Gestão financeira e operacional do Arpa
Transcrição
Gestão financeira e operacional do Arpa
Gestão financeira e operacional do Arpa SUMÁRIO O que são áreas protegidas 4 Áreas protegidas no Brasil4 Outras áreas que contribuem para conservar a natureza:4 A integração do Arpa nas políticas ambientais 8 Arpa e Snuc8 Arpa e CDB8 Arpa e outros programas governamentais para a Amazônia9 Arpa e a estratégia nacional para mudanças climáticas10 Soluções inovadoras 15 Gestão financeira privada19 Programa complexo e inovador20 Objetivos, metas e resultados financeiros21 Recursos aplicados e resultados obtidos23 A 2ª Fase do Arpa27 Arpa atualizou mapa de áreas prioritárias29 Programa fortaleceu a criação de UCs29 Programa tem indicadores para avaliar a consolidação das UCs31 Equipe mínima para gestão da UC33 Grande avanço na formação dos Conselhos33 Fiscalização exige pessoal34 Plano de manejo apresentou grandes avanços35 Equipamentos básicos36 Instalações insuficientes36 Arpa investiu na capacitação para gestão37 Fundo para dar sustentabilidade financeira às UCs38 Mecanismos para gerar receitas para as UCs38 Sistema de Monitoramento da Biodiversidade39 Coordenação do Programa41 Gerência operacional e logística41 Evolução na gestão do Programa42 Soluções para os problemas42 Aprendizado e inovação43 Oportunidades para financiar as UCs com apoio do Arpa 44 Referências47 República Federativa do Brasil Presidente Dilma Rousseff Vice-presidente Michel Temer Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira Secretaria Executiva Francisco Gaetani Secretaria de Biodiversidade e Florestas Roberto Cavalcanti Diretoria de Áreas Protegidas Ana Paula Leite Prates Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) Trajano Quinhões Ficha técnica da 2ª edição da publicação: Arpa – um novo caminho para a conservação da Amazônia Realização Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa): Ministério do Meio Ambiente ICMBio Governos estaduais da Amazônia Brasileira: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Pará e Tocantins WWF-Brasil Funbio Cooperação Alemã – KfW Banco de Desenvolvimento & GTZ Banco Mundial GEF Fundo Amazônia Banco Nacional do Desenvolvimento - BNDES Organização e Produção WWF-Brasil: Secretaria-Geral Maria Cecília Wey de Brito Coordenação do Programa Amazônia Mauro Armelin Coordenação de Comunicação Andréa de Lima Revisão Técnica André Nahur - analista de conservação do WWF-Brasil Cláudio C. Maretti – superintendente de Conservação, WWF-Brasil em 2010 Carlos Rittl – coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil Daniela Oliveira - Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável - CDS/UnB Daniela Leite – Unidade Gestão de Programas do Funbio Fábio França de Araújo – MMA-SBF-DAP em 2010 Fabio Leite – Unidade Gestão de Programas do Funbio Francisco Barbosa Oliveira Jr. – coordenador do Programa de Áreas Protegidas e Apoio ao Arpa do WWF-Brasil em 2010 Magaly Oliveira – especialista em geoprocessamento do WWF-Brasil Márcia Soares – Assessora de Comunicação do Funbio Mariana Napolitano Ferreira – analista de conservação do WWF-Brasil Mario Barroso – especialista em geoprocessamento do WWF-Brasil Marisete Catapan – especialista em áreas protegidas do WWF-Brasil Mauro Armelin – coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil Rosiane Pinto - Analista Ambiental - MMA/SBF/DAP/ARPA Trajano Quinhões – Gerente de Projeto/Coordenador do Arpa - MMA/SBF/DAP/ARPA Colaboradores Capítulo Biodiversidade – Mariana Ferreira, Mario Barroso, Paula Valdujo e Gabriel Costa Capítulo Efetividade de Gestão – Mariana Ferreira, Marisete Catapan, Maria Auxiliadora Drummond e Cristina Onaga. Capítulo Desmatamento e Mudanças Climáticas – André Nahur, Mônica Takako Shimabukuro, Regina Vasquez, Mario Barroso, Cláudio Maretti. Capítulo Gestão Financeira e Operacional do Arpa – Fábio França, Marcos Araújo, Daniela Leite, Trajano Quinhões e Rosiane Pinto Texto e edição Regina Vasquez e Marco Gonçalves Tradução Regina Vasquez & Martin Charles Nicholl Produção, edição e revisão final Ligia Paes de Barros – analista de comunicação do WWF-Brasil Projeto Gráfico e Diagramação Márcio Duarte – M10 Design Fotos Arquivo WWF-Brasil Agradecimentos ICMBio, Sedam-RO, Sema-AC, Sema-MT, SDS-AM * Parte dos estudos apresentados nesta publicação contam com financiamento do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da República Federal da Alemanha. O que são áreas protegidas Á 4 Gestão financeira e operacional do Arpa reas protegidas são internacionalmente reconhecidas (pela UICN e a CBD ) como áreas delimitadas, definidas e geridas com objetivo explícito de conservação da natureza (stricto sensu) ou, ainda, contribuindo com esse fim mesmo que de forma não explícita (lato sensu). As áreas protegidas no sentido estrito são classificadas, também internacionalmente, em categorias de gestão de acordo com seus objetivos. Modelos de governança que incorporam, no seu domínio e na sua gestão, atores sociais governamentais, comunitários ou privados – e em alguns casos de forma compartilhada – também são reconhecidos. tegorias (veja a tabela 1). Algumas categorias podem ser estabelecidas também no domínio privado. 2.Entre as áreas protegidas no sentido amplo destacam-se as Terras Indígenas (TI s). Embora tenham como objetivo maior a preservação social e cultural dos povos indígenas tradicionais que as habitam, as terras indígenas contribuem muito para a conservação da biodiversidade e também para reduzir o desmatamento – especialmente na Amazônia, onde tais áreas têm grande extensão e cobertura natural. Elas estão vinculadas ao Ministério da Justiça. Territórios quilombolas também podem ser considerados áreas protegidas no sentido amplo. Outras áreas que contribuem para conservar a natureza: Áreas protegidas no Brasil Embora não sejam consideradas protegidas, existem ouNo Brasil, existem dois tipos principais de áreas protegitras áreas específicas no Brasil que colaboram de forma das, definidos por lei: importante com a conservação da natureza e sua biodiver1.Unidades de Conservação (UC ) são áreas protegidas no sidade. As principais são: sentido estrito e tem como objetivo maior a conservação •Áreas definidas pelo Código Florestal e que preservam a da natureza e sua biodiversidade, além de objetivos comcobertura vegetal natural e sua biodiversidade associada, plementares no caso de cada categoria. As unidades de embora não sejam delimitadas nem possuam sistema conservação podem ser estabelecidas no âmbito dos três especial de gestão. As Áreas de Preservação Permanente níveis de governo no Brasil: federal, estadual e munici(APP s) são importantes para proteger as encostas e topal. As unidades de conservação de âmbito federal estão pos de morro e as margens dos rios e lagos. Já as Reservinculadas ao Ministério do Meio Ambiente, por meio vas Legais impedem o desmatamento num percentual do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiverdas propriedades na área rural. sidade (ICMB io); as de âmbito estadual e municipal às •Áreas militares, ligadas ao Ministério da Defesa, têm por secretarias que tratam de meio ambiente no governo do objetivo garantir a segurança do país, sendo delimitadas estado ou da prefeitura, respectivamente. As UC s subdie geridas por regime especial. Elas contribuem para a videm-se em dois grandes grupos: a) de proteção integral conservação da natureza devido a sua grande extensão e e b) de uso sustentável. Em cada grupo há diversas caà defesa militar. No Brasil, as unidades de conservação ocupam cerca de 17% do território continental e 1,5% da área marinha do país, totalizando aproximadamente 1,5 milhões de km². O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) inclui mais de 1.600 UC s, das quais um pouco mais da metade é pública. As UC s públicas são predominantemente estaduais (cerca de 60%) e federais (aproximadamente 35%). As reservas particulares (RPPN s), federais e estaduais, somam pouco mais de 800. Tabela 1 · Tipos de Unidades de Conservação (UCs) que integram o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação – CNUC Grupo de Manejo 5 Gestão financeira e operacional do Arpa Categoria Uso sustentável Classificação da UICN Contemplada pelo Arpa Estação ecológica (Esec) Preservar a natureza e realizar pesquisa científica; visitação só com objetivo educacional. Ia Sim Reserva biológica (Rebio) Preservar a biota e demais atributos naturais em seus limites; visitação só com objetivo educacional. Ia Sim Preservar ecossistemas naturais com relevância ecológica e beleza cênica; propiciar a pesquisa científica; educação e interpretação ambiental, recreação junto à natureza e ecoturismo. Visitação com esses objetivos. II Sim Refúgio da Vida Silvestre (RVS) Proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para existência e reprodução de espécies e ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. III Não Monumento Natural (Mona) Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. III Não Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Conservar a biodiversidade e realizar pesquisa científica; visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. II Reserva Extrativista (Resex) Proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais de base extrativista. As comunidades podem complementar o extrativismo com agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno porte. A pesquisa científica é incentivada. A exploração mineral e a caça são proibidas. A visita é permitida. Têm gestão compartilha com as comunidades locais e só podem ser criadas por solicitação da comunidade extrativista. O uso é concedido à população extrativista tradicional e área é gerida por conselho deliberativo. VI Parque Proteção integral Finalidade Sim Grupo de Manejo Categoria Gestão financeira e operacional do Arpa Uso sustentável Classificação da UICN Contemplada pelo Arpa Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Preservar área natural que abriga populações tradicionais, assegurando condições de manter e melhorar seu modo de vida, por meio da exploração sustentável dos recursos naturais. Visita permitida. VI Sim Floresta Proteger área de cobertura florestal predominantemente nativa para uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e pesquisas científicas. Podem ser objeto de concessão florestal para exploração comercial sustentável. Visitação permitida. VI Não Área de relevante interesse ecológico (Arie) Manter ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso para compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. Em geral é área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e características naturais extraordinárias, ou que abriga exemplares raros da biota regional. IV Não Reserva de fauna Manter área natural com populações de animais nativas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre manejo sustentável da fauna. Visitação é permitida; a caça é proibida. IV Não Área de Proteção Ambiental (Apa) Proteger a biodiversidade, disciplinar a ocupação e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais. Área geralmente extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos importantes para a qualidade de vida humana. V Nâo Uso sustentável 6 Finalidade Tabela 2 · UCs na Amazônia brasileira (âmbito federal, estadual e municipal) Conforme o CNUC (em 03/09/2010) Grupo e tipo de UC Número de UCs Área em km2 % do bioma Proteção integral Estação Ecológica 19 101.142 2,4 0 0 0 45 261.438 6,2 1 64 0 Reserva Biológica 13 49.273 1,2 Total Proteção Integral 78 411.917 9,8 Floresta 58 298.023 7,1 Reserva Extrativista 68 136.313 3,2 Reserva de Desenvolvimento Sustentável 20 108.990 2,6 0 0 0 29 154.396 3,7 5 446 0 49 407 0 229 698.575 16,6 Monumento Natural Parque Refúgio de Vida Silvestre 7 Gestão financeira e operacional do Arpa Uso Sustentável Reserva de Fauna Área de Proteção Ambiental Área de Relevante Interesse Ecológico RPPN Total Uso Sustentável T O TA L B I O M A 4.196.943 A integração do Arpa nas políticas ambientais tureza. Ao reunir no mesmo quadro legal as iniciativas de conservação dos governos federal, estaduais e municipais brasileiros, o Snuc permite uma política integrada e sistêmica para a conservação de espaços naturais relevantes ntre as estratégias de consolidação de para a conservação da biodiversidade no país. áreas protegidas no Brasil, o Programa Arpa repreO Snuc é coordenado pelo Ministério do Meio Amsenta a vanguarda. O Arpa serve de espaço de expe- biente, que intensifica esforços para ampliá-lo e consorimentação de iniciativas inovadoras em políticas públicas lidá-lo, em conjunto com o Instituto Chico Mendes de para a conservação, que são posteriormente incorporadas Conservação da Biodiversidade – responsável pela admino planejamento e implementação de ações para a consoli- nistração das UC s federais – e os órgãos estaduais e munidação de unidades de conservação em outros biomas bra- cipais responsáveis por suas UC s. sileiros. O Programa serve de exemplo de sucesso também Nesse contexto, o Programa Arpa representa um impara a implementação de políticas de outros setores da portante mecanismo para ampliação e consolidação do área ambiental. Snuc, por meio do apoio à consolidação das UC s que O bioma Amazônia ocupa uma vasta porção do territó- participam do sistema na Amazônia e, ainda, no estaberio nacional e tem uma importância fundamental no delecimento de parâmetros de qualidade técnica e eficiência senvolvimento do Brasil no século XXI , sendo estratégico financeira para a gestão do conjunto mais amplo das UC s para a segurança ambiental global. Desenvolver a Amazô- no