As doenças e o amor

Transcrição

As doenças e o amor
“Assim, quando o corpo mortal se vestir com o que é imortal e quando o que morre se vestir com o que não pode
morrer, então acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem: a morte está destruída; a vitória é total” (Paulo – Carta
aos Coríntios 1 – Capítulo 15 – versículo 54).
Conversando
com um
espiritualista
(volume 10)
Este livro contém transcrição de palestras espirituais por incorporação pelo amigo
espiritual JOAQUIM DE ARUANDA organizada por FIRMINO JOSÉ LEITE, MÁRCIA LIZ
CONTIERI LEITE
ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO UNIVERSAL
R. Pedro Pompermayer, 13 – Rio das Pedras – SP
(19) 3493-6604
WWW.meeu.com.br
Janeiro - 2015
Conversando com um espiritualista 9
página 4
Temas
1.
Perceber a ação dos conceitos ............................................................................................ 9
2.
Sentindo calor ...................................................................................................................... 9
3.
O hoje é o hoje ................................................................................................................... 10
4.
Influência do passado ........................................................................................................ 10
5.
O que sobra para ser vivido ............................................................................................... 10
6.
A eternidade é o presente .................................................................................................. 10
7.
O seu presente ................................................................................................................... 11
8.
Viver o presente ................................................................................................................. 11
9.
Concentração correta ......................................................................................................... 12
10.
O pensamento antecede ao ato? ................................................................................... 12
11.
O padrão humano só vale para a Terra ......................................................................... 12
12.
A compreensão das coisas ............................................................................................ 13
13.
O humano não evolui ..................................................................................................... 14
14.
Enfrentar problemas ...................................................................................................... 14
15.
Preparar-se para as mudanças do planeta .................................................................... 15
16.
Libertar-se das posses, paixões e desejos .................................................................... 15
17.
O valor dos acontecimentos........................................................................................... 16
18.
O que o programa precisa saber ................................................................................... 17
19.
A dor do fim dos tempos ................................................................................................ 18
20.
Apego............................................................................................................................. 18
21.
O apego leva ao sofrimento? ......................................................................................... 19
22.
Os relacionamentos são regidos pelas normas humanas.............................................. 21
23.
Dar liberdade ao filho ..................................................................................................... 22
24.
Existem alterações de valores durante a vida? .............................................................. 22
Conversando com um espiritualista 9
página 5
25.
A libertação através da contemplação da vida ............................................................... 24
26.
Como agir com os filhos................................................................................................. 26
27.
Responsabilidade .......................................................................................................... 27
28.
Só existe um amor ......................................................................................................... 28
29.
O ato do inimigo ............................................................................................................. 29
30.
Amar a si mesmo ........................................................................................................... 30
31.
Amar o inimigo ............................................................................................................... 31
32.
O inimigo é nosso maior amigo ...................................................................................... 31
33.
O amor de Judas e Cristo .............................................................................................. 32
34.
A traição de Judas ......................................................................................................... 32
35.
Valorização da vida carnal ............................................................................................. 32
36.
Corruptos ....................................................................................................................... 33
37.
Injustiça .......................................................................................................................... 33
38.
Vítimas ........................................................................................................................... 34
39.
Atrapalhando as equipes espirituais .............................................................................. 34
40.
Não transija no amor ...................................................................................................... 35
41.
Libertação dos pecados ................................................................................................. 37
42.
Rótulos do amor ............................................................................................................. 38
43.
Libertar-se das percepções............................................................................................ 38
44.
Vaidade .......................................................................................................................... 39
45.
Equilíbrio do universo..................................................................................................... 40
46.
Medo da vida ................................................................................................................. 41
47.
Capacidade para fazer a reforma .................................................................................. 42
48.
A realidade ..................................................................................................................... 42
49.
Libertar-se das percepções............................................................................................ 43
50.
O que se leva desta vida................................................................................................ 44
51.
A humanização do espírito............................................................................................. 45
52.
Viver a felicidade neste mundo ...................................................................................... 45
53.
Humildade ...................................................................................................................... 46
54.
Gerar coisas por vontade própria ................................................................................... 46
55.
É justo guerrear ............................................................................................................. 47
56.
A simplicidade da reforma íntima ................................................................................... 48
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página 6
57.
Atos ................................................................................................................................ 48
58.
Cansaço ......................................................................................................................... 49
59.
O fim das encarnações .................................................................................................. 50
60.
Retrocesso à forma ovoide ............................................................................................ 51
61.
Encerrando uma encarnação ......................................................................................... 52
62.
Escolha das provas ........................................................................................................ 52
63.
Libertar-se da roda de encarnações .............................................................................. 53
64.
Múltiplas encarnações ................................................................................................... 53
65.
Vivendo o que está escrito ............................................................................................. 55
66.
Criação da realidade ...................................................................................................... 56
67.
Existência da matéria ..................................................................................................... 56
68.
Perceber as coisas do universo ..................................................................................... 57
69.
Vencendo o medo .......................................................................................................... 57
70.
Os sentimentos e a programação da vida...................................................................... 58
71.
As sensações do ego ..................................................................................................... 59
72.
Inconsciente coletivo ...................................................................................................... 59
73.
Provar que quer amar .................................................................................................... 60
74.
A provação e a Onisciência ........................................................................................... 60
75.
A vivência do espírito e do ego ...................................................................................... 61
76.
A responsabilidade do espírito pelo erro ........................................................................ 62
77.
Perceber sem saber ....................................................................................................... 63
78.
A liberdade leva a Deus ................................................................................................. 64
79.
Mudança da índole do ser humano ................................................................................ 66
80.
Blasfêmia ....................................................................................................................... 67
81.
Pedir, buscar e achar ..................................................................................................... 67
82.
O escândalo ................................................................................................................... 68
83.
Pedir ajuda e agradecer ................................................................................................. 69
84.
A destruição do que já foi aprendido .............................................................................. 71
85.
Mudar para Deus ........................................................................................................... 72
86.
O resultado para quem realiza a reforma íntima ............................................................ 73
87.
Despir-se do ego ............................................................................................................ 73
88.
Obrigação ...................................................................................................................... 73
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página 7
89.
Estar encarnado ............................................................................................................. 74
90.
Necessidade do corpo ................................................................................................... 75
91.
Encarnar ........................................................................................................................ 75
92.
A encarnação não acaba com a morte .......................................................................... 75
93.
Aprendizado de vidas passadas .................................................................................... 77
94.
É preciso assumir-se como espírito ............................................................................... 77
95.
A matéria e as faculdades.............................................................................................. 78
96.
Todos são perfeitos ....................................................................................................... 79
97.
O quebra cabeças universal .......................................................................................... 79
98.
Compreender o Universo ............................................................................................... 80
99.
Matéria e fluído universal ............................................................................................... 80
100.
Vingar-se do encarnado ................................................................................................. 82
101.
Obsessão ....................................................................................................................... 83
102.
Libertar-se da obsessão................................................................................................. 83
103.
Dimensões ..................................................................................................................... 84
104.
Interdição ....................................................................................................................... 85
105.
Espírito e consciência .................................................................................................... 86
106.
A vibração do espírito .................................................................................................... 87
107.
A roupa do ser humano.................................................................................................. 87
108.
A realidade plasmada depois do desencarne ................................................................ 88
109.
Ferimentos no perispírito ............................................................................................... 88
110.
Vampiros espirituais ....................................................................................................... 89
111.
Trabalho em encruzilhadas ............................................................................................ 90
112.
Seguir Kardec para ser espírita ..................................................................................... 91
113.
Uma só moral para todos os espíritos ........................................................................... 92
114.
Todos são iguais ............................................................................................................ 92
115.
Deus sempre dá Amor ................................................................................................... 92
116.
O Espírito da Verdade está errado? .............................................................................. 93
117.
Separar o joio do trigo .................................................................................................... 93
118.
Perfeição ........................................................................................................................ 94
119.
Evolução na encarnação compulsória ........................................................................... 95
120.
Aptidões natas ............................................................................................................... 95
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página 8
121.
Ter pensamentos inferiores ........................................................................................... 96
122.
Sensações ao longo do processo de evolução .............................................................. 96
123.
Dons inatos .................................................................................................................... 96
124.
A ajuda das aptidões ..................................................................................................... 97
125.
A necessidade do novo planeta ser igual a este ............................................................ 97
126.
Ciclo de vidas................................................................................................................. 98
127.
A necessidade da morte ................................................................................................ 98
128.
Planeta chupão .............................................................................................................. 99
129.
O mundo humano é perfeito .......................................................................................... 99
130.
Intenção ....................................................................................................................... 100
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1. Perceber a ação dos conceitos
Participante: nós conseguimos perceber a presença da existência destes preconceitos?
Se estiver acordado, ou seja, se estiver atento à mente, verá a existência deles. Estando acordado
poderá ver a mente se pronunciando sobre aquela pessoa ou aquela coisa com conceitos formados
anteriormente. Se não estiver, não conseguirá ver.
Participante: é duro conseguir ver isso...
Sim, concordo com isso, mas esse é o trabalho da sua vida. Isso é viver... Viver não é respirar, mas
sim estar atento ao pensamento, pois quem não vive com esta atenção está morto, está dormindo.
2. Sentindo calor
Participante: o senhor deu um exemplo de aqui e agora real. Realmente está muito calor
aqui. A mente vai trabalhar esta informação e vai me dar a sensação de estar ruim estar
aqui por conta do calor que está fazendo. Como escapar disso?
Infelizmente não será somente esta situação que a mente criará para lhe gerar desconforto ou
sofrimento. Como disse antes, se conviver com a ideia de que decidiu estar aqui, ela também gerará a culpa.
Por isso, vamos ver como sair das duas situações incômodas.
Como deixar de sentir calor? Impossível. Vocês não têm controle sobre a sensação térmica gerada
pelas percepções do corpo. Portanto, não podem deixar de sentir calor. Agora, este calor é bom ou ruim?
Depende do que cada um achar sobre a temperatura ambiente... Ou seja, depende da forma como cada um
interage com as declarações de sua mente.
O ego irá dizer que está calor e que viver nesta temperatura é ruim. Neste momento você precisa
trabalhar esta sensação. Como? Existem diversas formas de fazer isso, mas uma delas é dizer à
personalidade humana: ‘sim, está calor e isso é ruim, mas este é o meu aqui e agora, o que posso fazer?’ O
simples fato de você não aceitar a declaração da mente sobre a temperatura ambiente já não lhe deixará viver
a sensação que a mente cria a partir dela.
Esta é a forma de se libertar do desconforto que a mente causa por conta de algo presente no seu
aqui e agora. Mas, como disse, há outras coisas que ela pode usar para gerar sofrimento. Uma delas é a
culpa por estar vivendo este determinado presente. Como sair disso? Já falamos: eliminando as estórias da
vida que o ego cria e com isso dá valores ao momento atual.
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3. O hoje é o hoje
Participante: o hoje é resultado do ontem; o amanhã do hoje...
Não! O hoje não é resultado do ontem. Se fosse, tudo o que quiseram ontem seria realizado hoje. O
hoje é o hoje. Ele começa e termina agora. Quando o hoje chega, o ontem acaba, morre. Por isso não pode
gerar o agora.
O problema é que vocês acreditam que haja tempo. Quem acredita nisso crê numa sequência. No
entanto, não há passagem de tempo. O que existe é uma sucessão de presentes. A vida acontece em
momentos presentes que se sucedem, sem que isso leve a existência da passagem de um tempo.
4. Influência do passado
Participante: qual a finalidade do passado para a nossa evolução?
O passado só é importante para a sua evolução no momento em que ele é presente. Depois que se
torna passado, não mais influencia o seu processo de evolução.
5. O que sobra para ser vivido
Participante: se tirarmos tudo isso não sobre nada...
Sobra sim: o presente. Além disso, sobra você, que é a única coisa que deveria existir para você
mesmo... Só você é real. O resto é criação da mente.
Retirando da consciência gerada pelo ego tudo o que ele cria sobra você no momento de agora só
sobrará você mesmo que, aliás, é a única coisa que é real neste momento. Tudo o que imagina estar fazendo
ou recebendo e tudo o que imagina estar acontecendo são apenas criações mentais e não realidades.
6. A eternidade é o presente
Participante: na eternidade não existe tempo. Então, sem passado e futuro estaremos
vivendo eternamente o presente? O eterno é viver o aqui e agora?
Pergunta interessante... Sim, viver o eterno é viver o aqui e agora...
Aliás, lhe pergunto: o que mais você tem para viver senão o aqui e agora? Se não vivê-lo viverá uma
probabilidade de futuro ou um passado que não é real, mas uma interpretação que sua mente faz de um aqui
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e agora que já não existe mais. Sendo assim, viver a eternidade é viver cada aqui e agora que se apresenta
na sua existência.
Agora repare que estou falando em viver o presente a cada presente e não os presentes. Falo assim
porque vocês ainda vivem com a ideia de um transcorrer de tempo e por isso a eternidade dura muito tempo
para vocês. Na verdade, a eternidade dura um segundo ou menos. Quem já não viu alguém viver
eternamente uma parte de um segundo na esperança de alcançar quem vai à frente para ganhar uma
corrida?
Portanto, viver a eternidade é viver cada micro fração de tempo como se só ele existisse, pois na
verdade, ele é o único que existe mesmo. Quando ele acabar, for para o passado, será sucedido por uma
nova fração de tempo que será a única que existirá para você viver.
7. O seu presente
Participante: o presente não é um flash: já foi, já foi, já foi...
Sim, ele é isso. O presente real é tão rápido que você não o percebe. Sendo assim, como, então,
viver o aqui e agora? Tratando o que você consegue perceber como o seu presente...
Lembra-se que no início de nossa conversa perguntei a uma pessoa o que estava fazendo e ela me
disse que estava olhando o monitor de um computador? Sim, estava fazendo isso, mas não num só presente
e sim em diversos. Só na resposta que aquela pessoa me deu se passaram diversos presentes, que dirá na
prática daquela ação. Apesar de isso ser real, ela não conseguia distinguir o que acabei de falar e por isso me
respondeu que o seu aqui e agora era olhar para o monitor. Por causa desta incapacidade de vocês
conseguirem separar cada presente, aconselho a tratarem cada percepção como um presente, mesmo que
ele englobe diversos.
8. Viver o presente
Participante: concentração total na ação do presente ajuda a viver no aqui e agora?
Não, atrapalha. Concentrar-se na ação do presente atrapalha porque você imaginará que está
agindo, enquanto quem está praticando a ação é a vida. O que você precisa para viver o aqui e agora é
concentrar-se no que a sua mente está afirmando que está acontecendo e não no que está fazendo. São
duas coisas diferentes.
Concentrar-se na ação é, por exemplo, concentrar-se em me ouvir. Quem disse que conseguirá fazer
isso mesmo que eu continue falando? Concentrar-se na sua mente é ouvir o que ela está criando como
consciência enquanto eu estou falando.
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9. Concentração correta
Participante: então, para viver o aqui e agora não posso me concentrar nas minhas
percepções, mas sim no que a mente está dizendo?
Sim. Ao invés de concentrar-se no que está percebendo, se quer viver o aqui e agora como senhor
da sua mente precisa se concentrar no que o ego está dizendo que você está percebendo e retirar desta
consciência tudo o que falamos antes.
10. O pensamento antecede ao ato?
Participante: o pensamento antecede o ato. O que antecede o pensamento?
Pensamento não antecede ato: o cria. O pensamento cria o ato. Exemplo? Você só me ouve quando
existe um pensamento afirmando que isso está acontecendo. Enquanto a sua mente não criar a ideia de que
está me ouvindo você não consegue viver este ato.
11. O padrão humano só vale para a Terra
Participante: o ser humano acha que ele pode ser, estar ou fazer qualquer coisa
independente do Universo. Já que não há como fugir da questão de avaliar o que é, está
ou faz, como o espírito avalia esta questão?
Você só encontra uma dúvida nesta questão porque imagina que o padrão humano se aplica ao resto
do Universo, ou seja, se o humano imagina que pode ser, estar ou fazer alguma coisa, o espírito
necessariamente se ocupa com a mesma coisa. Mas, quem disse que isso é real?
Repare que você está usando o que é humano como padrão universal. Está querendo raciocinar a
existência espiritual a partir da humana, pois imagina que tudo o que existe aqui tem que existir lá. Quem
disse isso?
Você só se preocupa em querer saber como o espírito encara a questão do ser, estar e fazer porque
imagina que se o ser humano se ocupa com isso, o espírito se ocupe também. Ou seja, para você o mundo
humano é o padrão que o Universo deve seguir. É por isso que acha que todos os elementos universais
precisam agir a partir dos padrões humanos. Não acha que isso é muita soberba?
Por exemplo: se o ser humano raciocina, você acredita que o espírito também o faz. Quem disse
isso? Em O Livro dos Espíritos é dito que o ser universal possui a propriedade inteligência, mas nada se fala a
respeito de raciocínio. Não é todo ser que possui inteligência que raciocina. Mesmo que outros seres
executem esta atividade, quem disse que o raciocinar deles tem a ver com aquilo que humanamente vocês
chamam de raciocino?
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Esta ideia está plenamente presente no mundo humano. A ciência dos seres humanos, por exemplo,
afirmam que não existe vida em diversos planetas porque neles não há oxigênio. Afirmam isso porque a vida
humana depende da existência deste elemento químico para existir. Mas, será que não existem outros tipos
de vida no Universo que não dependam dele?
Esta é a base para a criação das verdades e realidades com as quais convive o ser humano. Ele
acha que todas as informações que possuem aplicam-se a todos os elementos do Universo. Agem como se a
Terra fosse o certo do Universo, o padrão que todos precisam seguir para existir.
12. A compreensão das coisas
Participante: mas, não é Deus que nos faz entender as coisas deste jeito?
Eis aí um entendimento que não é real. Deus não lhe dá nada; Ele lhe dá a ideia de você estar
vivendo alguma coisa.
Quando se fala que há uma Causa Primária, por exemplo, você imagina que foi Deus quem lhe
causou fazer esta pergunta, mas isso não é real. Na verdade, Deus lhe deu a ideia de você estar fazendo esta
pergunta e não a de perguntar. A pergunta que você me fez, apesar de ter sido realizada através de som, não
é real: é apenas a ideia de tê-la feito.
Estamos falando da questão levantada por Krishna no Bhagavata Puranas. Lá o Bendito Senhor
afirma que, apesar de aparentemente a mente primária (espírito) estar atada à secundária (humana), tanto a
mente secundária como a própria ideia de estar aprisionada é uma ilusão para a primária. Sendo assim, tudo
existe apenas no mundo das ideias e não dentro de uma realidade externa. Ou seja, sua pergunta, que foi
feita pela mente secundária, aparentemente parece ser real, mas como esta aparente realidade é uma ilusão,
tudo não deixou de existir apenas no mundo das ideias e não na realidade.
Portanto, saiba que se você está guiando um carro, não é Deus quem está lhe fazendo dirigi-lo, mas
é Ele quem está guiando-o – este guiar é entre aspas porque já vimos anteriormente Deus não dirige carros –
e lhe dando a ideia de que está dirigindo-o. Se alguém está lhe fazendo alguma coisa, não é Deus quem fez o
outro fazer aquilo contra você. O que o Pai realmente está lhe dando naquele momento é a ideia que existe
outra pessoa fazendo determinada coisa. Esta consciência é importante para aqueles que vão viver o fim do
mundo que começará no próximo dia vinte e um.
A realidade humana é sempre a ideia de algo estar existindo e não a existência de alguma coisa.
Não há ninguém, incluindo você mesmo, fazendo coisa alguma: todos estão tendo a ideia de existir
movimentações externas. Apenas o espírito no Universo pode fazer alguma coisa e não o humano no seu
mundo.
Por exemplo, você se considera um espírito e imagina que está sentada nesta cadeira, mas isso é
irreal. O você espírito não está sentada numa cadeira. Na verdade, dentro da realidade universal, neste
momento o espírito está no Universo fazendo a única coisa que ele pode fazer: espiritando. Este é um termo
que inventamos durante nossas conversas para falar sobre a atividade do espírito já que o que ele faz não
consegue ser conscientizado pela mente humana por falta de conhecimento sobre os elementos universais.
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13. O humano não evolui
Participante: mas, nós não estamos encarnados para evoluir?
O espírito encarna para realizar um determinado trabalho e com isso evoluir, mas você, o humano,
não. Você é apenas o carma que servirá de provação ao espírito e não ele mesmo. Na verdade, para você
humano esta questão de elevação espiritual é apenas historinha para boi dormir.
Diga-me: como um ser humano pode alcançar uma elevação espiritual? Se a elevação é espiritual,
ela é alcançada pelo espírito e não pelo humano. O humano e todo o seu mundo é apenas uma ideia que a
Causa Primária gera na mente do espírito que lhe serve como provação e não uma realidade que existe no
Universo.
14. Enfrentar problemas
Participante: então, para vivermos tranquilos os acontecimentos que virão teremos que
ter fé para ver o que virá?
A fé é entrega com confiança. Quem se entrega esperando alguma coisa ainda não se entregou a
nada, mas apenas a si mesmo.
Se você quiser usar a fé para conseguir uma existência mais tranquila dentro do processo que se
iniciará, não pode ter qualquer expectativa quanto ao que vai vir, seja esta positiva ou negativa. A fé é a
entrega a cada momento como se ele fosse o último e não a esperança que dias melhores virão.
Quem tem fé não se preocupa com o que vai acontecer, mas entrega-se a cada momento ao que
está acontecendo, sem se preocupar com o que vai acontecer. Esta forma de proceder demonstra a confiança
que você tem no processo de elevação universal que é conduzido pelo Pai.
Participante: então, quer dizer que o que vai ser será?
Esta é uma frase pronta que você pode usar para alento, mas ela não lhe conduz à realidade. Quem
pode lhe garantir plenamente que o acontecer era o que tinha que acontecer? Ninguém, não é mesmo?
Na verdade, ao invés de viver como você disse, atente-se a cada segundo e verifique o que está
acontecendo. Se aquilo está ocorrendo, não poderia ser diferente. Isso pode lhe fazer aceitar cada momento,
mas se você ainda imaginar que aquilo era o que tinha que acontecer, ainda surgirá o questionamento do
porquê foi desta forma e não de outra.
Ao constatar a realidade acontecendo a cada momento, utilize, então, a fé, a entrega com confiança
àquele momento. Utilize, também, a ideia de que tudo aquilo não existe na realidade, mas trata-se apenas de
uma ideia. Finalmente, utilize a informação que foi Deus quem causou primariamente aquela ideia porque é a
expressão do seu carma e a vivência daquele acontecimento em paz e harmonia lhe garantirá um futuro
melhor. Esta é a única forma de se vivenciar o que acontecerá em paz.
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15. Preparar-se para as mudanças do planeta
Participante: como podemos nos preparar para esta mudança que o senhor está
falando?
Não há como se preparar para isso porque como disse você só sentirá que esta mudança de eixo
está acontecendo quando ele acontecer. Durante o tempo em que lenta e gradualmente ele estiver sendo
alterado você não se dará conta de que aquilo está ligado ao fim do seu mundo e por isso não se preocupará
em preparar-se para a vivência deste processo.
Agora, se você não pode preparar-se para o dia em que se conscientizará da mudança do eixo de
sua existência, pode quando isso acontecer reagir. Como? Libertando-se naquele momento de suas paixões,
posses e desejos.
Durante o processo lento da mudança do eixo você não vai conseguir agir contra estas criações
mentais. Como às vezes ainda conseguirá satisfazer-se, não vai atentar-se para lutar contra elas. Mas, na
hora que não mais conseguir realmente atingir a satisfação, aí está o momento em que deve reagir se
libertando das criações mentais ao invés de se deixar levar pelo lamento e sofrimento que a personalidade
humana também criará.
16. Libertar-se das posses, paixões e desejos
Participante: durante o desenrolar da mudança não podemos ir aos poucos desligandonos das posses, paixões e desejos?
Hipoteticamente até poderia, mas se pudessem fazer isso a partir de agora pergunto: porque ainda
não fizeram? Se já houvesse feito o eixo de sua existência seria outro e não passaria pelo processo de
mudança deste.
Não sei se vocês perceberam, mas não estou falando nada novo do que falei nestes últimos quatorze
anos. Com certeza vocês algum dia já ouviram de mim que é importante para ser feliz libertar-se das posses,
paixões e desejos. Sendo assim, porque não fizeram? Porque ainda têm algumas dessas coisas sendo
satisfeitas.
Na verdade, o ser humanizado dificilmente reage contra as criações mentais com relação às coisas
deste mundo porque em alguns momentos ainda consegue satisfazer-se. Somente quando esta satisfação for
quase impossível pode ser que ele se lembre de fazer o trabalho necessário para a libertação.
Por que disse pode ser? Porque na hora que a mente criar o lamento e o sofrimento se este ser
humanizado não for lembrado de que existe outra forma para se viver aquele momento, dificilmente
conseguirá realizar este trabalho de libertação. Sendo assim, mesmo a reação que falei que você pode fazer
ainda dependerá de alguma coisa.
Dependerá do que? Do seu envolvimento com uma doutrina que pregue a libertação das posses,
paixões e desejos. Se você não vive envolvido com um conjunto de ensinamentos que possuam elementos
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que lhe alertem para realizar este trabalho de libertação, com certeza nem neste momento conseguirá
alcançar a paz. Viverá completamente o sofrimento de não ter mais aquilo que norteava a sua existência e
esperará que alguém venha lhe libertar desta condição, como, aliás, hoje vivem aqueles que se envolvem
com doutrinas que reforçam as posses, paixões e desejos mundanos.
Para justificar o que estou dizendo, cito o nosso próprio relacionamento. Quando eu estava mais
presente no dia a dia de vocês fazendo palestras constantes não se lembravam mais rapidamente de colocar
em prática os ensinamentos nos momentos de sofrimento? Sei que sim... No entanto, no passado recente
quando nossas conversas se espaçaram mais, este tempo de reação não aumentou? Acho que sim...
Este é o exemplo que tomo para poder lhe falar a respeito da sua forma de vivenciar a mudança do
eixo de seu mundo. Se você estiver perto de pessoas que comunguem do mesmo caminho para a felicidade
mais rapidamente poderão reagir quando se conscientizarem da mudança do eixo da vida. Agora, se
estiverem afastados deste convívio, isso se tornará mais difícil e muitas vezes não acontecerá, apesar de um
dia ter sido informado da existência deste caminho. Por isso falei ontem e repito hoje: busque manter-se
envolvido com a comunidade que comunga das mesmas ideias que você neste momento em que não mais
estarei disponível para palestras neste planeta.
Sei que vocês acham que já sabem tudo o que falei, que já compreenderam e interiorizaram os
ensinamentos sobre a nova forma de vida que conversamos nos últimos quatorze anos, mas isso não
garantirá que no momento que o eixo de sua vida for modificado você se lembrará deles. O poder de maya, a
ilusão de que a realidade ilusória que os seres humanizados vivem é real, é muito forte e isso solapará toda
pretensão de colocar em prática o caminho da felicidade sem que haja um estímulo externo para que isso
aconteça. É para haver este estímulo que indico o seu envolvimento com uma comunidade que comungue
este caminho. Somente sendo relembrado constantemente que existe outra forma de se viver aquele
momento você se lembrará dos ensinamentos e poderá reagir quando o eixo de sua existência for alterado.
17. O valor dos acontecimentos
Participante: o senhor está falando da escala de valores para os acontecimentos da vida
que cada um dá aos acontecimentos?
Não existe uma escala de valores que você aplique às coisas do mundo. Na verdade, não é você que
aplica valores à vida, mas a mente.
A escala de valores não é sua, ou seja, não representa a sua opinião sobre o acontecimento, mas ela
é gerada pela mente. No entanto, ela foi gerada por você. Vou tentar explicar o que estou dizendo.
A escala de valores que cada um convive durante os acontecimentos da vida não foi gerada por
você, o ser humano, mas pertence a você, o espírito. Ela não foi criada por você, mas sim por conta do
gênero de provações pedidos pelo ser universal antes da encarnação.
A personalidade humana ou o ser humano que você imagina ser agora é apenas o instrumento da
provação do espírito e não um elemento do Universo que possua qualquer ação. Ela é uma ilusão que tem
por finalidade gerar as provações a partir dos gêneros de provas pedidas pelo espírito antes da encarnação.
Desta forma, quando diz que você gerou um determinado valor para alguma coisa está cometendo um
equívoco.
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Todos os valores com os quais convive durante uma vida foram formados pelo Senhor das
encarnações para que aquele acontecimento e a reação que a personalidade humana à qual está ligado teve
naquele momento gerem a provação dentro do gênero de provas pedido antes da encarnação. Vou lhe dar
um exemplo.
Imagine que você gosta de determinada coisa. Isso é uma paixão que está ligada a uma posse.
Estas posses podem ser morais (eu sei), sentimentais (eu amo) ou do objeto (é meu). Quando esta
possessão e a paixão são geradas pela mente e você as aceita, surge, então, o desejo de ser, estar ou fazer
aquilo que é desejado. Tudo isso, entretanto, só existe para o mundo ilusório, o maya que o ser universal
vivencia para a sua provação.
O espírito não é, está ou quer fazer nada. Quando estas coisas são geradas pela mente, ele tem
apenas a opção de livre escolher entre o bem e o mal, conforme ensina o Espírito da Verdade. O mal, neste
caso, é apegar-se a estes valores e desejos como sendo seu. Isto é mal porque o espírito quando se apega a
estas coisas não está amando a Deus sobre todas as coisas, pois o não conseguir o que se deseja leva ao
sofrimento o que o afasta de Deus. Sendo assim, o bem ocorre quando o ser, mesmo sendo fustigado pelas
posses, paixões e desejos não compactua com a mente.
Sendo tudo isso verdade, você, o espírito não quer nada, não acha nada. Só a personalidade
humana acha e esta não é você: trata-se apenas de um tentador que gera a oportunidade para o espírito
realizar suas provas.
Isso é importante de ser sabido? Sim. Por quê? Porque na hora que você tiver que reagir contra
mudança do eixo, se achar que gosta ou que quer, dificilmente conseguirá libertar-se do sofrimento. Aquele
que imaginar que estas coisas são suas, ou seja, que é ele quem quer e gosta, terá mais dificuldade para se
libertar.
18. O que o programa precisa saber
Participante: então, nós somos uma programação?
Não. Vocês não são a programação, mas sim o resultado do que foi programado. Ser a programação
seria ter a consciência de ver o programa rodando. Isso vocês não têm consciência. Vocês são o resultado do
que foi programado, o programa em ação.
Participante: então, nós não precisamos saber de nada?
Sim, precisam saber de uma coisa: que são o resultado da programação. Esta é a única coisa que
precisam saber para poderem viver o novo tempo que surgirá.
Vocês estão ouvindo de mim agora que um novo tempo surgirá onde o eixo de suas vidas, os valores
que aplicam às coisas deste mundo, se modificará. Quando este tempo estiver ocorrendo, você não precisa
saber nada sobre estes novos valores conceitualmente, mas apenas compreender que aquilo não é seu, mas
é sim um programa que está rodando gerando as provações do espírito.
Por que precisam saber disso? Para não ficarem como estão agora: procurando saber como vão
viver nestes novos tempos. Quem vai determinar a forma como viverão dentro deste novo tempo? A mente.
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Então, para que prender-se a este querer saber? Deixe a mente determinar os novos valores que surgirão da
mudança do eixo e continue caminhando sem se apegar a nada que ela criar.
19. A dor do fim dos tempos
Participante: esta será a dor que Bíblia diz que haverá naqueles dias?
Não isso não é a dor, mas apenas o princípio da dor.
Para um espírito não conseguir comprar uma televisão de última geração não causa dor. Esta está
apenas na mente e não no espírito. Para o ser universal a dor começa quando depois de desencarnado ele
constata que perdeu a elevação por causa de uma dor que não era dele, mas sim da personalidade humana.
