SC Rural em SRL
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SC Rural em SRL
ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima • Distribuição gratuita. Venda Proibida. Raio X do SC Rural em SRL Acompanhe o Esporte Total com Ana Maria Pág. 26 Programa injeta 2 milhões em melhoria de empreendimentos de agroturismo e nos seus acessos. Angela Feldhaus indica a área de expansão do restaurante do Cantinho. Pág. 2, 3 e 5 Patrimônio SRL (re)descobre o Rio Bravo Um acervo de construções e equipamentos que marcaram uma época pode ser perdido. Última serraria pica-pau em funcionamento Pág. A partir dessa edição Criança SRL Conheça com seu filho, neto ou bisneto o encarte Criança SRL e o estimule à leitura e às artes. Caderno Central 12, 13 e 15 Para o dia do meio ambiente Movimento a favor do Rio Braço do Norte relata a situação da água em SRL Pág. 21 Piso do Magistério Depois de diversas discussões, professores e executivo não chegam a um acordo. Pág. 18 2 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Editorial Inicialmente, deve-se considerar que o Canal SRL teve uma acolhida muito positiva pelos santarosalimenses. Permaneceu quase todo o mês em pontos importantes da casa (uma mesa na cozinha, um canto da sala, um braço de sofá...) e foi sendo lido, lenta mas totalmente, por todos os membros da família. Ou, pelo menos, quase totalmente e por quase todos. O que já é muito! Seu conteúdo foi assunto de muitas conversas. Sua chegada foi muito discutida. Como em quase tudo no município, com forte polarização. E, mais uma vez, a principal divisão das opiniões era consequência não do jornal em si, mas das preferências políticas partidárias e das facções formadas em torno de pessoas. É isso o que se chama de preconceito: “opinião ou conceito formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos” (Dicionário Aurélio). Na avaliação objetiva que se fez da primeira edição, com um grupo de leitores, surgiu a consideração de que a “posição político partidária” do jornal ainda não tinha ficado clara. Especialmente, porque muito tinha se falado dela, “na praça”. Ora, como procuramos deixar claro na apresentação e no primeiro editorial, esse não é um jornal partidário, como se fazia no século passado. Usando as palavras do grande jornalista Mino Carta, podemos dizer que este é um jornal “simplesmente, autenticamente, desabridamente republicano”. República no sentido de res publica, ou “coisa pública”. Esse jornal quer apenas informar o leitor bem e de forma completa. Para que ele se veja como cidadão. E para que como cidadão, não caia mais nos engodos daqueles que se mostram como doadores de graças ou benefícios para homens e mulheres que enxergam como clientes e devedores de favores. Tudo isso, muito claramente, sempre usando o dinheiro “de todos”, coletados através de impostos. Para ser bem mais claro, esse não é um jornal nem de “carneiros”, nem de “pés-peludos”; essa miserável divisão dos santarosalimenses em dois lados. Esse também não é um jornal de uma ou de outra “sopa de letras”, que são os partidos que têm alguma representação em SRL. Os responsáveis dessa publicação não têm ilusões quanto aos seus poderes como jornalistas nem quanto aos poderes desse jornal. Não surpreende o combate que será sustentado pelos atuais governantes do município contra essa publicação. Grupos que estão no poder já lutam, em regra geral, contra a informação e a transparência. Isso se intensifica quando membros ou “chefes” desses grupos têm uma postura autoritária e personalista. Nossa preocupação não é, entretanto, com o curto prazo, nem com esses chefetes fatal e felizmente temporários. Nossa preocupação é com o longo prazo e com a formação das novas gerações. No plano político, os responsáveis pelo Canal SRL priorizam tão somente a continuidade da ação de enfrentamento com o problema mais gritante e mais daninho do Brasil: “a desigualdade social monstruosa” (de novo, Mino Carta). Por isso, como manda o jornalismo de verdade, autêntico, assumimos claramente que defendemos a continuidade das ações iniciadas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva e prosseguidas pelo de Dilma Roussef. Aqui em Santa Catarina, trabalham nesta perspectiva parcelas importantes de partidos da base política do atual Governo Federal (PT, PSD, PP e PMDB). Somente, PSDB e PPS, isolados, embarcaram na marola de forçar um segundo turno na eleição presidencial de 2014, pretendendo trazer de volta políticas neoliberais e conservadoras. Na visão deste jornal, a prioridade está em evitar um passo atrás na difícil e complexa construção de uma democracia efetiva no país. Democracia que precisa estar baseada na maior igualdade socioeconômica, mas fundamentalmente ancorada na construção da cidadania política. Mais do que em nós e em nossa capacidade de produzir conteúdo, acreditamos nos nossos leitores e na sua capacidade de “ler” criticamente o que produzimos e, sobretudo, o município em que vivem. SC Rural na SRL Rural SC Rural e Santa Rosa de Lima, três anos na estrada. As ações efetivas do SC Rural começaram em 2011. O programa do governo do estado com apoio do Banco Mundial (ver box nesta na página 5) prioriza agricultores familiares organizados em grupos. Atividades sustentáveis têm prevalência. Wilmar Kleinschmidt, então técnico local da Epagri, soube ver nessa política pública mais uma oportunidade para Santa Rosa de Lima. Pensou que por saberem onde queriam chegar os agricultores orgânicos ou os participantes do agroturismo tinham chances de conseguir o apoio do SC Rural. E que com esse suporte outros produtores poderiam entrar nessas atividades. Procurou, por isso, a Secretaria municipal de agricultura, meio ambiente e turismo, o Departamento municipal de turismo e a Associação de agroturismo Acolhida na Colônia. As discussões foram positivas e produtivas e, já em junho de 2011, três grupos de agricultores apresentaram manifestações para constituir projetos: “Fortalecimento do agroturismo”; “Produção orgânica de hortaliças” e “Produção de leite orgânico”. Os dois primeiros foram aprovados. Naquela primeira etapa, de todos os municípios da regional Sul da Epagri, apenas Santa Rosa de Lima foi contemplada. Em novembro de 2011, uma missão do Banco Mundial veio ao município verificar o que aqui se fazia e o que estava sendo proposto. Os avaliadores internacionais saíram daqui muito bem impressionados com o que viram e com o potencial do que foi proposto. Seis meses depois, parte dos recursos começou a ser liberada. A proposta de fortalecimento do projeto de agroturismo no município foi apresentada pela Acolhida na Colônia. Trata-se de uma injeção de R$ 287 mil em quatorze propriedades que acreditaram nessa atividade de renda e de valorização da agricultura familiar e do município. Somados à contrapartida dos agricultores os recursos aplicados ultrapassam os R$ 600 mil e estão sendo usados para ampliação, melhorias e construção de novos empreendimentos. Com isso, a Acolhida conseguirá dobrar sua oferta em hospedagem em Santa Rosa de Lima. Serão cerca de cem leitos disponíveis aos turistas. O programa também promove a capacitação em diversas áreas e permitirá uma melhoria significativa na sinalização das pousadas e das comunidades. E não são apenas os beneficiários diretos que ganham com o projeto proposto pela Acolhida. O montante maior de recursos é destinado ao melhoramento de trechos de estradas do interior de Santa Rosa de Lima. Aproximadamente R$ 1.300.000,00 serão investidos, assegurando condições de tráfego e acesso constante, independente de intempéries. Em oito trechos, que somados dão quase quinze quilômetros, serão realizados aperfeiçoamento na drenagem, correção de pontos críticos, medidas de proteção ambiental, jardinagem e paisagismo e pavimentação com peças pré-moldadas de concreto (pavers) no acesso de empreendimentos que fizeram parte do projeto. Além de favorecer o desenvolvimento do agroturismo a seleção dos trechos também considerou a existência Trechos 1 Extensão Localização (km) 2, 945 Ponte do Rio do Meio até a Ponte do Quedas 3 2, 770 Morro dos Roecker 4 0,306 Águas Mornas 5 1,121 Nova Fátima e Mata Verde 6 1,511 Santa Catarina. 7 2,603 Rio Santo Antônio 8 Direto da Capital A reportagem do Canal SRL ouviu, por quase uma hora, o responsável pela interlocução do Programa SC Rural com a Secretaria estadual de turismo, cultura e esporte (SOL) para trabalhar os financiamentos de atividades de turismo rural na agricultura familiar em Santa Catarina. Vicente Sandrini Pereira é da equipe da gerência técnica da Secretaria executiva estadual do SC Rural e foi o profissional que teve o envolvimento mais efetivo com os projetos apresentados por Santa Rosa de Lima àquele programa. Seu depoimento ajuda a recordar a fase inicial desse processo, ocorrida em 2011; explica porque foram necessários mais de dois anos até a liberação de recursos; mostra como as melhorias nas estradas são diretamente articuladas aos projetos financiados pelo programa; e trata do valor da “consistência” da organização dos agricultores. Para Vicente Pereira, o projeto de Santa Rosa de Lima, junto com o de Urubici (os dois da Acolhida na Colônia) vão ser referência para o estado. “No Oeste, por exemplo, se surgir alguma possibilidade, a primeira coisa que nós vamos sugerir é uma visita a Santa Rosa de Lima, a Urubici, que conversem e vejam como as coisas estão evoluindo”, prevê o técnico do SC Rural. A seguir, transcrevemos os principais trechos desta entrevista gravada. “Tem prefeitos que dizem: ‘eu também quero estradas’. Não é querer estradas, ela vai se tiver projeto e se houver necessidade de melhorar o acesso das propriedades que dele participam.” Vicente Sandrini Pereira 3,583 Rio dos Índios 2 Total de propriedades inseridas no projeto de horticultura e que contam com jovens. Nessas obras, cabe a Secretaria Estadual de Infraestrutura elaborar o projeto, obter as licenças ambientais, selecionar e contratar a empresa (licitação), dispor dos recursos e efetuar os pagamentos, assim como disponibilizar engenheiros para acompanhar e fiscalizar os serviços. Ao município compete conseguir a autorização dos proprietários para que as obras possam ser realizadas em sua faixa de domínio; fornecer mudas de capim vetiver, gramas, palmitos e outras plantas; manter e irrigar as mudas plantadas; participar de capacitação da equipe operacional sobre melhoramento de estradas; auxiliar no acompanhamento e fiscalização dos serviços .Cabe à prefeitura, também, executar a manutenção de rotina nos trechos. Por fim, aos associados da Acolhida beneficiados pelo projeto cabe o ajardinamento e o embelezamento dos acessos, o acompanhamento dos serviços e aproveitar as capacitações previstas. 0,018 Águas Mornas 14,857 Fonte: Secretaria de Estado de Infraestrutura de Santa Catarina Sobre o período inicial, em 2011 A visita do Banco Mundial a SRL Nós fizemos a visita a Santa Rosa de Lima com a equipe do Banco Mundial. Na época, o projeto ainda não tinha sido aprovado. A visão do Banco foi positiva. Chamou a atenção deles as dificuldades em relação à localização de Santa Rosa e às condições das estradas de acesso, especialmente indo por Anitápolis. Mas chamou atenção principal- 3 mente o investimento, de dez, quinze anos e até mais, que as famílias e o poder público do município vinham fazendo para chegar à boa situação do turismo. Quando a Secretaria de Turismo (SOL) e o SC Rural consideraram os destinos referência – e um dos mais estruturados era Santa Rosa de Lima, foi resgatado todo esse trabalho. Mas, mesmo sendo o primeiro, o processo avançou. Fizemos uma visita de campo. Foram feitas adaptações. A descrição de tudo, para poder fazer as especificações para o processo licitatório, demorou. Para isso, a Acolhida precisou contratar um arquiteta. Houve, ainda, a mudança do extensionista local da Epagri. Saiu o Wilmar [Kleinschmidt], que foi outro ator muito importante, e entrou o Lúcio [Schmidt]. Depois aconteceu todo o processo licitatório, que precisa seguir a Lei 8.666, o que gera dificuldades. Tudo isso, fez com que esses trâmites demorassem dois anos e a liberação das compras ocorresse apenas no final de 2012. E só agora que eles estão efetivamente aplicando. O componente infraestrutura e a melhoria em estradas As estradas representam o apoio da Secretaria de infraestrutura definiu e que está sempre ligado aos projetos do SC Rural. Tem prefeitos que dizem: “eu também quero estradas”. Não é querer estradas, ela vai se tiver projeto e se houver necessidade de melhorar o acesso das propriedades que dele participam. É assim que está definido e é assim que tem que ser executado. Visita do Banco Mundial - Novembro 2011. O apoio no município na elaboração do projeto Com relação ao município, naquele período, a gente notava a colaboração. O prefeito Celso [Heidemann] colocou o Sebastião [Vanderlinde], então secretário de agricultura e turismo, a trabalhar diretamente na elaboração do projeto. Outras pessoas da prefeitura colaboravam no dia a dia. Foi um apoio muito grande. Outro fator foram as participações em reuniões. Fizemos reuniões com o pessoal à noite, lá nas Águas, e o prefeito sempre estava junto. Então, a gente notava que realmente tinha esse interesse. Havia um entendimento maior, como um município que trabalhou dez, quinze anos num sentido muito positivo em termos ecológicos. O turismo sendo visto como uma atividade importante e coerente com a situação ecológica do lugar. “O projeto está feito. Vai se atender aquele projeto e ele vai ser executado daquela maneira. Ou, não vai ser executado.” O porquê dos catorze quilometros Como em Santa Rosa de Lima são dois projetos – o de agroturismo e o de hortaliças – nós do SC Rural conversamos e resolvemos fazer um pacote. Como são em torno de sete quilômetros por projeto e como estamos atendendo dois, Santa Rosa de Lima terá melhoria de aproximadamente catorze quilômetros. A demora na operacionalização Houve um problema com o orçamento. Os valores inicialmente orçados ficaram aquém do valor de mercado. Por exemplo, para tirar material para a estrada precisa estar tudo legal, com licença da Fatma, tudo direitinho. E isso fez com que se gaste mais com transporte, porque tem que buscar em Rio Fortuna. Isso gera custos a mais e fez com que o projeto da Secretaria de infraestrutura demorasse mais a ser colocado em prática. Ainda mais considerando a carência de pessoal técnico naquele órgão. Depois, ficou definido que seria feito convênio com o município. E agora, está para ser lançada a licitação. Só se atende aos trechos definidos nos projetos. O município pode ganhar com a capacitação dos operadores tanto na construção quanto na manutenção de estradas. E isso pode ser aproveitado em outras estradas no município. Vicente Sandrini Pereira As dificuldades para avançar no processo e o longo tempo até a execução do projeto Chegar ao projeto A manifestação de interesse surgiu em 2011. Havia, é claro, uma série de dificuldades para a elaboração do projeto. A Acolhida não contava com um arquiteto para descrever os detalhes das obras, necessários às licitações, e tinha dificuldades financeiras para contratar um. E a Epagri não tem tradição em trabalhar com isso nem profissionais (engenheiros civis e arquitetos) que lidem com isso. Esse foi um dos principais fatores a explicar que o projeto em si demorou a ficar pronto. E deve ser ressaltado que houve um esforço da Acolhida, uma ajuda grande da Amurel, colocando à disposição um engenheiro, e a mobilização da Secretaria Municipal de Agricultura. Na verdade, o município e a Acolhida enfrentaram as dificuldades de um primeiro projeto. Nós do SC Rural também não tínhamos uma noção clara de como as coisas iriam acontecer ou referências de custos da construção de uma pousada. Diretor: Sebastião Vanderlinde Diretora: Mariza Vandresen Estrada Geral Águas Mornas, s/n. CEP 88763-000 Santa Rosa de Lima - SC. Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497 E-mail: [email protected] COMUNIDADE Rio Santo Antônio Marileia Torquato | Carol Rodrigues Nosso rio, nosso Santo, nossa festa e nossa atuação Amigos leitores e amigas leitoras, nesta edição, escrevemos um pouco mais sobre o nosso Rio Santo Antônio, que fica a dezesseis quilômetros da “praça”. A fundação da comunidade é datada de 1958. Mas bem antes disso, estas terras já eram habitadas. Em 1960, uma imagem do santo casamenteiro foi doada à comunidade por Gregório Brighente. Por isso, no dia 13 de junho tradicionalmente realizamos a festa do nosso padroeiro. Quer dizer, realizávamos. Infelizmente, este ano, pela primeira vez, nossa comemoração não acontecerá. A falta de estrutura é a principal justificativa apresentada pelos membros do Caep. E isso nos faz pensar. Acreditamos que o Rio Santo Antônio é a única comunidade do município que não possui cancha de bocha e nem campo de futebol. Infraestruturas de lazer importantes e que são grandes chamarizes das festas de interior. E serve para mostrar como nossos jovens têm poucas opções de cultura e lazer. Assim, para se divertir nos finais de semana, eles precisam se deslocar para comunidades vizinhas. E como todos sabem, quase sempre fazem isso de moto. Eles vão se distrair e os pais ficam em casa cheios de preocupação. Aliás, não sabemos se existe uma estatística do número de acidentes com motociclistas jovens em Santa Rosa de Lima. Mas todos têm alguém próximo que foi vítima de um acontecimento infeliz desse tipo. A pergunta é: quando essa situação vai mudar? O que vai ser feito para termos infraestrutura? Ou, por não dispor dela, no ano que vem apenas não teremos festa de novo? Quem sabe, uma oportunidade de lazer saudável... Alguns amigos se reuniram “no Santo Antônio”, no dia 26 de maio, para um torneio de laço. Muita gente da comunidade participou. Esta atividade representa a realização de um sonho de Jeferson Steffens. Tudo começou com uma brincadeira com o irmão dele. E esse jovem começou a trabalhar para realizar um encontro de cavaleiros, todos com seus animais. O evento aconteceu e foi muito legal. A comunidade, os amigos e os familiares deram, dão e darão o maior apoio a este jovem honesto e muito batalhador. E nossa coluna o parabeniza pela iniciativa, por ter se mexido, por “correr atrás”. Quem sabe a paixão pelos cavalos não desperte uma ótima e saudável opção e lazer por aqui. Vicente Sandrini Pereira, da Secretaria Executiva do SC Rural. Situação atual Em relação às estradas, houve um questionamento de que vai se atender esse ou aquele. Sempre foi colocado que o projeto está feito. Que vai se atender aquele projeto e ele vai ser executado daquela maneira. Ou, não vai ser executado. Fundado em 10 de maio de 2013, dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima Jornalista Responsável: Mariza Vandresen Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e Planejamento): Sebastião Vanderlinde Revisores e editores (voluntários): Eliete May da Rosa, Suely Defrein e Wilson (Feijão) Schmidt. Frio e bonito Por aqui, o frio começa a chegar. Geadas já castigam plantações e “congelam” moradores e visitantes. Ao mesmo tempo, as baixas temperaturas transformam a paisagem, gerando uma beleza apreciada por todos. Aproveite, a chegada do inverno para nos apresentar sugestões e críticas. Elas serão sempre bem vindas. Até a próxima edição. O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os responsáveis pela Editora que constam deste expediente. Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini Distribuição: Editora O ronco do bugio Tiragem desta edição: 1000 exemplares Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio). Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do Executivo e Legislativo estadual e federal. 5 DEPOIMENTO Wilmar Kleinschmidt Operacionalizar o SC Rural foi um grande desafio. Naquela época, eu fiquei sozinho no escritório municipal da Epagri. Tínhamos duas semanas para encaminhar as manifestações de interesse de três projetos. Foi uma correria. Para nossa surpresa, as propostas foram aprovadas. Tive muita ajuda do Sebastião Vanderlinde, que era o Secretário Municipal de Agricultura, e do Marlon Dutra, que fazia estágio na Epagri. Foram noites sem dormir. Trabalhamos feriados e finais de semana. Até minhas filhas me ajudaram. Depois da aprovação dos projetos também tive como grande braço direito o técnico da Epagri de Imbituba, Adilson Dal Ponte. Hoje, sabendo dos resultados, fico muito satisfeito. Nada melhor do que ver que o nosso esforço de extensão rural contribuiu para a melhoria de vida de produtores e habitantes do meio rural. O programa SC Rural é justamente isso: melhorar a competitividade, estruturando as propriedades, dando condições de vida mais dignas a agricultores. Assim que tudo que está previsto no projeto for realizado, quero voltar a Santa Rosa de Lima para conhecer os resultados do nosso empenho naquele período. “A Acolhida cresceu, rendeu e renderá muito frutos. Hoje somos referência para o mundo. Estamos nos ares, na TV Tam. Somos tema para a Globo. A gente vê aqui mesmo, no morro. Antes, era só eu. Agora, com o Programa SC Rural, meus dois irmãos se associaram a Acolhida. Como todo agricultor sabe, viver só da roça não é fácil e o agroturismo vem como uma complementação da renda.” A Pousada da Vitória Na pousada “da Dida”, os investimentos do programa SC Rural somam trinta mil reais e foram aplicados na construção de um refeitório. Antes disso os turistas eram servidos na cozinha de uma das casas. “Era ruim. Tirava a privacidade dos hóspedes daquela casa e eu podia atender pouco mais de dez pessoas. Agora, com a construção, tenho condições de servir até trinta refeições”, diz com satisfação Leonilda Boeing Baumann, a Dida. Em 1998, quando das primeiras conversas para se trabalhar o agroturismo, ela não esperava que fosse chegar aonde chegou. “De lá pra cá foram muitas lutas, desafios e conquistas. A irreparável morte do Odair pelo câncer foi uma das maiores provações para nós. As coisas foram muito difíceis. Mas a vida seguiu em frente”, rememora emocionada Leonilda. Leonilda Boeing Baumann (Dida) Todas as fichas no turismo No Cantinho da Família, empreendimento de turismo associado à Acolhida na Colônia, Ney, a esposa Ângela e o filho Patrick se mostram muito satisfeitos com a atividade. E veem a chegada do SC Rural como uma possibilidade de incrementar os investimentos feitos. Os recursos, somados à contrapartida, são de 40 mil e serão aplicados em uma ampliação. “Nosso restaurante tem agora uma área de 61 metros quadrados e passará a ter de 170. Hoje, temos condições de servir cerca de 50 pessoas. Com essa construção, poderemos atender mais de 200”, afirma Ney. A nova área do restaurante, que ainda está só na estrutura de cimento, terá vista para o lago e já tem muitas conversas sobre futuros eventos no local. “Se depender das pessoas que vêm aqui e olham a construção, já temos reserva para um ano”, brinca Ângela, mostrando onde será a parede envidraçada. A equipe de cozinha precisará ser ampliada. Apesar da filha Paloma e do genro Douglas, que moram e trabalham em Braço do Norte, virem ajudar nos finais de semana, nos eventos maiores o time precisará de reforço. Patrick, o filho mais novo de treze anos, diz que quer ficar por aqui. O sonho dele, segundo a mãe, é trabalhar com turismo de aventura. Uma tirolesa de 180 metros de descida já está sendo implementada na propriedade e será construída com todos os padrões de segurança. A família está fazendo capacitação para operar essa atividade. Já foram realizadas 16 horas com um instrutor de turismo de aventura. Sobre as aulas teóricas e uma prática de rapel na Cachoeira May, o tímido Patrick se solta: “É muito massa! O instrutor disse que eu fiz a descida mais rápida.” E Ney prevê com ar de satisfação: “Quando a gente fizer um site, colocar na internet a tirolesa e o rapel que também queremos operar, isso vai dar muita procura”. Para completar a satisfação dos turistas, o projeto de infraestrutura fará melhorias em 1.121 metros entre a Ponte de Nova Fátima até o Cantinho da Família. Com benefícios para os moradores da Mata Verde. Santa Catarina Rural – Cooperação na busca de resultados melhores e contínuos O SC Rural é uma iniciativa do Governo do Estado de Santa Catarina, com financiamento do Banco Mundial (BIRD). Conhecido também por Microbacias 3, o programa foi assinado em 2010 e tem previsão para terminar em 2016. É visto como a política pública estadual mais importante para o desenvolvimento do meio rural de Santa Catarina. O seu principal objetivo é aumentar a competitividade das organizações dos agricultores familiares. Os investimentos previstos são de 189 milhões de dólares (ou quase 400 milhões de Reais), dos quais praticamente metade será financiada pelo BIRD e metade virá de recursos orçamentários do estado. O SC Rural pretende beneficiar 90.000 agricultores familiares e 1.920 famílias indígenas, organizados em associações, cooperativas e redes de cooperação ou alianças. Em torno de vinte mil desse total receberão apoio financeiro direto através do Fundo de investimentos sustentáveis. Esse dinheiro deve ser aplicado para melhorar os sistemas produtivos, implantar ou aperfeiçoar empreendimentos de agregação de valor, bem como para a estruturação e formação de redes e alianças para a competitividade rural. Para os jovens rurais haverá uma ação específica do SC Rural. A responsabilidade direta pela coordenação do programa é da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Segundo a coordenação do SC Rural, na base de todo o trabalho estão os grupos de agricultores familiares e suas organizações, responsáveis pela mobilização, articulação, planejamento e a concretização das iniciativas e empreendimentos na busca da competitividade. Tanto seguiu que teve um efeito sobre pessoas próximas. A cunhada Cleuza e o irmão Renir resolveram apostar na atividade. Com o SC Rural realizam a reforma e ampliação de um imóvel para transformá-lo em pousada com capacidade para oito hóspedes. Da mesma forma, outro “mano”, Rodinei, constrói uma pousada. Somados, os três empreendimentos terão capacidade para operar com mais de 30 hóspedes. No projeto de infraestrutura, o investimento para melhoria do acesso a estas pousadas prevê 2,3 quilômetros. Com ela, o Morro dos Roecker, além de outras melhorias, receberá pavimentação com paver nos pontos mais críticos, o que beneficia todos os moradores da Barra do Rio do Meio. 6 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima COMUNIDADE Rio dos Índios Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra Rio dos Índios para os brancos Há relatos que o nome de Rio dos Índios seja porque os ranchos dos índios ficavam perto do rio. Nada mais “criativo” do que esse nome dado pelos nossos primeiros colonizadores. Como é sabido, a maioria, imigrantes alemães, chegou aqui por volta de 1915 a 1920, vindos de áreas vizinhas. A pergunta que fica é como será que os índios chamavam esse nosso rio? Educação escolar e das famílias Na década de 40, quando surgiu a primeira escola na nossa comunidade, veio para cá um professor conhecido por Calo Schneider. Ele ensinava em uma “escolinha” com uma só sala, onde estudavam ao mesmo tempo as turmas do 1º ao 4º ano. Eram alunos novinhos e alunos mais velhos para ensinar. E olha que o professor dava conta. A diferença é que, naquele tempo, todos respeitavam e obedeciam aos pais e mestres. E ai deles, se não respeitassem... Quem desobedecia, recebia castigo. Na escola, podia ser ajoelhar no milho ou ficar de cara para a parede. Mas os pais ficavam sabendo logo e davam toda razão ao professor. Assim, quando o “estudante” chegava a casa, a “coça” de vara era certa. É, hoje em dia as coisas mudaram muito... Dia dos namorados Hédipo Leonardo da Silva Maria e Ado já se conheciam. Mas só “ficaram” (como atualmente os jovens chamam o ato de beijar) em uma festa na casa dele. Em cima de um baú, que é guardado até hoje. E isso faz 27 anos. Nesse tempo, casaram. Mas dizem continuar namorando. Alegres e festeiros, não carregam a imagem tradicional de marido e mulher. No dia dos namorados, pretendem apenas se parabenizar. Esse é um caso que ilustra como em Santa Rosa de Lima a data não é muito significativa. Dificilmente os casais realizam algo diferente. Dizem que depende da vontade e especialmente do dia da semana em que cai o 12 de junho. Como se sabe, na véspera do dia de Santo Antônio, conhecido como santo “casamenteiro”, é que se celebra no Brasil o dia dos namorados. Proposta a comerciantes, em 1949, por um empresário vindo do exterior, a criação dessa data pretendia gerar mais um estímulo às vendas. A escolha para a celebração considerou o dia de Santo Antônio, mas principalmente o fato do mês de junho ser fraco para o comércio. Talvez por isso, namorados santarosalimenses prefiram nesse dia apenas lembrar suas histórias curiosas. Ou seriam estórias? E existem várias delas relacionadas aos inícios de namoro. Como a de Gefferson e Daiana. O casal já se conhecia antes de começar o namoro. Daiana havia mesmo servido de Volta às origens Assim como em outras comunidades, aqui no Rio dos Índios, nossas famílias recebem muitas visitas. Em geral, são antigos moradores, que viveram aqui sua infância e sua juventude. Depois, partiram para outros lugares em busca de uma vida melhor, julgando que viver no interior e ser colono não era fácil e não dava futuro. Hoje, eles voltam aqui, como se quisessem retornar àquele tempo. Ao conviver conosco, demonstram ter saudades do que, agora, julgam muito bom. Bodas de Ouro O casal Augustinho e Raenildes Heideman, esbanjando saúde, completou seu jubileu de ouro, no dia 18 de maio. As bodas foram comemoradas com os familiares e amigos. Na igreja do Rio dos Índios, sob o olhar zeloso do Santo Inácio, nosso padroeiro, Padre Pedrinho realizou uma bela celebração. Depois, um delicioso almoço foi servido aos convidados. À tarde, um baile botou todo mundo no salão. E a dança foi até foi até depois de anoitecer. Parabéns a toda a família! Todos na comunidade julgam ser uma benção que Seu Augustinho e Dona Raenildes continuem com esta saúde e disposição. Daina e Gefferson Antecipando o “Anote aí” da próxima edição Atenção! É bom já ir se preparando. No dia 28 de julho, será realizada a 4ª Moto trilha do Rio dos Índios. Neste ano, teremos trilhas para motos e para quadriciclos. No Canal SRL do próximo mês nosso leitor terá mais informações. Até lá! Ado e Maria cupido para Gefferson. O que mostra que não existia interesse de um pelo outro. Até que certo dia, em uma festa, “ficaram” pela primeira vez. Uma semana depois, Gefferson ligou para o local de trabalho de Daiana e disse ser o namorado dela. A moça cortejada levou um susto e afirmou que nem sabia que tinha um namorado. Mas a partir dali passou a ter. O namoro foi se desenrolando e, agora, já completa sete anos. O interessante é que na Europa e nos Estados Unidos, os namoros são comemorados em 14 de fevereiro. Existem duas explicações para o dia da celebração. A primeira é a de que na Roma antiga o Imperador Claudio II teria proibido o casamento durante as guerras por acreditar que os solteiros eram melhores combatentes. Um padre chamado Valentim teria contrariado o soberano e continuado a celebrar matrimônios. Quando descoberto, foi preso e condenado a morte. Sua execução aconteceu em 14 de fevereiro, que virou dia de São Valentin e, depois, dia dos namorados. Outra explicação é a de que o dia 14 de fevereiro seria aquele do acasalamento dos pássaros. Para os humanos, esses acasalamentos ocorrem ao longo de todo o ano. E de toda a vida. Sempre em situações muito diferentes. Seu Lindolfo e dona Frida nos dão um exemplo. Lindolfo, então com 55 anos e viúvo, havia ido até a casa de uma namorada em Criciúma. Para voltar, pegou um ônibus da terra do carvão a Braço do Norte. Em Cocal do Sul, reparou em uma mulher que acabara de embarcar. Era Frida, com 54 anos e saída de uma separação, que também prestou atenção nele. Na parada para embarque e desembarque em Orleans, começaram a conversar. Com a chegada em Braço do Norte, cada um seguiu seu caminho. Lindolfo foi até a casa de uma irmã. Lá, contou que havia conhecido uma mulher e a descreveu. Outra de suas filhas, ali presente, disse que era vizinha dessa pessoa. A partir daí, começaram os recados de Lindolfo. Que foram respondidos por Frida. Estabelecida a troca, quinze dias depois iniciaram um relacionamento que já dura quatorze anos. São apenas três narrativas curtas que mostram que em Santa Rosa de Lima as histórias de início de namoro são muito mais especiais do que o dia dos namorados. Seu Lindolfo e Dona Frida 7 Estudantina Camila Dutra Em 2010, tive que definir o que eu iria fazer. Tinha terminado o ensino médio e precisava realizar novas escolhas. Dessa vez, era comigo. Primeiramente, decidi que não queria parar meus estudos por ali. Queria cursar uma faculdade. Isso exigia uma nova opção. Mas ela não foi nada difícil. Sempre soube o que eu queria: Engenharia Ambiental e Sanitária. Tinha conhecimento que o curso mais próximo estava situado em Orleans e era novo. Tanto que a minha turma é apenas a segunda desta graduação no Centro Universitário Barriga Verde - Unibave. Desde então começou minha jornada. Sempre tive consciência que iria ter algumas dificuldades. Aliás, que qualquer que fosse a minha escolha eu as teria. Estava convencida que estudando à noite em Orleans, eu poderia continuar morando em Santa Rosa de Lima. Mas precisava considerar que meus pais habitam no interior e que se eu quisesse continuar morando com eles teria que percorrer mais doze quilômetros de ida e de volta, todos os dias, para estudar e trabalhar. Por isso, precisei sair da casa deles. Hoje, moro com minha irmã, “na praça”. Também ela, ao decidir trabalhar e estudar, se viu obrigada a fazer esta mesma escolha. Mas confesso que quando me sobra o mínimo tempo, dou uma “fugidinha” pra casa deles. Diga-se a propósito, nada melhor que um colinho de mãe. Meu dia se inicia às seis e trinta da manhã. Logo ao acordar, vou para o trabalho. Um lugar em que me sinto bem, pelo convívio com pessoas alegres e queridas. Ao término desta jornada, corro para casa. É preciso tomar um banho, comer algo e me arrumar para pegar o ônibus que me leva até Braço do Norte. É isso mesmo, Braço do Norte. Nós, acadêmicos do Unibave, vamos com um ônibus até Braço do Norte e lá esperamos outro que nos leva até Orleans. É cansativo, confesso, sair de Santa Rosa de Lima, todos os dias, de segunda a sexta, às 17:20 e retornar às 23:45 horas, naqueles dias em que chegamos “cedo”. Em minha opinião, o Unibave é um lugar ótimo para se estudar. Ele conta com professores inteligentes, pacientes e educados. Além do mais, no Unibave existem inúmeros apoios para quem não tem condições financeiras de ingressar e permanecer em uma universidade. O número de oportunidades é enorme. Lembro-me do dia em que cheguei lá e que me perguntaram de onde eu vinha. Ao falar que eu era de Santa Rosa de Lima, alguns perguntaram: “onde fica isso?” Ou então: “meu Deus, tu vens de lá estudar aqui?” De fato, muitos se admiram pela distância percorrida diariamente e pelos horários de saída e de chegada, ao final do dia, em Santa Rosa. Mas eu sei que nada vem de graça nesse mundo. Enfrento, sim, muitas dificuldades. E ainda terei muita coisa pela frente para encarar. Mas nada é melhor do que ver no rosto dos seus pais a expressão de orgulho e, ao mesmo tempo, poder continuar morando em um lugar tão maravilhoso como é a nossa Santa Rosa de Lima. Mulheres A velha ladainha e “a cara” A maioria das pessoas ainda afirma que as mulheres têm que ser delicadas, doces, compreensivas, falar baixo. Ser suaves, mansas, pacientes, tolerantes e mesmo subservientes. Alguns ainda acham que elas devem ser submissas aos prazeres e desprazeres dos homens. Nem pensar que se percam os atributos que consideram ter nascido com a mulher. Hoje, contudo, a mulher não precisa mais disso. Ela pode escolher, optar, agir, fazer acontecer. Por que ser mulher já não tem uma forma nem uma fórmula prontas. Muitas mulheres, para ser quem são, tiveram que romper com o discurso “mulher não faz isso”, “mulher não é assim”, “isso não é coisa de mulher”. Cada uma delas deu de ombros para a dicotomia homem/mulher e declararam, via ações, que o combate é um território a ser ocupado por homens e mulheres conforme seu desejo e necessidade. Esse começo da coluna de junho foi baseado em uma página feminista existente na internet (http://blogueirasfeministas.com). Mas será que isso é só coisa de mulheres? E mais, de feministas? Será que é só coisa de quem vive em cidade grande? Podemos ver, em Santa Rosa de Lima, mulheres dirigindo tratores, carregando caminhão de lenha, manejando roçadeiras, guinchando madeira, trabalhando em serra fitas, ocupando cargos públicos, na dianteira de empreendimentos. Para ser quem são, ignoraram o status de que só “Amélia que era mulher de verdade”, como compôs Mário Lago. Há 62 anos, destaque-se. Queiramos ou não, ainda existe uma ladainha de um tipo ideal feminino. E, seja ela dona de casa ou mulher liberada e independente financeiramente, muitas vezes a mulher ainda é subjugada ou enquadrada. As mulheres agricultoras de Santa Rosa de Lima, por exemplo, veem o seu trabalho pouco reconhecido. Sabemos, todavia, que são mulheres fortes e determinadas. Na coluna deste mês, vamos fazer menção apenas às agriculturas e empreendedoras em agroturismo. Durante a semana, trabalham na roça e na organização das pousadas. Nos fins de semana, recebem o turista com todo cuidado e dedicação, fazendo com que eles descubram a vida e as comidas coloniais, em uma situação de conforto e asseio. Yolanda Flores Silva é professora na Universidade do Vale do Itajaí e realiza pesquisas sobre a agricultura familiar e o trabalho das mulheres. Ela destaca como uma das representantes dessas “agricultoras guerreiras” a santarosalimense Leonilda Boeing Baumann. “A brasileira Dida, como apicultora, agricultora, empreendedora do agroturismo, é uma representante especial de todas as mulheres de Santa Rosa de Lima e dos demais municípios das encostas catarinenses. A luta diária, a força e a coragem me inspiram sempre! Plantar para alimentar o mundo não é para qualquer um. As mulheres agricultoras e suas famílias estão ai para mostrar porque elas são ‘as caras’”, afirma a professora Yolanda. Citada, Leonilda Baumann lembra que no inicio, duas ou três mulheres participavam das decisões da associação, junto com uma maioria masculina. “São as mulheres que seguram as pousadas. Elas que cuidam da cama, da comida, do carinho, do embelezamento dos jardins. E ainda sobra tempo pra roça e pra família. Por muito tempo não tivemos muita participação nas decisões. Depois nos organizamos e decidimos participar ativamente nas deliberações. Hoje, 70 % da diretoria da Acolhida é composta por mulheres, inclusive a presidência, ocupada por Rosângela Bonetti Vanderlinde”, finaliza. Por que, então, não cantarmos que a mulher é “a cara”? 