Cultos Escoteiros - Grupo Escoteiro do Mar Amigo Velho
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Cultos Escoteiros - Grupo Escoteiro do Mar Amigo Velho
INDABA REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL CULTOS ESCOTEIROS Ricardo Menezes Diretor Técnico Grupo Escoteiro Caio Martins – 6º DF Setembro de 2001 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros CONTEÚDO Introdução................................................................................................................ 3 Religião .................................................................................................................... 3 As grandes religiões ............................................................................................... 4 Hinduísmo.............................................................................................................................. 4 Judaísmo ............................................................................................................................... 4 Islamismo............................................................................................................................... 5 Budismo................................................................................................................................. 6 Religiões Afro-Brasileiras ...................................................................................................... 7 O Espiritismo ......................................................................................................................... 8 Cristianismo ........................................................................................................................... 8 O Protestantismo ............................................................................................................. 8 O Catolicismo................................................................................................................... 9 A Igreja Ortodoxa............................................................................................................. 9 Número de adeptos das principais religiões do mundo..................................... 10 O Culto Escoteiro .................................................................................................. 11 Situações Formais................................................................................................. 12 Idéias de B-P.......................................................................................................... 13 Algumas Orações .................................................................................................. 14 Oração Escoteira Mundial ................................................................................................... 14 Oração da Jornada .............................................................................................................. 14 Oração Gaélica.................................................................................................................... 14 Oração da Tranqüilidade ..................................................................................................... 14 Oração do Expedicionário ................................................................................................... 14 Oração do Alimento (antes da refeição).............................................................................. 14 Meu Senhor e Chefe............................................................................................................ 14 Anônima............................................................................................................................... 15 Oração de Francisco de Assis............................................................................................. 15 Alguns Textos para Reflexão................................................................................ 15 O Cachorrinho ..................................................................................................................... 15 Amor na Latinha de Leite..................................................................................................... 16 Mussa e Nagib..................................................................................................................... 16 Amigos ................................................................................................................................. 17 Os Gansos ........................................................................................................................... 18 Fila Indiana .......................................................................................................................... 19 Lenda Judaica ..................................................................................................................... 19 O Fazendeiro e o Cavalo..................................................................................................... 19 Sempre Há uma Saída ........................................................................................................ 19 A Janela ............................................................................................................................... 20 O Vaso Cheio ...................................................................................................................... 21 Carta do Chefe Indígena Seattle (1885).............................................................................. 21 Referências ............................................................................................................ 24 2 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Introdução “Demorei a compreender que Deus não é inimigo dos meus inimigos. Deus sequer é inimigo de seus inimigos.” – Pastor Martin Niemöler (1892-1984) Durante sua prisão em campo de concentração na Segunda Guerra Mundial. “A voz humana não pode ser ouvida até que tenha perdido o poder de ferir.” – Mira Rostova, professora de artes cênicas do Teatro de Artes de Moscou. O Movimento Escoteiro, através do seu programa e método, procura ajudar o jovem a crescer espiritualmente, principalmente na sociedade multicultural em que vivemos e requer que seus membros "cumpram seus deveres para com Deus". Todos os membros do Grupo devem ser estimulados a ter uma religião e seguir fielmente seus preceitos. O ME auxilia seus membros a se desenvolverem em suas próprias religiões e incentiva todos aqueles que não tem uma religião a buscar uma que melhor atenda suas necessidades e expresse sua fé, em harmonia com membros praticantes de outras religiões. Religião O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos – muitas vezes centrados na figura de um ente supremo – que o ajudam a compreender o significado último de sua própria natureza. Mitos, superstições ou ritos mágicos que as sociedades primitivas teceram em torno de uma existência sobrenatural, inatingível pela razão, equivaleram à crença num ser superior e ao desejo de comunhão com ele, nas primeiras formas de religião. Religião (do latim religio, cognato de religare, "ligar", "apertar", "atar", com