SC Rural em SRL

Transcrição

SC Rural em SRL
ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
•
Distribuição gratuita. Venda Proibida.
Raio X do
SC Rural
em SRL
Acompanhe o Esporte
Total com Ana Maria
Pág.
26
Programa injeta 2 milhões em melhoria de empreendimentos de agroturismo e nos seus acessos.
Angela Feldhaus indica a área de expansão do restaurante
do Cantinho.
Pág.
2, 3 e 5
Patrimônio SRL
(re)descobre
o Rio Bravo
Um acervo de construções e equipamentos que marcaram uma época pode ser perdido.
Última serraria pica-pau
em funcionamento
Pág.
A partir dessa edição
Criança SRL
Conheça com seu filho, neto ou bisneto o encarte
Criança SRL e o estimule à leitura e às artes.
Caderno Central
12, 13 e 15
Para o dia do meio ambiente Movimento a favor
do Rio Braço do Norte
relata a situação da água
em SRL
Pág.
21
Piso
do Magistério
Depois de diversas
discussões, professores e executivo não
chegam a um
acordo.
Pág.
18
2
ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
Editorial
Inicialmente, deve-se considerar que o Canal SRL
teve uma acolhida muito positiva pelos santarosalimenses. Permaneceu quase todo o mês em pontos importantes da casa (uma mesa na cozinha, um canto da sala, um
braço de sofá...) e foi sendo lido, lenta mas totalmente,
por todos os membros da família. Ou, pelo menos, quase
totalmente e por quase todos. O que já é muito! Seu
conteúdo foi assunto de muitas conversas. Sua chegada
foi muito discutida. Como em quase tudo no município,
com forte polarização. E, mais uma vez, a principal divisão das opiniões era consequência não do jornal em si,
mas das preferências políticas partidárias e das facções
formadas em torno de pessoas. É isso o que se chama
de preconceito: “opinião ou conceito formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos
fatos” (Dicionário Aurélio).
Na avaliação objetiva que se fez da primeira edição,
com um grupo de leitores, surgiu a consideração de que
a “posição político partidária” do jornal ainda não tinha
ficado clara. Especialmente, porque muito tinha se falado
dela, “na praça”.
Ora, como procuramos deixar claro na apresentação
e no primeiro editorial, esse não é um jornal partidário,
como se fazia no século passado. Usando as palavras do
grande jornalista Mino Carta, podemos dizer que este é
um jornal “simplesmente, autenticamente, desabridamente republicano”. República no sentido de res publica,
ou “coisa pública”.
Esse jornal quer apenas informar o leitor bem e de
forma completa. Para que ele se veja como cidadão. E
para que como cidadão, não caia mais nos engodos daqueles que se mostram como doadores de graças ou benefícios para homens e mulheres que enxergam como
clientes e devedores de favores. Tudo isso, muito claramente, sempre usando o dinheiro “de todos”, coletados
através de impostos.
Para ser bem mais claro, esse não é um jornal nem
de “carneiros”, nem de “pés-peludos”; essa miserável divisão dos santarosalimenses em dois lados. Esse também
não é um jornal de uma ou de outra “sopa de letras”, que
são os partidos que têm alguma representação em SRL.
Os responsáveis dessa publicação não têm ilusões
quanto aos seus poderes como jornalistas nem quanto
aos poderes desse jornal. Não surpreende o combate que
será sustentado pelos atuais governantes do município
contra essa publicação. Grupos que estão no poder já lutam, em regra geral, contra a informação e a transparência. Isso se intensifica quando membros ou “chefes” desses grupos têm uma postura autoritária e personalista.
Nossa preocupação não é, entretanto, com o curto
prazo, nem com esses chefetes fatal e felizmente temporários. Nossa preocupação é com o longo prazo e com a
formação das novas gerações.
No plano político, os responsáveis pelo Canal SRL
priorizam tão somente a continuidade da ação de enfrentamento com o problema mais gritante e mais daninho
do Brasil: “a desigualdade social monstruosa” (de novo,
Mino Carta). Por isso, como manda o jornalismo de verdade, autêntico, assumimos claramente que defendemos a
continuidade das ações iniciadas pelo governo Luiz Inácio
Lula da Silva e prosseguidas pelo de Dilma Roussef. Aqui
em Santa Catarina, trabalham nesta perspectiva parcelas
importantes de partidos da base política do atual Governo
Federal (PT, PSD, PP e PMDB). Somente, PSDB e PPS,
isolados, embarcaram na marola de forçar um segundo
turno na eleição presidencial de 2014, pretendendo trazer de volta políticas neoliberais e conservadoras.
Na visão deste jornal, a prioridade está em evitar um
passo atrás na difícil e complexa construção de uma democracia efetiva no país. Democracia que precisa estar
baseada na maior igualdade socioeconômica, mas fundamentalmente ancorada na construção da cidadania
política.
Mais do que em nós e em nossa capacidade de produzir conteúdo, acreditamos nos nossos leitores e na sua
capacidade de “ler” criticamente o que produzimos e, sobretudo, o município em que vivem.
SC Rural na SRL Rural
SC Rural e Santa Rosa de Lima, três
anos na estrada.
As ações efetivas do SC Rural começaram em 2011.
O programa do governo do estado com apoio do Banco Mundial (ver box nesta na página 5) prioriza agricultores familiares organizados em grupos. Atividades
sustentáveis têm prevalência. Wilmar Kleinschmidt,
então técnico local da Epagri, soube ver nessa política pública mais uma oportunidade para Santa Rosa
de Lima. Pensou que por saberem onde queriam chegar os agricultores orgânicos ou os participantes do
agroturismo tinham chances de conseguir o apoio do
SC Rural. E que com esse suporte outros produtores
poderiam entrar nessas atividades. Procurou, por isso,
a Secretaria municipal de agricultura, meio ambiente
e turismo, o Departamento municipal de turismo e a
Associação de agroturismo Acolhida na Colônia.
As discussões foram positivas e produtivas e, já
em junho de 2011, três grupos de agricultores apresentaram manifestações para constituir projetos:
“Fortalecimento do agroturismo”; “Produção orgânica
de hortaliças” e “Produção de leite orgânico”. Os dois
primeiros foram aprovados.
Naquela primeira etapa, de todos os municípios da
regional Sul da Epagri, apenas Santa Rosa de Lima foi
contemplada. Em novembro de 2011, uma missão do
Banco Mundial veio ao município verificar o que aqui
se fazia e o que estava sendo proposto. Os avaliadores
internacionais saíram daqui muito bem impressionados com o que viram e com o potencial do que foi proposto. Seis meses depois, parte dos recursos começou
a ser liberada.
A proposta de fortalecimento do projeto de agroturismo no município foi apresentada pela Acolhida na
Colônia. Trata-se de uma injeção de R$ 287 mil em
quatorze propriedades que acreditaram nessa atividade de renda e de valorização da agricultura familiar e
do município. Somados à contrapartida dos agricultores os recursos aplicados ultrapassam os R$ 600 mil e
estão sendo usados para ampliação, melhorias e construção de novos empreendimentos. Com isso, a Acolhida conseguirá dobrar sua oferta em hospedagem
em Santa Rosa de Lima. Serão cerca de cem leitos
disponíveis aos turistas. O programa também promove a capacitação em diversas áreas e permitirá uma
melhoria significativa na sinalização das pousadas e
das comunidades.
E não são apenas os beneficiários diretos que ganham com o projeto proposto pela Acolhida. O montante maior de recursos é destinado ao melhoramento
de trechos de estradas do interior de Santa Rosa de
Lima. Aproximadamente R$ 1.300.000,00 serão investidos, assegurando condições de tráfego e acesso constante, independente de intempéries. Em oito
trechos, que somados dão quase quinze quilômetros,
serão realizados aperfeiçoamento na drenagem, correção de pontos críticos, medidas de proteção ambiental, jardinagem e paisagismo e pavimentação com
peças pré-moldadas de concreto (pavers) no acesso
de empreendimentos que fizeram parte do projeto.
Além de favorecer o desenvolvimento do agroturismo
a seleção dos trechos também considerou a existência
Trechos
1
Extensão Localização
(km)
2, 945 Ponte do Rio do Meio até a
Ponte do Quedas
3
2, 770 Morro dos Roecker
4
0,306 Águas Mornas
5
1,121 Nova Fátima e Mata Verde
6
1,511 Santa Catarina.
7
2,603 Rio Santo Antônio
8
Direto da Capital
A reportagem do Canal SRL ouviu, por quase uma hora, o responsável pela interlocução do
Programa SC Rural com a Secretaria estadual de
turismo, cultura e esporte (SOL) para trabalhar os
financiamentos de atividades de turismo rural na
agricultura familiar em Santa Catarina.
Vicente Sandrini Pereira é da equipe da gerência técnica da Secretaria executiva estadual do SC
Rural e foi o profissional que teve o envolvimento mais efetivo com os projetos apresentados por
Santa Rosa de Lima àquele programa.
Seu depoimento ajuda a recordar a fase inicial
desse processo, ocorrida em 2011; explica porque
foram necessários mais de dois anos até a liberação de recursos; mostra como as melhorias nas
estradas são diretamente articuladas aos projetos
financiados pelo programa; e trata do valor da
“consistência” da organização dos agricultores.
Para Vicente Pereira, o projeto de Santa Rosa
de Lima, junto com o de Urubici (os dois da Acolhida na Colônia) vão ser referência para o estado.
“No Oeste, por exemplo, se surgir alguma possibilidade, a primeira coisa que nós vamos sugerir
é uma visita a Santa Rosa de Lima, a Urubici, que
conversem e vejam como as coisas estão evoluindo”, prevê o técnico do SC Rural.
A seguir, transcrevemos os principais trechos
desta entrevista gravada.
“Tem prefeitos que dizem: ‘eu também
quero estradas’. Não é querer estradas,
ela vai se tiver projeto e se houver necessidade de melhorar o acesso das propriedades que dele participam.”
Vicente Sandrini Pereira
3,583 Rio dos Índios
2
Total
de propriedades inseridas no projeto de horticultura e
que contam com jovens.
Nessas obras, cabe a Secretaria Estadual de Infraestrutura elaborar o projeto, obter as licenças ambientais, selecionar e contratar a empresa (licitação),
dispor dos recursos e efetuar os pagamentos, assim
como disponibilizar engenheiros para acompanhar e
fiscalizar os serviços.
Ao município compete conseguir a autorização dos
proprietários para que as obras possam ser realizadas
em sua faixa de domínio; fornecer mudas de capim
vetiver, gramas, palmitos e outras plantas; manter e
irrigar as mudas plantadas; participar de capacitação
da equipe operacional sobre melhoramento de estradas; auxiliar no acompanhamento e fiscalização dos
serviços .Cabe à prefeitura, também, executar a manutenção de rotina nos trechos.
Por fim, aos associados da Acolhida beneficiados
pelo projeto cabe o ajardinamento e o embelezamento dos acessos, o acompanhamento dos serviços e
aproveitar as capacitações previstas.
0,018 Águas Mornas
14,857
Fonte: Secretaria de Estado de Infraestrutura de Santa Catarina
Sobre o período inicial, em 2011
A visita do Banco Mundial a SRL
Nós fizemos a visita a Santa Rosa de Lima com
a equipe do Banco Mundial. Na época, o projeto
ainda não tinha sido aprovado. A visão do Banco
foi positiva. Chamou a atenção deles as dificuldades em relação à localização de Santa Rosa e às
condições das estradas de acesso, especialmente
indo por Anitápolis. Mas chamou atenção principal-
3
mente o investimento, de dez, quinze anos e até mais, que
as famílias e o poder público do município vinham fazendo
para chegar à boa situação do turismo.
Quando a Secretaria de Turismo (SOL) e o SC Rural consideraram os destinos referência – e um dos mais estruturados era Santa Rosa de Lima, foi resgatado todo esse
trabalho.
Mas, mesmo sendo o primeiro, o processo avançou. Fizemos uma visita de campo. Foram feitas adaptações. A
descrição de tudo, para poder fazer as especificações para
o processo licitatório, demorou. Para isso, a Acolhida precisou contratar um arquiteta. Houve, ainda, a mudança do
extensionista local da Epagri. Saiu o Wilmar [Kleinschmidt], que foi outro ator muito importante, e entrou o Lúcio
[Schmidt]. Depois aconteceu todo o processo licitatório, que
precisa seguir a Lei 8.666, o que gera dificuldades. Tudo
isso, fez com que esses trâmites demorassem dois anos e a
liberação das compras ocorresse apenas no final de 2012. E
só agora que eles estão efetivamente aplicando.
O componente infraestrutura e a melhoria
em estradas
As estradas representam o apoio da Secretaria de infraestrutura definiu e que está sempre ligado aos projetos do
SC Rural. Tem prefeitos que dizem: “eu também quero estradas”. Não é querer estradas, ela vai se tiver projeto e se
houver necessidade de melhorar o acesso das propriedades
que dele participam. É assim que está definido e é assim
que tem que ser executado.
Visita do Banco Mundial - Novembro 2011.
O apoio no município na elaboração do projeto
Com relação ao município, naquele período, a gente notava a colaboração. O prefeito Celso [Heidemann] colocou
o Sebastião [Vanderlinde], então secretário de agricultura e
turismo, a trabalhar diretamente na elaboração do projeto.
Outras pessoas da prefeitura colaboravam no dia a dia. Foi
um apoio muito grande. Outro fator foram as participações
em reuniões. Fizemos reuniões com o pessoal à noite, lá
nas Águas, e o prefeito sempre estava junto. Então, a gente
notava que realmente tinha esse interesse. Havia um entendimento maior, como um município que trabalhou dez,
quinze anos num sentido muito positivo em termos ecológicos. O turismo sendo visto como uma atividade importante
e coerente com a situação ecológica do lugar.
“O projeto está feito. Vai se atender aquele projeto e ele vai ser executado daquela
maneira. Ou, não vai ser executado.”
O porquê dos catorze quilometros
Como em Santa Rosa de Lima são dois projetos – o de
agroturismo e o de hortaliças – nós do SC Rural conversamos e resolvemos fazer um pacote. Como são em torno de
sete quilômetros por projeto e como estamos atendendo
dois, Santa Rosa de Lima terá melhoria de aproximadamente catorze quilômetros.
A demora na operacionalização
Houve um problema com o orçamento. Os valores inicialmente orçados ficaram aquém do valor de mercado. Por
exemplo, para tirar material para a estrada precisa estar
tudo legal, com licença da Fatma, tudo direitinho. E isso fez
com que se gaste mais com transporte, porque tem que
buscar em Rio Fortuna. Isso gera custos a mais e fez com
que o projeto da Secretaria de infraestrutura demorasse
mais a ser colocado em prática. Ainda mais considerando
a carência de pessoal técnico naquele órgão. Depois, ficou
definido que seria feito convênio com o município. E agora,
está para ser lançada a licitação. Só se atende aos trechos
definidos nos projetos.
O município pode ganhar com a capacitação dos operadores tanto na construção quanto na manutenção de estradas. E isso pode ser aproveitado em outras estradas no
município.
Vicente Sandrini Pereira
As dificuldades para avançar no processo
e o longo tempo até a execução do projeto
Chegar ao projeto
A manifestação de interesse surgiu em 2011. Havia, é
claro, uma série de dificuldades para a elaboração do projeto. A Acolhida não contava com um arquiteto para descrever os detalhes das obras, necessários às licitações, e
tinha dificuldades financeiras para contratar um. E a Epagri
não tem tradição em trabalhar com isso nem profissionais
(engenheiros civis e arquitetos) que lidem com isso. Esse
foi um dos principais fatores a explicar que o projeto em
si demorou a ficar pronto. E deve ser ressaltado que houve um esforço da Acolhida, uma ajuda grande da Amurel,
colocando à disposição um engenheiro, e a mobilização da
Secretaria Municipal de Agricultura. Na verdade, o município
e a Acolhida enfrentaram as dificuldades de um primeiro
projeto. Nós do SC Rural também não tínhamos uma noção
clara de como as coisas iriam acontecer ou referências de
custos da construção de uma pousada.
Diretor: Sebastião Vanderlinde
Diretora: Mariza Vandresen
Estrada Geral Águas Mornas, s/n.
CEP 88763-000
Santa Rosa de Lima - SC.
Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497
E-mail: [email protected]
COMUNIDADE
Rio Santo Antônio
Marileia Torquato | Carol Rodrigues
Nosso rio, nosso Santo, nossa festa e nossa atuação
Amigos leitores e amigas leitoras, nesta edição, escrevemos um pouco mais sobre o nosso Rio Santo Antônio,
que fica a dezesseis quilômetros da “praça”. A fundação
da comunidade é datada de 1958. Mas bem antes disso,
estas terras já eram habitadas. Em 1960, uma imagem do
santo casamenteiro foi doada à comunidade por Gregório
Brighente. Por isso, no dia 13 de junho tradicionalmente
realizamos a festa do nosso padroeiro. Quer dizer, realizávamos.
Infelizmente, este ano, pela primeira vez, nossa comemoração não acontecerá. A falta de estrutura é a principal
justificativa apresentada pelos membros do Caep. E isso
nos faz pensar.
Acreditamos que o Rio Santo Antônio é a única comunidade do município que não possui cancha de bocha e nem
campo de futebol. Infraestruturas de lazer importantes e
que são grandes chamarizes das festas de interior.
E serve para mostrar como nossos jovens têm poucas
opções de cultura e lazer. Assim, para se divertir nos finais
de semana, eles precisam se deslocar para comunidades
vizinhas. E como todos sabem, quase sempre fazem isso de
moto. Eles vão se distrair e os pais ficam em casa cheios de
preocupação. Aliás, não sabemos se existe uma estatística
do número de acidentes com motociclistas jovens em Santa
Rosa de Lima. Mas todos têm alguém próximo que foi vítima de um acontecimento infeliz desse tipo.
A pergunta é: quando essa situação vai mudar? O que
vai ser feito para termos infraestrutura? Ou, por não dispor
dela, no ano que vem apenas não teremos festa de novo?
Quem sabe, uma oportunidade de lazer saudável...
Alguns amigos se reuniram “no Santo Antônio”, no dia
26 de maio, para um torneio de laço. Muita gente da comunidade participou.
Esta atividade representa a realização de um sonho de
Jeferson Steffens. Tudo começou com uma brincadeira com
o irmão dele. E esse jovem começou a trabalhar para realizar um encontro de cavaleiros, todos com seus animais. O
evento aconteceu e foi muito legal.
A comunidade, os amigos e os familiares deram, dão e
darão o maior apoio a este jovem honesto e muito batalhador. E nossa coluna o parabeniza pela iniciativa, por ter se
mexido, por “correr atrás”.
Quem sabe a paixão pelos cavalos não desperte uma
ótima e saudável opção e lazer por aqui.
Vicente Sandrini Pereira, da Secretaria Executiva do SC Rural.
Situação atual
Em relação às estradas, houve um questionamento de
que vai se atender esse ou aquele. Sempre foi colocado
que o projeto está feito. Que vai se atender aquele projeto
e ele vai ser executado daquela maneira. Ou, não vai ser
executado.
Fundado em 10 de maio de 2013,
dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima
Jornalista Responsável: Mariza Vandresen
Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e
Planejamento): Sebastião Vanderlinde
Revisores e editores (voluntários): Eliete May da Rosa, Suely Defrein
e Wilson (Feijão) Schmidt.
Frio e bonito
Por aqui, o frio começa a chegar. Geadas já castigam
plantações e “congelam” moradores e visitantes. Ao mesmo
tempo, as baixas temperaturas transformam a paisagem,
gerando uma beleza apreciada por todos. Aproveite, a chegada do inverno para nos apresentar sugestões e críticas.
Elas serão sempre bem vindas. Até a próxima edição.
O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do
bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os
responsáveis pela Editora que constam deste expediente.
Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini
Distribuição: Editora O ronco do bugio
Tiragem desta edição: 1000 exemplares
Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio).
Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do
Executivo e Legislativo estadual e federal.
5
DEPOIMENTO
Wilmar Kleinschmidt
Operacionalizar o SC Rural foi um grande desafio. Naquela época, eu fiquei sozinho no escritório municipal da Epagri. Tínhamos duas semanas para encaminhar as manifestações de interesse de três projetos. Foi uma correria. Para nossa surpresa, as propostas foram aprovadas.