8 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima 9 Nosso Chão Agricultura Familiar é tema da capacitação para juventude Dois jovens agricultores de Santa Rosa de Lima participam do Curso de capacitação de jovens em agricultura sustentável, gestão e inovação tecnológica – Juventude semeando terra solidária. Paralelamente também participam da formação Redes sociais de aprendizagem. Edson Baumann e Rafael Avelino, depois de um processo de seleção, foram os jovens escolhidos de nosso município. Localmente são entidades apoiadoras: Sintraf – SRL, Acolhida na Colônia, Agreco, Cresol Encostas da Serra Geral, Cedejor, Coletivo da Juventude da Fetraf SUL, prefeitura municipal e câmara de vereadores. Os temas tratam de agricultura familiar, inclusão digital, sucessão familiar, inserção do jovem nas políticas públicas. “Vamos tratar gestão, elaborar croqui aprofundado da propriedade, diagnosticar pontos fortes e fracos, novas maneiras e tecnologias que podemos adaptar a propriedade. É um conteúdo bem abrangente”, explica Rafael. “Também aprenderemos como acessar os programas governamentais de políticas públicas para jovens”. O aprendizado será enorme, mas a responsabilidade destes novos agricultores também se expande. “Nossa contrapartida é repassarmos tudo o que aprendermos lá. Temos que formar uma turma de 40 jovens de SRL. Hoje já são 29 inscritos, portanto ainda há vagas” informa Edson. São doze módulos, com previsão de término para julho de 2014. Os encontros serão mensais, com duração de oito horas/aula. Aulas teóricas serão ministradas na sala da câmara de vereadores de SRL e as práticas, em propriedades rurais. O material didático, os intercâmbios, estágios e visitas técnicas serão custeados pelo programa. Este programa é uma parceria entre a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar FETRAF-SUL e Central Única dos Trabalhadores - CUT, Universidade Federal Fronteira Sul, Ministério do Desenvolvimento Agrário Ministério das Comunicações, Secretaria Nacional da Juventude e Sebrae. A turma é formada por quarenta jovens catarinenses. As aulas também são mensais e acontecem no campus da UFFS no município de Chapecó – SC. Se você tem entre 16 e 35 anos e quiser conhecer o projeto, entre em contato com Edson no telefone 9944-2658 ou no Sintraf SRL. Nova eleição O Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Santa Rosa de Lima – Sintraf – SRL realizou sua assembleia geral ordinária e extraordinária no dia 16 de maio de 2013. Na pauta, dois assuntos principais: a prestação de contas de 2012 e a eleição da nova diretoria. A prestação de contas do exercício de 2012 foi apresentada, discutida e aprovada por todos os associados presentes. A eleição para o mandato de 2013 a 2016 foi de chapa única. Eleita por unanimidade, a diretoria tomou posse ao final da assembleia. Para o próximo período, tem como metas o cadastramento dos agricultores junto ao INSS, contribuir com as entidades parceiras na organização da produção, especialmente a produção orgânica e o agroturismo, além de outras ações que o sindicato já vem desenvolvendo. Diretoria empossada com mandato até 2016 Coordenador Geral: Luiz Schmidt Secretária Geral e Comunicação: Rosângela Bonetti Vanderlinde Coordenador de Finanças e Administração: SalésioWiemes Coordenador de Política, Desenvolvimento Local e Produção: Fabiano Eller Coordenador de Políticas Públicas e Sociais: Remi Beckhauser Coordenadora de Formação: Solange Heidemann Coordenadora de Organização Sindical: Diana Feldhaus Coordenadora da Comissão de Gênero: SilveteHerdet Coordenador da Comissão de Juventude: Edson Baumann Conselho Fiscal Efetivos: Denílson Cesar Willemann, Edison José Vandresen e JoelsoOenning. Conselho Fiscal Suplentes: Cassiana Back Feldhaus, Mariza OenningKulkamp e Rafael. 10 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima O TERÇO Pe. Pedrinho Saudações fraternas! É com grande alegria que chegamos até você prezado leitor, através do Canal SRL. Estaremos, em nome de nossa Paróquia São Marcos, em cada edição desse Jornal, mantendo uma ponte de ligação entre a Igreja e você amigo leitor. Independente da Igreja da qual você participe, queremos estar integrados, pois o Deus que nos ama é o mesmo e Seu Filho Jesus derramou o sangue para salvar a todos. Abordaremos diversos temas e ao mesmo tempo será oportunidade de apresentarmos as atividades que serão realizadas em nosso trabalho pastoral. Aproveitamos esse espaço para mostrarmos o valor da família, a importância de cultivarmos os valores nos relacionamentos, os desafios enfrentados por muitos pais na educação de seus filhos e filhas e ao mesmo tempo a luta que muitos têm travado contra a ação das drogas de modo particular na vida dos jovens. Temos consciência do valor da família e ao mesmo tempo de como ela vem sendo atacada por aqueles que não concordam com essa forma de viver. É na família que encontraremos sustentação e apoio para enfrentarmos as dificuldades que a vida possa oferecer. Mas ao mesmo tempo encontramos muitos que se declaram contrários à paz no lar. É possível perceber também famílias que aparentemente estão bem, mas que se encontram sendo destruídas pelas drogas, pelo desrespeito, infidelidades, perda dos valores. Quantas são as famílias que estão enfrentando os desafios com membros do lar dominados pela maconha, pela cocaína ou pelo crack. E pelo álcool, que entra de maneira sutil nas festinhas de famílias e corrompem crianças e jovens. O que fazer? Como mudar essa situação? Se juntos lutarmos, conseguiremos vencer essas situações de sofrimento e dor. Se os pais dedicarem mais tempo aos seus filhos; se os filhos souberem ouvir os bons conselhos de seus pais; se nossas comunidades propiciarem momentos de lazer sadios para as crianças e jovens; se as Igrejas oferecerem verdadeiros encontros com Deus, conseguiremos aos poucos mudar a situação. Para isso faz-se necessária a busca de ajuda. Não é vergonhoso assumir os erros. Vergonhoso é manter-se neles. Nossa vida é um grande presente do Criador e não temos o direito de destruir esse presente. Temos sim o dever de cuidar de tão grande dom. É possível perceber o quanto nossos jovens são manipulados quanto a isso. Quantos jovens que conhecemos que por se sentirem abandonados pelos pais, não recebendo destes carinho e atenção, acabam deixando-se manipular por falsos amigos que lhes apresentam maneira fácil de esquecer os problemas, levando-os à ilusão das drogas e à destruição da própria vida. É gratificante perceber jovens que conseguem divertir-se de maneira sadia. Encontrar jovens que se reúnem em grupos para refletir, repensar a vida, organizar atividades em benefício de todos, tendo momentos de oração e lazer. Jovens que sabem aproveitar essa linda etapa de suas vidas valorizando e cuidando da mesma. Jovens que não tem vergonha de se declararem cristãos, que vivem os valores do respeito, da solidariedade, da partilha, da fé. Prova disso será a Jornada Mundial da Juventude que reunirá jovens de todo o mundo no Rio de Janeiro, de 23 a 28 de julho desse ano, com a presença do Papa Francisco. São jovens conscientes da sua missão nessa terra. Conscientes de que podem viver a verdadeira alegria e ao mesmo tempo levar essa alegria aos outros. Que as bênçãos do Senhor sejam derramadas sobre nossas famílias! Com carinho, Pe. Pedrinho. Wilson Feijão Schmidt Meine Meinung Minha Opinião Wilson Feijão Schmidt A Câmara, suas funções e seu regimento Inicialmente, é importante que os leitores e cidadãos santarosalimenses conheçam bem três artigos chave do regimento interno da Câmara municipal de vereadores. O artigo 2º reza que “as funções legislativas da Câmara Municipal consistem na elaboração de emendas à Lei Orgânica Municipal, leis complementares e ordinárias, decretos legislativos e resoluções sobre quaisquer matérias de competência do Município”. Já o artigo terceiro prescreve que “as funções de fiscalização financeira consistem no exercício do controle da Administração local, principalmente quanto à execução orçamentária e ao julgamento das contas apresentadas pelo prefeito, sempre mediante o auxílio do Tribunal de Contas do estado”. Finalmente, o artigo quarto preceitua que “as funções de controle externo da Câmara implicam na vigilância dos negócios do executivo em geral, sob os prismas da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e da ética político-administrativa, com a tomada das medidas saneadoras que se fizerem necessárias”. A pergunta que cabe Nas sessões do poder legislativo municipal, a mesa diretora da Câmara fincou-se à ideia de que o regimento interno daquela casa, interpretado de forma bizarra por ela, precisa ser respeitado e integralmente cumprido. Isso serviu para justificar diversas medidas antidemocráticas tomadas. Por isso, cabe a pergunta: efetivamente a Câmara tem cumprido os artigos 2º, 3º e 4º do mesmo regimento interno? Dizendo de outra forma, ela tem legislado? Ela tem fiscalizado a administração local? Ela tem exercido a vigilância dos negócios do executivo? A resposta compete aos santarosalimenses. Para isso, é importante que eles se informem sobre quantos projetos de lei foram apresentados nesses quase cinco meses. É fundamental que eles se instruam sobre o relacionamento entre a direção de quem deve fiscalizar e o comando de quem deve ser fiscalizado. É essencial que eles pensem sobre as condições para que ocorram as indispensáveis separação e independência de poderes (executivo e legislativo). Sepulcro caiado Pensar no legislativo santarosalimense neste ano de 2013 faz lembrar, mesmo a um não religioso como este colunista, de uma passagem bíblica. Aquela que menciona os sepulcros caiados, “que por fora realmente parecem formosos”. A referência a monumentos em homenagem aos mortos e pintados de branco é feita para tratar de detentores de cargos que exteriormente parecem justos aos homens, mas interiormente estão “cheios de hipocrisia e de iniquidade” (ou seja, são contrários à disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um). Em verdade vos digo: as novas instalações da Câmara de Vereadores de Santa Rosa de Lima a deixaram bastante bela por fora! Frase da semana Quem dorme com morcego acorda de cabeça para baixo. Força comunitária Como morador da Águas Mornas, é meu dever de reconhecimento destacar, neste mês, o Clube de mães “em busca de novas amizades”. Suas associadas deram um grande exemplo da força que as comunidades rurais ainda têm. Fizeram toda a mobilização, preparação e realização de um bingo, além de ter preparado e servido um excelente jantar. Tudo com muita alegria e simpatia. Foi uma grande e positiva surpresa constatar que mais de trezentas pessoas compareceram ao evento. Parabéns a todas as minhas vizinhas, representadas pela Celita e pela Eraci. 11 Vitrine CDL/NDL Anitápolis/Santa Rosa de Lima Lojistas de Anitápolis e Santa Rosa de Lima participam de convenção estadual Uma delegação da CDL Anitápolis juntamente com NDL Santa Rosa de Lima participou, entre os dias 23 e 25 de maio, da 45ª Convenção Estadual do Comércio Lojista. Com o tema “Inovando o Varejo”, o evento foi realizado na acolhedora cidade de Blumenau. A comitiva teve, mais uma vez, participação destacada. Com doze representantes, foi a terceira maior delegação do estado, considerando o número de associados. Durante a abertura do evento, o governador do estado Raimundo Colombo anunciou uma ótima notícia à classe lojista: a revogação do decreto 1357. Esta norma instituía a DIFA, aumentando a alíquota do ICMS aos empresários optantes pelo Simples Nacional que adquiriam mercadorias em outros estados que têm alíquotas inferiores à de Santa Catarina. Um show de tecnologia foi apresentado aos convencionais. Um telão de 46 metros foi instalado no auditório. É o maior painel já utilizado em eventos no estado. Toda a programação da Convenção foi voltada ao tema central e palestrantes de renome nacional trataram de assuntos como desenvolvimento pessoal, inovação, economia e motivação. Segundo o Presidente da CDL de Anitápolis, Fernando Kirchner de Souza, um novo perfil de consumidor exige inovação do varejo. “As mudanças tecnológicas advindas nesta geração estão fazendo com que os varejistas se adequem a estas mudanças e mudem igualmente o jeito de pensar sobre o seu negócio. Inovar, sem dúvida alguma, será o nosso grande desafio a partir de agora”, alerta Fernando. A palestra de encerramento foi ministrada por Clóvis Tavares e a abordagem dada ao tema “Acelerando resultados para conquistar a liderança” emocionou muitos participantes. O fechamento da convenção foi marcado por um jantar e uma animadíssima mini Oktoberfest. A 46ª edição da Convenção Estadual do Comércio Lojista será realizada da cidade de Chapecó, em Maio de 2015. A CDL de Anitápolis e o NDL de Santa Rosa de Lima estarão, certamente, presentes para ajudar a fortalecer ainda mais o movimento lojista. Campanha do AGASALHO PROJETO ESCOLA SOLIDÁRIA E.E.B. Professor Aldo Câmara Os alunos da 2ª e 3ª séries do ensino médio, monitorados pelas professoras Juliete Schmoeller, Camila Wiemes e Neuza Maria Herdt, realizam uma campanha do agasalho. O objetivo do projeto da escola é desenvolver o espirito solidário dos alunos. No mês de junho serão disponibilizadas caixas de coletas no comércio local e em órgãos públicos. Os donativos serão entregues para instituições de atendimento comunitário de nossa região. Colabore você também! Faça uma doação. Apoio: 12 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Patrimônio Santarosalimense Um casal e muitas histórias. Seu Osni e Dona Blandina são descendentes dos Folster e dos Kurtz, famílias alemãs vindas de Teresópolis (hoje, município de Águas Mornas) para ser pioneiras do Rio Bravo e de Santa Rosa de Lima. Os dois nascidos no Rio Bravo, sempre moraram no Rio Bravo. Já na escola, as outras crianças enticavam que eles eram namorados. Mas a relação começou mesmo, mais tarde, com uma dança, naqueles bailes da comunidade, apertados de tanta gente e realizados na mesma escola. A conversa com eles é como viajar no tempo. Escolhemos alguns temas, para aguçar a memória dos mais vividos e para fazer pensar os jovens de hoje. Dona Blandina Sobre a energia elétrica “Antes, nós tínhamos energia pra nós. Mas só pra luz. Não dava de botar geladeira. Nada mais dava de botar. Era tocada a água. Tinha roda e dínamo. A primeira noite que nós acendemos as luzes, o pai encheu de luzes. Na rua, todo canto tinha. Dentro de casa, em todos os quartos. Na estrebaria, onde nós tirávamos leite, também tinha. No paiol, no chiqueiro, era tudo luz. Aquilo clareou. Acendemos todas as luzes. Lá pra baixo no Rio Bravo, eles disseram que olhavam para cima e estava tudo claro aqui no alto. Nós ficamos todos bobos. De noite nós nem queríamos mais dormir. Só ficar brincando, porque estava tudo claro... Aquilo foi uma alegria pra nós, a primeira luz que nós acendemos com energia elétrica. Foi a primeira no Rio Bravo.” Para cumprir os objetivos desta seção permanente, a equipe do Canal SRL deslocou-se para o Rio Bravo Alto e para o Campo do Rio Bravo. E encontrou histórias, construções e conhecimentos no limite para serem perdidos. Atafona, engenho e construções em enxaimel enchem os olhos do visitante. A situação delas faz pensar. Caso emblemático é o da última serraria pica-pau funcionando: verdadeiro museu vivo de todo um ciclo econômico do município. É cuidada por um homem de sessenta e nove anos que se dispõe a reformá-la, mas que precisa de apoio e de estímulo. A política de preservação do patrimônio sociocultural em SRL, se é que existe, faz lembrar a própria roda d’agua do seu Luiz: desperdiça muito e não dá força. Até que seja tarde demais? gelo grosso. Porque hoje não dá mais geada como dava antigamente. E nós com uma bermuda, sem blusa e de pé no chão. Os pés e os joelhos tinham um casco de tão encardido. Na escola, tinha a vara do professor e um lugar feito com areão grosso e quando o cara fazia uma arte... Oh, vai de joelho, lá, encima da areia. Eu fui uma vez, mas só um pouquinho... Depois da escola, nós chegávamos em casa ao meio-dia e já estava feita a comida. Mas era para levar para a roça, onde os outros estavam trabalhando. E nós só podíamos comer lá. Era uma hora de caminhada... passava no meio desses matos todos. Lá comia... era uma hora da tarde, sempre. E lá ficava até de noite, até ficar escuro. Daí, vínhamos para casa. Primeiro, tinha que tratar a criação, para depois fazer os deveres de casa.” O Pedreirinho Seu Osni tinha um conjunto “que tocava baile por aí tudo”. Dona Blandina diz que era engraçado o nome deles: “era Pedra, Pedrinho e Pedreirinho. O Osni era o Pedreirinho e tocava sanfona”. “Foram dois anos que não tinha sábado e domingo, era direto fora; Rio Fortuna, Vargem do Cedro, Santa Maria, São Bonifácio, por tudo...”, lembra o Pedreirinho. Às vezes Blandina ia junto. Mas não ia sempre, “porque tinha que ir a pé e levar tudo nas costas”. Para Seu Osni, o Pedreirinho, ao centro. fazer um baile no Santo Antônio no domingo à tarde, tinha que sair do Rio Bravo de manhã e só voltar no outro dia. Segundo Osni, o conjunto parou, porque um dos membros começou a beber e não dava nada mais certo. Dois meses tocou na “rádia” de Orleans, mas não gostou de lá. Voltaram e cinco meses depois, o conjunto estava desfeito. A instalação da rede no Rio Bravo vem à memória. “Foi tudo o pessoal que ajudou. Os buracos para colocar os postes eram todos feitos a pá. Tudo a muque. Nós tínhamos um camarada que trabalhava conosco e se o Osni tinha que trabalhar em outra coisa, nós mandávamos ele”. Para ajudar a saber quando chegou a energia elétrica no Rio Bravo, Dona Blandina lembra que com a filha mais velha e a sogra plantaram uma roça de cebola e venderam a produção para comprar uma geladeira, porque vinha a energia. Arrancaram e venderam a cebola e compraram a geladeira, que ficou parada por uns cinco anos, até que a energia chegasse lá. Pelas contas da Dona Blandina, isso faz uns 34 anos. Seu Osni conta que com a energia elétrica as coisas ficaram mais fáceis para trabalhar. Que há uns vinte anos quando ele instalou a serraria onde ainda está hoje, também tinha a intenção de instalar uma roda d’água. “Botei a serraria a funcionar com energia elétrica e até hoje ‘não deu tempo’ de botar a roda d’água”... Sobre a vida e a escola “Quando nós íamos para a escola, era