Obras - Sociedade da Mesa
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Obras - Sociedade da Mesa
128 2a quinzena de Novembro 2013 Sociedade da Mesa R$ 13,00 clube de vinhos Direção Dario Taibo índice Direção da revista Dario Taibo [email protected] Editora-chefe Paula Taibo Morales [email protected] Projeto gráfico e diagramação Debora Ochoa [email protected] Redação [email protected] 04 - Seleção Mensal 14 - Obras-Primas 20 - Matéria-Prima: Castanha Atendimento ao cliente [email protected] 26 - Perguntas e Respostas: assemblage, coupage e blend Contato de Publicidade [email protected] 30 - Um pouco de receita: Uma noite especial Impressão 14.000 exemplares 32 - Drinks: French 75 Valor da Revista R$ 13,00 (+ Correio) Valor da Assinatura Anual R$ 109,00 (+ Correio) 34 - Entrevista: chef Checho Gonzales 42 - Viagem: Cork 46 - Programa Saca-Rolha Sociedade da Mesa 53 - Acessórios / 54 - Vinhos em Estoque clube de vinhos Rua Branco de Moraes, 248/11 Chácara Santo Antônio - São Paulo - SP - Brasil CEP 04718-010 (55-11) 5180-6000 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br 57 - Próximas Seleções seleção Especial seleção seleção Mensal Grandes Vinhos 12 seleções/ano 4 seleções/ano Dario Taibo sócio-diretor CAPA Foto: Antonio de Benito seleção Mensal 04 05 12 seleções/ano SELEÇÃO MENSAL Texto: Alberto Pedrajo Pérez e Javier Achútegui Dominguez Fotos: divulgação Áustria, os vinhedos do reino do leste Krems Valley Áustria Rep. Checa Alemanha O Vinho na Áustria - 2012 Superfície de vinhedo: 44.485 Hectares Volume de vinho produzido: 2.505.165 hl Áustria Hungria Ao longo de nossas seleções de vinhos, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a origem das primeiras produções de vinho no mundo. E de descobrir novos países, como a Geórgia e a Romênia, que levam milênios cultivando a videira e hoje em dia continuam usando técnicas ancestrais para a elaboração de seus vinhos. Também conhecemos um pouco mais sobre países como Itália, Espanha e França, onde a cultura do vinho está profundamente enraizada no dia a dia. Mas talvez, poucos poderiam imaginar que na Áustria, os Celtas já elaboravam vinho antes da ocupação romana, o que concede a esse país o direito de ser considerado como um dos produtores com mais história e tradição da velha Europa. Itália Eslovênia GOTTWEIGER BERG 2012 GOTTWEIGER BERG 2011 GRUNER VELTLINER ZWEIGELT 06 07 A lei austríaca do vinho: a qualidade como objetivo principal Os vinhedos austríacos cobrem uma superfície de aproximadamente 45.000 hectares, concentrandose principalmente no leste e sudeste do país. Sua produção foi dirigida principalmente para os vinhos brancos, embora, nas últimas décadas, a proporção dos vinhos tintos tenha sido duplicada, representando agora aproximadamente 35% dos vinhedos da Áustria. Como em tantas outras regiões vitivinícolas onde o consumo nacional foi o principal mercado durante décadas, não era fácil, no passado, conhecer bem seus vinhos. A longa tradição em seu consumo faz com que a Áustria esteja na oitava posição no mundo como país consumidor, fato que, no passado, limitava sua exportação. Um importante esforço de seus viticultores e bodegueiros na reestruturação e modernização de vinhedos e bodegas, e as condições climáticas excepcionais na última década, fez com que a produção dos vinhos austríacos crescesse significativamente. O setor, ciente deste aumento de produção, somado à qualidade de seus vinhos, desenvolveu uma campanha de marketing agressiva em nível mundial. Isto facilitou a entrada, pouco a pouco, dos vinhos austríacos nos mercados internacionais que se abriram nos últimos anos. Os vinhos da Áustria estão gozando atualmente do reconhecimento mundial, graças à sua qualidade indiscutível. A Áustria tem paisagens alpinas espetaculares, mas seus vinhedos em platôs orientados para o sul, que envolvem os vales, formam uma paisagem excepcional. Uma viticultura que muitas vezes nos faz refletir sobre o amor e carinho que estas pessoas têm pelos seus vinhedos. O país divide-se em quatro grandes regiões vitivinícolas: Niederösterreich, Burgenland, Steiermark e Viena. Sobre essas 4 regiões, vale destacar Niederösterreich (Baixa Áustria) por seu tamanho e qualidade, onde se pode encontrar grande variedade de estilos de vinhos, mas onde a rainha das variedades é, sem dúvida, a Grüner Veltliner com 44% da superfície da região. Em Niederösterreich, existem oito regiões vitícolas: Carnuntum, Kamptal, Kremstal, Thermenregion, Traisental, Wachau, Wagram e Weinviertel. Devido às circunstâncias do campo, a leis rígidas de vinhos e à estrutura da economia, o negócio continua dominando pequenas e médias empresas vitivinícolas. Portanto, seus vinhos são produzidos com muito trabalho manual e carinho. Geralmente, as leis sobre os vinhos costumam ser complexas e tediosas para o consumidor. As difíceis classificações dificultam a compreensão e este não percebe, na maioria das vezes, o porquê destas leis tão complexas, que procuram, principalmente, proteger o consumidor final. Por pertencer à União Europeia, a Áustria toma como referência as mesmas leis de todos os Estados membros, como Itália, Espanha, França etc. Mas, preocupadas em garantir o máximo em qualidade de seus vinhos, suas leis vão além, já que a legislação vitivinícola austríaca vigente está orientada principalmente para garantir ao consumidor um produto de qualidade máxima. Embora esta lei esteja em consonância com as políticas europeias referentes ao vinho, ainda conserva seu caráter próprio. Um sistema rigoroso de controle que acompanha a produção de vinho, da uva até a garrafa. A lei do vinho austríaco estabelece uma classificação de qualidade de acordo com uma série de parâmetros. Existem três categorias principais: Tafelwein (vinho de mesa), Qualitätswein (vinho de qualidade) e Prädikatswein (vinho de qualidade excepcional). 08 Além disso, existem outras duas subcategorias dentro das anteriores: Landwein e Kabinett. O fator essencial de diferenciação entre elas é a quantidade de açúcar contido no mosto, de acordo com a escala austríaca Klosterneuburger Mostwaage (KMW). A seguir, apresentaremos uma breve descrição de cada categoria: Tafelwein: vinho de mesa produzido a partir de uvas que tenham um mínimo de amadurecimento de 13º na escala austríaca KMW (Klosterneuburger Mostwaage) ou 63º Öchsle na Alemanha. Landwein: um vinho de mesa pode ser denominado “Landwein” se o teor de açúcar for, no mínimo, 14º KMW. As uvas usadas devem provir exclusivamente de apenas uma região vinícola. Qualitätswein: o rótulo de qualidade deve corresponder a uma graduação autorizada e a um tipo de vinho de qualidade que provenha de somente uma região vinícola. O mosto deve ter um mínimo de 15º KMW (73º Öschsle), com um máximo de 4,5 kg/hl de açúcar acrescentado, para resultar em um máximo de 19º KMW (94º Öschsle) em vinhos brancos, ou 20º KMW nos tintos. Existem níveis mínimos de extrato, álcool e acidez. O vinho foi aprovado pela administração. 09 Kabinettwein: este rótulo pode ser usado para um Qualitätswein, se o mosto tiver um mínimo de 17º KMW (83,5º Öschsle) e um máximo de 19º KMW (94º Öschsle). Não é acrescentado açúcar ao mosto. O teor total de álcool deve ser de, no máximo, 12,7%. Pradikatsweine: é um Qualitätswein de um amadurecimento excepcional e a colheita deve atender a uma série de requisitos: - As uvas devem ser colhidas de uma forma determinada, ter amadurecido até um determinado nível e não devem ter sido alteradas. O açúcar residual pode ser produzido somente através de uma ruptura na fermentação (não acrescentando açúcar de uva). - A colheita e a variedade de uvas devem ser especificadas, quando o vinho for produzido com uvas de colheita tardia. - As uvas usadas na produção de um Prädikatswein (com a exceção de Spätlese ou Eiswein) não devem ser colhidas por máquinas. Dentro do Prädikatsweine existem outras subcategorias: - Spätlese (mínimo 19º KMW - as uvas devem estar completamente maduras). - Auslese (mínimo 21º KMW). - Eiswein (mínimo 25º KMW). - Beerenauslese (mínimo 25º KMW). - Ausbruch (mínimo 27º KMW). - Trockenbeerenauslese (mínimo 30º KMW). Quanto ao volume de vinhos de qualidade produzidos, o Qualitätswein (qualidade comum) ocupa o primeiro lugar (90,7%), seguido de longe pelo Kabinettwein (6,7%) e o Spätlese (2,5%). 10 11 As condições geográficas especiais onde estão localizados os vinhedos contribuem com a singularidade de seus deliciosos vinhos, aromáticos e elegantes, mas com caráter. A busca constante pela qualidade tem sido a receita para o sucesso de seus vinhos nos últimos anos, tornando-os vencedores dos principais concursos e publicações, tanto nacionais quanto internacionais. Gruner Veltliner, a variedade mais importante da Áustria A Grüner Veltliner é considerada a bebida nacional da Áustria. Com quase 35% da superfície total, é a variedade mais comum no país e, portanto, sua especialidade. É a uva típica e de amadurecimento tardio que produz vinhos brancos simples, sutis, mas repletos de aromas e essências elegantes e muito, mas muito, refrescantes. Possui marcantes notas cítricas, fruta branca e especiarias quando seu amadurecimento está completo, porém se transforma em vegetal com notas de casca e talo, quando o amadurecimento não se completa. É um vinho que se encaixa na tendência atual dos vinhos leves, secos e de passagem frutada na boca, certo toque salgado e um final levemente amargo e picante. Weingut Müller Zweigelt, a uva tinta da Áustria A uva tinta Zweigelt é uma híbrida criada em 1922 pelo Instituto Federal da Viticultura e Fruticultura de Klosterneuburg, Áustria, por Fritz Zweigelt, fruto do cruzamento das variedades St. Laurent e Blaufränkisch. Hoje em dia, é a variedade da moda na Áustria, já que os vinhos produzidos com ela, principalmente os jovens, de cor vermelha com reflexos violetas, picante e repletos de frutas vermelhas como Grüner Veltliner, refrescam a cada gole. Localizada no sul do vale de Krems, no coração da bucólica vinícola Krustetten, está a bodega deste mês, Weingut Müller, de construção recente e equipada com a última tecnologia para a produção de vinhos de alta qualidade. Neste cenário incrível, que é o vale de Krems, Leopold Müller e sua família estão produzindo, graças à sua paixão, dedicação e perfeição, alguns dos vinhos mais interessantes da região. A família Müller cuida de seus vinhedos desde 1936, sendo a terceira geração que atualmente gerencia a bodega e os vinhedos. Leopold é o encarregado da enologia e seu irmão Stefan, do gerenciamento dos vinhedos. E como já comentamos, na Áustria o consumo do vinho faz parte da cultura, e seu entusiasmo é tão grande que ele é quase todo consumido ali mesmo. Portanto, este mês, e antes que terminem tomando todo o vinho do país, selecionamos duas de suas variedades mais autênticas, originais e mais difíceis de serem pronunciadas: a uva branca Grüner Veltliner e a uva tinta Zweigelt, da bodega Weingut Muller. Não é fácil conseguir vinhos da Áustria com esta qualidade ao preço disponível aos nossos associados, portanto não percam a oportunidade de beber estas duas impronunciáveis variedades austríacas, Grüner Veltliner e Zweigelt, que a família Müller produziu com tanta sabedoria. 