Tive muita ajuda do Sebastião Vanderlinde, que era o Secretário Municipal de Agricultura, e
do Marlon Dutra, que fazia estágio na Epagri. Foram noites sem dormir. Trabalhamos feriados e
finais de semana. Até minhas filhas me ajudaram. Depois da aprovação dos projetos também
tive como grande braço direito o técnico da Epagri de Imbituba, Adilson Dal Ponte.
Hoje, sabendo dos resultados, fico muito satisfeito. Nada melhor do que ver que o nosso
esforço de extensão rural contribuiu para a melhoria de vida de produtores e habitantes do
meio rural.
O programa SC Rural é justamente isso: melhorar a competitividade, estruturando as propriedades, dando condições de vida mais dignas a agricultores.
Assim que tudo que está previsto no projeto for realizado, quero voltar a Santa Rosa de
Lima para conhecer os resultados do nosso empenho naquele período.
“A Acolhida cresceu, rendeu e renderá muito frutos. Hoje somos referência para o mundo. Estamos nos
ares, na TV Tam. Somos tema para a Globo. A gente vê aqui mesmo, no morro. Antes, era só eu. Agora,
com o Programa SC Rural, meus dois irmãos se associaram a Acolhida. Como todo agricultor sabe, viver
só da roça não é fácil e o agroturismo vem como uma complementação da renda.”
A Pousada da Vitória
Na pousada “da Dida”, os investimentos
do programa SC Rural somam trinta mil reais
e foram aplicados na construção de um refeitório. Antes disso os turistas eram servidos na
cozinha de uma das casas. “Era ruim. Tirava
a privacidade dos hóspedes daquela casa e eu
podia atender pouco mais de dez pessoas. Agora, com a construção, tenho condições de servir
até trinta refeições”, diz com satisfação Leonilda Boeing Baumann, a Dida.
Em 1998, quando das primeiras conversas
para se trabalhar o agroturismo, ela não esperava que fosse chegar aonde chegou. “De lá pra
cá foram muitas lutas, desafios e conquistas. A
irreparável morte do Odair pelo câncer foi uma
das maiores provações para nós. As coisas foram muito difíceis. Mas a vida seguiu em frente”, rememora emocionada Leonilda.
Leonilda Boeing Baumann (Dida)
Todas as fichas no turismo
No Cantinho da Família, empreendimento de turismo associado à Acolhida na Colônia, Ney, a esposa Ângela e o filho Patrick
se mostram muito satisfeitos com a atividade. E veem a chegada do SC Rural como uma possibilidade de incrementar os investimentos feitos. Os recursos, somados à contrapartida, são de 40 mil e serão aplicados em uma ampliação. “Nosso restaurante tem
agora uma área de 61 metros quadrados e passará a ter de 170. Hoje, temos condições de servir cerca de 50 pessoas. Com essa
construção, poderemos atender mais de 200”, afirma Ney. A nova área do restaurante, que ainda está só na estrutura de cimento,
terá vista para o lago e já tem muitas conversas sobre futuros eventos no local. “Se depender das pessoas que vêm aqui e olham
a construção, já temos reserva para um ano”, brinca Ângela, mostrando onde será a parede envidraçada. A equipe de cozinha
precisará ser ampliada. Apesar da filha Paloma e do genro Douglas, que moram e trabalham em Braço do Norte, virem ajudar nos
finais de semana, nos eventos maiores o time precisará de reforço.
Patrick, o filho mais novo de treze anos, diz que quer ficar por aqui. O sonho dele, segundo a mãe, é trabalhar com turismo
de aventura. Uma tirolesa de 180 metros de descida já está sendo
implementada na propriedade e será construída com todos os padrões de segurança. A família está fazendo capacitação para operar essa atividade. Já foram realizadas 16 horas com um instrutor
de turismo de aventura. Sobre as aulas teóricas e uma prática de
rapel na Cachoeira May, o tímido Patrick se solta: “É muito massa!
O instrutor disse que eu fiz a descida mais rápida.” E Ney prevê
com ar de satisfação: “Quando a gente fizer um site, colocar na
internet a tirolesa e o rapel que também queremos operar, isso vai
dar muita procura”.
Para completar a satisfação dos turistas, o projeto de infraestrutura fará melhorias em 1.121 metros entre a Ponte de Nova Fátima até o Cantinho da Família. Com benefícios para os moradores
da Mata Verde.
Santa Catarina Rural – Cooperação na busca de resultados melhores e contínuos
O SC Rural é uma iniciativa do Governo do Estado de Santa Catarina, com financiamento do Banco Mundial (BIRD). Conhecido também por Microbacias 3, o programa foi assinado em 2010 e tem previsão para terminar em 2016. É visto como a política
pública estadual mais importante para o desenvolvimento do meio rural de Santa Catarina. O seu principal objetivo é aumentar a
competitividade das organizações dos agricultores familiares.
Os investimentos previstos são de 189 milhões de dólares (ou quase 400 milhões de Reais), dos quais praticamente metade
será financiada pelo BIRD e metade virá de recursos orçamentários do estado.
O SC Rural pretende beneficiar 90.000 agricultores familiares e 1.920 famílias indígenas, organizados em associações, cooperativas e redes de cooperação ou alianças. Em torno de vinte mil desse total receberão apoio financeiro direto através do Fundo
de investimentos sustentáveis. Esse dinheiro deve ser aplicado para melhorar os sistemas produtivos, implantar ou aperfeiçoar
empreendimentos de agregação de valor, bem como para a estruturação e formação de redes e alianças para a competitividade
rural. Para os jovens rurais haverá uma ação específica do SC Rural.
A responsabilidade direta pela coordenação do programa é da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Segundo a coordenação do SC Rural, na base de todo o trabalho estão os grupos de agricultores familiares e suas organizações,
responsáveis pela mobilização, articulação, planejamento e a concretização das iniciativas e empreendimentos na busca da competitividade.
Tanto seguiu que teve um efeito sobre pessoas próximas. A cunhada Cleuza e o irmão Renir resolveram apostar na atividade. Com o SC
Rural realizam a reforma e ampliação de um
imóvel para transformá-lo em pousada com capacidade para oito hóspedes. Da mesma forma,
outro “mano”, Rodinei, constrói uma pousada.
Somados, os três empreendimentos terão capacidade para operar com mais de 30 hóspedes.
No projeto de infraestrutura, o investimento para melhoria do acesso a estas pousadas
prevê 2,3 quilômetros. Com ela, o Morro dos
Roecker, além de outras melhorias, receberá
pavimentação com paver nos pontos mais críticos, o que beneficia todos os moradores da
Barra do Rio do Meio.
6
ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
COMUNIDADE
Rio dos Índios
Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra
Rio dos Índios para os brancos
Há relatos que o nome de Rio dos Índios seja porque
os ranchos dos índios ficavam perto do rio. Nada mais
“criativo” do que esse nome dado pelos nossos primeiros
colonizadores. Como é sabido, a maioria, imigrantes alemães, chegou aqui por volta de 1915 a 1920, vindos de
áreas vizinhas. A pergunta que fica é como será que os
índios chamavam esse nosso rio?
Educação escolar e das famílias
Na década de 40, quando surgiu a primeira escola na
nossa comunidade, veio para cá um professor conhecido
por Calo Schneider. Ele ensinava em uma “escolinha” com
uma só sala, onde estudavam ao mesmo tempo as turmas
do 1º ao 4º ano. Eram alunos novinhos e alunos mais
velhos para ensinar. E olha que o professor dava conta.
A diferença é que, naquele tempo, todos respeitavam e
obedeciam aos pais e mestres. E ai deles, se não respeitassem... Quem desobedecia, recebia castigo. Na escola,
podia ser ajoelhar no milho ou ficar de cara para a parede.
Mas os pais ficavam sabendo logo e davam toda razão ao
professor. Assim, quando o “estudante” chegava a casa,
a “coça” de vara era certa. É, hoje em dia as coisas mudaram muito...
Dia dos namorados
Hédipo Leonardo da Silva
Maria e Ado já se conheciam. Mas só “ficaram”
(como atualmente os jovens chamam o ato de beijar)
em uma festa na casa dele. Em cima de um baú, que
é guardado até hoje. E isso faz 27 anos. Nesse tempo, casaram. Mas dizem continuar namorando. Alegres e festeiros, não carregam a imagem tradicional
de marido e mulher. No dia dos namorados, pretendem apenas se parabenizar.
Esse é um caso que ilustra como em Santa Rosa
de Lima a data não é muito significativa. Dificilmente
os casais realizam algo diferente. Dizem que depende
da vontade e especialmente do dia da semana em que
cai o 12 de junho.
Como se sabe, na véspera do dia de Santo Antônio, conhecido como santo “casamenteiro”, é que
se celebra no Brasil o dia dos namorados. Proposta
a comerciantes, em 1949, por um empresário vindo
do exterior, a criação dessa data pretendia gerar mais
um estímulo às vendas. A escolha para a celebração
considerou o dia de Santo Antônio, mas principalmente o fato do mês de junho ser fraco para o comércio.
Talvez por isso, namorados santarosalimenses
prefiram nesse dia apenas lembrar suas histórias
curiosas. Ou seriam estórias? E existem várias delas relacionadas aos inícios de namoro. Como a de
Gefferson e Daiana. O casal já se conhecia antes de
começar o namoro. Daiana havia mesmo servido de
Volta às origens
Assim como em outras comunidades, aqui no Rio dos
Índios, nossas famílias recebem muitas visitas. Em geral,
são antigos moradores, que viveram aqui sua infância e
sua juventude. Depois, partiram para outros lugares em
busca de uma vida melhor, julgando que viver no interior
e ser colono não era fácil e não dava futuro. Hoje, eles
voltam aqui, como se quisessem retornar àquele tempo.
Ao conviver conosco, demonstram ter saudades do que,
agora, julgam muito bom.
Bodas de Ouro
O casal Augustinho e Raenildes Heideman, esbanjando saúde, completou seu jubileu de ouro, no dia 18 de
maio. As bodas foram comemoradas com os familiares e
amigos. Na igreja do Rio dos Índios, sob o olhar zeloso
do Santo Inácio, nosso padroeiro, Padre Pedrinho realizou
uma bela celebração. Depois, um delicioso almoço foi servido aos convidados. À tarde, um baile botou todo mundo
no salão. E a dança foi até foi até depois de anoitecer.
Parabéns a toda a família! Todos na comunidade julgam ser uma benção que Seu Augustinho e Dona Raenildes continuem com esta saúde e disposição.
Daina e Gefferson
Antecipando o “Anote aí” da próxima edição
Atenção! É bom já ir se preparando. No dia 28 de julho, será realizada a 4ª Moto trilha do Rio dos Índios.
Neste ano, teremos trilhas para motos e para quadriciclos.
No Canal SRL do próximo mês nosso leitor terá mais informações. Até lá!
Ado e Maria
cupido para Gefferson. O que mostra que não existia
interesse de um pelo outro. Até que certo dia, em uma
festa, “ficaram” pela primeira vez. Uma semana depois,
Gefferson ligou para o local de trabalho de Daiana e
disse ser o namorado dela. A moça cortejada levou um
susto e afirmou que nem sabia que tinha
um namorado. Mas a partir dali passou
a ter. O namoro foi se desenrolando e,
agora, já completa sete anos.
O interessante é que na Europa e
nos Estados Unidos, os namoros são
comemorados em 14 de fevereiro. Existem duas explicações para o dia da celebração. A primeira é a de que na Roma
antiga o Imperador Claudio II teria proibido o casamento durante as guerras
por acreditar que os solteiros eram melhores combatentes. Um padre chamado Valentim teria contrariado o soberano e continuado a celebrar matrimônios.
Quando descoberto, foi preso e condenado a morte. Sua execução aconteceu
em 14 de fevereiro, que virou dia de São
Valentin e, depois, dia dos namorados.
Outra explicação é a de que o dia 14 de
fevereiro seria aquele do acasalamento
dos pássaros.
Para os humanos, esses acasalamentos ocorrem ao longo de todo o ano.
E de toda a vida. Sempre em situações
muito diferentes. Seu Lindolfo e dona
Frida nos dão um exemplo. Lindolfo, então com 55
anos e viúvo, havia ido até a casa de uma namorada
em Criciúma. Para voltar, pegou um ônibus da terra
do carvão a Braço do Norte. Em Cocal do Sul, reparou
em uma mulher que acabara de embarcar. Era Frida,
com 54 anos e saída de uma separação, que também prestou atenção nele. Na parada para embarque
e desembarque em Orleans, começaram a conversar.
Com a chegada em Braço do Norte, cada um seguiu
seu caminho. Lindolfo foi até a casa de uma irmã.
Lá, contou que havia conhecido uma mulher e a descreveu. Outra de suas filhas, ali presente, disse que
era vizinha dessa pessoa. A partir daí, começaram os
recados de Lindolfo. Que foram respondidos por Frida.
Estabelecida a troca, quinze dias depois iniciaram um
relacionamento que já dura quatorze anos.
São apenas três narrativas curtas que mostram
que em Santa Rosa de Lima as histórias de início de
namoro são muito mais especiais do que o dia dos
namorados.
Seu Lindolfo e Dona Frida
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Estudantina
Camila Dutra
Em 2010, tive que definir o que eu iria fazer. Tinha terminado o ensino médio e precisava realizar novas escolhas. Dessa vez, era comigo. Primeiramente, decidi que não
queria parar meus estudos por ali. Queria cursar uma faculdade. Isso exigia uma nova
opção. Mas ela não foi nada difícil. Sempre soube o que eu queria: Engenharia Ambiental
e Sanitária. Tinha conhecimento que o curso mais próximo estava situado em Orleans
e era novo. Tanto que a minha turma é apenas a segunda desta graduação no Centro
Universitário Barriga Verde - Unibave. Desde então começou minha jornada. Sempre
tive consciência que iria ter algumas dificuldades. Aliás, que qualquer que fosse a minha
escolha eu as teria.
Estava convencida que estudando à noite em Orleans, eu poderia continuar morando
em Santa Rosa de Lima. Mas precisava considerar que meus pais habitam no interior e
que se eu quisesse continuar morando com eles teria que percorrer mais doze quilômetros de ida e de volta, todos os dias, para estudar e trabalhar. Por isso, precisei sair da
casa deles. Hoje, moro com minha irmã, “na praça”. Também ela, ao decidir trabalhar e
estudar, se viu obrigada a fazer esta mesma escolha. Mas confesso que quando me sobra
o mínimo tempo, dou uma “fugidinha” pra casa deles. Diga-se a propósito, nada melhor
que um colinho de mãe.
Meu dia se inicia às seis e trinta da manhã. Logo ao acordar, vou para o trabalho. Um
lugar em que me sinto bem, pelo convívio com pessoas alegres e queridas. Ao término
desta jornada, corro para casa. É preciso tomar um banho, comer algo e me arrumar
para pegar o ônibus que me leva até Braço do Norte. É isso mesmo, Braço do Norte. Nós,
acadêmicos do Unibave, vamos com um ônibus até Braço do Norte e lá esperamos outro
que nos leva até Orleans.
É cansativo, confesso, sair de Santa Rosa de Lima, todos os dias, de segunda a sexta,
às 17:20 e retornar às 23:45 horas, naqueles dias em que chegamos “cedo”.
Em minha opinião, o Unibave é um lugar ótimo para se estudar. Ele conta com professores inteligentes, pacientes e educados. Além do mais, no Unibave existem
inúmeros apoios para quem não tem
condições financeiras de ingressar e
permanecer em uma universidade. O
número de oportunidades é enorme.
Lembro-me do dia em que cheguei
lá e que me perguntaram de onde eu
vinha. Ao falar que eu era de Santa
Rosa de Lima, alguns perguntaram:
“onde fica isso?” Ou então: “meu Deus,
tu vens de lá estudar aqui?” De fato,
muitos se admiram pela distância percorrida diariamente e pelos horários
de saída e de chegada, ao final do dia,
em Santa Rosa. Mas eu sei que nada
vem de graça nesse mundo. Enfrento,
sim, muitas dificuldades. E ainda terei
muita coisa pela frente para encarar.
Mas nada é melhor do que ver no rosto
dos seus pais a expressão de orgulho
e, ao mesmo tempo, poder continuar
morando em um lugar tão maravilhoso
como é a nossa Santa Rosa de Lima.
Mulheres
A velha ladainha e “a cara”
A maioria das pessoas ainda afirma
que as mulheres têm que ser delicadas,
doces, compreensivas, falar baixo. Ser
suaves, mansas, pacientes, tolerantes
e mesmo subservientes. Alguns ainda
acham que elas devem ser submissas
aos prazeres e desprazeres dos homens.
Nem pensar que se percam os atributos
que consideram ter nascido com a mulher.
Hoje, contudo, a mulher não precisa
mais disso. Ela pode escolher, optar, agir,
fazer acontecer. Por que ser mulher já
não tem uma forma nem uma fórmula
prontas.
Muitas mulheres, para ser quem são,
tiveram que romper com o discurso “mulher não faz isso”, “mulher não é assim”,
“isso não é coisa de mulher”. Cada uma
delas deu de ombros para a dicotomia
homem/mulher e declararam, via ações,
que o combate é um território a ser ocupado por homens e mulheres conforme
seu desejo e necessidade.
Esse começo da coluna de junho foi
baseado em uma página feminista existente na internet (http://blogueirasfeministas.com). Mas será que isso é só coisa de mulheres? E mais, de feministas?
Será que é só coisa de quem vive em
cidade grande?
Podemos ver, em Santa Rosa de
Lima, mulheres dirigindo tratores, carregando caminhão de lenha, manejando
roçadeiras, guinchando madeira, trabalhando em serra fitas, ocupando cargos
públicos, na dianteira de empreendimentos. Para ser quem são, ignoraram o
status de que só “Amélia que era mulher
de verdade”, como compôs Mário Lago.
Há 62 anos, destaque-se.
Queiramos ou não, ainda existe uma
ladainha de um tipo ideal feminino. E,
seja ela dona de casa ou mulher liberada
e independente financeiramente, muitas
vezes a mulher ainda é subjugada ou enquadrada.
As mulheres agricultoras de Santa
Rosa de Lima, por exemplo, veem o seu
trabalho pouco reconhecido. Sabemos,
todavia, que são mulheres fortes e determinadas. Na coluna deste mês, vamos fazer menção apenas às agriculturas e empreendedoras em agroturismo.
Durante a semana, trabalham na roça e
na organização das pousadas. Nos fins
de semana, recebem o turista com todo
cuidado e dedicação, fazendo com que
eles descubram a vida e as comidas coloniais, em uma situação de conforto e
asseio.
Yolanda Flores Silva é professora na
Universidade do Vale do Itajaí e realiza
pesquisas sobre a agricultura familiar e o
trabalho das mulheres. Ela destaca como
uma das representantes dessas “agricultoras guerreiras” a santarosalimense
Leonilda Boeing Baumann. “A brasileira
Dida, como apicultora, agricultora, empreendedora do agroturismo, é uma representante especial de todas as mulheres de Santa Rosa de Lima e dos demais
municípios das encostas catarinenses. A
luta diária, a força e a coragem me inspiram sempre! Plantar para alimentar o
mundo não é para qualquer um. As mulheres agricultoras e suas famílias estão
ai para mostrar porque elas são ‘as caras’”, afirma a professora Yolanda.
Citada, Leonilda Baumann lembra
que no inicio, duas ou três mulheres participavam das decisões da associação,
junto com uma maioria masculina. “São
as mulheres que seguram as pousadas.
Elas que cuidam da cama, da comida,
do carinho, do embelezamento dos jardins. E ainda sobra tempo pra roça e pra
família. Por muito tempo não tivemos
muita participação nas decisões. Depois
nos organizamos e decidimos participar
ativamente nas deliberações. Hoje, 70
% da diretoria da Acolhida é composta
por mulheres, inclusive a presidência,
ocupada por Rosângela Bonetti Vanderlinde”, finaliza.
Por que, então, não cantarmos que a
mulher é “a cara”?
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
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Nosso Chão
Agricultura Familiar
é tema da capacitação para juventude
Dois jovens agricultores de Santa Rosa de Lima participam do Curso de capacitação
de jovens em agricultura sustentável, gestão e inovação tecnológica – Juventude semeando terra solidária. Paralelamente também participam da formação Redes sociais de
aprendizagem.
Edson Baumann e Rafael Avelino, depois de um processo de seleção, foram os jovens
escolhidos de nosso município. Localmente são entidades apoiadoras: Sintraf – SRL, Acolhida na Colônia, Agreco, Cresol Encostas da Serra Geral, Cedejor, Coletivo da Juventude
da Fetraf SUL, prefeitura municipal e câmara de vereadores.