aqui em baixo, no Bertino. Até clarear o dia, tinha que estar pronto o nosso serviço. Depois ia para a escola. Branquinho de geada e nós de pé no chão. Passávamos naqueles caetés e aquilo era um Pedreirinho reencontra a gaita comprada há 54 anos e que “ainda faz barulho”. Gaita ou quati? “Uma vez nós fomos tocar um baile na Nova Fátima e no caminho, nós carregando as coisas, no morro tinha um bando de quati encima da estrada. Nós fomos atrás e pegamos um filhote. Tiramos a gaita de dentro do estojo e botamos o quati. Levamos para Nova Fátima e, dentro do salão, man- O fim de uma pica-pau e de um tempo Seu Osvaldo Wenz No Campo do Rio Bravo, chegamos a uma boa e bela casa de material. Ao lado, uma antena parabólica, um quintal cuidado e laranjeiras com frutas maduras. Tínhamos dois indícios de que o entrevistado estava em casa: fumaça na chaminé e a música “beijinho doce” em alto volume. Encontramos seu Osvaldo Wenz na janela da cozinha, com seus cabelos brancos e um sorriso acolhedor. A primeira coisa que nos diz: “É, o Rio Bravo tem bastante história para contar...” O que nos interessa dessa vez não são as histórias do Zé Domingos, muito contadas por ele, que conheceu o “bugreiro” de perto. O que nos move é a história de uma serraria pica-pau, que havíamos fotografado pouco antes sendo consumida pelo tempo e pela mata. Assim como da serraria, ele lembra do seu tempo de escola no próprio Campo do Rio Bravo, na qual estudavam 80 crianças. Tudo isso dá a ele um ar de desesperança e de saudade daquela época em que “o pessoal era mais humano e tudo era mais divertido do que é hoje”. A barragem e o açude já estavam lá Da serraria pica-pau, ele diz que antes de montá-la já existia a barragem e o açude. “Era um Schueroff lá do Rio Bravo Baixo. Não sei se era José, Jorge... não sei como era o nome dele. Ele morou aqui, quando o terreno era de uma empresa de um pessoal de Braço do Norte, uns gaúchos. Eles tinham, aqui, uns 600 hectares de terra. Mas esse Schueroff botou uma serraria para tirar madeira. Aí a empresa veio e proibiu. Ele tinha feito [a barragem]... Mas, depois que ele foi embora, tinha rebentado tudo. Nós começamos de baixo e levantamos tudo de novo. Mas a pedra já estava ali, no meio do rio. Puxamos as pedras para fora do rio, com boi, e levantamos aquela... [barragem]”. Botamos uns varões para botar a pedra por cima e levantamos”, conta Seu Osvaldo. Que acha que a construção se deu em 1967 e que trabalharam com a pica-pau até mais ou menos 1990. “Depois não podia cortar mais [nativas], eu não queria me incomodar e nós paramos”, resume. A construção e as serrarias “A parte da serraria foi nós mesmos que fizemos. Eu mais dois cunhados. A turbina e a estrutura de tubos foi o Conrado Stuart, mais o filho dele o Helmuth. Ele era lá do Rio São João e eu acho que ele é falecido. Ele veio da Alemanha por causa da guerra. Ele fez a parte que tocava à água. E tinha muita força aquela turbina. E fez também aquelas cangas, carretas aqueles mecanismos. A madeira da serraria tudo isso fomos nós que fizemos. Algumas serramos no braço, outras “fraquejamos” no machado. As peças as polias também fomos nós. Tinha bastante dessas serrarias, umas quatro ou cinco. Trabalhando, hoje, só tem a do Luiz Schmidt”. toras de pinheiro. Um dos irmãos ficava serrando e os outros iam buscar tora. Saíam cedo e voltavam às quatro horas da tarde. Era bem demorado para chegar. Depois compraram trator, guincho e caminhão. Aí, a coisa mudou e, segundo ele, o serviço rendeu mais. Antiga serra pica-pau desfaz-se na mata. O saber fazer “A gente sabia fazer isso tudo. Quero ver os jovens de hoje. Se da noite para o dia precisasse acontecer como era antigamente, tinha muito pessoal que ficava doido. Quem pegaria no serviço como nós pegávamos. Porque hoje em dia, trabalhar é uma brincadeira. É máquina para tudo. Hoje nenhum jovem é capaz de montar uma serra pica-pau, de fazer açúcar. Não faz não...” A pica-pau e sua história A serraria foi comprada pelo Seu Alfredo, lá por 1945, já montada, de um tal Gabriel Ricken, de Rio Fortuna. Era um homem que já tinha tirado bastante madeira tanto do Rio Bravo como do Campo, onde ele possuia outra serraria. Depois de fazer uma lista das pica-pau que existiam no Rio Bravo, umas movidas a água e outras a locomóvel, Seu Luiz conclui: “Daí se tirou muito pinheiro. O que tinha de araucária, se foi” . Os Schmidt levaram 25 anos para pagar o terreno e a pica-pau, sempre entregando madeira. Mais tarde, Seu Alfredo passou o negócio para os três filhos. E por volta de 1998, quando os bens foram divididos, o terreno e a pica-pau ficaram com Seu Luiz. Naquele tempo já tinham “dado baixa” na pica-pau. Com o código florestal em 1992, não se podia mais serrar nativa e como as pica-pau não rendem com pinus e eucalipto e os irmãos não quiseram “botar fita”, o acordo foi parar. Depois disso, ele só “serrou uns pauzinhos” e trabalhou com marcenaria e um pouco na roça. Quando vem serviço ele faz. Se não, ela fica parada. E Seu Luiz nos conta que o que o anima é o serviço. Por isso, os domingos dele custam a passar. Luiz Schimidt O homem e sua profissão Seu Luiz começou a trabalhar na serraria aos doze anos. Vinha da escola e logo “pegava no serviço”. E aprendia tudo com o pai, Seu Alfredo, que comandava: “tem que fazer assim e assim”. “Se não fizesse daquele jeito, ele já ficava brabo”. Aos quinze anos, Luiz sofreu um primeiro acidente e quase perdeu a mão. Uma cirurgia sem anestesia, em Rio Fortuna, permitiu que ele perdesse “só” parte de um dedo. Mas continuou gostando da serraria. “Roçar uma capoeira ou carpir milho, para mim era um veneno. Eu só ia junto, porque quando o pai dizia pra ir junto, tinha que ir. Mas, achava um nojo aquele trabalho”, conta. E também em relação ao trabalho, lembra com saudades do tempo em que ia com um dos irmãos e com duas juntas de boi até o Campo do Rio Bravo para buscar duas Percorrer as estradas do Rio Bravo é poder desfrutar de paisagens que nossos avós ajudaram a construir. Engenho de farinha de mandioca que antes pertencia ao Senhor Augusto Folstere que hoje pertence a sua nora, viúva de um de seus filhos. O engenho continua funcionando, seguindo a “temporada” de trabalhar de maio a agosto. Em 2013, ainda não tinha feito nenhuma farinhada. Última pica-pau trabalhando Chegando na estrada em frente a propriedade do Seu Luiz Schmidt, a roda d’água estava parada. Ao bater a primeira foto, como se tivesse sido encomendado ou combinado, ela se pôs em movimento. Bom presságio. No portão, a recepção por dois cães que, depois das cheiradas costumeiras, pararam de rosnar e deixaram passar. Seguiu-se a direção do barulho. No caminho, ao longe, vem Dona Erna, trazendo algo da roça para o almoço. A fumaça saindo da chaminé indicava que o fogão a lenha já estava ativo. A aproximação se dá sem ser notada, porque Seu Luiz, com seus quase 69 anos, trabalhava ativamente, “serrando uns pauzinhos” para fazer tábuas. Paradas as máquinas, a conversa ocorreu, de pé, ao lado da serra, com um ronronar de fundo, da água que escorria pela calha. Retratos Roda d´água. Com os dias contados? A situação atual e as perspectivas Hoje, segundo Seu Luiz, a roda d’água e a calha estão “bem estragadas”, desperdiçam muita água e não têm força. “Quase só dá para serrar em dias de chuva”, diz um pouco amargo. Ele afirma que gostaria de fazer uma nova, mas para isso é preciso muita madeira e “tem que ser uma canela boa”. “Se eu pudesse, se o Ibama autorizasse, eu fazia uma roda nova. Mas não sei se isso tem mais meio deles liberar”, diz como se estivesse, além do palheiro, com a esperança entre os dentes. Afinal, os filhos saíram todos e até ele já pensou em partir do Rio Bravo. Até quando precisa de um ajudante, ele já não encontra mais. “E tem coisas que não dá para fazer sozinho, precisa uns camaradas para ajudar”, justifica. Sonha com a volta de um filho que está em São Martinho e também trabalha com marcenaria. Afinal, hoje o que mais pedem para ele são camas, armários, estantes e outros móveis. Segundo ele, porque trabalha mais barato que os concorrentes. Aqueles que têm máquinas modernas fazem de outro jeito, que pode até ser julgado mais bem feito. Já ele faz de uma forma mais antiga, o que, diz, pode ter seu charme. Despedida? Para finalizar, ele faz uma espécie de alerta: se a roda não for arrumada logo, vai cair em no máximo cinco anos. Belíssimo conjunto de construções em enxaimel da família Westphal. Mesmo com problemas de conservação, ela é mantida de pé pela teimosia doJurandir, que insiste no valor desse patrimônio arquitetônico e cultural. A barragem reerguida no início da década de 1960 ainda resiste 50 anos depois, agora sem a serraria pica-pau que deu razão a sua construção e existência. Horticultura começa a fazer parte da paisagem. 14 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Patrimônio Santarosalimense A velha pedra depende dos novos Havíamos passado antes na residência da família Folster-Schmoeller e apenas parado para fazer uma foto do paiol, onde uma galinha dormia “abraçada” à roda de um carrinho de mão. Eles estranharam nossa escolha. Mais tarde, entendemos o porquê. Do outro lado da estrada, um pouco afastada e ao lado de um bambuzal, reinava uma bela roda d’água que não foi percebida por nós. Isso só reforçou a ideia de que esses tesouros do patrimônio precisam ser valorizados e sinalizados. Somos muito bem recebidos e acomodados à mesa da cozinha da casa. Sentadas no caixãozinho de lenha Dona Anita e a filha Juliete, que é professora. Seu Dionei prefere permanecer de pé, à ponta da mesa. Talvez conserve um hábito do longo tempo, de quem ensinou na “escolinha” do Campo do Rio Bravo, profissão que também exerceu, até a aposentadoria. O saber fazer Dona Anita conta que aprendeu a lidar com a Atafona desde pequeninha, ficando junto do pai. Ela lembra que o pai também tocava um engenho de açúcar e outro de farinha de mandioca e diz que de recordações do tempo de criança só ficou mesmo “os frios” passados nas madrugadas de inverno: “era muito esforço, com essa água fria pra lavar a mandioca. Muito frio eu passei”, afirma rindo. Sobre o trabalho, recorda: “Quando [a atafona] passou pra mim, eu já sabia tudo”. E discorre sobre as regulagens para chegar a uma boa farinha. Para ela, tem que moer duas vezes. A primeira passada é para picar o milho, e a segunda, para dar farinha. Senão, ainda segundo ela, esquenta muito e “queima” a farinha. Lembranças e uma esperança Juliete, até então muito quieta, se transforma ao lembrar dos tempos de criança e da “parte boa” dos engenhos. “Da atafona, eu lembro de ir brincar na água. Era muito legal! No engenho de mandioca, o melhor era comer vergamota com farinha quente, além de batata. Era inverno e a gente ficava na frente do tacho onde eles faziam a farinha. E enfiava batata debaixo do tacho, para comer. Aquilo era uns ‘alemãozinhos’ com um fedor de batata e de laranja cravo. E branquinhos, porque tinha sempre um pozinho branco no ar. Como se fosse um vaporzinho. E a gente ficava com o cabelo branco, branco...” rememora, às gargalhadas. Ao final, foram essas lembranças e a alegria que elas trouxeram que ficaram no nosso “ar”, como o pó da mandioca. E deram um fio branco de esperança de que aquela atafona continue a ser tocada. Mesmo que apenas “pra bonito” e para não deixar tanta coisa, tanto conhecimento e tanta história se perder. A atafona... A roda d’água move uma atafona que está há três gerações com os Folster. Primeiro, foi Seu Henrique; depois, Seu Augusto e, agora, Dona Anita. A estrutura já era anterior ao Seu Henrique e as “pedras” (as mós) teriam chegado diretamente da Alemanha. Antigamente, na atafona, vinha gente da Santa Rosa inteira, do Povoamento em Anitápolis, do Rio Sete, do Rio Areia. De fato, conversando com pessoas idosas da região, a atafona do Folster – ou do “Schmelinha” – ainda é uma referência de boa farinha. Assim, era “tocada” dia e noite, “quase direto, o ano todo”. Naquele tempo, o pessoal trazia cada um o seu milho e depois vinha buscar e a cobrança era em dinheiro, por saca moída. “Quando acabava o fubá em casa, os colonos vinham com milho. Era de carro de boi, em cargueiro de cavalo, nas costas... Nos últimos tempos era de moto, no portamalas de carro. Segundo Dona Anita, já quase ninguém vinha mais na atafona, porque compram fubá já feito, no mercado”. Por isso, desde o ano passado, pararam de moer “prá fora” e a atafona agora só funciona uma vez por mês, para produzir o fubá que a família consome. Os Folster Schmoeller têm, desse modo, a vantagem de produzir, colher, secar e moer o milho e dele fazer a farinha que comem. No século XXI, isso é um verdadeiro privilégio. ... e o futuro dela... Em relação ao que será da atafona o casal diz que “só se os jovens assumirem. Nós já estamos velhos, aposentados e vamos parar”. Esclarecem que para continuar funcionando a atafona precisa de uma boa reforma. E julgam que não compensa mais renovar tudo. É preciso “fazer” a roda d’água, correias e outros troços; está tudo precário. “Ela dá conta de fazer a nossa moagem, enquanto não cair. O que não vai acontecer de uma hora para outra, pois quando tem uma coisinha pra fazer a gente faz. Mas não uma obra maior”, pondera Seu Dionei. O casal fala, praticamente ao mesmo tempo, que não sabe o que “os novos” vão fazer com a atafona. Juliete intervém para dizer que “para os filhos novas necessidades vão surgindo e não tem como se manter e viver com uma atafona dessas. Até porque está mais prático ir no mercado e comprar, do que se deslocar para vir até aqui. Então, se ficar aí vai ser mesmo só para recordação, para lembrar que teve uma coisa dessa”. E completa: “Por que para ‘tocar’, só se for para bonito mesmo, para não deixar perder... Para negócio, não rola”. Perguntada sobre a ideia de tocar “por bonito”, ela replica: “enquanto for do pai e da mãe, são eles que sabem o que fazem”. Dona Anita diz que só o futuro vai definir qual dos três filhos (duas moças e um moço) vai ficar com a atafona. E Seu Dionei considera que o mais provável é de ninguém ficar... “Uma já está fora. A outra não sei se vai ficar por aqui. Só se ficar o filho.” “Que mora encima daquele morrinho lá”, completa Dona Anita, apontando com o dedo. Para colorir ANO 1 - Nº 1 • Edição Mensal - Junho/2013 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima Distribuição gratuita. Venda Proibida. NESTE PRIMEIRO MÊS DE EXISTÊNCIA, O CRIANÇA SRL APROVEITOU QUE É JUNHO E ENTROU NO CLIMA DAS FESTAS JUNINAS! O QUE É, O QUE É? QUE QUANDO PULA SE VESTE DE NOIVA? VOCÊ JÁ DEVE SABER QUE ESTAMOS FALANDO DA PIPOCA, NÃO É? MAS SERÁ QUE VOCÊ SABE QUE ESSA DELÍCIA QUE COMEMOS NAS FESTAS JUNINAS (E EM TANTAS OUTRAS ÉPOCAS DO ANO!) É UM DOS ALIMENTOS MAIS ANTIGOS DA HUMANIDADE? ARQUEÓLOGOS ENCONTRARAM NO PERU GRÃOS DE PIPOCA COM QUASE 7.000 ANOS DE IDADE! TAMBÉM ENCONTRARAM ESPIGAS E PALHAS DE MILHO DAQUELA ÉPOCA. AS PESQUISAS INDICAM QUE A PIPOCA COMEÇOU A SER CONSUMIDA ANTES MESMO DO PERÍODO CERÂMICO, QUANDO OS HOMENS COMEÇARAM A FAZER POTES PARA PREPARAR E GUARDAR ALIMENTOS. OU SEJA, NAQUELA ÉPOCA, É PROVÁVEL QUE AS ESPIGAS FOSSEM COLOCADAS INTEIRAS JUNTO AO FOGO, E NÃO EM GRÃOS COMO FAZEMOS HOJE. E, CLARO, QUANDO FALAMOS DE FOGO NÃO ESTAMOS FALANDO DE FOGÃO, POIS ISSO FAZ MUITO, MUUUITO TEMPO. VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR O QUANTO? O ARQUEÓLOGO É UM CIENTISTA QUE PROCURA E ESTUDA OBJETOS QUE ESTÃO ENTERRADOS. MAIS DO QUE OS OBJETOS EM SI, O OBJETIVO DESSAS PESQUISAS É TENTAR CONHECER MELHOR A FORMA COMO VIVIAM OS POVOS QUE VIVERAM ANTES DE NÓS: O QUE ELES COMIAM, COMO MORAVAM, QUE TECNOLOGIAS TINHAM... A MAIORIA DESSES OBJETOS NÃO FOI ENTERRADA PELOS HOMENS DO PASSADO, MAS SIM PELA DEPOSIÇÃO DE TERRA, OU SEJA: VEIO UM VENTO E TROUXE UM POZINHO, DEPOIS O RIO SUBIU E TROUXE MAIS UM POUCO DE TERRA... E DE POUCO EM POUCO O MATERIAL FICOU TODO ENTERRADO. EM UM MESMO LOCAL PODEMOS ENCONTRAR VÁRIAS CAMADAS DE MATERIAL, QUE AJUDAM A CONTAR A HISTÓRIA DOS POVOS QUE VIVERAM NAQUELE LOCAL EM DIFERENTES ÉPOCAS. QUANDO MAIS PROFUNDA A CAMADA, MAIS ANTIGA ELA É. FALANDO EM PIPOCA, VOCÊ SABE POR QUE A PIPOCA ESTOURA? BOM, PRIMEIRO VOCÊ PRECISA SABER QUE DENTRO DO MILHO DE PIPOCA TEM UM POUQUINHO DE ÁGUA E TEM AMIDO. O QUE ACONTECE QUANDO ESQUENTAMOS BASTANTE A ÁGUA? VIRA VAPOR, CERTO? POIS A ÁGUA QUE TEM DENTRO DO MILHO TAMBÉM VIRA VAPOR QUANDO ESQUENTAMOS OS GRÃOS. E O AMIDO, QUE FICA DURINHO QUANDO FRIO, VIRA UMA ESPÉCIE DE GELATINA QUANDO É AQUECIDO, E AUMENTA DE TAMANHO. TANTO O VAPOR QUANTO O AMIDO FAZEM UMA PRESSÃO ENORME NA CASCA (MAIOR QUE A DO PNEU DE UM CARRO!) , QUE NÃO AGÜENTA E ESTOURA. QUANDO O AMIDO ENTRA EM CONTATO COM O AR, RESFRIA E ENDURECE DE NOVO, FORMANDO AQUELE “VESTIDO DE NOIVA” DELICIOSO! “UM BOM PENSAMENTO NASCE COMO UMA PIPOCA QUE ESTOURA, DE FORMA INESPERADA E IMPREVISÍVEL.” RUBEM ALVES R E Z A F A R A P A S I O C A M U O M S E M Ê C VO QUE TAL COLORIR UMA FOGUEIRA DE UM JEITO DIFERENTE? AÍ ESTÁ A BASE DA NOSSA FOGUEIRA DE SÃO JOÃO. MAS FALTA O FOGO, CERTO? PARA FAZER O FOGO, VOCÊ VAI PRECISAR DE COLA BRANCA, TESOURA SEM PONTA E OS MATERIAIS QUE VOCÊ ENCONTRAR PELA CASA (E SEUS PAIS DEIXAREM VOCÊ USAR) NAS CORES LARANJA E VERMELHO. VOCÊ PODE FAZER UM LINDO FOGO COLANDO PEDAÇOS DE LÃ, POR EXEMPLO. OU PEDACINHOS DE PAPEL DE EMBALAGEM. USE SUA IMAGINAÇÃO! VOCÊ É QUEM VAI DECIDIR O FORMATO E A ALTURA DESSA FOGUEIRA! DEPOIS DE FAZER O FOGO, NÃO ESQUEÇA DE TIRAR UMA FOTO E NOS ENVIAR PARA VER COMO FICOU! UMA BRINCADEIRA ? R A L U P E D A T S O G Ê VOC JÁ BRINCOU DE PIPOCA? ESSA É UMA BRINCADEIRA POPULAR EM QUE TODOS CANTAM JUNTOS. ESSE TIPO DE BRINCADEIRA SE CHAMA “BRINQUEDO CANTADO”. CADA VEZ QUE NO BRINQUEDO SE DISSER “PLOC”, TODO MUNDO TEM QUE DAR UM PULO, QUE NEM PIPOCA NA PANELA. PARA FICAR MAIS DIFÍCIL, VOCÊ E SEUS AMIGOS PODEM COMBINAR DE SE DAR AS MÃOS PARA PULAR, OU DE PULAR SEMPRE ALTERNANDO O LADO: UMA VEZ PARA A ESQUERDA, UMA PARA A DIREITA, E ESQUERDA DE NOVO, E ASSIM VAI... MAS ANTES PRECISAM APRENDER A LETRA DO BRINQUEDO CANTADO, QUE É ASSIM: “UMA PIPOCA PUXA ASSUNTO NA PANELA: PLOC! OUTRA PIPOCA VEM CORRENDO RESPONDER: PLOC! ENTÃO COMEÇA UM TREMENDO FALATÓRIO: PLOC! QUE NINGUÉM MAIS CONSEGUE ENTENDER, É UM TAL DE PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! E É UM TAL DE PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC! PLOC!” UM ARTISTA FESTA JUNINA É ÉPOCA DE VER O CÉU COLORIDO POR BANDEIRINHAS DE TODAS AS CORES... VOCÊ SABIA QUE EXISTE UM PINTOR CHAMADO ALFREDO VOLPI QUE FICOU FAMOSO RETRATANDO ESSAS BANDEIRINHAS? Grande Fachada Festiva. Fachada das Bandeiras Brancas - 1950 Fachada das Bandeiras Brancas - 1950 Volpi Fachada das Bandeiras Brancas - 1950 ALFREDO VOLPI NASCEU EM LUCCA, QUE É UMA CIDADE NA ITÁLIA, HÁ MAIS DE CEM ANOS: EM 1896. VEIO PARA O BRASIL COM OS PAIS QUANDO AINDA ERA BEBÊ, E CRESCEU EM SÃO PAULO. POR ISSO, MESMO SENDO ITALIANO, É CONSIDERADO UM DOS MAIORES ARTISTAS BRASILEIROS. NA PINTURA, VOLPI FOI AUTODIDATA, OU SEJA, APRENDEU SOZINHO A PINTAR, NÃO FOI A NENHUMA ESCOLA DE ARTES. NEM SEMPRE ELE RETRATOU BANDEIRINHAS: PASSOU POR VÁRIAS FASES; NO INÍCIO, PINTAVA MAIS PAISAGENS. FOI A PARTIR DA DÉCADA DE 1950, QUANDO JÁ ESTAVA COM MAIS DE 50 ANOS, QUE SUA PINTURA FICOU MARCADA POR FORMAS MAIS GEOMÉTRICAS, COMO AS BANDEIRINHAS. VOLPI FAZIA SUAS PRÓPRIAS TINTAS, USANDO VERNIZ, CLARA DE OVO E PIGMENTOS NATURAIS, COMO TERRA E ARGILAS COLORIDAS. ELE VIVEU 92 ANOS E SUAS PINTURAS SÃO CONHECIDAS E RECONHECIDAS EM TODO O MUNDO. Bandeirinhas - 1960 E VOCÊ, JÁ PENSOU EM PINTAR AS BANDEIRINHAS QUE ENFEITAM SUA FESTA JUNINA? FAÇA UM DESENHO COM ESTE TEMA E ENVIE PARA O CRIANÇA SRL! OS DESENHOS MAIS ORIGINAIS SERÃO PUBLICADOS NO PRÓXIMO MÊS. UMA POESIA FICÇÃO CIENTÍFICA Alguém mexeu na nossa igreja Matriz. Descubra as diferenças na figura da direita. 