expediente - Ex

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expediente - Ex
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INTER EX Março/2010
Editorial
O
enfoque principal desta nova edição do “Inter-Ex”
é divulgar a programação do 8ºEncontro de Itajubá, marcado para os dias 1º de maio, (sábado) e 2 de
maio (domingo). Uma nova oportunidade de confraternização, com nossos inúmeros colegas e companheiros
que somos.
Convite imperdível aos tradicionais participantes,
bem como a outros colegas ex-alunos e familiares, os
quais poderão usufruir de um fim de semana maravilhoso nestas exuberantes plagas das Minas Gerais. Um
texto, todo especial, inserido nestas páginas nos traz
uma reflexão sobre o sentido de “encontro” - Itajubá
2010 o próximo.
Necessitamos e temos solicitado a participação de novos colaboradores a fim de preencher as páginas do boletim, esperando que não se cansem e nem se esgotem os
assuntos dos costumeiros e exímios redatores que nos
brindam com suas crônicas e casos pertinentes.
Este ano de eleição, a diretoria atual deve ser renovada, cumprindo-se as determinações do estatuto. Os colegas já receberam em seus endereços uma cartinha
trazendo esclarecimentos estatutários, acompanhado de
um envelope e a cédula secreta para indicação de dois
nomes para o cargo de presidente. Dos cinco mais votados, um será escolhido em assembléia geral. O anseio
EXPEDIENTE
ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSC
Av. Emílio Checchinato, 3699
CEP: 13.295-000 – Itupeva-SP
Tel: 0xx11-4591-1192
unânime dos ex-alunos é de que haja renovação da diretoria atual, de septuagenários, para colegas mais novos. Com idéias e planos para localizar, dar motivação,
atrair e conquistar os seminaristas mais jovens, que não
têm mostrado interesse em se integrar na Associação.
Temos opções de colegas que residem num raio de
quarenta km sendo Pirassununga nosso centro, merece
serem indicados tais com: Renato Pavão que prepara
tudo para os encontros. Não podemos deixar de citar o
Carlos Savietto, ex gerente do BB de Casa Branca, e imaginem o José Carlos Ferreira, o Baiano de Araras, que há
mais de trinta anos nos brinda com lindas canecas comemorativas. Estes três, dinâmicos amigos de todos, estão
sempre presentes. E quantos tantos outros nomes de
gente “bacana” moradora naquele perímetro... Mas nada
impede que sejam indicados colegas de outras regiões,
pois não se pode negar a capacidade e competência de
nossos associados, todos podem ser candidatos natos.
Finalmente, um pedido: Você irá ao 8º Encontro,
compartilhe! Aproveite o espaço de seu automóvel e
leve mais um colega ex-aluno de seu relacionamento.
Convide-o, ele poderá estar no roteiro da viagem... E,
deixe um amigo feliz! –
Dir. Espir:
Pe. Benedito Ângelo Cortez ..(11)3228-9988
CONSELHO FISCAL
Daniel R Billerbeck Nery ....(11)6976-5240
Augusto Paese ...........................(19)3255-6622
Diretoria: E-mail: [email protected]
Inter-Ex: E-mail: [email protected]
REGIONAIS
Waldemar Chechinato Presidente
Bauru
Gino Crês.........................(14)3203-3577
Itapetininga
Sílvio Munhoz Pires ........(15)3272-2145
S. José dos Campos
Natanael Ribeiro de Campos(l2)3931-4589
COORDENADORIAS
Bol.Inf. Inter Ex
João Baptista Gomes..........(11)4604-3787
(Cel)9976-1145
Ibicaré
André Mardula ................(49)522-0840
Itajubá
CARAVANA
José Luiz Augusto............(35)3622-1336
Moacyr Peinado Martin....(11)6421-4460
São Paulo
Marcos de Souza.............(11)3228-5967 João Cardoso...................(19)3441-6483
Campinas
ATOS RELIGIOSOS
Jercy Maccari................... (19)3871-4906
Daniel R Billerbeck Nery...(11)6976-5240
Pirassununga
Edgard Parada....................(16)3242-2406
Renato Pavão ................. (19)356l-605l
Lásaro A P dos Santos.......(11)3228-9988
REDATORES DESTA EDIÇÃO
Walter Figueiredo, Luiz Vitor Martinello, Vilmar Daleffe, Carlindo Maziviero, Sérgio Luiz Dall’Acqua,
Alberto José Antonelli, O Sombra, Gino Crês, Raimundo José Santana, João Costa Pinto,
Walter Figueiredo, Benedito Bebiano Ribeiro
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente:
Waldemar Checchinato ....(l1)4591-1192
Vice-Pres:
João Cardoso ....................(l9)3441-6483
Secretário:
João Baptista Gomes ........(l1)4604-3787
Tesoureiro:
Rubens Dias Maia.............(l6)3322-3l83
INTER EX Março/2010
3
Aniversariantes
Março
02
03
06
08
13
17
21
21
22
22
24
26
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-
José Murad
Ricardo José Rosim
José Gaspar D. O. Nascimento
Pe. Joaquim dos Santos Filho
José Claret da Silva
Pe. Sírio José Motter
Olivo Bedin
Pe. Manoel F dos Santos Jr
Domingos Luiz Meneguzzi
Wanderley Fechio
Helias Dezen
Gutemberg Rodrigues de Lima
Dom Ricardo Pedro Paglia
01
02
03
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05
07
08
08
10
11
11
12
12
12
12
14
18
18
20
21
22
-
Delfim Pinto Carneiro
Pe. Domingos h Cruz
Isaias Jose de Carvalho
Renato Pereira Leite
Jose Irineu Baptistela
Raimundo Jose Santana
Pe. Air Jose de Mendonça
Pe. Antonio c c Santos Maristelo
Oswaldo Renó Campos
Jose Aparecido de Godoy
Marlinaldo de Andrade Freire
Pe. Godofredo Scheepers
Carlos Hermano Cardoso
José Roberto P. Carneiro
Benedito Ronaldo Fernandes
Arlindo Giacomelli Jr
João Correa Filho
Carlos Alberto Barbosa Lima
Sergio Roberto Costa
Ivo Bottega
Pe. Ednei Antônio B Rodrigues
(19)
(19)
(15)
(19)
(35)
(17)
(19)
(11)
(19)
(11)
(65)
(11)
(98)
3561-2067
3561-6480
3221-9003
3561-8914
3623-7660
3471-1396
3869-8649
6211-0448
3438-6804
2056.-3800
3461-4675
3022-7181
3381-1268
Abril
(19)
(98)
(35)
(35)
(19)
(11)
(11)
(35)
(35)
(19)
(11)
(14)
(19)
(11)
(35)
(48)
(35)
3881-2369
3381-5692
3645-1276
3021-1480
3561-3767
2973-1108
3228-9988
3622-0749
3662-1321
3563-012ó
3831-2037
3222-3316
3239-1190
3872-0103
9199-0158
3247-4249
3622-4925
(35) 3221-7234
(67) 3321-6464
(14) 3236-4911
23
24
24
26
26
-
Antonio Altafin
Jorge Ferreira da Rosa
Ademir Vietri Romano
Angelo Garbozza Neto
Jose Carlos Ferreira
09
09
11
14
15
19
20
21
23
23
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-
Silvio Munhoz Pires
Delfim plt-jto Carneiro jr
Jose Benedito Filho
Paulo de Castro F
Pe. Abimael F do Nascimento
Pe. Romeo Bortolotto
Pe. Jorge de O. Gonçalves
Edgard Parada
Jose Quirino dos Santos
Mario Ferrarezi
Moacyr Peinado Martin
Pe. Jose Maria Pit.jto
Marco Rossoni Filho
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06
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15
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-
Antonio Marcio Leite
Raul Carraro
Pe. Edvaldo Rosa de Mendonça
Pe Nelson Ribeiro de Andrade
Paulo Barbosa Mendonça
Dimas Begalli de Figueiredo
Mauro Pavão
Jose Barbosa Ribeiro
Silvio Aparecido Messias
Pe. Alex Sandro
Pe. Humberto Capobianco
João Negri Sobrinho
Edyr Borges da Silva
Pe Ivo Trevisol
(19) 3434-7597
(11) 6105-5267
(41) 3367-4292
(19) 3541-0744
Maio
(15) 3272-2145
(11) 6916-7283
(35) 3623-4878
(14) 3237-2537
(89) 3522-4599
(35) 3022-0494
(97) 3471-1063
(16} 3242-2406
(19) 3422-6210
(19) 3561-5443
(11) 2421-4460
(15) 3273-1110
(46) 3262-1991
Junho
(11)
(19)
(11)
(98)
(19)
(35)
(19)
(35)
(19)
(15)
(19)
(11)
(19)
(97)
5581-4539
3421-2033
6673-0996
3381-5692
3542-3286
3212-8981
3561-4084
3465-4761
9180-9095
3273-4807
3561-8914
4612-4064
3289-5152
3471-1063
Relação dos contribuintes - 2009
Adeval Romano, Afonso Bertazi, Afonso Peres da S. No- João Cardoso, Jorge Brunetta, José Alves, José Benedigueira, Alberto Jose Antonelli, Alberto Maria da Silva, to Filho, Jose Benedito Ribeiro II, José Carlos Ferreira,
Alderico Miguel Rosin, Amaro de Jesus Gomes, André José de Albuquerque, José Ércio Raimundo, José Fábio
Mardula Filho, Ângelo Garbozza Neto, Ângelo Osmar Corrêa, José Gaspar de O Nascimento, Jose Manoel LoGiombelli, Antonio Marchesini, Antonio Altafin, Antonio pes Fo, José Maria de Paiva, José Mauro Pereira, José
Brogliatto, Antonio Henriques, Antonio Valmor Junkes, Murad, Jose Possebon, Jose Quirino dos Santos, Jose
Aparício Celso da Silva, Benedito Antunes Pereira, Be- Roberto P Carneiro, Jose Valentim Modena, Jorge F. da
nedito Bebiano Ribeiro, Benedito Ignácio, Bonifácio Eu- Rosa, Laert Costa de Toledo, Licinto Poersch, Luiz Carfrasiano Barbosa, Carlos Hermano Cardoso, Carlos lindo Maziviero, Luiz Carlos Cachoeira, Luiz Carneloz,
Magno Antunes Pereira, Carlos Savieto, Cláudio A Mag- Luiz Victor Martinello, Luiz Zagonel, Manoel dos Santos
na Bosco, Cláudio Carlos de Oliveira, Clodoaldo Mene- R Pontes, Marco Rossoni Filho, Marcos Mendes Ribeiro,
guello Cardoso, Daniel Canale, Daniel R Billerbek Nery, Mário Alcindo Rosin, Mauro Soares Freitas, Moacir CrisDelfin Pinto Carneiro Jr, Dimas Begalli de Figueiredo, taldo Dacoregio, Natalino Júlio de Carvalho, Natanael
Dimas dos Reis Ribeiro, Djanira Esaú Brandão, Edgard Ribeiro Campos, Nicodemos Moreira Filho, Nilo Jorge F
Parada, Edmundo Vieira Cortez, Edo Galdino Kirsten, da Silva, Odilon Luiz Ascoli, Ortêncio Dalle Laste, OswalEdwardus M Mechtilda Van de Groes, Edyr Borges da do Gil de Souza, Paulo Barbosa Mendonça, Paulo Jorge
Silva, Eldemiro Tonelli, Erci Frigo, Francisco de Assis Gonçalves, Pedro Tramontina, Raimundo Jose Santana,
Machado, Francisco Geraldo R Filho, Geraldo Jose de Raul Carraro, Renato Pavão, Rubens Dias Maia, Rui RiPaiva, Gerard Gustav Josef Bannwart, Gervasio Cane- beiro de Campos, Sebastião Mariano F Carvalho, Sérgio
vari, Guido Giffoni Pinto, Gutemberg Rodrigues de Lima, José Sfredo, Sergio Luiz Dall”Acqua, Silvio Munhoz PiHelias Dezen, Hernani Oscar de F Rodrigues, Ivo Botte- res, Sueli Pamplona Sarmento, Therezinha Antonelli,
ga, Ivo Luiz Bortolazzi, Isaias José de carvalho, Jerôni- Valdir Luiz Pagnoncelli, Vanderlei de Marque, Vanderlei
mo Alvim Rocha, João Baptista Gomes, João Baptista M dos Reis Ribeiro, Waldemar Chechinato, Walter FigueiCirineu, João Costa Pinto, João Batista Larizzatti Jr, redo e William Marinho de Faria.
N/R: Queremos agradecer a todos vocês que, acreditando no trabalho honesto desta Diretoria, não
negaram ajuda, muitos até anonimamente, de modo a podermos manter em dia este Boletim e realizar
outras benesses no decorrer de mais um ano. Pedimos que, com a mesma boa vontade e confiança,
continuem a prestigiar e colaborar com a nova Diretoria que deverá ser eleita em Agosto próximo.
Muito obrigado, de coração!