país. nia de forma sustentável é um grande desafio para as gerações presentes e futuras. Arpa e CDB No apoio à expansão e consolidação de um conjunto de unidades de conservação no bioma Amazônia, o Arpa O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção da Dipretende contribuir para a comprovação das premissas versidade Biológica – CDB e, para cumprir com os comrelativas à importância da conservação da Amazônia para promissos, implementa uma série de instrumentos, tais o futuro do país, assumidas pelo Brasil, em suas estratégias como a formalização da Política Nacional da Biodiversidae planos em longo prazo. de – PNB (Decreto nº 4.339/2002); a criação da instância responsável pela implementação da Política Nacional de Arpa e Snuc Biodiversidade – Conabio (Decreto nº 4.703/2003, antiga Pronabio – Decreto nº 1.354/1994); as Diretrizes e PrioEm julho de 2000, com a promulgação da Lei Federal Nº ridades do Plano de Ação para Implementação da Política 9.985, o país instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Nacional de Biodiversidade – Pan-Bio; e o Plano Nacional Conservação (Snuc), o qual foi um marco importante no de Áreas Protegidas – Pnap (Decreto nº 5.758/2006). planejamento mais consistente para a conservação da naO Plano Nacional de Áreas Protegidas – Pnap (De- E 8 Gestão financeira e operacional do Arpa 9 Gestão financeira e operacional do Arpa Arpa e outros programas governamentais para a Amazônia O governo brasileiro dispõe de dois instrumentos políticos com foco na gestão sustentável da Amazônia. O primeiro é o Plano Amazônia Sustentável (PAS ), entendido como um marco de convergência político-conceitual para enquadramento da Amazônia dentro do escopo do Desenvolvimento Sustentável. O segundo é o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PP CDAM ), que propõe iniciativas executivo-operacionais coadunadas à boa parte das diretrizes fundamentadas no PAS . Esses Planos reconhecem os desafios ecológicos, econômicos, sociais, políticos e institucionais para o desenvolvimento sustentável da região, alcançável em médio-longo prazo e por meio do esforço integrado e continuado de diferentes atores. O PAS expressa a proposta de estratégia macrorregional da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR ) para a Amazônia e reflete a abordagem proposta em múltiplas escalas, em base inclusiva e sustentável, valorizando a magnífica diversidade regional por meio das dimensões socioeconômica e cultural. A integração do Programa Arpa ao PAS acontece inicialmente a partir do seu princípio metodológico de consulta aos diversos setores da sociedade regional e nacional, envolvendo-os em todas as suas fases e componentes. As contribuições do Arpa permeiam todos os cinco eixos temáticos adotados como prioridades pelo PAS : produção sustentável com tecnologia avançada; novo padrão de financiamento; gestão ambiental e ordenamento territorial; inclusão social e cidadania; e infraestrutura para o desenvolvimento. O Arpa enfatiza o ordenamento territorial que contempla a criação e a consolidação de unidades de conservação na região. Juan Pratginestos / WWF-Canon creto nº 5.758/2006) formaliza a adoção, pelo Brasil, do Programa de Trabalho de Áreas Protegidas da CDB (decisão VII /28). O Programa Arpa colabora no cumprimento de diversas diretrizes do Pnap, como assegurar a representatividade dos diversos ecossistemas e promover a articulação dos diferentes segmentos da sociedade para viabilizar e potencializar as ações de conservação da biodiversidade. 10 Gestão financeira e operacional do Arpa Juan Pratginestos / WWF-Canon A gravidade do avanço do desmatamento na Amazônia brasileira e a natural complexidade das soluções efetivas para o problema fizeram com que o governo brasileiro estruturasse uma iniciativa interministerial, sob a coordenação da Casa Civil da Presidência da República, que elaborou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM ). Considerado por alguns como “o braço operacional do PAS ”, o PPCDAM se caracteriza pelo pragmatismo e integração no enfrentamento do desmatamento na região amazônica. As contribuições e interfaces do Programa Arpa com o PPCDAM vão desde a sintonia entre os objetivos gerais, passam pelo alinhamento das diretrizes e culminam na aposta do PPCDAM no ordenamento fundiário e territorial – mediante a criação e consolidação de unidades de conservação – como uma das principais alavancas para a redução do desmatamento na região. Arpa e a estratégia nacional para mudanças climáticas A responsabilidade assumida pelo Brasil como signatário da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC ), principalmente quando se compromete com a redução sustentada dos índices de desmatamento em todos os biomas brasileiros, encontra no Programa Arpa um importante apoio para a sua consecução. Um estudo recente demonstrou que a criação de 13 UC s na região amazônica, no período de 2003 a 2007, com o apoio do Programa Arpa, evitará, até 2050, a emissão de 0,43 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera – valor que seria significativamente maior se fosse considerada toda a contribuição do Arpa. A expansão futura do Snuc na 2ª Fase do Arpa e a melhoria na gestão das UC s em áreas sob intensa pressão de desmatamento – como, por exemplo, na região da Estação Ecológica da Terra do Meio – poderão aumentar ainda mais a contribuição do Arpa para a redução dos índices de desmatamento na Amazônia brasileira. Tabela 1 · Lista de UCs apoiadas pelo Arpa na 2ª Fase (fonte: Manual Operacional do Arpa/MMA) Ano de criação Área (ha) Estado da Federação Grupo Esfera ESEC Maraca 1.981 101.312 RR Proteção Integral Federal ESEC Juami Japurá 1.985 572.650 AM Proteção Integral Federal ESEC Serra dos Três Irmãos 1.996 117.928 RO Proteção Integral Estadual ESEC Rio Ronuro 1.988 102.671 MT Proteção Integral Estadual PN Serra da Cutia 2.001 283.612 RO Proteção Integral Federal PN Serra do Divisor 1.989 842.736 AC Proteção Integral Federal PN Jaú 1.980 2.272.000 AM/RR Proteção Integral Federal PN Viruá 1.998 227.011 RR Proteção Integral Federal PN Montanhas do Tumucumaque 2.002 3.867.000 AP Proteção Integral Federal PN Cabo Orange 1.980 619.000 AP Proteção Integral Federal PN Juruena 2.006 1.957.000 AM/MT Proteção Integral Federal PE Corumbiara 1.990 430.082 RO Proteção Integral Estadual PE Xingu 2.001 138.893 MT Proteção Integral Estadual PE Rio Negro Setor Norte 2.001 148.634 AM Proteção Integral Estadual RDS Piagaçu Purus 2.003 1.005.280 AM Uso Sustentável Estadual RDS Rio Amapá 2.005 214.133 AM Uso Sustentável Estadual REBIO Lago Piratuba 1.980 357.000 AP Proteção Integral Federal RESEX Riozinho da Liberdade 2.005 325.603 AC/AM Uso Sustentável Federal RESEX do Rio Cautário – ICMBio 2.001 73.817 RO Uso Sustentável Federal RESEX Alto Tarauaca 2.000 151.200 AC Uso Sustentável Federal RESEX Baixo Juruá 2.001 187.982 AM Uso Sustentável Federal RESEX Rio Jutaí 2.002 275.533 AM Uso Sustentável Federal RESEX Auati Paraná 2.001 146.951 AM Uso Sustentável Federal RESEX Mapua 2.005 94.464 PA Uso Sustentável Federal RESEX Ipau Anilzinho 2.005 55.816 PA Uso Sustentável Federal RESEX Arioca Pruanã 2.005 83.445 PA Uso Sustentável Federal Categoria e nome da UC 11 Gestão financeira e operacional do Arpa Ano de criação Área (ha) Estado da Federação Grupo Esfera RESEX Terra Grande Pracuúba 2.006 194.695 PA Uso Sustentável Federal RESEX Rio Unini 2.006 833.352 AM Uso Sustentável Federal RESEX Catua Ipixuna 2.003 215.416 AM Uso Sustentável Estadual RESEX Rio Gregório 2.007 477.042 AM Uso Sustentável Estadual RESEX Medio Purus 2.008 604.209 AM Uso Sustentável Federal RESEX Rio Xingu 2.008 303.841 PA Uso Sustentável Federal RESEX Renascer 2.009 211.741 PA Uso Sustentável Federal PN Rio Novo 2.006 537.757 PA Proteção Integral Federal RESEX Rio Ituxi 2.008 766.940 AM Uso Sustentável Federal RESEX Rio Cajari 1.990 481.650 AP Uso Sustentável Federal PN Serra da Mocidade 1.989 350.960 AM/RR Proteção Integral Federal RESEX Médio Juruá 1.997 253.227 AM Uso Sustentável Federal RDS Amanã 1.998 2.313.000 AM Uso Sustentável Estadual PN Nascentes do Lago Jari 2.008 812.141 AM Proteção Integral Federal RESEX Cururupu 2.004 185.047 MA Uso Sustentável Federal PE Rio Negro Setor Sul 2.001 157.807 AM Proteção Integral Estadual RESEX Rio Cautário 1.995 146.400 RO Uso Sustentável Estadual REBIO Maicuru 2.006 1.151.760 PA Proteção Integral Estadual ESEC Grão Pará 2.006 4.245.819 PA Proteção Integral Estadual RDS do Iratapuru 1.997 860.184 AP Uso Sustentável Estadual RDS do Juma 2.006 589.611 AM Uso Sustentável Estadual PE do Matupiri 2.009 513.747 AM Proteção Integral Estadual RDS do Rio Madeira 2.006 283.117 AM Uso Sustentável Estadual ESEC Niquiá 1.985 283.600 RR Proteção Integral Federal RDS Rio Negro 2.008 102.978 AM Uso Sustentável Estadual RDS Uatumã 2.004 424.430 AM Uso Sustentável Estadual PE Serra Ricardo Franco 1.997 158.621 MT Proteção Integral Estadual Categoria e nome da UC 12 Gestão financeira e operacional do Arpa Ano de criação Área (ha) Estado da Federação Grupo Esfera ESEC do Rio Roosevelt 1.997 80.915 MT Proteção Integral Estadual RDS Igapó-Açu 2.009 397.557 AM Uso Sustentável Estadual RESEX Canutama 2.009 197.986 AM Uso Sustentável Estadual PE Serra dos Martírios/Andorinhas 1.996 24.897 PA Proteção Integral Estadual ESEC Maracá-Jipioca 1.981 72.000 AP Proteção Integral Federal RESEX Rio Preto Jacundá 1.996 95.300 RO Uso Sustentável Estadual ESEC Jari 1.982 227.126 PA/AP Proteção Integral Federal RESEX Guariba-Roosevelt 1.996 57.630 MT Uso Sustentável Estadual ESEC Terra do Meio 2.005 3.373.111 PA Proteção Integral Federal PN Anavilhanas 1.981 350.018 AM Proteção Integral Federal PN Serra do Pardo 2.005 445.392 PA Proteção Integral Federal PN Campos Amazônicos 2.006 873.570 RO/MT/AM Proteção Integral Federal PE Chandless 2.004 693.975 AC Proteção Integral Estadual PE Cristalino 2.001 59.010 MT Proteção Integral Estadual PE Guajara-Mirim 1.990 203.178 RO Proteção Integral Estadual PE Cantão 1.998 100.413 TO Proteção Integral Estadual PE Igarapes do Juruena 2.002 109.280 MT Proteção Integral Estadual RDS Itatupã Baquiá 2.005 64.735 Uso Sustentável Federal RDS Uacari 2.005 623.934 AM Uso Sustentável Estadual REBIO Tapirapé 1.989 103.000 PA Proteção Integral Federal REBIO Uatumã 1.990 940.358 AM Proteção Integral Federal REBIO Trombetas 1.979 385.000 PA Proteção Integral Federal REBIO Jaru 1.979 328.150 RO Proteção Integral Federal RESEX Barreiro das Antas 2.001 107.234 RO Uso Sustentável Federal RESEX Cazumba-Iracema 2.002 750.795 AC Uso Sustentável Federal RESEX Lago Capanã Grande 2.004 304.146 AM Uso Sustentável Federal RESEX Maracanã 2.002 30.019 PA Uso Sustentável Federal Categoria e nome da UC 13 Gestão financeira e operacional do Arpa Ano de criação Área (ha) Estado da Federação Grupo Esfera RESEX Riozinho do Anfrisio 2.004 736.341 PA Uso Sustentável Federal RESEX Verde para Sempre 2.002 1.288.717 PA Uso Sustentável Federal RESEX Rio Iriri 2.006 398.938 PA Uso Sustentável Federal RESEX Arapixi 2.006 133.637 AM Uso Sustentável Federal RDS Cujubim 2.003 2.450.381 AM Uso Sustentável Estadual ESEC Rio Acre 1.981 77.500 AC Proteção Integral Federal RESEX Chico Mendes 1.990 970.570 AC Uso Sustentável Federal RESEX Rio Ouro Preto 1.990 204.583 RO Uso Sustentável Federal REBIO Gurupi 1.988 341.650 MA Proteção Integral Federal PN Jamanxim 2.006 852.616 PA Proteção Integral Federal PE Guariba 2.005 70.364 AM Proteção Integral Estadual PE Sucunduri 2.005 788.257 AM Proteção Integral Estadual RDS Bararati 2.005 111.101 AM Uso Sustentável Estadual RDS Aripuanã 2.005 218.505 AM Uso Sustentável Estadual RESEX Guariba 2.005 150.465 AM Uso Sustentável Estadual Categoria e nome da UC 14 Gestão financeira e operacional do Arpa Soluções inovadoras 15 Gestão financeira e operacional do Arpa Este fundo se destina à manutenção em longo prazo das UC s apoiadas pelo Programa, de forma a garantir que o A 1ª Fase do Programa Arpa demonstrou que investimento realizado seja duradouro. Na 2ª fase, o FAP é possível implementar programas de larga começará a apoiar as unidades já consolidadas, com um escala em uma região com a complexidade arranjo institucional diferenciado e inovador no Brasil. Será o primeiro fundo fiduciário (endownment) no Brasil logística única da Amazônia. Ao fazer isso a aplicar recursos diretamente na conservação das áreas o Programa também testou ferramentas protegidas e servirá de laboratório para outros mecanisinovadoras e mostrou caminhos possíveis mos similares. para implementação e consolidação de áreas Outro mecanismo inovador de gestão desenvolvido protegidas em todo o Brasil e, talvez, no mundo. pelo Arpa foram as contas vinculadas. Criadas para facigestão financeira e operacional de um litar o acesso aos recursos financeiros do Programa pelos programa tão complexo e ambicioso como o Pro- gestores das UC s, elas trouxeram agilidade e descentralizagrama Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) é ção ao processo de execução dos planos anuais, permitindo extremamente desafiadora para seus integrantes. Na 1ª o aporte direto dos recursos nas unidades de conservação. Fase do Programa foram desenvolvidas soluções inovado- Além disso, alavancaram a percepção, pelas comunidades ras que possibilitaram ao Programa obter resultados exlocais, de que a presença de uma UC pode lhes trazer vápressivos. Na 2ª fase, os desafios serão ainda maiores. rios benefícios concretos, inclusive econômicos. Esta exNa 1ª fase do Arpa, a execução financeira foi um pouco periência inspirou iniciativas como o “cartão combustível”, superior a 100 milhões de reais para o período de 2003adotado pelo ICMB io, o órgão gestor das UC s federais. 