12 GOTTWEIGER BERG 2012 - GRÜNER VELTLINER Áustria 13 seleção Mensal 12 seleções/ano País: Áustria Região Vitivinícola: Kremstal (Krems Valley) Indicação Geográfica: Baixa Áustria (Niederösterreich) Uvas: 100% Grüner Veltliner Produtor: Weingut Müller O vinho: as uvas provêm de vinhedos ecológicos localizados ao redor de GottweigerBerg, ao sul do vale de Krems. Ali, o caráter da uva Grüner Veltliner tem todo o potencial de desenvolvimento, graças às oscilações de temperatura entre a noite e o dia durante a época da colheita, o que faz com que a uva atinja seu amadurecimento perfeito. Mas o caráter desta variedade nestas terras não depende somente do clima. A influência do rio Danúbio, assim como os solos ricos em argilas, contribui para que esta uva seja encontrada em seu paraíso particular. É dada especial atenção ao amadurecimento completo da uva e somente são colhidas as que são consideradas ótimas. Uma vez colhidas, são levadas para a bodega onde são prensadas diretamente, desde onde o mosto é levado para os tanques de aço inoxidável onde fermentam a temperatura controlada. Depois da fermentação e do posterior trasfegar, o vinho é armazenado até seu engarrafamento final. A cata: amarelo pálido bonito, com reflexos verdes e levemente rosado na primeira taça. Sua primeira impressão no nariz com a taça parada é de fruta branca e floral, mas uma vez que agitamos a taça, as notas de maçã se destacam. Na boca, é refrescante com uma passagem fácil, voltando aos aromas percebidos de fruta branca na boca, com um leve amargor final, que agrega longa permanência no paladar. Harmonização: seu frescor e delicadeza fazem uma combinação perfeita com saladas, pratos de massa asiáticos, peixes e, é claro, mariscos cozidos. Temperatura: degustar a uma temperatura entre 8˚ e 10˚C. Não é necessário decantar nem abrir previamente. Caso apareçam notas de redução depois de abrir a garrafa, por causa do gás carbônico do vinho, deve-se esperar alguns instantes ou agitar levemente a taça. Assim se apresentará pleno e elegante. Guarda: para degustar agora, sem mudanças notáveis ou evoluções nos próximos anos. Em boas condições de conservação, poderemos degustar deste vinho nos próximos 2 a 3 anos, por ser fresco e jovem. seleção GOTTWEIGER BERG 2011 - ZWEIGELT Áustria País: Áustria Região Vitivinícola: Kremstal (Krems Valley) Indicação Geográfica: Baixa Áustria (Niederösterreich) Uvas: 100% Zweigelt Produtor: Weingut Müller O vinho: as uvas procedem de vinhedos cultivados sobre solos profundos, formados por cascalhos e argilas que fornecem caráter a esta variedade. Estas características, junto às condições climáticas únicas do vale do Danúbio, são a base para o amadurecimento equilibrado desta uva. Mensal 12 seleções/ano Depois de sua colheita em meados de outubro, a uva fermenta em tanques de aço inoxidável durante sete dias, com bombeamentos diários para facilitar a extração de aromas e cores. Depois de completar a fermentação maloláctica nos tanques, é armazenada até ser engarrafada. A cata: de intensidade média e cor vermelho arroxeado, no nariz apresenta discretas notas de fruta vermelha, que dão continuidade a notas de terra úmida, raiz e casca. Na boca, é equilibrado com um tanino integrado e polido. Vinho longo na boca, graças à sua acidez pungente. Harmonização: estes vinhos tintos tão frescos devem ser degustados com pratos de massa bem carregados de molho de tomate ou uma suculenta pizza de queijo mussarela e carne. Temperatura: degustar a uma temperatura entre 15˚ e 17˚C. Não é necessário decantar nem abrir antes de consumir. Guarda: para degustar imediatamente, sem mudanças previsíveis ou evoluções nos próximos meses, para que se possa degustar deste vinho em seu momento mais pleno. seleção Obras Primas 14 15 4 seleções/ano Piemonte SELEÇÃO OBRAS-PRIMAS Texto: Alberto Pedrajo Pérez e Javier Achútegui Dominguez Fotos: divulgação Itália Barolo, os grandes vinhedos no Piemonte PIO CESARE “BAROLO” Itália O Vinho na Itália (2012) Superfície de vinhedo: 769.000 Hectares Ranking mundial superfície de vinhedo: 3º Volume de vinho produzido: 40.060.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 2º Continuamos percorrendo a velha Europa pelas suas regiões vitivinícolas de maior destaque e, neste mês, chegamos ao Piemonte, mais precisamente à D.O.C.G. Barolo. Sem dúvida, é uma das regiões com mais fama internacional e, juntamente com a Toscana, a joia dos vinhos italianos. Para esta seleção Obras-Primas, escolhemos um dos produtores mais famosos da região, Pio Cesare. Este é um grande vinho, não só pelo seu renome nem pela sua Indicação Geográfica, mas sim porque provém de um dos poucos produtores que sabe manter o estilo, ano após ano, mesmo com uma variedade tão complicada como é a Nebbiolo e esse clássico produtor sabe o que faz e o defende fugindo de modismos e tendências. Um vinho clássico? Sim, sem dúvida nenhuma - viva os clássicos como Pio Cesare! - graças a eles podemos apreciar joias da enologia como o vinho desta seleção Obras-Primas. 16 O Piemonte sempre foi uma região complexa. A dificuldade de sua topografia, a pobreza de seus solos e o clima extremo, fez com que não tivesse destaque no passado, nem sequer na esteira de seus vizinhos mais ricos. Enquanto que outros vinhos italianos, os brunellos toscanos, eram consumidos e ficavam famosos por toda Itália, inclusive no Vaticano, durante os séculos XIV e XV, o Piemonte se limitava a ver passar os carregamentos de vinho de outras regiões vitivinícolas em direção ao norte. Os habitantes desta terra dura, com seu clima frio e suas neblinas constantes, eram os únicos consumidores dos vinhos da região. Vinhos rudes, ácidos e geralmente doces. Foram necessários quatro séculos, para que os personagens de destaque da história da Itália mudassem o rumo dos vinhos em Piemonte. Camillo Benso, Conde de Cavour, foi um político que quase protagonizou a unificação italiana na sua juventude. No entanto, decidiu abandonar o exército, convencido da pouca sintonia que havia entre a vida de limitações e seus ideais liberais, para voltar à Piemonte e administrar as fincas da família. 17 Sendo considerado um empresário agrícola eficiente e graças aos a seu conhecimento das diferentes regiões vitivinícolas da Europa, ele contratou os serviços de um enólogo de Bordeaux, com o objetivo de emular os “clairets” bem sucedidos naquele momento. As novas técnicas de vinificação deram um novo ar àqueles vinhos anteriormente rudes e “intomáveis”. Além dessa contribuição para a D.O.C.G. Barolo, houve outra de maior peso, provocada na mesma época, por Dona Julieta Francês Colbert de Maulévrier. Essa dama se mudou em 1806 para Turim e se casou com Carlo Tancredi Falletti Falleti, um rico banqueiro que possuía o título de Conde de Barolo. Rapidamente, a marquesa demonstrou sua vocação beneficente criando orfanatos, colégios e creches em zonas desfavorecidas da Itália. Em 1843, ela chamou o enólogo Louis Oudart, chamado de “O Francês” com o objetivo de obter vinhos de qualidade em suas terras. Oudart relacionou o problema da doçura dos vinhos da região às baixas temperaturas de Piemonte, que cortavam a fermentação, recomendando umas leveduras que facilitariam o final da fermentação dos vinhos para que não sobrassem restos de açúcar. O novo vinho seco agradou tanto ao Rei Carlo Alberto de Saboya de tal forma que virou moda em todas as cortes europeias e deste fato veio o ditado “Barolo, rei dos vinhos e vinho dos reis”. “Denominazione di origine controllata e garantita Barolo“ A D.O.C.G. Barolo (“Denominazione di Origine Controllata e Garantita Barolo”) foi criada no começo dos anos 80, e é assim denominada por causa da localidade homônima do Piemonte, na província de Cuneo. A região vitícola de Barolo progrediu sem parar durante o século XX a partir da associação “Pro-Barolo” até a fundação do Consorcio, para logo obter a D.O.C. e a D.O.C.G. atual criada no começo dos anos 80 até o início do Plano de Controle para a Certificação requerida pela União Europeia em 2005. O último marco de destaque da D.O.C.G. Barolo foi a delimitação e a formalização da disciplina geográfica adicional que aconteceu em 2009. 