A dor de não mais ter condições de satisfazer suas vontades é apenas o princípio da dor do espírito,
pois é ela quem leva o ser universal a sentir a dor de não ter aproveitado a encarnação. Isto dói para um
espírito porque ele, que possui outros interesses que são muito maiores do que apenas ser, estar ou fazer
alguma coisa, constata que terá que começar tudo novamente em busca do que realmente importa:
aproximar-se de Deus. Quando ele vê que deixou de fazer isso porque viveu a dor de não poder ter aquilo que
desejava materialmente, aí sim vem a verdadeira dor.
A este respeito vou lhe dizer uma coisa: esta dor dói muito... Todos nós já passamos pela dor de não
ter aproveitado uma oportunidade para a elevação espiritual e posso lhe garantir que ela dói muito. A
decepção que sente um espírito quando vê que optou por sentir a dor de não ter uma televisão ao invés de
vivenciar a felicidade que o Pai tem prometido dói muito.
Apesar de dolorida esta dor é importante para o ser universal porque o impulsiona para frente.
Quando ela vem o ser universal aprende o quanto é importante se lutar por aquilo que ele quer. Só que
quando encarna novamente, a tentação torna-se maior e mais uma vez ele cede. De novo volta a sentir esta
dor e mais uma vez busca interiorizar a importância da elevação espiritual para fazer mais uma provação que
pode lhe fazer consegui-la.
20. Apego
Participante: o que é estar apegado a alguma coisa?
O apego existe quando você se sente dono daquilo porque tem paixão. Por exemplo, estando
apegado sentimentalmente ao seu filho acredita que ele deva lhe ouvir e fazer aquilo que você ache certo
fazer. Isto é um apego porque você se considera dono dele.
O apego existe quando você se acha capaz de gerir o futuro daquilo com que convive. Por exemplo,
quando exige que sempre que aperte o botão a televisão funcione, há um apego. Esta forma de conviver com
ela leva ao sofrimento, pois por conta da impermanência das coisas aquele aparelho um dia deixará de
funcionar e ao apertar o botão e não conseguir o resultado que esperava sofrerá. Se não estiver apegado, ou
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seja, se não achar que sempre que ligá-la ela funcionará, não há apego e não haverá sofrimento quando não
funcionar.
O apego leva a outros problemas. Quando ele for contrariado pelo momento presente, ou seja,
quando acontecer o que você não esperava, julgará e criticará o fabricante da televisão ou alguma outra
pessoa como causa do seu sofrimento. No entanto, não está vendo que o apego é que o faz sofrer e não a
televisão ou qualquer outra pessoa. O que o faz sofrer é a certeza de que só porque apertou o botão ela terá
que funcionar.
21. O apego leva ao sofrimento?
Participante: quer dizer que o apego leva sempre ao sofrimento?
Não necessariamente. Você receberá o sofrimento da mente, mas isso não quer dizer que precise
sofrer. Na verdade o seu sofrimento dependerá do quanto você compactua com o que a personalidade
humana cria. Se ela criar o sofrimento e você realizar o trabalho do desapego, não sofrerá; mas, se não fizer
isso, sofrerá o sofrimento criado pela mente.
Na verdade o apego à televisão não é seu, mas sim da mente. É ela que cria este apegar-se. Você
só sofre porque está apegado à mente e não ao aparelho. Só sofre porque acha que o apego é seu. Por achar
isso, quando ela diz que é preciso sofrer, vibra dentro deste sentimento.
Estas perguntas foram muito boas porque reforça a necessidade da existência do período que
começará no próximo dia vinte e um. Se o apego está na mente, só quando o mundo externo o fizer aflorar é
que você poderá reconhecer a existência dele e realizar o trabalho indicado pelos mestres. Se o mundo
externo não provocar uma mudança de eixo, ou seja, não contestar a verdade que sua televisão não funciona
apenas porque você quer, como reconheceria a existência deste apego na sua mente?
Hoje automaticamente você liga a televisão diversas vezes ao dia. Ela sempre funciona. Isso criou
em você um vício e este acabou com o pensamento sobre a sua relação com este objeto. É por conta deste
descuido do ser humanizado em penetrar fundo no presente que ele tem para viver (ligar a televisão) que a
mente cria inconscientemente o apego, ou seja, cria a ilusão de que ao apertar o botão ela sempre funcionará.
Como você está desatento àquele momento aceita esta criação mental.
Por isso, somente quando o mundo externo agir contrariamente ao habitual é que você poderá
conscientizar-se de que há um apego naquele relacionamento. Por isso a mudança de eixo neste momento
das encarnações no planeta é importante. Somente quando a sua verdade de que é dono do destino da
televisão (basta apertar o botão que ela funcionará) for atacada, poderá realizar o trabalho que o aproximará
de Deus.
Apesar de ter falado assim, digo outra coisa importante: não será qualquer mudança que ocorrerá
para cada um dos seres encarnados. Toda mudança estará vinculada sempre a um gênero de provações
pedido pelo ser antes da encarnação.
O Espírito da Verdade nos ensinou que quando o espírito pede determinado gênero de provações
cria para si uma espécie de destino, que é o resultado de sua posição na escala espiritual. Por isso afirmo que
qualquer acontecimento que aparecer na existência de um ser humanizado necessariamente terá quer estar
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ligado ao gênero pedido. Sendo assim, neste momento em que os acontecimentos para a provação dos seres
ocorrerão, não poderão haver ataques a apegos que não estejam dentro do pedido original do espírito.
Quando ocorrerem os ataques a mente, então, será gerado o sofrimento. Neste momento você tem o
livre arbítrio de sofrer ou não, de escolher entre o bem e o mal.
Participante: este livre arbítrio não existe, pois como o senhor disse, a mente criará o
sofrimento.
Quando se fala em livre arbítrio, digo sempre que ele é muito maior do que vocês imaginam. Primeiro
porque ele aparece no momento da escolha dos gêneros da provação e depois porque ele retorna quando
existe um acontecimento fundamentado nesta escolha.
O que quer que aconteça na sua vida é fruto do seu livre arbítrio, da sua livre escolha de viver este
ou aquele gênero de provações. Pedido, este gênero se transforma num acontecimento. Nele existem os atos
físicos, as compreensões racionais que dão valor àquele ato e o resultado dela: o sofrimento ou o prazer. É
neste momento que você exerce o segundo livre arbítrio. Como? Sentindo ou não a dor ou o prazer proposto
pela personalidade humana. No exemplo da televisão não funcionar, isto só aconteceu porque aquele
acontecimento é uma representação perfeita de uma provação que o ser que o vivencia pediu.
O que eu chamo de acontecimento não é apenas o ato físico (o apertar o botão e ela não funcionar),
mas também as declarações mentais a respeito dos atos físicos: ‘que droga de televisão, foi quebrar logo
agora. Eu comprei uma porcaria’. Mais: está embutida também a sensação que virá depois desta postura
mental, ou seja, o sofrimento ou o prazer pelo que aconteceu. Neste momento, exerça o segundo livre arbítrio,
ou seja, ao invés de seguir o que a mente propõe, permaneça equânime.
Falando em questão de apego, como disse ele está na mente de uma forma que você não tem
consciência de que a relação com a televisão é feita desta forma. Somente pela reação emocional que a
personalidade humana tiver no momento da relação é que você pode conscientizar-se da existência dele.
O que é o prazer? A satisfação de ver seus desejos atendidos. Portanto, se você tem prazer quando
a televisão funciona, há um desejo inconsciente de que isso acontecesse. De onde surgiu este desejo? Da
sua paixão por assistir televisão. Todas estas coisas estão na mente e você não tem consciência delas. Só
quando o aparelho funciona e a personalidade humana cria o prazer é que pode conscientizar-se da
existência destas coisas.
O raciocínio que desenvolvemos para o prazer é o mesmo para a dor. O desejo, a paixão e o apego
estão na personalidade humana e você não sabe. Somente quando ela gerar o sofrimento de não ter o desejo
atendido é que poderá ter a consciência da presença destes elementos.
Sendo assim, sua provação só começa quando a mente cria o prazer e a dor. É a existência destas
emoções que lhe mostra que ali há uma provação a ser vencida. Portanto, só neste momento pode realizar o
trabalho da reforma íntima. Como? Vivenciando o seu segundo livre arbítrio optando por amar a Deus acima
do funcionamento da sua televisão. Quando faz esta escolha, a mente cria o sofrimento e você permanece
equânime.
A partir de tudo o que disse agora, portanto, afirmo que você não sofrerá se um desejo for
questionado, mas isso só ocorrerá se não fizer a opção por Deus.
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22. Os relacionamentos são regidos pelas normas humanas
Participante: mas, a base do relacionamento de uma mãe com um filho é o amor...
Desculpe, mas por tudo o que falei acima fica bem claro que a base para quaisquer relacionamentos
entre dois seres humanizados são as regras pertencentes ao sistema de vida que está sendo vivenciado
naquele momento. Estas regras são vividas por possessões, ou seja, por sentimentos condicionais, e não por
amor. Aliás, vocês nem imaginam o que seja realmente amar, pois só conhecem aquilo que a mente cria e,
como disse antes, ela é incapaz de criar o amor incondicional.
Compreenda que todo relacionamento que vive é sempre vivenciado a partir de regras e normas que
regulam o comportamento seu e do outro elemento. Tudo o que estas normas e regras disserem será seguida
piamente por aquele que está apegado à mente, mas para aqueles que estão despertos, ou seja, que estão
conscientes da existência de um tentador é possível conscientizar-se da real forma como a vida se
movimenta.
Participante: uma mãe indígena, por exemplo, que vive de forma diferente da nossa
pode amar o filho verdadeiramente?
Mais uma vez você prova que não entende a questão do sistema de vida humano. Quando falo de
regras e normas que regem os relacionamentos não estou falando nesta ou naquela regra, mas em existir um
preceito regulador da convivência. A mãe indígena realmente não possui as regras que vocês que vivem na
cidade e em grandes sociedades possuem. No entanto, ela possui as regras dela.
O problema não é qual regra você segue. Como disse, quem acha que não gosta do filho está
também seguindo um preceito gerado pelo sistema humano de vida e não um sentimento. Este está agindo
igualmente àquele que gosta, pois com relação ao sistema de vida precisamos compreender que cada um
vive um conjunto de normas diferente do outro. Isso é desta forma, porque cada conjunto está ligado a uma
opção de gênero de provas pedido pelo espírito.
O que importa no sentido da elevação espiritual não é se você vive desta ou desta forma, se acredita
nisso ou naquilo, mas sim o fato de submeter-se a um sistema humano de vida. Esta questão é importante
para aqueles que buscam a elevação espiritual porque como ensinou Cristo não se serve dois senhores ao
mesmo tempo. Aquele que se submete a um sistema humano, ou seja, vive a partir de determinas regras
serve a humanidade e por isso não serve a Deus.
Neste ponto, portanto, o importante não é saber no que alguém acredita, mas sim compreender que
toda crença de um ser humanizado é submissão a regras que compõem o sistema humano. Saiba: onde há
um ser humanizado, há uma norma sendo vivenciada por uma mente.
Repare na própria anarquia que alguns seres humanizados vivenciam e dizem que por conta disso
são livres de regras. Anarquia é um sistema de vida onde os seguidores dele não possuem normas.
Aparentemente parece que eles estão vivendo libertos da sociedade humana, mas será que estão mesmo?
O que é a sociedade humana? Um conjunto de normas. Que norma possui os anarquistas para viver
em sociedade? A norma de não ter normas. Para eles a norma é não seguir as regras da sociedade humana.
Em que eles se diferenciaram da sociedade? Em nada, pois ainda continuam vivendo uma regra e não uma
livre opção.
É isto que você precisa compreender. Mesmo quem não segue determinadas normas ainda vive de
uma forma normatizada, pois está submetido à norma de não ter normas.
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23. Dar liberdade ao filho
Participante: vejo que quando o senhor fala generaliza muito as coisas. Eu, por exemplo,
dou plena liberdade ao meu filho e não cobro nada dele. Estou amando universalmente?
Claro que não. Para você a norma é libertar o filho. Esta liberdade que concede a ele não é, portanto,
algo liberal, mas resultado da submissão a uma norma.
Além do mais dizer que não cobra nada dele é também uma falácia. Com certeza você ainda espera
que dentro da liberdade que dá ao seu filho ele aja, como vocês dizem, com juízo. Você dá a liberdade a ele,
mas ainda espera que ele a utilize de uma forma que não gere nenhum perigo a si mesmo.
Este é o preço que você cobra do seu filho por conta da liberdade que dá a ele. Também expressa,
mesmo que inconscientemente, um desejo. Por conta dele, se o seu filho não agir com juízo quando você lhe
dá liberdade irá sofrer. Mais: cobrará dele...
Quantas vezes você já teve conhecimento de pessoas que não prendiam seus filhos e quando eles
agiam dentro do conceito destas pessoas de uma forma considerada negativa, elas cobravam: ‘meu filho,
porque você foi fazer isso... Nunca lhe faltou nada em casa...’ Esta indignação é a prova que existia uma
perspectiva que não foi atendida.
Quem realmente liberta o seu filho, mais do que não impor horário, ele não gera expectativa
nenhuma. Ele não interroga para saber o que o filho fez, não questiona se estava com pessoas que considera
boa ou não, não tem a expectativa que tudo vai correr bem quando estiver longe.
Na verdade a libertação que a mente lhe diz existir nada mais é do que uma regra. Esta é
considerada como boa ou elevada para que você viva submissa a ela e não repare que está servindo
somente à humanidade.
Repare: todo mundo acha que a regra que vive é boa. Aquele que segue o caminho que afirma que é
preciso castigar o filho, acha que fazer isso é bom para o futuro dele. Aquele que fere alguém com uma crítica
acredita que é importante alertar o outro para o erro que está cometendo. Isto é desta forma para que, iludido
pelo maya que dá poder de real ao que é pensado, o ser humanizado não veja que está apenas vivendo
criações mentais que se submetem a regras individuais e não agindo universalmente.
24. Existem alterações de valores durante a vida?
Participante: mas, tem gente que muda, ou seja, tem que gente que ao longo de sua
existência altera os valores com que vive. Diante do que o senhor disse, como isso
funciona?
Vou contar uma história real para vocês poderem entender a questão dos valores de cada um e suas
possíveis mudanças. Uma pessoa um dia se libertou da questão do ter que andar bem calçado. Ele, que
estava acostumado a andar de tênis ou sapato fechado comprou uma sandália. Sentiu-se tão bem e tão livre
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com ela que não a tirava mais do pé. Mais: achou que tinha realizado alguma coisa no sentido de libertar-se
do apego porque estava usando um calçado que não era ligado ao sistema de vida que vivia até então.
Só que além de usar a sandália, ele passou a mostrar a todos o quanto estava livre da obrigação de
andar bem calçado. Quando conversava com outros espiritualistas frequentemente citava a sua sandália
como símbolo da libertação que tinha alcançado do sistema humano de vida. Um dia, uma pessoa ouvindo-o
falar mais uma vez da sandália e do desapego que a sua utilização caracterizava, lhe disse: ‘será que você
ainda não viu que está apegado ao desapego que imagina ter realizado’?
Na verdade, este ser humanizado não havia conseguido desapego algum. A ideia de ter se
desapegado foi criada como um novo apego e ele nem teve consciência de que apenas havia trocado um
apego pelo outro. Sendo assim, houve alguma mudança neste ser humanizado? Não...
Estou lhe contando isso para poder falar da mudança dos valores que algumas pessoas podem
sofrer durante a existência. Isso realmente pode acontecer, mas ela não alterará nada, pois qualquer
mudança de verdade que aconteça não se caracteriza num desapego, mas apenas no apego a outra coisa.
Voltando ao exemplo das mães, aquela que prende o filho e um dia resolve não mais agir desta
forma porque imagina que compreendeu que deve libertá-lo do seu jugo, na verdade não realizou nada no
sentido do desapego, mas continuou apegada a uma norma de um sistema de vida humano. Mas, será que o
novo valor feriu o gênero de provas pedido por aquele ser antes de encarnar? Eu diria que não. Na verdade
iniciou-se uma nova prova...
A prova do apego à norma continua, pois o valor atual que afirma que é certo libertar o filho é que
norteia aquela ideia e isso caracteriza a submissão a um sistema de vida humano, o que, em última analisa, é
a provação que o espírito vivencia durante a encarnação. A prova, portanto, continua, só que, além disso,
uma nova começa com a mudança do valor daquela norma.
Quando a mente afirma que aquele ser humanizado está fazendo alguma coisa no sentido da sua
elevação espiritual está criando uma nova verdade para este mundo. Como vimos, nada foi feito, mas apenas
surgiu a ideia de se ter feito alguma coisa. Esta nova verdade é um novo valor que serve como nova provação
ao ser.
Voltando ao exemplo da pessoa que alterou a sua forma de se calçar, o hábito de usar tênis, sapato
fechado ou sandália não tem a menor importância, mas sim a forma como se relaciona com ele. Quem usa
sandália ou sapato social está vivendo a mesma provação. Quando o tipo do calçado se altera, portanto, em
nada muda aquela prova. É por conta desta continuação da mesma provação que afirmo que ninguém se
muda, mesmo que passe a pensar diferente ou que aceite novos valores como certo.
Dito isso, você poderia, então, me perguntar se o não vivenciar qualquer valor que a mente cria não
se trata de uma modificação. Na verdade, não se trata. Isso porque a vivência desapegada da criação da
mente jamais poderá ser criada pela mente. Por isso, ninguém que racionalmente tenha consciência de estar
desapegado realmente está.
Quem realmente se desapega não sabe que fez isso, ou seja, não acredita no desapego gerado pela
mente. Este sabe que esta nova criação mental nada mais é do que uma nova proposição de apego, uma
nova corda para atá-lo a um novo pacote de regras e normas. Sabe que qualquer mudança que seja gerada
pela mente, ou seja, que lhe venha à consciência, não se tratou de uma mudança real, mas apenas a
alteração do rótulo do padrão.
Quem realmente entende o processo de elevação sabe que qualquer valor que a mente crie nada
tem a ver com certo ou bom, mas trata-se de uma valorização gerada pelo tentador como provação para a
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sua encarnação. Por isso, não importa qual assunto seja, ele jamais aceita a consciência de que se mudou,
mas compreende que foi a mente que se alterou para poder mantê-lo preso à humanidade que vive.
Na verdade as mudanças que você cita que alguns conseguem em determinados assuntos nada
mais são do que as vicissitudes que fazem parte dos objetivos da encarnação como ensinou o Espírito da
Verdade na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos. O fato de hoje prender o filho e de amanhã achar que
precisa soltá-lo são apenas os dois lados da mesma moeda, a alternância dos valores que geram a provação
do espírito quando encarnado.
25. A libertação através da contemplação da vida
Participante: pelo que estou entendendo, devemos viver em contemplação da vida. É
isso?
Na verdade, não. Isso porque um ser humanizado jamais conseguirá viver em contemplação. A cada
momento da existência você precisa agir. Vou tentar explicar o que estou querendo dizer...
Viver em contemplação seria apenas observar os acontecimentos da vida, mas isso lhe é impossível
já que a realidade criada pela mente é apenas uma proposição de realidade e não algo real. Por exemplo: a
imagem que você neste momento está percebendo não é real, mas uma proposição de realidade. A imagem
do médium, das outras pessoas, deste lugar e os sons e cheiros que está sentindo não existem, mas são
criações da mente. Ela cria estes elementos e lhe afirma que eles formam uma realidade, mas não são.
No momento em que a mente lhe passa as informações que ela cria para este momento, você
precisa agir: aceitar ou não aquilo como real. É por isso que você não pode viver contemplativamente.
Sempre que a mente cria alguma coisa você precisa agir: precisa optar entre o bem e o mal. Por isso
não pode viver contemplativamente: tem sempre que tomar uma posição...
Participante: mas, não tenho que me libertar de tudo o que a mente cria?
Sim, mas para isso você precisa de uma ação. Jamais conseguirá se libertar da mente através da
contemplação.
Se a mente lhe diz, por exemplo, que age despossuidamente porque não cobra horário para o seu
filho chegar à noite, você não deve acreditar nestas informações, mas para isso precisa agir com um não
acreditar. Observando apenas o que ela disse, ou seja, não agindo no sentido de não acreditar, não
conseguirá se libertar do que foi criado pela mente. Esta ação é o segundo livre arbítrio que o Espírito da
Verdade diz que todo ser possui.
Você jamais conseguirá viver a vida humana meditativamente, pois quando não fizer a opção,
aceitará implicitamente a criação mental como realidade. Neste caso optou pelo mal. Para que optasse pelo
bem teria que reagir à proposição mental dizendo que não sabe se o que o tentador criou é realidade ou não,
certo ou não, bom ou não. Nada saber é a única resposta que o ser encarnado pode dar a qualquer criação
da mente se quiser aproveitar a encarnação e aproximar-se de Deus.
Porque isso? Porque nada saber é a única resposta que leva o espírito aproximar-se do Pai? Porque
o saber qualquer coisa lhe afastou de Deus...
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Vocês se lembram do que está escrito na Bíblia a respeito do que levou ao início das encarnações no
planeta Terra?
“Então, o Deus Eterno pôs o homem no Jardim do Éden, para cuidar dele e nele
fazer plantações. E o Eterno deu ao homem a seguinte ordem: ‘Você pode
comer as frutas de qualquer árvore do jardim, menos da árvore que dá o
conhecimento do bem e do mal. Não coma a fruta dessa árvore, pois no dia em
que você a comer, certamente morrerá’”. (Gênesis, 2, 15-17)
“A cobra era o animal mais esperto que o Deus Eterno havia feito. Ela
perguntou à mulher: é verdade que Deus mandou que vocês não comessem de
nenhuma árvore do jardim”?
“A mulher respondeu: Podemos comer as frutas de qualquer árvore, menos a
fruta da árvore que fica no meio do jardim. Deus nos disse que não devemos
comer dessa fruta nem tocar nela. Se fizermos isso, morreremos’.
“Mas, a cobra afirmou: vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso
porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore os seus olhos
se abrirão e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal”.
“A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de comer.
E ela pensou como seria bom ter conhecimento”. (Gênesis, 3, 1-6)
Portanto, se a ação que afastou o espírito de Deus que agora encarna no planeta Terra foi ter comido
do fruto da árvore do conhecimento, ou seja, adquirido saber, o que pode aproximá-lo Dele é não mais comer
desse fruto. É por isso que a única ação que pode libertar o espírito da sansara (roda de encarnações) é o
declarar nada saber. Se esta declaração foi importante ao longo dos últimos sete mil anos de encarnações,
imagine agora que estamos entrando na reta final do mundo de provas e expiações.
É isso que vocês precisam compreender. A vida humana nada tem a ver com ela mesmo, mas sim
com a encarnação do espírito. A vida humana nada mais é do que um campo de provas para que o espírito
evolua e por isso tudo o que diz respeito a ela tem que ser pensado a partir deste ponto de vista e não
observado de forma isolada do mundo espiritual.
Porque vocês estão encarnados neste mundo? Porque continuam vivos neste momento? Porque um
dia comeram o fruto da árvore do conhecimento. Não é assim? Vocês não julgam que são capazes de
perceber as coisas (tem os olhos abertos) e não se acham capazes de distinguir o bom do mal, o certo do
errado? Então, são espíritos que ainda cometem diuturnamente o pecado original. Sendo, estão vivos neste
momento para poder realizar a ação libertadora que os fará retornar ao Jardim do Éden, ao mundo dos
espíritos que vivem próximos de Deus.
Esta é a forma que precisam encarar a vida. Se não fizerem deste modo, vocês continuarão iludidos
pelo poder de maya, o poder que dá à ilusão a força de real, e terão que reencarnar novamente até que um
dia executarão a ação libertadora que os libertará da sansara.
Diante de tudo o que disse, portanto, volto a afirmar que não é possível se conseguir aproveitar a
elevação numa vivência contemplativa, mas somente através de uma ação e essa é a declaração expressa de
nada saber, mesmo que a mente afirme ao contrário. Na verdade, quem não dá esta resposta é como a
primeira mulher, que ao ser tentada pela cobra acha que as frutas são muito bonitas e boas de comer e quer
para si o poder que apenas Deus tem.
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26. Como agir com os filhos
Participante: então, segundo o senhor, se regular o horário de chegada do meu filho
estarei errando, mas se o libertar também estarei. Como devo agir, então?
Boa pergunta... Falamos agora pouco da ação libertadora que leva o ser a aproximar-se de Deu, mas
esta nada tem a ver com a ação humana. Por isso está perdida, sem saber como agir, e quer agora saber
como deve proceder fisicamente.
Para lhe responder pergunto às demais pessoas que estão aqui: como acham que ela deve
proceder?
Participante: fazer o que for melhor para o filho...
Boa resposta, mas eu lhe pergunto: o que é melhor para o filho?
Se perguntasse aqui o que vocês acham melhor, certamente lembrando-se da adolescência que
tiveram me responderão que era deixar o filho decidir o horário que quer chegar. Acontece que uma moça que
frequentava nossas conversas ficava muitas vezes desgostosa com os pais justamente porque eles agiam
dessa forma. Quando ela saía com as amigas todas tinham horário para chegar a casa e ela não. Neste
momento ela sempre se perguntava por que os seus pais não impunham um horário a ela.
Face a esta pessoa, que tenho certeza não é única neste mundo, pergunto novamente: o que é
melhor para uma pessoa?
Participante: pergunte ao filho o que é melhor para ele e faça o que ele disser...
Novamente uma boa resposta, mas será que ela resolve? Acho que não...
Tenho certeza se a liberdade da moça que citei fosse cerceada no seu horário de retorno, de início
se sentiria realizada, mas depois, quando a vontade de ficar fosse grande e não pudesse permanecer até
hora que quisesse, voltaria no horário determinado pelos pais, mas não estaria feliz por causa disso. Lembrase da história do escoteiro? Ele foi feliz receber a sua medalha por ter ajudado uma pessoa de idade a
atravessar uma rua e recebeu uma bronca, pois a velha já tinha ido se queixar ao chefe dos escoteiros que foi
conduzida ao outro lado sem querer atravessar a rua.
Por isso, digo que praticar uma ação imaginando que está fazendo o bem para outro não
corresponde a nenhuma libertação.
Participante: deixe-o decidir o que quer fazer sem criar regra alguma.
Mais uma boa resposta. Mas, me diga uma coisa: o que você acabou de criar? Uma regra... A regra
de que ele é que decide o que fazer. Criando-a estabeleceu um item do pacote de regras de um sistema
humano. Submetendo-se a ela ainda estará servindo a humanidade e não a Deus e por isso não está
evoluindo...
Saiba de uma coisa: não há como você decidir o que fazer, pois qualquer que seja a sua decisão
sobre a forma de agir, esta sempre se transformará numa regra criada pela mente. Seguindo-a, continuará
sempre preso à humanidade que vive neste momento e com isso jamais conseguirá aproximar-se do Pai.
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Sempre que falo em ação, vocês se preocupam com atos físicos. Como estamos falando de relação
entre mãe e filho, a preocupação de vocês é saber como agir com o filho, mas esta relação em nada influi no
seu trabalho de reforma íntima. O trabalho necessário para a aproximação de Deus se executa na sua relação
com a mente e não com outros elementos do mundo carnal. Um ser humanizado não consegue a elevação
espiritual porque se relaciona com o filho desta ou daquela maneira, mas sim como ele se relaciona com as
criações da sua mente enquanto está se relacionando com o filho.
Lembram do que disse à pessoa que me perguntou como ficaria após o dia 21 de dezembro de 2012
os seus relacionamentos sentimentais? “... na verdade não é você que gosta ou não do filho, mas a emoção
com que se relaciona com personagem da sua história é gerada pela mente a partir de um subsistema de
vida”. Disse mais: “Todas as imagens, a descrição do que está acontecendo e a reação, elementos que
formam a vivência que vocês têm, são criações mentais que são formadas desta forma porque esta é a
representação necessária que o espírito precisa vivenciar para que os gêneros de provação que ele pediu
antes da encarnação aconteçam. A este, só resta escolher entre viver tudo isso ligado a Deus, no bem, ou
apegado às criações mentais, no mal”.
Sendo isso verdade, pergunto: quem está se relacionando com o filho: você ou a mente? Tudo o que
disser respeito a este relacionamento, interna ou externamente, será sempre gerado pela mente e não
executado por você. Esta criação não sofre a menor ingerência sua, a não ser antes da encarnação, já que
ela é uma provação sua e do espírito que hoje ocupa o papel de seu filho. Por isso digo: não se preocupem
em como agir fisicamente...
Toda ação será comandada pela mente. Na verdade, será criada por ela, pois como já disse não há
nada no mundo externo, mas apenas uma propositura de haver, para você decidir se irá apegar-se ao que foi
criado ou se manterá ligado a Deus. Portanto, se você como mãe liberar seu filho para chegar tarde, isso não
terá sido uma ação sua, mas algo criado pela mente. Se não o liberar, é a mesma coisa. Sendo assim, para
que se preocupar com isso?
Este é o grande problema que não deixou vocês aproveitarem as encarnações até hoje. Estão
sempre preocupados em como agir fisicamente e não no sentido de sua elevação espiritual. Estão
preocupados em ser, estar e fazer fisicamente falando e não espiritualmente. Isso só denota que ainda
servem a humanidade e não a Deus.
Aquele que se reconhece como sendo algo além da matéria, que sabe que a vida é só uma
encarnação e que ela existe apenas para a realização do trabalho da reforma necessária para que possa na
sua existência eterna aproximar-se do Pai e viver a felicidade que Ele tem prometido, não se preocupa em
como agir fisicamente, mas sim espiritualmente. Ao invés de estar preocupado com o que fará a outras
pessoas, este ser preocupa-se apenas em como manter-se afastado da humanidade para poder viver a sua
espiritualidade.
27. Responsabilidade
Participante: diante do que o senhor fala, nós não temos nenhuma responsabilidade
neste mundo?
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Com relação às coisas deste mundo, realmente não têm. Aliás, se Deus é Onipotente, Onipresente,
Onisciente, Causa Primária de todas as coisas, Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e Amor Sublime, será
que alguém mais pode ser responsável por alguma coisa neste mundo?
Lembro-me de uma pessoa que nos ouvia e que um dia me fez a mesma pergunta que você agora.
Ele me disse: ‘o senhor está dizendo que devo ser irresponsável’? Para compreender o alarme que aquela
pessoa estava vivendo, saiba que ele era contador, ou seja, uma pessoa que precisa ter um senso de
responsabilidade muito grande. Respondi da seguinte forma: ‘não estou dizendo que você deve ser
irresponsável; estou afirmando que deve ser totalmente irresponsável’...
O que é ser responsável? Fazer as coisas certas... Para isso, o responsável precisa saber o que é o
certo, o que é o bom, o que é o limpo. Quem se imagina capaz de conhecer estas coisas o que faz? Pela
parábola da Gênesis da Bíblia (história de Adão e Eva) são os seres que imaginam bom ter o poder que é de
Deus. Ou seja, são os espíritos que precisam encarnar até que um dia abram mão deste poder e assim poder
voltar à convivência com o Pai.
Frente a tudo isso, afirmo que qualquer responsabilidade que você chame para si mesmo nada mais
é do que engolir um fruto da árvore que Deus lhe disse para não se alimentar. Portanto, afirmo que você deve
ser completamente irresponsável.
Sei que vocês não gostam desta afirmação, pois acham que desta forma poderão sofrer algum
prejuízo, mas será que isso é verdade? Vamos ver...
Digamos que você se considere responsável, ou seja, se preocupe sempre em fazer o certo, o bom,
o limpo. Pergunto: esta preocupação ao longo da sua existência lhe levou sempre a acertar, ou seja, sempre a
conseguir fazer o que era certo ser feito? Tenho certeza que não. Por maior que seja o seu critério de
responsabilidade acho que algum dia você falhou, não é mesmo? Sendo assim, de que adiantou a sua
responsabilidade?