Os temas tratam de agricultura familiar, inclusão digital, sucessão familiar, inserção
do jovem nas políticas públicas. “Vamos tratar gestão, elaborar croqui aprofundado da
propriedade, diagnosticar pontos fortes e fracos, novas maneiras e tecnologias que podemos adaptar a propriedade. É um conteúdo bem abrangente”, explica Rafael. “Também aprenderemos como acessar os programas governamentais de políticas públicas
para jovens”. O aprendizado será enorme, mas a responsabilidade destes novos agricultores também se expande. “Nossa contrapartida é repassarmos tudo o que aprendermos
lá. Temos que formar uma turma de 40 jovens de SRL. Hoje já são 29 inscritos, portanto
ainda há vagas” informa Edson. São doze módulos, com previsão de término para julho
de 2014. Os encontros serão mensais, com duração de oito horas/aula. Aulas teóricas serão ministradas na sala da câmara de vereadores de SRL e as práticas, em propriedades
rurais. O material didático, os intercâmbios, estágios e visitas técnicas serão custeados
pelo programa.
Este programa é uma parceria entre a Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar FETRAF-SUL e Central Única dos Trabalhadores - CUT, Universidade Federal
Fronteira Sul, Ministério do Desenvolvimento Agrário Ministério das Comunicações, Secretaria Nacional da Juventude e Sebrae. A turma é formada por quarenta jovens catarinenses. As aulas também são mensais e acontecem no campus da UFFS no município
de Chapecó – SC.
Se você tem entre 16 e 35 anos e quiser conhecer o projeto, entre em contato com
Edson no telefone 9944-2658 ou no Sintraf SRL.
Nova eleição
O Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Santa Rosa de Lima – Sintraf – SRL realizou sua assembleia geral ordinária e extraordinária no dia 16 de maio de
2013. Na pauta, dois assuntos principais: a prestação de contas de 2012 e a eleição da
nova diretoria. A prestação de contas do exercício de 2012 foi apresentada, discutida e
aprovada por todos os associados presentes.
A eleição para o mandato de 2013 a 2016 foi de chapa única. Eleita por unanimidade,
a diretoria tomou posse ao final da assembleia. Para o próximo período, tem como metas
o cadastramento dos agricultores junto ao INSS, contribuir com as entidades parceiras
na organização da produção, especialmente a produção orgânica e o agroturismo, além
de outras ações que o sindicato já vem desenvolvendo.
Diretoria empossada com mandato até 2016
Coordenador Geral: Luiz Schmidt
Secretária Geral e Comunicação: Rosângela Bonetti Vanderlinde
Coordenador de Finanças e Administração: SalésioWiemes
Coordenador de Política, Desenvolvimento Local e Produção: Fabiano Eller
Coordenador de Políticas Públicas e Sociais: Remi Beckhauser
Coordenadora de Formação: Solange Heidemann
Coordenadora de Organização Sindical: Diana Feldhaus
Coordenadora da Comissão de Gênero: SilveteHerdet
Coordenador da Comissão de Juventude: Edson Baumann
Conselho Fiscal Efetivos: Denílson Cesar Willemann, Edison José Vandresen e JoelsoOenning.
Conselho Fiscal Suplentes: Cassiana Back Feldhaus, Mariza OenningKulkamp e Rafael.
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
O TERÇO
Pe. Pedrinho
Saudações fraternas!
É com grande alegria que chegamos até você prezado
leitor, através do Canal SRL.
Estaremos, em nome de nossa Paróquia São Marcos, em
cada edição desse Jornal, mantendo uma ponte de ligação
entre a Igreja e você amigo leitor. Independente da Igreja da qual você participe, queremos estar integrados, pois o
Deus que nos ama é o mesmo e Seu Filho Jesus derramou
o sangue para salvar a todos. Abordaremos diversos temas
e ao mesmo tempo será oportunidade de apresentarmos as
atividades que serão realizadas em nosso trabalho pastoral.
Aproveitamos esse espaço para mostrarmos o valor da família, a importância de cultivarmos os valores nos relacionamentos, os desafios enfrentados por muitos pais na educação
de seus filhos e filhas e ao mesmo tempo a luta que muitos
têm travado contra a ação das drogas de modo particular na
vida dos jovens.
Temos consciência do valor da família e ao mesmo tempo
de como ela vem sendo atacada por aqueles que não concordam com essa forma de viver. É na família que encontraremos
sustentação e apoio para enfrentarmos as dificuldades que
a vida possa oferecer. Mas ao mesmo tempo encontramos
muitos que se declaram contrários à paz no lar. É possível
perceber também famílias que aparentemente estão bem,
mas que se encontram sendo destruídas pelas drogas, pelo
desrespeito, infidelidades, perda dos valores. Quantas são as
famílias que estão enfrentando os desafios com membros do
lar dominados pela maconha, pela cocaína ou pelo crack. E
pelo álcool, que entra de maneira sutil nas festinhas de famílias e corrompem crianças e jovens. O que fazer? Como
mudar essa situação?
Se juntos lutarmos, conseguiremos vencer essas situações de sofrimento e dor. Se os pais dedicarem mais tempo
aos seus filhos; se os filhos souberem ouvir os bons conselhos
de seus pais; se nossas comunidades propiciarem momentos
de lazer sadios para as crianças e jovens; se as Igrejas oferecerem verdadeiros encontros com Deus, conseguiremos aos
poucos mudar a situação. Para isso faz-se necessária a busca
de ajuda. Não é vergonhoso assumir os erros. Vergonhoso é
manter-se neles. Nossa vida é um grande presente do Criador
e não temos o direito de destruir esse presente. Temos sim o
dever de cuidar de tão grande dom.
É possível perceber o quanto nossos jovens são manipulados quanto a isso. Quantos jovens que conhecemos que por
se sentirem abandonados pelos pais, não recebendo destes
carinho e atenção, acabam deixando-se manipular por falsos
amigos que lhes apresentam maneira fácil de esquecer os
problemas, levando-os à ilusão das drogas e à destruição da
própria vida.
É gratificante perceber jovens que conseguem divertir-se
de maneira sadia. Encontrar jovens que se reúnem em grupos
para refletir, repensar a vida, organizar atividades em benefício de todos, tendo momentos de oração e lazer. Jovens que
sabem aproveitar essa linda etapa de suas vidas valorizando
e cuidando da mesma. Jovens que não tem vergonha de se
declararem cristãos, que vivem os valores do respeito, da solidariedade, da partilha, da fé.
Prova disso será a Jornada Mundial da Juventude que reunirá jovens de todo o mundo no Rio de Janeiro, de 23 a 28
de julho desse ano, com a presença do Papa Francisco. São
jovens conscientes da sua missão nessa terra. Conscientes
de que podem viver a verdadeira alegria e ao mesmo tempo
levar essa alegria aos outros.
Que as bênçãos do Senhor sejam derramadas sobre nossas famílias! Com carinho, Pe. Pedrinho.
Wilson Feijão Schmidt
Meine Meinung
Minha Opinião
Wilson Feijão Schmidt
A Câmara, suas funções e seu regimento
Inicialmente, é importante que os leitores e cidadãos santarosalimenses conheçam bem três artigos chave do
regimento interno da Câmara municipal de vereadores.
O artigo 2º reza que “as funções legislativas da Câmara Municipal consistem na elaboração de emendas à
Lei Orgânica Municipal, leis complementares e ordinárias, decretos legislativos e resoluções sobre quaisquer
matérias de competência do Município”.
Já o artigo terceiro prescreve que “as funções de fiscalização financeira consistem no exercício do controle da
Administração local, principalmente quanto à execução orçamentária e ao julgamento das contas apresentadas
pelo prefeito, sempre mediante o auxílio do Tribunal de Contas do estado”.
Finalmente, o artigo quarto preceitua que “as funções de controle externo da Câmara implicam na vigilância
dos negócios do executivo em geral, sob os prismas da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e da
ética político-administrativa, com a tomada das medidas saneadoras que se fizerem necessárias”.
A pergunta que cabe
Nas sessões do poder legislativo municipal, a mesa diretora da Câmara fincou-se à ideia de que o regimento
interno daquela casa, interpretado de forma bizarra por ela, precisa ser respeitado e integralmente cumprido.
Isso serviu para justificar diversas medidas antidemocráticas tomadas.
Por isso, cabe a pergunta: efetivamente a Câmara tem cumprido os artigos 2º, 3º e 4º do mesmo regimento
interno?
Dizendo de outra forma, ela tem legislado? Ela tem fiscalizado a administração local? Ela tem exercido a
vigilância dos negócios do executivo?
A resposta compete aos santarosalimenses. Para isso, é importante que eles se informem sobre quantos
projetos de lei foram apresentados nesses quase cinco meses. É fundamental que eles se instruam sobre o
relacionamento entre a direção de quem deve fiscalizar e o comando de quem deve ser fiscalizado. É essencial
que eles pensem sobre as condições para que ocorram as indispensáveis separação e independência de poderes
(executivo e legislativo).
Sepulcro caiado
Pensar no legislativo santarosalimense neste ano de 2013 faz lembrar, mesmo a um não religioso como
este colunista, de uma passagem bíblica. Aquela que menciona os sepulcros caiados, “que por fora realmente
parecem formosos”. A referência a monumentos em homenagem aos mortos e pintados de branco é feita para
tratar de detentores de cargos que exteriormente parecem justos aos homens, mas interiormente estão “cheios
de hipocrisia e de iniquidade” (ou seja, são contrários à disposição de reconhecer igualmente o direito de cada
um). Em verdade vos digo: as novas instalações da Câmara de Vereadores de Santa Rosa de Lima a deixaram
bastante bela por fora!
Frase da semana
Quem dorme com morcego acorda de cabeça para baixo.
Força comunitária
Como morador da Águas Mornas, é
meu dever de reconhecimento destacar,
neste mês, o Clube de mães “em busca de
novas amizades”. Suas associadas deram
um grande exemplo da força que as comunidades rurais ainda têm. Fizeram toda
a mobilização, preparação e realização de
um bingo, além de ter preparado e servido
um excelente jantar. Tudo com muita alegria e simpatia. Foi uma grande e positiva
surpresa constatar que mais de trezentas
pessoas compareceram ao evento. Parabéns a todas as minhas vizinhas, representadas pela Celita e pela Eraci.
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Vitrine
CDL/NDL
Anitápolis/Santa Rosa de Lima
Lojistas de Anitápolis e Santa Rosa de Lima participam de convenção estadual
Uma delegação da CDL Anitápolis juntamente com NDL Santa Rosa de Lima participou,
entre os dias 23 e 25 de maio, da 45ª Convenção Estadual do Comércio Lojista. Com o tema
“Inovando o Varejo”, o evento foi realizado na acolhedora cidade de Blumenau. A comitiva
teve, mais uma vez, participação destacada. Com doze representantes, foi a terceira maior
delegação do estado, considerando o número de associados.
Durante a abertura do evento, o governador do estado Raimundo Colombo anunciou
uma ótima notícia à classe lojista: a revogação do decreto 1357. Esta norma instituía a
DIFA, aumentando a alíquota do ICMS aos empresários optantes pelo Simples Nacional que
adquiriam mercadorias em outros estados que têm alíquotas inferiores à de Santa Catarina.
Um show de tecnologia foi apresentado aos convencionais. Um telão de 46 metros foi
instalado no auditório. É o maior painel já utilizado em eventos no estado.
Toda a programação da Convenção foi voltada ao tema central e palestrantes de renome nacional trataram de assuntos como desenvolvimento pessoal, inovação, economia e
motivação.
Segundo o Presidente da CDL de Anitápolis, Fernando Kirchner de Souza, um novo perfil
de consumidor exige inovação do varejo. “As mudanças tecnológicas advindas nesta geração
estão fazendo com que os varejistas se adequem a estas mudanças e mudem igualmente o
jeito de pensar sobre o seu negócio. Inovar, sem dúvida alguma, será o nosso grande desafio
a partir de agora”, alerta Fernando.
A palestra de encerramento foi ministrada por Clóvis Tavares e a abordagem dada ao
tema “Acelerando resultados para conquistar a liderança” emocionou muitos participantes.
O fechamento da convenção foi marcado por um jantar e uma animadíssima mini Oktoberfest.
A 46ª edição da Convenção Estadual do Comércio Lojista será realizada da cidade de
Chapecó, em Maio de 2015. A CDL de Anitápolis e o NDL de Santa Rosa de Lima estarão,
certamente, presentes para ajudar a fortalecer ainda mais o movimento lojista.
Campanha do AGASALHO
PROJETO ESCOLA SOLIDÁRIA
E.E.B. Professor Aldo Câmara
Os alunos da 2ª e 3ª séries do ensino médio, monitorados pelas professoras Juliete
Schmoeller, Camila Wiemes e Neuza Maria
Herdt, realizam uma campanha do agasalho. O objetivo do projeto da escola é desenvolver o espirito solidário dos alunos.
No mês de junho serão disponibilizadas
caixas de coletas no comércio local e em
órgãos públicos.
Os donativos serão entregues para instituições de atendimento comunitário de
nossa região.
Colabore você também!
Faça uma doação.
Apoio:
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
Patrimônio
Santarosalimense
Um casal e muitas histórias.
Seu Osni e Dona Blandina são descendentes dos Folster e dos Kurtz, famílias alemãs vindas de Teresópolis (hoje,
município de Águas Mornas) para ser pioneiras do Rio Bravo
e de Santa Rosa de Lima. Os dois nascidos no Rio Bravo,
sempre moraram no Rio Bravo. Já na escola, as outras crianças enticavam que eles eram namorados. Mas a relação começou mesmo, mais tarde, com uma dança, naqueles bailes
da comunidade, apertados de tanta gente e realizados na
mesma escola. A conversa com eles é como viajar no tempo.
Escolhemos alguns temas, para aguçar a memória dos mais
vividos e para fazer pensar os jovens de hoje.
Dona Blandina
Sobre a energia elétrica
“Antes, nós tínhamos energia pra nós. Mas só pra luz.
Não dava de botar geladeira. Nada mais dava de botar. Era
tocada a água. Tinha roda e dínamo. A primeira noite que
nós acendemos as luzes, o pai encheu de luzes. Na rua, todo
canto tinha. Dentro de casa, em todos os quartos. Na estrebaria, onde nós tirávamos leite, também tinha. No paiol,
no chiqueiro, era tudo luz. Aquilo clareou. Acendemos todas
as luzes. Lá pra baixo no Rio Bravo, eles disseram que olhavam para cima e estava tudo claro aqui no alto. Nós ficamos
todos bobos. De noite nós nem queríamos mais dormir. Só
ficar brincando, porque estava tudo claro... Aquilo foi uma
alegria pra nós, a primeira luz que nós acendemos com energia elétrica. Foi a primeira no Rio Bravo.”
Para cumprir os objetivos desta seção permanente, a
equipe do Canal SRL deslocou-se para o Rio Bravo Alto e
para o Campo do Rio Bravo. E encontrou histórias, construções e conhecimentos no limite para serem perdidos.
Atafona, engenho e construções em enxaimel enchem os
olhos do visitante. A situação delas faz pensar. Caso emblemático é o da última serraria pica-pau funcionando: verdadeiro museu vivo de todo um ciclo econômico do município.
É cuidada por um homem de sessenta e nove anos que se
dispõe a reformá-la, mas que precisa de apoio e de estímulo. A política de preservação do patrimônio sociocultural
em SRL, se é que existe, faz lembrar a própria roda d’agua
do seu Luiz: desperdiça muito e não dá força. Até que seja
tarde demais?
gelo grosso. Porque hoje não dá mais geada como dava antigamente. E nós com uma bermuda, sem blusa e de pé no
chão. Os pés e os joelhos tinham um casco de tão encardido.
Na escola, tinha a vara do professor e um lugar feito
com areão grosso e quando o cara fazia uma arte... Oh, vai
de joelho, lá, encima da areia. Eu fui uma vez, mas só um
pouquinho...
Depois da escola, nós chegávamos em casa ao meio-dia
e já estava feita a comida. Mas era para levar para a roça,
onde os outros estavam trabalhando. E nós só podíamos comer lá. Era uma hora de caminhada... passava no meio desses matos todos. Lá comia... era uma hora da tarde, sempre.
E lá ficava até de noite, até ficar escuro. Daí, vínhamos para
casa. Primeiro, tinha que tratar a criação, para depois fazer
os deveres de casa.”
O Pedreirinho
Seu Osni tinha um
conjunto “que tocava baile
por aí tudo”. Dona Blandina diz que era engraçado
o nome deles: “era Pedra,
Pedrinho e Pedreirinho. O
Osni era o Pedreirinho e
tocava sanfona”.
“Foram dois anos que
não tinha sábado e domingo, era direto fora;
Rio Fortuna, Vargem do
Cedro, Santa Maria, São
Bonifácio, por tudo...”,
lembra o Pedreirinho. Às
vezes Blandina ia junto.
Mas não ia sempre, “porque tinha que ir a pé e levar tudo nas costas”. Para
Seu Osni, o Pedreirinho, ao centro.
fazer um baile no Santo
Antônio no domingo à tarde, tinha que sair do Rio Bravo de
manhã e só voltar no outro dia.
Segundo Osni, o conjunto parou, porque um dos membros começou a beber e não dava nada mais certo. Dois
meses tocou na “rádia” de Orleans, mas não gostou de lá.
Voltaram e cinco meses depois, o conjunto estava desfeito.
A instalação da rede no Rio Bravo vem à memória. “Foi
tudo o pessoal que ajudou. Os buracos para colocar os postes eram todos feitos a pá. Tudo a muque. Nós tínhamos
um camarada que trabalhava conosco e se o Osni tinha que
trabalhar em outra coisa, nós mandávamos ele”.
Para ajudar a saber quando chegou a energia elétrica
no Rio Bravo, Dona Blandina lembra que com a filha mais
velha e a sogra plantaram uma roça de cebola e venderam a produção para comprar uma geladeira, porque vinha
a energia. Arrancaram e venderam a cebola e compraram a
geladeira, que ficou parada por uns cinco anos, até que a
energia chegasse lá. Pelas contas da Dona Blandina, isso faz
uns 34 anos.
Seu Osni conta que com a energia elétrica as coisas ficaram mais fáceis para trabalhar. Que há uns vinte anos
quando ele instalou a serraria onde ainda está hoje, também
tinha a intenção de instalar uma roda d’água. “Botei a serraria a funcionar com energia elétrica e até hoje ‘não deu
tempo’ de botar a roda d’água”...
Sobre a vida e a escola
“Quando nós íamos para a escola, era aqui em baixo, no
Bertino. Até clarear o dia, tinha que estar pronto o nosso
serviço. Depois ia para a escola. Branquinho de geada e nós
de pé no chão. Passávamos naqueles caetés e aquilo era um
Pedreirinho reencontra a gaita comprada há 54 anos e que “ainda
faz barulho”.
Gaita ou quati?
“Uma vez nós fomos tocar um baile na Nova Fátima e no
caminho, nós carregando as coisas, no morro tinha um bando de quati encima da estrada. Nós fomos atrás e pegamos
um filhote. Tiramos a gaita de dentro do estojo e botamos o
quati. Levamos para Nova Fátima e, dentro do salão, man-
O fim de uma pica-pau
e de um tempo
Seu Osvaldo Wenz
No Campo do Rio Bravo, chegamos a uma boa e bela
casa de material. Ao lado, uma antena parabólica, um
quintal cuidado e laranjeiras com frutas maduras. Tínhamos dois indícios de que o entrevistado estava em casa:
fumaça na chaminé e a música “beijinho doce” em alto
volume. Encontramos seu Osvaldo Wenz na janela da cozinha, com seus cabelos brancos e um sorriso acolhedor.
A primeira coisa que nos diz: “É, o Rio Bravo tem bastante história para contar...”
O que nos interessa dessa vez não são as histórias
do Zé Domingos, muito contadas por ele, que conheceu
o “bugreiro” de perto. O que nos move é a história de
uma serraria pica-pau, que havíamos fotografado pouco
antes sendo consumida pelo tempo e pela mata. Assim
como da serraria, ele lembra do seu tempo de escola
no próprio Campo do Rio Bravo, na qual estudavam 80
crianças. Tudo isso dá a ele um ar de desesperança e
de saudade daquela época em que “o pessoal era mais
humano e tudo era mais divertido do que é hoje”.