referência a laços que unam o homem à divindade) é como o conjunto de relações teóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma potência superior, à qual se rende culto, individual ou coletivo, por seu caráter divino e sagrado. Assim, religião constitui um corpo organizado de crenças que ultrapassam a realidade da ordem natural e que tem por objeto o sagrado ou sobrenatural, sobre o qual elabora sentimentos, pensamentos e ações. Essa definição abrange tanto as religiões dos povos ditos primitivos quanto as formas mais complexas de organização dos vários sistemas religiosos, embora variem muito os conceitos sobre o conteúdo e a natureza da experiência religiosa. Apesar dessa variedade e da universalidade do fenômeno no tempo e no espaço, as religiões têm como característica comum o reconhecimento do sagrado (definição do filósofo e teólogo alemão Rudolf Otto) e a dependência do homem de poderes supramundanos (definição do teólogo alemão Friedrich Schleiermacher). A observância e a experiência religiosas têm por objetivo prestar tributos e estabelecer formas de submissão a esses poderes, nos quais está implícita a idéia da existência de ser ou seres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana. 3 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros As grandes religiões Hinduísmo Se você tiver algum jovem da fé Hindu em sua Seção ou Grupo, você pode ter certeza que estará em contato com eras remotas da história. O Hinduísmo é a mais antiga das religões do mundo e, por isso mesmo, é muito diferente da maioria das demais. Por exemplo, não há um conjunto rígido de crenças, embora o Hindu ore com profunda devoção diante de seu Dharma ou espírito guia. Para ser Hindu apenas duas coisas são necessárias: buscar a verdade e não fazer o mal a ninguém (não ajudar alguém necessitado é entendido como fazer-lhe o mal). Para fazer essas duas coisas apropriadamente, o Hindu deve preparar seu corpo e sua mente para ser capaz de realizá-las. Isso, aliás, tem muito a ver com o Escotismo. O Templo é o lugar sagrado do Hindu para orações, mas uma sala reservada para isso ou uma barraca servem perfeitamente bem para orar e meditar. De fato, um Hindu geralmente estará preparado para usar uma igreja ou outro lugar de adoração para suas próprias devoções. O símbolo Hindu é importante. Os Hindus não têm uma palavra para Deus, como os Cristãos, os Muçulmanos e os Judeus. A essência de sua fé está na sílaba AUM (o Símbolo) que descreve a relação do "Espírito" ou Brahman com o mundo: "A" representa o poder de Deus para criar o universo; "U" representa o poder de Deus para preservar o universo; e "M" representa o poder de Deus para dissolver o universo. Há dois conjuntos de escrituras sagradas, as "isruti" que são divinas e sagradas; e as "smriti" que são um pouco menos. Há 1,000 cantos ou hinos. Os Hindus acreditam que o grande espírito aparece de três formas: Brahma, Vishnu e Shiva, usando diferentes disfarces, humanos ou animais. Eles também acreditam na doutrina da reencarnação – que após esta vida nós nasceremos de novo em outro corpo. A qualidade da vida de uma pessoa desta vez determina que tipo de corpo ela terá na próxima. A maioria dos Hindus é vegetariana, mas alguns gostam de frango e carneiro. O consumo de carne bovina é estritamente proibido. Escoteiros Hindus são sempre limpos e simpáticos e prontamente participam de cultos ecumênicos. Também recebem com alegria outros escoteiros em seus Templos. O principal festival Hindu é o Diwali, o festival das luzes, celebrado no final de novembro. Judaísmo A religião judaica é monoteísta. Toda a vida depende de um único Deus e tudo o que é bom vem Dele. O nome "Deus" é escrito nas letras IHVH, que em hebraico quer dizer "eu sou quem sou". É lido como "Jeová" ou "Javé". Seu nome real é tão sagrado que os judeus normalmente nem o pronunciam, substituindo-o por "o Senhor" ou "o Nome". 4 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Foi Jeová quem criou o mundo, e ensinou ao homem como viver em função dos seus deveres, seguindo somente a Deus, ajudando e respeitando seu próximo. Não há distinção entre a parte ética e a parte religiosa da doutrina judaica. Tudo pertence à Lei de Deus. Há 613 mandamentos, 248 afirmações e 365 proibições. Partem do princípio de "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". A Bíblia é o livro sagrado dos judeus. Trata-se de um conjunto de textos históricos, literários e religiosos. A Bíblia judaica equivale ao Antigo Testamento, organizados em 24 livros divididos em três grupos: a Lei ("Torá"), Os Profetas ("Neviim") e os Escritos ("Ketuvin"). Também há o Talmude ("Estudo"), texto usado pelos rabinos em seus ensinamentos para orientar os fiéis em situações concretas. (Contém leis, regras, preceitos morais, comentários, histórias e lendas sobre "A Lei"). O principal motivo de não encontrarmos muitos jovens Judeus em nossas reuniões aos sábados é porque este dia é sagrado para eles, o "Shabat": do por-do-sol de sexta-feira até o por-do-sol de sábado nenhum trabalho pode ser feito e as famílias se reúnem numa ceia na sexta-feira para dar boas-vindas ao Shabat e agradecer a Deus pela providência. Outras datas importantes são: o Ano-Novo (Rosh há-Shaná), o Dia do Perdão ou Iom Kipur (dia da expiação), a Festa dos Tabernáculos - Sukot, a Festa da Inauguração (Chanuká), a Páscoa (Pessach) e a Festa das Semanas (Shavuot). Os Judeus só comem carne de animais ruminantes e de casco partido (carne de gado, sim, de porco, não); aves, apenas as não predatórias; peixes apenas os que têm escamas e barbatanas. Dos animais proibidos, nem leite nem ovos servem como alimento. Toda comida feita de sangue é proibida (quando se abate um animal, retirase o máximo de sangue possível, sendo o restante retirado com água e sal). Não é permitido comer derivados de carne e de leite numa mesma refeição. Frutas e verduras são todas permitidas. Os jovens prontamente participam de cultos e da maioria das atividades escoteiras. Islamismo O termo Islam deriva da palavra “Salama” (estar em paz), e seu significado no contexto religioso é a submissão voluntária à vontade de Deus. Os seguidores desta religião são chamados de muçulmanos (aqueles que se submetem a Deus). Se você tiver algum jovem dessa religião em seu Grupo, ele será seguidor de uma fé mundial de mais de um bilhão de membros. E provavelmente será um menino ou rapaz, porque raramente uma garota muçulmana terá permissão para entrar no Escotismo – pelo menos ainda não. O Islam é um estilo de vida. Os muçulmanos são o povo do “Livro”, o “Quar’an”, ou como dizemos: o Corão. Há algumas raízes comuns com o Judaísmo. Os árabes (muçulmanos) são chamados de descendentes de Ismael, filho de Hagar, serva 5 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros da mulher de Abraão. Os Judeus descendem de Isaac, filho de Sara, esposa de Abraão. Portanto, Islamismo, Judaísmo e Cristianismo são muito entrelaçadas e embora Judeus e Muçulmanos não aceitem Jesus como filho de Deus, os Muçulmanos o aceitam como profeta. A palavra árabe que designa o Deus Uno e Único é Allah, e não admite gênero masculino ou feminino, e muito menos plural. Ele