4
INTER EX Março/2010
Eleições
E
m agosto deste ano, em Pirassununga, serão realizadas novas eleições para o triênio de
2011/2013. Dando cumprimento ao nosso Estatuto,
a Comissão Eleitoral consultará, até 31 de maio, os
eleitores que indicarão dois colegas de sua preferência, para concorrerem à presidência da Diretoria Executiva da Associação, na reunião de sábado do encontro. Do total de votos recolhidos, os 5 (cinco) mais
indicados, cujos resultados serão divulgados no boletim 114, serão submetidos à votação dos presentes
na Assembléia Geral Extraordinária, especialmente
convocada para as eleições. Nada impede que candidatos independentes se apresentem para concorrerem ao pleito.
É muito importante que os candidatos indicados,
após a publicação de seus nomes, comecem a organizar sua chapa, contendo o Conselho Fiscal, VicePresidente, Diretor Secretário e Diretor Tesoureiro,
que automaticamente comporão sua equipe de trabalho.
Aconselhamos o empenho de todos para que haja
uma renovação, possibilitando a participação de novos colegas de regiões diferentes como: Bauru, Pirassununga, Campinas, Itajubá, São Paulo e outras,
que possam assumir as funções e dar mais vida aos
nossos destinos. Ficou plenamente comprovado que
a distância, num raio de + ou – 100 kms, não é obstáculo para uma composição administrativa.
Esclarecimentos Estatutários
1 Constitui direito do Associado efetivo: Votar e ser
votado para qualquer cargo eletivo ( Art. 7°, item VI).
2 A Assembléia Geral tem por finalidade reunir-se
extraordinariamente, a cada triênio, especialmente
convocada em agosto, e mediante aclamação ou
voto secreto da maioria absoluta dos membros naturais da ASEAMSC, em 1ª Convocação, e nas Convocações seguintes por mais de 1/3 (um terço) des-
tes membros, para eleger a Diretoria Executiva e os
titulares do Conselho Fiscal, assim como os seus respectivos suplentes, que terão direito a uma reeleição( Art. 11, item III).
3 Em princípio, a posse dos eleitos dar-se-á no dia
1º de janeiro de 2011, em local a ser escolhido.
4 A Sede da Associação funcionará no endereço do
Presidente e a conta bancária será aberta na cidade
do Tesoureiro.
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Palavra do Leitor
Primeiramente meus votos de
que tenha passado o Santo Natal
com aquela alegria que Ele, renascido em nós, concede aos que celebram seu aniversário. E que o
Ano Novo lhe seja bastante esperançoso de dias melhores dos que já passaram, pois
nunca os temos perfeitos.
Ontem, 05 de janeiro, eu participei, na cidade de
Pedreira, da Missa de Jubileu de Prata do padre João
Gonçalves da Silva, que foi, por muitos anos sacerdote de nossa Arquidiocese, pela qual se ordenou e aqui
trabalhou por vários anos, até a criação da diocese de
Amparo, à qual passou a pertencer por lá residir.
Minha surpresa foi que, antes do início da celebração, um seminarista leu os dados biográficos do mesmo e relatou o início da vocação dele, como tendo
sido aluno da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração até o final do curso de Filosofia e que,
na Teologia, passou para a arquidiocese de Campinas. Assustei-me com a notícia, pois, tendo acompanhado por anos a vida do padre Gonçalves, jamais
tivera conhecimento de que fosse ele também um
EX-MSC. Nem tão pouco o padre Chico Paiva que é
seu colega de diocese, me informou sobre isso
Estou lhe enviando um jornalzinho da sua Paróquia
que traz bem detalhadas as datas de sua permanência na Congregação. Gostaria que você lhe mandasse
um número de nosso Inter-Ex para despertar nele o
interesse de se inscrever também em nossas fileiras,
pois: “Nada é querido sem ser antes conhecido”, diz o
velho jargão. Pode enviar para o endereço da paróquia que está na segunda página do jornal..
Olá, amigo
Acabo de receber uma cartinha do Afonso Bertasi, cuja cópia
segue no arquivo anexo. Ele passou a morar em Pirassununga,
segundo entendi, num asilo, seu
novo domicílio. Ainda não consegui falar com ele
pelos telefones fornecidos. O Afonso Bertasi foi
meu anjo da guarda em 1949. Sei que ele passou
por situações complicadas depois que deixou o ministério sacerdotal. Abraços
(a) Cônego Carlos Menegazzi
(a) Afonso Bertazi
Informativo da Paróquia
Sto Antonio de Pádua – Pedreira-SP
“Foi em Itajubá, interior de Minas Gerais, em meio
à fé simples e fervorosa de sua gente, que padre
João Gonçalves da Silva deu início ao seguimento de
Jesus, ingressando no Instituto Padre Nicolau, seminário dos Missionários do Sagrado Coração. Em 1974,
cursou o colegial na Escola Apostólica de Pirassununga e, em 1977, iniciou o curso de Filosofia na PUC de
Campinas, residindo em Valinhos, e mais tarde, na
Vila Industrial de Campinas. Em 1980, deu início ao
Noviciado em Bauru e, posteriormente, no seminário
de Itapetininga. No ano seguinte, ingressou no seminário da Arquidiocese de Campinas, cujo reitor era o
hoje bispo de Osasco, Dom Ercílio Turco. Cursou a
Teologia, assim , na PUC de Campinas.
Padre João foi ordenado Diácono em 1984, em
Hortolândia e Sacerdote na matriz de São José Operário, sua paróquia de origem em Itajubá, em Solene
Eucaristia presidida por Dom José Pereira Lopes, então arcebispo de Campinas.
N/R Aqueles que foram seus contemporâneos: em
Itajubá, Pirassununga, Valinhos, Bauru ou Itapetininga e quiserem entrar em contato com ele, seu endereço é: Rua Alfredo Martinelli s/n – Vila Sto Antonio
– CEP 13920-000 – Pedreira-SP – Fone (19) 3893-3341
– e-mail: [email protected]
(a) Waldemar Chechinato
Eis a carta:
Pirassununga 21/dez/2009
Waldemar, a você e a toda a nossa irmandade meu abraço e votos
de muita saúde e alegria. Por favor,
substitua o vencido endereço pelo
meu atual: Afonso Bertasi – A/C Asilo Nossa Senhora
de Fátima – Al. Cônego Cruz, 108 – Centro – CEP
13361-049- Pirassununga.
Obs: Há vagas!
E que se faça sempre presente e atual o grande
lembrete do Mestre Aniversariante. Estejamos sempre empenhados em captar o mais possível tudo que
faz parte do Ecossistema de Deus, e em vivenciar a
ecologia querida por Deus, de modo que tudo mais,
em decorrência, felicite nossa vivência e convivência.
Feliz Natal – Ecológico ano de 2010.
Telefones (19) 35622139 e (19) 96543166.
Secretaria do asilo – Recados (19) 35612645
Meu caro Gomes
Só porque eu sou bonitinho...,
só porque eu sou humilde..., só
porque eu sou um mero caipira
mineiro do interiorzão...,. só por
isso eu sou esquecido, relegado ao olvido e não recebo mais o ansiado INTER-EX para meu deleite e um
saudável exercício de saudades!!
Estive no escritório do advogado Dr Antonio Carlos,
um fanático ex-aluno MSC que tem na parede, que
mandou desenhar e pintar com as cores da lembrança, o prédio do IPN feito por competente artista que
não se descuidou dos detalhes que não morrem, e ali
vi o último exemplar do Inter-Ex que não recebi.
Está bem! Está bem! Pode judiar de mim! Pode
me desprezar, pensar que morri e que já estou tocando harpa nos iluminados corredores celestes, rezando em voz baixa e cantando meio desafinado!
Sim, sim. Podem nem publicar uma mísera notícia
fúnebre de meu passamento repentino ou talvez uma
nota agradecendo o desaparecimento precoce! Isso,
isso! Continuem assim, deixando-me a pão e água
nas galés, singrando os mares da ingratidão!
Apesar de profundamente ferido pelo desprezo,
não posso me furtar de desejar a todos um Natal de
paz e prosperidade e que, em 2010, com a infeliz
eleição da Dilma (ou preferivelmente, não), que to-
6
INTER EX Março/2010
Palavra do Leitor
dos realizem seus sonhos e seus ideais. Eu, na solidão do meu desaparecimento, estarei torcendo por
todos e, podendo, dar uma empurradinha de vez em
quando.
está todo animado. Disse que vai ao encontro de
Itajubá e que quer levar outros ex-alunos que também nunca participaram. Vai me ajudar a reunir
novamente os ex-alunos do Vale. Abraços
(a) Natanael Ribeiro de Campos
(a) Adailton Chiaradia
[email protected]
NR: Jocosamente, respondemos a ele que, pelo
fato de não pagar aluguel, vive continuamente mudando de endereço, o que torna difícil manter seu
cadastro atualizado. Seu novo endereço é Rua Barão
do Rio Branco, 175 – Boa Vista – Itajubá-MG –
Cep37505-000
Embora com atraso, desejo
que o ano de 2010 propicie a você
e a todos da diretoria muita paz,
saúde e prosperidade para que
possam continuar a segurar essa
“barra” por muitos e muitos anos
mais. O Inter-Ex continua cada vez mais atraente e
gostoso de ler. Parabéns!
Na oportunidade, venho comunicar o falecimento
de dois ex-alunos. Por telefonema de sua esposa, fui
informado do falecimento de Gutemberg Rodrigues
de Lima, (turma de 1952), ocorrido em São Paulo,
no dia 24 de dezembro, por problemas de próstata e
água nos pulmões.
Através de e-mail de seu filho, tomei conhecimento do falecimento de Guido Giffoni Pinto (turma de
1946), em Brasília, no dia 27 de novembro. Lembrome que, no Inter-Ex n° 111, de julho de 2009, em
seu último artigo “Reminiscências”, fez referência ao
meu discurso por ocasião dos 50 anos de sacerdócio
do padre Humberto.
Essas perdas, que vão acontecendo no decorrer
dos anos, deixam-nos tristes por tratar-se de pessoas tão próximas, queridas, que vão deixando uma
dor imensa no coração e uma saudade infinita que só
terminara quando nos encontrarmos no mundo espiritual com todos eles.
(a) Gino Crês
Fiquei muito contente com a
notícia de que o Genésio esteve
no encontro de Pirassununga de
2009. Por várias vezes demonstrou desinteresse e até mudava de
assunto. Depois que retornou à
terrinha dele, Barra, município de
Delfim Moreira, já melhorou muito. Está começando
a aceitar. Ficou curioso quando comentei com ele sobre a matéria desse último Boletim, escrita pelo Carlindo Maziviero. Como a família dele ainda está em
Campo Grande, vai verificar se esse Boletim foi enviado para lá.
Outra notícia: hoje tive uma longa conversa com
o Luiz Carlos Costa, aquele para quem lhe pedi que
enviasse o Inter-Ex. É meu conterrâneo de Delfim
Moreira, reside aqui em São José dos Campos e
somente hoje nos conhecemos pessoalmente. Foime indicado pelo padre Manuel que está em Delfim
Moreira. É uma ótima pessoa que diz conhecer outros ex-alunos que moram no Vale do Paraíba. Folheou, pela primeira vez, as páginas do Inter-Ex e
“100 Anos do Cabido Metropolitano”
“Ao caro e inesquecível amigo Gomes, ofereço
este livro que lembra a história de santos sacerdotes
que devotaram sua vida à Igreja de Campinas”
Com a dedicatória acima, recebemos e muito
agradecemos ao cônego Carlos Menegazzi o envio
do livro de sua autoria “100 Anos do Cabido Metropolitano’
O que é um Cabido?
O termo “Cabido” vem do latim capitulum, cuja
existência na Igreja já se registra desde o século 4°.
Naquele tempo, era costume seus membros fazerem
vida comum com os Bispos. Seu grande desenvolvimento se deu na Idade Média, com funções de auxiliá-los no governo da diocese e com o poder até de
eleger um Bispo. Os membros de um Cabido se denominavam “Cônegos”. Esse termo “Cônego” vem
do latim “canonicus”, que por sua vez é originário do
grego “Canon”, que significa “Regra”. Portanto, “cônego” era aquele que vivia sob determinadas regras.
Poderiam ser “catedráticos” ou “honorários”. Os primeiros tinham direito de assento permanente nas
“cátedras” do coro das Igrejas Catedrais e deviam
cumprir as obrigações prescritas pelos estatutos do
Cabido. Os honorários tinham as honras canônicas,
sem as obrigações estatutárias dos catedráticos.
Do século XVI ao século XVIII, época de desafogo
econômico e de grande prestígio social e cultural,
em muitas dioceses, os cônegos exerceram outras
funções como, por exemplo, nas áreas do ensino, da
música, da cultura, da liturgia, da remodelação da
Capela Mor da Sé. Nos séculos subseqüentes, o Cabido viria a sofrer profundas alterações, tanto no
contexto social como no eclesiástico.
O Cabido Diocesano de Campinas foi instituído em
1909. Na ocasião da sua criação, a Diocese de Campinas ocupava uma longa faixa territorial do estado
de São Paulo, desde a cidade de Lindóia até Belém de
Descalvado, limite com a diocese de São Carlos. Toda
a região já era bastante populosa, por isso, Dom João
Batista Correia Nery, seu primeiro bispo, instituiu o
Cabido de Cônegos para auxiliá-lo no governo e administração da diocese, como “transações de compra
e venda” de imóveis da Diocese e das Paróquias.