Lembram-se do que falamos? Não existe o mundo externo, mas apenas criações mentais que sofrem
a ação de maya e por isso parecem para vocês como realidades.
Sendo assim, quem faz o que vai
acontecer? A mente. Eu lhe garanto que ela não tem nenhum senso de responsabilidade, a não ser com a
provação que o espírito tem que realizar.
Tudo que a mente cria está sempre relacionado com a provação do espírito e não com o certo. Se for
preciso para que esta provação aconteça que a mente crie ações que vocês consideram como erradas, ela
criará e não terá nenhuma preocupação em fazer isso.
Portanto, não se preocupe com a questão da responsabilidade com relação às coisas deste mundo,
mas torne-se espiritualmente responsável. Espiritualmente responsável é aquele que vive esta vida estando
sempre consciente da necessidade de promover a sua reforma íntima, ou seja, de não mais alimentar-se do
fruto da árvore do conhecimento.
28. Só existe um amor
Participante: Estava falando com uns amigos e eles disseram que existiam diversos tipos
de amor. Eu ouvi o que ele dizia e depois fui pegando as palestras anteriores e as li.
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Posteriormente lhe fiz diversas perguntas e vi que existe apenas um amor verdadeiro: o
amor universal, o amor de Cristo. Vi também que existe o pseudo-amor, aquele que é
baseado na mente, ou seja, a paixão. O que você acha deste raciocínio?
Perfeito... Só, por favor, não acredite que existam diversos amores ou diversos tipos de amor, nem
que seja sobre o título de pseudo-amor. Como vimos anteriormente, só uma coisa é Absoluta e, por isso, só
ela pode ser chamada de Real. Sendo assim, só existe um Amor que merece este título: aquele ensinado por
Cristo. O resto são paixões geradas pelo mente e que por isso não podem ser rotuladas com o nome de amor.
Amor e paixão: esta é a diferença que eu quero colocar no que você falou.
Só existe um amor: as paixões são ilusões, irreais. Com isso, porém, não quero dizer que ter paixões
é algo errado, já que elas são inerentes ao ser humanizado. Ter paixões não é errado. Agora, chamá-las de
amor e com isso dizer que existem diversos tipos de amor é vivenciar o relativo como absoluto. Isto não lhe
leva a lugar nenhum no sentido da elevação espiritual.
Portanto, é exato o que você está falando. Aliás, foi por causa de suas perguntas que escolhi para
hoje o tema amor e paixões. Vamos desmistificar a questão do amor. Vamos começar a compreender que
existe um único amor que não é nada do que os humanos chamam desta forma. Aliás, por muitas vezes o
amor crístico fere as condições de amar que são criadas pelos seres humanizados.
Quando Cristo diz que você deve amar o seu inimigo, como no texto acima, está dizendo: não tenha
paixão pelo seu amigo, porque se tiver, ou seja, for apaixonado por uma amizade, não conseguirá amar o
inimigo... Mas, ser amigo é uma das condições para amar que os humanizados impõem, não é?
Este é o aspecto que a humanidade não entende sobre o amor. Alguns seres humanizados querem
amar o inimigo como Cristo ensinou, mas querem fazê-lo mantendo separados os amigos dos inimigos, ou
seja, querem viver de forma igual paixões positivas e negativas. Isso é impossível. Eles acabam amando a
paixão positiva e não desejando a paixão negativa.
Por isso é preciso acabar com algumas hipocrisias a respeito do amor. Quem ama, ama a todos e o
tempo inteiro. Quem ama apenas alguns momentos e apenas alguns elementos, tem paixões e não amor...
29. O ato do inimigo
Participante: Explique-me melhor a sua afirmação que diz que o ato do meu inimigo é o
amor de Deus em ação. Como o meu inimigo é a presença de Deus?
Veja... Você não é um ser humanizado, não tem vida e, por isso, não participa de atos. Você é um
espírito que tem uma existência eterna. Aquilo que você chama de atos humanos, na verdade, fazem parte da
existência humana, mas não com os valores que representam agora para você, mas como provações da sua
caminha espiritual. Ou seja, o ato do seu inimigo desta vida carnal é o seu carma, é uma provação. Por quê?
Porque o ato do seu inimigo trabalha justamente esta questão da paixão.
O que é ser seu inimigo? É ser uma pessoa que não satisfaz as suas vontades... O que é o ato que
ele pratica? São atitudes que não satisfazem os seus desejos...
Como já estudamos, o desejo, a vontade e a paixão são elementos carmáticos, ou seja, são provas.
Assim, quando o seu inimigo lhe faz alguma coisa, está criando uma oportunidade para você vencer seus
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desejos, paixões, posses e com isso vencer o seu egoísmo. Quando você não compactua com aquilo que a
mente cria usando-se destes elementos, alcança a elevação espiritual.
Costuma se dizer que a ação do seu inimigo é um presente de Deus, fruto do amor do Pai, porque é
a oportunidade para o espírito realizar o objetivo da encarnação. Se não houvesse estas provas, não haveria
encarnação e nem elevação espiritual.
Então, o ato do inimigo é uma dádiva de Deus porque é a oportunidade do trabalho. Mas, o ato do
amigo também, pois ele mexe com paixões, vontades e desejos iguais ao ato do inimigo.
Na verdade, o que você precisa se libertar é da paixão – do amar porque, do não amar porque – e
alcançar o amor que Cristo ensinou e que é incondicional e universal. Repare que para mudar a sua
compreensão do ato do seu inimigo (de mal para fruto do amor de Deus) só alterei uma coisa: a sua forma de
ver. Não alterei em nada o acontecimento, ou seja, não mudei a ação.
NOTA: Na resposta à questão 851 de O Livro dos Espíritos, o Espírito da
Verdade afirma que os acontecimentos da vida ocorrem de acordo com a
escolha feita pelo espírito antes de encarnar. Apesar disso, afirma ainda o
mentor de Allan Kardec, que o ser universal continua, no tocante às provas
morais e tentações, livre para escolher entre o bem e o mal.
Para o humano a felicidade está na satisfação material, prazer. Por isso ele precisa adequar as
ações às suas vontades e paixões para ser feliz. Quando os acontecimentos não coincidem com o que o
humano acha certo, o ato do inimigo transforma-se em ruim, mal. Já para o espírito, a realização está na boa
execução de suas provações. Por isso o ato do inimigo passa a ser bom, ótimo e perfeito para quem quer se
elevar.
30. Amar a si mesmo
Participante: Para amar a Deus sobre todas as coisas é preciso amar a si próprio
primeiro, para depois entender o externo?
Esse amar a si próprio como valorizado pela psicologia e pelas doutrinas de autoajuda é uma
armadilha para aquele que quer aproveitar a encarnação para alcançar a elevação espiritual...
O amar a si próprio, como entendido pelos humanos, é o amar as suas paixões, posses e desejos. É
o amar o que você é, está ou faz. Esta forma de amor a si mesmo não leva ninguém a universalizar-se, pois
está ligado ao egoísmo, à defesa de suas propriedades.
Quem ama a si mesmo, segundo a visão que se tem deste tema no mundo humano, é aquele que
supervaloriza as suas posses. É aquele que considera o que é ou está melhor do que o dos outros. Isso é
soberba e não amor. Por isso o espiritualista verdadeiro não se nutre deste amor.
O amor a si mesmo que Cristo falou quando transmitiu os mandamentos mais importantes para a
elevação espiritual não tem nada disso. Trata-se de um amor fundamentado nas coisas espirituais e não nas
humanas.
O espiritualista que ama a si mesmo é aquele que ama o que é importante para o espírito. É aquele
que alcança a sua felicidade a partir de realizações espirituais e não materiais. É aquele que se realiza
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página 31
quando consegue o que é importante para a sua espiritualização e não para a conquista ou manutenção de
seu status humano.
Amar a si mesmo, dentro da visão espiritualista, não é servir às suas paixões, mas sim ao espírito
que existe dentro de você. Quando diz que acredita em algo além da matéria, mas ama a si mesmo buscando
sempre se contentar, ou seja, satisfazer suas paixões e desejos, não amou a si mesmo, mas ao ser humano
que imagina ser.
Lembre-se sempre do que eu falei quando conversamos sobre o conhecimento de si mesmo: todo
aquele que quer alcançar a elevação espiritual precisa atingir a dupla personalidade. Se você não pensa
sempre que existe um lado espiritual e um material sobre qualquer assunto desta vida, acaba confundindo um
com o outro e achando que está num caminho, quando na realidade está em outro. Só aquele que sabe que
é dois ao mesmo tempo investiga as coisas querendo saber se elas estão servindo a um ou a outro. Quem
não sabe disso, acaba sempre achando que os valores de um são semelhantes com o do outro.
Resumindo, então, para você se amar precisa se libertar das condições para ser feliz. Para isso você
precisa saber que é um espírito e que por isso já é feliz e não precisa de nada que lhe faça ser assim...
31. Amar o inimigo
Pergunta: Como é difícil amar o inimigo, mas devemos tentar sempre, não é mesmo?
Deixa só eu lhe dar uma orientação: enquanto estiver tentando, você estará esquecendo-se de amar.
Não tente, ame. Se entregue nesse amor profundamente ao invés de ficar colocando padrões para
amar, pois o amar trata-se de apenas amar e não de se aprender a amar.
Amar é difícil para os encarnados porque eles criam padrões para amar: amarei se ele fizer isso,
mudando-se, agindo de determinada forma. Não, isso não é amor. Amar é: eu amo, sem porque, para que,
como quando ou onde.
Para amar é preciso que você esteja livre de todas as premissas para ser feliz. Só aquele que nada
espera, quer ou busca pode viver amando a todos, sejam eles amigos ou inimigos.
Portanto, ao invés de tentar amar, liberte-se de suas vontades e com isso estará amando...
32. O inimigo é nosso maior amigo
Pergunta: O inimigo é o nosso maior amigo. É Deus mais presente do que nunca?
O seu inimigo é uma emanação de Deus; o ato do seu inimigo é uma emanação de Deus. Isso
porque tudo é Deus, emanação Dele.
O ato do seu inimigo, aquilo que você chama de inimizade, é emanação de Deus. Veja bem este
trecho de O Livro dos Espíritos:
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“Visa ainda outro fim a encarnação: o de por o Espírito em condições de
suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em
cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria
essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens
de Deus” (pergunta 132)
Na hora que entender que o seu inimigo é apenas um instrumento de Deus para gerar provações que
você deve aproveitar para alcançar a sua elevação espiritual, talvez mude de ideia sobre ele...
33. O amor de Judas e Cristo
Pergunta: Então Judas amava Cristo como este também aos soldados romanos?
Assim como Cristo amava Judas e a todos. “O que vai fazer faça logo”, é o que Cristo diz a Judas
ainda durante a santa ceia.
Sim, ele amava Judas e aos soldados, tanto assim que quando os soldados vêm prendê-lo diz para
Pedro: “guarde a sua espada! Você pensa que eu não vou beber o cálice do sofrimento que o meu Pai me
deu?”.
34. A traição de Judas
Pergunta: O Cristo sabia que Judas ia traí-lo, pois fazia parte da profecia?
Mais do que fazia parte da profecia antiga, fazia parte da programação cósmica da encarnação Jesus
Cristo.
Isso fica bem claro quando, no início do Novo Testamento o mestre diz aos apóstolos: sairemos e
andaremos pela Palestina ajudando muita gente. Depois iremos para Jerusalém onde serei crucificado. Em
resposta Pedro afirma: rezemos a Deus para que isto não ocorra. Cristo responde: cala a boca Pedro, sai de
mim Satanás, você está falando como um ser humano.
Nesta passagem podemos observar que ele sabia de tudo o que ia acontecer e mais, sabia que era
necessário passar por aquilo.
35. Valorização da vida carnal
Pergunta: Nós encarnados valorizamos a vida carnal porque não nos lembramos a do
outro lado que, segundo dizem, é melhor.
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Valorizar a vida carnal é importante. No entanto o que devemos fazer é valorizá-la como instrumento
espiritual e não pelo bem terrestre.
Não devemos nos apegar a valores que se refletem apenas neste curto período que vocês chamam
de vida, mas que é morte. Para o espírito a vida é a eternidade. Quando o ser humanizado valoriza estes
pequenos anos que vive na Terra, esquece da eternidade que ainda terá que viver.
Valorizar a vida terrestre, sim, mas valorizá-la como a oportunidade de elevação espiritual.
36. Corruptos
Pergunta: Um dia reclamei a um espírito que eu tinha nojo dos corruptos. Ele respondeu:
dê graças a Deus, pois se não fossem os corruptos não teríamos o trabalho de hoje.
Eles terão que renascer na miséria e com isso nos auxiliam no nosso trabalho.
O corrupto é o instrumento de um carma, porque ele roubará de quem precisa e merece ser roubado.
Toda ação humana é um instrumento de Deus. Agora, se o ser humanizado participa da ação de
Deus levando benefício próprio, ou seja, tirando prazer do que está acontecendo, o problema é dele. Ele terá
que arcar com a justa reação à sua ação. Não a ação de ser corrupto, mas por ter tido prazer ao representar o
papel de corrupto durante a vida carnal.
Pergunta: Aí não podemos condenar ninguém.
É, mas não foi isto que o Cristo ensinou?
Tire a trave do seu olho ao invés de querer tirar o cisco dos olhos dos outros; é muito fácil você
cumprimentar o seu amigo, quero ver cumprimentar o seu inimigo; se você dever a alguém, antes de ir rezar,
faça as pazes senão Deus saberá que está acusando os outros. É isto que Cristo ensinou.
37. Injustiça
Pergunta: Resumindo. A aparente injustiça existe por causa de nossa visão limitada
sobre a Realidade espiritual?
Isto. As injustiças do mundo são criadas apenas na mente do espírito pela personalidade humana.
Isso porque só ela pode encontrar injustiça num Universo que é guiado pela Justiça Suprema, Deus.
Por causa desta propriedade elevada ao expoente máximo da Causa Primária do Universo, Ele é
justo, ou seja, só acontece a cada um de acordo com as suas próprias obras. Tudo que é injusto é fruto do
amor próprio, o amor a si acima de tudo. É o individualismo do ser humanizado que o faz ver injustiça nos
acontecimentos do mundo.
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38. Vítimas
Pergunta: Ninguém é vítima frente a lei da causa e efeito.
Perfeito, mas não é assim que se vive no planeta Terra, apesar dos ensinamentos dos mestres neste
sentido. Trata-se a todos como coitados e como vítimas. Coitado nada: ele não podia estar em outro lugar
nem poderia ter acontecido nada diferente. Ele não é vítima: tinha que estar ali naquela hora. Então, louvado
seja Deus.
Pergunta: Mas, isso não é fácil de compreender para a grande maioria dos encarnados,
não é?
Eu lhe responderia que realmente não é, mas isso porque a humanidade não quer.
Todos os religiosos têm este ensinamento (a busca do bem espiritual e não do material) trazido pelo
Cristo, Buda, Krishna, Maomé e Kardec. Se não colocam em prática, então, é porque não querem. Utilizandose do seu livre arbítrio continuam preferindo viver o bem terrestre ao invés de amar a Deus acima de todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo.
Agora, se os outros optam por este sentimento, o problema é deles. Cada um deve compreender que
veio aqui (na carne) para promover a sua reforma íntima e, para isso deve trabalhar. Só quando os seres
humanizados compreenderem que precisam se mudar e não aos outros poderão auxiliar o próximo de
verdade.
39. Atrapalhando as equipes espirituais
Pergunta: De que maneira as ondas de pensamentos negativos da humanidade (dó,
tragédia), podem atrapalhar o trabalho das equipes extra físicas que neste momento
estão auxiliando os espíritos alvo destes pensamentos?
Não é o pensamento material, mas sim o sentimental. É como o Cristo disse: o que sai do coração.
O sentimento emanado pela humanidade, na verdade não atrapalha os amparadores, os
trabalhadores espirituais, mas sim aos espíritos que desencarnaram. Quando você coloca o sentimento de
pena no Universo ele passa fazer parte da atmosfera do planeta e os espíritos que desencarnaram respiram
estes sentimentos. Eles se contaminam com estes sentimentos e por isto é mais difícil para eles exercer o
livre arbítrio no sentido de amar o que está acontecendo.
Claro, existem espíritos trabalhando para desmagnetizar o sentimento lançado pela humanidade,
mas, volto a repetir, quando a catástrofe assume proporções planetárias ele é muito forte e prejudica alguns
espíritos.
Pergunta: Significa que eles perdem a lucidez para compreender o que está
acontecendo com eles?
Significa que eles começam a se banhar de individualismo e por isso têm raiva por terem morrido.
Ficam assustado com o fenômeno morte e por isto xingam a Deus, acusando-O de não os ter protegido
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retirando-os da praia naquela hora. Reagindo desta forma ao seu momento carmático, o espírito não alcança
a evolução espiritual, ou seja, não aproveita a situação carmática de expiação que vivenciou.
40. Não transija no amor
Participante: Como posso dizer à minha mãe que ela está me levando para a ilusão...
Que o arroz e feijão bem temperado, o morango ensopado e o peixe frito são mayas... É
como se fossemos crianças e nos dessem um pedaço de chocolate bem grande... Só
que este chocolate não é a verdadeira existência do ser. Nosso verdadeiro alimento é
outro...
Ou seja, o que você me pergunta é como não retribuir o amor carnal a quem nos ama carnalmente...
Esta é uma questão importante para o buscador e muitos que buscam aproximar-se de Deus se
perderam neste aspecto. Começarei lhe dizendo o seguinte: o amor universal, não pode – ouça bem o que eu
quero falar – transigir a nada...
Acho que não usei a palavra certa... O que quero dizer é que o amor universal não pode se submeter
– seria uma palavra melhor – a nada. Ele precisa estar presente e não pode se deixar abater por nada...
Pense comigo... Talvez esta mesma pergunta tenha sido feita por Cristo antes do episódio dos
mercadores do templo... Talvez ele tenha pensado: Pai, como vou dizer àqueles homens que estão ganhando
a vida comerciando as mercadorias no templo que eles não podem fazer isso? Pobres coitados, eles têm
família, precisam deste dinheiro pra sustentar filhos e mulheres...
Avancemos um pouco mais no tempo... Talvez a mesma pergunta tenha sido feita por Francisco de
Assis quando ele precisou expor os seus pais à crítica da comunidade ao assumir determinado padrão de
existência...
Apesar disso, ambos viveram em paz, harmonia e felicidade estes acontecimentos. Sabe por quê?
Porque o amor universal não pode existir quando há o medo de magoar os outros...
Em nossos estudos destruímos todos os conceitos humanos a respeito de Cristo. Já mostramos
como ele, em momento algum, trabalhou em prol da felicidade humana, ou seja, do prazer. No entanto, para
aqueles que não acompanharam estes estudos, lanço aqui um desafio. Leiam o Novo Testamento e me
apontem em que momento Cristo não critica apontando falhas nos religiosos do seu tempo ou até em seus
apóstolos.
Procurem nos ensinamentos atribuídos a Cristo e verifiquem que não há uma palavra de carinho ou
encorajamento quanto à felicidade material... Mais: além de jamais encorajar seus seguidores a esta busca,
Cristo ainda fala mal dela. Isso fica bem claro na pergunta que faz aos céus: até quando eu terei que aguentálos, vermes... Vermes: é assim que ele se dirige aos seus discípulos quando eles buscam a felicidade
material.
Sabe por quê? Porque Cristo não os amava materialmente (com um amor humano), mas
universalmente (o amor de espírito para espírito).
O mestre sabia que amando universalmente não se pode passar a mão na cabeça (transigir com os
desejos e paixões humanas do espírito encarnado). Ao contrário, o amor verdadeiro entre dois espíritos
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precisa ser fundamentado no aproveitamento deste para a elevação espiritual, mesmo que isso fira os anseios
humanos.
Portanto, como dirá à sua mãe que ela não o está amando verdadeiramente? Da forma mais direta:
não tendo prazer em comer o arroz com feijão, não demonstrando a ela que está fazendo uma grande coisa
por você.
Desculpa, parece que estou lhe incitando a causar sofrimento à sua mãe, mas não é isso. É como eu
disse: o amor não pode transigir, não pode aceitar calado o não amor ou o amor fundamentado em paixões e
desejos humanos. O amor não pode silenciar-se frente ao egoísmo. O amor precisa apontar o egoísmo
porque sem a consciência de ser egoísta, o ser humanizado, o espírito encarnado, jamais compreenderá o
seu próprio egoísmo...
Mas, ao vivenciar esta atitude, não o faça guardando mágoa de você ou dela. Não o faça sentindo-se
o dono da razão ou da verdade... Faça porque é isso que a sua consciência indica para ser feitor. Mas,
principalmente, preocupe-se em fazer no seu mundo interno, ou seja, no seu coração. Demonstre de
sentimentos e não de atos, pois você só conseguirá praticar atos que espelhem esta decisão, como já vimos,
se isso estiver no livro da vida dela e seu...
Amar internamente sem vivenciar sentimentos de crítica ou de soberba: este é o trabalho que pode
ser chamado como sal da humanidade, como luz para o mundo...
Foi assim que Cristo viveu. A cada momento que era preciso colocar o dedo na cara – sim, dedo na
cara, pois nunca existiu o sorriso bonito que as pinturas revelam – e dizer ai de vocês professores da lei e
fariseus e hipócritas, Cristo estava em paz. Cada vez que ele tinha que vivenciar situações que,
externamente, demonstravam que estava com raiva, por dentro (sentimentalmente) estava de bem consigo
mesmo. Nunca aceitou para si a crítica ao próximo e nem nunca se criticou.
Se fôssemos analisar pela razão humana, pelos critérios de bondade humanos, Cristo depois de
enfiar o chicote nos mercadores deveria ter sentado no chão e chorado: meu Deus, eu agredi fisicamente um
semelhante... Mas, não fez isso. Foi para dentro do templo e falou mais e esqueceu aquele ato. Ele nunca
teve dentro de si o sentimento que aparentemente estava lhe dominando: raiva por comercializarem na casa
de Deus. Assim como não tinha também dentro de si nenhuma culpa ou frustração por ter sido agente
daquele ato...
Mas, aproveitando a sua pergunta, quero deixar um recado para todos: sejam honestos com vocês
mesmos...
Não criem ilusões ou fantasias de que alcançarão uma posição de beato, uma beatitude nesta vida...
Não acreditem que conseguirão ter aquele ar angélico que caracteriza humanamente aqueles que são
elevados... Tudo isso é apenas um estereotipo, ou seja, uma ilusão. O que vale não é com o que você se
aparenta, mas como vive internamente...
Além do mais, não se esqueçam que Krishna ensina: cada um vive de acordo com a sua natureza,
ou seja, de acordo com a sua missão no planeta. Portanto, você não pode ser diferente do que é...
Sendo assim, lhe aconselho a não transigir no amar universalmente nem se o resultado deste amor
for a possibilidade de chatear sua mãe... Não transija nem se a possibilidade for de destruir um casamento, de
perder um emprego... Ou seja, não transija nunca.
Faça isso para poder ganhar a vida, pois como disse Cristo: quem quiser ganhar a sua vida vai
perdê-la, mas quem a perder em meu nome, ganhará a vida eterna...
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Não faça como os humanos hipócritas, que acendem uma vela para Deus e outra para o diabo (vão
aos cultos, mas continuam vivendo o restante de sua existência dentro dos padrões humanos), porque isso
não dá certo.
Não transija jamais no seu amor...
41. Libertação dos pecados
Participante: Quando, segundo trecho bíblico, a mulher pecadora lava os pés de Jesus
ele diz: seus pecados foram perdoados pela grandeza do seu amor. Isso significa que
ela deixou a casa mental inferior atingindo pensamentos mais puros?
Sim, mas pensamentos espirituais, ou seja, sentimentos... Repare que Cristo fala que foi o amor e
não o raciocínio que a mudou. Além do mais, pecador não é quem pratica atos pecaminosos, mas quem sente
de uma forma pecadora. Quem tem sentimentos de soberba, de egoísmo, de vaidade, é um pecador...
Então, lhe respondendo, digo que ao mudar a sua base sentimental, o espírito que estava
vivenciando este personagem teve, então, o perdão para todos os momentos em que sentiu egoisticamente...
Na verdade esta história tem muito simbolismo por trás do seu texto. Por hoje, vamos apenas ficar na
compreensão de que o pecado é anulado pela ação amorosa do espírito. Mas, já que estamos falando de
pecadora, deixe-me contar uma história.
Existia, no oriente, uma prostituta que morava em frente a um templo. No dia em que um monge
soube como aquela mulher ganhava a vida, foi lá e acusou-a de pecadora por ser prostituta, já que esta
profissão era contrária aos desígnios de Deus. Ela pediu milhares de desculpas porque não sabia que se
prostituir era contrário aos desígnios de Deus. Disse que necessitava daquela profissão para subsistir, mas já
que era contrária a Deus, ela não mais a praticaria. Só que ela não conseguiu arrumar dinheiro de outro jeito
e, quase morrendo de fome, voltou a receber homens. O monge soube disso e visitou-a acusando novamente.
Para mostrar a força de sua acusação disse: para cada homem que você receber colocarei uma pedra na
porta da sua casa.
Quando a pilha de pedras estava gigante, morreram o monge e a prostituta ao mesmo tempo. Logo
depois desse evento, quando o monge estava sendo carregado pelo anjo para baixo, o religioso viu que outro
anjo passava carregando a prostitua. Só que o amigo espiritual que levava a mulher se dirigia para cima.
Estupefato, o monge disse: mas, como? Ela é uma prostitua e está sendo levada para cima e eu, que sempre
dediquei a minha vida a Deus, vou para baixo? O anjo que o levava respondeu: acontece que o seu coração
está pesado com muitas pedras. Por isso tem que descer.
Com esta história aprendemos que, para não ser pecador, não é preciso apenas fazer oração, mas
amar e servir ao próximo. Este serviço não se caracteriza por nenhum ato material, mas por não acusar
ninguém de qualquer coisa, mesmo que ele quebre a lei de Deus.
Saiba de uma coisa: ninguém é obrigado a amar a Deus acima de todas coisas. Não há obrigação,
neste sentido por isso você não pode julgar se baseando nesta lei. Deus dá o livre arbítrio a cada um, ou seja,
dá a cada um a livre opção para amá-Lo acima de todas coisas ou não...
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42. Rótulos do amor
Participante: Como amar o inimigo sem rotulá-lo como tal?
Não rotulando...
Comece entendendo que quando você quer amar o inimigo, já criou o rótulo... O rótulo de inimigo...
Você não pode amar o inimigo. Como já disse, amar é amar. Por isso você não pode amar alguém,
mas deve amar universalmente, a todos de uma forma geral. Para conseguir isso, é preciso, antes de
qualquer coisa, juntar todos numa Unidade. Para isso, é preciso acabar com os rótulos que se dá aos outros e
que os distingue entre si...
Portanto, enquanto o seu próximo for o seu inimigo, jamais conseguirá amá-lo. Agora, deixar de ver
um inimigo não é ver um amigo...
É uma coisa que tenho falado sempre... Não podemos querer mudar as verdades que estão na
mente. Não adianta querer ver um amigo num inimigo. O que você precisa é libertar-se do rótulo, da
concepção de que o outro é um inimigo... Esta concepção é uma realidade com “r” minúsculo, uma ilusão
criada pela mente. Sendo assim, você precisa libertar-se ilusão e não criar outra: agora ele é meu amigo...
Libertar-se dela, não transformá-lo em amigo; não saber se ele é amigo ou inimigo...
Na verdade, quando fizer isso, você não vai alterar o que sente por ele. Por quê? Porque o que o
espírito sente já é o que tem que ser: o amor. O que irá alterar é a realidade, ou seja, deixará de vivenciá-la
com “r” minúsculo para passar a viver na Realidade com “r” maiúsculo.
Quando você deixar de rotulá-lo como inimigo aquilo que hoje é rotulado como raiva, virará amor...
Veja... A raiva ao inimigo é um rótulo que a mente humana, o ego humanizado, confere a um amor
sentido pelo espírito. Quando você se libertar do rótulo inimigo, se libertará do rótulo raiva e aí, então, poderá
ver o amor que já existe...
Por isso – e isso é uma coisa interessante que quero deixar bem clara – afirmo que ninguém aprende
a amar... O amor não se cria, ou seja, não se ama... O amor surge “do nada” quando você retira os rótulos da
realidade da Realidade...
Isso porque o amor já existe, já acontece, já é a língua dos anjos. O problema é que vocês rotulam –
entendam este rotula como uma crença do espírito na criação do ego realizado por Deus – o amor com
diversos outros nomes...
43. Libertar-se das percepções
Participante: O corpo é um elemento do carma, por isso precisamos conservá-lo. Se eu
pegar a minha mão e colocá-la sobre o fogo, ela irá se queimar. Se eu não ligar para
esta sensação, estarei destruindo o corpo que eu preciso para ter carma. Como então
desprezar as sensações?
Você não preserva corpo algum... Onde está Deus neste seu raciocínio?
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Participante: Mas se eu puser o dedo no fogo...
Você não coloca dedo algum... Se o dedo for colocado, foi Deus quem fez isto. Ao fazer isso, está
gerando o seu carma...
Sendo assim, você não pode preservar ou destruir corpo algum. Isto não depende de você. Praticar
esta ação não depende das suas percepções, porque você pode ter todas elas e só se dar conta de que está
queimando o dedo quando ele já estiver queimado.
Esta primeira questão, mas há outros tópicos a se falar...
Será que colocar a mão sobre o fogo queima? Desculpe, mas tem hindu que anda sobre o fogo com
os pés descalços e não se queima. Não estou falando em não sentir dor, mas, em não queimar e não fazer
bolhas. A ciência não consegue explicar este fenômeno. Sabe por quê? Porque a ferida e as bolhas não são
feitas pelo fogo, mas surge do espírito.
Então veja: você tem que preservar este corpo, mas precisa compreender que a melhor preservação
começa quando vencer o carma e não por cuidar dele. Como Cristo ensinou, nós viemos aqui para vencer o
mundo e se o mundo são as suas percepções, você vem aqui para vencê-las e não para entregar-se a elas.
Só que esta vitória nem você nem nenhum outro espírito encarnado conseguirá por si mesmo: Deus
dará... Os seres humanos não conseguem nada...
Será Deus que lhe dará a vitória sobre as percepções. Mas, quando será isso?
Participante: Quando tiver o merecimento disso...
Certo, mas quando você terá este merecimento? Quando fizer o que Krishna ensina aqui: enquanto
tiver percepções, trate-as com equanimidade...
Deus lhe dará percepção de frio, mas você não deve vivê-lo morrendo de frio. Viver assim não é ser
equânime, não é alcançar o caminho do meio, não é estar equilibrado. Vivenciar este tipo de situação com
esta sensação, não é harmonia nem paz, mas entrega a percepção. Desta forma, a você, compete sentir o frio
que Deus cria, mas, manter-se ao mesmo tempo equânime. Se conseguir vestir um casaco, viva uma
sensação, mas se não conseguir vestir, mantenha a mesma sensação. Este é o trabalho que o espírito pode
fazer: sentimento. A partir da busca de não viver o frio e o calor, Deus dá então a paz e a harmonia com a
percepção.
Portanto, não queira não sentir frio e nem sofra ao sentir frio. Não queira não sentir o calor, mas
também não se entregue a sensação de quente vibrando com o calor.
Quando você realizar sua parte, Deus fará a Dele. Não é assim que está na bíblia: faça a sua parte
que eu lhe ajudarei? Qual é a sua parte? Não se entregar às sensações geradas a partir de percepções pelo
ego. Quando fizer isso, Deus fará parte Dele.