7 (JOSÉ PAULO PAES, RETIRADO DO LIVRO “É ISSO ALI”) DEPOIS DE UMA VIAGEM PELO ESPAÇO SIDERAL, O ASTRONAUTA CHEGOU AO SEU DESTINO FINAL: UM PLANETA DIFERENTE CUJO EM-CIMA ESTAVA EM-BAIXO E O ATRÁS FICAVA NA FRENTE. UM PLANETA TÃO ESTRANHO QUE A SUJEIRA ERA LIMPA E A ÁGUA TOMAVA BANHO UM PLANETA MESMO LOUCO ONDE O MUITO ERA NADA E O TUDO MUITO POUCO. UM PLANETA DOS MAIS RAROS: O SEU OURO ERA DE GRAÇA, O LIXO CUSTAVA CARO. O ASTRONAUTA NÃO GOSTOU E FOI-SE EMBORA. QUANDO PENSOU ESTAR MUITO LONGE, VIU-SE OUTRA VEZ CHEGANDO NUM PLANETA ONDE, ALIÁS, O EM-BAIXO FICAVA EM-CIMA E A FRENTE ESTAVA POR TRÁS... EXPERIMENTE ! FAÇA SUA POESIA. ENVIE PARA O CRIANÇA SRL Solução no próximo mês. Família SRL 15 Adolfo Wiemes A TV, o computador, a família e a sociedade A televisão com suas novelas, seus filmes agressivos e com cenas de violência, seus espetáculos praticamente pornográficos, seus programas horrorosos; tudo isso está desestruturando grande parte de nossas famílias. A mãe e muitas vezes o pai, para ver novelas e filmes inadequados, acabam permitindo que as crianças, adolescentes e jovens também os assistam. Daí, todos se esquecem do dialogo. Mantêm silêncio. Os olhos fixos e atentos apenas naquilo que passa na tela. Tudo isso influi negativamente na educação dos filhos e na vida de todos. Mas a TV é um aparelho bom. Só mostra o que está sendo projetado nela e lançado no ar. As novelas podem ter alguma coisa válida; para quem as entende. Uma grande parte delas, entretanto, não serve para a vida das pessoas. Não é útil para educá-las. Ao contrário, deseducam. Não são benéficas. Não levam a nada. Ou, pior, conduzem os telespectadores a ser desonestos, a praticar todo tipo de maldades. Isso não combina com o projeto de Deus, que é amor, obediência, paz, união, diálogo, fraternidade e alegria. E, de forma geral, tudo o que é bom e lícito, que não prejudica ninguém. O que se vê nas novelas e filmes inadequados são: agressões, desentendimentos entre famílias e sociedade, palavrões, empurrões, tapas e socos e, às vezes, até mortes. Namoricos que são puras paixões, ajuntamentos de casais, separações, troca de pares, casamentos falsos, brigas, discussões etc... Meus leitores, vocês acham que isso pode ser bom para educar e viver unido numa família que se ama e quer viver em paz? De jeito nenhum! Os menores, principalmente as crianças que são curiosas, querem imitar o que veem na televisão. Acham que o que assistem é verdadeiro e normal. Crianças e, principalmente, adolescentes, quando não estão na escola, ficam horas e horas na frente da televisão ou do computador. Os olhos fixos nas telas, nos programas. Só prejudicam a visão e a mente. Todos sabem que o que passa do limite é nocivo. Você já se perguntou por que as crianças e adolescentes de hoje precisam usar óculos cada vez mais cedo? Por que ficam estressados com tantas preocupações desnecessárias? Deus deu a inteligência para determinados homens descobrirem e inventarem aparelhos e máquinas que usados adequadamente ajudam a resolver rapidamente muitos problemas. Mas acontece que alguns não sabem usá-los para o bem e acabam prejudicando a si próprios e a outros. As coisas boas são ótimas para ampliar o conhecimento de todos. Mas a televisão e o computador tomaram o lugar do diálogo e da oração em família. Não que eles sejam ruins. São aparelhos ótimos para a comunicação à distância. Nós é que muitas vezes não sabemos usá-los para o bem de nossas famílias e da sociedade. As redes de televisão transmitem muitos programas bons, que qualquer um pode assistir. Há canais e apresentações que educam e evangelizam, que contribuem para que todos tenham uma vida boa. Alguns poderiam dizer: Ah! Mas hoje é tudo diferente. É assim mesmo! Eu digo o seguinte: é assim porque na maioria das vezes não dá tempo para nos dedicarmos mais aos filhos. Quando os pais dão pouca atenção aos filhos, são trocados pela TV e pelo computador. Pais e mães, arranjem um tempinho e conversem mais com seus filhos. Eles esperam isso. Precisam de um elogio. Ficam contentes com nossa atenção! Se não tivermos esse cuidado com nossos filhos, eles ficarão perambulando pela rua, se viciando em drogas, se prostituindo, roubando, comendo mal, passando fome, ficando doentes. É claro que não queremos que isso aconteça! Que Deus nos ajude a ser pais bons o bastante! SRL realiza sua conferência das cidades Discutir os eixos da temática nacional, elaborar propostas no município e escolher os delegados, delegadas e respectivos suplentes, que representarão Santa Rosa de Lima na etapa estadual foram os objetivos da 5ª Conferência das Cidades. A etapa estadual acontecerá em agosto, em Florianópolis. Realizada na manhã do dia 24 de maio de 2013, no centro de convivência do idoso, o evento contou com a participação de cerca de quinze pessoas, entre representantes da prefeitura municipal, da Secretaria do Estado de Planejamento e da sociedade civil organizada. Após a abertura dos trabalhos feita pela prefeita Dilcei Heidemann, foram discutidos os quatro “eixos nacionais”: participação e controle social no sistema nacional de desenvolvimento urbano; fundo nacional de desenvolvimento urbano; instrumentos e políticas de integração intersetorial e territorial; e políticas de incentivo à implantação de instrumentos de promoção da função social da propriedade. Em seguida, os participantes definiram os quatro eixos para o município: habitação; saneamento; transporte e mobilidade; e política urbana. A prefeita Dilcei Heidemann considerou muito importante o debate. “As dificuldades que nós temos, todos os municípios com certeza também tem. Então, nós estamos aqui para procurar ajuda. É isso que a gente está querendo neste momento. É uma oportunidade para todos colocarem o que o nosso munícipio tem de necessidades, o que precisamos buscar para o município melhorar”, detalhou a responsável pelo executivo. Luz Marina S. Steckert, gerente de apoio à gestão das cidades, no papel de secretária executiva e coordenadora das conferências municipais e da estadual, presenciou o evento e o avalia positivamente: “Santa Rosa de Lima é uma cidade bem pequena. Tem problemas em comum com outras cidades, mas também tem particularidades e necessidades que são exclusivas daqui. As discussões e as propostas serão bem valiosas para a etapa estadual”. Conforme Luz, nesta edição houve no estado um avanço muito importante na adesão ao debate sobre as cidades. “Este ano, 203 municípios catarinenses realizam suas conferências. Na anterior, apenas 65 o fizeram”. A diretora de desenvolvimento das cidades, da Secretaria do Estado de Planejamento, Célia Fernandes, que também participou do evento, falou da importância da conferência. “É aqui a fonte. No município, aqui, está o diagnóstico do problema. Com a conferência municipal podemos colocar as dificuldades e anseios. As pessoas tem que ter este espaço para esta discussão. Como é a cidade em que a gente vive? São os moradores que conhecem as necessidades das ruas, do saneamento, da habitação. Aqui está o retrato mais fiel destas questões”, ponderou Fernandes. Para representar Santa Rosa de Lima na conferência estadual, foram eleitos dois delegados. Sebastião Vanderlinde, que tem como suplente Luiz Schmidt, pela sociedade civil organizada, e Edison Vandresen, com Grasiele Fernandes Mates na suplência, pelo poder público municipal. Entre as principais propostas da conferência, no eixo habitação estão a regularização de construções em áreas de riscos e a conscientização da população para o uso adequado dos recursos naturais. No eixo saneamento, propôs-se buscar parceria com a Casan para viabilizar um projeto de saneamento básico; realizar um estudo para verificar a quantidade de residências que não possuem fossas e criar um programa para regularizar estas moradias; criar o plano de gerenciamento dos resíduos sólidos e instalação de lixeiras em locais estratégicos na zona urbana. Em transporte e mobilidade urbana, regular as áreas de estacionamento no centro da cidade e criar uma comissão municipal para discutir a implantação da SC que liga Santa Rosa de Lima a Anitápolis. COMUNIDADE Rio Bravo Alto Karla Folster | Ana Paula Vanderlinde | Júnior Alberton Rio Bravo Alto e suas diversidades. Na comunidade de Rio Bravo Alto, existe uma vasta diversidade de atividades econômicas empreendidas pelas famílias que por aqui vivem. Nossa convivência com a comunidade somada ao relato de moradores revelam que a agricultura, que antes era atividade para toda a família, agora passou a ser exercida apenas pelo casal. Ou até mesmo, somente pela mulher da casa. E se ela continuou a plantar, na maioria dos casos, o faz unicamente para o consumo da própria família. O plantio de fumo, atividade que outrora foi a principal fonte de renda na comunidade, passou a ser exercido apenas por pouquíssimas famílias. Atualmente, aliás, esse número é praticamente nulo. Alguns dos poucos plantadores que continuam com esta atividade, apostam em novas tendências e optam pelo plantio sem agrotóxicos do tabaco. Escolhem assim um tipo de manejo menos prejudicial à saúde e com custos de produção mais baixos, pois não há utilização de uma infinidade de produtos químicos de síntese. A madeira é o setor mais importante da economia do Rio Bravo. É o ramo que mais emprega. O trabalho pode ser diretamente nas madeireiras, na queima de carvão, ou na venda de lenha obtida de desbastes feitos em “roças” de eucalipto ou pinus. Os moradores da comunidade têm comentado muito que, em função da exploração da madeira, pessoas “de fora”, que vivem em outros municípios e aqui adquiriram terra, dão mostras de não se importar muito com a legislação. Pelo menos, não a respeitam. Nos últimos meses, o que se viu foram desmatamentos absurdos da nossa mata nativa. Nadando contra esta corrente depredatória, algumas famílias mudaram de atividade. Passaram da queima de carvão para o plantio de verduras orgânicas. Um pouco acanhada, a produção livre de agrotóxicos ainda é pouco praticada. Mas não se pode deixar de ressaltar o empreendedorismo destes agricultores familiares. No nosso Rio Bravo Alto, a produção de leite também teve um aumento significativo, a partir do surgimento dos laticínios em Santa Rosa e nos municípios vizinhos. Antes, as famílias faziam a ordenha manual e sem higienização do local. A infraestrutura era precária e havia pouca preocupação com a sanidade do leite. Agora, tudo é mais organizado: ordenhadeiras, canalização do leite, higienização dos currais. Tudo isso pensando em oferecer um produto de maior qualidade, um leite mais puro e livre de bactérias nocivas ao consumo humano. Uma das maiores reclamações das famílias que trabalham na produção leiteira é a falta de um maior auxilio e incentivo por parte da secretaria de agricultura de Santa Rosa de Lima. Seja em assistência técnica, na aquisição de insumos, em incentivos fiscais e as próprias estradas, que muitas vezes dificultam o escoamento da produção. Uma tendência que vem surgindo por aqui é que muitos casais “abandonam” suas propriedades durante o dia. Na busca de uma renda estável, eles saem cedo para trabalhar no centro ou, até mesmo, em outros municípios. E voltam à noite, para dormir. Logo em seguida, acabam vendendo suas terras. E é bastante preocupante o ritmo em que isso vem acontecendo. Se continuar assim, um dia a comunidade de Rio Bravo Alto passará a ser uma localidade de “estrangeiros”. E pensando no que alguns desses fazem hoje, de depredadores. Em busca de novas amizades: bingo! Um verdadeiro sucesso o bingo promovido pelo Clube de mães “Em busca de novas amizades’’, das Águas Mornas. O Balneário Paraíso das Águas, gentilmente cedido pela família Locks, foi palco do evento comunitário. Cerca de 300 pessoas participaram do jogo e da confraternização. O jantar foi preparada pelas mães integrantes do clube e o cardápio foi composto por risoto, aipim, farofa e saladas. Mais de trinta prêmios foram disputados “na cartela”, todos doados pelo comércio, pelos membros do clube ou por simpatizantes. Para ganhar o prêmio maior – uma TV – era preciso cartela cheia. E a sortuda foi a cabelereira Waldete Machado. 16 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima COMUNIDADE Rede Rio do Meio Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel Dona Maria Willimann da Silva, uma história de vida; uma vida de histórias. Nascida em 31 de maio de 1928, Dona Maria tem motivos de sobra para festejar os seus 85 anos. Ainda na infância, aos onze anos, passou a ter que cuidar dos cinco irmãos porque a mãe dela tinha “perdido o juízo”. Por isso, enquanto todos os outros irmãos foram alfabetizados, ela não pôde ir para a escola e não aprendeu a ler. Mesmo “sem memória”, a mãe de Maria gerou outra criança. Mais um para ela cuidar. Era qualquer pequeno descuido e a vida do bebê ficava em risco. “Com a demência, minha mãe já havia jogado a criança em um valo d’água e em outros lugares. Cuidei dela até os três meses e então, com medo de que acontecesse algo de mais grave, eu e meu pai nos vimos obrigados a dá-la para outra família cuidar”, relata com um ar penoso Dona Maria.. Aos 23 anos, casou-se com Antônio Estevan da Silva. Naquele período, seus irmãos foram “saindo de casa”. Uns, casando, outros “pegando um rumo”, como ela diz. Do seu casamento, teve nove filhos, Laura, Terezinha, Juraci, José, João, Ivani, Lindolfo, Pedro e Jurema. A família viveu doze anos na localidade de Rio dos Bugres. Em 1962 anos, no mesmo ano da emancipação de Santa Rosa de Lima, Dona Maria veio morar no Rio do Meio. Ela diz que a criação do município foi vista com alegria pelo povo: “não era ir preciso ir tão longe, fazer compras de sal, querosene e riscado (tecido para fazer roupas)”. Com o marido, sempre trabalhou com lavoura, engenho de farinha, engenho de açúcar, engorda de porco e vaca de leite. Em julho de 2007, perdeu Seu Antônio, seu companheiro de lida e de vida. Trocar informações e reforçar parcerias A Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco) promove encontros regulares das organizações que trabalham o desenvolvimento sustentável no território. O objetivo é reunir esforços para fortalecer as atividades e para propor inovações em cadeias produtivas de grande impacto na região. No dia 25 de maio, o encontro foi no Rio Santo Antônio, na propriedade dos Fortunato, que foi tema deste Canal SRL em sua primeira edição. Ao final da reunião, um excelente almoço preparado pela Cleimar e pela Dona Ernestina, uma moagem de milho, uma ótima conversa com o Seu Divo, tudo foi estímulo para eles. Para nós, trouxe mais ânimo e fortaleceu a consciência do nosso papel e da persistência que precisamos ter para assegurar a continuidade e a integração das ações do projeto de desenvolvimento sustentável. Seminário Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica O evento ocorreu nos dias 7 e 8 de maio, no Senado Federal, em Brasília, e foi promovido pela “Frente parlamentar mista pelo desenvolvimento da agroecologia e da produção orgânica”. Além da própria agroecologia foram tratados outros temas, como saúde e alimentação, renda e sustentabilidade. Cerca de 500 agricultores e lideranças da agricultura familiar agroecológica e orgânica de todo país estavam presentes. Ministros, senadores e deputados federais estiveram presentes. Destacou-se a liderança da deputada Luci Choinaki, coordenadora da Frente e do seminário. Representaram Santa Rosa de Lima e região Volnei Luiz Heidemann, Coordenador Geral da Agreco, e o Vereador Luiz Schmidt. O “Loi” levou ao seminário um Circuito Laudir Coelho - Presidente Viúva, continua por aqui, esbanjando saúde. Com o filho Pedro, mora no mesmo local a que chegou há 51 anos. Pedro cuida de uma granja e cria peixes. Dona Maria, aposentada, tem sua rendinha, participa ativamente do clube de mães do Rio do Meio e, nos finais de semana, recebe muitas visitas. São familiares e amigos. Dona Maria diz que isso é o que a deixa feliz, pois mostra que todos lembram dela. Sobre a bocha no Rio do Meio O campeonato de bocha entre casais chega à semifinal. Os jogos previstos são: Wilson e Valdirene x Alfonso e Valdete; e Isaltino e Edite x José e Cristiane. As datas para a realização dos confrontos ainda não foram definidas. Como Isaltino quebrou o braço, os competidores aguardam a recuperação dele. Demonstração de solidariedade e de desejo que a disputa seja justa. Chegada do Canal SRL Nossa coluna foi em busca de depoimentos sobre a chegada do jornal de Santa Rosa de Lima. O espaço é pouco, por isso vamos destacar duas declarações representativas, de Solange Roecker e Vanise Neckel. “Acho o jornal muito importante para o município. Espero que continue circulando. Mas desejo que ele não misture política e brigas pessoais”. Solange, agricultora, estudante e diarista, 35 anos. “Achei o jornal muito interessante, trazendo as notícias da comunidade, relatando e dando valor ao patrimônio histórico. Agora vamos poder ficar sabendo das informações do nosso município”. Vanise, agricultora, 21 anos. abaixo assinado dos agricultores da região em favor desta atividade produtiva e manifesto de apoio da Câmara Municipal de Santa Rosa de Lima referendado por todos os edis. Ampliar a produção de frango orgânico; desafio e oportunidade A produção orgânica de frango vem sendo ampliada regularmente para acompanhar os crescentes pedidos vindos, principalmente, dos supermercados. Em Santa Rosa de Lima, atualmente, dentro desse sistema, são produzidos cerca de três mil frangos por mês. Além das vendas para o varejo, alguns contratos no mercado institucional exigem volumes significativos. O melhor exemplo é o Restaurante Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. A CooperAgreco tem um contrato para entregar até a conclusão do ano letivo de 2013 aproximadamente três toneladas de filé de peito por mês. A cadeia produtiva do frango orgânico é orientada pelo abatedouro Rio do Meio. Nesse momento, busca-se ampliar a produção. Interessados podem obter maiores informações na sede da CooperAgreco. Certificação Para quem quer produzir orgânicos e não vai vender ele próprio em uma feirinha, a legislação brasileira exige a certificação (Lei 10.831/2003). O certificado de conformidade é resultado do trabalho de auditoria externa da Ecocert-Brasil. Como somos um grupo bem organizado de agricultores familiares, podemos usar um tipo de inspeção para pequenos produtores. Essa modalidade oferece vários benefícios, principalmente