A barragem e o açude já estavam lá
Da serraria pica-pau, ele diz que antes de montá-la
já existia a barragem e o açude. “Era um Schueroff lá
do Rio Bravo Baixo. Não sei se era José, Jorge... não
sei como era o nome dele. Ele morou aqui, quando o
terreno era de uma empresa de um pessoal de Braço do
Norte, uns gaúchos. Eles tinham, aqui, uns 600 hectares
de terra. Mas esse Schueroff botou uma serraria para
tirar madeira. Aí a empresa veio e proibiu. Ele tinha feito
[a barragem]... Mas, depois que ele foi embora, tinha
rebentado tudo. Nós começamos de baixo e levantamos
tudo de novo. Mas a pedra já estava ali, no meio do rio.
Puxamos as pedras para fora do rio, com boi, e levantamos aquela... [barragem]”. Botamos uns varões para
botar a pedra por cima e levantamos”, conta Seu Osvaldo. Que acha que a construção se deu em 1967 e que
trabalharam com a pica-pau até mais ou menos 1990.
“Depois não podia cortar mais [nativas], eu não queria
me incomodar e nós paramos”, resume.
A construção e as serrarias
“A parte da serraria foi nós mesmos que fizemos. Eu
mais dois cunhados. A turbina e a estrutura de tubos foi
o Conrado Stuart, mais o filho dele o Helmuth. Ele era lá
do Rio São João e eu acho que ele é falecido. Ele veio
da Alemanha por causa da guerra. Ele fez a parte que
tocava à água. E tinha muita força aquela turbina. E fez
também aquelas cangas, carretas aqueles mecanismos.
A madeira da serraria tudo isso fomos nós que fizemos.
Algumas serramos no braço, outras “fraquejamos” no
machado. As peças as polias também fomos nós.
Tinha bastante dessas serrarias, umas quatro ou cinco. Trabalhando, hoje, só tem a do Luiz Schmidt”.
toras de pinheiro. Um dos irmãos ficava serrando e os outros
iam buscar tora. Saíam cedo e voltavam às quatro horas da
tarde. Era bem demorado para chegar. Depois compraram
trator, guincho e caminhão. Aí, a coisa mudou e, segundo
ele, o serviço rendeu mais.
Antiga serra pica-pau desfaz-se na mata.
O saber fazer
“A gente sabia fazer isso tudo. Quero ver os jovens de
hoje. Se da noite para o dia precisasse acontecer como era
antigamente, tinha muito pessoal que ficava doido. Quem
pegaria no serviço como nós pegávamos. Porque hoje em
dia, trabalhar é uma brincadeira. É máquina para tudo. Hoje
nenhum jovem é capaz de montar uma serra pica-pau, de
fazer açúcar. Não faz não...”
A pica-pau e sua história
A serraria foi comprada pelo Seu Alfredo, lá por 1945,
já montada, de um tal Gabriel Ricken, de Rio Fortuna. Era
um homem que já tinha tirado bastante madeira tanto do
Rio Bravo como do Campo, onde ele possuia outra serraria.
Depois de fazer uma lista das pica-pau que existiam no Rio
Bravo, umas movidas a água e outras a locomóvel, Seu Luiz
conclui: “Daí se tirou muito pinheiro. O que tinha de araucária, se foi” .
Os Schmidt levaram 25 anos para pagar o terreno e a pica-pau, sempre entregando madeira. Mais tarde, Seu Alfredo passou o negócio para os três filhos. E por volta de 1998,
quando os bens foram divididos, o terreno e a pica-pau ficaram com Seu Luiz. Naquele tempo já tinham “dado baixa” na
pica-pau. Com o código florestal em 1992, não se podia mais
serrar nativa e como as pica-pau não rendem com pinus e
eucalipto e os irmãos não quiseram “botar fita”, o acordo
foi parar. Depois disso, ele só “serrou uns pauzinhos” e trabalhou com marcenaria e um pouco na roça. Quando vem
serviço ele faz. Se não, ela fica parada. E Seu Luiz nos conta
que o que o anima é o serviço. Por isso, os domingos dele
custam a passar.
Luiz Schimidt
O homem e sua profissão
Seu Luiz começou a trabalhar na serraria aos doze anos.
Vinha da escola e logo “pegava no serviço”. E aprendia tudo
com o pai, Seu Alfredo, que comandava: “tem que fazer
assim e assim”. “Se não fizesse daquele jeito, ele já ficava
brabo”. Aos quinze anos, Luiz sofreu um primeiro acidente
e quase perdeu a mão. Uma cirurgia sem anestesia, em Rio
Fortuna, permitiu que ele perdesse “só” parte de um dedo.
Mas continuou gostando da serraria. “Roçar uma capoeira ou
carpir milho, para mim era um veneno. Eu só ia junto, porque quando o pai dizia pra ir junto, tinha que ir. Mas, achava
um nojo aquele trabalho”, conta.
E também em relação ao trabalho, lembra com saudades do tempo em que ia com um dos irmãos e com duas
juntas de boi até o Campo do Rio Bravo para buscar duas
Percorrer as estradas do Rio Bravo é poder desfrutar de
paisagens que nossos avós ajudaram a construir.
Engenho de farinha de mandioca que antes pertencia ao
Senhor Augusto Folstere que hoje pertence a sua nora, viúva de um de seus filhos. O engenho continua funcionando, seguindo a “temporada” de trabalhar de maio a agosto. Em 2013, ainda não tinha feito nenhuma farinhada.
Última pica-pau trabalhando
Chegando na estrada em frente a propriedade do Seu
Luiz Schmidt, a roda d’água estava parada. Ao bater a primeira foto, como se tivesse sido encomendado ou combinado, ela se pôs em movimento. Bom presságio. No portão,
a recepção por dois cães que, depois das cheiradas costumeiras, pararam de rosnar e deixaram passar. Seguiu-se a
direção do barulho. No caminho, ao longe, vem Dona Erna,
trazendo algo da roça para o almoço. A fumaça saindo da
chaminé indicava que o fogão a lenha já estava ativo. A
aproximação se dá sem ser notada, porque Seu Luiz, com
seus quase 69 anos, trabalhava ativamente, “serrando uns
pauzinhos” para fazer tábuas. Paradas as máquinas, a conversa ocorreu, de pé, ao lado da serra, com um ronronar de
fundo, da água que escorria pela calha.
Retratos
Roda d´água. Com os dias contados?
A situação atual e as perspectivas
Hoje, segundo Seu Luiz, a roda d’água e a calha estão
“bem estragadas”, desperdiçam muita água e não têm força.
“Quase só dá para serrar em dias de chuva”, diz um pouco
amargo. Ele afirma que gostaria de fazer uma nova, mas
para isso é preciso muita madeira e “tem que ser uma canela
boa”. “Se eu pudesse, se o Ibama autorizasse, eu fazia uma
roda nova. Mas não sei se isso tem mais meio deles liberar”,
diz como se estivesse, além do palheiro, com a esperança
entre os dentes. Afinal, os filhos saíram todos e até ele já
pensou em partir do Rio Bravo. Até quando precisa de um
ajudante, ele já não encontra mais. “E tem coisas que não
dá para fazer sozinho, precisa uns camaradas para ajudar”,
justifica. Sonha com a volta de um filho que está em São
Martinho e também trabalha com marcenaria. Afinal, hoje
o que mais pedem para ele são camas, armários, estantes
e outros móveis. Segundo ele, porque trabalha mais barato
que os concorrentes. Aqueles que têm máquinas modernas
fazem de outro jeito, que pode até ser julgado mais bem
feito. Já ele faz de uma forma mais antiga, o que, diz, pode
ter seu charme.
Despedida?
Para finalizar, ele faz uma espécie de alerta: se a roda
não for arrumada logo, vai cair em no máximo cinco anos.
Belíssimo conjunto de construções em enxaimel da família
Westphal. Mesmo com problemas de conservação, ela é
mantida de pé pela teimosia doJurandir, que insiste no valor desse patrimônio arquitetônico e cultural.
A barragem reerguida no início da década de 1960 ainda
resiste 50 anos depois, agora sem a serraria pica-pau que
deu razão a sua construção e existência.
Horticultura começa a fazer parte da paisagem.
14
ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
Patrimônio
Santarosalimense
A velha pedra depende dos novos
Havíamos passado antes na residência da família Folster-Schmoeller e apenas parado
para fazer uma foto do paiol, onde uma galinha dormia “abraçada” à roda de um carrinho de
mão. Eles estranharam nossa escolha. Mais tarde, entendemos o porquê. Do outro lado da
estrada, um pouco afastada e ao lado de um bambuzal, reinava uma bela roda d’água que
não foi percebida por nós.
Isso só reforçou a ideia de que esses tesouros do patrimônio precisam ser valorizados e
sinalizados.
Somos muito bem recebidos e acomodados à mesa da cozinha da casa. Sentadas no caixãozinho de lenha Dona Anita e a filha Juliete, que é professora. Seu Dionei prefere permanecer de pé, à ponta da mesa. Talvez conserve um hábito do longo tempo, de quem ensinou
na “escolinha” do Campo do Rio Bravo, profissão que também exerceu, até a aposentadoria.
O saber fazer
Dona Anita conta que aprendeu a lidar com a Atafona desde pequeninha, ficando junto
do pai. Ela lembra que o pai também tocava um engenho de açúcar e outro de farinha de
mandioca e diz que de recordações do tempo de criança só ficou mesmo “os frios” passados
nas madrugadas de inverno: “era muito esforço, com essa água fria pra lavar a mandioca.
Muito frio eu passei”, afirma rindo.
Sobre o trabalho, recorda: “Quando [a atafona] passou pra mim, eu já sabia tudo”. E
discorre sobre as regulagens para chegar a uma boa farinha. Para ela, tem que moer duas
vezes. A primeira passada é para picar o milho, e a segunda, para dar farinha. Senão, ainda
segundo ela, esquenta muito e “queima” a farinha.
Lembranças e uma esperança
Juliete, até então muito quieta, se transforma ao lembrar dos tempos de criança e da
“parte boa” dos engenhos. “Da atafona, eu lembro de ir brincar na água. Era muito legal! No
engenho de mandioca, o melhor era comer vergamota com farinha quente, além de batata.
Era inverno e a gente ficava na frente do tacho onde eles faziam a farinha. E enfiava batata
debaixo do tacho, para comer. Aquilo era uns ‘alemãozinhos’ com um fedor de batata e de
laranja cravo. E branquinhos, porque tinha sempre um pozinho branco no ar. Como se fosse
um vaporzinho. E a gente ficava com o cabelo branco, branco...” rememora, às gargalhadas.
Ao final, foram essas lembranças e a alegria que elas trouxeram que ficaram no nosso
“ar”, como o pó da mandioca. E deram um fio branco de esperança de que aquela atafona
continue a ser tocada. Mesmo que apenas “pra bonito” e para não deixar tanta coisa, tanto
conhecimento e tanta história se perder.
A atafona...
A roda d’água move uma atafona que está há três gerações com os Folster. Primeiro, foi
Seu Henrique; depois, Seu Augusto e, agora, Dona Anita. A estrutura já era anterior ao Seu
Henrique e as “pedras” (as mós) teriam chegado diretamente da Alemanha.
Antigamente, na atafona, vinha gente da Santa Rosa inteira, do Povoamento em Anitápolis, do Rio Sete, do Rio Areia. De fato, conversando com pessoas idosas da região, a
atafona do Folster – ou do “Schmelinha” – ainda é uma referência de boa farinha. Assim, era
“tocada” dia e noite, “quase direto, o ano todo”. Naquele tempo, o pessoal trazia cada um
o seu milho e depois vinha buscar e a cobrança era em dinheiro, por saca moída. “Quando
acabava o fubá em casa, os colonos vinham com milho. Era de carro de boi, em cargueiro de
cavalo, nas costas... Nos últimos tempos era de moto, no portamalas de carro.
Segundo Dona Anita, já quase ninguém vinha mais na atafona, porque compram fubá já
feito, no mercado”. Por isso, desde o ano passado, pararam de moer “prá fora” e a atafona
agora só funciona uma vez por mês, para produzir o fubá que a família consome. Os Folster
Schmoeller têm, desse modo, a vantagem de produzir, colher, secar e moer o milho e dele
fazer a farinha que comem. No século XXI, isso é um verdadeiro privilégio.
... e o futuro dela...
Em relação ao que será da atafona o casal diz que “só se os jovens assumirem. Nós já
estamos velhos, aposentados e vamos parar”. Esclarecem que para continuar funcionando
a atafona precisa de uma boa reforma. E julgam que não compensa mais renovar tudo. É
preciso “fazer” a roda d’água, correias e outros troços; está tudo precário. “Ela dá conta de
fazer a nossa moagem, enquanto não cair. O que não vai acontecer de uma hora para outra,
pois quando tem uma coisinha pra fazer a gente faz. Mas não uma obra maior”, pondera
Seu Dionei.
O casal fala, praticamente ao mesmo tempo, que não sabe o que “os novos” vão fazer
com a atafona. Juliete intervém para dizer que “para os filhos novas necessidades vão surgindo e não tem como se manter e viver com uma atafona dessas. Até porque está mais prático ir no mercado e comprar, do que se deslocar para vir até aqui. Então, se ficar aí vai ser
mesmo só para recordação, para lembrar que teve uma coisa dessa”. E completa: “Por que
para ‘tocar’, só se for para bonito mesmo, para não deixar perder... Para negócio, não rola”.
Perguntada sobre a ideia de tocar “por bonito”, ela replica: “enquanto for do pai e da
mãe, são eles que sabem o que fazem”. Dona Anita diz que só o futuro vai definir qual dos
três filhos (duas moças e um moço) vai ficar com a atafona. E Seu Dionei considera que o
mais provável é de ninguém ficar... “Uma já está fora. A outra não sei se vai ficar por aqui. Só
se ficar o filho.” “Que mora encima daquele morrinho lá”, completa Dona Anita, apontando
com o dedo.
Para colorir
ANO 1 - Nº 1 • Edição Mensal - Junho/2013 • Jornal da Criança de Santa Rosa de Lima
Distribuição gratuita. Venda Proibida.
NESTE PRIMEIRO MÊS DE EXISTÊNCIA, O CRIANÇA SRL APROVEITOU
QUE É JUNHO E ENTROU NO CLIMA DAS FESTAS JUNINAS!
O QUE É, O QUE É? QUE QUANDO PULA SE VESTE DE NOIVA?
VOCÊ JÁ DEVE SABER QUE ESTAMOS FALANDO DA PIPOCA, NÃO É? MAS SERÁ QUE VOCÊ SABE
QUE ESSA DELÍCIA QUE COMEMOS NAS FESTAS JUNINAS (E EM TANTAS OUTRAS ÉPOCAS DO ANO!) É
UM DOS ALIMENTOS MAIS ANTIGOS DA HUMANIDADE? ARQUEÓLOGOS ENCONTRARAM NO PERU
GRÃOS DE PIPOCA COM QUASE 7.000 ANOS DE IDADE! TAMBÉM ENCONTRARAM ESPIGAS E PALHAS DE
MILHO DAQUELA ÉPOCA. AS PESQUISAS INDICAM QUE A PIPOCA COMEÇOU A SER CONSUMIDA ANTES
MESMO DO PERÍODO CERÂMICO, QUANDO OS HOMENS COMEÇARAM A FAZER POTES PARA PREPARAR E
GUARDAR ALIMENTOS. OU SEJA, NAQUELA ÉPOCA, É PROVÁVEL QUE AS ESPIGAS FOSSEM COLOCADAS
INTEIRAS JUNTO AO FOGO, E NÃO EM GRÃOS COMO FAZEMOS HOJE. E, CLARO, QUANDO FALAMOS DE
FOGO NÃO ESTAMOS FALANDO DE FOGÃO, POIS ISSO FAZ MUITO, MUUUITO TEMPO. VOCÊ CONSEGUE
IMAGINAR O QUANTO?
O ARQUEÓLOGO É UM CIENTISTA QUE PROCURA E ESTUDA OBJETOS QUE ESTÃO ENTERRADOS. MAIS DO QUE OS OBJETOS EM SI, O OBJETIVO DESSAS PESQUISAS É
TENTAR CONHECER MELHOR A FORMA COMO VIVIAM OS POVOS QUE VIVERAM ANTES DE
NÓS: O QUE ELES COMIAM, COMO MORAVAM, QUE TECNOLOGIAS TINHAM... A MAIORIA
DESSES OBJETOS NÃO FOI ENTERRADA PELOS HOMENS DO PASSADO, MAS SIM PELA DEPOSIÇÃO DE TERRA, OU SEJA: VEIO UM VENTO E TROUXE UM POZINHO, DEPOIS O RIO
SUBIU E TROUXE MAIS UM POUCO DE TERRA... E DE POUCO EM POUCO O MATERIAL FICOU
TODO ENTERRADO. EM UM MESMO LOCAL PODEMOS ENCONTRAR VÁRIAS CAMADAS DE
MATERIAL, QUE AJUDAM A CONTAR A HISTÓRIA DOS POVOS QUE VIVERAM NAQUELE LOCAL EM DIFERENTES ÉPOCAS. QUANDO MAIS PROFUNDA A CAMADA, MAIS ANTIGA ELA É.
FALANDO EM PIPOCA, VOCÊ SABE POR QUE A PIPOCA ESTOURA? BOM,
PRIMEIRO VOCÊ PRECISA SABER QUE DENTRO DO MILHO DE PIPOCA TEM UM
POUQUINHO DE ÁGUA E TEM AMIDO. O QUE ACONTECE QUANDO ESQUENTAMOS
BASTANTE A ÁGUA? VIRA VAPOR, CERTO? POIS A ÁGUA QUE TEM DENTRO DO
MILHO TAMBÉM VIRA VAPOR QUANDO ESQUENTAMOS OS GRÃOS. E O AMIDO,
QUE FICA DURINHO QUANDO FRIO, VIRA UMA ESPÉCIE DE GELATINA QUANDO
É AQUECIDO, E AUMENTA DE TAMANHO. TANTO O VAPOR QUANTO O AMIDO FAZEM UMA PRESSÃO ENORME NA CASCA (MAIOR QUE A DO PNEU DE UM CARRO!)
, QUE NÃO AGÜENTA E ESTOURA. QUANDO O AMIDO ENTRA EM CONTATO COM O
AR, RESFRIA E ENDURECE DE NOVO, FORMANDO AQUELE “VESTIDO DE NOIVA”
DELICIOSO!
“UM BOM PENSAMENTO NASCE COMO UMA PIPOCA QUE
ESTOURA, DE FORMA INESPERADA E IMPREVISÍVEL.”
RUBEM ALVES
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QUE TAL COLORIR UMA FOGUEIRA DE
UM JEITO DIFERENTE?
AÍ ESTÁ A BASE DA NOSSA FOGUEIRA
DE SÃO JOÃO. MAS FALTA O FOGO, CERTO?
PARA FAZER O FOGO, VOCÊ VAI PRECISAR DE COLA BRANCA, TESOURA SEM PONTA
E OS MATERIAIS QUE VOCÊ ENCONTRAR PELA
CASA (E SEUS PAIS DEIXAREM VOCÊ USAR)
NAS CORES LARANJA E VERMELHO.
VOCÊ PODE FAZER UM LINDO FOGO
COLANDO PEDAÇOS DE LÃ, POR EXEMPLO. OU
PEDACINHOS DE PAPEL DE EMBALAGEM.
USE SUA IMAGINAÇÃO! VOCÊ É QUEM
VAI DECIDIR O FORMATO E A ALTURA DESSA
FOGUEIRA!
DEPOIS DE FAZER O FOGO,
NÃO ESQUEÇA DE TIRAR UMA FOTO E NOS ENVIAR
PARA VER COMO FICOU!
UMA BRINCADEIRA
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JÁ BRINCOU DE PIPOCA?
ESSA É UMA BRINCADEIRA POPULAR EM QUE
TODOS CANTAM JUNTOS.
ESSE TIPO DE BRINCADEIRA SE CHAMA “BRINQUEDO CANTADO”. CADA VEZ QUE NO BRINQUEDO
SE DISSER “PLOC”, TODO MUNDO TEM QUE DAR UM
PULO, QUE NEM PIPOCA NA PANELA.
PARA FICAR MAIS DIFÍCIL, VOCÊ E SEUS AMIGOS PODEM COMBINAR DE SE DAR AS MÃOS PARA
PULAR, OU DE PULAR SEMPRE ALTERNANDO O LADO:
UMA VEZ PARA A ESQUERDA, UMA PARA A DIREITA, E
ESQUERDA DE NOVO, E ASSIM VAI...