Desta forma posso dizer que a luta do espírito que busca a elevação espiritual é pela e
equanimidade.
44. Vaidade
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Participante: A partir do que tenho ouvido do senhor, tenho tentado praticar. Por
exemplo: às vezes tenho uma dor de cabeça e procuro não ligar para ela. Quando
consigo, ela acaba a sumindo. O engraçado é que consigo fazer isso com a dor, que
aparentemente é uma coisa difícil de ser superada, mas, quando vejo fios de cabelo
branco, não consigo deixar para lá...
Você está falando de dois trabalhos completamente diferentes. Um é o trabalho junto à percepção, o
outro nas sensações. O que lhe perturba não é o branco do cabelo, mas sim a vaidade. Ou seja, a
perturbação não surge do ver o cabelo branco, mas do orgulho próprio ferido. Neste caso, não se trata de ficar
a equânime com a percepção do cabelo branco, mas sim com a sensação da vaidade.
Participante: É isso que estou falando. A dor, que é uma coisa que aparentemente mais
difícil de lidar, não judia tanto quanto a vaidade...
A dor não é pior coisa, porque ela é resultante da vaidade. O mais difícil para o espírito encarnado
não é vencer a percepção, mas sim uma sensação.
A sensação é tão importante que a própria percepção nasce dela. Quem tem sensação de vaidade,
vive percepções que falam de feiura, de defeitos, mesmo quando outros têm, na mesma cena, a sensação de
beleza...
Voltando à questão das percepções, falei muito do frio, mas este ensinamento vale para todas elas.
Por exemplo: não existe mau cheiro. O que existe é a percepção de um odor que vem acompanhada do
adjetivo mal e da sensação de não gostar...
O cheiro não existe: é uma percepção que Deus lhe dá e ao mesmo tempo lhe propõe a ideia de que
ele é mau. Isto para que você espírito opte pela equanimidade, demonstrando assim o seu amor a Deus
acima de todas as coisas...
Mas, quando você vencer a percepção e a sensação de mal, o que acontecerá? Será que irão
acabar todos os cheiros? Claro que não... O que irá terminar é a sensação de mau.
45. Equilíbrio do universo
Participante: Então, Deus tenta eternamente manter o equilíbrio?
Não, Deus não procura manter: mantém. Vocês tentam manter-se equilibrado, mas Deus, que sabe o
que faz, sempre o mantém.
Participante: Era isso que eu queria saber. Ele reequilibra o Universo?
Não, ele não reequilibra porque o Universo não se desequilibra. Para que o equilíbrio esteja sempre
presente, Deus age antes.
Não se esqueça que Ele tudo sabe, por isso, age antes para que o desequilíbrio não aconteça. Ele
sabe qual será a próxima reação do espírito e já comanda uma ação que mantenha o equilíbrio frente a esta
reação.
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Você, quando vê uma coisa que considera errada, acredita que ali há um desequilíbrio. No entanto,
este algo está na verdade equilibrando o Universo. Deus, que comandou esta ação sabia que a opção do
espírito poderia criar um desequilíbrio e agiu antes para que isto não acontecesse...
Perceba que estamos falando em equilíbrio e não em certo. Se todas as coisas fossem certas ou
amorosas, não haveria equilíbrio. Para que o equilíbrio exista, o aparente amor e desamor precisam existir em
quantidades iguais.
Deus, que sabe a reação de cada espírito aos acontecimentos da vida antes dela acontecer, cria o
futuro para que jamais o Universalismo e o individualismo existam em proporções desiguais.
Participante: Mas o Universo tem uma tendência a se desequilibrar em algum momento,
não?
A tendência para o desequilíbrio é algo que você imagina que exista. Não se esqueça que se Deus
soubesse de algo que pudesse gerar uma tendência a desequilibrar o Universo, Ele agiria antes, evitando
assim o suposto desequilíbrio.
O desequilíbrio nunca ocorre e nem é iminente, porque Deus retroage, ou seja, age antes da ação do
espírito para que o equilíbrio jamais se perca. Quando Ele age já sabe a reação de todos os espíritos do
Universo àquela ação e, por isso, é capaz de agir de tal forma que o produto final jamais se altere.
É por isso que só Deus e Sua ação é a realidade, pois só Ele pode manter coeso e equilibrado o
Universo... Se entregássemos a causa primária na mão de outro espírito – e repare que não estou falando
apenas nas nossas, mas na mão de Cristo, por exemplo – acabaria com o Universo num micronésio de
segundo. Na mão de Cristo, governador-geral deste planeta, a causa primária explodiria o Universo.
Por quê? Porque ele não é a Inteligência Suprema. Ele não possui a capacidade suprema de dar a
cada um segundo a sua obra.
46. Medo da vida
Participante: então, na realidade, temos medo da vida e não da morte. É isso?
A mente tem medo da vida, não você... Quando identifica a mente como sendo você, passa a ter
medo da vida...
Mas, porque o você-mente tem medo da vida? Porque quer sempre ganhar, ter o prazer... Vocêmente tem medo da vida porque sabe que ela não vai lhe satisfazer, não vai puxar o seu saco, fazer só o que
você quer.
Aliás, é por isso que você-mente se refugia na ideia da morte que as religiões lhe vende tendo o que
o ser humano chama de fé. O você-mente diz que tem fé para que você-observador não precise mais lutar
contra a vida-mente.
Participante: que mente safada essa, não?
O pior não é a mente ser assim: o pior é você, que diz que está buscando a verdadeira felicidade e
sabe que para alcançá-la precisa libertar-se da mente, continuar aceitando o que ela fala...
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Você é mais safado que ela...
47. Capacidade para fazer a reforma
Pergunta: Joaquim nos fala de São Francisco de Assis, de Jesus Cristo e nós, pobres
espíritos, fomos educados num sistema totalmente longe da santificação. Isso não é
areia demais para o nosso caminhão?
Você já leu a história de São Francisco? Ele também foi educado longe da santidade, talvez mais do
que você, pois era rico, senhor de terras e nobre. Foi criado para seguir a tradição da família. Você já leu a
história de Jesus? Ele também não nasceu santo.
O problema é que nós só conhecemos o santo depois que alcança a santidade. Por isso não
entendemos que ele também teve que vencer suas batalhas para alcançar este estado de espírito.
Dessa forma, se Chico Xavier, Chico de Assis, Jesus, Joana D’Arc, Santa Clara, conseguiram vencer
o mundo, como Cristo disse que venceu, você também pode. É tudo uma questão de decisão, ou seja, decidir
o que quer para a sua vida.
Decidir com que base vai vivenciar a sua vida, mas principalmente abrir mão de outros caminhos. A
partir do momento que você decidir buscar uma vida São Francisco, precisa abrir mão do prazer de ser
contentado, senão não conseguirá. Esta afirmação pode ser comparada simbolicamente ao ato de São
Francisco retirar as roupas caríssimas e colocar o saco de estopa.
No entanto, estou citando este ato de Francisco de Assis figuradamente: você não precisa abandonar
sua casa, suas propriedades nem sua roupa. Agora, você deve abandonar todas as suas posses (ter verdade
sobre as coisas) e realizar sua santidade.
Pergunta. Concordo, mas para isso é preciso uma ajuda de cima.
Essa ajuda acontece cada segundo na vida humanizada do espírito. A cada micro fração de tempo
existe uma pergunta de Deus que lhe ajuda a viver assim: “e agora, você vai amar a quem, a você ou a Mim”?
Cada segundo da sua vida é uma dramatização onde está embutida esta pergunta de Deus. Quando
gosta do que acontece e ama a você mais do que a Deus, tem prazer; quando não gosta e se ama acima de
tudo, sofre; mas, se você ama a Deus acima de todas as coisas, vive sempre em paz: sem prazer ou dor.
48. A realidade
Participante: Acho que o seu raciocínio não condiz com a realidade nossa...
Está certo: não condiz com a sua realidade... Por quê? Porque vocês não vão além do que vêem...
Você está vendo um braço, mas dentro dele tem coisas. Este é o tema que quero abordar a partir deste
ensinamento de Krishna...
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Este não é um mundo real, mas sim um mundo de percepções. Na verdade, o braço não existe: ele é
uma percepção que você tem ao olhar para um determinado grupo de células. Esta realidade serve tanto para
o mundo espiritual como para o material, porque, na verdade, este membro é um conjunto de células que
chama de braço.
Agora, se você tivesse uma visão mais aprofundada, se pudesse ver mais microscopicamente,
chamaria outras coisas de braço e não o que chama hoje. Isso porque não veria esta forma, mas sim a carne,
os músculos, as veias e o sangue correndo, da mesma forma que vê estes elementos no microscópio...
Participante: Apesar disso, ele não deixa de ser um braço...
Quando você não mais se prender a forma e compreender que ela é formada por outras coisas, terá
que dar um novo nome a estas coisas, pois braço é o conjunto que percebem hoje e não o que está dentro...
Então, é a percepção, o seu olho que cria o braço... Na verdade ele é um conjunto de células que
você chama de braço. Outro conjunto chama de perna. Para você, são dois elementos diferentes, mas se
observamos o interior, veremos que eles são iguais. A perna e o braço são formados pelos mesmos
elementos (células). Por que você distingue um do outro? Porque só consegue ver a perna e o braço pela sua
forma compacta e não pelo que eles realmente são: as células...
Se você não visse o braço e a perna pelas suas formas compactas, diria que é tudo igual... Veria que
na realidade os dois conjuntos são formados pelo mesmo elemento e, portanto, são iguais.
Disso nos sai a certeza de que a realidade do mundo, do Universo, é muito além do que as
percepções que vocês têm. Por isso afirmo: tudo que o ser humanizado conhece é apenas uma percepção e
não a realidade...
Além do que vocês vêem, sentem, provam o sabor, do que cheiram ou ouvem, existe muito mais
coisa. Ou melhor: existem coisas que compõem o que vocês vêem e vocês não vêem estas coisas...
49. Libertar-se das percepções
Participante: Tenho tentado me desligar das percepções, mas não tenho conseguido.
Tem como viver sem elas freqüentemente?
Não estou falando em viver sem percepções, mas estar acima dela. Deixe-me dar um exemplo...
Os orientais falam muito da terceira visão. Mas, o que é a terceira visão? Uma visão além da
percepção do olho. Perceba que eles não falam em trocar uma visão por outra, mas em alcançar algo que
veja além do olho humano. Sendo assim, quando você alcançar esta visão, que é dita como espiritual,
continuará tendo as percepções que hoje tem pelo olho. O que acontecerá é que terá a consciência de que a
sua visão de hoje é apenas uma percepção. Com esta consciência poderá, então, buscar através da
meditação ou de qualquer outro trabalho de elevação espiritual superar o mundo perceptivo. Neste momento
poderá receber de Deus a terceira visão, ou a compreensão de que existe algo que você não percebe, mas
que está compondo o que vê...
Participante: Um desligamento das percepções?
Não um desligamento delas, mas a percepção além do sentido da carne...
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Participante: A meditação pode ser um exercício para isso?
Na verdade não há um exercício para se receber esta consciência: ela será recebida de Deus... Pela
busca espiritual, pelo trabalho da reforma íntima, você poderá merecer receber...
Participante: Então não é negar a percepção, mas negar que ela é a realidade...
Sim. Negar que a percepção é real. Gosto de laranja estragada, por exemplo. Não existe isso: existe
um gosto que você chama de laranja estragada.
É preciso estar além do mundo perceptivo... Para isso é preciso ter a consciência de que não existe
um gosto de laranja estragada, mas uma criação perceptiva que o ego chama desta forma. A partir desta
consciência, você poderá ficar além do gosto criado pelo ego e poderá, então, receber de Deus o sabor
universal.
Então, quando Krishna diz que o ser humanizado não pode ser cortado, é porque o ser humano se
corta, se molha ou se queima.... Ou seja, tem a percepção de que isso acontece, mas na realidade isso não
ocorre. Á partir deste ensinamento, aqueles que buscam entrar em unidade com Deus precisam compreender
que este é um mundo de percepções. Além disso, precisam saber que um mundo perceptivo não é um mundo
real, mas um mundo individual...
Este mundo, por ser perceptivo, é apenas o que você percebe e compreende restritamente. Por
causa das suas restrições você acredita que a água molha, mas isso não é real, porque o sentir-se molhado é
apenas uma percepção que está tendo.
O espírito precisa se desligar deste mundo perceptivo porque se ficar preso à percepção como
realidade, viverá preso à reencarnação, ao processo reencarnatório ou de reidentificação. Isto porque as
percepções estão presas às sensações de prazer e dor...
É por isso que Buda diz: você não pode ter paixão pelas suas percepções. Não adianta se apaixonar
por uma percepção porque isso só lhe prende ao mundo do nasce e morre. Esta prisão acontece porque no
Universo não existem estas percepções...
Quando falo em paixão, falo de positiva ou negativa: querer ou não querer.
50. O que se leva desta vida
Participante: Acho que quando a gente aprende alguma coisa fica marcado no nosso
espírito para sempre, não?
Tudo que um espírito aprende fica marcado no perispírito, mas lá não fica nada que seja material.
Deixa eu explicar a minha posição.
Se o conhecimento material ficasse marcado no perispírito, a maioria das crianças não precisaria
aprender a ler, não é mesmo? Todos nasceriam sabendo ler porque aprenderam isto em outras vidas. Ou
pensamos assim, ou entendemos que todos sempre foram analfabetos, pois não há uma criança que nasça
sabendo ler e escrever.
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Portanto, tudo que é material some e apenas o que é espiritual fica. Tudo que é conhecimento do
mundo material fica restrito ao mundo material e não acompanha o espírito pela eternidade. Acaba quando
cessa a encarnação.
Aliás, seria um acúmulo desnecessário arquivar-se todo conhecimento material. Para que um espírito
precisa carregar pela eternidade o conhecimento da decodificação da escrita se onde ele vive não há nada
para ser lido?
51. A humanização do espírito
Participante: Fale um pouco mais sobre esta humanização do espírito, por favor.
Quer um exemplo? Qual o seu nome?
Participante: José.
Você não é o José: está José. Você acredita na reencarnação, trabalha com espíritos, no entanto
não titubeou em me responder a esta pergunta.
Quem é o José? Um conjunto de sentimentos (personalidade), que vivencia uma determinada
história criada a partir de um conjunto de verdades individualizadas. Tudo isto é ilusório e irreal porque é
temporário, mas apesar de saber disso, você se apega ao José a tal ponto de anular a sua própria
consciência.
A partir do momento que você se conscientizar disso, a sua vida mudará. Ao invés de valorizar as
paixões e os desejos do José dirá: ele que se dane, eu não vou me prender a ele. Não vou me sujeitar ao que
ele quer, não vou sofrer quando ele quiser ficar triste, não vou acreditar no que ele acredita, porque tudo do
José é fantasia fantasmagórica, como Krishna chamou o maya.
Agora, para que isso se torne realidade na sua existência será preciso agir a partir do conhecimento
da reencarnação e afirmar para si mesmo: eu sou eu; não quero ser o José. Isto porque se você se prender a
ele jamais será você mesmo.
52. Viver a felicidade neste mundo
Participante: A felicidade não é deste mundo, mas podemos senti-la por aqui, neste
cantinho do universo?
Sim, a felicidade não é do mundo material, mas do mundo espiritual. Mas você é espírito e não um
ser humano (material) e por isso pode ser feliz agora, mesmo estando na carne. Basta, para isso, viver a vida
material de uma forma espiritual e aí poderá viver com a felicidade incondicional.
Pelo que vimos até agora, conhecer e penetrar neste estado de espírito é fundamental para todos
aqueles que buscam elevar-se, ou seja, para todos que transformam a existência carnal em uma etapa da
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vida espiritual. Mas, como consegui-la? Onde achar um mapa que indique o caminho a ser percorrido para
encontrá-la?
Participante: Valorizando as coisas espirituais?
Sim, esse é o caminho, mas como valorizar as coisas espirituais?
Em nossas palestras sempre buscamos compreender as coisas na prática. Nós precisamos parar de
teorizar a elevação espiritual. Você está certo: valorizar as coisas espirituais é buscar a felicidade, mas na
prática, o que é buscá-la, o que é alcançá-la? Como posso saber se um determinado tipo de procedimento
sentimental vai me levar a isso?
É muito simples: é só ouvir o mestre Cristo. Ouvi-lo, principalmente na hora que ele reúne os seus
apóstolos e dá o caminho que eles irão realizar, dá o resumo de todo ensinamento que ele veio trazer. Isso se
chama Sermão do Monte, isso se chama Bem-Aventuranças.
Alcançar a evolução espiritual é seguir na risca o ensinamento que está contido na BemAventurança. Por esse motivo, nesse trabalho que pretendemos analisar a felicidade como realização daquele
que busca a elevação espiritual, é importante para nós conversarmos sobre as “Bem-Aventuranças”
transcritas na Bíblia Sagrada, livro de Mateus, Capítulo 5. Analisando cada um dos ensinamentos do mestre
poderemos entender o que é a felicidade espiritual e como alcançá-la.
53. Humildade
Participante: Humildade é olhar e estar com outros de uma forma igualitária. Não olhar
de cima nem por baixo.
É mais que isso. É olhar as pessoas sem querer que a pessoa fosse diferente do que ela é. Sem
desejar que ela se mude para que lhe traga felicidade. Sem desejar que agisse de uma forma diferente.
Não adianta apenas olhar de uma forma igualitária: é preciso aceitá-la como ela é. Aí está a
humildade, uma vida sem desejos.
54. Gerar coisas por vontade própria
Participante: Não há algo que um ser possa gerar por sua vontade mesmo que não
esteja programado para o trabalho da elevação espiritual?
Impossível... Existe um Senhor que é onipotente, onipresente e onisciente e que por isso comanda
pessoalmente todo o programa do trabalho da elevação espiritual.
O ser humanizado pode ter a ilusão de achar que faz o que quer, mas isso não pode acontecer.
Sendo isso possível, pelo objetivo que lhe move (viver o ouro pelo ouro) e que é diferente de quando não
humanizado, o ser não realizaria o trabalho necessário para a evolução.
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Sendo isso verdade, não existe nada errado. Tudo que acontece e o que o ser humanizado possui é
sempre uma oportunidade para que ele possa conhecer os conceitos que possui sobre os elementos do
mundo e libertar-se deles. Tudo está sempre perfeito segundo a intenção de Deus: que o ser universal possa
prosseguir na sua caminhada eterna. Apesar disso afirmo que apenas Deus conhece realmente a
necessidade de cada um.
O ser quando se conscientiza de que a sua jornada humana é escrita por Deus para a sua elevação
quer saber porque está trilhando este ou aquele caminho, mas isso é impossível. O ser humanizado não pode
perscrutar as ações de Deus: só pode santificá-las ou não.
55. É justo guerrear
Participante: Krishna fala em ser justo ao guerrear...
Você está pensando na justiça a partir do que? Da sua justiça?
Participante: Não, na justiça ensinada por Krishna...
Mas será que você pode ter Krishna sempre ao seu lado para lhe dizer quando é justo guerrear?
Claro que não... Então, vamos entender a justiça de Krishna...
Ele diz assim: você é um guerreiro e a sua função neste mundo é guerrear... Para você entender a
justiça de Krishna, precisa compreender que cada um tem um papel na divina comédia humana que precisa
exercer.
Vou dar um exemplo: um advogado. Os profissionais que atuam na defesa dos direitos dos seres
humanizados acham que deveriam vencer todas as causas em que atuam. No entanto, tem muitas vezes que
eles não conseguem lograr êxito no desempenho de sua função.
Participante: Depende do infringir a lei ou não...
Errado. Têm muitos que não infringiram a lei que os advogados não conseguem tirar da cadeia, mas
têm outros que com certeza a infringiram que nenhum advogado consegue prender...
Por que isso? Porque o papel do ser humanizado advogado é advogar e não prender ou soltar, o que
faz parte da lei maior, do planejamento carmático da existência daquele outro ser. Portanto, cumpra o seu
papel sem intencionalidade, ou seja, advogue sem esperar soltar ou prender ninguém... Faça o melhor de si,
mas não espere resultados, ou seja, não tenha intencionalidades...
Se o advogado se prendesse às leis espirituais como conhecidas no planeta, ou seja, pela falsa
benevolência, ele teria que ter a intenção de soltar quem ele acha inocente. Mas, agindo assim, apesar de o
aspecto humano dizer que este é uma pessoa boa, ele teria sido injusto, porque colocou uma intencionalidade
na ação, quando é um mero instrumento de uma história pré-escrita.
É isso que Krishna está dizendo a Arjuna: se você é guerreiro, lute, mas o faça sem intencionalidade
de matar ou poupar alguém, para que a sua luta seja justa.
Lutar é a função de um guerreiro, por isso todos que vivenciam este papel precisam guerrear. Não
querer participar das ações que são inerentes ao seu papel em nome de qualquer coisa, mesmo aquelas que
humanamente são consideradas sublimes, é juntar vivenciar a situação com seu interesse pessoal.
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Por isso Krishna ensina: não se prenda a palavras, não se prenda a leis, mas alcance a consciência
de fazer sem intencionalidade. Isso se chama consciência amorosa...
56. A simplicidade da reforma íntima
Participante: É tão simples assim... Basta abrir mão destes impulsos?
Sim, a elevação espiritual é simples...
Mas, não pense que este ensinamento é primazia dos hindus. Cristo ensinou a mesma coisa: se o
seu olho lhe faz pecar, arranque-o porque é melhor entrar no reino do céu sem um olho do que ir para o
inferno com os dois. Ao ouvir isso os discípulos perguntaram ao mestre: o senhor está dizendo que somos
pecadores? Cristo respondeu: se dizem que podem ver, são...
Na verdade este ensinamento cristão é a mesma coisa que acabamos de ver com palavras
diferentes. Isso porque tudo que você percebe através da visão leva à formação de um pensamento onde
estão presentes as características dos gunas.
Portanto, se abrir mão de tratar o que vê como real estará eliminando a ação do guna...
57. Atos
Participante: Eu não entendo. Se os atos são dados de acordo com os nossos
sentimentos, de repente, por causa de um determinado sentimento, pode acontecer um
que não é o melhor pra gente apenas como conseqüência de um sentimento?
Todo ato que lhe acontece, mesmo que você não goste, é o melhor sempre.
Quando você fala ‘não é o melhor pra mim’ está dizendo que Deus está lhe punindo. Isso só poderia
acontecer se Ele não fosse o amor sublime.
Participante: Eu não diria punindo, diria que estaria dando de acordo com meu
merecimento por causa do sentimento?
Dar o que não é melhor para você só poderia acontecer se Deus não fosse o amor sublime.
Suponhamos que tenha tido raiva e o Pai tenha redirecionado a sua raiva para aquela outra pessoa. Vamos
estudar este exemplo.
Você teve raiva porque escolheu raiva. Deus direcionou seu pensamento para que esta raiva fosse
aplicada para aquela pessoa. A partir daí você pratica um ato raivoso contra ela. Está certo o meu raciocínio
dentro do que tenho dito?
Participante: Sim...
Acontece que se Deus direcionou a raiva que você escolheu ter para aquela determinada pessoa é
porque ela precisava e merecia recebê-la. Ele não agiu desta forma porque aquela pessoa era a que estava
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mais perto ou por qualquer outro motivo. Portanto, apesar de você ter escolhido raiva, este acontecimento não
ocorreu isoladamente dentro do Universo. Deus usou o que você escolheu para dar a outra pessoa o que ela
precisava e merecia. Assim, a sua escolha sentimental, apesar de aparentemente errada ajudou Deus na obra
geral: o campo de provas para evolução dos espíritos.
Para que prejudicasse os outros com sua escolha sentimental seria necessário que eles não
merecessem receber aquilo. Neste caso, eles estariam sendo injustiçados e Deus, neste caso, não poderia
mais ser a Justiça Perfeita...
Participante: E a questão da culpa?
Não existe culpa. O que existe é uma situação que você não gosta e por isso se culpa. A culpa pela
prática do ato não existe: ela só acontece dentro de você porque não gostou do que fez...
Participante: Por causa desse sentimento de culpa eu deixo de fazer atos para outras
pessoas?
Não necessariamente. O que você deixa é de ser protagonista de outros atos, fundamentados em
outros sentimentos. Passa a ser protagonista apenas daqueles que precisam e merecem receber a sua
culpa...
58. Cansaço
Participante: Falam que o cansaço é energia negativa, mas o cansaço também não pode
ser Deus agindo para que alguma coisa aconteça ou não, para que se faça ou não?
Sim, o cansaço pode servir de intencionalidade para o acontecimento ou não de uma ação. Mas,
preste bem atenção: você não deixa de fazer nada porque está cansado. Quando, por exemplo, acredita que
o seu dia não rendeu nada porque estava cansado, ainda está preso em você mesmo: no que acha que está
sentindo. Aquele que pratica a yajña diz assim: ‘hoje o dia não rendeu porque não rendeu’. Se perguntarem a
esta pessoa porque não rendeu, aquele que pratica o sacrifício a Deus responde: ‘porque não era pra
render’...
É isso que se está falando sobre a prática do viver em sacrifício a Deus: sacrificar o que você acha
sobre os acontecimentos da vida. Achando que não está produzindo porque está cansado, sacrifique sua
intenção a Deus. O seu cansaço não pode atrapalhar o rendimento porque este é dado por Deus e isso
acontece independente do que você está sentindo, pois o que tem que acontecer, vai acontecer.
Sabe de uma coisa: ninguém morre de câncer porque fuma; fuma para morrer de câncer; de nada
adianta se combater o cigarro. Ou seja, o que você acha que é efeito, é a causa.
Sacrificar a Deus o ‘eu’ não é simplesmente abandonar a intencionalidade: é sacrificá-la a Deus.
Você pode achar que fez alguma coisa errada, mas em sacrifício ao Senhor, mata o seu errado e só diz
assim: eu fiz.
Essa é a verdadeira oração, o verdadeiro amor a Deus acima de todas as coisas. O sacrifício da sua
intencionalidade é na verdade, o cumprimento do primeiro mandamento da Lei que Cristo ensinou: amar a
Deus acima de todas as coisas. Isso porque só quando você sacrifica seu individualismo a Deus O ama acima
de si mesmo.
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Esse, volto a dizer, é o ensinamento mais forte de Krishna. Todo resto do ensinamento de Krishna
está em Lao Tsé, todos os ensinamentos de Krishna estão em todos os outros mestres. Mas, essa visão do
sacrifício a Deus do seu individualismo, só Krishna tem.
59. O fim das encarnações
Participante: a existência espiritual tem um fim? Chega um momento onde o espírito se
estabiliza e para de se ligar a um ego para receber o atestado?
Quanto à primeira pergunta devo lhe dizer que a existência espiritual é eterna e, portanto, não tem
fim. Quanto ao fim do ciclo de encarnações ou ligações a egos, isto também nunca se encerra. Sempre
haverá um ego ao qual o ser se ligará para realizar provações, mesmo quando não houver mais carne.
Mesmo quando a encarnação não for ligar-se a uma matéria mais densa, ou seja, habitar fisicamente
um planeta, sempre haverá o ego e a consciência espiritual. Este sistema evolutivo jamais acabará porque o
Universo é um constante processo de evolução para aproximar-se de Deus, da Perfeição.
Participante: mas, não é estranha esta coisa de viver eternamente passando por provas?
Isto não tem um fim? Compreender isso me assusta...
Você já me conhece e sabe que quando respondo, não estou brigando nem querendo ser sarcástico.
Por isso vou lhe responder francamente.
Se o fato de viver eternamente se testando para verificar conhecimentos lhe assusta, acho melhor
você dar já um tiro na sua cabeça e acabar com isso, pois a vida carnal também é assim. Desde o momento
que você nasce até o que morre carnalmente, existe um processo constante de provações para evolução.
O ser humano não descansa nunca. Mesmo na mais alta idade ele está sempre no processo de
evolução, aprendendo novas coisas, promovendo novos conhecimentos, para alcançar a evolução material. O
que estou falando é a mesma coisa. Só que na vida humana este processo dura setenta ou oitenta anos, mas
na do espírito no universo, eternamente.
Participante: o senhor falou em me matar, mas não faço isso porque sei que de nada
adiantaria. O que quero é mudar minha consciência.
Isso: de nada adianta.
O que falei não foi esperando que você praticasse este ato, mas utilizei este exemplo apenas para
que compreendesse que este processo não é novidade. Como você mesmo pode constatar, se a vida
humana for levada a sério (fundamentada na busca da elevação material) ela também será até o seu término
um constante aprendizado e a respectiva provação do que se aprendeu.
Aliás, esta é uma queixa de vocês. O ser humanizado queixa-se constantemente que a vida cobra a
busca constante de evolução e que esta competitividade cansa. Mas, este processo é Universal. Só que no
Universo você não compete com ninguém, mas consigo mesmo.
A partir disso, compreenda que de nada adianta sair desta vida e ir para a outra, que será a mesma
coisa. Mas, também não pense que adianta fugir de lá e vir para cá, pois tudo que é Real é Universal: existe
em todos os lugares.
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60. Retrocesso à forma ovoide
Participante: e o que falam sobre o espírito que retrocede para o estado de ovoide.
Neste caso, ele não retrocedeu?
Não, porque não acabou a encarnação.
O espírito ao qual vocês conferem essas formas ainda está ligado a uma consciência de provas e
não à sua consciência espiritual. Ele ainda não voltou a sua consciência original, espiritual, e por isso não
acabou a sua encarnação.
Veja como defini neste trabalho a encarnação e o retrocesso. Para julgarmos que houve um
retrocesso seria necessário que primeiro o espírito retornasse à sua consciência espiritual. Só se ela fosse
inferior (mais individualizada) do que era antes da encarnação poderíamos afirmar que houve uma retroação.
Estes espíritos que você está falando ainda estão presos a egos, como fantasmas. Então, ainda
estão encarnados, mesmo que não haja mais corpo físico. Por isso não pode ser decretado que houve um
retrocesso.
Um dia eles voltarão à sua consciência e somente neste dia poderá haver a avaliação daquela
encarnação. No entanto, quando isso acontecer, certamente estarão no mesmo nível de conhecimento
espiritual que estavam antes da encarnação, pois, como dissemos, não existe retrocesso.
Participante: porque essa forma de ovoides?
A forma é uma consequência dos sentimentos: eles se acham maus e por isso tomam formas que
possam assustar os outros. Mas, má é a personalidade à qual eles estão ligados a tal ponto que imaginam ser
eles próprios.
Participante: existe um critério para que estes espíritos tenham a oportunidade de
reencarnar novamente ou eles continuarão sempre como a identidade que se imaginam?
Para reencarnar eles precisam, antes de tudo, sair da identidade atual, matar esta identidade.
Participante: mesmo enquanto ovoides?
Mesmo enquanto ovoides.
O problema não é a forma, mas sim consciência. A identidade está na consciência e não na forma do
corpo.
Aliás, se formos aplicar aquilo que já aprendemos, não podem existir espíritos ovoides, já que o ser é
apenas um brilho que, portanto, não possui forma, cor, raça, sexo, etc. A forma que você está percebendo
não é do espírito, mas é como o seu ego humanizado constrói a imagem destes espíritos.
Saiba que eles mesmos, na Realidade, não são assim.
Participante: podemos dizer que isso é uma programação nossa para vê-los dessa
forma?
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Na verdade é uma figura que o seu ego humanizado se programou para exibir ao seu consciente
quando se deparar com espíritos que possuam determinada carga energética.
61. Encerrando uma encarnação
Participante: não entendi a questão do fim da encarnação...
Vamos falar mais sobre isso. Para tanto, me diga, quem é você?
Participante: a Maria...
Você acha que é a Maria, mas esta identidade é, na verdade, um conjunto de crenças e verdades
(consciência) a qual você, o espírito, está ligado. A Maria não é você; o que ela acredita não representa o que
você, o espírito sem nome, sabe.
