rapidamente. Nada mais natural que as garotas que gostam de adrenalina começarem a demonstrar interesse em praticar essa modalidade que proporciona momentos de extrema emoção. Numa tarde de verão, dezenas de kites passam para lá e para cá na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ventos de 25 a 30 nós arrastavam alguns kitesurfistas, deixando à deriva desde os novatos até os mais experientes. Neste cenário, encontramos Marcela e Milla, duas kitesurfistas da nova geração carioca. Confesso que estava apreensiva vendo as meninas se aprontarem para velejar em ventos de tal grandeza, já que a velocidade não deixava um grão de areia no lugar. Foto: Rick Werneck MENINAS QUE VOAM: dupla carioca promete Foto: Rick Werneck KITESURF Mas após uns poucos minutos, fui convencida: essas meninas estavam se divertindo, e se divertindo muito, entre saltos nas alturas, manobras aéreas radicais e surfando as marolinhas que pintavam. Pareciam incansáveis. Após algumas horas, apesar de falarmos que já tínhamos material suficiente, velejando em direção à areia depois de tentarem fazer uma manobra em conjunto, elas gritam da beira d’agua: “Só mais uma!” Se dependêssemos delas, estaríamos lá até agora! AGRADECIMENTOS: www.bintang.com.br Fotos: Rick Werneck Marcela Witt Fotos: Rick Werneck Milla Ferreira Fotos: Rick Werneck Marcela Witt Milla Ferreira Marcela Witt, 18 anos “ Quando não tem vento, se tem onda eu vou surfar e depois para o circo. Circo, sim! Faço Escola Nacional de Circo! Pratico todas as modalidades, como o trapézio de vôo, lira, solo, fita. Inclusive estou até fazendo uns trabalhos como dublê com as coisas que aprendi no circo. Tenho aula todos os dias à tarde. E também estou cursando moda, atualmente no quarto período. Entre o kite, a Escola de Circo e a moda? Se eu pudesse, velejaria em tempo integral. Participei apenas de algumas etapas do circuito nacional, mas queria muito correr o mundial e me dedicar somente ao kite. Só que para isso precisaria de um patrocinador. Para ser campeã? Acho que tinha que ter mais vento aqui no Rio! Quase sempre tem muito vento para surfar, e pouco para velejar. Gosto de ventos fortes, em torno de 16 nós, condição ideal para usar pipa número 7. Para as meninas que querem começar, eu diria que o kite é a maior emoção: elas não vão se arrepender! Não acho que tem perigo ou risco se você velejar com segurança. Tem que ter responsabilidade, o equipamento apropriado e saber o que está se fazendo. Se o kite é esporte para meninas? Lógico! Infelizmente, quase não tem mulheres praticando, mas sempre aparece uma na praia. Não acho que seja um esporte masculino, de jeito nenhum: tem até algumas coisas bem femininas no kite, como a exigência de uma maior flexibilidade. Freestyle, wave ou regata? Freestyle, com certeza! Sem comparação, gosto muito mais! ” Milla Ferreira, 18 anos “ Quando não tem vento vou surfar. Sou profissional do kite e irei disputar todos os campeonatos do Circuito Profissional Brasileiro e também as etapas do Circuito Mundial que acontecerão no Brasil. Existe a possibilidade de correr as outras etapas do mundial mundo afora. Sou duas vezes vice-campeã brasileira na categoria Waves (2007/2008) e terceira colocada por duas vezes na categoria Regata (nos mesmos anos). Para ser campeã? Estou treinando muito na água, e vou começar uma preparação específica na academia. Também vou começar a cursar a faculdade de Psicologia no próximo semestre. Esportes? Todos! Gosto de surfar, jogar tênis, bola... o que pintar! Muito gente acha que o kite é perigoso. E realmente é perigoso se você não estiver preparada. Quem vai iniciar no esporte deve procurar uma escolinha que seja homologada pela IKO (International Kite Organization). Kite é um esporte que posso fazer vários num único. É possível surfar, voar e dar saltos acrobáticos! Se o kite é esporte