é o Senhor e Soberano do universo, criador de todas as coisas, e nada existe que não seja por Sua vontade. Ele é o Criador de todos os seres humanos. Ele é o Deus dos cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, e outros. O Islam acredita na Unicidade Absoluta de Deus e prescreve uma forma de culto e de oração que não admite imagens ou símbolos. No Islam, as relações entre o homem e o seu Criador são diretas e pessoais e dispensam qualquer intermediário. Os escoteiros muçulmanos não terão dificuldade em participar do culto religioso escoteiro, já que é Deus que é adorado. O jovem muçulmano terá que saber de cor o Corão para cumprir seus deveres para com Alah. Ele seguirá um conjunto de cinco obrigações religiosas, chamado de “Os cinco Pilares”: o primeiro, testemunho de fé, de que Deus é único e das revelações Dele a Maomé (que a paz e a bênção de Deus esteja sobre ele), seu último mensageiro ou profeta; segundo, oração, que desde a idade de escoteiro terá que fazer cinco vezes ao dia (e esse tempo deve lhe ser permitido, no Grupo ou em acampamento); terceiro, jejum, durante o mês de Ramadan ele não poderá comer e beber do nascer ao por-do-sol, para que os ricos experimentem a dor dos pobres; quarto, “al zacat” envolve crescimento, caridade e purificação; e o quinto, se possível, a peregrinação à Caaba que fica na cidade de Meca (Makkah). No campo o jovem muçulmano comerá carne bovina, frango e carneiro, se tiverem sido abatidos apropriadamente, mas jamais comerá porco. Peixe, cereais e legumes serão apreciados. O símbolo do Islamismo é a estrela de cinco pontas, representando os cinco pilares, e o crescente, que lembra que o início do mês islâmico começa com cada lua nova. Budismo Buda é uma palavra que significa “o esclarecido, o iluminado”. Este foi o título conferido ao príncipe indiano Siddharta Gautama. Seu pai o criou no palácio, com muito luxo e conforto, e não permitia de maneira nenhuma que ele tivesse contato com as dificuldades da vida. Um certo dia, andando pela rua, viu alguns camponeses arando a terra. Siddharta comoveu-se até as lágrimas com o peso do trabalho dos homens e dos bois. Isso o fez resolver sair de casa e sofrer fome e dor enquanto pensava num meio de eliminar o sofrimento do povo. Adotou um outro estilo de vida. Começou a desprezar o egoísmo, a ambição e o apego aos bens materiais. Passou a pregar seus ideais junto aos indianos. Sua filosofia era tão profunda que inaugurou um novo estilo da vida, uma nova espiritualidade. Por isso logo após a sua morte seus discípulos continuaram a propagar estas idéias, surgindo assim uma nova religião: o Budismo. O budismo tornou-se uma das religiões mais conhecidas e disseminadas por todo o mundo. Ele foi introduzido na China através do comércio com a Índia 6 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros durante a dinastia Han. De lá, espalhou-se pelo Japão e pelo resto do mundo. Essa é uma religião difícil de explicar. Os Budistas acreditam que podem passar do sofrimento humano para um estado de perfeição ou salvação chamado “Nirvana”. Mas para conseguir isso leva muito tempo, na verdade, muitas vidas. Quando alguém morre não significa que deixou de existir, simplesmente passam para outro estado de existência, e nesse mundo nada é permanente – nem mesmo o tempo, sendo apenas um fluxo contínuo de milissegundos. É uma religião em que os adeptos devem seguir pela sua consciência, através da qual são despertadas as verdades da própria existência humana. Esses princípios estão nos ensinamentos ("Dharma") pelos quais nós procuramos pensar e viver. O Budismo tem como símbolo um leme. Ele representa o ciclo de nascimentos e mortes que o indivíduo põe em movimento pela sua sede de vida (“Tanha”) e a natureza mutável do universo. O eixo da roda representa as três causas da dor: ódio, ignorância e ambição. Os raios representam o caminho das oito virtudes. Muito embora no Budismo não exista o conceito de Deus como uma entidade criadora separada, o jovem Budista não terá dificuldade em participar de culto religioso escoteiro porque sua fé o impede de ser contrário a essa idéia. Muitos Budistas são vegetarianos, mas isso não é obrigatório. Religiões Afro-Brasileiras Vários cultos até hoje praticados no Brasil começaram na África, muito antes do período da escravidão, onde basicamente predominavam três religiões: Cristianismo, Islamismo e religiões tribais ou primais. Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos. Por isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar as suas concepções através dos símbolos. Os cultos afros inicialmente eram ritos de preservação cultural dos grupos étnicos. No Brasil eles associam-se à vinda de escravos negros trazidos de lugares como Nigéria, Benin e Togo. E também estão profundamente ligados à preservação da cultura, da arte e da religião dos negros. Em diferentes momentos da história, aos poucos, as religiões afro-brasileiras foram se formando nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elas adotam diferentes formas e rituais, diferentes versões de cultos. As religiões afro-brasileiras são extremamente musicais e culturamente ricas, pois a dança tem papel muito importante nos rituais. O Candomblé é o culto afro que mais preserva as origens africanas em sua integridade, procurando evitar o sincretismo religioso. Candomblé é uma palavra africana que significa dança. Propriamente, é uma dança religiosa na qual se reza para os orixás. Esta dança é uma invocação praticada por mulheres chamadas de sambas. Todos os seguidores das religiões Afro-Brasileiras têm seu orixá. Acreditam que todos os seres humanos nascem da Natureza, em um determinado dia, lugar e hora sob o comando de um orixá, que é uma força da criação divina, manifestação de Olorum, o criador de tudo (Deus). Ogum, Oxóssi, Xangô e Iansã são alguns orixás. Já a Umbanda não crê em entidades tutelares de forças naturais. O Umbandista crê em forças ou qualidades divinas que ao penetrarem no campo áurico do planeta, sentem-se atraídas por determinados habitats da natureza. As entidades cultuadas pela Umbanda, denominadas de Caboclos, Crianças, Pretos-Velhos, Exus e 7 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Pomba-Giras, dentre outras, não são espíritos tutelares de forças naturais. São seres comuns, que já viveram e estiveram encarnados, diferenciando-se pelo seu elevado grau de espiritualização. O jovem desta fé participa prontamente das atividades e cultos escoteiros e não sofre restrições alimentares. O Espiritismo O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações. O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal. O Espírita crê que a mediunidade, que permite a comunicação dos espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinatária de vida que adote. A prática Espírita é realizada sem nenhum culto exterior, entretanto a presença dos jovens em cultos escoteiros é sempre plena e participativa. Cristianismo Em nosso país, sem dúvida, a grande maioria dos jovens são Cristãos. O Cristianismo nasceu dos ensinamentos de um Judeu, Jesus de Nazaré, há cerca de 2000 anos. De lá para cá, formaram-se três grandes ramos: a Igreja Católica, as Igrejas