O cônego mais antigo do atual cabido de Campinas é o Monsenhor Valdemiro Caran, nomeado em
1960, por Dom Paulo de Tarso Campos. O segundo
em canonicato é o cônego Carlos Menegazzi, nomeado em 1965, também por Dom Paulo.
Esse riquíssimo livro com que nos presenteou seu
autor, o cônego Carlos Menegazzi tem 147 páginas.
O autor, num esforço hercúleo, valendo-se das Atas
que registram a vida do Cabido e, na ausência delas,
alguns milhares de documentos outros, conseguiu
nomear um por um todos os membros do Cabido nos
100 anos de sua existência, apresentando, ainda,
uma pequena biografia de todos esses santos e zelosos sacerdotes
Caso alguém se interesse, solicite-o diretamente
ao nosso cônego.
INTER EX Março/2010
7
O sombra
Ex Ibi-Pira-Ita
• O sombra na sua terceira edição parece que vem agradando,
quero apenas colocar um pouco
de graça e pimenta no menu,
vou comentar a edição nº 112
de Nov/2009.
* Agradeço ao comentário do
Manello Biondo em “ sombra do
sombra” edição de Novembro,
obrigado pela força.Acho que
não o conheço.
• O filósofo é o Paese, “abutere
patientia nostra”...
• Biondo vc. tirou da minha caneta o que eu queria
dizer, pois vc. pode dizer muita coisa em poucas palavras.
• Não descarto os que são filósofos, teólogos... Todos estão livres para o “verbum”, onde fica a liberdade de imprensa...
• Dacoregio é uma figura histórica e não me incomodo em ler seus textos.
• “O mesmo posso dizer do Lupo da Gubbio,” non fa
mia male, brustulim manha panocha”.
• E daí Macari, vou a Valinhos, não acho ninguém...
• Pois é! O Encontro Pira foi um sucesso! Pena que
não pude estar lá, gostaria de encontrar a todos para
enriquecer o sombra.
• Queria me desculpar com uma figura mui querida
de Assis Chateaubriand, o Simão. Na edição passada
troquei o nome dele, desculpe, sucesso na empresa.
• E daí “rasputim”( Junkes), cortou a barbicha? Me
contaram que vc se inscreveu no BBB.
• Ué, desta vez esqueceram de fotografar o Junkes.
Não plantaram arvore lá em Pira...?
• Sérgio Luis, acho que vc não foi do meu tempo
porque eu jogava um bolaço!. Seu artigo foi muito
bom.
• Agora vc precisava ver nossos jogos em Itapetininga,
no passado, nove tarados por bola e jogando de batina
no meio da lama, tempo do Paese, jogava pesado.
• Éramos proibidos de tirar a batina até pro banho,
era pecado.
• E o cilício, no nosso tempo de nosso noviciado virou uma bagunça.
• Cada um ficava na sua cela à noite com um punhado de cordinha com nós e batendo nas costas e rezando o “de Profundis Domine” e quem batia nas
costas....aquilo era pra nossa purificação...
• Todos tinham uma bacia pra lavar o rosto e lascávamos o suplício na bacia.
• O padre responsável vinha furioso e mandava cada
um para um lugar diferente pra concluir.
• Me contaram que depois da nossa turma o suplicio
acabou.
•Gostei do cronista Albino Diniz, “Anais do Seminário” que bom! A forma de redigir dos textos está
mudando pra melhor no Inter-Ex.
• Não estou questionando a qualidade dos textos e
sim a quantidade de palavras, muitas coisas que são
interessantes ao autor não o são ao leitor.
• Por exemplo “A crise”,”O caminho do Claustro”etc...
pra dormir não precisa contar carneirinhos, é só ler
os textos.
• O Gomes acha que se a gente critica assim ninguém mais escreve. Claro que escrevem, não importa que se reduza o número de páginas, mas que todos leiam tudo e textos menores.
• Muito bons os textos do Gino Crês, Claudio Carlos
e Carlindo Maziviero... Os do João Costa Pinto, então, são supra sumus!.
• Sabe de uma coisa? Vou terminar se não vão achar
que escrevo demais. Até o próximo encontro.
• O pagnoncelli está casando de novo e convida a
todos para o enlace.
Itajubá 2010, o próximo
E
stamos nos aproximando de mais
um encontro de exalunos msc.
É bom parar para
refletir sobre o sentido
de “encontro”. Mais
ainda, quando se fala
de ex-colegas de escola e de aspirações.
Existem, porém, encontros e encontros
que, por mais que
se aproximem, não
exprimem o significado do encontro de ex-alunos msc. Há um diferencial
que, mais do que a explicações e conceitos, se reporta
a sentimentos. Difícil definir as coisas que nascem do
coração. Há quem diga que se trata de “carisma”. Carisma MSC. Mas, o que é carisma ? Eu me atreveria
(me desculpem os mais aprofundados na matéria...)
a definir carisma como aquela força (quase que misteriosa) que nos leva ao desejo intenso de nos reunir,
no mínimo, a cada ano, aqui ou lá. É certo que nem
sempre é possível se satisfazer esse desejo. Todavia,
Walter Figueiredo (1951/1961)
não impossível, quando temos entre nós um Sebastião Mariano. Coisa raríssima.
Para mim, no entanto, ainda é misteriosa a origem
dessa força que brota do coração, quando vejo e admiro
aqueles (não poucos, mas uma elite) que, desprendidamente e com dedicação integral, vem sustentando
a existência e persistência de nossa Associação, nos
levando a querer sempre mais nos encontrar. Encontros que não se satisfazem, senão pessoalmente. Não
bastam internet ou e-mail. Como é bom e revigorante
nos abraçarmos, nos aproximarmos e ouvirmos os
que, um dia, pisaram e vivenciaram os mesmos espaços onde curtimos nossas alegrias e ansiedades de
crianças, adolescentes e jovens.
Por que todo esse anseio? Simplesmente porque
o carisma msc penetrou nossa alma e o coração por
intermédio daqueles que conduziram e conduzem
nossa Associação ao longo desses muitos anos, e
que, com a graça que vem dos Corações de Jesus e
de Maria, saberão perpetuar a convivência entre os
que tiverem o privilégio que esse mesmo Coração
de Jesus nos concedeu.
Que o Encontro em Itajubá seja mais um reforço
de nossa união. Recebam o meu abraço.
8
INTER EX Março/2010
O irmão “xinja”
Carlindo Maziviero
E
xistem pessoas que nunca fizeram coisa alguma
e parecem ter feito tudo. Outras, no entanto,
fazem e desfazem, mas não aparecem. Muitas vezes
são tratadas como parte integrante da engrenagem
de instituições sociais, por executarem serviços rotineiros e não brilham. São pessoas que nascem, vivem e morrem sem serem decifradas, ou compreendidas, em seus sentimentos, em suas emoções e
gestos. Têm a alma e o coração rascunhados pelo
artista da Criação, que, cansado do tédio da produção em série, faz os desenhos e rabiscos diferentes
dos traços convencionais.
Nesse caso, o controle de qualidade humano é falho, pois nem aparecem nas telas de nosso planeta.
Assim, é difícil haver o reconhecimento do valor real
e da excelência desses seres excepcionais que permanecem anônimos. São altruístas e possuem um
sentimento nobre que direciona as suas energias em
benefício dos semelhantes, sem nada pedir em troca
ou em retribuição. Algumas dessas pessoas fizeram
parte de nossas vidas, sem nos darmos conta de sua
importância.
Lembro-me do irmão Francisco Strax, que cuidava
dos alunos no seminário de Itajubá, no período que lá
permaneci. Era um holandês septuagenário, de estatura média, mas arqueado pelo peso da idade, cabelos grisalhos e um inseparável cachimbo. Usava uma
batina surrada, sempre suja de cinza, que caia do
cachimbo quando cochilava. Caminhava com passos
curtos e falava com sotaque; tinha dificuldade em
pronunciar os sons sibilantes de nossa língua, agravada pela posição do cachimbo no canto da boca. Sempre que o alertávamos sobre a possibilidade de queimar a batina ele respondia que era apenas “xinja”.
Impiedosamente o apelidamos de “irmão xinja”.
Irmão Chico era o nosso provedor de objetos de
uso pessoal, como sabonetes, lâminas de barbear,
canetas, cadernos etc.... Ensinou-me a arte da encadernação, o que me deixava orgulhoso. Era prestati-
vo, zeloso, dedicado e praticava a bondade de forma
pura, discreta e parecia feliz. Demonstrava um sentimento de contentamento e realização; satisfeito
consigo mesmo, entendia e aceitava os encargos da
vida com satisfação e naturalidade. Nos momentos
de ócio, sentado em uma cadeira de balanço e absorto, concentrava-se nas prazerosas baforadas que
tirava do cachimbo. Adquirira a sabedoria e dava à
vida a verdadeira dimensão, cumprindo os seus deveres com prazer e satisfação.
Intencionalmente, seu quarto era ao lado do dormitório dos menores, de onde poderia vigiar e cuidar
dos alunos, todavia, quando o sono lhe batia, o velhinho delegava ao anjo da guarda essa tarefa. Mas,
impreterivelmente às 6,00 horas da manhã lá estava
irmão Chico com suas palmas para nos tirar da cama
e rezar a “Noxa Xenhora.” Irmão Chico batia o sino
nos intervalos de tarefas diárias e estava conosco em
todos os recreios. Fazia parte da dinâmica da casa e
sentia-se responsável pela nossa educação.,Mas,
quem era o irmão Chico? Quando fui para Pirassununga, deixei lá a casa e o “xinja”. Não ouvi mais ninguém comentar sobre o irmão Stracx. Teria sido recolhido pelo criador?
Nunca discuti, nem questionei os critérios e métodos divinos, ao fazer as coisas a sua maneira. Mas
devo confessar que, se Deus me pedisse um palpite
– fosse eu um desses assessores ocupantes de cargos de confiança, da terra ou dos infernos - eu teria
algumas idéias diferentes que, por questão de segurança de propriedade intelectual, não as exponho
aqui. Porém, nunca achei salutar a idéia divina de
impor a uns, tanto sacrifício para se alcançar a celebridade. São necessárias condições excepcionais,
muito trabalho, grandes atributos, valores e qualidades para se consagrar e se elevar acima da horizontalidade humana. Outros, no entanto, encomendam
um sucesso, made in Paraguai, apenas expondo as
nádegas na Play boy.
INTER EX Março/2010
9
Leões e Cordeiros na década de 1950
M
uitos amigos já me perguntaram se tenho algum diário dessa época. Nunca tive. O que me
vem à lembrança são fatos marcantes que a memória
registrou e que, num estalar de dedos, quando preciso, vêm à tona com bastante nitidez. A velhice tem
esse processo interessante de guardar o passado e
esquecer o presente, mas a psicologia nos ensina que
eventos marcantes sempre facilitam a lembrança.
Como lá na roça (Água Limpa) na primeira década
do pós-guerra, não tínhamos TV, o Rádio era nossa
única fonte de informação: papai não perdia as aventuras do Capitão Atlas, as histórias do Anjo, a Hora do
Brasil e ninguém perdia a novela “O direito de nascer”.
O radinho Philco sobre a cristaleira ficava ligado o dia
inteiro e eu não perdia os programas da Rádio Tupi do
Rio, da Rádio Nacional, da Rádio Mairink Veiga. Até
hoje, não sei explicar por que tipo de conexão, mas à
noitinha, costumava pegar até alguns programas de
tango da Rádio Belgrano de Buenos Aires. Naquela
roça, a treze quilômetros de Itajubá, com estradinha
de terra bastante precária, o radinho Philco era a salvação da lavoura: ouvia notícias do julgamento do casal Rosemberg nos Estados Unidos, da morte de Stalin, da coroação da Rainha Elizabeth II, ouvia a
transmissão dos jogos do Maracanã, os programas de
auditório do César de Alencar... Belos tempos! Tempos
idos e vividos, diria o Machado de Assis!
Em meio a tudo isso, mamãe preparava de afogadilho o meu enxoval para a entrada no Instituto Padre Nicolau. Duas pessoas me influenciaram muito
nessa tomada de decisão: o Frater Mauro Pasquarelli
e o Padre Martinho Geers, este último pelos muitos
contactos, por ser vigário de Delfim Moreira, e aquele, por algumas conversas quando os Escolásticos de
Vila Formosa vinham passar férias na Fazenda da
Barra, também lá no Município de Delfim Moreira.
Nunca mais tive contacto com eles, mas consigo me
lembrar perfeitamente de suas figuras, do tom de
voz e até das frases que costumavam repetir.
Aqui faço uma pausa para explicar o título deste
texto: “Leões e Cordeiros...” “Leões” porque vou-me
referir a dois padres holandeses bravos, rigorosos e
radicais demais; “Cordeiros” porque vou tratar de
dois “fratres” brasileiros amáveis, de índole totalmente antípoda aos dois leões mencionados.
Delfim Moreira - MG
Raimundo José Santana (1954-1961)
De uma maneira geral, guardo boas lembranças
de todos os padres, irmãos leigos, “fratres” e seminaristas da Congregação MSC, mas, sobretudo, quatro tiveram presenças marcantes em minha vida:
dois leões (Padre Martinho Geers e Padre Cornélio
Van de Made) e dois cordeiros (Frater Mauro Pasquarelli e Frater João Batista Banwart).