A Maria é a encarnação. Enquanto você imaginar-se como ela estará encarnada, mesmo que já
tenha se libertado da matéria carnal. Agora, quando não mais se considerar Maria, terá de volta todos os
valores que estão na sua consciência espiritual e que hoje não estão acessíveis através do consciente. Neste
momento a sua encarnação acabou, estando você presa ou não à carne.
Com isso, a Maria morre e o espírito, que está adormecido, renasce.
Participante: é isso que acontece com estes espíritos na forma de ovoides?
Eles ainda se consideram Marias...
62. Escolha das provas
Participante: este planejamento prévio é para espíritos evoluídos, não? Quanto menos
evoluídos que somos não conseguimos avaliar corretamente o que devemos fazer, não é
mesmo?
Não, o que foi comentado aqui é Universal, ou seja, é para todos.
A criança da escola primária espiritual planeja o que ele quer provar durante as suas encarnações,
assim como o estudante do universitário da mesma escola. Todos os espíritos planejam suas provas
independentemente de seu grau de evolução: não há aí diferenciação.
Quanto ao não saber, todo espírito sabe dos objetivos de sua evolução existência espiritual: evoluir
sempre para aproximar-se de Deus e gozar da Sua glória. O conhecimento pode ser diferenciado, mas todo
ser universal conhece o objetivo de sua existência. E, este grau de conhecimento é respeitado por Deus e
pelos Mestres. Por isso, eles não exigem de um iniciante o mesmo que exigiriam de um veterano.
Vamos fazer uma comparação com os conhecimentos dos terrestres durante a sua evolução para
podermos entender melhor esta questão. Se uma criança do primário pudesse escolher suas provas iria pedir
para ligar pontinho, fazer desenhos e colori-los. Isso é o que ele sabe, o que pode pedir e realizar.
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Para estes espíritos não será pedido nunca para que eles façam provações que incluam fazer contas
ou escrever palavras. Nunca. Mesmo que escrever palavras e fazer contas seja um conhecimento importante
e que o estudante precise ter. Isto porque ele não está pronto para isso e o seu limite é respeitado.
Sendo assim, na Realidade cada um pede no seu nível e Deus não altera sequer um milímetro,
mesmo sabendo que esta provação é do curso primário, ou seja, baseada em conhecimentos rudimentares.
63. Libertar-se da roda de encarnações
Participante: demora muito para um espírito se desligar da sua vida carnal?
O desligar faz parte da encarnação. Têm espíritos ligados ao corpo há cinquenta cem anos, assim
como existem espíritos ligados ao ego há cinco mil ou mais anos.
Participante: estou assustada, demora muito mesmo, não? E o senhor,
demorou muito...
Não se assuste...
Frente a eternidade que você vai existir este tempo é apenas um piscar de olhos. A sensação de
muito tempo existe apenas para os seres encarnados. Para o espírito não existe tempo, ou se existisse não
seria dentro da compreensão que vocês têm sobre a sua extensão.
Saiba que nada existe por si, mas que o valor que cada elemento possui é dado pela comparação
com que você faz dele com outros. Por exemplo: um dia para vocês é o fruto da comparação daquele passar
de tempo com uma semana, um ano, uma década ou um século. Isso torna o período que falei muito longo.
Mas, para o espírito a comparação é sempre com a eternidade. Por isso duzentos mil anos são muito pouco
tempo.
64. Múltiplas encarnações
Participante: O senhor falou em espíritos nas colônias ainda vivendo encarnações. Isso
me deixou confuso...
Vou tirar a sua dúvida e aproveito para falar um pouco mais a fundo na compreensão sobre uma
encarnação.
Como é que se reconhece um espírito ligado a um ego, ou seja, ainda vivendo uma aventura
encarnatória? Simples, muito fácil: o espírito individualista, a peça do quebra cabeça que ainda acha que seu
desenho sozinho vale alguma coisa.
O que, em última análise demonstra o individualismo? A existência do eu.
Assim sendo, enquanto um espírito tiver um eu e vivenciar como real as interpretações desse eu (eu
sou, eu gosto, eu quero, eu pertenço) ele estará vivendo uma etapa de provação e ainda não terá alcançado o
Conversando com um espiritualista 09
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seu retorno à consciência espiritual. Quando um espírito retorna à consciência espiritual o eu é sempre
trocado pelo nós e o individualismo pelo universalismo.
Como eu disse, o espírito encarnado é como uma peça que se valoriza dentro de um quebra cabeça.
Já o espírito na sua consciência espiritual anula o valor da sua peça e só pensa no quebra cabeça como um
todo.
Então, a grande aventura do espírito (uma encarnação), é caracterizada pela existência da
compreensão de ser um eu. Enquanto houver esta compreensão, o espírito, não importa que grau esteja,
estará vivendo uma provação.
Isso quer dizer que aqueles que estão nas cidades espirituais, mas que ainda se reconhecem por
algum eu, ainda estão encarnados. E isso nos leva ao último assunto que eu preciso falar neste momento: um
espírito pode viver uma encarnação dentro de uma outra encarnação.
Ou seja, um ser universal pode estar ligado a um eu que é formado por um ego e, ao mesmo tempo,
criar uma outra encarnação (outro ego) e ligar-se a um corpo carnal vivendo a realidade criada por esta
segunda consciência.
Participante: Pode explicar melhor...
Antes de mais nada me deixe dizer que não estou falando mal desses espíritos. Muitos deles são
considerados por vocês como de luz e são mesmos. Ou seja, eles são mais universalizados que os que estão
ligados à matéria densa, mas isso não quer dizer que já recuperaram a sua consciência espiritual.
Um espírito que, habitando aquilo que vocês chamam de mundo espiritual superior, ainda tenha a
consciência de que ele é o José, ou qualquer outro nome, ainda está encarnado. Mesmo não estando ligado
a carne e vivendo naquilo que é conhecido como mundo espiritual, ele está ligado a uma encarnação, onde
assumiu a personalidade de José. Mesmo não ligado a carne ele está numa encarnação porque ainda existe
um eu.
Este espírito, vivendo a encarnação José no mundo espiritual, pode preparar uma nova identidade
para vivenciar no mundo material, assumi-la e depois voltar a ser o José. Ele sairá do mundo espiritual e virá
para o mundo material – estes dois planos na Realidade não existem como lugares distintos; estou usando
estes termos para facilitar a compreensão de vocês – onde vivenciará uma nova identidade, mas ainda estará
numa encarnação onde ele era o tal do espírito José.
No entanto, um dia o José também acabará, ou seja, a ação da individualidade crendo-se isolada do
todo terá que um dia acabar para que o espírito possa completamente interpenetrar no universo. Só nesse
momento pode-se afirmar que ele está novamente de posse da sua identidade espiritual, da sua consciência
espiritual.
Veja o exemplo de André Luís. Ele desencarnou e deixou de ser o humano que imaginava ser. Só
que quando retornou ao mundo espiritual assumiu uma nova personalidade: a de André Luís. Nela ele viveu
na cidade que vocês chamam de Nosso Lar e executou brilhantes trabalhos de auxílio aos encarnados.
Esta identidade, André Luís, é uma encarnação. Digo isso porque essa era uma identidade que ainda
se via isolada do todo, ainda imaginava-se uma personalidade distinta das outras. Aquele espírito, portanto,
ao vive-la, estava ligado à uma encarnação, mesmo que aquela personalidade jamais tenha existido no
planeta terra como um ser humano.
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No entanto, um dia, ele foi instigado a buscar além da própria realidade, ou seja, daquela cidade
onde vivia. Este ser conseguiu, então, compreender a fusão com o universo e desligou-se daquela realidade
temporária.
Hoje ele está no Universo, mas aceita voltar constantemente ao Nosso Lar para auxiliar aqueles que
ainda estão presos a este cantinho do universo como a Realidade, como o Todo que pode existir.
Com este conhecimento, amplio, então, a resposta sobre os ovóides. Os espíritos que são vistos com
esta forma, vivenciados com esta realidade, podem até não estar mais na personalidade que tiveram durante
a vida material, mas estão com uma outra personalidade. Isso quer dizer que estão encarnados.
Participante: complicado...
Eu acredito até que seja, mas somente para aqueles que ainda estão presos à idéia de uma
encarnação como um matéria, como vida carnal. Mas, universalmente falando, encarnação não é prisão à
matéria ou à vida carnal, mas é caracterizada com a ligação com uma consciência fundamentada no
individualismo, ou seja, com a existência de um eu. E isso acontece dentro e fora da carne, neste mundo ou
no outro.
65. Vivendo o que está escrito
Participante: dá para entender a encarnação como se fosse apresentação de uma peça
de teatro, onde o script, o roteiro está todo programado?
Sim, essa peça inclusive tem um nome: a divina comédia humana.
Participante: temos apenas que seguir o programado. É isso?
Sim, obrigatoriamente seguirá o que está programado. Agora, durante esta vivência, você pode
valorizar de diferente formas o que foi programado e está sendo vivenciado naquele momento.
Há um exemplo que eu tenho citado muito que facilita a compreensão sobre este tema: uma pessoa
que anda na rua e vem alguém e retira o dinheiro do bolso dele. Para a grande maioria dos seres
humanizados, isso tem o valor de um assalto. No entanto, se esse ser humano tem conhecimento sobre a lei
do carma, com certeza dirá que tal acontecimento é um carma. Com isso o valor com que foi vivenciado
aquele acontecimento mudou. Agora não é mais um assalto, mas um carma.
Se essa pessoa, no entanto, houver alcançado uma compreensão maior sobre as questões da
encarnação (compreender que ela deve ser vivenciada em uma relação amorosa entre você e Deus), com
certeza dirá que é apenas o amor de Deus por ela em ação. Mais uma vez o valor com que se vivencia o
momento se altera dependendo do grau de compreensão sobre a encarnação: primeiro um roubo, depois um
carma e agora um ato de amor divino. A compreensão sobre o valor do acontecimento muda de acordo com o
grau de compreensão do ser humano, sem mudar o acontecimento.
Portanto, se na peça da sua vida estiver escrito que alguém meterá a mão no seu bolso, isso
acontecerá, mas o valor com o qual viverá os acontecimentos depende do seu grau de elevação ou o seu
grau de universalização.
Participante: então, a única importância no viver é atuar com amor ou não?
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Sim...
Só que quando você atua com amor, o amor universal, o amor incondicional, as coisas mudam de
valor para você. O assalto deixa de ser um assalto, um roubo, um ato de agressão e passa a ser um ato de
amor.
Portanto, o ato vai acontecer como pré-programado, mas você pode vivenciá-lo com valores
diferenciados.
Participante: não há espaço para improvisos?
Só se Deus pudesse ser pego de calça curta...
Você acha que Deus pode ser pego de calças curtas, desprevenido? Claro que não. Então, não há
espaço para improviso.
66. Criação da realidade
Participante: todas as pessoas decodificam da mesma forma?
Não. Existem, por exemplo, os daltônicos, aqueles que ao invés de ver vermelho, enxergam verde.
Sei que vocês imaginam que o daltonismo é uma doença, mas não se trata de doença. Na verdade
são programações de decodificações diferentes.
O ser que é classificado como daltônico não possui doença alguma. Ele possui uma codificação que
classifica de vermelho o que a programação de criação de realidades de outro classifica como verde. É uma
programação diferenciada para criar realidades ilusórias diferenciadas.
Isso é só um exemplo. Quer outro? Tem gente que sente um paladar doce numa fruta, enquanto
outros que sentem paladar azedo na mesma fruta. Onde está o doce ou o azedo da fruta? Nela mesmo? Se
fosse, porque todos não sentem igual?
Participante: e com relação à matéria?
Você diz as formas grandes, como por exemplo, as paredes? Sim, essas quase todos percebem
igualmente.
Isso é assim porque há a necessidade de se confirmar a ilusão que se está percebendo para que
exista a ilusão daquilo ser real. Se um percebesse uma coisa e outro outra, se saberia logo que a coisa não é
real e com isso não haveria o exercício da fé...
Portanto, nesse ponto, todos vêm igual...
67. Existência da matéria
Participante: existe matéria, mas não a matéria como nós vemos. É isso?
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Existe, o fluido cósmico universal. Existe a matéria do universo. Mas, essa você não consegue
perceber.
Todas as outras matérias que você consiga perceber não são reais, mas apenas ilusões, ou seja,
criações do ego a partir de percepções da matéria universal...
68. Perceber as coisas do universo
Participante: tem como alguém que já tem o programa que decodifica o fluído cósmico
universal com as formas da Terra conseguir o que decodifica com as formas de Marte?
Nesse momento, não. Você pode receber por intuição de espíritos fora da carne algo sobre as
matérias de outros planetas, mas nesse caso o que você recebe é uma interpretação terrestre do que é a
realidade de Marte e não a própria realidade marciana. Você não consegue ver a realidade de Marte enquanto
estiver ligado a um ego terrestre.
Para o futuro sim. Quando o universalismo for realidade, o ego humano terrestre estará apto a ver
realidades de outros mundos, mas hoje não está. Hoje o que alguns podem é receber uma interpretação que
ele possa decodificar daquilo que é realidade em outros planetas.
69. Vencendo o medo
Participante: vou usar o seu exemplo do medo, a programação para que se tenha medo
diante da velocidade, para fazer minha pergunta. Como ela é mudada?
Estou
perguntando isso porque aconteceu comigo. A vida toda eu tive muito medo de
velocidade de carro e de repente isso está mudando. Isso também é uma programação?
Está pré-programado que o medo iria até uma determinada fase e depois deixaria de
existir?
Diga-me uma coisa: você perdeu o medo?
Participante: estou dirigindo mais rápido sem o pavor que tinha.
Mas, perdeu o medo, ou o venceu? Ou seja, não há mais medo ou ele ainda vem e você não se
entrega mais a ele? Não é isso que tem acontecido?
Participante: é mais ou menos o que tem acontecido.
Veja: a programação não muda, a não ser que a mudança esteja pré-programada. Mas, apesar disso
você pode libertar-se dela. O ego continua lhe insuflando à sensação de medo, só que você se liberta do que
ele cria e não aceita mais a sensação que ele dá.
Participante: a confiança, que compõe a fé, também não é uma codificação do
programa?
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Não: sensação é uma coisa, sentimento é outra. A sensação é aquilo que o ego lhe impõe e o
sentimento é aquilo com o qual o espírito vivencia a situação.
O ego pode dar medo, a sensação de medo, mas o espírito pode libertar-se desse medo, agindo com
fé, com confiança, ou pode se escravizar a esse medo e vive-lo porque o ego criou a sensação de medo.
Participante: mas, a libertação do medo também não é pré-programada?
Não, a libertação do medo não é pré-programada; o fim do medo sim.
Veja, a sensações são pré-programadas, ou seja, elas vão continuar enquanto você estiver em
provação sobre elas. Elas só podem ser extintas por um pré-programa. Neste caso, não houve mudança, mas
o mesmo programa preestabelecido foi seguido.
Apesar de afirmar isso, digo, também, que as sensações podem continuar existindo e você pode não
se escravizar àquilo que o ego está lhe dando como sensação. É o caso que acabou de me ser perguntado. A
pessoa disse que o medo ainda vem, mas ela já não se entrega a ele.
Participante: mas, não vem tudo escrito no livro da vida, até esse momento da
libertação?
Até o momento da libertação está escrito, mas quando isso acontecer em atos ou ideias e não no
mundo sentimental...
Na verdade pode existir uma ideia de libertação – que ocorre no mundo das ideias (ego) e não quer
dizer que realmente houve alguma vitória, mas apenas uma nova provação – e pode existir uma libertação
verdadeira, que acontece nos mundo dos sentimentos e não é percebida pela razão. A primeira é préprogramada e a segunda é a vitória do espírito nas suas provações...
70. Os sentimentos e a programação da vida
Participante: e os sentimentos não são codificações que estão presentes no ego?
Não. As sensações são provações, ou seja, fruto da programação feita anteriormente, mas os
sentimentos são frutos do livre arbítrio do espírito. Sendo assim, por exemplo, o ego pode estar lhe mandando
uma sensação de tristeza e você não aceitar e vivenciar alegria.
Agora repare: estou falando de sentimento, algo universal e não de elementos materiais. A alegria a
que me refiro não é aquela que é caracterizada pelo sorriso fácil, como fruto de uma brincadeira, mas sim a
sensação de paz, que equanimidade, de tranquilidade.
Portanto, o ego pode lhe insuflar à tristeza e você pode reagir da seguinte forma: ‘é, estou triste,
estou e daí?’ Agora têm outros que dizem: ‘meu Deus, como eu estou triste’.
Esses últimos caíram,
apegaram-se ao ego.
Mais um detalhe: estou falando em reagir com frases, mas não me refiro à ideias ou palavras. Estou
dizendo para dizer com o coração. É o coração quem tem que dizer e daí e não a razão.
Se for a razão que diga que não irá viver aquela sensação, não houve libertação. Na verdade isso foi
mais uma geração ilusória da mente, um maya, e, portanto, foi mais uma provação gerada pelo ego e não
uma libertação...
Conversando com um espiritualista 09
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Esta é a diferença entre sentimento e sensação. Não sei se dá para me entender, porque para vocês
as sensações e os sentimentos são a mesma coisa, mas não são: uma é escolhida pelo ego a partir das
codificações pré-programadas enquanto a outra é fruto do livre arbítrio do espírito.
71. As sensações do ego
Participante: mas, se ela reflete a posição do espírito e se ele estudou fé antes da
encarnação, essa sensação não deveria estar presente no ego?
Já falei que a encarnação serve como provação para o espírito. Provar alguma coisa significa optar
por aquilo que se estudou quando da provação e assim gerar uma vitória, uma confirmação de aprendizado.
Se naquele momento o espírito fosse insuflado a vivenciar o acontecimento com fé, que vitória haveria?
Nenhuma. Por isso, faz-se necessário que o ego proponha o medo como sentimento para vivenciar um
acontecimento. Só assim o espírito, usando o seu livre arbítrio, pode conquistar uma vitória...
É por este motivo que o ego que gerará a aventura provação do espírito sobre fé está préprogramado através de codificações a criar a sensação de medo sobre determinados aspectos.
72. Inconsciente coletivo
Participante: o inconsciente aqui referido é pessoal. E sobre o consciente coletivo muito
citado por Jung?
Esse inconsciente é pessoal, sim. É completamente pessoal. Por quê? Porque é composto por um
ego e um espírito específicos que juntos formam uma individualidade: um ser humano...
Você tem um inconsciente e um consciente que é só seu. O seu consciente é o mundo onde você, o
espírito, vive e o seu inconsciente é o mundo onde existe um ego criado especificamente para você. Este ego
forma realidades para que existam as suas provações, ou seja, ele é o reflexo exato daquilo que você precisa
vencer para alcançar a elevação espiritual.
Com relação a um ego ou consciência coletiva, isso não existe. O que existe na verdade são
características de provas comuns a todos que encarnam no planeta Terra. Vou tentar explicar isso melhor.
Existem sensações e formas no planeta Terra que estão presentes em todos os egos humanos. Isso
acontece porque elas representam os elementos de provações de todos os espíritos que vivem a grande
aventura neste planeta. Vou dar um exemplo disso.
Na pergunta 913 de O Livro dos Espíritos é dito o seguinte:
“Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? Temo-lo dito muitas vezes: o
egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai os vícios e vereis que no fundo de todos há
egoísmo”
Conversando com um espiritualista 09
página 60
Desta resposta do Espírito da verdade podemos entender que o egoísmo está presente em todas as
provações do ser. Não importa qual seja a sensação ou emoção que ele vivencie durante a sua grande
aventura (vício), no fundo de todos eles existe a presença do egoísmo. Por isso posso dizer que o egoísmo é
algo que está presente em todos os egos que são usados para encarnar no planta Terra.
Portanto, posso dizer que o ego é individual, mas existem elementos que estão presentes em todas
personalidades que são usadas para as encarnações num mesmo mundo.
Isto é o que vocês chamam de inconsciente coletivo: as formas e as sensações que são comuns a
todos que habitam este orbe. O inconsciente coletivo do planeta Terra coletivo são as formas e as sensações
que criam a aventura humana do espírito e que, portanto, só valem para este planeta.
Participante: seriam os arquétipos?
Olha, eu vou lhe responder citando o Espírito da Verdade, sem querer nem de longe me comparar
com ele: ‘é uma questão de palavras; vocês que se acertem’.
O que eu posso lhe dizer é que o planeta Terra é formada pela ação de um processo técnico
específico e por um processo que gera sensações também específicas. Se você chama isso de arquétipo,
inconsciente coletivo, de um campo de provas de uma determinada faixa de elevação, para mim tudo é a
mesma coisa.
73. Provar que quer amar
Participante: então, nós encarnamos só para amar?
Não: encarnamos para provar que podemos amar.
Esse ainda é um mundo de provas, não um mundo de regeneração, ou seja, de realizar uma
mudança completa. Como vivemos neste mundo, afirmo que encarnamos para provar que podemos amar.
Se a questão da encarnação neste momento fosse ter que amar incondicionalmente em tempo
integral, estaríamos devendo muito. Isso porque a quantidade de momentos desta vida vividos pelos espíritos
com amor puro são ínfimos, perto da quantidade de momentos onde se vibra um amor individualista.
74. A provação e a Onisciência
Participante: se Deus é Onisciente, porque Ele precisa que lhe provemos algo?
Boa pergunta.
Por ser Onisciente, Deus sabe a capacidade de realização do espírito. É essa capacidade que é
submetida àquilo que chamamos de livre arbítrio. Ou seja, o espírito tem a capacidade de realizar
determinada escolha, mas para realizá-la precisa tomar uma decisão.
Conversando com um espiritualista 09
página 61
Deus conhece a capacidade de realização do espírito, ou seja, sabe o quanto o espírito é capaz de
optar por uma ou por outra forma de amar, mas o espírito não sabe. O espírito, assim como o ser humanizado
estudante, imagina que conhece a matéria, mas muitas vezes seu conhecimento não é tão profundo quanto
imaginava.
Por isso, no momento da provação o espírito é pego de surpresa, ou seja, reage de uma forma que
não imaginava que iria reagir. Mas, Deus não é pego de surpresa: Ele, por ser Onisciente, já sabia que o seu
filho iria optar pelo que optou.
Sendo assim, posso dizer que Deus sabe o que o espírito vai escolher durante a encarnação, mas
você, o próprio ser, não sabe.
Se isso é verdade, na realidade o espírito durante a encarnação não está provando nada a Deus,
mas sim a ele mesmo. A encarnação, portanto, não se trata de um período de provações a Deus, mas sim a si
mesmo: provar a si mesmo que aprendeu o que diz que aprendeu.
Para entender melhor o que estou dizendo, não se esqueça que o espírito encarnado não tem
consciência do não amor com o qual vive. Para ele, que está ligado a um ego, são justas e amorosas todas as
realidades que o ego cria e diz que são desta forma. Só depois de desencarnado é que o ser universal terá
consciência do individualismo deste amor.
Hoje para você, espírito encarnado, é muito normal só fazer o que quer, só se submeter àquilo que
deseja submeter-se, achar que é justo e importante receber isso ou aquilo. Você, o espírito, não vê nisso um
individualismo, mas acredita que está certo, que é justo e amoroso. Só que não é.
A ideia de que as proposições geradas pelo ego são certas, justas e amorosas é apenas a provação
à qual o espírito s submete quando encarna. Elas não podem ter estas caraterísticas porque são
fundamentadas no egoísmo, que é a característica primária da personalidade temporária. Por este motivo,
elas não contemplam valores universais e por isso não são reais.
Depois de desencarnado, ai o ser terá consciência da predominância do individualismo nestas ideias
e dirá: ‘Meu Deus, como não pensei nos outros? Como eu só me preocupava comigo mesmo’.
Portanto, não é a Deus que você, o espírito, precisa provar nada, mas a você mesmo. Precisa
mostrar a si mesmo o quanto tem consciência de que quando se considera o perfeito, o certo, não está
sintonizado com Deus.
75. A vivência do espírito e do ego
Participante: o espírito pode estar em sintonia com Deus e o personagem agir parecendo
que não está? O personagem pode estar brigando com alguém, mas sem que haja da
parte do espírito o sentimento de briga? Pode ser apenas uma briga teatral por
circunstâncias?
O personagem não pode viver uma sensação diferente do ato que pratica. Isso porque as formas e
as sensações são uníssonas. Agora, o espírito pode estar vendo o personagem brigar sem vivenciar o mesmo
sentimento. Ou seja, o personagem está vivendo uma sensação e o espírito outro sentimento.
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Personagem não é espírito: é personagem. O personagem, como dissemos, é a junção da parte
técnica, ou seja, da briga, dos gestos e das palavras com uma determinada sensação. Se os atos refletem
raiva, contrariedade ou qualquer outra sensação neste sentido serão elas que o personagem cultivará. Já o
espírito, pode estar vivendo outra coisa.
Ele não precisa necessariamente vivenciar estas sensações. Ele tem o livre arbítrio, ou seja, pode
vivenciá-las ou optar em viver o Amor Universal que acabamos de falar.
Participante: espírito encarnado é o personagem?
Não...
Qual o seu nome?
Participante: Maria.
Esse é o nome do personagem. Espírito não tem nome, cor, sexo, raça ou religião. Ou seja, o
espírito não é a Maria...
A Maria é um personagem e ela vive a sua vida a partir de uma história, que contém determinadas
formas e sensações que o ego cria. O espírito é outra coisa. Ele vive outra realidade, quer seja em
acontecimentos como na parte sentimental...
Participante: então, o espírito pode não ser contaminado pela sensação gerada
pelo ego?
Isso é o resultado positivo da encarnação, ou seja, a elevação espiritual. Ela acontece quando o
espírito participa da ação que o personagem está vivendo sem se prender àquilo que está acontecendo.
Vou dar um exemplo. O personagem, aquilo que você chama de você, está brigando com uma
pessoa. Ele está falando, gesticulando e sentindo uma sensação. Isso não quer dizer que é você, o espírito,
que está falando, gesticulando ou sentido aquela sensação. É o personagem que está.
A elevação espiritual, o seja, o bom termo da encarnação, acontecerá quando o espírito assiste a
vida humana, como Krishna ensina, ao invés de vivenciar os acontecimentos dentro da realidade que o ego
está criando. Ela acontece quando o espírito se desliga das sensações e pensamentos que o ego lhe envia.
76. A responsabilidade do espírito pelo erro
Participante: qual a responsabilidade do espírito se é o personagem que está errando?
Não há ninguém que erre. Um ego jamais erra.
Se eu lhe dou o direito de ser diferente e você só faz aquilo que acha certo, isso quer dizer que você
está sempre certo. Na verdade, se existisse alguém errado no desenrolar de um acontecimento humano, este
não seria o personagem, mas sim, o espírito. Vou explicar isso.
Para explicar o que afirmei, vamos dar um exemplo: falar mal dos outros. Isso não é errado, mas sim
consequência de haver naquele ego inveja ou de achar que sabe mais o certo do que o outro. Ou seja,
consequência da existência de sensações humanas.
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Por que este ego possui estas sensações? Porque elas foram escolhidas como temas de provações
pelo espírito. Sendo assim, quando o personagem fala mal dos outros, ele não está errado, porque está
refletindo o que o espírito escolheu para viver como provação.
Além do mais, falar mal do outro não quer dizer que esse seja aquilo que está sendo acusado. O ego
quando cria uma realidade, não fala de algo real, mas apenas propõe uma situação que só se tornará real se
o espírito acreditar nela, ou seja, apegar-se à realidade ilusória criada pelo ego como realidade. Por isso
afirmo que todas as injurias criadas pelo ego não possuem fundamento: são realidades ilusórias criadas pela
personalidade transitória para testar o espírito.
Por isso a atividade humana falar mal de alguém não é errada: ela não existe. Apenas quando o
espírito acredita nela como real é que ela passa a existir. Se o ser não der a ela este valor, ela nunca existirá.
Portanto, neste processo, a responsabilidade do espírito é imensa. Ele é o responsável por tudo que
existe de mal ou errado no mundo de vocês, pois se ao invés de ligar-se à ganância, inveja ou luxúria ele se
sintonizasse com Deus, nenhum acontecimento humano seria tratado como realidade.
Se o ser espiritual ligar-se à paz, harmonia e felicidade ao invés de sintonizar-se na soberba e no
egoísmo, nenhuma criação do ego seria tratada como realidade. Ele viveria apenas a felicidade que Deus tem
prometido e seu Amor.
Essa é a responsabilidade do espírito. Não podemos dizer que ele é o responsável pelo ato físico de
uma briga entre dois seres humanos, mas podemos dizer que ele tem responsabilidade por este
acontecimento, pois esta ação só se tornou real porque o ser universal viveu uma sintonia sentimental que
levou o personagem a ter que agir daquele jeito.
Olha, deixe-me dizer uma coisa: espírito não tem braço, perna, boca e nem sabe falar. Tudo isso é
do ser humano, é do personagem. Então, o espírito não é o responsável pela execução desses atos externos,
mas é responsável pelo ato interno, ou seja, pela vivência sentimental que é caracterizado pelo pulsar
sentimental, sentir.
Na verdade, quando o espírito pulsa um sentimento cria uma história para o personagem.
77. Perceber sem saber
Participante: Lembrei-me de uma coisa... Às vezes o pessoal da faxina no meu trabalho,
ao invés de passar pano, varre. Nós não ficamos sabendo se fazem uma coisa ou outra.
Quando começo a trabalhar, espirro sem parar. Quer dizer, não sei se foi varrido, mas
percebo pelo cheiro de poeira no ar. Neste caso, meus sentidos estão reagindo a uma
provocação externa?
Você não sabe conscientemente o que foi feito no ambiente, mas seus sentidos já perceberam, como
disse. Quando o cheiro é percebido, sua mente que está condicionada, diz: 'tenho que espirrar'.
É o que Krishna fala: você está preso aos gunas que criaram a ilusão de existir alguma coisa.
Participante: E quando é uma criança?
A mesma coisa...
Na verdade não é você que espirra: é Deus que faz você espirrar. Mas, Ele o faz espirrar porque está
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aprisionado à materialidade como realidade, porque acredita que é alérgico...
Participante: Não seriam os conceitos ao invés de percepções?
É a mesma coisa... Você não percebe coisa suja? Então...
Na verdade nem é a percepção, é a formação mental, é o processo de raciocínio que nasce da
percepção.
Participante: 'e ao que sentir, supostamente capta' – comente, por favor...
Você olhou e constatou que tem poeira: isso é um fato. Dizer que tem poeira e interpretá-la como
estar sujo é a sua alucinação. É a prisão aos seus gunas, é a prisão aos seus conceitos.
Eu já expliquei aqui uma vez: vocês dizem que entrar com sapato sujo de terra é sujeira, mas tudo
que existe no planeta é feito de terra...
78. A liberdade leva a Deus
Participante: Na verdade até hoje aprendemos que ajudar ao próximo é levá-lo para o
bom caminho. Agora essa questão de que nem todos que fumam tem câncer ou que
alguns fumam para ter câncer tem que falar em Deus Causa Primária e tem que falar em
livro da vida e muita gente não acredita nisso.
Não precisa se falar em Deus Causa Primária nem em livro da vida. O argumento que você pode
usar para os outros é mais simples...
Quem disse que o certo é ficar vivo? Você não vai morrer? Então, porque não morrer de câncer?
Este é um argumento que você pode usar para falar aos outros e nem precisa entrar na questão da
fatalidade...
Mais argumentos. Porque se defende a vida se a morte é certa? Quem lhe deu a posição de juiz da
vida do outro? As pessoas rebaterão: 'ah, mas, eu sou amigo dele'... Sim, você é amigo dele, mas não é seu
dono...
Perceba que com a insistência da crítica – que vocês chamam de conselho – o querem é tomar
conta do outro, querem dizer o que ele tem que fazer, a hora, o jeito e o que deve ser feito. Isso é querer
dominar, é querer ser senhor do outro.