Protestantes e as Igrejas Ortodoxas. Embora divirjam em importantes aspectos doutrinários, essas três vertentes permanecem irmanadas por sua crença no caráter divino da revelação de Jesus, na existência de um Deus único em três pessoas, iguais em natureza e dignidade, que criou o mundo do nada, e nos princípios essenciais da cristandade: amor a Deus sobre todas as coisas, traduzido necessariamente no amor ao próximo, e a fé na chegada do reino de Deus. Além disso, o Cristianismo em seu conjunto se distingue das demais religiões monoteístas por ser a única que proclama a realidade de um homem-Deus, o próprio Jesus, Deus ele mesmo, encarnado em forma humana para realizar a vinculação mística e real de toda a humanidade com o Criador. Os três ramos do cristianismo têm também um mesmo livro sagrado, a Bíblia, e acrescentam ao Antigo Testamento judaico o Novo Testamento, que compreende os Evangelhos e outros livros posteriores ao nascimento de Jesus. O Protestantismo Protestantismo é um termo empregado para designar um amplo espectro de igrejas cristãs que, embora tão diferentes entre si como a Igreja Luterana e as Testemunhas de Jeová, compartilham princípios fundamentais como o da salvação pela graça de Deus mediante a fé, o reconhecimento da Bíblia como autoridade suprema e o sacerdócio comum de todos os fiéis. 8 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros O termo "protestante" tem origem no protesto de seis príncipes luteranos e 14 cidades alemãs em 19 de abril de 1529, quando foi revogada uma autorização para que cada príncipe determinasse a religião de seu próprio território. O Catolicismo Desde o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563, a igreja cristã subordinada à autoridade papal em Roma passou a denominar-se Católica Apostólica Romana, em oposição às igrejas protestantes constituídas a partir da Reforma. Definese como una, santa, católica e apostólica e considera seu chefe como legítimo herdeiro da cátedra do apóstolo Pedro, sagrado papa, segundo o Evangelho, pelo próprio Jesus. O termo catolicismo tem o significado de universal, geral e verdadeiro. A Igreja Ortodoxa A denominação "ortodoxa" (isto é, de doutrina reta) tornou-se corrente, mesmo entre católicos e protestantes, para designar as igrejas cristãs orientais que, em 1054, se separaram da igreja de Roma. Chamam-se igrejas ortodoxas as que representam a fé historicamente preservada pela cristandade oriental e se consideram depositárias da doutrina e dos ritos originais dos padres apostólicos. Dividem-se em três grupos: a Igreja Ortodoxa do Oriente, de origem bizantino-eslava, e que reúne o maior número de fiéis; as igrejas orientais dos nestorianos e monofisistas, sem qualquer comunhão com as demais; e as igrejas orientais que "retornaram a Roma", mas se mantiveram distintas em rito e disciplina. Quadro-resumo das principais divisões do Cristianismo (em número de adeptos) Católicos Igreja Católica Apostólica Brasileira Igreja Católica Apostólica Romana Protestantes Evangélicos Igreja Adventista do Sétimo Dia Igreja Anglicana Igreja Batista Igreja Calvinista Igreja Evangélica Luterana do Brasil Igreja Metodista Igreja Presbiteriana Evangélicos Pentecostais Assembléia de Deus Igreja Universal do Reino de Deus Ortodoxos Igreja Ortodoxa Oriental Igrejas Orientais dos Nestorianos e Monofisistas Demais Cristãos Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias 9 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Número de adeptos das principais religiões do mundo Cristãos Catolicos Protestantes Ortodoxos Outros Cristãos Muçulmanos Hindus Budistas Judeus Outras religiões Não religiosos Judeus 0,2% 1.059.210.000 396.867.000 218.537.700 325.385.300 1.320.000.000 900.000.000 360.000.000 14.000.000 586.000.000 840.000.000 Ortodoxos 3,6% Muçulmanos 21,9% Outros Cristãos 5,4% Budistas 6,0% Protestantes 6,6% Outras religiões 9,7% Catolicos 17,6% Não religiosos 14,0% Hindus 15,0% Fonte: Adherents.com 10 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros O Culto Escoteiro Quando o Grupo for composto por jovens de religiões diferentes, seus Escotistas devem respeitá-las cuidando para que cada jovem observe seus deveres religiosos. Os membros do Escotismo devem conhecer, de uma forma geral, as religiões dos demais membros no sentido de promover uma convivência harmônica e participativa. Nas atividades do Grupo os cultos e orações devem ser simples, ecumênicas (para Cristãos de diversas denominações) ou inter-religiosas e de assistência voluntária. Vejamos inicialmente o que o Culto Escoteiro não é: § § § Não é missa nem culto de igreja ou de templo, nem é substituto deles; Não é uma liturgia estruturada; Não é uma oportunidade para o chefe escoteiro proferir “verdades” com um pouco de Deus junto para dar mais efeito. Com isso em mente, vejamos o que o Culto Escoteiro é (e não pode deixar de ser nenhuma dessas coisas): § § § É um reconhecimento de Deus e Sua criação – e nós como parte dela, expressado de tal forma que jovens de todas as religiões possam compartilhar juntos; É uma pausa em nossa atividade para se descobrir algo mais profundo e mais permanente nas coisas que queremos alcançar, aprender ou desfrutar; É uma resposta ao Criador pela dádiva da vida. Isso quer dizer, então, que o Culto Escoteiro pode ser praticamente qualquer coisa, desde um momento de silêncio, passando por uma frase simples, até um ritual mais elaborado que contenha músicas, cantorias, leituras, histórias e preces. Embora mais adiante haja algumas sugestões que podem ser usadas na montagem de Cultos Escoteiros, não há, de fato, nenhuma forma “certa” de fazê-los. Por exemplo, uma tropa de Sêniores poderá chegar até o topo de uma montanha, após uma subida difícil ou especialmente desafiadora e, parando para recuperar o fôlego e apreciar a vista, um deles diz, com sentimento, “Graças a Deus que a gente conseguiu chegar até aqui...” e outros poderão responder “É isso aí...” (no contexto, outra palavra para “amém”). Conscientemente ou não eles acabaram de participar de um Culto Escoteiro, porque eles reconheceram tanto o que conquistaram quanto o crescimento que obtiveram a partir dele. A glória de um pôr do sol, o raiar da alvorada, o céu estrelado à noite e o sentimento de amizade ao redor das chamas de um fogo de conselho são cenários absolutamente naturais para se pensar – às vezes silenciosamente, às vezes em voz alta, sobre o poder que é o início e o fim de todas as coisas, e nosso lugar, como humanos, na complexa ordem do universo. E isso é o Culto Escoteiro, às vezes até sem a necessidade de mencionar Deus pelo nome, deixando-o apenas implícito. A argumentação aqui é simples: o Culto Escoteiro, na verdade, é uma experiência espiritual que acontece. No entanto, às vezes, especialmente com os mais jovens, essa experiência precisa ser enfatizada. Assim, uma atividade ou um jogo que demande mais esforço físico, ou mental, ou de espírito de equipe ou de tolerância, pode, ali mesmo, ser transformado em um Culto Escoteiro – com uma breve reflexão e um agradecimento a Deus. Não há necessidade de hinos, leituras, etc. 11 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Naturalmente haverá sempre