Começo pelos leões.
Como já disse acima, Padre Martinho foi, por uns
bons anos, vigário de Delfim Moreira(MG): uma paróquia muito grande, com muitas capelas rurais de
difícil acesso em razão da precariedade das estradinhas de terra. Em muitas delas, na época das águas,
só se podia passar a cavalo e olhe lá... Mas o valente
Padre Martinho, estatura mediana, olhinhos vivos e
percucientes, enfrentava galhardamente aquilo tudo
ou de carro ou a cavalo e nunca ninguém ficou sem
sua presença nas missas e casamentos agendados:
era uma fera literal e metaforicamente falando! De
um sotaque carregadíssimo; talvez, de todos os padres holandeses que conheci, o que tinha o pior Português. Mas um batalhador: enfrentava aquelas
mesmas capelas que até hoje o Padre Arlindo Giacomelli enfrenta, só que o povo tinha medo dele e muita dificuldade em entendê-lo. Eu, lá pelos meus seis
ou sete anos, semi-analfabeto, tremia como vara
verde sempre que o via. No dia da primeira comunhão, então, nem é bom pensar! Nem sabia rezar
direito a “Ave Maria”. Ao rezar o terço, dizia “benedita souza entre as mulheres”, mas, quando o Padre
Martinho rezava o terço com a gente, a coisa piorava
porque ele rezava, num misto de Português e Latim,
“benedicta sois inter os nossos mulieribus”. Aí, eu já
não entendia mais nada e a bela e doce “Ave Maria”
virava, na minha cabeça, um “samba do crioulo doido”. E como era bravo esse Padre! Criança, adulto,
todos tinham medo dele, até os cachorros. Ai do cachorro que tivesse o desplante de entrar lá na Capelinha de São Lázaro! Além de ouvir
uma saraivada de “potverdomen”
(um palavrão em Holandês), saía
ganindo do recinto, levando
pontapés do Padre. Numa ocasião, minha mãe preparara duas
cestas de doces (pudins, doces
de coco, bolos de fubá) para eu
vender ao pessoal da comuni-
10 INTER EX Março/2010
dade logo que terminasse o
terço, à noite. Procurei um lugar seguro no terreno vizinho
e, sob uns caixotes, bem atrás
do pequeno coreto da Capela,
guardei as cestas cuidadosamente. Terminado o terço, saí
correndo para fazer a venda e,
na cabeça, já contabilizando os
lucros, mais ou menos como
aquela Perrette do “Pot au lait”
da famosa fábula do La Fontaine. Quase tive uma crise de
apoplexia: dois vira-latas, expulsos da capela aos berros e
pontapés, estavam estiraçados
dentro das cestas. Vingaram-se
do Padre, comendo à tripa forra
os quitutes preparados por minha mãe. Aí, como diz o ex-Presidente Fernando Henrique, fiquei “desassisado”! Além dos
“potverdomen” do Padre, desfiei
um rosário de palavrões em
“caipirês” mesmo. A casa de
oração virou casa de xingação.
A ira foi tanta que nem comunguei no dia seguinte. E, pelos impropérios proferidos,
nem o Padre deveria ter comungado também, porque, além dos cachorros, ele xingou a mim e aos outros moleques, que, naquela balbúrdia, atropelavam
os idosos, disputando pedaços de pudim com os pobres animais! Belos tempos!
Quanto ao outro leão, Padre Cornélio Van de
Made, nunca tive contacto com ele diretamente
porque já me borrava de medo só ao vê-lo à distância! Não sei se meus companheiros também tinham
esse medo dele. O fato é que com aquele seu jeitão
rude de falar, com aquela semi-calvície naquela cabeça truculenta, ele me amedrontava e eu o via
como um homem estranho, um misto de “pitbull”
com homem de “neandertal”. Sinceramente, se me
fosse dado pintar a cena do juízo final, com certeza
a cabeça do Filho do Homem, abrindo as nuvens e
majestosamente separando as ovelhas dos cabritos, teria o desenho da cabeça do Padre Van de
Made! Era um pavor! Vejam esta cena: certo dia,
numa missa dominical, ao iniciar a leitura do Evangelho, Padre Van de Made parou de repente, olhando feio para trás, ao perceber que uma boa alma
sonolenta da comunidade, assistindo à missa, chupava distraidamente os dentes, quebrando aquele
momento de recolhimento, de silêncio e compostura religiosa. A boa alma sonolenta não percebera a
carantonha do Padre e, sonolenta e distraída, continuou chupando os dentes ainda com mais ardor...
Ele recomeçou a leitura (naquele tempo, a missa
era celebrada em Latim): “In illo tempore dixit Jesus discipulis suis...Potverdomen! Quem é a anta
que está com uma asa de frango entalada nos dentes aí? Vai dar um jeito nisso lá fora da capela! Potverdomen!” Numa outra ocasião, no seu aniversário, preparamos uma pequena peça de teatro, um
pequeno “sketch”, em sua homenagem. No meio
da peça, ele se levantou e, em alto e bom som, disse à platéia: “Potverdomen! Já vi tudo isso no ano
passado e, por sinal, estava muito melhor!” Se, naquele instante, houvesse um terremoto e a terra se
abrisse ali no meio do palco, os pobres atores se
atirariam todos de ponta-cabeça em qualquer frincha que aparecesse, tamanha a humilhação! O
tempora! Questão de índole, acredito, ou, o mais
provável, talvez ele não fosse mesmo muito afeito
ao apregoado “esprit de finesse” de Pascal!
Esqueçamos os dois leões e passemos aos dois
cordeiros.
Um deles, já mencionado acima, é o Frater Mauro
Pasquarelli: expirava mansuetude. Um Gandhi, um
Francisco de Assis! Era um tenor ligeiro, mas de voz
um tanto roufenha; de uma amabilidade e uma gentileza incrível; finíssima figura! Eu via nele o modelo
do apóstolo a ser seguido. Acho que ele foi um dos
grandes responsáveis pela minha entrada no seminário. Nos passeios, ele costumava puxar o Coro dos
Escolásticos fazendo paródia da música “Oh! Minas
Gerais”, talvez mais para me provocar pelo fato de eu
ser mineiro. Sempre quis imitá-lo naquilo que achava
que eram suas maiores virtudes: a piedade e a mansidão. Mas a vida dá tanta volta! Depois de minha
saída, já calejado pelo tempo e sacolejado pelo mundo, acho que, hoje, infelizmente, estou mais para um
“Van de Made” do que para um “Pasquarelli”.
Mas em 15 de fevereiro de 1954, lá estava eu no
Seminário. Lá tive o prazer de conhecer uma outra
figura sensacional, o segundo cordeiro: o Frater João
Batista Banwart com quem aprendi muito: desde o
fazer sanduíches de manteiga e “bacon” até às primeiras aparições e às pequenas falas em algumas peças de teatro. Também, como o Frater Mauro, era
uma figura muito doce, mansa, cordata. Em 1954, a
Congregação dos MSC comemorava cem anos de fundação e o Padre José Maria Pinto, professor de Português, me pediu um texto falando de meus primeiros
dias na Casa para uma revista comemorativa do grande evento. Frater João me ajudou a redigir o texto e
nos preparou também para os vários carros alegóricos que desfilaram pelas principais ruas da cidade.
Como parte dos festejos, preparou uma peça de teatro que deu muito que falar na ocasião: o colega Manoel Marcondes, lá de Delfim Moreira, fazia o papel de
um missionário que deveria catequizar um índio (que
era eu). Numa das paredes da capelinha da taba indígena, deveria estar o Cristo Crucificado ao lado dos
dois ladrões. No dia da apresentação, esquecemos de
colocar as imagens e ninguém deu pela coisa. O missionário (Manoel Marcondes), de costas para a tal parede, estendia os braços para trás, enaltecendo a figura do Cristo, humilhado entre os ladrões. Como o
índio não visse nada a não serem os preguinhos na
parede, disse ao Padre: “De quem é que o senhor
está falando? Não estou vendo nada!” O Manoel, muito sério, percebendo a falha, segurou o riso e saiu-se
com esta improvisação:“ É o que sempre falo! Veja no
que dá a má companhia! Colocar uma pessoa humilde, santa, inocente ao lado de ladrões, dá nisso! Seqüestraram Jesus e roubaram até as cruzes de madeira! Sei não se aí não tem o dedo do Judas!”
Como dizia Boileau: “Entre le sublime et le ridicule il n´y a qu´un pas!” A gargalhada foi geral e o
drama virou comédia. E a comédia não agradou...
Mais um fiasco para os pobres atores! Se o Padre
Van de Made estivesse presente, certamente teria
dito que os curumins de Tibiriçá, no tempo de Anchieta, teriam feito muito melhor, “potverdomen!”
No ano passado, decorridos cinqüenta e quatro
anos desses eventos, encontrei-me com essa doce
figura do Frater João em Pirassununga. Ele, a mesma meiguice em pessoa, não se lembrava de mais
nada do que acabei de dizer acima. Talvez já estivesse sonhando com as açucenas do Vale de Josafá!
Agora, muito consternado, fiquei sabendo de
seu falecimento. Ele foi mesmo colher as lindas e
frescas açucenas! Que Deus o tenha! “Pax tecum,
Frater!”
INTER EX Março/2010 11
Lembrança
R
evirando os arquivos de minha memória, do
tempo em que eu era da turma dos maiores,
no curso de formação do Seminário em Itajubá, empolgado com a preparação para o Seminário Maior,
relembro-me de um mestre que sabia, como poucos,
ministrar suas aulas de ciência. Ele dominava a matéria. Causava admiração a todos na exposição dos
assuntos tratados em cada aula. Esta era esperada
com ansiedade por todos os alunos da classe.
Tratava os assuntos relativos às ciências naturais,
matéria ministrada com maestria, de forma tão direta
e sem subterfúgios que, certa feita, causou surpresa
e espanto em todos, ao falar da sexualidade masculina e feminina, assunto este, que era tabu.
Consciente do seu papel de educador, era enérgico, rigoroso, mas sem nunca prevalecer da prepotência, não tolerava o desinteresse, se houvesse este,
ficava aborrecido, reprimia o aluno com firmeza de
caráter. Era culto, inteligente, seus ensinamentos iam
além da matéria tratada. Era portador de uma riqueza interior, com isso, atraía a gratidão de todos.
Claro, sua intenção era a das melhores, pois,
pretendia conferir orientações que, nesse campo,
eram muito raras ou pouco tratadas em escolas públicas e particulares. Mas, o mestre queria colocar
os alunos cientes de que a natureza humana precisava ser conhecida para ser, depois, compreendida.
Nada de anormal, mas, da forma como era colocada a matéria, arrepiava o cabelo de muitos. Era
exatamente assim, muito impressionante, a figura
do dileto mestre PADRE ANTONIO QUIRINO, hoje,
ex-padre e ex-aluno.
Benedito Bebiano Ribeiro (1954-1961)
Eu, particularmente, era seu fã e tornei-me seu
amigo, estimando-o como nenhum outro. Lembrome tão bem dele, andando compassadamente na
sala, de um lado para outro, sob os olhos atentos de
todos. A sua voz era suave, às vezes, ligeiramente
irritada, ao sabor das emoções. Sua dicção era perfeita, as palavras, sempre bem articuladas brotavam
fluentemente. A sua fala, gostosa de ouvir, mantinha
uma melodia rítmica marcada pelas pausas. Havia
nele um entusiasmo especial, contagiante, punha
vida em tudo o que falava. Cativados, até mesmo
seduzidos, todos o ouviam num silêncio profundo.
A imponência e a postura do mestre, sem qualquer crítica nesta colocação, ficavam na sala de aula,
pois, quando fora desta, tornava-se, mais cativante
ainda pela sua participação nas brincadeiras dos alunos. Gostava de esportes. Ele participava dos jogos
de futebol, lembro-me bem disso, pois, era seu companheiro ou adversário. Como futebolista, parecia
um dançarino diante da bola, já que se movimentava
para lá e para cá, sem que a pelota fosse movimentada. Arrancava aplausos da assistência, causava inveja aos demais participantes.
Esta lembrança, bastante meritória, não poderia
ser deixada no esquecimento, uma vez que, o ilustre
mestre, já naquele tempo, há mais de cinqüenta anos,
sentia no seu coração de orientador, a necessidade de
orientação sexual nas escolas, pois, como se tem percebido na imprensa escrita e televisada, essa preocupação, hoje, tem tomado o espaço não só na mídia,
como nas escolas e, até mais cedo na idade escolar.
Daí a razão de exaltar o espírito desse mestre.
12 INTER EX Março/2010
Reminiscências de Ibicaré
Sérgio Luiz Dall* Acqua(1960-1971)
Pescando carás e joaninhas
Quem há de se esquecer da época em que, de
reclusos, passamos a ser autorizados a pescar, aos
domingos, livremente, na beira do Rio do Peixe, praticamente intocado até que os mais de cem seminaristas se espraiavam às suas margens, levando anzóis, sal, canivete e fósforos, com que os peixes
pescados à beira do rio eram limpos, salgados e assados ali mesmo, sendo avidamente consumidos pelos esfaimados adolescentes?