para meninas? Com certeza. Não tem essa de ser esporte masculino não! ” FISIOTERAPIA: REMÉDIO para dores nos ombros Fotos: Brigitte Mayer SAÚDE 1 1) Sentada, coluna ereta, abra os braços lentamente e permaneça por 15 segundos, com o cuidado de não ultrapassar a linha média dos ombros. Repita 3x. 2 2) Com um braço estendido à frente, vire a palma da mão e alongue os dedos com ajuda da outra mão. Repita 2x por 15 segundos cada lado. Por Liane Guimarães A s dores nos ombros são queixas frequentes entre os surfistas. O esforço de remar contra a maré pode provocar um desequilíbrio na musculatura dos ombros e facilitar a ocorrência de lesões nesta região. Os músculos responsáveis pelo movimento de rotação interna do ombro sofrem uma sobrecarga maior. Isto se dá pelo movimento contra a resistência na hora da para vencer a maré, no sentido oposto. Já os músculos rotadores externos, que levam os ombros para trás, são menos solicitados. O resultado é a instabilidade dos ombros, provocando dor, limitações de movimento e degenerações de algumas estruturas. Para um bom funcionamento dos ombros, é preciso que haja equilíbrio entre os músculos. É importante, portanto, que o atleta pratique atividades complementares que atuem na prevenção e no fortalecimento. E a fisioterapia deve ser usada como prevenção. Exercícios, orientações posturais e balanceamento muscular proporcionarão o preparo atlético adequado para um melhor desempenho em seus treinos e competições. Você que é surfista profissional ou amador, não espere a dor aparecer: procure um profissional na área que possa lhe orientar corretamente. Boas Ondas! 3) Eleve o braço e flexione o cotovelo passando por trás da cabeça com ajuda da mão oposta; permaneça por 15 segundos. Repita 2x de cada lado. 5 4) Sentada, coluna ereta, leve o braço estendido na direção oposta com ajuda da outra mão; empurre lentamente e permaneça por 15 segundos. Repita 2x de cada lado. 4 5) Deite-se sobre as pernas flexionadas, leve os dois braços à frente. Permaneça por 15 segundos, passe os braços para o lado do corpo e fique mais 15 segundos. 6) Deite-se de barriga para baixo. Pernas estendidas, cotovelos flexionados e eleve o tronco. Fique por 15 segundos e desça lentamente. Repita 3x. 6 Fotos: Brigitte Mayer Foto: Rick Werneck 3 7) De pé, coluna ereta, flexione a cabeça para o lado lentamente. Permaneça por 15 segundos. Repita 2x para cada lado. 8 8) Prenda uma ponta do elástico em uma barra vertical e a outra ponta segure com uma das mãos. Com o cotovelo flexionado em 90º, gire o antebraço lentamente, levando a mão em direção ao abdômen. Faça duas séries com dez repetições para cada lado. 9 9) Mude de posição conforme mostra a foto e repita o movimento ao contrário, levando o braço do abdômen para lateral do tronco. 10 10) Alongue os dois braços na barra. IMPORTANTE: Durante os exercícios você deve ficar atento a sua postura, deve realizar uma respiração lenta e profunda. Fotos: Brigitte Mayer 7 Fotos: Brigitte Mayer 11 12 11) Prenda uma ponta do elástico na parte de trás dos pés, e outra ponta segure com as duas mãos flexionado e estendendo os cotovelos por trás da cabeça. Faça três séries com dez repetições para cada lado. 12) Passe o elástico por baixo dos pés, segurando uma ponta em cada mão. Flexione os cotovelos a 90º. Faça três séries com dez repetições cada. 13) Alongue os braços nas três posições das fotos. PERGUNTAS E ORIENTAÇÕES: 13 LIANE GUIMARÃES lianeguimarã[email protected] AGRADECIMENTO: BÁRBARA RIZZETO, 17 anos É campeã carioca amador de 2008. Disputa o Circuito Brasileiro Amador (CBS) como integrante da equipe do Rio de Janeiro de surfe. Disputa também o Circuito Petrobras nas categorias Junior e Open. Neymara Carvalho, 32 anos, tetracampeã mundial de Bodyboarding BODYBOARD TETRA MUNDIAL do BB Foto: Mário Nakamura Por Roberta Milazzo, Renata