o custo reduzido. O valor anual de 2012 foi de cerca de R$ 150,00 por agricultor . Devemos ter em conta que isso torna cada um dos produtores como um responsável pela certificação e pela marca comercial de todos os associados. Neste mês de junho ocorre a auditoria da Ecocert-Brasil. Por pelo menos uma semana, um inspetor da certificadora avaliará a documentação da cooperativa e visitará as propriedades dos associados. Nas propriedades escolhidas pela certificadora são avaliados os controles da produção, feita uma inspeção a campo e pode haver a coleta de amostras de solo e de plantas para análise de resíduos químicos em laboratórios credenciados. Cada agroindústria passa também por uma inspeção, para verificar se os alimentos processados estão de acordo com as normas de produção orgânica. Depois, o processo será concluído com um relatório da certificadora. Se tudo estiver em conformidade com as normas, ela emitirá, então o Certificado para a nossa Cooperativa. CERAL Desde que a Ceral assumiu a condição de permissionária da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), passamos a ser regulados diretamente pelo poder concedente que é a União Federal. Neste contexto, muitas melhorias têm sido incrementadas pela atual diretoria. Para além da adequação da nossa Cooperativa à legislação, o objetivo da direção é ampliar o esforço para, sempre e cada vez mais, prestar um serviço de qualidade aos nossos associados e consumidores. Assim, nossos técnicos, engenheiros e servidores vêm trabalhando a cada dia na manutenção e ampliação do nosso sistema elétrico, quer na rede de média tensão (13,8 Kv), quer na de baixa tensão (380/220 V). Medições periódicas são realizadas para diagnosticar preventivamente possíveis problemas ou para corrigir defeitos e falhas que possam ocorrer. Tecnicamente, há duas preocupações básicas: a continuidade e a qualidade do fornecimento da energia elétrica ao público consumidor. Por isso, a Ceral vem dando atenção especial à melhoria dos seus índices de qualidade e de continuidade, que são monitorados e acompanhados pela Aneel. Medidores especiais estão sendo instalados junto aos nossos clientes e associados, a partir de uma relação enviada mensalmente por essa agência reguladora. Da mesma forma, para que tudo ocorra dentro das regras que regem o setor elétrico, a Ceral é obrigada a fiscalizar as instalações dos associados. É forçoso verificar se elas estão construídas conforme os padrões previstos em normas técnicas e, por consequência, se oferecem segurança. Ao mesmo tempo, nossa área comercial vem se esmerando em prestar um excelente atendimento às pessoas. Faz isso por entender que o associado é a razão de ser da Cooperativa e, portanto, todo o seu esforço deve ser dedicado às solicitações de serviço que ele apresenta. E esse ato não é visto como uma simples formalidade administrativa, mas como um momento chave do relacionamento Ceral-associado, devendo haver um tratamento cordial e humano e, principalmente, sensibilidade às necessidades por ele apresentadas. No que se refere a investimentos, por operar numa região repleta de cursos d’água aproveitáveis para geração de energia através de pequenas centrais hidrelétricas, para ter ganhos em seu sistema, a Cooperativa tem a prerrogativa de fazer parcerias com empreendedores. Com a Hidrelétrica Jelu (Varginha – Anitápolis), a Ceral recebeu a doação de 10 quilômetros de cabos 2/0, o que possibilitou que fosse construída uma nova rede de média tensão até o ponto de conexão, além de uma sobra ficar no estoque. Atualmente, a nossa Cooperativa está compartilhando com a Hidrelétrica Santa Rosa de Lima (Quedas D’água) um trecho de rede de média e baixa tensão. Além de ganhar melhores estruturas e condutores de energia, consegue também um módulo de conexão de 34,5 Kv na própria subestação da usina. Além do importante acréscimo patrimonial, isso resultará num extraordinário ganho operacional. Por tudo isso, os cenários presente e futuro são bastante promissores para a Ceral e para seus associados. As populações de Anitápolis e de Santa Rosa de Lima podem se orgulhar de ter criado e mantido uma das melhores e mais eficientes distribuidoras de energia elétrica. Que é, aliás, exemplo e referência no setor elétrico do Brasil. 17 Eu conheço SRL e Valorizo Murilo Flores – Doutor em Sociologia Política e Secretário de Estado do Planejamento Lembranças de Santa Rosa de Lima Eram meados dos anos 90, início da construção do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF. Na época, eu ocupava o cargo de Secretário Nacional de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura e coordenava a criação e implantação desse programa. A equipe procurava projetos pelo Brasil que fossem inovadores e que significassem a consolidação da agricultura familiar no mercado. Era fundamental que tivéssemos resultados positivos para convencer o próprio Governo, e a sociedade como um todo, que apoiar a agricultura familiar significava estabelecer uma nova estratégia de desenvolvimento com inclusão social, no mundo rural e particularmente nos pequenos municípios. Em especial, estávamos tentando implantar um sistema de financiamento de pequenas unidades agroindustriais que, em rede, tivessem uma mesma marca, mas tendo unidades produtivas independentes e familiares. Foi nesse contexto que ouvi pela primeira vez falarem o nome de um município: Santa Rosa de Lima, em Santa Catarina. Recebi um grupo de pessoas propondo que a AGRECO, de Santa Rosa de Lima, fosse escolhida como um projeto-piloto, para testarmos essa nova linha de financiamento do PRONAF. Tudo se encaixava perfeitamente. Um grupo de agricultores familiares, cada um com sua agroindústria, uma mesma marca, e a produção orgânica, acrescentando uma perspectiva de sustentabilidade. Não foi difícil sermos convencidos de que valia a pena investir naquele projeto. Ele simbolizava muito bem o que queríamos e precisávamos resultados rápidos e consistentes. Daí em diante, essa história é bem conhecida de todos de Santa Rosa de Lima. O trabalho avançou na concretização das agroindústrias e da marca. Os primeiros passos foram dados para a colocação dos produtos no mercado (supermercado de Florianópolis) e a busca da inclusão de um produto de qualidade na merenda escolar. Mais tarde, a criação do projeto “Acolhida na Colônia” (hoje “exportado” para muitos municípios) deu uma perspectiva nova ao processo das agroindústrias, além de fortalecer o turismo sustentável e responsável no município. Como todo processo inovador houve avanços e recuos, mas o resultado final foi uma nova Santa Rosa de Lima. Apesar de ter acompanhado o processo e ter ajudado a viabilizar financeiramente a formação da rede de agroindústrias, somente fui conhecer pessoalmente o município muitos anos depois. E ao conhecer o município, e ver a grande mobilização local e os resultados alcançados, pude perceber o acerto daquela decisão. Acima de tudo, o município construiu um grande “capital social”, fundamental para que qualquer proposta de desenvolvimento sustentável possa ter êxito. Santa Rosa de Lima, para nós da coordenação do PRONAF da época, tinha um valor muito simbólico em relação ao sucesso do próprio programa. No município, as bases conceituais do programa tinham sido plenamente aplicadas a fundo, atingindo o que seria um sonho para outras regiões do Brasil. Uma proposta ousada, séria e carregada de entusiasmo de todos os que se envolveram ao longo dos anos, que ganhou uma importante visibilidade estadual, nacional e internacional. Quando passei a visitar o município fui conhecendo muito mais dessa experiência exitosa, conhecendo os atores locais, as pessoas, seus compromissos e seus sonhos. Com os anos, muita coisa mudou, ainda que sempre tenhamos mais a fazer. Mas a maioria das mudanças, sem dúvida alguma, foi para melhor. Muitos foram os atores que colaboraram para que essa proposta inovadora de desenvolvimento sustentável seguisse adiante. Produtores, lideranças políticas, lideranças sociais e técnicos. Todos souberam superar diferenças para lutar pela mesma causa. Minha contribuição foi apenas a de viabilizar recursos para um projeto-piloto. Mas tenho muito prazer de ter recebido o título de “Colono da Encosta da Serra Geral”. Está sempre em meu Currículo, com muito orgulho. COMUNIDADE Santa Bárbara Edinei Boeger | Igor Bonetti Nossa coluna resolveu saber como foi a chegada do Canal SRL aqui neste pé de serra. Fizemos uma breve entrevista com uma das lideranças da comunidade, o senhor Ivo Bonetti, filho no “Nono” Remi. Coluna Santa Bárbara (CSB): O que você achou do jornal? Ivo Bonetti: É um novo meio de comunicação que Santa Rosa de Lima recebe como se fosse um “presente” para toda a população e para os seus visitantes. E com isso, mostra um grande avanço para o nosso município. Por aqui, não só os moradores vão saber do que acontece no nosso município, mas vários turistas também vão se interessar pelas matérias escritas pelo jornal. CSB: Como o jornal ajuda o município? Ivo Bonetti: Bem, ele pode ajudar não somente o município, mas, repito, os turistas e visitantes poderão usar ele como um guia. O jornal informa pontos turísticos, comunidades, acontecimentos etc. No caso da Santa Bárbara, divulga o nosso patrimônio: a Serra Geral. CSB: Você pensou que um dia Santa Rosa de Lima pudesse ter um jornal? Ivo Bonetti: Na verdade, não! Como todo mundo, pensava: “Santa Rosa de Lima é uma cidade pequena, sem grandes acontecimentos, jamais terá um jornal”. Mas ele se torna realidade... CSB: Você acha que o jornal ainda pode melhorar? Claro que sim, pois todas as coisas podem melhorar, evoluir. Subindo a Serra Em fevereiro, membros da Acolhida na Colônia, acompanhados pelo especialista em implantação de trilhas ecológicas Márcio Soldatelli, subiram o paredão da Serra Geral. O objetivo: verificar se seria viável implementar um novo “produto” turístico. O guia local foi Ivo Bonetti, que conhece essa “subida” na palma da mão. No território do puma e das araucárias, os moradores acostumaram a ir no topo do paredão para colher pinhões, muito apreciados aqui na comunidade. A trilha não fácil. É íngreme e de difícil escalada. Márcio julga que em uma escala crescente de 1 a 5 de dificuldade, ela estaria nível 5. “É uma trilha espetacular, para um público bem específico”, julga o especialista. “Só para os mais aventureiros, com experiências em ‘escalaminhada’ (termo usado no turismo de aventura quando são usadas as mãos em raízes e pedras no caminho para ascender)”, completa Márcio. Rosângela Bonetti Vanderlinde, presidente da Acolhida, diz que a análise técnica realizada levou à conclusão de que os investimentos seriam muito altos. “Para a trilha ser explorada como produto de acesso a um número maior de turistas teríamos que fazer muitas intervenções. Tem lugares perigosos, onde um descuido pode ser fatal. Como lazer, podemos continuar como sempre fizemos. O mesmo pode acontecer com pessoas que tenham experiência, bom preparo físico e se responsabilizem por acidentes”, finaliza a dirigente. 18 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima COMUNIDADE Nova Esperança Lei do piso salarial Professores aguardam cumprimento e executivo afirma que não há recursos. Jaqueline Tonn Tudo começou no ano de 2000 a 2001 com a construção de uma agroindústria associativa para o processamento de verduras. Chamamos de “condomínio” e naquela época tudo era “mil maravilhas”. Uma sociedade de pequenos agricultores em luta e na busca do crescimento e do fortalecimento da comunidade, gerando, ao mesmo tempo, muito mais fontes de renda para Santa Rosa de Lima. Era tudo muito bem feito. E foi assim por cinco anos. Período de intensa luta. Muitas vezes, não dava nada certo. Em algumas delas, as reclamações surgiam. E, a cada dia, se buscava melhorar. Mesmo assim, houve a desistência de muitos produtores e a agroindústria acabou fechando. Os motivos foram vários, mas o principal parece ter sido a diminuição do preço dos produtos. E por um longo tempo, tudo ficou abandonado. Ou quase tudo, porque as cabeças continuaram pensando em oportunidades para reabrir a agroindústria. E quando a situação foi avaliada como favorável, as portas foram reabertas. Produtores da Nova Esperança voltaram ao plantio. E de comunidades vizinhas, como o Rio Santo Antonio, começaram a fazê-lo. Nessa nova fase, o funcionamento da agroindústria é assegurado por apenas uma família: Remi, Celene, Karoline e Guilherme, todos Beckauser. Isso no que se refere à gestão. No trabalho de higienização e beneficiamento, há a ajuda de pessoas aqui mesmo da comunidade. As dificuldades do passado parecem superadas e, agora o “condomínio” funciona de segunda a sexta. E a tendência é de crescimento e melhoria a cada dia. Ou seja, de 2001 para 2013, muitas coisas aconteceram. Podemos ver a contribuição que a agroecologia dá pelos próprios agricultores da Nova Esperança e do Rio Santo Antonio. A possibilidade de trabalhar aqui no meio rural vem ajudando vários jovens, que mesmo não querendo muito permanecer na comunidade, acabam tendo opções com o surgimento dessas novas oportunidades de renda e de vida. A produção agroecológica tem se ampliado cada vez mais em nossa comunidade e em nosso município, mas o uso de insumos de síntese química ainda é grande. Não na produção de alimentos, mas basicamente na de fumo. O aumento da produção orgânica só não é mais forte no município pelo fato do mercado estar pagando muito pouco pelos alimentos sem agrotóxicos. De qualquer forma, se o mundo dá muitas voltas, no nosso caso não voltamos para o passado. Voltamos para o futuro. “Estamos nos dedicando, dia a dia, para que tudo isso funcione bem. Agradecemos todos que nos apoiam: Agreco, agricultores, vizinhos e amigos. Eles sabem que estamos realizando, hoje, nossos sonhos de alguns anos atrás.” Depoimento de Remi, Celene, Karoline e Guilherme Beckauser. Mariza Vandresen Santa Rosa de Lima é o único município que, em 2013, ainda não cumpre a lei do piso do magistério da educação pública básica, em toda a área de abrangência do Sindicato dos funcionários públicos municipais da Comarca de Braço do Norte – Siscob, informa seu presidente, Wilson Althof. Negociações aconteceram, mas professores e representantes do executivo do município não chegam a um acordo. A categoria reivindica o cumprimento da Lei Federal 11.738/08, que determina o pagamento do piso salarial para professores da rede pública de educação básica, hoje no valor de R$ 1.567 para uma carga semanal de 40 horas. O executivo alega que não há recursos para isso e propõe o reajuste de 3%. O Secretário municipal de finanças calcula que o repasse integral do reajuste de 7.97% previsto na lei federal acarretaria em um acréscimo mensal de algo em torno de R$ 6.000,00 nos gastos com folha de pagamento. Uma comissão para discutir o assunto foi formada pelos professores Wilmar Warmling e Suely Defrein, do Centro Educacional Santa Rosa de Lima, Valmira Heidemann Schlickmann e Salete Stuepp Westfal do C.I. Recanto Alegre e Tatiane Dircksen, da E.E.B. Aldo Câmara, juntamente com os vereadores Salésio Wiemes e Claudiomir Mendes. Na primeira reunião, ocorrida em seu gabinete, a prefeita propôs repassar uma parte do reajuste na forma de abono. “Não era o que a categoria esperava, mas era uma forma de recebermos o que é nosso de direito. A nossa sugestão era que tão logo houvesse condições este abono seria incorporado à folha. Mas esta proposta não foi mais comentada”, afirma Wilmar Warmling, professor de Educação Física lotado com 40 horas no município. Como nenhuma decisão concreta havia sido tomada, outra reunião foi realizada no Centro de Convivência (Salão Velho). Desta vez, aberta a todos os docentes. A proposta apresentada pelo executivo, na ocasião – e mantida até hoje, é de um reajuste de 3%, parcelados em 1% ao mês, com os repasses sendo realizados de setembro até novembro. Tal proposição foi rejeitada pelos presentes. “Não podemos aceitar isso. O repasse integral é um direito nosso. No primeiro dia de aula, dia 4 de fevereiro, a prefeita Dilcei e o secretário de educação estiveram aqui no núcleo e os dois garantiram a todos que o piso seria pago. Esperamos que, em breve, a gente receba o repasse integral estabelecido pela lei”, enfatiza Wilmar. O secretário municipal de finanças, Edison Vandresen, justifica que o não cumprimento da lei do piso salarial dos professores é para evitar “um choque entre o cumprimento de duas leis”. Para ele, tornar efetivo o piso acarretaria em se comprometer com a Lei de responsabilidade fiscal. Vandresen esclarece a situação: “estamos atingindo o limite prudencial de gastos com a folha de pagamento, que é de 51.3%. É um limite para ficarmos atentos. Não podemos, de maneira nenhuma, ultrapassar os 54%”. Rudinei Pacheco, secretário de educação, complementa: “a conquista da categoria (falando no reajuste anual) é um mérito válido. E se [a categoria] não se organizar não terá seu direito assegurado. Por outro lado, a administração está com dificuldades bastante grandes em relação ao limite prudencial. Esta proposta apresentada foi a solução para tornar possível amenizar a situação, sem ferir a responsabilidade fiscal”. Uma ação na justiça está sendo movida por advogados contratados pelo Siscob. Wilson Althof, presidente do sindicato, esclarece que “é um direito dos professores e um dever do município”. Por isso, o Siscob dá entrada em um mandado de segurança no fórum de Braço do Norte. “Esperamos que no prazo de 30 a 40 dias saia a liminar da justiça determinando o pagamento imediato e integral do piso salarial à categoria”, finaliza Althof. O índice nacional de reajuste ao piso do magistério para 2013 foi anunciado em janeiro, pelo Ministério da Educação (MEC). Fixado em 7.97%, o percentual se baseia na arrecadação dos últimos dois anos do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O principal objetivo da lei do piso é que o “salário mínimo” dos professores se equipare à remuneração de outros profissionais com graduação. Segundo o MEC isso é necessário para valorizar a profissão de educador. Conforme o site da Federação Catarinense de Municípios (http://receitas.fecam.org.br/estado), nos primeiros cinco meses de 2013, Santa Rosa de Lima recebeu do Fundeb transferências de R$ 212.426,00. Valor 13% superior às transferências no mesmo período no ano passado, que foram de R$ 186.782,00. Em 2012, o reajuste do piso nacional do magistério da educação pública básica foi de 22,22% em relação ao do ano anterior e foi repassado aos professores santarosalimenses em abril. 