2009. Em 2007 a execução foi superior a 27 milhões de Entre outras medidas positivas que marcaram a 1ª Fase reais. Na 2ª fase, a média de execução deve chegar aos 40 cabe citar: (i) a capacitação dos gestores de UC s, que premilhões de reais por ano, ou seja, quase 50% a mais. O cisa ser ampliada e utilizar formas não-presenciais; (ii) a desafio não é só o aumento de escala, não basta aumentar criação de dois sistemas eletrônicos de gerenciamento pela em 50% o pessoal envolvido; é preciso, também, aumentar Internet: o Sistema Cérebro, utilizado para a execução e a eficiência dos processos e mecanismos que já são consio monitoramento físico e financeiro das ações do Prograderados um sucesso. ma, que sofreu um importante upgrade para a versão 2.0 e Entre os grandes desafios da 2ª fase está a implantação deverá ser continuamente aprimorado nos próximos anos, do Fundo de Áreas Protegidas (FAP ), um fundo fiduciaumentando suas funcionalidades, transparência e inteário, de capitalização permanente (endowment fund), que gração com outros sistemas; e o Sistema de Gerenciamenutiliza apenas os rendimentos gerados pelas aplicações e to do Arpa (SisArpa), utilizado para o planejamento e o mantém a parte principal do seu capital. Os primeiros in- monitoramento das UC s em torno de suas metas de convestimentos do FAP iniciam no segundo semestre de 2012. solidação e para o planejamento das atividades necessárias A 16 Gestão financeira e operacional do Arpa Edward Parker / WWF-Canon ao alcance dessas metas; (iii) e o controle social do programa, propiciado pela participação das partes envolvidas em seus comitês (Comitê do Programa e Painel Científico de Aconselhamento). Outro aspecto que será preciso aprimorar é a comunicação do programa – tanto para os diversos parceiros, incluindo as equipes de (provavelmente) mais de uma centena de unidades de conservação, quanto para a sociedade como um todo – sobre a relevância do trabalho que tem sido feito desde 2003. Na 2ª fase o programa passará de uma década de funcionamento, fato raro no Brasil. Um resultado expressivo da 1ª Fase do Arpa diz respeito à área das unidades de conservação apoiadas. O programa apoiou 63 UC s neste período, totalizando 32 milhões de hectares efetivamente protegidos e em implementação. Isso representa quase um terço da área protegida por UC s no bioma Amazônia que se enquadram nas categorias contempladas pelo Arpa – parques nacionais e estaduais, esta- reservas de desenvolvimento sustentável. E corresponde a ções ecológicas, reservas biológicas, reservas extrativistas e cerca de um quinto de toda a área protegida em unidades de conservação na Amazônia brasileira. A meta original do Arpa para esse período era proteger pelo menos 18 Tabela 1 milhões de hectares, apoiando a criação de novas áreas de proteção integral e uso sustentável, além de contribuir com Apoio do Arpa a unidades de conservação na Amazônia brasileira durante a 1ª Fase do Programa: a consolidação de mais 7,3 milhões de hectares em UC s já •63 unidades de conservação existentes. •31 unidades de conservação de proteção O Arpa tinha ainda como previsão apoiar a criação integral (aprox. 21 milhões de hectares) •32 unidades de conservação de uso sustentável de 10 novas UC s e o estabelecimento de outras 17 já exis(aprox. 11 milhões de hectares) tentes, criadas até março de 2000, totalizando 27 UC s. •46 novas unidades de conservação No entanto, o programa apoiou mais do que o dobro do criadas (23,4 milhões de hectares) •18 unidades de conservação consolidadas inicialmente previsto, num total de 63 UC s, sendo 31 de (8,5 milhões de hectares) proteção integral e 32 de uso sustentável. Foi apoiado o •Total de 32 milhões de hectares de áreas efetivamente processo de criação de 46 novas UC s (mais do que quatro protegidas, em processo de consolidação vezes o número inicial), com uma área total aproximada de 23,4 milhões de hectares. O Arpa também apoiou a consolidação de outras 18 unidades pré-existentes, com uma área total aproximada de 8,5 milhões de hectares. O Arpa ainda contribuiu para fixar padrões e critérios importantes para a gestão de UC s no Brasil. O programa estabeleceu marcos referenciais para definir qual o nível de implementação de cada unidade de conservação apoiada. Os indicadores se referem a três níveis: criação e consolidação em graus I e II , conforme apresentado na Tabela 2. 17 Gestão financeira e operacional do Arpa Estes indicadores são utilizados não apenas para avaliar os avanços alcançados por cada UC como também para a elaboração dos planos de trabalho anuais. Segundo o padrão adotado, no final da 1ª Fase havia 13 UC s consolidadas no grau I, com uma área de 10,48 milhões de ha, e duas UC consolidadas no grau II (Reserva Biológica do Jaru e Parque Estadual do Cantão), totalizando 447 mil ha. Tabela 2 · Indicadores das UCs apoiadas pelo Arpa e grau mínimo a ser alcançado em cada item (fonte: Manual Operacional do Arpa/MMA) Indicadores de criação Grau de Criação (%) Diagnóstico ambiental 100 Diagnóstico socioeconômico 100 Diagnostico da situação fundiária 100 Consulta pública 100 Indicadores de Consolidação Grau I Grau de consolidação (%) Elaboração/Revisão do Plano de Manejo 100 Conselho gestor oficialmente constituído 100 Gestão participativa 50 Sinalização dos principais pontos de acessos à unidade de conservação 30 Plano de proteção implementado 60 Conjunto básico de equipamentos para a operacionalização da unidade de conservação 45 Equipe técnica de, no mínimo, dois funcionários, em exercício na região da unidade de conservação 100 Atualização das informações no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, nos módulos de informações básicas, acessos, recursos humanos e infraestrutura 100 Alocação orçamentária anual do governo 100 Indicadores de Consolidação Grau II 18 Gestão financeira e operacional do Arpa Grau de Consolidação (%) Conselho gestor (consultivo ou deliberativo) em funcionamento regular 100 Conjunto avançado de equipamentos para a operacionalização da Unidade de Conservação 100 Instalações básicas para a operacionalização da UC, conforme previsto no plano de manejo 100 Sinalização de pontos estratégicos da UC, conforme previsto no plano de manejo 100 Demarcação de pontos ou trechos estratégicos para a unidade de conservação, conforme previsto no plano de manejo 100 Levantamento fundiário realizado 100 Assinatura de TCs com populações tradicionais residentes em unidades de conservação de proteção integral ou CDRU, para populações tradicionais beneficiárias em unidades de conservação de uso sustentável 100 Projeto de pesquisa implementado na unidade de conservação, conforme previsto no plano de manejo 100 Monitoramento de no mínimo um indicador de biodiversidade ou socioambiental implementado 100 Equipe técnica de no mínimo cinco funcionários com presença efetiva na unidade de conservação 100 Atualização completa das informações no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação 100 Planejamento operacional anual elaborado com base no plano de manejo e submetido à avaliação do conselho gestor da UC 100 Alocação orçamentária anual do governo 100 Uma análise no universo das 63 UC s apoiadas na 1ª Fase, sobre alguns dos indicadores de efetividade de gestão da Ferramenta de Avaliação de UC s (FAUC ), informados pelos gestores das UC s no sistema informacional SisArpa em março de 2010, revelou um avançado grau de implementação das unidades de conservação alcançado com o apoio do Programa. O indicador referente à formação do Conselho Gestor foi alcançado em seu cenário mais avançado por 80% das UC s apoiadas pelo Arpa; o critério do Plano de Manejo, por 60% das UC s; o levan- tamento fundiário, que inclui o levantamento da cadeia de dominialidade, por 34% das UC s; e as instalações mínimas por 32% das UC s. Os marcos referenciais que apresentaram o menor avanço ao final da 1ª Fase, em termos da consolidação da gestão da UC são: a demarcação estratégica – apenas 7% das UC s alcançou a meta máxima projetada (100% do cenário deste indicador); sinalização, com 14% de obtenção do cenário mais avançado; equipamentos (14%); atividades de proteção e fiscalização (19%);e a equipe mínima, fixada em duas pessoas, foi alcançada por 78% das 59 UC s analisadas. Por outro lado, a grande rotatividade ocorrida nas equipes gestoras multiplicou os gastos com capacitação. Gráfico 1 · Percentual alcançado por UCs apoiadas pelo Arpa na primeira fase (universo das 59 UCs) referente à etapa de consolidação da UC 80% 19 Gestão financeira e operacional do Arpa 78% Formação de conselho gestor Equipe mínima (duas pessoas) 60% Plano de manejo Instalações mínimas Proteção 32,2% Equipamentos Sinalização 19% 13,6% 13,6% 6,8% Demarcação estratégica Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de março de 2010 A aplicação dos recursos do Arpa na 1ª Fase foi concentrada principalmente na criação e implementação das UC s, totalizando um investimento direto de 46 milhões de dólares (EUA ) nas unidades de conservação, fora a contrapartida dos governos estaduais e federal e a cooperação direta de parceiros. Do total gasto pelo Funbio, 72% foi destinado à criação e estabelecimento de novas UC s e à consolidação das unidades de proteção integral já existentes, enquanto a gestão do Programa, capacitação e desenvolvimento de nova metodologia para definição de prioridades de conservação consumiram outros 28%. Do valor disponível, pouco foi aplicado no monitoramento da biodiversidade e na sustentabilidade financeira. Em sua 1ª Fase, o Arpa destinou cerca de 2,8 milhões reais para projetos de geração de renda e desenvolvimento socioeconômico sustentável em benefício das comunidades vizinhas às UC s apoiadas. Construiu, assim, um ambiente favorável no entorno das UC para a sua consolidação. Para a 2ª Fase do Arpa, iniciada em 2010, o orçamento total foi estimado em 121 milhões de dólares, incluindo a contrapartida dos governos federal e estaduais. A previsão inicial de investimento via Funbio é de 59,5 milhões de dólares para investimentos diretos nas unidades de conservação. Na 2ª Fase do Programa os investimentos nas UC s incluídas na 1ª Fase irão continuar. Apesar dos enormes avanços já obtidos, a maioria dessas UC s não conseguiu atingir o nível máximo de consolidação. Ao longo da implementação da 1ª etapa, foram efetuadas avaliações independentes para acompanhar o alcance das metas estabelecidas, registrar os avanços e as lições aprendidas, além de propor melhorias na implementação do Arpa, principalmente para a 2ª Fase do programa. Gestão financeira privada A introdução de uma organização privada – o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) – como responsável pela execução financeira do Programa foi um dos acertos fundamentais do Arpa. Entre outras razões, isso garantiu um mínimo de regularidade ao fluxo de recursos que, assim, não ficaram submetidos a contingenciamentos de ordem governamental, bem como uma estabilidade na equipe de gestão e adaptabilidade às mudanças de situação, típica de uma instituição menor e mais leve que as estruturas públicas. Dentro do arranjo institucional concebido, cabe ao Funbio assegurar que as demandas relacio- 20 Gestão financeira e operacional do Arpa nadas à aquisição e contratação de bens e serviços sejam atendidas, bem como coordenar a parte referente ao componente de estudos e de iniciativas de apoio à sustentabilidade financeira das UC . A gestão financeira do Arpa exige a realização de uma série de transações financeiras no Brasil e no exterior, processos de aprovação de despesas e de prestação de contas e, ainda, a gestão financeira do FAP . O Funbio executa todas as operações seguindo rigorosamente os critérios estabelecidos pelos doadores e pelo governo brasileiro. Auditorias independentes, realizadas anualmente, atestam a conformidade e garantem transparência às operações, além das prestações de contas e auditorias específicas de cada doador. O sucesso desse arranjo foi tal que atualmente o Funbio executa, com arranjos similares, outros cinco projetos com governos federal e estaduais. Por meio do Funbio, os recursos financeiros do Arpa chegam às UC s na Amazônia na forma de bens diversos (como carros e computadores) e de serviços (relacionados, por exemplo, à elaboração de planos de manejo, formação de conselhos e ações de fiscalização). Além das aquisições e contratações realizadas pelo Funbio, as UC podem cobrir pequenos gastos por meio da conta vinculada, que é alimentada e monitorada pela entidade. Outra ferramenta inovadora desenvolvida pelo Funbio especialmente para o Arpa foi o Sistema Cérebro, por meio do qual as UC s realizam todas as suas solicitações pela Internet, e os parceiros podem fazer o acompanhamento pelos relatórios financeiros. Além das atividades de gestor financeiro e administrativo do programa, devido a sua experiência em projetos em outros países, o Funbio contribui com a coordenação do programa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA ). Programa complexo e inovador Complexidade é um fator inerente ao Programa Arpa, o maior programa de conservação de florestas tropicais. As unidades de conservação apoiadas pelo Arpa estão distribuídas por uma área de 0,52 milhões de km², o que corresponde a quase metade do território brasileiro. Coordenar ações e prover insumos para unidades de proteção integral e de desenvolvimento sustentável, localizadas de forma pulverizada em espaço tão amplo, é extremamente desafiador. Veja o anexo sobre o sistema de unidades de conservação. Aliado a esses