Cavalleiro e Soraia Rocha Neymara Carvalho, 32 anos, tetracampeã mundial de bodyboarding. Não é preciso explicar a importância desta atleta para o Brasil. Mas isso a gente, da EHLAS, deixa para a própria Neymara contar... ehlas: A última etapa estava sendo muito aguardada pois, além de você, Isabela Sousa e Jéssica Becker tinham chances reais de alcançar o título. Qual era a sua expectativa para cada bateria até chegar à final contra a Jéssica, que naquele momento era a líder do ranking? Foi o título mais disputado e mais emocionante da minha carreira. A Jéssica só abrilhantou essa vitória, pois ela foi supercompetitiva e muito concentrada para essa final. A cada bateria que ela passava eu tinha a obrigação também de passar a minha seguinte, para me manter na disputa. Considero ela a atleta mais completa da nova geração, e ela mostrou isso muito bem. Na noite anterior à grande final, eu quase não dormi de tanta ansiedade! Estava concentrada na vitória e fui para isso! Graças a Deus deu tudo certo. Puxando um invertido em Rio das Ostras Foto: Mário Nakamura Neymara Carvalho executando um ARS em Sintra Foto: Rick Werneck Diversão na Joatinga “Foi o título mais disputado e mais emocionante da minha carreira.” ehlas: Conta aqui para a gente: qual é a sensação de desfilar a céu aberto no carro dos bombeiros? Foto: Mário Nakamura Sinceramente, não acho que mereço tudo isso. Mas meu pai adora e ele faz questão dessa festa toda. Daí acabo cedendo para ter essa grande festa. Eu sempre fico muito envergonhada e sempre chamo alguém para ir no carro comigo. Este ano [2008], a Jéssica estava junto e foi muito legal. Só penso nas pessoas nas ruas esperando o carro passar para me parabenizar... Isso me dá uma grande satisfação, porque são pessoas simples que torcem de coração. ehlas: No ranking final de 2008, das dez melhores atletas, oito são brasileiras. Você acredita que vamos continuar mantendo nossa hegemonia por muito tempo? Como você avalia o desempenho das duas estrangeiras que estão nessa lista (Eunate Aguirre e Natasha Sagardia)? Comemorando o tetracampeonato nas Ilhas Canárias (dez/2008) Acho as duas grandes atletas. Natasha está crescendo ano a ano, foi campeã Pan-Americana, e depois Campeã Mundial do ISA Games. Ela está a caminho de um título mundial, tem surfe em ondas grandes, sabe pegar tubo, não tem medo mesmo. Acho que vai ser uma campeã mundial – com certeza. A Eunate está buscando tudo isso também. Atualmente ela está aqui no Brasil: veio treinar as nossas merrecas para poder se aprimorar. Acho que essa atitude é que vai mandar na conquista de títulos daqui para frente. Temos grandes nomes de atletas brasileiras que vão disputar com essas meninas aí, mas tem que viajar para se aprimorar também. Quero vê-las no Hawaii, Indonésia, conhecendo outros mares para ficarem a cada dia mais completas. A diferença entre as nossas brasileiras é que temos a competitividade, e as gringas têm a linha de onda e o “know how” para tubos. ehlas: Você investe forte no esporte: tem uma marca com seu nome, uma loja no maior shopping de Vila Velha, faz Foto: Rick Werneck Entubando na Joatinga aulões de bodyboard. Fale um pouco mais sobre este trabalho. Sou muito grata a tudo que o esporte me proporcionou. Pude viajar, conhecer outras culturas, fazer amigos para a vida toda, ser um ser humano do bem. Isso foi o esporte que me deu. Quero poder passar um pouco disso adiante, para outras pessoas. Sou muito feliz com tudo isso e tento dividir o máximo com os outros. Nos aulões, fico simplesmente maravilhada, porque é muito gratificante poder ensinar e ver no rosto das crianças e adultos a alegria de surfar sua primeira onda, além de poder levar crianças com algumas limitações ou sofrimentos para um dia de lazer Hoje existem atletas que correm o Circuito Brasileiro que começaram no meu aulão É uma satisfação