Lembro-me que num remanso, à sombra de uma
guabirobeira, certa vez, pescamos mais de 50 carás
e joaninhas num espaço de poucos metros quadrados. Pescaria como aquela, nunca mais e em lugar
algum, creio eu.
em que nos banhávamos todo fim de tarde e que era
o mais largo e com um poço profundo. Eu, mergulhando, nunca passei da metade do rio, apesar dos
esforços e dos muitos treinos, aos quais muitos se
dedicavam.
Em todo começo de ano, para assustar os novatos, o Pedro aprontava uma. Nessa também fui vítima, assim como todos os novatos. Ele corria sobre
uma grande pedra que chegava ao rio e saltava,
após ter dito a todos que sairia do outro lado do rio.
Então ele mergulhava, dava uma volta, retornava e
saía do rio escondido pela vegetação alta e se punha
atrás dos novatos, enquanto eles ansiosamente
aguardavam seu aparecimento no outro lado do rio.
Todos se apavoravam na certeza de que ele teria
morrido, até ouvirem sua gargalhada às suas costas.
Lembro-me bem e foi muito grande o pavor que senti pela “morte” do gozador. É pena que esse gozador
nunca tenha aparecido em nossos Encontros.
Os mergulhos do Pedro Torresan
O Pedro Torresan era um fenômeno nos mergulhos. Conseguia atravessar o Rio do Peixe no local
Uma rede de voleibol no caminho
Quem me conheceu no seminário sabe que sempre gostei de aprontar. Magricela e irrequieto, sempre incomodando alguém, muitas vezes eu disparava pelo pátio, tendo alguém ao meu encalço, louco
para me pegar e dar uns cascudos.
Certa vez, à noite e no escuro disparava eu pelo
campo de vôlei que também era usado para futebol
de salão. Para variar, alguém me perseguia. Eu fugia
rápido, não percebendo que a rede de vôlei ficara
estendida na quadra. Pegou-me na altura do pescoço e o tombo foi espetacular, seco, quase uma cambalhota completa. Terminou a perseguição e levei o
merecido castigo.
A porta do banheiro
Numa outra vez, debaixo de chuva, novamente
perseguido por alguém, eu corria rente às portas dos
banheiros que existiam ao lado da escada que descia
do primeiro andar para o térreo. Eis que, de repente,
alguém sai de um banheiro escancarando a porta.
Foi a desgraça! A porta me pegou de cheio na cara e
no peito, atirando-me ao chão meio desacordado.
INTER EX Março/2010 13
Pirassununga
R
Entrevistando
Luiz Vitor Martinello (1961-1970
olava então nos radinhos de pilha e couro a sonoridade
estridente do iê-iê-iê iluminando as manhãs de pinguepongue dos domingos, tudo tão oposto da noite na hora de
dormir, a nossa devoção de joelhos ali na capela de silêncio
que era novinha, a igreja do Rosário, maior, que dava pra rua
lá detrás tendo sido posta abaixo, as tardes que a gente limpava paciente cada tijolinho que tinha sido sagrado para reaproveitamento que eu não sei onde, sempre o seminário tendo coisas pra fazer, desfazer, refazer, também não teve mais
a capela ali do corredor onde deu tempo de eu ser coroinha,
nem a sala mais de estudo, o mundo mudando depressa, certa feita em sessão solene do salão nobre um conjunto musical
que a gente tinha formado por nome OS IN CRISIS (paródia
de Os Incríveis) cantando Como falar de amor se a inútil tremedeira não quer parar, fico nervoso a sentir sua mão em
minha mão vindo afagar, o padre Gusmão, que ensinava grego e regia o coro quando não tinha sueca, proibindo peremptório, que ele tinha ouvidos muito apurados, mas era que as
meninas que o padre Humberto, que ensinava poesia e torcia
pro Flamengo, chamava de gansos, vinham ali no seminário
pra nosso alvoroço e encantamento, outro conjunto de imediato se formando zombeteiro, OS BADALÕES BOYS (paródia
dos Golden Boys) a entoar Adeus Guacyra, meu pedacinho de
terra, nossa turma era muito criativa, a palestra enciumada
do Clodoaldo no mesmo salão nobre dizendo que as menininhas que gostavam de Roberto Carlos na verdade viam no
mito que se desenhava a continuação da boneca, um choro
sentido de uma saia rodada abandonando o salão, as coisas
acontecendo assim muito em linguagem cifrada, como as entrevistas com o padre Durval, psicólogo que ficava hora e
meia esperando que a gente falasse, qualquer coisa, ainda
bem que havia livros ali na estante, a gente se distraindo
lendo os títulos, melhor quando estavam de ponta cabeça,
melhor que psicologia era ter lido os jornaizinhos semanais
nas paredes de sábado, neles as verdades mais reveladas
que as confissões surdas do padre Adriano, o pé de jaca que
dava mangas e mexericas, escondidos amores platônicos ficados lá em Campestre que o padre Humberto nos levou, os
jogos de vôlei após o almoço, que os padres virando as costas,
a gente tirava a rede improvisando gols de pedra num pecado
da bola que não podia ser chutada, as olimpíadas que a gente
sentava grudadinho a femininos perfumes de cheias arquibancadas, um dia um dia a gente indo pra Itapetininga conhecer o
noviciado que usava batina e cilício, e já então era nossa formatura, as nossas irmãs, que vieram para fotos com a roupa
de teatro que nós tiramos de recordação, sendo madrinhas, o
padre Antônio Cortês fazendo discurso de paraninfo, então, a
nova ordem de inesperado, que antes do noviciado ia ter filosofia na Universidade Católica de Campinas, que à época ainda
não era pontifícia, que então tivemos que voltar em janeiro de
chuva em estudos de vestibular, alguns como o Douglas não
mais tendo voltado, até o
Douglas conta que quando
de posse da primeira namoradinha,
combinava
com ela de toda seis da
tarde, mesmo distantes,
que um pensasse no outro
rezando as ave-marias, o
padre Leopoldo, então já
nosso novo superior, vindo
pra nos preparar para os
exames vestibulares, revelando-nos que a gente
ia morar em Valinhos, a
casa já arranjada, a gente
lá chegando numa tarde
ensolarada de alegria e
malas.
Vilmar Daleffe (58-66)
O
nosso segundo entrevistado é nosso grande parceiro de Ibicaré-Pira
e Itapetininga, ROSALIMBO AUGUSTO
PAESE.
Início
Conheci o Paese, 65, em Francisco Beltrão, PR, filho de agricultor, morava próximo à cidade. Muito tímido, mostrou inteligência, persistência e ambição. Chegou até
o noviciado e foi o primeiro a puxar a fila de
desistentes, não tinha vocação. Foi a Beltrão- Curitiba, sofreu, voltou a S.Paulo, casou e foi um notável diretor financeiro, além
de um bem sucedido empresário.
Visita
Quando cheguei à casa do Paese, em
Valinhos, os seguranças “dele” pediram
pra descer do carro e fizeram uma
revista.....”estamos em tempos de 11 de
setembro...ordens são ordens....não tudo
bem ...”there`s no problem”...A mansão
dispensa comentários, o personagem parecia um mafioso, de suspensório, de
boné, baixo, fofo, careca, mesa farta de
garrafas de vinho “Sans Souci”, produção
própria. (vide fotos)
Vida no seminário
Como toda criança, na época, entravase no seminário não por vocação, mas por
falta de opção em continuar os estudos,
Paese ingressou no seminário porque era
normal e os pais queriam, diz ele.
Estudou por dez anos em Ibi-Pira e
Itap, disse que o estudo foi muito bom e
que aprendeu muito. Dos três lugares,
Ibicaré foi o melhor.
Desistiu por dúvidas existenciais entre
a ciência e a religião. Depois que leu “0s
Manuscritos do Mar Morto, entendeu Jesus Cristo.
Vida profissional
Foi diretor financeiro de um grande
banco e é empresário bem sucedido.
14 INTER EX Março/2010
Divagando
Dor de dente no Seminário
Gino Crês (1948-1953)
Da esquerda
para a direita:
Zé Mané,
Vítor Martinello,
Pe. Edinei,
Clodoaldo,
Gino Crês e Gil.
V
aleu a pena o nosso tempo de seminário, onde
vivíamos uma vida alegre e também séria, voltada para a oração, o estudo, o lazer e o trabalho.
Éramos felizes numa grande família, a família
dos MSC. A nossa alegria, às vezes, era arranhada,
quando o Irmão Francisco nos escalava para ir ao
gabinete dentário que ficava no andar térreo, vizinho
à sala de recreio dos Irmãos leigos, onde numa velha
mesa jogavam bilhar.
Lá, no gabinete, estava à nossa espera, o doutor
Risadinha como era conhecido o cirurgião dentista.
Não sei se o meu algoz era diplomado ou, talvez,
mais um daqueles dentistas práticos. Não havia radiografias para avaliar a dentição do infeliz paciente,
não havia tratamento de canal, a única solução muitas vezes, era arrancar os dentes.
Numa das poucas vezes que o visitei, a energia
elétrica pifou, aí foi um deus-nos-acuda. Ali, naquele gabinete sufocante, aquela inocente criança
que queria ser padre, deparou-se com um medonho quadro: o temido motor passou a ser movido
por um pedal, este acionava um volante representado por uma grande roda, bastante pesada, de ferro fundido para manter a velocidade que, através
de grande redução no diâmetro das polias dava um
enorme giro na caneta à qual se prendia a broca
para escoriar os dentes e limpá-los das cáries e, em
seguida, efetuar as obturações. A cuspideiras eram
objetos comuns encontrados em todas as casas da
época, hoje usadas, creio eu, como adorno comprado em antiquários.
Até hoje, por este quadro dantesco e processo
medieval de tratamento, tenho trauma de dentista.
Quer continuar sendo meu amigo, não me convide
para visitar um gabinete dentário. Por incrível que
pareça, o maior e melhor dentista do seminário era
o Irmão Francisco com aqueles dentes estragados e
pretos, talvez pelo uso e abuso do tabagismo. Quando algum seminarista, durante a noite, era incomodado por aquela impiedosa dor de dentes, o jeito era
correr para o quarto do Irmão para pedir socorro. Se
nenhum comprimido, nem mesmo o velho gaiacol
fizesse efeito, o Irmão dava ao paciente uma pequena dose de cachaça para gargarejo. Apesar da eficiência do medicamento, diziam as más línguas que o
bom Irmão era bastante solidário naquelas horas de
terrível sofrimento.
Confraternização em Bauru
Promessa é dívida, e, quando cumprida, merece o nosso sincero agradecimento. Por mais de
uma vez, temos sido até insolente ou inconveniente, ao cobrar, por esta coluna, do nosso amigo e
ex-aluno Zé Mané, exímio pescador, uma peixada
em sua residência. Valeu a pena esperar, pois o
Zé Mané e sua simpática esposa, nos recepcionou regiamente em sua mansão, onde pudemos
saborear um delicioso pintado com direito à repetição. O jantar, regado, ainda, por vinhos estrangeiros, cervejas e refrigerantes e uma deliciosa
sobremesa, aconteceu no dia 18 de dezembro. Tal
encontro nos deu oportunidade de uma confraternização bastante natalina e de testemunharmos
que a Associação continua bem viva na Regional
de Bauru. Seguem fotos marcando presenças: Zé
Mané e esposa , Vítor Martinello e esposa, Clodoaldo, Gil, Pe. Ednei e Gino Crês. Outros colegas
foram convidados, mas, por compromissos assumidos, não puderam comparecer.
INTER EX Março/2010 15
Luceat lux vestra
D
o hotel de Amsterdã a telefonista ligou para a Trappa Beneditina, em Tilburg. Ela falava sua língua
materna, o holandês, porque o porteiro não entendia português. Este pediu que se tornasse a ligar uns dez minutos depois, porque o religioso estava na capela cantando
o Ofício. Quinze minutos depois conversamos, agora em
português, e marcamos nossa visita para o dia seguinte.
A conversa foi rápida, mas a alegria daquele reencontro
foi eterna. Há quanto tempo não nos falávamos...
Em Tilburg, no dia seguinte, tomamos um táxi em direção à Abadia Trappista Onze Lieve Wrouw van Koningshoeven. Ao transpor o umbral do mosteiro, pudemos
ler naquela semi-escuridão da parede a conhecida frase
latina O Sola Beatitudo, o Beata Solitudo. Frase por demais conhecida por nós quando de nossas meditações em
o Noviciado, no Escolasticado e ainda nos dias de hoje, ao
sentirmos o apelo irresistível para o silêncio interior.
Fomos conduzidos diretamente ao refeitório. O almoço já estava a meio caminho, e mesmo assim fomos recebidos com aquela fraternidade pressurosa
em nos servir o melhor que podiam. Eram leigos que
frequentemente costumam ir à Abadia para um retiro
particular, uma participação na vida monástica por alguns dias. Não somente Católicos, mas também Protestantes e outros não especificados que procuram a
paz interna. Ninguém falava, a não ser o estritamente
necessário, razão pela qual nem fomos apresentados.
Apenas uma ligeira música clássica servindo como anteparo espiritual. Quando viram que nós retardatários
já havíamos terminado nossa frugal refeição, um dos
presentes se levantou e fez uma breve leitura. Todos
se ergueram logo após e compenetrados agradeceram
a Deus em um holandês audível e inteligível pelo nosso
Pai comum. Imediatamente começamos a tirar a mesa,
acomodando tudo em seus devidos lugares.