lugar para Cultos Escoteiros mais elaborados, com canções e leituras, uma vez que tenhamos reservado uma hora para Deus. Nessas ocasiões poderá ser bom contar uma história de aventura ou de desafios vencidos, na qual as pessoas envolvidas se apoiaram na fé (qualquer que ela seja) do Deus Criador para atingirem seus objetivos; cantar uma ou duas canções que falem em compartilhar, amar o próximo ou em servir; e, claro, as orações. Embora os mais jovens vejam isso com dificuldade, as melhores orações sempre vêm deles. Um lobinho que ore “Agradeço ao Senhor por ter me criado” acertou em cheio no significado do Culto Escoteiro com um mínimo de palavras. Deve-se deixar que os mais jovens façam suas próprias orações, talvez até criando um livro de orações da Alcatéia ou da Tropa Escoteira, usando-o e atualizando-o anualmente. Nenhum chefe adulto consegue, inteiramente, atingir a profundidade dos pensamentos dos jovens. Você deve ter muito cuidado ao liderar um Culto Escoteiro, por mais simples que seja, para que não repasse para os jovens o seu modo particular de adorar a Deus nem as características de sua própria religião. Em resumo, o Culto Escoteiro é uma experiência espiritual, sem necessidade de formalismos nem rituais rigidamente estruturados. LEMBRE-SE: O Escotismo encoraja os escoteiros a terem uma religião e a cumprirem suas obrigações ou deveres para com Deus, mas não define o que é uma crença em Deus nem o que é ou o que constitui uma religião. Como chefes escoteiros devemos ter cuidado para não favorecer uma fé em detrimento de outra. Durante a condução das atividades, devemos ficar atentos à necessidade de encorajar todos os jovens a cresçerem em suas próprias convicções religiosas. Lembre-se de que os chefes escoteiros também têm este “dever” para com Deus. Situações Formais Em situações formais é recomendável que se planeje o Culto Escoteiro com antecedência, e lhe dê uma estrutura. A estrutura mais útil é a mais simples: Ela consiste de três elementos. O primeiro é uma introdução, que pode ser feita com ou sem canções. O segundo elemento é a história. Há centenas de histórias que servem muito bem para esse fim. Histórias sobre B-P, ou sobre aventuras ou desafios modernos. Algo que possa ser ilustrado com alguma forma de participação dos presentes é muito eficiente mas não é absolutamente essencial. Poderia ser um simples trecho de livro – mas seria muito melhor se fosse recontado pelo orador sem recorrer à leitura do livro! O terceiro elemento é a devoção. Nada complicado nem sofisticado, apenas um apanhado de coisas que são eternas por natureza, tais como amor, beleza, justiça, verdade e paz – e a ligação do lugar vital que os membros do Movimento Escoteiro de todas as idades têm na conquista e preservação delas. É assim que nós podemos cumprir com nossos deveres para com o Poder Criador (Deus) que é o princípio e o fim de todas as coisas. Sem dúvida, os melhores e mais eficientes Cultos Escoteiros são aqueles preparados pelos próprios jovens. Portanto, é importante que eles tenham 12 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros oportunidade tanto de praticar a montagem de cultos quanto de participar deles. Para isso, você poderá dar-lhes um tema e pedir para que a equipe o apresente da forma que achar mais eficiente. Eles poderão aparecer com canções, algo para ler ou coisas que você jamais sonharia, mas para eles (e entre eles) o efeito será melhor do que qualquer coisa que você diga. Alguns temas que poderiam ser sugeridos: § § § § Tomar conta do mundo que Deus criou e das pessoas que o habitam; Trabalhar para a paz e a justiça para todos; Fazer o melhor possível com aquilo que Deus nos deu; Como lidar com ferimentos e deficiências Claro que há temas mais óbvios tais como férias, escotismo, amizades, aventuras, etc. Todos têm significado escoteiro. Você poderá talvez sugerir-lhes o abstrato: amor, esperança, beleza, imaginação, desespero, tristeza, perdão... Ou atacar de frente, e pedir-lhes que expressem em palavras, ou encenando, ou cantando, o que eles entendem por Deus, a Criação, o Universo, ou até eles mesmos. O importante aqui é que, formal ou informalmente, não tem que ser profissional – apenas honesto. Nem tem que demorar meia hora, apenas o tempo suficiente para dizer o necessário. Você terá uma agradável surpresa do que eles são capazes de fazer. Idéias de B-P “Para uma tropa aberta, ou para tropas no campo, acho que o Culto Escoteiro deve ser aberto para todas as denominações e executado de tal forma a não ofender ninguém. Não deve haver uma forma especial, mas deve ser pleno do espírito certo e deve ser conduzido não de um ponto de vista eclesiástico qualquer, mas do ponto de vista do jovem. Tudo aquilo que possa contribuir para a criação de uma atmosfera artificial deve ser evitado. Não queremos um tipo de procissão de igreja imposta sobre eles, mas uma elevação voluntária de seus espíritos, em decorrência dos rapazes agradecerem o prazer da vida e um desejo da parte deles de buscar inspiração e força para um amor maior e para o servir ao próximo. Um Culto Escoteiro deve ter um efeito nos garotos tão grande quanto qualquer serviço religioso em uma igreja, se na condução do Culto Escoteiros nos lembrarmos que rapazes não são homens adultos, e se acompanharmos o passo dos mais jovens e dos menos educados dos presentes. Entediar-se não é reverenciar, e o tédio não produz religião. Para interessar aos jovens, o Culto Escoteiro deve ser uma função alegre e variada. Hinos curtos (três versos são, via de regra, bastantes – nunca mais que quatro); orações compreensíveis; uma palestra dada por um homem que realmente entenda os rapazes (mais uma conversa “caseira” do que propriamente uma palestra) e que prendam a atenção, e durante a qual eles possam rir ou aplaudir, como o espírito mandar, para que eles realmente se interessem por aquilo que é dito. Se um homem não consegue colocar suas idéias para os garotos mais espertos em dez minutos ele deve levar um tiro! Se ele não as tiver bem afiadas, melhor seria nem fazer o Culto Escoteiro.” Baden-Powell Publicado em “The Scouter” Novembro de 1928 (Tradução do autor) 13 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Algumas Orações Oração Escoteira Mundial Oração da Tranqüilidade Vamos cada um de nós agora fazer uma oração silenciosa para nosso irmão à nossa direita... Para nosso irmão à nossa esquerda... E agora para nossos irmãos escoteiros ao redor do mundo. Dá-me, Senhor, tranqüilidade para aceitar aquilo que não posso mudar, A coragem para mudar aquilo eu posso, E a sabedoria para distingüir um do outro. Tradicional Oração do Expedicionário Oração da Jornada Senhor, Ajuda-me a encontrar a força do velho carvalho Para que nenhum sucesso me envaideça. A felicidade da natureza Para a solidão não me abater. A liberdade da ave Para seguir meu próprio caminho. E a vontade do Expedicionário Para seguir sempre à frente e servir ao próximo. Mestre do Universo, Conceda-me a habilidade de ficar só; Que seja hábito meu sair todos os dias ao ar livre Entre as árvores e a relva, entre todas as coisas vivas. E que lá eu possa ficar só, e fazer uma oração, Para falar com aquele a quem pertenço. Que eu consiga expressar tudo que sinto no meu coração, E que todas as folhagens do campo (Toda a relva, as árvores e plantas) Acordem com minha chegada, Para transmitir a força de suas vidas para minha oração Para que minha oração e minha fala sejam uma, Através da vida e do espírito de todas as coisas que crescem, Que são feitas únicas por suas forças transcendentais. Oração do Alimento (antes da refeição) Senhor, Tu que dás a água aos campos, A terra às plantas, O fruto aos homens, Abençoa este alimento Para que sua força Nos faça servir-te bem. Rabino Nachman de Bratslav (1722-1811) Meu Senhor e Chefe Meu Senhor e Chefe, Que apesar de minhas fraquezas Escolheu-me para Chefe e guardião De meus irmãos escoteiros, Faz com que minhas palavras e exemplos Iluminem seus caminhos Na trilha da Tua Lei. Oração Gaélica Seja uma chama que brilha em frente a mim, Seja uma estrela guia acima de mim, Seja uma trilha macia abaixo de mim, E seja um pastor gentil atrás de mim, Neste dia, nesta noite e para sempre. 