enorme! A loja eu abri em dezembro e estamos crescendo pouco a pouco. Foi uma oportunidade ímpar e tive que abraçar. Todos os dias vou um pouquinho lá para acompanhar de perto. ehlas: Sabemos que você, em parceria com a Produtora Cinerama Brasilis, está preparando um filme que conta a sua trajetória no BB. O que você considera como ponto alto dessa filmagem? Qual a previsão para o lançamento? Esse filme é um projeto antigo. Acho que minha história de verdade poucas pessoas conhecem. Provavelmente, de todas as pessoas que convivem comigo hoje em dia, somente a Karla Costa teve a oportunidade de vivenciar um pouquinho o que eu era, onde morava, as minhas dificuldades para me manter no esporte. E é isso que quero mostrar para galera: a minha garra e dedicação para chegar onde cheguei. Mostrar que, quando sonhamos e acreditamos, a gente pode conseguir, sim! Quero deixar eternizado isso para que as próximas gerações possam usar como motivação, ou mesmo como base de pesquisa dentro da nossa história do esporte. Tive a felicidade de reencontrar Fotos: Arquivo pessoal Neymara em ação nos "Aulões" na Barra do Jucú Sequência nas Ilhas Canárias, rumo ao tetracampeonato Fotos: Mário Nakamura Cláudia Sabóia descendo uma direitona em Nias Foto: Rick Werneck Preparando a manobra na Joatinga, pura diversão ehlas: Ser a atleta que mais conquistou títulos no bodyboarding é um marco que toda atleta deseja atingir. Quais são seus planos para o futuro? Meu objetivo agora é de conquistar o penta mundial, e aí sim ser um marco na história do esporte – como a primeira atleta no mundo a obter esse título. Também quero surfar a pororoca e colocar isso no filme. ehlas: O ISA Games acaba de anunciar a exclusão do bodyboarding em seus jogos, a partir de 2009. O que você pensa desta resolução? Vamos tentar acreditar que o presidente realmente vai fazer um ISA somente dos bodyboarders, como ele anunciou, e aí, sim, a gente vai poder contestar ou não. Acho lamentável, mas fazer o que, né? ehlas: Para finalizar, deixamos Fotos: Arquivo pessoal Foto: Maciel Dias o Mario Nakamura, e ele topar realizar o projeto junto comigo. A previsão de lançamento nos cinemas é março de 2010. Neymara tem sua loja no Shopping Praia da Costa aqui um espaço aberto para você dizer o que quiser, mandar o recado que tiver vontade para todas as EHLAS que acompanham a revista. Quero dizer que a revista está show, linda, e parabenizar pelas entrevistas, sempre muito boas. Também às meninas de todos os esportes, que lutem pelos seus sonhos e corram atrás deles. A gente sempre consegue – é claro que com muita dedicação e garra. Fiquem longe das drogas, porque isso só retarda seu crescimento, e curtam a vida saudavelmente: isso sim é viver! Beijos e boas ondas. Com a filha Luna BELEZA CABELO LINDO e hidratado após o verão! Por Claudia Gonçalves em direção às pontas. Isso evita o excesso de oleosidade, que pode até causar queda de cabelo. • Deixe o produto agir durante o tempo indicado pelo fabricante. A hidratação excessiva, em vez de embelezar os fios, pode deixá-los oleosos. Aqui vão algumas sugestões: O verão é época de praia, sol, mar e piscina. Tempo de aproveitar as férias, curtir esse clima de calor e pegar aquele bronze. Desfrutou bastante de tudo isso? Maravilha! Mas agora é hora de recuperar a saúde do cabelo e da pele, que sofreram com todos esses efeitos do verão! Escolha o tratamento ideal para você As ampolas são rápidas e poderosas, e as máscaras de tratamento também são excelentes aliadas na recuperação do cabelo. Ambas hidratam e nutrem as fibras capilares que sofrem com a temporada de sol e mar. A frequência da aplicação depende da condição de cada cabelo: os muito ressecados podem usar semanalmente, os normais, a cada 15 dias, e os oleosos, uma vez ao mês. AMPOLAS: são aplicadas durante o banho. Depois de distribuir o produto