MAS ANTES PRECISAM APRENDER A
LETRA DO BRINQUEDO CANTADO, QUE É
ASSIM:
“UMA PIPOCA PUXA ASSUNTO NA PANELA:
PLOC!
OUTRA PIPOCA VEM CORRENDO
RESPONDER: PLOC!
ENTÃO COMEÇA UM TREMENDO
FALATÓRIO: PLOC!
QUE NINGUÉM MAIS CONSEGUE
ENTENDER,
É UM TAL DE PLOC!
PLOC! PLOC! PLOC!
PLOC! PLOC! PLOC!
PLOC! PLOC! PLOC!
E É UM TAL DE PLOC!
PLOC! PLOC! PLOC!
PLOC! PLOC! PLOC!
PLOC! PLOC! PLOC!”
UM ARTISTA
FESTA JUNINA É ÉPOCA DE VER O CÉU COLORIDO POR
BANDEIRINHAS DE TODAS AS CORES... VOCÊ SABIA QUE
EXISTE UM PINTOR CHAMADO ALFREDO VOLPI QUE FICOU FAMOSO RETRATANDO ESSAS BANDEIRINHAS?
Grande Fachada Festiva.
Fachada das Bandeiras Brancas - 1950
Fachada das Bandeiras Brancas - 1950
Volpi
Fachada das Bandeiras Brancas - 1950
ALFREDO VOLPI NASCEU EM LUCCA, QUE É UMA CIDADE NA ITÁLIA, HÁ MAIS DE
CEM ANOS: EM 1896. VEIO PARA O BRASIL COM OS PAIS QUANDO AINDA ERA BEBÊ,
E CRESCEU EM SÃO PAULO. POR ISSO, MESMO SENDO ITALIANO, É CONSIDERADO
UM DOS MAIORES ARTISTAS BRASILEIROS.
NA PINTURA, VOLPI FOI AUTODIDATA, OU SEJA, APRENDEU SOZINHO A PINTAR,
NÃO FOI A NENHUMA ESCOLA DE ARTES. NEM SEMPRE ELE RETRATOU BANDEIRINHAS: PASSOU POR VÁRIAS FASES; NO INÍCIO, PINTAVA MAIS PAISAGENS. FOI A
PARTIR DA DÉCADA DE 1950, QUANDO JÁ ESTAVA COM MAIS DE 50 ANOS, QUE SUA
PINTURA FICOU MARCADA POR FORMAS MAIS GEOMÉTRICAS, COMO AS BANDEIRINHAS.
VOLPI FAZIA SUAS PRÓPRIAS TINTAS, USANDO VERNIZ, CLARA DE OVO E PIGMENTOS NATURAIS, COMO TERRA E ARGILAS COLORIDAS. ELE VIVEU 92 ANOS E SUAS
PINTURAS SÃO CONHECIDAS E RECONHECIDAS EM TODO O MUNDO.
Bandeirinhas - 1960
E VOCÊ, JÁ PENSOU EM PINTAR AS BANDEIRINHAS QUE ENFEITAM SUA FESTA JUNINA?
FAÇA UM DESENHO COM ESTE TEMA E ENVIE PARA O CRIANÇA SRL!
OS DESENHOS MAIS ORIGINAIS SERÃO PUBLICADOS NO PRÓXIMO MÊS.
UMA POESIA
FICÇÃO CIENTÍFICA
Alguém mexeu na nossa igreja Matriz.
Descubra as diferenças na figura da direita.
7
(JOSÉ PAULO PAES, RETIRADO DO
LIVRO “É ISSO ALI”)
DEPOIS DE UMA VIAGEM
PELO ESPAÇO SIDERAL,
O ASTRONAUTA CHEGOU
AO SEU DESTINO FINAL:
UM PLANETA DIFERENTE
CUJO EM-CIMA ESTAVA EM-BAIXO
E O ATRÁS FICAVA NA FRENTE.
UM PLANETA TÃO ESTRANHO
QUE A SUJEIRA ERA LIMPA
E A ÁGUA TOMAVA BANHO
UM PLANETA MESMO LOUCO
ONDE O MUITO ERA NADA
E O TUDO MUITO POUCO.
UM PLANETA DOS MAIS RAROS:
O SEU OURO ERA DE GRAÇA,
O LIXO CUSTAVA CARO.
O ASTRONAUTA NÃO GOSTOU
E FOI-SE EMBORA. QUANDO
PENSOU ESTAR MUITO LONGE,
VIU-SE OUTRA VEZ CHEGANDO
NUM PLANETA ONDE, ALIÁS,
O EM-BAIXO FICAVA EM-CIMA
E A FRENTE ESTAVA POR TRÁS...
EXPERIMENTE !
FAÇA SUA
POESIA.
ENVIE PARA O CRIANÇA SRL
Solução no próximo mês.
Família SRL
15
Adolfo Wiemes
A TV, o computador, a família e a sociedade
A televisão com suas novelas, seus filmes agressivos e
com cenas de violência, seus espetáculos praticamente pornográficos, seus programas horrorosos; tudo isso está desestruturando grande parte de nossas famílias.
A mãe e muitas vezes o pai, para ver novelas e filmes
inadequados, acabam permitindo que as crianças, adolescentes e jovens também os assistam.
Daí, todos se esquecem do dialogo. Mantêm silêncio. Os
olhos fixos e atentos apenas naquilo que passa na tela. Tudo
isso influi negativamente na educação dos filhos e na vida
de todos.
Mas a TV é um aparelho bom. Só mostra o que está sendo projetado nela e lançado no ar.
As novelas podem ter alguma coisa válida; para quem
as entende. Uma grande parte delas, entretanto, não serve
para a vida das pessoas. Não é útil para educá-las. Ao contrário, deseducam. Não são benéficas. Não levam a nada.
Ou, pior, conduzem os telespectadores a ser desonestos, a
praticar todo tipo de maldades.
Isso não combina com o projeto de Deus, que é amor,
obediência, paz, união, diálogo, fraternidade e alegria. E, de
forma geral, tudo o que é bom e lícito, que não prejudica
ninguém.
O que se vê nas novelas e filmes inadequados são:
agressões, desentendimentos entre famílias e sociedade,
palavrões, empurrões, tapas e socos e, às vezes, até mortes.
Namoricos que são puras paixões, ajuntamentos de casais,
separações, troca de pares, casamentos falsos, brigas, discussões etc...
Meus leitores, vocês acham que isso pode ser bom para
educar e viver unido numa família que se ama e quer viver
em paz? De jeito nenhum!
Os menores, principalmente as crianças que são curiosas, querem imitar o que veem na televisão. Acham que o
que assistem é verdadeiro e normal.
Crianças e, principalmente, adolescentes, quando não
estão na escola, ficam horas e horas na frente da televisão
ou do computador. Os olhos fixos nas telas, nos programas.
Só prejudicam a visão e a mente. Todos sabem que o que
passa do limite é nocivo. Você já se perguntou por que as
crianças e adolescentes de hoje precisam usar óculos cada
vez mais cedo? Por que ficam estressados com tantas preocupações desnecessárias?
Deus deu a inteligência para determinados homens descobrirem e inventarem aparelhos e máquinas que usados
adequadamente ajudam a resolver rapidamente muitos problemas. Mas acontece que alguns não sabem usá-los para o
bem e acabam prejudicando a si próprios e a outros.
As coisas boas são ótimas para ampliar o conhecimento
de todos. Mas a televisão e o computador tomaram o lugar
do diálogo e da oração em família.
Não que eles sejam ruins. São aparelhos ótimos para a
comunicação à distância. Nós é que muitas vezes não sabemos usá-los para o bem de nossas famílias e da sociedade.
As redes de televisão transmitem muitos programas bons,
que qualquer um pode assistir. Há canais e apresentações
que educam e evangelizam, que contribuem para que todos
tenham uma vida boa.
Alguns poderiam dizer: Ah! Mas hoje é tudo diferente. É
assim mesmo!
Eu digo o seguinte: é assim porque na maioria das vezes
não dá tempo para nos dedicarmos mais aos filhos. Quando
os pais dão pouca atenção aos filhos, são trocados pela TV
e pelo computador.
Pais e mães, arranjem um tempinho e conversem mais
com seus filhos. Eles esperam isso. Precisam de um elogio.
Ficam contentes com nossa atenção!
Se não tivermos esse cuidado com nossos filhos, eles
ficarão perambulando pela rua, se viciando em drogas, se
prostituindo, roubando, comendo mal, passando fome, ficando doentes. É claro que não queremos que isso aconteça! Que Deus nos ajude a ser pais bons o bastante!
SRL realiza sua conferência das cidades
Discutir os eixos da temática nacional, elaborar propostas
no município e escolher os delegados, delegadas e respectivos suplentes, que representarão Santa Rosa de Lima na etapa
estadual foram os objetivos da 5ª Conferência das Cidades. A
etapa estadual acontecerá em agosto, em Florianópolis.
Realizada na manhã do dia 24 de maio de 2013, no centro
de convivência do idoso, o evento contou com a participação
de cerca de quinze pessoas, entre representantes da prefeitura
municipal, da Secretaria do Estado de Planejamento e da sociedade civil organizada.
Após a abertura dos trabalhos feita pela prefeita Dilcei
Heidemann, foram discutidos os quatro “eixos nacionais”: participação e controle social no sistema nacional de desenvolvimento urbano; fundo nacional de desenvolvimento urbano;
instrumentos e políticas de integração intersetorial e territorial;
e políticas de incentivo à implantação de instrumentos de promoção da função social da propriedade. Em seguida, os participantes definiram os quatro eixos para o município: habitação;
saneamento; transporte e mobilidade; e política urbana.
A prefeita Dilcei Heidemann considerou muito importante
o debate. “As dificuldades que nós temos, todos os municípios
com certeza também tem. Então, nós estamos aqui para procurar ajuda. É isso que a gente está querendo neste momento. É uma oportunidade para todos colocarem o que o nosso
munícipio tem de necessidades, o que precisamos buscar para
o município melhorar”, detalhou a responsável pelo executivo.
Luz Marina S. Steckert, gerente de apoio à gestão das cidades, no papel de secretária executiva e coordenadora das
conferências municipais e da estadual, presenciou o evento e o
avalia positivamente: “Santa Rosa de Lima é uma cidade bem
pequena. Tem problemas em comum com outras cidades, mas
também tem particularidades e necessidades que são exclusivas daqui. As discussões e as propostas serão bem valiosas
para a etapa estadual”. Conforme Luz, nesta edição houve no
estado um avanço muito importante na adesão ao debate sobre
as cidades. “Este ano, 203 municípios catarinenses realizam
suas conferências. Na anterior, apenas 65 o fizeram”.
A diretora de desenvolvimento das cidades, da Secretaria
do Estado de Planejamento, Célia Fernandes, que também participou do evento, falou da importância da conferência. “É aqui
a fonte. No município, aqui, está o diagnóstico do problema.
Com a conferência municipal podemos colocar as dificuldades e
anseios. As pessoas tem que ter este espaço para esta discussão. Como é a cidade em que a gente vive? São os moradores
que conhecem as necessidades das ruas, do saneamento, da
habitação. Aqui está o retrato mais fiel destas questões”, ponderou Fernandes.
Para representar Santa Rosa de Lima na conferência estadual, foram eleitos dois delegados. Sebastião Vanderlinde, que
tem como suplente Luiz Schmidt, pela sociedade civil organizada, e Edison Vandresen, com Grasiele Fernandes Mates na
suplência, pelo poder público municipal.
Entre as principais propostas da conferência, no eixo habitação
estão a regularização de construções em áreas de riscos e a conscientização da população para o uso adequado dos recursos naturais.
No eixo saneamento, propôs-se buscar parceria com a Casan para
viabilizar um projeto de saneamento básico; realizar um estudo para
verificar a quantidade de residências que não possuem fossas e criar
um programa para regularizar estas moradias; criar o plano de gerenciamento dos resíduos sólidos e instalação de lixeiras em locais
estratégicos na zona urbana. Em transporte e mobilidade urbana,
regular as áreas de estacionamento no centro da cidade e criar uma
comissão municipal para discutir a implantação da SC que liga Santa
Rosa de Lima a Anitápolis.
COMUNIDADE
Rio Bravo Alto
Karla Folster | Ana Paula Vanderlinde | Júnior Alberton
Rio Bravo Alto e suas diversidades.
Na comunidade de Rio Bravo Alto, existe uma vasta
diversidade de atividades econômicas empreendidas pelas famílias que por aqui vivem. Nossa convivência com a
comunidade somada ao relato de moradores revelam que
a agricultura, que antes era atividade para toda a família,
agora passou a ser exercida apenas pelo casal. Ou até
mesmo, somente pela mulher da casa. E se ela continuou
a plantar, na maioria dos casos, o faz unicamente para o
consumo da própria família.
O plantio de fumo, atividade que outrora foi a principal fonte de renda na comunidade, passou a ser exercido
apenas por pouquíssimas famílias. Atualmente, aliás, esse
número é praticamente nulo. Alguns dos poucos plantadores que continuam com esta atividade, apostam em novas
tendências e optam pelo plantio sem agrotóxicos do tabaco. Escolhem assim um tipo de manejo menos prejudicial
à saúde e com custos de produção mais baixos, pois não
há utilização de uma infinidade de produtos químicos de
síntese.
A madeira é o setor mais importante da economia do
Rio Bravo. É o ramo que mais emprega. O trabalho pode
ser diretamente nas madeireiras, na queima de carvão, ou
na venda de lenha obtida de desbastes feitos em “roças”
de eucalipto ou pinus.
Os moradores da comunidade têm comentado muito
que, em função da exploração da madeira, pessoas “de
fora”, que vivem em outros municípios e aqui adquiriram
terra, dão mostras de não se importar muito com a legislação. Pelo menos, não a respeitam. Nos últimos meses,
o que se viu foram desmatamentos absurdos da nossa
mata nativa.
Nadando contra esta corrente depredatória, algumas
famílias mudaram de atividade. Passaram da queima de
carvão para o plantio de verduras orgânicas. Um pouco
acanhada, a produção livre de agrotóxicos ainda é pouco
praticada. Mas não se pode deixar de ressaltar o empreendedorismo destes agricultores familiares.
No nosso Rio Bravo Alto, a produção de leite também
teve um aumento significativo, a partir do surgimento dos
laticínios em Santa Rosa e nos municípios vizinhos. Antes,
as famílias faziam a ordenha manual e sem higienização
do local. A infraestrutura era precária e havia pouca preocupação com a sanidade do leite. Agora, tudo é mais
organizado: ordenhadeiras, canalização do leite, higienização dos currais. Tudo isso pensando em oferecer um
produto de maior qualidade, um leite mais puro e livre de
bactérias nocivas ao consumo humano.
Uma das maiores reclamações das famílias que trabalham na produção leiteira é a falta de um maior auxilio e
incentivo por parte da secretaria de agricultura de Santa
Rosa de Lima. Seja em assistência técnica, na aquisição
de insumos, em incentivos fiscais e as próprias estradas,
que muitas vezes dificultam o escoamento da produção.
Uma tendência que vem surgindo por aqui é que muitos casais “abandonam” suas propriedades durante o dia.
Na busca de uma renda estável, eles saem cedo para trabalhar no centro ou, até mesmo, em outros municípios.
E voltam à noite, para dormir. Logo em seguida, acabam
vendendo suas terras. E é bastante preocupante o ritmo
em que isso vem acontecendo. Se continuar assim, um dia
a comunidade de Rio Bravo Alto passará a ser uma localidade de “estrangeiros”. E pensando no que alguns desses
fazem hoje, de depredadores.
Em busca de novas amizades: bingo!
Um verdadeiro sucesso o bingo promovido pelo Clube
de mães “Em busca de novas amizades’’, das Águas Mornas. O Balneário Paraíso das Águas, gentilmente cedido
pela família Locks, foi palco do evento comunitário. Cerca
de 300 pessoas participaram do jogo e da confraternização. O jantar foi preparada pelas mães integrantes do
clube e o cardápio foi composto por risoto, aipim, farofa
e saladas. Mais de trinta prêmios foram disputados “na
cartela”, todos doados pelo comércio, pelos membros do
clube ou por simpatizantes. Para ganhar o prêmio maior
– uma TV – era preciso cartela cheia. E a sortuda foi a
cabelereira Waldete Machado.
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
COMUNIDADE
Rede
Rio do Meio
Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel
Dona Maria Willimann da Silva, uma história de
vida; uma vida de histórias.
Nascida em 31 de maio de 1928, Dona Maria tem motivos de sobra para festejar os seus 85 anos. Ainda na infância, aos onze anos, passou a ter que cuidar dos cinco
irmãos porque a mãe dela tinha “perdido o juízo”. Por isso,
enquanto todos os outros irmãos foram alfabetizados, ela
não pôde ir para a escola e não aprendeu a ler. Mesmo
“sem memória”, a mãe de Maria gerou outra criança. Mais
um para ela cuidar. Era qualquer pequeno descuido e a vida
do bebê ficava em risco. “Com a demência, minha mãe já
havia jogado a criança em um valo d’água e em outros
lugares. Cuidei dela até os três meses e então, com medo
de que acontecesse algo de mais grave, eu e meu pai nos
vimos obrigados a dá-la para outra família cuidar”, relata
com um ar penoso Dona Maria..
Aos 23 anos, casou-se com Antônio Estevan da Silva.
Naquele período, seus irmãos foram “saindo de casa”. Uns,
casando, outros “pegando um rumo”, como ela diz. Do seu
casamento, teve nove filhos, Laura, Terezinha, Juraci, José,
João, Ivani, Lindolfo, Pedro e Jurema.
A família viveu doze anos na localidade de Rio dos Bugres. Em 1962 anos, no mesmo ano da emancipação de
Santa Rosa de Lima, Dona Maria veio morar no Rio do Meio.
Ela diz que a criação do município foi vista com alegria pelo
povo: “não era ir preciso ir tão longe, fazer compras de sal,
querosene e riscado (tecido para fazer roupas)”. Com o marido, sempre trabalhou com lavoura, engenho de farinha,
engenho de açúcar, engorda de porco e vaca de leite. Em
julho de 2007, perdeu Seu Antônio, seu companheiro de
lida e de vida.
Trocar informações e reforçar parcerias
A Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco) promove encontros regulares das organizações que trabalham o desenvolvimento sustentável no território. O objetivo é reunir
esforços para fortalecer as atividades e para propor
inovações em cadeias produtivas de grande impacto
na região. No dia 25 de maio, o encontro foi no Rio
Santo Antônio, na propriedade dos Fortunato, que foi
tema deste Canal SRL em sua primeira edição. Ao final
da reunião, um excelente almoço preparado pela Cleimar e pela Dona Ernestina, uma moagem de milho,
uma ótima conversa com o Seu Divo, tudo foi estímulo
para eles. Para nós, trouxe mais ânimo e fortaleceu
a consciência do nosso papel e da persistência que
precisamos ter para assegurar a continuidade e a integração das ações do projeto de desenvolvimento
sustentável.
Seminário Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica
O evento ocorreu nos dias 7 e 8 de maio, no Senado Federal, em Brasília, e foi promovido pela “Frente
parlamentar mista pelo desenvolvimento da agroecologia e da produção orgânica”. Além da própria agroecologia foram tratados outros temas, como saúde e
alimentação, renda e sustentabilidade. Cerca de 500
agricultores e lideranças da agricultura familiar agroecológica e orgânica de todo país estavam presentes.
Ministros, senadores e deputados federais estiveram
presentes. Destacou-se a liderança da deputada Luci
Choinaki, coordenadora da Frente e do seminário.
Representaram Santa Rosa de Lima e região Volnei
Luiz Heidemann, Coordenador Geral da Agreco, e o
Vereador Luiz Schmidt. O “Loi” levou ao seminário um
Circuito
Laudir Coelho - Presidente
Viúva, continua por aqui, esbanjando saúde. Com o filho Pedro, mora no mesmo local a que chegou há 51 anos.
Pedro cuida de uma granja e cria peixes. Dona Maria, aposentada, tem sua rendinha, participa ativamente do clube
de mães do Rio do Meio e, nos finais de semana, recebe
muitas visitas. São familiares e amigos. Dona Maria diz que
isso é o que a deixa feliz, pois mostra que todos lembram
dela.
Sobre a bocha no Rio do Meio
O campeonato de bocha entre casais chega à semifinal. Os jogos previstos são: Wilson e Valdirene x Alfonso
e Valdete; e Isaltino e Edite x José e Cristiane. As datas
para a realização dos confrontos ainda não foram definidas.