Veja, eu não falei em Deus Causa Primária, em livro da vida ou em qualquer tema que envolva a
fatalidade. Aliás, não falei nem em religião. Eu falei o seguinte: se você acha que tem o direito de fazer o que
quer, dê ao próximo esse direito também.
Participante: Ah, mas você está me prejudicando fumando perto de mim...
Certo, então vou fumar longe de você. Mas, mesmo que fizesse isso, quando retornar para o seu
lado, você começará a me criticar: 'já foi fumar de novo?' Eu respeitei o seu direito de não fumar, mas quando
voltei, ainda tive que ouvir crítica. Compreendeu?
Não precisa de falar em Deus como Causa Primária de todas as coisas. É só dizer: 'se você acha
alguma coisa, ache, mas me deixe em paz com o que eu acho’... Se você gosta de andar arrumado, ande; eu
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não gosto; eu gosto de andar assim. Porque tenho que andar igual a você? Você é o juiz do mundo? Você
detém a verdade do mundo?
Essa é a liberdade que nós temos que nos dar: a liberdade de não seguir os padrões dos outros.
Mas, se queremos esta liberdade, temos que dar ao outro o direito fazer o que quer e não obrigá-lo a fazer o
que você quer.
Essa é a base do amar ao próximo como a você mesmo que Cristo nos ensinou: dar o direito ao
próximo de ele fazer o que quer.
Participante: É, mas aí você perde o amigo.
Se isso acontecer, não perdeu nada: perdeu apenas uma falsidade. Você achava que ele era seu
amigo, mas na primeira desavença ele deixou de ser. Isso quer dizer que nunca houve amizade, mas uma
falsidade...
Essa é a concentração perfeita no Ser, no Espírito e não no ser humano: estar constantemente se
preocupando em sacrificar os seus desejos e verdades a Deus para poder dar ao próximo o direito dele ser o
que ele quer ser. Saiba que se você não der esse direito ao próximo, não tem direito algum.
Com a perda do seu direito vem o carma, a ação carmática. Quando ela chega trazendo coisas que
vocês não gostam de vivenciar sofrem. Mas, por que sofrem? Porque querem ter o direito de ser, estar e fazer
o que querem, mas não deixam os outros serem o que querem. Plantando restrições ao próximo só podem
colher restrições a si mesmo... É isso que gera um determinado tipo de carma onde você sofre.
Agora, se liberta-se de tudo (os seus conceitos de certo e errado, bonito e feio) irá transitar entre as
coisas sem estar apegado a elas. Esta forma de vivenciar os acontecimentos da vida lhe gera um carma
diferente...
Mas, ouça bem: libertar-se dos conceitos não lhe tira o direito de agir. Se você entra aqui e percebe
que está sujo, limpe, se limpar. Isso você pode fazer, se fizer. Agora, não reclame de quem não limpou. Uma
vez você me disse que mandou seu filho arrumar o quanto. Passado um tempo ele disse que já tinha
arrumado. Depois você foi ao quarto e disse que ainda estava uma bagunça. Acha isso certo? Você tem que
dar a ele o direito de achar que ele arrumou, mesmo que para você não esteja arrumado. Mas, dar a ele este
direito não retira o seu de mudar a arrumação que ele fez. Você não precisa deixar do jeito que está. Se
quiser vá lá e arrume do seu jeito, mas não o critique por que acha que a arrumação dele não estava como
você achava que devia estar.
Não estou falando que deva deixar de fazer. Estou dizendo apenas que deve dar ao outro o direito de
ele querer ser quem é, de achar que o que ele fez foi uma arrumação. Essa é a concentração do eu no Ser
necessária para quem busca a elevação espiritual: o tempo inteiro estar preocupado em harmonizar-se com o
mundo do jeito que ele está e não querer trocar o mundo para o que você acha certo.
Participante: Então eu não tenho que fazer nada?
Depende... Se você quiser fazer alguma coisa faça: vá lá pegue o que acha que está fora de lugar e
guarde onde imaginar que é o certo de se guardar. Se quiser, também, pode deixar tudo do jeito de que está.
Na verdade, pode fazer muitas coisas, mas a única coisa que não pode fazer é acusar, criticar, sofrer, o que,
aliás, é só o que vocês humanos fazem neste caso, não?
Compreendam uma coisa: não adianta brigar que nada vai mudar. Será que vocês ainda não
repararam que por mais que se esforcem em mudar os outros eles nunca mudam? A única que sai perdendo
com tudo isso é você: perde a sua paz, a sua harmonia, a sua tranqüilidade... Só quem perde é você.
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79. Mudança da índole do ser humano
Participante: Essa mudança também já é planejada pelo livro da vida?
Falar desta mudança é algo complicado... Eu diria que ela é prevista pelo livro da vida, mas que
precisa ser conquistada paulatinamente. Se você busca viver para o ser, pode ir se acalmando aos poucos.
Krishna não disse que se no último segundo de vida o homem abandonar suas paixões ele já sai da carne
santo?
Ao invés de plantar a semente da sujeira, plante a semente de que aquilo é apenas poeira e não
sujeira...
Nota: Aqui o amigo espiritual refere-se a um ensinamento antigo. Segundo Buda, todas
as emoções existem dentro de cada um na forma de sementes e nos momentos da vida
nós escolhemos qual plantar e deixar germinar. Joaquim está fazendo a mesma figura
com as verdades.
Enquanto não discutir consigo mesmo para combater essa qualidade sujo que é aplicada ao pó que
está em cima do banco, nada muda.
Outro exemplo: depois que você diz algo e verifica que não gostou do que disse, se arrepende e
promete a si mesmo que da próxima vez não fará isso. Fará sim; todos fazem... Então, de que adianta
acreditar nesse fingimento de que quer fazer o bem? Na verdade você não consegue porque apenas se
arrependeu do que disse, mas não mudou a verdade que o levou a dizer aquilo...
O que estou falando é muito mais do que simplesmente arrependimento. O que estou falando é de
matar verdades, crenças, obrigações. Enquanto não matar a verdade que está em sua memória, enquanto
não matar seus padrões (belo e feio, certo e errado) vai continuar qualificando as pessoa e as coisas por
eles. Não adianta querer amar o próximo possuindo padrões que conceitue as coisas. O próximo sempre vai
agir pelos seus próprios padrões e com isso quebrará os seus. Quando isso acontecer, não haverá amor que
resista. Você vai sentir-se obrigado a criticá-lo porque ele feriu seu padrão.
Portanto, o problema não é se arrepender ou não fazer: o que realmente pode lhe salvar é viver
voltado para o ser para poder lutar contra os padrões que estão em você. Na hora que esta luta for
constante o processo se automatizará e a luta ficará mais branda.
Pergunto uma coisa: se acabássemos com todos os códigos de leis do país de vocês, alguém
poderia mais ser julgado?
Participante: Não..
Então, se você acabar com seus códigos de leis você não vai julgar mais ninguém. Enquanto você
souber o que é banheiro arrumado a roupa do seu filho vai lhe incomodar.
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80. Blasfêmia
Participante: por favor, me explique a seguinte passagem da Bíblia: porque todo pecado
e blasfêmia serão perdoados, porém a blasfêmia sobre o espírito santo não será
perdoada.
Sim, todo pecado e blasfêmia que for executado contra o Pai ou o Filho (Cristo), será perdoado, mas
o pecado e a blasfêmia contra o espírito santo não será. Deixe-me explicar isso.
O espírito santo são os espíritos em processo de evolução. Isso porque todo espírito é santo, mesmo
aqueles que ainda não alcançaram a santidade, ou seja, não estão sintonizados com Deus.
Se você blasfemar contra Deus, Ele, por viver o amor incondicional não vai se preocupar em lhe
penalizar. Ele vivencia a igualdade perfeita que falamos e por isso compreenderá que esse é o caminho para
você chegar ao amor incondicional.
Blasfemando contra o Cristo, a mesma coisa. Ele também não se perturbará com isso porque já vive
o amor incondicional.
Agora se você blasfemar, ou seja, falar mal – blasfemar é falar mal de uma outra pessoa – de alguém
que não tenha a capacidade de lhe responder com esse amor, você estará criando uma oportunidade para
essa pessoa usar o individualismo. Isso Deus não perdoa, pois você está atacando alguém que não sabe se
defender universalmente...
Pode fazer contra Deus, porque Ele está pronto para não se ferir com o que você fizer. Pode fazer
com Cristo que ele tem a mesma capacidade, mas outro espírito ainda não evoluído não está pronto para
amá-lo universalmente, pois ainda acredita nas razões do ego como real.
É isso que quer dizer a passagem que Cristo ensinou. Faz parte do amar ao próximo como a você
mesmo.
81. Pedir, buscar e achar
Participante: gostaria que o senhor falasse sobre o pedir, buscar e achar?
Peça, busque e acharás... Este é um ensinamento do Cristo. Portanto, é perfeito...
Mas, pedir, buscar e encontrar o que? É na resposta a esta pergunta que está a diferença entre o
ensinamento de Cristo e a compreensão que vocês têm sobre isso.
O que você pede? O que você busca? O que espera achar?
A maioria dos seres humanos busca e pede bens materiais, satisfação para o ego, satisfação de
desejos. Portanto, só isso poderá encontrar. Quando encontram acham que essa satisfação irá acompanhá-lo
pela eternidade. Mas, essa satisfação é bem material: acaba com o desencarne.
Cristo ensinou que você deve pedir, buscar para achar o que quer, mas também disse que você
colherá exatamente o que plantar. Se buscar, pedir, o bem espiritual, o amor que conversamos, é isso que vai
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encontrar. Agora, se buscar o prazer humano, ou seja, uma felicidade condicionada a ganhos, a valores
materiais, é isso que encontrará.
Agora você entende o que Cristo quis dizer: peça, busque que encontrará, mas tudo depende do que
pedir. Se sonha em realizar a sua reforma íntima, peça coisas do céu e não da Terra para poder receber algo
que seja eterno.
Acho que já respondi à sua pergunta, mas, quero colocar mais uma coisa. Se você, apesar de agora
saber o que deve pedir, continuar pedindo bens materiais, qual o problema? Nenhum.
Como disse, todo acontecimento humano é apenas prova para o espírito. Tanto o pedir como o
receber bem material não é errado, mas apenas provação para um espírito. Qual o problema, então, em ter
bens materiais? Nenhum.
O problema não estar em ter, mas em querer ter tudo. O que você precisa se conscientizar é que
quando se opta por um dos lados da moeda é preciso abandonar outro. Lembre-se: não se serve dois
senhores ao mesmo tempo.
Portanto, se você ser humano compreendeu o quis dizer e acha que deve pedir para encontrar
apenas o bem espiritual, saiba que tem que abrir mão da felicidade material, do prazer material. Se você
compreendeu, mas ainda acha mais importante conseguir bens materiais – e olha que não estou falando de
objetos, mas de elementos como saúde ou paz material – esqueça esta história de elevação espiritual, porque
ela não é para você...
O problema é que a maioria quer o bem espiritual, mas não abre mão do bem material. Ou seja, quer
alcançar a elevação espiritual, mas não abre mão da felicidade material, do sentir-se humanamente bem. Isso
é impossível.
Na verdade, quem vive assim é hipócrita, pois diz que busca o céu, mas ainda quer para si o bem
material. Aliás, esse é, com certeza, o grande problema do ser humano: a hipocrisia. Ele diz que quer uma
coisa, mas está realmente de olho é noutra.
Por isso Cristo ensina: muitos estão buscando, mas poucos entrarão no reino dos céus.
82. O escândalo
Participante: a passagem do evangelho que diz que o escândalo é necessário mais ai
daquele que provocar o escândalo seria um complemento dessa passagem que o
senhor citou?
Sim, mas para a perfeita compreensão precisamos deixar bem claro o que é escândalo. Isso porque
os seres humanos se baseiam nos elementos materiais para afirmar se algo é um escândalo ou não. Vou dar
um exemplo para lhe explicar o que estou dizendo.
Desculpa, mas quando dou um exemplo, gosto dos trágicos, para nós compreendermos logo que
tudo é tudo, que um ensinamento serve para todos os acontecimentos da vida. Se só ficamos no
exemplozinho politicamente correto, banal, não se consegue compreender a realidade...
Vamos lá: matar alguém é um escândalo? Não.
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Em O Livro dos Espíritos está escrito assim: ninguém morre antes da hora. Se isso é verdade, não
há escândalo em matar.
Nenhum ato, na verdade, é escandaloso, pois toda ação nada mais é do que uma criação ilusória de
uma personalidade temporária à qual o espírito está ligado para que este realize sua provação. Ou seja, é
uma representação teatral que cria uma oportunidade de elevação para o espírito.
Mas, se o ato em si não é um escândalo e este existe, já que Cristo afirmou isso, o que é o
escândalo? O espírito escandaliza o seu mundo quando vive em uma sintonia diferente de Deus, ou seja,
quando não vivencia com amor universal os acontecimentos da vida carnal.
O ser humano ter ganância não é escândalo, mas o espírito vivenciar como real e certo o desejo de
ganhar, escandaliza todo o Universo. O mundo espiritual liberto do egoísmo do ego se escandaliza quando
um espírito acha certo e justo querer ganhar acima dos outros: “meu Deus, como aquele está apegado às
coisas matérias, será que ele não sabe que isso não vai durar”?
Quando o ser humano critica o outro e o espírito aceita esta sensação como real, o mundo espiritual
pensa: “meu Deus, será que ele não ouviu o Cristo dizer que devemos amar o próximo com a nós mesmos”.
Se você ama o próximo como a si mesmo e se acha o certo, não deveria achá-lo também certo?
Deixar levar pelas sensações que o ego cria: esse é o grande escândalo para o mundo espiritual.
Agora podemos voltar ao ensinamento de Cristo: o escândalo é necessário, mas ai daquele que
escandalizar. Ou seja, a sensação de crítica, a ganância e todas as sensações humanas são necessárias,
mas ai daquele que a vive como real, ai daquele que se apegue a elas.
83. Pedir ajuda e agradecer
Participante: é certo pedir ajuda do Pai para passar pelas vicissitudes de baixa e
agradecer pelas vicissitudes de alta?
Pedir ajuda a Deus para passar pelas vicissitudes de baixa: isso é certo ou errado? Não sei. Eu diria
que é desnecessário.
Veja, se você precisa pedir ajuda a Deus é sinal que imagina que Ele não lhe ajuda. Com isso
demonstra que se sente desamparado. Mas, Deus não abandona o seu filho em momento nenhum.
Sendo assim, Ele sempre está lhe ajudando. É apenas você que não está vendo a ajuda Dele. Por
isso disse que pedir ajuda é desnecessário.
Conhece a parábola Pegadas na Areia? Nela está bem clara a afirmação de que na hora da sua
vicissitude de baixa você está sendo carregado no colo...
Então, eu diria que é pedir a ajuda de Deus é desnecessário. Mais do que isso: eu diria que é falta de
fé.
Agradecer a vicissitude positiva...
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Por que você agradeceria a Deus por alguma coisa? Porque gostou do que aconteceu, porque achou
bom, dentro dos padrões humanos de satisfação, aquilo que ocorreu. Frente a tudo que ensinei até hoje, será
que devemos agradecer a Deus quando nós gostamos do que ocorreu? Acho que não, não é mesmo?
Agradecer quando se gosta ou pedir a Deus que afaste de si o cálice da vida são provas de fé,
provas de que você está julgando o que Deus faz. Aliás, só em você ter uma vicissitude que diga positiva e
outra que afirme ser negativa, já mostra a falta de sintonia com Deus.
A crença na existência de uma vicissitude positiva ou acontecimento da vida que lhe agrada e outra
que não, já denota uma conivência com o ego, pois é ele que diz que tal coisa. É ele que lhe diz que aquilo é
com e que você deve ficar feliz.
Fundamentado nesta premissa, o ego cria a ideia de que o espírito deve dizer ‘obrigado meu Deus’.
Mas, obrigado por quê? Porque se exaltar quando a vicissitude é considerada positiva? Equanimidade: esta é
a resposta para tudo que denota a sintonia com Deus.
Você tem que viver as supostas ondas contrárias de vicissitudes ou as que considera como positivas
que o ego cria de uma forma reta. Ou seja, sem ver bom nem mal nas coisas.
Portanto, nada temos a agradecer, porque nada é bom e nem precisamos pedir ajuda porque Ele
está ajudando o tempo inteiro.
Participante: embora seja desnecessário pedir força ou agradecer, parece que fazer isso
dá alento, dá mais força. Parece um desabafo.
Sim.
Participante: o senhor concorda com o que eu disse?
Sim. Eu concordo que apesar de desnecessário, pedir ou agradecer a Deus aparentemente dá
alento, força. Parece ambíguo, mas não é.
Eu concordo com o que você diz por que sei que nesta etapa de evolução vocês ainda precisam
deste pedido e agradecimento. Aos poucos irão se desligando desta necessidade, mas, no momento, ainda
não podem se desligar totalmente. Por isso respondi que não é certo ou errado: é desnecessário.
Vou falar um pouco mais sobre este tema.
Pedir ou agradecer não é certo ou errado. Agora, para quem se diz buscador de Deus, o que adianta
ficar pedindo ajuda ao Pai e sentir-se ajudado algumas vezes por dia?
É assim que vocês vivem. A cada momento que surge uma vicissitude negativa pedem ajuda a Deus.
Se conseguem sair dela, sentem-se ajudado, mas logo depois se esquecem da presença Dele. Quando surge
uma nova vicissitude buscam-No para pedir ajuda novamente.
Guardar consigo a presença de Deus ao seu lado permanentemente; mantê-Lo sempre perto de
você: esse é o grande desafio.
Se você não precisa pedir ajuda a Deus, mas mesmo assim acha necessário para a sua vida fazer
isso, peça, mas quando sentir a presença de Deus ao seu lado auxiliando-o, mantenha acessa esta chama
mais algum tempo: este é o grande desafio da reforma íntima...
Por causa desta busca de Deus, mesmo ainda fundamentado na realização humana, é que digo que
o pedido de ajuda que o ego cria é um instrumento para a elevação espiritual. Ele lhe proporciona a
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oportunidade de sentir-se ligado a Deus e, com isso, lhe dá a chance de lutar para manter esta ligação em
seu coração.
Por isso não disse que é certo e nem errado. O que disse é que é desnecessário para aqueles que
compreendem a verdadeira ação de Deus ajudando o espírito a cada segundo.
Aquele que imagina necessário pedir ajuda de Deus vive o mesmo processo de alguém que é
introspectivo e que quando bebe fica expansivo. Como esse credita à bebida o seu novo estado de ser, quer
sempre estar sintonizado com ela. O buscador de Deus é a mesma coisa. Quando ele descobre como é
gratificante viver em comunhão com Deus, busca sempre sentir-se ligado ao Pai.
Quando este ser, que sabe da glória que é viver unido ao Pai, não mantém a ligação depois que
aparenta estar resolvida a vicissitude negativa, o ego cria, então, a ideia de um novo pedido para que o ser
busque ligar-se ao Senhor. Por isso disse que não é certo nem errado, mas apenas um instrumento da
elevação do ser.
Agora, não é a realização da reforma. Tão logo o ser consiga compreender perfeitamente o que é
estar sintonizado com Deus ele deve largar o pedido ou o agradecimento.
Participante: é como uma criança que sabe que o pai está o tempo todo ao seu lado,
mas quando está com problemas vai pedir ajuda, mesmo sabendo que o pai iria ajudar
do mesmo jeito. Acho que é uma carga de sentimento de criança.
Sim, é um ato infantil.
Eu acho que já está na hora de amadurecermos. Já não somos mais crianças, espiritualmente
falando. Estamos em um processo de mudança de padrão de encarnação, ou seja, passando da infância para
a juventude. Na juventude temos que amadurecer.
Por isso não adianta ficarmos nos justificando que agradecer e/ou pedir é bom. Lembrem-se: a
criança que acha que é bom ser criança jamais amadurece.
Então, é preciso ter a consciência de que isso é um processo infantil e desejar amadurecer-se. Se
não fizermos isso, vamos ficar adulto criança.
84. A destruição do que já foi aprendido
Participante: comentário de Sai Baba: “em vez de encher a sua cabaça com erudição e
conhecimento livresco é muito melhor encher o seu coração com amor”. Linda frase que
vem de encontro ao que continuamente é dito aqui.
Sim, o conhecimento adquirido através do estudo não leva a lugar nenhum. Mas, apesar disso eu
continuo ensinando coisas. Por que ajo assim?
Para ser fiel a isto que ensino, deveria chegar aqui e dizer: ame; ame a Deus acima de todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo; ame a tudo e a todos. Se dissesse isso teria dito tudo o que eu tenho
para dizer. Mas, infelizmente vocês não sabem o que é amor. Por isso continuo vindo aqui e falando.
Mas, não faço isso para construir nada, mas sim pregando a destruição. Repare bem que eu não falo
para construir nada: tudo o que digo tem como objetivo destruir os padrões com o qual convive com os
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acontecimentos do mundo. Ajo assim porque com a destruição dos seus conceitos acaba o seu amor
conceitual (o que é bom ou mal) e daí você pode alcançar o amor universal.
Só a destruição do velho pode levar ao amar verdadeiramente: isso não se consegue através de
construção com novos estudos.
85. Mudar para Deus
Participante: mudar para Deus... A mudança é mudar para Deus?
Sim, é mudar para Deus. Mas, veja: isso para os seres humanizados ainda é muito inconsistente.
Como mudar para Deus se nós não sabemos nem quem é Deus ou o que Ele é ou como Ele é?
Temos noções sobre o assunto. Cada um tem uma noção individual sobre Deus, mas não O conhece na
verdade... E, realmente, jamais O conheceremos através do mundo das ideias.
Tudo o que um espírito vivencia durante a encarnação, ou seja, quando não ligado à sua consciência
primária, são as ideias que o ego cria sobre Deus, e sobre qualquer outra coisa, e não a realidade do Senhor.
Se a personalidade humana mudar esta ideia, a mudança do espírito ainda continuará presa a uma noção
individual de Deus. Com isso ele não se muda, pois em essência continua acreditando no que o ego diz ser
Deus.
A reforma íntima consiste-se do espírito libertar-se do ego e mudar-se para Deus, mas sem esperar
que a personalidade humana identifique o que é Deus para depois se mudar.
Respondendo-lhe, então, afirmo que reforma intima consiste-se na mudança para Deus. Só que isso
não deve levar ao apego ao que o ego diz que é Deus. É preciso que o espírito se conscientize que o Senhor
é, no momento, algo inatingível, intocável e inexplicável, ou seja, um nada. A partir daí deve libertar-se de
qualquer ideia que defina Deus...
Portanto, de nada adianta se apegar à ideia do ego que afirma que tais comportamentos denotam
uma vivência com Deus. Como a personalidade transitória pode afirmar isso se nem sabe quem é o Pai e o
que Ele quer para seus filhos?
É justamente por acreditar nas ideias sobre Deus que o ego cria que o espírito apega-se à
condenação de um assassino. É a partir destas ideias que o espírito acredita que Deus não queria que o outro
fosse assassinado. Será que Ele não queria mesmo?
Este é o problema da reforma íntima: o espírito quer se mudar para Deus, mas um Deus que seja
compreendido através das ideias humanas. Só que quando faz isso, não se muda para nada, porque continua
apegado às ideias, mesmo que elas sejam diferentes de outras que a personalidade humana teve antes.
Compreenda: quem cria a realidade de um assassinato, por exemplo, de ter acontecido uma
maldade, é o ego. No Universo de Deus não existe maldade, não existe dor.
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86. O resultado para quem realiza a reforma íntima
Participante: depois que nos despirmos do ego serremos o quê? Mestres?
Não, espíritos.
Participante: só que espíritos mestres, como são chamados aqueles que são evoluídos,
não?
Não.
Quando conseguirem se libertar do ego serão apenas espíritos que terão voltado à sua consciência
espiritual. Enquanto se acreditar como ser humano, não importa se na sua consciência espiritual é um mestre
ou qualquer coisa que denote evolução, você será humano. Enquanto se considerar como ser humano que
vive uma vida humana, você é escravo do ego.
Na hora que se entender como um espírito vivendo uma aventura espiritual na encarnação, aí se
libertou das criações da mente e poderá deixar de ser humano. Mas, isso não quer dizer que a sua vida
material mudará: continuará vivendo a mesma vida que vive o seu vizinho, que pode ser até um bandido.
Portanto, enquanto você, o espírito, estiver preso ao ego será ser humano. Quando se libertar deste,
ou seja, não mais creditar como real as realidades que ele cria, então será um espírito na carne..
87. Despir-se do ego
Participante: então, nessa vida não tem como nos despirmos totalmente do ego?
Não, porque sem o ego você não pode viver.
É impossível ao espírito se despir do ego: o que pode ser feito é se libertar da ação sentimental que
a personalidade humana lhe propõe, ou seja, da dualidade do prazer e da dor, do bem e do mal, do certo e do
errado.
Isso é o que o espírito pode fazer; despir-se antes do fim da aventura encarnatória jamais.
88. Obrigação
Participante: comentário sobre essas questões da feminilidade: enfeitar o corpo alimenta
o ego.
Como falei, dei exemplos simples e corriqueiros, mas também não me estendi em todos os aspectos
de cada um deles.
Na verdade, a feminilidade não leva só a obrigação de se enfeitar, mas, por exemplo, por causa dos
conceitos coletivos formados a partir da feminilidade a mulher exige que o homem abra a porta do carro, que
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tem que ser tratada com carinho, que não pode ser alvo de brutalidade, que alguns assuntos não devem ser
abordados na sua frente, etc. Nenhum destes conceitos é realmente real: tudo são ideias que o ego cria para
justificar uma emoção que ele gerará para a provação do espírito.
Participante: então devemos parar com isso?
Achei que estava sendo até chato ao falar insistentemente que não se trata de mudar, mas sim de
libertar-se Agora vejo que preciso falar mais.
Não é parar de ser assim; é se livrar da obrigação de ser assim.
Como disse, evolução não é mudança, mas liberdade de ter que agir de uma determinada forma
padronizada. Não há nenhum problema em passar maquilagem na cara: o problema é sentir-se obrigado a
passar.
A obrigação do atendimento de uma regra coletiva ou individual cria o padrão de certo. É certo
passar maquilagem, por isso todas as mulheres têm que passar. Quando você acredita na existência de um
padrão coletivo como certo, se torna escravo dele – acredita que tem que cumpri-lo.
Além de se tornar escravo, o padrão de certo serve como base para o julgamento de quem não
passa, classificando-o como errado.
Por que esta pessoa, para você, é errada? Porque ela descumpriu o seu padrão, que para você é o
certo. Mas, tudo isso só aconteceu por quê? Porque você aceitou o conceito coletivo como real.
Mas, e se você agora criasse um novo padrão dizendo que as mulheres não devem se enfeitar, será
que isso acabaria com o julgamento dos outros? Claro que não: você passaria a julgá-los a partir do novo
conceito. Passaria a achar que quem usa está errado e quem não sua certo.
Portanto, a evolução espiritual não se trata de mudança de um padrão para outro, mas sim da
liberdade a qualquer padrão. Para isso é fundamental que o espírito compreenda que existe uma realidade
que não é a que ele vive no momento.
89. Estar encarnado
Participante: Quer dizer que encarnado não significa apenas estar ligado a um corpo
formado de matéria densa?
Não, estar encarnado é não viver guiado pela consciência espiritual, mas sim como humano. Por
exemplo. O místico fantasma que toma conta de um castelo é um espírito encarnado sem carne, porque ainda
vive a mesma personalidade que tinha durante a vida junto à matéria densa.
A dúvida de vocês existe porque acham que para se estar encarnado é preciso haver carne. Mas,
esta passagem de O Livro dos Espíritos joga luz sobre o assunto: o espírito não precisa da carne para agir,
quer seja como humano ou ser universal.
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90. Necessidade do corpo
Participante: Discordo... Por enquanto ainda precisamos da matéria...
Olha, esta é uma verdade que o seu ego lhe diz para você não se libertar da matéria, porque neste
planeta, vivendo o mesmo mundo que você vive, existem muitos espíritos presos à matéria humana que não
depende dela para mais nada.
Se aceitarmos o que o ego diz como verdade, viveremos eternamente precisando da matéria, quer
seja quando humanos ou libertos dessa densidade material. Aí eu pergunto: e quando a matéria humana
acabar, como é que você vai viver? Será que passará por um processo mágico que alterará instantaneamente
a sua necessidade? Desculpe: no Universo não existem mágicas...
Além do mais, nós viemos a essa vida não para aprender a viver materialmente, carnalmente, mas
como um estágio para provar que se está liberto da influência da materialidade.
Então, não podemos nos entregar a este raciocínio, mas devemos sim ultrapassar a barreira da
necessidade da carne como, aliás, está escrito em O Livro dos Espíritos.
91. Encarnar
Participante: Encarnar significa construir uma personalidade, então?
Encarnação não é a construção em si. Ela ocorre quando o ser universal começa a viver a partir de
verdades construídas anteriormente.
A encarnação se inicia quando você começa a se reconhecer como “eu” a partir do nome que usa
hoje, quando começa a achar que é uma determinada pessoa, uma mulher, que é filha de alguém e mãe de
outro. Neste momento você começou a encarnação. Agora isto pode acontecer antes daquilo que vocês
chamam de nascimento ou depois e pode continuar existindo depois de daquilo que vocês chamam de morte.
92. A encarnação não acaba com a morte
Participante: Então, a encarnação não acaba com a morte. Poderemos estar mortos e
viver a mesma vida...
Perfeito.
Se você se considera uma doutora, continuará se achando como tal, se for negra também e se for
mãe continuará a vivenciar aquela maternidade depois do desencarne, pois não há mudança automática de
consciência do “eu” apenas por causa da morte.
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O espírito vivencia as situações da vida antes e depois da existência carnal propriamente dita. A vida
não acaba com a morte, mas também não começa com o nascimento: isso precisa ficar bem claro para quem
busca a elevação espiritual.
Deixa eu dizer uma coisa: vocês são espíritos vivendo uma aventura carnal; não são seres humanos
(carne) vivendo uma aventura espiritual.
A base dessa vida é o espírito e não a matéria. É por achar que precisam da carne que inverteram a
base: querem viver uma vida carnal com espaços espirituais durante ela. Desculpa, mas isso está errado.
A “Segunda Verdade Universal” diz que as coisas não valem pela sua forma, mas pela essência, ou
seja, nada existe a partir da forma, mas da essência que habita cada coisa e a essência do ser humano é um
espírito. Precisamos começar a inverter a vida.
Precisamos começar a viver a vida carnal como espíritos, porque é isso que nós somos. Por mais
que se dure nesta carne, essa passagem é um piscar de olhos para a sua eternidade espiritual. Você está
perdendo tempo querendo entender e viver uma vida carnal que é ilusória, que não é realidade para você,
pois tudo o que compreender sobre ela ou aprender durante ela não terá nenhuma valia na sua existência
eterna.
Conversando sobre este tema um dia, uma pessoa me disse que precisava aprender coisas
materiais durante a encarnação e eu disse que não. Aquela pessoa me disse, por exemplo, que precisava
aprender a dirigir carro nesta vida, que isso era uma necessidade.
Perguntei então a ela: você se lembra da sua última encarnação? Nela não existia carro.. O que você
dizia é que tinha que aprender a dirigir carroça de burro. Para que serviu aquele aprendizado, se nesta vida
ninguém dirige carroça de burro?
Quando você voltar, será que dirigir os carros de hoje será de alguma valia? Sim, falo de quando
você voltar porque acho que todos sabem que na vida espiritual não existe automóvel, não é mesmo?