fatores de dispersão e isolamento geográfico das unidades, o arranjo institucional do Programa veio acrescentar mais complexidade à sua gestão. O arranjo institucional do Arpa inova ao envolver diferentes órgãos de governo, entidades do terceiro setor, sociedade civil e doadores em seu planejamento e gestão. Gráfico 2 · Arranjo institucional do Programa Arpa Oferta de recursos Atendimento da demanda POA Doadores BNDES BM/GEF Outros Executores Parceiros CP $ condições MMA/ ICMBio UCP Não objeções Atendimento da demanda Gestão de ativos FAP (bens e serviços) Componentes 1. Criação de UCs demanda KfW WWF-Brasil Elaboração da demanda Estados Municípios Sociedade civil 2. Consolidação de UCs 3. Sustentabilidade financeira 4. Monitoramento coordenação e gerenciamento Gestão financeira e operacional do Arpa da Alemanha, via o banco de desenvolvimento KfW e Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento) Juan Pratginestos / WWF-Canon 21 Além da estrutura acima, o WWF -Brasil e a GIZ atu•apoiar a consolidação e a gestão das unidades de conam na cooperação técnica, assessorando e apoiando o servação criadas no âmbito do programa e de outros 15 aperfeiçoamento dos mecanismos, instrumentos e o desen- milhões de hectares em unidades de conservação pré – volvimento de ações para alcançar as metas do Programa. existentes; •desenvolver mecanismos capazes de acessar, gerar e geObjetivos, metas e resultados financeiros renciar os recursos financeiros necessários à manutenção das unidades de conservação. Foi previsto o estabeleciDesenhado para ser executado em três fases interdepenmento e gestão de um fundo fiduciário de capitalização dentes e subseqüentes, ao longo de 13 anos, o desafio do permanente, cujo rendimento será usado para financiar Arpa é possibilitar a conservação e viabilizar a proteção perpetuamente os custos de manutenção e proteção das de 60 milhões de hectares (10 milhões de hectares a mais unidades de conservação consolidadas pelo Programa; do que o inicialmente previsto) de florestas na Amazônia •estruturar um sistema de gerenciamento capaz de conbrasileira. por meio do apoio à consolidação de unidades duzir e apoiar a implementação do programa, com foco de conservação já existentes e à criação e consolidação de na eficiência da utilização dos recursos e a eficácia no novas unidades. Para alcançar essa meta, foram estabelecialcance dos resultados. dos quatro objetivos específicos: •apoiar a criação, nas esferas federal, estadual e municipal, Tabela 3 · Execução via Funbio até 31 de de 45 milhões de hectares de unidades de conservação dezembro de 2009, 1ª Fase do Arpa de uso sustentável (reservas extrativistas e reservas de Valor Destinação desenvolvimento sustentável) e de proteção integral (par- Fonte KfW/BMZ (República Federal ques, reservas biológicas e estações ecológicas); € 14.491.879,70 Investimento KfW/BMU (República Federal da Alemanha, via o banco de desenvolvimento KfW e Ministério de Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear) €1.997.897.91 Investimento GEF/BM (Fundo para o Meio Ambiente Mundial/ Banco Mundial) Investimento US$ 29.119.139,63 + FAP (US$ 14,5 milhões) WWF-Brasil US$ 9.826.122,53 Investimento Como funcionam os Planos Operacionais Anuais (POAs)2 22 Gestão financeira e operacional do Arpa O planejamento do Arpa é realizado para alcançar suas metas globais (em hectares) de criação e consolidação, com cinco indicadores referenciais de criação e 17 de consolidação. Cada um desses 22 indicadores é composto por cenários, que retratam um conjunto resumido de etapas cumulativas percorridas até o alcance daquela meta. O Arpa apóia financeiramente o avanço planejado para cada cenário, baseado em estimativas dos custos de cada avanço até o alcance do cenário máximo estabelecido para aquele indicador referencial. O POA do Arpa, portanto, é construído com base nos valores necessários para que cada processo de criação e consolidação prossiga em torno das metas selecionadas pelo programa, pactuadas com os órgãos gestores. Um aspecto importante do planejamento é o fato de que o Arpa estabelece um prazo de dois anos para que as UC s apoiadas alcancem o grau I de consolidação e mais dois anos para o grau II . No POA estão definidas as atividades, tarefas, insumos e recursos para determinado período. Esse planejamento é feito de acordo com um teto orçamentário previamente estabelecido. Para elaborar o POA , o gestor responsável por cada unidade de conservação apoiada pelo Programa preenche a Ferramenta de Ava- liação das Unidades de Conservação (FAUC ) e expõe a situação atual de sua UC , conforme os indicadores estabelecidos. Posteriormente, ele elabora o Planejamento Plurianual (PEP )3, indicando as metas que deverão ser alcançadas nos próximos três anos. As informações, recolhidas por meio do preenchimento da FAUC e PEP por todas as UCs apoiadas e pelas áreas em estudos para criação, servem de subsídio para a Estratégia de Conservação e Investimento, onde são definidos os tetos orçamentários para cada UC no POA , considerando a otimização dos recursos disponíveis para o alcance das metas estabelecidas no programa. Após aprovação, pelo Comitê do Programa, dos tetos de recursos para cada processo de criação e consolidação e a realização do planejamento de atividades e tarefas no SisArpa e de insumos no sistema Cérebro, o POA é disponibilizado on line nesse sistema. Isso permite que cada pedido seja visualizado em tempo real pelo órgão gestor e pelo gestor da UC . Tão logo este último solicite um item (por exemplo: diárias, construção de infraestrutura, passagens, consultoria para plano de manejo e afins), o Funbio inicia o processo de compra ou contratação do produto, cuja finalização tem tempo variável de acordo com a natureza do insumo. 2A elaboração do POA é feita em duas etapas. A primeira é realizada 3 Trata-se de um módulo do Sisarpa que possibilita o planejamento no SisArpa e consiste no detalhamento das metas em atividades e plurianual de metas do Programa, com projeção para três anos. O tarefas, respeitando-se os tetos orçamentários aprovados pelo CP. PEP é a ferramenta em que se realiza o planejamento do avanço da A segunda é realizada no sistema Cérebro, que recebe do SisArpa as UC em termos do aumento da efetividade de sua gestão, que baseiainformações lançadas pelos gestores das UCs, e compreende o desdo-se nos dezesseis Marcos Referenciais do Arpa. bramento das tarefas em insumos. Gestão financeira e operacional do Arpa investimentos diretos pelo Funbio. Os recursos destinados ao Fundo de Áreas Protegidas (FAP ) não estão incluídos. Gráfico 3 · Valor (R$) executado em cada POA no período de 2003 a 2011 27.474.689 21.668.530 22.289.343 16.432.449 Valores (R$) 23 Os valores acima não incluem recursos executados diretamente por outros parceiros como, por exemplo, a cooperação técnica do WWF -Brasil e da GiZ (Agência de Cooperação da Alemanha), ou as contrapartidas governamentais (federal e estaduais). O Arpa começou a se estruturar em 2003, com o início das articulações necessárias para garantir sua implementação e com a criação da Unidade de Coordenação do Projeto (UCP ), no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, para coordenar essa implementação. A maior parte dos recursos alocados no POA de 2003 foi destinada a reuniões entre os parceiros (Arpa, 2004) e ao reembolso dos custos de preparação da estrutura do Funbio, responsável pela operacionalização do Arpa. No POA de 2004, com o processo de estruturação já bastante avançado, os recursos começaram a chegar às unidades de conservação. No POA de 2005 houve um grande avanço na execução dos recursos, fato que pode ser creditado ao início do funcionamento das contas vinculadas e do Sistema Cérebro, instrumentos que deram grande agilidade à execução do programa. O incremento na execução orçamentária do Arpa se manteve nos POA s de 2006 e 2007, sendo este último o ano que apresentou a maior execução. Em 2008, diante de um volume de recursos disponíveis insuficientes para a demanda, a execução dos investimentos anuais foi desacelerada. O POA de 2009 foi constituído por recursos do KfW-BMZ e pela entrada de um novo doador, o KfW – BMU , cujos recursos se destinaram às unidades de conservação de uso sustentável. No entanto, o volume de recursos disponíveis foi bem menor do que os quatro anos anteriores. O gráfico 3 mostra a evolução dos valores executados em cada POA . Os valores se referem a recursos de 11.924.685 5.471.126 5.228.235 2.151.200 1.854.240 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 POA Fonte: Sistema Cérebro, dados de maio/2012 Recursos aplicados e resultados obtidos Em sua 1ª Fase, o Programa Arpa estava organizado em cinco componentes que, por sua vez, se desdobravam em subcomponentes com objetivos e metas específicas. A estrutura detalhada, bem como os resultados alcançados e os recursos aplicados em cada item, podem ser vistos na tabela 5. A aplicação dos recursos se concentrou principalmente no Componente 1 – Criação e estabelecimento de novas unidades de conservação, onde foram gastos 36,5 milhões de reais; no Componente 2 – Consolidação de unidades de conservação de proteção integral existentes, com 40,2 milhões de reais gastos; e no Componente 5 – Gestão do Programa, no qual foram consumidos 28,8 milhões de reais. Os componentes 1 e 2, relacionados diretamente às UC s individualmente, absorveram 71% dos recursos do Gráfico 4 · Gastos (R$) em cada componente Gráfico 5 · Tipos de gastos e os respectivos na 1ª Fase do Programa Arpa valores apurados na 1ª Fase do Arpa 40.257.757 39.117.955 36.475.859 28.878.334 Valor (R$) Gestão financeira e operacional do Arpa Gastos (R$) 24 Programa – na verdade, esse percentual foi maior, pois muitos dos recursos aplicados na capacitação dos técnicos lotados nas UC s e nos órgãos gestores foram computados no Componente 5. A alocação de recursos para o Componente 3 – Mecanismos financeiros para sustentabilidade de UC s foi menor que a prevista inicialmente. Isso se deve a uma mudança no desenho original do projeto, que previa a realização de projetos-pilotos de geração de renda nas unidades de conservação, individualmente. Os estudos preliminares mostraram que os possíveis projetos dificilmente conseguiriam gerar renda maior que os custos estimados para as UC s. O Componente 4 – Monitoramento e Avaliação da Biodiversidade em UC s teve pequenos avanços, mas não conseguiu estabelecer um grupo de indicadores padrão para o moni- toramento da biodiversidade in loco na UC . Estabeleceu um monitoramento remoto, onde se pode acompanhar principalmente o desmatamento nas unidades. O gráfico 4 permite visualizar comparativamente as despesas executadas por cada um dos componentes do Arpa. Cabe salientar que no Componente 3 não estão inseridos os valores do FAP . O gráfico 5 demonstra os tipos de gastos e os respectivos valores apurados na 1ª Fase do Programa. O maior tipo de gasto foi representado pelos custos recorrentes, que incluem o pagamento de diárias para as atividades de proteção, integração com entorno, elaboração de plano de manejo, participação em capacitações, compra de passagens aéreas e de combustível, manutenção de equipamentos e gastos cotidianos, entre outros. 15.972.909 13.202.886 Serviços Bens 9.807.419 463.204 Comp. 1 Criação de UCs Comp. 2 Consolidação de UCs existentes Comp. 3 Mecanismos para a Sustentabilidade de UCs Fonte: Sistema Cérebro, dados de maio/2012 4.516.388 1.822.792 Comp. 4 Monitoramento da Biodiversidade Comp. 5 Gestão do Programa Obras Consultorias Custos recorrentes Tabela 4 · Detalhamento dos componentes da fase II do Programa Arpa (Manual Operacional do Arpa/MMA) Componente Objetivo Meta 1. Criação de novas unidades de conservação 25 Gestão financeira e operacional do Arpa Recursos Previstos (US$ 1000,00) 3.620 1.1. Identificação de Áreas Identificar áreas prioritárias Prioritárias para a Criação de para a criação de unidades de Unidades de Conservação conservação no bioma Amazônia. Atualizar o Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade Brasileira. Realizar dois estudos de planejamento sistemático para a conservação. 400 1.2. Criação de Unidades de Conservação Apoiar a criação de 13,5 milhões de hectares de novas UCs na Amazônia. 3.230 Apoiar a criação de novas unidades de conservação na Amazônia. 2. Consolidação e gestão de Unidades de Conservação 2.1. Consolidação de Unidades de Conservação. 66.990 Apoiar a consolidação das unidades de conservação integrantes do Programa Arpa mediante a alocação eficiente de recursos que contribuam com o processo de evolução contínua da gestão das UCs. Consolidar 32 milhões de hectares de UCs no bioma Amazônia. 2.1.1. Consolidação de UCs no grau I. Apoiar a consolidação de UCs no nível básico de consolidação. Consolidar 23 milhões de hectares de UCs no bioma Amazônia. 2.1.2. Consolidação de UCs no grau II. Apoiar a consolidação de UCs no nível avançado de consolidação. Consolidar 9 milhões de hectares de UCs no bioma Amazônia. Fomentar a implantação de modelos inovadores de gestão em unidades de conservação, incluindo gestão integrada, compartilhada e participativa, visando o aumento da efetividade da proteção da biodiversidade e gestão territorial e da utilização de recursos. Implementar 5 modelos de gestão. 470 Apoiar até 30 UCs, sendo um plano de ação por UC. 4.130 2.2. Modelo de gestão integrada 2.3. Integração das comunidades Promover a articulação e o fortalecimento institucional de organizações de comunidades residentes ou usuárias de UCs apoiadas pelo Arpa, fomentando o seu acesso a políticas públicas e privadas, programas e financiamentos para a utilização sustentável de recursos naturais nas Unidades de Conservação. 