por todo cabelo, faça uma massagem para melhorar a circulação no couro cabeludo. As ampolas agem durante cinco a dez minutos e devem ser usadas uma vez por semana ou a cada 15 dias, dependendo do estado do cabelo. MÁSCARAS: são os cremes que possuem ativos concentrados e alto poder de hidratação. Mas atenção para os seguintes cuidados: • Jamais passe o creme na raiz. Distribua o produto pelo fio, 1- Xampu e condicionador Vitamino Color, da L’oreal Paris 2- Máscara Vitamino Color, da L’oreal Paris, repara e dá brilho 3- Creme para pentear Vitamino Color, da L’oreal Paris, dá luminosidade para cabelos coloridos 4- Gloss disciplinante para cabelos com mechas Lumino Contraste, da L’oreal Paris 5- Ampola Power Repair, da L’oreal Paris 6- Xampu e condicionador Pantene Renovação para cabelos secos e danificados 7- Creme para pentear Pantene Renovação para cabelos secos e danificados 8- Seda Verão Ilumine Aqua para pentear MÁSCARA PÓS-VERÃO MÁSCARA ULTRA-HIDRATANTE INGREDIENTES: INGREDIENTES: • ½ mamão • 1 banana • 1 colher (de sopa) de azeite • 1/2 copo de iogurte natural • 1/2 mamão papaia • 1 colher de sopa de óleo mineral COMO APLICAR: Bata tudo no liquidificador até a mistura ficar homogênea. Aplique nos fios e deixe agir por 20 minutos. COMO APLICAR: RECUPERE A FORÇA INGREDIENTES: • 4 folhas de babosa • 1 cenoura média COMO APLICAR: Corte as folhas de babosa ao meio, retire a parte inteira e reserve. Rale a cenoura, junte com a babosa, misture até fomar uma pasta e esprema (retire o excesso do líquido). Aplique a pasta nos fios e envolva o cabelo em uma toalha. Deixe agir por 20 minutos, enxague e lave. Amasse bem as frutas e acrescente o azeite. Mexa bastante. Passe no cabelo logo após lavar com o xampu e deixe agir por 20 minutos. Para potencializar o efeito, use touca térmica ou enrole o cabelo em papel alumínio. RECUPERE A FORÇA INGREDIENTES: • 1 iogurte natural • 2 colheres de sopa de mel • 1 clara de ovo • 1 colher (de sopa) de óleo de amêndoas COMO APLICAR: Coloque todos os ingredientes em um recipiente, misturando-os com uma colher. Espalhe em todo o comprimento e deixe agir por 20 minutos. Se desejar potencializar o efeito, use touca térmica. REESTRUTURE OS FIOS REACENDA O BRILHO INGREDIENTES: INGREDIENTES: • ½ abacate • 1 clara de ovo • 1 copo de iogurte natural • ½ manga rosa grande • 1 colher (de café) de óleo de girassol COMO APLICAR: Bata tudo no liquidificador e aplique no cabelo. Envolva os fios com uma toalha, deixe agir por 30 minutos e lave. COMO APLICAR: Bata os ingredientes no liquidificador e passe no cabelo molhado. Enrole uma toalha na cabeça. Após 20 minutos, enxague. Agradecimentos: Claudio Miguel Hair Design I nspirada nas sábias palavras de Jorge Benjor, a EHLAS preparou para vocês um editorial com o clima dos trópicos. Os acessórios são as estrelas do momento: use e abuse de óculos com shape retrô, como o modelo Frogskins da Oakley. E as maxbijou estão com tudo. Então, invista em colares e pulseiras extravagantes com looks mais discretos, como o vestido balonê em tons terra. As calças com bocas mais largas estão de volta, mas não aposente sua skinny: ao que tudo indica, elas vieram para ficar um bom tempo no seu guarda-roupa. Essa é a época do ano das grandes liquidações, por isso aproveite para comprar aquela roupa que você namorou o verão inteiro. Provavelmente, ela está pela metade do preço. E arrase nesse finalzinho de verão!! Produção: Camila Pellicciotte e Marina Freitas Texto: Camila Pellicciotte Modelo: Carla Morone Fotos: Silvia Winik FUTURO EHLAS Rafa no espirito “Aloha” FILHA DE PEIXE, peixinho é! Por Claudia Gonçalves Fotos Lika Maia R afaela Cavalheiro, filha de Icaro Cavalheiro, juiz do WQS e WCT, tem apenas 11 anos, mas com experiência e bagagem de gente grande. Ela começou a surfar aos três anos de idade no Balneário Camburiu e já acumula