Agora repare bem: não estou falando em não fazer, ou seja, em não aprender a dirigir. O que
pergunto é: para que perder tempo se preocupando, querendo, desejando estas coisas que não servirão para
a eternidade espiritual? Se aprender tudo bem, se não, isso em nada irá atrapalhar o seu futuro espiritual.
Este é o fundamento. Não se trata de aprender ou não, mas sim você não transformar o aprender a
dirigir em objetivo da vida, em algo básico para a sua existência. Mas, dirigir é algo considerado superficial,
por isso vou mais além: não se deve colocar o se formar em médico, que é algo considerado mais profundo
pelos seres humanos, como objetivo da vida, porque ninguém nasceu com este objetivo.
Veja bem. Todos que um dia se formaram em médico, aprenderam uma ciência que hoje não serve
para mais nada face aos avanços científicos. Além do mais, quando retornaram ao mundo espiritual
encontraram uma “ciência médica” muito mais avançada daquela que haviam aprendido durante a
encarnação.
Então o que adiantou para o futuro espiritual se formar àquela época? Além do mais, se você estudar
hoje a medicina com afinco a fim de preparar o seu futuro eterno, será que no mundo espiritual ou quando
voltar em nova encarnação o que sabe hoje será o conhecimento “mais avançado”?
Os objetivos materiais pertencem àquilo que chamei de influência da matéria. Quem pretende
aproveitar a encarnação como instrumento de espiritualização não se submete a esta influência e, por isso,
não coloca estes objetivos como elementos primordiais na sua existência.
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Na verdade, o problema não é o que se faz ou o que se deixa de fazer nesta vida, mas sim a base da
existência, aquilo que é considerado como objetivo da vida. Portanto, transforme-se em médico, se
transformar-se, mas tenha sempre um objetivo espiritual e não material.
93. Aprendizado de vidas passadas
Participante: Não vale de nada o aprendizado das vidas passadas para a vida atual?
Materialmente falando não. Vale o aprendizado espiritual...
Por quê? Porque o mundo evolui e o seu conhecimento de hoje não vale de mais nada.
Experimente trazer um homem sábio do século quinze ou dezesseis para os dias de hoje... Será que
ele saberia acender uma luz, ligar uma televisão ou operar um computador? Claro que não. Por mais que ele
fosse sábio naquele tempo, hoje ele seria alguém completamente alienado.
Quer um exemplo? Thomas Edison... Você acha que ele saberia consertar uma central elétrica de
hoje? Olha que ele descobriu a luz elétrica...
É isso. O conhecimento dele, tudo o que conheceu naquela vida, não vale de nada hoje. Uma criança
na escola sabe mais de eletricidade do que ele.
94. É preciso assumir-se como espírito
Participante: É por isso que existem espíritos que vivem no que chamamos de cidades
astrais? Quando nos assumirmos como espíritos, iremos ter uma vida de uma forma que
ainda não conseguimos imaginar?
Perfeito. O que você chama de cidade astral é uma tentativa de materializar o mundo espiritual. É o
espírito que não quer espiritualizar-se durante a vida e quer prorrogar a existência carnal até depois da morte.
Só isso...
Veja a diferença entre uma coisa e outra. Se você está doente, precisa de médico, hospital ou
remédio, certo? Não, precisa de saúde. O que citei podem ser apenas instrumentos, mas quem está doente
precisa é se curar, ter saúde.
Quem ainda está materializado acha que precisa dos instrumentos (médico, hospital e remédio). Por
isso criou, plasmou, um lugar onde houvesse um médico para lhe curar. Agora, quem se liberta da matéria,
quem entende o Universo no seu sentido espiritual e, por isso, compreende que não precisa de remédio mas
sim de saúde, a buscará.
Agora em termos de momento atual, você não sabe conceber como será essa vida sem médico,
hospital e remédio. É por isso que Cristo diz no Evangelho de Tomé. O primeiro céu passará, o segundo
também e aí chegará o terceiro céu.
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O primeiro é o céu dos cristãos não espíritas, onde o espírito vive uma inatividade aguardando o
retorno de Cristo ao planeta para ocorrer a sua ressurreição. O segundo é o céu trazido pelo Espírito da
Verdade onde existe uma vida ativa para o ser universal, mas ainda há uma influência da matéria, ou seja, ele
é uma cópia do mundo material. Já o terceiro é aquele onde o ser universal realmente se integra ao Universo
e vive a Realidade Universal.
É preciso ir libertando-se passo a passo de cada um dos céus. Se você ainda viver no primeiro, ou
seja, imagina que depois do desencarne irá repousar o sono eterno, não encontrará nem as cidades
espirituais. Só quando mudar sua crença poderá encontrá-la. Só depois que houver esta conscientização
poderá, então, tentar alcançar o terceiro.
Portanto, para viver a vida que você falou (completamente liberto de elementos materiais), será
preciso, então, se libertar das ideias que claramente sofrem a influência dos elementos materiais, já que as
cidades espirituais são cópias dos sistemas societários humanos.
A mudança ocorre na intelectualização de um espírito. Como já vimos, a intelectualização continua
mesmo depois do desencarne. Quem vive no primeiro céu é porque está intelectualizado desta maneira.
Para se viver no Universo além da materialidade, é preciso compreender que a intelectualização está
sobre a influência dos elementos materiais e não espirituais. Só quando houver esta conscientização é que o
ser pode, então, seguir o conselho de Buda: abrir mão das formas, sensações, percepções, formações
mentais e memória.
Quer um exemplo disso? André Luiz. Ele sofreu no umbral; de lá foi para o Nosso Lar e hoje não
mora mais nesta cidade espiritual. Ele comparece apenas para visitar e para auxiliar àqueles que ainda estão
presos à influência da matéria, mesmo libertos da carne, a integrar-se totalmente ao Universo.
Por que isso? Porque ele passou do segundo céu e volta a ele para auxiliar aqueles que estão ali a
subir mais. É esse o caminho.
95. A matéria e as faculdades
Participante: Não digo que temos que ficar agarrado à matéria; nos libertaremos dela aos
poucos. Mas, como Deus não faz nada sem necessidade, a matéria ainda é necessária
para o desenvolvimento de faculdades.
A matéria não é necessária para desenvolvimento de faculdades, porque ela não traz faculdade
espiritual nenhuma. A existência espiritual traz faculdades espirituais, mas a material não. Isso porque espírito
e matéria são coisas independentes, separadas.
Mas, a matéria realmente tem uma importância imensa para a vida... Qual? Como instrumento para
colocar em prática os dois ensinamentos que Cristo trouxe. A matéria é importante para você poder provar
que é capaz de amar a Deus acima dela e para amar o próximo como a si mesmo.
Quando você quer ficar bonito, quer possuir um bem ou quer ter a razão (elementos materiais) não
está amando a Deus acima da matéria nem ao próximo, pois o desejo é a expressão do amor a si à frente dos
outros.
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96. Todos são perfeitos
Participante: Posso dizer que todos temos o mesmo princípio: o princípio de Deus, o da
perfeição?
Não vamos falar desta forma, porque se não vamos querer saber de onde vem e que princípio é
esse. Basta para nós entendermos que você é perfeito. Além disso, precisamos entender que se você é
perfeito, devemos compreender que os outros são perfeitos.
Todos os espíritos são filhos de Deus e, por isso, são perfeitos. Mesmo aquele que você chama de
errado, de assassino ou de qualquer outro adjetivo. Mesmo aquele que você critica, julga, acusa, é filho de
Deus, é perfeito. Você diz que ele não presta, que é isso ou aquilo, mas ele é não é nada do que você diz,
mas sim perfeito.
Participante: A respeito do ensinamento de Buda que o senhor citou, posso dizer que o
espírito é como um vidro transparente coberto de fuligem.
Isso. Eu digo que o espírito é como uma lâmpada coberta de barro. Mas, as duas comparações
querem dizer a mesma coisa.
O importante é compreender que você é luz, mas a sua luminosidade não se propaga porque você
está sujo. A sua luminosidade existe e brilha, mas ela não alcança o exterior porque você, o espírito possui
uma camada opaca ao seu redor. Esta camada que não deixa seu refulgir propagar-se são as suas verdades
materiais, os seus conceitos...
Participante: Essa camada que não deixa a luminosidade do espírito brilhar existe
apenas quando estamos encarnados ou também no espírito desencarnado?
Desencarnado também, dependendo do grau de evolução de cada um.
Aquilo que é chamado de processo de evolução, de reforma íntima, é o processo de limpeza dessa
camada. Vou dar um exemplo... Aqueles que moram nas cidades espirituais têm essa camada, porque ainda
precisam de coisas materiais.
97. O quebra cabeças universal
Participante: Como peça de um quebra-cabeça?
Sim, como peça de um quebra-cabeça.
O Universo é um quebra-cabeça e cada espírito e matéria é uma parte desse quebra-cabeça. Se
você retirar essa parte, ela é um desenho. Ou seja, ela tem em si um desenho, forma uma figura, mas a figura
que esse espírito faz quando destacado do conjunto de nada vale.
Esta figura que a individualidade separada representa não tem valia alguma quando sozinha. Ela só
representa alguma coisa quando perfeitamente integrada no seu lugar no quebra cabeça, no Universo.
Quando isto acontece, a figura individual passa a ter um valor universal, passa a ter um sentido.
Participante: Isso acontece quando o espírito passou por todas as etapas de evolução?
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Não, todas não.
Entenda uma coisa. Chegar ao ponto de ser perfeito, jamais você chegará, porque a perfeição é
Deus. Só Ele é perfeito.
O processo de evolução é o processo de perda do individualismo obtendo em seu lugar a
consciência universalista. Você perde individualismo e ganha consciência universalista. Quanto mais você vai
se aprofundando no processo, mais universalista vai ficando.
Este processo você, espírito, viverá durante toda a sua existência espiritual, sem jamais chegar à
perfeição, pois sempre deus estará mais à frente.
98. Compreender o Universo
Participante: Santo Agostinho, no início de suas meditações, medita da seguinte
maneira: se Deus é do tamanho do Universo, o que há fora Dele e fora do universo? Ele
chega à conclusão que Deus deve ser maior que o Universo a aí ele mesmo chega à
conclusão que Deus se derrama fora do Universo. É muito interessante.
É interessante, mas é coisa pra maluco.
Tentar entender alguns conceitos universais como eternidade ou o próprio Universo é coisa para
maluco por que vocês não têm elementos para tanto. Eu estou tentando fazer com que vocês entendam o
raciocínio – que é algo palpável já que veem, ouvem, ou seja, reconhecem elementos que pertencem a ele –
e vocês não conseguem, que dirá entender o Universo sobre o qual vocês nada conhecem...
É perda de tempo querer entender isso.
99. Matéria e fluído universal
Participante: Desde o início do livro, nós estudamos que o Universo se compõe em três
elementos: o ser, a matéria e Deus. Nesse caso, a matéria também é importante para
que o ser possa estar fazendo sua evolução. Acredito que não deva se dizer que a
matéria não existe: ela existe. O que não podemos é colocá-la à frente da nossa
evolução. Seria isso?
Como diz o espírito da verdade: o problema é a falta de palavras. Não há como lhe fazer entender
direito a Realidade por falta de palavras que designem as coisas...
O que posso lhe garantir é que a matéria não existe. Pelo menos a matéria que você diz que existe,
esta não existe.
Participante: Podemos dizer que ela não existe na forma que nós percebemos, por falta
de elementos que melhor falem da outra matéria?
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A matéria que vocês percebem não existe na sua forma e essência. Por exemplo: vocês percebem
uma cadeira.
Participante: Ela é fluido universal, como nós estudamos...
Isso.
A cadeira não existe quanto à forma e quanto à sua essência, já que ela não é feita de madeira e o
fluído cósmico universal que a compõe não possui forma.
Não quero com isso dizer que a matéria que vocês conhecem não é importante; ela é. Mas, se você
se prender à matéria como cadeira, não vai aprender a conviver com o fluido universal: aprenderá apenas a
conviver com uma cadeira.
Mas, lhe pergunto: e quando não mais tiver cadeira, mas apenas fluído cósmico sem forma, como vai
ser? Onde irá sentar-se?
É isso que eu estou querendo dizer. O que quero mostrar é que você não deve se prender à ideia de
uma cadeira, mas buscar conviver com este objeto como sendo o próprio elemento matéria do Universo: o
fluido universal. Isso porque, se a vida espiritual existe antes e depois da material, quando estiver livre da
matéria não haverá mais cadeiras e aí poderá sentar no fluído universal.
Participante: Podemos grosseiramente dizer que o fluido universal é matéria? Ele produz
a matéria terrestre?
Não, não podemos dizer isso.
O fluido universal é a matéria; é o átomo universal. Sendo assim, ele é a matéria, não a constitui.
Veja, quando você se prende à ideia da cadeira ser real, precisa de uma para se sentar. Na hora que
entende que este elemento é apenas fluido universal, pode se sentar no ar, porque este elemento também é
fluido universal. Neste momento não mais precisará de uma cadeira: se sentará em qualquer lugar. Vamos
dizer assim: você vai volatizar, vai sentar no ar.
Você conseguirá, como aliás alguns gurus conseguem, realizar isso porque saberá que tudo é fluído
universal e por isso não precisa mais de formas específicas de matérias para fazer alguma coisa. Mas,
enquanto ficar preso à figura cadeira, ou seja, ao mundo material, não aprenderá a sentar no ar.
Participante: Tendo em vista que nós viemos para carne com uma determinada
programação, que nos leva a enxergar onde há fluido universal cadeira, mesa, sofá.
Como desfazer essa programação se nós já viemos com ela pronta?
Grande pergunta.
Para respondê-la, lhe faço outra pergunta: para que você veio com essa programação?
Participante: Para libertar-se desta programação!
Aí está a sua resposta: liberte-se da programação.
Participante: Existe uma fórmula para isso?
Sim, existe uma fórmula: interagir com o mundo espiritual, ao invés de interagir com o mundo
material.
Lembra do ensinamento sobre as duas memórias? Na hora que você aprende a interagir com o
mundo espiritual abandona a prisão a verdades materiais. As suas verdades se quebram.
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NOTA: Em ensinamento anterior, o amigo espiritual afirmou que a consciência
do espírito possui duas memórias: uma formada por verdades materiais e outra
por espirituais. Disse ainda que estas consciências podem ser comparadas a
duas tábuas superpostas cheias de furos, sendo que a material antecedia a
espiritual. Ensinou, ainda, que quando o espírito se liberta da material o furo
nesta memória se vaza e ele, então, pode acessar as verdades que estão na
memória espiritual.
Então veja: por mais que estude ensinamentos sobre os elementos universais, jamais verá o fluido
universal; mas, quando se volta para Deus, Ele pode lhe ensinar a perceber o fluido universal através de
outras percepções que não as carnais.
Participante: Ou seja, vai acabar com a minha programação.
Exato.
Participante: O fluido universal é toda a matéria do universo?
O fluido universal é o elemento constitutivo de todas as matérias do universo; é o átomo universal.
Tudo que existe no Universo, com exceção do espírito e de Deus, é fluido universal. Isso por definição do
Espírito da Verdade.
Se é assim, o próprio planeta Terra é fluido universal, mas o espaço vazio em volta dele também é.
Participante: Que, aliás, não é vazio: apenas aparenta ser.
Isso. Ele é composto de fluido universal.
Participante: O fluido Universal se combina de diversas maneiras, para que nós
enxerguemos as coisas do jeito que são. Exemplo: cadeira, mesa, chão e etc.?
Perfeito. É isso mesmo.
Cada átomo ou célula material é uma combinação de fluido universal com ele mesmo. O átomo da
madeira é uma determinada combinação, o da folha ou das células do seu corpo são outras combinações.
Mas, isso é irrelevante, porque nunca vamos entender como um elemento se combina com ele
mesmo e se transforma em diversas coisas. O importante é ficar claro que precisamos nos voltar para o lado
espiritual, pois este lado é a nossa realidade. Precisa ainda ficar bem claro que este lado transcende a
materialidade e que por isso nunca o conheceremos por meio de sabedoria material, mas só quando nos
voltarmos para Deus recebemos Dele esse conhecimento.
100.
Vingar-se do encarnado
Participante: Acho que essa nossa crença se fundamenta nas leituras espíritas, pois elas
nos dão a impressão de que o espírito tem capacidade para voltar para se vingar.
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Jamais. Por livre e espontânea vontade, jamais um espírito pode vingar-se de outro. Isto porque está
escrito: o espírito é uma potência, mas é uma potência subordinada a Deus.
Sendo assim, se o espírito quer voltar para se vingar e consegue, é porque você merecia a vingança
e Deus a fez acontecer. É como Cristo ensinou: o escândalo é necessário.
Portanto, se você for alvo de uma obsessão, tenha a certeza que o primeiro que tem que se mudar é
você e não o desencarnado. Quando você mudar o seu padrão vibratório acaba com qualquer obsessão.
101.
Obsessão
Participante: Então o espírito de baixa vibração só se aproxima do encarnado da mesma
vibração?
Perfeito. Um espírito de baixa vibração não vai poder se aproximar se você estiver elevado.
Até porque, como acabamos de ver, o Universo é formado por afinidades. As coisas e os espíritos se
aglomeram por afinidade.
Aliás, como também acontece na Terra. Se você gosta de samba, vai se aproximar de sambistas.
Com certeza, não se aproximaria de dançadores de valsa.
É preciso ter bem clara esta consciência: o espírito de baixa vibração não vai chegar perto de um de
alta vibração, porque esse não tem nada que ele quer. Ele fica sondando onde tem um ser de baixa vibração.
Quando encontra, gruda nele. Na verdade este ser imagina estar fazendo isso por livre vontade, mas está
sendo conduzido por Deus para dar a cada um de acordo com suas obras, ou seja, dar a justa reação a uma
ação.
Compete ao encarnado se libertar daquela vibração alterando o seu padrão vibratório. Quando isso
acontecer, se o espírito desencarnado ainda merecer viver obsessões, Deus o desligará deste encarnado e o
levará a outro onde novo processo obsessivo será vivenciado.
Se isso é verdade, posso dizer que o trabalho de desobsessão, não acaba com obsessão alguma.
Pode no máximo orientar o espírito fora da carne e salvá-lo, mas se aquele que está na carne não se mudar,
vai atrair outros espíritos.
É como Cristo ensinou: você expulsa o demônio, ele sai e não tem onde ficar; então, volta e traz mais
sete com ele.
102.
Libertar-se da obsessão
Participante: O que eu aprendi sobre isso é que pelo merecimento a pessoa é levada a
uma casa espírita ou não e por merecimento esse obsessor é afastado por algum tempo
para que a pessoa possa estar revendo os seus sentimentos. É assim mesmo que
funciona?
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Esse é um lado da moeda, mas existe outro.
Para explicá-lo, vou ter que dizer uma coisa que vocês não vão gostar de ouvir: muitos espíritos
encarnados são levados para o trabalho de desobsessão numa casa espírita porque o obsessor já tem o
merecimento de sair daquela relação, de ser ajudado e não por causa do encarnado.
Sim, é o obsessor que merece e não o encarnado. Mas, este sempre imagina que ele é um anjo que
foi levado ao centro espírita porque estava sendo vítima e por isso não vê que o merecimento era do outro.
Não vê que o socorro só aconteceu porque o desencarnado não merecia mais ficar preso nele.
103.
Dimensões
Participante: Voltando a questão de dimensões. E as outras dimensões: quarta, quinta,
etc.?
A questão das dimensões é uma coisa muito difícil de falarmos. Isso porque, para vocês, ela é uma
coisa não mensurável. Ou seja, vocês não conseguem ver o que é uma dimensão.
Se você trabalha a ideia dimensão como espaço físico independente deste espaço, não, não existem
dimensões. Na verdade, cada dimensão é caracterizada pela densidade da matéria que existe nela e não pelo
espaço físico.
Vou dar um exemplo: aí onde você está existem sete dimensões. Aí, onde você percebe um único
espaço físico como pertencente a uma única dimensão, existem sete. O que posso dizer é que elas se
fundem e você só percebe o nível que está vendo, a dimensão que habita.
Na verdade, existem no planeta sete dimensões, mas elas não podem ser determinadas por uma
questão de espaço físico. Isso porque uma dimensão está sobre a outra, Não acima, mas junto.
Justamente por falta desta percepção, existem muitas controvérsias a respeito disso. Por exemplo,
dizem que a cidade espiritual está sobre a cidade material, mas isso não é real: ela está junto, no mesmo
espaço físico e não sobre.
Participante: Seria como uma coisa tridimensional?
Como disse, é muito difícil se falar de dimensões com vocês. Vocês ainda estão presos a três
dimensões, enquanto que no Universo existem planetas que tem quarenta e duas dimensões.
Não, não mensure por isso. Não, não tente entender desta forma. Isto porque vão faltar elementos
para vocês. Saibam apenas que todos estão no mesmo ambiente.
Deixe-me dizer uma coisa. Existe uma lei material que diz assim: dois corpos não podem ocupar o
mesmo lugar no espaço. Isso é falso. Porque no mesmo espaço existem diversos corpos.
Esta lei para poder englobar a Realidade universal deveria dizer o seguinte: dois corpos com mesma
densidade não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Sim, isso é verídico. Diversos corpos em densidade
diferentes ocupam o mesmo lugar no espaço.
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Você só vai compreender a questão das dimensões espirituais quando entender que existem
espíritos agora sentados no seu colo. Sim, posso dizer que eles estão no seu colo porque estão no mesmo
lugar da sua matéria, junto com a sua matéria. É isso que precisa ficar compreendido.
Isso é o que vocês podem compreender por hoje, porque, na verdade, as dimensões são
caracterizadas pelo avanço moral, ou seja, pela programação mental do espírito que geram uma densidade
de matéria. Mas, isso fica para outro dia.
104.
Interdição
Participante: Acho que isso que o senhor acabou de falar vem de encontro ao final da
resposta desta pergunta que estamos vendo: nem todos (os espíritos), porém, vão a
toda parte, por isso que há regiões interditas aos menos adiantados.”
Para falar sobre isso, deixe-me comentar algo que aconteceu ontem.
Fui informado que ontem uma pessoa entrou neste nosso espaço virtual e escreveu um monte de
besteiras. Por isso me propuseram: vamos colocar uma senha e dar para as pessoas que querem realmente
estudar. Eu respondi: não se podem fechar portas, pois o templo de Deus está em todos os lugares.
Veja, no Universo não existe lugar interditado, ou seja, lugares onde você não pode ir. Se assim
fosse, poderíamos dizer que Deus seria injusto, pois alguém que quer evoluir é proibido de frequentar lugares
que poderiam lhe ajudar.
Mas, apesar disso existem lugares que os espíritos não frequentam. Na verdade, estes lugares não
estão interditados a um determinado grupo de espíritos, mas são eles mesmos quem interditam o lugar para
si. São eles que não querem ir a determinado lugar, pois não se sentem bem ali.
Além disso, os espíritos também não podem ir a todos os lugares porque existe muitos que eles não
conhecem. Na verdade cada um conhece apenas os lugares do seu próprio nível.
Participante: É isso que eu iria dizer. É a questão da programação e do merecimento que
faz com que a gente se sinta bem em algum lugar e que não consiga entrar em outro.
Perfeito.
Veja, na literatura espírita existe a figura do socorrista que desce ao umbral para salvar alguns
espíritos do martírio. Pergunto: por que eles não salvam a todos, mas apenas alguns? Porque existem
espíritos que se socorridos, ou seja, levados para as cidades espirituais, não vão querer permanecer lá. Eles
querem é aquilo que estão vivendo.
Sendo assim, não adianta ir lá embaixo e trazer este espírito para cá, pois ele vai voltará para lá. Ele
não gosta daqui, ele não quer ficar aqui.
Mas, isso não deveria ser difícil para vocês entenderem. Vou dar um exemplo para ficar bem claro.
Pergunto: se você é vegetariano, gostaria de ir a uma churrascaria?
Participante: Não...
Conversando com um espiritualista 09
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É por isso que os espíritos também não vão a qualquer lugar. O espírito não vai porque não quer,
porque não gosta, porque não se adapta a este lugar. Porque nesse lugar não tem o que ele quer.
Então, veja. No Universo e em qualquer situação, para poder se dizer universalista, não podemos
colocar placa de proibido: é cada um que coloca a placa de proibido para si mesmo, não Deus.
Além disso, precisamos ainda nos lembrar do que Cristo ensinou: eu não vim pra os sãos, mas para
os doentes. É preciso entender que as pessoas que agem como vocês me descreveram que esta agiu,
precisam muito mais do nosso amor do que as pessoas sãs. São elas que nós devemos amar
primordialmente as sãs.
Deixe-me falar de uma parábola de Cristo que até hoje não foi compreendida em toda a sua
profundidade. É a parábola do Bom Samaritano.
Os professores da lei perguntaram a Cristo. O senhor disse que nós temos que amar o próximo, mas
quem é o meu próximo? Para responder a esta questão, o mestre nazareno conta a parábola do bom
samaritano. Para quem não a conhece, vou resumi-la.
Havia um judeu que foi assaltado e ficou muito machucado, caído no chão. Algumas pessoas
passaram por ali e não prestaram socorro, mas veio um samaritano e cuidou dele. Até aí, nada demais, se
pensarmos no termo samaritano como hoje entendido: a pessoa que faz o bem. Se aplicarmos simplesmente
a compreensão de hoje a parábola, entenderíamos que Cristo diz que o próximo é aquele que precisa de
nosso bem.
Mas, para entender profundamente a mensagem, temos que voltar a época de Cristo e entender que
samaritano é um ser humano que nasceu na Samaria, uma região da época de Jesus. Quem nascia na
Samaria era samaritano.
Com isso, a parábola começa a ter outro sentido, porque os samaritanos e os judeus eram inimigos.
Viviam em disputas ferrenhas, principalmente no aspecto religioso.
Sabendo disso, podemos entender que quando Cristo narra esta parábola, onde um inimigo ajuda o
outro com a finalidade de designar o próximo a quem devemos amar, ele está dizendo que aquele que deve
ser amado prioritariamente é o seu inimigo.
O seu inimigo, aquele que você não gosta, que não quer chegar perto, que você foge dele, este é o
seu próximo, aquele que deve amar acima de todas as coisas. É isso que se compreende da mensagem do
mestre quando a analisamos dentro do seu contexto original.
A partir disso, tenho que lhe dizer que quando acontecer fatos deste tipo – e não vai parar de
acontecer por aqui, até porque Deus coloca pessoas com esta postura justamente para nós podermos ajudálos – o que devemos fazer não é trancar a porta ou brigar com ele, mas sim amá-lo.
Outro dia me perguntaram sobre uma boa forma de acabar com a inveja. Eu disse: amar o invejoso,
amar a inveja e amar o resultado da inveja. Portanto, amem aqueles que fazem isso, amem o que ele está
fazendo e amem a todo mundo.
105.
Espírito e consciência
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Participante: O espírito pode ser chamado de consciência?
Não, o espírito é a inteligência como um todo. A consciência são apenas as verdades que compõem
a inteligência.
Vou dar um exemplo: você é um espírito, uma inteligência. Acontece que hoje se acha um ser
humano. Por isso dizemos que você, o espírito, tem uma consciência de ser humano, ou seja, possui
verdades humanas.
Você acha que é o corpo, acha que é mãe, que é filho, mas não é nada disso. Todas estas coisas
são consciências que o espírito, a inteligência, está tendo. Estas verdades fazem parte da inteligência, do
espírito, mas não é o espírito.
Se você, o espírito, fosse a consciência, não poderia haver reforma íntima, pois isso acarretaria em
ter que se mudar, mas isso é impossível para o espírito. Por isso digo sempre que deve libertar-se da
consciência, ou seja, ser uma inteligência livre das consciências que possui.
Este processo é fundamental, pois o que chamamos de reencarnação é exatamente a troca de
consciências que um espírito vivencia. Ou seja, você precisa se libertar de uma consciência para poder
assumir nova.
106.
A vibração do espírito
Participante: Então, a vibração é criada pelo pensamento e só depende do pensamento
para termos boas vibrações?
Não, a vibração é criada pelo sentimento. O sentimento é energia; o pensamento não é.
Pensamento, vamos estudar depois, mas por enquanto podemos falar alguma coisa para dirimir esta sua
dúvida...
A vibração, a faixa vibracional do espírito é determinada por aquilo que ele está sentindo e não pelo
que está pensando. Isso, para vocês humanizados, é difícil de compreender, pois têm uma visão errada sobre
o ciclo da vida. Vocês acham que pensam determinada coisa e por isso sentem tal sentimento. Não é assim:
primeiro o espírito sente e depois tem a consciência através de um pensamento que expressa o que sentiu.
A não compreensão de vocês vem do fato de que a escolha sentimental é inconsciente, ou seja,
vocês não têm consciência dela ocorrer. Por isso imaginam que primeiro pensam para só depois sentir. Na
verdade, inconscientemente você escolhe um sentimento para reagir a determinado acontecimento e aí
conscientemente tem um pensamento.
Respondendo-lhe, então, digo que o padrão vibracional é determinado pelo sentimento e por causa
desse padrão, você tem determinado pensamento.
107.
A roupa do ser humano
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O que é essa roupa que você está vestindo de acordo com o que vimos até agora?
Participante: Fluido Universal.
Certo: a sua roupa é um fluído universal que você pasmou como blusa. Você plasmou fluido
universal como blusa.
Do mesmo jeito que você plasma fluido universal como blusa quando na carne, plasma fluido
universal como blusa fora da carne. Então eu diria mais: a sua roupa é um estado mental. Isso porque a sua
roupa é o que você vê no fluído universal.
108.
A realidade plasmada depois do desencarne
Participante: Mas o senhor falou que muitos não têm a consciência de que
desencarnaram. Como podem escolher?
Inconscientemente ele plasma. Ele continua plasmando roupa inconscientemente...
Digo isso e não vejo motivo para espanto porque você hoje, ou seja, encarnado, também plasma
suas roupas inconscientemente. Ou será que você tem consciência de estar plasmando o fluído universal em
roupa? Não tem, mas está.
Participante: Ele vai plasmar um guarda-roupa também?
Mais do que isso: ele vai plasmar a casa toda. Aliás, desculpem, ele não vai plasmar uma casa: ele
vai continuar na mesma casa plasmada que tem hoje.
Vai ficar vendo o mesmo guarda-roupa; vai continuar plasmando a mesma roupa no guarda-roupa;
vai continuar plasmando a ideia de trocá-la todo dia; e irá plasmar a ideia de ir trabalhar todo dia. Veja: ele
não tem consciência que morreu; continua imaginando que está vivo...
O espírito continuará plasmando as ações como se ainda estivesse na carne porque não têm
consciência de ter desencarnado.
Ficou claro isso? É importante vocês entenderem isso, para darem valor à questão da reforma
íntima, ou seja, do virar-se para Deus. Sem isso, ao saírem da carne, permanecerão como fantasmas
assombrando o lugar que deixaram.
109.
Ferimentos no perispírito
Participante: E os espíritos que apresentam ferimentos no perispírito?
Vamos conversar sobre isso. Boa pergunta.
As marcas do corpo físico vão para o perispírito? Ferimentos, tatuagens, doação de órgãos,
cicatrizes, vão para o perispírito? Vão, se for prova. Se for necessário ir.
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Vou dar um exemplo: um ser humanizado morre, desencarna, com um tiro e se revolta ao tomar
consciência que desencarnou por causa daquele acontecimento. Acontecendo isso, o seu ferimento ficará
aberto até que ele acabe com a sua revolta.
Na verdade não há ferimento. O perispírito, assim como o corpo físico, não pode ser ferido. Tudo é
fluido universal e o elemento material universal não pode ser ferido.
Sendo assim, o ferimento no perispírito, na verdade, é um ferimento mental, produzido pela mente do
espírito (ego). Mas, o espírito não vê isso: pensa que o corpo perispiritual é que está ferido. Por isso não sabe
que pode, através da mente, eliminar esta visão. Ele só alcançará a consciência de que pode utilizar-se da
sua mente para curar ou fechar esse ferimento quando tiver o merecimento para tanto.