59.650 Componente Objetivo Meta Recursos Previstos (US$ 1000,00) 2.4. Desenvolvimento de competências para a gestão de áreas protegidas. Apoiar o desenvolvimento da competência gerencial das equipes e de parceiros envolvidos com o planejamento e a gestão das UCs. Implementar Plano Estratégico de capacitação. 2.770 3. Sustentabilidade financeira 26 Gestão financeira e operacional do Arpa 1.950 3.1. Gestão do Fundo de Áreas Protegidas. Estabelecer um mecanismo financeiro para prover sustentabilidade financeira de longo prazo para as UCs consolidadas no âmbito do Programa. Operacionalizar o FAP, iniciando o apoio para a manutenção das UCs consolidadas em grau II. Atingir um total de US$ 70 milhões em doações durante a segunda fase do Arpa, montante que inclui as doações feitas durante a primeira fase (US$ 24,28 milhões). 180 3.2. Geração de receita para as Unidades de Conservação Aprofundar o conhecimento sobre os aspectos econômicos das UCs na Amazônia, seus custos, suas necessidades de financiamento e seu impacto econômico, e realizar estudos e apoiar a implementação de alternativas adicionais e inovadoras de geração de receita para as UCs. Apoiar 6 estudos estratégicos, 6 planos de sustentabilidade financeira para as UCs e 3 subprojetos piloto de geração de receita. 1.770 4. Monitoramento, Coordenação, Gerenciamento e Cominicação 4.1. Coordenação do Programa Coordenar ou supervisionar a implementação dos componentes, e apoiar a gestão do Programa, fortalecendo e integrando suas instâncias executivas, deliberativas, consultivas e outras instâncias de apoio. 4.2. Gerenciamento financeiro e logístico do Arpa. Garantir a gestão financeira eficiente dos recursos colocados à disposição do Programa Arpa. 16.190 Manter atualizada a Estratégia de Conservação e Investimento. Manter o sistema de Gerenciamento do Arpa (SisArpa) atualizado, estável e com bom desempenho. Manter as instâncias do Arpa fortalecidas e atuantes, realizando anualmente 2 reuniões do CP e do FT. 2.170 12.480 Gestão financeira e operacional do Arpa Objetivo Meta Recursos Previstos (US$ 1000,00) 4.3. Divulgação e comunicação do Programa Promover a comunicação interna e externa do Arpa de forma a fortalecer a sua gestão, a coesão entre parceiros e agentes envolvidos e a disseminação das lições aprendidas. Implementar o Plano Estratégico de Comunicação. 570 Monitorar, no mínimo, um indicador de biodiversidade ou socioambiental. 970 4.4. Monitoramento do Programa Avaliar a efetividade da gestão das unidades de conservação e o avanço das metas de consolidação. Avaliar a efetividade dos esforços empreendidos pelo programa em relação a conservação de uma amostra representativa da biodiversidade da região e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A 2ª Fase do Arpa Gráfico 6 · Gastos (R$) estimados para cada componente na segunda fase do Programa Arpa, A 2ª fase do Programa, orçada em 121 milhões de dólares (EUA ) (Gráfico 6), incluindo contrapartida de 31 milhões de dólares (EUA ) dos governos estaduais e federal, teve início em outubro de 2010 com a liberação de 5 milhões de reais, correspondentes à primeira parcela da doação do BNDES , com 20 milhões de reais do Fundo Amazônia. No segundo trimestre de 2012, o KfW e o Banco Mundial aportaram ao Arpa, respectivamente, 20 milhões de euros e 15,9 milhões de dólares (EUA ). Essa 2ª fase é composta por quatro componentes, com metas e marcos referenciais específicos descritos na tabela 6 e estabelecidos entre o Ministério do Meio Ambiente, os parceiros do Programa e os doadores, durante o processo de negociação realizado em 2010 e 2011. De outubro de 2010 a abril de 2012 o Arpa contou apenas com recursos da doação do BNDES e de um saldo residual doado pelo KfW na 1ª Fase. Nesse período, o Arpa excluindo a contrapartida dos governos 110.533.500 Gastos (R$) 27 Componente 26.713.500 5.973.000 Comp. 1 Criação de UCs 4.224.000 3.217.500 Comp. 2 Consolidação de UCs existentes Comp. 3 Mecanismos para a Sustentabilidade de UCs Fonte: Manual Operacional do Arpa/MMA Comp. 4 Monitoramento da Biodiversidade Comp. 5 Gestão do Programa Juan Pratginestos / WWF-Canon Gestão financeira e operacional do Arpa executou 7,4 milhões de reais dos recursos da doação do BNDES , dos quais 4,7 milhões na consolidação de UC s, conforme gráfico 7. Os recursos das doações do KfW e do GEF /Banco Mundial, somados aos cerca de 12 milhões de reais restantes do financiamento do BNDES , serão utilizados para financiar o planejamento operacional (POA ) 2012/2013 do Arpa, que prevê um aporte total de cerca de 53,4 milhões de dólares (EUA ) ou ao correspondente a 88,12 milhões de reais, distribuídos nos quatro componentes do Programa, nestes dois anos. Este POA corresponde a 61,2% do investimento planejado para a 2ª fase do Arpa, já considerados os recursos desembolsados da doação do BNDES e a contrapartida governamental. O POA 2012/2013 foi planejado entre setembro de 2011 e maio de 2012, e consiste no maior plano de investimentos que o Arpa já realizou em um biênio para a criação e a consolidação de UC s, aportando respectivamente 4 milhões de reais e 51 milhões de reais. Gráfico 7 · Gastos (R$) em cada componente da 2ª Fase do Programa Arpa 4.707.931 Gastos (R$) 28 2.080.657 256.218 0 Comp. 1 0 Subcomp. 2.1 Subcomp. 2.2 Subcomp. 2.3 40.798 Subcomp. 2.4 11.285 Subcomp. 3.1 Fonte: Sistema Cérebro, dados de maio/2012 62.201 Subcomp. 3.2 220.342 Subcomp. 4.1 Subcomp. 4.2 seleção de novas UC s a serem apoiadas no âmbito do Programa Arpa. A atualização do Mapa de Áreas Prioritárias Foram aplicados aproximadamente 980 mil reais na meta é uma das metas da 2ª Fase do Arpa, para a qual há recurde identificação de áreas representativas da biodiversidade sos alocados da ordem de 1,5 milhões de reais; ela deverá amazônica com potencial para a criação de novas unidades ser realizada em 2012/2013. de conservação. O Programa Arpa assumiu a secretaria executiva do processo de atualização do mapa de áreas Programa fortaleceu a criação de UCs prioritárias para a biodiversidade amazônica, de cujo processo participaram cerca de 300 pessoas. O apoio do Arpa ao estabelecimento, consolidação e maSecretariado pela Unidade de Coordenação do Pronutenção de novas UC s contribuiu muito para fortalecer grama Arpa (UCP ), o processo de atualização desse mapa um ambiente propício à criação de novas áreas durante sua envolveu um seminário preparatório e três seminários 1ª Fase, que se estendeu no início da 2ª Fase. Além disso, o regionais, realizados entre outubro e dezembro de 2006. programa apoiou os estudos e procedimentos para o deOutro subsídio importante foi a sistematização das desenvolvimento do processo de criação de UC s diretamenmandas do movimento social para a criação de unidades te ou indiretamente, via atuação dos parceiros – como o de conservação de uso sustentável, que teve o apoio do WWF -Brasil, por exemplo. Arpa por meio do Conselho Nacional das Populações Durante a 1ª Missão de Supervisão do Arpa pelo Banco Extrativistas. Mundial, realizada entre março e maio de 2004, o governo Os resultados desse processo foram adicionados aos brasileiro destacou a necessidade de empreender esforços resultados dos demais biomas brasileiros, compondo o para a criação de 13 milhões de hectares em novas UC s na Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sus- região do Arco do Desmatamento, apontando o progratentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade ma como um importante instrumento para viabilizar essa Brasileira. Esse mapa foi então aprovado pela Comissão meta. A Missão concordou com a demanda do governo Nacional de Biodiversidade (Conabio) em dezembro de brasileiro e sugeriu adequar o POA de 2004 para atendê2006 e reconhecido pela Portaria MMA n° 9, de 23 de -la, de forma a absorver as novas UC a serem criadas no janeiro de 2007, para efeito da formulação e implementacomponente de estabelecimento (Arpa, 2004b). ção de políticas públicas, programas, projetos e atividades Nas categorias elegíveis pelo Arpa, foram criadas 46 voltados à conservação in situ da biodiversidade, utilização unidades de conservação, totalizando aproximadamensustentável de componentes da biodiversidade, repartição te 24 milhões de hectares. Dessas UC , 12 são de protede benefícios derivados do acesso a recursos genéticos e ao ção integral (12.157.394 hectares) e 31 de uso sustentável conhecimento tradicional associado (Weigand Jr., 2008). (11.148.319 hectares). No ano de 2004, quando o programa O mapa atualizado das áreas prioritárias no bioma começou a desembolsar com mais agilidade os seus recurAmazônia (mapa 1) é uma ferramenta essencial para a sos, 58,6% da meta de criação de novas UC s já havia sido Arpa atualizou mapa de áreas prioritárias 29 Gestão financeira e operacional do Arpa Mapa 1 · Mapa atualizado das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade no Bioma Amazônia Gestão financeira e operacional do Arpa Gráfico 8 · Número de UCs e área cumulativa protegida pelas unidades criadas com o apoio do Arpa 27 Nº de UCs 31 atingida. Em 2006, a meta de criação de novas UC contida no Subcomponente 1.2 já tinha sido ultrapassada em 2,9 milhões de hectares, assegurando seu sucesso. No âmbito da 2ª Fase do Arpa, em 2012 o programa apoiava com 3 milhões de reais a criação de 17 unidades de conservação, federais e estaduais, em 6 unidades da federação, com uma área total de 6 milhões de hectares. Em meados de 2012 o Arpa lançou uma consulta pública aos órgãos gestores de UC no bioma Amazônia para a seleção de apoios a processos de criação, destinando mais 1,5 milhões em 2013 para o financiamento de estudos e uma consulta pública, necessários para os processos de criação. Espera-se com isso apoiar mais 8 a 10 processos de criação com 3 a 4 milhões de hectares. 4 5 4 2 Formação não iniciada Atores potenciais identificados Atores potenciais sensibilizados Reuniões realizadas e conselheiros indicados Portaria de formação do conselho publicada Programa tem indicadores para avaliar a consolidação das UCs O programa Arpa foi estruturado numa lógica evolutiva que se inicia com a priorização das áreas para criação de UC s, seguida pelo processo de criação, sua consolidação no grau I ou no grau II e, por fim, sua manutenção, quando então passaria a receber apoio do FAP para garantir a sustentabilidade em longo prazo das UC s. Para que uma unidade de conservação seja “promovida” de uma fase para a outra, deve alcançar os marcos referenciais definidos para cada uma das fases. Leia mais sobre esse tema no capítulo sobre efetividade de gestão das UC s, que inclui resultados detalhados de avaliação de estabelecimento e implementação das unidades apoiadas pelo Arpa. Para que o Arpa possa alcançar suas metas, na 2ª fase houve uma ampliação do número de UC s apoiadas em seus processos de consolidação, que passou de 63 para 95, ou de 32 milhões para 52 milhões de hectares. Essa ampliação mudou um pouco o perfil das UC s apoiadas pelo Arpa, mas permite ter uma visão mais aproximada do sistema de UC s na Amazônia. O Programa passou de um percentual de 33% da área das UC s no bioma para 54% . A aplicação da FAUC no final de 2011, no início da 2ª Fase do programa, já com as 91 unidades de conservação (o mosaico do Apuí reúne as unidades de conservação PE Guariba, PE Sucunduri, RDS Bararati, RDS Aripuanã e Resex Guariba), permite verificar que três indicadores já se encontram muito avançados – 81,3% das UC s possuíam um conselho formado, 56% tinham plano de manejo totalmente elaborado e 50,5% haviam realizado o levantamento fundiário, conforme a tabela 5. Tabela 5 · Percentual das UCs apoiadas pelo Arpa consolidadas para cada indicador marco referencial Indicadores Plano de Manejo Formação Sinalização do Conselho Equipamentos Levantamento Instalações Demarcações fundiário mínimas estratégicas Pesquisa Monitoramento ambiental 2ª Fase (setembro/ outubro 2011) 56% 81,3% 17,5% 18,7% 50,5% 28,5% 10% 13,2% 22% 1ª Fase (fevereiro/ março 2010) 59,3% 79,7% 13,6% 13,6% 33,9% 32,2% 6,8% 10,2% 18,6% Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de março/2010 e outubro/2011 32 Gestão financeira e operacional do Arpa Apesar da entrada de 32 novas UC s, houve uma mugrau II (estabelecidas). As outras 13 unidades, com uma dança mais expressiva nos percentuais de avanço em área total de 10,5 milhões de hectares, foram consideradas apenas dois marcos referenciais: levantamento fundiário como consolidadas no grau I (avançado). e instalações mínimas. O primeiro aumentou 16% com a entrada das novas unidades. Isso demonstra que essas Tabela 6 · Marcos referenciais da UC estabelecida UC s, em grande parte criadas nos últimos 10 anos, já refle- (conforme a Ferramenta de Avaliação da Unidade de tem um processo de criação mais exigente e rigoroso, que Conservação – Fauc, adotada pelo Programa) se traduz em condições mais adiantadas para sua consoMarco Referencial Descrição lidação. O mesmo é possível atribuir para os marcos referenciais de formação de conselho, demarcação estratégica, Representantes já indicados pela Conselho Gestor instituição com cadeira no Conselho pesquisa e monitoramento da biodiversidade. Na direção contrária, o aumento do número de UC Plano de Manejo Encarte de planejamento redigido apoiadas fez cair o indicador sobre instalações mínimas, Atividades de proteção Proteção realizada de forma pró-ativa desenvolvidas pois entraram unidades com infraestrutura inferior à das participantes da 1ª Fase do Arpa. Sinalização Principais pontos sinalizados