Finda esta missão monacal, a porta de acesso ao
corredor foi aberta, e alguém nos chamou a nós que
vínhamos do Brasil. A penumbra do corredor pôs em
destaque a figura alta de um monge trappista, alto e
esguio em seu hábito branco, sobre o qual o negro escapulário escorria até os pés. Ligeiramente encurvado
pela idade, pequeno cavanhaque e bigode aclarados
pelos anos, solidéu preto tapando-lhe ainda uma boa
quantidade de cabelos. Com essas pequenas diferenças
Ézio Américo Monari (1948/1959)
impostas pelo tempo, ele era o mesmo ainda. Mas agora transfigurado, diria até diáfano. Parecia não ser mais
deste mundo. Aquele seu característico sorriso agora
mais etéreo, aqueles dentes alvos, inteiros num sorriso meigo, humilde e sempre contagiante. Abracei-o
comovido. Prolonguei o abraço perfazendo assim esses
quarenta e nove anos que nos separaram. A eternidade em um momento. Não consegui reter as lágrimas.
Ele apenas sorria com mais espiritualidade ainda. Ultrapassara a barreira do sentimentalismo humano. Vagava
em outra dimensão, reservando as lágrimas para os
conluios místicos com o Supremo.
Em seguida ele nos conduziu a uma sala de visitas, despida de qualquer exterioridade. Conversamos
a respeito de tudo, alinhavando assunto sobre assunto. Nossas idéias se atropelavam na distância do tempo,
na urgência de um agora permanente. Por uma dessas
coincidências do desconhecido, ele acabara de chegar do
Brasil, em uma rápida visita aos seus. Viajara no mesmo
vôo que nós. Ocupara uma poltrona algumas filas atrás
da nossa. Não nos vimos e nem nos reconhecemos. Desembarcamos igualmente no Schiphol, em Amsterdã.
Alguns de seus confrades o aguardavam no aeroporto,
e nós fomos engolidos por aquela multidão de passageiros, acolhidos por aquele alegre povo batavo.
Entre recordações, perguntas e lembranças a nossa
conversa se precipitava numa cascata ininterrupta de
curiosidade e ansiedade. Queria saber de tudo, dos antigos colegas, das pessoas que nos eram caras. Eu curioso
pela sua vida monástica, opção única e acertada. Recordamos nossos familiares, que sendo todos da mesma
cidade se conheciam mutuamente, alguns deles já falecidos. Falamos dos nossos antigos professores, eternamente lembrados com carinho e gratidão, especialmente ali em Tilburg onde a Congregação se impôs através
de sua famosa Escola Apostólica, berço desses nossos
imortais mestres que moldaram nossa fisionomia moral
e intelectual. Especialmente do mais que amado Pe. José
Maria de Beer, digno filho dessa simpática cidade.
Participamos, igualmente, de uma das Horas Canônicas, cantada pelos monges na Capela inferior. Visitamos
em seguida a Capela-Mor, usada nos dias festivos. Uma
verdadeira catedral abacial. Conhecemos a Biblioteca,
o celeiro da cultura beneditina. Estivemos rapidamente
no claustro, onde os monges se encontram e passeiam
durante os recreios comunitários. Explicou-me ele que
o claustro beneditino tem a forma quadrilateral para
separar os monges do mundo exterior. A única saída é
16 INTER EX Março/2010
para o Alto, para Deus.
Com uma naturalidade ímpar ele nos apontou o fundo
do jardim. “Lá atrás fica o cemitério que me espera para
um certo dia”. Perguntei-lhe se ele se sentia feliz. Sua resposta veio na forma de um sorriso invejável. Disse estar
plenamente feliz e realizado porque lá encontrara Deus
em sua total simplicidade e grandeza silenciosa, a grandeza do Infinito. Confidenciou-me mui particularmente
que agora ele havia acrescentado algo ao lema beneditino, modificando-o em sua completude: Ora et Labora ET
Ametur Cor Jesu in aeternum.
Senti nesse amigo trappista o verdadeiro Missionário
do S. Coração. Ali, na Trappa, mais do que nunca ele se
tornou MSC. A maneira com que me recebeu foi a de um
verdadeiro seguidor do Pe. Chevalier, a quem ele sempre
se refere com admiração e carinho. Recebeu-me com
aquela verdadeira amizade e fraternidade únicas, sem
“aquela” discriminação camuflada, a conhecida Discriminatio Clericorum polidamente disfarçada. Tratou-me de
igual para igual, como irmão. Sua atitude foi a de quem
abraça a todos indistintamente, como o Cristo de braços
abertos na cruz.
No final da visita ele nos acompanhou até a saída do
Mosteiro. Fez questão de nos levar e indicar o ponto do
ônibus que nos conduziria de volta a Tilburg. Nossa despedida foi conforme uma amiga minha disse-me certa
vez em Florença: “Como verdadeiros soldados britânicos, saibamos nos separar com um honrado aperto de
mão!” Assim fizemos. Nossas últimas palavras foram
aquelas mesmas do nosso tempo de Seminário: Oremus pro invicem.
Sic luceat lux vestra coram hominibus, ut videant
opera vestra bona et glorificent Patrem vestrum, qui in
caelis est (Que a vossa luz brilhe diante dos homens
para que vejam as vossas boas obras, e assim glorifiquem o vosso Pai que está nos céus (Mt. V,16).
Já ao final da Cavalleria Rusticana, Turidù dirige-se à
sua mãe, angustiado: “Mamma, um altro bacio”. Assim
reconfortado ele parte a fim de enfrentar o seu destino
levando dentro de si a imagem da mãe adorada.
Parafraseando a obra mestra de Mascagni, digo agora:
Pater Maurus Pasquarelli, un altro fraterno abraccio!
E assim partimos de volta levando conosco a imagem deste irmão inesquecível..
Conversa com meus botões
na Serra da Mantiqueira
Raimundo José Santana (54/61)
D
epois de um fim de semana “quente”, em que
fiz uma visitinha rápida ao Instituto Padre Nicolau, em Itajubá, para matar ou, quem sabe, reviver
saudades dos sete anos em que lá vivi com os Padres M.S.C, brasileiros e holandeses, com quem tanto aprendi, cheguei a São Paulo um tanto “atordoado”, não só pelo trânsito caótico do feriadão
prolongado mas pelas conversas que andei tendo
com meus botões ao subir e descer a Serra da Mantiqueira. Estou ciente de que meus leitores não terão
a paciência de meus botões. Por isso, tentarei ser o
mais sintético possível.
Não posso me furtar a alguns comentários sobre
o que observei neste fim de semana: uma pequena
meditação sobre a frágil condição humana, sobre a
roca, o fuso e o fio com que as três Parcas nos traçam o destino. Pena que eu não seja um Balzac, um
Molière, um Eça ou um Machado para poder pintar,
com maior propriedade, a alma humana.
Quanta coisa interessante observei! Começarei
pela estória da Sra. Rosana, a dona da Pousada Ninho da Águia, situada bem no topo da Serra Mantiqueira, onde me hospedei com a família. Seu pai,
espanhol, chegou ao Brasil em 1905 e comprou fazendas de café no interior de São Paulo e ficou muito rico. Casou-se com uma francesa de quem Dona
Rosana não tem lembrança, pois perdeu a mãe logo
aos dois anos de idade. Mas a menina estudou nos
melhores colégios e se formou em Direito. Casou-se,
separou-se, aposentou-se num alto cargo público.
Há trinta anos presta serviços a um forte Grupo Industrial da Capital paulista, de onde não pretende
sair nem depois de morta, pois é regiamente remunerada e mantém laços de muita amizade e confiança com os Diretores da Empresa. Como vive sozinha
em São Paulo e, segundo suas próprias palavras,
tem altos rendimentos, dá-se ao luxo de viajar ao
Exterior, pelo menos duas vezes ao ano. Não gosta
de ler e não gosta de História. Por aí já se vê que não
bate muito comigo. O foco de sua vida, como Cornélia, a mãe dos Gracos, é o seu único filho José ( o
responsável pela Pousada) e seus dois netos (11 e
13 anos) a quem leva sempre para esquiar nos Alpes
Suíços e para mergulhar nos mares de Ibiza. Joana,
INTER EX Março/2010 17
a mãe dos meninos, uma “caipira” lá da região (palavras de Dona Rosana) vai no vácuo ...ajuda a carregar as malas!
Dona Rosana investiu muito na Pousada, que lhe
traz muitos aborrecimentos e poucos rendimentos,
mas que serve (dentro daquela máxima de que o
trabalho dignifica o homem) para segurar o filho cabeludo e cabeçudo, que estudou até na França, mas
não seguiu profissão alguma. Como ela já tem mais
de 70 anos e vive sozinha, é “workaolic”. Mete a cara
no serviço o dia inteiro durante a semana e tem, na
Capital, para espairecer um pouco, uns programinhas com o pessoal da 3ª. Idade nas noites de sábado e ou domingo. Vai deixar ao filho um belo apartamento, em São Paulo, uma bela casa de praia e a
Pousada Ninho da Águia, nos altos da Mantiqueira,
com mais de 70 alqueires, muito gado nelore e muitos poços para criação de truta. Como tudo isso lhe
dá muito prejuízo e não confiando muito nas aptidões comerciais do filho, já reservou dois fundos de
ações (R$1.000.000,00 para cada neto) para que
eles estudem na Europa daqui a alguns anos. Uma
vez por mês vai lá para a Pousada e se mete a fazer
sabão caseiro e limpeza nos chalés.
A rigor, sei que nada tenho a ver com isso. O dinheiro é dela, a vida é dela e ela que aja como melhor lhe aprouver. No começo, confesso que fiquei
meio constrangido em esmiuçar com meus botões e,
agora, com meus leitores, todos esses pormenores
de uma vida levada com tanto trabalho e garra. Mas
venci os escrúpulos porque essas estórias ela conta
abertamente para todos os hóspedes, sempre com
uma canequinha na mão, que tanto pode ser de café,
de pinga, de vodka ou de caipirinha. Falante, gentil,
educada, uma simpatia de pessoa. Do começo ao
fim, ouvimo-la calados ... e calados ficamos a meditar sobre essa sua rotina simples de vida, de total
dedicação ao trabalho. Tudo se resume em trabalho,
trabalho, duas novelinhas, o Jornal Nacional, meia
garrafa de um bom vinho, à noite, e ... cama! Parece-me uma mulher feliz. Para meus desconfiados
botões, bons observadores, há controvérsias!
Mas por que contei tudo isso? Porque os ditos
botões sussurraram-me ao pé do ouvido, logo
após meus comentários sobre a felicidade
dela, aquela antiga Teoria do Taine (que diz
que o homem é fruto da genética, do meio
e do momento). Não sei se até hoje alguém já contestou o Taine. Eu, pelo menos, acho que ele sintetizou demais: o
homem é muito mais complexo e rico
do que essas três variáveis. E aqui,
paciencioso leitor, vai mais uma pequena estória:
Alguém nasce numa pequena aldeia e freqüenta a escolinha da Igreja, onde se destaca como excelente
aluno (não falta às aulas, gosta de
ajudar os colegas que têm dificuldades, integra o coral da instituição),
entra para o Seminário onde é considerado o “factótum”. Anos depois,
deixa o Seminário. Não há consenso
sobre as razões. A mãe acha que ele
estava muito doente. Ele vai para uma
cidade maior, onde se encontra com vá-
rios líderes revolucionários com quem passa a discutir o Marxismo. Gosta muito de poesia; chega até a
fazer alguns versos.
De quem estou falando? Pode, até aqui, ser a minha estória, que é igual a de tanta gente. Mas não é:
entre a minha estória e a do sujeito aqui de cima, há
20.000.000 de mortos. Estou falando de Stálin, o
ditador russo. E é aí que não entendo o Taine. Como
tivemos uma vida parecidíssima até aos vinte anos
(pois fomos seminaristas e tivemos uma formação
cristã) e depois o homem se torna o mais poderoso
e, talvez, o mais cruel ditador de toda a História da
Humanidade e eu nunca consegui sair da mediocridade total? Teria sido o Meio? Também freqüentei
(dentro das devidas proporções, evidentemente!)
certos meios revolucionários. Teria sido o Momento?
Será que se tivesse vivido no momento dele (Stálin)
teria sido um Trotsky ou um Kerensky? Pelo que me
conheço, “jamais de la vie!”
Poderia enumerar aqui milhões de estórias de indivíduos iguais, semelhantes, diferentes que têm a
sua História e História muito complexa, que, certamente, não cabe na Teoria do Taine, nem em quaisquer outros compêndios de Filosofia. Como explicar
a um ateu o despreendimento do mártir polonês, Padre Kolbe, dos missionários que deixam o conforto
de suas pátrias para enfrentar peste, fome e guerra
em países distantes? Motivação, Ambição, Fé, Abnegação, Preenchimento do Tempo apenas?
O arrebentar de trabalhar de uma Dona Rosana, a
fome de poder de um Stálin, o despreendimento de
um Francisco de Assis... E daí? Como explicar tanta
disparidade? Tudo isso seria um pretexto para viver,
para chegar ao leito de morte e poder dizer: “missão
cumprida”? Mistérios ...Mistérios ...Mistérios... Diria
um Dias Gomes.