quatro temporadas havaianas – o que possibilitou surfar uma das ondas mais perfeitas do mundo e, também, praticar o inglês com seus novos amigos havaianos e australianos. Contudo, nessa última temporada, Rafaela saiu da rotina de criança e começou a ter responsabilidades de adulta ao ser convidada pela ASP Hawaii para trabalhar no circuito Triple Crown: lá, conseguiu juntar um bom dinheiro com objetivo de ajudar a comprar coisas que ela e sua família perderam na grande enchente que atingiu boa parte da região Sul do Brasil. Confira, a seguir, o bate-papo que a revista EHLAS fez com a Rafa. ehlas: O que ou quem mais a influenciou para começar a surfar? Por quê? O meu pai sempre me influenciou a surfar. Ele e minha mãe me levavam para surfar toda semana desde pequena (como ainda fazem). Comecei a surfar porque meu pai e ex-surfista profissional e atualmente juiz de surfe, e eu sempre o acompanhei nos campeonatos. Nos momentos de Haleiwa, Disneyland das grommets No palanque do Pipe Masters Rapha distribuindo as cópias dos resultados durante o Pipe Masters e nos intervalos do campeonato, um treino, pois niguém é de ferro! folga, ele me levava para surfar com ele. Nós ate já competimos juntos e, aos cinco anos, ganhei a minha primeira prancha. ehlas: Nesta sua última temporada havaiana, você trabalhou no campeonato Triple Crown. O que você fazia? Meu trabalho começava quando tocava a sirene de término das baterias: eu recolhia as papeletas dos juízes, pegava a cópia da bateria impressa e conferia as notas dadas pelos juízes. Caso tivesse alguma nota digitada errada, eu subia na sala dos juízes e mostrava a papeleta para o “head judge”. Também tirava 18 cópias e distribuía uma para cada um deles: “head judge”, locução para a praia, locução em inglês, locução em português, locução em japonês, “beach marshal”, cinco cópias para o escritório, três para a web e etc... ehlas: Foi você que tomou a iniciativa de querer trabalhar? Sim, porque eu acho uma coisa superdivertida. E foi uma experiência e tanto na minha vida. Hawaii aos 11 anos, base para o futuro Acompanhando as baterias das melhores do mundo em Sunset Beach ehlas: Você conseguiu juntar um bom dinheiro. O que fez com ele? ehlas: Você já fala inglês, não é? Aprendi a falar inglês com o meu pai, mas também faço essa disciplina no colégio e tenho praticado bastante nas viagens para o Havaí. Comprei presentes para mim e para minha família, e também ajudei a comprar coisas que nós perdemos na grande enchente. ehlas: Que outros lugares você ehlas: Como você fez para tem vontade de conhecer? Por quê? conciliar a escola no Brasil e essa sua viagem para o Havaí? Eu estudo no colégio Unificado, em Balneário Camburiu, há sete anos. Como tenho nota superior a 90% da turma, já sou passada na escola desde setembro. Além disso, no período de uns 20 dias de aula que eu perco normalmente, as minhas notas são duplicadas. Meu colégio incentiva a prática de esportes por seus alunos e acha superimportante para o meu futuro aprender novas línguas e novas culturas. Nos jogos escolares, participei das modalidades surfe, handball de praia e vôlei de praia. Consegui primeiro lugar no surfe, primeiro no handball e terceiro no vôlei. Austrália, Portugal, Espanha, Johanesburgo, a Disney, Taiti, México e muitos outros. Porque meu pai já foi para todos estes lugares e diz várias maravilhas sobre as ondas, as culturas e as diferentes línguas. ehlas: O que você quer ser quando crescer? Surfista, porque eu amo surfar! ehlas: Que mensagem pode descrever a sua experiência na temporada havaiana de 2008? Nossa essa temporada foi incrível: eu surfei, trabalhei, brinquei, fiz novos amigos e estou pronta para mais uma! COLUNA ECO-LÓGICA ANTIGOS PROBLEMAS, novas esperanças Por Laila Werneck Obama herda uma pesada herança de Bush O novo presidente dos EUA, Barack Hussein