18 A D.O.C.G. Barolo ocupa 1.190 hectares. A paisagem é realmente grandiosa, enquadrada pela presença dos Alpes nevados e enriquecida por uma milenária tradição vitícola e cultura. Ela se estende por 11 municípios: cinco grandes (Barolo, La Morra, Monforte, Serralunga, Castiglione Falleto) e seis menores (Verduno, Novello, Cherasco, Diano, Roddi e Grinzane Cavour). Cada um está dividido em “pagos” ou vinhedos de qualidade que, por sua vez, pertencem a vários proprietários. No entanto, se falamos de um Barolo Cannubi, o que sabemos é que é um vinho do “pago” Cannubi, no município de Barolo, e devemos completá-lo com o nome do produtor, dado básico e determinante, já que a classificação dos vinhos, igual como ocorre na Borgonha, passa indiscutivelmente pela relevância do “pago” e também do produtor. Pio Cesare Pio Cesare leva o nome do fundador das bodegas, quem, na segunda metade do século XIX, foi um dos primeiros em acreditar no grande potencial dos vinhos de Barolo, Barbaresco Barbera. Cinco gerações depois, estamos diante de uma das bodegas mais emblemáticas do Piemonte, onde continuando os passos de seu fundador, os vinhos são produzidos a partir de seus 50 hectares de 19 vinhedo familiar, assim como de um grupo reduzido de viticultores locais que historicamente abasteceram a bodega. A bodega está localizada no centro da cidade de Alba. Algumas de suas paredes são da época do Império Romano, 50 A.C.. Recentemente foram feitos investimentos importantes para reconstruir e reestruturar as bodegas e suas instalações, unindo tradição e modernidade. Pio Cesare tem mais de 50 hectares de vinhedos localizados nas regiões mais valorizadas e melhor expostas de Barolo, em emblemáticas propriedades como: “Ornato”, “Colombaro” ( em Serralunga d’Alba), “Gustava” (em Grinzane Cavour), “Roncaglie” (em La Morra) e “Ravera” (Barolo- Novello). Os vinhos são fermentados e envelhecidos com técnicas de vinificação modernas juntamente com os métodos mais tradicionais da região. Depois de um envelhecimento em grandes tonéis de diferentes carvalhos franceses, os vinhos são envelhecidos em garrafa antes da sua comercialização. De produção limitada, os vinhos de Pio Cesare são classificados entre os melhores e mais respeitados do mundo. A dedicação da bodega com a qualidade garantiu a Pio Cesare uma posição destacada também entre os produtores de Piemonte. seleção Obras Primas PIO CESARE 2008 “BAROLO”– Itália 4 seleções/ano País: Itália Região Vitivinícola: Piemonte Indicação Geográfica: D.O.C.G. BAROLO Uvas: 100% Nebbiolo Produtor: Pio Cesare Estamos diante de um formidável e clássico Barolo. Este vinho define perfeitamente o que a variedade Nebbiolo exprime. Um vinho com estrutura firme e taninos aveludados. Um exemplo de como uma safra tão complicada como a de 2008 - com condições climáticas adversas - pode nos surpreender com tempo e paciência. Um vinho pronto para ser consumido e que ainda crescerá na garrafa, sem duvida nenhuma. O vinho: as uvas são colhidas nas propriedades da família em Serralunga d’Alba (Ornato), Grinzane Cavour (Gustava), La Morra (Roncaglie), Barolo- Novello (Ravera), assim como de um grupo de viticultores que levam gerações trabalhando com a família. Devido à complexidade da gestão da variedade Nebbiolo, é feito um minucioso acompanhamento dos amadurecimentos das diferentes parcelas - que são vinificadas em seu ponto ótimo de amadurecimento em tanques de aço inoxidável. Depois da fermentação alcoólica, permanecem aproximadamente 20 dias em contato com suas cascas até que 30% do vinho seja transferido para barris de carvalho francês, e 70% para tonéis de madeira de 2.000 e 5.000 litros de carvalho também francês, onde permanecem por 3 anos. A cata: vivo de cor rubi granada, com reflexos de tijolo. Aromas de boa intensidade e diversidade que se misturam com grande elegância, notas de crianza - grafite, folhas de chá, caixa de charutos, ameixa seca e chocolate amargo. Na boca é fino e equilibrado, surpreende a integração com o álcoo nada marcado, acidez ajustada aparecendo novamente notas de grafite. Final longo e envolvente de um vinho pleno. Harmonização: este Pio Cesare 2008 acompanha perfeitamente fígado de pato ou rins de cordeiro grelhado. Queijos mais claros e de meia cura tipo gorgonzola, pratos com especiarias ou carne de vitela ao molho com um toque picante. Temperatura: degustar a uma temperatura entre 17˚ e 19˚C. Convém decantar na garrafa com leve oxigenação para mostrar o vinho em sua amplitude de nuances. Fique de olho na temperatura quando for decantado, já que sua alta graduação pode interferir no consumo a temperaturas superiores a 22˚C. Armazenamento: está pronto para consumo imediato e até os próximos 5 anos (mantido em boas condições de armazenamento). ASPA INGENIEROS: C\ La Campa nº 11 26005 Logroño (La Rioja) www.aspaingenieros.com skype: alberto.pedrajo.aspa T: +34 941210448 F: +34 941287072 20 21 REVISTA SOBREMESA Matéria Prima Texto: Álvaro López del Moral Fotos: Antonio de Benito Castanha Com aparência sedutora, estes humildes frutos secos representam o exemplo de aclimatação nutricional milenária, a qual expõe seu potencial para converter-se na base da pirâmide alimentícia. 22 Se tivéssemos de enviar para o espaço um alimento que demonstrasse aos hipotéticos habitantes de outro planeta a capacidade de adaptação nutricional da civilização humana e condensasse, em sua essência, as chaves da nossa dieta, o escolhido deveria ser a castanha. Antes do século V, anterior ao comércio ultramarino, esse oblongo fruto seco já esbanjava todo o seu poder energético e já havia estabelecido seu feudo natural sobre territórios mediterrâneos de alta densidade arbórea, nos quais não havia lugar para cultivo. Nessa época, a castanha já era empregada como base na elaboração de farinhas, demonstrando um claro exemplo de integração desse fruto em torno de nossa espécie. Em contrapartida, não demoramos a apreciar as bondades do fruto surgido dentro de cápsulas espinhentas de plantas de até 35 metros de altura. O filósofo grego Xenofonte definiu-as como “árvores de pão” graças às suas qualidades revigorantes e vocação para o consumo. Ricas em carboidratos complexos – de efeito saciador e estabilizador dos níveis de açúcar, com pouca gordura quando comparadas com outros frutos secos -, além de muita proteína, vitamina E, fibras, cálcio, fósforo e potássio, as castanhas pareciam revelarse como a solução natural para a escassez de alimentos anterior ao descobrimento da América, por sua capacidade de armazenamento para tempos de escassez. Foram introduzidas na Espanha pelos romanos e encontraram abrigo no amparo dos montes do píncaro cantábrico, que ainda hoje mantém uma rica cultura popular em seu entorno. Atualmente, na Galícia e Cantábria, sua colheita continua sendo celebrada com uma festa chamada Magosto. Na Catalunha é tradicional realizar, em 31 de outubro, a grande Castanyada, que no País Basco recebe o nome de Gaztainerra e, em Astúrias, Amagüestu. Seu cultivo também se estendeu pela comarca de El Bierzo, a serra onubense de Aracena, para os povos sevilhanos de Constantina e Cazalla, Alpujarra e as montanhas de Ronda, em Málaga. Estas zonas mantêm plantações espetaculares, que se manifestam especialmente quando, coincidindo com a época da colheita, a estação das chuvas, tem os castanhais com a sinfonia de cores avermelhadas, magenta, amarela e laranja. 23 Auge e declínio Tanto nesses lugares quanto no resto da Europa, esse fruto da família das fagáceas continuou sendo estimado como base da pirâmide nutricional durante milênios, até que os produtos trazidos do Novo Continente acabaram com a sua hegemonia. Como resultado do êxito alcançado pelos tubérculos e gramíneas trazidas do outro lado do oceano, a castanha caiu em desuso e aquilo que parecia ser uma panaceia nutricional imprescindível, passou a converter-se num alimento difamado, em virtude de sua digestão pesada – talvez,daí venha a expressão espanhola “agarrarse una castaña” (sofrer uma indigestão) – passando a ser destinada unicamente para alimentar gado. Agora, a castanha parece estar experimentando um novo auge e reivindica, sem complexo, seu lugar de honra entre os componentes essenciais da alta culinária. Os chefs de maior prestígio reconhecem suas virtudes, tanto para guarnição - combina muito bem com verduras, legumes e carnes de caça e ave -, como para recheio ou para emulsão, como parece demonstrar Karlos Arguiñano, com seus Jarretes assados com purê de maçã e castanha. Também podem ser empregadas na elaboração de licores e cervejas ou simplesmente cozidas, assadas e, inclusive, cruas. Nesse último caso, é recomendável que estejam suficientemente maduras e tenras. Igualmente, se deseja assá-las, é imprescindível fazer em cada castanha um corte em forma de cruz, sob a pena de vê-las estourando sem clemência. Para facilitar as coisas, uma boa ideia é deixá-las de molho durante 15 minutos antes de colocá-las no forno ou micro-ondas. O famoso pão de castanhas, antigamente considerado produto de primeira necessidade, hoje constitui um autêntico luxo para gourmets, ainda que se costume misturá-las com produtos como o Pacharán Navarro (drink consumido na Navarra, Espanha), as laranjas, as peras ou o crocante de frutos secos, entre outras muitas opções. Também é muito habitual seu uso na confeitaria. Normalmente, são utilizadas as castanhas pilongas, que são as que se encontram mais maduras no estado cru. Às vezes, depois de haverem sido submetidas 24 25 Obrigada a reinventar-se ao processo de secagem através de defumação, faz-se também marrom glacé, sobremesa francesa na qual se utiliza clara de ovo e frutas caramelizadas e glaceadas. Josep María Ribe prepara-as em um mousse de chocolate branco, agregando laranjas; Carme Ruscalleda incorpora-as ao seu conhecido bolo de castanhas com frutas vermelhas, folhas de menta e pimenta-rosa em grãos, enquanto o midiático Julius demonstra suas numerosas possibilidades e combinações com massa folheada de torta de Casar (queijo produzido na Espanha), ao que agrega castanhas em calda e sementes de papoula. Sem dúvida, apesar de tratar-se de um artigo de temporada, o fato é que na Espanha não sopraram ventos favoráveis à sua produção. Pelo menos é o que considera Maitê Gonzaléz, gerente do grupo de exportação Ourensano Cuevas, o qual assegura que, durante 2011, a colheita desse fruto foi reduzida pela metade, obtendo-se somente oito mil quilos frente aos quinze mil previstos, o que consolida uma tendência antecipada há quatro anos. Maitê afirma que, além da Galícia, essa situação também afeta Estremadura e Andaluzia. ”O setor está em crise, e a causa desse cenário são as inclemências climáticas e a existência de uma falta de confiança em torno desse produto”. Obrigada então a reinventar-se novamente, a castanha procura seu espaço e parece ter encontrado um novo objetivo no mercado de luxo. “Ela está em cartaz nos grandes restaurantes do mundo”, diz Gonzalez. A Espanha exporta para mais de 30 países e se prepara para o continente asiático, onde há um grande entusiasmo sobre essas frutas. A ausência de glúten (proteína encontrada no trigo e em outros cereais que afeta o intestino delgado dos celíacos) na farinha de castanha parece haver convertido-se também em aliada comercial dessa modalidade frutífera. Empresários de diferentes cooperativas de El Bierzo começaram a desenhar uma linha de venda específica para esse tipo de cliente com castanhas da variedade parede, que cresce unicamente nessa área da Espanha. Ainda que existam cerca de 80 variedades catalogadas de castanhas – marrom, peregrina, amarela de Burdeos, açucarada espanhola, grossa verde, grossa vermelha... todas elas podem agrupar-se em quatro grandes grupos: a europeia ou comum (cultivada na Espanha); a chinesa, com sabor adocicado; a japonesa e a americana. Na cozinha asiática, também se costuma utilizar um tubérculo denominado castanhad’água chinesa, que tem uma forma muito parecida com a da castanha comum, mas que não deve ser confundida com essas frutas sazonais. Da mesma forma, estas abundantes fagáceas apresentam qualidades terapêuticas altamente identificáveis. São muito indicadas para casos de estresse e depressão, ajudam a combater os problemas cardiovasculares e de memória, têm propriedades antitumorais e anti-inflamatórias, além de serem muito apropriadas para aqueles que sofrem de males da próstata e varizes, entre outros problemas. Se depois de conhecer todos esses atributos, você continuar olhando para esse produto com indiferença, reconsidere, porque às vezes, a simplicidade é uma mera fachada para assuntos verdadeiramente relevantes, que podem esconder-se nos lugares mais inesperados. Sobremesa é a revista de vinhos e gastronomia de Vinoselección. 