19 DIDIO FOTOGRAFIAS Esse jornal é para aprender Suely Defrein, professora que leciona no 4º ano matutino do Centro Educacional Santa Rosa de Lima procurou a redação do jornal solicitando exemplares para serem usados como material didático. A professora conta que é no quarto ano que as crianças se aprofundam mais nos estudos relacionados ao município. “Por falta de material, muitas vezes só trabalhávamos os nomes das comunidades rurais. Foi ler o Canal SRL e a proposta estava clara: trazer o jornal pra sala de aula. O conteúdo é espetacular para trabalhar a história e um pouco da geografia das comunidades rurais de Santa Rosa de Lima”, completa animada Suely. Os alunos adoraram a ideia. Em uma construção co- letiva, eles escreveram o seguinte texto sobre a chegada do jornal: “Nos sentimos emocionados e surpresos quando recebemos o jornal Canal SRL na nossa sala. Ao conhecermos o jornal, entendemos sua importância para a compreensão da história do nosso município e do que acontece em nossa Santa Rosa de Lima. O jornal ficou muito interessante, bonito e com fotos legais. Vamos aprender muito com ele. Vamos lembrar pra sempre do primeiro jornal de Santa Rosa de Lima”. Espaço d’Acolhida Rosângela Bonetti Vanderlinde Na edição passada, prometemos que, nesta edição do Canal SRL, voltaríamos ao assunto SC Rural. Pensávamos sobre qual seria a melhor forma de informarmos os santarosalimenses sobre o papel da Acolhida na viabilização deste importante projeto em nosso município, quando fomos dupla e positivamente surpreendidos. Primeiro, pelo fato do tema ser pauta do próprio jornal. Depois, tivemos acesso ao trecho da entrevista do técnico da Secretaria -executiva do Programa – Vicente Sandrini Pereira, em que ele faz referência a nossa associação e ao trabalho dela. Sem falsa modéstia, julgamos o depoimento dele correto e justo. E, por isso, decidimos publicá-lo neste “Espaço d’Acolhida”. Nossos associados certamente vão gostar do que lerão. Esperamos que os demais leitores também. E que consigam perceber melhor como todos ganham com o nosso esforço. DEPOIMENTO O papel da Acolhida na Colônia A experiência e o trabalho da Acolhida na Colônia, não há dúvidas, têm papel importante nisso. E não só em Santa Rosa de Lima. Também em Urubici. Sem esse capital de conhecimento e experiência acumulado em quinze anos, seria difícil viabilizar, assim do nada. Em outros municípios que têm potencial e há o apoio da prefeitura ainda não surgiram projetos. Porque falta essa experiência e esse conhecimento. A solidez da organização foi determinante A consistência das organizações dos agricultores é um ponto muito importante da avaliação do SC Rural. Não é só um peso na nota. É determinante para aprovar ou não uma proposta. Se a gente sentir que o grupo foi juntado para fazer um projeto para pegar dinheiro, dificilmente vai passar. Então foi um ponto importante para a aprovação do projeto a história que a Acolhida tinha desde 1999. Obviamente já havia trabalho, o pessoal já vinha se reunindo há tempo, feito capacitações. Então, nós não tivemos dúvidas que o grupo existia, se reunia, tinha trabalho em conjunto, tinha conhecimento. Isso foi fundamental para a aprovação do projeto. O projeto de desenvolvimento pesou Quando recebemos a manifestação inicial da Acolhida na Colônia e do município de Santa Rosa de Lima, nós olhamos as duas coisas. Conhecíamos razoavelmente toda a história da produção orgânica e da ideia das Encostas da Serra, nós sabíamos que a Acolhida estava dentro disso tudo e olhamos o conjunto. Santa Rosa de Lima tem potencial e já tem trabalho. Se é para dar certo um projeto, é o de Santa Rosa de Lima. A importância da Acolhida para o SC Rural Isso deixa evidente a importância do trabalho que a Acolhida fez. Acertos e erros todo mundo tem. Mas ela foi fundamental. Tanto é que está puxando os projetos que têm possibilidade. Santa Rosa já está concretizando. Urubici já está em licitação. As duas intenções que devem estar vindo este ano (uma de Rancho Queimado, Anitápolis e São Bonifácio juntos e a outra da região de Rio do Sul) também são da Acolhida. Só agora, com um que contempla uma série de empreendimentos sendo alguns de turismo, é que vamos ter um projeto que não é Acolhida. COMUNIDADE Mata Verde Kátia Vandresen | Ronaldo Michels A Comunidade de Mata Verde sempre gostou do esporte. Principalmente do futebol. No inicio da década de 70, foi feito, por aqui, um campo, daqueles gramados e de tamanho “oficial”. Naquela época, o nosso time era o Cruzeiro. Modéstia à parte desse casal de torcedores, de tão bom que era, poderia até ser comparado ao Flamengo de hoje. Por muitos anos este time foi a atração e o motivo de encontro de todos na comunidade. O nosso Cruzeiro participou de muitos campeonatos e torneios. Mas, como em todo bom time de futebol, chega um momento em que os craques são transferidos. Não foram negociações internacionais e ninguém recebeu os 15% da transação. Os atletas foram jogar no time da praça. Logo surgiu um problema. Só tinha vaga para os melhores. Dos menos habilidosos, só o “dono da bola” tinha garantida a sua escalação. Assim, no final dos anos 70, os jogadores retornaram a nossa comunidade. Surgiu, então, o time do 4S. Foram muitas alegrias e conquistas. O título maior foi o do regional 4S de Tubarão, no ano de 1984. E muitos outros torneios da região tiveram o 4S como campeão. Nosso time era quase imbatível. Foi neste auge do futebol que o clube fez a mudança de sua sede para a comunidade hoje conhecida como o Rio dos Índios do 4S. O senhor Gregório Oenning, um apaixonado pelo esporte, disponibilizou um espaço e nele foi construída uma quadra de cimento. Depois de 1990, nossos jogadores retornam a Mata Verde. O saudoso Augustinho Vandresen deu a ideia e o estímulo e se construiu a primeira cancha de bocha em nossa comunidade. A construção foi possível porque a prefeitura municipal fez a doação do cimento e os moradores e associados locais doaram a madeira e “entraram” com a mão de obra. Estava suprida a falta de espaço para os encontros, reuniões e lazer. Surgia a sede da Mata Verde. Apesar de a construção ter sido em função da bocha, o principal esporte continuou sendo o futebol. Depois dos jogos, era na sede que rolavam os comes e bebes, acompanhados de muita conversa e muito riso. A bocha, contudo, não pode ser diminuída. Naquela cancha, surgiram grandes jogadores, que faziam e fazem até hoje belos duelos. Geralmente aos domingos. Na sede da associação também são realizadas celebrações religiosas, reuniões, festas de aniversários... E até casamentos já se fez ali, com a cancha transformada em um belo salão de dança. Já se passaram mais de vinte anos. Nesse período, nossa associação e nossa sede passaram por grandes mudanças. Recentemente, foi construído um novo e mais amplo espaço, melhorando em muito a infraestrutura para a realização de eventos. Voltando ao futebol; ou a volta do futebol Assim como aconteceu com todos os times que marcaram época, a grande fase do 4S não se manteve. E depois dela, o futebol ficou por um tempo meio que esquecido em nossa comunidade. Mas ressurge, por volta de 2002. Com o estímulo de algumas figurinhas que brilharam na época do 4S e que ainda não penduraram suas chuteiras, aparece uma nova geração de “boleiros”. Essa retomada não foi tão fácil. No início, só apareciam 5, 6 ou 7 jogadores para disputar uma “pelada”. O velho campo estava praticamente abandonado e o “aquecimento” era retirar os cocôs de vacas e bois que tinha pastado no “tapete verde”. Dairson Vandresen, então presidente da associação Mata Verde, teve uma boa ideia. Aos moldes do pai, Seu Agostinho, que sempre foi uma liderança na comunidade, organizou um campeonato de integração entre todos os moradores locais e alguns convidados. Jogavam homens, mulheres, crianças, idosos. Os jogos eram nas tardes dos domingos. Esse campeonato foi determinante para o ressurgimento do nosso time de futebol. Hoje vestimos a camisa da Mata Verde. Desde 2003, participamos dos campeonatos municipais e de torneios em nossa região. Nosso primeiro título foi o campeonato municipal de futebol de campo, em 2005. Outros títulos vieram. E outros, virão! Sejam nossos “seguidores” nessa coluna da nossa comunidade, aqui no Canal SRL. A partir desta edição, estaremos sempre aqui, trazendo informações, histórias, eventos e fatos ocorridos na nossa querida Mata Verde. Até o próximo mês. 20 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima LANÇAMENTO Um jornal feito por santarosalimenses, com os santarosalimenses e para os santarosalimenses. Os primeiros exemplares foram entregues para Paulinha e Jackson, filhos de Odair Baumann. O “Tio Oda serviu de inspiração à empreitada de produzir uma informação de qualidade sobre o município e a partir do município. Casa repleta para prestigiar a chegada do primeiro Jornal de Santa Rosa de Lima. Parte da equipe de colunistas confere o resultado do seu esforço. Da esquerda para a direita: Ana Maria (Esporte Total), Ana Beatriz (Rio odo Meio), Ana Gabriela (Patrimônio santarosalimense), Mariléia e Carol (Rio Santo Antônio), Karla (Rio Bravo Alto), Rosangela (Espaço d’Acolhida), Ana Paula (Rio Bravo), Edésio e Edson (M&M, de Maratcha e Mentira). Nosso meio ambiente por inteiro Movimento a favor do rio Braço do Norte Vive-se mais um dia do meio ambiente, mais uma semana do meio ambiente, mais um mês do meio ambiente. Nesse período curto, todos falam bem dele, todos dizem se preocupar com ele e que vão dele cuidar. Mas, depois... todos voltam a priorizar outros fatores e até o discurso se degrada. Por isso, julgamos que precisamos estabelecer anos do meio ambiente, décadas do meio ambiente e, até, século do meio ambiente. Com este ponto de partida, decidimos levantar alguns itens que indicam como está o meio ambiente na nossa Santa Rosa de Lima, a “Capital da agroecologia”. Nosso foco é a água e, pensando nele, fomos até o fim do perímetro urbano, no sentido sul. Ali, há uma das três PCH (pequenas centrais hidrelétricas) existentes no município. Também nesse caso, “três já é demais”. Por isso, lutamos para que mais nenhuma PCH seja construída no município. A razão desse posicionamento fica clara um pouco abaixo, seguindo o rio que marcou nossas vidas e nossa história: o Braço do Norte. Naquele ponto, imediações do “Sítio das jararacas”, na quinta feira santa, o mais caudaloso dos rios da bacia do rio Tubarão se resumia a um, como se diria por aqui, “córguinho”. Pusemo-nos um desafio: transpor a pé e sem molhar os tênis o mesmo rio que, antigamente, nossos avós precisavam de balsas para atravessá-lo. Não houve nenhuma dificuldade. E qualquer criança de quatro anos o faria sem problemas. Essa mudança tem consequências sérias. Há tempos, todo o pó de serra e as costaneiras eram jogados nos cursos d’água. E os rios conseguiam levar tudo “embora”. Depois, como não existia (e não existe!) estrutura de saneamento básico, os esgotos e rejeitos também ganharam esse destino. A vazão do Braço do Norte atenuava os efeitos dessa poluição. E agora? E daqui para frente? Precisamos urgentemente de ações. Para evitar qualquer nova PCH e para termos saneamento básico. Isso inclui um item que é da responsabilidade de todos e de cada um de nós: o tratamento adequado dos resíduos sólidos que geramos. Não podemos nos contentar em empurrar o problema “do lixo” para frente, pagando para que seja transportado e depositado em aterros sanitários de outros municípios. Precisamos separar, triar e reciclar os resíduos sólidos dentro de nossas casas e empreendimentos. Esse é o ponto de partida fundamental para que um ciclo virtuoso se estabeleça. Outro problema relacionado à água é o uso inadequado do solo em nossa “terrinha”. Especialmente com o plantio de “roças” de pinus e eucaliptos em áreas de nascentes, nas beiras de cursos d’água e em topos de morros. Entendemos que o reflorestamento é uma atividade econômica importante, mas julgamos que ele deva ser praticado adequadamente e sem agredir os recursos que são de todos. Para ganhar mais dinheiro o caminho não é destruir, mas criar valor agregado, produzindo diferenciadamente e beneficiando a madeira aqui mesmo. Há ainda o uso de agrotóxicos e o plantio de plantas transgênicas (sim, elas já andam por aqui), fatos que não podem ser negligenciado pelo Movimento a favor do rio Braço do Norte. Santa Rosa de Lima é uma terra de nascentes e de gente inteligente. Vams combinar essas duas coisas? Neste ano, nesta década, neste século do meio ambiente. PARA REFLEXÃO Carta de uma aluna santarosalimense à mãe Natureza Querida mãe natureza, obrigada por dar um ar para respirar, uma comida, água para tomar. Eu adoro e cuido muito da Natureza. Eu não jogo papel no chão. Eu separo o lixo. A mãe Natureza tem muito a dar, só que tem gente que não se importa com nada. Destrói, faz fogueira, joga lixo no meio da rua. Eu amo e sempre vou cuidar da natureza. Tem lugares que é puro lixo. Como nas cidades, não tem árvores, dá muita enchente, acontece desabamento. Porque as pessoas não cuidam! Se fizermos certo, o mundo será bem melhor! Eduarda Rodrigues, estudante do sexto ano. 22 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima COMUNIDADE Nova Fátima Deliana Feldhaus Nossa festa foi um sucesso A festa em honra a Nossa Senhora de Fátima, realizada nos dias 12 e 13 de maio, foi um sucesso. E só foi possível pelo carinho e apoio de cada um dos que participaram das festividades. A CAEP - Conselho de Assuntos Econômicos da Paróquia, representando toda a comunidade, agradece às pessoas que partilharam conosco esse momento de congregação. Financeiramente a festa também foi um êxito. A arrecadação líquida alcançou R$ 14.800,00. Esta coluna faz um agradecimento especial às pessoas da comunidade que contribuíram com essa festa maravilhosa. O domingo foi, para todas as 580 pessoas presentes, um dia muito agradável. Um encontro para amigos reverem amigos e parentes reencontrarem parentes. Depois de um delicioso almoço, a tarde foi animada pela dupla Gilberto e Adriano. Quem prestigiou a festa também pode perceber as melhorias no entorno e no interior do nosso salão. Tudo resultado de muita organização e de esforço e dedicação da comunidade. Tornar o ambiente agradável foi e sempre será o objetivo da coordenação. Para isso, um acordo foi realizado entre a Caep e a Eletrosul (empresa que instalou uma PCH aqui na Nova Fátima). Seguindo esse pacto, a Eletrosul doou parte do material e comunidade arcou com a mão de obra. Destaque-se que apenas algumas horas de trabalho de pedreiro foram pagas. A maioria dos moradores ajudou nas tarefas, principalmente como serventes, e botou a mão na massa. A Eletrosul ainda realizou reparos no muro e no aterro do cemitério, além de doar a tinta para a pintura do centro de pastoral (antigo salão velho). Promoção da SAÚDE Murilo Leandro Marcos É mais fácil parir do que pensar (Esse título não é meu. É um provérbio japonês.) O espaço deste mês é dedicado às mulheres: mulheres de ontem e de hoje; da cidade e do interior; bem velhinhas e as que nasceram há pouco; sobretudo às mulheres que se percebem e valorizam seus processos de amadurecimento e de autoconhecimento. Gostaria de tratar de dois deles, em especial, o de criar a vida e de dar à luz. A idéia central é sensibilizar nossa visão sobre a gestação e o parto. A possibilidade de dar origem a uma outra vida; de alimentar com seu sangue e seu oxigênio; de proporcionar amor no momento em que cérebro e coração se formam, ainda no interior da barriga: a geração da vida é realmente espetacular e profunda. É tal a explosão que, a partir de duas células, do óvulo e do espermatozóide, inicia um infinito de multiplicações e reviravoltas celulares que parece não acabar nunca. Surgem olhos, pulmões, rins, fígado, boca, braços e pernas. Vai surgindo a vida... Falar de parto nesse momento é debater com o próprio jornal em que escrevo que em sua matéria sobre o dia das mães tratou dos partos de ontem e hoje. A idéia de que agendar cesarianas é uma conquista da mulher moderna me parece equivocada e pode levar à realização de diversos procedimentos desnecessários e até prejudiciais para a mãe, para seu filho e para a vida futura dos dois. A cesariana é uma cirurgia que, quando necessária, salva muitas vidas. É bem indicada quando a cabeça do bebê é maior do que a passagem da mãe (desproporção céfalo-pélvica); sangramento no final da gestação; pressão alta materna não controlada; bebê transverso (atravessado) e quando há sofrimento fetal. A Organização Mundial da Saúde prevê que esse seja o caso de 15% dos partos. O Brasil tem quase 52% de cesarianas. Em SRL, no ano de 2010, 65% das mulheres tiveram seus filhos por meio de cesarianas – número bem maior do que o recomendado e aceitável. A indicação do parto cirúrgico sem a devida necessidade traz riscos para mães e bebês. Estudos demonstram que as cesarianas aumentam em mais de 300% a chance de morte do bebê durante o parto. A escolha desse tema coincidiu também com o primeiro capítulo da novela Amor à vida, que mostrou dois partos complicados, com a morte da mãe e do bebê. Mesmo sabendo que se trata de ficção e com cenas cheias de erros médicos e estereótipos, reforça a idéia de que parto normal é arriscado e pode matar. Em nosso país, gera-se muita culpa e alarde pelas sequelas decorrentes de um parto normal. Contudo, pouco se fala das complicações de cesáreas mal indicadas. Cria-se muito medo sobre o parto normal e ganha-se muito dinheiro (e tempo) com as cesarianas. Cada mulher tem o direito de decidir sobre a forma como deseja trazer sua criança ao mundo. Cada mulher tem também a possibilidade de refletir sobre o que significa parir e valorizar o nascimento como um processo natural de todos os seres vivos - incluindo nós, seres humanos. O parto normal é rico em benefícios para mãe e bebê: a recuperação de ambos é mais rápida e tem menor risco de infecções, hemorragia e trombose; o vínculo estabelecido facilita a amamentação e a relação mãe-filho; o bebê nasce na hora certa, pronto para vir ao mundo, com coração e pulmão preparados; existe fortalecimento do vínculo familiar e o amadurecimento da mulher e do pai. Além disso, como diz Dr Pedro Schmidt, médico e parteiro de Florianópolis, “o bebê que nasce de parto normal sente que chegou, passou pelo processo, é forte, é vivo!” O essencial às mulheres é buscar informação de qualidade, ter contato com boas experiências de parto normal e tomar decisões conscientes, junto do pai e compartilhadas com o profissional que acompanha a gestação. Ter outra ideia sobre o nascimento é ter uma nova ideia sobre a vida. Para quem navega na internet, aí vai uma dica de sites cheios de informação de qualidade: Parto do Princípio - http://www.partodoprincipio.com.br Parto pelo Mundo - http://www.partopelomundo.com Mamíferas - http://www.mamiferas.com E a chegada do Canal SRL por aqui? Conversando com pessoas da comunidade, constatamos que a chegada do Jornal de Santa Rosa de Lima foi considerada como muito interessante. A maioria disse que o Canal SRL trouxe muitas informações novas para todos os leitores, ao agregar notícias e informações do próprio município. Teve até assinantes de outros jornais que disseram ter cancelado suas assinaturas, pois agora têm aqui um jornal que traz ótima informação local, com textos bem detalhados e de fácil leitura. Matéria principal Neste mês, a propriedade Cantinho da Família, o maior atrativo turístico de nossa comunidade é assunto na reportagem especial sobre o Programa SC Rural. Achamos muito legais essas iniciativas com turismo dentro da agricultura familiar. E, pelo que sabemos, este programa também vai