Na 1ª Fase, o Arpa contribuiu com recursos financeiros Existem equipamentos básicos para Equipamentos mínimos proteção e gestão participativa e com sua abordagem metodológica para a consolidação de 15 UC s. Duas unidades de proteção integral, totalizando Existe uma sede administrativa, Instalações mínimas ou base de fiscalização, ou 428 mil hectares, atingiram os marcos referenciais (veja centro de convivência na UC tabela 5) para serem consideradas como consolidadas no A alocação de equipes nas UC s apoiadas pelo Arpa é uma contrapartida dos governos responsáveis pela gestão de tais áreas, tanto no âmbito federal como no dos estados da Amazônia. O acordo previa uma equipe mínima com cinco funcionários para unidades consolidadas no grau II e de dois funcionários no grau I. De 91 unidades analisadas com base na FAUC aplicada em outubro de 2011, em 49 há dois ou mais funcionários, sendo parte deles residente nos municípios das sedes das unidades. Em oito unidades há cinco ou mais funcionários, a maioria residente em municípios das sedes da UC . Em apenas duas unidades não havia pessoal lotado exclusivamente para a UC (Gráfico 9). Em relação ao marco referencial “Formação de Conselho Gestor”, os avanços foram expressivos, já que 74 das 91 UC analisadas tinham o conselho formado. Dentre as primeiras, em seis faltava apenas a publicação da portaria (Gráfico 10). Isso representa 81% das UC s analisadas. Gráfico 9 · Número de UCs em relação às equipes gestoras, em 2011, 1ª Fase do Arpa cada um dos cenários para Conselho Gestor 68 10 49 6 O Conselho foi A unidade já formado e a sua promoveu as existência formal- reuniões para mente reconheformação do cida através da Conselho e as publicação de organizações portaria pelo envolvidas órgão gestor indicaram os seus representantes 26 8 Gráfico 10 · Número de UCs em consolidação em Nº de UCs Gestão financeira e operacional do Arpa Grande avanço na formação dos Conselhos Nº de UCs 33 Equipe mínima para gestão da UC 3 4 A unidade já A unidade identi- A unidade não promoveu a ficou os potenci- iniciou o processo sensibilização dos ais atores para de formação do potenciais atores constituírem o Conselho Gestor para constituírem Conselho Gestor o Conselho Gestor 10 Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 2 Cinco ou mais Dois ou mais Dois ou mais Existe uma pessoa Não há pessoal funcionários, a funcionários, a funcionários, mas lotada exclusiva- lotado exclusivamaioria reside em maioria reside em nenhum reside mente para a UC mente para a UC municípios das municípios das em municípios sedes das UCs sedes das UCs das sedes das UCs Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 No item Integração e Participação Comunitária, que inclui as atividades de formação de Conselho Gestor, gestão participativa e termo de compromisso/CDRU , foram aplicados, na 1ª Fase do Arpa, aproximadamente 5,1 milhões de reais. Na 2ª Fase, foram desembolsados com re- 34 Gestão financeira e operacional do Arpa Gráfico 11 · Número de UCs em relação à sinalização 46 Nº de UCs cursos do BNDES , de outubro de 2010 a abril de 2012, 1,42 milhões de reais e estão previstos mais 8,8 milhões de reais no POA 2012/2013. O desempenho das UC s nesse marco referencial pode ser considerado muito bom, embora ainda demande atenção, pois a manutenção do funcionamento dos conselhos exigirá um fluxo constante de recursos a ser coberto pelo Fundo de Áreas Protegidas (FAP ). A sinalização dos limites das unidades de conservação é um indicador com avanço lento no Arpa. No final da 1ª Fase, apenas 13,6% das UC s havia alcançado a totalidade deste marco referencial (8 unidades), cumprindo esse item de acordo com o indicado pelo plano de manejo. Em parte, tal número se deve ao fato de que muitas das UC s ainda não possuíam plano de manejo ou eles eram muito recentes. No início da 2ª Fase, cerca de um ano e meio depois do levantamento do dado anterior, em 91 das unidades apoiadas o percentual de UC s com a totalidade da meta de sinalização era de 17,5%, ou 16 UC s. Em 2011, das 91 UC s apoiadas pelo Arpa, 29 unidades não tinham nenhuma sinalização, conforme o gráfico 11. Os recursos para sinalização estão incluídos no Subprojeto de Levantamento Fundiário, que também inclui demarcação e diagnóstico fundiário. Esse subprojeto teve uma aplicação, na 1ª Fase, de cerca de 1,37 milhões de reais e, na 2ª Fase, apresentou um desembolso de 93,9 mil reais entre outubro de 2010 e abril de 2012, com 5,02 milhões para execução no POA 2012/2013. 19 11 10 5 A sinalização recebe manutenção regular Os pontos Os principais Os principais estratégicos da pontos de acesso pontos de acesso UC estão da UC estão a UC que devem sinalizados, sinalizados ser sinalizados já conforme previsto foram no plano de identificados manejo/gestão A UC não possui sinalização Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 realizadas. Em 2011 somente 17 das91 unidades chegaram a um nível de desempenho onde a eficiência e eficácia da proteção era monitorada de fato (Gráfico 11). Outras 32 unidades realizaram uma proteção pró-ativa com base em um plano de proteção, ou seja, com uma rotina de fiscalização preventiva estabelecida; e 39 unidades realizaram somente uma fiscalização de forma reativa, ou seja, após receberem alguma denúncia. A situação mais grave identificada foi a existência de três unidades nas quais não há Fiscalização exige pessoal nenhuma atividade de proteção. O Arpa aplicou na 1ª Fase cerca de 5,1 milhões de reais no subprojeto Proteção. Na O marco referencial “Fiscalização” está, entre outros, inti- 2ª Fase, entre outubro de 2010 e abril de 2012, foram demamente relacionado ao de “Equipe gestora”, pois depende sembolsados 1,44 milhões de reais, disponíveis no POA de pessoal para que as operações sejam adequadamente 2012/2013, e mais 7,17 milhões de reais. Na 1ª Fase do programa, cinco UC s (três de proteção integral e duas de uso sustentável) tiveram seus planos de manejo aprovados e publicados. Outras 14 unidades estavam com o encarte de planejamento redigido (12 delas eram de uso sustentável), faltando a revisão e aprovação do órgão gestor. Outras nove unidades já haviam concluído a etapa de diagnóstico. O Programa aplicou cerca de 6,5 milhões de reais para a elaboração de planos de manejo nas UC s (Subcomponente 1.3) e os resultados foram expressivos. No final da 1ª Fase, em 2010, havia 35 planos de manejos completos, segundo dado da FAUC ; e no princípio da 2ª Fase, em 2011, eles já eram 49, conforme o gráfico 13. O processo de elaboração dos planos de manejo para UC s é um desafio para o Programa, devido à lentidão e alto custo do processo. Por isso, foram feitos estudos e elaboradas propostas de melhoria dos processos e procedimentos a serem implementados no âmbito do Arpa, respeitando as diretrizes estabelecidas pelos órgãos gestores das UC . É importante citar ainda o estabelecimento de espaços de discussão contínua, com o intuito de registrar, sistematizar e divulgar os aprendizados decorrentes da elaboração de planos de manejo, para obter mais agilidade e qualidade. O Arpa não aportou recursos do BNDES para plano de manejo no início da 2ª Fase. O POA 2012/2013 apoia este marco referencial com 12,2 milhões de reais. Gráfico 12 · Número de UCs em relação à proteção Gráfico 13 · Número de UCs em relação ao plano de manejo Plano de manejo apresentou grandes avanços 39 39 32 Nº de UCs Gestão financeira e operacional do Arpa Nº de UCs 35 11 6 20 14 3 9 7 A eficácia e a eficiência da proteção são monitoradas e avaliadas sistematicamente, sendo as informações utilizadas no aprimoramento dos ciclos de planejamento e execução A eficácia e a eficiência da proteção são monitoradas através de indicadores quantitativos As atividades de As atividades de proteção são proteção são realizadas de realizadas de forma proativa – a forma reativa, partir de uma respondendo às estratégia denúncias, coerente (Plano pressões ou de Proteção) ameaças Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 Não são executadas atividades de proteção 2 O plano de manejo está aprovado pelo órgão gestor e publicado A etapa de A etapa de Todas as O processo de planejamento diagnóstico expedições de elaboração do está concluída está concluída campo para a plano de e o documento e os relatórios etapa de manejo está final redigido técnicos diagnóstico organizado e redigidos foram estruturado realizadas Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 O processo de elaboração do plano de manejo não está organizado ou estruturado Em 2011, 55 das 91 unidades de conservação contavam com equipamentos básicos para as atividades de proteção e de gestão participativa, o que representava 60% das UC s. Outras 30 unidades contavam com equipamentos básicos apenas para a rotina administrativa (Gráfico 14). Além disso, seis unidades não contavam com nenhum equipamento. Na 1ª Fase o Programa aplicou aproximadamente 9,1 milhões de reais no subprojeto Operacionalização, que inclui equipamentos, instalações e custos administrativos. Na 2ª Fase, entre outubro de 2010 e abril de 2012, foi desembolsado 1,62 milhões de reais e, no POA 2012/2013, estão disponíveis mais 15,3 milhões de reais. O marco referencial instalações mostrou-se um dos quesitos mais difíceis de ser efetivado na 1ª Fase do Arpa. Isso também se reflete no início da 2ª Fase, com a entrada das 32 novas UC s apoiadas pelo programa. O percentual das unidades com grau máximo de consolidação nesse marco referencial reduziu de 32,2% para 28,5%. Na1ª Fase, o Arpa aportou apenas 1,7 milhões de reais para a construção de estruturas nas UC s. Na 2ª Fase não houve, até o momento, investimento nessa categoria. Na 2ª Fase do Arpa e no POA 2012/2013 está previsto um investimento de 3,9 milhões de reais. Em 65 unidades ainda não há instalação própria para a gestão, de forma que essas áreas normalmente compartilham o escritório com outras unidades ou Gráfico 14 · Número de UCs em relação Gráfico 15 · Número de UCs em relação às instalações aos equipamentos básicos 39 65 30 16 Nº de UCs Gestão financeira e operacional do Arpa Instalações insuficientes Nº de UCs 36 Equipamentos básicos 26 6 A unidade conta com equipamentos básicos para a implementação dos programas de manejo relevantes. É realizada a manutenção preventiva dos equipamentos A unidade conta com equipamentos básicos para as atividades de proteção e gestão participativa. É realizada a manutenção corretiva dos equipamentos A unidade tem acesso aos equipamentos básicos que viabilizam as atividades administrativas de rotina Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 A unidade não conta com nenhum equipamento para sua gestão Existe uma base administrativa, posto de fiscalização ou centro de convivência na área da UC, conforme previsto no plano de manejo/gestão Não há instalação própria para a gestão da UC Fonte: Fauc/SisArpa/MMA, dados de outubro de 2011 37 Gestão financeira e operacional do Arpa Arpa investiu na capacitação para gestão O item Capacitação foi objeto de um significativo investimento por parte das instituições que integram o Programa. De execução direta, por meio do Funbio, foram investidos 1,6 milhões de reais. Paralelamente, duas instituições tiveram importante destaque nesse item: a GiZ (agência de cooperação técnica internacional da Alemanha) e o WWF -Brasil. A GiZ aplicou 7 milhões de reais em capacitação e desenvolvimento institucional durante a 1ª Fase do Arpa e destinou um volume significativo de recursos para capacitação, além da contribuição de sua equipe técnica. Algumas iniciativas de capacitação podem ser destacadas, tais como: 1. O WWF -Brasil ofertou 18 edições do curso Introdução à Gestão de Unidades de Conservação na Amazônia, em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), beneficiando cerca de 400 profissionais, sendo que 200 estão envolvidos com a gestão de UC s do Arpa. Outras capacitações ofertadas incluem a elaboração de planos de manejo e planejamento sistemático da conservação. 2.A GiZ apoiou capacitações para formação de Conselhos e para elaboração de planos de manejo. A GiZ também proporcionou o Programa de Gestão para Resultados (PGR ) a 16 unidades de conservação do Arpa. O PGR é um programa de educação continuada que visa capacitar os gestores e auxiliá-los na implementação de uma gestão estratégica focada em resultados. Cerca de 70 profissionais de UC s participaram de capacitações no âmbito do PGR . 3.O Arpa apoiou a apresentação e publicação de artigos relacionados diretamente à execução do Programa em congressos e outros eventos nacionais e internacionais, com o intuito de divulgar os resultados alcançados e valorizar o trabalho desenvolvido pelos atores das diversas instituições participantes; 4.Foram publicados cadernos técnicos relatando a experiência e o aprendizado do Arpa com foco em vários temas relevantes para a gestão de UC s, como os planos de manejo. WWF-Brazil / Adriano Gambarini órgãos governamentais, como secretarias municipais de meio ambiente. Outras 17 UC s têm instalações próprias e cinco unidades possuem uma sede administrativa, centro de convivência ou, ainda, um posto de fiscalização dentro de seus limites. Esse é um tema que deve ser bem discutido no âmbito do Programa e dos órgãos gestores, pois a existência de instalações gera demanda por recursos para sua manutenção e vigilância patrimonial. 