26 27 PERGUNTAS E RESPOSTAS Alberto Pedrajo Pérez Por quê? ASSEMBLAGE, COUPAGE ou BLEND? Em nossos artigos, falamos com frequência sobre a riqueza do vocabulário que existe relacionado ao mundo do vinho. Procuramos aproximar expressões frias a uma linguagem compreensível. Se há uma coisa da qual o mundo do vinho pode orgulhar-se é do dicionário, que vem sendo enriquecido ao longo da história com uma infinidade de termos de origens diferentes. 28 29 Muitas vezes, alguns termos usados como sinônimos surgiram em utilizações distintas. Por isso, temos de entender a que se deve a palavra, em sua origem. Algumas palavras são utilizadas erroneamente, como se fossem equivalentes, para definir uma mesma ação. E como o objetivo principal dos nossos artigos é explicar o porquê das coisas deste “mundinho”, aqui temos demonstrado o que para mim é o melhor exemplo de um dos usos mais ambíguos do dicionário vitivinícola: os termos “assemblage” (montar), “coupage” (misturar) e “blend” (misturar). Essas palavras poderiam resumir-se como o ato de misturar, contudo elas têm diferentes matizes em função da sua origem. E é aí que começa o problema. Essas três expressões são comumente utilizadas como sinônimos e isso não está correto. O mais técnico e preciso provavelmente seja “assemblage” que definiria a mistura de vinhos, mas, o mais empregado é “coupage”, que é utilizado de forma indiscriminada para definir tanto a mistura de uvas como a de vinhos. E da onde surge esse erro? É comum deparar-se com esses termos quando lemos artigos relacionados ao mundo do vinho. Os escritores, com o intuito de refinar seus textos, utilizam-nos indistintamente, de forma imprecisa e confusa, e é isso que fomenta a confusão. Coupage Assemblage No dicionário, a palavra assemblage é definida como a união de duas ou mais peças que formam parte de uma única estrutura e cujo fim é que se encaixem perfeitamente. Esse termo de origem francesa vem a significar exatamente isso: a arte de misturar vinhos e não, as uvas que compõem o caldo. Esses vinhos são elaborados separadamente, segundo variedades, diferentes parcelas ou métodos de elaboração e safras diferentes. A mistura tem a finalidade de unificar qualidades ou compensar com as qualidades de uns, os defeitos de outros e assim obter um vinho melhor. Assim como o termo anterior, essa palavra é de origem francesa e também está ligada ao conceito de misturar, tão extensamente utilizado no mundo dos vinhos. No entanto, coupage não define a dita mistura com o encaixe dos vinhos. Portanto, mesmo que a ideia seja também a de misturar, aqui podemos falar de mistura das próprias uvas na bodega até os vinhos finais antes do engarrafamento. Quando se realiza um coupage, a finalidade é mais de misturar para unificar do que buscar o encaixe perfeito. Blend Por último, temos a palavra blend, de origem inglesa, que também significa mistura e cuja utilização está mais próxima ao coupage do que ao assemblage. Esse termo está estendido a outras bebidas alcoólicas como uísque, mas é habitual o seu uso em países anglosaxões para definir misturas em geral de uvas ou vinhos. 30 31 Cheesecake de Limoncello e calda de maracujá Rendimento: 8 fatias UM POUCO DE RECEITA Thaís Sinhorini Chef João Belezia Foto: Luna Garcia Uma noite especial Para hoje mesmo, para o último dia de ano ou para o primeiro do novo ano. Não importa. A seguir, um jantar do começo ao fim elaborado exclusivamente para você. Pernil de Cabrito com cebolinha e alecrim Salada de pirarucu e pupunha Rendimento: 8 porções Ingredientes: Um lombo alto de pirarucu com 500 g Um pimentão amarelo e um vermelho tostados na boca do fogão. Elimine a pele. 200 g de palmito pupunha em tiras finas 50 g de alcaparras grandes 100 ml de azeite 30 ml de vinagre de vinho branco Sal, pimenta e açúcar Coentro em grãos Preparo do peixe: Tempere o peixe com sal, coentro, pimenta e uma pitada de açúcar. Deixe nesse tempero por uma noite. Retire e elimine o líquido que se solta. Leve ao defumador por uma hora. Retire e resfrie. Corte o peixe em fatias finas e reserve. Preparo da salada: Em uma panela, coloque o azeite, o vinagre, 20 g de alcaparras picadas e 100 g do peixe picado. Deixe esse molho em fogo baixo por 15 minutos. Em um bowl, coloque o palmito e os pimentões cortados em cubos. Tempere com o molho e misture bem. Sirva intercalando camadas do palmito e do peixe defumado. Finalize com as alcaparras restantes e um fio de azeite. A cabra foi um dos primeiros animais domesticados pelo homem. Desse animal podemos obter leite, queijos finos, carne e couro. Seu filhote é chamado de cabrito e é muito apreciado por sua carne ter um sabor mais suave e uma carne mais macia em comparação ao animal adulto. O chef João Belezia nos agraciou com uma receita do seu cardápio de natal que pode ser encomendado até o dia vinte de dezembro. Confira o cardápio no site. Ingredientes Um pernil de cabrito de aproximadamente 1,8 kg 300 g de cebolinha-pérola limpa 10 dentes de alho limpos e inteiros 100 ml de azeite extra virgem Um maço de alecrim fresco 100 ml de vinho tinto seco sal e pimenta-do-reino branca moída fresca ½ litro de molho roti Preparo Desosse parcialmente o pernil, deixando somente o osso da ponta. Tempere com vinho tinto, sal, pimenta e azeite. Reserve. Recheie com as cebolinhas, o alho e as folhas de alecrim. Feche-o, com ajuda de barbante culinário, mantendo a forma original do pernil. Com o forno bem quente (aproximadamente 250º), coloque o pernil para assar por 10 minutos. Abaixe a temperatura para o mínimo, cubra a carne com folha de alumínio e asse por mais 40 minutos. Retire, fatie parcialmente e sirva acompanhado de batatinhas assadas. Ingredientes: 4 ovos (claras e gemas separadas) 80 g de açúcar 240 g de cream cheese 130 g de ricota ralada 60 g de farinha de trigo 60 ml de creme de leite fresco Uma dose de limoncello 100 g de bolacha maisena triturada 100 g de manteiga sem sal Ingredientes da calda: Polpa de 3 maracujás 60 g de açúcar 100 ml de água Preparo Misture a bolacha com a manteiga até ficar homogêneo. Forre uma forma com papel manteiga e coloque no fundo a massa apertando bem. Reserve. Bata as gemas com o açúcar até esbranquiçar. Reserve. Misture bem a ricota com o cream cheese e o limoncelo. Adicione as gemas batidas, o creme de leite e a farinha e misture até ficar homogêneo. Bata as claras em neve e adicione aos poucos na mistura pronta. Coloque na forma e leve ao forno 160°C por aproximadamente 40 minutos até ficar firme. Resfrie e sirva com a calda de sua preferência Preparo da calda Em uma panela, coloque todos os ingredientes. Em fogo baixo, deixe reduzir até obter uma calda grossa. Retire a espuma que se forma na superfície. Retire e resfrie. Finalização: Derrame a calda sobre o cheese cake e sirva em seguida. Para quem quiser conferir o cardápio completo www.joaobelezia.com.br ou pelo email [email protected] 32 DRINKS Thaís Sinhorini Fotos: Elayne Massaini 33 French 75 Espumante é uma categoria de vinhos que passa por duas fermentações naturais. É na segunda fermentação que o espumante adquire o Perlage (efervescência) que pode ocorrer dentro da própria garrafa (método Champenoise ou tradicional) ou em tanques de autoclave (método Charmat). O aperfeiçoamento da técnica de produção é creditado ao monge Dom Pérignon, que percorreu mosteiros famosos por seus vinhos em toda a França, até chegar à região de Champagne. Pérignon introduziu o uso das rolhas de cortiça e gaiolas de arame, além de garrafas de fundo abaulado e vidro reforçado. O método Champenoise ocorre quando um vinho é colocado na garrafa de champagne com licor de tiragem (uma mistura de açúcar e novas leveduras) e vedado com tampinha metálica. Ao final do processo de remuage, é feito o dégorgement (degola) no qual o gargalo da garrafa é congelado e as borras são retiradas. Com a saída da borra, o espaço é completado com licor de expedição (podem ser outros vinhos, conhaque ou o que mais o enólogo achar conveniente para dar mais sabor à bebida). A jovem viúva Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, melhorou o processo de produção, criando uma bebida mais límpida. À Clicquot foi atribuída a criação da Remuage, processo que mantém as garrafas inclinadas, sendo viradas um pouquinho por dia, para que os resíduos concentrem-se no gargalo, facilitando a extração da borra. O enólogo Eugene Charmat inventou um método de produção mais barato, o Charmat. Nesse processo, o vinho é colocado em tanques de autoclaves e recebe leveduras e açúcar, para dar início à segunda fermentação. Assim que o processo de fermentação é encerrado, o vinho é clarificado e engarrafado. O licor de expedição é adicionado apenas para acrescentar sabor e valorizar a bebida. Temos ainda o espumante espanhol chamado de Cava, quando feito pelo método Champenoise, ou de Gran-Vas, quando produzido pelo método Charmat. Josep Raventós y Cordoniu abriu, em 1872, a primeira garrafa de espumante espanhol na região de Penedès, na Catalunha. O Cava Raventós será o ingrediente principal do drink este mês, o French 75. Este drink foi criado na época da Primeira Guerra Mundial, no The New York Bar, em Paris. O nome faz referência a um canhão da artilharia francesa muito utilizado na guerra. O drink é composto por suco de limão, gin e espumante. Para preparálo, bata em uma coqueteleira o gin e o suco de limão com gelo. Coloque a mistura em uma taça flute gelada e complete com o espumante. Decore com uma cereja no fundo. French 75 Taça tipo flute ½ dose de gin 1 limão (suco) Cava Raventós até completar a taça 34 ENTREVISTA Texto: Cristiana Couto Fotos: divulgação Chef Checho Gonzales 35 “Já fui rotulado de tudo”. É assim que Checho Gonzales, protagonista da movimentação de chefs e do público pela comida de rua em São Paulo, começa sua entrevista para a Sociedade da Mesa. Com diversas tatuagens nos braços, dois dentes da frente prateados e visual moderno (refletindo seu amor pelo rock), o cozinheiro, que nasceu na Bolívia, mas cresceu no Brasil, já ultrapassou os 20 anos de experiência na cozinha, mas diz que está em formação – o que inclui a formação de sua identidade culinária. Nessa entrevista, sem “papas na língua”, Checho comenta a saída de sua geração do país em busca de trabalho na era Collor, sua trajetória por restaurantes famosos, como o Dom, e o encontro, feliz e tranquilo, com a comida de rua. Que também tem lá suas questões. Com a palavra, o cozinheiro Checho Gonzales. 