14 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Oração de Francisco de Assis Que eu mostre a eles Tuas pegadas divinas Na natureza que criaste, Ensinar-lhes aquilo que devo E guiá-los de etapa em etapa Até a Ti, meu Senhor No acampamento do repouso e da alegria Onde armaste Tua barraca e a nossa Para toda a eternidade. Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor, onde houver ofensa, que eu leve o perdão, onde houver discórdia, que eu leve a união, onde houver dúvidas, que eu leve a fé, onde houver erro, que eu leve a verdade, onde houver desespero, que eu leve a esperança onde houver tristeza, que eu leve alegria, onde houver trevas, que eu leve a luz. Mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado, compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, é morrendo que se vive para a vida eterna Anônima Se for pra esquentar, que seja no sol; Se for pra enganar, que seja o estômago; Se for pra chorar, que se chore de alegria; Se for pra mentir, que seja a idade; Se for pra roubar, que se roube um beijo; Se for pra perder, que se perca o medo; Se for pra cair, que seja na gandaia; Se existir guerra, que seja de travesseiros; Se existir fome, que seja de amor; Se for para ser feliz, que seja o tempo todo! Alguns Textos para Reflexão "O que é que há com ele?" O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria e andaria devagar. O menino se animou e disse: "Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!" O dono da loja respondeu: "Não, você não vai querer comprar esse. Se você realmente quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente." O menino ficou transtornado e, olhando bem na cara do dono da loja, com o seu dedo apontado, disse: "Eu não quero que você o dê para mim. Aquele cachorrinho vale O Cachorrinho Diante de uma vitrine atrativa, um menino pergunta o preço dos filhotes à venda. "Entre 30 e 50 dólares", respondeu o dono da loja. O menino puxou uns trocados do bolso e disse: "Eu só tenho 2,37 dólares, mas eu posso ver os filhotes?" O dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pêlo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, mancando de forma vísível. Imediatamente o menino apontou aquele cachorrinho e perguntou: 15 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros E o irmãozinho, dando um grande gole exclama: 'como está gostoso!' 'Agora eu', diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe nada. 'Agora você', 'Agora eu', 'Agora você', 'Agora eu'... E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo... ele sozinho. Esse 'agora você', 'agora eu' encheram-me os olhos de lágrimas... E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, a sambar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio, mas o coração trasbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias sem darlhes maior importância. Daquele moleque nós podemos aprender a grande lição, 'quem dá é mais feliz do que quem recebe.' É assim que nós temos de amar. Sacrificando-nos com tal naturalidade, com tal elegância, com tal discrição, que os outros nem sequer possam agradecer-nos o serviço que nós lhe prestamos. tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou 2,37 dólares agora e 50 centavos por mês, até completar o preço total." O dono da loja contestou: "Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos." Aí, o menino abaixou e puxou a perna esquerda da calça para cima, mostrando a sua perna com um aparelho para andar. Olhou bem para o dono da loja e respondeu: "Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso.” Amor na Latinha de Leite Dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela - um deles de cinco anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro. Estavam famintos: 'vai trabalhar e não amole', ouvia-se detrás da porta; 'aqui não há nada moleque...', dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças... Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes: 'Vou ver se tenho alguma coisa para vocês... coitadinhos!' E voltou com uma latinha de leite. Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos: 'você é mais velho, tome primeiro...' e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua. Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta fortemente os lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite. Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: 'Agora é sua vez. Só um pouco.' Mussa e Nagib Dois amigos, Mussa e Nagib, viajavam pelas extensas estradas que circulam as tristes e sombrias montanhas da Pérsia. Ambos se faziam acompanhar de seus ajudantes, servos e caravaneiros. Chegaram certa manhã, às margens de um grande rio barrento e impetuoso, em cujo seio, a morte espreitava os mais afoitos e temerários. Era preciso transpor a corrente ameaçadora. Ao saltar de uma pedra o jovem Mussa foi infeliz, falseando o 16 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros mandaste gravar na pedra, para sempre, o feito heróico. E agora que ele acaba de ofender-vos tão gravemente, vos limitais a escrever na areia incerta, o ato de covardia! A primeira legenda, ó cheique, ficará para sempre. Todos os que transitarem por este sítio dela terão notícia. Esta outra, porém, riscada no tapete de areia, antes do cair da tarde, terá desaparecido como um traço de espumas entre as ondas buliçosas do mar. Respondeu Mussa: - É que o benefício que recebi de Nagib, permanecerá para sempre, em meu coração. Mas a injúria... essa negra injúria... escrevo-a na areia, com um voto, para que, se apague e desapareça mais depressa, das areias e de minha lembrança. Assim é, meu amigo! Aprende a gravar na pedra, os favores que receberes, os benefícios que te fizerem, as palavras de carinho, simpatia e estímulo que ouvires. Aprende, porém, a escrever na areia, as injúrias, as ingratidões, as perfídias e as ironias que te ferirem, pela estrada agreste da vida. Aprende a gravar assim, na pedra: aprende a escrever assim, na areia... e serás feliz!. pé, precipitou-se no torvelinho espumante das águas em revolta. Teria ali perecido, arrastado para o abismo, se não fosse Nagib. Este, sem um instante de hesitação, atirou-se à correnteza e, lutando furiosamente, conseguiu trazer a salvo o companheiro de jornada. Que fez Mussa? Chamou, no mesmo instante, os seus mais hábeis servos e ordenou-lhes que gravassem na face mais lisa de uma grande pedra, que perto se erguia, esta legenda admirável: "Viandante! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib salvou heroicamente seu amigo Mussa". Isto feito, prosseguiram com suas caravanas, pelos intérminos caminhos de Allah. Alguns meses depois, de regresso às terras, novamente se viram forçados a atravessar o mesmo rio, naquele mesmo lugar perigoso e trágico. E, como se sentissem fatigados, resolveram repousar algumas horas à sombra acolhedora da laje, que ostentava bem no alto a honrosa inscrição. Sentados na areia clara, puseram-se a conversar. Eis que, por um motivo fútil, surge, de repente, grande desavença entre os dois companheiros. Discordaram, discutiram e Nagib, exaltado, num ímpeto de cólera, esbofeteou brutalmente o amigo. Que fez Mussa? Que farias tu, em seu lugar? Mussa não revidou a ofensa. Ergueu-se, e tomando tranqüilo o seu bastão, escreveu na areia clara, ao pé do negro rochedo: "Viandante! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib, por motivo fútil, injuriou gravemente o seu amigo Mussa". Surpreendido com o estranho proceder, um dos ajudantes de Mussa observou respeitoso: - Senhor! Da primeira vez, para exaltar a abnegação de Nagib, Amigos Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos, considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por uma rádio e ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido aos traumatismos e à perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas 17 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Os Gansos como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o sangue preciso. Reuniram então as crianças e entre gesticulações, arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar o sangue. Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto. Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso mas ininterrupto. Era evidente que alguma coisas estava errada. Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando... minutos depois ele estava novamente tranqüilo. A enfermeira então explicou aos americanos: "Ele pensou que ia morrer; não tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter que dar todo o seu sangue para a menina não morrer." O médico se aproximou dele e com a ajuda da enfermeira perguntou: - "Mas se era assim, porque então você se ofereceu a doar seu sangue?" E o menino respondeu simplesmente - "Ela é minha amiga." No outono, quando se vêem bandos de gansos voando, formando um grande V no céu, indaga-se o que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem desta forma. Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente de trás. Ao voar em forma de V, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais de força de vôo do que uma ave voando sozinha. Pessoas que têm a mesma direção e sentido de comunidade podem atingir seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois viajam beneficiando-se de um impulso mútuo. Sempre que um ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessários para continuar voando sozinho. Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa imediatamente à sua frente. Se tivéssemos o mesmo sentido manter-nos-íamos em formação com os que lideram o caminho para onde tambem desejamos seguir. Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso assume a liderança. Vale a pena nos revezarmos em tarefas difíceis, e isto serve tanto para as pessoas quanto para os gansos que voam juntos. Os gansos de trás gritam encorajando os da frente para que mantenham a velocidade. Que mensagem passamos quando ficamos atrás! Finalmente quando um ganso fica doente ou é ferido por um tiro e cai, dois gansos saem de formação e o acompanham para ajudá-lo e protegêlo. Ficam com ele até que consiga voar novamente ou morra. Só então 18 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros O Fazendeiro e o Cavalo levantam vôo sozinhos ou em outra formação, a fim de alcançar seu bando. Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda. Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado. O poço era muito profundo e seria extremamente dificil tirar o cavalo de lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação certificando-se que o animal não se machucara. Mas, pela dificuldade e alto custo de retirá-lo do fundo do poço, achou que não valeria apena investir numa operação de resgate. Tomou então a dificil decisão: determinou ao capataz que sacrificasse o animal, jogando terra no poço até enterrá-lo ali mesmo. E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo... Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, o animal sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo. Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que finalmente conseguiu sair. Sabendo do caso, o fazendeiro ficou muito satisfeito e o cavalo viveu ainda muitos anos servindo ao seu dono na fazenda. Fila Indiana Os homens andam em fila indiana,cada um levando uma sacola na frente e outra atrás. Na da frente colocamos nossas virtudes. Na de trás nossos defeitos. Durante a jornada pela vida mantemos os olhos fixos nas virtudes que temos. Ao passo que reparamos nas costas do companheiro que está adiante os defeitos que ele tem. Nos julgamos melhores que ele sem perceber que a pessoa atrás de nós está pensando a mesma coisa a nosso respeito. Lenda Judaica Deus convidou um Rabino para conhecer o céu e o inferno. Ao abrirem a porta do inferno, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão onde se cozinhava uma suculenta sopa. Em volta dela, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher com cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o caldeirão, mas não suas próprias bocas. O sofrimento era imenso. Em seguida, Deus levou o Rabino para conhecer o céu. Entraram em uma sala idêntica à primeira: havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta, as colheres de cabo comprido. A diferença é que todos estavam saciados. -"Eu não compreendo", disse o Rabino. "Por que aqui as pessoas estão felizes, enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?" Deus sorriu e respondeu: -"Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a alimentar uns aos outros. Sempre Há uma Saída Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor era pessoa influente do reino e por isso, desde o primeiro momento se procurou um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino. 19 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história. O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência. Disse o juiz: - Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor. Vou escrever em um pedaço de papel a palavra INOCENTE e noutro pedaço a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredito. O Senhor decidirá seu destino. Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO, de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia saída. Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem pensou alguns segundos e, pressentindo a vibração, aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o na boca e o engoliu. Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem. - Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber qual seu veredito? - E muito fácil, respondeu o homem. Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o seu contrario. Imediatamente o homem foi libertado. Cultos Escoteiros O cômodo era bem pequeno, e nele havia uma janela que dava para o mundo. Um dos homens tinha, como parte do seu tratamento, permissão para sentar-se na cama por uma hora durante as tardes (algo a ver com a drenagem de fluído de seus pulmões). Sua cama ficava perto da janela. O outro, contudo, tinha de passar todo o seu tempo deitado de barriga para cima. Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela era colocado em posição sentada, ele passava o tempo descrevendo o que via lá fora. A janela aparentemente dava para um parque onde havia um lago. Havia patos e cisnes no lago, e as crianças iam atirar-lhes pão e colocar na água barcos de brinquedo. Jovens namorados caminhavam de mãos dadas entre as árvores, e havia flores, gramados e jogos de bola. E ao fundo, por trás da fileira de árvores, avistava-se o belo contorno dos prédios da cidade. O homem deitado ouvia o sentado descrever tudo isso, apreciando todos os minutos. Ouviu sobre como uma criança quase caiu no lago, e sobre como as garotas estavam bonitas em seus vestidos de verão. As descrições do seu amigo eventualmente o fizeram sentir que quase podia ver o que estava acontecendo lá fora... Então, em uma bela tarde, ocorreu-lhe um pensa-mento: Por que o homem que ficava perto da janela deveria ter todo o prazer de ver o que estava acontecen-do? Por que ele não podia ter essa chance? Sentiu-se envergonhado, mas quanto mais tentava não pensar assim, mais queria uma mudança. Faria qual-quer coisa! Numa noite, enquanto olhava para o teto, o outro homem subitamente acordou tossindo e sufocado, suas mãos procurando o botão que faria a enfermeira vir correndo. Mas A Janela Certa vez, dois homens, seriamente doentes, estavam na mesma enfermaria de um grande hospital. 20 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros - Qual o objetivo desta demonstração? Um jovem e brilhante aluno levantou a mão e respondeu: - Não importa quanto a "agenda" da vida de alguém esteja cheia, ele sempre conseguirá "espremer" dentro mais coisas! - Não, respondeu o mestre, o ponto é o seguinte: A menos que você coloque as pedras grandes em primeiro lugar dentro do vaso, nunca mais as conseguirá colocar lá dentro. As pedras grandes são as coisas importantes de sua vida: sua fé em Deus, a família, seus amigos, seu crescimento pessoal e profissional. Se você preencher sua vida somente com coisas pequenas, como demonstrei com os pedregulhos, com a areia e a água, as coisas realmente importantes, nunca terão tempo nem espaço em suas vidas. ele o observou sem se mover... mesmo quando o som de respiração parou. De manhã, a enfermeira encontrou o outro homem morto, e silenciosamente levou embora o seu corpo. Logo que pareceu apropriado, o homem perguntou se poderia ser colocado na cama perto da janela. Então colocaram-no lá, aconchegaramno sob as cobertas e fizeram com que se sentisse bastante confortável. No minuto em que saíram, ele apoiou-se sobre um cotovelo, com dificuldade e sentindo muita dor, e olhou para fora da janela. Viu apenas um muro... O Vaso Cheio Um mestre Budista queria demonstrar um conceito aos seus alunos. Ele pegou um vaso de boca larga e colocou algumas pedras dentro. Então perguntou a classe: - Está cheio? Unanimente responderam: - Sim! O mestre então pegou um balde de pedregulhos e virou dentro do vaso. Os pequenos pedregulhos se alojaram nos espaços entre as rochas grandes. Então, perguntou aos alunos: - E agora, está cheio? Desta vez alguns hesitaram, mas a maioria respondeu: - Sim! O mestre então levantou uma lata de areia e começou a derramar a areia dentro do vaso. A areia então preencheu os espaços entre os pedregulhos. Pela terceira vez o mestre perguntou: - Então, está cheio? Agora, a maioria dos alunos estava receosa, mas novamente muitos responderam: - Sim! O mestre então mandou buscar um jarro de água e jogou-a dentro do vaso. A água saturou a areia. Neste ponto, o mestre peguntou para a classe: Carta do Chefe Indígena Seattle (1885) Trechos da resposta do cacique Seattle, da tribo “Suwuamish” no noroeste americano, ao Presidente Americano F. Pierce, que tentava comprar as suas terras. "O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao [seu próprio] mau cheiro. (...) "Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se nós a decidirmos aceitar, imporei uma condição: O homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. "O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande 21 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o inicio da sobrevivência. "Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los? "Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho... "Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. "Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem, dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado. "Vocês devem ensinar às sua crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. "Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas as coisas então ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. "O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o teia da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo. "Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos (e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um Só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e ferila é desprezar o seu Criador. Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. "Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, 22 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 "Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, extraindo dela o que deseja, prossegue seu caminho. Deixa para tráz os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa... Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. "Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem Cultos Escoteiros vermelho seja um selvagem e não compreenda. "Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros." 23 Indaba Regional do Distrito Federal – Setembro de 2001 Cultos Escoteiros Referências Bibliográficas POWELL, Baden – Lições da escola da vida, Editora Escoteira da UEB, 1986 POWELL, Baden – Guia do Chefe Escoteiro, Editora Escoteira da UEB, 1982 POWELL, Baden – Escotismo para rapazes, Editora Escoteira da UEB UEB (ed.) – De lobinho a pioneiro, Editora Escoteira da UEB, 1995 UEB (ed.) – 3º Congresso escoteiro nacional – Documento base, 1997 UEB-SP (ed.) – Apostila do módulo P 06 G – Valores e Espiritualidade, 2001 Na Internet Religiosidade – UEB Região São Paulo www.ueb-sp.org.br/relig.htm As Religiões asreligioes.globo.com Hieros orbita.starmedia.com/~hyeros/ B-P Library www.pinetreeweb.com/bp-library.htm Scouting and Religion usscouts.org/scoutduty/sd2gc05.html MacScouter - Scout's Own Materials www.macscouter.com/ScoutsOwn/ La oración y los scouts www.scout.cl/akela/doc/oracion.htm Adherents www.adherents.com 24