nos beneficiar como moradores, com a melhoria nas estradas e o embelezamento paisagístico da nossa comunidade. BOM PRA CABEÇA Anote Z E L A R aí ! Dia 13 de junho, às 19:30 horas Centro de convivência do idoso Lançamento do documentário em vídeo “Brasil Orgânico”. Documentário fala de alimentos, de pessoas, de saúde, de mercado, em uma viagem pelos biomas do país. Composição do Conselho Tutelar Diz a legislação que o Conselho Tutelar será sempre composto por cinco membros. Não pode ser nem quatro, nem seis. Tem que ser cinco! Sabe-se de vários municípios, na maioria de pequeno porte, que desrespeitam esta condição fundamental. Tem-se aí um pseudo Conselho Tutelar; um Conselho Tutelar falso. O município que age assim está burlando a lei nº 12.696/2012. Está desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente. Cabe dizer que Conselho Tutelar que funciona de forma irregular pode a qualquer momento ter nulo todos os seus atos e decisões, pois são ilegítimos frente à exigência legal de formação do órgão. Nesta formação está assegurado o princípio do Colegiado. Ele é a característica administrativa mais importante do órgão Conselho Tutelar. O colegiado é o fórum particular de discussão e decisão para os fatos atendidos no Conselho Tutelar e suas rotinas internas. Sem o Colegiado, o Conselho Tutelar perde o poder que lhe fora investido pela Legislação Federal. Dizendo de outra forma, sem o exercício do princípio do Colegiado o Conselho Tutelar é infundado e nada pode fazer. Isso porque é no Colegiado que toda decisão deve ser tomada. Assim, é inadmissível um Conselho Tutelar com número de integrantes diferente de cinco. Do mesmo modo como é inaceitável que o Conselho seja fragmentado e conselheiros trabalhem de forma individual. Não é tolerável que existam “proprietário de casos” dentro de um Conselho Tutelar. Todos devem tomar ciência dos casos e participar das decisões. Quer dizer, um conselheiro sozinho nada pode, assim como o Colegiado tem todos os meios de fazer acontecer. Claro está que, em situações excepcionais, o conselheiro tutelar se vê obrigado a tomar decisões individuais. Por exemplo, durante um plantão noturno. Logo que possível, porém, ele tem o dever de submeter os fatos e as decisões tomadas ao Colegiado, além de registrar todo atendimento em ata. Informações A formação continuada dos conselheiros tutelares também é estabelecida em lei e é um dever do município assegurá-la. No dia 21 de maio de 2013, os conselheiros tutelares de Santa Rosa de Lima participaram de uma atividade de formação com Luciano Betiate. O tema trabalhado foi “Conselho Tutelar de A a Z” e na palestra foi abordada a verdadeira atribuição desse órgão. O palestrante foi conselheiro tutelar por dois mandatos e hoje é escritor, conferencista e coordenador de seminários sobre direitos humanos e temas relacionados à infância e juventude. Autor de quatro livros, Betiate tem auxiliado na capacitação de Conselheiros Tutelares em todo país. 23 Brasil Orgânico, realizado pela produtora Contraponto, é o primeiro documentário sobre a produção de alimentos orgânicos no país. Dirigido por Kátia Klock e Lícia Brancher, já passou por Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Vitória. O lançamento em Santa Catarina será no dia 5 de maio, na Assembleia Legislativa, em Florianópolis. Na semana seguinte, chega à Capital da agroecologia, primeiro município do interior a conhecer o vídeo. Brasil Orgânico reúne iniciativas e histórias de pessoas que têm na produção de alimentos agroecológicos um meio e um modo de vida: do agricultor familiar ao grande produtor, do agrônomo ao nutricionista, do chef de cozinha ao empresário do mercado de alimentos. A equipe viajou durante um ano pelos biomas do Pantanal, Amazônia, Pampa, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Não poderia faltar um registro em Santa Rosa de Lima. “A agricultura familiar, predominante em Santa Catarina, é referência nacional pela prática da agroecologia e associativismo, e o documentário destaca uma dessas iniciativas, a Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco), e o turismo rural nas propriedades familiares e orgânicas, desenvolvido pela Acolhida na Colônia”, destaca Lícia Brancher, codiretora do documentário e agrônoma. Você leitor tem o seu espaço de expressão direta no nosso Canal SRL. Envie seu comentário com opiniões, manifestações, críticas, sugestões e tudo mais o que você quiser dizer para Santa Rosa de Lima. Por questões de espaço e clareza, o Canal SRL se reserva o direito de publicar apenas uma parcela dos comentários recebidos. Da mesma forma, poderá publicar trechos deles. Somente serão considerados remetentes que informarem o nome, endereço, telefone e profissão. Não serão aceitos comentários que atentem contra as leis brasileiras. Assim, serão rejeitados comentários que: • Sejam falsos ou não tenham fundamento; • Invadam a privacidade de terceiros ou tenham o objetivo de prejudicar alguém; • Promovam qualquer forma de fanatismo político ou religioso; • Favoreçam racismo contra grupos de minorias, discriminando pessoas ou etnias; • Promovam a discriminação ou ações que incitem a violência; • Explorem o medo e a superstição; • Tenham conotação publicitária, promocional ou de propaganda; • Desrespeitem valores ambientais. Envie comentários para o email: [email protected] ou por correio para: Editora o Ronco do Bugio. Estrada Geral das Águas Mornas. Santa Rosa de Lima - SC - CEP 88763-000 24 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima M&M Maratcha e Mentira Parabéns ao clube de mães em busca de novas amizades pelo belíssimo evento realizado no Balneário Paraíso das Águas. 24/05/2013. DIDIO FOTOGRAFIAS Belas de Santa Rosa participaram de uma aula de automaquiagem com as consultoras dos produtos Mary Care. O evento foi promovido pela Casa do Microcrédito. Dizem, e não foi o Mentira, que a mulherada saiu de lá “mais faceiras que mosca em tampa de xarope”. Edésio Willemann Edson Baumann O casal Lindolfo e Salete celebrou, no dia 19 de maio, 40 anos de vida conjugal. Padre Pedrinho consagrou as Bodas de Rubi na presença de seus filhos e netos do casal. Parabéns a família May e Souza. Arthur Otávio completou seu primeiro aninho sob os olhares carinhosos da mamãe Andréia e do papai Cristiano. A festa foi no sítio do vô Leonizi e da vó Nilma. Vovô Lindolfo e vovó Beta também estavam presentes. Felicidades Athurzinho! Felicidades a Marialva pelo aniversário comemorado no dia 27 de maio. Marcella Emma Defrein completou dez anos no dia 21 de maio. Seus amigos e colegas de turma foram passar a tarde e a noite em sua casa para uma festa do pijama. Teve churrasco, dança e filme. Marcella, parabéns pelo aniversário e pela criatividade da mamãe. Galera do Cantinho da Família investindo em capacitação para operar o Turismo de Aventura. A cachoeira May não podia ser melhor para uma prática de rapel. No dia primeiro de junho, mais de cem pessoas participaram de festa de 85 anos de Dona Maria. Na hora do discurso, um coro gritava “não chora vó Maria, não chora”. Depois do que ela disse pouca gente se aguentou e as lágrimas rolaram. Parabéns! E que estas festas se repitam por muito tempo. Lojistas de Anitápolis e Santa Rosa de Lima participam de convenção estadual em Blumenau. Centenas de fiéis acompanharam a procissão com o Santíssimo Sacramento conduzida pelo padre Marcelo. Felicidades Leoníria e Hercy Neto, que na manhã do dia 12 de maio, na igreja de Santa Rosa de Lima, celebraram seus votos matrimoniais. 26 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Santa Rosa deu Show no Futsal Feminino em Grão Para Esporte Total Ana Maria Vandresen Feldhaus conquistam Taça Antônio Willemann [Por um problema no fechamento desta seção de esportes da primeira edição, esta matéria acabou não sendo impressa. Dados os muitos “pedidos” e para fazer justiça aos campeões, ai está!]. As meninas de Santa Rosa de Lima/Balneário Paraíso das Águas fizeram um belíssimo jogo na final do campeonato em Grão Para, contra a forte equipe de São Ludgero/ Copobras. Depois de vencer a primeira partida, bastava o empate no tempo normal para a Copobras levantar o troféu. Mas o time do Paraíso das Águas estavam disposto a estragar a festa. Diante de adversárias “travadas”, Pigatto fez 1 x 0 para SRL. Em seguida, Arieli conseguiu empatar. Mas, ainda no primeiro tempo, Bianca tratou de recolocar Santa Rosa de Lima em vantagem. Na segunda etapa, a equipe do técnico Kathior continuou melhor em quadra e Pigatto, numa bela jogada individual, fez o terceiro gol. E a decisão foi para a prorrogação. Empate! As penalidades máximas é que decidiram o campeonato. Lia e Ana perderam as primeiras cobranças. Na quarta, Vera também desperdiçou. O título ficou com a Copobras. A conquista do segundo lugar foi acompanhada pelo troféu de artilharia para a atleta Ana. A equipe está de parabéns. Foi um belíssimo desempnho, que ilustra o potencial do futsal feminino em nosso município. As meninas agradecem a todos que foram a Grão Pará torcer pelo time; ao Sergio, pelo transporte; Seu Egidio, pelo Uniforme, e aos vereadores, que ajudaram com a inscrição. Time campeão, com grande atuação do goleiro Charles. A equipe dos Feldhaus foi a grande campeã do Interfamílias de 2013 – Taça Antônio Willemann, ao vencer os Hermesmeyer/Feldhaus, de virada, por 3 a 2. A decisão foi bastante movimentada e contou com dois tempos bem distintos. No primeiro, os Hermesmeyer/Feldhaus dominaram as ações e abriram o placar com Jailson, aos 5 minutos. Leandro empatou para os Feldhaus aos 9 minutos, mas já no lance seguinte Joelso colocou os Hermermayer/Feldhaus novamente à frente no marcador. No segundo tempo, veio a reação dos Feldhaus. Aos 33 minutos, Ivandro chutou ao gol e a bola desviou na marcação, enganando o goleiro Maurício. A partida estava novamente empatada. E a virada aconteceu aos 35 minutos. Samuel recebeu a bola de costas para a marcação, girou bonito e mandou para o fundo das redes, dando números finais ao jogo: 3 a 2. A atração da noite acabou sendo a disputa do terceiro lugar entre Defrein e Ferreira. É que foi uma partida de 27 gols e só definida na prorrogação. O placar do tempo normal foi 9 a 9. Em seguida, os Ferreira, que jogaram com um jogador a menos, não suportaram a pressão e viram os Defrein fechar 16 a 11 no tempo extra. Marcio, da equipe dos Willemann, recebeu o troféu de goleiro menos vazado. E Willian (Ganso), da equipe dos Ferreiras, com seus 17 gols marcados, o de de artilheiro. Máquina do tempo. Time de volei que representava Santa Rosa de Lima na região. De Pé: Lucas, Dairson, Nato, Paulo, Lucas, Loi, Volnei Agachado: Wanda, Quinha, Siuzete, Dulce. SRL no campeonato da ADESC Santa Rosa enfrentou São Ludgero, na terceira rodada do naipe masculino, no campeonato das categorias inferiores da Associação Desportiva Sul Catarinense (ADESC). Os resultados não foram bons, o que se deveu a importantes desfalques nas equipes. Na Categoria sub 11, São Ludgero venceu por 4 x 0, na sub 13, por 6 x 1, e no sub 15, por 5 x 0. Já as meninas entraram em quadra para disputar duas rodadas. Pela segunda, enfrentaram Braço do Norte. Na categoria sub 12, SRL ganhou de 4 x 2. Já no sub 14 e no sub16 não deu para as santarosalimense: derrotas por 9 x 2 e 8 x 2. Na terceira rodada, também não foi nada fácil enfrentar Rio Fortuna. Derrotas de 7 x 1 no sub 11, e de 6 x 0 no sub 16. Um empate sem gols foi conquistado no sub 14. 27 Futebol de Campo A Comissão Municipal de Esporte (CME) dá inicio a mais um competição. Desta vez, para os amantes do futebol de campo. O campeonato, que conta com cinco equipes, teve inicio no dia 26 de maio. Na primeira etapa, Nova Fátima, Mata Verde, Bela Vista, Guerreiros e Varginha, jogarão “todos contra todos”. Classificam os quatro melhores para a semifinal. Na primeira rodada, tivemos os resultados Nova Fátima 2 x 1 Mata Verde; e Guerreiros 2 x 2 Bela Vista, folgando Varginha. Uhhhh! Quase! Beguinha, do Nova Fátima, tira do goleiro Jean Marcel, do Guerreiros, mas a bola vai para fora. Depois, o goleiro Jean foi infeliz no tento marcado pelos adversários, mas sua equipe soube virar o jogo para aliviá-lo da culpa. Confira a sequência do Campeonato 3ª rodada, 9 de junho 14:30 - Mata Verde x Guerreiros 16:30 - Varginha x Nova Fátima Folga: Bela Vista 4ª rodada, 16 de junho 14:30 - Bela Vista x Nova Fátima 16:30 - Mata Verde x Varginha Folga: Guerreiros 5ª rodada, 26 de junho 14:30 - Guerreiros x Varginha 16:30 - Bela Vista x Mata Verde Folga: Nova Fátima Semifinais, 7 de julho 14:30 - 1º colocado x 4º colocado 16:30 - 2º colocado x 3º colocado Moleque bom de bola Na fase microrregional da competição de futebol “Moleque bom de bola”, disputada em Grão Para, Santa Rosa de Lima foi muito bem representada. As meninas levantaram a taça do primeiro lugar e passaram para a fase regional. No primeiro jogo, nossas repre- Finais 13 de julho (sábado) 14:30 - Disputa do 3º lugar 16:30 - Final Etapa microrregional dos Jogos Escolares de Santa Catarina – JESC Na etapa microrregional dos JESC de 15 a 17 anos, disputada em Braço do Norte, a escola de E.E.B. Professor Aldo Câmara foi muito bem no tênis de mesa. O atleta Maicon Gonçalves conquistou o primeiro lugar e Jean Kulkamp, o segundo. Com isso, estão classificados para a fase regional, a ser realizada em Tubarão. Boa sorte para os meninos! sentantes já mostraram porque estavam lá. Venceram Armazém por 7 x 0. Na segunda partida, ficaram num empate com a vizinha Rio Fortuna. Na terceira rodada voltaram a ganhar com folga e aplicaram um 4 x 1 em Braço do Norte. Os meninos também foram guerreiros, mas os resultados não foram tão bons. Na estreia, perderam para Rio Fortuna, por 3 x 1. Por isso, para seguir na competição, precisavam arrancar pelo menos um empate no segundo jogo. O que conseguiram com muita garra. Em seguida, uma pedreira, o time da casa e favorito: Grão Pará. Não resistiram à pressão e o jogo terminou 2 x 1 para os grão-paraenses. Na disputa de pênaltis para definir o terceiro colocado também não conseguiram sucesso e tiveram que voltar para casa com o quarto lugar. Outros jogos virão! Da esquerda para a direita: Professor Leonir com os atletas Maicon, primeiro colocado, e Jean, vice. Atletas da equipe de tênis de mesa. Já no futsal, os resultados não foram positivos e a equipe de SRL não conseguiu a classificação. Esporte é isso e ensina a persistir. Quem sabe dá na próxima... Mas é preciso treinar. 28 ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima Baixa tensão X alta tensão Continua a polêmica sobre a passagem ou não da rede da PCH GERACOOP pelo centro da cidade. Ouvindo o que dizem os moradores, conclui-se que nenhuma pessoa quer a rede passando por ali. Não há, contudo, alguém que se mexa. Até agora, ninguém “comprou essa briga” e nem houve qualquer movimento para evitar que isto aconteça. Só se vê gente perguntando: será que vai passar mesmo? Quem tem “poder” se omite. Está na hora da sociedade se posicionar. Depois, será tarde demais. O ovo ou a galinha?... Dois eventos recentes chamaram a atenção para uma mesma coisa. O primeiro, a Conferência das Cidades, com toda a sua importância, teve menos de vinte participantes, incluindo os que vieram de fora. A maioria era da administração municipal e parecia ter sido “pegada a laço”. Da Câmara municipal, apenas três vereadores, todos da oposição. O segundo, foi uma audiência pública que, na verdade, virou um não evento. Como destacou há quatro meses o site da prefeitura, “a prestação de contas de cada quadrimestre do ano é uma exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que determina o controle rigoroso das receitas e despesas da prefeitura, não permitindo que o município gaste mais recursos do que pode arrecadar”. Desta forma, deve haver o controle da sociedade. Mas uma audiência que deveria ser pública e é exigência da LRF não teve público. Presentes apenas a prefeita, o secretário de finanças, o contador e o responsável pelo controle interno da prefeitura. Para ouvir a explanação deles sobre gastos financeiros, arrecadação tributária, endividamento, custos de serviços na área da saúde, na educação e de pessoal apenas a vereadora Edna Bonetti. Mais nenhum vereador ou cidadão. Uma questão se impõe: o que vem primeiro? O ovo: (a população não está interessada)? Ou a galinha (quem faz o convite, o faz de um jeito que a população não se interesse)? Cá entre nós, um papel colado no mural da prefeitura não despertará o interesse de ninguém. O que explica essa situação? Poder público contra a informação completa do público? Tem gente que não gosta de nada que não esteja sob as suas botas e, especialmente, que parta da sociedade. E pode ser que venham a mostrar isso mais uma vez. Como aqui tudo se sabe, soube-se que estão avançadas as negociações para que um grupo de empresários da comunicação de Florianópolis assuma a edição de um jornal “chapa-branca” em SRL. Naturalmente, se confirmada, essa publicação com cara de “diário oficial” do executivo e da presidência do legislativo deverá ser substancialmente financiada pela prefeitura e pela Câmara. Ou seja, pelo dinheiro dos nossos impostos. Para isso, parece que a responsabilidade fiscal não será um problema. Como diria o Barão de Itararé, a vida pública para eles é uma extensão da privada. Falando em responsabilidades... Em entrevista a redes nacionais de televisão, o ministro da Educação Aluízio Mercadante declarou que o Governo Federal está disposto a repassar aos municípios recursos para complementar o piso nacional dos professores da educação básica pública. Para isso, basta que as administrações municipais sejam transparentes, abram suas contas e provem que não dispõe dos recursos necessários. Dada a argumentação da prefeitura, tudo está pronto para a demanda de Santa Rosa de Lima ao Ministério da educação. Ou não? Então, por que? Comissão ou Omissão? Recomenda-se ao leitor: depois de ler a matéria sobre o meio ambiente na página 25 deste Canal SRL, consulte o regimento interno da Câmara de vereadores de Santa Rosa de Lima. Afinal, você sabia que o regimento prevê uma comissão de meio ambiente e outra de recursos hídricos? Diz o artigo 77 daquela norma de funcionamento que tal comissão deve “promover ações e políticas de defesa e preservação dos cursos d’água que se localizam dentro dos limites do município”, assim como “fiscalizar a instalação de hidrelétricas no município, conforme determina a Lei Orgânica Municipal”. Na semana do meio ambiente, reflita sobre o que explica a completa omissão e a ausência de ação do nosso poder legislativo. Atenção rio abaixo, que os do andar de cima podem estar “armando” Como e sabido pelos santarosalimenses, graças a uma série de ações jurídicas da ONG Montanha Viva, desde 2009 está barrada a instalação de uma grande fosfateira em Anitápolis, cabeceira do rio Braço do Norte. Recentemente, houve uma decisão no mínimo estranha de um juiz federal. Ele retirou as empresas proprietárias da fosfateria da condição de rés no processo. Esse deve ser considerado um alerta para que a sociedade se remobilize. Afinal, tem muito interesse em jogo.