36 37 “ Pensei: ninguém comeria churrasco feito por um inglês... Como vão comer sushi feito por um boliviano? “ Você me disse que trabalhou com publicidade também... Como você se tornou chef de cozinha? Não sei. A minha geração foi parar na cozinha, mas nem sempre foi planejado. Quando eu era adolescente, tudo o que eu queria na vida era ser músico. Em1986, arranjei meu primeiro emprego num bar, o Singapura, nos Jardins (SP). Era ótimo. Estávamos no auge do Plano Cruzado, ganhava-se muito bem naquela época como garçom. Depois, fui para o Funilaria e Pintura, que funcionava na Rua Melo Alves, e que foi berço do Bar Balcão. Você não é brasileiro... Sou boliviano, nasci em La Paz e cheguei ao Rio de Janeiro com 7 anos, em 1973. Vim com a família, pois meu pai, que era cartógrafo, veio para cá trabalhar. Em 1978, mudamos para São Paulo e, no final de 1984, fomos morar em Goiânia. Voltei sozinho para São Paulo dois anos depois, para trabalhar. Tinha que dar uma direção à minha vida. Enquanto trabalhava como garçom de noite, comecei a trabalhar com publicidade de dia. Tinha dois empregos. Mas publicidade não era a minha. E logo depois que saí da área (trabalhei na Almap), ouvi de uns amigos publicitários que muita gente havia sido mandada embora das agências porque tinha aparecido um tal de Macintosh! Foi o começo do fim do trabalho artesanal nas agências, e o fim da minha longa e dura carreira de publicitário! Continuei em São Paulo e, em 1991, eu e toda a minha geração entramos num beco sem saída: a crise financeira que atingiu o país. Muitos jovens foram embora do país, foi o êxodo, a busca pela “terra estrangeira”. Você também fez essa busca pela terra estrangeira? Fui para a Espanha. Não tinha emprego aqui, nem dinheiro. O Collor havia confiscado a poupança dos brasileiros. Meu pai perdeu as economias de toda uma vida. Eu não podia ser mais um peso para ele. Tentei morar em Madri, mas acabei em Barcelona. Comecei a trabalhar com as coisas que sabia fazer, inclusive bares. Fiquei fora dois anos e voltei para o Brasil, para não perder minhas garantias de cidadão brasileiro. Também não queria abrir mão do Brasil. Você pensou em se profissionalizar, fazer faculdade de gastronomia? Ao voltar para o Brasil, onde você foi trabalhar? Não sabia o que fazer, mas tinha muitos amigos. Fui trabalhar num bar em Pinheiros, chamado Jungle. A ideia era fazer comida mexicana e vender no bar. O negócio andou e em 1993 fiquei sócio do bar. O Jungle era frequentado por jornalistas da Folha, como o Xico Sá. Ficávamos sabendo de tudo o que acontecia no Brasil, era um berço de inspiração. Mas ao mesmo tempo era um bar do tipo “inferninho”, boêmio, onde rolava muito álcool e drogas. Entrei em crise, não queria mais fazer aquilo, e saí da sociedade. Em 1995 eu montei o bar Brancaleone. Mas então minha filha nasceu em 1996. Daí abandonei o negócio de bar. Tinha 30 anos e estava em crise. Isso durou dois anos. Nesse meio tempo, comecei a cuidar da minha filha e a e estudar culinária oriental. Tinha fascinação por essa cozinha. Pensei: ninguém comeria churrasco feito por um inglês... Como vão comer sushi feito por um boliviano? Mas continuei me preparando e cozinhando em casa. Quando voltei, voltei com tudo: fui trabalhar com Alex Atala no recéminaugurado Namesa. E fiz parte da primeira equipe do restaurante Dom. A primeira vez em que pensei em trabalhar com gastronomia quis fazer hotelaria, em Sant Pol de Mar, na Catalunha. Quando fui trabalhar no Namesa e realmente comecei a me profissionalizar, o Alex foi o cara que deu meu horizonte, meu caminho: a procura da minha identidade. Ele virou para mim e disse: “Checho, você é boliviano. Você já tem o domínio das técnicas clássicas de cozinha. Você já tem sua base, que é a cozinha tradicional da sua terra. Porque você não persegue essa identidade?”. Foi o que eu comecei a fazer e esse meu processo ainda não terminou. Já se passaram 15 anos. Durante esse tempo, fui rotulado de tudo que você possa imaginar. Em 2001, eu voltei para o Rio e chefiei o restaurante Zazá. Ganhei prêmios da revista “Gula” e do guia da jornalista Danusia Barbara. Era a época em que a cozinha denominada “fusion” ou “fusão” estava na moda. E isso me levou por muito tempo, me dei bem trabalhando no Rio de Janeiro, eu era compatível com o que Rio precisava na época. Como já disse, estou formando minha identidade, eu e todo latino-americano. Na verdade, nunca tínhamos tido espaço, e agora estamos na moda. Então, de lá pra cá, estou nessa formação, na formação da minha identidade e na minha formação como cozinheiro. Ainda estou no meio de um processo, que começou há 15 anos. 39 “ Como você teve essa ideia de comida de rua? Conte um pouco dessa sua busca de identidade culinária. A grande transformação é que, quando comecei, como jovem cozinheiro, eu queria inventar na cozinha – era uma necessidade, para alimentar meu ego. Quando um cozinheiro começa a sair na mídia, começa a ser corrompido e acaba se corrompendo. Aí comecei a tocar minha vida tentando fazer comida de vanguarda. Meu ego me motivava. Até que acabei caindo no esquecimento. Nessa expectativa de um futuro promissor, acabei totalmente esquecido, entrei em decadência, até que comecei a trabalhar e falir alguns restaurantes – o último foi o Ají. Quando me tornei sócio minoritário do Ají, havia voltado de uma temporada de dez anos no Rio. São Paulo era a cidade gastronômica, eu tinha voltado, mas não tive critério para fazer minhas escolhas ou aceitar propostas. Pronto: o Ají fechou um ano depois, em 2010. Foi então que você se voltou para a comida de rua? Foi aí que começou. Fali, quebrei e não queria mais voltar para restaurantes, para trabalhar feito um desgraçado, com um salário com o qual não conseguia viver. Estava de “saco cheio” de glamour e status e comecei a fazer eventos alternativos. E o mundo é tão maluco, que fiz mais sucesso com comida na rua! Corri atrás dessa imagem durante 10 anos. Quando desencanei e decidi fazer algo que me tornasse uma pessoa mais feliz e tranquila, me dei bem. Obviamente, comecei a fazer eventos com comida de rua, e percebi que não havia legislação que me amparasse nessa empreitada. Quando o Ají faliu, comecei a fazer eventos diferenciados – tinha muitos amigos no mundo do rock, do qual nunca me afastei... Nunca fui do samba! Esses amigos precisavam de comida para suas festas e comecei a colocar nelas um carrinho vendendo tacos. Levei o carrinho, por exemplo, para um espaço de um amigo, chamado Tag & Juice, e fiz ceviches. Também andei com ele na loja Caos, de antiguidades e onde se fazem festas, e na Lions. Um dia, em 2011, levei o carrinho também para uma casa noturna chamada Beco 203, onde tocava naquele dia meu atual parceiro, o Henrique Fogaça (chef e sócio do Sal Gastronomia). O Henrique toca na banda Oitão. E qual é a história desse carrinho? O carrinho era, na verdade, um triciclo customizado de um amigo carioca, que estava encostado na minha casa. Ficou na sala um tempão. Ele queria que eu botasse o carrinho para funcionar, mas não sabia como, até que comecei a fazer esses eventos. Mas vi que não conseguiria sair do lugar, e precisava ganhar credibilidade para dar um passo maior. Como você deu forma à sua ideia de comida de rua? Primeiramente queria fazer um evento noturno, um mercado não sazonal, mas semanal. No início de 2012, lançamos o Mercado Feira Gastronômica. Juntei dez chefs e fizemos um evento, em abril, no pátio do Sal Galeria Vermelho, com a expectativa de receber 500 pessoas. Recebemos 1.200! Algumas centenas ficaram do lado de fora e paramos a cidade. Quando desencanei e decidi fazer algo que me tornasse uma pessoa mais feliz e tranquila, me dei bem. “ 38 Você disse que houve uma segunda corrente. Qual? Outros eventos, como os Chefs na Rua, a Feirinha Gastronômica. E eu acho que precisa ter mais eventos como esses ainda. O produtor cultural Maurício Schuartz e a chef Daniela Narciso viram o sucesso do Mercado Feira Gastronômica e me chamaram para ajudar a fazer a curadoria do Chefs na Rua, que aconteceu na Virada Cultural de 2012. Qual é o seu balanço do Chefs na Rua, do qual participou o Alex Atala, em 2012? Foi muito comentado pela mídia na época. Esse evento pecou pela falta de infraestrutura e de organização da Prefeitura, pela falta de preparo. Veja: a Virada Cultural agrega milhões de pessoas (em 2013, a estimativa da prefeitura era atrair 4 milhões). O evento Chefs na Rua, que fez parte dela e aconteceu no Elevado Costa e Silva (Minhocão), atraiu algo como 200 mil pessoas. Nossas barracas – foram 20 delas – atenderam em torno de 40 mil pessoas! É muita gente. Mas aconteceram coisas que não deveriam acontecer, e daí encerrei minha participação com este grupo e com a própria Virada. 