5.Capacitações periódicas foram realizadas pelo Funbio, envolvendo todos os gestores de UC s apoiadas pelo Programa, para garantir um perfeito entendimento sobre as ferramentas utilizadas na execução do Arpa. 38 Gestão financeira e operacional do Arpa Esse esforço foi recompensado, já que é possível perceber que as equipes gestoras da Amazônia apresentam um desempenho qualificado, como demonstra o reconhecimento da excelência da gestão pública praticada em algumas UC da Amazônia apoiadas pelo Arpa. Um dos desafios do programa é manter nas UC s da região as equipes treinadas, já que a rotatividade das equipes gestoras compromete esse avanço. do Programa, o fundo precisa crescer. Diante desse problema, o MMA , em parceria com o WWF , apresentou na Rio +20 uma estratégia de captação de novos recursos para o Arpa, que inclui, além do FAP , a criação de um novo fundo transicional, com prazo estabelecido de inversão de seus valores num prazo de 20 a 30 anos, para apoiar a manutenção das UC s consolidadas pelo Programa. A 2ª Fase do Arpa tem como meta ter o FAP capitalizado em 70 milhões de dólares (EUA ) até 2015. Mecanismos para gerar receitas para as UCs O Funbio coordenou estudos sobre mecanismos para a sustentabilidade financeira de UC s para identificar meios Fundo para dar sustentabilidade financeira às UCs e mecanismos capazes de gerar receita para a manutenção de unidades de conservação de proteção integral. O custo O objetivo deste subcomponente na 1ª Fase do Arpa foi desses estudos foi de 426 mil reais. a criação e capitalização de um fundo fiduciário de capiEm 2004 e 2005, o foco dos estudos se concentrou na talização permanente com o intuito de prover a sustencomercialização dos ativos das unidades de conservação tabilidade financeira em longo prazo para as unidades de individualmente, por meio de planos de negócios – porém, conservação apoiadas pelo Programa, o Fundo de Áreas o resultado foi pouco promissor. O Funbio decidiu, então, Protegidas (FAP ). Em maio de 2012, após a constituição identificar outros mecanismos para a sustentabilidade fida assembleia de doadores, o fundo foi lançado e duas UC s nanceira das UC . Para isso, foram realizados estudos detaconsolidadas pelo Arpa na 1ª Fase passaram a ser apoiadas lhados sobre os seguintes temas: com os seus recursos. Só podem ter acesso aos recursos do 1.Compensação ambiental: ferramenta definida na lei do FAP aquelas UC s que já tenham alcançado os marcos refeSistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), renciais da fase de consolidação no grau II . que obriga empreendimentos considerados de signiAo final da 1ª Fase, o FAP atingiu 29,7 milhões de dóficativo impacto ambiental a financiarem a criação ou lares, sem contar a doação de outros 20 milhões de euros implementação de UC s, principalmente as de proteção do KfW (o banco de desenvolvimento da Alemanha), em integral. Estudos mostram que tal ferramenta possui dezembro de 2011. grande potencial de gerar recursos para as UC s; no enNo entanto, como o número de UC s com potencial tanto, as indefinições metodológicas e jurídicas, prinpara serem apoiadas pelo FAP é alto em função das metas cipalmente em nível federal, poderiam comprometer a Juan Pratginestos / WWF-Canon 39 Gestão financeira e operacional do Arpa efetividade da compensação. Embora a Amazônia não seja o bioma onde se concentram os investimentos nacionais, há a previsão de empreendimentos importantes – como as hidrelétricas – capazes de gerar recursos para as unidades de conservação. 2.Carbono (REDD ): o mercado de carbono, regulado ou voluntário, gira globalmente um elevado volume de recursos financeiros e os debates atuais sobre Redução de Emissões oriundas do Desmatamento e Degradação florestal (REDD ) ganham espaço. Espera-se que, em curto e médio prazo, o mercado de carbono passe a financiar unidades de conservação. No Brasil, um caso exemplar é o Fundo Amazônia (veja quadro abaixo), do qual o Arpa irá se beneficiar na composição de recursos para sua 2ª Fase (veja mais detalhes sobre isso no capítulo sobre desmatamento e mudanças climáticas). O objetivo deste componente, no entanto, é buscar, dentro dessa fonte, novas oportunidades com alto potencial de financiamento. 3.Loteria verde: as loterias são internacionalmente utiliza- das para o financiamento da conservação ambiental. No Brasil vigora um monopólio governamental sobre as loterias e a proposta é incluir o Snuc entre os beneficiários dos significativos valores movimentados pelas loterias. 4.Planos de sustentabilidade: tais planos têm o objetivo de demonstrar, de forma clara e objetiva, quais são as atividades de uma UC e qual sua demanda por recursos para que ela possa atingir seus objetivos, quais são suas atuais fontes de financiamento e como se pode ampliar a entrada de recursos, bem como quais os investimentos que devem ser feitos para tanto. O plano de sustentabilidade também retrata como a UC está incluída na economia local. É uma ferramenta de planejamento essencial para que as UC s possam conhecer suas reais necessidades e orientar a busca por novas fontes de recursos. Dos quatro itens acima, a compensação ambiental foi objeto de estudos mais detalhados, inclusive sobre aspectos legais e jurídicos. O Funbio apresentou uma proposta para destinar às UC s 30 milhões de reais provenientes de compensação ambiental. Esta proposta depende agora da análise e aprovação da Câmara Federal de Compensação Ambiental, presidida pelo Governo. Sistema de Monitoramento da Biodiversidade O objetivo do componente 4, monitoramento e avaliação da biodiversidade em UC s, na 1ª Fase do Arpa, foi estabelecer um sistema de monitoramento de biodiversidade e análise ambiental para que os órgãos responsáveis pelas UC s avaliem a proteção que as unidades proporcionam à biodiversidade. Essas informações são importantes para auxiliar na gestão dessas unidades e monitorar os impactos 40 Gestão financeira e operacional do Arpa causados pelo Programa. Foram gastos cerca de 1,8 milhões de reais. Os esforços iniciais foram concentrados no detalhamento de um protocolo padronizado para todas as UC s a serem monitoradas. A proposta de implementação de um programa-piloto de monitoramento do Arpa foi finalizada em outubro de 2005, no I Seminário de Monitoramento de Unidades de Conservação de Proteção Integral da Amazônia. Os focos escolhidos para o monitoramento ambiental nas UC da Amazônia foram os seguintes: a) clima; b) recursos hídricos; c) estrutura da vegetação; d) biodiversidade, com enfoque em espécies da fauna; e) paisagem; f ) situação socioambiental. O ICMB io dedicou esforços para capacitar analistas ambientais e técnicos das UC s, treinados em operação de estações hidrológicas automáticas (2006), sonda multiparâmetros para análise da água nas UC s (2007), geoprocessamento (2007) e parataxonomia vegetal. Cinco UC s de proteção integral, selecionadas segundo critérios de distribuição espacial, infraestrutura, pressões antrópicas, entre outros fatores, passaram a ser objeto de atividades de monitoramento, servindo como unidades-pilotos. Adicionalmente, uma reserva extrativista foi escolhida para o desenvolvimento do monitoramento socioambiental. Nessas UC s foram realizadas expedições de campo e coletados dados sobre monitoramento de peixes, quelônios, vertebrados terrestres, mamíferos aquáticos, vegetação, ecologia e uso da castanheira, pesca e dados socioambientais. No período de 2006 a 2008, foram realizados 67 levantamentos de biodiversidade, a maioria dos quais relacionados a processos de criação e planejamento das UC apoiadas pelo Arpa (leia mais detalhes no capítulo sobre a conservação da biodiversidade). Os dados obtidos colaboram no aumento do conhecimento, confirmam a importância das áreas e constituem bases para o monitoramento da biodiversidade pelo programa. Os protocolos para o monitoramento da biodiversidade desenvolvidos servem para o monitoramento em longo prazo, mas sua implementação tem um custo elevado, de forma que não foram obtidos resultados aplicáveis em curto prazo. Resultados mais precisos só serão obtidos ao longo do desenvolvimento das próximas fases do Programa. Com objetivo de divulgar, avaliar e adquirir subsídios para consolidar uma proposta de monitoramento ambiental para a 1ª Fase do Programa, a UCP /MMA , em parceria com a GiZ e o ICMB io, organizou um seminário em abril de 2009, onde foram apresentados os resultados do projeto piloto de monitoramento ambiental e as experiências de outros programas de monitoramento. Uma das conclusões desse seminário foi a de que é necessário selecionar indicadores prioritários dentre os sugeridos na 1ª Fase, pois o monitoramento da biodiversidade in situ é muito custoso e sua implementação em campo é complexa. A proposta de monitoramento da biodiversidade para a 2ª Fase do Arpa considera as recomendações do seminário e prevê um conjunto de indicadores mínimos para a viabilização do programa de monitoramento com replicabilidade espacial e temporal. O Arpa pretende iniciar a capacitação e implementação do sistema de monitoramento no segundo semestre de 2012, que terá como grupos alvos a serem monitorados as plantas lenhosas, médios e grandes mamíferos e peixes de riacho. O aporte orçamentário para este componente na 2ª Fase do Programa é de 970 mil dólares (EUA ). cias participativas que dirigem e assessoram a gestão do Programa, refletindo os pontos de vista dos parceiros nos O Programa Arpa possui uma instância de coordenação níveis operacional e institucional, além de garantir transexecutiva, chamada Unidade de Coordenação do Prograparência na gestão dos recursos. Essa complexidade rema (UCP ), que integra a estrutura do Departamento de quer, por parte da coordenação do programa, uma atuação Áreas Protegidas da Secretaria de Biodiversidade e Flores- muito presente junto aos parceiros e uma harmonização ta do Ministério do Meio Ambiente. de seus interesses. A UCP foi criada em agosto de 2003 e, desde então, Além destas atribuições, a UCP supervisiona a execuvem realizando as atividades de coordenação do Progração física e financeira a partir das informações geradas por ma. A UCP secretariou o processo de revisão do mapa de meio do monitoramento financeiro realizado pelo Funbio áreas prioritárias para a conservação no bioma Amazônia, e a comunicação entre as instâncias executivas e decisórias, desenvolveu o Planejamento Estratégico Plurianual (PEP ), de modo que as atividades sejam realizadas com eficácia e a Ferramenta de Avaliação de Unidades de Conservação sem sobreposição de esforços. (FAUC ) e a Estratégia de Conservação e Investimento (ECI ), bem como o Sistema de Gestão do Arpa (SisArpa). Gerência operacional e logística O Arpa é implementado de forma participativa e descentralizada. Seu arranjo institucional conta com instânA finalidade do item “gerência operacional e logística” é implementar, no âmbito do Funbio, uma estrutura capaz de atender a demanda por bens e serviços das UC s e outros executores, possibilitando a consecução dos objetivos e metas do programa com os recursos provenientes de doação. Para isso, o Funbio estruturou um setor de compras, ampliou o setor financeiro e a gerência do Programa, e contratou pessoal para suprir as demandas no subcomponente de sustentabilidade financeira. Outras atividades, como contratação de consultorias e compras de bens, também exigem procedimentos operacionais específicos realizados pelo Funbio e computados como custos de gerência operacional e logística. Estas despesas, vinculadas diretamente à execução nas UC , também deveriam estar registradas nos POA s das unidades atendidas, inclusive para que se tenha clareza sobre os custos totais de cada processo. Coordenação do Programa Gestão financeira e operacional do Arpa Juan Pratginestos / WWF-Canon 41 procedimentos diferenciados foram acordados, como a abertura das contas vinculadas e a adoção de um sistema Conforme destacado anteriormente, o Programa Arpa é de informação gerencial pelo Funbio. executado por meio de um arranjo institucional inovaNesse período, a aquisição de bens incluídos pelas UC s dor, composto por entidades públicas e privadas, coordenos POA s não estava bem estruturada, funcionando como nado pelo MMA , implementado através de uma parceria um sistema que impossibilitava controle e transparência com o ICMB io e os órgãos estaduais gestores de UC s do adequados ao processo. Diante disso, em outubro de 2004 bioma Amazônia, com a gestão administrativa-financeira o Funbio iniciou o desenvolvimento do Sistema Cérebro, pelo Funbio, e com a cooperação técnica do WWF -Brasil que acabou por entrar em operação em abril de 2005, a e a GiZ. tempo de realizar o gerenciamento do POA daquele ano. Um dos principais pontos positivos destacados por O Sistema Cérebro foi concebido e desenvolvido para quem participa do Arpa é a existência de um ente privado gerenciar o fluxo de aprovações necessárias para a aquisiresponsável pela execução financeira do Programa, o Fun- ção de bens e serviços no Programa Arpa. No entanto, não bio – o que propiciou agilidade no aporte direto para as possibilitava realizar a gestão físico-financeira do PrograUC s. Adotada a partir de lições aprendidas no âmbito do ma, o que gerou dificuldades e insatisfação com os relatóPrograma Piloto para as Florestas Tropicais (PPG -7) e do rios disponibilizados. Projeto Corredores Ecológicos, essa solução tem possibiliJunto com o Sistema Cérebro começou também a opetado ao Arpa ter maior agilidade no processo de execução ração das contas vinculadas, uma solução encontrada pelo dos recursos aportados pelas doações internacionais. A programa que, ao desburocratizar o acesso aos recursos execução orçamentária por meio de uma entidade nãofinanceiros, agilizou sua utilização na gestão das UC s. -governamental permitiu que os recursos chegassem mais Apontada