Como Isaltino quebrou o braço, os competidores aguardam
a recuperação dele. Demonstração de solidariedade e de
desejo que a disputa seja justa.
Chegada do Canal SRL
Nossa coluna foi em busca de depoimentos sobre a chegada do jornal de Santa Rosa de Lima. O espaço é pouco,
por isso vamos destacar duas declarações representativas,
de Solange Roecker e Vanise Neckel.
“Acho o jornal muito importante para o município. Espero que continue circulando. Mas desejo que ele não misture
política e brigas pessoais”.
Solange, agricultora, estudante e diarista, 35 anos.
“Achei o jornal muito interessante, trazendo as notícias
da comunidade, relatando e dando valor ao patrimônio histórico. Agora vamos poder ficar sabendo das informações
do nosso município”.
Vanise, agricultora, 21 anos.
abaixo assinado dos agricultores da região em favor desta atividade produtiva e manifesto de apoio da Câmara Municipal de
Santa Rosa de Lima referendado por todos os edis.
Ampliar a produção de frango orgânico; desafio e oportunidade
A produção orgânica de frango vem sendo ampliada regularmente para acompanhar os crescentes pedidos vindos,
principalmente, dos supermercados. Em Santa Rosa de Lima,
atualmente, dentro desse sistema, são produzidos cerca de
três mil frangos por mês. Além das vendas para o varejo, alguns contratos no mercado institucional exigem volumes significativos. O melhor exemplo é o Restaurante Universitário
da Universidade Federal de Santa Catarina. A CooperAgreco
tem um contrato para entregar até a conclusão do ano letivo
de 2013 aproximadamente três toneladas de filé de peito por
mês. A cadeia produtiva do frango orgânico é orientada pelo
abatedouro Rio do Meio. Nesse momento, busca-se ampliar a
produção. Interessados podem obter maiores informações na
sede da CooperAgreco.
Certificação
Para quem quer produzir orgânicos e não vai vender ele
próprio em uma feirinha, a legislação brasileira exige a certificação (Lei 10.831/2003). O certificado de conformidade é
resultado do trabalho de auditoria externa da Ecocert-Brasil.
Como somos um grupo bem organizado de agricultores familiares, podemos usar um tipo de inspeção para pequenos
produtores. Essa modalidade oferece vários benefícios, principalmente o custo reduzido. O valor anual de 2012 foi de cerca
de R$ 150,00 por agricultor . Devemos ter em conta que isso
torna cada um dos produtores como um responsável pela certificação e pela marca comercial de todos os associados.
Neste mês de junho ocorre a auditoria da Ecocert-Brasil.
Por pelo menos uma semana, um inspetor da certificadora
avaliará a documentação da cooperativa e visitará as propriedades dos associados. Nas propriedades escolhidas pela certificadora são avaliados os controles da produção, feita uma
inspeção a campo e pode haver a coleta de amostras de solo
e de plantas para análise de resíduos químicos em laboratórios credenciados. Cada agroindústria passa também por uma
inspeção, para verificar se os alimentos processados estão
de acordo com as normas de produção orgânica. Depois, o
processo será concluído com um relatório da certificadora. Se
tudo estiver em conformidade com as normas, ela emitirá, então o Certificado para a nossa Cooperativa.
CERAL
Desde que a Ceral assumiu a condição de permissionária da Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica), passamos a ser regulados diretamente pelo poder concedente que
é a União Federal. Neste contexto, muitas melhorias têm sido incrementadas pela atual
diretoria. Para além da adequação da nossa Cooperativa à legislação, o objetivo da direção é ampliar o esforço para, sempre e cada vez mais, prestar um serviço de qualidade
aos nossos associados e consumidores.
Assim, nossos técnicos, engenheiros e servidores vêm trabalhando a cada dia na manutenção e ampliação do nosso
sistema elétrico, quer na rede de média tensão (13,8 Kv), quer na de baixa tensão (380/220 V). Medições periódicas são
realizadas para diagnosticar preventivamente possíveis problemas ou para corrigir defeitos e falhas que possam ocorrer.
Tecnicamente, há duas preocupações básicas: a continuidade e a qualidade do fornecimento da energia elétrica ao
público consumidor.
Por isso, a Ceral vem dando atenção especial à melhoria dos seus índices de qualidade e de continuidade, que são
monitorados e acompanhados pela Aneel. Medidores especiais estão sendo instalados junto aos nossos clientes e associados, a partir de uma relação enviada mensalmente por essa agência reguladora.
Da mesma forma, para que tudo ocorra dentro das regras que regem o setor elétrico, a Ceral é obrigada a fiscalizar
as instalações dos associados. É forçoso verificar se elas estão construídas conforme os padrões previstos em normas
técnicas e, por consequência, se oferecem segurança.
Ao mesmo tempo, nossa área comercial vem se esmerando em prestar um excelente atendimento às pessoas. Faz
isso por entender que o associado é a razão de ser da Cooperativa e, portanto, todo o seu esforço deve ser dedicado às
solicitações de serviço que ele apresenta. E esse ato não é visto como uma simples formalidade administrativa, mas como
um momento chave do relacionamento Ceral-associado, devendo haver um tratamento cordial e humano e, principalmente, sensibilidade às necessidades por ele apresentadas.
No que se refere a investimentos, por operar numa região repleta de cursos d’água aproveitáveis para geração de
energia através de pequenas centrais hidrelétricas, para ter ganhos em seu sistema, a Cooperativa tem a prerrogativa
de fazer parcerias com empreendedores. Com a Hidrelétrica Jelu (Varginha – Anitápolis), a Ceral recebeu a doação de
10 quilômetros de cabos 2/0, o que possibilitou que fosse construída uma nova rede de média tensão até o ponto de
conexão, além de uma sobra ficar no estoque.
Atualmente, a nossa Cooperativa está compartilhando com a Hidrelétrica Santa Rosa de Lima (Quedas D’água) um
trecho de rede de média e baixa tensão. Além de ganhar melhores estruturas e condutores de energia, consegue também um módulo de conexão de 34,5 Kv na própria subestação da usina. Além do importante acréscimo patrimonial, isso
resultará num extraordinário ganho operacional.
Por tudo isso, os cenários presente e futuro são bastante promissores para a Ceral e para seus associados. As populações de Anitápolis e de Santa Rosa de Lima podem se orgulhar de ter criado e mantido uma das melhores e mais
eficientes distribuidoras de energia elétrica. Que é, aliás, exemplo e referência no setor elétrico do Brasil.
17
Eu conheço
SRL e Valorizo
Murilo Flores – Doutor em Sociologia Política e Secretário de Estado
do Planejamento
Lembranças de Santa Rosa de Lima
Eram meados dos anos 90, início da construção do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF. Na época, eu ocupava o cargo de Secretário Nacional de Desenvolvimento Rural
do Ministério da Agricultura e coordenava a criação e implantação desse programa. A equipe procurava
projetos pelo Brasil que fossem inovadores e que significassem a consolidação da agricultura familiar no
mercado. Era fundamental que tivéssemos resultados positivos para convencer o próprio Governo, e a
sociedade como um todo, que apoiar a agricultura familiar significava estabelecer uma nova estratégia
de desenvolvimento com inclusão social, no mundo rural e particularmente nos pequenos municípios.
Em especial, estávamos tentando implantar um sistema de financiamento de pequenas unidades agroindustriais que, em rede, tivessem uma mesma marca, mas tendo unidades produtivas independentes e
familiares.
Foi nesse contexto que ouvi pela primeira vez falarem o nome de um município: Santa Rosa de Lima,
em Santa Catarina. Recebi um grupo de pessoas propondo que a AGRECO, de Santa Rosa de Lima,
fosse escolhida como um projeto-piloto, para testarmos essa nova linha de financiamento do PRONAF.
Tudo se encaixava perfeitamente. Um grupo de agricultores familiares, cada um com sua agroindústria,
uma mesma marca, e a produção orgânica, acrescentando uma perspectiva de sustentabilidade. Não foi
difícil sermos convencidos de que valia a pena investir naquele projeto. Ele simbolizava muito bem o que
queríamos e precisávamos resultados rápidos e consistentes.
Daí em diante, essa história é bem conhecida de todos de Santa Rosa de Lima. O trabalho avançou
na concretização das agroindústrias e da marca. Os primeiros passos foram dados para a colocação dos
produtos no mercado (supermercado de Florianópolis) e a busca da inclusão de um produto de qualidade
na merenda escolar. Mais tarde, a criação do projeto “Acolhida na Colônia” (hoje “exportado” para muitos municípios) deu uma perspectiva nova ao processo das agroindústrias, além de fortalecer o turismo
sustentável e responsável no município. Como todo processo inovador houve avanços e recuos, mas o
resultado final foi uma nova Santa Rosa de Lima.
Apesar de ter acompanhado o processo e ter ajudado a viabilizar financeiramente a formação da rede
de agroindústrias, somente fui conhecer pessoalmente o município muitos anos depois. E ao conhecer o
município, e ver a grande mobilização local e os resultados alcançados, pude perceber o acerto daquela
decisão. Acima de tudo, o município construiu um grande “capital social”, fundamental para que qualquer
proposta de desenvolvimento sustentável possa ter êxito.
Santa Rosa de Lima, para nós da coordenação do PRONAF da época, tinha um valor muito simbólico
em relação ao sucesso do próprio programa. No município, as bases conceituais do programa tinham
sido plenamente aplicadas a fundo, atingindo o que seria um sonho para outras regiões do Brasil. Uma
proposta ousada, séria e carregada de entusiasmo de todos os que se envolveram ao longo dos anos,
que ganhou uma importante visibilidade estadual, nacional e internacional.
Quando passei a visitar o município fui conhecendo muito mais dessa experiência exitosa, conhecendo os atores locais, as pessoas, seus compromissos e seus sonhos. Com os anos, muita coisa mudou,
ainda que sempre tenhamos mais a fazer. Mas a maioria das mudanças, sem dúvida alguma, foi para
melhor.
Muitos foram os atores que colaboraram para que essa proposta inovadora de desenvolvimento sustentável seguisse adiante. Produtores, lideranças políticas, lideranças sociais e técnicos. Todos souberam
superar diferenças para lutar pela mesma causa. Minha contribuição foi apenas a de viabilizar recursos
para um projeto-piloto. Mas tenho muito prazer de ter recebido o título de “Colono da Encosta da Serra
Geral”. Está sempre em meu Currículo, com muito orgulho.
COMUNIDADE
Santa Bárbara
Edinei Boeger | Igor Bonetti
Nossa coluna resolveu saber como foi a chegada do Canal
SRL aqui neste pé de serra. Fizemos uma breve entrevista
com uma das lideranças da comunidade, o senhor Ivo Bonetti, filho no “Nono” Remi.
Coluna Santa Bárbara (CSB): O que você achou do jornal?
Ivo Bonetti: É um novo meio de comunicação que Santa
Rosa de Lima recebe como se fosse um “presente” para toda
a população e para os seus visitantes. E com isso, mostra um
grande avanço para o nosso município. Por aqui, não só os
moradores vão saber do que acontece no nosso município,
mas vários turistas também vão se interessar pelas matérias
escritas pelo jornal.
CSB: Como o jornal ajuda o município?
Ivo Bonetti: Bem, ele pode ajudar não somente o município,
mas, repito, os turistas e visitantes poderão usar ele como um
guia. O jornal informa pontos turísticos, comunidades, acontecimentos etc. No caso da Santa Bárbara, divulga o nosso
patrimônio: a Serra Geral.
CSB: Você pensou que um dia Santa Rosa de Lima pudesse
ter um jornal?
Ivo Bonetti: Na verdade, não! Como todo mundo, pensava:
“Santa Rosa de Lima é uma cidade pequena, sem grandes
acontecimentos, jamais terá um jornal”. Mas ele se torna realidade...
CSB: Você acha que o jornal ainda pode melhorar?
Claro que sim, pois todas as coisas podem melhorar, evoluir.
Subindo a Serra
Em fevereiro, membros da Acolhida na Colônia, acompanhados pelo especialista em implantação de trilhas ecológicas
Márcio Soldatelli, subiram o paredão da Serra Geral. O objetivo: verificar se seria viável implementar um novo “produto”
turístico. O guia local foi Ivo Bonetti, que conhece essa “subida” na palma da mão.
No território do puma e das araucárias, os moradores
acostumaram a ir no topo do paredão para colher pinhões,
muito apreciados aqui na comunidade.
A trilha não fácil. É íngreme e de difícil escalada. Márcio
julga que em uma escala crescente de 1 a 5 de dificuldade,
ela estaria nível 5. “É uma trilha espetacular, para um público
bem específico”, julga o especialista. “Só para os mais aventureiros, com experiências em ‘escalaminhada’ (termo usado no
turismo de aventura quando são usadas as mãos em raízes e
pedras no caminho para ascender)”, completa Márcio.
Rosângela Bonetti Vanderlinde, presidente da Acolhida,
diz que a análise técnica realizada levou à conclusão de que
os investimentos seriam muito altos. “Para a trilha ser explorada como produto de acesso a um número maior de turistas
teríamos que fazer muitas intervenções. Tem lugares perigosos, onde um descuido pode ser fatal. Como lazer, podemos
continuar como sempre fizemos. O mesmo pode acontecer
com pessoas que tenham experiência, bom preparo físico e
se responsabilizem por acidentes”, finaliza a dirigente.
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
COMUNIDADE
Nova Esperança
Lei do piso salarial
Professores aguardam cumprimento e executivo afirma que não há recursos.
Jaqueline Tonn
Tudo começou no ano de 2000 a 2001 com a construção de uma agroindústria associativa para o processamento de verduras. Chamamos de “condomínio” e naquela época tudo era “mil maravilhas”. Uma sociedade de
pequenos agricultores em luta e na busca do crescimento
e do fortalecimento da comunidade, gerando, ao mesmo
tempo, muito mais fontes de renda para Santa Rosa de
Lima.
Era tudo muito bem feito. E foi assim por cinco anos.
Período de intensa luta. Muitas vezes, não dava nada certo. Em algumas delas, as reclamações surgiam. E, a cada
dia, se buscava melhorar. Mesmo assim, houve a desistência de muitos produtores e a agroindústria acabou fechando. Os motivos foram vários, mas o principal parece
ter sido a diminuição do preço dos produtos.
E por um longo tempo, tudo ficou abandonado. Ou
quase tudo, porque as cabeças continuaram pensando em
oportunidades para reabrir a agroindústria. E quando a
situação foi avaliada como favorável, as portas foram reabertas. Produtores da Nova Esperança voltaram ao plantio. E de comunidades vizinhas, como o Rio Santo Antonio,
começaram a fazê-lo.
Nessa nova fase, o funcionamento da agroindústria é
assegurado por apenas uma família: Remi, Celene, Karoline e Guilherme, todos Beckauser. Isso no que se refere
à gestão. No trabalho de higienização e beneficiamento,
há a ajuda de pessoas aqui mesmo da comunidade. As
dificuldades do passado parecem superadas e, agora o
“condomínio” funciona de segunda a sexta. E a tendência
é de crescimento e melhoria a cada dia.
Ou seja, de 2001 para 2013, muitas coisas aconteceram. Podemos ver a contribuição que a agroecologia dá
pelos próprios agricultores da Nova Esperança e do Rio
Santo Antonio. A possibilidade de trabalhar aqui no meio
rural vem ajudando vários jovens, que mesmo não querendo muito permanecer na comunidade, acabam tendo
opções com o surgimento dessas novas oportunidades de
renda e de vida.
A produção agroecológica tem se ampliado cada vez
mais em nossa comunidade e em nosso município, mas o
uso de insumos de síntese química ainda é grande. Não
na produção de alimentos, mas basicamente na de fumo.
O aumento da produção orgânica só não é mais forte no
município pelo fato do mercado estar pagando muito pouco pelos alimentos sem agrotóxicos. De qualquer forma,
se o mundo dá muitas voltas, no nosso caso não voltamos
para o passado. Voltamos para o futuro.
“Estamos nos dedicando, dia a dia, para que tudo
isso funcione bem. Agradecemos todos que nos apoiam:
Agreco, agricultores, vizinhos e amigos. Eles sabem que
estamos realizando, hoje, nossos sonhos de alguns anos
atrás.” Depoimento de Remi, Celene, Karoline e Guilherme Beckauser.
Mariza Vandresen
Santa Rosa de Lima é o único município que, em 2013,
ainda não cumpre a lei do piso do magistério da educação
pública básica, em toda a área de abrangência do Sindicato
dos funcionários públicos municipais da Comarca de Braço
do Norte – Siscob, informa seu presidente, Wilson Althof.
Negociações aconteceram, mas professores e representantes do executivo do município não chegam a um
acordo. A categoria reivindica o cumprimento da Lei Federal 11.738/08, que determina o pagamento do piso salarial
para professores da rede pública de educação básica, hoje
no valor de R$ 1.567 para uma carga semanal de 40 horas.
O executivo alega que não há recursos para isso e propõe
o reajuste de 3%. O Secretário municipal de finanças calcula que o repasse integral do reajuste de 7.97% previsto
na lei federal acarretaria em um acréscimo mensal de algo
em torno de R$ 6.000,00 nos gastos com folha de pagamento.
Uma comissão para discutir o assunto foi formada pelos professores Wilmar Warmling e Suely Defrein, do Centro Educacional Santa Rosa de Lima, Valmira Heidemann
Schlickmann e Salete Stuepp Westfal do C.I. Recanto Alegre e Tatiane Dircksen, da E.E.B. Aldo Câmara, juntamente
com os vereadores Salésio Wiemes e Claudiomir Mendes.
Na primeira reunião, ocorrida em seu gabinete, a prefeita
propôs repassar uma parte do reajuste na forma de abono.
“Não era o que a categoria esperava, mas era uma forma
de recebermos o que é nosso de direito. A nossa sugestão era que tão logo houvesse condições este abono seria
incorporado à folha. Mas esta proposta não foi mais comentada”, afirma Wilmar Warmling, professor de Educação
Física lotado com 40 horas no município.
Como nenhuma decisão concreta havia sido tomada,
outra reunião foi realizada no Centro de Convivência (Salão
Velho). Desta vez, aberta a todos os docentes. A proposta
apresentada pelo executivo, na ocasião – e mantida até
hoje, é de um reajuste de 3%, parcelados em 1% ao mês,
com os repasses sendo realizados de setembro até novembro. Tal proposição foi rejeitada pelos presentes. “Não podemos aceitar isso. O repasse integral é um direito nosso.
No primeiro dia de aula, dia 4 de fevereiro, a prefeita Dilcei
e o secretário de educação estiveram aqui no núcleo e os
dois garantiram a todos que o piso seria pago. Esperamos
que, em breve, a gente receba o repasse integral estabelecido pela lei”, enfatiza Wilmar.
O secretário municipal de finanças, Edison Vandresen,
justifica que o não cumprimento da lei do piso salarial dos
professores é para evitar “um choque entre o cumprimento
de duas leis”. Para ele, tornar efetivo o piso acarretaria em
se comprometer com a Lei de responsabilidade fiscal. Vandresen esclarece a situação: “estamos atingindo o limite
prudencial de gastos com a folha de pagamento, que é de
51.3%. É um limite para ficarmos atentos. Não podemos,
de maneira nenhuma, ultrapassar os 54%”.
Rudinei Pacheco, secretário de educação, complementa: “a conquista da categoria (falando no reajuste anual) é
um mérito válido. E se [a categoria] não se organizar não
terá seu direito assegurado. Por outro lado, a administração está com dificuldades bastante grandes em relação ao
limite prudencial. Esta proposta apresentada foi a solução
para tornar possível amenizar a situação, sem ferir a responsabilidade fiscal”.
Uma ação na justiça está sendo movida por advogados
contratados pelo Siscob. Wilson Althof, presidente do sindicato, esclarece que “é um direito dos professores e um
dever do município”.
Por isso, o Siscob dá entrada em um mandado de segurança no fórum de Braço do Norte. “Esperamos que no
prazo de 30 a 40 dias saia a liminar da justiça determinando o pagamento imediato e integral do piso salarial à
categoria”, finaliza Althof.
O índice nacional de reajuste ao piso do magistério
para 2013 foi anunciado em janeiro, pelo Ministério da
Educação (MEC). Fixado em 7.97%, o percentual se baseia
na arrecadação dos últimos dois anos do Fundo Nacional
para o Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O
principal objetivo da lei do piso é que o “salário mínimo”
dos professores se equipare à remuneração de outros profissionais com graduação. Segundo o MEC isso é necessário para valorizar a profissão de educador.