40 41 Que coisas aconteceram na Virada que não precisavam ter acontecido? Várias. Por exemplo, cheguei às 4 da manhã para montar as coisas. A luz elétrica só chegou cinco horas depois, quando já estava claro. Como eu iria trabalhar com churrasqueira, a própria produção do evento cuidaria de tudo. Mas decidi levar meu próprio carvão. A churrasqueira só chegou às dez da manhã, e as filas já tinham se formado duas horas antes. Além disso, me contaram que, durante a noite, roubaram todos os cabos elétricos. O Atala participou com a maior boa vontade, doou as 500 galinhadas para a cidade. Os artistas da Virada tinham segurança. Por que o Alex não teve segurança também? Como você vê agora essa empolgação da população e da mídia pela comida de rua? Vejo o lado positivo: o da demanda, porque há uma carência muito grande. É um mercado não explorado. Quando se tem restaurante, o preço final dos pratos é feito em função de vários elementos, como o próprio aluguel do restaurante, que faz parte dos custos. Ao mesmo tempo, existe uma classe média que está deixando de frequentar restaurantes porque estão caros, e uma classe em ascensão que provavelmente nunca irá frequentar restaurantes tops, porque culturalmente eles se sentem intimidados. Já virou uma questão social. Comida virou questão social? Sempre foi. O que acontece é que cuidamos muito e nos preocupamos muito com a qualidade da comida top e nos esquecemos das bases que formam a pirâmide. E isso é uma grande chance de retomá-la. Para mim, não há ponto sem nó. Se pensarmos bem, há dois anos, o governo começou a retirar de São Paulo e de outras cidades a cozinha de rua, alegando falta de higiene etc. Para mim, foram os grandes contratos da Copa que geraram isso. Acredito que todo esse movimento se dá em função do engessamento em que a cidade se encontra, e é preciso explorar algo. Como fazer isso? Com comida de rua. Porque está em alta, todos falam dela. Com ela, o anseio popular será satisfeito, ela será comercialmente um sucesso, e iremos abastecer a infraestrutura precária que existiu até agora. Você mencionou a falta de legalização da comida de rua em São Paulo. Agora, com a pressão, está mudando alguma coisa? A legislação sobre comida de rua... Já falei sobre a busca de identidade. Agora o assunto parece pertencer a uma cultura elitista. Todo mundo fala de food truck. Quero que se dane o food truck, que não é nosso. O que é preciso ficar claro é que essas pessoas que trabalham com comida na rua, como o cara que vende tapioca em frente ao Hospital das Clínicas, podem ter nesse movimento uma chance de melhorar de vida. Mas as pessoas acham que trata-se só de food truck. Não. Há 5 mil famílias que vendem comida de rua de forma irregular em São Paulo. Isso não pode ser uma ação elitizada: a alta gastronomia vai se transferir para a rua? A ideia de legalizar a comida de rua é elevar e estimular essas pessoas que sustentam famílias, e que pagam com esse trabalho, muitas vezes, a faculdade de seus filhos. Cristiana Couto é jornalista de gastronomia, doutora em História da Ciência e autora do blog Sejabemvinho. É autora do livro Arte de cozinha: dietética e alimentação em Portugal e no Brasil (sécs. XVII-XIX), pela editora Senac-São Paulo. 42 VIAGEM REVISTA SOBREMESA Texto: Teresa Álvarez Fotos: Álvaro Fernández Prieto CORK Beijar a pedra da eloquência, em Blarney Castle pode ter consequências semelhantes a beber duas pints de Murphy´s. Cork, a cidade sobre a água, provoca um efeito inebriante e acolhedor, que seduz ao primeiro contato. A segunda cidade da república da Irlanda abre-se ao Atlântico, rodeada por povoados de pescadores, castelos e lagos. Está submersa em um ambiente cosmopolita que faz contraste com a paz do condado. Construída sobre a água, em terras pantanosas, onde as imensas marés marcam um ritmo, Cork é hoje uma cidade pacífica e boêmia, cheia de lugarzinhos encantadores, sem resquícios de sua fase revolucionária nem dos antigos canais, hoje convertidos em ruas - muitas delas, somente para pedestres. Os píeres e as muitas pontes que unem a periferia ao centro - uma ilha rodeada pelo rio Lee – dão a Cork um caráter único e peculiar. Andar pela cidade tem certa complicação, que se agrava à noite, devido ao costume de dirigir do lado esquerdo, motivo pelo qual um bom passeio pela cidade deve ser realizado a pé e, de preferência, sempre com um guarda-chuva à mão. 43 O centro nevrálgico é o mercado English Market, palpitante e cheio de autenticidade. Foi inaugurado em 1788 e é um dos espaços gastronômicos mais interessantes da ilha. Muito perto, encontra-se o antigo mercado irlandês, que data de 1843 e hoje é o maravilhoso restaurante The Bodega St. Peters Market, com uma cozinha abundante e com preços módicos, em ambiente descontraído e moderno. Apesar de sua curta distância do mar, os pratos tradicionais de Cork são feitos com carne de vaca de excelente qualidade (sendo o corte principal o sirloin), ensopados de cordeiro, black bacon (uma espécie de lombo cozido) e salsichas de porco. Pelas ruas há pequenos empórios tradicionais, onde é possível comprar embutidos ou comer pratos singelos a bom preço. Um lugar interessante para comprar pães é Nash 19 (19, Princes Street) aberto do café da manhã até o almoço. Lá, você pode experimentar a morcela daquela região (black pudding) - a do empório McCarthys of Kanturk é excelente. O conceito de slow food e os produtos orgânicos estão fortemente enraizados em Cork. Um bom lugar para descobrir esse conceito no café da manhã, por exemplo, é o The Quay Co-op (24 Sullivans Quay). Na hora da diversão, as cervejarias e pubs são as estrelas. Não nos sentimos parte da cidade até que tenhamos tomado uma pint de Howling Gale Ale, a cerveja local, vermelha ou preta, muito bem tirada, em duas etapas, como a Murphy’s e a Beamish. Outra bebida muito consumida no verão é a sidra de torneira, como a Bulmers, ou a de garrafa, como a Stonewell. Cruzando o rio da zona norte, encontra-se a igreja St. Annes Shandon, construída em 1722, denominada comumente de “a mentirosa de quatro caras”, já que, até 1986, cada lado mostrava um relógio com uma hora diferente. Do alto de sua torre, aprecia-se toda a cidade. Junto dela, está o Museu da Manteiga, que explica como se originou a agência irlandesa de produtos lácteos, criadora da Kerrygold, manteiga mundialmente conhecida e presente em vários supermercados do mundo. 44 45 Para comer Cornstore 40 Cornmarket Street Tel.: +021 4274777 O armazém de milho é um lugar perfeito para degustar carnes maturadas entre 15 e 30 dias. Ambiente amplo e divertido, conta com um cardápio infantil. Valor de referência: 20 euros. Para visitar Poucos quilômetros separam Cork de lugares essenciais para se visitar no sul da Irlanda. Em outubro, a cidade de Kinsale acolhe a principal feira gastronômica do país - Celebrous, neste ano em sua 37ª edição. Com uma cozinha baseada no mar (monkfish, merluza, lagosta, mexilhão etc.) esta pequena cidade reúne 11 grandes cozinheiros, entre eles o midiático Martin Shanahan, do restaurante Fishy Fishy. Para hospedar-se e comer, o Trident Hotel. Para compras gourmet, especialmente queijos, Quay Food Co. Farmgate English Market Tel.: +021 4278134 O English Market em 5 paradas O mercado inglês é um bom lugar para se comprar produtos para consumir em casa. Aqui estão nossas cinco recomendações: O andar de cima do mercado inglês é um lugar perfeito para um almoço tradicional. Oferece pratos como tripas com molho de leite e cebolas, estofado irlandês de cordeiro e fígado de cordeiro com toucinho. Valor de referência: 25 euros 1. Tom Durcan. Oferece carne de bezerro com especiarias, envasada a vácuo. Market Lane 2. E por que não um pouco de salmão irlandês, que se pode comprar no O’Connell Seafood? Tel.: +021 4274710 30 South Mall Sempre cheio de gente bonita e atendimento amável, oferece uma cozinha variada, com pratos internacionais como a moussaka, e locais como o monkfish, os quais aconselham a ser acompanhados pela cerveja da casa. De sobremesa, um saquinho de Linehan´s Sweets, bala muito popular na cidade. Valor de referência: 30 euros. Com 15 anos de vida, parece que esse lugar não sai de moda. Chique e divertido, está situado nos antigos banhos turcos, que dão ao local um aspecto exótico e diferente. Pratos da cozinha internacional, com sabores orientais, currys e picantes. Excelente apresentação e porções generosas. Valor de referência: 35 euros. 3. Pães de todos os tipos e sabores no ABC. 4. Doces tradicionais no Heavens Cakes. 5. Queijos de produtores irlandeses no On the Pigs Back. Destacaríamos o Gubbeen, defumado ou não defumado. 5 Oliver Plunkett Street Jacobs on the Mall Tel.: +021 4251530 Muito perto encontra-se o que provavelmente é o mais espetacular campo de golfe do mundo, em um penhasco impressionante. É claro que a visita a Blarney Castle é obrigatória, com sua árdua subida até a torre, onde esperam dois fortes cavalheiros para ajudar a alcançar a pedra da eloquência. Uma experiência para perder a fala e para ganhar o que falar. Por último, a pequena localidade de Cobh oferece um valor histórico, por ser o principal porto de onde partiam os imigrantes para as Américas. Para dormir The Imperial Hotel South Mall-Cork City Hotel luxuoso e bem localizado, com boa cozinha e um pequeno spa. O serviço é amigável, rápido e muito profissional. A sopa de pescado (seafood chowder) é sempre suculenta e atraente. Tome nota Informação turística: em 2013, a Irlanda celebra The Gathering, com numerosos festivais e eventos. Sobremesa é a revista de vinhos e gastronomia de Vinoselección. 