como uma das grandes inovações do Arpa, as rapidamente às UC s e que o Arpa executasse um volume contas vinculadas inspiraram iniciativas como o Cartão de muito significativo de recursos. Combustível, adotado atualmente pelo ICMB io, o órgão gestor das unidade de conservação federais. Soluções para os problemas O Sistema Cérebro e as contas vinculadas contribuíram para o incremento na execução financeira do Programa, A Primeira Missão de Avaliação do Banco Mundial, ocor- possibilitando que o aumento dos gastos realizados nas rida em março de 2004, possibilitou ao Funbio equacionar comunidades próximas às UC s contribuísse para melhorar dificuldades decorrentes da realidade amazônica, como sua imagem, alavancando a percepção de que a presença de definir procedimentos para realizar compras e contratauma unidade pode lhes trazer benefícios econômicos. ções em áreas remotas da região e alternativas às regras Ainda no final de 2004 foi introduzida a figura do pondos doadores, que foram acordadas e passaram a constar to focal, que é o representante governamental dos órgãos do Manual Operacional do Programa. Além disso, outros gestores de meio ambiente, para dar mais agilidade ao Evolução na gestão do Programa 42 Gestão financeira e operacional do Arpa 43 Gestão financeira e operacional do Arpa fluxo de aprovação das solicitações do programa. Também foi implementado o Fórum Técnico, instância consultiva colegiada formada por representantes das instâncias coordenadoras, executoras e de cooperação técnica do Arpa. A passagem da Missão de Avaliação do Arpa colaborou, ainda, para esclarecer dúvidas sobre as atribuições de cada uma das entidades integrantes do programa e definiu como prioridade equipar as UC s. Foi definida uma ferramenta de avaliação da efetividade de gestão de UC s – denominada Tracking Tool – a ser aplicada no início, no meio e no final de cada fase do Arpa, e que os resultados dessa avaliação deveriam ser enviados aos doadores. Posteriormente, houve a construção de outro método de avaliação, a Ferramenta de Avaliação de Unidades de Conservação (FAUC ), descrita anteriormente (leia mais detalhes sobre essas ferramentas e sobre a avaliação no capítulo sobre efetividade gestão das UC s apoiadas pelo Arpa). A Missão reconheceu também a necessidade de formular uma estratégia de captação de recursos para o Arpa (Arpa, 2004b). para os gestores. Sem metas intermediárias e operacionais acordadas e com um grande volume de recursos disponíveis, os gestores foram incentivados a gastar. Essa situação só veio a ser superada com o estabelecimento de mecanismos para melhor direcionar os gastos, como a ECI e Planejamento Estratégico Plurianual (PEP ). Segundo os gestores do Programa, a UCP e os pontos focais, não havia ferramentas gerenciais mais efetivas para apoiar a tomada de decisão. A fragmentação de informações entre o SisArpa e o Sistema Cérebro e a má qualidade do planejamento não forneceram a base necessária para a tomada de decisão no momento da implementação das ações do Programa. No Sistema Cérebro se visualizava e aprovava o pedido de insumos, mas não se conseguia saber com clareza como a execução de determinado insumo iria contribuir para o alcance das metas propostas no PEP . Outro fator apontado como obstáculo ao alcance das metas planejadas para o estabelecimento e consolidação das UC s nessa fase foi a cultura institucional já estabelecida, segundo a qual os gestores das unidades gastavam os recursos Aprendizado e inovação nas atividades que eles achavam prioritárias, e não nas que o Programa demandava. Operacionalização e proteção conHouve um grande aprendizado durante a 1ª Fase do Protinuaram como foco dos gestores, enquanto atividades como grama. Além da adoção do Sistema Cérebro e da conta preparação de plano de manejo e regularização fundiária vinculada, foram introduzidas outras inovações gerenciais permaneceram em segundo plano. Essa situação foi agrae operacionais, como a FAUC , o PEP e o SisArpa. Apesar vada pelas dificuldades inerentes ao processo de elaboração disso, a maioria das UC s apoiadas pelo Programa não con- de planos de manejo e pela indefinição de procedimentos seguiu atingir o desempenho esperado em seus processos para solucionar impasses relacionados à questão fundiária. de consolidação. Outros pontos negativos apontados foram a falta de Dificuldades iniciais para estruturar o programa e a clareza do papel de cada instituição dentro do arranjo e a pressão para desembolsar os recursos impediram que as dificuldade do gestor financeiro em gerar relatórios adedespesas fossem devidamente orientadas pelos resultados quados, demanda que foi se tornando mais aguda ao longo pretendidos – que àquela altura sequer estavam claros da execução da 1ª Fase do Programa. Oportunidades para financiar as UCs com apoio do Arpa 44 Gestão financeira e operacional do Arpa diversos de custo. De um lado há o custo do investimento na criação, implementação e consolidação das UC s. De outro, o custo de oportunidade econômica associado à renúncia da renda da conversão florestal. O custo total de O custo de criação e consolidação de uma oportunidade econômica da rede de unidades de conservarede mundial de áreas protegidas foi estimado ção (UC s) na Amazônia brasileira foi estimado em 141±50 em 4 bilhões de dólares (US$ ) anuais – hoje bilhões de dólares (Soares F et al)2. Isso corresponde a são gastos cerca de 1 bilhão de dólares anuais uma média de 5,4±2,3 de dólares a tonelada de carbono. (Ricketts et al)1. Segundo os dados mais Para isso, foi considerado o valor líquido atual da renda recentes incorporados nas estatísticas globais, proveniente da agricultura e da madeira (utilizando estiem 2008, mais de 120 mil áreas terrestres e mativas de preço alto e baixo) ao longo de 30 anos (e uma marítimas protegidas nos diferentes países taxa de 5% de desconto). Os investimentos para reduzir 2 cobrem 21 milhões de km – o que equivale as emissões esperadas num período de 30 anos, caso não existissem as UC s, foram estimados entre 27 a 84 bilhões a mais do dobro do território do Canadá. de dólares. Como os pagamentos anuais correspondem stima-se que, até 2012, devem ser aplica- a 1% dos investimentos mundiais em energia limpa (que dos 4,5 billhões de dólares para preparar os países são da ordem de 148,4 bilhões de dólares, segundo dados em desenvolvimento para um futuro mecanismo apresentados no Fórum Econômico Mundial de 2009, internacional de REDD (ações para a Redução das Emisem Genebra)3, seria mais rentável reduzir as emissões por sões oriundas do Desmatamento e da Degradação floresmeio de investimentos nas unidades de conservação. Isso tal). Para evitar um possível vazamento de emissões, sob o equivaleria a reduzir 10% das emissões mundiais oriundas temor de que o desmatamento evitado em áreas sob forte do desmatamento (estabelecendo um incentivo <60% pepressão (como o Arco do Desmatamento na Amazônia los custos de oportunidade das UC s). brasileira) pudesse se deslocar para outras áreas, foi introOs custos econômicos das UC s são compensados pelos duzido nas negociações do clima o conceito de REDD +. O benefícios econômicos de manutenção da floresta. Tais besinal de mais se refere a reconhecer e creditar a conservação nefícios compreendem, entre outros, a proteção do regime dos estoques de carbono e o manejo sustentável de floresde chuvas e das nascentes, a redução de queimadas e dos tas, destacando o valor da cobertura florestal com alto teor prejuízos à saúde humana, a implantação de sistemas agríde carbono e baixo grau de ameaça. As unidades de conser- colas, o potencial de atividade florestal e o valor da própria vação podem receber os recursos de REDD + e o potencial biodiversidade. Mas o REDD + só vai remunerar redução fica ainda mais forte naquelas que têm o apoio do Arpa. das emissões, manutenção ou incremento dos estoques Expandir e manter uma rede de unidades de conserva- de carbono florestal”. Esses outros serviços teriam que ser ção na Amazônia brasileira implica em dois componentes cobertos por mecanismos complementares ao REDD +. A E Leonardo Lacerda / WWF-Canon 45 Gestão financeira e operacional do Arpa Para a Amazônia brasileira, estima-se que o custo da redução das emissões oriundas no desmatamento seja de 1 a 2 dólares por tonelada de CO 2 equivalente. Esse valor incluiria o pagamento de programas de comunidades locais que vivem nas ou das florestas e outros ecossistemas, compensação parcial de custos de oportunidade, reforço na aplicação das leis e mais apoio financeiro para as áreas protegidas. No geral, de forma simplificada, o Governo Brasileiro normalmente considera que a biomassa contém 100 toneladas de carbono por hectare.4 Algumas projeções indicam o montante dos custos diretos das UC s seria no máximo 40% do valor do carbono não emitido até 2050 (Conclusões do Seminário).5 É recomendado um apoio para cobrir parcialmente esses custos no âmbito de um acordo internacional do clima. Tal apoio compreenderia incentivos econômicos conclusão é de que é preciso equilibrar os custos de opor- para os países tropicais reduzirem suas emissões de carbotunidade econômica das UC s com os benefícios econômi- no oriundas do desmatamento e da degradação florestal cos da conservação florestal e os custos programáticos da (REDD ). Qualquer tipo de estímulo à redução das emisredução do desmatamento. sões oriundas do desmatamento – inclusive por meio de Uma das prioridades nas negociações de mudanças cli- diferentes mecanismos de compensação financeira – serão máticas no âmbito da ONU é assegurar recursos financei- muito bem-vindos para minimizar (mitigação) as mudanros que sejam realmente novos e adicionais para garantir ças climáticas, promover a adaptação a essas mudanças e o financiamento de 30 bilhões de dólares anuais em curto manter as salvaguardas sociais e de biodiversidade. prazo e 100 bilhões de dólares até 2020. Esses montantes A conclusão é de que a proteção de áreas florestais devem ser destinados ao financiamento de ações para reconstitui uma das estratégias mais eficazes, práticas e de dução de emissões em países em desenvolvimento – como efeito imediato para combater as mudanças climáticas. É o Brasil. Além de ações para reduzir as emissões de gases um bom investimento: os ganhos econômicos das UC s de efeito estufa oriundas do desmatamento e da degrada- para o Brasil, até 2050, foram estimados em dezenas de ção florestal, estão incluídas ações de adaptação às mudan- bilhões de dólares. ças climáticas, capacitação e transferência de tecnologia. É Segundo os dados mais recentes incorporados nas estanecessário, ainda, definir sistemas para mensurar, relatar e tísticas globais, em 2008, mais de 120 mil áreas terrestres e verificar os resultados a serem obtidos. marítimas protegidas nos diferentes países cobriam 21 mi- Gestão financeira e operacional do Arpa Juan Pratginestos / WWF-Canon 46 lhões de Km2, o que equivale a mais do dobro do território do Canadá. Na América Latina há cerca de 21% de cobertura de áreas protegidas em zonas terrestres. Praticamente toda a Amazônia brasileira apresenta cobertura maior que 10% por ecorregião, sendo que em parte significativa das ecorregiões a cobertura é maior que 30% e em algumas alcança 50%. A proteção de áreas florestais constitui uma das estratégias mais eficazes, mais práticas e de efeito imediato para combater as mudanças climáticas. O custo atual total da rede de áreas protegidas na Amazônia para o Brasil, segundo esse mesmo estudo, é estimado em 147 ± 53 bilhões de dólares (valor líquido atual referente à renúncia de ganhos e aos investimentos necessários para implementar as unidades) (Soares Filho et.al)6 Os autores recomendam um apoio parcial desses custos no âmbito de um acordo internacional do clima. Tal apoio compreenderia incentivos econômicos para os países tropicais reduzirem suas emissões de carbono oriundas do desmatamento e da degradação florestal (REDD ). Referências 1 Ricketts, T.H; Soares-Fº., B.; Fonseca, G.A.B. da; Nepstad, D.; Pfaff, A.; Petsonk, A.; Anderson, A.; Boucher, D.; Cattaneo, A.; Conte, M.; Creighton, K.; Linden, L.; Maretti, C.; Moutinho, P.; Ullman, R.; Victurine, R.; . 2010. Indigenous Lands,Protected Areas, and Slowing Climate Change. PL oS Biol 8(3): e1000331. doi:10.1371/journal.pbio.1000331 47 Gestão financeira e operacional do Arpa 2 Britaldo Soares Filho (UFMG /CSR ), Paulo Moutinho (IPAM e WHRC ), Daniel Nepstad (IPAM e WHRC ), Anthony Anderson (WWF -Brazil), Hermann Rodrigues (UFMG /CSR ), Ricardo Garcia (UFMG /CSR ), Laura Dietzsch (IPAM ) , Frank Merry (Gordon & Betty Moore Foundation), Maria Bowman (WHRC ), Letícia Hissa (UFMG /CSR ), Rafaella Silvestrini (UFMG /CSR ) e Claudio Maretti (WWF -Brasil), Papel das Áreas Protegidas na Amazônia brasileira na mitigação das mudanças climáticas, editado por Ruth Defries, Columbia University, Nova Iorque, EUA , 2010 3Soares-Fº. et alii, 2010 (op.cit.). Libriech M. et al, The Green Investing – Towards a Clean Energy Infrastructure Report, 2009, disponível em http://www.weforeum. org/pdf/climate/Green.pdf Ricketts et alii, 2010 (op.cit.) Brasil. 2010. Programa Áreas Protegidas da Amazônia, Fase II ; documento de programa do Governo Brasileiro. Brasília, MMA -SBF-DAP -Arpa. 79 p. 4Ricketts et alii, 2010 (op.cit.) 5 Conclusões do Seminário As Mudanças Climáticas, REDD e Áreas Protegidas. Brasilia, 8 de outubro de 2009. WWF -Brasil et al (Participaram 25 ONG s, gestores de UC s , instituições governamentais e outras. Endossada por mais organizações 6Soares-Fº. et alii, 2010 (op.cit.). 48 Gestão financeira e operacional do Arpa