Conforme o site da Federação Catarinense de Municípios (http://receitas.fecam.org.br/estado), nos primeiros
cinco meses de 2013, Santa Rosa de Lima recebeu do Fundeb transferências de R$ 212.426,00. Valor 13% superior
às transferências no mesmo período no ano passado, que
foram de R$ 186.782,00.
Em 2012, o reajuste do piso nacional do magistério da
educação pública básica foi de 22,22% em relação ao do
ano anterior e foi repassado aos professores santarosalimenses em abril.
19
DIDIO FOTOGRAFIAS
Esse jornal é para aprender
Suely Defrein, professora que leciona no 4º ano matutino do Centro Educacional Santa Rosa de Lima procurou a redação do jornal solicitando exemplares para serem
usados como material didático. A professora conta que é
no quarto ano que as crianças se aprofundam mais nos
estudos relacionados ao município. “Por falta de material,
muitas vezes só trabalhávamos os nomes das comunidades
rurais. Foi ler o Canal SRL e a proposta estava clara: trazer
o jornal pra sala de aula. O conteúdo é espetacular para
trabalhar a história e um pouco da geografia das comunidades rurais de Santa Rosa de Lima”, completa animada Suely.
Os alunos adoraram a ideia. Em uma construção co-
letiva, eles escreveram o seguinte texto sobre a
chegada do jornal: “Nos sentimos emocionados e
surpresos quando recebemos o jornal Canal SRL na
nossa sala. Ao conhecermos o jornal, entendemos
sua importância para a compreensão da história do
nosso município e do que acontece em nossa Santa
Rosa de Lima. O jornal ficou muito interessante, bonito e com fotos legais. Vamos aprender muito com
ele. Vamos lembrar pra sempre do primeiro jornal de
Santa Rosa de Lima”.
Espaço d’Acolhida
Rosângela Bonetti Vanderlinde
Na edição passada, prometemos que, nesta edição do
Canal SRL, voltaríamos ao assunto SC Rural. Pensávamos
sobre qual seria a melhor forma de informarmos os santarosalimenses sobre o papel da Acolhida na viabilização
deste importante projeto em nosso município, quando fomos dupla e positivamente surpreendidos. Primeiro, pelo
fato do tema ser pauta do próprio jornal. Depois, tivemos
acesso ao trecho da entrevista do técnico da Secretaria
-executiva do Programa – Vicente Sandrini Pereira, em que
ele faz referência a nossa associação e ao trabalho dela.
Sem falsa modéstia, julgamos o depoimento dele correto e justo. E, por isso, decidimos publicá-lo neste “Espaço d’Acolhida”. Nossos associados certamente vão gostar
do que lerão. Esperamos que os demais leitores também.
E que consigam perceber melhor como todos ganham com
o nosso esforço.
DEPOIMENTO
O papel da Acolhida na Colônia
A experiência e o trabalho da
Acolhida na Colônia, não há dúvidas, têm papel importante nisso.
E não só em Santa Rosa de Lima.
Também em Urubici. Sem esse capital de conhecimento e experiência
acumulado em quinze anos, seria difícil viabilizar, assim
do nada. Em outros municípios que têm potencial e há o
apoio da prefeitura ainda não surgiram projetos. Porque
falta essa experiência e esse conhecimento.
A solidez da organização foi determinante
A consistência das organizações dos agricultores é um
ponto muito importante da avaliação do SC Rural. Não é só
um peso na nota. É determinante para aprovar ou não uma
proposta. Se a gente sentir que o grupo foi juntado para
fazer um projeto para pegar dinheiro, dificilmente vai passar.
Então foi um ponto importante para a aprovação do projeto
a história que a Acolhida tinha desde 1999. Obviamente já
havia trabalho, o pessoal já vinha se reunindo há tempo,
feito capacitações. Então, nós não tivemos dúvidas que o
grupo existia, se reunia, tinha trabalho em conjunto, tinha
conhecimento. Isso foi fundamental para a aprovação do
projeto.
O projeto de desenvolvimento pesou
Quando recebemos a manifestação inicial da Acolhida na
Colônia e do município de Santa Rosa de Lima, nós olhamos
as duas coisas. Conhecíamos razoavelmente toda a história
da produção orgânica e da ideia das Encostas da Serra, nós
sabíamos que a Acolhida estava dentro disso tudo e olhamos
o conjunto. Santa Rosa de Lima tem potencial e já tem
trabalho. Se é para dar certo um projeto, é o de Santa Rosa
de Lima.
A importância da Acolhida para o SC Rural
Isso deixa evidente a importância do trabalho que a Acolhida fez. Acertos e erros todo mundo tem. Mas ela foi fundamental. Tanto é que está puxando os projetos que têm
possibilidade. Santa Rosa já está concretizando. Urubici já
está em licitação. As duas intenções que devem estar vindo
este ano (uma de Rancho Queimado, Anitápolis e São Bonifácio juntos e a outra da região de Rio do Sul) também são
da Acolhida. Só agora, com um que contempla uma série de
empreendimentos sendo alguns de turismo, é que vamos ter
um projeto que não é Acolhida.
COMUNIDADE
Mata Verde
Kátia Vandresen | Ronaldo Michels
A Comunidade de Mata Verde sempre gostou do esporte.
Principalmente do futebol.
No inicio da década de 70, foi feito, por aqui, um campo,
daqueles gramados e de tamanho “oficial”. Naquela época, o
nosso time era o Cruzeiro. Modéstia à parte desse casal de
torcedores, de tão bom que era, poderia até ser comparado
ao Flamengo de hoje. Por muitos anos este time foi a atração
e o motivo de encontro de todos na comunidade. O nosso
Cruzeiro participou de muitos campeonatos e torneios.
Mas, como em todo bom time de futebol, chega um momento em que os craques são transferidos. Não foram negociações internacionais e ninguém recebeu os 15% da transação. Os atletas foram jogar no time da praça. Logo surgiu um
problema. Só tinha vaga para os melhores. Dos menos habilidosos, só o “dono da bola” tinha garantida a sua escalação.
Assim, no final dos anos 70, os jogadores retornaram a
nossa comunidade. Surgiu, então, o time do 4S. Foram muitas alegrias e conquistas. O título maior foi o do regional 4S
de Tubarão, no ano de 1984. E muitos outros torneios da
região tiveram o 4S como campeão. Nosso time era quase imbatível. Foi neste auge do futebol que o clube fez a mudança
de sua sede para a comunidade hoje conhecida como o Rio
dos Índios do 4S. O senhor Gregório Oenning, um apaixonado
pelo esporte, disponibilizou um espaço e nele foi construída
uma quadra de cimento.
Depois de 1990, nossos jogadores retornam a Mata Verde. O saudoso Augustinho Vandresen deu a ideia e o estímulo
e se construiu a primeira cancha de bocha em nossa comunidade. A construção foi possível porque a prefeitura municipal
fez a doação do cimento e os moradores e associados locais
doaram a madeira e “entraram” com a mão de obra. Estava
suprida a falta de espaço para os encontros, reuniões e lazer.
Surgia a sede da Mata Verde.
Apesar de a construção ter sido em função da bocha,
o principal esporte continuou sendo o futebol. Depois dos
jogos, era na sede que rolavam os comes e bebes, acompanhados de muita conversa e muito riso. A bocha, contudo,
não pode ser diminuída. Naquela cancha, surgiram grandes
jogadores, que faziam e fazem até hoje belos duelos. Geralmente aos domingos.
Na sede da associação também são realizadas celebrações religiosas, reuniões, festas de aniversários... E até casamentos já se fez ali, com a cancha transformada em um belo
salão de dança.
Já se passaram mais de vinte anos. Nesse período, nossa
associação e nossa sede passaram por grandes mudanças.
Recentemente, foi construído um novo e mais amplo espaço,
melhorando em muito a infraestrutura para a realização de
eventos.
Voltando ao futebol; ou a volta do futebol
Assim como aconteceu com todos os times que marcaram
época, a grande fase do 4S não se manteve. E depois dela,
o futebol ficou por um tempo meio que esquecido em nossa
comunidade. Mas ressurge, por volta de 2002. Com o estímulo de algumas figurinhas que brilharam na época do 4S e
que ainda não penduraram suas chuteiras, aparece uma nova
geração de “boleiros”.
Essa retomada não foi tão fácil. No início, só apareciam 5,
6 ou 7 jogadores para disputar uma “pelada”. O velho campo
estava praticamente abandonado e o “aquecimento” era retirar os cocôs de vacas e bois que tinha pastado no “tapete
verde”.
Dairson Vandresen, então presidente da associação Mata
Verde, teve uma boa ideia. Aos moldes do pai, Seu Agostinho, que sempre foi uma liderança na comunidade, organizou
um campeonato de integração entre todos os moradores locais e alguns convidados. Jogavam homens, mulheres, crianças, idosos. Os jogos eram nas tardes dos domingos. Esse
campeonato foi determinante para o ressurgimento do nosso
time de futebol.
Hoje vestimos a camisa da Mata Verde. Desde 2003,
participamos dos campeonatos municipais e de torneios em
nossa região. Nosso primeiro título foi o campeonato municipal de futebol de campo, em 2005. Outros títulos vieram. E
outros, virão!
Sejam nossos “seguidores” nessa coluna da nossa comunidade, aqui no Canal SRL. A partir desta edição, estaremos
sempre aqui, trazendo informações, histórias, eventos e fatos
ocorridos na nossa querida Mata Verde. Até o próximo mês.
20
ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
LANÇAMENTO
Um jornal feito por santarosalimenses, com os
santarosalimenses e para os santarosalimenses.
Os primeiros exemplares foram entregues para Paulinha e Jackson, filhos de Odair Baumann. O “Tio
Oda serviu de inspiração à empreitada de produzir uma informação de qualidade sobre o município e a
partir do município.
Casa repleta
para prestigiar a chegada
do primeiro Jornal
de Santa Rosa de Lima.
Parte da equipe de colunistas confere o resultado do seu esforço. Da esquerda para a direita: Ana
Maria (Esporte Total), Ana Beatriz (Rio odo Meio), Ana Gabriela (Patrimônio santarosalimense),
Mariléia e Carol (Rio Santo Antônio), Karla (Rio Bravo Alto), Rosangela (Espaço d’Acolhida), Ana
Paula (Rio Bravo), Edésio e Edson (M&M, de Maratcha e Mentira).
Nosso meio ambiente
por inteiro
Movimento a favor do rio Braço do Norte
Vive-se mais um dia do meio ambiente, mais uma semana do meio ambiente,
mais um mês do meio ambiente. Nesse período curto, todos falam bem dele, todos
dizem se preocupar com ele e que vão dele cuidar. Mas, depois... todos voltam a
priorizar outros fatores e até o discurso se degrada. Por isso, julgamos que precisamos estabelecer anos do meio ambiente, décadas do meio ambiente e, até, século
do meio ambiente.
Com este ponto de partida, decidimos levantar alguns itens que indicam como
está o meio ambiente na nossa Santa Rosa de Lima, a “Capital da agroecologia”.
Nosso foco é a água e, pensando nele, fomos até o fim do perímetro urbano, no
sentido sul. Ali, há uma das três PCH (pequenas centrais hidrelétricas) existentes no
município. Também nesse caso, “três já é demais”. Por isso, lutamos para que mais
nenhuma PCH seja construída no município. A razão desse posicionamento fica clara
um pouco abaixo, seguindo o rio que marcou nossas vidas e nossa história: o Braço
do Norte. Naquele ponto, imediações do “Sítio das jararacas”, na quinta feira santa, o
mais caudaloso dos rios da bacia do rio Tubarão se resumia a um, como se diria por
aqui, “córguinho”.
Pusemo-nos um desafio: transpor a pé e sem molhar os tênis o mesmo rio que,
antigamente, nossos avós precisavam de balsas para atravessá-lo. Não houve nenhuma dificuldade. E qualquer criança de quatro anos o faria sem problemas.
Essa mudança tem consequências sérias. Há tempos, todo o pó de serra e as costaneiras eram jogados nos cursos d’água. E os rios conseguiam levar tudo “embora”.
Depois, como não existia (e não existe!) estrutura de saneamento básico, os esgotos
e rejeitos também ganharam esse destino. A vazão do Braço do Norte atenuava os
efeitos dessa poluição. E agora? E daqui para frente? Precisamos urgentemente de
ações. Para evitar qualquer nova PCH e para termos saneamento básico.
Isso inclui um item que é da responsabilidade de todos e de cada um de nós: o
tratamento adequado dos resíduos sólidos que geramos. Não podemos nos contentar
em empurrar o problema “do lixo” para frente, pagando para que seja transportado e
depositado em aterros sanitários de outros municípios. Precisamos separar, triar e reciclar os resíduos sólidos dentro de nossas casas e empreendimentos. Esse é o ponto
de partida fundamental para que um ciclo virtuoso se estabeleça.
Outro problema relacionado à água é o uso inadequado do solo em nossa “terrinha”. Especialmente com o plantio de “roças” de pinus e eucaliptos em áreas de
nascentes, nas beiras de cursos d’água e em topos de morros. Entendemos que o
reflorestamento é uma atividade econômica importante, mas julgamos que ele deva
ser praticado adequadamente e sem agredir os recursos que são de todos. Para ganhar mais dinheiro o caminho não é destruir, mas criar valor agregado, produzindo
diferenciadamente e beneficiando a madeira aqui mesmo.
Há ainda o uso de agrotóxicos e o plantio de plantas transgênicas (sim, elas já
andam por aqui), fatos que não podem ser negligenciado pelo Movimento a favor do
rio Braço do Norte.
Santa Rosa de Lima é uma terra de nascentes e de gente inteligente. Vams combinar essas duas coisas? Neste ano, nesta década, neste século do meio ambiente.
PARA REFLEXÃO
Carta de uma aluna santarosalimense à mãe Natureza
Querida mãe natureza, obrigada por dar um ar para respirar, uma comida,
água para tomar. Eu adoro e cuido muito da Natureza. Eu não jogo papel no
chão. Eu separo o lixo. A mãe Natureza tem muito a dar, só que tem gente que
não se importa com nada. Destrói, faz fogueira, joga lixo no meio da rua. Eu amo
e sempre vou cuidar da natureza. Tem lugares que é puro lixo. Como nas cidades,
não tem árvores, dá muita enchente, acontece desabamento. Porque as pessoas
não cuidam! Se fizermos certo, o mundo será bem melhor! Eduarda Rodrigues,
estudante do sexto ano.
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
COMUNIDADE
Nova Fátima
Deliana Feldhaus
Nossa festa foi um sucesso
A festa em honra a Nossa Senhora de Fátima, realizada
nos dias 12 e 13 de maio, foi um sucesso. E só foi possível
pelo carinho e apoio de cada um dos que participaram das
festividades. A CAEP - Conselho de Assuntos Econômicos
da Paróquia, representando toda a comunidade, agradece às pessoas que partilharam conosco esse momento de
congregação. Financeiramente a festa também foi um êxito. A arrecadação líquida alcançou R$ 14.800,00.
Esta coluna faz um agradecimento especial às pessoas
da comunidade que contribuíram com essa festa maravilhosa. O domingo foi, para todas as 580 pessoas presentes, um dia muito agradável. Um encontro para amigos reverem amigos e parentes reencontrarem parentes. Depois
de um delicioso almoço, a tarde foi animada pela dupla
Gilberto e Adriano.
Quem prestigiou a festa também pode perceber as
melhorias no entorno e no interior do nosso salão. Tudo
resultado de muita organização e de esforço e dedicação
da comunidade. Tornar o ambiente agradável foi e sempre
será o objetivo da coordenação.
Para isso, um acordo foi realizado entre a Caep e a
Eletrosul (empresa que instalou uma PCH aqui na Nova
Fátima). Seguindo esse pacto, a Eletrosul doou parte do
material e comunidade arcou com a mão de obra. Destaque-se que apenas algumas horas de trabalho de pedreiro
foram pagas. A maioria dos moradores ajudou nas tarefas, principalmente como serventes, e botou a mão na
massa. A Eletrosul ainda realizou reparos no muro e no
aterro do cemitério, além de doar a tinta para a pintura do
centro de pastoral (antigo salão velho).
Promoção da SAÚDE
Murilo Leandro Marcos
É mais fácil parir do que pensar
(Esse título não é meu. É um provérbio japonês.)
O espaço deste mês é dedicado às mulheres: mulheres de ontem e de hoje; da cidade e do interior; bem
velhinhas e as que nasceram há pouco; sobretudo às mulheres que se percebem e valorizam seus processos de
amadurecimento e de autoconhecimento. Gostaria de tratar de dois deles, em especial, o de criar a vida e de dar à
luz. A idéia central é sensibilizar nossa visão sobre a gestação e o parto.
A possibilidade de dar origem a uma outra vida; de alimentar com seu sangue e seu oxigênio; de proporcionar
amor no momento em que cérebro e coração se formam, ainda no interior da barriga: a geração da vida é realmente espetacular e profunda. É tal a explosão que, a partir de duas células, do óvulo e do espermatozóide, inicia um
infinito de multiplicações e reviravoltas celulares que parece não acabar nunca. Surgem olhos, pulmões, rins, fígado,
boca, braços e pernas. Vai surgindo a vida...
Falar de parto nesse momento é debater com o próprio jornal em que escrevo que em sua matéria sobre o dia
das mães tratou dos partos de ontem e hoje. A idéia de que agendar cesarianas é uma conquista da mulher moderna me parece equivocada e pode levar à realização de diversos procedimentos desnecessários e até prejudiciais
para a mãe, para seu filho e para a vida futura dos dois.
A cesariana é uma cirurgia que, quando necessária, salva muitas vidas. É bem indicada quando a cabeça do
bebê é maior do que a passagem da mãe (desproporção céfalo-pélvica); sangramento no final da gestação; pressão
alta materna não controlada; bebê transverso (atravessado) e quando há sofrimento fetal. A Organização Mundial
da Saúde prevê que esse seja o caso de 15% dos partos. O Brasil tem quase 52% de cesarianas. Em SRL, no ano
de 2010, 65% das mulheres tiveram seus filhos por meio de cesarianas – número bem maior do que o recomendado e aceitável. A indicação do parto cirúrgico sem a devida necessidade traz riscos para mães e bebês. Estudos
demonstram que as cesarianas aumentam em mais de 300% a chance de morte do bebê durante o parto.
A escolha desse tema coincidiu também com o primeiro capítulo da novela Amor à vida, que mostrou dois partos
complicados, com a morte da mãe e do bebê. Mesmo sabendo que se trata de ficção e com cenas cheias de erros
médicos e estereótipos, reforça a idéia de que parto normal é arriscado e pode matar. Em nosso país, gera-se muita
culpa e alarde pelas sequelas decorrentes de um parto normal. Contudo, pouco se fala das complicações de cesáreas mal indicadas. Cria-se muito medo sobre o parto normal e ganha-se muito dinheiro (e tempo) com as cesarianas.
Cada mulher tem o direito de decidir sobre a forma como deseja trazer sua criança ao mundo. Cada mulher tem
também a possibilidade de refletir sobre o que significa parir e valorizar o nascimento como um processo natural
de todos os seres vivos - incluindo nós, seres humanos. O parto normal é rico em benefícios para mãe e bebê: a
recuperação de ambos é mais rápida e tem menor risco de infecções, hemorragia e trombose; o vínculo estabelecido
facilita a amamentação e a relação mãe-filho; o bebê nasce na hora certa, pronto para vir ao mundo, com coração
e pulmão preparados; existe fortalecimento do vínculo familiar e o amadurecimento da mulher e do pai. Além disso,
como diz Dr Pedro Schmidt, médico e parteiro de Florianópolis, “o bebê que nasce de parto normal sente que chegou, passou pelo processo, é forte, é vivo!”
O essencial às mulheres é buscar informação de qualidade, ter contato com boas experiências de parto normal e
tomar decisões conscientes, junto do pai e compartilhadas com o profissional que acompanha a gestação. Ter outra
ideia sobre o nascimento é ter uma nova ideia sobre a vida.
Para quem navega na internet, aí vai uma dica de sites cheios de informação de qualidade:
Parto do Princípio - http://www.partodoprincipio.com.br
Parto pelo Mundo - http://www.partopelomundo.com
Mamíferas - http://www.mamiferas.com
E a chegada do Canal SRL por aqui?