46 47 Sociedade da Mesa é muito bem-vinda e não paga rolha PROGRAMA SACA ROLHA Aqui nesta coluna publicamos bares e restaurantes onde você, associado da Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia, com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! * Genova São Paulo - capital Calá del Grau FLORIANO São Paulo Rua Joaquim Floriano, 466 Brascan Open Mall, Itaim Bibi - SP (11) 3079-3500 FORNERIA DO SANTA São Paulo Av. Ministro Gabriel de Resende Passos, 319 Moema - SP (11) 5054-1199 FREDDY São Paulo Rua Pedroso Alvarenga, 1.170 Itaim Bibi - SP (11) 3167-0977 FISHBAR São Paulo Alameda Tietê, 40 Jardins - SP (11) 4327-3400 GENOVA São Paulo Rua Lisboa, 346 Pinheiros - SP (11) 3064-3438 GIBRAN São Paulo Rua Comendador Miguel Calfat, 296 Vila Olímpia - SP (11) 2083-1593 AIRUMÃ São Paulo Rua Antonio de Oliveira, 220 Santo Amaro - SP (11) 5184-2303 LA GRASSA São Paulo Av. Juriti, 32 Moema - SP (11) 3053-9303 ANTONIETTA São Paulo Rua Mato Grosso, 402 Higienópolis - SP (11) 3214-0079 LIMONN São Paulo Rua Manuel Guedes, 545 Jardim Europa - SP (11) 2533-7710 BÁRBARO São Paulo Rua Dr. Sodré, 241A Vila Olímpia - SP (11) 3845-7743 MARIPILI São Paulo Rua Alexandre Dumas, 1.152 Chácara Santo Antônio - SP (11) 5181-4422 CHE BÁRBARO São Paulo Rua Harmonia, 277 Vila Madalena - SP (11) 2691-7628 NICO São Paulo Rua Costa Aguiar, 1.586 Ipiranga - SP (11) 2068-3000 CALÁ DEL GRAU São Paulo Rua Joaquim Távora, 1266 Vila Mariana - SP (11) 5549-3210 PAELLAS PEPE São Paulo Rua Bom Pastor, 1.660 Ipiranga – SP (11) 3798-7616 CASUAL MIL São Paulo Rua Hungria, 1.000 Jardim Europa - SP (11) 2579-1029 BOTTEGA PARADISI São Paulo Rua Pirapora, 218 Vila Mariana - SP (11) 3052-1473 MONET São Paulo Rua Fradique Coutinho, 37 Pinheiros - SP (11) 3032-7403 SANTA GULA São Paulo Rua Fidalga, 340 Vila Madalena - SP (11) 3812-7815 GRAZIE A DIO! São Paulo Rua Girassol, 67 Vila Madalena - SP (11) 3031-6568 SPADACCINO São Paulo Rua Mourato Coelho, 1.267 Vila Madalena - SP (11) 3032-8605 TANGER São Paulo Rua Harmonia, 359 Vila Madalena - SP (11) 3037-7223 / 3031-8466 FRANCISCO São Bernardo do Campo Rua Doutor Fláquer, 571 Centro - São Bernardo do Campo - SP 48 ZEFFIRO São Paulo Rua Frei Caneca, 669 Consolação - SP (11) 3259-0932 São Paulo Rua Conselheiro Brotero, 903 Santa Cecília - SP (11) 3664-8313 São Paulo Rua Rio Grande, 304 Vila Mariana - SP (11) 4304-0300 restaurante rotisseria EL TRANVIA SACRA ROLHA APRIORI CUCINA São Paulo DIVERSIT`A BISTRO TORERO VALESE 49 Av. Portugal, 694 Brooklin - SP (11) 5041-6818 São Paulo Rua Haddock Lobo, 1.014 Jardins - SP (11) 2737-4009 São Paulo Rua Horácio Lafer, 638 Itaim Bibi - SP (11) 3168-7917 ILHA SPLENDOR Ilhabela Av. Cel. José Vicente Faria Lima, 2.107 Reino, Ilhabela - SP (12) 3896-3346 PASTA DEL CAPITANO Ilhabela Av. Pedro Paula de Morais, 703 Ilhabela - SP (12) 3896-5241 MANACÁ São Sebastião Rua Manacá, 102 - Camburizinho São Sebastião - SP (12) 3865-1566 GUAIAÓ Santos Rua Dom Lara, 65 Boqueirão, Santos - SP (13) 3877-537 ESPAÇO W 82 Ubatuba Av. Marginal, 2.244 Praia Grande, Ubatuba - SP (12) 3835-1374 outros estados Maceió Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 Jatiúca, Maceió - Alagoas (82) 3235-1016 RONCO DO BUGIO Piedade Estrada PDD, 128 Bairro dos Pires, Piedade – SP (11) 8259-7788 FLORES Belo Horizonte Rua Oriente, 609 Serra, Belo Horizonte - MG (31) 3227-6760 DEGLI ANGELI Belo Horizonte Rua Francisco Deslandes, 156 Anchieta, Belo Horizonte - MG (31) 3281-7965 DIVINO Nova Lima Quinta Avenida, 144 – Loja 6 Vale do Sol, Nova Lima - MG (31) 3541-4272 / 9958-9512 DIVINA GULA PRAÇA SÃO LOURENÇO LADY FINA ANDY São Paulo São Paulo São Paulo Rua Casa do Ator, 608 Vila Olímpia - SP (11) 3053-9300 Rua Loefgreen, 2481 Vila Mariana - SP (11) 2359-2080 Rua Desembargador do Vale, 439 Perdizes/Pompéia, São Paulo (11) 2373-3745 São Paulo - interior / litoral DiVino CASCUDO São Roque Estrada Municipal Darcy Penteado, 3.301 São Roque - SP (11) 4714-2041 RESERVA AROEIRA Piraí Estrada Fazenda Aroeira, 757 Piraí - RJ (21) 2487-4011 Vila Don Pato São Roque Estrada do Vinho, km 2,5 São Roque – SP (11) 4711-3001 TAYPÁ Brasília QI 17, Comercial, Bloco G, lojas 208/210 Fashion Park - Lago Sul - Brasília (61) 3248.0403 / 3364.0403 Estrada do Pico Agudo, km 5, Bairro Sertãozinho, Sto. Antônio do Pinhal - SP (12) 3666-1873 CASA DE TEREZA Salvador Rua Odilon Santos, 45 Rio Vermelho, Salvador, Bahia (71) 3329-3016 CEDRO Santo Antônio do Pinhal * O nosso Programa Saca-Rolha possibilita que você, associado, leve 2 garrafas de vinho à sua escolha, para degustar com a sua companhia. Você pode ir quantas vezes desejar no mesmo restaurante participante. 50 51 Novidades do mês PROGRAMA SACA ROLHA Bistrô Vila Rica O Bistrô Vila Rica é um ambiente único em Belo Horizonte! Uma cidade cenográfica mineira localizada na região da Pampulha. O cardápio assinado pelos Chefs-proprietários Érika Chami e Eduardo do Carmo apresenta releituras das tradicionais receitas italianas e francesas, incluindo risotos, massas, carnes, peixes e frutos do mar. A carta de vinhos inclui rótulos de regiões do Novo e Velho Mundos, harmonizando perfeitamente com o cardápio. Domenico Domenico, nome de origem italiana dado às pessoas nascidas no domingo, que tem especial gosto por confraternização, brincar com amigos, receber. É nessa atmosfera que nasce o Domenico, restaurante de comida italiana marcante, onde todos são bem-vindos. Pequenos detalhes dão o tom especial ao lugar: as cores quentes, vegetação abundante, madeiras rústicas, peças antigas e a mistura de texturas, sugerem os sabores e os aromas dessa cozinha. Num ambiente assim aconchegante, novos temperos, massas frescas preparadas pelo chef são uma excelente pedida. Domenico, cozinha com inspiração italiana para saborear. Rua Padre Chagas, 293 Piso Superior, Moinhos de Vento Porto Alegre / RS (51) 3389 – 2731 Semanalmente são elaboradas sugestões de pratos à pedido dos própios clientes. Os Chefs visitam cada mesa em um ambiente descontraído e frequentemente vemos, no quadro de sugestão, pratos com o nome de ”habituès”, como é o caso do Bacalhau do Mansur. O Bistrô Vila Rica é conhecido pelo ambiente romântico e aconchegante com seleção musical valiosa incluindo lounge, jazz, blues, entre outros. É bastante requisitado para casamentos, noivados e aniversários! O restaurante está inserido em uma verdadeira Vila Gastronômica onde exintem outros cinco ambientes de primeira qualidade: Ochi Sushi, FeiJUada, Dom Carlo Pizzeria, Dona Breja e Bendito. Vale a pena conhecer esse espaço maravilhoso! Você se sente fora de Belo Horizonte logo que entra na Vila Rica! Av. Fleming, 900 Bairro Ouro Preto - Pampulha Belo Horizonte / MG (31) 3646 - 9946 Del Barbiere A combinação de barbearia e restaurante é inusitada e, talvez por isso, esteja conquistando os portoalegrenses. Pode ser também a oportunidade de provar alta gastronomia no almoço da semana ou então a exclusividade de ser um dos privilegiados a sentar numa das cinco mesas do salão. Não é à toa que o charmoso bistrô Del Barbiere, localizado no Centro de Porto Alegre, levou, em 2013, um dos prêmios da Revista Veja Comer & Beber: Bom e Barato. O restaurante é anexo à Barbearia Elegante, um clássico da cidade, em funcionamento desde 1947. Em 1968, foi comprada pelo pai do chef Marcelo Schambeck - o que explica a temática do bistrô. Na época, eles nem imaginavam que o ponto seria local de um dos restaurantes mais badalados do momento na Capital gaúcha. Os menus, com couvert, entrada e prato principal, são servidos de terça a sexta, renovados a cada mês. Aos sábados, Schambeck busca inspiração na feira orgânica e, a partir dos produtos disponíveis no dia, compõe o já tradicional Menu de Feira. Marcelo Schambeck é chef e proprietário do Del Barbiere e um dos nomes de maior destaque no cenário gastronômico de Porto Alegre. Formado pelo Curso Superior em Gastronomia da Unisinos, já trabalhou ao lado de chefs renomados, como Flávia Quaresma, do restaurante Carême, no Rio de Janeiro. Passou também por experiências na cozinha de Neka Menna Barreto e de Helena Rizzo, do premiado restaurante Maní. Em seus cardápios, Marcelo busca valorizar os ingredientes e os sabores regionais, com destaque para o uso dos produtos orgânicos. Rua Jerônimo Coelho, 188 Centro Histórico - Porto Alegre / RS (51) 3019 - 4202 Da Nina O Da Nina Rosticceria abriu suas portas em junho e promete encher de sabor italiano o bairro do Paraíso. No cardápio, há delícias como as pastas agnolotti, capeletti, gnocchi, fettuccine, lasagne, tortelli. Dentre as carnes, filé mignon à parmigiana, maminha assada, polpettone e polpettine. Quiches dos mais variados sabores, saladas e antepastos especiais. Se a preferência são os doces, não há como deixar de provar a torta de queijo com frutas vermelhas, as crostatas e a pastiera di grano. Há também os biscoitos cantucci, crostoli, frollini e os mantecais. A casa dispõe de 66 lugares divididos em três ambientes: Pergolado, Mezzanino e Varanda. Os ambientes Pergolado e Mezzanino podem ser reservados para eventos particulares e corporativos, com capacidade para até 25 pessoas em cada e TV para projeção. A varanda é “dog friendly”. No Da Nina, os pets são muito bem-vindos. Em todos os ambientes há conexão Wi-Fi free. O sabor do Da Nina também pode ser apreciado em casa: o conceito de rosticceria foi criado para que os clientes possam desfrutar, em suas casas, o sabor particular e único dos pratos exclusivos, com a praticidade de comer bem, sem passar horas na cozinha. Os pratos são artesanais e preparados na casa. Tudo é fresquinho e elaborado com receitas exclusivas. As embalagens asseguram a perfeita conservação dos produtos. Uma das novidades da casa é um prato elaborado para homenagear a Itália e sua bandeira, nas cores verde, branca e vermelha, o Tris di pasta da Nina. O prato é montado com gnocchi de batatas ao molho de queijos, ravioli verde de ricota na manteiga e tortelloni de carne com molho de tomates. Ao saborear essa delícia é possível notar a diferença de texturas e o sabor dessas massas caseiras diferenciadas. Rua Pirapora, 232 Paraíso - São Paulo / SP (11) 3052-3797 / (11) 3052-3798 53 Existem vinhos muito bons, existem Grandes Vinhos e existem as Obras-Primas. Ideias para presentear um amigo, um cliente ou você mesmo! ACESSÓRIOS Seleção novidade Obras-Primas A Sociedade da Mesa traz mais uma opção de assinatura para você. Assim como a Seleção Mensal e a Seleção Grandes Vinhos, para receber a Seleção Obras-Primas, basta inscrever-se pelo nosso site (www.sociedadedamesa.com.br), telefone (0800 774 0303) ou e-mail ([email protected]). O O fevereiro, O maio, agosto e novembro valor de referência por garrafa: R$ 250,00 caixas de 4 ou 6 garrafas inscreva-se! club e de vin h os 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br novidade TAÇAS BORDEAUX TAÇAS BORGONHA TAÇAS DEGUSTAÇÃO TAÇAS PORTO Par de taças de cristal Par de taças de cristal Par de taças de cristal Par de taças de cristal Preço para associado: R$ 50,00 (o par) 255ml Preço para associado: R$ 58,00 (o par) 180ml Preço para associado: R$ 63,00 (o par) Preço para associado: R$ 50,00 (o par) DECANTER CRISTALEX Preço para associado: R$ 69,00 SACA-ROLHAS BOLSA “SEIS” BOLSA “TRÊS” VACUVIN Modelo Sommelier De lona vermelha, modelo engradado. Prática e ideal para carregar até 6 garrafas. De lona verde com detalhes em couro. Ideal para carregar até 3 garrafas. Bomba de vácuo com rolhas para melhor garantir as características do vinho. Preço para associado: R$ 84,00 Preço para associado: R$ 120,00 Preço para associado: R$ 57,00 Preço para associado: R$ 28,00 4 seleções por ano: Sociedade da Mesa Faça suas compras por telefone (0800 774 0303) ou site até o dia 10 do mês e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. SERVIÇOS Revistas Vinhos em consignação e-news Nossas revistas estão disponíveis para consulta, pesquisa e curiosidade. Acesse nosso site e faça o download do acervo. Boa leitura! Se você vai fazer um evento, festa ou jantar, e precisa de vinhos, consulte-nos. Consignamos o vinho para você. Assim, nem sobrará nem faltará. Sem contar que será um prazer ajudá-lo a escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Enviamos mensalmente informações sobre harmonização com o vinho do mês e artigo técnico sobre a cultura do vinho. Pedido mínimo de 10 garrafas. 