18 INTER EX Março/2010
A ferrovia do sítio
Alberto José Antonelli (1944-1949)
S
entados no alto da colina, atrás da sede da Fazenda Nova, nós quatro, alunos da turma dos
menores, olhávamos a paisagem à nossa frente. Vista privilegiada sobre o vale do rio Descaroçador. Nesta manhã de janeiro, ano 1946, tudo parecia bucólico, tranqüilo. Mas não fora assim no passado. Já
narramos em número anterior como esta foi uma região estuante de atividade, na época dourada do
café. Suas plantações significaram riquezas e prestígio. Havia, é claro, um preço a pagar. Tanto os proprietários, como os colonos, os escravos, os trabalhadores agregados, homens, mulheres e até crianças
pequenas, tinham que trabalhar de sol a sol, num
serviço braçal árduo, que não permitia erros. Começava com o preparo do terreno, adubação, plantação, capinas, pulverizações. A plantação e colheita
de café exigem uma atenção constante. Quando o
café já estava maduro, fazia-se o recolhimento dos
grãos. Aí vinha a lavagem e despolpamento, secagem e outras atividades. Só após ele ensacado e entregue ao comprador, o fazendeiro podia descansar.
Eram meses e anos de preocupações para um resultado nem sempre favorável.
Estas atividades foram mais intensas nas duas
grandes fazendas da região: a Fazenda Nova que estávamos visitando, e aquela outra em baixo do morro, à nossa esquerda, chamada então de Barrocão, e
hoje dividida e cristianizada com o nome de “Sítio
São José do Barrocão”, muito nossa, aliás. O rio que
serpenteia lá em baixo, por cem anos, foi o divisor
inconteste entre as duas propriedades. Ninguém
mais sabe quão grande foi a fazenda original, da qual
os padres, na década de trinta, compraram quinze
alqueires para o lazer da comunidade e alunos. O
testemunho é de que havia muito café plantado, tanto que em nosso terreno foi preciso construir uma...
ferrovia! Entenda-se: algo básico, sem complexidades. Não se fala evidentemente de uma obra tipo a
antiga Fepasa. Um motivo simples explicava esta necessidade: em terrenos difíceis, montanhosos, fica
mais fácil e barato montar uma pequena estrada de
ferro, do que fazer todo o trabalho de construção e
manutenção de uma estrada de rodagem. Diversas
fazendas, nos vários estados brasileiros, usavam
deste expediente, quando o terreno não era plano.
Os primeiros alunos do colégio, prae-primis, o Cônego Carlos Menegazzi, conheceram os restos desta
estrada de ferro, então já desativada há anos. Tendo
o ponto inicial na parte plana onde está a capela e a
casa do zelador, os trilhos subiam o morro, virando à
esquerda, apoiados no chão pedregoso por dormentes de madeira. Iam em direção ao espigão, onde
hoje em dia passa, cortando do Nordeste para Sudoeste, a rodovia SP 225, de Aguai a Analândia (em
nosso tempo, Aguaí chamava-se Cascavel). Os vagonetes, sólidos, do tamanho de um automóvel pequeno, eram feitos com caibros e vigas grossas,
apoiados sobre eixos com quatro rodas de metal.
Nunca houve locomotivas para puxá-los vazios, morro acima. Para isto serviam bem dois bois ou quatro
burros. Na ausência destes, usavam o braço forte de
escravos e colonos. Nos diversos pontos de colheita,
os vagões eram carregados até o limite. Começavam
então a descida pelo morro, deslizando, levados por
seu próprio peso, controlados à mão por algum homem responsável que, montado, acionava os freios
rudimentares, de pressão mecânica, que nesta época havia. Já em baixo, os grãos eram descarregados
INTER EX Março/2010 19
e lançados em tanques de tijolo cimentado. Água
para descascá-los é o que não faltava. As mesmas
fontes que há oitenta anos abastecem aquelas bicas
jorrando no pátio, em frente à cozinha, do mesmo
modo um século atrás, brotando no meio de uma
mata maior que a atual, desciam o líquido puro, volumoso, inesgotável para os tanques da tulha. Os
grãos, mergulhados por três ou mais dias, fermentavam, amoleciam, e batidos com varas, pizados, ou
de outra maneira, eram descascados. Em seguida os
trabalhadores os espalhavam nos terreiros. O clima
ensolarado da região bastava para, após um tempo,
deixá-los ressecados, no ponto exato para o ensacamento.
Surge então uma dúvida. Onde ficavam as tulhas
com água, usadas para amolecer os grãos? Ninguém
dá uma resposta convincente. De fato, não sobrou
nenhum vestígio. Talvez estivessem dentro de uma
casa vasta construída no local do atual campo de
futebol. As primeiras fotografias tiradas no ano de
1933 nos mostram uma construção sólida, com uns
quinze metros de frente, a mesma largura que o alpendre do sítio. Foi derrubada, e apesar de tão grande, também não deixou qualquer vestígio. Ou então,
as tulhas com água poderiam estar construídas ao ar
livre, num lugar qualquer. Quando se tornaram ociosas, e, portanto, inúteis, foram removidas sem deixar qualquer traço. Outra possibilidade é que, sendo
os proprietários de um ou dois séculos atrás, tão
espertos como os de hoje, tenham calculado que seria mais racional levar os grãos “in natura” uns poucos quilômetros à frente para uma destas fazendas
grandes que vemos no caminho a Pirassununga. Poderiam até serem fazendas do mesmo proprietário
ou de alguém da família. Neste caso, juntando com
as remessas dos arredores, em quantidades volumosas, seriam lavados, despolpados e ensacados. A
economia de mão de obra seria apreciável
Lembramos que, no ano de 1932, tentando resolver a crise na lavoura cafeeira, o Presidente Getúlio
Vargas manda erradicar os cafezais e plantar outras
culturas. Como é de lei, paga uma indenização por
cada pé de café erradicado. Naqueles anos, foi alta a
despesa para os cofres federais e um sacrifício heróico da parte dos proprietários. Atitude sensata! Com
o tempo, a multicultura dos campos tornou-se uma
realidade, e diminuíram os problemas causados por
excesso de produção. O Brasil pôde, enfim, lançar os
fundamentos para, no século XXI, tornar-se um dos
celeiros do mundo.
Aqui precisamos deter-nos. No próximo número
Sítio do Barrocão - década de 1960
diremos como estes milhões de sacos de café eram
comercializados e enviados ao exterior. E como os
primeiros padres e alunos utilizaram os restos desta
ferrovia, e iniciaram a reforma que adaptou o sítio do
Barrocão para ser o local precioso que em todos nós
deixou saudades. Até lá, amigos.
“Rio descaroçador, na
divisa do sítio”
Sítio do Barrocão - década de 1960
Represa
construída nas férias
Sítio do Barrocão - década de 1960
Sítio do Barrocão - década de 1960
20 INTER EX Março/2010
Notícias da Província de São Paulo
João Costa Pinto (1953 - 1966)
Dirigindo-se aos confrades, o Provincial, Pe. Benedito Ângelo Cortez, emprestando palavras de J. Oliveira Lisboa, aborda um tema sensível e audacioso, iniciando
com a costumeira desculpa do “faltam operários para a Messe”. Fala-se em falta de
recurso humano em qualquer diocese ou congregação ou ordem religiosa. Começando com Mateus 9, 36-38, em paralelo com Lucas 10, 1-20 (envio dos 72 discípulos),
chega-se à conclusão de que Jesus apontou a escassez, não de pastores, mas de operários para a messe. Ao tempo de Cristo a Palestina estava infestada de sacerdotes, levitas, escribas, fariseus, doutores da lei, mas faltava quem tivesse compaixão do povo e
fosse ao encontro dele para “curar suas doenças e enfermidades”. Profetas da antiga
ou primeira aliança (Jeremias e Ezequiel) já denunciavam situação similar. Na Igreja
cristã, o papa São Gregório Magno, no século VI, queixava-se dizendo “Para grande
messe, poucos operários, coisa que não sem imensa tristeza podemos repetir; pois
embora haja quem escute as palavras boas, falta quem as diga. O mundo está cheio de
sacerdotes, todavia, raramente se vê um operário na messe de Deus; porque aceitamos
o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever de ofício”.
Comentário Geral
Revista de Nossa Senhora
Nas últimas Comunicações da Província (Ver NR 1), foram
focalizados temas que extravasam as fronteiras do Brasil e assuntos internos da Província. Entre os mais abrangentes estão a
mensagem da Casa Geral, de Roma, aos confrades, a Conferência Geral MSC realizada na África, as prioridades e as preocupações informadas pela alta Direção da Congregação: espiritualidade mariana, busca de vocações, formação sacerdotal, os
leigos aderindo à Família Chevalier, formação espiritual, vida
em comunidade, missão internacional, melhora da comunicação dentro da Congregação, o atendimento equilibrado da demanda de missionários em todas as províncias da Congregação,
algumas das quais passam por apuros. Os temas internos da
Província focalizam a Nova Missão MSC na cidade equatoriana de Portoviejo, as Nomeações e Transferências, os primeiros Votos ao término do Noviciado, os Votos Perpétuos, o Encontro dos Formadores, a Reunião dos Superiores e seus
Conselhos), a abertura, na Assembléia Nacional MSC, do Ano
Jubilar (2010-2011) da presença MSC no Brasil (1911-2011), e
outras notícias que serão logo mais informadas.
Anais, tradicionalmente uma revista de N. Senhora do Sagrado Coração, já é neste ano do sesquicentenário do título
“Nossa Senhora do Sagrado Coração” a Revista de Nossa Senhora, com novo lay-out e formato, agradável de se ler. Trabalho
do Diácono Reuberson Ferreira Rodrigues. Daqui em diante, a
Revista seguirá sob a batuta do Pe. Air José. Telefones para assinatura: (11) 2211-7873 ou (11) 2116-6453.
Fraternidades Leigas LMSC
Conferência Geral MSC
A conferência aconteceu na cidade de Yaundê, capital da
República de Camarões (Ver NR 2). Transcrevo a seguir tópicos resumidos do relatório do Provincial. Este diz da emoção
de pisar no solo africano. De acordo com a ciência, nossos
primeiros ancestrais provêm do continente africano. Os continentes sulamericano e o africano eram um só há cerca de 80
milhões de anos. Mas, a história humana recente deixou marcas
profundas nos irmãos africanos que vieram para o Brasil em
porões de navios negreiros. E surge nesse período de dor e divisão a intervenção da Virgem Negra de Aparecida, manifestada de diversas formas, inclusive no rompimento das correntes
que prendiam o escravo Zacarias. (Ver NR 4) O país dos Camarões foi estraçalhado pelos colonizadores europeus (N.R “países cristãos”) e depois ensangüentado por conflitos tribais.
As atrocidades dantescas contra o povo, contra a mulher principalmente, levam a sérios questionamentos sobre o futuro do
país, da juventude, das crianças, dos pobres e da construção de
uma sociedade com justiça, paz e sem violência. A partir dessa
dura realidade, “como o Pe. Chevalier, queremos ver brotar do
Coração do Crucificado um mundo novo, sem violência.”
A V Assembléia das Fraternidades leigas MSC da Província de São Paulo teve lugar no dias 23, 24, e 25 de outubro,
no Sítio S. José do Barrocão, Pirassununga. Participantes vieram do Sul de Minas e de São Paulo, interior e capital. Para
fortalecer o vínculo da Família Chevalier, compareceu a
Irmã Maria da Luz, representando as Fraternidades ligadas
às Irmãs, Filhas de Nossa Sra. do Sagrado Coração. Ao todo,
45 leigos e mais 20 pessoas, entre padres, religiosos e seminaristas, que deram apoio, assessoraram e fizeram a animação da Assembléia. E poucas semanas depois, no início de
dezembro, a Fraternidade MSC se fortalece com um novo
grupo e novos membros, os primeiros do Sul de Minas. Os
novos membros assumiram seu compromisso com visível
alegria, em celebração eucarística, na Comunidade N. Sra.
do Perpétuo Socorro.
INTER EX Março/2010 21
Notícias da Província de São Paulo
Nova paróquia no Equador
8 de dezembro, data importante para a Congregação,
foi o dia da instalação de
uma nova paróquia na diocese de Portoviejo, à beira
do Pacífico. Área extensa
com bairros pobres que lembram as favelas brasileiras. A
intenção era indicar Nossa
Sra. do Sagrado Coração
como padroeira dessa nova
paróquia. Todavia, forte devoção popular levou à escolha de Santa Narcisa, uma
jovem catequista que morreu
com pouco mais de 20 anos,
numa vida de penitência e santidade, reconhecida ainda em
vida. Foi canonizada pelo Papa Bento XVI, em outubro de
2008. Nascida em Nobol, arquidiocese de Guayaquil, morreu
em Lima. O povo a chama carinhosamente de La Narcisita. Seu
corpo repousa incorrupto no seu santuário em Nobol. Dom
Lorenzo, arcebispo da diocese, presidiu à instalação da nova
paróquia e à posse do Pe. Antonio Carlos de Meira como
primeiro pároco. Uma casa cedida por uma paroquiana será o
local em que os missionários vão acomodar-se e atender as necessidades pastorais.