Outro exemplo: a doação de órgãos. Se um ser humanizado doar um órgão, este vai ficar fazendo
falta no seu perispírito? Depende.
Se o ser humanizado doar o órgão para ganhar dinheiro, vai; se doá-lo para mostrar o quanto ele é
bonzinho, caridoso, vai: mas, se doar o órgão por amor, este estará presente no perispírito. O amor cobre
toda e qualquer coisa. Então, a doação sem intencionalidade nenhuma não provoca problemas no perispírito,
mas a doação com qualquer outro sentimento provoca.
Outro exemplo: o ser humanizado que perde de um membro. Será que a ausência da perna vai para
o perispírito? Vai, enquanto o carma for necessário. Este espírito será, mesmo depois de desencarnado,
manco, com uma perna só. Agora, se durante a vida carnal conseguir superar o seu carma, ou seja, viver feliz
apesar de só ter uma perna, quando sair da carne estará com as duas pernas.
Vamos entender direitinho, que o perispírito e o corpo são a mesma coisa. O que determina a forma
e a função de cada coisa do perispírito e do corpo é o carma da pessoa, ou seja, aquilo que o espírito vai
precisar fazer para se elevar. Então, não importa se é corpo ou perispírito, porque a Deus nada é impossível.
Quando o carma acabar, acaba tudo.
É isso que precisamos compreender: Tudo pode acontecer; o que vai determinar se acontece ou
não, será o seu carma. O seu merecimento.
110.
Vampiros espirituais
Participante: Fale um pouco dos espíritos que vampirizam o perispírito de outro espírito,
como os ovoides citados na literatura espírita.
Na verdade, nenhum espírito vampiriza o perispírito do outro. Vamos entender isso direitinho, de uma
vez por toda.
O espírito se alimenta de uma coisa chamada fluído cósmico universal, que vocês chamam de
sentimento. O espírito come sentimento, assim como vocês comem comida.
Sendo assim, esses espíritos que vocês chamam de vampiros comem energia, o sentimento que
está dentro do perispírito. Seria quase como um sanguessuga, por isso são chamados de vampiros. Eles não
comem o corpo, mas sim o sangue do espírito. O sangue do espírito é o sentimento, é a energia.
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Isso é verdade: realmente existem espíritos assim. Mas, estes seres só procuram aqueles que têm o
que eles gostam. Eles não atacam indistintamente qualquer um.
Aliás, até na Terra é assim: tem gente que não pode sair de casa de noite que o mosquito, o
sanguessuga, ataca na mesma hora. Mas, existem pessoas que entram no meio do mosquiteiro e não têm
uma mordida. Isto acontece porque estes últimos, não têm o que o mosquito quer.
Sobre este assunto, portanto, o que precisamos entender é que esses vampiros só vão vampirizar
aqueles que tiverem o sangue que eles querem, ou seja, se aqueles tiverem o sentimento que eles querem.
Se você entrar na conexão com um ser que quer o sentimento que você tem, certamente será
vampirizado. Agora, se sair da conexão, se mudar o seu padrão vibratório, o vampiro vai embora praguejando:
que comida ruim. Eu não quero isso. Vou pegar outro que tenha o que eu gosto.
Este é o aspecto principal desta sua pergunta ao qual devemos dar total atenção: muito mais do que
se preocupar em saber como o vampiro age, saber como é essa obsessão, devemos compreender porque ela
acontece. Sem isso, não aprendemos a escapar dela e continuamos a temer e odiar os vampirizadores.
111.
Trabalho em encruzilhadas
Participante: Fale também dos tais trabalhos encomendados nas encruzilhadas.
Deus é causa primária de todas as coisas. Sendo assim, se alguém vai ao centro de macumba, pedir
um trabalho contra outro, foi Deus quem o mandou ir lá e pedir o trabalho. Agora, esse trabalho serve tanto
para quem faz como para quem recebe.
Deus dá a um a intuição de fazer o trabalho porque ele nutre um determinado sentimento que o faz
tornar-se merecedor de viver esse papel na vida. Ninguém vai ao centro pedir para fazer um trabalho contra
outro, se não merecer ser o agente desta situação carmática. Este é um detalhe sobre o tema.
Quanto à eficácia, ou seja, se aquele trabalho vai chegar à pessoa que está querendo atingir, é outro
detalhe. Isso eu não sei lhe responder, porque também vai depender do merecimento da outra pessoa
receber ou não. O outro só receberá a carga negativa do trabalho se for merecedor, pois Deus dá a cada um
segundo as suas obras.
É por isso que na umbanda os exus dizem: ‘eu pego e vou levar, mas se não puder entregar, volto e
devolvo’. Isso quer dizer: o exu pegará a carga energética, levará para a pessoa, mas, se ao chegar lá para
entregar a pessoa não merecer recebê-la, ele trará e a devolverá para quem mandou.
Precisamos entender que um trabalho de umbanda nada mais é do que um despacho de uma carga
sentimental. Fazer trabalho espiritual é enviar determinada carga sentimental a outro.
O espírito trabalhador chamado exu absorverá esta carga daquele que faz o trabalho e a levará para
entregar à pessoa que foi destinada. Só que ao chegar lá se a vibração da pessoa não se encaixar com a
pessoa que devia receber, o exu volta com aquela carga e a devolve para quem mandou. Isso porque ela é
dele, foi ele quem a nutriu.
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Portanto, são estes os dois aspectos que gostaria de salientar sobre o tema que você perguntou.
Primeiro, dizer que o trabalho é a emissão de uma carga sentimental (energia) e segundo, que tanto a fonte
geradora quanto a fonte receptora precisam estar numa sintonia porque tudo aquilo é prova.
A macumba não é o charuto, a cachaça, a galinha, a farofa, mas um sentimento. Na verdade, quando
você olha atravessado (nutre um sentimento de desconfiança) para alguém, está fazendo uma macumba.
Quando tem raiva de uma pessoa, está fazendo uma macumba. Quando está acusando alguém, está fazendo
uma macumba. Isto porque a macumba não são as coisas materiais, mas o sentimento que se coloca nas
coisas.
Por isso, não importa se você está falando, cantando ou oferecendo coisas materiais, sempre que
nutre um sentimento por uma pessoa está fazendo uma macumba para ela. O sentimento é quem comanda a
ação e não o contrário.
112.
Seguir Kardec para ser espírita
Participante: Meu amigo Kardec elencou por forma de elevação. Meu amigo Kardec
atendeu a resposta de mais 50.00 mil espíritos. Se não fizermos da maneira que eles
disseram, não se estuda espiritismo.
Você está certo: se não for feito da forma que Kardec fez não se estuda espiritismo. Mas, desculpe,
eu não estou estudando espiritismo. Eu estou estudando O Livro dos Espíritos numa visão espiritualista,
ecumênica e universalista.
Já na introdução deste livro falamos exatamente disso. Quando nela Kardec diz que o espiritismo se
prende como uma das partes do espiritualismo nós dissemos que os ensinamentos dele não podem ser
tratados isoladamente. É o próprio Kardec que diz que os ensinamentos de O Livro dos Espíritos se
subordinam ao espiritualismo, pois são uma das partes deste.
Por isso disse lá e repito aqui: nós não estamos estudando o espiritismo, mas estudando
espiritualismo usando para isso O Livro dos Espíritos. Justamente por isso precisamos não criar para nós
esses padrões que existem no espiritismo. Digo ainda: é por isso que não vamos estudar a escala espiritual
como proposta em O Livro dos Espíritos.
Como espiritualistas precisamos entender que o Universo é dinâmico. Esta escala foi muito
importante naquela época, mas hoje as provas dos espíritos são outras e se você se prender a esta escala
não vai conseguir evoluir dentro da visão espiritualista.
Participante: Kardec diz que apenas colocou um tijolo no edifício...
Perfeito: é exatamente isso. Kardec diz isso, mas o espiritismo não diz.
O espiritismo diz que a sua doutrina por si só, é o todo. Que ele não precisa dessa correlação com
todos os ensinamentos de outros mestres.
É isso que digo sobre o assunto: Kardec foi bem claro afirmando que estava colocando apenas uma
pedrinha, mas dessa pedrinha fizeram um altar e estão santificando a pedrinha ao invés de continuar a
construir o prédio.
Conversando com um espiritualista 09
113.
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Uma só moral para todos os espíritos
Participante: Então todos têm a mesma moral?
Sim, todos têm a mesma moral. Podem não se guiar por ela, mas todos têm a mesma moral.
Foi o que já estudamos: todo espírito é puro, perfeito. Ele pode estar sujo, mas já tem dentro dele
tudo o que pode ter. Sendo assim, ele tem a moral, pode não usá-la, mas tem.
114.
Todos são iguais
Participante: O senhor pode repetir este ensinamento que diz que todos são iguais?
Sim. Eu disse que o espírito é luz e para compreender bem este ensinamento, o comparamos com
uma lâmpada.
Ou seja, afirmei que todo espírito é uma lâmpada e que todas as lâmpadas ou espíritos do Universo
têm a mesma voltagem e, por isso, o mesmo poder de brilhar. Só que algumas lâmpadas estão recobertas por
uma camada opaca. Sendo assim, todas as lâmpadas brilham de forma idêntica, mas algumas não
conseguem se irradiar tanto porque esta camada não permite que seu fulgor alcance o exterior.
Essa é a diferença entre os espíritos: todos são iguais, mas não conseguem vivenciar a igualdade
porque estão sujos, estão presos ao individualismo, ao ego, as verdades individuais.
Participante: Ou não recebem a mesma energia, assim brilham menos que as outras.
Impossível não receberem de forma igual. Se isso acontecesse, Deus não seria Deus. Não seria
Justo e Amoroso, pois estaria dando diferente a cada um.
Saiba de uma coisa: o problema nunca está fora de nós; sempre é dentro. Deus dá a mesma energia
ou o mesmo amor a todos os filhos. Agora, se você pega o amor de Deus e altera a polaridade desta energia,
ou seja, se vira para o individualismo, usa o amor de Deus para amar a si acima de todas as coisas e acima
do próximo.
Mas, esta alteração de polaridade não é Deus quem cria, mas você, espírito, que, usando o seu livre
arbítrio, escolhe fazer.
115.
Deus sempre dá Amor
Participante: Mas, segundo o mesmo Livro dos Espíritos, Deus dá a cada um por suas
obras. Aliás, quem falou isso foi Jesus.
Conversando com um espiritualista 09
página 93
Cada um recebe de Deus de acordo com as suas obras: perfeito. Isso é o carma, é a lei do carma,
mas não o amor.
Os acontecimentos da vida recebe-se de Deus segundo as obras, segundo a capacidade de amar,
mas o amor não. O Amor de Deus é infinito. Ele dá Amor para todos. Se não fosse assim, Deus poderia dizer
assim: ‘Eu não gosto muito de você, não fui com a sua cara porque você está fazendo o que Eu não gosto.
Por isso não vou lhe Amar’. Se fizesse isso, não seria mais Deus, pois teria perdido as características que já
estudamos.
Este Deus que você quer acreditar que existe é um julgador enquanto que o Pai é a Fonte Luminosa
do Amor. Por isso afirmo: Ele ama a todos igualmente. Aliás, isso Cristo também disse.
116.
O Espírito da Verdade está errado?
Participante: Então, os mais de 50.000 mil espíritos que responderam a Kardec estavam
errados quando diziam que Deus criou os espíritos simples e ignorantes, inclusive o
Espírito da Verdade?
Não. A simplicidade que eles falam é exatamente a perfeição que falei agora.
A simplicidade é o pobre de espírito. O pobre de espírito é simples. Ele só tem amor dentro de si.
Somos nós que achamos que a simplicidade não tem nada a ver com sentimentos, mas simples é aquele que
só ama.
Eu não estou falando contra isso. Pelo contrário: estou afirmando que todos foram criados puros,
simples. Apenas não paro por aí. Afirmo mais: continuamos simples eternamente...
Exatamente porque continuamos simples, ou seja, com o sopro de Deus em nós é que digo: temos
que respeitar a simplicidade ou a pureza que existe dentro de cada um. Para isso é importante saber que ele
pode estar agora numa outra situação, mas que eu, como seu irmão, tenho que amá-lo e auxiliá-lo a voltar a
essa simplicidade.
Olha, deixe-me dizer uma coisa: eu não posso inventar nem mentir. Dizer o que está escrito em O
Livro dos Espíritos é mentiroso, isso não posso fazer, pois este livro é um trabalho de Deus. Não é um
trabalho de Kardec, não é um trabalho do Espírito da Verdade ou de nenhum outro espírito. Todos são
apenas porta-vozes de Deus e não autores. Sendo assim, tudo que está neste livro foi Deus que escreveu.
Agora é preciso, como o próprio Kardec e o Espírito da Verdade deixaram claro – aliás, Krishna
também fala isso – libertar-se da palavra morta, da letra fria. Para tanto é preciso ligar informações entre si.
Neste caso, é preciso você juntar a informação da existência do bem e do mal com a informação de que todos
nasceram simples e puros. E mais: que devemos amar a todos indistintamente.
117.
Separar o joio do trigo
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página 94
Participante – Então Cristo errou quando disse para que fosse separado o joio do trigo?
Jamais: Cristo jamais errou...
Repare no texto bíblico:
Jesus fez outra comparação. Ele disse: O Reino do céu é como um homem que
semeou boa semente nas suas terras. Certa noite, quando todos estavam
dormindo, veio um inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim, chamada
joio e depois foi embora. Quando as plantas cresceram e se formaram as
espigas, o joio também apareceu.
Aí os empregados do dono das terras chegaram e disseram: patrão, o senhor
semeou boa semente nas suas terras. De onde veio este joio?
Foi algum inimigo que fez isso, respondeu ele.
E eles perguntaram: o senhor quer que nós arranquemos o joio?
Não, respondeu ele, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar
também o trigo. Deixem que o trigo e o joio cresçam juntos até o tempo da
colheita. Arranquem então primeiro o joio, amarrem em feixes e joguem no
meio do fogo. Depois colham o trigo e ponham no meu depósito.
(Mateus – 13 – 24 a 30)
O mestre não disse para separar o joio do trigo, mas sim para deixá-los nascer junto.
Quando queremos apontar erro nos outros, queremos separar o joio do trigo antes dele florescer.
Quantas vezes alguém que você diz que estava fazendo mau, lá na frente constata que o que ele fez foi
ótimo? Quantas vezes as pessoas perdem o emprego por causa de outra para conseguir um emprego melhor,
ganhando mais, com melhores condições?
É exatamente isso; o que digo é exatamente isso. Não separe antes de florescer, o que, aliás, é
exatamente o que Cristo disse. Isto porque o trigo e o joio são muito parecidos. Só depois da colheita, aí sim,
você pode separar. Mas, enquanto não colher, não separe, porque vai jogar trigo fora.
118.
Perfeição
Participante: Na resposta é dito assim: todos se tornarão perfeitos. O que é esta
perfeição para o espírito?
A perfeição, para o espírito, é uma perfeição gradual.
Hoje você está num estágio de provas e expiações e, por isso, para você, a perfeição é vencer as
provas e cumprir as expiações. Quando atingir esta perfeição um novo horizonte se abrirá e aí começará a
buscar uma nova perfeição. Quando atingir aquela nova, um novo horizonte se abrirá e aí terá novas buscas.
Agora, saiba de uma coisa: a Perfeição Perfeita do universo é Deus e nenhum espírito vai atingir
isso. Digamos que Deus é a Perfeição das perfeições.
Conversando com um espiritualista 09
119.
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Evolução na encarnação compulsória
Participante: Você falou que Deus não pode promover a nossa reforma. Como ficam,
então, aqueles casos das reencarnações compulsórias?
Encarnação não é evolução espiritual: é oportunidade de. Sendo assim, posso dizer que Deus dá a
oportunidade, mas se o espírito não aproveitar, seja na encarnação planejada ou compulsória, ele nada
realizará.
A encarnação é só uma oportunidade que Deus dá, seja ela compulsória ou não, mas não a garantia
de elevação.
120.
Aptidões natas
Participante: Por que alguns vêm com mais aptidão para umas coisas do que outros?
Como disse, na hora de programar a encarnação, o espírito coloca o conhecimento científico
material, que vocês chamam de aptidão, de acordo com a necessidade da encarnação. Por isso uns tem mais
aptidões para umas coisas e outros para coisas diferentes.
Isso não tem problema. O importante é compreendermos que esta aptidão ou conhecimento não é do
espírito e nem fruto de conhecimentos de outras encarnações, mas ela está no ego e é disponibilizada para
esta encarnação apenas.
O ego contém todos os elementos necessários à realização dos objetivos da encarnação. Vamos dar
um exemplo: como é o nome daquele espírito humanizado surdo que fazia música?
Participante: Ludwig Van Beethoven.
Este espírito pode, ao longo de encarnações anteriores a esta, jamais ter conhecido uma única nota
musical. Pode, ainda, em encarnações posteriores, não ter tocado nenhum instrumento. Na verdade, toda
aptidão musical que demonstrou naquela encarnação foi fruto da organização de cultura musical colocada no
seu ego daquela encarnação, pois ele precisava dela para aquela encarnação.
O fato de ter nascido naquela encarnação como pianista, não quer dizer que em outra ele tivesse que
ser também necessariamente um músico. Muito pelo contrário: ele pode ter nascido açougueiro, ou
carpinteiro, se esta você a aptidão que atendesse aos objetivos desta outra encarnação.
Portanto, o espírito arruma a ciência material no ego de acordo com a sua necessidade durante a
encarnação. Tudo o que já havia sido conhecido anteriormente e que não teria valia nesta etapa da sua
existência espiritual apaga-se.
Veja bem. Se o espírito que viveu o ser humanizado que citamos (Beethoven) programou para em
uma nova encarnação ser açougueiro, o que a aptidão musical seria útil a ele? Nada. Ela seria inútil e saiba
que no Universo não existe nada que seja inútil.
Conversando com um espiritualista 09
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Portanto, devemos ter sempre em mente que todo o tempo que se gasta adquirindo ciência material
é inútil, é perda de tempo, pois toda esta cultura se apagará e nada vai restar. Apenas o conhecimento
universal, a ciência espiritual ficará.
121.
Ter pensamentos inferiores
Participante: É possível o espírito encarnado retroagir, ou seja, depois de adquirir uma
certa evolução ter um pensamento inferior?
Sim, é possível. Veja: a provação ocorre a cada segundo. Por isso, num momento você pode
avançar, em outro recuar.
Isso é até muito comum. Na verdade o que vai contar para o espírito é a média dos resultados
obtidos até o final da encarnação.
122.
Sensações ao longo do processo de evolução
Participante: Quando se entra nesse processo de elevação, o ego pode nos sabotar?
Podemos nos sentir mal, sem vontade de fazer muitas coisas? Dá vontade de se
recolher mais?
São muitas perguntas de uma vez só. Vamos responder uma de cada vez.
O ego pode lhe sabotar? É para isso que ele existe. Digamos que o ego é o diabo, que vive para lhe
tentar. Por isso vai estar sempre lhe tentando, ou seja, criando a sua prova.
Podemos nos sentir mal? Se você escolher se sentir mal, se sentirá assim. É você, o espírito, que
escolhe como se sentir durante as provações. Você pode escolher não se sentir mal.
Sem vontade de fazer muitas coisas, de se recolher mais? Essa vontade de se recolher mais é sinal
de, vamos dizer assim, de evolução espiritual. Ela ocorre quando você encontra a paz.
Saiba que riso forçado não é sinal de felicidade, mas sim de bobeira. Rir muito não quer dizer que é
elevado, pois muitos estão mortos por dentro e rindo por fora.
Na verdade, quando você alcança um estágio onde a sua intenção é estar sempre mais reservado,
estar sempre mais voltado para dentro, posso dizer que você está evoluindo.
123.
Dons inatos
Conversando com um espiritualista 09
página 97
Participante: O que o senhor falou a respeito de programar o conhecimento material é o
que chamamos de dons inatos?
Isso. Quando você programa na memória do seu ego algumas coisas para essa vida cria o que
vocês chamam de dons inatos. Mas, esta programação vai ainda mais longe.
Toda descoberta científica foi colocada no ego antes do nascimento. As informações sobre o assunto
ficam depositadas no ego esperando a hora de serem usadas para se descobrir alguma coisa. Aliás, o próprio
termo já diz: descobrir, ou seja, revelar o que está coberto.
Na verdade, não existem descobertas científicas, pois no Universo não existe nada desconhecido. O
que acontece não são descobertas, mas revelações de informações universais que já se encontram no ego e
que em determinado momento Deus dá o acesso a elas. Só isso.
Por isso devemos parar com essa veneração à aptidões inatas. Devemos parar de afirmar que tal
pessoa é muito inteligente, que suplanta os outros, que conhece muito mais do que a maioria. Ele não é
assim: foi dotado de informações na memória material para que pudesse exercer a sua provação no mundo. É
só isso.
Saiba: não existe espírito mais inteligente do que o outro não.
124.
A ajuda das aptidões
Participante: Queria saber no meu caso específico. Por que Deus me deu este gostar de
martelar, pregar prego na parede, mexer com massa, se nem trabalho em nada disso?
Tudo que está na sua memória é parte do seu ego e tudo que está no seu ego é para ser vencido.
Participante: Eu achava que era o contrário. Achava que essas aptidões eram para me
ajudar nessa encarnação.
São para lhe ajudar. Mas, ajudar a que? A construir casa? Mas, o espírito não vem para construir
casa. Ele vem para promover a sua reforma. Então, sim, elas existem para lhe ajudar a promover a sua
reforma e esta se consiste em não querer fazer se satisfazer fazendo aquilo que gosta de fazer.
Viu como elas lhe ajudam?
125.
A necessidade do novo planeta ser igual a este
Participante: O senhor fala que é necessário haver o equilíbrio, por isso vai haver um
outro planeta igual a esse. Eu acredito que esse necessário se refira à condição de
evolução do espírito, ou seja, sempre haverá espíritos em evolução, então sempre
haverá guerras, mortes, etc.
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Perfeito: sempre haverá espíritos em desenvolvimento e, por isso, sempre haverá uma humanidade
(seres individualistas) no Universo.
Não se esqueça: os afins se juntam. Por isso, sempre se juntarão num planeta aqueles que gostam
de guerrear. Eles guerrearão entre si até que um deles evolua (não mais critique a guerra). Quando isso
acontecer o que se reformou irá juntar-se aos que já atingiram aquele patamar enquanto o que gosta de
guerrear encontrará outro igual.
126.
Ciclo de vidas
Participante: Quando o senhor fala em novo ciclo, fala do início de uma nova fase?
Sim, cada fase é um ciclo de existência espiritual.
Para compreendermos isso perfeitamente, devemos nos lembrar que o tempo não é retilíneo, mas
cíclico. Por isso, você precisa girar toda a circunferência de uma fase vivenciando todos os carmas dela para,
só então, sair dele e começar um novo. Vamos dizer assim: precisa rodar um determinado ciclo por certo
tempo para só depois abrir um novo.
Aliás, essa forma de ver a existência (cíclica) não se aplica apenas à questão espiritual, mas a todas
as coisas da existência. Existem os ciclos da sua vida carnal (infância, juventude, maturidade, velhice), do
casamento, do namoro, de um relacionamento. Na verdade na vida tudo é formado por ciclos que você roda e
vai para outro.
Além disso, é preciso também se conscientizar que todos os círculos não são formados de forma
uníssona. Em qualquer um deles teremos sempre o apogeu que será seguido de um declínio. Quando se
atingir o fim do poço, começará, então, a ascensão que o levará de volta ao apogeu quando o ciclo se
encerra.
Quem quer viver qualquer ciclo apenas no apogeu se desilude, pois todas as etapas precisam ser
vivenciadas para que ele se complete e só então um novo possa ser começado.
127.
A necessidade da morte
Participante: Quando o Senhor estava falando de guerra e outras coisas necessárias, me
lembrei de carma e reencarnação. As pessoas que acreditam nisso podem compreendêlo, mas e quem não acredita em reencarnação? Como explicar a esse que quem morreu
precisava e merecia morrer e quem assassinou precisava e merecia se tornar um
assassino?
Simples: desígnios de Deus.
Participante: Aí eles responderiam que Deus não faria essa maldade, como já me
responderam.
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Acima de discutir se é maldade ou não ou se Deus é capaz de criar o mal, é preciso lembrar as
pessoas o que Cristo fala na Bíblia: Deus faz tudo acontecer.
Portanto, se esta pessoa não é espírita, ou seja, não acredita no carma e na reencarnação, mas é
cristã, ela precisa acreditar que Deus faz tudo acontecer. Se não acreditar, não pode dizer-se cristão, pois
estará negando Cristo.
O problema e que tem gente que separa o que gosta da Bíblia e utiliza apenas estas partes para
justificar o que acha. Isso não pode acontecer: o cristão deve crer nos ensinamentos bíblicos sem contestálos.
Se você for ler a Bíblia, apesar de não estar escrito claramente que há reencarnação, há a
informação de que Deus é Soberano. Ora, se Deus é soberano, foi Ele que fez tudo.
Agora, se outros ensinamentos valem e este não (Deus não é soberano da maldade do mundo) esta
pessoa tem que jogar fora todo ensinamento e não mais dizer-se cristã.
128.
Planeta chupão
Participante: Falando ainda do novo mundo para onde irão os que aqui não mais
puderem habitar, fala-se de um asteroide que passará pertinho da terra e servirá como
um bonde para transportar a turma atrasada para outras paragens.
Olha, pode se falar em asteroide, em nave ou em qualquer outro objeto que servirá de transporte
para os espíritos que não mais puderem habitar a Terra no novo mundo, pois qualquer elemento que você
disser será, na verdade, apenas um elemento material. Na verdade como já vimos neste estudo, o espírito se
locomove pelo pensamento
129.
O mundo humano é perfeito
Participante: Se os advogados e juízes utilizassem esse critério, a justiça dos homens
seria uma maravilha.
Seria uma maravilha para quem? Para o espírito? Não.
Os critérios hora adotados pela justiça humana são perfeitos, pois eles são instrumentos da ação
carmática. Como você poderia se libertar da ideia de culpado ou inocente se não houvesse leis que servissem
para isso?
As leis humanas, como estão, são perfeitas. Quem mata ou rouba merece ir para a cadeia: esta é a
ação carmática. Agora, como penalidade, ela não precisa receber a sua raiva, a sua indignação, as suas
condenações que afirmam que ele é um assassino, um monstro.
Isso ele não precisa, mas você dá porque afinal de contas, sabe que ele está errado.
Conversando com um espiritualista 09
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Percebe? Os acontecimentos são necessários para a sua tentação. Ao invés de querer mudar o
mundo, lute para não aceitar as verdades que o seu ego cria.
130.
Intenção
Participante: fale mais sobre a questão da intenção?
O que é intenção? É a motivação criada pela razão humana durante a participação nos
acontecimentos do teatro da vida.
Intenção não significa ação, mas sim motivação. A ação acontece e o ego coloca nas ações que
acontecem ou que acontecerá, uma motivação.
Participante: é um motivo?
Não, não é um motivo: é uma motivação.
Por que você veio aqui hoje? Não importa a sua resposta: esta é a sua motivação para vir.
Participante: mas, se estiver aqui motivado por um objetivo espiritual?
Foi o que acabei de dizer: o ego cria verdades fundamentadas em conceitos humanos sobre
santidade, reforma íntima, etc., para ludibriar o espírito.
Por que você está aqui? Porque quis vir, porque quis estar. Satisfazer o seu desejo de estar: esta é a
real intenção que está no seu ego. Afirmo isso porque, apesar dessa sua aparente preocupação com a
elevação espiritual, já houve dias em que poderia ter vindo, mas não veio. Se a preocupação com a busca da
reforma é tão grande, porque não veio nestas horas? Porque não teve vontade, porque preferiu fazer outras
coisas. Viu como a sua intenção de buscar a elevação não é tão grande?
A mente gera uma intencionalidade fundamentada em algo sagrado, divino, espiritual e, com isso,
mantém escondida a real intenção. Por isso você acredita que está aqui por causa de uma busca espiritual,
mas isso não é real.
É isso que o ser encarnado precisa compreender: ele não pode aceitar as justificativas que o ego
cria, pois a personalidade humana trabalha com motivações ilusórias para encobrir a verdadeira.
Portanto, por mais que imagine que é a sua motivação espiritual que lhe trouxe aqui, isso não é
verdade: você está aqui por motivos materiais. Está aqui porque a razão criada pelo ego neste momento disse
que era certo e bom, ou qualquer outra justificativa, estar aqui. Sendo assim, você está aqui por uma
motivação baseada no eu, no individualismo. Está aqui por um valor material (ser bom para você, ser de seu
interesse) e não pela busca espiritual.
Se você, a personalidade humana à qual um espírito está ligado, respondesse que não sabe porque
está aqui neste momento, eu poderia dizer que haveria, então, uma motivação espiritual. Agora, enquanto
souber porque fez alguma coisa, ou seja, tiver uma razão que afirme qualquer motivação para a prática de
uma ação, afirmo que acabou-se o espiritualismo.
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Ação sem intenção: essa é a base do ensinamento de Krishna. Por isso ele ensina assim aos seus
pares (os espíritos): repousa em mim (Deus) e assista a sua vida. Sabe o que é assistir a sua vida? ‘Olha, ele
está indo lá. O que vai fazer lá? Não sei. Voltará de lá? Não sei’.
Participante: então, eu não tenho que me perguntar por que faço isso ou aquilo?
Simplesmente faço. É isso?
O que é se perguntar por que faz alguma coisa? É descobrir uma intenção, criar uma motivação para
a ação.
Se a personalidade humana age assim, o espírito não deve acreditar que a resposta a esta pesquisa
é real, pois senão ele estará agregando uma intenção ao que é feito.
Participante: o que falo então: fiz porque fiz?
Isso, você fez porque fez. Lembre-se: quem faz alguma coisa com intenção sabe o que faz. Se as
ações praticadas pela personalidade humana são sempre fundamentadas no individualismo, o espírito que
acredita que fez algo por algum motivo se torna individualista.
Apenas um detalhe: não estou falando apenas de intenções que vocês consideram erradas ou más:
estou falando de todas as intenções. Mesmo quando faz alguma coisa com uma intenção considerada boa
(ajudar os outros, por exemplo), ainda existe uma intenção na personalidade humana que é individualista e,
portanto, esta ação passou a ser um ato egoísta.
‘Mas, Joaquim, você ficou maluco? Ajudar o próximo é um ato egoísta’, vocês me perguntariam. Eu
responderia: sim, é, pois o ego possui condições para ajudar alguém.
Se a personalidade humana cria razões que dizem que só deve ajudar a quem achar que deve e da
forma que achar certo ajudar, esta ajuda transforma-se num ato individualista, pois atende a requisitos
individuais. Apenas aquilo que é praticado sem submissão a nenhuma condição fundamentada em crenças e
valores individuais pode ser considerada universal.
Repare que o ser humano não ajuda indistintamente, mas apenas àqueles que ele considera que
precise de ajuda. Mais: não os socorre da forma que os outros querem ser socorridos, mas da forma que ele,
ser humano, acha que deve socorrer. Isso não é egoísmo?
Se a personalidade humana você fosse capaz de fazer sem motivação, ou seja, fazer por fazer e não
fazer do jeito que quer, fazer com a intenção de agradar o próximo, ganhar alguma coisa e tantas outras
condições que ela cria, eu poderia dizer que era universalista. Mas, como isso não acontece, não posso
afirmar isso.
Agora ficou claro? Motivação é a razão que o ego propõe para o espírito durante a realização de
ações. Essa razão não é real, mas apenas um elemento da grande aventura do espírito e existe para que
esse possa fazer a sua provação. Por isso, essa razão deve ser abandonada.

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