54 55 VINHOS EM ESTOQUE Confira abaixo nossos vinhos em estoque. Faça seu pedido por telefone (0800 774 0303) ou site e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. Argentina _____________ Origem: França Uvas: 2/3 Gamay e 1/3 Pinot Noir Preço para associado: R$ 43,60 Espanha _____________ Famiglia Bianchi Reserva Cabernet Sauvignon 2011 Menciño 2011 Origem: Argentina Uvas: Cabernet Sauvignon Preço para associado: R$ 43,40 Origem: Espanha Uva: Mencia 100% Preço para associado: R$ 43,50 Origem: Argentina Uvas: Malbec Preço para associado: R$ 43,40 Recordamos aos associados que comuniquem quaisquer alterações no envio do mês, tais como alteração de quantidades, pedidos de seleção especial, acréscimo de vinhos do estoque ou suspensão EXCEPCIONALMENTE até 5 de dezembro. Pedidos sujeitos a confirmação no estoque. Bourgogne Passe Tout Grains 2011 Seleção MENSAL __________________ Famiglia Bianchi Reserva Malbec 2011 importante França _____________ Pionero Maccerato 2011 Origem: Espanha Uva: Albariño 100% Preço para associado: R$ 46,50 Gouguenheim 2011 La Valona 2010 Origem: Argentina Uva: Malbec Preço para associado: R$ 42,50 Origem: Espanha Uvas: 60%Tempranillo, 20% Syrah, 10% Merlot e 10% Malbec Preço para associado: R$ 46,50 Geórgia _____________ Teliani Valley Saperavi 2011 Origem: Geórgia Uva: Saperavi 100% Preço para associado: R$ 41,90 Itália _____________ Triuno Malbec 2012 Origem: Argentina Uva: Malbec Preço para associado: R$ 44,80 Origem: Espanha Uvas: Tempranillo Preço para associado: R$ 44,80 Nomad 2009 Origem: Romênia Uva: Feteasca Neagra Preço para associado: R$ 39,80 Seleção GRANDES VINHOS __________________ África do Sul _____________ Amani I Am 1 2009 Origem: Itália Uvas: 70% Sangiovese, 10% Merlot, 10% Cabernet Sauvignon e 10% outras autóctonas Preço para associado: R$ 43,50 Origem: África do Sul Uvas: 36% Cabernet Sauvignon, 28% Merlot, 21% Cabernet Franc, 10% Shiraz, 3% Malbec e 2% Petit Verdot. Preço para associado: R$ 79,25 Portugal _____________ Origem: Portugal Uvas: 35% Trincadeira, 30% Aragonez, 20% Touriga Nacional e 15% Alicante Bouschet Preço para associado: R$ 42,30 Estados Unidos _____________ Hahn Meritage 2010 Origem: Estados Unidos Uvas: 48% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot, 10% Cabernet Franc, 9% Malbec e 8% Petit Verdot. Preço para associado: R$ 98,00 França _____________ Casa Vasari 2010 Mariana 2010 Segares Las Llecas 2012 Romênia _____________ As festas estão chegando! Aproveite e já faça seus pedidos! Argentina _____________ Chablis 2011 Origem: França Uva: 100% Chardonnay Preço para associado: R$ 98,00 Itália _____________ Las Perdices 2009 Gran Seleccion de Barricas Leone 2010 Origem: Argentina Uvas: 80% Malbec, 10% Petit Verdot, 5% Cabernet Sauvignon, 5% Tannat Preço para associado: R$ 98,00 Origem: Itália Uvas: Sangiovese, Merlot, Cabernet Sauvignon Preço para associado: R$ 89,00 seleção Especial 57 Eu também! Eu ganhei! Faça já seu pedido e garanta um belo brinde com nossa Seleção Especial. Dezembro PRÓXIMA SELEÇÃO ESPECIAL DE FIM DE ANO amigo é aquele que fala a mesma língua! Traga um amigo para a Sociedade da Mesa. Você e ele receberão duas taças de cristal de presente com a próxima seleção. Envie o nome, telefone e e-mail do seu amigo para [email protected] ou ligue para 0800 774 0303. Com essas informações, faremos contato. Caso ele se associe, vocês receberão um par de taças de presente. Você receberá suas taças junto com a sua próxima seleção e seu amigo junto com a primeira seleção dele. Amigo é pra essas coisas! Sociedade da Mesa c lu b e de vin h os Aqui você se preocupa em brindar, o resto deixa com a gente. Região: Penedés, Catalunha, Espanha. Indicación Geográfica: D.O. Cava Uvas: Macabeo, Parellada, Xarel-lo e Chardonnay. Produtor: Joan Raventos Rosell Valor para associado: R$ 48,00 Valor aproximado no mercado: R$ 75,00 gv ISSO NÃO É PROMOÇÃO. É REGRA! RAVENTOS ROSELL “CAVA BRUT” Espanha Apresentamos um delicioso CAVA, para que nossos associados possam dividir umas borbulhas com familiares e amigos nessas festas notáveis. Desta vez, aproximamonos até à Denominação de Origem CAVA, para selecionar este Brut produzido pelo método “Champenoise”, com uma segunda fermentação em garrafa e posterior crianza - que durou mais de 12 meses com suas próprias borras. Este envelhecimento sobre as borras singulariza esses vinhos, proporcionando um grande número de nuances e caráter, melhorando a integração de gás carbônico com o líquido dentro da garrafa. Esse processo proporciona, em seu conjunto, integração e complexidade. Raventós é um sobrenome histórico na região do Penedés. Sua relação com o mundo do vinho, nessa região, data do século XVII. A começar desta data, a célebre família produz seus cavas em uma impressionante casa, rodeada por 100 hectares de vinhedo próprio. Sua limitada produção está sempre de acordo com o rendimento de seus próprios vinhedos, fazendo dessa bodega um exemplo de artesanato em cada um de seus vinhos. Desfrutem deste cava, de perlage fina e aromas sutis, faiscante e cremosa por sua vez, que se envolve na boca a cada gole. Perfeita companheira para festividades. IMPORTANTE: Garanta seu espumante de fim de ano com esta Seleção Especial: faça seu pedido até 5 de DEZEMBRO de 2013 e receba juntamente com sua caixa de dezembro. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br seleção Grandes Vinhos 58 59 4 seleções/ano seleção Mensal 12 seleções/ano Dezembro PRÓXIMA SELEÇÃO GRANDES VINHOS Dezembro PRÓXIMA SELEÇÃO MENSAL EL VÍNCULO RESERVA 2008 Espanha ALTÙRIS ROSSO 2012 Itália Região: La Mancha, España Indicação Geográfica: D.O. La Mancha Uvas: 100% Tempranillo Produtor: Bodega El Vínculo Região: Udine (nordeste da Itália) Indicação Geográfica: Veneza Giulia Uvas: 70% Merlot e 30% Refosco de Pedúnculo Vermelho Produtor: Azienda Agrícola Altùris Fecharemos o ano de seleções de 2013 em grande estilo. Temos muito que celebrar com nossa ultima seleção GV. Um Vinho de autoria de Alejandro Fernandez um enólogo cuja inquietude para desafios o levou ao centro do olimpo enológico. Depois de muitos sucessos, tal qual o “Tinto Pesquera”, este bodegueiro incansável, em busca constante por novos projetos, decidiu ir até o coração de La Mancha, a maior extensão de vinhedos do mundo, para criar um dos vinhos mais pessoais de sua carreira: El Vínculo Reserva 2008. Um vinho maduro, pleno, com uma prolongada “crianza” em carvalho e uma passagem pela garrafa de mais de 2 anos - o que lhe aporta complexidade. Um vinho bem feito, domado, mas com caráter, cheio de atributos e nuances. Levantem suas taças! Explorando novas regiões vitivinícolas do país transalpino, conhecemos os fantásticos vinhos que a bodega Altùris produz no nordeste da Itália. Valor para associado: R$ 94,00 A finca Altùris está localizada no nordeste do país, próxima de Veneza e das fronteiras com a Áustria e a Eslovênia, perto da Cividale del Friuli, e usufrui de um microclima único, protegida dos ventos frios do norte dos Alpes Julianos e beneficiada pela brisa suave que sopra do mar Adriático. Tudo isso cria condições perfeitas para o desenvolvimento e amadurecimento das uvas que produzem magníficos vinhos nesta zona. Dessa viagem trouxemos a nossa próxima seleção: o Altùris Rosso Vintage 2012, um coupage incomum das variedades Merlot e da local Refosco de Pedúnculo Vermelho. Um vinho com crianza em barril de 500 litros de carvalho, que fornece notas doces de chocolate, mas apresenta os atributos de um Merlot bem maduro e de um Refosco que lhe dá personalidade. Valor aproximado no mercado: R$ 180,00 Valor para associado: R$ 44,90 Nota do Diretor Valor aproximado no mercado: R$ 70,00 Uma excelente negociação de compra nos permitiu apresentar este vinho memorável, El Vínculo 2008, a um valor magnífico. IMPORTANTE: IMPORTANTE: Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão EXCEPCIONALMENTE até o dia 5 de dezembro. Pedidos sujeitos a confirmação no estoque. Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão EXCEPCIONALMENTE até o dia 5 de dezembro. Pedidos sujeitos a confirmação no estoque. * O frete será somado ao valor unitário da garrafa. * O frete será somado ao valor unitário da garrafa. O mundo do vinho na porta de sua casa agora em três opções. Sociedade da Mesa agora com 3 opções de assinatura. Escolha a sua e o resto deixe com a gente. seleção seleção seleção Mensal Grandes Vinhos Obras Primas 12 seleções/ano 4 seleções/ano 4 seleções/ano 1 caixa de vinhos de 4 ou 6 garrafas Envio mensal. O valor da garrafa é de R$44,00 aproximadamente. 1 caixa de vinhos de 4 ou 6 garrafas Envio trimestral. O valor da garrafa é de R$100,00 aproximadamente. Em todas as opções de assinatura, você recebe uma revista com a descrição do vinho que está recebendo, as próximas seleções, seus valores e informações sobre o mundo do vinho de uma forma ampla e simples. 1 caixa de vinhos de 4 ou 6 garrafas Envio trimestral. O valor da garrafa é de R$250,00 aproximadamente. Sem cota de associação, onde você pode suspender o recebimento dos vinhos quantas vezes preferir. A Sociedade da Mesa é um clube de vinhos que leva com exclusividade a seus associados as melhores seleções de vinhos a valores especiais comparados aos do mercado. Sociedade da Mesa clube de vinhos Aqui você se preocupa em brindar, o resto deixa com a gente. Uma oportunidade única para desfrutar do mundo do vinho. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br
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Dario Taibo Direção da revista Dario Taibo [email protected] Editora-chefe Paula Morales [email protected] Projeto gráfico e diagramação Ochoa Comunicação [email protected]
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