Obama, elegeu o meio ambiente como uma das áreas centrais da política do seu governo. No discurso da vitória, em Chicago, identificou e nomeou os seus primeiros desafios: as duas guerras em que o país está envolvido (no Iraque e no Afeganistão), a pior crise financeira do século e o planeta em perigo. Quanto aos dois primeiros ítens, deixemos com quem entende: economistas e belicistas. Falemos então daquele que é o tema dessa coluna: Nosso Planeta! Durante oito anos da era Bush filho, os EUA deram as costas para as questões ambientais e energéticas do mundo, desperdiçando as oportunidades que o planeta teve para reverter os problemas. Bush deixa pesada herança em questões ambientais: a não colaboração com as metas estabelecidas no Protocolo de Quioto; campanha sistemática de desinformação sobre questões básicas do ambiente e conservação; censura e manipulação de relatórios de técnicos e cientistas; concessão de zonas protegidas à exploração de minas, gás, petróleo e das madeireiras; corte de subsídios e orçamentos a programas de conservação da natureza; esvaziamento e desautorização da EPA; retirada dos ursos pardos e dos lobos da lista de animais em risco; apoio à caça da baleia e outras “coisinhas” mais... O que Obama promete? Obama definiu, em campanha, novos investimentos (mais precisamente, 15 bilhões de dólares) em energias renováveis (solar, eólica e biodiesel) como uma meta política com o objetivo de diminuir a dependência do país, por exemplo, em relação ao petróleo, garantir a segurança dos norte-americanos e gerar milhões de empregos. Seu governo abordará, igualmente, a luta contra o aquecimento global, e anunciou a criação de um comércio de emissões para os Estados Unidos. Seu programa de investimentos estará fortemente conectado a tecnologias ambientais e de proteção do clima. Para isso, conta com a ajuda do vencedor do Prêmio Nobel da Paz (por sua luta contra a mudança climática), Al Gore, grande defensor de uma política ativa contra a degradação ambiental. Seu filme “Uma Verdade Inconveniente” conquistou no mesmo ano o Oscar de Melhor Documentário (se você ainda não viu... Veja!). Al Gore será, com certeza, um interlocutor privilegiado do presidente no combate pela preservação do meio ambiente, independentemente do cargo que ocupará ou não no atual governo. Será que ele consegue? Com a crise global que assola o mundo, existe um alerta para o perigo de que a proteção do clima fique em segundo plano por causa do combate à crise financeira. Mas os problemas climáticos, quando não remediados, podem custar bilhões a longo prazo, transformando a crise financeira em problema pequeno. Além do mais, os profissionais de marketing atestam que, crises, mais do que impedimentos, criam oportunidades de bons negócios e investimentos. A proteção climática pode oferecer uma chance para superar a crise financeira e preparar o terreno para novas tecnologias, novos postos de trabalho e um novo impulso econômico. Barack Hussein Obama é o 44º presidente dos Estados Unidos da América e carrega a esperança e a expectativa de um mundo inteiro voltada para que o novo governo da maior economia – e uma das mais poluentes – do planeta reveja suas posições sobre proteção climática e promova uma mudança das políticas dos últimos oito anos, sob a (ir)responsabilidade de George W. Bush. E que os Estados Unidos voltem às negociações por um meio ambiente equilibrado em todo o planeta com um líder que parece ter compreendido a gravidade do problema. Ave Obama! , O novo presidente dos EUA, Barack Hussein Obama elegeu o meio ambiente como uma das áreas centrais da política do seu governo. Será que ele consegue? EHLAS, a revista das mulheres de atitude. Pegue fôlego que em maio tem mais! Maya Gabeira Waimea, Hawaii 2008-2009 Foto: Brigitte Mayer Foto: Lika Maia SAIDEIRAS Um ano de adrenalina! Bárbara Rizzeto