Ainda a Missão do Equador
das reformas e pintura das igrejas, do ministério pastoral nas
comunidades de Santo Tomás e de San Juan de Turubamba, dos
postulantes equatorianos que ajudam no trabalho pastoral nos
fins de semana, junto com o Pe. Moacir Goulart, MSC da PróProvíncia de Curitiba. Diz, por fim, da chegada do Pe. Tomasz
Kundzicz, que já seguiu para sua nova e difícil missão na cidade de Tixán.
Cidadanias e Homenagens
Em 12 de outubro passado, ao final das festividades de N.
Sra. Aparecida, o Pe. José Roberto Bertasi foi agraciado com
o título de “Cidadão Itapetininguense”. E, dois meses depois, em 4 de dezembro, o Pe. João Schmid recebeu o título
de “Cidadão Florianense”, pelo trabalho exercido junto ao
povo de Floriano.
Um nonagenário missionário
O Pe. Arlindo Giacomelli, hoje vigário de Delfim Moreira,
após 53 anos como pároco, completou seus 90 anos de idade em
18 de outubro de 2009. Uma celebração eucarística foi marcada
para as 15hs para que as comunidades rurais pudessem também
comparecer. Ônibus lotados chegando, muitos paroquianos
querendo abraçar o aniversariante. Amigos de longa data de Piranguçu, sua primeira paróquia, fizeram questão de estar presentes. Compareceram também representantes de Itajubá. Na
procissão de entrada para a santa missa, ressoaram pela igreja
lotada os aplausos carinhosos do povo. O homenageado, emocionado, falou aos fiéis, pediu perdão pelos erros cometidos ao
longo de 54 anos, salientando ter feito com a melhor intenção
tudo o que fez. Após a santa missa, vários paroquianos, em
nome das comunidades, agradeceram a dedicação do Pe. Arlindo em servir as 38 comunidades que integram a paróquia.
Seguiu-se animadíssima confraternização. Foram distribuídos
mais de 2000 pedaços de bolo. (Síntese do relato do pároco Pe.
Manoel Ferreira dos Santos Jr.) Agora são dois veneráveis na
casa dos 90, o Pe. Francisco Janssen (97) e o Pe. Arlindo.
Profissão Religiosa
Votos perpétuos e Ministérios
Em extensa carta-relatório impressionante, o Pe. Antonio
Carlos de Meira comenta sua despedida da Diocese de Riobamba, que fica nos Andes, parte alta do Equador, partindo para
a zona “Sur de Chimborazo”, onde fica a cidade de Portoviejo,
um novo desafio para a Missão MSC. Suas palavras são um
belíssimo testemunho do seu pastoreio junto aos povos de
Chunchi, Tixán e Palmira. O Pe. Alex Sandro Sudré descreve
as atividades pastorais na paróquia Buen Pastor, na capital do
país, falando da catequese, da preparação de novos catequistas,
que vêm sendo bem instruídos para seu trabalho, em treinamento permanente, da visita surpresa de Dom Danilo Echeverria, bispo auxiliar e vigário geral da Arquidiocese de Quito,
O religioso Mauro Fernando nasceu em Palmeirândia-MA,
estudou Filosofia em São Luís, fez o Noviciado em Pirassununga e cursou Teologia em São Paulo. No dia 28 de novembro
passado emitiu votos perpétuos em celebração realizada na comunidade São Francisco, na Paróquia e Santuário de N. Sra.
Aparecida. E logo no mês de dezembro recebeu os ministérios
de Leitor e Acólito.
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Notícias da Província de São Paulo
Renovação dos Votos
Propedêutico - Pirassununga
No Santuário Nacional de N. Sra. do Sagrado Coração, na
Vila Formosa, no dia 4.12.09, em celebração eucarística, presidida pelo Superior Provincial, concelebrada pelos Pes. Air,
Milton Joaquim e Paulo (diocesano), os religiosos Ailton, Juliano, Jackson, José Saraiva Júnior, Marco e Michel renovaram
os votos religiosos por mais um ano..
Dos 30 vocacionados da Pastoral Vocacional de 2009, 10
foram convidados para o Aspirantado em 2009. Desses 10, 7
perseveraram e foram aprovados para o Propedêutico 2010.
São eles: Paulo Henrique (Itapetininga), Jeverson e Andrade
(Pirassununga), Rodolfo (Piranguçu), Maycon (Itajubá), Anderson (Delfim Moreira) e André Felipe (Carmo de Rio ClaroMG). (N.R. - Novamente tempos promissores).
Nomeações e Transferências
Primeiros Votos
Em Itajubá, no Noviciado, dia 8.12.09, na festa da Imaculada Conceição professaram pela primeira vez os votos religiosos os noviços Gabriel Pena, Otacílio Jr., Rubeval, da Província
de São Paulo, César Duarte, da Pró-Província do Rio de Janeiro, e Jorge Mário, da Província dos EUA, Secção da Colômbia.
Gabriel se tornou o primeiro equatoriano a fazer sua profissão
religiosa na Congregação dos M.S.C.
Postulantado - Campinas
Três anos após o retorno do Postulantado a Campinas, 2009
encerrou-se com 5 postulantes. Ainda chegarão os seminaristas
do Propedêutico de Pirassununga, completando nove. Carlos
(3º. ano). Fernando, José Marcos, Rafael e Wanderley, no 2º.
ano. Jonas, Lucas, Patrick e Sandro, no 1º. ano. Da Comunidade participarão também o Diácono Lucemir, como Formador, e o Pe. Francisco Janssen. (N.R. - Tempos promissores).
São Paulo-Interior - Bauru: Pe. Júlio Cesar Machado, Reitor e
Pároco do Santuário e Paróquia N. Sra. Aparecida de e Pe. Godofredo Scheeper, vigário paroquial. Itapetininga Pe. Nelson Andrade,
vigário paroquial N. Sra. Aparecida do Sul. Campinas: Pe. Tarcísio
Pereira Machado, Pároco da Paróquia São José e Diretor Geral dos
Colégios Júlio Chevalier e Externato N.S.S.C. São Paulo-Capital
- Pe. Romeo Bortolotto, Co-Formador no Teologado e Administrador Paroquial do Santuário de N. Sra. do Sagrado Coração, na Vila
Formosa. O Pe. Joaquim dos Santos Filho será Reitor do Teologado
e Administrador Paroquial de da Paróquia São Benedito das Vitórias,
São Paulo; Na Paróquia do Santuário das Almas, o Pe. Agenor Possa
será vigário e o Pe. Antonio Alves de Souza Vigário Paroquial.
Itajubá e Piranguçu - Pe. Carlos R. Rodrigues, vigário da
Paróquia N. Sra. da Soledade e Pe. Mauro Fernandes, colaborador nessa mesma paróquia, mas residindo na Casa do Noviciado; O Pe. Jênisson Lásaro dos Santos continua atendendo em
Piranguçu e participará da comunidade N. Sra. da Soledade.
Região Norte - S. Gabriel da Cachoeira: Pe. Jorge de
Oliveira Gonçalves, Pároco da Paróquia Dom Bosco e, vigário, o
Diácono Reuberson Ferreira. Em Pari Cachoeira o Pe. Ivo Trevisol será o Administrador Paroquial em Pari Cachoeira; AM;
Região Nordeste - O Pe. Francisco Tarcísio de Souza será o
Diretor do Postulantado Pe. Júlio Chevalier, em São Luís, MA.
Pe. Mauro Sérgio de Souza, vigário paroquial de Sta. Helena,
em Pinheiro, MA. Pe. Valdecir Soares, Paróco de N. Sra. do S.
Coração, Aerolândia-Fortaleza. O Pe. Carlos Buzanelli atuará
como Vigário Paroquial em Itaitinga, na Paróquia S. Antonio.
Missão do Equador - Pe. Antonio Carlos de Meira, Pároco
da Paróquia Santa Narcísa de Jesús, em Portoviejo, onde atuará
como Colaborador Gabriel La Peña, o primeiro professo MSC
equatoriano.
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Notícias da Província de São Paulo
NOTAS DA REDAÇÃO
NR 1 - A fonte principal desta Seção do Inter-Ex foram as
Comunicações de setembro- outubro-novembro/09 (no. 604)
e dezembro/09 (no. 605) da Província de São Paulo, com relatos do Pe. Provincial e de outros autores. Transcrevendo matérias das Comunicações, meu objetivo é transmitir as principais notícias da Província. A reprodução parcial de algum
texto às vezes torna-se inevitável.
NR 2 - República de Camarões - Depois de um período de
autonomia como território associado à França, Camarões teve
sua independência outorgada pelo governo francês em 1960.
Um plebiscito em 1961 levou à anexação da parte britânica de
Camarões à república já independente. Território: 475.440 km2:
População: ao redor de 20 milhões - Idiomas oficiais: francês e
inglês. Capital: Iaundé, atualmente com cerca de 2.000.000 de
habitantes. Moeda: Franco CFA. Religiões: cristianismo 52,2%
animismo 26%, islamismo 21,8% (dados de 1990).
NR 3 - Portoviejo é uma cidade portuária do Equador,
capital da Província de Manabi, a 140 km de Guayaquil. Habitantes: 167.000. Altitude: 53 metros. A capital Quito e
Guayaquil (porto na costa do Pacífico) são as principais cidades do país. Guayaquil supera a capital Quito em população e economia. A pequena República do Equador, delimitada por 256.370 km2 caminha atualmente para 14.000.000 de
habitantes. Sua independência diante da Espanha foi proclamada pela elite criolla de Quito em 1809, mas veio a se tornar efetiva somente em 1822 com o apoio das tropas de Simon Bolívar e a vitória de Antônio Sucre em 24 de maio de
1822, no povoado de Pichincha. (NR - Sucre é a denominação da moeda equatoriana.)
NR 4 - Escravo Zacarias - Um escravo que vivia na senzala de uma fazenda no Paraná, cansado de sofrer maus tratos,
Recordações
fugiu em direção ao Estado de São Paulo. Era o ano de 1874.
A fuga de um escravo era ofensa moral imperdoável e exigia
reparação e pronta repressão. De imediato saiu a sua procura
um famoso “capitão do mato”, perseguidor de escravos. Encontrou e prendeu o escravo próximo a Bananal-SP. Depois de
acorrentá-lo com pesados grilhões nos pés e nos braços (um
conjunto de argolas e barras de ferro pesando mais de 7 quilos), conduzia-o de volta ao Paraná. Ao passarem pela Vila,
em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição Aparecida,
cansado e com fome, com os pés repletos de cortes por caminhar descalço por estradas pedregosas e cheias de mato, pediu
ao seu caçador para descansar um pouco e rezar na Igreja. O
algoz permitiu e aproximou-se a cavalo da porta da Igreja, enquanto Zacarias caminhou uns passos, caiu de joelhos ao chão
em suplicante e dolorida oração. Para espanto do capitão, de
diversos alunos de um Colégio ao lado da Igreja e de muitas
pessoas na rua que presenciaram a cena, todos viram soltaremse milagrosamente os grilhões que prendiam os pés e os braços do escravo e que caíram ao chão com grande barulho. Zacarias em prantos segurou as correntes com as mãos e correu
para dentro da Igreja, prostrando-se junto à grade que separava do público o altar da Virgem Maria. Com as mãos estendidas e o rosto inundado de lágrimas, agradeceu a Nossa Senhora a providencial e maternal proteção. O Capitão do Mato
desceu do cavalo e, seguido por pessoas que testemunharam o
fato, entrou na Igreja. Compreendeu que se tratava de uma
intervenção sobrenatural. Concordou em deixar o escravo em
liberdade. Pediu ao Tesoureiro da Igreja uma declaração narrando o acontecimento para fazer prova junto ao seu patrão.
Com a consciência tranqüila de ter feito a melhor escolha, retornou sozinho ao Paraná. No salão do sub-solo denominado
“Salão das Promessas” ou “Salão de Ex-Votos”, podem ser
vistos os grilhões que acorrentavam o escravo Zacarias. (Fonte: Internet)
24 INTER EX Março/2010
Programa
a
Taxa de inscrição : R$ 20,00
SÁBADO – 01/05/10
08:00h – Recepção no I.P.N
Cadastramento – crachás – café mineiro
11:00h Saída para o Restaurante e Pesqueiro Arco Íris
12:00h – Almoço self-service : Leitão a pururuca,
frango caipira, carne de panela, lagarto recheado,
peixe frito e mais vinte e cinco pratos de autêntica
comida mineira preparada em fogão de lenha
Preço : R$ 19,00 adulto e R$ 10,00 criança
18:00h – Reunião dos ex – alunos. Apresentações.
Palavra livre
20:00h – Bingo – rifas, pastel de milho , e suculenta
canjiquinha .
22:00h – Recolhimento
DOMINGO – 02/05/10
7:00h – Café da manhã no pátio interno
8:00h – Missa na Capela
10:00h – Passeios e visitas
12:00h – Churrasco
14:00h – Leilões e rifas : Favor colaborar com prendas
16:00h – Encerramento
Observações
A taxa de inscrição cobrirá as despesas relativas ao consumo de sábado e
domingo, com exceção do almoço e bebidas.
A missa na capela não pode atrasar, pois em seguida a capela será usada para outra missa

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