Conversando com pessoas da comunidade, constatamos que a chegada do Jornal de Santa Rosa de Lima
foi considerada como muito interessante. A maioria disse
que o Canal SRL trouxe muitas informações novas para
todos os leitores, ao agregar notícias e informações do
próprio município. Teve até assinantes de outros jornais
que disseram ter cancelado suas assinaturas, pois agora
têm aqui um jornal que traz ótima informação local, com
textos bem detalhados e de fácil leitura.
Matéria principal
Neste mês, a propriedade Cantinho da Família, o maior
atrativo turístico de nossa comunidade é assunto na reportagem especial sobre o Programa SC Rural. Achamos
muito legais essas iniciativas com turismo dentro da agricultura familiar. E, pelo que sabemos, este programa também vai nos beneficiar como moradores, com a melhoria
nas estradas e o embelezamento paisagístico da nossa
comunidade.
BOM PRA CABEÇA
Anote
Z
E
L
A
R
aí !
Dia 13 de junho, às 19:30 horas
Centro de convivência do idoso
Lançamento do documentário em
vídeo “Brasil Orgânico”.
Documentário fala de alimentos,
de pessoas, de saúde, de mercado,
em uma viagem pelos biomas do país.
Composição do Conselho Tutelar
Diz a legislação que o Conselho Tutelar será sempre
composto por cinco membros. Não pode ser nem quatro,
nem seis. Tem que ser cinco!
Sabe-se de vários municípios, na maioria de pequeno
porte, que desrespeitam esta condição fundamental. Tem-se
aí um pseudo Conselho Tutelar; um Conselho Tutelar falso.
O município que age assim está burlando a lei nº
12.696/2012. Está desrespeitando o Estatuto da Criança e
do Adolescente. Cabe dizer que Conselho Tutelar que funciona de forma irregular pode a qualquer momento ter nulo
todos os seus atos e decisões, pois são ilegítimos frente à
exigência legal de formação do órgão.
Nesta formação está assegurado o princípio do Colegiado. Ele é a característica administrativa mais importante do
órgão Conselho Tutelar. O colegiado é o fórum particular de
discussão e decisão para os fatos atendidos no Conselho
Tutelar e suas rotinas internas. Sem o Colegiado, o Conselho
Tutelar perde o poder que lhe fora investido pela Legislação
Federal. Dizendo de outra forma, sem o exercício do princípio do Colegiado o Conselho Tutelar é infundado e nada
pode fazer.
Isso porque é no Colegiado que toda decisão deve ser
tomada. Assim, é inadmissível um Conselho Tutelar com número de integrantes diferente de cinco. Do mesmo modo
como é inaceitável que o Conselho seja fragmentado e conselheiros trabalhem de forma individual. Não é tolerável que
existam “proprietário de casos” dentro de um Conselho Tutelar. Todos devem tomar ciência dos casos e participar das
decisões.
Quer dizer, um conselheiro sozinho nada pode, assim
como o Colegiado tem todos os meios de fazer acontecer.
Claro está que, em situações excepcionais, o conselheiro tutelar se vê obrigado a tomar decisões individuais. Por
exemplo, durante um plantão noturno. Logo que possível,
porém, ele tem o dever de submeter os fatos e as decisões
tomadas ao Colegiado, além de registrar todo atendimento
em ata.
Informações
A formação continuada dos conselheiros tutelares também é estabelecida em lei e é um dever do município assegurá-la.
No dia 21 de maio de 2013, os conselheiros tutelares
de Santa Rosa de Lima participaram de uma atividade de
formação com Luciano Betiate. O tema trabalhado foi “Conselho Tutelar de A a Z” e na palestra foi abordada a verdadeira atribuição desse órgão. O palestrante foi conselheiro
tutelar por dois mandatos e hoje é escritor, conferencista e
coordenador de seminários sobre direitos humanos e temas
relacionados à infância e juventude. Autor de quatro livros,
Betiate tem auxiliado na capacitação de Conselheiros Tutelares em todo país.
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Brasil Orgânico, realizado pela
produtora Contraponto, é o primeiro
documentário sobre a produção de alimentos orgânicos no país. Dirigido por
Kátia Klock e Lícia Brancher, já passou
por Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro,
Manaus e Vitória. O lançamento em
Santa Catarina será no dia 5 de maio,
na Assembleia Legislativa, em Florianópolis. Na semana seguinte, chega à
Capital da agroecologia, primeiro município do interior a conhecer o vídeo.
Brasil Orgânico reúne iniciativas
e histórias de pessoas que têm na
produção de alimentos agroecológicos um meio e um modo de vida: do
agricultor familiar ao grande produtor,
do agrônomo ao nutricionista, do chef
de cozinha ao empresário do mercado
de alimentos. A equipe viajou durante um ano pelos biomas do Pantanal,
Amazônia, Pampa, Cerrado, Caatinga e
Mata Atlântica. Não poderia faltar um
registro em Santa Rosa de Lima. “A
agricultura familiar, predominante em
Santa Catarina, é referência nacional
pela prática da agroecologia e associativismo, e o documentário destaca
uma dessas iniciativas, a Associação
dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (Agreco), e o turismo rural nas propriedades familiares e
orgânicas, desenvolvido pela Acolhida
na Colônia”, destaca Lícia Brancher, codiretora do documentário e agrônoma.
Você leitor tem o seu espaço de expressão direta no nosso Canal SRL. Envie seu comentário com opiniões, manifestações, críticas, sugestões e tudo mais o que você quiser
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Envie comentários para o email: [email protected]
ou por correio para: Editora o Ronco do Bugio. Estrada Geral das Águas Mornas. Santa Rosa de Lima - SC - CEP 88763-000
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
M&M Maratcha e Mentira
Parabéns ao clube de mães em busca de novas amizades pelo belíssimo
evento realizado no Balneário Paraíso das Águas. 24/05/2013.
DIDIO FOTOGRAFIAS
Belas de Santa Rosa participaram de uma aula de automaquiagem com as consultoras dos
produtos Mary Care. O evento foi promovido pela Casa do Microcrédito. Dizem, e não foi o
Mentira, que a mulherada saiu de lá “mais faceiras que mosca em tampa de xarope”.
Edésio Willemann
Edson Baumann
O casal Lindolfo e Salete celebrou, no dia 19 de maio, 40
anos de vida conjugal. Padre Pedrinho consagrou as Bodas de Rubi na presença de seus filhos e netos do casal.
Parabéns a família May e Souza.
Arthur Otávio completou seu primeiro aninho sob
os olhares carinhosos da mamãe Andréia e do papai
Cristiano. A festa foi no sítio do vô Leonizi e da vó
Nilma. Vovô Lindolfo e vovó Beta também estavam
presentes. Felicidades Athurzinho!
Felicidades a Marialva pelo aniversário
comemorado no dia 27 de maio.
Marcella Emma Defrein completou dez anos no dia 21 de maio. Seus amigos e colegas de
turma foram passar a tarde e a noite em sua casa para uma festa do pijama. Teve churrasco, dança e filme. Marcella, parabéns pelo aniversário e pela criatividade da mamãe.
Galera do Cantinho da Família investindo em capacitação para operar o Turismo de Aventura.
A cachoeira May não podia ser melhor para uma prática de rapel.
No dia primeiro de junho, mais de cem pessoas participaram de festa de 85 anos de Dona Maria. Na
hora do discurso, um coro gritava “não chora vó Maria, não chora”. Depois do que ela disse pouca
gente se aguentou e as lágrimas rolaram. Parabéns! E que estas festas se repitam por muito tempo.
Lojistas de Anitápolis e Santa Rosa de Lima participam de convenção
estadual em Blumenau.
Centenas de fiéis acompanharam a procissão com o
Santíssimo Sacramento conduzida pelo padre Marcelo.
Felicidades Leoníria e Hercy Neto, que na manhã do dia 12 de maio, na
igreja de Santa Rosa de Lima, celebraram seus votos matrimoniais.
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
Santa Rosa deu Show no Futsal Feminino em Grão Para
Esporte
Total
Ana Maria Vandresen
Feldhaus conquistam
Taça Antônio Willemann
[Por um problema no fechamento desta seção de esportes da primeira edição, esta matéria acabou não sendo impressa. Dados os muitos
“pedidos” e para fazer justiça aos campeões, ai está!].
As meninas de Santa Rosa de
Lima/Balneário Paraíso das Águas
fizeram um belíssimo jogo na final
do campeonato em Grão Para, contra a forte equipe de São Ludgero/
Copobras.
Depois de vencer a primeira partida, bastava o empate no tempo
normal para a Copobras levantar o
troféu. Mas o time do Paraíso das
Águas estavam disposto a estragar
a festa. Diante de adversárias “travadas”, Pigatto fez 1 x 0 para SRL.
Em seguida, Arieli conseguiu empatar. Mas, ainda no primeiro tempo,
Bianca tratou de recolocar Santa
Rosa de Lima em vantagem.
Na segunda etapa, a equipe do
técnico Kathior continuou melhor
em quadra e Pigatto, numa bela jogada individual, fez o terceiro gol. E a decisão foi para a prorrogação. Empate! As penalidades máximas
é que decidiram o campeonato. Lia e Ana perderam as primeiras cobranças. Na quarta, Vera também
desperdiçou. O título ficou com a Copobras.
A conquista do segundo lugar foi acompanhada pelo troféu de artilharia para a atleta Ana. A equipe
está de parabéns. Foi um belíssimo desempnho, que ilustra o potencial do futsal feminino em nosso município. As meninas agradecem a todos que foram a Grão Pará torcer pelo time; ao Sergio, pelo transporte;
Seu Egidio, pelo Uniforme, e aos vereadores, que ajudaram com a inscrição.
Time campeão, com grande atuação do goleiro Charles.
A equipe dos Feldhaus foi a grande campeã do Interfamílias de 2013
– Taça Antônio Willemann, ao vencer os Hermesmeyer/Feldhaus, de virada, por 3 a 2.
A decisão foi bastante movimentada e contou com dois tempos bem
distintos. No primeiro, os Hermesmeyer/Feldhaus dominaram as ações
e abriram o placar com Jailson, aos 5 minutos. Leandro empatou para
os Feldhaus aos 9 minutos, mas já no lance seguinte Joelso colocou os
Hermermayer/Feldhaus novamente à frente no marcador.
No segundo tempo, veio a reação dos Feldhaus. Aos 33 minutos,
Ivandro chutou ao gol e a bola desviou na marcação, enganando o goleiro Maurício. A partida estava novamente empatada. E a virada aconteceu
aos 35 minutos. Samuel recebeu a bola de costas para a marcação, girou
bonito e mandou para o fundo das redes, dando números finais ao jogo:
3 a 2.
A atração da noite acabou sendo a disputa do terceiro lugar entre
Defrein e Ferreira. É que foi uma partida de 27 gols e só definida na prorrogação. O placar do tempo normal foi 9 a 9. Em seguida, os Ferreira, que
jogaram com um jogador a menos, não suportaram a pressão e viram os
Defrein fechar 16 a 11 no tempo extra.
Marcio, da equipe dos Willemann, recebeu o troféu de goleiro menos
vazado. E Willian (Ganso), da equipe dos Ferreiras, com seus 17 gols
marcados, o de de artilheiro.
Máquina do tempo. Time de volei que representava Santa Rosa de Lima na região.
De Pé: Lucas, Dairson, Nato, Paulo, Lucas, Loi, Volnei Agachado: Wanda, Quinha, Siuzete, Dulce.
SRL no campeonato da ADESC
Santa Rosa enfrentou São Ludgero, na terceira rodada do naipe masculino, no campeonato das
categorias inferiores da Associação Desportiva Sul Catarinense (ADESC). Os resultados não foram
bons, o que se deveu a importantes desfalques nas equipes. Na Categoria sub 11, São Ludgero venceu por 4 x 0, na sub 13, por 6 x 1, e no sub 15, por 5 x 0.
Já as meninas entraram em quadra para disputar duas rodadas. Pela segunda, enfrentaram Braço do Norte. Na categoria sub 12, SRL ganhou de 4 x 2. Já no sub 14 e no sub16 não deu para as
santarosalimense: derrotas por 9 x 2 e 8 x 2. Na terceira rodada, também não foi nada fácil enfrentar
Rio Fortuna. Derrotas de 7 x 1 no sub 11, e de 6 x 0 no sub 16. Um empate sem gols foi conquistado
no sub 14.
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Futebol de Campo
A Comissão Municipal de Esporte (CME) dá inicio a mais
um competição. Desta vez, para os amantes do futebol de
campo. O campeonato, que conta com cinco equipes, teve
inicio no dia 26 de maio. Na primeira etapa, Nova Fátima,
Mata Verde, Bela Vista, Guerreiros e Varginha, jogarão “todos contra todos”. Classificam os quatro melhores para a
semifinal. Na primeira rodada, tivemos os resultados Nova
Fátima 2 x 1 Mata Verde; e Guerreiros 2 x 2 Bela Vista, folgando Varginha.
Uhhhh! Quase! Beguinha, do Nova Fátima, tira do goleiro Jean Marcel, do Guerreiros, mas a bola vai para fora.
Depois, o goleiro Jean foi infeliz no tento
marcado pelos adversários, mas sua equipe
soube virar o jogo para aliviá-lo da culpa.
Confira a sequência
do Campeonato
3ª rodada, 9 de junho
14:30 - Mata Verde x Guerreiros
16:30 - Varginha x Nova Fátima
Folga: Bela Vista
4ª rodada, 16 de junho
14:30 - Bela Vista x Nova Fátima
16:30 - Mata Verde x Varginha
Folga: Guerreiros
5ª rodada, 26 de junho
14:30 - Guerreiros x Varginha
16:30 - Bela Vista x Mata Verde
Folga: Nova Fátima
Semifinais, 7 de julho
14:30 - 1º colocado x 4º colocado
16:30 - 2º colocado x 3º colocado
Moleque bom de bola
Na fase microrregional da competição de futebol “Moleque bom de bola”, disputada em Grão Para, Santa Rosa
de Lima foi muito bem representada.
As meninas levantaram a taça do primeiro lugar e passaram para a fase regional. No primeiro jogo, nossas repre-
Finais 13 de julho (sábado)
14:30 - Disputa do 3º lugar
16:30 - Final
Etapa microrregional dos Jogos
Escolares de Santa Catarina – JESC
Na etapa microrregional dos JESC de 15 a 17 anos, disputada
em Braço do Norte, a escola de E.E.B. Professor Aldo Câmara foi
muito bem no tênis de mesa. O atleta Maicon Gonçalves conquistou o primeiro lugar e Jean Kulkamp, o segundo. Com isso, estão
classificados para a fase regional, a ser realizada em Tubarão. Boa
sorte para os meninos!
sentantes já mostraram porque estavam lá. Venceram Armazém por 7 x 0. Na segunda partida, ficaram num empate
com a vizinha Rio Fortuna. Na terceira rodada voltaram a ganhar com folga e aplicaram um 4 x 1 em Braço do Norte.
Os meninos também foram guerreiros, mas os resultados não foram tão bons. Na estreia, perderam para Rio
Fortuna, por 3 x 1. Por isso, para seguir na competição, precisavam arrancar pelo menos um empate no segundo
jogo. O que conseguiram com muita garra. Em seguida, uma pedreira, o time da casa e favorito: Grão Pará. Não
resistiram à pressão e o jogo terminou 2 x 1 para os grão-paraenses. Na disputa de pênaltis para definir o terceiro
colocado também não conseguiram sucesso e tiveram que voltar para casa com o quarto lugar. Outros jogos virão!
Da esquerda para a direita: Professor Leonir com os atletas Maicon, primeiro colocado, e Jean, vice.
Atletas da equipe de tênis de mesa.
Já no futsal, os resultados não foram positivos e a equipe de
SRL não conseguiu a classificação. Esporte é isso e ensina a persistir. Quem sabe dá na próxima... Mas é preciso treinar.
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ANO 1 - Nº 2 • Edição Mensal - Junho/2013 • O Jornal de Santa Rosa de Lima
Baixa tensão X alta tensão
Continua a polêmica sobre a passagem ou não da rede
da PCH GERACOOP pelo centro da cidade. Ouvindo o que
dizem os moradores, conclui-se que nenhuma pessoa quer
a rede passando por ali. Não há, contudo, alguém que se
mexa. Até agora, ninguém “comprou essa briga” e nem houve qualquer movimento para evitar que isto aconteça. Só se
vê gente perguntando: será que vai passar mesmo? Quem
tem “poder” se omite. Está na hora da sociedade se posicionar. Depois, será tarde demais.
O ovo ou a galinha?...
Dois eventos recentes chamaram a atenção para uma
mesma coisa.
O primeiro, a Conferência das Cidades, com toda a sua
importância, teve menos de vinte participantes, incluindo os
que vieram de fora. A maioria era da administração municipal e parecia ter sido “pegada a laço”. Da Câmara municipal,
apenas três vereadores, todos da oposição.
O segundo, foi uma audiência pública que, na verdade,
virou um não evento. Como destacou há quatro meses o
site da prefeitura, “a prestação de contas de cada quadrimestre do ano é uma exigência da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), que determina o controle rigoroso das receitas
e despesas da prefeitura, não permitindo que o município
gaste mais recursos do que pode arrecadar”. Desta forma,
deve haver o controle da sociedade. Mas uma audiência que
deveria ser pública e é exigência da LRF não teve público.
Presentes apenas a prefeita, o secretário de finanças, o contador e o responsável pelo controle interno da prefeitura.
Para ouvir a explanação deles sobre gastos financeiros, arrecadação tributária, endividamento, custos de serviços na
área da saúde, na educação e de pessoal apenas a vereadora Edna Bonetti. Mais nenhum vereador ou cidadão.
Uma questão se impõe: o que vem primeiro? O ovo: (a
população não está interessada)? Ou a galinha (quem faz o
convite, o faz de um jeito que a população não se interesse)? Cá entre nós, um papel colado no mural da prefeitura
não despertará o interesse de ninguém.
O que explica essa situação?
Poder público contra a informação completa do público?
Tem gente que não gosta de nada que não esteja sob as
suas botas e, especialmente, que parta da sociedade. E pode
ser que venham a mostrar isso mais uma vez. Como aqui
tudo se sabe, soube-se que estão avançadas as negociações
para que um grupo de empresários da comunicação de Florianópolis assuma a edição de um jornal “chapa-branca” em
SRL. Naturalmente, se confirmada, essa publicação com cara
de “diário oficial” do executivo e da presidência do legislativo deverá ser substancialmente financiada pela prefeitura
e pela Câmara. Ou seja, pelo dinheiro dos nossos impostos.
Para isso, parece que a responsabilidade fiscal não será um
problema. Como diria o Barão de Itararé, a vida pública para
eles é uma extensão da privada.
Falando em responsabilidades...
Em entrevista a redes nacionais de televisão, o ministro
da Educação Aluízio Mercadante declarou que o Governo Federal está disposto a repassar aos municípios recursos para
complementar o piso nacional dos professores da educação
básica pública. Para isso, basta que as administrações municipais sejam transparentes, abram suas contas e provem
que não dispõe dos recursos necessários. Dada a argumentação da prefeitura, tudo está pronto para a demanda de
Santa Rosa de Lima ao Ministério da educação. Ou não?
Então, por que?
Comissão ou Omissão?
Recomenda-se ao leitor: depois de ler a matéria sobre
o meio ambiente na página 25 deste Canal SRL, consulte o
regimento interno da Câmara de vereadores de Santa Rosa
de Lima. Afinal, você sabia que o regimento prevê uma comissão de meio ambiente e outra de recursos hídricos? Diz o
artigo 77 daquela norma de funcionamento que tal comissão
deve “promover ações e políticas de defesa e preservação
dos cursos d’água que se localizam dentro dos limites do
município”, assim como “fiscalizar a instalação de hidrelétricas no município, conforme determina a Lei Orgânica Municipal”. Na semana do meio ambiente, reflita sobre o que
explica a completa omissão e a ausência de ação do nosso
poder legislativo.
Atenção rio abaixo, que os do andar de cima podem
estar “armando”
Como e sabido pelos santarosalimenses, graças a uma
série de ações jurídicas da ONG Montanha Viva, desde 2009
está barrada a instalação de uma grande fosfateira em Anitápolis, cabeceira do rio Braço do Norte. Recentemente,
houve uma decisão no mínimo estranha de um juiz federal.
Ele retirou as empresas proprietárias da fosfateria da condição de rés no processo. Esse deve ser considerado um
alerta para que a sociedade se remobilize. Afinal, tem muito
interesse em jogo.

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